338 aos bispos da conferência episcopal do congo em visita_ad limina apostolorum_4mai15

29/05/2015 Aos Bispos da Conferncia Episcopal do Congo em Visita "ad Limina Apostolorum" (4 de maio de 2015)

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DISCURSO DO PAPA FRANCISCO AOS BISPOS DA CONFERNCIA EPISCOPAL DO

CONGO EM VISITA AD LIMINA APOSTOLORUM"

Segunda-feira, 4 de Maio de 2015

[Multimdia]

Amados irmos no Episcopado!

para mim uma grande alegria receber-vos por ocasio da vossa visita ad

limina Apostolorum, que vos permite fortalecer os vnculos com a S

Apostlica e com os Bispos do mundo inteiro, reforando assim a

colegialidade. A minha alegria ainda maior porque, atravs de vs, vejo

comunidades crists jovens e dinmicas, que procuram enraizar-se no

amor do Senhor. Ao receber-vos, dirijo-lhes um pensamento especial,

assim como aos sacerdotes, aos religiosos, s religiosas, aos catequistas e

demais agentes pastorais que trabalham pelo progresso do Reino de Deus

no Congo. tambm para vos confortar na vossa tarefa ao seu servio,

voltando s fontes, que cumpris a peregrinao aos tmulos dos Apstolos

Pedro e Paulo, que testemunharam a f em Cristo at ao sacrifcio

supremo do martrio. Sensibiliza-me o testemunho de afecto ao Sucessor

de Pedro, expresso em vosso nome por D. Daniel Mizonzo, Presidente da

vossa Conferncia. Ao agradecer-lhe vivamente assim como a cada um de

vs, gostaria de vos manifestar o meu encorajamento no vosso trabalho

apostlico.

A recente criao de trs dioceses do testemunho da vitalidade da Igreja

catlica no vosso pas, assim como do zelo do qual os seus pastores do

provas na obra da evangelizao. Isto motivo de grande satisfao, que

exige ao mesmo tempo um maior esforo para responder cada vez

melhor s necessidades do povo de Deus e s expectativas de numerosas

pessoas s quais o Evangelho de Jesus Cristo ainda no foi anunciado.

positivo que nestes ltimos anos as reflexes da vossa Conferncia se

tenham orientado para a misso dos leigos na Igreja e na sociedade.

Gostaria de me congratular pela sua importante contribuio para a obra



da evangelizao. Convm que a vossa pastoral ajude os seus

movimentos de espiritualidade e de apostolado a redescobrir e a confirmar

a sua vocao em vista do testemunho credvel [dos leigos] verdade

salvfica do Evangelho, ao seu poder de purificar e transformar o corao

humano e sua fecundidade na edificao da famlia humana na unidade,

justia e paz (Discurso aos lderes do apostolado leigo, Coreia, 16 de

Agosto de 2014). Com efeito, os leigos precisam de ser acompanhados e

formados no testemunho do Evangelho nos mbitos sociopolticos, que

constituem o seu campo especfico de apostolado (cf. Apostolicam

actuositatem, 4 e 7). A pastoral da famlia faz parte integrante deste

acompanhamento. As hesitaes dos fiis face ao matrimnio cristo

revelam a necessidade de uma evangelizao em profundidade, que

requer no s a inculturao da f mas tambm a evangelizao das

tradies e da cultura local (cf. Africae munus, 36-38). A este propsito,

fao questo de vos agradecer a contribuio das vossas dioceses para o

Snodo dos Bispos sobre a famlia. Dele no deixareis de ter vantagem

para adaptar melhor a vossa pastoral familiar s realidades locais.

Queridos irmos no Episcopado, nestes mbitos e em muitos outros, os

sacerdotes so os vossos primeiros colaboradores. Por conseguinte, as

suas condies de vida e a sua santificao no devem deixar de estar no

centro das vossas preocupaes e solicitudes (cf. Presbyterorum ordinis,

7). Em particular, a formao continua a ser indispensvel para eles, a fim

de que possam servir cada vez melhor o povo de Deus e acompanh-lo

espiritualmente de modo adequado, sobretudo com celebraes litrgicas

dignas e homilias que alimentem a f dos fiis. A este propsito, convido-

vos a continuar a vigiar sobre as condies de envio dos sacerdotes das

vossas dioceses para os estudos e a apoi-los durante a sua estadia no

estrangeiro a fim de favorecer o seu regresso em tempo til, de modo

que o bem da Igreja seja sempre salvaguardado.

Dou graas a Deus pelas numerosas vocaes sacerdotais e religiosas que

desabrocham nas vossas dioceses. Elas testemunham tambm o vosso

zelo apostlico, abenoado pelo Senhor, pois afinal Ele o Dono da messe

que chama e envia trabalhadores para a sua messe (cf. Mt 9, 38). Isto

d origem ainda a mais obrigaes para vs pastores, a quem esto

confiadas estas vocaes, para que numa escuta pessoal, acompanheis

quantos se sentem chamados a servir o Senhor na sua vinha, segundo os

vrios carismas. A imensa necessidade pastoral da Igreja local exige um

discernimento rigoroso, para que o povo de Deus possa contar com

pastores zelosos, que edifiquem com o seu testemunho de vida,

sobretudo no concernente ao celibato e ao esprito de pobreza evanglica.



Por outras palavras, nada deve ser negligenciado a fim de que todos,

sacerdotes, catequistas, famlias, jovens, grupos de orao e outros ainda,

tomem cada vez mais conscincia da importncia da sua contribuio para

o acompanhamento e a formao dos candidatos ao sacerdcio,

ocupando-se cada qual da sua parte.

Neste Ano da vida consagrada, gostaria de me congratular pelo

compromisso dos religiosos e das religiosas ao servio das populaes do

Congo, s quais eles prestam assistncia espiritual e material com

generosidade e dedicao, testemunhando Cristo casto, pobre e

obediente. Se uma harmoniosa colaborao entre os vossos Bispos e os

consagrados, necessria a todos os nveis, favorecer o anncio do

Evangelho, a vossa proximidade afectuosa lhes dar segurana e permitir

que contribuam cada vez mais para o crescimento da Igreja local, na

diversidade dos seus carismas.

Amados irmos no Episcopado, algumas dioceses vivem grandes

dificuldades, devido insuficincia local de recursos materiais e financeiros

disponveis. Compreendo a amplido das ansiedades e preocupaes

relacionadas com esta situao no corao de um pastor. Eis por que vos

encorajo a orientar decididamente as vossas dioceses pelo caminho da

autonomia, a lanar mo progressivamente das ocasies de solidariedade

entre as Igrejas particulares no vosso pas, segundo a boa tradio que

remonta s primeiras comunidades crists (cf. Rm 15, 25-28). Em relao

a isto, continuareis a vigiar para que as ajudas econmicas concedidas s

vossas Igrejas particulares, em apoio sua misso especfica, no limite a

vossa liberdade de pastores nem impea a liberdade da Igreja, que

deveria ter carta branca para anunciar o Evangelho com credibilidade.

No respeitante ajuda recproca e solidariedade entre as Igrejas

particulares, elas devem traduzir-se igualmente na promoo do esprito

missionrio, em primeiro lugar na frica. Relano de bom grado o apelo

solene que vos foi dirigido em Kampala pelo meu predecessor, beato Paulo

VI: Vs, africanos, j sois missionrios de vs mesmos! (Homilia da

celebrao eucarstica na concluso do Simpsio dos Bispos de frica, 31

de Julho de 1969).

A comunho eclesial deve manifestar-se tambm concretamente na

prtica da dimenso proftica da vossa tarefa pastoral. Com efeito,

importante que possais, com uma s voz, proferir palavras fortes

inspiradas no Evangelho a fim de orientar e esclarecer os vossos

compatriotas sobre todos os aspectos da vida comum, nos momentos

difceis para a Nao ou quando as circunstncias o exigirem. Neste



sentido, os vossos esforos em vista de uma harmonia cada vez maior

devem ser prosseguidos porque a unidade na diversidade ao mesmo

tempo caracterstica e exigncia da Igreja, como Corpo de Cristo. Esta

harmonia no s vos permitir defender sempre o bem comum mas

tambm o bem da Igreja face a qualquer instncia, e favorecer os

vossos esforos para juntos fazer face aos numerosos desafios pastorais,

dos quais a proliferao das seitas no o menor.

A evangelizao em profundidade constitui outro grande desafio. Portanto,

ela requer necessariamente uma ateno particular s condies de vida

concretas das populaes, isto , promoo da pessoa humana.

Tambm neste aspecto, o compromisso da Igreja catlica no Congo

importante: quer se trate do campo da educao, da sade, da

assistncia s diversas categorias de pessoas necessitadas, como os

refugiados dos pases vizinhos, as vossas comunidades diocesanas do

uma considervel contribuio. Com a generosidade e dedicao do bom

samaritano, elas dedicam-se incansavelmente ao servio dos seus irmos

e irms. Como pastores, continuareis a vigiar para que a pastoral social

seja antes de tudo realizada no esprito do Evangelho e sentida cada vez

melhor como uma obra de evangelizao, e no como a aco de uma

Organizao no governamental.

A este propsito, em certos sectores da sociedade, as feridas causadas

pela grave crise que atingiu o Congo em finais dos anos de 1990 deixaram

feridas profundas ainda no completamente cicatrizadas. Sobretudo em

relao a isto, a Igreja, fortalecida pelo Evangelho de Jesus, recebeu a

misso de reconciliar os coraes, de aproximar as comunidades divididas

e construir uma nova fraternidade ancorada no perdo e na solidariedade.

Vs, pastores, continuai a ser modelos e profetas neste sentido!

Recentemente, na Diocese de Dolise, em Louvakou, foi inaugurado o

Santurio dedicado Divina Misericrdia, que se tornou um lugar de

peregrinao, de retiro e de encontros espirituais. Alegro-me por isto, e

fao votos de que este Santurio se torne deveras um lugar onde o povo

de Deus vai confirmar a sua f, sobretudo por ocasio do prximo Jubileu

extraordinrio da Misericrdia e das outras iniciativas pastorais que

promoverdes.

Para terminar, ao renovar-vos o meu afecto fraterno e orante, reitero o

meu encorajamento aos sacerdotes, aos religiosos, s religiosas, aos leigos

consagrados, aos catequistas e a todos os fiis da Igreja peregrina nesta

linda e querida terra do Congo. Ao invocar sobre vs e sobre o vosso pas

a Misericrdia Divina, concedo de corao a vs e a cada uma das vossas



comunidades diocesanas, a Bno Apostlica.

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