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A interdisciplinaridade nos Processos e nas Manifestaes Culturais

Juracy I. A. Saraiva Cristina Ennes da Silva

Alessander Mario Kerber Paula Regina Puhl Marines Andrea Kunz

Os rocessos culturais abrange!" e! u!a ace#$o a!la" as r%ticas

hu!anas e suas !ani&esta#'es" co!o os conheci!entos" as cren#as"os

valores" os costu!es" as artes" a tecnologia" (ue ode! ser analisadas

co!o reresenta#'es si!b)licas. A no#$o de rocesso decorre do &ato de a

cultura ser din*!ica e de estar ligada +s trans&or!a#'es s)cio,hist)ricase! (ue interage! rela#'es de causa e de conse(-ncia.

Essa dina!icidade e/ige (ue o &oco das investiga#'es se0a orientado

ara as !ani&esta#'es do rocesso cultural" e! (ue ele se inscreve e se

torna ass1vel de an%lise. Entretanto" a natureza desses rodutos ou

!ani&esta#'es da cultura solicita! u!a abordage! interdiscilinar" na (ual

se0a! visualizados e! suas intera#'es" se! o isola!ento roveniente da

orienta#$o discilinar. Portanto" os es(uisadores" ao en&ocar os rocessos

culturais e suas !ani&esta#'es" utiliza!,se das , cone/'es naturais e

l)gicas (ue cruza! %reas de conte2do e se organiza! ao redor de

erguntas" te!as" roble!as ou ro0etos" e! lugar dos conte2dos restritos

aos li!ites das discilinas tradicionais. 3K4EIMA5" 6. A.7 MORAES" S. E.

Leitura e interdisciplinaridade8 tecendo redes nos ro0etos da escola. S$o

Paulo8 Mercado das 4etras" 9::;" . 9

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discursivos" entre os (uais ode!,se citar a >ist)ria" a Co!unica#$o" a

4iteratura e a Arte Ainda (ue resguarde! sua eseci&idade" esses ca!os

se articula! e se co!le!enta! na an%lise dos rocessos culturais.

Os estudos recentes da ?rea de >ist)ria" voltados ara as

reresenta#'es e r%ticas sociais" introduze! u!a nova ersectiva

eiste!ol)gica" distinguindo,se das investiga#'es anteriores e! (ue

redo!inava! conce#'es econo!icistas e ol1tico,&actuais. As

abordagens relacionadas + 5ova >ist)ria diversi&icara! n$o aenas o

ca!o de a#$o da an%lise hist)rica" co!o ta!b@! os ob0etos da es(uisa

e" conse(-ente!ente" suas &ontes" incluindo,se" entre elas" as !1dias e os

te/tos liter%rios.

A id@ia da i!arcialidade da >ist)ria" (ue lhe er!itia roduzir u!

conheci!ento cient1&ico (ue retendia ser a verdade sobre o assado" &oi

(uestionada e" no conte/to atual" reconhece,se (ue a >ist)ria @

in&luenciada elas i!agens tanto das identidades dos (ue a escreve!"

(uanto elas das ersonagens sobre as (uais o historiador escreve. Sob

essa ersectiva" a identidade @ vista co!o u!a reresenta#$o" !ais

eseci&ica!ente" a reresenta#$o do eu e do outro" instalada or !eio

da linguage!.

A aro/i!a#$o da >ist)ria co! a Se!iologia e a 4ing-1stica" e!

decorrncia dos avan#os dessas %reas (ue aontara! ara a dist*ncia (ue

se estabelece entre os ob0etos e suas reresenta#'es" levou +

co!reens$o de (ue o registro de &atos e aconteci!entos deve ser

entendido co!o u! discurso constru1do a artir de reresenta#'es"

resentes no i!agin%rio social" e de rela#'es de oder. Ao !es!o te!o" a

>ist)ria diversi&icou suas &ontes de estudo e assou a agregar" aosdocu!entos co!rovada!ente o&iciais" &ontes constru1das a artir da

sub0etividade" e! (ue se inclue! deoi!entos orais ou rodu#'es art1sticas

e !idi%ticas.

Junto + e!ergncia das &ontes anterior!ente citadas" surgira! novos

&ocos de estudo" entre os (uais se destaca! a constru#$o de identidades

@tnicas" de gnero" de classes" nacionais" regionais" urbanas" institucionais

e a reconstitui#$o do assado or !eio da !e!)ria. O estudo da !e!)riasobressai co!o asecto &undante" ois articula ele!entos resentes tanto

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na !1dia (uanto na literatura e revela vivncias" interretadas elos agentes

envolvidos no assado (ue se retende conhecer.

5esse conte/to" a e/erincia vivida @ a (ue constr)i a !e!)ria"

roduzindo a uni$o do !undo do indiv1duo co! o da sociedade e! (ue ele

vive. O le!brado con&ere e !olda u! senti!ento de ertenci!ento" u!a

identi&ica#$o" ou se0a" re!ete o indiv1duo a u! gruo co! o (ual se

identi&ica" do (ual &az arte" !es!o (ue !o!entanea!ente" de&inindo seu

esa#o. A identidade" ortanto" @ u!a !ani&esta#$o ligada + !e!)ria

coletiva ou + di!ens$o do ertenci!ento social" no (ual in2!eras

!e!)rias s$o co!artilhadas e h% a erce#$o da di&eren#a e! rela#$o ao

outro" ou se0a" a identidade se constitui e! sua rela#$o co! a alteridade.

Ela est%" ois" ligada + hist)ria e + !e!)ria do gruo" sendo decorrente de

u! con0unto de a#'es (ue cria! &or!as de ertenci!ento e redes sociais.

5esse sentido" e! u!a a#$o rec1roca" a !e!)ria" base da >ist)ria"

in&luencia ao !es!o te!o e! (ue @ in&luenciada ela 4iteratura e ela

Co!unica#$o.

A Co!unica#$o" or sua vez" co!reende rocessos de intera#$o

entre su0eitos" gruos e sociedades" os (uais e/ressa! suas !arcas

identit%rias. Ela se utiliza de diversas linguagens e se insere e! u!

rocesso hist)rico,est@tico,cultural" sobre o (ual roduz discursos" cu0a

!aterialidade abrange desde o ato da &ala aos !eios , i!ressos"

eletrBnicos e digitais , e revela o i!agin%rio social. Organizada a artir de

u! siste!a s1gnico" a !aterialidade dos atos de linguage! estabelece a

co!unica#$o entre e!issor e recetor.

Al@! disso" no rocesso de co!unica#$o" redes in&or!ais" !idi%ticas"

teleco!unicacionais e virtuais" er!ite! a circula#$o de discursos" e!busca de recetores,alvo" os (uais interage! no rocesso co!unicacional.

Os agentes desse rocesso e/erce! u! ato de oder rec1roco" (ue ode

ser dereendido nos discursos" e! (ue se caracteriza! as identidades e as

di&eren#as (ue co!'e! os ca!os de intera#$o.

Para co!reender os rocessos culturais no *!bito da Co!unica#$o"

@ reciso reconhecer as condi#'es !ateriais e t@cnicas e os conte/tos

s)cio,hist)ricos da rodu#$o" circula#$o e rece#$o dos discursos7aralela!ente" @ necess%rio e/a!inar conven#'es e rela#'es sociais (ue

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constroe! ca!os di&erenciados e social!ente estruturados. 5esse

sentido" a Co!unica#$o ta!b@! contribui co! a 3re=constru#$o da

!e!)ria" (ue busca na bibliogra&ia" e! docu!entos" e! deoi!entos" e!

rodutos !idi%ticos" e! !ani&esta#'es art1sticas e e! outros &rag!entos do

assado suas &ontes de estudo" ossibilitando" ortanto" a investiga#$o de

rocessos culturais e de suas !ani&esta#'es.

Sendo igual!ente u!a !ani&esta#$o cultural" o te/to liter%rio @ u! ato

de linguage! (ue" co!o os de!ais discursos do rocesso co!unicacional"

circula nos ca!os sociais e aresenta u!a estrutura (ue a eles se articula.

Portanto" Co!unica#$o e 4iteratura se sobre'e! e se co!leta! or

rocedi!entos co!uns ao seu rocesso de intera#$o" ela ro/i!idade dos

recursos de an%lise e ela a&inidade de con&igura#'es discursivas" co!o"

or e/e!lo" a estrutura da narrativa e a recorrncia a reresenta#'es

si!b)licas" (ue instala! signi&ica#'es e sentidos.

Por sua natureza lural" os te/tos liter%rios s$o u! cron)too" onde

a&lora! di&erentes discursos" sendo o ca!o de e/eri!enta#$o da

linguage!. 5esse sentido" ocua! u!a osi#$o central no *!bito da

Co!unica#$o" ois" al@! de instititu1re! u!a rela#$o enunciativa eculiar

(ue d% aos recetores a oortunidade de atuare! co!o articiantes ativos

da rodu#$o de sentidos" re!ete! a conte/tos s)ciohist)ricos e

reroduze! u! !undo de oini'es abstratas" ou da es&era das cren#as"

&igurativizando (uest'es @ticas" !orais" religiosas" est@ticas. Portanto"

interliga! te!os distintos da hist)ria hu!ana" introduzindo discuss'es e!

torno de te!as co!o !e!)ria" identidade" nacionalidade" liberdade" 0usti#a"

a!or" verdade" conheci!ento" al@! de e/lorare! critica!ente os recursos

da r)ria linguage!" trans&or!ados e! estrat@gias (ue ode! agu#ar aerce#$o do leitor e engendrar a signi&ica#$o.

Co!o linguage!" a literatura relaciona,se co! outros *!bitos da

cincia" da &iloso&ia e da arte" co! eles estabelecendo rela#'es de

aro/i!a#$o eou de distancia!ento. Sob essa ersectiva" a literatura

converge co! a >ist)ria" no (ue tange aos rocedi!entos discursivos da

narrativa" ao !es!o te!o e! (ue dela se distancia (uanto ao trata!ento

(ue @ dado ao ob0eto e + &inalidade ara a (ual esse se orienta. Ela dialogaco! as outras artes" er!itindo aro/i!a#'es (uer (uanto aos aelos

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sensoriais institu1dos elas i!agens" (uer (uanto ao ael de revela#$o do

real (ue as artes desencadeia!7 e! contraartida" a literatura reserva sua

distin#$o e! rela#$o +s de!ais artes" ela !at@ria verbal (ue a constitui"

sendo" &unda!ental!ente" u! ato de co!unica#$o.

A dialogicidade" (ue est% resente nos rocessos culturais"

caracterizados co!o &enB!eno din*!ico" onde o 0ogo dial@tico dos signos

necessita ser veri&icado co!o algo transling-1stico" ou se0a" co!o rodu#$o

social (ue te! re&erncia na cultura e (ue se encontra i!l1cita na

discursividade" er!ite o estabeleci!ento de rela#'es entre a %rea da

>ist)ria" (ue reconstr)i conte/tos" a 4iteratura" (ue investiga a rodu#$o

discursiva co! u! ato est@tico de linguage!" e a Co!unica#$o" (ue

investiga rocessos co!unicativos" rivilegia an%lises cr1ticas sobre a

rodu#$o" a circula#$o e a interreta#$o dos discursos" (ue s$o a base dos

rocessos culturais.

Por essa raz$o" a te!%tica @ concebida sob u!a ersectiva

interdiscilinar e! (ue se associa! os saberes esec1&icos da >ist)ria" da

Co!unica#$o e da 4iteratura e (ue encontra! a contribui#$o co!le!entar

das %reas da Diloso&ia e da Arte. 5o entanto" a interdiscilinaridade @ u!

desa&io e u! rocesso er!anente (ue n$o nasce lena ne! ronta.

Assi!" no estudo dos rocessos e das !ani&esta#'es culturais

co!etncias discilinares encontra! a!biente ro1cio ara a

solidi&ica#$o de seus saberes e ara o e/erc1cio da r%tica interdiscilinar.