3 maneiras de dizer nao à cultura do estupro

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  • 8/16/2019 3 Maneiras de Dizer NAO à Cultura Do Estupro

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    O que é a cultura do estupro?

    3 maneirasde dizer

    NÃO

    à cultura doestupro

    Senhorinha Gervásio

     Acrílica sobre colagem de jornal- Senhorinha - 1999

  • 8/16/2019 3 Maneiras de Dizer NAO à Cultura Do Estupro

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    A cultura do estupro se caracteriza pela busca demotivos que justique ou pelo menos explique aatitude do estuprador, direcionando-os à vítima. No m das contas a vítima é a culpada! Essa for-ma de pensar, irreetidamente, procura isentar oestuprador daquilo que é a essência do ser huma-no, ou seja, o direito de escolher o que fazer e odever de se responsabilizar por suas escolhas. Étratar o homem como um animal que não tem con-trole dos seus desejos, podendo por causa dissoagir de acordo com sua visão com base no seu ins-tinto sexual incontrolado. Sendo assim, não podever uma mulher que tenha um andar, que para ele, pareça provocador, e que use uma vestimenta, que para ele, seja sensual. Basta ver uma assim e já sesente dono dela.Muitos há que carecendo de uma reexão mais profunda, acalentam a cultura do estupro dizendo palavras enfraquecedoras diante de uma situaçãode abuso sexual:- foi estuprada? Também pudera, vejam seu andar

     provocante! Suas roupas minúsculas! E outras fra-ses parecidas.Expressões como estas denunciam o machismocom que estão impregnados nossos conceitos emrelação ao gênero. Expressões como estas são jus-ticativas que trazem em si a força de exclusãoda responsabilidade do homem diante dos seusdesejos e do comportamento que eles provocam.Expressões como estas minimizam o crime dealguns, induzindo a sociedade a pensar que setodas as mulheres se vestirem de forma recatadae mudarem seu jeito sensual de andar deixarão de

     provocar os homens, diminuindo assim o núme-ro de estupros. Sejamos inteligentes! Paremos de proteger os estupradores e paremos de culpar asvitimas! Os estupradores são estupradores não porcausa das vítimas, e sim por causa deles mesmos.Porque não respeitam o limite de sua liberdade emrelação à liberdade de quem ele deseja. Se assimnão fosse não haveria estupros de menininhas re-catadas no seio de seus familiares! Não haveriaestupros de meninas e adolescentes pelos seusirmãos mais velhos, pelos seus tios, e outros fa-miliares. Se continuarmos com a cultura do estu- pro, defendendo o estuprador e culpando a mulhercomo sendo a provocadora o que faremos em rela-ção às vítimas que são crianças? São elas tambémque provocam?Se a vestimenta provocante e a forma sinuosa doandar de uma mulher, servir de justicativa paradefesa do estuprador, como justicaremos os estu- pros que acontecem em países em que as mulhe-res se cobrem da cabeça aos pés, deixando apenasa região dos olhos descoberta? Os estupradoresda Arábia Saudita são provocados pelos olhos de

    suas vitimas? Porque para quem não sabe estuprosacontecem aos montes na Arábia Saudita. E lá asmulheres não andam com roupas provocantes. Não saem às ruas desacompanhadas. Mas aindaassim são estupradas e se consequentementeengravidam são mortas por apedrejamento

    Acrilica sobre jornal

    A cultura do estupro se caracteriza pela busca de motivos que justifique ou pelo menos explique a atitude do estuprador,

    direcionando-os à vítima. No fim das contas a vítima é aculpada!

    Essa forma de pensar, irrefletidamente, procura isentar oestuprador daquilo que é a essência do ser humano, ou seja, odireito de escolher o que fazer e o dever de se responsabilizar porsuas escolhas. É tratar o homem como um animal que não temcontrole dos seus desejos, podendo por causa disso agir deacordo com sua visão com base no seu instinto sexualincontrolado. Sendo assim, não pode ver uma mulher que tenhaum andar, que para ele, pareça provocante e que use uma vestimenta, que para ele, pareça sensual. Basta ver uma assim e

     já se sente dono dela.

    Muitos há que carecendo de uma reflexão mais profunda,acalentam a cultura do estupro dizendo palavras enfraquecedo-ras diante de uma situação de abuso sexual:

    - foi estuprada? Também pudera, vejam como anda! Suas roupassão minúsculas! E outras frases parecidas.

    Expressões como estas denunciam o machismo com que estãoimpregnados nossos conceitos. Expressões como estas são

     justificativas que trazem em si a força de exclusão daresponsabilidade do homem diante dos seus desejos e docomportamento que eles provocam. Expressões como estasminimizam o crime de alguns, induzindo a sociedade a pensarque se todas as mulheres se vestirem de forma recatada emudarem seu jeito “sensual” de andar deixarão de provocaros homens, diminuindo assim o número de estupros. Sejamosinteligentes! Paremos de proteger os estupradores e paremos deculpar as vitimas! Os estupradores são estupradores não porcausa das vítimas, e sim por causa deles mesmos. Porque nãorespeitam o limite de sua liberdade em relação à liberdade dequem eles desejam. Se assim não fosse não haveria estupros de

    menininhas recatadas no seio de seus familiares! Não haveriaestupros de meninas e adolescentes pelos seus irmãos mais velhos, pelos seus tios, vizinhos e outros... Se continuarmos coma cultura do estupro, culpando a vítima o que faremos em rela-ção as que são crianças? São elas também que provocam?

    Se a vestimenta provocante e a forma sinuosa do andar de umamulher, servir de justificativa para defesa do estuprador, como justificaremos os estupros que acontecem em países em que asmulheres se cobrem da cabeça aos pés, deixando apenas aregião dos olhos descoberta? Os estupradores da Arábia Sauditasão provocados pelos olhos de suas vitimas? Porque para quemnão sabe estupros acontecem aos montes na Arábia Saudita. E láas mulheres não andam com roupas provocantes. Não saem àsruas desacompanhadas. Mas ainda assim são estupradas e se

    consequentemente engravidam são mortas por apedrejamentoenquanto o seu algoz ou algozes continuam livres, justificadospelo conceito que os homens têm das mulheres. O conceito deque são como objetos de uma casa que podem usar comodesejarem.

      A propósito, a nova descoberta científica na Arábia Saudita é ade que a mulher teve uma grande ascenção na hierarquia de valores. Saiu da categoria de cama e mesa para a categoria deum animal como camelo, ou cabra... Os “grandes sábios”chegaram à conclusão de que as mulheres são seres mamíferos,mas não humanas. A matéria completa com o título: Cientistas

    muçulmanos chegam a conclusão de que a mulher é ummamífero, mas não é humana está no site Islamismo no Brasil.

    A você que chegou até esta parte do texto apresento pelo menostrês maneiras de dizer NÃO à cultura do estupro. Você podeacrescentar outras:

    1. Reflita sobre sua forma de enxergar a realidade.Responsabilizar a vítima é desmerecer a capacidade do homemde controlar seus desejos, fazer suas escolhas e se responsabi-lizar por elas. É reduzi-lo a um animal que age de acordo comseus instintos; mais ainda, responsabilizar a vítima é inverter a

    moeda justiça/misericórdia, declarando misericórdia a quemprecisa de justiça.

    2. contribua com a educação das crianças, ensinando-lhes,à medida do possível, os valores do caráter para que tenhamosuma nova geração que saiba o que é respeito humano;

    3. caso esteja livre do paradigma da culpabilidade da vítima,ou seja, da cultura do estupro. Opine nas conversas com amigos.Argumente. Ajude-os a refletir. Ajude-os a também dizeremNÃO à cultura do estupro, para que vivamos em um mundo

    mais livre, menos opressor.

     Acrílica sobre jornal- Senhorinha - 1999

     Acrílica sobre jornal- Senhorinha - 1999