2º aulão do crimideia vídeoaulas

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QUESTÕES RACIAIS NO BRASIL GUGA VALENTE JOÃO GABRIEL CONSUELO HOLANDA EUGÊNIA FRAIETTA 24 de abril de 2016 15h 19h AUDITÓRIO DO COLÉGIO PLANETA AULÃO DO REDAÇÃO FILOSOFIA e SOCIOLOGIA ARTES LITERATURA

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************2º AULÃO DO CRIMIDEIA (vídeoaulas)************** DATA: 24 de abril das 15 às 19 horas* LOCAL: Colégio Planeta - Araguaia Shopping* VALOR: R$ 30*INGRESSOS: (62) 85943201 whatsapp----- Professores(as):Guga Valente (Redação)João Gabriel (Sociologia e Filosofia)--convidadas:Consuelo Holanda (Artes)Eugênia Fraietta (Literatura)

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QUESTÕES RACIAIS NO BRASIL

GUGA VALENTE JOÃO GABRIEL CONSUELO HOLANDA EUGÊNIA FRAIETTA

24 de abril de 2016 – 15h – 19h – AUDITÓRIO DO COLÉGIO PLANETA

AULÃO DO

REDAÇÃO FILOSOFIA e SOCIOLOGIA ARTES LITERATURA

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Page 3: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

No romance distópico 1984 de George Orwell, o governo tenta controlar não apenas as falas e

ações, mas também os pensamentos de seus cidadãos,

rotulando os pensamentos desaprovados pelo termo crime de

pensamento ou, em novilíngua, "pensar criminoso“ também

traduzido como crimideia.

"o poder de manter duas crenças contraditórias na mente ao mesmo tempo(...)

Page 4: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

TEMÁTICAS DO CANAL:CIÊNCIAS HUMANAS + LINGUAGENS, CÓDIGOS

• Aula 1 - O Contratualismo em Rousseau

• Aula 2 - Como introduzir textos dissertativos

• Aula 3 - Realismo político em Maquiavel

• Aula 4 - O Espírito das Leis em Montesquieu

• Aula 5 - A relação entre passado, presente e futuro em Nietzsche

• Aula 6 - Os 25 anos do E.C.A. (Estatuto da Criança e do Adolescente)

• Aula 7 - "Apologia de Sócrates" Platão

• Aula 8 - Proposta de Intervenção Social

• Aula 9 - O Esclarecimento em Immanuel Kant

• Aula 10 - Movimentos Sociais (part. especial prof. Rocha)

• Aula 11 - Redução da maioridade penal

• Aula 12 - Direitos Humanos e Redação

• Aula 13 - Especial 1º Aulão do Crimideia (18 de outubro de 2015)

• Aula 14: Sociologia Clássica - Émile Durkheim

• Aula 15: Feminismo (Part. especial profa. Marcela Coimbra)

• Aula 16 - Sociologia Clássica - Max Weber(Crimideia vídeoaulas)

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Page 6: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

FAÇA SEU PEDIDO

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Page 7: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

PARABENIZAMOS OS VERDADEIROS “CRIMINOSOS DO PENSAMENTO” DA EDUCAÇÃO GOIANA!

Page 8: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

RACISMO E SOCIOBIOLOGIA

PARTE 1 – SOCIOLOGIA E FILOSOFIA –

PROF. JOÃO GABRIEL

Page 9: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

PARTE 1 – SOCIOLOGIA E FILOSOFIA –

PROF. JOÃO GABRIEL

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Em relação ao estupro das mulheres negrasescravizadas:Torres: É só ler Gilberto Freire. Querem dar a impressão queno Brasil as negras foram estupradas e a miscigenação se deude forma violenta. A integração da casa grande e da senzala,ainda que com dominação, foi muito mais consensual do quegostaria o movimento negro. Hoje o movimento negro temumas pessoas que são odiadas. Gilberto Freire é uma delas.Darcy Ribeiro é outro, dizem que ele é o pirata daantropologia. O Jorge Amado, falam que abate moralmente onegro. Encontraram racismo até na obra "O Lavrador de Café"do Portinari porque coloca o pé do negro muito proeminente.

Rapper Emicida critica racismo no Brasil: "Táxi não para, mas viatura para"

PARTE 1 – SOCIOLOGIA E FILOSOFIA –

PROF. JOÃO GABRIEL

Page 12: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

“Se na cabeça de um geneticista

contemporâneo ou de um

biólogo molecular a raça não

existe, no imaginário e na

representação dos coletivos de

diversas populações

contemporâneas, existem ainda

raças fictícias e outras

construídas a partir das

diferenças fenotípicas como a

cor da pele e outros critérios

morfológicos. É a partir dessas

raças fictícias ou “raças sociais”

que se reproduzem e se mantêm

os racismos populares.”

Kabengele Munanga

(congolês e prof. da

USP)

QUAL A IMPORTÂNCIA EM DISCUTIR SOCIOLOGIA E BIOLOGIA RELACIONADA

AO RACISMO?

Michel Foucault: SABER É PODER!

Cientificismo do século XIX como

PARADIGMA de verdade irrefutável.

PARTE 1 – SOCIOLOGIA E FILOSOFIA –

PROF. JOÃO GABRIEL

Page 13: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

Eugenia é um termo criado em 1883 por Francis Galton (1822-1911), significando

"bem nascido". Galton definiu eugenia como "o estudo dos agentes sob o controle

social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras

gerações seja física ou mentalmente".

R

A

C

I

S

M

O

ESTEREÓTIPO ÉTNICO

(CARIMBO)

PRECONCEITO RACIAL

(INDISPOSIÇÃO)

DISCRIMINAÇÃO RACIAL

(RECUSA)

PARTE 1 – SOCIOLOGIA E FILOSOFIA –

PROF. JOÃO GABRIEL

Page 14: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

Principais Escolas Raciais do

século XIX

1- Escola Etnológica-Biológica;

2- Escola Histórica;

3- Darwinismo social.

PARTE 1 – SOCIOLOGIA E FILOSOFIA –

PROF. JOÃO GABRIEL

Page 15: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

1 - Escola Etnológica-BiológicaSistematizou sua formulação filosófica nos E.U.A nas décadas de 1840/1850;

Criação de raças humanas através das mutações diferentes das espécies. poligenia;

Base do argumento: a pretendida inferioridade das raças – negra e índia – podia ser correlacionada com suas

diferenças físicas em relação aos brancos. Tais diferenças eram resultado direto da sua criação como espécies

distintas;

Teoria poligenista da esterilidade do mulato: defendiam, usando a zoologia, que todo animal produzido por união

de pais de espécies diferentes nascia incapaz de procriar.

Louis Agassiz (1807-1873)

• Esteve no Brasil em 1865 numaexpedição científica e concluiu queos males da nação eramconseqüência da mistura de raças;

• Teoria Poligenista;

• Relacionava clima e raça;

Page 16: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

2 - Escola HistóricaIdeia básica: partiam da suposição de que raças humanas, as mais diversas, podiam ser diferençadas umas das

outras com a branca predominantemente e inerentemente superior a todas;

Arthur de Gobineau (1816-1882) • No Brasil: “uma população toda mulata, com sangue

viciado, espírito viciado e feia de meter medo.”

• O Brasil não tinha futuro, país marcado pela presença de

raças que julgava inferiores. A mistura racial daria origem

a mestiços e pardos degenerados e estéreis. Esta

característica Esta característica já teria selado a sorte do

país: a degeneração levaria ao desaparecimento da

população.

• “Nenhum brasileiro é de sangue puro; as combinações

dos casamentos entre brancos, indígenas e negros

multiplicaram-se a tal ponto que os matizes da carnação

são inúmeros, e tudo isso produziu, nas classes baixas e

nas altas, uma degenerescência do mais triste aspecto.”

• “Todo mundo é feio aqui, mas incrivelmente feio: como

macacos.”

Page 17: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

Houston Stewart Chamberlain (1855-1927)

• Agregou à abordagem histórica do racismo o culto do

arianismo;

• A teoria de que o ariano tinha atingido o mais alto grau de

civilização e estava destinado, deterministicamente, pela

natureza e pela história, a ganhar o crescente controle do

mundo;

• Após a guerra Franco-Prussiana (1870/71) o arianismo se

torna um dogma na Alemanha.

PARTE 1 – SOCIOLOGIA E FILOSOFIA –

PROF. JOÃO GABRIEL

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Cesare Lombroso – (1835-1909)

• 1876 publica L’Uomo Delinquente;

• Antropologia criminal: possibilidade

de descobrir o criminoso antes que

cometesse o crime;

• Visitava escolas observando as

crianças à procura de prováveis

criminosos.

“ O fenótipo passa a ser entendido como o espelho d’alma”.

Antropologia Criminal e Medicina Legal

PARTE 1 – SOCIOLOGIA E FILOSOFIA –

PROF. JOÃO GABRIEL

Page 19: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

• 1889 -1914: Classes dominantes/ intelectuais aceitam a

ideologia do branqueamento;

Tese do Branqueamento:

(1) Baseava-se na presunção da superioridade branca;

(2) A população negra diminuía progressivamente com relação à

branca;

(3) Miscigenação produzia “ naturalmente uma população mais

clara, imigração reforçaria o ideal racial dominante;

Cruzamento de raças Cruzamento de raças População “evoluída”

PARTE 1 – SOCIOLOGIA E FILOSOFIA –

PROF. JOÃO GABRIEL

Page 20: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

“Abre o Brasil para todas as pessoas válidas e

capazes para o trabalho, desde que não

estivessem sob processo criminal em seus

países de origem, “com exceção dos africanos

e asiáticos”.

(Decretos do Governo Provisório, 6 fascículo.,

Rio de Janeiro, 1890).

PARTE 1 – SOCIOLOGIA E FILOSOFIA –

PROF. JOÃO GABRIEL

Fonte: O Espetáculo das Raças: Cientistas, Instituições e Questão Racial no Brasil

– Lilia Schwarcz.

Page 21: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

I Congresso Mundial dasRaças/Paris – 1911: João Batistade Lacerda(médico/antropólogo): “Em 2010não haverá negros no Brasil”,ministrou o 1º curso deantropologia no Brasil (1877) –calcado em anatomia humana

Silvio Romero:mestiçagem comodiluição do fatornegativo, o negro

Francisco José de OliveiraViana foi um professor, jurista,historiador e sociólogo brasileiromembro da Academia Brasileirade Letras.

O entusiasmo generalizadocausado por uma conferênciarealizada por Renato Kehl naAssociação Cristã de Moçosde São Paulo impulsionou afundação da SociedadeEugênica de São Paulo(Sesp), em 1918.

Page 22: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

No Brasil, Lombroso teve

significativa influência na obra de

Nina Rodrigues.

Nina Rodrigues

Nina Rodrigues foi um dos introdutores da antropologia

criminal, da antropometria e da frenologia no país.

Em 1899 publicou Mestiçagem, Degenerescência e

Crime, procurando provar suas teses sobre a

degenerescência e as tendências ao crime

dos negros e mestiços. Os demais títulos publicados

também não deixam dúvidas sobre seus objetivos:

"Antropologia patológica: os mestiços", "Degenerescência

física e mental entre os mestiços nas terras quentes".

Para ele, negros e os mestiços se constituíam na causa

da inferioridade do Brasil.Nina Rodrigues (Faculdade deMedicina da UFBA): mestiçagemenfraquece a raça

Page 23: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

Antropometria e craniometria

PARTE 1 – SOCIOLOGIA E FILOSOFIA –

PROF. JOÃO GABRIEL

Page 24: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

Monteiro Lobato (1882 – 1948)

PARTE 1 – SOCIOLOGIA E FILOSOFIA –

PROF. JOÃO GABRIEL

No livro Caçadas de Pedrinho, que

contém trechos como este: “Tia

Nastácia, esquecida dos seus

numerosos reumatismos, trepou que

nem uma macaca de carvão pelo

mastro de São Pedro acima, com tal

agilidade que parecia nunca ter feito

outra coisa na vida...”; ou este outro:

“Não vai escapar ninguém, nem tia

Nastácia, que tem carne preta”.

Page 25: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

• Em 1903 afirmava que o Brasil era “filho de pais inferiores...dandocomo resultado um tipo imprestável, incapaz de continuar a sedesenvolver sem o concurso vivificador do sangue dalguma raçaoriginal...”;

• Em 1908 afirmava que: “Num desfile, à tarde...perpassam todas asdegenerescências, todas as formas e má-formas humanas – todasmenos a normal...Como consertar essa gente? Que problemasterríveis o pobre negro da África nos criou aqui, na sua inconscientevingança! Talvez a salvação venha de São Paulo e outras zonas queintensamente se injetam de sangue europeu. Os americanossalvaram-se da mestiçagem com a barreira do preconceito racial.Temos também aqui essa barreira, mas só em certas classes e certaszonas. No Rio não existe.”

PARTE 1 – SOCIOLOGIA E FILOSOFIA –

PROF. JOÃO GABRIEL

Page 26: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

País de mestiços, onde branco não tem força para organizar uma Kux-Klan (sic), é

país perdido para altos destinos. [...] Um dia se fará justiça ao Ku-Klux-Klan;

tivéssemos aí uma defesa desta ordem, que mantém o negro em seu lugar, e

estaríamos hoje livres da peste da imprensa carioca — mulatinho fazendo jogo do

galego, e sempre demolidor porque a mestiçagem do negro destrói a capacidade

construtiva. (Carta a Arthur Neiva de 10 de abril de 1928.)

Meu romance não encontra editor. [...]. Acham-no ofensivo à dignidade americana.

[...] Errei vindo cá tão verde. Devia ter vindo no tempo em que eles linchavam os

negros.

(Carta ao escritor Godofredo Rangel, sobre o romance O choque das raças ou o

presidente negro, que Lobato pretendia publicar nos Estados Unidos. O livro

relata um embate racial com a vitória final da “superioridade branca”.)

PARTE 1 – SOCIOLOGIA E FILOSOFIA –

PROF. JOÃO GABRIEL

Page 27: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

• Pois cá comigo - disse Emília- só aturo estas histórias como estudos da ignorância e burrice

do povo. Prazer não sinto nenhum. Não são engraçadas, não têm humorismo. Parecem-me

muito grosseiras e até bárbaras - coisa mesmo de negra beiçuda, como Tia Nastácia. Não

gosto, não gosto, e não gosto ! - Bem se vê que é preta e beiçuda ! Não tem a menor

filosofia, esta diaba. Sina é o seu nariz, sabe ? Todos os viventes têm o mesmo direito à vida,

e para mim matar um carneirinho é crime ainda maior do que matar um homem. Facínora ! -

Emília , Emília ! - ralhou Dona Benta. A boneca botou-lhe a língua (Histórias de Tia Nastácia,

1957, p.30).

• — Sim — disse Dona Benta. — Nós não podemos exigir do povo o apuro artístico dos

grandes escritores. O povo... Que é o povo? São essas pobres tias velhas, como

Nastácia, sem cultura nenhuma, que nem ler sabem e que outra coisa não fazem

senão ouvir as histórias de outras criaturas igualmente ignorantes, e passá-las para

outros ouvidos, mais adulteradas ainda.[...] (Fala de D. Benta. Histórias de Tia Nastácia,

1957, p. 23).

Personagens da obra de Lobato:

PARTE 1 – SOCIOLOGIA E FILOSOFIA –

PROF. JOÃO GABRIEL

Page 28: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

• “Pois muito bem. A vaca é tudo isso que acabo de dizer e muito mais. No entanto,

se você comparar a mais suja negra de rua com uma vaca dizendo: ‘você é uma

vaca!’, a negra rompe num escândalo medonho e se estiver armada de revólver,

dá tiro”. (Memórias de Emília);

• Tia Anastácia não sei se vem. Está com vergonha, coitada, por ser preta. – Que

não seja boba e venha – disse Narizinho – eu dou uma explicação ao respeitável

público... – Respeitável público, tenho a honra de apresentar (...) a princesa

Anastácia. Não reparem ser preta. É preta só por fora, e não de nascença. Foi uma

fada que um dia a pretejou, condenando-a a ficar assim até que encontre um certo

anel na barriga de um certo peixe. Então, o encanto quebrar-se-á e ela virará uma

linda princesa loura.” (Reinações de Narizinho).

• - Mais respeito com os velhos, Emília! – advertiu Dona Benta. – Não quero que

trate Nastácia desse modo. Todos aqui sabem que ela é preta só por fora. (Fala de

D. Benta. Histórias de Tia Anastácia).

PARTE 1 – SOCIOLOGIA E FILOSOFIA –

PROF. JOÃO GABRIEL

Page 29: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

-Pois saci, Pedrinho, é uma coisa que branco da cidade nega, diz que não há - mas

há. Não existe negro velho por aí, desses que nascem e morrem no meio do mato,

que não jure ter visto saci. Nunca vi nenhum, mas sei quem viu. - Quem ? - O tio

Barnabé. Fale com ele . Negro sabido está ali ! Entende de todas as feitiçarias , e de

saci , de mula-sem cabeça, de lobisomen - de tudo.

Fala de Anastácia em O Saci, 1956.

“ – Cale a boca! [...] Você só entende de cebolas e alhos e vinagres e toicinhos. Está

claro que não poderia nunca ter visto fada porque elas não aparecem para gente

preta. Eu, se fosse Peter Pan, enganava Wendy dizendo que uma fada morre sempre

que vê uma negra beiçuda...”

Fala de Emília em Memórias de Emília.

PARTE 1 – SOCIOLOGIA E FILOSOFIA –

PROF. JOÃO GABRIEL

Page 30: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

CONCLUSÃO

"O BÁRBARO é, em

primeiro lugar, o

homem que crê na

barbárie.“

Livro: Raça e História (1950)

Claude Lévi-Strauss (1908 – 2009)

antropólogo, professor e filósofo belga. É

considerado fundador da antropologia

estruturalista, em meados da década de 1950, e

um dos grandes intelectuais do século XX

Page 31: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

O NEGRO NA LITERATURA BRASILEIRA DO SÉCULO XIX e XX

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 32: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

• Antes de 1850 (Lei Eusébio de Queiroz – abolição do tráfico negreiro para oBrasil) a figura do negro na literatura brasileira é praticamente inexistente.

• Papel diário do negro na vida urbana e rural X (quase) inexistência derepresentações na literatura > o escrito brasileiro não considerava o escravocomo ser humano digno de ser representado na literatura? Maioria dosescritores dependem do amparo de instituições escravocratas? Escritoressão escravocratas?

• A produção literária brasileira esteve profundamente ligada às ideologia dominantes, que em muitas casos e frequentemente se transformaram em verdadeiros mitos: SUPERIORIDADE DA RAÇA BRANCA, BRANQUEAMENTO POSITIVO, DEMOCRACIA RACIAL...

• Os autores mais conhecidos conceberam seus personagens em função dessas ideologias para um público que não questionava as bases ideológicas dessas produções.

• Relação (quase) orgânica entre jornalismo e literatura: o romance era de certa forma um prolongamento do jornal.

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 33: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

• A LITERATURA ROMÂNTICA empreendeu um projeto depensar e representar a nação, a nacionalidade e ELIMINOUmais da metade da população brasileira – os negros – de suasrepresentações por RAZÕES IDEOLÓGICAS (em função dosmitos da superioridade da raça branca e da civilizaçãoeuropeia), daí os negros não figurarem nesta literatura comonosso antepassados.

• O negro era inconveniente: por serem escravos, representavama barbárie > a escolha conveniente para representar o mitofundador na literatura foi o índio.

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 34: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

A ESCRAVA ISAURA (1875), Bernardo Guimarães• Condena a escravidão e seus efeitos sociais e humanos• Não há interesse pelo legado humano e cultural da

África• A piedade por Isaura é despertada pelo contraste entre

as injustiças que sofre como escrava EMBORAapresente todos os atributos físicos e culturais de umamoça branca de sociedade.

• Isaura ilustra os aspectos positivos do branqueamento,da fusão-diluição do elemento africano > aniquilamentodas referências afro-brasileiras pelo lado materno.

“A relação entre mito e literatura está perfeitamente ilustrado na elaboração desta personagem que no fim do romance casa-se com

um branco de lei, ilustrando assim o processo integração-assimilação-branqueamento.” Jean-Yves Mérian

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 35: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

O MULATO (1881), Aluísio Azevedo

• O romance enreda a dificuldade de Raimundo em seadaptar, se integrar, ser aceito na sociedadeconservadora, neocolonial, provinciana e racista doMaranhão, depois de longo período na Europa.

• Raimundo ignora em boa parte da trama sua origem(resquício romântico) e sua condição: mulato, filhode escrava, forro à pia (batismal).

• Embora seja “mulato” claro e tenha recebidoeducação europeia, impera o estigma damestiçagem.

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 36: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

O CORTIÇO (1890), Aluísio Azevedo

• Relação entre o português Jerônimo(inicialmente pai de família zeloso, trabalhadordedicado e assíduo, sem vícios) e a mulata livre esensual Rita Baiana > abrasileiramento deJerônimo

• A contribuição afro-brasileira é limitada (enefasta) já que é o apelo da raça superior queleva Rita a preferir o branco português ao mulatocapoeirista Firmo, amante anterior.

• O negro é apresentado como animalizado (todosos moradores do cortiço que são, na sua maioria,negros ou mestiços).

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 37: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

“Ele (João Romão) propôs-lhe morarem juntos e ela (Bertoleza) concordou de braços abertos, feliz em meter-se de novo com um português,

porque, como toda a cafuza, Bertoleza não queria sujeitar-se a negros e procurava

instintivamente o homem numa raça superior à sua.”

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 38: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

“— É esta! disse aos soldados que, com um gesto, intimaram a desgraçada a segui-los. — Prendam-na! É escrava minha! A

negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão e com a outra segurando a faca

de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar. Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto e, antes que alguém conseguisse

alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado. E depois embarcou para a frente, rugindo e

esfocinhando moribunda numa lameira de sangue.”

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 39: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

“Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a

palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e

era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe

os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma

centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que

zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.”

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 40: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

“Uma transformação, lenta e profunda, operava-se nele, dia a dia, hora a hora, reviscerando-lhe o corpo e alando-lhe os sentidos, num

trabalho misterioso e surdo de crisálida. A sua energia afrouxava lentamente: fazia-se contemplativo e amoroso. A vida americana e a

natureza do Brasil patenteavam-lhe agora aspectos imprevistos e sedutores que o comoviam; esquecia-se dos seus primitivos sonhos de

ambição; para idealizar felicidades novas, picantes e violentas; tornava-se liberal, imprevidente e franco, mais amigo de gastar que de guardar; adquiria desejos, tomava gosto aos prazeres, e volvia-se preguiçoso resignando-se, vencido, às imposições do sol e do calor,

muralha de fogo com que o espírito eternamente revoltado do último tamóio entrincheirou a pátria contra os conquistadores aventureiros.”

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 41: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

“E o curioso é que quanto mais ia ele caindo nos usos e costumes brasileiros, tanto mais os seus sentidos se apuravam, posto que em

detrimento das suas forças físicas.”

“No Brasil, quero dizer, n'O Cortiço, o mestiço é capitoso, sensual, irrequieto,

fermento de dissolução que justifica todas as transgressões e constitui em face do europeu um perigo e uma tentação.”

Antonio Candido, De cortiço a cortiço

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 42: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

O BOM CRIOULO (1894), Adolfo Caminha

• Ilustra a animalidade do negro por meio da relação homossexual entre Amaro (o bom crioulo, 30 anos, ex-escravo) e Aleixo (louro, olhos azuis, pueril, 15 anos), ambos marinheiros. Amaro é vítima de sua condição de negro, mas também é o 1º personagem homossexual negro, perverso e assassino da literatura.

• O “científico” tornou-se ideologia, a ideologia transformou-se em mito da superioridade branca: não houve contestação relevante! Discurso unívoco da classe dirigente > influência duradoura no discurso oficial, no inconsciente coletivo > valor de crença + naturalidade

• A população negra estava fadada a desaparecer em pouco mais de um século: uma das manifestações mais evidentes da ideologia racista na virada do século XX e mais perniciosa para o reconhecimento da contribuição dos negros na formação do povo brasileiro.

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 43: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

MACHADO DE ASSIS (1839-1908)

•Na ordem dos romances, o protagonismo pertence amembros da elite (Brás Cubas, Bento Santiago,Conselheiro Aires) em cujo universo o negro não éconsiderado, reconhecido como ser social:

“Na ordem das representações, a lente do retratista nãopoderia alcançar o que nem sequer era cogitado.”

Gizêlda Melo do Nascimento (UEL)

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 44: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS (1881)

Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas vezes gemendo, — mas obedecia sem dizer palavra, ou, quando muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala a boca, besta!” (Cap. XI)

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 45: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

Tais eram as reflexões que eu vinha fazendo, por aquele Valongo fora, logo depois de ver e ajustar a casa. Interrompeu-mas um ajuntamento; era um preto que vergalhava outro na praça. O outro não se atrevia a fugir; gemia somente estas únicas palavras: — “Não, perdão, meu senhor; meu senhor, perdão!” Mas o primeiro não fazia caso, e, a cada súplica, respondia com uma vergalhada nova.

— Toma, diabo! dizia ele; toma mais perdão, bêbado!

— Meu senhor! gemia o outro.

Parei, olhei... Justos céus! Quem havia de ser o do vergalho? Nada menos que o meu moleque Prudêncio, — o que meu pai libertara alguns anos antes. Cheguei-me; ele deteve-se logo e pediu-me a bênção; perguntei-lhe se aquele preto era escravo dele.

— É, sim, nhonhô.

— Fez-te alguma coisa?

— É um vadio e um bêbado muito grande. Ainda hoje deixei ele na quitanda, enquanto eu ia lá embaixo na cidade, e ele deixou a quitanda para ir na venda beber.

— Está bom, perdoa-lhe, disse eu.

— Pois não, nhonhô. Nhonhô manda, não pede. Entra para casa, bêbado!

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 46: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

[...] Era um modo que o Prudêncio tinha de se desfazer das pancadas recebidas, — transmitindo-as a outro. Eu, em criança, montava-o, punha-lhe um freio na boca, e desancava-o sem compaixão; ele gemia e sofria. Agora, porém, que era livre, dispunha de si mesmo, dos braços, das pernas, podia trabalhar, folgar, dormir, desagrilhoado da antiga condição, agora é que ele se desbancava: comprou um escravo, e ia-lhe pagando, com alto juro, as quantias que de mim recebera. Vejam as sutilezas do maroto! (Cap. LXVIII)

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 47: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

• O negro é posto “de quatro”: besta de carga a carregar o fardo da organização socioeconômica do Brasil no século XIX.

• Revide de tantas chicotadas recebidas + normalidade de um senhor chicotear publicamente seu escravo.

• Por que o estranhamento da cena, se Prudêncio (então, liberto) reproduz o modelo social de tantos homens livres?

• O insólito está no fato de um negro chicotear outro negro! Como seria insólito um branco chicotear outro branco (no mesmo contexto).

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 48: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

• A ação de Prudêncio, embora legal,não é legítima.

• “Cala a boca, besta” não é discurso deprudência, é uma apropriaçãoteatralizada do discurso do opressor.

• Apropriar-se do discurso do opressornão significa dominar esse mesmodiscurso, mas, pelo contrário, significaafirmar quem realmente tem o poder:Brás. Prudêncio é senhor até achegada de Brás!

“Tentando estabelecer-se numa ordem, parece, antes, um

desordeiro cuja ação necessita da intervenção tutelar de quem

incontestavelmente representa a autoridade; e o que se presencia

é uma cena tragicômica da indefinida situação do negro livre

no Brasil.”

Gizêlda Melo do Nascimento

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 49: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

• O negro acumula TODAS AS PRIVAÇÕESimagináveis: sem fala, sem discurso, semhistória, sem presença...

• Machado passou ao largo dos movimentosabolicionistas mostrando sua descrença naREAL INSERÇÃO do negro nos quadrosrepresentativos da sociedade brasileira,sombreada indelevelmente pela ORDEMESCRAVOCRATA.

• A OMISSÃO do negro no universo ficcionalmachadiano é a DENÚNCIA maiscontundente do modelo social vigente.

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 50: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

O CASO DA VARA (1889) – conto

“A pequena abaixou a cabeça, aparando o golpe, mas o golpe não veio. Era uma advertência; se à noitinha a tarefa não estivesse pronta, Lucrécia receberia o castigo do costume. Damião olhou para a pequena; era uma negrinha, magricela, um frangalho de nada, com uma cicatriz na testa e uma queimadura na mão esquerda. Contava onze anos. Damião reparou que tossia, mas para dentro, surdamente, a fim de não interromper a conversação. Teve pena da negrinha, e resolveu apadrinhá-la, se não acabasse a tarefa. Sinhá Rita não lhe negaria o perdão... Demais, ela rira por achar-lhe graça; a culpa era sua, se há culpa em ter chiste.”

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 51: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

“- Dê-me a vara, Sr. Damião!

Damião chegou a caminhar na direção da marquesa. A negrinha pediu-lhe então por tudo o que houvesse mais sagrado, pela mãe, pelo pai, por Nosso Senhor.. .

- Me acuda, meu sinhô moço!

Sinhá Rita, com a cara em fogo e os olhos esbugalhados, instava pela vara, sem largar a negrinha, agora presa de um acesso de tosse. Damião sentiu-se compungido; mas ele precisava tanto sair do seminário! Chegou à marquesa, pegou na vara e entregou-a a Sinhá Rita.”

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 52: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

PAI CONTRA MÃE (1906) - conto

“Arminda caiu no corredor. Ali mesmo o senhorda escrava abriu a carteira e tirou os cem milréis de gratificação. Cândido Neves guardou asduas notas de cinquenta mil réis, enquanto osenhor novamente dizia a escrava que entrasse.No chão onde jazia, levada do medo e da dor, eapós algum tempo de luta a escravaabortou.[...]

Cândido Neves viu todo esse espetáculo. Nãosabia que horas eram. Quaisquer que fossem,urgia correr à rua da Ajuda, e foi o que ele fezsem querer conhecer as consequências dodesastre.”

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 53: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

“O pai recebeu o filho com a mesma fúria com que pegara aescrava fujona de há pouco, fúria diversa, naturalmente, fúria deamor.”

“Tia Mônica, ouvida a explicação, perdoou a volta do pequeno,uma vez que trazia os cem mil réis. Disse, é verdade, algumaspalavras duras contra a escrava, por causa do aborto, além dafuga. Cândido Neves, beijando o filho, entre lágrimas verdadeiras,abençoava a fuga e não se lhe dava do aborto.

- Nem todas as crianças vingam, bateu-lhe o coração.”

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 54: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

• Luís Gama (1830-1882), Cruz e Sousa (1861-1898) e Lima Barreto (1881-1922) seassumiram como negros e, por isso,enfrentaram o preconceito e a discriminaçãoda sociedade racista.

• Luís Gama torna-se referência emblemáticacomo precursor da negritude pela denúnciado racismo, pelo elogio da beleza da mulhernegra e pela valorização dos atributosestéticos do negro. Mas também por tercontribuído com a luta pela abolição daescravidão, pela justiça social e peloreconhecimento da dignidade do negro nasociedade.

“Meus amores são lindos, cor da noite

Recamada de estrelas rutilantes;

Tão formosa creoula, ou Tétis negra

Tem por olhos dois astros cintilantes.”

(Meus amores)

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 55: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

Sou nobre, e de linhagem sublimadaDescendo, em linha reta, dos Pegados,Cuja lança feroz desbaratadosFez tremer os guerreiros da Cruzada!

Minha mãe, que é de proa alcantilada,Vem da raça dos Reis mais afamados;- Blasonava entre um bando de pasmadosCerto povo de casta amorenada.

Eis que brada um peralta retumbante;- Teu avô, que de cor era latente,“Teve um neto mulato e mui pedante!”

Irrita-se o fidalgo qual demente;Trescala a vil catinga nauseante,

E não pode negar que seja meu parente!

Alcantilada-escarpada, empinadaBlasonava-ostentava, vangloriava-seTrescalava-exalava

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 56: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

CLARA DOS ANJOS (1922-1948), Lima Barreto

“Na rua, Clara pensou em tudo aquilo, naquela dolorosa cena que tinha presenciado e no vexame que sofrera. Agora é que tinha a noção exata da

sua situação na sociedade. Fora preciso ser ofendida irremediavelmente nos seus melindres de solteira, ouvir os desaforos da mãe do seu algoz, para se convencer de que ela não era uma moça como as outras; era muito menos no conceito de

todos. Bem fazia adivinhar isso, seu padrinho! Coitado!... “

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 57: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

“A educação que recebera, de mimos e vigilâncias, era errônea. Ela devia ter aprendido da boca dos seus pais que a sua honestidade de moça e de

mulher tinha todos por inimigos, mas isto ao vivo, com exemplos, claramente... O bonde vinha cheio. Olhou todos aqueles homens e

mulheres... Não haveria um talvez, entre toda aquela gente de ambos os sexos, que não fosse indiferente à sua desgraça... Ora, uma mulatinha,

filha de um carteiro! O que era preciso, tanto a ela como às suas 77 iguais, era educar o caráter, revestir-se de vontade, como possuía essa varonil Dona Margarida, para se defender de Cassis e semelhantes, e bater-se contra todos os que se opusessem, por este ou aquele modo, contra a

elevação dela, social e moralmente. Nada a fazia inferior às outras, senão o conceito geral e a covardia com que elas o admitiam...”

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 58: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

“Num dado momento, Clara ergueu-se da cadeira em que se sentara e abraçou muito fortemente sua mãe, dizendo, com um grande acento de desespero:

-Mamãe! Mamãe!

-Que é minha filha?

- Nós não somos nada nesta vida.”

• A estrutura social do Brasil de seu tempo não contribuía para que os indivíduos superassem suas limitações – as desigualdades de condição econômica e de cor não permitiam uma maior mobilidade social.

• “A hibridez de Clara evidencia-se na descrição física dada pelo autor: “ nasceu com a tez do pai (mais clara) e o cabelo da mãe (liso)”. As descrições físicas – gradações de cor e o tipo de cabelo –desempenham um papel significativo na narrativa. Podemos pensar que dentro do CONTEXTO DO BRANQUEAMENTO tais aspectos são igualmente importantes. É nesta perspectiva que se propaga a IDEOLOGIA DO BRANQUEAMENTO, Clara teria nascido de certa forma numa condição física “mais afortunada”.”

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 59: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

• Ser “perdida” (oposta de “mulher honesta”) significava que uma moça teve relações sexuais fora do casamento. Tal categoria servia para classificar aquelas que eram “seduzidas” e abandonas, ou até mesmo aquelas que regulavam sua vida sexual fora do controle masculino.

• A mulher “perdida” (QUE HAVIA PERDIDO A VIRGINDADE) efetivamente estava fora do mercado matrimonial que poderia lhe garantir alguma proteção, sobretudo para aquelas pobres e/ou negras ou mestiças (para quem era “melhor” um marido branco, segundo o mito da superioridade branca).

• Em seu livro, Lima Barreto elucida a busca por justiça por parte da família das moças que eram seduzidas. A condição social das “vítimas” – considerada desclassificadas – diante do poder e influência da família de Cassi contribuía para sua impunidade.

• Não se trata, no romance, de uma questão apenas de justiça, mas de revelar como que o sistema as MARGINALIZAVA: sua condição social e racial já era percebida como suspeita.

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 60: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

• VISÃO CRÍTICA MAIS COMPLEXA: É o sistema em que vivem, de exclusão e estigma, que não permite a seus personagens ter uma vida digna. Por outro lado, a superação de tantos problemas só poderiam ser vencidas por uma firmeza individual – lição que a filha do carteiro só percebe após se ver sem saída.• O caráter crítico de Lima visava denunciar o mito da nação que a aristocracia no

poder buscava construir: as camadas populares estavam excluídas da ágora liberal.

• Além da denúncia social do autor, percebe-se uma crítica aos costumes, que estão relacionados às famílias dos personagens. Neste sentido, pode-se observar os papéis de gênero reservados às mulheres de “cor” e aos moradores do subúrbio neste contexto de transição para os valores burgueses da vida republicana.

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 61: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

• Sempre existiram escritores negros e mulatos no Brasil, mas, à exceção de Luís Gama e Lima Barreto, nunca reivindicaram a condição de escritores negros, praticando uma literatura negra.

• Ruptura em 1978: “O genocídio do negro brasileiro, processo de um racismo mascarado”, de Abdias do Nascimento (1941-2011)

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 62: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

CONCLUSÃO“Literatura negra é aquela desenvolvida por um autor negro, ou mulato, que escreve sobre sua raça dentro do significado do que

é ser negro, da cor negra, de forma assumida, discutindo problemas que a concernem: religião, sociedade, racismo. Ele

tem que se assumir negro.”Luiza Lobo (1948), professora pós-graduada em literatura pela UFRJ, contista, poeta, cronista, ensaísta.

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 63: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASCASTILHO, Suely Dulce de. A representação do negro na Literatura Brasileira: NovasPerspectivas, 2004.

GUGLIOTTA, Alexandre Carlos e SILVA, Danielle Sousa Fialho da. A clara percepçãode Lima Barreto: Gênero e raça no romance Clara dos Anjos.

MÉRIAN, Jean-Yves. O negro na literatura brasileira versus uma literatura afro-brasileira: mito e literatura, 2008.

NASCIMENTO, Gizêlda Melo do. Machado: três momentos negros, 2002.

OLIVEIRA, Marina Rodrigues de. Representações do negro livre em Machado de Assis, 2010.

PARTE 2 – LITERATURA –

PROF. EUGÊNIA FRAIETTA

Page 64: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

O RACISMO (VERSUS) A ARTE E

CULTURA NEGRA COMO AFIRMAÇÃO DA

IDENTIDADE NO BRASIL

PARTE 3 – ARTES –

PROFa. CONSUELO HOLANDA

Page 65: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

A vinda dos negros Africanos para o BrasilPor volta de 1500, portugueses e europeus chegaram ao continente africano;

Trouxeram 4 milhões de pessoas para trabalhar como escravos nas novas terras que haviam conquistado: As Américas;

Uma dessas novas terras era o Brasil.

Os negros africanos partiam de diferentes portos na África; por isso haviam vários grupos étnicos, com línguas e religiões diferentes.

Foram obrigados a deixar tudo para trás, sua família, pertences, etc. Mas jamais esqueceram o que aprenderam em sua terra.

A prática das religiões africanas eram extremamente proibidas no Brasil, eram consideradas bruxaria, a igreja católica fazia questão de pregar apenas o culto cristão;

Por isso cultuavam suas divindades secretamente;

Identificavam suas divindades com nomes de santos católicos.

PARTE 3 – ARTES –

PROFa. CONSUELO HOLANDA

Page 66: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

Candomblé e UmbandaO candomblé foi trazido pelos iorubás, originários da Nigéria e pelos jejes, da costa de Daomé;

Os bantus, que vieram do sudoeste africano e correspondiam a maior população , também praticavam o candomblé, mas fizeram adaptações a sua cultura particular.

Quando rezavam em sua língua para Santa Bárbara, estavam na verdade cultuando Iansã, quando rezavam para N. Sra. da Conceição, cultuavam Iemanjá.

PARTE 3 – ARTES –

PROFa. CONSUELO HOLANDA

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PARTE 3 – ARTES –

PROFa. CONSUELO HOLANDA

Page 68: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

Cerimônia realizada com batuques de atabaques, cantos em iorubá ou nagô que variam de acordo com o orixá;

Realizadas em terreiros;

Ritos dirigidos a um pai/mãe de santo (babalorixá ou iabalorixá);

São feitas oferendas e consultas espirituais através do jogo de búzios;

O candomblé tem uma relação muito especial com a comida. Os devotos faziam muitas oferendas para os santos.

Os africanos trouxeram também muitos sabores na culinária: O pirão, angu, a feijoada, incluindo ingredientes como azeite de dendê,o côco e o café. Todos são herança dos africanos.

Cndomblé

CandombléIncorpora práticas do candomblé, do catolicismo e do espiritismo;

Consideram que o universo está povoado por entidades que se comunicam através de uma pessoa: o guia;

Se apresentam como pomba-gira, caboclo e preto-velho.

Umbanda

PARTE 3 – ARTES –

PROFa. CONSUELO HOLANDA

Page 69: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

PARTE 3 – ARTES –

PROFa. CONSUELO HOLANDA

Page 70: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

- KLEE, Paul. Comediante (segunda versão). 1904. Gravura em água forte. 15,5 x

17 cm. “O comediante: Máscara grotesca, à frente de um rosto moralmente sério.

...A máscara como obra de arte; atrás dela: o homem”. KLEE, Paul. Diários, p. 172.

42 Op. cit., p. 198.

fig. 11 - KLEE, Paul.

Cabeça ameaçadora. 1905.

Gravura em água forte. 19,5 x 14,3

cm.

Mangbetu chefe

PARTE 3 – ARTES –

PROFa. CONSUELO HOLANDA

Page 71: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

PARTE 3 – ARTES –

PROFa. CONSUELO HOLANDA

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PARTE 3 – ARTES –

PROFa. CONSUELO HOLANDA

Page 73: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

PARTE 3 – ARTES –

PROFa. CONSUELO HOLANDA

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PARTE 3 – ARTES –

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PARTE 3 – ARTES –

PROFa. CONSUELO HOLANDA

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PARTE 3 – ARTES –

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PARTE 3 – ARTES –

PROFa. CONSUELO HOLANDA

Page 78: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

«Toda a gente costuma falar das

influências que os negros

exerceram em mim… Quando fui

ao velho Trocadero queria ir-me

embora dali… Mas não ia…

Compreendi que algo me estava

a acontecer… As máscaras não

eram como as outras

esculturas… Eram algo mágico,

estavam contra tudo, contra os

espíritos desconhecidos e

ameaçadores. Continuei a

observar os fetiches e entendi.

Eu também estou contra tudo…

Eu também acredito que tudo é

desconhecido, tudo é inimigo…»

PARTE 3 – ARTES –

PROFa. CONSUELO HOLANDA

Page 79: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

Vanguardas e arte africana

Há cem anos, as exposições etnográficas e

etnológicas africanas, levadas a cabo em

diferentes cidades européias, deram a

conhecer as culturas do Continente Negro

e influíram de forma decisiva no estilo

artístico de pintores e escultores europeus.

Fascinados pelas possibilidades técnicas,

pelo caráter conceitual e simbólico e pela

simplicidade geométrica da arte negra,

autores como Cézanne ou Picasso

captaram a essência e a mensagem que

África oferecia para as novas linguagens

artísticas através da carga emocional das

suas máscaras e esculturas.

Les demoiselles d'Avignon : 1907, Óleo sobre tela, Dimensões243.9 cm × 233.7, MoMA

É considerado um quadro pré-cubista, ou o marco do início docubismo, porém evidenciando também o impacto da arte africanasobre Picasso e a importância desta para a própria caracterização docubismo. Os rostos das personagens refletem o início do "PeríodoNegro" na obra de Picasso, quando este sofre uma forte influência doprimitivismo assemelhando-se a máscaras e esculturas africanas.

PARTE 3 – ARTES –

PROFa. CONSUELO HOLANDA

Page 80: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

Os africanos

A diversidade cultural da África refletiu-se na diversidade dos escravos,

pertencentes a diversas etnias o que trouxeram tradições distintas. Os africanos

trazidos ao Brasil incluíram bantos, nagôs e jejes. Os africanos contribuíram para

a cultura brasileira em uma enormidade de aspectos. A influência da cultura

africana é também evidente na culinária regional, especialmente na Bahia.

Na música a cultura africana contribuiu com os ritmos que são a base de boa

parte da música popular brasileira. Gêneros musicais coloniais de influência

africana, como o lundo, terminaram dando origem à base rítmica do maxixe,

samba, choro, bossa nova e outros gêneros musicais atuais. Também há alguns

instrumentos musicais brasileiros, como o berimbau, o afoxé e o agogô, que são

de origem africana.

Um artista tão singular quanto sua obra: Mestre Didi, baiano de 90 anos,

sumo-sacerdote dos cultos ancestrais da religião tradicional

afro-brasileira. Ele é o criador de esculturas delicadas,

simbólicas, com detalhes coloridas, feitas com material

orgânico. Cuja leveza e harmonia têm qualquer coisa

de reverência à vida, à arte e à

natureza.

PARTE 3 – ARTES –

PROFa. CONSUELO HOLANDA

Page 81: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

Djanira da Motta e Silva (1914-79)

Embora não tivesse sangue negro, dedicou grande

atenção à cultura e às tradições africanas.

Descendente de índios guaranis e de austríacos,

nasceu no interior de São Paulo e foi morar na

capital, onde passou uma vida de privações. Aos

23 anos muda-se para o Rio, onde trabalhou como

modista e cozinheira, contudo logrou conseguir

aulas de pintura com Emeric Marcier e freqüentou o

Liceu de Artes e Ofícios. Começou a expor a partir

de 1942, com ampla aceitação da crítica e do

público. Fez o retrato apaixonado de sua terra e

sua gente,sem jamais recorrer ao anedótico, sem

concessões ao fácil e ao pitoresco. Nunca se

considerou uma pintora ingênua.

PARTE 3 – ARTES –

PROFa. CONSUELO HOLANDA

Page 82: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

Rubem Valentim (1922-91) Altar sacral, cerca 1968, madeira pintada, alt. 2,06, col. part.

Rubem Valentim (1922-91)

Sua carreira se projeta a partir de 1942 e dois anos

depois expôs na Bahia aquele que é considerado como o

primeiro quadro abstrato executado no estado. Foi

expositor constante, como pintor e escultor, na Bienais de

São Paulo entre 1955 e 1977. Participou da delegação

brasileira em dois festivais mundiais de Arte Negra: em

Dacar (1966) e em Lagos (1977), com uma arte

geométrica ostentando símbolos dos cultos afro-

brasileiros.

Minha linguagem plástico-visual signográfica está ligada

aos valores míticos profundos de uma cultura afro-

brasileira (mestiça-animista-fetichista). Com o peso da

Bahia sobre mim - a cultura vivenciada; com o sangue

negro nas veias - o atavismo; com os olhos abertos para

o que se faz no mundo - a contemporaneidade; criando

os meus signos-símbolos procuro transformar em

linguagem visual o mundo encantado, mágico,

provavelmente místico que flui continuamente dentro de

mim.

Rubem Valentim(1922-91) Altarsacral, cerca 1968,madeira pintada,alt. 2,06, col. part.

PARTE 3 – ARTES –

PROFa. CONSUELO HOLANDA

Page 83: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

PARTE 4 – REDAÇÃO –

PROF. GUGA VALENTE

Tema: Questões raciais no Brasil do século XXI

Informação, opinião e argumento

Page 84: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

PARTE 4 – REDAÇÃO –

PROF. GUGA VALENTE

Que o racismo no Brasil hoje é diferente do de outrora,quando africanos eram trazidos escravizados para cá,não resta dúvida. No entanto, “diferente” não significa“melhor”, o que implica dizer que ele ainda é motivo demuita segregação no Brasil. É preciso estudá-lo, paraaprendê-lo e criar meios de evitá-lo.

Estrutura: 3 períodos; um termo adversativo (no

entanto); tese

Tese: “É preciso estudá-lo, para aprendê-lo e criar

meios de evitá-lo”

Page 85: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

PARTE 4 – REDAÇÃO –

PROF. GUGA VALENTE

Em meados do século XIX, termos como “eugenia” e“poligenia” eram usados, com propriedade “científica”,para justificar o racismo. Com base em discursos comoeste, boa parcela da intelectualidade sustentava suadiscriminação ao negro. Mesmo que ultrapassadas,essas teorias ainda reverberam na contemporaneidade.Prova disso são expressões históricas como “serviço depreto” ou “feito nas coxas” serem empregadas comnaturalidade ou como se houvesse justificativa para tal.

Page 86: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

PARTE 4 – REDAÇÃO –

PROF. GUGA VALENTE

Por outro lado, leis criadas recentemente, como a doracismo, e as cotas podem ajudar a mudar essa cultura.Uma pessoa que discrimine outra comete um crimeinafiançável. Ainda assim, os casos de racismo no Brasilpermanecem na escola, no mercado de trabalho, napropaganda da tevê, na política e nas classes maisabastadas. A discriminação racial é inegável.

Page 87: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

PARTE 4 – REDAÇÃO –

PROF. GUGA VALENTE

Para que se possa entender completamente a presençae a cultura do negro no nosso país, é urgente quepolíticas públicas, capitaneadas pelo estado e por ONGsligadas ao movimento negro, possam construir ponteseducativas entre a escola, a comunidade e o meio social,promovendo ações de valorização da cultura negra nopaís. A cultura e a religião dessas pessoas, que hojecompõem o corpo da nação brasileira junto a outrasetnias, deve ser compreendida e respeitada.

Page 88: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

PARTE 4 – REDAÇÃO –

PROF. GUGA VALENTE

Informação

Entende-se por informação tudo aquilo que mostra,demonstra ou exemplifica o tema do texto. Essa é aparte expositiva do texto.

Ex.: “Em meados do século XIX, termos como “eugenia”e “poligenia” eram usados, com propriedade “científica”,para justificar o racismo”

“Uma pessoa que discrimine outra comete um crimeinafiançável.”

Page 89: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

Opinião

PARTE 4 – REDAÇÃO –

PROF. GUGA VALENTE

A opinião é o posicionamento do autor. Para tanto, não énecessário usar expressões como “acho”, “acredito” etc. Asimples afirmação de algo que não é referenciado, é entendidocomo opinião.

Ex.: “(...)‘diferente’ não significa ‘melhor’, o que implica dizer queele ainda é motivo de muita segregação no Brasil. É precisoestudá-lo, para aprendê-lo e criar meios de evitá-lo.”

“Mesmo que ultrapassadas, essas teorias ainda reverberam nacontemporaneidade.”

Page 90: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

Argumento

PARTE 4 – REDAÇÃO –

PROF. GUGA VALENTE

Argumento é o mesmo que justificativa, complemento de opinião.Para defender um ponto de vista, é importante justificar por que sepensa daquela forma.

Ex.: “Ainda assim, os casos de racismo no Brasil permanecem naescola, no mercado de trabalho, na propaganda da tevê, na política enas classes mais abastadas. A discriminação racial é inegável.”

“Prova disso são expressões históricas como ‘serviço de preto’ ou‘feito nas coxas’ serem empregadas com naturalidade ou como sehouvesse justificativa para tal.”

Page 91: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

Parágrafo dissertativo

PARTE 4 – REDAÇÃO –

PROF. GUGA VALENTE

Parágrafo é uma unidade textual composta por uma ou mais frasesem torno de uma ideia central. Para construí-lo com facilidade, pensenestes três elementos vistos no aulão de hoje:INFORMAÇÃO+OPINIÃO+ARGUMENTO, interligados por conectivosque auxiliem no encaminhamento de cada um desses elementos.

Page 92: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

Por outro lado, leis criadas recentemente, como a do racismo, eas cotas podem ajudar a mudar essa cultura. Uma pessoa quediscrimine outra comete um crime inafiançável. Ainda assim, oscasos de racismo no Brasil permanecem na escola, no mercadode trabalho, na propaganda da tevê, na política e nas classesmais abastadas. A discriminação racial é inegável.

PARTE 4 – REDAÇÃO –

PROF. GUGA VALENTE

Exemplo de parágrafo dissertativo

Page 93: 2º Aulão do Crimideia vídeoaulas

Muito obrigado a todas e todos aqui presentes! Esperamos que estas aulas de hoje possam ajudar vocês no engrandecimento

intelectual e escolar e que vocês continuem conosco nessa parceria incrível cometendo o crime de pensar!

“Se a liberdade significa alguma coisa,será sobretudo o direito de dizer às outraspessoas o que elas não querem ouvir.”

George Orwell