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Facebook: ProfessorJoseAras www.cursocejus.com.br 6º SIMULADO® DIREITO ADMINISTRATIVO Segunda Fase Prof. José Aras® Questão simulada (adaptação da prova cobrada em Direito Constitucional prova FGV VIII Exame de Ordem Unificado) Enunciado. O Banco X (empresa pública do Estado Y) realiza a contratação direta de uma empresa de informática - a Empresa W - para atualizar os sistemas do banco, com base na Lei Estadual 1.234, que exclui, para aquela hipótese, a Lei 8.666/93. O caso vem a público após a revelação na imprensa de que a empresa contratada pertence ao filho do presidente do banco e nunca prestou tal serviço antes. Além disso, o valor pago (milhões de reais) estava muito acima do preço de mercado do serviço em outras empresas. José, cidadão local, ajuíza ação popular em face do Estado Y; Banco X; do Presidente do banco X e da empresa W perante o Juízo competente da capital do Estado Y, em que pleiteia a declaração de invalidade do ato de contratação e o pagamento das perdas e danos, ao fundamento de violação ao art. 37, XXI da CF e a diversos princípios constitucionais. José argumentou também a invalidade da Lei Estadual 1.234 em face da obrigatoriedade de licitar imposta pela Lei Federal 8.666/93. O Juízo competente, entretanto, julgou improcedente o pedido formulado por José, afirmando ser válida a lei estadual que autoriza a contratação direta, sem licitação, pelas entidades de direito privado da Administração Pública, analisada em face da lei federal, não considerando violados os princípios constitucionais invocados, nem mesmo o art. 37, XXI, da CRFB. José interpõe o recurso cabível, ao qual se negou provimento, por unanimidade, pelo mesmo fundamento levantado na sentença. Dez dias após a publicação da decisão que rejeitou os seus embargos declaratórios também opostos por José, este te procura para assumir a causa e ajuizar a medida adequada. Na qualidade de advogado, elabore a peça cabível, observando todos os requisitos formais e a fundamentação pertinente ao tema. (Limite: 150 linhas)

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6º SIMULADO®

DIREITO ADMINISTRATIVO

Segunda Fase – Prof. José Aras®

Questão simulada (adaptação da prova cobrada em Direito Constitucional –

prova FGV – VIII Exame de Ordem Unificado)

Enunciado. O Banco X (empresa pública do Estado Y) realiza a contratação direta de uma empresa de informática - a Empresa W - para atualizar os sistemas do banco, com base na Lei Estadual 1.234, que exclui, para aquela hipótese, a Lei 8.666/93. O caso vem a público após a revelação na imprensa de que a empresa contratada pertence ao filho do presidente do banco e nunca prestou tal serviço antes. Além disso, o valor pago (milhões de reais) estava muito acima do preço de mercado do serviço em outras empresas. José, cidadão local, ajuíza ação popular em face do Estado Y; Banco X; do Presidente do banco X e da empresa W perante o Juízo competente da capital do Estado Y, em que pleiteia a declaração de invalidade do ato de contratação e o pagamento das perdas e danos, ao fundamento de violação ao art. 37, XXI da CF e a diversos princípios constitucionais. José argumentou também a invalidade da Lei Estadual 1.234 em face da obrigatoriedade de licitar imposta pela Lei Federal 8.666/93. O Juízo competente, entretanto, julgou improcedente o pedido formulado por José, afirmando ser válida a lei estadual que autoriza a contratação direta, sem licitação, pelas entidades de direito privado da Administração Pública, analisada em face da lei federal, não considerando violados os princípios constitucionais invocados, nem mesmo o art. 37, XXI, da CRFB. José interpõe o recurso cabível, ao qual se negou provimento, por unanimidade, pelo mesmo fundamento levantado na sentença. Dez dias após a publicação da decisão que rejeitou os seus embargos declaratórios também opostos por José, este te procura para assumir a causa e ajuizar a medida adequada. Na qualidade de advogado, elabore a peça cabível, observando todos os requisitos formais e a fundamentação pertinente ao tema. (Limite: 150 linhas)

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ESPELHO DE CORREÇÃO

1. Competência: petição de endereçamento ao Presidente do Tribunal de Justiça do Estado Y – 0,25 2. Razões recursais dirigidas ao Supremo Tribunal Federal – folha de rosto – 0,25 3. Qualificação das partes: 3.1. Recorrente José – 0,25 3.2. Recorridos: Estado Y; banco X; Presidente; empresa W – 0,25 4. Demonstração do cabimento: 4.1. Recurso Extraordinário interposto com fundamento na alínea “a” do art. 102 da CRFB – 0,25 4.2. Recurso Extraordinário interposto com fundamento na alínea “d” do art. 102 da CRFB – 0,25 5. Prequestionamento: demonstração de que a matéria foi efetivamente discutida nas instâncias ordinárias – 0,50 6. Repercussão geral – 0,50 7. Fundamento 7.1.: O Art. 37, XXI, da CRFB determina a regra da licitação, o que não foi observado no caso – 0,50 7.2.: A Lei n. 1.234, do Estado Y, desbordou dos limites da competência do Estado, e, portanto, é inválida, uma vez que compete privativamente à União legislar sobre normas gerais de licitação e contratação (art. 22, XXVII da CRFB) e tal competência foi exercida por meio da edição da Lei n. 8.666/93) – 0,50 7.3.: A conduta impugnada viola o princípio da moralidade, segundo Art. 37, caput, da CRFB – 0,50 7.4.: A conduta impugnada viola o princípio da Impessoalidade, segundo Art. 37, caput, da CRFB – 0,50 8. Pedidos 8.1. Conhecido e provido o recurso, para reformar a decisão recorrida - 0,15 8.2. Requerer a invalidade/nulidade da Lei n. 1234, do Estado X – 0,10 8.3. Requerer a invalidade/nulidade do ato de contratação e condenação dos recorridos ao pagamento das perdas e danos - 0,25

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MODELO (PADRÃO DE RESPOSTA) ®

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO Y.

Processo nº...

(10 linhas)

JOSÉ, estado civil, profissão, domicílio e residência, RG e CPF, título

eleitoral..., por seu advogado, procuração em anexo, com escritório na...., vem

perante Vossa Excelência, com fulcro nos arts. 541 e ss. do CPC, c/c art. 102, III,

alíneas “a” e “d”, da CRFB, interpor RECURSO EXTRAORDINÁRIO, contra o v.

acórdão proferido nos autos do processo em que litiga com ESTADO Y, pessoa

jurídica de direito público interno, com sede na..., CNPJ; BANCO X, pessoa jurídica de

direito privado, com sede na..., CNPJ...; Nome, prenome, estado civil, domicílio e

residência, RG e CPF..., e com a EMPRESA W, pessoa jurídica de direito privado,

com sede na..., CNPJ..., ante as razões em anexo, requerendo a Vossa Excelência

que faça-o subir à instância Superior, para que seja reformado o acórdão.

Requer a juntada do preparo.

Requer a ciência dos recorridos para responderem.

Pede deferimento.

Local..., Data...

Advogado..., OAB...

(OUTRA PÁGINA)

COLENDO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

RAZÕES DO RECURSO

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DO CABIMENTO

Registra o cabimento do presente recurso contra o acórdão proferido pelo

Tribunal de Justiça do Estado Y, com fulcro no art. 541, do CPC, c/c Art. 102, III, “a” e

“d”, da CRFB, “literis”:

“Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal precipuamente a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

...

III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:

a) contrariar dispositivo desta Constituição;

...

d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal”

DO PREQUESTIONAMENTO Registra o Recorrente que a matéria objeto do presente recurso foi

efetivamente discutida nas instâncias ordinárias, não apenas pela efetiva

manifestação do Tribunal de origem, como, ainda, pela oposição de embargos de

declaração.

DA REPERCUSSÃO GERAL

Registra, ainda, a presença de recursão geral no presente feito em razão da

existência de questões de interesse econômico e jurídico que ultrapassam os

interesses subjetivos da causa, tendo em vista o prejuízo ao Erário e à moralidade

administrativa em razão da contratação de empresa sem licitação.

DOS FATOS

O Banco X (empresa pública do Estado Y) realizou a contratação direta de uma

empresa de informática - a Empresa W - para atualizar os sistemas do banco, com

base na Lei Estadual 1.234, que exclui, para aquela hipótese, a Lei 8.666/93.

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O caso veio a público após a revelação na imprensa de que a empresa

contratada pertence ao filho do presidente do banco e nunca prestou tal serviço antes.

Além disso, o valor pago (milhões de reais) estava muito acima do preço de mercado

do serviço em outras empresas.

O Recorrente então propôs ação popular em face dos Recorridos pleiteando a

declaração de invalidade do ato de contratação e o pagamento das perdas e danos,

ao fundamento de violação ao art. 37, XXI da CF e a diversos princípios

constitucionais, assim como a invalidade da Lei Estadual 1.234 em face da

obrigatoriedade de licitar imposta pela Lei Federal 8.666/93.

O Juízo competente, entretanto, julgou improcedente o pedido formulado pelo

Recorrente, afirmando ser válida a lei estadual que autoriza a contratação direta, sem

licitação, pelas entidades de direito privado da Administração Pública, analisada em

face da lei federal, não considerando violados os princípios constitucionais invocados,

nem mesmo o art. 37, XXI, da CRFB.

Ocorre que se negou provimento ao recurso de apelação interposto por José,

pelo mesmo fundamento levantado na sentença.

Merece reforma o acórdão recorrido, conforme se verá a seguir.

DO DIREITO

O ordenamento jurídico pátrio estabelece que as contratações de obras e

serviços devem ser precedidas de processo de licitação, conforme se vê do art. 37,

XXI, da CRFB.

Essa regra, entretanto, não foi observada no caso dos autos, na medida em

que não se obedeceu a processo de licitação para a contratação da Empresa W,

restando patente a nulidade do contrato firmado com o Banco X, já que não se

configurou na hipótese situação de contratação direta.

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Por sua vez, a Lei n. 1.234, do Estado Y, desbordou dos limites da competência

do Estado, sendo, portanto, inválida, uma vez que compete privativamente à União

legislar sobre normas gerais de licitação e contratação (art. 22, XXVII da CRFB) e tal

competência foi exercida por meio da edição da Lei n. 8.666/93.

Resta patente, ainda, que a contratação sem licitação de uma empresa sem

experiência na área e por um preço muito acima do valor de mercado viola o princípio

da moralidade, conforme dispõe o art. 37, caput, da CRFB, “literis”:

“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos

Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios

obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,

publicidade e eficiência...”

E ainda resta configurada na hipótese em tela a violação ao princípio da

Impessoalidade, igualmente previsto na norma acima transcrita, uma vez que com

empresa contratada é de titularidade do filho do presidente do Banco X, não se

atendendo, portanto ao interesse público.

De tudo se extrai que merece reforma a decisão colegiada, na medida em que

deixou de considerar todas essas ilegalidade praticadas contra o erário e à moralidade

administrativa.

DOS PEDIDOS

Em face do exposto, requer a Vossa Excelência que seja conhecido e provido o

recurso, desconstituindo e reformando o acórdão recorrido e proferindo nova decisão

para declarar a invalidade da Lei n. 1234, do Estado X, assim como do contrato

firmado sem licitação, condenando os recorridos ao pagamento das perdas e danos.

Requer a inversão dos ônus da sucumbência.

Pede deferimento. Local..., Data..., Advogado..., OAB...