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Jerenice Esdras Ferreira Avaliação de polimorfismos do gene SLC40A1 em pacientes com Hemocromatose Hereditária e Adquirida Dissertação apresentada ao Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de concentração: Doenças Tropicais e Saúde Internacional Orientadora: Profa. Dra. Ester Cerdeira Sabino São Paulo 2015

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Jerenice Esdras Ferreira

Avaliação de polimorfismos do gene SLC40A1 em pacientes

com Hemocromatose Hereditária e Adquirida

Dissertação apresentada ao Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências.

Área de concentração: Doenças Tropicais e Saúde Internacional

Orientadora: Profa. Dra. Ester Cerdeira Sabino

São Paulo

2015

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Ficha catalográfica

Preparada pela Biblioteca do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da

Universidade de São Paulo © Reprodução autorizada pelo autor

Ferreira, Jerenice Esdras

Avaliação de polimorfismos do gene SLC40A1 em pacientes com hemocromatose hereditária e adquirida / Jerenice Esdras Ferreira. – São Paulo, 2015.

Dissertação (Mestrado) – Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em Ciências

Área de concentração: Doenças Tropicais e Saúde Internacional Orientadora: Ester Cerdeira Sabino

Descritores: 1. HEMOCROMATOSE. 2. MUTAÇÃO. 3. POLIMORFISMO. 4. METABOLISMO – ALTERAÇÃO. 5. FERRO. 6. PROTEÍNAS.

USP/IMTSP/BIB-05/2015.

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DEDICATÓRIA

Ao Senhor meu Deus e meu Pai,

Senhor, eu Te agradeço por tudo que tens me proporcionado: pela vida, a alegria de viver a força em todos os momentos difíceis, os dons, a minha família.

Aos meus pais,

que graças à dedicação, ao apoio e ao amor demostrados, estou conquistando esse sonho. Não há palavras para exprimir o meu eterno agradecimento, vocês são o melhor da minha vida. Mãe você é minha fortaleza.

À minha irmã Suzete C Ferreira S Lombardi,

pelo companheirismo, apoio incondicional e incentivo em todos os momentos da minha vida. Obrigada por acreditar em mim, mesmo quando eu não acreditava.

Aos meus irmãos, pela amizade e que acompanharam a realização desse sonho. Aos meus sobrinhos e sobrinhas, que são importantes na minha vida, pois os considero como meus “filhos postiços”.

Ao meu cunhado, cunhadas, por participarem desse momento tão importante. Aos meus amigos e professores, que me incentivaram e colaboraram em todas as etapas desse trabalho.

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AGRADECIMENTOS

À Professora Dra. Ester Cerdeira Sabino, que aceitou ser minha orientadora,

que me recebeu, me integrou à sua equipe de pesquisa. Os seus ensinamentos,

seu apoio, paciência e compreensão, foram fundamentais para o êxito desse

trabalho. Por tudo, gostaria de expressar a minha sincera gratidão.

Ao Professor Dr. César de Almeida Neto, gostaria de expressar a minha

sincera gratidão, pelos seus ensinamentos, apoio, disponibilidade para

esclarecimentos teóricos durante a realização dessa dissertação.

Ao Dr. Alfredo Mendrone Júnior, Diretor Técnico da Fundação Pró-Sangue,

por ter proporcionado a realização desse estudo, pelo apoio, colaboração e

compreensão.

Ao Professor Dr. José Eduardo Levi, pelo apoio e colaboração nas

sugestões do trabalho.

A Sra Nanci Alves Salles, chefe da Divisão de Sorologia da Fundação Pró-

Sangue Hemocentro de São Paulo, pelo apoio e colaboração.

A todos os funcionários da Fundação Pró-Sangue Hemocentro de São

Paulo, pelo apoio e colaboração.

A minha querida amiga, minha irmã, Suzete, que é uma maravilhosa

profissional, pelo apoio, motivação, incentivo e compreensão, e me ensinou cada

etapa para poder realizar esse trabalho.

As minhas queridas amigas Eliane Margareth P Carneiro, do Instituto Adolfo

Lutz, Anna Shoko Niyshia e Cecília Salete, da Fundação Pró-Sangue Hemocentro

de São Paulo, pelo apoio, motivação, companheirismo durante a realização desse

estudo.

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A minha diretora do Instituto Adolfo Lutz, Raimunda Telma de Macedo

Santos pelo apoio e compreensão.

A Dra Sandra Gualandro e Dr Guilherme Fonseca do ambulatório de

Hematologia do Hospital das Clínicas da FMUSP pelo apoio e disponibilizar os

pacientes para a realização desse estudo.

Aos pacientes do ambulatório de Hematologia do Hospital das Clínicas da

FMUSP, pela confiança em participarem desse estudo.

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“A ciência nunca resolve um problema sem criar pelo menos outros dez”.

George Bernard Shaw

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“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota”.

Madre Teresa de Calcutá

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RESUMO

Ferreira JE. Avaliação de polimorfismos do gene SLC40A1 em pacientes com Hemocromatose Hereditária e Adquirida. (dissertação). São Paulo: Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da Universidade de São Paulo; 2015.

A hemocromatose é uma desordem caracterizada por armazenamento alterado de ferro em órgãos vitais. A hemocromatose hereditária pode ser causada por mutações nos genes HFE, SLC40A1, HAMP, HJV e TfR2. A forma adquirida da doença pode ser ocasionada por sobrecarga de ferro, alcoolismo, infecção pelo vírus da hepatite C, anemias hemolíticas e doença hepática crônica. O objetivo deste estudo foi descrever as variantes do gene SLC401 em uma série de casos de pacientes em seguimento no ambulatório de Hematologia do Hospital das Clínicas da FMUSP com hemocromatose hereditária e adquirida e verificar se estas variantes poderiam estar associadas a um pior quadro de hemocromatose. No período de 2008 a 2011 foram coletadas 54 amostras de pacientes com diagnóstico prévio de hemocromatose, acompanhados no ambulatório de anemias do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Os pacientes foram separados, de acordo com a suspeita clínica, em dois grupos: 38 pacientes com Hemocromatose Hereditária e 16 pacientes com Hemocromatose Adquirida. O DNA foi extraído de sangue periférico pelo kit Qiamp Blood, e as amplificações dos exomas descrito por Wakusawa (2005). As reações de sequenciamento foram realizadas no aparelho AB 3130 e as sequências do gene editadas, alinhadas no programa Sequencer e comparadas com GenBank. Os pacientes com hemocromatose hereditária e adquirida (secundária) apresentaram uma frequência acima de 45% entre a faixa etária de 40 a 60 anos, mostrando uma sobrecarga de ferro mais tardia. O gênero masculino apresentou maior frequência em ambos os grupos (superior a 60%), já em relação à etnia/cor da pele, mais de 80% eram brancos. No diagnóstico laboratorial de ferritina, ferro, CTLF e IST dos pacientes com hemocromatose hereditária e adquirida (secundária) mostra que não houve diferenças significativas. As mutações no gene HFE nos pacientes com hemocromatose hereditária foram C282Y homozigose (21%) e na adquirida (secundária) H63D heterozigose (25%). Entre as mutações do gene HFE, não houve diferença estatística significativa nos grupos. A mutação foi identificada no éxon 3 do gene SLC40A1, no códon 80, descrita p.I80L (c.586C>A). No éxon 4 do gene SLC40A1 foram identificados 3 polimorfismos com a substituição de um nucleotídeo nas posições: c. A630G (190437579), c.648A>G (190437597), c.738Y>C (190437688). Já no éxon 6 foram identificados dois polimorfismos c.1014C>T (190430229) e c.1014Y>T (190430229). As mutações encontradas no gene HFE e SLC40A1 estão associadas com a sobrecarga férrica caracterizando a hemocromatose hereditária. Os polimorfismos encontrados no gene SLC40A1 foram identificados nos pacientes com hemocromatose hereditária e adquirida (secundária) numa frequência de 50%, semelhante aos doadores de sangue, sugerindo que este polimorfismo provavelmente não contribui para o desenvolvimento da doença.

Descritores: Hemocromatose. Mutação. Polimorfismo. Distúrbios do Metabolismo.

Sobrecarga de Ferro. Proteínas ligantes de ferro.

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ABSTRACT

Ferreira JE. Polymorphisms evaluation of SLC40A1 gene in patients with Hereditary Hemochromatosis and Acquired. (dissertation). São Paulo: Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da Universidade de São Paulo; 2015.

Hemochromatosis is a disorder characterized by altered storage iron in vital organs. Hereditary hemochromatosis can be caused by mutations in the HFE gene, SLC40A1, HAMP, and HVJ TFR2. The acquired form of the disease can be caused by iron overload, alcoholism, infection by the hepatitis C virus, hemolytic anemias and chronic liver disease. The objective of this study was to describe variants of the SLC401 gene in a number of cases of patients being followed at hematology clinic Hospital das Clínicas FMUSP with hereditary hemochromatosis and acquired and verify that these variants could be associated with a worse hemochromatosis frame. In the period 2008 to 2011 were collected 54 samples from patients previously diagnosed with hemochromatosis, anemia accompanied the clinic of the Hospital das Clinicas, Faculdade de Medicina, Universidade de Sao Paulo. The patients were divided, according to clinical suspicion, into two groups: 38 patients with Hereditary Hemochromatosis and 16 patients with Acquired Hemochromatosis. The DNA was extracted from peripheral blood by Qiamp Blood Kit, and amplifications of exomas described by Wakusawa (2005). The sequencing reactions were performed in AB 3130 apparatus and the sequences of the gene edited, aligned in Sequencer program and compared with GenBank. Patients with hereditary hemochromatosis and acquired (secondary) had a frequency above 45% between the age group 40-60 years showing a later iron overload. The males showed higher frequency in both groups (over 60%), as compared to ethnicity / skin color, over 80% were white. In the laboratory diagnosis of ferritin, iron, TIBC and STI patients with hereditary hemochromatosis and acquired (secondary) shows no significant differences. Mutations in the HFE gene in patients with hereditary hemochromatosis C282Y homozygosity were (21%) and acquired (secondary) H63D heterozygosity (25%). Between HFE mutations, there was no statistically significant difference in the groups. The mutation was identified in exon 3 of the SLC40A1 gene at codon 80, described p.I80L (c.586C> A). In exon 4 of the SLC40A1 gene were identified polymorphisms 3 with substitution of a nucleotide in position: c. A630G (190,437,579), c.648A> L (190,437,597), c.738Y> C (190 437 688). Already in exon 6 were identified two polymorphisms c.1014C> T (190 430 229) and c.1014Y> T (190 430 229). The mutations found in the HFE gene and SLC40A1 are associated with iron overload characterizing hereditary hemochromatosis. The polymorphisms found in the SLC40A1 gene have been identified in patients with hereditary hemochromatosis and acquired (secondary) at a frequency of 50%, similar to blood donors, suggesting that this polymorphism will probably not contribute to the development of the disease.

Descriptors: Hemochromatosis. Mutation. Polymorphism. Iron metabolismo disorders. Iron over load. Iron-binding proteins.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - O gene HFE está localizado no braço curto do cromossoma 6 (p), na

posição 21.3..............................................................................................................23

Figura 2 - O gene HJV está localizado no braço longo do cromossoma 1 (q), na

posição 21.1.............................................................................................................24

Figura 3 - O gene HAMP está localizado no braço longo do cromossoma 19 (q), na

posição 13.1. ............................................................................................................25

Figura 4 - O gene TfR2 está localizado no braço longo do cromossoma 7 (q), na

posição 22. ...............................................................................................................27

Figura 5 - O gene SLC40A1 está localizado no braço longo do cromossoma 2 (q),

na posição 32............................................................................................................28

Figura 6 - Homeostase sistêmico de ferro no organismo.........................................30

Figura 7 - Metabolismo do ferro: enterócito e proteínas envolvidas na absorção de

ferro. .........................................................................................................................32

Figura 8 - A hepcidina se liga a ferroportina e leva a sua degradação. No enterócito,

o ferro não é transportado para o exterior da célula, e a absorção é inibida (figura a

esquerda). No macrófago, o ferro fica acumulado no seu interior, diminuindo o ferro

disponível para a eritropoiese (figura a direita). .......................................................36

Figura 9 - Tipos de hemocromatose hereditária e evolução clínica.........................38

Figura 10 - Distribuição dos valores de ferritina, ferro, CTLF (capacidade total de

ligação do ferro) e IST (índice de saturação da transferrina) nos pacientes com

hemocromatose hereditária e adquirida (secundária)..............................................55

Figura 11 - PCR-RFLP na análise molecular da mutação C282Y do gene HFE, em

gel de agarose a 2% corado com brometo etídio.....................................................56

Figura 12 - PCR-RFLP na análise molecular da mutação H63D do gene HFE, em

gel de agarose a 2% corado com brometo etídio.....................................................56

Figura 13 - A. Cromatograma mostrando homozigose para a mutação no gene

SLC40A1 p.I80L (c.586C>A, éxon 3). B. Análise do alinhamento (blast) das

sequencias do gene SLC40A1 com a do paciente. C. Análise do alinhamento (blast)

das sequencias do RNAm do gene SLC40A1 com a do paciente............................59

Figura 14 - Cromatograma mostrando os polimorfismos do éxon 4 no gene

SLC40A1. A: amostra 4 (c.630A>G e c.648A>G) e nas amostras 18 (B), 23 (C), 48

(D) polimorfismo c.738Y>C.......................................................................................60

Figura 15 - A. Análise do alinhamento (blast) das sequencias do gene SLC40A1

com a identificação dos polimorfismos. B. Análise do alinhamento (blast) das

sequencias do RNAm do gene SLC40A1 dos polimorfismos...................................61

Figura 16 - A. Cromatograma mostrando polimorfismos no éxon 6 c.1014C>T e

c.1014Y>T no gene SLC40A1. B. Análise do alinhamento (blast) das sequencias do

gene SLC40A1. C. Análise do alinhamento (blast) das sequencias do RNAm do

gene SLC40A1..........................................................................................................62

Figura 17 - Heredograma da Família B, apresentando a mutação C282Y do gene

HFE...........................................................................................................................72

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Gráfico 1 - Distribuição de pacientes com hemocromatose hereditária com

mutações no gene HFE e simultaneamente polimorfismos e mutação no gene

SLC40A1...................................................................................................................63

Gráfico 2 - Distribuição de pacientes com Hemocromatose Adquirida com mutações

no gene HFE e simultaneamente polimorfismos no gene SLC40A1........................64

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LISTA DE TABELAS Tabela 1- Principais características epidemiológica e molecular dos tipos de

Hemocromatose Hereditária.....................................................................................22

Tabela 2- Classificação Molecular da Hemocromatose Hereditária........................39

Tabela 3- Principais causas de hemocromatose Adquirida (secundária)................43

Tabela 4- Sequência de primers utilizados na amplificação e reação de

sequenciamento do gene SLC40A1.........................................................................49

Tabela 5- Características demográficas dos pacientes com hemocromatose

hereditária e adquirida (secundária).........................................................................53

Tabela 6- Mutações encontradas no gene HFE nos pacientes com hemocromatose

hereditária e adquirida (secundária).........................................................................57

Tabela 7- Análise de sequenciamento do gene SLC40A1 nos pacientes com

Hemocromatose hereditária e adquirida (secundária)..............................................58

Tabela 8- Identificação das sequências submetidas no GenBank...........................65

Tabela 9- Diagnóstico laboratorial do paciente com Mutação no gene SLC40A1...68

Tabela 10- Características demográficas, dados laboratoriais bioquímicos e

moleculares da Família B.........................................................................................72

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALT – alanina aminotransferase Asp – ácido aspártico AST – aspartato aminotransferase CHCM – concentração de hemoglobina corpuscular média CTLF – capacidade de ligação do ferro Cys - cisteína DMT-1 – transportador de metal divalente 1 DNA - ácido desoxirribonucleico DNTPs – desoxirribonucleotídeos fosfatados Fe2+ - ferro ferroso Fe3+ - ferro férrico fl – fentolitro FPN - ferroportina g – gramas g/dL – gramas por decilitro HAMP – gene da hepcidina Hb – hemoglobina HCM – hemoglobina corpuscular média HCP1 – proteína transportadora de heme 1 HFE - Hemocromatose proteína humana HH – hemocromatose hereditária His - histidina HJV - hemojuvelina HLA – antígeno leucocitário humano HO – heme oxygenase IREG-1 – proteína transportadora de ferro 1 IRE-IRP – proteínas de ligação de elementos do ferro IST – índice saturação de transferrina Kb - quilobase KDa – quilodalton LEAP-1 - peptídeo antimicrobiano expresso hepático mcg/dL – micrograma por decilitro mg - miligrama mg/dL – miligrama por decilitro mg/L – miligrama por litro MgCl2 – cloreto de magnésio mm – milimetro mM – milimolar

MTP-1 – proteínas de transporte de metais NCBI - National Center for Biotechnology Information (Centro Nacional de Biotecnologia de Informação) ng – nanograma ng/mL – nanograma por mililitro OMIN - compendio de genes humanos e fenótipos genéticos pb – par de bases PCR – reação em cadeia da polimerase PCR-RFLP – reação em cadeia da polimerase de polimorfismo de comprimento por fragmentos de restrição pg – picograma

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pH – medida de pH (potencial de hidrogênio) pmol/µL – picomol por microlitro RDW – (Red Cell Distribution Width) índice que avalia variação de tamanho RNAm – RNA mensageiro SLC40A1 – gene que codifica a ferroportina SNP – (single nucleotide polymorphism): polimorfismo de nucleotídeo simples TfR – receptor da transferrina TfR2 - receptor da transferrina 2 Tris-HCl – tris(hidroximetil)aminometano Tyr - tirosina U/µL - unidades internacionais por microlitro VCM – volume corpuscular médio VHS – velocidade de hemossedimentação WT – forma selvagem µg/g – micrograma por grama µL – microlitro µM – micromolar

106/µL – milhões de células por microlitro

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16

1 INTRODUÇÃO

1.1 Hemocromatose

O ferro, além de atuar como um cofator em determinados sistemas

enzimáticos, é um elemento essencial em alguns processos fisiológicos do

organismo humano, incluindo transporte de oxigênio (hemoglobina e mioglobina),

na produção de energia oxidativa (citocromo, catalase e peroxidase), na respiração

mitocondrial (succinato desidrogenase), na inativação de radicais livres (xantina

oxidase) e síntese de DNA (ribonucleotídeo redutase). Embora possam ser

encontrados na natureza em vários estados oxidados, os estados com valências 2+

e 3+ são os de maior importância para os sistemas biológicos1,2,3,4,5.

A doença mais comum relacionada com o metabolismo deste metal é a

anemia por deficiência de ferro, que afeta 30% de toda a população mundial,

sendo, especialmente prevalente, nos países em desenvolvimento6,7. O outro

extremo desta condição se refere à sobrecarga de ferro no organismo, conhecida

como hemocromatose6,8.

O termo hemocromatose foi inicialmente utilizado para descrever as lesões

teciduais associadas ao excesso de ferro. Os órgãos alvo nos quais ocorre o

depósito de ferro são o fígado, o pâncreas, o coração e a hipófise. O excesso de

ferro nesses órgãos leva progressivamente a lesão celular e prejudica seu

funcionamento. A hemocromatose pode ter origem hereditária, quando é causada

por uma anomalia genética, ou secundária, quando é provocada por outra doença

ou por fatores ambientais8,9.

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17

A quantidade de ferro no organismo depende da idade, sexo e estado

nutricional. O estoque de ferro no recém-nascido é limitado e aumenta

gradualmente ao longo da vida, durante o período de crescimento. Um homem

adulto possui cerca de 40 a 50 mg de ferro por quilograma de peso. Já as mulheres

em idade fértil possuem depósitos menores de ferro, devido às perdas menstruais,

gestação, lactação e uma menor massa muscular10.

A concentração de ferro encontra-se distribuída, em mais de dois terços, na

molécula de hemoglobina e, seu um terço restante, encontra-se estocada no fígado,

na mioglobina ou nos macrófagos do sistema reticuloendotelial. Apenas uma

pequena fração se encontra circulante no plasma ligado à transferrina11.

1.2 Histórico da Hemocromatose

Em 1865, na França, Trousseau apresentou a primeira referência de

hemocromatose em um paciente de 28 anos que apresentava manifestações

clínicas descritas como “tríade clássica” com diabetes mellitus grave, cirrose e

pigmentação bronze da pele12,13. Quase 25 anos depois, em 1889, na Alemanha,

von Recklinghausen14 (apud Souza13) foi o primeiro a utilizar o termo

hemocromatose, de origem grega que significa “haima” (sangue) e “chromatos”

(cor), após realizar autópsia num paciente com cirrose associada ao acúmulo de

ferro no fígado, pensando tratar-se de distúrbio hematológico que causava

pigmentação cutânea13,14. Entretanto, apenas em 1935, Sheldon em seu estudo

“Haemochromatosis” deduziu que esta doença decorreria de um distúrbio genético

do metabolismo do ferro e que todas suas manifestações eram devidas à

sobrecarga de depósito desse metal nos diversos órgãos13,15.

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18

Em 1976, Simon et al. demonstraram a associação entre a hemocromatose

e o complexo de histocompatibilidade humano HLA-A3, localizado no braço curto

do cromossomo 6, determinando que esse gene era responsável pela doença13,15,

16,17,18,19.

Apesar do avanço nos estudos de Simon et al. o gene da hemocromatose

hereditária permaneceu indefinido até 1996, quando um grupo de pesquisadores

(Progenitor Inc.) o identificou precisamente, utilizando clonagem posicional, o gene

HLA-A3 encontrado no braço curto do cromossomo 6 foi rebatizado como HFE

(classical hereditary hemochromatosis gene). O gene interage com a microglobulina

beta-2, formando um polipeptídeo complexo Cys282Tyr e His63Asp16,17,18,20,21.

Em 1999, Kawabata et al. clonaram, sequenciaram e mapearam um gene

homólogo humano para TfR, denominado TfR2, que pode ser um segundo receptor

de transferrina a mediar o transporte de ferro intracelular. Contudo, dois transcritos

foram expressos a partir deste gene: α (~2.9 pares de kilobases), e β (-2,5 pares de

quilobases). A sequência de aminoácidos prevista revelou que a proteína TFR2-α

era uma proteína de membrana do tipo II e partilhou uma identidade de 45% e 66%

de semelhança no seu domínio extracelular com TfR. A proteína TFR2-β faltava à

porção amino-terminal da proteína TFR2-α incluindo o domínio transmembranar

putativo5,22.

Em 2001, dois estudos paralelos originaram a descoberta da hepcidina,

sendo um desenvolvido por Krause et al.23 que identificaram no ultrafiltrado de

sangue humano um novo peptídeo de 25 aminoácidos rico em cisteínas, com

propriedades antimicrobianas a que chamaram LEAP-1 (liver expressed

antimicrobial peptide); e outro por Park et al.24 que caracterizaram o mesmo

peptídeo na urina humana, denominando hepcidina, devido a síntese hepática (hep)

e ter atividade antimicrobiana (cidin). Nesse ano, Pigeon et al.25 demonstraram que

a produção do peptídeo era estimulada pela sobrecarga de ferro e, quase

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19

simultaneamente, Nicolas et al.26,27,28 observaram que o silenciamento do gene da

hepcidina em ratos transgênicos, provocava um fenótipo de sobrecarga de ferro

semelhante à hemocromatose humana. No ano seguinte, estes mesmos autores

demonstraram que a expressão de hepcidina levava a uma deficiência grave de

ferro com anemia, confirmando-se assim o papel fundamental da hepcidina como

regulador dos níveis sistêmicos de ferro29.

Em 2004, Papanikolaou et al. 30 identificaram, por meio de análise de

transferência de Northern de tecidos humanos (fígado, coração e músculo

esquelético), o gene da hemojuvelina (HJV) dentro da região associada com

hemocromatose juvenil, no cromossoma 1q21 e denominaram de HFE2A. A

expressão da transcrição da hemojuvelina foi semelhante ao gene da hepcidina

(HAMP), uma proteína fundamental implicada no metabolismo do ferro30.

Em 2000, Donovan et al.31 identificaram o gene responsável pela exportação

de ferro na superfície basolateral usando clonagem posicional. O gene, ferroportin1,

expressa na superfície basolateral dos enterócitos no duodeno e exporta o ferro

celular na circulação. A função da Ferroportin1 pode ocasionar distúrbios como

deficiência ou sobrecarga de ferro31.

Bacon et al. em 1997, descrevem outras síndromes clínicas de sobrecarga

de ferro denominadas hemocromatose secundária, em que a excessiva absorção

do íon ferro depende de outras condições como: anemias por eritropoiese ineficaz,

hepatopatias, excessiva ingestão de ferro medicamentoso, transfusões de sangue,

injeções de ferro-dextran, sobrecarga neonatal de ferro, sobrecarga africana de

ferro (na qual existe fator genético não HLA ligado) e as sobrecargas de ferro dos

bebedores de cervejas caseiras32.

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20

1.3 Epidemiologia

A Hemocromatose Hereditária (HH) afeta cerca de 0,25% indivíduos, e tem

uma frequência portadora estimada de 10% de ascendência do Norte da Europa,

resulta em disfunção de múltiplos órgãos causada pelo aumento da deposição de

ferro, e é tratável, se detectado precocemente13,33.

A mutação C282Y em homozigose é encontrada em mais de 80% a 90%

dos casos de Hemocromatose Hereditária na América do Norte e no norte da

Europa, respectivamente22,33,34,35.

A heterozigose composta (C282Y/H63D), ou homozigose H63D, é

responsável por pequeno percentual de casos de Hemocromatose Hereditária (1-

5%), sendo que na maioria das vezes, a sobrecarga de ferro é observada quando

essas mutações ocorrem em associação com outros fatores36,37.

Em caucasianos, o polimorfismo HFE é altamente prevalente, com

frequência alélica do C282Y de 10-12% e do H63D de 14-20%38,39,40. A frequência

de portadores da mutação C282Y no norte da Europa é de 15% em heterozigose e

de 0,5% em homozigose com diminuição da frequência no sul e leste da Europa; a

mutação H63D é mais comum, acometendo 15-40% da população europeia39.

Homozigotos para C282Y são encontrados na frequência de 0,4% brancos

caucasianos; entretanto, a doença completamente manifesta com lesão significativa

de órgãos é encontrada em menos de 10% desses indivíduos 27,28,41 (Tabela 1).

No Brasil, a prevalência é desconhecida, entretanto, em trabalhos realizados

em regiões do sudeste do País a prevalência de heterozigotos para C282Y foi de

1,2-2,8% e para H63D de 31,1-32,6%11,31. No estudo de Ferreira et al. mostra que a

prevalência da mutação C282Y estava presente em homozigose em 2,9% dos

indivíduos e 10,1% em heterozigose, enquanto a H63D estava presente em

homozigose em 4,3% e em heterozigose em 30,6% dos indivíduos estudados42.

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Agostinho et al. avaliaram, no Brasil, as frequências das mutações C282Y

no gene HFE em 227 indivíduos: 71 caucasianos, 91 mestiços, 85 descendentes de

africanos e 75 índios parakanãs, confirmando que a frequencia do alelo Y é baixa

em negros e índios5.

A HH tipo 2 é uma doença rara (menos de 100 casos descritos) com uma

ampla distribuição geográfica. Ambos os sexos são igualmente afetados. Mutações

em HJV representam a maioria dos casos mundiais de hemocromatose juvenil, e

tem sido relatada em indivíduos do Norte-Europeu (incluindo Italiano, grego,

holandês, albanês, húngaro, romeno), americanos, australianos, japoneses,

chineses e franco-canadense de Saguenay-Lac-Saint-Jean. Há algumas mutações

HJV que apresenta uma frequência mais elevada na Itália e na Grécia. Foram

notificados um número muito menor de indivíduos italianos, gregos, árabes, e

portugueses com hemocromatose juvenil relacionada com HAMP43,44 (Tabela 1).

A hemocromatose tipo 3 é rara, com menos de 50 casos relartados na

literatura, sendo encontrada, principalmente, na população caucasiana, mas

também, descrita na Ásia. Atinge adultos de meia-idade, adolescentes e jovens

adultos (<30 anos de idade)33,44(Tabela 1).

A hemocromatose tipo 4 é uma forma de hemocromatose hereditária menos

rara do que as outras formas de HH (hemocromatose tipo 2 e 3), com menos de

200 casos relatados na literatura. Esta forma apresenta uma distribuição mundial,

ou seja, afeta ambos os sexos, caucasianos e não caucasianos e manifestando em

diferentes faixas etárias (10-80 anos de idade)44,45 (Tabela 1).

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22

Tabela 1 - Principais características epidemiológica e molecular dos tipos de Hemocromatose Hereditária.

Tipo Clínico Tipo 1 Tipo 2 A Tipo 2 B Tipo 3 Tipo 4

Forma Clínica

HH Clássica HH Juvenil HH Juvenil HH Transferrina

HH Ferroportina

Gene Envolvido

HFE HJV HAMP TfR2 SLC40A1

Herança

Autossômica recessiva

Autossômica recessiva

Autossômica recessiva

Autossômica recessiva

Autossômica dominante

Idade de aparecimento de quadro clínico

40 a 60 anos 20 a 40 anos

20 a 40 anos

40 a 60 anos 40 a 60 anos

Frequência

Comum Rara Rara Rara Rara

Danos Teciduais

Diversificados Intensos Intensos Diversificados Baixos

HH: Hemocromatose Hereditária; HFE: gene da Hemocromatose Hereditária; HJV: gene da Hemojuvelina; HAMP: gene da hepcidina; TfR2: gene da Transferrina; SLC40A1: gene da Ferroportina. Fonte: Hemocromatosis: In: Online Mendelian Inheritance in Man; OMIM.

1.4 Proteínas que Regulam o Metabolismo do Ferro

1.4.1 HFE (Human Hemochromatosis Protein)

A proteína HFE é encontrada nos hepatócitos e enterócitos e sua função

está associada no metabolismo do ferro no organismo46.

O gene HFE foi descrito pela primeira vez por Feder em 1996. Na análise

citogenética o gene HFE está localizado no cromossomo 6p21.3 (Figura 1),

pertence ao complexo maior de histocompatibilidade e possui 6 éxons,

compreendendo aproximadamente 12kb de DNA. Várias mutações no gene HFE

têm sido identificadas, sendo as mais comuns a C282Y e a H63D47,48,49.

O gene HFE codifica uma proteína de 343 aminoácidos altamente expressa

nas células das criptas intestinais do duodeno, onde sua distribuição é perinuclear.

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23

A interação da proteína HFE com o TfFR1 parece ter um importante papel na

regulação da absorção do ferro proveniente da dieta. Também, tem sido

demonstrado que a HFE inibe de maneira competitiva a ligação da transferrina ao

TfR1. A presença de HFE em células do sistema reticuloendotelial sugere que a

HFE pode modular o transporte e estoque de ferro nestas células41,50.

Figura 1- O gene HFE está localizado no braço curto do cromossoma 6 (p),

na posição 21.3. Fonte: OMIM44.

1.4.2 Hemojuvelina (HJV)

A HJV é uma molécula pertencente à família RGM (repulsive guidance

molecules) cuja expressão é restrita ao fígado, coração e músculo esquelético. O

gene da hemojuvelina, na análise citogenética, está localizado no cromossomo

1q21 (Figura 2), constituído por 4 éxons e constitui uma proteína de 426

aminoácidos44. Mutações no gene HJV estão relacionadas clinicamente com a

hemocromatose juvenil. Embora sua função precisa ainda seja desconhecida,

parece estar ligada à expressão de hepcidina. Baixos níveis urinários de hepcidina

têm sido observados em pacientes com mutação HJV34,43,48.

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24

Figura 2 - O gene HJV está localizado no braço longo do cromossoma 1 (q), na posição 21.1. Fonte: OMIM44.

1.4.3 Hepcidina

A hepcidina é uma proteína sintetizada pelo gene HAMP ou LEAP1, na

análise citogenética, localizado no cromossomo 19q13 constituído de 3 éxons que

codifica um peptídeo de 84 aminoácidos (Figura 3). A proteína é expressa no

coração, cérebro e quase na sua totalidade pelo fígado, com propriedades

antimicrobianas, que recentemente foram associadas à regulação da homeostase

do ferro27,28,51. A expressão de hepcidina é regulada pelo nível de ferro corporal, por

processos inflamatórios e por hipóxia. Sua expressão está aumentada na

sobrecarga de ferro sugerindo uma resposta compensatória para limitar a absorção

intestinal de ferro. A sua administração exógena em camundongos inibe a absorção

intestinal de ferro51,52. Também tem sido observado que a hepcidina inibe a

liberação de ferro pelos macrófagos. Alguns autores postulam que a hepcidina seria

um regulador do estoque de ferro: uma proteína cuja síntese e secreção pelo fígado

ocorrem de acordo com o nível de estoque de ferro com a finalidade de sinalizar

enterócitos e macrófagos a alterar a absorção e o transporte intracelular do metal.

Quando a expressão hepática de hepcidina é alta, a absorção pelo duodeno e a

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25

exportação de ferro pelos macrófagos é diminuída, e vice-versa. Níveis de

hepcidina são elevados na sobrecarga hepática de ferro e reduzidos na deficiência

de ferro. No entanto, níveis inapropriadamente baixos já foram observados em

pacientes e camundongos com HH, demonstrando perda de regulação do nível de

hepcidina nessa condição, apesar do alto nível de estoque de ferro53,54.

A ligação da hepcidina a ferroportina resulta em internalização e degradação

da FPN55. A interação hepcidina-FPN implica que quando os níveis de hepcidina

são baixos, como nos estados de depleção de ferro ou em alguns casos de HH, a

expressão de FPN e a liberação de ferro pelos macrófagos e células das criptas

intestinais estão aumentadas. O inverso também ocorre, há uma elevação dos

níveis de hepcidina, enquanto que a expressão de FPN e a liberação de ferro por

estas células estão diminuídas56.

Figura 3 - O gene HAMP está localizado no braço longo do cromossoma 19 (q), na posição 13.1. Fonte: OMIM44.

1.4.4 Receptor 1 da Transferrina (TfR1 = Transferrin Receptor 1)

O TfR1 foi identificado como um receptor específico para captar o ferro a

partir da transferrina. O gene TfR1, na análise citogenética, está localizado no

cromossomo 3q29, contém 19 éxons, 18 íntrons e 32kb, codificando uma proteína

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26

com 760 aminoácidos. O TfR1 é uma glicoproteína que consiste de duas

subunidades idênticas de 90 kDa ligadas entre si por pontes dissulfídas. O TfR1 é

expresso na maioria das células, com exceção dos eritrócitos maduros. Sua

expressão é alta em proeritroblastos, no sinciciotrofoblasto placentário e em células

que se encontram em rápida proliferação. A síntese de TfR1 é estimulada quando

há um baixo nível intracelular de ferro e inibida quando o nível do ferro na célula

estiver alto35,50.

Quando a transferrina se liga ao receptor TfR1 presente na membrana dos

eritroblastos, o complexo transferrina-TfR1 é endocitado. No interior dos

endossomas ocorre queda do pH. Esta acidificação diminui a afinidade da

transferrina pelo ferro, liberando o ferro da transferrina. O complexo apotransferrina-

TFR1 é reciclado para a superfície da célula, sem degradação. Na superfície

celular, a apotransferrina é então liberada do TfR1. O ferro liberado para o citosol é

transportado para as mitocôndrias para ser acoplado à protoporfirina pela ação da

heme sintetase, e consequente formação do heme, ou então pode ser incorporado

a ferritina para permanecer sob a forma de estoque57.

1.4.5 Receptor 2 da Transferrina (TfR2 = Transferrin Receptor 2)

Em 1999, Kawabata et al. identificam e caracterizam um segundo receptor

humano para transferrina, o TfR2. O gene que expressa essa proteína, na análise

citogenética, está localizado no cromossomo 7q22 (Figura 4), apresenta 18 éxons e

codifica uma proteína de 355 aminoácidos22. É uma glicoproteína transmembrana

com alto grau de homologia com o TfR1. O TfR2 é predominantemente expresso no

fígado e se localiza primariamente na membrana basolateral dos hepatócitos. Sua

expressão também tem sido observada em células do baço, intestino, coração, rins,

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testículos e em células hematopoéticas normais e leucêmicas. Assim como o TfR1,

a interação entre o TfR2 e a transferrina é dependente do pH. Entretanto,

diferentemente do TfR1, a expressão do TfR2 não é reciprocamente regulada em

resposta ao nível de ferro no plasma. Ao invés disto, sua expressão é regulada pelo

nível de saturação da transferrina58. Em situações normais ou de sobrecarga de

ferro, a expressão de TfR2 nos hepatócitos excede a de TfR1 sugerindo que o TfR2

desempenha um importante papel na sobrecarga hepática de ferro em pacientes

com HH59.

Figura 4 - O gene TfR2 está localizado no braço longo do cromossoma 7 (q), na

posição 22. Fonte: OMIM44.

1.4.6 Ferroportina (FPN)

A proteína transportadora que exporta ferro das células tem sido identificada

e caracterizada. Esta proteína foi clonada quase ao mesmo tempo por três

laboratórios diferentes e independentes, usando técnicas diferentes. Por isso

recebeu três nomenclaturas diferentes: Ferroportina (FPN), Iron-Regulated

Transponder 1 (IREG1) e Metal Transport Protein 1 (MTP1), mas também pode ser

denominada de SLC40A1 e SLC11A3. Neste texto, o exportador celular do ferro

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será sempre referido como ferroportina. A ferroportina é o único mecanismo

exportador de ferro do interior da célula conhecido até o momento e é expressa na

membrana basolateral dos enterócitos, nos macrófagos do fígado, baço e medula

óssea, nas células de Kupffer hepáticas e nos hepatócitos dos capilares

sinusóides60,61,62.

O gene FPN, na análise citogenética, está localizado no cromossomo 2q32,

contém 8 éxons e 20 kb (Figura 5). Ele codifica uma proteína de 571 aminoácidos

de aproximadamente 62kDa e contém 9-10 domínios transmembrana com o

terminal amino da proteína (N-terminal) voltado para o lado intracelular da

membrana31.

A FPN é o receptor para hepcidina, um hormônio produzido pelo fígado em

resposta ao aumento do conteúdo intracelular de ferro. Aumento da expressão de

FPN resulta em aumento da liberação celular tanto do ferro localizado no citosol

quanto do ferro estocado na célula sob a forma de ferritina. A liberação da

hepcidina leva a diminuição intracelular do metal. O mecanismo preciso pelo qual a

FPN media a exportação celular do ferro ainda não está totalmente elucidado63.

Estudos genéticos em pacientes revelaram que mutações no gene FPN

levam a retenção de ferro, especialmente nos macrófagos do sistema

reticuloendotelial, reafirmando seu papel na exportação de ferro intracelular64,65,66,67.

Figura 5 - O gene SLC40A1 está localizado no braço longo do cromossoma 2 (q), na posição 32. Fonte: OMIM44.

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29

1.5 Metabolismo do Ferro

1.5.1 Absorção de Ferro

O ferro é um mineral vital para a homeostase celular. É essencial para o

transporte de oxigênio, para a síntese de DNA e metabolismo energético. É um

cofator importante para enzimas da cadeia respiratória mitocondrial e na fixação do

nitrogênio. Nos mamíferos é utilizado principalmente na síntese da hemoglobina

(Hb) nos eritroblastos, da mioglobina nos músculos e dos citocromos no fígado2,5.

O ferro utilizado pelo organismo pode ser obtido de duas fontes: dieta e da

reciclagem das hemácias senescentes1,2.

Em adultos normais, a quantidade de ferro absorvida diariamente equivale à

quantidade excretada. Aproximadamente 1-2 mg de ferro entram e saem do

organismo a cada dia, e a quantidade de ferro absorvida é regulada pela

necessidade do organismo. A aquisição na forma heme equivale a 1/3 do total,

provenientes da quebra da hemoglobina mioglobina1,2,68,69.

O ferro da dieta pode se apresentar de duas formas: o ferro hemínico,

proveniente de alimentos à base de carne animal e o ferro não hemínico, também

denominado de ferro inorgânico, proveniente de alimentos de origem vegetal e

grãos e é encontrado na forma férrica (Fe3+)1,2 (Figura 6). Uma vez que o organismo

não tem nenhum mecanismo eficaz de excreção do ferro, a regulação da sua

absorção pelo epitélio intestinal é fundamental para a manutenção da homeostase

do ferro1,2,69.

A absorção intestinal é favorecida por alguns fatores como a acidez e a

presença de agentes solubilizantes como os açúcares1,2.

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30

Figura 6 - Homeostase sistêmico de ferro no organismo. Fonte: Adaptado de Hentze et al69.

O ferro é absorvido pela borda em escova das células epiteliais dos vilos

intestinais, ao nível do duodeno e jejuno proximal. O ferro não hemínico pode ser

absorvido sob a forma férrica (Fe3+) ou ferrosa (Fe2+); no entanto, como a forma

ferrosa é absorvida mais eficientemente, na borda em escova das células

intestinais, uma redutase férrica transmembrana converte o ferro férrico em ferro

ferroso. A partir da dieta, o átomo de ferro precisa atravessar duas membranas da

célula epitelial intestinal para atingir o plasma: a membrana apical e a membrana

basolateral. Um transportador chamado DMT1 (divalent metal transporter 1), o qual

é acoplado à redutase férrica, facilita a passagem do ferro não hemínico do lúmen

intestinal para o citoplasma do enterócito. O DMT1 não é específico para o ferro e

também facilita a absorção do cobalto, manganês, cobre, zinco, etc1,2.

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31

As hemácias senescentes representam uma fonte importante de ferro, pois

dois terços do ferro total no organismo se encontram na forma de hemoglobina. A

degradação da hemoglobina no interior dos macrófagos é seguida pela liberação de

uma parte proteica da hemoglobina (cadeia globínica), o heme será degradado e o

ferro que será reutilizado na síntese de novas proteínas1,2,69.

Já o ferro hemínico é absorvido através de um receptor do heme também

presente na borda da célula intestinal (HCP1). Uma vez internalizado no enterócito,

o ferro é liberado do heme pela enzima heme oxigenase (HO). O ferro livre no

citoplasma do enterócito segue o mesmo trajeto, independente se é proveniente do

ferro hemínico ou do ferro não hemínico inorgânico 1,2,5,70,71.

No citoplasma do enterócito, o ferro pode seguir dois caminhos: ou ser

armazenado sob a forma de ferritina ou atravessar a membrana basolateral e

chegar até o plasma. Assim que o ferro na sua forma ferrosa atravessa a

membrana plasmática, é capturado pela hefestina que o oxida para sua forma

férrica. Nesta forma o ferro pode se ligar a transferrina plasmática e ser

transportado. O ferro que não é oxidado pela Hefaestina pode ser feito por outra

ferroxidase plasmática chamada ceruloplasmina. Esta liberação do ferro através da

membrana basolateral é facilitada por outra proteína transmembrana considerada

um exportador do ferro chamado ferroportina (FPN). Este transportador age

acoplado a hefestina, a qual oxida o ferro da forma ferrosa (2+) para a forma férrica

(3+). O ferro então se liga à transferrina e é transportado pelo plasma (Figura 7). O

átomo de ferro que não ultrapassa a membrana basolateral da célula para atingir o

plasma permanecerá estocado no enterócito ligado a ferritina, e acompanhará o

ciclo de vida da célula sendo perdido na descamação do epitélio intestinal. Este é

um importante mecanismo de perda de ferro1,2,6,31,57,70,71,72.

Page 31: Avaliação de polimorfismos do gene SLC40A1 em …...1. 1 2. 1 3. 1 4. 1 5. 1 6. 1 7. 1 8. 1 9. 1 10.1 11.1 12.1 13.1 14.1 15.1 16.1 1. 1 2. 1 3. 1 Ficha catalográfica Preparada

32

A absorção de ferro é regulada por três mecanismos: 1) bloqueio mucoso:

nas células das criptas, o complexo formado pela proteína HFE e o receptor 1 da

transferrina (HFE-TfR1) parecem modular a capacidade absortiva do enterócitos, de

forma que, quando a quantidade de ferritina dos enterócitos está elevada, o

complexo HFE-TfR1 inibe a absorção de ferro pelas células intestinal. Este

fenômeno é conhecido como bloqueio mucoso; 2) bloqueio causado pelo estoque

de ferro: estados de sobrecarga de ferro levam à diminuição da absorção intestinal

e inversamente, estados de ferropenia, aumentam a absorção de ferro e 3)

mecanismo hematopoético: modula a absorção de acordo com as necessidades da

eritropoese provavelmente através de um sinalizador solúvel transportado pelo

plasma da medula óssea para o intestino1,2,73.

Figura 7 - Metabolismo do ferro: enterócito e proteínas envolvidas na absorção de

ferro. Dcytb: ferroredutase; DMT-1: transportador de metal divalente-1;

HCP-1: proteína transportadora do heme-1; Nu: núcleo; HFE: proteína

da hemocromatose; TfR: receptor de transferrina (Grotto1).

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33

Além desses mecanismos fisiológicos de controle, a absorção de ferro é

retardada na presença de fitatos, oxalatos e fostatos e facilitada na presença de

hidroquinonas, ácido ascórbico, sorbitol, cisteína, lactato, piruvato e frutose1,2,72.

1.5.2 Transporte do Ferro

Em indivíduos normais, virtualmente todo o transporte do ferro plasmático

entre os sítios de absorção, estoque e utilização são realizados pela transferrina. A

transferrina oferta quase todo o ferro necessário para os processos celulares do

organismo1,2,6.

A transferrina é uma glicoproteína de 80 kDa sintetizada primariamente pelo

fígado e em menor parte pelo cérebro, testículos e glândulas mamárias. A molécula

consiste de uma única cadeia polipeptídica com capacidade de se ligar a dois

átomos de ferro, conseguindo transportar até 12 mg de ferro, mas em geral, apenas

3 mg de ferro é ligada. A capacidade de ligação da transferrina ao ferro é pH

dependente de maneira que a afinidade da transferrina pelo ferro diminui com a

queda do pH. A transferrina está presente no plasma nas seguintes formas:

apotransferrina (livre de ferro), transferrina monoférrica (apenas um átomo de ferro

ligado) e transferrina diférrica (com dois átomos de ferro ligado)1,2,6.

A concentração plasmática normal da transferrina varia de 22-35 uM e 20-

50% está ocupada pelo ferro. A saturação incompleta dos sítios da transferrina

circulante oferece uma segurança contra um possível aumento agudo do nível

plasmático de ferro, que pode ocorrer em determinados estados patológicos,

funcionando como um sistema tampão para o ferro1,2.

Page 33: Avaliação de polimorfismos do gene SLC40A1 em …...1. 1 2. 1 3. 1 4. 1 5. 1 6. 1 7. 1 8. 1 9. 1 10.1 11.1 12.1 13.1 14.1 15.1 16.1 1. 1 2. 1 3. 1 Ficha catalográfica Preparada

34

1.5.3 Estoque de Ferro

O fígado, mais especificamente o hepatócito, é o principal sítio de depósito e

estoque do ferro no organismo. Quando o estoque de ferro está repleto, os

macrófagos do fígado, baço e medula óssea também passam a estocar ferro

captado por fagocitose de eritrócitos senescentes. O estoque de ferro presente nos

hepatócitos e macrófagos podem ser mobilizados para utilização na eritropoese e

no metabolismo celular1,2,6.

A maior parte do ferro estocado no fígado está incorporada a ferritina ou a

hemossiderina (aproximadamente 80%)1,2.

A ferritina é uma molécula solúvel em água, composta de 24 subunidades as

quais formam uma estrutura esférica capaz de armazenar até 4500 átomos de

ferro. As subunidades podem ser de duas isoformas: uma subunidade pesada

(heavy) de 21 kDa e uma leve (light) de 19 kDa. A síntese de ferritina é induzida

quando o nível de ferro intracelular é alto e bloqueado quando o nível de ferro

intracelular for baixo. Esta regulação da síntese de ferritina de acordo com o nível

intracelular de ferro é mediada por uma proteína chamada element-iron regulatory

protein (IRE-IRP)1,2,57,70.

Em contraste, a hemossiderina é uma molécula insolúvel em água,

usualmente encontrada no baço, medula óssea e células de Kupffer. Tanto a

ferritina quanto a hemossiderina estão aumentadas na HH e na talassemia. O ferro

estocado pela hemossiderina é mais inacessível e menos eficaz em produzir

radicais livres do que o ferro estoque na ferritina1,2.

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35

1.6 Patogenia

1.6.1 Sobrecarga de ferro

A sobrecarga de ferro pode ser classificada em hereditária ou secundária.

Na hereditária estão incluídas as alterações em genes de proteínas relacionadas à

homeostase do ferro no organismo. É o que se observa nos pacientes com

hemocromatose hereditária (HH), os quais apresentam aumento inapropriado da

absorção intestinal de ferro, na maioria das vezes, associado à mutação no gene

HFE5,74.

A sobrecarga de ferro secundária está associada às doenças congênitas ou

adquiridas: como doenças hepáticas, anemia hemolítica e/ou eritropoese ineficaz

que requerem múltiplas transfusões de hemácias5.

A gravidade do acúmulo do ferro depende da importância específica da

proteína reguladora comprometida. A proteína HFE é uma proteína que interage

com o receptor 1 da transferrina, mediando a captação do ferro ligado à transferrina

pela maioria das células. A mutação C282Y causa ruptura na ponte dissulfeto da

proteína HFE, diminuindo sua afinidade pela ligação com a β2 microglobulina e

interferindo na interação com o receptor 1 da transferrina. O TfR2 é o mediador da

captação do ferro ligado à transferrina nos hepatócitos, esse interage com a HFE

formando um complexo, que pode modular a expressão da hepcidina em resposta

aos níveis de ferro sanguíneos. A mutação H63D não interfere na interação da

proteína HFE e o receptor 1 da transferrina21,50,75.

A HJV tem importante papel na regulação da síntese da hepcidina. A

hepcidina é o principal regulador do transporte de ferro pelo intestino delgado e

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36

macrófagos, se liga a ferroportina, internalizando-a e degradando-a, diminuindo sua

expressão inibindo a mobilização de ferro dos enterócitos e macrófagos para o

sangue. Quando o ferro é necessário para a síntese de hemoglobina na medula

óssea, a produção da hepcidina é reduzida, a ferroportina é reexpressa na

superfície celular e o ferro é exportado para a circulação, mantendo o ferro

circulante em níveis adequados para eritropoiese (Figura 8)46,55,56,76.

A perda de uma das proteínas reguladoras resulta em aumento da liberação

do ferro das células para o sangue; entretanto, as outras proteínas mantêm a

síntese de hepcidina, embora em taxa menor, e o acúmulo nos parênquimas dos

tecidos será gradual44,46,55,56,76.

Figura 8 - A hepcidina se liga a ferroportina e leva a sua degradação. No enterócito, o ferro não é transportado para o exterior da célula, e a absorção é inibida (figura a esquerda). No macrófago, o ferro fica acumulado no seu interior, diminuindo o ferro disponível para a eritropoiese (figura a direita) (Grotto2).

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37

O fenótipo de HH manifestada em adultos apresenta sobrecarga de ferro

mais leve quando relacionada com as mutações nos genes da HFE e TfR2. Na

perda da HJV a sobrecarga de ferro é mais grave, sendo semelhante àquela da

perda da hepcidina, e o fenótipo de sobrecarga de ferro é mais grave na HH juvenil.

Nos casos de mutação na hepcidina, a sobrecarga de ferro é ainda mais intensa.

Fenótipos de grave sobrecarga de ferro também podem ser observados quando

ocorre perda concomitante da regulação de duas proteínas, HFE e TfR2,

manifestando-se como formas graves de hemocromatose. As situações em que a

expressão da hepcidina é normal, com ocorrência de mutações na ferroportina,

podem ser caracterizadas como “resistência à hepcidina” com fenótipo de

hemocromatose clássica44,46,55,56,76.

Na hemocromatose, a idade de manifestação e a rapidez da evolução

clínica dependem da magnitude da saturação de ferro na circulação. Mutações em

HFE estão associadas a uma saturação gradual com longa fase assintomática, com

quantidades pequenas de ferro (0-5g). Em um segundo estágio, com o progressivo

acúmulo de ferro nas células parenquimatosas (10-20g), há uma produção de

radicais livres, que danificam as estruturas intracelulares. Quando a quantidade de

ferro atinge 20g ocorre lesão dos órgãos, geralmente após os 40 anos de idade

com risco de óbito39.

Nas formas mais graves de hemocromatose, o acúmulo de ferro no sangue

é precoce (Figura 9), e resultado de mutações em outros genes, como o HAMP,

HJV, TfR2 e FPN. Na hemocromatose clássica, causada por mutações em HFE, o

acúmulo de ferro se dá ao longo dos anos, com dano progressivo a órgãos vitais39.

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38

Figura 9 - Tipos de hemocromatose hereditária e evolução clínica39.

1.7 Hemocromatose Hereditária (HH)

A hemocromatose é um distúrbio metabólico genético ocasionado pelo

depósito excessivo de ferro em células de diversos órgãos do corpo humano, sendo

o fígado o mais comprometido, a maioria dos portadores da doença apresenta pele

bronzeada, decorrente da deposição de pigmentos que contêm ferro11.

A classificação dos tipos de hereditárias de hemocromatose pode ser visualizada

na tabela 2.

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39

Tabela 2 - Classificação Molecular da Hemocromatose Hereditária

Tipos HH

Gene Exons Proteína Cromossomo (Posição)

Referência

1

HFE

7

HFE

348

aminoácidos

6 (6p21.3)

Feder et al., 1996

2A

HJV

4

Hemojuvelina

426

aminoácidos

1 (1q21)

Papanikolaou et al., 2004

2B

HAMP

3

Hepcidina

84

aminoácidos

19 (19q13)

Park et al., 2001

3

TfR2

18

Receptor 2 da Transferrina

355

aminoácidos

7 (7q22)

Kawabata et al., 1999

4

SLC40A1

8

Ferroportina

571

aminoácidos

2 (2q32)

Donovan et al., 2000

HFE: gene da Hemocromatose Hereditária clássica; HJV: gene da Hemojuvelina; HAMP:

gene da hepcidina; TfR2: gene receptor da transferrina; SC40A1: gene da ferroporetina5.

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40

1.7.1 Hemocromatose Hereditária HFE

A Hemocromatose tipo 1 é a mais clássica e comum das hemocromatoses

primárias. É uma doença autossômica recessiva que resulta na sobrecarga de ferro

e disfunção de vários órgãos. O gene HFE foi identificado no cromossoma 6 por

Feder em 199647. Dos indivíduos afetados, 90-95% são homozigotos para uma

mutação no gene HFE que resulta na substituição de tirosina por cistina na posição

282 (C282Y). Outra mutação também comum é a substituição de aspartato por

histidina no aminoácido 63 (H63D)36. Esta mutação pode contribuir para aumento

da quantidade de ferro no organismo, mas sua presença isolada raramente leva a

sobrecarga importante de ferro, somente quando há concomitância da mutação

C282Y (heterozigose composta. Outra mutação não tão frequente no gene HFE,

S65C, resulta na substituição da serina por cisteína na posição 65, também pode

levar à discreta sobrecarga de ferro no paciente34,48,49,77,78,79.

A mutação C282Y resulta na diminuição da afinidade da HFE pela β2

microglobulina, com consequente diminuição da sua expressão. Isto resulta em

redução na captação do ferro ligado à transferrina pelas células das criptas

duodenais. Apesar do aumento do ferro corporal total, isto levaria as células

duodenais a uma “falsa” impressão de deficiência de ferro, acarretando em

aumento da absorção de ferro e do fluxo de ferro do enterócito para a

circulação34,48,79.

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41

1.7.2 Hemocromatose Hereditária não-HFE

Hemocromatose não-HFE é um termo utilizado para definir toas às formas

de hemocromatose hereditária não relacionada com mutação no gene HFE. Inclui

os tipos 2A, 2B, 3 e 4 das HH. São doenças raras e por isso não são pesquisadas

rotineiramente. Somente devem ser consideradas quando HH não pode ser

explicada por mutações no gene HFE34,62.

O tipo II ou hemocromatose juvenil é uma forma rara, autossômica

recessiva, em que a sobrecarga de ferro ocorre já a partir da segunda ou terceira

décadas de vida. Mutações nos genes da hepcidina ou da hemojuvelina já foram

observadas em pacientes com HH do tipo II30,31,62,80.

A hemocromatose tipo III foi à segunda forma de hemocromatose

caracterizada a nível molecular. Trata-se de uma mutação no gene TfR2, sua

herança é autossômica recessiva e é similar à HH HFE em termos de

anormalidades dos parâmetros laboratoriais, apresentação clínica, complicações e

estoque hepático de ferro24,34,30,62,80,81.

A doença da ferroportina, impropriamente chamada de HH tipo 4, tem

herança autossômica dominante e é causada por mutação no gene SLC40A1, que

codifica a ferroportina, exportador de ferro da célula. A primeira mutação foi

relatada por um grupo italiano em uma família com HH de traço autossômico

dominante. Apresenta algumas diferenças clínicas e laboratoriais em relação aos

outros tipos de HH: tem saturação de transferrina normal ou baixa, o acúmulo de

ferro é preferencial nos macrófagos do sistema retículo endotelial e menor nos

hepatócitos e é comum a ausência de complicações

clínicas30,34,48,60,61,62,82,83,84,85,86,87,88.

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42

A doença é fenotipicamente heterogénea com dois subtipos. A forma A da

doença da ferroportina é a forma comum e é geralmente assintomática sem danos

nos tecidos e sem outras complicações. Com a idade, podem ocorrer danos no

fígado, que em alguns casos podem levar a fibrose. A forma B da ferroportina é

mais rara e assemelha-se à hemocromatose tipo 1, e também, pode afetar

crianças66,85,86,87,88.

A forma A da doença da ferroportina apresenta níveis elevados de ferritina

sérica associados à saturação da transferrina normal ou baixa e acumulação de

ferro nos macrófagos hepáticos (células de Kupffer) e esplênicos66,85,86,87,88.

A forma B da doença da ferroportina apresenta saturação da transferrina

elevada associada a acúmulo de ferro nos tecidos, preferencialmente dentro dos

hepatócitos66,85,86,87,88.

1.8 Hemocromatose Adquirida (Secundária)

A forma adquirida da doença pode ser ocasionada por sobrecarga de ferro

decorrente de transfusões sanguíneas associadas a algumas doenças, entre elas:

talassemia alfa e beta, síndrome mielodisplásica, anemia sideroblástica e anemias

hemolíticas. Também a ingestão excessiva de ferro, alcoolismo, infecção pelo vírus

da hepatite C, esteato-hepatite não-alcoólica e doença hepática crônica estão

associadas à presença de hemocromatose9,33 (Tabela 3).

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43

Tabela 3 - Principais causas de hemocromatose adquirida (secundária)

Na hemocromatose secundária, as principais causas são os distúrbios

associados à eritropoiese ineficaz, como forma severa as hemoglobinopatias como

a talassemia maior, anemia falciforme, síndromes mielodisplásicas e anemia

megaloblástica. Nas hemoglobinopatias, o excesso de ferro resulta da destruição

crônica de hemácias, que libera a hemoglobina rica em ferro no sangue, e

consequentemente, há acúmulo de ferro em órgãos-alvo. Infelizmente, muitas

vezes portadores de anemias hereditárias desenvolvem hemocromatose pelo

próprio mecanismo da anemia, pela necessidade de transfusões para controlá-la, e

ainda por fazer uso de complementos de ferro, devido tratamento errôneo de

anemia. Outra causa estatisticamente significativa é a administração excessiva de

ferro, seja pela necessidade de múltiplas transfusões sanguíneas ou por

medicação9,13,32,33.

A sobrecarga transfusional de ferro causa dano a esses órgãos e também

acúmulo de ferro nos macrófagos do sistema reticuloendotelial. Transfusões

sanguíneas isoladas quando administradas repetidamente durante um período de

anos, pode provocar hemossiderose sistêmica e lesão de órgãos

parenquimatosos9,33. Ainda a sobrecarga de ferro parenteral também está

associada à hemodiálise de longa duração, leucemias, sobrecarga de ferro africana

(siderose dos Bantu), porfiria cutânea tardia e hemocromatose neonatal9,13,32,33.

Causas de Hemocromatose Adquirida (secundária)

Anemias

Talassemia major , anemia hemolítica crônica, anemia sideroblástica, anemia aplásica

Sobrecarga de ferro parenteral

Transfusões de hemácias, administração de ferro, hemodiálise crônica

Sobrecarga de ferro associada às doenças hepáticas crônicas

Porfiria cutânia tardia, hepatites virais,

doença hepática alcoólica, esteato hepatite não alcoólica

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44

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 OBJETIVOS

O objetivo deste estudo foi descrever as variantes do gene SLC401 em uma

série de casos de pacientes em seguimento no ambulatório de Hematologia do

Hospital das Clínicas da FMUSP com hemocromatose hereditária e adquirida e

verificar se estas variantes poderiam estar associadas a um pior quadro de

hemocromatose.

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45

2.2 CASUÍSITICA E MÉTODOS

2.2.1 Casuística

No período de 2008 a 2011 foram coletadas 54 amostras de pacientes com

diagnóstico prévio de hemocromatose, acompanhados no ambulatório de anemias

do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Os pacientes foram separados, de acordo com a suspeita clínica, em dois

grupos:

a) 38 pacientes com Hemocromatose Hereditária;

b) 16 pacientes com Hemocromatose Adquirida (secundária).

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Diretoria Clínica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo - HCFMUSP (CAPPesqCEP) sob o nº 0116/08.

2.2.2 Métodos

2.2.2.1 Extração do DNA

O DNA foi extraído das amostras de sangue periférico utilizando-se o kit

Qiamp Blood® (Qiagen GmbH®, Hilden, Alemanha), de acordo com as instruções

dos fabricantes. A lise por detergente foi realizada na presença da proteinase K por

10 minutos a 56º C. O material lisado foi aplicado em uma coluna de gel de sílica e

lavado por duas vezes. O DNA purificado foi eluído de uma coluna em 200µL Tris-

HCL (10 mM, pH 8,0) e armazenado a –20 º C antes da amplificação por PCR.

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46

2.2.2.2 Amplificação do DNA

2.2.2.2.1 Gene HFE

A amplificação do DNA dos pacientes foi realizada para amplificar as

mutações C282Y e H63D do gene HFE, por meio da técnica de PCR-RFLP descrito

por Bittencourt et al.89.

Para a reação de PCR da região C282Y (400pb) os reagentes utilizados foram:

22,7µL de água deionizada ultrapura; 3,0µL tampão de reação 10x (Invitrogen®, Life

Technologies, Carlsbad, Califórnia, Estados Unidos); 1,2µL MgCL2 50mM

(Invitrogen®, Life Technologies, Carlsbad, Califórnia, Estados Unidos); 0,6µL

solução de deoxiribonucleotídeo trifosfato dNTPs 2,5mM (Invitrogen®, Life

Technologies, Carlsbad, Califórnia, Estados Unidos); 0,15 µL (10 µM) de cada

primer específico para amplificação do éxon 4: C282Y 1: 5

'TGGCAAGGGTAAACAGATCC 3' e C282Y 2: 5 'CTCAGGCACTCCTCTCAACC 3'

(Invitrogen®, Life Technologies, Carlsbad, Califórnia, Estados Unidos); 0,2µL Taq

Polimerase 5U/µL (Invitrogen®, Life Technologies, Carlsbad, Califórnia, Estados

Unidos); 2,0 µL amostra de DNA extraído na quantidade de 500ng, num volume

final de 30 µL. A amplificação foi realizada num termociclador Eppendorf

Mastercycler DNA Engine Thermal Cycler PCR® (Eppendorf, Hamburg, Alemanha)

na seguinte condição: 94°C por 5 minutos, 35 ciclos de 94°C por 20 segundos e

60°C por 20 segundos e 72°C por 20 segundos e uma extensão final de 72°C por 6

minutos.

Para a reação de PCR da região H63D (200pb) os reagentes utilizados foram: 19,0

µL de água deionizada ultrapura; 3,0µL tampão de reação 10x (Invitrogen®, Life

Technologies, Carlsbad, Califórnia, Estados Unidos); 1,2µL MgCL2 50mM

(Invitrogen®, Life Technologies, Carlsbad, Califórnia, Estados Unidos); 0,6µL

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47

solução de deoxiribonucleotídeo trifosfato dNTPs 2,5mM (Invitrogen®, Life

Technologies, Carlsbad, Califórnia, Estados Unidos); 2,0µL 10 µM de cada primer

específico para amplificação do éxon 2: H63D 1: 5'ACATGGTTAAGGCCTGTTGC3'

e H63D 2 5'GCCACATCTGGCTTGAAATT3' (Invitrogen®, Life Technologies,

Carlsbad, Califórnia, Estados Unidos); 0,2µL Taq Polimerase 5U/µL (Invitrogen®,

Life Technologies, Carlsbad, Califórnia, Estados Unidos); 2,0µL amostra de DNA

extraído na quantidade de 500ng, num volume final de 30 µL. A amplificação foi

realizada num termociclador Eppendorf Mastercycler DNA Engine Thermal Cycler

PCR® (Eppendorf, Hamburg, Alemanha) na seguinte condição: 94°C por 5 minutos,

40 ciclos de 94°C por 20 segundos e 54°C por 20 segundos e 72°C por 20

segundos e uma extensão final de 72°C por 6 minutos.

Os produtos de PCR foram visualizados em gel de agarose a 2% contendo 50 ng

de brometo de etídio/mL após eletroforese no fotodocumentador Eagle Eye II

(Stratagene, La Jolla, Califórnia, USA).

2.2.2.3 Digestão do DNA amplificado com enzima de restrição

O DNA amplificado para as mutações C282Y e H63D do gene HFE foi

submetido à digestão enzimática. Para a mutação C282Y foi utilizada a enzima

SnaBI® 5000U/mL (New England Biolabs Inc, Ipswich, Massachusetts, Estados

Unidos): 2,5µL de tampão da enzima Y (50 mM acetato de potássio, 20 mM Tris-

acetato, 10 mM acetato de magnésio e 100 μg/mL soro albumina bovina, pH 7,9)

0,5µL da enzima de restrição SnaBI (clivagem

5’...TACGTA...3’/3’...ATGCAT...5’), 12µL água deionizada ultrapura e 5,0µL de

produto amplificado, e incubado a 37°C por 2h. Para a mutação H63D foi utilizada

a enzima BclI® 10000U/mL (New England Biolabs Inc, Ipswich, Massachusetts,

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48

Estados Unidos): 2,5µL de tampão da enzima G (100 mM NaCl, 50 mM Tris-HCl, 10

mM MgCl2, 100 μg/ml soro albumina bovina, pH 7,9), 12,2µL água deionizada

ultrapura, 0,3µL Bcl I (clivagem 5’...TGATCA...3’/3’...ACTAGT5’), 5,0µL de

produto amplificado, e incubado a 50°C por 2h. Os produtos de PCR fragmentados

foram visualizados em gel de agarose a 3% contendo 50 ng de brometo de

etídio/mL após electroforese no fotodocumentador Eagle Eye II (Stratagene, La

Jolla, Califórnia, Estados Unidos). A interpretação técnica para identificar a mutação

C282Y foi normal: visualização de 1 fragmento de 400 pb; homozigoto: visualização

de 2 fragmentos de 290 e 110 pb; heterozigoto: visualização de 3 fragmentos de

400, 290 e 110 pb. Para a mutação H63D foi normal: visualização de 2 fragmentos

de 153 e 55 pb; homozigoto: visualização de 1 fragmento: 208 pb; heterozigoto:

visualização de 3 fragmentos de 208, 153 e 55 pb.

2.2.2.4 PCR para amplificação do gene SLC40A1

As condições da reação em cadeia da polimerase foram padronizadas de

acordo com Wakusawa 90.

Para a reação de PCR para o gene SLC40A1 os reagentes utilizados foram: 37,7µL

de água deionizada ultrapura; 5,0µL tampão de reação 10x (Invitrogen®, Life

Technologies, Carlsbad, Califórnia, Estados Unidos); 1,5µL MgCL2 50mM

(Invitrogen®, Life Technologies, Carlsbad, Califórnia, Estados Unidos); 1,5µL

solução de deoxiribonucleotídeo trifosfato dNTPs 2,5mM (Invitrogen®, Life

Technologies, Carlsbad, Califórnia, Estados Unidos); 1,0µL (10 µM) de cada par de

primers descritos na tabela 1 (Invitrogen®, Life Technologies, Carlsbad, Califórnia,

Estados Unidos); 0,3µL Taq Polimerase 5U/µL (Invitrogen®, Life Technologies,

Carlsbad, Califórnia, Estados Unidos); 2,0µL amostra de DNA extraído na

concentração de 500ng, num volume final de 50 µL. A amplificação foi realizada

Page 48: Avaliação de polimorfismos do gene SLC40A1 em …...1. 1 2. 1 3. 1 4. 1 5. 1 6. 1 7. 1 8. 1 9. 1 10.1 11.1 12.1 13.1 14.1 15.1 16.1 1. 1 2. 1 3. 1 Ficha catalográfica Preparada

49

num termociclador Eppendorf Mastercycler DNA Engine Thermal Cycler PCR®

Eppendorf, Hamburg, Alemanha) na seguinte condição: 95°C por 10 minutos, 35

ciclos de 95°C por 30 segundos, temperatura de anelamento (vide tabela 4), 72°C

por 60 segundos e uma extensão final de 72°C por 5 minutos.

Na análise molecular do gene SLC40A1, região do éxon 6, foi utilizado 20

doadores de sangue para verificar se havia similaridade da frequência de

polimorfismos entre pacientes do estudo e os doadores de sangue.

Tabela 4 - Sequência de primers utilizados na amplificação e reação de

sequenciamento do gene SLC40A1.

Exons PCR - Primers Temperatura de

Anelamento (º C)

Tamanho do Fragmento

(pb)

1 F 5’- ATAGCAGCCGCAGAAGAGCCAGCG - 3’ R 5’- GTAGAGTTGCTTGTCTCCAAAGC - 3’

62 149

2 F 5’- ATGTACGTGGTTTGTCCTGCAAAG - 3’ R 5’- GGCTTAATACAACTGGCTAGAACG - 3’

60 277

3 F 5’- CATTTTCTCTTTTCATTT - 3’ R 5’- TTAATTATATAACAACAC - 3’

40 203

4 F 5’- GAGACATTTTGATGTAATGTACAC - 3’ R 5’- CTACCAGATATTCAATTTTCTGCC - 3’

58 210

5 F 5’- CCACCAAAGACTATTTTAAACTGC - 3’ R 5’- TCACCACCGATTTAAAGTGAATCC - 3’

62 283

6 F 5’- GATGGGTTTGCACACTTACCTGCC - 3’ R 5’- AGGTCTGAACATGAGAACAAAAGG - 3’

62 337

7 - I F 5’- GGCTTTTATTTCTACATGTCCTCC - 3’ R 5’- GCTTCCAGGCATGAATACAGAG - 3’

58 483

7 - II F 5’- CTGGAATAATGGGAACTGTAGC - 3’ R 5’- GGATTCTCTGAACCTACATTACA - 3’

57 415

8 F 5’- CTGTGATTTGAAATGTATGCCTG - 3’ R 5’ - TCTAGTAACAGGATAGCAACAGT - 3’

57 409

pb = pares de base.

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50

2.2.2.5 Purificação das Amostras de PCR para Reação de Sequenciamento

Os produtos da reação de PCR das amostras para cada éxon do gene

SLC40A1 foram purificados de acordo com o protocolo do fabricante do kit

QIAquick PCR Purification® (Qiagen GmbH®, Hilden, Alemanha).

2.2.2.6 Reação de Sequenciamento

A reação de sequenciamento foi realizada segundo as instruções de uso do

fabricante do “kit” ABI PRISM Big Dye Terminator Cycle Sequencing Ready

Reaction® (Applied Biosystems, Life Technologies, Carlsbad, Califórnia, Estados

Unidos) sequenciado no aparelho Genetic Analyzer ABI 3100® (Applied

Biosystems®, Life Technologies, Carlsbad, Califórnia, Estados Unidos).

2.2.2.7 Genotipagem

As sequências foram analisadas utilizando-se o programa SEQUENCHER

3.0 DNA Sequencing Software® (Ann Arbor, Michigan, Estados Unidos). A

sequência genômica sem mutação dos éxons do gene SLC40A1 (NX_Q9NP59) foi

obtida de banco de dados genômicos nextprot.org e GenBank (Gene ID: 30061 -

National Center for Biotechnology Information - NCBI- Bethesda, Maryland, Estados

Unidos).

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51

2.2.2.8 Método estatístico As análises estatísticas foram realizadas utilizando os programas GraphPad

Prism®. versão 6.0 (San Diego, Califórnia, Estados Unidos) e Excel versão Office

2010® (Redmond, Washington, Estados Unidos), utilizando os testes de t-Student

não pareados, Chi-quadrado e Fischer para avaliar os dados epidemiológicos e

clinico-laboratoriais.

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52

2.3 RESULTADOS

2.3.1 Descrições dos Casos de Pacientes com Hemocromatose Hereditária

e Adquirida (secundária)

Os pacientes estudados foram separados em grupos de acordo com a

suspeita clínica. Entre os grupos 70% (38/54) apresentaram suspeita clínica de

hemocromatose hereditária e 30% (16/54) hemocromatose adquirida (secundária).

Os pacientes com hemocromatose adquirida (secundária) apresentavam as

seguintes suspeitas clínicas: 6% anemia hemolítica (1/16), 6% com hepatite B e

porfiria (1/16), 31% hepatite C (5/16) e 56% com hepatopatia crônica (9/16).

A Tabela 5 resume as características demográficas dos pacientes com

hemocromatose hereditária e adquirida (secundária).

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53

Tabela 5 - Características demográficas dos pacientes com hemocromatose hereditária e adquirida (secundária).

Dados

Hereditária

(N=38)

Adquirida

(N=16)

Valor de p

Idade

< 40 anos

40 – 60 anos

> 60 anos

10 (26%)

17 (45%)

11 (29%)

02 (13%)

08 (50%)

06 (38%)

0,523

Gênero

Feminino

Masculino

13 (37%)

22 (63%)

02 (13%)

14 (88%)

0,104

Etnia/Cor da Pele

Branco

Amarelo

Pardo

32 (91%)

02 (6%)

01 (3%)

13 (81%)

01 (6%)

02 (13%)

0,343

Escolaridade

Analfabeto

Fundamental

Médio

Superior

03 (9%)

18 (51%)

06 (17%)

08 (23%)

01 (6%)

09 (56%)

04 (25%)

02 (13%)

0,885

N= número de pacientes. Teste qui-quadrado (Mantel-Haenszel).

Em relação à faixa etária, ambos pacientes com hemocromatose hereditária

e adquirida (secundária) apresentaram uma frequência acima de 45% entre 40 a 60

anos, mostrando uma sobrecarga de ferro mais tardia. O gênero masculino

apresentou maior frequência em ambos os grupos (superior a 60%), já em relação

à etnia/cor da pele, mais de 80% eram brancos. Portanto, foi observado que os

dados demográficos avaliados não apresentaram diferenças significativas entre os

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54

pacientes com hemocromatose hereditária e adquirida, ou seja, em ambos os

grupos as frequências foram semelhantes.

O diagnóstico laboratorial dos pacientes com hemocromatose hereditária e

adquirida (secundária) mostra que não houve diferenças significativas entre os

parâmetros estudados. A distribuição dos valores obtidos de ferritina, ferro, CTLF e

IST dos pacientes com hemocromatose hereditária e adquirida foram representadas

na figura 10. Os dados de ferritina nos pacientes com hemocromatose hereditária e

adquirida (secundária) foram respectivamente; <150ng/mL: 23% (08/38) e 19%

(03/16) e >150ng/mL: 77% (27/38) e 81% (13/16). Os valores de ferro nos

pacientes com hemocromatose hereditária e adquirida (secundária) foram

respectivamente; <150µg/dL: 51% (18/38) e 44% (07/16) e >150µg/dL 49% (17/38)

e 56% (09/16). A capacidade de ligação do ferro (CTLF) nos pacientes com

hemocromatose hereditária e adquirida foram respectivamente; <350µg/dL: 83%

(29/38) e 75% (12/16) e >350µg/dL: 17% (16/38) e 25% (04/16). O índice de

saturação de transferrina (IST) nos pacientes com hemocromatose hereditária e

adquirida (secundária) foram respectivamente; <50%: 43% (15/38) e 31% (05/16) e

>50%: 57% (20/38) e 69% (11/16).

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55

Here

dit

ár i

a

Ad

qu

irid

a

-5 0 0 0

0

5 0 0 0

1 0 0 0 0

F e rr it in a

ng

/mL

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Ad

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0

1 0 0

2 0 0

3 0 0

4 0 0

F e r r o

mc

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L

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2 0 0

4 0 0

6 0 0

C T L F

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g/d

L

Here

dit

ár i

a

Ad

qu

irid

a

0

5 0

1 0 0

1 5 0

IS T

%

p=0,075 p=0,808

p=0,584 p=0,568

Figura 10 - Distribuição dos valores de ferritina, ferro, CTLF (capacidade total de

ligação do ferro) e IST (índice de saturação da transferrina) nos pacientes com hemocromatose hereditária e adquirida (secundária). Os Valores de Referência: Ferritina: 13 a 150 ng/mL; Ferro: 37 a 150 mcg/dL; *CTLF: Capacidade total de ligação de ferro: 112-346 mcg/dL; **IST Índice de Saturação de Transferrina (%):20-50%. Teste qui-quadrado (Mantel-Haenszel) e Teste de Fisher.

No diagnóstico laboratorial dos pacientes com hemocromatose hereditária e

adquirida (secundária), o valor médio da ferritina sérica foi de 743ng/mL e

1649ng/mL, respectivamente. Valores de ferritina sérica superiores a 1000 ng/mL

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56

foram encontrados em 29% dos pacientes com hemocromatose hereditária e 31%

com hemocromatose adquirida (secundária), demonstrando uma predisposição à

sobrecarga de ferro no fígado. Os valores de IST superiores a 50% foram

observados em ambos os grupos numa frequência acima de 60%.

Em todas as amostras foram avaliadas a análise molecular por PCR-RFLP

para as mutações no gene da HFE (figuras 11 e 12). A tabela 6 descreve as

mutações encontradas nestes pacientes.

Figura 11 - PCR-RFLP na análise molecular da mutação C282Y do gene HFE, em gel de agarose a 2% corado com brometo etídio.

Figura 12 - PCR-RFLP na análise molecular da mutação H63D do gene

HFE, em gel de agarose a 2% corado com brometo etídio.

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57

Tabela 6 - Mutações encontradas no gene HFE nos pacientes com hemocromatose hereditária e adquirida (secundária).

Mutação

Gene HFE

Hemocromatose

Hereditária

N = 38 (%)

Hemocromatose

Adquirida

N= 16 (%)

Valor de

p

Homozigoto C282Y 08 (21%) 0 (0%)

0,379

Heterozigoto C282Y/WT 03 (8%) 02 (13%)

Homozigoto H63D 01 (3%) 01 (6%)

Heterozigoto H63D/ WT 06 (16%) 04 (25%)

Heterozigoto C282Y e H63D 05 (13%) 01 (6%)

Sem mutação 15 (39%) 08 (50%)

N= número de pacientes. Teste qui-quadrado (Mantel-Haenszel).

As mutações no gene HFE que se sobressaiu entre os pacientes com

hemocromatose hereditária foram C282Y homozigose (21%) e na adquirida

(secundária) H63D heterozigose (25%). Entre as mutações do gene HFE, não

houve diferença estatística significativa nos grupos.

Na análise do sequenciamento dos 8 éxons que compõem o gene

SLC40A1, pelo método de Sanger, foram identificados uma mutação no éxon 3, 3

polimorfismos no éxon 4 e um polimorfismo no éxon 6 (tabela 8). Nos éxons 1, 2, 5,

7 e 8 não foram encontradas nenhuma alteração genética.

A mutação foi identificada no éxon 3 do gene SLC40A1, no códon 80,

descrita p.I80L (c.586C>A), sendo que a substituição do nucleotídeo foi nas

posições 586 do RNAm e 190440009 no gene (Figura 13).

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58

No éxon 4 do gene SLC40A1 foram identificados 3 polimorfismos com a

substituição de um nucleotídeo nas posições: c. A630G (190437579), c.648A>G

(190437597), c.738Y>C (190437688) (figura 14 e 15). Já no éxon 6 (figura 16)

foram identificados dois polimorfismos c.1014C>T (190430229) e c.1014Y>T

(190430229).

Os gráficos 1 e 2 representam a distribuição de pacientes com

hemocromatose hereditária e adquirida que apresentam mutações no gene HFE e

simultaneamente polimorfismos e mutação no gene SLC40A1.

As sequências dos pacientes que apresentaram mutação e polimorfismo no

gene SLC40A1 foram submetidas ao GenBank (tabela 9).

Os polimorfismos no éxon 6 foram identificados em 50% (27/54) nos

pacientes e 60% (10/20) nos doadores de sangue.

Tabela 7 - Anál ise de sequenciamento do gene SLC40A1 nos pacientes com Hemocromatose hereditária e adquirida (secundária).

Gene SLC40A1

Hereditária

N=38 (%)

Adquirida

N=16 (%)

Valor de

p

Polimorfismo

Éxon 3

p.I80L (c.586C>A)

01(2,6%) 0 (0%)

0,142 Polimorfismos

Silenciosos

Éxon 4 c. 630A>G c. 648A>G

01(2,6%) 0 (0%)

Éxon 4 c.738Y>C

03 (7,9%) 0 (0%)

Éxon 6

c.1014C>T c.1014Y>T

17 (45%) 10 (59%)

N= número de pacientes. Teste qui-quadrado (Mantel-Haenszel).

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59

B

C

A

Figura 13 - A. Cromatograma mostrando heterozigose para a mutação no gene

SLC40A1 p.I80L (c.586C>A, éxon 3). B. Análise do alinhamento (blast)

das sequencias do gene SLC40A1 com a do paciente. C. Análise do

alinhamento (blast) das sequencias do RNAm do gene SLC40A1 com

a do paciente.

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60

A A B

C D

Figura 14 - Cromatograma mostrando os polimorfismos do éxon 4 no gene

SLC40A1. A: amostra 4 (c.630A>G e c.648A>G) e nas amostras 18

(B), 23 (C), 48 (D) polimorfismo c.738Y>C.

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61

A

B

Figura 15 - A. Análise do alinhamento (blast) das sequencias do gene SLC40A1

com a identificação dos polimorfismos. B. Análise do alinhamento

(blast) das sequencias do RNAm do gene SLC40A1 dos

polimorfismos.

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62

A

C

B

Figura 16 - A. Cromatograma mostrando polimorfismos no éxon 6 c.1014C>T e

c.1014Y>T no gene SLC40A1. B. Análise do alinhamento (blast) das

sequencias do gene SLC40A1. C. Análise do alinhamento (blast) das

sequencias do RNAm do gene SLC40A1.

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63

Gráfico 1 - Distribuição de pacientes com hemocromatose hereditária com mutações no gene HFE e simultaneamente polimorfismos e mutação no gene SLC40A1.

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64

Gráfico 2 - Distribuição de pacientes com Hemocromatose Adquirida com mutações no gene HFE e simultaneamente polimorfismos no gene SLC40A1.

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65

Tabela 8 - Identificação das sequências submetidas no GenBank.

Gene SLC40A1 – Éxon

Número das Sequências ID GenBank

Éxon 3 BankIt1831536 72 KT152236

Éxon 4

BankIt1831532 4 KT152232

BankIt1831532 18 KT152233

BankIt1831532 23 KT152234

BankIt1831532 43 KT152235

Éxon 6

BankIt1831458 1 KT152201

BankIt1831518 2 KT152202

BankIt1831518 3 KT152203

BankIt1831518 4 KT152204

BankIt1831518 5 KT152205

BankIt1831518 6 KT152206

BankIt1831518 7 KT152207

BankIt1831518 8 KT152208

BankIt1831518 10 KT152213

BankIt1831518 11 KT152209

BankIt1831518 13 KT152211

BankIt1831518 14 KT152212

BankIt1831518 20 KT152216

BankIt1831518 25 KT152217

BankIt1831518 26 KT152218

BankIt1831518 27 KT152219

BankIt1831518 28 KT152220

BankIt1831518 30 KT152221

BankIt1831518 33 KT152222

BankIt1831518 39 KT152223

BankIt1831518 57 KT152227

BankIt1831518 58 KT152228

BankIt1831518 64 KT152225

BankIt1831518 65 KT152226

BankIt1831518 71 KT152230

BankIt1831518 72 KT152231

ID: identificação.

Nos diagnósticos de imagem realizados pelos métodos de tomografia

computadorizada, ressonância magnética e ultrassonografia, dos pacientes com

hemocromatose hereditária apresentaram 18% com sobrecarga de ferro hepática,

8% ausência de sinais de sobrecarga férrica detectável, 13% com outras

hepatopatias e 61% não tinham diagnóstico por imagem. Já os pacientes com

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66

hemocromatose adquirida (secundária) apresentaram 63% com hepatopatia

crônica; 18% hepatocarcinoma, 13% hepatopatia associada à hepatite C e 6% não

tinham em seus prontuários registros do diagnóstico por imagem.

Considerando os dados fornecidos no diagnóstico de imagem, foram

comparados os valores médios da idade e ferritina nos pacientes com

hemocromatose hereditária, respectivamente: hepatopatia 52 anos e ferritina de

709 ng/mL; sobrecarga de ferro: 49 anos e 1138ng/mL e ausência de sobrecarga:

33 anos e 321 ng/mL de ferritina. Já na hemocromatose adquirida (secundária)

apresentaram respectivamente: hepatopatia 55 anos e ferritina de 1763 ng/mL;

hepatopatia associada à hepatite C: 51 anos e 666 ng/mL e hepatocarcinoma: 62

anos e 2497 ng/mL.

Os pacientes que não apresentaram nenhuma mutação ou polimorfismo nos

genes pesquisados para caracterizar hemocromatose no estudo (26%), HFE e

SLC40A1, apresentaram valores médios de ferritina (1057 ng/mL e IST de 59%), e

estes dados estão diretamente relacionados com hepatocarcinoma e hepatopatias

crônicas.

2.3.2 Descrição do Caso de Mutação no Gene SLC40A1 no paciente com

Hemocromatose Hereditária

Paciente I.L.O., idade de 51 anos, branco, sexo masculino, casado,

procedente da cidade de Santa Cruz do Piauí, Piauí, foi encaminhado ao

ambulatório de Hematologia do Hospital das Clínicas da FMUSP em 10/11/2008,

com suspeita clínica de hemocromatose hereditária. Foram solicitados os exames

de hemograma, VHS, transaminases (ALT e AST), proteína C reativa, ferritina,

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67

ferro, CTLF e glicose. Os exames laboratoriais foram realizados de forma contínua

entre o período de 2009 a 2013 e na tabela 10 apresenta um resumo dos valores

médios dos dados laboratoriais. Além disso, o paciente não tinha anticorpos para os

vírus da hepatite B e C. Para confirmar o diagnóstico de hemocromatose hereditária

foi realizada a pesquisa molecular para identificar a presença de mutações e

polimorfismos nos genes HFE (mutações C282Y e H63D) e SLC40A1.

O paciente apresentou hemograma com alterações significativas em todos

os valores do eritrograma, demonstrando uma anemia persistente, e uma piora no

quadro laboratorial em 2013, apresentando alterações não somente no eritrograma,

mas também, no leucograma que mostrou desvio a esquerda com 2% de mielócitos

e plaquetopenia. Os marcadores inflamatórios (VHS e proteína C reativa) as

enzimas hepáticas (ALT e AST) e a glicemia apresentaram aumento gradual

durante esse período. No último ano, todos os exames laboratoriais do paciente

apresentaram-se discordantes com os valores de normalidade, retratando uma

piora no quadro clínico. No ano de 2013 foi realizado um mielograma para a

pesquisa de neoplasias hematológicas, devido à presença de células imaturas

leucocitárias no sangue periférico (mielócitos) observadas por meio do hemograma,

sendo constatado que não havia a presença de clonalidade, e a medula óssea

estava compatível com a idade do paciente.

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68

Tabela 9 - Diagnóstico laboratorial do paciente com Mutação no gene SLC40A1.

Dados Laboratoriais

2009 2010 2011 2012 2013

Hemograma Eritrócitos

Hemoglobina

Hematócrito

VCM

HCM

CHCM

RDW

3,40

11,7

32,2

94,7

35,0

36,3

18,0

3,38

12,7

31,5

94,1

38,3

39,6

15,7

4,49

13,3

38,7

86,2

29,6

34,4

14,7

3,36

11,1

33,7

100,3

33,0

32,9

14,9

2,80

8,7

25,9

92,9

31,2

33,8

18,2

Ferritina

Ferro

CTLF

1337

89

275

1770

128

312

1248

115

292

1106

232

244

1648

42

205

Proteína C reativa 1,95 2,43 1,1 3,4 55,8

VHS 65 43 16 10 111

ALT 44 41 49 33 61

AST 29 23 15 19 60

Glicose 94 112 103 96 137

Valores de referência: Eritrócitos (4,4-5,9 106/µL), Hemoglobina (13-18 g/dL), Hematócrito

(40-52%), VCM (80-100 fl*), HCM (27-32 pg**), CHCM (32-37 g/dL), RDW (9,5-16%)*fl: fentolitro; **pg: picograma; Ferritina: 13 a 150 ng/mL; Ferro: 37 a 150 mcg/dL; *CTLF: Capacidade total de ligação de ferro: 112-346 mcg/dL; Proteína C reativa: <3,0mg/L; VHS: velocidade de hemossedimentação: 5,6-18,6mm; ALT: inferior a 37; AST: inferior a 41; Glicose: 70-99mg/dL.

Na pesquisa molecular ao paciente era heterozigoto para a mutação H63D

do gene HFE e mutação no éxon 3 (p.I80L) no gene SLC40A1 e o polimorfismo no

éxon 6 (c.1014Y>T). Não há conhecimento de familiares com essa doença. A

ferritina elevada, em média de 1422ng/mL, e sobrecarga de ferro hepática,

observada na tomografia computadorizada, pode estar associada com as mutações

no gene SLC40A1 e HFE.

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69

2.3.3 Descrições dos Casos de Polimosfismo no Gene SLC40A1

Os polimorfismos no éxon 4 do gene SLC40A1 foram identificados em

quatro pacientes descritos abaixo.

O paciente A.G. branco, sexo masculino, com idade de 43 anos com

suspeita clínica de hemocromatose hereditária, no sequenciamento, foram

identificados dois polimorfismos no éxon 4 (c. 630A>G, c.648A>G). Esse paciente

também apresentou mutação heterozigótica C28Y/H63D para o gene HFE, com um

aumento discreto da ferritina (383ng/mL).

Os pacientes E.G.O., P.A.A. e C.A.S. com suspeita clínica de

hemocromatose, brancos, todos do sexo masculino, com idades respectivas de 66,

59 e 69 anos. Na análise molecular do sequenciamento foi identificado nos

pacientes um polimorfismo no éxon 4 (c.738Y>C), e também, apresentava mutação

no gene HFE (2 indivíduos C282Y/H63D e um heterozigoto H63D). No diagnóstico

laboratorial os pacientes apresentavam respectivamente, ferritina: 435 ng/mL, 578

ng/mL e 639 ng/mL; IST: 72%, 59% e 59%.

2.3.4 Descrições dos Casos de Mutação C282Y no Gene HFE e

polimorfismo no gene SLC40A1 nos pacientes com Hemocromatose

Hereditária

Nesse estudo, dentre os 38 pacientes com suspeita clínica de

hemocromatose hereditária, nove pertencem a uma mesma família. A tabela 10

resume os dados demográficos, laboratoriais e moleculares dos genes HFE

(mutação C282Y) e polimorfismo no gene SLC40A1 (éxon 6: c.1014 C>T). No

heredograma analisamos os aspectos moleculares para as mutações no gene HFE.

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70

Na primeira (I) e segunda geração (II) não há relato dos progenitores, devido já ser

falecidos. A partir da terceira e quarta geração está definido o perfil dos

descendentes. Alguns membros da família apresentam a mutação C282Y no gene

HFE, e também, polimorfismo no éxon 6 (c.1014C>T).

De acordo com o heredograma podemos visualizar a presença da mutação

entre os descendentes (III) de três ancestrais (II) (figura 17).

A descendente (III) do primeiro ancestral (II), V.B.B, branca, sexo feminino,

idade 80 anos, com suspeita clínica de hemocromatose hereditária, apresentava

ferritina 382ng/mL e IST de 34%, e não foram identificadas as mutações C282Y e

H63D no gene HFE e polimorfismo no gene SLC40A1. A sua filha I.B.M. branca,

sexo feminino, idade 53 anos, suspeita de hemocromatose hereditária, no

diagnóstico molecular não apresentou a mutação no gene HFE (C282Y e H63D),

mas foi identificado o polimorfismo no gene SLC40A1 (éxon 6 c.1014 C>T), e o

diagnóstico laboratorial mostrou ferritina de 92ng/mL e IST 27%.

Os descendentes (III) do segundo ancestral (II) são irmãos, todos com

suspeita clínica de hemocromatose hereditária. Os pacientes A.B., C.B.

apresentaram homozigose para mutação C282Y do gene HFE, e concomitante foi

identificado o polimorfismo (éxon 6: c.1014C>T) no gene SLC40A1. O indivíduo

A.B. branco, masculino, idade de 58 anos, apresentava ferritina sérica de

3184ng/mL e IST de 92% e na ultrassonografia apresentava sobrecarga de ferro

hepática confirmando o diagnóstico de hemocromatose hereditária. O paciente O.B.

branco, sexo masculino, idade de 50 anos, no exame laboratorial tinha 601ng/mL

de ferritina e IST de 45% com discreta sobrecarga de ferro no exame de imagem,

mas com ausência da mutação C282Y e H63D no gene HFE. Portanto, esse

indivíduo apresentou o polimorfismo no gene SLC40A1. A paciente C.B. branca,

feminino, idade de 45 anos, apresentou ferritina de 652ng/mL e IST de 86%. Na

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71

quarta geração a filha de A.B., R.N.B. branca, sexo feminino, idade 28 anos, com

suspeita de hemocromatose hereditária apresentou heterozigose para a mutação

C282Y no gene HFE e o polimorfismo no gene SLC40A1 (éxon 6: c.1014C>T) com

ferritina normal 122ng/mL e IST de 86%.

O descendente (III) R.B. branco, sexo masculino, idade 54 anos,

diagnosticado com suspeita clínica de hemocromatose hereditária, foi identificada

homozigose para a mutação C282Y do gene HFE, e polimorfismo c.1014C>T no

gene SLC40A1. Aferritina desse indivíduo estava discretamente elevada

(224ng/mL) e com IST de 45%, mas no diagnóstico por imagem (tomografia

computadorizada) apresentou sobrecarga de ferro hepática, confirmando a

presença de hemocromatose hereditária. A cônjuge B.F.C.B. branca, sexo feminino,

idade 50 anos não apresentou as mutações C282Y e H63D do gene HFE e

polimorfismo no gene SLC40A1, sendo que os dados laboratoriais de ferritina

40ng/mL e IST 22% estavam normais. A filha desse casal, C.C.B., branca, sexo

feminino, idade de 31 anos, com suspeita de hemocromatose hereditária, não

apresentou as mutações C282Y e H63D do gene HFE, e polimorfismo no gene

SLC40A1, e os dados laboratoriais mostrou ferritina 40ng/mL normal e IST 53%

discretamente elevado.

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72

Tabela 10 - Características demográficas, dados laboratoriais bioquímicos e moleculares da Família B.

ID Etnia/cor da pele

Gênero Idade Suspeita

clínica

Ferritina IST (%)

Mutação Polimorfismo

(ng/mL) Gene HFE Gene SLC40A1

VBB B F 80 HH 382 34 - -

IBM B F 53 HH 92 27 - c.1014 C>T

AB B M 58 HH 3184 92 C282Y c.1014 C>T

CB B F 45 HH 652 86 C282Y c.1014 C>T

OB B M 50 HH 601 45 c.1014 C>T

RNB B F 28 HH 122 86 C282Y c.1014 C>T

RB B M 54 HH 224 45 C282Y c.1014 C>T

BFCB B F 50 HH 40 22 - -

CCB B F 31 HH 40 53 - -

ID: Identificação do paciente (iniciais do nome); HH: Hemocromatose Hereditária; IST (%): Índice de saturação de transferrina; polimorfismo no éxon 6 c.1014 C>T.

I ? ?

II ? ? ? ? ? ?

III

IV

? Sem Identificação

molecular

Figura 17 - Heredograma da Família B, apresentando a mutação C282Y do gene HFE.

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73

2.4 DISCUSSÃO

A hemocromatose hereditária é uma desordem do metabolismo do ferro

amplamente estudada, e desde a descoberta desses genes, houve uma melhora

expressiva na elucidação dessa doença. A hiperferritinemia é um achado comum

na prática clínica que pode ser congênita ou adquirida e nem sempre associada à

sobrecarga de ferro91.

Nesse estudo foram realizadas as análises moleculares no gene SLC40A1 e

no gene HFE, o tipo de hemocromatose mais frequente na população mundial, pois

esses dois genes apresentam características clínicas semelhantes.

Os pacientes com hemocromatose hereditária e adquirida mostraram maior

frequência na faixa etária entre 40 a 60 anos, pois a sobrecarga de ferro no

organismo ocorre de forma lenta, progressiva e silenciosa, o que torna a princípio,

essa doença assintomática, principalmente em indivíduos mais jovens. Os

indivíduos na faixa etária entre 40 a 60 anos apresentam sintomatologia, por já

apresentarem acúmulo de ferro em órgãos vitais como fígado, coração, pâncreas e

hipófise92,93,94,95. Cançado e al.93 mostraram a influência da idade e o acúmulo de

ferro entre as faixas etárias, mostrando que acima de 40 anos os pacientes

apresentam sobrecarga de ferro superior a 1000 µg/g com lesões em órgãos,

fibrose e/ou cirrose hepática93.

Embora o gene defeituoso seja igualmente distribuído entre homens e

mulheres, nesse estudo houve maior frequência no sexo masculino em ambos os

grupos (HH 63% e adquirida 88%). Essa maior frequência nesse gênero foi

observada na maioria dos estudos, na proporção de 4 a 10:1. Isso ocorre, pois as

mulheres tem perdas periódicas de ferro por causa da menstruação e gestação, o

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74

que retarda o início do acúmulo de ferro em órgãos vitais, por pelo menos uma

década, portanto, a sintomatologia inicia após a menopausa3,13.

A etnia/cor da pele nos pacientes com hemocromatose hereditária e

adquirida teve maior frequência (91% e 81%) na população branca (caucasóides).

No Brasil, mesmo com a intensa miscigenação de povos europeus com índios e

africanos, prevalece uma maior frequência, variando de 10-40%, nessa

população3,5,34,95,96,97.

O diagnóstico de hemocromatose baseia-se na identificação de sintomas

sugestivos da doença, deteção de anormalidades bioquímicas do ferro, avaliação

de acúmulo de ferro em fragmento de biopsia hepática e/ou por meio da realização

de testes genéticos para detectar mutações13. No diagnóstico laboratorial realizado

para ferritina, ferro, CTLF e IST nos pacientes com hemocromatose hereditária e

adquirida não houve diferença estatisticamente significativa. Uma das justificativas,

é que os parâmetros de ferro são influenciados pela idade, sexo, presença de

outras doenças, variabilidade fisiológica e biológica34. A variabilidade fisiológica

reflete a variação dia a dia relacionadas com a ingesta, secreção gástrica,

motilidade e absorção intestinal, enquanto que a variabilidade biológica indica as

condições de reserva de ferro existente em cada indivíduo34.

Nos pacientes com hemocromatose hereditária e adquirida a ferritina sérica

estava elevada em mais de 70%, com uma distribuição homogênea nesses dois

grupos, entretanto, dois pacientes com hepatopatia crônica apresentaram valores

de ferritina acima de 5000ng/mL. A ferritina na fase aguda se encontra elevada

também nas hepatopatias alcoólicas, hepatites virais em estado crônico, incluindo

processos infecciosos e malignos (hepatocarcinomas)8. A hepatopatia crônica inicia

nas fases mais tardias da doença, em que há lesão das células hepáticas e

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75

consequentemente aumento da concentração de ferritina sérica. Esse processo se

agrava no estágio de cirrose e hepatocarcinoma95,98.

O mecanismo de toxicidade do ferro está relacionado quando a quantidade

de ferro absorvido ultrapassa a capacidade ferroquelante do organismo, ou seja, de

armazená-lo e "neutralizá-lo", ocorre saída de ferro dos macrófagos para a

circulação e, quando ultrapassa a capacidade de saturação da transferrina

plasmática, o ferro livre em excesso (sobrecarga primária ou secundária) deposita-

se nos hepatócitos e em outras células parenquimatosas98.

Embora a ferritina sérica seja um marcador altamente sensível para o

diagnóstico de hemocromatose, apresenta uma baixa especificidade, devido esse

marcador se elevar apenas na presença de grandes acúmulos de ferro8,13. Portanto,

os indivíduos com hemocromatose hereditária que apresentaram valores de ferritina

normal (inferior a 150ng/mL) não podem ser excluídos do diagnóstico antes de

realizar uma avaliação complementar, pois o paciente pode estar em tratamento

com dieta pobre em ferro, flebotomias ou quelantes de ferro. Outro ponto a ser

considerado são adultos jovens que ainda não apresentam a sintomatologia e o

acúmulo de ferro ocorre de forma discreta e gradual.

Nesse estudo observamos uma correlação entre o aumento de ferritina nos

pacientes com mutação no gene HFE e mutação e polimorfismo no gene SLC40A1,

na faixa etária entre 40 a 60 anos, devido ao agravo da deficiência no metabolismo

com o avanço da idade. Entretanto, é necessário o diagnóstico molecular para

confirmar a suspeita clínica e adequar a terapia para cada tipo de hemocromatose,

evitando o desencadeamento de outras doenças secundárias, pois o início da

doença é insidioso, com sintomas inespecíficos que incluem astenia, letargia,

fadiga, artralgias, perda da libido (homens) e amenorreia. No decorrer, a

sobrecarga de ferro tanto na hemocromatose hereditária do tipo 1 (gene HFE)

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76

quanto a do tipo 4 (gene SLC40A1), ocasiona outras doenças como diabetes

Mellitus, síndrome metabólica, insuficiência cardíaca congestiva (ICC), artropatia

hemocromatótica e predisposição a infecções13,39.

Nesse estudo os pacientes com hemocromatose hereditária e adquirida

(secundária) apresentaram respectivamente média de valores de IST acima de

50%. Esse índice é importante, pois altera precocemente, sendo considerado mais

sensível para o diagnóstico do que a ferritina sérica, que apenas se torna elevada

na presença de grandes acúmulos de ferro5,34,99. A combinação de IST superior a

45% e ferritina sérica elevada em um indivíduo saudável tem sensibilidade de 93%

para o diagnóstico de hemocromatose hereditária13.

A análise molecular do gene HFE no estudo da frequência nos pacientes

com hemocromatose hereditária mostrou que foi maior para homozigose e

heterozigose para a mutação C282Y do que para a mutação H63D. Já os pacientes

com hemocromatose adquirida (secundária) apresentaram maior frequência para o

mutante H63D heterozigoto, seguido C282Y/WT e dupla heterozigose

C282Y/H63D. Nesse estudo foi observado uma frequência de 30%, semelhante aos

resultados de Cançado et al., que as alterações no gene HFE é menor quando

comparado aos outros países que apresentam uma frequência de até 90% na

população, mas em relação aos outros tipos de hemocromatose hereditária a

frequência é semelhante, ou seja, varia de 2 a 4%33,93. Outro dado a ser

considerado foram os casos selecionados no estudo com suspeita clínica de

hemocromatose hereditária, mas que não apresentaram alterações moleculares

para o gene HFE, e também os que foram inseridos no estudo com hemocromatose

adquirida, mas foi identificado mutação no gene HFE, mostrando a complexidade

no diagnóstico clínico da doença.

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77

Na análise molecular, ainda é questionável a hipótese de penetrância gênica

incompleta das mutações do gene HFE, devido ao número reduzido de indivíduos

com diagnóstico de hemocromatose frente à elevada frequência das mutações do

gene, pois 40% a 70% dos indivíduos homozigotos para a mutação C282Y

desenvolverão evidência laboratorial de sobrecarga de ferro e que, pelo menos,

50% dos homens e 25% das mulheres com esse genótipo desenvolverão

complicações clínicas secundárias ao acúmulo de ferro3,93,100. Em relação à

penetrância gênica do duplo heterozigótico (C282Y/H63D) encontra-se de 5-10%

no grupo de pacientes com hemocromatose hereditária8,47,94. Um achado de

relevância foi observado em homens heterozigotos para a mutação C282Y, pois

apresentaram maior penetrância gênica, quando esse alelo mutante é proveniente

de hereditariedade paterna8,94.

A mutação H63D não foi elucidada de forma concisa, pois alguns estudos

apontam que o fenótipo não acarreta o acúmulo de ferro, somente quando

associada à mutação C282Y, apresentando um distúrbio do ferro de forma mais

branda. Entretanto, em outros estudos foram encontrados a mutação H63D

associada a sobrecarga de ferro77,92. Estudos recentes mostraram que para a

mutação H63D devem ser considerados fatores que acarretam a sobrecarga de

ferro, como a hiperferritinemia3,36,93. Curiosamente, em nosso estudo houve 3 casos

de pacientes heterozigotos para a mutação H63D que apresentaram

hiperferritinemia, sendo 2 com hemocromatose hereditária e 1 com hemocromatose

adquirida que tinha associado hepatite C. Dentre esses pacientes com

hemocromatose hereditária um apresentou a mutação no gene SLC40A1 (doença

da ferroportina), caracterizando a sobrecarga de ferro, e outro com polimorfismo no

éxon 4 desse mesmo gene, mostrando a necessidade de avaliar a expressão

fenotípica, uma vez que, pode sofrer a influência de fatores epigenéticos, clínicos e

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78

ambientais que interferem no metabolismo do ferro e no curso da

doença3,93,100,101,102,103. O estudo da frequência dos mutantes C282Y e H63D ainda é

alvo a ser investigado na população brasileira, sendo que estão presentes em 2/3

dos pacientes brasileiros com hemocromatose hereditária, indicando outras

mutações no gene HFE, como S65C (menos frequente), ou a presença de outros

genes que possam estar envolvidos na regulação metabólica do ferro, como HJV,

HAMP e SLC40A13,5,93.

A mutação identificada no gene SLC40A1, (éxon 3, p.I80L), não descrita no

país, comprovou a associação da mutação com o quadro clínico e laboratorial do

paciente, que apresentava uma anemia persistente com uma hiperferritinemia

significativa e sobrecarga de ferro hepática, causando uma hepatopatia. Esse

paciente apresentava sintomatologia de hemocromatose com artralgia, diabetes

Mellitus, gonodopatia, processos inflamatórios e infecciosos. Os dados laboratoriais

mostraram alterações nas enzimas hepáticas (ALT e AST), aumento da ferritina

sérica que acometem acúmulo em órgãos vitais como o fígado. No diagnóstico por

imagem foi observado sobrecarga de ferro hepática. Evidenciando a necessidade

de um diagnóstico precoce, para ser introduzida uma terapia adequada,

principalmente com o uso de quelantes de ferro, pois a flebotomia só agravaria o

quadro clínico, complicando o prognóstico do paciente.

Na doença da ferroportina ocorre comprometimento da capacidade da célula

em exportar o ferro, o qual se acumula principalmente em macrófagos, com

acúmulo na forma de ferritina e diminuição da disponibilidade do ferro para circular

ligado a transferrina; portanto, caracteriza-se por baixa saturação de transferrina. A

diminuição da disponibilidade do ferro pode ser responsável por anemia leve104.

A Hemocromatose hereditária do tipo 4, associada às mutações do gene

SLC40A1, esta forma de HH pode apresentar características clínicas e laboratoriais

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79

diferentes em relação às demais hemocromatoses, com uma discreta anemia antes

da sobrecarga férrica e anemia persistente moderada a grave, durante o agravo da

sobrecarga de ferro. Portanto, nesses casos a terapêutica por flebotomia pode

agravar o quadro anêmico do paciente88,91,104,105.

Os polimorfismos encontrados no gene SLC40A1 foram identificados nos

pacientes com hemocromatose hereditária e adquirida (secundária) numa

frequência acima de 50%. Nesses grupos em média 65% estavam correlacionados

com as mutações no gene HFE. Até o momento, não há estudos que indicam uma

relação potencial do polimorfismo com alteração funcional da proteína5.

Altés et al.77 identificaram cinco conhecidos polimorfismos de nucleotídeo

único (SNPs), sendo que dois deles foram associados a características fenotípicas.

O polimorfismo IVS1-24 C>G no gene da ferroportina parece ser um modificador

genético para a agressividade clínica de hemocromatose do tipo 1 (HFE)77,105.

O estudo molecular no gene SLC40A1 contribui para elucidar o panorama

significativo na homeostase do ferro sistêmico, revelando uma variabilidade

genética e fenotípica existente nos mecanismos patogênicos comuns subjacentes a

esta doença. Esses achados enfatizam a necessidade de analisar o fenótipo para

avaliar a funcionalidade da proteína e estimar dentre os polimorfismos que são ou

não funcionais e verificar se contribuem na sobrecarga de ferro48,94,106,107,108,109,110.

A associação entre as alterações genotípicas nos tipos de hemocromatose

hereditária necessitam estudos para avaliar a heterogeneidade fenotípica, que

apresentam diferentes níveis de sobrecarga de ferro, pois pode haver indivíduos

que apresentam mutações e polimorfismos nos genes que causam a

hemocromatose hereditária107.

Na pesquisa do gene SLC40A1, que causa a doença ferroportina, a princípio

foi encontrado uma frequência acima de 50% na identificação do polimorfismo

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80

silencioso no éxon 6, tanto nos pacientes do estudo como nos doadores de sangue,

mostrando uma prevalência na população. Estudos em doadores de sangue

evidenciaram polimorfismos e mutações nos genes que causam a hemocromatose

hereditária, mostrando que o diagnóstico de hemocromatose tardio não ocorre

somente, mas também em outros países 8,111,112.

Niewiadonski et al,111 estudaram a frequência do gene HFE pela análise no

sequenciamento direto OpenArray dos doadores de sangue da FPS-HSP, e

obtiveram os seguintes resultados de cada SNP: HFE C282Y 96% (G/G), 4% (G/A),

HFE H63D 78,1% (C/C), 20,3% (C/G), 1,6% (G/G); e HFE S65C 98,1% (A/D), 1,9%

(A/T). Estes resultados são importantes para melhorar o conhecimento dos perfis

genéticos de doadores de sangue brasileiros, e também para estabelecer as

frequências dos genes que ocasionam a hemocromatose na população, além de

fornecer uma nova metodologia para ser empregada no diagnóstico molecular dos

genes que causam a hemocromatose hereditária e possibilitar uma melhor

terapêutica diminuindo os riscos de cronicidade da doença. A detecção precoce de

mutação nesses doadores de sangue pode fornecer benefícios para os indivíduos e

os bancos de sangue, pois os indivíduos que atenderem a todos os critérios na

entrevista pré-doação, podendo então, serem considerados como doadores

seguros. A doação de sangue beneficiaria a saúde desses indivíduos, e também,

aumentar a oferta de banco de sangue8,111,112.

Na análise fenotípica deve-se avaliar a consequência de splicing alternativo,

pois isoformas de proteínas solúveis podem ser originadas, assumindo, em alguns

casos, um papel importante na regulação de processos fisiológicos. Na verdade,

variações de splicing nos genes HFE, HAMP, SLC40A1 ocasiona uma variante no

RNAm já descritos e, embora sem estudos em nível de proteína, sugere-se que o

peptídeo solúvel correspondente pode regular o transporte de ferro celular83,101,102.

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81

A função variável da ferroportina torna difícil o diagnóstico, sendo necessário

o estudo de famílias e grupo controle para avaliar a frequência da variante genética

e fenotípica na identificação de polimorfismos no gene SLC40A134,107.

No diagnóstico de imagem, houve a confirmação da presença de sobrecarga

férrica em 30% dos pacientes com hemocromatose hereditária, desses 20% já

apresentavam alterações morfológicas para hepatopatia crônica e

hepatocarcinoma.

Os pacientes com hemocromatose adquirida (secundária) com maior

frequência na mutação H63D no gene HFE, também apresentavam polimorfismo no

gene SLC40A1. Esses achados comprovam que a hemocromatose hereditária e

adquirida devem ser diagnosticadas com antecedência para evidenciar se as

alterações no metabolismo do ferro estão sendo ocasionadas por mutação

genética, ou em consequência de uma doença secundária que acarreta o acúmulo

de ferro; ou em casos mais graves quando há a associação de uma mutação com

uma doença adquirida.

Dados semelhantes foram evidenciados no estudo de Cançado et al.93 em

que o diagnóstico genotípico de HH foi confirmado em 23/50 (15 C282Y/C282Y e

sete C282Y/H63D) dos doentes estudados, o que corresponde a 46%. Entretanto,

60% (30/50) dos pacientes heterozigotos para as mutações C282Y e H63D,

apresentavam siderose hepática grau III/IV93,95.

A anemia hemolítica hereditária, hepatite C e consumo excessivo de bebida

alcoólica estão implicados na predisposição no aumento dos estoques de ferro do

organismo e constituem fatores de risco adicionais para a condição de sobrecarga

de ferro, aumentam as lesões hepáticas, acentuando a expressão fenotípica dos

doentes com mutação do gene HFE, salientando a importância do

acompanhamento dos indivíduos com mutação do gene HFE, mesmo em

heterozigose33,93,98.

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82

Nos resultados da família B, alguns indivíduos apresentaram o polimorfismo

no éxon 6 para o gene SLC40A1 e a mutação C282Y para o gene HFE. Entretanto,

houve um indivíduo que apresentou o polimorfismo para o gene SLC40A1, aumento

na concentração de ferritina e IST, sem mutação C282Y para o gene HFE. Nesse

caso é necessário investigar se não há a presença de uma doença secundária

como a síndrome metabólica, artrose ou outras que contribuam para alteração nos

níveis de ferritina. Não foi possível atribuir à causa desse polimorfismo nos

pacientes dessa família, já que não foram realizados estudos do fenótipo que

indicam alteração funcional na ferroportina107,113. A paciente com apenas

polimorfismo não apresentou alterações nos níveis de ferritina e IST, mas está na

faixa etária considerada precoce para avaliar qualquer alteração clínica em

decorrência do polimorfismo. Faz-se necessário realizar estudos futuros para

compreender melhor os mecanismos moleculares no metabolismo do ferro e os

papéis do gene HFE e os outros envolvidos no metabolismo do ferro, como

SLC40A1, HMJ, HAMP e TRF2.

Deve ser considerado o diagnóstico clínico e laboratorial precoce, inclusive

no período assintomático, com a anamnese do histórico familiar de

hemocromatose, as alterações discretas do ferro e ferritina plasmáticos e das

enzimas hepáticas como ALT e AST, e a confirmação pelo diagnóstico molecular,

por metodologias de sequenciamento de última geração, que apresentam rapidez e

confiabilidade com os métodos padrão para prevenção da cronicidade da doença.

O aconselhamento genético deve ser oferecido às famílias afetadas

informando-as do risco de herdarem a mutação causadora da doença. Ao contrário

dos doentes com a forma B da doença da ferroportina, os doentes com a forma A

podem não tolerar as flebotomias e apresentam risco aumentado para anemia. A

forma A da doença da ferroportina tem um decurso benigno. Na forma B prevê-se

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83

que tenha um prognóstico favorável desde que os doentes sejam tratados

precocemente, antes do desenvolvimento de complicações viscerais.

O recente progresso tem elucidado a função dessas moléculas na

homeostase do ferro sistémico, e revelou que, apesar da diversidade genética e

fenotípica de hemocromatose hereditária, existem mecanismos patogênicos

comuns subjacentes a esta doença. O mecanismo comum de sobrecarga de ferro

em hemocromatose hereditária compreende uma regulação anormal no eixo

hepcidina-ferroportina, que leva a uma falha, que não impede que o excesso de

ferro entre na circulação13,33.

O prognóstico da hemocromatose parece depender diretamente da

quantidade e duração do acúmulo de ferro. Os pacientes que iniciam terapia no

início da doença têm melhor sobrevida. A expectativa de vida é normal se as

flebotomias ou quelamento forem iniciadas antes do surgimento de cirrose e,

mesmo nos cirróticos, a taxa de sobrevida em 10 anos, após normalização dos

estoques de ferro. O prognóstico é mais grave quando há cirrose hepática

associada ao diagnóstico de diabetes mellitus, mas não é influenciado pelo sexo ou

pela existência de artropatia. O transplante ortotópico de fígado (TOF) tem sido

recomendado nos casos de cirrose descompensada, sendo importante ressaltar

que vários estudos têm demonstrado que nesses pacientes a mortalidade pós-

transplante é maior que a observada em outros tipos de cirrose, provavelmente em

decorrência de cardiopatias concomitantes e intercorrências infecciosas. Existem

evidências provenientes de estudos experimentais em humanos, que sustentam o

papel carcinogênico do ferro, seja em sua forma livre ou ligado à transferrina, e o

risco de morte por carcinoma hepatocelular em um indivíduo com HH é 100 vezes

maior que o da população geral13,33,34,98.

Do ponto de vista de saúde pública, as hemocromatose hereditária e

adquirida estão associadas a um maior risco de mortalidade, principalmente quando

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84

estão associadas à síndrome metabólica, hepatopatias crônicas, hepatites virais

doenças cardíacas e hepatocarcinoma, e também, quando o diagnóstico para a

doença é tardio e não tratado, e diminui a sobrevida do paciente em poucos anos

após a sintomatologia. Quando o diagnóstico precede o início dessas doenças e o

tratamento é instituído antes do desenvolvimento de cirrose hepática, a sobrevida

dos pacientes passa a ser semelhante à da população geral.

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85

3 CONCLUSÕES

As mutações encontradas no gene HFE e SLC40A1 estão associadas com a

sobrecarga férrica caracterizando a hemocromatose hereditária.

Os polimorfismos encontrados no gene SLC40A1 foram identificados nos

pacientes com hemocromatose hereditária e adquirida (secundária) numa

frequência de 50%. Foi observada frequência semelhante nos doadores de sangue,

sugerindo que este polimorfismo provavelmente não contribui para o

desenvolvimento da doença.

O diagnóstico precoce das doenças e uma terapia adequada diminuem o

risco de mortalidade, melhorando o quadro clínico e a sobrevida dos pacientes.

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93

ANEXOS

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94

ANEXO A - APROVAÇÃO DA COMISSÃO DE ÉTICA (CAPPesq)

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95

ANEXO B - FICHA DE AVALIAÇÃO DO PACIENTE

Nome: RGHC:

Sexo: Idade ao diagnóstico (em anos):

Hepatopatia: ( ) sim ( ) não ( ) Não

avaliado

Hipogonadismo Hipogonadodrófico ( ) sim ( ) não ( ) Não

avaliado

Cardiomiopatia ( ) sim ( ) não ( ) Não

avaliado

Catarata ( ) sim ( ) não ( ) Não

avaliado

Outros sinais Clínicos avaliado ( ) sim ( ) não ( ) Não

Especificar:

Ferro Sérico(mol/L): Ferritina sérica (g/L):

Saturação de transferrina (%): TIBC

Eletroforese de Hemoglobina

Ferro Hepático:

Mutação C282Y ( )ausente

( )presente em homozigoze ( )presente em heterozigoze

Mutação H63D ( )ausente

( )presente em homozigoze ( )presente em heterozigoze

Mutação no Gene SLC40A1: ( )ausente ( ) presente:

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96

Qual?__________________

( )presente em homozigoze ( )presente em heterozigoze

Resultado de Exames de interesse para o diagnóstico e evolução:

Exame Data Data

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97

ANEXO C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO-HCFMUSP

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

_______________________________________________________________

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU RESPONSÁVEL LEGAL

1. NOME: .:............................................................................. ...........................................................

DOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº : ........................................ SEXO : .M □ F □

DATA NASCIMENTO: ......../......../......

ENDEREÇO ................................................................................. Nº ........................... APTO:

..................

BAIRRO: ........................................................................ CIDADE

.............................................................

CEP:......................................... TELEFONE: DDD (............)

......................................................................

2.RESPONSÁVEL LEGAL

..............................................................................................................................

NATUREZA (grau de parentesco, tutor, curador etc.)

..................................................................................

DOCUMENTO DE IDENTIDADE :....................................SEXO: M □ F □

DATA NASCIMENTO.: ....../......./......

ENDEREÇO: ............................................................................................. Nº ................... APTO:

.............................

BAIRRO: ................................................................................ CIDADE:

......................................................................

CEP: .............................................. TELEFONE: DDD

(............).................................................................................. ________________________________________________________________________________________________

DADOS SOBRE A PESQUISA

TÍTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA AVALIAÇÃO DO GENE SLC40A1 EM PACIENTES COM HEMOCROMATOSE HEREDITÁRIA NÃO ASSOCIADA À MUTAÇÕES DO GENE HEMOCROMASTOSE FAMILIAR (NÃO-HFE)

PESQUISADOR : ALFREDO MENDRONE JUNIOR

CARGO/FUNÇÃO: MÉDICO INSCRIÇÃO CONSELHO REGIONAL Nº 50264

UNIDADE DO HCFMUSP: FUNDAÇÃO PRÓ-SANGUE/HEMOCENTRO DE SP

AVALIAÇÃO DO RISCO DA PESQUISA:

RISCO MÍNIMO X RISCO MÉDIO □

RISCO BAIXO □ RISCO MAIOR □

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98

DURAÇÃO DA PESQUISA : 18 MESES

1 – Justificativa e objetivos da pesquisa: essas informações estão sendo fornecidas para

obter sua participação voluntária neste estudo, que visa avaliar a presença de novas

mutações genéticas relacionadas com o metabolismo do ferro e que podem estar

associadas com Hemocromatose Hereditária. No Brasil, ainda não há nenhum estudo de

prevalência destas novas mutações em pacientes com Hemocromatose Hereditária. Por

isso pretendemos estudar os pacientes com Hemocromatose Hereditária acompanhados

no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para

avaliar se estas mutações podem estar relacionadas com a sua doença.

2 – Procedimentos que serão utilizados e propósitos: Caso você concorde em

participar do estudo, além dos exames que são rotineiramente coletados para o seu

tratamento, iremos coletar duas amostras do seu sangue (02 tubos), com 10 mL de

volume cada um, para realizar os exames laboratoriais necessários para estudar as

mutações genéticas. Todos os exames necessários para o estudo serão realizados nessas

duas amostras de sangue coletadas. Nenhum outro procedimento será necessário para o

estudo.

3 – Relação dos procedimentos rotineiros e como são realizados: A coleta da amostra

de sangue será realizada em uma veia do seu braço. Após garroteamento e antissepsia do

local a ser puncionado, uma agulha será introduzida em uma veia de seu antebraço para

coleta das duas amostras de sangue. Após o término da coleta, a agulha será retirada e

será realizado um pequeno curativo no local, o qual deverá permanecer por 6 horas. As

amostras de sangue serão encaminhadas ao laboratório de biologia molecular da

Fundação Pró-Sangue/Hemocentro de SP, onde serão realizados os exames.

4 – Descrição dos desconfortos e riscos esperados: Existe um pequeno risco de

infecção e formação de hematoma no local em que for feita a punção da veia para coleta

das amostras.

5 – Benefícios para o participante: Não há um benefício direto pela sua participação no

estudo. Trata-se de um estudo experimental testando a hipótese de que determinadas

mutações genéticas descritas em outros países também possam estar associadas com

hemocromatose hereditária no Brasil.

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6 – Relação de procedimentos alternativos que possam ser vantajosos, pelos quais o

paciente pode optar: Não há.

7 – Garantia de acesso: em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos profissionais

responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. O principal

investigador é o Dr Alfredo Mendrone Júnior que pode ser encontrado no endereço: Av

Dr Enéas de Carvalho Aguiar 155, 1º andar, Telefone 3061-5544 r:343. Se você tiver

alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o

Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) – Rua Ovídio Pires de Campos, 225 – 5º andar – tel:

3069-6442 ramais 16, 17, 18 ou 20, FAX: 3069-6442 ramal 26 – E-mail:

[email protected]

8 – É garantido à você, a liberdade da retirada de consentimento a qualquer

momento e de deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo à continuidade de

seu tratamento na Instituição.

09 – Direito de confidencialidade – As informações obtidas serão analisadas em

conjunto com outros pacientes. Não será divulgada a identificação de nenhum paciente;

10 – É garantido à você o direito de se manter atualizado sobre os resultados

parciais da pesquisa ;

11 – Despesas e compensações: não há despesas pessoais para o participante em

qualquer fase do estudo, incluindo exames e consultas. Também não há compensação

financeira relacionada à sua participação;

12 – Em caso de dano pessoal, diretamente causado pelos procedimentos relacionados

com o projeto de pesquisa (desde que com nexo causal comprovado), o participante terá

direito a tratamento médico nesta Instituição.

Fui suficientemente informado a respeito das informações que li ou que foram lidas para mim,

descrevendo o estudo ” AVALIAÇÃO DO GENE SLC40A1 EM PACIENTES COM

HEMOCROMATOSE HEREDITÁRIA NÃO ASSOCIADA À MUTAÇÕES DO GENE HFE

(NÃO-HFE)”. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a

serem realizados, seu desconforto e riscos, as garantias de confidencialidade e de

esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de

despesas e que tenho garantia de acesso a tratamento hospitalar quando necessário.

Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a

qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo ou perda de

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100

qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no meu atendimento neste Serviço. Autorizo

que a amostra de sangue coletada para esta pesquisa seja utilizada em pesquisas futuras

sobre novas mutações genéticas relacionadas com minha doença.

-------------------------------------------------

Assinatura do paciente/representante legal Data / /

-------------------------------------------------------------------------

Assinatura da testemunha Data / /

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e

Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participação neste

estudo.

-------------------------------------------------------------------------

Assinatura do responsável pelo estudo Data / /

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................16 1.1 Hemocromatose ...............................................................................................16 1.2 Histórico da Hemocromatose ............................................................................17 1.3 Epidemiologia ...................................................................................................20 1.4 Proteínas que Regulam o Metabolismo do Ferro ..............................................22 1.4.1 HFE (Human Hemochromatosis Protein) .......................................................22 1.4.2 Hemojuvelina (HJV) .......................................................................................23 1.4.3 Hepcidina .......................................................................................................24 1.4.4 Receptor 1 da Transferrina (TfR1 = Transferrin Receptor 1) ..........................25 1.4.5 Receptor 2 da Transferrina (TfR2 = Transferrin Receptor 2) ..........................26 1.4.6 Ferroportina (FPN) .........................................................................................27 1.5 Metabolismo do Ferro .......................................................................................29 1.5.1 Absorção de Ferro .........................................................................................29 1.5.2 Transporte do Ferro .......................................................................................33 1.5.3 Estoque de Ferro ...........................................................................................34 1.6 Patogenia .........................................................................................................35 1.6.1 Sobrecarga de ferro .......................................................................................35 1.7 Hemocromatose Hereditária (HH) .....................................................................38 1.7.1 Hemocromatose Hereditária HFE ..................................................................40 1.7.2 Hemocromatose Hereditária Não-HFE ...........................................................41 1.8 Hemocromatose Adquirida (Secundária) ..........................................................42 2 DESENVOLVIMENTO .........................................................................................44 2.1 OBJETIVOS......................................................................................................44 2.2. CASUÍSITICA E MÉTODOS ............................................................................45 2.2.1 Casuística ......................................................................................................45 2.2.2 Métodos .........................................................................................................45 2.2.2.1 Extração do DNA ........................................................................................45 2.2.2.2 Amplificação do DNA ..................................................................................46 2.2.2.2.1 Gene HFE ................................................................................................46 2.2.2.3 Digestão do DNA amplificado com enzima de restrição ..............................47 2.2.2.4 PCR para amplificação do gene SLC40A1 ..................................................48 2.2.2.5 Purificação das Amostras de PCR para Reação de Sequenciamento .........50 2.2.2.6 Reação de Sequenciamento .......................................................................50 2.2.2.7 Genotipagem ..............................................................................................50 2.2.2.8 Método estatístico .......................................................................................51 2.3 RESULTADOS ................................................................................................52 2.3.1 Descrições dos Casos de Pacientes com Hemocromatose Hereditária e Adquirida (secundária) ............................................................................................52 2.3.2 Descrição do Caso de Mutação no Gene SLC40A1 no paciente com Hemocromatose Hereditária ...................................................................................66 2.3.3 Descrições dos Casos de Polimosfismo no Gene SLC40A1 ..........................69 2.3.4 Descrições dos Casos de Mutação C282Y no Gene HFE e polimorfismo no gene SLC40A1 nos pacientes com Hemocromatose Hereditária .......................69 2.4 DISCUSSÃO.....................................................................................................73 3 CONCLUSÕES ....................................................................................................85 REFERÊNCIAS ......................................................................................................86 ANEXOS ................................................................................................................93