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Caderno de Resumos 28º Congresso Internacional da SOTER Religião e Espaço Público: cenários contemporâneos 1

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Caderno de Resumos28º Congresso Internacional da SOTER

Religião e Espaço Público: cenários contemporâneos

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Capa : Tiago ParreirasFoto: Gustavo BassoDiagramação: Verônica CottaImpressão e Acabamento: Gráfica e Editora O Lutador

Diretoria da SOTERDr. Jaldemir Vitório, FAJE, MG - PresidenteDr. Érico João Hammes, PUCRS, RS - Vice-PresidenteDr. Adilson Schultz, PUC Minas, MG – 1º SecretárioMa. Selenir Correa Gonçalves Kronbauer – 2ª SecretáriaDr. Edmar de Avelar de Sena, PUC Minas, MG - Tesoureiro

Secretaria da SOTERSecretária: Lídia Regina Barbosa do CarmoAv. Dom José Gaspar, 500 – Coração EucarísticoPUC Minas, Prédio 4, Sala 119Belo Horizonte – MG | CEP [email protected] | www.soter.org.br

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Religião e Espaço Público: cenários contemporâneos

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Comissão Organizadora

Presidente:Dra. Aurea Marin Burochi, ISTA e PUC Minas, MG

Membros:Dr. Jaldemir Vitório, FAJE, MGDr. Edmar de Avelar de Sena, PUC Minas, MGDr. Paulo Agostinho Nogueira Baptista, PUC Minas, MGDr. Carlos Frederico Barboza de Souza, PUC Minas, MGMe. Edward Neves Monteiro de Barros Guimarães, PUC Minas, MGDoutoranda. Cleusa Caldeira, PUC, PRDr. Roberlei Panasiewicz, PUC Minas, MGMe. Geová Nepomuceno Mota, PUC Minas, MGMa.Tânia da Silva Mayer, MG

Comissão Científica

Dr. Afonso Maria Ligório Soares, PUC SP, SPDr. Valmor Silva, PUC Goiás, GODr. Geraldo Luiz De Mori, FAJE – MGDr. Francisco de Aquino Junior, Faculdade Católica do CearáDr. Degislando Nóbrega de Lima, UNICAP- PE

Apoio

PUC Minas, Editora, Paulinas Editora, Editora Paulus, Editora Vozes, Edi-tora Loyola, Editora Santuário, Editora Sinodal, Livraria Jardim Cultural (Loyola), Fontes.

Financiamento

CAPES, CNPq e FAPEMG.

Organização e realização

SOTER, PUC Minas e FAJE.

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SUMÁRIO.....................................O CONGRESSO

Apresentação 6Instituição Promotora 7Justificativa 8Objetivos 10 Metodologia 10Destinatários 11

GRUPOS DE TRABALHO

GT 1 :: Teologia (s) da Libertação (TdL) 12

GT 2 :: Protestantismos 20

GT 3 :: Exegese e Teologia Bíblica 28

GT 4 :: Filosofia da Religião 41

GT 5 :: Teologia no Espaço Público e no Mundo Contemporâneo 52

GT 6 :: Religião e Educação 59

GT 7 :: Espiritualidade e Mística 65

GT 8 :: Religião, Arte e Literatura 75

GT 9 :: Religião e Gênero 85

GT 10 :: Religiões de matriz Africana no Brasil: memórias, narrati-

vas e símbolos de religiosidade 98

GT 11:: Pluralidade Espiritual e Diálogo Inter-Religioso 108

GT12:: Linguagem e Religião: Construindo Pontes de Diálogo 122

FÓRUNS TEMÁTICOS

FT 1 :: Religião, Ecologia e Cidadania Planetária 131

FT 2 :: Interculturalidade e Justiça 136

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FT 3 :: Religião, Arte Sequencial e Cultura Pop 145

FT 4 :: Sociedade, Laicidade e Tolerancia Religiosa 150

FT 5 :: Práticas Religiosas, Imagens de Deus e Fé Crista 156

FT 6 :: Religião, Juventude, Espiritualidade e Politica 167

FT 7 :: Diversidade Religiosa e Imaginario 172

FT 8 :: Religião, Patrimônio cultural e turismo religioso 179

FT 9 :: Espaço religioso: entre o público e o privado 184

FT 10 :: Iniciação científica (Apresentação em Banners) 191

FT 11:: Devoções Religiosas e Culturas Brasileiras 211

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APRESENTAÇÃO

A Sociedade de Teologia e Ciências da Religião – SOTER – (www.soter.org.br) é uma associação civil, sem fins lucrativos, fundada em julho de 1985 por um grupo de teólogos/as e cientistas da religião do Brasil. Com sede em Belo Horizonte, MG, seus objetivos são: 1) incentivar e apoiar o ensino e a pesquisa no campo da Teologia, das Ciências da Religião e de Áreas Afins; 2) divulgar os resultados da pesquisa; 3) promover os serviços dos/as teólogos/as e cientistas da religião às comunidades e organismos não governamentais na perspectiva da construção da cidadania e da inclusão social; 4) facilitar a comunicação e a coo-peração entre os/as sócios/as e defender sua liberdade de pesquisa (Estatuto, Art.3).

O 28o Congresso Internacional da Sociedade de Teologia e Ciência da Reli-gião – SOTER, que acontecerá em Belo Horizonte, no campus Coração Eucarístico da PUCMinas, do dia 14 a 17 de julho de 2015, ano em que a entidade comemora seu 30o aniversário, tratará da temática Religião e espaço público: cenários contemporâneos.

Evento tradicional da área, com avalização Qualis A pela CAPES, em 2008, os Congressos da SOTER sempre atraem um número significativo de teólogos/as, cientistas da religião e pesquisadores/as de áreas afins do Brasil e de outros países.

Principal associação da área de Ciências da Religião e teologia do Brasil, a SOTER mostra-se muito ativa no país – participou nos debates do Projeto de Lei sobre a regulamentação da Profissão de Teólogo/a, nas discussões sobre a Matriz Curricular do bacharelado em teologia, nas discussões sobre o Ensino Religioso – e fora dele também – presença marcante na Rede Internacional de Sociedades Católicas de Teologia – INSeCT -, com sede jurídica na Alemanha.

O Congresso organizado pela SOTER em 2014 reuniu cerca de 548 partici-pantes, entre sócios/as da entidade e pesquisadores/as da área e de áreas afins. Há expectativa para o 28o Congresso em 2015. Os Congressos de cada ano se inserem no debate sobre o papel e a relevância das religiões nas sociedades em geral e na sociedade brasileira em particular, como se pode ver nos temas dos últimos eventos: 2010: As religiões e a Paz Mundial; 2011: Religião e Educação para a Cidadania; 2012: Mobilidade Religiosa. Linguagens – Juventude – Polí-tica; 2013: Deus na Sociedade Plural. Fé – Símbolos – Narrativas; 2014: Espi-ritualidades e Dinâmicas Sociais: Memória – Prospectivas. Para 2015 o tema escolhido é Religião e Espaço Público: cenários contemporâneos, este con-gresso objetiva recolocar em pauta, para debate e reflexão, a situação atual da religião no espaço público e sua influência nos diversos setores da sociedade e da cultura.

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Religião e Espaço Público: cenários contemporâneos

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A Diretoria e a Comissão Organizadora propõem para 2015 uma série de conferências, debates, Grupos de Trabalhos (GTs) e Fóruns Temáticos (FTs), que propiciarão o encontro, a discussão e aprofundamento do tema central do Con-gresso, bem como das pesquisas que as Ciências da Religião e a Teologia e as áreas afins têm feito atualmente no Brasil.

Instituição Promotora

A Sociedade de Teologia e Ciências da Religião – SOTER – (www.soter.org.br) é uma associação civil, sem fins lucrativos, fundada em julho de 1985 por um grupo de teólogos/as e cientistas da religião do Brasil. Com sede em Belo Horizonte, MG, seus objetivos são: 1) incentivar e apoiar o ensino e a pesquisa no campo da Teologia, das Ciências da Religião e de Áreas Afins; 2) divulgar os resultados da pesquisa; 3) promover os serviços dos/as teólogos/as e cientistas da religião às comunidades e organismos não governamentais na perspectiva da construção da cidadania e da inclusão social; 4) facilitar a comunicação e a coo-peração entre os/as sócios/as e defender sua liberdade de pesquisa (Estatuto, Art.3).

Concretizando seus objetivos, a SOTER promove Congressos gerais anuais, apoia seminários e encontros de pesquisa nos Regionais; patrocina publicações e cadastro de professores/as e pesquisadores/as de Ciências da Religião e Teo-logia, áreas afins e trienalmente organiza sua Assembleia eletiva. A Sociedade conta atualmente com cerca de 500 sócios/as e permanece aberta à adesão de novos/as associados/as, dentro das normas do Estatuto (Art. 5), acolhendo pro-fessores/as e pesquisadores/as que atuem academicamente na área da Teologia, das Ciências da Religião e de Áreas Afins, possuindo ao menos o grau acadêmico de mestre na sua respectiva área de conhecimento. No último quinquênio, 152 novos/as sócios/as foram aceitos na Sociedade, mwostrando sua vitalidade e capacidade de agregar novos valores.

Desde sua fundação, há quase 30 anos, a SOTER tem se fortalecido conti-nuamente. Seus Congressos têm produzido diversas publicações importantes que se encontram, inclusive, traduzidas fora do Brasil. Os Anais desses Congressos são publicados anualmente e, a partir de 2012, passaram a ser editados no Portal da SOTER, com ISSN próprio (2317-0506), em edições que disponibilizam todas as comunicações científicas aprovadas e efetivamente apresentadas nos Grupos de Trabalho (GTs) (Cf.: http://www.soter.org.br/index.php?pagina=grupo_livro&te-la=45&subtela=).

O Congresso de 2015 será realizado na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, cujo apoio e cessão da infraestrutura têm sido fundamentais para ampliar o raio de alcance do Congresso. Reconhecida pela sua seriedade acadê-mica no âmbito nacional, a PUC Minas prestigia e honra a SOTER com seu impor-tante apoio, pois além de sediar os Congressos, acolhe também a secretaria e a sede jurídica da SOTER.

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Justificativa

O 28º Congresso Internacional da Sociedade de Teologia e Ciências da Religião – SOTER, que acontecerá em Belo Horizonte, no campus Coração Euca-rístico da PUC Minas, do dia 14 a 17 de julho de 2015, ano em que a entidade comemora seu 30º aniversário, tratará da temática RELIGIÃO E ESPAÇO PÚBLI-CO: cenários contemporâneos.

Este congresso objetiva recolocar em pauta, para debate e reflexão, a situação atual da religião no espaço público e sua influência nos diversos seto-res da sociedade e da cultura.

Para aprofundar a discussão, partirá de cenários atuais, a saber: as re-lações entre religião e política, os fundamentalismos nas grandes tradições religiosas e suas influências sócio-culturais, a pluralidade de crenças nas socie-dades modernas, o movimento dos novos crentes e das novas opções religiosas, o fenômeno dos sem-religião, bem como o desafio dos Estados Democráticos de Direito que vivem o paradoxo de serem laicos e, ao mesmo tempo, garantirem a liberdade religiosa. Para abordar a temática propõem-se três eixos estrutu-rantes:

1. Religião e secularização

A secularização, traço característico da modernidade, relaciona-se am-biguamente com seus princípios norteadores. Dele não resultou, como alguns previram, o fim da religião, embora tenha sido relegada ao foro privado. Nas sociedades modernas ocidentais, as instituições religiosas se enfraqueceram e não conseguiram sustentar as estruturas que, até então, mantinham-nas ergui-das. A religião, com o fim da cristandade, perdeu o lugar que ocupava outrora, no espaço público. Entretanto não deixou de existir, antes, mantém-se vigoro-sa e, em alguns casos, revitalizada, mas fazendo parte de um universo que se quer privado, fruto da autonomia do sujeito, valor fundamental e inegociável da cultura moderna. No âmbito político, a secularização postula a separação entre esfera pública e esfera privada, pedra angular da concepção moderna de política.

Outra ambiguidade reside no fato de a modernidade combinar a perda da influência dos grandes sistemas religiosos com as suas reconfigurações e com o advento de novas representações plurais e fragmentadas. Nesta concepção, a religião e as instituições religiosas são relegadas ao arbítrio dos indivíduos e se situam em um sistema de concorrência, dado o pluralismo religioso. A religião já não é mais a reguladora da cultura e dos indivíduos. As escolhas religiosas partem de suas necessidades pessoais, pois os indivíduos são autônomos para mudar ou para adaptar sua crença da maneira que lhes convêm. A experiência religiosa se apresenta na modernidade e, mais precisamente, na pós-moderni-dade, a partir da subjetividade. Neste contexto não há fidelização a uma insti-tuição religiosa! A relevância sócio-política da religião é posta em cheque, em-bora o pluralismo religioso tenha aberto as portas para os fundamentalismos.

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Religião e Espaço Público: cenários contemporâneos

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2. Religião e globalização

Neste segundo eixo, delineamos alguns pontos sobre a relação entre re-ligião e globalização. Embora possamos dizer que o processo de globalização, no seu sentido mais amplo, tenha início com as grandes navegações de fins do séc. XV e início do séc. XVI, a nossa referência é o conjunto de transformações de ordem política e econômica mundial que são claramente visíveis a partir da segunda metade do séc. XX. Esse fenômeno criou pontos em comum na vida eco-nômica, social, cultural e política em nível mundial, de tal modo que o mundo parece uma “aldeia”, a “Aldeia Global”. As novas tecnologias da informação tiveram um papel fundamental nesse processo.

A questão basilar que norteará esse eixo, portanto, é a pergunta sobre como os diversos grupos religiosos conseguem manter suas identidades em face ao relativismo cultural, apresentado pelos processos globalizantes e, de maneira mais específica, como a religião se apresenta no espaço público contemporâneo marcado, por um lado, pela pluralidade e, por outro, pelos diversos fundamen-talismos e/ou correntes fundamentalistas instauradas no interior das tradições religiosas.

Esse cenário coloca em questão:

ü o papel da Religião na construção dos processos identitários, nos dilemas da etnicidade vividos nos grupos religiosos, como, por exemplo, na religiosidade popular, e, principalmente, por parte dos novos atores e dos novos crentes. Estes grupos, a partir de embasamentos históricos, reivindicam a inserção no espaço público onde polarizam suas convicções e ideologias, buscando as instân-cias de poder no intuito de remodelar a sociedade a seus princípios, compreendendo o próprio alicerce de fé de modo fundamentalista.

ü o contexto de sociedade virtual, tecida por redes sociais virtuais que relativizam fronteiras geográficas e espaços físicos. Como a religião tem sido influenciada pelas mídias eletrônicas e pelos meios de co-municação social? As celebrações de massa e o espetáculo ganham espaço e espectadores num contexto de religiosidade fluida e des-compromissada, que atende aos interesses imediatos do indivíduo.

ü o imenso mercado religioso sustentado pelos milhões de fieis midiá-ticos nos leva a pensar em uma “religião de mercado”?

3. Religião e Educação

O terceiro eixo, Religião e Educação, parte do pressuposto de que o ser humano é um ser social, formador de cultura, sujeito a influências do meio, necessitado de treinamentos e aprendizagens. Sujeito ativo e passivo num pro-cesso que termina somente com a morte. Neste contexto as instituições e, de modo particular, a religião se inserem, propondo valores que fundamentem a construção da sociedade e eduquem para a convivência pacífica e solidária. Este fato, muitas vezes, gerou eventos históricos inesperados e desconcertantes, que

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provocaram críticas, oportunas e/ou equivocadas, à religião e suas instituições, além do laicismo que rejeita a religião institucionalizada, nas sociedades surgi-das no modelo da modernidade. Tudo isso, entretanto, não invalida os objetivos e os esforços daquelas instituições religiosas estimulam a abertura ao diálogo, à tolerância, ao respeito às diferenças, à acolhida e ao cuidado. Nos cenários contemporâneos, as instituições religiosas, tendem a promover:

ü a ética da alteridade, em que as minorias e as diferenças sejam respeitadas e acolhidas como riqueza;

ü a cultura da mundialização, em que cada aldeia, sem perder as próprias ca-racterísticas e valores, relacione-se com outras e sinta-se parte da família humana e do Planeta Terra e por todos responsável;

ü a construção da paz que procura o bem comum, para além de todo pequeno interesse pessoal, grupal ou institucional;

ü a interculturalidade, onde todos os povos, grupos e etnias busquem um ca-minho de congraçamento e mútuo enriquecimento.

Com este quadro de fundo, o 28º. Congresso Internacional da SOTER pro-põe os seguintes:

Objetivos

ü Analisar a influência da religião no cenário público, especialmente no espa-ço político;

ü Refletir sobre os processos de formação identitária, a partir da experiência religiosa e os vários perfis que dele emergem: por um lado, o profetismo, a consciência cidadã, os direitos humanos e, por outro, o fundamentalis-mo, o fanatismo, a xenofobia;

ü Identificar novas experiências religiosas florescentes nesse contexto plural, característico da modernidade e seus desdobramentos;

ü Redescobrir a força transformadora das matrizes religiosas afro-brasileiras e indígenas que se fizeram presentes na formação da identidade brasilei-ra.

Metodologia

Este é o 28º Congresso da SOTER. Pela seriedade com que abordam as questões da Teologia e das Ciências da Religião e pela solidez adquirida ao longo dos anos, os Congressos da SOTER tornaram-se uma referência para a área no Brasil. O fato de ser realizado na PUC Minas tem lhe dado um caráter mais aca-dêmico, conferindo-lhe também um perfil mais ecumênico e plural.

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Religião e Espaço Público: cenários contemporâneos

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A parceria entre a SOTER e as Edições Paulinas continuará viabilizando a publicação do conteúdo dessas intervenções em forma de livro. Os Congressos da entidade abrem também espaço para a discussão das pesquisas feitas nas fa-culdades de Teologia e nos programas de pós-graduação em Teologia, Ciências da Religião e áreas afins, através de comunicações científicas.

Após a experiência dos últimos anos e levando em conta as diversidades de participações, os últimos Congressos, precisamente desde 2013, tiveram uma diferenciação na maneira de apresentação de comunicações científicas. Os Gru-pos de Trabalho (GTs), com caráter permanente, não necessitam passar a cada ano pela avaliação do Comitê Científico, são constituídos por pesquisadores/as que se comprometem a aprofundar a temática do Grupo, criando uma rede de pesquisa e debate, podendo organizar colóquios, seminários ou publicações fora do Congresso. Os Fóruns Temáticos (FTs), por sua vez, propõem a discussão de questões relevantes, relacionadas à temática geral do Congresso ou a temas im-portantes da área; não têm caráter permanente e necessitam apresentar a cada ano sua proposta, que será avaliada pelo Comitê Científico; são mais abertos aos diversos tipos de participação e, uma vez consolidados, podem se tornar GT. A animação de GTs e de FTs deve ser assegurada por no mínimo dois e no máximo três doutores/as vinculados/as a IES distintas. Haverá um Fórum de Iniciação Científica que acolherá comunicações de alunos/as de graduação e especializa-ção com apresentação em pôster científico.

Os/as coordenadores/as de GTs e dos FTs aprovam as comunicações pro-postas, levando em conta os critérios estabelecidos pela Comissão Organizadora do 28º Congresso. A inscrição nos GTs e nos FTs se dará através da página de Even-tos do Site da SOTER (http://www.soter.org.br). As comunicações aprovadas, cujos proponentes pagaram a taxa de inscrição, terão seus resumos publicados no Caderno de Resumos online do 28º Congresso com ISSN próprio. Para que haja publicação dos textos completos nos anais do Congresso no Portal da SOTER, com ISSN próprio, os textos (já formatados como indicado) deverão ser enviados até dia 30 de junho de 2015, aprovados pela coordenação dos GTs ou FTs e efe-tivamente apresentados.

Destinatários

O 28º Congresso dirige-se aos/às sócios/as da SOTER, constituídos/as de mestres/as e doutores/as em Ciências da Religião e Teologia, aos/às pesquisado-res/as e especialistas dessa área e de áreas afins, interessados/as em aprofun-dar e discutir a questão Religião e Espaço Público: cenários contemporâneos. Também está aberto a acolher alunos/as de graduação e pessoas da sociedade em geral interessadas na temática a ser debatida.

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GT 1: Teologia (s) da Libertação (TdL)

Coordenadores:Dr. Paulo Agostinho - PUC/Minas, MG;Dr. Francisco das Chagas Albuquerque– FAJE-MG;Dr. Benedito Ferraro - PUC Campinas, SP.

Ementa: O GT TdL objetiva reunir pesquisadores (as) que investigam sobre as diversas formas de teologia contextuais que se compreendem como “da liberta-ção”, que articulam teologia e libertação, a defesa da dignidade eco-humana, da justiça e da solidariedade. Também se abre, nessa perspectiva, às questões de metodologia e epistemologia teológica; às articulações entre mediações fi-losófico-científicas e hermenêuticas e as perspectivas praxísticas; aos embates com as ciências da religião, às mudanças de paradigma. Considera os novos sujeitos e lugares teológicos, assim como as diferentes categorias de análise como gênero, raça/etnia, além de classe social, privilegiando os mais diversos temas na perspectiva da libertação e do diálogo interdisciplinar e suas interfa-ces com o contexto atual de busca de ecumenismo, pluralismo e diálogo inter--religioso. O GT pretende acolher trabalhos que tenham a interconexão entre movimentos sociais, ciências sociais e teologia: leitura/interpretação teológica dos movimentos sociais, analisados e compreendidos em diálogo com as ciên-cias sociais. Movimentos de resistência e de construção de alternativas como os que se reúnem no Fórum Social Mundial e o exercício da teologia no Fórum Mundial de Teologia e Libertação e das motivações teológicas em atuações pas-torais junto aos movimentos sociais podem encontrar neste GT um laboratório fecundo e criativo.

1)Título: Teologia da Libertação e Teoria do Reconhecimento: contribuições e perspectivas pastorais para o século XXINome: Luciano Gomes dos SantosTitulação: Doutorando(a)Instituição: FAJE Resumo:A presente comunicação visa analisar as relações entre a Teologia da Libertação e a Teoria do Reconhecimento do sociólogo alemão Axel Honneth, investigan-do as contribuições e perspectivas pastorais para o século XXI. A Teologia da Libertação, por meio de sua reflexão teológica, provocou um novo jeito de ser igreja, marcado pela participação ativa dos pobres e dos leigos, que mostrou de forma viva e íntima a vinculação entre libertação e salvação, colocando no centro da história o projeto de afirmação do Reino de Deus. Emerge no final dos anos 1960, como expressão viva de uma experiência de fé libertadora. A Teolo-gia da Libertação articula o processo histórico marcado pela pobreza, a espe-rança e a busca libertadora. A sua práxis não se limita a pensar o mundo, mas

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em transformá-lo em vista da dignidade da pessoa humana pisoteada, na luta contra a espoliação da imensa maioria da humanidade, no amor que liberta, na construção de uma nova sociedade, justa e fraterna, na dimensão do dom do Reino de Deus. Nessa perspectiva libertadora, a Teoria do Reconhecimento contribui com o reconhecer essa dignidade humana por meio de três relações: amor, direito e solidariedade. Libertar o ser humano é reconhecer que o seu núcleo mais profundo é marcado por uma identidade moral e sagrada, que não pode ser coisificada. Nessa perspectiva, a Teologia de Libertação e a Teoria do Reconhecimento trazem diversas contribuições e perspectivas pastorais para o século XXI, considerando o mundo globalizado economicamente, o diálogo ecu-mênico, as novas identidades sexuais e a condição do ser humano. Palavras-chave: Teologia da Libertação. Teoria do Reconhecimento. Pastoral. 2)Título: A culpabilização como problema no estudo do “capitalismo como reli-gião”Nome: Allan da Silva CoelhoTitulação: Mestre(a)Instituição: UNIFEG Resumo:Articular o capitalismo e a religião supõe uma profunda revisão do quadro te-órico da Modernidade e de sua autocompreensão secular. As críticas do “ca-pitalismo como religião”, encontradas em filósofos heterodoxos como Walter Benjamin ou em teólogos da libertação como aqueles da “Escola do DEI”, re-ferenciam-se em metodologias divergentes que conjugam conceitos marxistas e weberianos para compreender a dimensão religiosa que permaneceria em vi-gência no ethos capitalista. Tal perspectiva possibilita o estudo dos fundamen-tos da “visão social de mundo” capitalista pela crítica de sua dimensão mítica e teológica. Neste contexto, a ideia de “culpabilidade” ocupa um lugar central desta análise, sendo elemento estruturante tanto em Benjamin como nos teó-logos da libertação. Este artigo pretende identificar como a culpabilidade nas relações de produção e consumo das mercadorias, no mercado capitalista con-temporâneo, globalizado e neoliberal, torna-se um problema mítico-teológico que evidencia a nítida divergência entre o ethos capitalista contemporâneo e a teologia cristã da dívida-culpa. Tal problemática permitiria questionar sobre as relações e inversões mítico-teológicas necessárias para a legitimação e adesão à configuração espiritual do capitalismo hoje. Palavras-chave: Fetichismo. Culpabilidade. Secularização. W. Benjamin. Teolo-gia da Libertação. 3)Título: A eficácia sócio-política da fé numa “cultura da autenticidade”: desafios e perspectivas para a Teologia da LibertaçãoNome: Eugenio Rivas

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Titulação: Doutor(a)Instituição: FAJEInstituição Financiadora: Associação Jesuíta de Assistência Social - Vila Fátima Resumo:O filósofo canadense Charles Taylor caracteriza a cultura contemporânea como uma “cultura da autenticidade”. Por autenticidade ele entende a busca da autorrealização pessoal, atendendo ao princípio subjetivo de ser fiel ao que sinceramente se sente. Por detrás dessa busca perfila o ideal moral da “vera-cidade consigo mesmo”. O ideal moral, na maneira em que ele o entende, não se define “em função do que desejamos ou necessitamos, mas relativamente a um padrão do que devemos desejar”, daí se segue que, por mais degradada ou travestida que essa busca seja (individualismo, relativismo), a autenticidade repousa numa força moral que vai além de uma retórica que a despoja de toda nobreza, ou a defende acriticamente, ou procura um compromisso sabiamente equilibrado. Taylor apela para um trabalho de regeneração, pelo qual este ideal possa contribuir à renovação da vida prática. Isto implica que a autenticidade tem exigências ou ela será contraproducente. Nesta cultura da autenticidade se encontra imersa a vida de fé. Isto implica que também a vida de fé pode degradar-se ou travestir-se, desinteressando-se de todo engajamento social, ela pode voltar as costas à historia onde ela é chamada a ser fermento de li-bertação e, em consequência, ela perde sua “eficácia sociopolítica”. A TdL não só alimenta a práxis libertadora da fé, ela se nutre dela, mas é essa práxis que as tendências degradadas ou travestidas da vida de fé, na cultura da autentici-dade, parecem colocar em risco. A TdL enfrenta o desafio de um trabalho aná-logo ao trabalho filosófico proposto por Taylor para abrir caminhos à exigência ineludível da fé que encarna a boa noticia do reino. Sem este trabalho, essa reflexão teológica ficaria no lamento, muitas vezes não isento de desprezo, dos diagnósticos que descrevem esta “fé da autenticidade” como uma experiência que se furta às suas exigências. Palavras-chave: Autenticidade. Fé. Teologia da libertação. 4)Título: A sociedade São Vicente de Paulo e a Teologia da LibertaçãoNome: Itamar Ary Sacramento SantosTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Minas Resumo: O objetivo desta Comunicação é discutir e refletir se houve e há contribuição da Sociedade São Vicente de Paulo – SSVP, na figura dos Vicentinos, à Teologia da Libertação. Dentre as formas de demonstrar o compromisso com os pobres, eles ajudam materialmente e praticam visitas semanais às casas dos assistidos. Historicamente, houve muito debate entre formas de trabalho com os pobres, especialmente a discussão sobre a caridade “assistencialista”, considerada uma ação conservadora e que gerava a manutenção de uma ordem injusta, e a ação

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transformadora, mais preocupada em “ensinar a pescar” e propiciar a dinâmica libertadora. Essa questão ainda permanece e é oportuno rediscutí-la critica-mente no âmbito da SSPV, entidade que com vasta atuação religiosa no Brasil. Os Vicentinos têm atuado não só para diminuir a miséria daqueles que sofrem a falta das necessidades básicas, mas também procuram descobrir e agir nas causas dessas mazelas. Os membros da SSVP devem sempre insistir na formação integral dos necessitados, dando ênfase no plano espiritual, mas não se esque-cendo do plano material, tendo como meta uma cidadania plena. Outra forma de contribuição para a transformação da sociedade são as Obras Unidas, através de hospitais, clubes de serviços, creches, escolas, entre outros. Na busca da construção de um mundo mais justo, fraterno, com justiça social, os Vicentinos participam de uma das mais importantes aspirações da TdL que é a libertação integral do oprimido. Palavras chaves: Teologia da Libertação. Vicentinos. Opção pelos pobres. Cari-dade. 5)Título: Cenários de migrações, religiões e suas implicações na Teologia da Li-bertaçãoNome: Marileda BaggioTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC RS.Instituição Financiadora: Marileda Baggio Resumo:A ligação dos cenários das migrações com a religião sempre foi um tema con-temporâneo nas diversas fases da história. É contemporâneo como foi nos tem-pos bíblicos, das grandes migrações do final do século XIX, do pós-guerra, das migrações latino americanas para os EUA, daquelas que continuam de norte a sul do planeta devido às catástrofes naturais e às guerras, às perseguições po-líticas e às cobiçadas atrações econômicas. Todos os povos levam consigo suas crenças e seus jeitos de celebrar, seus pertences, seus ritos e seus símbolos que remetem à transcendência. Nenhum povo vive sem religião, culto, espirituali-dade e também sem comunidade. A hegemonia da religião católica deixou de existir em muitos lugares. Muitas religiões foram universalizadas pelos migran-tes e desta forma eles foram ocupando seus espaços, construindo templos e comunidades de fé e de culto, quando não atraindo outras pessoas do próprio país de emigração. Qual é a identidade destes cenários com a Teologia da Li-bertação? A teologia da Libertação nasceu em um contexto de necessidade das Igrejas cristãs atenderem às populações pobres, em condições de migrações, excluídas, e desconhecidas pela prática eclesial anterior ao Vaticano II. É assim que a Teologia da Libertação tenta responder e abrir espaços de vida, acolhida e aceitação, irmanada pelo Único Deus que une a humanidade e a chama para a unidade de toda a família humana. Palavras-chave: Migrações. Religiões. Contemporaneidade. Teologia da Liber-

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tação. 6)Título: Imago Deis e o processo de construção da dignidade humana: um para a precarização das relações.Nome: Thyeles Moratti Precilio Borcarte StrelhowTitulação: Doutorando(a)Instituição: Faculdades EST Resumo:A construção do conceito de dignidade humana tomou força nas discussões dos direitos humanos e das constituições nacionais na história recente. Esta tam-bém é uma temática importante para a Teologia, vinculada principalmente pelo viés da(s) Teologia(s) da Libertação, pois tende a evidenciar a precariedade das relações humanas e ambientais. Em geral, a fundamentação bíblico-teológica que se apresenta encontra eco nos relatos da criação de Gênesis. A partir disso, a presente comunicação propõe discutir o tema da dignidade humana a partir do conjunto de relações que constituem o ser humano. Através de pesquisa bibliográfica, pretende-se expor que a constituição da dignidade humana não é apenas uma distinção metafísica, mas uma apreensão concreta construída pela relação entre o ser humano, a criação e o Criador. Desta forma, revisitando o tema proposto, é possível vislumbrar um discurso que alcance a efetivação prática da dignidade humana, não apenas a um grupo seleto de seres humanos, mas também às pessoas vítimas dos processos de exclusão, a partir da partici-pação efetiva nos processos de decisão e da garantia de direitos básicos. Palavras-chave: Dignidade humana. Imago Dei. Teologia(s) da Libertação 7)Título: Liberación: deseo, necesidad y objetivo. Crisis de la utopía y recriación de la ideologíaNome: Salustiano Alvarez GomezTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC Minas Resumo:La realidad del mundo es de crisis y en crisis. No solamente crisis económica, política o ecológica, más concretamente, crisis provocada por la negación de la ética en ideologías libertarías que combatían la indignidad de la realidad humana. Contextos que continúan desafiando ideologías y sistemas. Al fracaso de las ideologías liberadores hay que continuar añadiendo el fracaso neoliberal. Parece que hay una incapacidad de traer soluciones mínimamente dignas a los excluidos del sistema. Desde la esperanza liberadora se exige la urgencia de rever ideologías e recriar utopías. De la necesidad de dignificar al ser huma-no crece un nuevo deseo libertador. Liberación que tendrá que ser inclusiva, progresiva, ecológica, general, universal, retomando la prioridad por las víc-timas del sistema, sin miedo a la crítica ni a la autocrítica. El momento es de

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alternativas prácticas, experiencias populares que van desde comités de ética a representatividad real política. Un nuevo mundo es posible desde nuevas perspectivas éticas, nuevas políticas y nuevas racionalidades. De indignados europeos a manifestantes latinoamericanos, la utopía intenta reconstruirse. L Palabras- clave: Liberación. Utopía. Ética. Globalización. 8)Título: Pastoral Universitária e os sem teto na região metropolitana de BH: es-piritualidade em meio ao conflito socialNome: Edmar Avelar de SenaTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC Minas / UFJF Resumo:Em 2015 a Campanha da Fraternidade refletiu sobre as relações entre Igreja e Sociedade e resgatou as conclusões do Concílio Ecumênico Vaticano II, que apontaram o caminho do diálogo com os diversos os setores da sociedade como forma de promover a humanização e a dignidade, especialmente dos mais po-bres e desfavorecidos. A Pastoral Universitária - PU da PUC Minas, dentro desta perspectiva, optou por estar presente nas ocupações Rosa Leão, Vitória e Es-perança e analisar, junto com a comunidade acadêmica, a questão da moradia em Belo Horizonte. Nessas três ocupações, localizadas na “região da Izidora”, centenas de famílias edificaram suas casas e lutam para permanecerem no lo-cal, pois vivem sob a eminência de despejo. Entre os vários fatores que tocam diretamente a essas comunidades, a PU promove ações de cidadania e realiza momentos de espiritualidade ecumênica para refletir, a luz do Evangelho, sobre a situação concreta dos sem casa no Brasil, a questão de acesso à moradia e à digna e plena cidadania. Palavras-chave: Pastoral Universitária. Espiritualidade. Conflito social. Cidada-nia. 9)Título: Religião, colonialismo e alteridade em Roger WilliamsNome: Adriel Moreira BarbosaTitulação: Mestrando(a)Instituição: Universidade Metodista de São Paulo Resumo:Esta comunicação apresenta resultados parciais de nossa pesquisa de mestrado sobre Roger Williams – personagem da colonização dos EUA no século XVII. Este pastor puritano-separatista inglês, que migrou para a colônia de Massachusetts Bay em 1631, é um personagem pouco conhecido e pesquisado no Brasil e por isso buscamos recuperar sua memória com o objetivo de compreender como ele se destacou na defesa da liberdade e da igualdade em um ambiente dominado pelo totalitarismo colonial inglês. Nosso objetivo é analisar suas propostas no

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processo de estabelecimento da colônia de Rhode Island, comparando-os criti-camente com a lógica totalizante dos líderes puritanos da colônia de Massachus-sets Bay. Esta análise se dá a partir de conceitos da Filosofia da Libertação de Enrique Dussel, que aponta o processo colonizador como um processo de “enco-brimento do outro” e que negava a alteridade dos povos originários da América. Também buscamos em Franz J. Hinkelammert compreender se é possível afir-mar que Roger Williams tornou-se sujeito de um novo paradigma de organização social, com uma proposta capaz de sedimentar, ainda que provisoriamente, um ethos de libertação que valorizava a sujeiticidade dos outros na colônia de Rhode Island. A importância de experiências como a de Roger Williams, que a partir de seu pensamento teológico pode defender a humanidade das vítimas do sistema de colonização, se justifica na necessidade e emergência de lugares hermenêuticos idênticos, que sejam promotores da dignidade humana. Palavras-chave: Roger Williams. Colonialismo. Alteridade 10)Título: Teologia da Libertação e pastoral universitária: desafios e proposiçõesNome: Paulo Agostinho Nogueira BaptistaTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC Minas Resumo:Em 2014, em Comunicação neste mesmo GT, discutimos o tema Teologia da Libertação - TdL e Juventude. Em sequência a essa reflexão, queremos agora tratar dos desafios e proposições que a realidade atual provoca para a TdL, es-pecialmente quanto à Pastoral Universitária - PU. Já é bem conhecida a relação histórica entre a Juventude Universitária Católica - JUC e a TdL. Com o fim da JUC em 1966, fora o trabalho pastoral de instituições universitárias confessio-nais, surgiram diversos movimentos de jovens como TLC (Treinamento de Li-deranças Cristãs – Cursilhos), Emaús, GEN (Geração Nova – Folcolares) e tantos outros. Nos primeiros anos de 1970 houve iniciativas de algumas dioceses em organizar centros pastorais para universitários como, por exemplo, Lins e Ponta Grossa. E em 1977, a partir do Concílio de Jovens em Lins e de outros encontros (Juiz de Fora, 1978; Vitória, 1979), iniciou-se a articulação nacional de grupos de Pastoral Universitária. Com a vinda do movimento Comunhão e Libertação, que criou as Comunidades Universitárias de Base - CUBs, e a organização do Movimento de Cristãos Universitários – MCU, o 4º. Encontro Nacional da PU deu continuação à ideia de uma PU pluralista (1981) e a importância de organização dos grupos não alinhados a movimentos, nascendo assim a PU de Linha Dioce-sana, que avançou e se desenvolveu até à década de 1990. A guinada conserva-dora na CNBB, com pressões e primeiros movimentos no final dos anos de 1990, se efetivou a partir de 2003, significando um “desmonte” de diversas pastorais, inclusive a Pastoral de Juventude - PJ e a PU, só retomada em 2007, em novo contexto e problemas. O que se quer discutir nesta Comunicação, resgatando alguns elementos históricos, é sobre desafios e proposições que a realidade atual oferece à TdL, na perspectiva da PU e da juventude universitária, e como

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a TdL pode respondê-los. Palavras-chave: Teologia da Libertação. Juventude Universitária. Pastoral Uni-versitária. Desafios pastorais. 11)Título: Teologia da Libertação: uma voz eloquente discretaNome: Francisco das Chagas de AlbuquerqueTitulação: Doutor(a)Instituição: FAJEInstituição Financiadora: Associação Jesuíta de Educação e Assistencia Social - Vila Fátima Resumo:A comunicação mostrará que a Teologia da Libertação em suas diversas formu-lações contextuais contribui para a humanização na Igreja e na sociedade. O testemunho de cristãs e cristãos - martírio - constitui uma voz eloquente da fé vivida em perspectiva libertadora. Por outro lado, continua presente de forma discreta na vida eclesial que assume um serviço de salvação em sentido inte-gral. O mundo neoliberalizado continua gerando exclusão e injustiças. Entre as centenas de mártires, lembramos os mártires El Salvador. Palavras-chave: Libertação. Humanização. Profetismo. Martírio. Comunidade.

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GT 2: Protestantismos

Coordenadores: Dr. Ronaldo Cavalcante - Faculdade de Teologia Unida de Vitória, ES;Dr. Adilson Schultz - PUC Minas, MG Ementa: O universo protestante tem passado por mudanças estruturais e con-junturais de significativa relevância. O surpreendente dinamismo do fenômeno evangélico, particularmente no Brasil e América Latina, exige reflexões multi-disciplinares, forjadas especialmente no campo da Teologia e das Ciências da religião, em constante diálogo com outras áreas do saber. Nesse sentido, o GT Protestantismos recolhe perguntas e reflexões sobre o futuro do protestantismo, entre elas: o papel público da teologia, a identidade da teologia evangélica em relação à cultura brasileira, o universo multifacetado de teologias protestantes, a questão da confessionalidade em relação ao diálogo ecumênico e inter-re-ligioso, os êxitos e fracassos das igrejas e teologias protestantes na tarefa de articulação da revelação de Deus no mundo. 1)Título: “Como fazer uma Igreja crescer e multiplicar?”: estudo sobre a união entre religião e política na Igreja Mundial do poder de DeusNome: Saulo Inácio da SilvaTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Campinas Resumo: A comunicação refere-se a um estudo acerca da associação entre política e re-ligião na Igreja Mundial do Poder de Deus, que consideramos essencial para a legitimidade da igreja. Acreditamos que tal fenômeno religioso seja o “neofun-damentalismo”, surgido nos Estados Unidos na década de 1970, período em que protestantes conservadores de ideologia fundamentalista obtiveram visibilidade através de suas participações ativas no cenário político. Esse movimento, que mescla religião e política, influenciou no Brasil o neopentecostalismo. Desta forma as novas denominações surgidas no fim da década de 70 pregavam uma proximidade do mundo e da política. A principal representante foi a Igreja Uni-versal do Reino de Deus (IURD) e, depois, algumas dissidências como a Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD) criada em 1998, pelo Apóstolo Valdemiro San-tiago. Fizemos o levantamento histórico do tema por meio de pesquisa bibliográ-fica. Utilizamos a sociologia compreensiva weberiana no intuito de compreender os discursos do líder-fundador da IMPD. Investigamos o neofundamentalismo na Igreja Mundial do Poder de Deus e suas implicações sobre a sociedade brasileira. Palavras-chave: Religião. Política. Igreja Mundial do Poder de Deus. 2)Título: “Em nome de Deus, do diabo e de todos vocês” o axioma da Igreja Uni-versal do Reino de Deus

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Nome: Jacqueline Crepaldi SouzaTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC MinasCoautor(es): Sandra Helena Barroso Resumo:A consciência da pluralidade religiosa irrompe na teologia cristã. Isto porque as convicções religiosas e verdades consideradas absolutas passam a ser desafiadas e apresentadas de maneira diferente. Nessa comunicação avaliaremos as carac-terísticas dessa nova consciência e sua relação com a religião neopentecostal. O contexto é um discurso realizado pelo Bispo Edir Macedo da Igreja Universal do Reino de Deus, IURD. Igreja cuja sede está no Templo de Salomão, em São Paulo. Nosso desafio é reconhecer seu axioma e interrogar se suas doutrinas, Teologia, conversão e participação política são sinais de abertura para o diálogo. Para isso analisaremos o paradigma religioso no qual se localiza a igreja Neopentecostal Universal do Reino de Deus: axioma do exclusivismo, inclusivismo ou do pluralis-mo? Nesse viés, dividimos nosso trabalho em quatro momentos. O primeiro, Dou-trina, Teologia e conversão trata sobre a Igreja de Edir Macedo e seu discurso de indução à conversão. No segundo momento, Participação Política, analisaremos o poder compreendido como poder político da IURD. No terceiro, Abertura para o Diálogo, faremos uma análise mais detalhada dos elementos bíblicos que res-paldam as ações da IURD. Finalmente, no quarto momento, “Diante de Deus, do diabo e todos vocês”, basearemos nossa análise em Claude Geffré na busca por compreender a identidade da IURD no mundo plural. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que busca compreender o paradigma religioso em que se insere a IURD. Palavras-chave: Pluralismo. IURD. Discurso. 3)Título: A Igreja histórica num contexto brasileiroNome: José Antonio de Góes FilhoTitulação: Mestrando(a)Instituição: Universidade Presbiteriana Mackenzie Resumo: O trabalho em desenvolvimento pretende compreender as características da Igreja Presbiteriana do Brasil como uma instituição de origens teológica reforma-da, atuando num contexto multicultural e plurireligioso brasileiro. Para tanto, será analisado as características históricas do presbiterianismo; será estudado quais são os seus métodos de expansão e crescimento, no seu período de implan-tação no brasil e hoje; buscar-se-á identificar quais desafios alcançam a Igreja na contemporaneidade; observar-se-á por quais transformações passou o igreja em suas estruturas tradicionais; pretende-se entender qual e? a mais acentuada vocação da igreja através da interpretação dos dados estatísticos emanados no censo presbiteriano de 2009; e, por fim, avaliar as ameaças atuais que pre-ocupam as igrejas históricas, em especial, a Igreja Presbiteriana do Brasil. Esta

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pesquisa partira? da abordagem dedutiva, ou seja, procurando inferir e extrair de fatos históricos ou princípios, valores que, não prejudicando a ideia ou o sen-tido do que o autor se propõe mostrar, enriqueça a pesquisa. O procedimento utilizado será histórico e comparativo, e as investigações terão caráter teórico e de pesquisa bibliográfica. A relevância de se estudar sobre a Igreja Presbiteriana do Brasil se da? porque ela se destaca como uma das mais sólidas igrejas histó-ricas em solo tupiniquim. Sendo assim, as ameaças que a espreitam podem ser as mesmas ameaças para as demais igrejas históricas; as metodologias adotadas como sistema de defesa podem servir de parâmetro e exemplo para as demais igrejas; destacar as características distintivas podem revelar uma igreja mais relevante do que se imagina; apresentar as ameaças contemporâneas pode con-tribuir para a preservação, desenvolvimento e correções de trajeto das igrejas históricas no Brasil. Palavras-chaves: Religião. Igrejas Históricas. Presbiterianismo. Religião Contem-porânea. 4)Título: A relação entre religião e modernidade através de um estudo de casoNome: Gustavo de Castro Patrício de AlencarTitulação: Doutorando(a)Instituição: UFMGCoautor(es): Paulo Henrique Bellonia da Silveira Resumo: O presente trabalho busca realizar uma investigação sociológica das disputas de espaço e recursos entre grupos religiosos protestantes e esferas “seculares” da sociedade. O importante sociólogo José Casanova destacou que as teorias a respeito da secularização envolvem três proposições básicas: diferenciação en-tre as esferas seculares e aquelas de ordem religiosa, a decadência das crenças e práticas religiosas e a reclusão da religião ao âmbito da vida privada. Essas proposições são constantemente questionadas e estudadas pelos trabalhos em-píricos sobre sociologia da religião. É o que queremos fazer ao analisar de que formas grupos religiosos protestantes buscam não se confinar nas esferas priva-das e oferecer discursos que relacionam fé e assuntos discutidos na modernidade como: sexualidade, trabalho, ciência, política, arte, etc. Iremos estudar dois grupos específicos o L’abri Brasil e Aliança Bíblica Universitária (ABU) que são enigmáticos para verificar a relação entre a fé e outras dimensões da vida. O estudo irá contribuir para a melhor compreensão da pluralidade do protestan-tismo brasileiro. Palavras-chave: L’abri. ABU. Secularização. Privatização da religião. 5)Título: Fé em movimento: o trânsito religioso entre o protestantismo histórico e novos movimentos religiosos no BrasilNome: Leonardo Gonçalves de Alvarenga

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Titulação: Doutorando(a)Instituição: PUC SP Resumo: Tem-se observado no atual cenário religioso brasileiro que enquanto as institui-ções ou igrejas protestantes históricas lutam pela afirmação e pelo desenvolvi-mento de suas identidades coletivas, no esforço de controlar as condições de vida de seus membros; estes buscam a transformação e o reconhecimento de suas identidades pessoais na tentativa de resolver conflitos em face de expec-tativas sociais conflitantes. Este trabalho objetiva compreender esse fenômeno à luz da psicologia social crítica. Esta entende que identidade é metamorfose. O indivíduo, assim como instituições, está em movimento o tempo todo, ainda que se recusem a aceitar essa realidade. Essa corrente da psicologia compreen-de que diferentes estágios das sociedades tendem a aumentar alternativas de opções identitárias, ao mesmo tempo em que criam novas situações problemá-ticas, decorrentes do aumento de intensidade de tensões sociais. Isso explica, em parte, a estagnação numérica desse segmento face ao crescimento dos novos movimentos religiosos, e a evasão dos seus membros para outras comunidades. Enquanto essas instituições lutam pela afirmação de uma identidade fixa, os fiéis buscam, frente às mudanças sociais, uma alternativa que se enquadre melhor as suas expectativas e anseios. Essas conclusões foram obtidas mediante observa-ção participante e entrevistas semi-estruturadas. Palavras-chave: Protestantismo. Movimento. Identidade 6)Título: O conceito vocação: resgate histórico do seu sentido no protestantismoNome: Priscilla Luciane Bastos OliveiraTitulação: Mestrando(a)Instituição: Universidade Presbiteriana Mackenzie Resumo:Com o Censo do IBGE 2010, foi percebido um significativo crescimento do gru-po evangélico. Dentre eles, os pentecostais e neopentecostais são os que mais cresceram ao longo da última década. Esse fator instigou nos teólogos, líderes e adeptos o questionamento sobre o impacto do evangelho na transformação cultural, social e ético do país; isto porque nas nações que professaram o protes-tantismo foi percebido desenvolvimento social significativo. Não desconsideran-do os fatores históricos que permeavam aquelas sociedades naquele momento para estas transformações sociais. Percebe no Brasil o retorno da religião no cenário público por meio de seu discurso, não mais ocupando o espaço como legitimadora social; oferecendo a oportunidade e até mesmo um dever religioso de contribuir com a sociedade brasileira na transformação de uma sociedade mais justa e igualitária. Claro que outros discursos disputam na arena social sua legitimidade e espaço para cooperar no desenvolvimento do país. No entanto, acredita-se que o conceito de vocação no seu sentido bíblico e reformado con-tribuirá para os evangélicos na construção de uma cosmovisão que coopere no

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desenvolvimento do país. Pretende com este trabalho analisar o conceito de vocação na história do cristianismo e refletir o conceito no pensamento refor-mado. Para isso, foi necessário revisar os autores que trataram deste assunto e os textos bíblicos, teológicos e escritores contemporâneos. Procurou-se rever a trajetória histórica do termo e das mudanças de sentido e resgatar o sentido do sagrado inerente. Perceber a discussão do sentido do conceito no interior do grupo evangélico. A compreensão da vocação no conceito bíblico e reformado é um elemento teológico importante para a uma influencia social evangélica no Brasil.

Palavras-chave: Vocação. Protestantismo. História. Brasil. 7)Título: O cuidado de Deus no sofrimento humano a partir da perspectiva da Teologia da Cruz de LuteroNome: Marcelo MartinsTitulação: Doutorando(a)Instituição: EST Resumo: Este artigo tem como proposta refletir sobre como Deus cuida do ser humano em meios aos seus sofrimentos. Muitos questionamentos surgem diante das si-tuações adversas no decorrer da vida, especialmente aquelas que acarretam grandes sofrimentos. Existem muitas “teologias” contemporâneas que propõem fugas, escapes, libertações de todo e qualquer sofrimento. Neste artigo busca--se o caminho contrário: encarar o sofrimento tendo como base a Teologia da Cruz. Nossa proposta é que a Teologia da Cruz é a base para poder enxergar, vi-venciar e extrair do sofrimento humano tudo aquilo que ele pode produzir para o crescimento (em várias áreas) do ser humano. Partindo de Martinho Lutero e apoiados por Walther Von Loewenich, procura-se mostrar a proximidade de Deus junto aos que sofrem e, como em meio ao sofrimento é possível encontrar resiliência, forças e esperança. A pesquisa feita é bibliográfica, enfocando es-pecialmente Lutero e Loewenich. A conclusão que se chega é que a Teologia da Cruz de Lutero pode ser uma excelente base de apoio teológico e prático para ajudar aqueles que sofrem. Palavras-chave: Teologia da Cruz. Sofrimento. Lutero. 8)Título: Renovação espiritual e protestantismo brasileiro – os primórdios do mo-vimento de renovação espiritual nas Igrejas Batistas brasileiras (décadas de 1950 e 1960)Nome: Thiago MoreiraTitulação: Mestrando(a)Instituição: UFJF Resumo:

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A presente comunicação tem como objetivo trazer algumas considerações sobre o movimento de renovação espiritual no protestantismo brasileiro (histórico, tradicional) cujo principal objetivo era trazer para o ambiente de culto das igrejas deste protestantismo a experiência religiosa pentecostal. Não raras fo-ram as cisões e dissabores entre os que defendiam a carismatização (pautados na continuidade dos dons espirituais, tais como profecia, glossolalia, etc.) e aqueles que eram avessos a este movimento por atestarem sua ilegitimidade (em razão de experiências religiosas pautadas em forte emocionalismo). Pode-mos citar como fruto destas cisões a Igreja Luterana Renovada, Igreja Metodista Wesleyana, a Igreja Presbiteriana Independente Renovada e a Igreja Batista Renovada (também chamada de Batista Nacional). Nas igrejas batistas os nomes de Rosalee Mills Appleby, José Rêgo do Nascimento, Enéas Tognini e Rosivaldo de Araújo são recorrentes como precursores e principais divulgadores do que se chamou de “Renovação Espiritual”, movimento este que tem na Igreja Batista da Lagoinha, Belo Horizonte, Minas Gerais, um de seus principais expoentes e que será material empírico desta apresentação. Palavras-chave: Protestantismo. Renovação Espiritual. Igrejas Batistas. 9)Título: Sacrifício Iurdiano: uma tentativa de explicação e interpretação do sa-crifício monetário nas perspectivas do fiel e da instituição em uma IURD em Belém - ParáNome: Samuel Marques CamposTitulação: Doutorando(a)Instituição: UFPA / FATEBE Resumo: O centro teológico da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) consiste no “sa-crifício” que é o exercício da “fé em ação”, ou seja, é a entrega de dinheiro para a solução de problemas financeiros, familiares, de saúde etc. Desta forma, me proponho a fazer uma leitura do sacrifício no “Cenáculo do Espírito Santo”, templo central da IURD em Belém, Pará, levando em consideração as perspec-tivas estruturalistas de Lévi-Strauss e interpretativas de Geertz, as quais Azzan Jr. procurou conciliá-las. Baseado na proposta deste, eu busco explicar a estru-tura “lógica” do sacrifício nos rituais iurdianos (Lévi-Strauss) e, para comple-mentar as análises, me lanço a interpretar as percepções dos fieis acerca do ato de entregar o sacrifício monetário. Este texto está dividido em três principais. A primeira trata das abordagens antropológicas de Lévi-Strauss e Geertz e como Azzan Jr. busca conciliá-las. Em seguida, trabalho a concepção iurdiana sobre o sacrifício, buscando explicar as dinâmicas de seu funcionamento. Já na terceira e última parte, faço uma reflexão da visão do fiel sobre o sacrifício lançando mão de uma perspectiva interpretativa. Palavras-chave: IURD. Sacrifício. Estruturalismo. Interpretação. 10)

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Título: Solidariedade orgânica, responsabilidade social, moral religiosa: inter-pretações sociológicas e teológicas do universo protestante contemporâneoNome: Adilson SchultzTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC Minas / Izabela Hendrix Resumo: Os conceitos de Solidariedade Orgânica e Responsabilidade social prestam-se para analisar a moral religiosa em curso no ambiente protestante contempo-râneo. Seja na vertente performática neopentecostal, com análise específica de um Culto do Descarrego da Igreja Universal, seja na vertente discursiva do protestantismo clássico, o que assistimos é o embricamento de ato e fato, indi-víduo e sociedade degladiando-se e arranjando a moral. Com base em Durkheim no campo sociológico, e Tillich e Kierkegaard no campo teológico, a comunica-ção busca apresentar resultados de pesquisa em torno do tema da responsabili-dade desenvolvidas com apoio do CNPq e da Fapemig na PUC Minas. Palavras-chave: Solidariedade orgânica. Responsabilidade social. Protestantis-mo. 11)Título: Teologia da missão integral: apontamentos sobre a experiência brasileiraNome: Jonathan Maxuell Goudinho de OliveiraTitulação: EspecialistaInstituição: Faculdade Batista de Minas Gerais Resumo: A experiência da Teologia Missão Integral (TMI) pressupõe respostas às questões urgentes e prementes na cultura em que se desenvolve. Na experiência de uma Teologia da Missão Integral no contexto brasileiro, considerando a construção sócio-histórica do país, observa-se que alguns aspectos e áreaa da vida humana ganham o centro das discussões teológicas. Este trabalho busca, a partir deste cenário, identificar e analisar quais são esses aspectos e áreas. Para alcançar tal objetivo, este trabalho rememora os fundamentos da Teologia da Missão Integral, traça o histórico da TMI no Brasil e, então, aponta e discorre sobre as tais áreas preponderantes na construção de uma experiência brasileira da Missão Integral. A partir do estudo pela análise de conteúdo de materiais teoló-gicos dos principais autores do movimento que interpretam a Míssil Dei e de mo-vimentos como o ‘Missão na Íntegra’, concluiu-se que, no centro das discussões da TMI no Brasil estão os temas relacionados ao trabalho, à sustentabilidade e à política como instrumento de justiça. Palavras-chave: Missão integral. Hermenêutica. Brasilidade. 12)Título: “Feliciano me representa”: sobre a participação pentecostal na política partidária

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Nome: Ismael de Vasconcelos FerreiraTitulação: Doutorando(a)Instituição: UFJFInstituição Financiadora: FADEPE Resumo: O ascetismo intramundano dos pentecostais clássicos, característico de uma época onde “crente não se mete em política”, tem cedido espaço para uma participação mais efetiva desses pentecostais na política, e esta partidária. Com sua agenda “fundamentalista”, buscam moralizar a sociedade, tomando como regra seus princípios religiosos, provenientes de sua preocupação última, de sua fé. Esta comunicação objetiva discutir duas questões que circundam o pentecostalismo atual: primeiro, as mudanças que vêm ocorrendo na sua práxis teológica que apontam para uma possível acomodação ao sistema secular em detrimento de uma expectativa de realização plena transcendente; e segundo, havendo deixado de lado provisoriamente a cidadania celestial, como os pente-costais justificam a militância em favor de uma agenda essencialmente social e como a sociedade interpreta esta participação. A partir da análise de entrevis-tas realizadas com pentecostais na cidade de Juiz de Fora-MG, demonstraremos a cosmovisão pentecostal e, a partir dela, como justificam sua aparente mu-dança de perspectiva. De fato, imbuídos de uma convicção que lhes é peculiar, os pentecostais buscam vivenciar sua fé de forma plena, o que lhes proporciona ainda uma visão encantada do mundo pretensamente secularizado. Palavras-chave: Cosmovisão. Pentecostalismo. Política.

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GT 3: Exegese e teologia bíblica

Coordenadores:Dr. Paulo Sérgio Soares – PUC Minas, MG;Dr. Cássio Murilo Dias da Silva – PUCRS, RS.

Ementa: A fé cristã acolhe a Bíblia como principal fonte alimentadora da mística que sempre motivou profundas transformações de inteiras sociedades. No en-tanto, na sociedade atual cada vez mais a religião e a fé estão sendo confinadas ao espaço íntimo de cada sujeito, com a consequente leitura intimista da Bíblia. Ela vai sendo reduzida a um amontoado de crenças de foro íntimo, como se não tivesse profundas raízes na vida social, política, econômica e cultural dos povos entre os quais ela se formou e foi transmitida, relida, ensinada e traduzida em ações transformadoras, ou seja, nos espaços públicos de muitos povos, ao longo de milênios. O presente GT quer acolher e ampliar as leituras de ambos os Tes-tamentos que resgatem o caráter público da Bíblia, a fim de superar a redução ao intimismo em sua leitura e, por meio da exegese e da teologia bíblica, abrir horizontes novos para aqueles que alimentam com o texto sagrado sua mística de engajamento e transformação dos espaços públicos contemporâneos. 1)Título: “Levanta-te vem para o meio” (MC 3,1-6): a ação transformadora de Jesus Nome: Junior Vasconcelos do AmaralTitulação: Mestre(a)Instituição: FAJE Resumo: O relato de Mc 3,1-6 (a cura do homem com a mão atrofiada, num dia de sába-do) pode ser considerado exemplar sob o ponto de vista da análise narrativa. Tal relato apresenta um esquema quinário bem definido, com introdução, nó da questão, a ação transformadora, o desenlace e a situação final. Sob o ponto de vista da teologia, Marcos agrega à cura realizada por Jesus uma ação messiânica transformadora, inclusiva e taumatúrgica. Na cristologia marcana, percebemos um Jesus, que, mesmo envolto sob o signo do “segredo messiânico”, age aber-tamente em nome de Deus, com exousia dada por Deus, um “poder-autorizado” que o faz curar, incluir, transformar a todos os que estão a sua volta ou que o procuram de coração. A narrativa da cura do homem da mão seca serve para compreensão da ação depurativa e taumatúrgica de Jesus, que inclui o ser hu-mano à nova sociedade, o Reinado de Deus. Por fim, a leitura narratológica de Mc 3,1-6 possibilita-nos perceber a ação de Deus na práxis libertadora e inclusi-va do Filho Jesus. O ato de “estender a mão” daquele homem, em Mc 3,5b, de-nota o estender solidário da mão humana ao semelhante, àquele que necessita de transformação e cuidado. Palavras-chave: Cristologia. Marcos 3,1-6. Reinado de Deus.

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2)Título: A celebração própria como convite ao outro: possibilidades do Salmo 67Nome: Cesar Motta RiosTitulação: Doutor(a)Instituição: UFMG Resumo: O Salmo 67 é essencialmente comunitário. Não é atribuído a nenhum autor específico. Não tem um eu a apresentar sua situação e sua súplica. Nasce, pelo contrário, em um contexto coletivo, é entoado coletivamente, e almeja coletividades. Nessa comunicação, apresentarei um estudo de aspectos lite-rários da construção poema, considerando detalhes significativos no texto em hebraico. Além disso, considerarei, ainda que de forma hipotética, um contex-to de execução desse salmo, relacionado com o ambiente agrícola. A partir da observação do possível contexto, do conteúdo cantado e também dos detalhes da construção poética do texto (que, antes, eu afirmei serem “significativos”), apresentarei uma percepção do salmo como modelo testemunhal, no sentido de que uma experiência vivida em comum é proclamada não com vistas ao fortale-cimento do grupo mesmo a partir de uma diferenciação radical para com os de fora (por contraste e remarcação de limites), mas com vistas ao acolhimento do outro. Por fim, procurarei articular essa percepção com uma possível leitura em perspectiva cristã, não impondo ao Salmo de modo definitivo um sentido cristo-lógico, mas explorando sua potencialidade como indicador de diretrizes ou, no mínimo, oportunidades de reflexão a respeito de testemunho e proclamação. Palavras-chave: Celebração. Salmo 67. Acolhimento do outro. 3)Título: A continuidade do Cordeiro de Deus no Antigo TestamentoNome: Valney VerasTitulação: Doutor(a)Instituição: Universidade Federal do Ceará Resumo: A relação entre o Antigo Testamento (doravante AT) e o Novo Testamento (do-ravante NT) da Bíblia Sagrada é um tema controverso na área dos estudos em Teologia Bíblica e Exegese. As correntes sobre a relação entre os dois Testa-mentos bíblicos se dividem segundo o grau de aceitação da continuidade e/ou descontinuidade entre eles. Bultmann (1963; 1964), por exemplo, defende a descontinuidade do AT para o NT, de modo que o AT tem apenas a função de fazer o cristão compreender a existência humana, quando o conduz à compre-ensão de Cristo no NT. No entanto, para este autor o AT nunca significará para os cristãos o que outrora, na antiguidade, significou para os judeus, pois no AT não se fala de Jesus. Para Bultmann (1963; 1964), não existe continuidade entre os Testamentos. Baumgärtel (1969) apresenta outra perspectiva de descontinui-

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dade entre AT e NT. Segundo este autor, os que advogam em defesa da continui-dade entre os Testamentos ignoram o fato de que os judeus do AT viveram uma religião sob condições históricas, culturais e religiosas diferentes dos cristãos do século I. Para Baumgärtel (1969) o fato de terem a experiência de um Deus é o fator que une os dois Testamentos. Por sua vez, Von Rad (1969), embora reco-nheça uma descontinuidade entre os Testamentos, apresenta um certo grau de continuidade a partir da reatualização das tradições religiosas mais antigas do AT para as tradições cristãs do NT. Neste eixo teórico está o objetivo deste traba-lho, que visa investigar a continuidade entre AT e NT, a partir de considerações bíblico-teológicas pautadas sob uma metodologia linguístico-discursiva segundo Levinson (2007), ao tratar de pressuposição linguística, e segundo Maingueneau (1997; 2008) e Koch, Bentes e Cavalcante (2008), ao tratar de intertextualidade. O objeto desta investigação é a metáfora do cordeiro, usada no NT para fazer referência ao conceito representado pelo cordeiro no AT. Embora, neste estudo não seja desconsiderada uma descontinuidade entre os Testamentos, entende--se que o grau de continuidade é mais expressivo do que o apresentado por Von Rad (1969), e que se pode observar pela análise linguístico-discursiva dos textos bíblicos. Palavras-chave. Antigo Testamento. Novo Testamento. Continuidade. 4)Título: A figura do tonto no livro de Eclesiastes/QohéletNome: Cassio Murilo Dias da SilvaTitulação: Doutor(a)Instituição: PUCRS Resumo: Este estudo trata da importância persuasiva do tonto nos ensinamentos de Qohe-let, por meio de uma abordagem sistemática dos versículos e das perícopes em que aparecem os termos kesîl [estulto] e s?k?l [idiota]. O tonto se faz presente nas mais diversas circunstâncias e ocasiões do quotidiano; por isso, a crítica qoheletiana não é apresentada de modo orgânico, mas segue o ritmo por ve-zes caótico da vida real, talvez como estratégia para manter o discípulo/leitor atento e aberto a novas descobertas por conta própria. Semelhantemente, neste estudo, a descrição do tonto refletirá o mosaico construído por Qohelet. Nas várias facetas do tonto em Qohelet, é possível vislumbrar o estrago que esta figura promove na sociedade, seja ele alguém sem nenhuma importância, seja ele alguém revestido de poder e autoridade. Não obstante, pouco se escreveu sobre a figura do tonto em Qohelet. A grande maioria dos estudos publicados não trata da questão diretamente ou, nas abordagens que abrangem toda a Literatu-ra Sapiencial (como é o caso, por exemplo, dos dicionários de teologia bíblica), somente algumas linhas são dedicadas ao tonto em Qohelet. Os comentadores, por sua vez, limitam-se a falar do tonto somente na interpretação dos versículos concernentes a este personagem, mas não elaboram um discurso sistemático. Nesta comunicação, serão estudados os textos até o capítulo 7, levando em conta a retórica, a sintaxe, as figuras de linguagem e outros artifícios literários,

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bem como sua função no desenrolar da argumentação. Palavras chave: Eclesiastes. Qohelet. Estulto. Idiota. Sabedoria. Sábio. 5)Título: A geografia do Reino de Deus na tradição de Jesus e no Apocalipse de João .Nome: Jorge Martins de JesusTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Campinas Resumo: A geografia do Reino de Deus na tradição de Jesus e no apocalipse de João. Autor: Jorge Martins de Jesus. Titulação: Mestrando em Ciências da Religião. Instituição: Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Ins-tituição financiadora do desenvolvimento da pesquisa: Pró-Reitoria e Auxílio--Santander. E-mail: [email protected] GT: 03 – Exegese e Teologia Bíblica Nas religiões de tradição judaico-cristã não houve outro espaço que reivindicasse tanta determinação por sua ocupação e seu controle como o es-paço tematizado “Reino de Deus”. A escatologia e a apocalíptica cristã dispõem de um vasto e rico conteúdo sobre o assunto: sua delimitação, dimensão, seu alcance político e religioso, seus sujeitos, seus símbolos, ritos, perspectivas e etc. Deste complexo de experiências e de sistematizações escatológico-apoca-lípticas, a presente comunicação objetiva uma breve apreciação sobre o espaço público do Reino de Deus na tradição de Jesus e o espaço público do Reino de Deus na tradição apocalíptica joanina. Para isso, é utilizado como método de procedimento o método histórico-comparativo a partir de ditos escatológicos de Jesus (Mc 14.25; Lc 13.29 e Mt 8.11-12) e o escrito apocalíptico joanino de Ap 21.9-27. A partir dessa comparação e da crítica literária aplicada aos referi-dos textos é possível inferir que a esperança escatológica da tradição de Jesus tem como lugar uma grande celebração em família, enquanto que o lugar ocu-pado nas visões apocalípticas da tradição joanina acontece a partir de salas de tronos governamentais (Ap 4s). Enquanto que o espaço escatológico da tradição joanina é um lugar de suntuosos edifícios (Ap 21.9-27), o espaço escatológico da tradição de Jesus é marcado apenas por uma mesa cercada de pessoas simples. Com isso, a comunicação propõe, a partir da metodologia esboçada, provocar uma comparação do Reino de Deus como espaço de uma celebração em família e o Reino de Deus como espaço de domínio e controle. Palavras-chave: Escatologia. Apocalíptica. Espaços-do-Reino. Ditos-escatológi-cos. 6)Título: A graça de Deus e a Reforma na IgrejaNome: José Neivaldo de SouzaTitulação: Doutor(a)

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Instituição: FEPAR e FTBP (Faculdade Teológica Batista do Paraná) Resumo: O presente estudo tem por objetivo abordar o problema da graça de Deus e a Reforma na Igreja, numa perspectiva bíblico-neotestamentária. O problema que se coloca é: o que é a Graça e qual sua importância para uma Igreja que se reforma? Á luz da epístola de Paulo aos Efésios (2,8-10), procura buscar uma resposta que ajude na reflexão. Nesta direção, propõe como método alguns passos: abordar o contexto sócio-político-religioso a partir do qual o apóstolo escreve esta carta; uma análise mais objetiva da perícope em questão e o estu-do aplicado à Igreja com fim de renovação de suas práticas pastorais. Palavras-chave: Graça. Éfeso. Jesus. Igreja. Salvação. 7)Título: A importância da arqueologia para a interpretação e compreensão da BíbliaNome: Tiago Samuel Lopes de CarvalhoTitulação: Doutorando(a)Instituição: EST Resumo: A interpretação e a pesquisa Bíblica têm sido, especialmente nos últimos sécu-los, beneficiadas pelo avanço de diversas disciplinas como a hermenêutica, a lingüística, história, sociologia e, também, como abordado nesse artigo, pela arqueologia. Desde Friederich Schleiermacher a hermenêutica se empenha na arte do compreender como superação do simples ato de interpretar, sendo, portanto, necessário para essa compreensão ultrapassar os aspectos objetivos linguísticos a fim de alcançar a ideologia autoral bem como seus respectivos contextos. Considerando, que esse contexto não é o nosso e que estamos sepa-rados por milênios do contexto histórico-geográfico, linguístico, social e cultu-ral, a arqueologia é uma ferramenta que auxilia na diminuição dessa distância para compreensão desse contexto humano-material antigo que nos separa do texto Bíblico. Atualmente, com uma nova abordagem, a arqueologia tem ul-trapassado a mera análise material dos objetos escavados, característico da arqueologia tradicional, para compreensão dos fatos sociais, culturais e antro-pológicos. Nesse sentido, a arqueologia pode, por meio de suas informações, auxiliar na compreensão do quadro humano e material do período bíblico. O presente artigo tem o objetivo de contribuir no debate acerca da interpretação bíblica. A partir da revisão bibliográfica, relaciona o papel da arqueologia na interpretação do texto. Palavras-chave: Arqueologia. Pesquisa bíblica. Interpretação. 8)Título: A imprudência de Moisés, uma reflexão a partir de Números 20.2-13Nome: Reginaldo Pereira de Moraes

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Titulação: Doutorando(a)Instituição: EST Resumo: Este artigo analisa o texto de Números 20.2-13, com o objetivo de vislumbrar qual teria sido a atitude que Moisés cometeu, que o impediu de entrar na Terra Prometida. Isto se faz necessário, em especial, devido à grande quantidade de respostas, que forçam, e muito, a interpretação do texto. Aqui não serão gastos esforços no sentido de se verificar sobre a realidade ou não do fato. Parte-se do texto final porque é a partir dele que muitas igrejas e pessoas tem pronunciado um número enorme de explicações um tanto destoante de uma hermenêutica mais coerente. Para isto, procurar-se-á respostas, dialogando com a perícope de Êxodo 17.1-7 e a declaração do salmista em Salmos 106.32,33. A metodo-logia aplicada aqui é o estudo exegético, sob o viés da escola histórico grama-tical, com apontamentos hermenêuticos ao fim do trabalho, numa tentativa de apontar algumas aplicações aos dias de hoje. Curiosamente, o pecado que trouxe complicações á figura de Moisés, tem sido tão comum e recorrente aos dias de hoje. Palavras-chave: Rebelião. Águas da rocha. Meribá. 9)Título: A justiça bate à porta – uma análise social e redacional a partir de Amós 5.9-15Nome: Rafael de Castro LinsTitulação: Mestrando(a)Instituição: UFJF Resumo: Esse trabalho exegético foi construído sobre a perícope do livro do profeta Amós capítulo 5.9-15. Em conformidade com alguns autores, tais como: Jörg Jeremias, Mays, Schwantes, Bentzen e Wolff que há muito já discutem o livro de Amós em suas obras, foram levantadas as circunstâncias históricas e sociais que circundam a perícope apresentada. A redação desta também é destacada. O profeta Amós faz uso da autoridade divina para desafiar estruturas sociais opressivas de seu tempo. A perícope em destaque denuncia à opressão do abu-so tributário, os tribunais corrompidos, a espoliação dos lavradores levando-os a miséria, a violência contra o justo e por fim o terror do juízo divino porvir sobre as elites que se regalam luxuosamente da riqueza por eles extorquida. Incontidamente salta do texto em questão fortes relações com os dias atuais de sociedade brasileira. Ainda que não sejam os mesmos, os pobres continuam a suster as ambições das elites latinas, de forma tal que o livro de Amós trazido a tal realidade poderia fazer-se libertador, ou no mínimo incômodo. O texto desperta para a prática de fé da igreja cristã brasileira, trazendo aos seus olhos o pobre vítima dos malogros da sociedade capitalista. Palavras-chave: Justiça. Pobre. Amós 5. 9-15

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10)Título: As novas praças de Mt 20, 1-16 em uma eclesiologia contemporâneaNome: Antônio Francisco Jacauna NetoTitulação: Mestre(a)Instituição: PUC Minas / Uberlândia Resumo: Fazer uma rápida explanação sobre o contexto eclesial do evangelho de Mateus e se ater a uma leitura eclesial da conhecida “parábola dos contratados para a vinha”. O texto tem a pretensão de situar a atualidade desta perícope fazendo uma hermenêutica desses 16 versículos sob a ótica da religião e seus (possíveis) novos espaços, enfatizando “a praça” da parábola com os cenários contempo-râneos e os possíveis significados dos pagamentos aos trabalhadores de ontem e de hoje, mostrando a atualidade da parábola em questão. Palavras-chave: Eclesiologia. Novo Testamento. 11)Título: Caminhar em novidade de vida: a ética paulinaNome: Paulo Jackson Nóbrega de SousaTitulação: Doutor(a)Instituição: FAJE Resumo: Mesmo tendo recebido várias críticas, o esquema bultmanniano baseado no bi-nômio indicativo-imperativo para explicar a elaboração ética paulina continua sendo utilizado por vários estudiosos de Paulo. O objetivo desta comunicação é apresentar, em grandes linhas, a proposta da ética paulina: um breve status quaestionis; seus fundamentos teológicos; suas origens no pensamento judai-co, helenístico e na originalidade de Jesus Cristo; os textos e as temáticas principais. Perpassa toda a pesquisa a pergunta sobre o absoluto e o relativo na ética paulina. Já que os escritos paulinos não são tratados atemporais, em que sentido os contextos sócio-históricos de comunidades cristãs concretas do primeiro século dialogam com o absoluto da revelação cristã válida para todos os tempos? Palavras-chave: Absoluto. Relativo. Ética paulina. 12)Título: Do cativeiro babilônico para a terra prometida: uma análise de Is 40.1-5Nome: Gustavo SchmittTitulação: Mestrando(a)Instituição: EST Resumo: Resumo: A história do judaísmo é marcada por grandes eventos. No ano de 598

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a. C. ocorreu a primeira deportação e em 587 a. C. a segunda grande deporta-ção. A pesquisa bíblica chegou à conclusão que os capítulos 40-55 do Livro de Isaías formam uma unidade, o qual denomina-se Dêutero-Isaías. Sua autoria é de um ou mais profetas anônimos, tendo atuação aproximadamente no século VI a. C.. A localização não é exata, normalmente pensa-se no Exílio Babilônico. Tradi-ções relativas a Davi, Êxodo e Sião estão mescladas nesta profecia. O presente artigo abordará a perícope de Is 40.1-5. Através do uso de ferramentas exegé-ticas, o artigo busca refletir sobre as palavras que abrem este livro profético. Tais palavras querem animar os ouvintes e envolver a massa na volta imediata para “casa”. O consolo e o perdão perpassam o texto. O profeta do novo êxodo liberta o povo da idolatria babilônica e aponta o caminho pelo deserto, a glória de Deus é manifestada. O artigo indica caminhos para a reflexão sobre o consolo e a libertação nos dias atuais. Palavras-chave: Dêutero-Isaías. Exílio Babilônico. Profecia. Antigo Testamento. 13) Título: Do intimismo à intimidade: o verdadeiro sentido da experiência religiosa a partir do relato da transfiguração em MarcosNome: Eduardo dos Santos de OliveiraTitulação: Mestrando(a)Instituição: EST Resumo: Na religiosidade atual, em que o sagrado torna-se mais um objeto de consumo, encontrado no supermercado dos bens religiosos, cada um escolhe de maneira individualista, consumista e utilitarista aquilo que julga ser compatível às suas necessidades, sem nenhuma incidência da fé no cotidiano prático e ambíguo de sua vida. Este intimismo religioso, favorecido e propagado por tantos segmentos religiosos na atualidade, tem sido fundamentado no texto bíblico, mesmo que seja a partir do prisma da intimidade entre o homem e Deus, ou vice-versa. Diversas interpretações feitas ao longo da história acerca do relato da transfi-guração também se inserem nessa linha/corrente. É no mínimo curioso, ler esta passagem no evangelho de Marcos (9,2-8), e perceber que, num texto que preza pela valorização da intimidade de Jesus com seus discípulos e pelo desvelo do rosto divino do Rabbi, dificilmente uma leitura intimista do evangelho será fa-vorecida. Uma exegese contextualizada no chão em que o próprio texto nasceu não poderá “forçar” o texto nessa direção. Assim, o objetivo principal desta pes-quisa é analisar a transfiguração à luz do primeiro anúncio da Paixão (8,31-33) e das exigências do discipulado (8,34 – 9,1) para que a profissão de fé (8,27-30) tenha sentido. Nesta análise do texto lançaremos mão das ferramentas do mé-todo histórico-crítico. Por meio dela, este trabalho quer apontar/mostrar como, numa experiência religiosa, Deus “mexe” com o interior das pessoas para que saiam do seu mundo estático, egoísta e mesquinho. É este apelo que “sentem” os íntimos de Jesus.

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Palavras-chave: Hermenêutica bíblica. Exegese. Intimidade com Deus. Intimis-mo. 14)Título: E quando homens se engalfinharem e ferirem uma mulher grávida um leitura de Êxodo 21,22aNome: Maria Gisele Canário de SousaTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC SP Resumo: No código da Aliança o legislador defende que quando homens se engalfinharem se atentem a não machucar a mulher grávida. Esse trabalho trata de uma lei em Ex 22,22a que busca, no seu ambiente social, entender quem eram as mulheres grávidas e consequentemente os homens que seriam punidos em caso de feri-rem-nas. Como o legislador iria protegê-la e o porquê desse cuidado. O método exegético, começando com a tradução do texto do Hebraico? (E quando homens se engalfinharem)? (e ferirem uma mulher grávida) nos ajuda a melhor verificar as interlineariedades e os paralelos existentes em outras tradições do Pentateu-co como Dt 25,11. Com isso a nossa reflexão alcança uma discussão que nos faz perceber que essas leis protegem a mulher grávida e há um construto de fortes relevâncias teológicas para o tempo em que esse texto jurídico foi escrito. Palavras chaves: Código da aliança. Pentateuco. Mulher grávida. Êxodo. Exege-se. 15)Título: Ekklêsia: dimensão política da Igreja do Novo Testamento na contempo-raneidade?Nome: Hugo MonfardiniTitulação: Mestrando(a)Instituição: FAJE Resumo: O estudo eclesiológico na teologia bíblica é de importância considerável devido à possibilidade de verificação, através dos métodos científicos da exegese, das fontes da tradição cristã para aquilo que os fiéis têm como um dos fundamentos da religião cristã moderna: a noção de “igreja”. Embora sendo muito discutido sobre a origem da palavra ekkêsia (“igreja”, em grego), fato é que ela se origi-na em um contexto estritamente político, da Grécia antiga, especificamente de Sólon, governador de Atenas em meados do 6º século a.C. e é usada vastamente no Novo Testamento, às vezes com diferentes nuances. Nas cidades-estados gregas da época, a legislação era estritamente democrática e realizada pelos próprios cidadãos, os quais eram chamados pelo trompete do kêrix, o “arauto”. Aos cidadãos reunidos em assembleia para decidir assuntos governamentais e sociais dava-se o nome ekklêsia, que se reunia pelo menos 40 vezes ao ano. O objetivo primário deste artigo é verificar se essa noção política de “igreja” é,

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de alguma maneira, reproduzida no Novo Testamento. Como objetivo secun-dário, procura-se analisar se esse possível discurso político dialoga ou mesmo contribui de alguma maneira para o diálogo entre Religião e Política da con-temporaneidade. Apesar de os primeiros padres da Igreja não fornecerem uma compreensão sistemática e mais abrangente sobre uma “doutrina” da igreja, isto pode ser entendido satisfatoriamente a partir das Escrituras sem, necessa-riamente, esse recurso válido da tradição cristã. Dessa forma, as Escrituras são a delimitação na análise das fontes da tradição cristã que este artigo aborda. Levando em consideração as reflexões sobre o conceito de Igreja que pretende se discorrer neste artigo, é possível verificar que o corpus paulino é o mais pro-lixo neste assunto. Com maior propriedade e extensão, ele parece redefinir o termo “igreja” em suas epístolas e cartas. Tentativas de identificação de uma visão bíblica de “igreja” e aplicação na práxis religiosa atual deve, necessaria-mente, passar por sua teologia. Isto o faz ser o centro da análise bíblica para o conceito estudado. Para tanto, o artigo se valerá de estudos sobre o Grego Coi-né (língua dos manuscritos do Novo Testamento), bem como do Grego Clássico (usado em todo mundo helênico antigo, o qual serviu de base para a linguagem do Novo Testamento). Palavras-chave: Ekklêsia. Eclesiologia. Contemporaneidade. 16)Título: Grande é este mistério: releitura cristológico-eclesiológica do sacra-mento do matrimônio à luz de Ef 5,32Nome: Felipe Curcio Ferreira SilvaTitulação: Mestrando(a)Instituição: FAJEInstituição Financiadora: FAPEMIG Resumo: O texto é baseado em uma das partes do livro de Sesboüé, parte esta que trata sobre a Doutrina de Paulo. O texto quer elucidar a via interpretativa do autor sobre o sacramento do matrimônio. Para equiparar as correntes de pensamento sobre o matrimônio, o texto trabalha com mais dois autores distintos que tam-bém são de grande peso no que tange à sacramentalidade e à mistagogia teoló-gicas, a saber, o liturgo Francisco Taborda, e o psicanalista e mistagogo, Anselm Grün. O texto serve-se de uma teologia sacramental que se firma em três vias significativas: a exegética, a teológica, e por fim, a contemplativa. O viés in-terpretativo mais forte do texto, o cristológico-eclesiológico, se encontra na chamada “ordem doméstica” de Ef 5, 32. O texto alçará maior reflexão quando usará do contributo psicopedagógico e mistagógico de Anselm Grün, para des-pertar novos ares e novos horizontes nas lides interpretativas e elucidativas do sacramento do matrimônio frente à Igreja e à sociedade de nosso tempo. Palavras-chave: Cristologia. Eclesiologia. Teologia. Sacramentalidade. Espiritu-alidade.

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17)Título: O lava-pés é algo mais do que gesto de humildade em Jo 13,1-17?Nome: Valter Luiz LaraTitulação: Doutor(a)Instituição: UNISAL - PIo XI e São JoséInstituição Financiadora: Liceu Coração de Jesus - Unisal/São José Resumo: O lava-pés em Jo 13,1-17 é lido, interpretado e encenado ritualmente na liturgia católica da Quinta feira Santa. Com frequência a mensagem que mais se ouve a seu respeito é a do exemplo de humildade como legado de Jesus aos discípulos. A ideia de serviço humilde é a interpretação mais recorrente desse texto. Essa co-municação, sem evidentemente negar o significado do humilde serviço que tem o lava-pés, quer levantar outras possibilidades de interpretação. O pressuposto é que a ideia de humildade não esgota o sentido do texto. À luz de uma exegese que utiliza a mediação cultural e a interpretação sociorreligiosa, pretendemos resgatar o significado do relato do lava-pés para o contexto imediato da comu-nidade joanina que fez da memória do gesto de Jesus o ponto alto de sua iden-tidade religiosa e comunitária. O relato do lava-pés em ambiente de refeição tal como se encontra em Jo 13,1-17 será apresentado nessa comunicação como fruto de um processo de recuperação da memória tradicional de uma comuni-dade que procurou ressignificar o valor e a dignidade do lava-pés e, por conse-guinte, dos sujeitos aos quais essa tarefa era atribuída: escravo(a)s, mulheres, e crianças. Por isso, no contexto da comunidade joanina o lava-pés transforma-se em proposta não apenas de humildade no serviço, mas inversão de status e reci-procidade na distribuição e assunção das tarefas. O lava-pés para a comunidade joanina ganhou status simbólico de gesto concreto que devia alterar e planificar os status atribuídos às pessoas segundo a ordem discriminadora da divisão social do trabalho em vigor naquela sociedade. Neste sentido, Jo 13,1-17 é relato que propõe a abolição de qualquer discriminação ou desigualdade que possa existir entre as pessoas em razão da divisão social do trabalho. Portanto, o lava-pés não é apenas testemunho de serviço humilde, mas sim a expressão da identidade de um discipulado que pretende viver um igualitarismo radical no cotidiano do exercício de poder e da divisão do trabalho cotidiano. Tal proposta desafia os cenários contemporâneos em que se discute, sobretudo em momentos de crise econômica, a redução e a discriminação dos direitos básicos do trabalhador as-salariado, aprofundando ainda mais a enorme e injusta desigualdade de renda, salário e condições de trabalho que vigora em nossa sociedade. Palavras-chave: Lava-pés. Inversão de status. Comunidade. 18)Título: O uso do AT nas cartas paulinas como fundamentação de sua ética cris-tológicaNome: Neemias de OliveiraTitulação: Mestrando(a)Instituição: FAJE

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Resumo: Paulo integrou sua ética de tal forma em sua teologia que uma exposição do enfoque da ética paulina necessariamente terá que esboçar linhas básicas da teologia paulina. A teologia paulina por sua vez, é pautada na leitura cristológi-ca que este faz, do Antigo Testamento. Deste modo, propõe-se aqui, ainda que em linhas gerais, traçar o percurso da construção do pensamento ético paulino conforme exposto em suas cartas, mais especificamente nas chamadas “cartas autênticas”, à partir da apropriação que Paulo faz do Antigo Testamento. Obser-va-se o quanto é significativo que, cada carta paulina, depois da apresentação do querigma ou da “dogmática”, termine com a parte parenética. Assim, Paulo não fala em obrigações morais prescindindo da fé, pelo contrário, vê na sobera-nia de Cristo atuante no cristão o ponto de partida pelo qual a honestidade de seu comportamento moral, manifesta, em seu âmbito vital, a radicalidade de sua fé. A ética, portanto, vem depois da “dogmática”, não apenas fundamenta-da cristologicamente com o caminho salvífico de Cristo, mas ao mesmo tempo orientada por ele. Palavras-chave: Ética paulina. Cristologia. Antigo Testamento. 19)Título: Paulo e os Direitos HumanosNome: Flávio Martinez de OliveiraTitulação: Doutor(a)Instituição: Instituto de Teologia Paulo VI e Universidade Católica de PelotasInstituição Financiadora: Universidade Católica de Pelotas Resumo: Como objetivo, quer-se analisar as possíveis relações entre Paulo Apóstolo e os direitos humanos. Como método, procede-se uma revisão bibliográfica no tema proposto e a análise exegética de textos em 1Coríntios 7 e Gálatas 3,28. Pode-se concluir que Paulo não visou a abolição das diferenças étnicas, sexuais e cultu-rais, mas tem como meta a superação das condições de domínio e como inspi-ração a liberdade, pelo menos na comunidade cristã. Em 1Cor 7, Paulo discute as questões do esposado e do solteiro (vv.1-16.25-28.32-40), do circunciso e do incircunciso (vv. 17-20), do escravo e do livre (vv. 21-24), as três antíteses de Gl 3,28. Paulo deve ser compreendido em seu contexto cultural. Há limites no pen-samento de Paulo, mas este pode apontar a perspectivas históricas e transhis-tóricas que vão além dos direitos humanos. Por isso, vale o diálogo e confronto entre Paulo e os direitos humanos. Conclui-se que há uma contribuição recíproca significativa entre ambos, bem como entre teologia bíblica e direitos humanos. Palavras-chave: Paulo. Direitos Humanos. 1Coríntios. Gálatas. 20)Título: Textos de Judas contras heresiasNome: Stewly Jefferson Silva Serra

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Titulação: Mestrando(a)Instituição: ESTResumo: Resumo sobre epístola Judas visa contemplará os elementos pré-textuais como: uma introdução, autor, data, propósito e destinatários, sem o anseio de tratar todas as possibilidades. fazendo exegese que será realizada a partir do texto em grego, tradução literal, alguns vocábulos, funções do genitivo, etc. E des-crever sobre contra gnosticismo no cristianismo primitivo e também um breve comentário no Cânon Novo Testamento nas questões homologoumena e Antile-gomena. Palavras-chave: Judas. Gnosticismo. Cristianismo. 21)Título: “O furor do Rei é mensageiro de Morte” (PR 16,14): análise sobre a te-mática da ira do Rei em Provérbios bíblicosNome: Valmor da SilvaTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC GoiásInstituição Financiadora: Valmor da Silva Resumo: Analisa os provérbios bíblicos cujo texto se refere à ira do rei, como forma de crítica ao poder real. Alguns provérbios estabelecem relação entre ira e morte, associada ao contraste entre a pessoa do rei e a pessoa do sábio, como: “O fu-ror do rei é mensageiro de morte, mas o homem sábio o aplaca” (Pr 16,14; cf. 29,8). Outros provérbios associam a ira do rei ao rugido do leão, como: “A có-lera do rei é rugido de leão! Quem o excita peca contra si mesmo” (Pr 20,2; cf. 19,12; 28,15). Além da metáfora “rugido de leão” representar inequívoco sinal de violência, os termos referentes à ira humana, na Bíblia Hebraica, possuem sempre conotação negativa. A análise se estende ao significado dos termos ira, cólera, raiva e furor, nos vocábulos originais hebraicos hemah (cólera), ’ap (na-riz, calor, ira) e za‘ap (furor). Distingue-se, de acordo com a Bíblia Hebraica, os diversos contextos e aplicações, com destaque para a diferença entre a ira divina e a cólera humana. Palavras-chave: Ira. Provérbios. Rei.

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GT 4: Filosofia da religião

Coordenadores:Dr. Agnaldo Cuoco Portugal – UNB, DF;Dr. Flávio Augusto Senra Ribeiro - PUC Minas, MG

Ementa: O GT de Filosofia da Religião da SOTER vincula-se aos interesses da pes-quisa no campo de conhecimento que pretende desenvolver uma investigação de natureza filosófica sobre as questões relativas ao fenômeno religioso. Serão aceitos trabalhos de docentes de ensino superior (mestres e doutores) e de estu-dantes de pós-graduação stricto sensu, da área de Filosofia, Teologia e Ciências da Religião. As comunicações deverão abordar temas referentes a um dos se-guintes subgrupos temáticos, claramente identificados no envido das propostas: a) filosofia da religião e o problema de Deus, ou, b) pressupostos filosófico-con-ceituais da relação entre religião e contemporaneidade.

1)Título: A experiência originária do apóstolo Paulo na ótica heideggerianaNome: Claudileia Cavalheiro Julião Titulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Campinas Resumo: A obra de Martin Heidegger, Phänomenologie des religiösen Lebens, publicado no volume 60 das obras completas (Gesamtausgabe) heideggerianas, em 1995, traduzida no Brasil pelo orientador da pesquisa e publicado pela editora Vozes sob o título Fenomenologia da vida religiosa, em 2010, é um conjunto de pre-leções proferidas pelo filósofo na Universidade de Friburgo e que remontam ao semestre de inverno de 1920/21. A segunda parte desta obra consiste numa “Ex-plicação fenomenológica de fenômenos religiosos concretos tomando por base as epístolas paulinas”. Heidegger interpreta as epístolas paulinas, a fim de com-preender a vida fática do apóstolo Paulo tal como ela se apresenta nas epístolas enviadas às comunidades cristãs. O presente trabalho procura acessar a experi-ência religiosa paulina, empregando o método da fenomenologia da religião. A presente pesquisa, portanto, tem por objetivo investigar como Heidegger inter-preta fenomenologicamente a Epístola aos Gálatas, envidenciando a experiência originária do apóstolo Paulo. Palavras-chave: Experiência religiosa, Apóstolo Paulo, Epístola aos Gálatas, Hei-degger. 2)Título: A filosofia da religião em Abraham Joshua Heschel: a falta de autodiscer-nimento e o eclipse de Deus na modernidadeNome: Emivaldo Silva NogueiraTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Goiás

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Resumo: O objetivo da minha exposição é analisar a visão filosófico religiosa de Heschel sobre o homem e o eclipse de Deus na modernidade. Pois para Heschel, o homem é a manifestação imanente do Divino em cada fenômeno do universo e em cada ação humana. Mas com o advento da modernidade, outro processo foi iniciado pelo fato de que a civilização, dita moderna, não se dá conta de que quanto mais se afasta dos valores transcendentais, mais está incentivando a desumani-zação. Abraham Joshua Heschel identifica, assim, o envenenamento básico da civilização moderna: o eclipse do Sagrado. Com esse conceito, ele se refere à morte da “alma” do homem moderno. O pressuposto desta pesquisa vem da vi-são filosófico-religiosa de Heschel e daí parte para uma pesquisa analítica e exe-gética das fontes judaico hassídicas retomadas e destorcidas pelo pensamento moderno reificado. Portanto, há dois métodos (um analítico e exegético e outro sistemático) que serão aplicados simultaneamente sem que um seja reduzido ao outro. Para Heschel, a religião é, sobretudo, a sagrada dimensão da existência que está presente, sendo ou não percebida por nós, mas, o advento da moder-nidade leva-nos a conclusões de um real reconhecimento da situação do homem diante das questões transcendentais. Ela nos faz saber que devemos viver como homens que se arranjam sem Deus, pois com Deus e diante dele, vivemos sem ele. Essa perspectiva situa os termos de uma dialética da ausência e da presença de Deus. Palavras-chave: Filosofia da religião. Autodiscernimento. Modernidade. Abraham Joshua Heschel. 3)Título: A hospitalidade no cristianismo não religioso de Gianni VattimoNome: Vicente de Paula FerreiraTitulação: Doutor(a)Instituição: UFJF Resumo: O tema Religião, de modo geral, vive os dramas e as chances de um tempo ca-racterizado pelo enfraquecimento das metanarrativas e pelo florescimento do niilismo hermenêutico. Se por um lado tal contexto reforça a necessidade de se continuar apostando na democracia, na liberdade de expressão, por outro lado ele mesmo assiste ao avanço de tendências perigosas como o relativismo e o fundamentalismo, elementos que correm o risco de provocar danos à con-vivência social. É precisamente diante desse cenário inusitado, secularizado e pós-moderno que o filósofo Gianni Vattimo propõe o cristianismo não religioso como elemento fundamental para a constituição de uma sociedade hospitaleira, democrática e promotora dos direitos de todos a partir do mandamento do amor fraterno que rompe com as estruturas de domínio e poder. Entendendo a relação que o filósofo faz da Era pós-moderna com a redescoberta da fé cristã como kê-nosis amorosa de Deus, será possível mostrar que as argumentações vattimianas, ao basear-se em pensadores como Nietzsche e Heidegger, são pertinentes porque

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defendem que o cristianismo tem muito a contribuir com a contemporaneidade, de modo especial se não for esquecida sua genuína vocação à solidariedade. Palavras-chave: Cristianismo. Niilismo. Gianni Vattimo. 4)Título: A mudança na visão de mundo entre a filosofia antiga e cristianismo ori-ginário: uma proposta de pesquisa nas ciências da rligiãoNome: Luís Gabriel ProvinciattoTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Campinas Resumo: Entre o período da filosofia antiga e do surgimento do cristianismo há perceptivel-mente algumas mudanças. Uma delas diz respeito à visão de mundo. Nesse senti-do, o presente estudo toma o filósofo Martin Heidegger (1889-1976) como base, uma vez que o próprio autor investiga as diferenças entre um período e outro. Destarte, é feito um recorte para a obra “Introdução à Filosofia” (1928/1929), e dentro desta para os §§32 e 33, nos quais essa diferença se torna explícita. O problema está no fato de que Heidegger já parte de alguns pressupostos de sua filosofia para ministrar o referido curso, além de se apoiar em outros pensado-res. A abordagem da presente pesquisa consiste em investigar quais são esses pressupostos e quais as fontes visitadas pelo filósofo alemão para formulá-los. Além disso, tende-se a investigar qual a importância da mudança ocorrida entre a filosofia antiga e o cristianismo originário para o desenvolvimento da filosofia de Heidegger, bem como contribuir para a análise contemporânea da religião. Dessa maneira, utilizando-se de um método de cunho bibliográfico com leituras intra e intertextuais, visa-se contribuir aos estudos da formulação da filosofia de Heidegger a partir da análise das Ciências da Religião. Palavras-chave: Cristianismo originário. Filosofia Antiga. Martin Heidegger. Ciên-cias da Religião. 5)Título: A significância de Deus em LevinasNome: José Tadeu Batista de SouzaTitulação: Doutor(a)Instituição: UNICAP Resumo: O texto tem por objetivo apresentar as análises de Levinas sobre a significância de Deus no ensaio “Deus e a Filosofia”, de 1975. Trata-se de explicitar as con-dições que nos asseguram pleitear a inteligibilidade de Deus, pronunciar essa palavra e escrevê-la em livros. Metodologicamente pretende-se seguir o itine-rário da exposição que o autor apresenta a partir do ponto 1) “A prioridade do discurso filosófico e a ontologia” até o ponto 6)“A significação Profética”. Levinas desenvolve sua argumentação colocando em questão as grandes teses

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da racionalidade filosófica ocidental e apresenta fenomenologicamente como alternativa algumas intuições do pensamento judaico. À coincidência entre ser e pensar, ser e aparecer como fontes de sentido ele propõe a ideia do Infinito como mandato de des-interessamento. Portanto, como ruptura de um modelo de racionalidade e fundação do sentido. Apresentamos a conclusão que a sig-nificância de Deus tem seus vestígios na ética para além da racionalidade logo-cêntrica e ontológica, pois a ética significa não para um sujeito que pensa, mas para uma subjetividade que responde pelo outro. Palavras- chave: Levinas. Significância. Ética. Deus. 6)Título: As bases metafísicas da ciência moderna e a diversidade religiosa: um diálogo com o naturalismoNome: Agnaldo Cuoco PortugalTitulação: Doutor(a)Instituição: UnB Resumo: Neste texto, apresento a noção de bases metafísicas da ciência moderna a partir de uma breve descrição da história da relação entre filosofia e ciências empíricas desde a revolução no pensamento ocidental sobre o mundo físico ocorrida nos séculos XVI e XVII. A tese é que, mesmo com a autonomização das ciências em relação à filosofia, é cabível ainda se falar de elementos concei-tuais fundamentais (ou pelo menos mais gerais) pressupostos pela investiga-ção científica, que estão para além dela mesma. O passo seguinte descreve o naturalismo ontológico como um candidato importante, e mesmo vitorioso no momento, a fornecer essas bases metafísicas. São duas as características prin-cipais do naturalismo: o cientificismo e a oposição à religião. Desenvolvo a tese de que o naturalismo é um pressuposto metodológico fundamental, mas não pode ser aceito como base metafísica adequada para a investigação científica. Por fim, como contribuição para o debate acerca da possibilidade do teísmo ser o melhor candidato a fornecer essas bases teóricas fundamentais, discuto o problema da diversidade religiosa. Parto de um dos argumentos do famoso texto de Hume contra a crença em milagres para ver em que medida a existên-cia de muitas religiões é razão para descredenciar a compreensão religiosa de realidade. Reforço os argumentos de Hume, mas defendo que o problema pode ser contornado e, mesmo numa concepção exclusivista (o “pior cenário” para a religião no debate sobre a diversidade), é ainda possível e bastante razoável defender as religiões como fornecendo conjuntamente uma base metafísica adequada para a investigação científica. Palavras-chave: Metafísica. Ciência moderna. Naturalismo. 7)Título: Bertrand Russell e o problema da existência de DeusNome: José Rodrigo Gomes de Sousa

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Titulação: Mestrando(a)Instituição: UFPB Resumo: A presente pesquisa tem como enfoque abordar a problemática da existência de Deus no pensamento de Bertrand Russell. A questão da existência de Deus no pensamento do filósofo inglês se encontra explicitamente no ensaio, “Porque não sou cristão e outros ensaios sobre religião e assuntos correlatos”. Russell afirma a não existência de Deus. Ele questiona o argumento da Causa Primeira, como também o argumento da Prova Teológica da Existência de Deus, os argu-mentos morais a favor da Deidade e o argumento quanto à reparação da injus-tiça e argui que tais prerrogativas que afirmam a existência de Deus são falsas. Assim, pretende-se expor, em certa medida, a crítica russelliana contra a exis-tência de Deus. O método que será abordado no presente trabalho é o método bibliográfico que, por meio deste, visa corroborar com o esclarecimento acerca do problema abordado por Bertrand Russell com relação a existência de Deus. Nesse sentido, as críticas dirigidas por Russell contra uma Entidade criadora são bastante concisas. Deste modo, chega-se à conclusão de que é impossível provar a existência de Deus somente através de puros conceitos. Palavras-chave: Existência. Deus. Crítica. Conceitos. 8)Título: Cristianismo e niilismo: duas coisas que rimamNome: Robione Antônio LandimTitulação: Mestre(a)Instituição: UFJF Resumo: A associação íntima entre as figuras do niilista e do cristão é um dos elemen-tos centrais da filosofia nietzschiana. Sendo assim, a presente comunicação se propõe a investigar qual o conteúdo e a importância do liame que os une, bem como o significado nietzschiano de niilismo. Considerado o hóspede mais incô-modo da existência humana, o niilismo é entendido como a desvalorização dos valores supremos. Quer dizer que ele é a decorrência da decepção quanto a uma suposta finalidade e sentido do vir-a-ser. Para Nietzsche, todas as formas de cultura elaboradas ao longo dos séculos como a moral, a metafísica, a arte e a religião se constituem como tentativas de salvar o humano do sofrimento, já que para o homem não é tanto o sofrimento em si mesmo insuportável, mas o sofrimento inexplicável. Mas ao conferir sentido à realidade, segundo Nietzsche, temos o sintoma de uma vida fraca e decadente. Nesse sentido, o cristianismo ao estabelecer o além, o absoluto, o transcendente, tomados como ideal, como sentido que salva as incertezas e contradições da vida, revela uma estrutura de pensamento religioso que opera enquanto forma niilista, isto é, como tentativa de afirmação de uma vida débil. Assim sendo, a religião cristã é interpretada como um perigo para a vida, pois, ao invés de compreendê-la como um fenôme-no global, ela a interpreta de maneira parcial e, nessa parcialidade evoca outro

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mundo como razão para vivê-la. Palavras-chave: Nietzsche. Cristianismo. Niilismo. Vida 9)Título: Diálogos filosóficos medievais: espaço público de discussão ou reafirma-ção da superioridade da fé?Nome: Cecília Cintra Cavalheiro de MacedoTitulação: Pós-doutor(a)Instituição: UNIFESP Resumo: Na esteira platônica, diversos filósofos medievais desenvolveram obras na forma dialógica. Mas, ao invés de questões filosóficas debatidas racionalmente entre representantes de diferentes escolas, no Medievo a temática central tornou-se a religião. Dentre as principais, temos Pedro Abelardo Diálogo entre um filósofo, um judeu e um cristão e Yehuda Halevi O Kuzari (século XI), Raimundo Lulio, Diálogo entre o gentio e os três sábios (séc. XIII), que serão aqui abordados e Nicolau de Cusa De Pace Fidei (século XV). Todos foram compostos durante a presença islâmica na Europa, além da judaica, anterior e constante. Mantêm em comum a proposta de discussão da religião originária do autor em duas frentes: com a filosofia e com as demais religiões. Os dois primeiros são contemporâneos, mas enquanto o cristão Abelardo escreve na França, o judeu Halevi na Espanha islâmica. Lulio receberá a influência de ambos já na época da Reconquista Cristã da Península Ibérica. Esta comunicação se propõe a analisar os objetivos desses diálogos, investigando se há através deles uma proposta de construção de um espaço público de diálogo inter-religioso ou se o estilo é mero subterfúgio para a defesa da fé dos autores, frente às demais religiões e à própria filosofia. Palavras-chave: Filosofia medieval. Espaço público. Diálogo inter-religioso. 10)Título: Do problema da existência de deuses para uma antirreligiosidade com caráter político: comparações entre diferentes grupos do espectro do ateísmoNome: Clarissa de FrancoTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC/SPInstituição Financiadora: FAPESP Resumo: O fenômeno da espiritualidade laica trouxe um espectro de grupos mais ou me-nos identificados com o ateísmo em sua concepção clássica (ausência ou rejei-ção de crença em divindades ou ainda afirmação consciente e explícita da não existência de deuses). Neste sentido, verifica-se que para alguns grupos ateístas contemporâneos, a questão da existência de Deus/deuses deixa de ser o núcleo da preocupação, sendo este deslocado para outros elementos, como ataques e rejeições a doutrinas religiosas específicas, deixando de lado outros grupos e

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concepções religiosas, bem como lutas políticas enfatizadas pelo contexto laico (respeito à diversidade sexual, descriminalização do aborto, direitos civis de homossexuais, uso de células-tronco para fins médicos...). Dentro deste cená-rio, analisaremos quatro grupos, comparativamente, destacando os elementos citados acima: 1) o chamado neoateísmo de bases cognitivas e neodarwinistas; 2) os estudiosos André Comte-Sponville, Luc Ferry e Alain de Botton; 3) o grupo ateísta britânico Sunday Assembly; e finalmente 4) o grupo ATEA – Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos. Palavras-chave: Ateísmo. Espiritualidade laica. Antirreligiosidade. 11)Título: Giorgio Agamben e a renúncia de Bento XVINome: Mauro Rocha BaptistaTitulação: Doutor(a)Instituição: UEMG-FAPEMIG Resumo: Nesta apresentação analisaremos o texto “O mistério da igreja” de Giorgio Agamben em que o filósofo italiano trabalha com a renúncia de Bento XVI e com o contexto teológico deste ato. Para Agamben a decisão de Bento XVI revela a distinção entre legalidade e legitimidade do poder da igreja. Cindem-se assim duas igrejas, uma da mundana legalidade e outra da teológica legitimidade es-piritual. Nossa análise encaminha esta discussão para as correlatas pesquisas do italiano sobre o messianismo e a questão do Reino. A igreja da legalidade repre-senta a manutenção do progresso histórico que deve ser anulado pela vinda do Messias. Uma legalidade que está posta e tem validade somente enquanto não advém o Reino, este último signatário da legitimidade. Com sua renúncia Bento XVI renuncia ao poder sobre esta igreja temporal, mas na mesma ação escanca-ra a necessidade de reconhecer a cisão que se instituiu entre a legalidade desta igreja e a legitimidade que ela não consegue mais abarcar. Palavras-chave: Giorgio Agamben. Bento XVI. Messianismo. Reino. 12)Título: Hannah Arendt: cristianismo de uma judiaNome: Matheus Petrolli Gomes da RochaTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Campinas Resumo: O objetivo deste trabalho é examinar alguns aspectos da relação entre a refle-xão política de Hannah Arendt e o seu entendimento acerca do cristianismo. Trazendo como pressuposto seu judaísmo e seu conhecimento de teologia cris-tã, a reflexão buscará, num primeiro momento, aproximar o judaísmo da filó-sofa com suas análises religiosas cristã e como a pensadora analisa o conceito de religião desprendida de sua tradição judaica. Após esta introdução, o artigo

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se encaminhará na análise de alguns conceitos: a questão do Absoluto, na obra A Vida do Espírito (1971); a religião a parte de uma proposta interrogativa: o comunismo é uma religião? Em: A religião e os intelectuais (1950); Religião e Po-lítica (1953) e Cristianismo e Revolução (1945). Por fim, traremos para o debate a concepção política arendtiana e como estes dois conceitos: política e religião dialogam dentro de um mundo secularizado na obra póstuma da autora: o que é Política? (1950). Assim sendo, nosso trabalho permeará a todo instante a ten-tativa de responder certos questionamentos: Quais as relações entre política e religião no pensamento arendtiano? Como a política e a religião se apresentam num mundo secularizado e quais as contribuições de Arendt para este campo de estudo? Palavra-chave: Política, Religião, Secularização. 13)Título: Joseph Ratzinger e a opção da Igreja primitiva pelo racionalismo filosó-fico como resposta à crise dos deuses do primeiro séculoNome: Heber Ramos BertuciTitulação: Mestrando(a)Instituição: Universidade Presbiteriana Mackenzie Resumo: A proposta de comunicação pretende analisar o ensino do teólogo alemão Jo-seph Ratzinger (1927 -) sobre a opção da Igreja Primitiva pelo racionalismo filo-sófico, o que se enquadra no tema “filosofia da religião e o problema de Deus”. Ratzinger afirma que no primeiro século houve a “crise dos deuses”; por isso as pessoas buscavam uma religião autêntica, mas que também correspondesse à razão. A Igreja buscou a resposta à crise não com os mitos da religião greco--romana, mas ampliando ênfases próprias do racionalismo filosófico. Com ele, o Cristianismo enfatizou a busca da “natura Deus”, porém, ensinando que “nem tudo que é natureza é Deus”. O Cristianismo se distinguiu das demais religiões da época por apresentar Deus como o Logos; no entanto, ultrapassou o conceito grego, pois defendeu que além de ser razão, o Logos é também Pessoa, e por-tanto, amor. Pela vitória desta ênfase racional, Justino, o Mártir (100 – 165), pode classificar a Religião Cristã como vera philosophia, e Agostinho (354 – 430), como “teologia física” do racionalismo filosófico. O objetivo desta comunicação é demonstrar que o debate sobre Deus pertence ás raízes filosóficas da fé cristã, tendo, assim, origem racional. Palavras-Chave: Ratzinger. Racionalismo Filosófico. Logos. 14)Título: No limiar entre transcendência e imanência: o outro como um vestígio de Deus na ética da alteridadeNome: Daniel Ribeiro de Almeida ChaconTitulação: Mestrando(a)Instituição: FAJE

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Resumo: O objetivo desta comunicação é problematizar a proposta levinasiana de uma relação ética enquanto resposta ao clamor que emana da face humana. Nesse sentido, a ética é interpretada pela filosofia da alteridade como uma verdadei-ra experiência religiosa. Por meio do acesso ao rosto do outro irromperia uma ideia acerca de Deus Ao lidar com a questão do religioso, a filosofia levinasiana, procura superar a dicotomia fé e razão, propondo uma fusão entre ambas na relação ética. Esta proposta exprime uma evidente intencionalidade de realizar uma grande síntese entre as tradições bíblico-talmúdicas e a filosofia de verten-te grega, rompendo assim, com a antiga separação entre o Deus dos filósofos do Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Destarte, Emmanuel Levinas interpreta a experiência religiosa como uma concreção de ordem ética. Ao instaurar a reli-gião como uma instância ética, ele propôs uma alternativa ao discurso religioso, sem, contudo, culminar em uma objetivação da divindade ou mesmo em uma alienação e desvalorização do mundo, como ocorre no dualismo platônico. Nes-se sentido, Emmanuel Levinas estabelece uma relação intrínseca entre o ético--religioso e o transcendente. Por meio da experiência de concretude ética, a filosofia da alteridade estabelece um ponto de convergência entre transcendên-cia e imanência. Na filosofia do rosto, Deus não está distante do cotidiano, mas está próximo do eu, uma vez que, o outro é sua exponencial manifestação. A re-lação ética é a experiência metafísica por excelência, a manifestação concreta da própria transcendência de um Deus que optou por se revelar à humanidade: Com efeito, o rosto do outro é uma significação ímpar e extraordinária, que Le-vinas chama de “traço”. Ele acredita que a revelação de Deus, presente na face humana, é uma espécie de vestígio, marca deixada pelo Infinito. Por meio desta compreensão de revelação como vestígio, Levinas, de forma intrigante, afirma o outro como imagem de Deus, sem, contudo, permitir com que este outro seja transformado em ícone da divindade. Palavras-chave: Transcendência. Imanência. Deus. Rosto do Outro. Alteridade. 15)Título: O cristianismo não religioso: diálogo entre Bonhoeffer e VattimoNome: Edevilson de GodoyTitulação: Doutor(a)Instituição: Instituto Supeiror de Teologia João Paulo II Resumo: Dois autores separados pelo tempo e pela geografia (Alemanha e Itália) que pensam o fenômeno da secularização e o discurso sobre Deus metafísico como algo intrínseco ao ocidente cristão. Veem na dissolução da ideia metafísica de Deus e na afirmação da autonomia da liberdade humana possibilidades da plena realização do cristianismo. O fim das verdades absolutas. O Deus metafísico não dita mais as regras. Fazer teologia é abrir mão dos absolutos. Faz-se necessário um diálogo da teologia com a filosofia. Secularismo e autonomia humana Uma realidade intrínseca do ocidente cristão. “... é um processo de libertação da

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razão que se intensifica com a reforma, ao desdivinizar o mundo e abrir o cam-po para o florescimento das ciências racionais e empíricas e o desenvolvimento da tecnologia. E se trata de um processo tipicamente ocidental”. (Bonhoeffer) “Secularização é a dissolução do sacro, um conjunto de fenômenos de toma-da de distância do poder religioso que caracteriza a modernidade ocidental” (Vattimo). O mundo pode funcionar sem Deus. O ser humano pode resolver suas questões importantes sem apelar para Deus. Quanto mais a religião combate o secularismo e o condena, mais afasta o cristianismo da sociedade. O homem pós-moderno não tem mais necessidade da segurança mágica que era fornecida pela ideia de Deus. A morte do Deus metafísico significa a morte dos ídolos, o fim dos fundamentos e certezas metafísicas. A autonomia do mundo que recusa o tutor-Deus abre a perspectiva para o Deus bíblico. A Igreja é testemunha deste Deus presente na onipotência da cruz e, com isso, exige o desenvolvimento do mundo em direção à sua maioridade. Também para DB o Deus da Bíblia não é o Deus da metafísica. Palavras-chave: Cristianismo não religioso. Bonhoeffer. Vattimo. 16)Título: Sobre secularização e religião em Jürgem Habermas: o duplo processo de aprendizagemNome: Julian Batista GuimarãesTitulação: Mestrando(a)Instituição: FAJE Resumo: Esta comunicação pretende evidenciar alguns aspectos centrais da reflexão ha-bermasiana sobre a religião com o intuito de perceber que lugar e importância o autor concede às tradições religiosas em nossa sociedade ocidental dita secular. E, com isso, mostrar como Habermas, filósofo agnóstico, racionalista, e alinhado ao pensamento pós-metafísico, interpreta o processo de secularização, de que modo situa-se criticamente face ao embate entre as tradições seculares e reli-giosas e propõe uma dupla atitude do pensamento filosófico perante a religião, a saber: a disposição a aprender com as tradições religiosas e a importância da tradução cooperativa dos conteúdos religiosos para uma linguagem acessível também aos não religiosos. Assim, a primeira parte da comunicação apresenta os traços principais da teoria habermasiana da religião e sua compreensão da sociedade atual à luz do processo de secularização, a partir de sua releitura da teoria de Weber do processo de racionalização das imagens religiosas de mun-do; a segunda parte mostra, a partir da reflexão sobre a fronteira entre a fé e o saber, a proposta de Habermas sobre a relação entre cidadãos religiosos e seculares, que culmina na ideia da necessidade de dupla aprendizagem entre as ambas as tradições. Palavras-chave: Habermas. Religião. Secularização. Proces-so de dupla aprendizagem. 17)Título: Uma interpretação nietzscheana da arte como proposta de afirmação da

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vida e fidelidade à terraNome: Eduardo Marcos Silva de OliveiraTitulação: Mestre(a)Instituição: PUC Minas

Resumo:Buscaremos nesta comunicação descrever a arte como detentora máxima de afirmação da vida e fidelidade à Terra, em que sua manifestação proporciona ao homem novos significados da vida, em razão do seu caráter de criação e valoração proveniente da vontade de potência que Nietzsche descreve como um valor superior aos valores predeterminados. Como um dos pilares de sua filosofia, Nietzsche, ao apresentar a doutrina do eterno retorno como uma op-ção de formação de caráter, e não como uma confirmação cosmológica, afirma que não é o homem que se valoriza através da vida, ou seja, a vida afirma-se através do homem. Seria, para Nietzsche, as ações, os instintos e sentimentos do homem reflexos de seus valores em razão de serem interpretações de suas manifestações associadas à ideia de um Ser superior, que, com o advento do niilismo, o homem passou a não mais a atribuir a ideia cristã de Deus criador ab-soluto? Nietzsche descreve que livrar a humanidade da sombra de Deus equivale a um procedimento de aniquilamento dos valores cristãos, e não dos instintos e sentidos humanos. Ao descrever a arte como proposta de afirmação da vida e fidelidade à Terra, Nietzsche apresenta a diferenciação que deve existir entre um niilismo que nega a vida e uma atitude que se apropria da vida, afirmando-a. Palavras-chave: Nietzsche. Arte. Cristianismo. Vontade de Potência. 18)Título: Visões contemporâneas sobre Deus: Rubem Alves e Mariá CorbiNome: Fabiano VeliqTitulação: Pós-doutor(a)Instituição: PUC Minas Resumo: A presente comunicação tem como objetivo trabalhar a noção de Deus a partir da obra de Rubem Alves estabelecendo um diálogo com o pensamento de Mariá Corbi. Ambos propõem visões possíveis sobre Deus que ao mesmo tempo nos dão suporte para pensarmos a religião na contemporaneidade. Enquanto a propos-ta alvesiana se vincula a um Deus pensado enquanto sentido para a existência que culmina na Teologia da Libertação, a proposta de Mariá Corbi aponta para uma espiritualidade chamada por ele de uma espiritualidade Leiga que deverá ser vivida no interior da completa autonomia do sujeito e não mais vinculada a nenhum tipo de discurso que seja normativo. Deus aqui apareceria como um símbolo de um absoluto que seria experimentado pelo sujeito em forma de um silêncio. Dessa forma propomos o diálogo entre as duas propostas no intuito de pensar a noção de Deus na contemporaneidade. Palavras-chave: Deus. Rubem Alves. Mariá Corbi.

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GT 5: Teologia no Espaço Público e no Mundo Contemporâneo

Coordenadores: Dr.Érico Hammes – PUC/RS, RS;Dr.Vitor Galdino Feller – FACASC, SC;Dr. João Décio Passos – PUC SP, SP. Ementa: O GT aborda a Teologia enquanto Ciência da Fé que, ao refletir sobre os desafios da realidade, das relações sociais e internacionais, repensa os seus temas fundamentais e contribui para novas compreensões do papel da fé na so-ciedade atual. Como principais objetivos se propõe: 1) dialogar com os avanços científicos e tecnológicos; 2) propor uma compreensão transformadora da exis-tência de fé no contexto político social do país; 3) trazer à consciência religiosa a necessidade de superação da violência em suas diferentes manifestações; 4) repercutir teologicamente os movimentos mundiais de correntes dos processos de globalização; 5) refletir a relação da religião e, portanto, da teologia, com a política.

1)Título: A paz justa e a cristologiaNome: Erico João HammesTitulação: Pós-doutor(a)Instituição: PUC RS Resumo: A comunicação aborda implicações sistemáticas do conceito de “paz justa” para a Cristologia. Elaborado a partir das discussões éticas entre a Teoria da Guerra Justa e do Pacifismo radical, no período pós-guerra, o conceito de Paz Justa começa a aparecer na Igreja Luterana de Alemanha Oriental, especialmente no contexto da queda do muro de Berlim e encontra sua formulação na Conferên-cia Episcopal Alemã em 2000. Simultaneamente, Glen Stassen e um grupo de pesquisadores americanos, em sintonia com os documentos das Igrejas daquele país elaboram um conjunto de princípios para o “paradigma” da Paz Justa. O Conselho de Igrejas Cristãs, por sua vez, assume o conceito para suas assem-bleias e para sua atuação na década de superação da violência, da ONU. A partir da leitura dos diferentes documentos, a comunicação recolhe as aproximações cristológicas e busca sua fundamentação correspondente, seja na existência e prática de Jesus, seja nos desenvolvimentos dogmáticos. A recuperação do tema do “justo pelos injustos” (1 Pe 3,18) e da rejeição do “santo e justo” (At 3,14) servem de entrada para um aprofundamento cristológico. Mostra-se, dessa maneira, que a paz prometida na tradição cristã, está estreitamente vin-culada com a justiça (“Justiça e paz se abraçam”, Sl 85,11) e se condensa na autocomunicação divina e na representação humana em Jesus de Nazaré, sua morte-ressurreição e na acolhida fiel da comunidade humana. Palavras-chave: Paz Justa. Cristologia. Pacifismo. Guerra Justa.

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2)Título: A relação entre a Gaudium et Spes e a Evangelii Gaudium: um estudo na perspectiva da conversão pastoral Nome: Raquel Maria de Paola CollettoTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC RS Resumo: Este artigo volta-se ao atual contexto vivencial da Igreja, que sente grande dificuldade de transmitir a fé às novas gerações. Nos documentos do Concí-lio Vaticano II, encontra-se subjacente a necessidade de uma evangelização que conduza a um renovado empenho missionário. Esse processo está presente em toda a trajetória pós-conciliar até os dias de hoje. O Papa Francisco, na exortação apostólica Evangelii Gaudium, convida todos os cristãos para uma nova etapa evangelizadora marcada pela alegria emanada da Boa-Nova de Jesus Cristo. Nesse sentido, se faz urgente imprimir à Igreja uma verdadeira conver-são pastoral, a fim de tornar a experiência eclesial mais autêntica em prol da missão evangelizadora. Analisa-se como a relação de um documento de ontem (Gaudium et Spes) com um documento de hoje (Evangelii Gaudium) pode orien-tar a transmissão da fé cristã no mundo contemporâneo. Sugerem-se caminhos para a Igreja continuar transmitindo com alegria o Evangelho na perspectiva do Concílio Vaticano II. Palavras-chave: Nova evangelização. Conversão pastoral. Evangelii Gaudium. Gaudium et Spes. 3)Título: Ciberteologia: teologia no cenário contemporâneo globalNome: Aline Amaro da SilvaTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC RS Resumo: Esta pesquisa avalia os efeitos da cultura digital na teologia e sociedade, ge-rando dessa relação um novo campo teológico, a ciberteologia: pensar a fé cristã nos tempos da rede. Assim, busca-se apresentar os principais aspectos dessa nova área de conhecimento teológico a fim de compreender a cultura, a fé e o ser humano que formam o cenário contemporâneo. Utilizando o método exploratório e bibliográfico, a pesquisa pretende mostrar a rede como o espa-ço global privilegiado para se vivenciar a fé e refletir teologicamente sobre a realidade atual. O trabalho demostra também a complementaridade existente entre mundo físico e digital. Como referencial teórico temos Manuel Castells contextualizando a sociedade em rede. Para entender a geração net, traz-se as considerações de Michel Serres. A reflexão ciberteológica apoia-se no pensa-mento e obras de Antonio Spadaro. O estudo não define a ciberteologia como uma teologia da comunicação, pois não reflete sobre a comunicação em si,

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nem como uma teologia contextual porque não abrange uma realidade local e isolada. A ciberteologia enquanto ciência da fé reflete sobre os desafios da vida hipercomunicativa vivida por toda a humanidade na era digital. Palavras-chave: Ciberteologia. Internet. Redes Sociais. Era Digital. Geração Y. 4)Título: Crer no cenário contemporâneo: insights do pensamento de Joseph Rat-zinger sobre o ser humano diante da questão de DeusNome: Larissa FernandesTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC PR Resumo: O artigo tem por objetivo refletir o desafio de crer no cenário contemporâneo a partir de insights sobre o pensamento de Joseph Ratzinger a respeito da situ-ação atual do ser humano diante da questão de Deus. Com base num levanta-mento bibliográfico de sua autoria, o texto propõe percepções incisivas sobre a fé no contexto atual abordando a distinção e a relação entre fé e religiosidade e o dado peculiar da fé cristã: Jesus Cristo como o Filho de Deus encarnado. Essa peculiaridade esclarece que a fé não se preocupa apenas com o eterno, com aquilo que está fora do mundo e do tempo, mas diz respeito ao Deus que entra na história, e se faz história com a humanidade, na encarnação do Verbo divino. Aqui está a grande novidade da fé cristã e exatamente aqui também que entra uma estranha ambiguidade: Deus ficou tão perto de nós que podemos matá-lo, de modo que ele pareça deixar de ser Deus para nós. Para evitar o escândalo da Encarnação do Verbo e da sua Cruz corre-se o risco do esvaziamento da verdade salvífica recorrendo a interpretações mais adequadas aos limites da razão. Palavras-Chave: Joseph Ratzinger. Fé e religiosidade. Fé e razão. 5)Título: Igreja católica e ditadura militar: a defesa dos Direitos HumanosNome: Tiago Geyrdenn de Oliveira GomesTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC SP Resumo: A partir de revisão de literatura o objetivo é abordar a relação da Igreja Católica com o governo militar brasileiro e a defesa dos direitos humanos realizada por parte da Igreja Católica. A relação entre Igreja Católica e governo brasileiro no período da ditadura militar é marcada por uma série de contrariedades. Relação marcada por aproximações e distanciamentos, legitimação e enfrentamento. O apoio inicial da Igreja Católica ao golpe contribuiu para solidificar o regime militar. Porém, este apoio não permaneceu constante durante o regime de ex-ceção. A censura, a violação aos direitos humanos, a tortura, sofrida inclusive por elementos do clero, fez com que parte da hierarquia da Igreja Católica ado-

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tasse uma postura crítica em relação à ditadura. Nesta perspectiva a atuação do episcopado torna-se objeto de pesquisa. Destacam-se certas nuances da ação do mesmo. Não há um completo rompimento de relações entre as instituições, mas tentativas de aproximação e diálogo, como é caso da comissão bipartite, um fórum onde membros da Igreja e do Estado buscavam amenizar as tensões que havia entre os mesmos.Palavras-chave: Direitos Humanos. Cristianismo. Ditadura militar. 6)Título: Implicações éticas do pensar sobre Deus no espaço público: horizontes atuais da teologia de David TracyNome: Tiago de Freitas LopesTitulação: Doutorando(a)Instituição: FAJE Resumo: Pensar sobre Deus no espaço público, leva-nos a responder a seguinte questão: qual deve ser a escolha ética a partir da experiência religiosa cristã? David Tracy oferece uma resposta à questão levantada. Para falar de Deus no espaço público é necessário colocar o conhecimento sobre Deus ao alcance de pessoas que vivem realidades além daquela vivida na teologia ensinada e praticada no espaço religioso. O objetivo deste trabalho é apresentar uma aproximação ética que permita à teologia tornar a mensagem cristã mais próxima do espaço públi-co. O trabalho está dividido em duas partes. Na primeira, serão apresentados os desenvolvimentos éticos de David Tracy, através dos últimos artigos dele e especialmente da participação na Chicago Conference on God and Ethics, que aconteceu em abril de 2014, sob o tema “God as Infinite: Ethical Implications”. A segunda parte do trabalho irá evidenciar uma implicação ético-cristã a partir da metáfora “Deus é amor” como resposta para a aproximação da compreensão de Deus no espaço público. Por fim, a conclusão aponta a necessidade da teo-logia estar presente nas discussões éticas, e dessa forma, ser mais atuante no espaço público. Palavras-Chave: David Tracy. Espaço público. Implicações éticas. “Deus é amor”. 7)Título: O caráter público dos textos sagrados enquanto trajetórias de diálogo e superaçãoNome: Jose Romaldo KleringTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC RSInstituição Financiadora: União brasileira de Educação e Assistência– PUC RS Resumo: O caráter público dos textos sagrados enquanto trajetórias de diálogo e supe-ração José Romaldo Klering* Resumo A presente proposta de Comunicação tem como objetivo apresentar um ensaio sobre o caráter público dos textos sagrados

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enquanto trajetórias de diálogo e superação, valendo-se, para isso, de pesquisa bibliográfica em vista da elaboração de estudo analítico-sintético-comparativo. Vivemos uma época de profundas e rápidas transformações. De diversas ma-neiras, dos meios de transporte às novas tecnologias da comunicação, o mundo está cada vez mais ao alcance de todos. As diferenças se tornam conhecidas. As tendências hegemônicas tentam se impor, ao mesmo tempo em que regionalis-mos e identidades grupais acirram suas diferenças. Ao mesmo tempo em que há um fechamento dos indivíduos em si mesmos, recolhidos na sua subjetividade, percebe-se uma grande necessidade de afirmar-se perante outros, exteriorizan-do pensamentos e posições, frequentemente de forma aleatória e assistemáti-ca, por vezes, com violência. As Religiões, enquanto caminhos da relação do ser humano ao fundamento de sua própria natureza, existência e sentido, propõem a partir das suas experiências fundantes, escalas valorativas de referência, hie-rarquias de prioridades e referenciais estruturantes para o desenvolvimento do indivíduo, das relações interpessoais e da organização em sociedade. Uma relei-tura dos escritos das tradições religiosas, na perspectiva da elaboração históri-co-cultural da sua experiência do Transcendente, fornece subsídios importantes para a percepção do engajamento na vida social, política, econômica e cultural dos povos entre os quais esses textos foram elaborados e transmitidos, assim como relidos, ensinados e traduzidos em ações transformadoras. Palavras-Chave: Textos sagrados. Diálogo. Experiência. Transcendente. Releitu-ra. 8)Título: Pensar teologicamente o religioso do ponto de vista da crise da unanimi-dade violenta.Nome: Marcos Antônio Bezerra UchoaTitulação: Mestrando(a)Instituição: FAJEResumo: O tema desenvolvido na -comunicação versa sobre o diálogo interdiciplinar sus-citado pela teoria do desejo mimético, segundo René GIRARD. O objetivo é contribuir para a pesquisa no campo da antropologia teológica. Faz-se, metodo-logicamente, uma leitura histórico-crítica da forma de se tratar temáticas como rito, mito e sacrifício na religião e fora dela. Especificamente analisaremos a segunda parte da terceira obra da trilogia do autor: Coisas ocultas desde a fun-dação do mundo. Esta será, portanto, a nossa principal ferramenta de trabalho. Veremos a concepção de Girard no enfrentamento da questão da superação do conceito ambíguo de violência a partir da própria violência. Procura-se mostrar como o autor responde à pergunta de fundo para a religião da relação entre re-ligioso e violência: Como o sacrifício de Cristo na Cruz dissimula e neutraliza o mecanismo vitimário de uma vez por todas! Por último, responde-se à pergunta sobre a necessidade do religioso na vida humana de todos os tempos, fazendo uma síntese conclusiva do pensamento do referido autor no que se refere à ex-piação sacrificial.

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Palavras-chave: Sacrifício. Mito. Rituais. Religioso. Mimetismo. 9)Título: Teologia de fronteira: diálogo entre o pensamento complexo, o método transdisciplinar e a teologia públicaNome: Carlos Alberto Motta CunhaTitulação: Mestre(a)Instituição: FAJE Resumo: A crise nas esferas da sociedade, da religião e do conhecimento assinala para a mudança de paradigma. A pós-modernidade pede um referencial modelar que abarque a complexidade do mundo e do humano que, por sua vez, apela para um método transdisciplinar capaz de estabelecer convergências e divergências entre os saberes. O objetivo da presente comunicação consiste em estabelecer um diálogo entre o pensamento complexo de Edgar Morin, o método trans-disciplinar de Basarab Nicolescu e a teologia pública. Pela via do pensamento complexo e do método transdisciplinar, a teologia poderá oferecer a sua com-preensão do mundo e do humano, numa contribuição para a reconstituição do sentido que tanto falta ao mundo pós-moderno. Assim, será teologia pública. O espaço público é o húmus ideal para que a teologia esteja com as suas frontei-ras abertas e livres do isolamento disciplinar. A inconclusividade da teologia dá condições de trazer a teologia do exílio para a praça pública da contemporanei-dade. Os espaços fronteiriços entre saberes e possibilidades permitem colocar a teologia ao lado das outras ciências, com poder de dizer sua palavra específica. É o momento propício para que a teologia se redescubra com uma teologia de fronteira, isto é, inacabada, inconclusa, aberta a se reestruturar diante o diá-logo com a cultura. Palavras-chave: Teologia pública. Pensamento complexo. Diálogo. 10)Título: Uma breve análise querigmática da iniciação à vida cristã na associação de proteção e assistência ao condenadoNome: José do Nascimento Lira JúniorTitulação: Mestre(a)Instituição: Mackenzie Resumo: A breve análise da iniciação cristã realizada neste artigo tem como objeto a APAC (Associação de Proteção e Assistência ao Condenado), uma instituição que administra um sistema diferenciado de cumprimento de pena. O aspecto re-ligioso dessa instituição tem despertado o interesse de vários pesquisadores devido o seu caráter confessional cristão. A ideia é refletir um pouco sobre a iniciação cristã nesse sistema penal, focando não o aspecto sacramental da ini-ciação, mas o querigmático, ou seja, uma iniciação à iniciação, considerando que é ao receber os sacramentos que o indivíduo é plenamente iniciado – No

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protestantismo, via-de-regra, esses sacramentos são o batismo e a eucaristia, no catolicismo “Os sacramentos do batismo, da confirmação e da santíssima Eucaristia acham-se de tal forma unidos entre si, que são indispensáveis para a plena iniciação cristã” (Cân. 842, § 2). Não se tratará de uma iniciação numa denominação eclesiástica, mas numa fé – considerando-se, inclusive, o aspecto antropológico da iniciação em textos como o de Luiz Alves de Lima: “A Inicia-ção Cristã Ontem e Hoje”. Como acontece nas Pastorais Carcerárias (Católica e Protestantes), o iniciado apenado apaqueano (que chega à fase sacramental), é inserido na vida eclesial pela ponte chamada capelania , uma vez que, mesmo estando no regime aberto, ele não terá oportunidade de vida eclesial fora do presídio, pois, neste regime, ele só pode sair das dependências físicas da APAC para trabalhar... Palavras chave: Iniciação Cristã. APAC. Religião. Sistema Penal.

11)Título: Da dicotomia à dialética: religião e secularização na mística mertonianaNome: Jefferson Soares da SilvaTitulação: Doutorando(a)Instituição: PUC ParanáCoautor(es): Waldir Souza

Resumo:Desde a promessa moderna de redenção do homem sobre o próprio homem, a religião passa necessariamente pelo crivo do discurso racional científico. Nes-sa trama, mesmo a racionalidade teológica que da religião cristã aflui é des-considerada pela modernidade laica. Impulsionada pelo Estado moderno, na passagem da natureza à sociedade civil e pela instituição da esfera pública e da esfera privada, a secularização aventa a retirada da questão de Deus do ho-rizonte humano. Cientes que na sociedade contemporânea (dita pós-moderna) essa problemática é agudizada pela crise da razão, propomos estreitar a dico-tomia entre a sociedade secularizada e experiência religiosa através da mística mertoniana. Moderados pela teologia espiritual de Thomas Merton (1915-1968), intencionamos contemplar tanto seu movimento ascendente, de abertura para Deus, como descendente, de abertura para o homem. Para tanto, o estudo será norteado pela análise qualitativa bibliográfica, com destaque às obras: Místicos e Mestres Zen (1961), A experiência interior (1959), O homem novo (1966) e Reflexões de um espectador culpado (1970). No contexto em que Deus e o ho-mem encontram-se em suspensão, a proficuidade da reflexão mertoniana sobre a mencionada problemática assenta-se na perícia do autor em solver a antiga e sempre atual dicotomia entre o religioso e o profano, entre o natural e o so-brenatural. Não obstante, cabe destacar que seu artifício dialético não nulifica os padrões de referência identitário do cristianismo católico, mesmo quando se debruça sobre a experiência mística oriental.

Palavras-chave: Religião. Secularização. Mística. Teologia.

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GT 6: Religião e Educação

Coordenadores:Dr. Afonso Maria Ligorio Soares - PUC/SP, SP;Dr. Sérgio Rogério Azevedo Junqueira - PUC/PR, PR.

Ementa: Este GT organiza os estudos e pesquisas da relação entre educação, cul-tura e religião, campo este que se abre sistematicamente aos pesquisadores de Teologia e de Ciências da Religião, assim como de áreas afins. Com perspectiva interdisciplinar, sua intenção é compreender os diferentes processos de ensino e aprendizagem nos espaços escolarizados e comunitários. Esse núcleo abrange temas como ensino religioso, pastoral da educação, educação em diferentes espaços confessionais, diversidade, formação inicial e continuada, catequese, formação de lideranças para movimentos e estudo dos diferentes segmentos escolares, entre outros. Tais elementos estão relacionados à compreensão e à transformação das práticas e conduções da vida e políticas educacionais apre-sentadas como plataformas para a ordenação e a direção das relações da huma-nidade com seu entorno (natureza, transcendência, alteridade).

1)Título: A formação do professor: contribuições da ética teonômicaNome: Célia Marilda SmarjassiTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC SP – UNESP – FAH Resumo: A prática docente reclama por essência e vocação uma atuação eminentemente ética, porque ele, o professor, dá a forma humana aos valores, daí a importância da formação ética do professor, pois desse profissional se espera uma postura singular de ser e estar no mundo. Desenvolvemos nossa reflexão sobre ética na formação do professor pelo caminho da Teonomia, sistema de ética estritamen-te bíblica que aponta para a lei de Deus como padrão da verdade e da justiça e a Bíblia como única fonte para nos orientar em todos os aspectos da vida. Sendo assim, a ação humana deve orientar-se pelo amor a Deus e ao próximo tendo como propósito a glória de Deus. Também integra nossa reflexão uma releitura de temas relacionados à formação ética do professor que serão analisadas a par-tir do pensamento ético de Paul Ricoeur, pois entendemos que esse autor, além de recorrer ao pensamento de Aristóteles e Kant desenvolveu sua pequena ética a partir da leitura filosófica que fez da Parábola do Bom Samaritano. Some-se a isso seu importante ensaio sobre o tema amor e justiça. Seu pensamento acerca do viver ético aponta para um viver pautado por uma conduta em que o sujeito seja guiado por uma atitude baseada no equilíbrio refletido do amor e da justi-ça. Palavras-chave: Formação. Docente. Ética. 2)

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Título: A relevância do estudo dos ritos de iniciação: a abordagem dos ritos nos livros didáticos do Ensino ReligiosoNome: Josilene Silva da CruzTitulação: Mestrando(a)Instituição: UFPB Resumo: Esta pesquisa buscou analisar como os ritos de iniciação estão sendo abordados nos livros didáticos de Ensino Religioso. Em consonância com os Parâmetros Curriculares do Ensino Religioso (PCNER) elaborados pelo Fórum Nacional de En-sino Religioso (FONAPER) a temática dos ritos é extremamente relevante, sendo apresentada como um dos eixos temáticos para serem abordados na disciplina do Ensino Religioso. Porém esbarramos em uma questão: será que os ritos como um dos eixos temáticos do PCNER estão sendo contemplados nos livros de Ensi-no Religioso? Na busca de resposta a este questionamento, construímos o nosso objetivo que se propôs em verificar nas coleções de Ensino Religioso mais uti-lizadas nas escolas de João Pessoa (PB), como e quais são as abordagens deste tema nestes livros utilizados no Ensino Fundamental II. Para atingir tal objetivo realizamos por meio de pesquisa bibliográfica com abordagem qualitativa, um estudo comparativo das duas referidas coleções. Apresentando como o resul-tado um quadro quantitativo dos conteúdos trazidos nas obras acessadas que apresentem esta temática, verificando sua presença e relevância, assim como sua aplicabilidade nos ciclos desta disciplina. Assim, concluímos que há necessi-dade de maior apreciação ao tema no que se refere às obras utilizadas. Palavras-chave: Ritos. Iniciação. Ensino Religioso. Livro Didático. 3)Título: Diversidade cultural e religiosa: o Ensino Religioso e as religiões de ma-trizes africanas na educação escolarNome: Elivaldo Serrão CustodioTitulação: Doutorando(a)Instituição: EST

Resumo: O presente artigo objetiva refletir sobre a diversidade cultural e religiosa na educação escolar enquanto desafio para uma educação inclusiva. A educação es-colar, vista pelo viés da diversidade cultural, torna-se um desafio na atualidade brasileira, pois ela será obrigada a fazer o exercício de rever os seus caminhos, refletindo como ensina e o que ensina. O presente trabalho trata do resultado de um estudo exploratório de natureza qualitativa que adotou a pesquisa bi-bliográfica, a análise documental e a entrevista como forma de investigação. Os resultados apontam que na literatura contemporânea as Religiões de Matrizes Africanas (RMA) encontram-se instaladas no espaço brasileiro, apresentando--se como religiões estruturalmente organizadas, com crenças e ritos, portanto, possuidoras de fenômenos religiosos. Acreditamos que sem a valorização e o respeito às RMA na disciplina de Ensino Religioso (ER) e no Ensino da Cultura e

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História da África e dos Afro-brasileiros não prevalecerá o dispositivo legal na preservação e valorização da cultura. O Brasil é um país rico na sua diversidade cultural e religiosa. É de responsabilidade do Estado a elaboração de diretrizes para definição de uma política pública voltada para a educação na perspectiva da diversidade, assim como uma política educacional voltada para a proteção das RMA como patrimônio cultural. O presente trabalho esboça a educação em diversidade, abordando a religiosidade africana como patrimônio cultural ima-terial. Em seguida, o currículo, a diversidade cultural, as relações étnico-raciais e o ensino religioso na educação escolar: desafios e perspectivas. E, por fim, as considerações finais. Palavras-chave: Ensino Religioso. Diversidade. Religiosidade Africana. 4)Título: Mitopoética e Educação em TolkienNome: Diego KlautauTitulação: Doutor(a)Instituição: Centro Universitário da FEI Resumo: Este trabalho investiga as relações entre literatura, religião e educação na obra do escritor inglês J.R.R. Tolkien (1892-1973). Mais conhecido pelos romances O Hobbit (1937) e O Senhor dos Anéis (1954), Tolkien foi professor de anglo-saxão na universidade de Oxford de 1925 a 1959, período no qual publicou diversos artigos, ensaios e pesquisas que continham aspectos filológicos, filosóficos, li-terários e teológicos. O objetivo deste trabalho é demonstrar as relações entre esses aspectos e daí apenas indicar, nos limites adequados a esta comunicação, a presença de uma proposta pedagógica, nos moldes clássicos e medievais (pai-déia cristã) subjacente aos estudos do professor inglês. A metodologia é a revi-são bibliográfica de três obras do autor, especificando alguns conceitos essen-ciais para evidenciar essa indicação de uma proposta pedagógica. Em primeiro lugar, a tradução com estudos do poema medieval (século XIV) Sir Gawain and the Green Knight, publicada em 1925, que apresenta uma reflexão da função da imaginação e da narrativa como propedêutica para a investigação filosófica e te-ológica (a importância da lei moral na cavalaria); em segundo lugar, a tradução com estudos do poema medieval Beowulf, datado do século VIII d.C., publicada em 1936, que apresenta uma hermenêutica em busca dos significados perenes do poema e que trata da experiência do herói virtuoso diante da contingência e da morte; por fim, o ensaio On Fairy-Stories, apresentado em 1939 como conferên-cia, que aborda expressamente as relações entre literatura, filologia, filosofia e teologia, configurando uma sistematização de várias conclusões do autor, inclu-sive do sucesso de seu primeiro romance (O Hobbit), lançado dois anos antes. Assim, com os resultados obtidos com este trabalho, é possível perceber essa interface entre religião, educação e literatura nas obras de Tolkien, que segue a tradição do cristianismo medieval, que circula ora pela patrística (paidéia), ora pela tradição aristotélica-tomista. De qualquer modo, a originalidade do autor reside em dois aspectos: primeiro, na composição narrativa (mitopoética) como

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atividade artística que possibilita a descoberta pessoal de valores, conforme as investigações de Alfonso López Quintás (1928), que entende a formação da imaginação como propedêutica para a formação moral como estudo de filosofia; e segundo, na recuperação da concepção narrativa de pessoa, termo cunhado por Alasdair MacIntyre (1929), que exige como fundamento de uma proposta pe-dagógica com base na lei moral, uma atenção às investigações das experiências pessoais enquanto consciência de uma narrativa que, ainda que singular, está sendo escrita numa tessitura coletiva e contextual, ao mesmo tempo em que busca uma realização que toca nos universais, para além do tempo e do espaço, da natureza humana. Essa tensão entre o particular e o universal é vivida na produção de enredos, na literatura e na mitopoética. Palavras-Chave: Mitopoética. Educação. Tolkien. 5)Título: O Ensino Religioso para além da legislação: uma defesa acadêmicaNome: Fabio Ferreira dos Santos da SilvaTitulação: Mestre(a)Instituição: UFPB Resumo: Este trabalho faz uma defesa da inserção e da permanência do Ensino Religioso nas escolas públicas do Brasil. Procura evidenciar razões pelas quais esse compo-nente curricular é de extrema relevância para o processo educativo escolar das crianças e dos jovens brasileiros. Ressaltando-se, de antemão, que tal defesa diz respeito a um Ensino Religioso que apresente três características essenciais e inegociáveis: conteúdos e métodos de base acadêmico-científica; não confes-sionalidade; não proselitismo. Ou seja, trata-se de uma tentativa de equiparar este componente curricular aos demais que formam a base nacional comum do Ensino Fundamental, sem recorrer aos já conhecidos dispositivos legais que nor-teiam e, de certa forma, desnorteiam as diferentes ações dos diversos sistemas de ensino por todo o território nacional – a exemplo do controverso artigo 33 da LDB, na sua nova redação de 1997. Para justificar esta defesa são apresentados sete argumentos de caráter eminentemente acadêmico: a) Maioria estatística absoluta dos brasileiros declaram possuir alguma religião; b) Contribuições das religiões na elaboração histórica da plural cultura brasileira; c) Relações entre as instituições religiosas e o poder público no Brasil e no Mundo; d) A indefensá-vel tese da religião como questão de foro íntimo; e) Pluralidade religiosa no Bra-sil: constatação, sincretismos, conflitos e desafios; f) Pensamento científico e pensamento religioso: coexistência e questionamentos mútuos na contempora-neidade; g) Mitologias e a condição humana: crenças e descrenças. Assim, este trabalho quer contribuir com o esforço que vem sendo feito por pesquisadores e professores, para evidenciar que um ensino religioso nas redes educacionais públicas, com as três características essenciais que destacamos aqui, possibi-lita, realmente, uma formação mais completa dos cidadãos brasileiros, na me-dida em que lhes fornece instrumentos sofisticados de compreensão e análise do meio social onde estão inseridos – um meio invariavelmente traspassado por

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símbolos, ideias e ações religiosas as mais diversas. Dessa forma, este artigo quer dar conta dessas perguntas: Se não houvesse dispositivos legais sobre o Ensino Religioso, o que faria dele um componente curricular relevante no Brasil? Que argumentos acadêmicos podem ser usados para avalizar sua inclusão e per-manência ao lado dos outros componentes curriculares do Ensino Fundamental? Palavras-chave: Ensino fundamental. Ensino religioso. Legislação. 6)Título: Proposta de parâmetro curricular nacional para o Ensino Religioso atra-vés da ciência da religiãoNome: Matheus Oliva da CostaTitulação: Mestrando(a)Instituição: UNIMONTES / PUC SP

Resumo: Uma busca sobre o tema Ensino Religioso (ER) no Brasil revela uma quantidade significativa de estudos sobre o tema, com ênfase para propostas sobre a na-tureza dessa disciplina. Contudo, faltam trabalhos que apontem para possíveis estruturas curriculares de conteúdos a serem trabalhados e quais habilidades os estudantes devem desenvolver, sendo basicamente lembrada a proposta da FONAPER. Deve-se lembrar de que o ER é única disciplina escolar que não tem um Parâmetro Curricular Nacional (PCN) oficial pelo MEC, e faltam documen-tos reguladores também na maioria dos estados. Visando suprir essa lacuna é que apresentamos aqui nossa proposta de PCN de ER. Defendemos um “Estudo sobre religiões” no ensino fundamental de caráter não-confessional laico, es-colarizado e fundamentado numa referência científico-acadêmica, a Ciência da Religião. Apresentamos uma breve justificativa e apresentação, e em seguida apresentamos os parâmetros para o ER em forma de um quadro sistemático baseado nos CBC’s do estado de Minas Gerais. Acreditamos que nossa proposta seja adequada a uma matriz nacional para essa disciplina. Assim, pode servir de modelo para um futuro PCN oficial, já que além de conteúdos, apresentamos também objeto de estudo, objetivo e metodologia específicos para essa área onde são enfocados o desenvolvimento cognitivo e cidadão dos estudantes. Palavras-chave: Ensino religioso. Matriz curricular. Regulação.

7)Título: Juventudes e identidade religiosa: desafios pedagógico-pastoraisNome: Cleber de Oliveira RodriguesTitulação: EspecialistaInstituição: PUC PR

Resumo:O presente artigo tem por objetivo apresentar os resultados parciais de uma investigação sobre o perfil religioso de adolescentes e jovens de uma Unidade

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Social Marista, em vista do desenvolvimento de uma ação pastoral mais efetiva. Com base numa pesquisa qualitativa realizada in loco, foi possível esboçar a re-alidade social dos adolescentes e jovens bem como sua compreensão e vivência da religião em âmbito familiar e comunitária. A análise de dados e a sistema-tização das informações são abordadas a partir de considerações sobre juven-tude, identidade e religião tendo como apoio a proposta explícita na Missão Educativa Marista. Estes conceitos complexos expressos na relação cotidiana da unidade educativa necessitam ser aprofundados e postos em prática de maneira sistemática, para que haja uma sinergia nas ações, o que possibilita avanço e efetividade na metodologia de aproximação e na linguagem, pontos chave no diálogo pastoral com adolescentes e jovens. A partir de informações dadas pelos estudantes, foi possível compreender os reais desafios pedagógico-pastorais no sentido de colocar em prática as prerrogativas da missão institucional. Como ação educativa dentro de um processo de formação integral, essa investigação se propõe a abrir uma discussão na perspectiva do diálogo ecumênico e inter--religioso, sobre a identidade religiosa juvenil e seus desafios pedagógico-pasto-rais. No que se refere à juventude, buscamos apoio teórico em Castro e Abramo-vay (2005) e Freitas (2005); a respeito de identidade e religião nos embasamos em Hall (2006) e Durkheim (1912); por fim, tomamos a Missão Educativa Marista como referência institucional. Do conjunto dos dados foi possível destacar uma forte tendência em reconhecer a importância em ter uma religião; boa parte dos adolescentes e jovens frequenta as igrejas acompanhados de seus responsá-veis, sobressaindo a figura feminina nesse acompanhamento; e relatam que já se sentiram discriminados por sua religião. A maioria dos entrevistados acredita que os valores institucionais apresentados os fazem pessoas melhores.

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GT 7: Espiritualidade e Mística

Coordenadoras:Dra. Ceci Baptista Mariani – PUC Campinas, SPDra. Maria José Caldeira do Amaral – PUC SP, SP Ementa: O Grupo de Trabalho “Mística e Espiritualidade”, no contexto do tema “Deus na Sociedade Plural: Fé, Símbolos e Narrativas”, tem como objetivo geral apresentar e debater os fundamentos teológicos e filosóficos presentes no atra-vessamento da linguagem utilizada para descrever a experiência mística como experiência direta de Deus. Em suas fontes originais, a pesquisa em torno da ex-periência mística e espiritual tem revelado conteúdos importantes pertinentes à tradição do pensamento ocidental nas múltiplas tradições que não se susten-tam numa abordagem meramente psicológica, histórica ou sociológica e que, ao mesmo tempo, subsidiam essas mesmas abordagens. O Universo Simbólico e Narrativo supõe um campo fértil para a indagação de conteúdos teológicos fundamentais que trazem à tona o paradoxo e a fragmentação, não especifica-mente como conceitos negativos e correspondentes a campos contraditórios ao esforço dos pesquisadores frente à descoberta de sentidos e significados de uma configuração teológica espiritual, mas como conteúdos expostos a uma condição de pertencimento a essa mesma condição paradoxal e fragmentada, na qual se encontram os percursos atuais de apreensão da condição humana religiosa e sua realização no mundo. De modo mais específico, entendemos que a inda-gação principal desse grupo de trabalho implica no aprofundamento das fontes experienciais e textuais configuradas por experiências religiosas, espirituais e místicas que estão em constante debate com o desafio do mistério e seus des-dobramentos, desdobramentos e desafios que insistem em serem eles mesmos fonte de conhecimento e episteme de si mesmos.

1)Título: A experiência mística eucarística do dar-se em comida e bebida na cor-poreidade femininaNome: Andreia Cristina SerratoTitulação: Doutorando(a)Instituição: PUC RJ

Resumo: A transformação sofrida e conquistada pela mulher impactou sua maneira de ser no mundo, ou seja, sua maneira de ser corpo. O desejo das descobertas não poderia deixar de atingir as representações coletivas na construção de sua identidade corpórea. Houve por parte do cristianismo um resgate pelo corpo da mulher. Pois o corpo feminino torna-se então a condição de possibilidade de que as mulheres forjem uma identidade específica para a discussão sobre espi-ritualidade, o misticismo e a teologia. Mas tem uma maneira de ser corpo que não muda. Neste contexto destacaremos o corpo da mulher na maternidade. Vislumbrando esta ótica procuraremos sinais de que há relações entre a euca-ristia e a mulher, ou seja, a mística eucarística pode ser vivenciada na corpo-

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reidade feminina durante o momento da maternidade. Quando a mãe carrega em seu ventre e amamenta o filho ou a filha ela se dá em comida e bebida para este filho e é chamada a reinventar a sua vocação eucarística. Apresentaremos brevemente como antropologicamente, as mulheres têm sem sua corporeidade a possibilidade física de viver e anunciar a ação divina realizada na Eucaristia. Sendo assim, nosso itinerário percorrerá três momentos. Apresentaremos bre-vemente como, antropologicamente, as mulheres experimentam em sua corpo-reidade durante todo o processo de gestação, parto, proteção e alimento para a vida nova a possibilidade física de doar-se em comida e bebida, ou seja, é o alimento para o seu filho ou filha. Em seguida relacionaremos o sacramento da eucaristia à vivência da mãe que vive a maternidade. E por último verificaremos a eucaristia como a experiência mística eucarística do dar-se em comida e be-bida na corporeidade feminina, durante esse processo da gestação ao alimento da nova vida, acontecendo de novo e renovando-se. Palavras chave: corporeidade, mística, eucaristia. 2)Título: A mística Hassídica na visão de Martin BuberNome: Newton Aquils Von ZubenTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC CAMPINAS

Resumo: Resumo: A intenção desse trabalho é apresentar o significado da mística hassí-dica para o pensamento de Martin Buber. Isso será exposto em dois momentos. O primeiro apresenta-se a gênese e a história desse movimento místico. O se-gundo momento tentará buscar na obra de Buber os principais ensinamentos do hassidismo e seu significado no seio da mística judaica e, perscrutar como a doutrina e a vivência hassídica fomentou o pensamento e o interesse extraor-dinário de Buber que legou ao Ocidente uma das tradições religiosas de grande riqueza mística e espiritual. O Hassidismo representava uma reação contra o rabinismo tradicional, na sua tendência legalista e intelectual; enfatizava a simplicidade, a devoção de cada dia na concretude de cada momento e na santi-ficação de cada ação. Ação, piedade e amor de Deus são os principais elementos dessa mística. Buber resumiu assim o sentido da mensagem hassídica: Deus pode ser contemplado em cada coisa, e atingido em cada ação pura. “O ensinamento hassídico é essencialmente uma orientação para uma vida de fervor, em alegria entusiástica”. O Hassidismo retoma o ensinamento de Israel e lhe dá uma ex-pressão prática. Já que o mundo é a “morada” de Deus, ele se torna por isso - do ponto e vista religioso - um sacramento. Para Buber, o Hassidismo denunciou e afastou o perigo da separação entre a “vida em Deus” e a “vida no mundo”. E eliminou efetivamente o muro que dividia o sagrado e o profano, ensinando a executar toda ação profana como santificada. A alegria entusiástica, o novo sen-tido do mundo e das relações do homem com o mundo, a transposição da divisão entre o sagrado e o profano, tais são algumas das principais facetas do ensina-mento hassídico que marcaram decisivamente o pensamento e a vida de Buber.

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Palavras-chave: Hassidismo. Ação. Piedade. Alegria. 3)Título: A religião de Plotino segundo William JamesNome: Carlos Alberto OlintoTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC CAMPINAS Resumo: Este trabalho busca mostrar que o neoplatonismo de Plotino pode ser concebido como religião pessoal, se tomarmos como chave de leitura o misticismo religio-so caracterizado por William James em As Variedades da experiência religiosa. O método que usaremos para atingir nosso objetivo pressupõe três momentos distintos. Primeiro - veremos como James define religião. Segundo - falaremos sobre as quatro marcas pelas quais, segundo James, uma experiência pode ser tida como mística. Terceiro – faremos uma leitura interpretativa de algumas passagens das Enéadas de Plotino, onde cremos ser possível divisar as quatro características da experiência mística, e o conceito de religião propostos por James em As Variedades da experiência religiosa. Palavras-chave: James. Mística. Plotino. Religião 4)Título: A teologia batismal subjacente às orações para a bênção da água na li-turgia romana pós-Vaticano IINome: César Thiago do Carmo AlvesTitulação: Mestrando(a)Instituição: FAJEInstituição Financiadora: Província Pavoniana do Brasil

Resumo: Renascer da água e do Espírito é o convite feito por Jesus na conversa com Nicodemos (cf.Jo 3,5). Para isso era necessário passar pelo banho do novo nas-cimento, isto é, o batismo. Água e Espírito assinalam o batismo cristão e a vida na comunidade dos que creem em Jesus. Assim, o poder do Espírito de Deus e o sinal sacramental da água manifestam a ação de Cristo na Igreja. A Igreja hoje continua cumprindo o mandato do Senhor de batizar (cf. Mt 28,19). Há todo um ritual do batismo elaborado. Em todos os ritos, já desde os primórdios, costu-mava-se benzer a água, antes de usá-la para o batismo. Assim, também no rito romano prescreve-se a bênção da água. O ritual oferece três opções de orações para a realização da bênção. Cada uma delas tem subjacente uma teologia batismal ou ilumina algum aspecto dessa teologia. Existem vários métodos de fazer teologia. Entre eles está o mistagógico. Buscar extrair da oração da Igreja uma teologia se faz necessário, porque aquilo que a comunidade eclesial reza manifesta o que crê. Portanto, no batismo a Igreja afirma sua fé. Nesse sentido, urge compreender deste modo teologicamente a fé professada a partir deste

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sacramento. Essa compreensão poderá colaborar para melhor entender a impor-tância e o significado do batismo no caminho catecumenal. O batismo se cumpre na fé da Igreja. Assim o ato de fé é um pressuposto para dele se aproximar. Ele chama à adesão e a resposta de fé. A fé batismal reveste de luz, por assim dizer, toda a existência humana. Essa existência é colocada no contexto salvífico, uma vez que “pelo batismo os homens são inseridos no mistério pascal de Cristo” (SC 6) . Desse modo, o batismo inaugura uma vida nova em Cristo bem como na comunidade eclesial. O propósito desta comunicação é desentranhar essa teo-logia para construir uma teologia batismal que surja do próprio rito. Inspira-nos neste propósito o adágio de Próspero de Aquitânia (+465) “ut legem credendi lex statuat supplicandi”. Palavras-chave: Liturgia batismal. Vaticano II. Rito. 5)Título: Culpa, ilusão e sublimação: uma compreensão do fenômeno religioso e da mística a partir de Sigmund FreudNome: Josenildo José da SilvaTitulação: Doutorando(a)Instituição: UNICAPInstituição Financiadora: Josenildo José da Silva Resumo: O presente estudo tem como objetivo central aprofundar, à luz da teoria freu-diana, o fenômeno religioso, de acordo com os conceitos de culpa, ilusão e a dimensão mística, do mesmo fenômeno, que será reinterpretado a partir do conceito psicanalítico (baseado no mesmo autor) de sublimação. Tendo, pois, como fundamento o estudo de textos da obra de Freud (Totem e Tabu, O Futuro de uma ilusão e Mal-estar na Civilização entre outros) referentes à religião e de alguns autores contemporâneos que tratam do referido tema, é intenção desta pesquisa bibliográfica alcançar um maior entendimento daquilo que a psicaná-lise freudiana compreende sobre o fenômeno religioso. Acredita-se, portanto, que uma maior compreensão, de base psicanalítica da religião, ajudará não so-mente na confecção de uma crítica construtiva de alguns elementos indicados por Freud, mas possibilitará a forjadura de possíveis bases para que possa se estabelecer uma relação de interface entre estas duas áreas aparentemente an-tagônicas, quais sejam, a Psicanálise e a Religião. De modo especial, buscar-se--á este diálogo, fundamentando-se no aprofundamento da experiência mística, propiciada pelo conceito de sublimação. Palavras chaves: Fenômeno religioso. Mística. Psicanálise. Sublimação 6)Título: Deus sem Ser: a negação dos atributos divinos como possibilidade místicaNome: Luiz Antônio de AraújoTitulação: Mestre(a)Instituição: PUC Minas

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Resumo: Deus sem ser: a negação dos atributos divinos como possibilidade mística Nome: Luiz Antônio de Araújo Titulação: Mestre Instituição: PUC Minas Esta comuni-cação visa apresentar a mística como modo de relação do ser humano com o divino por meio da teologia negativa. Procura considerar em seu escopo o modo apofático, focando numa perspectiva de desconstrução conceitual de Deus e da insuficiência da linguagem gramatical abordar o Mistério Divino. O trabalho se concentra na abordagem sobre a acolhida de Deus sem ser. A pesquisa está baseada em uma análise do Corpus dionysiacum, coletânea composta por Pseu-do-Dionísio Areopagita, monge siríaco de ascendência neoplatônica que viveu entre os séculos V e VI. A condição de Deus sem ser, portanto, revela uma via de acesso à natureza divina que caminha na contramão da razão instrumental, sobretudo, da identificação lógica de Deus como Aquele que É. Desse modo, a mudança no foco do acesso especulativo do divino pelo intelecto sustentaria a inviabilidade de todo e qualquer conhecimento sobre sua realidade. Conse-quentemente, sugerindo o desconhecimento intelectual como condição para o ser humano se relacionar com a realidade divina através da experiência mística. Palavras-chave: Negação. Deus. Ser. Mística. 7)Título: Do sublime em Burke ao numinoso em Otto: a matriz epistêmica da ine-fabilidade e da saturaçãoNome: José Augusto Cereijido AltranTitulação: Mestre(a)Instituição: PUC SP Resumo: Este trabalho procura analisar paralelamente a definição de numinosidade le-vantada por Rudolf Otto e a definição de sublimidade levantada por Edmund Burke. A semelhança entre ambos os discursos - não apenas em conteúdo, mas também em forma - nos instiga a considerar tanto o numinoso da religião quanto o sublime da arte como instâncias matricialmente constituídas pelas duas cha-ves conceituais que aqui elegemos como indicadores de potencial epistêmico: a inefabilidade (impossibilidade de transcrição racional) e a saturação (sensação de apreensão positivamente real). Tais parâmetros derivam de pesquisa em an-damento que, justificada por insuficiências científicas e fundamentada no intui-cionismo bergsoniano, almeja a formulação de critérios teórico-metodológicos mais capazes de tocar objetos subjetivos cruciais à experiência humana. Assim, colocando Otto em diálogo com Burke - entendendo pelos parâmetros sugeridos tanto as similaridades quanto as diferenças entre os conceitos dos autores -, fazemos da Mística e da Estética dois cenários disciplinares relevantes onde po-deríamos acorar e tornar mais palpável uma reflexão epistemológica desviante. Palavras-chave: Sublime. Numinoso. Saturação. Inefabilidade

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8)Título: Espiritualidade cristã como resposta ao individualismoNome: Lisandra Darde Krüger ReichowTitulação: Mestrando(a)Instituição: Faculdades EST Resumo: A sociedade contemporânea é caracterizada pelo individualismo, o traço da atualidade que reflete a centralidade do eu e da subjetividade. Em tal cultura, pautada pelo narcisismo, as relações com o outro são autorreferenciais, e é o eu econômico, na sua capacidade de comprar, que tem determinado quem eu sou. Acredita-se que os anseios humanos são respondidos pelas escolhas particulares, para as quais o mercado oferece inúmeras possibilidades de consumo. Assim, o consumismo cresce sob a promessa de entregar prestígio e definir identidades, em uma dinâmica ansiosa e fragmentadora. Neste artigo, investiga-se a espiri-tualidade cristã como uma possibilidade de resposta ao ser humano consumista. A análise é baseada em pesquisa bibliográfica. A espiritualidade cristã coloca esse consumidor frente a relidade e responde os seus anseios mais profundos, ensinando-lhe do Deus que é centro, diferente do individualismo. Nesta pers-pectiva, ele aprende do Deus Criador, que lhe entrega a identidade de criatura, plena e única, que se revela na necessidade e na beleza do relacionamento com a alteridade. Palavras-chave: Espiritualidade. Cristianismo. Individualismo. 9)Título: Espiritualidade cristã: uma perspectiva a partir de Jürgen MoltmannNome: Danilo Rodrigues Titulação: Mestrando(a)Instituição: PUC CAMPINAS Resumo: A vida moderna trouxe muitas transformações. Diante da ganancia e da disputa poder o ser humano perdeu sua essência e encontra-se perdido em meio a um vazio de sentimentos, palavras e ações. Crianças, jovens a adultos parecem estar sem rumo. O individualismo é apontado como a única chave para a fe-licidade. O respeito, altruísmo, alteridade e o amor são conceitos esquecidos pelo mundo que se esconde atrás do capitalismo. A satisfação pessoal tomou o lugar da coletividade. Assim, a esperança por uma vida melhor aparenta ser apenas uma utopia. Por isso, há a indagação: como a espiritualidade cristã pode ser um caminho para responder a estas questões? Essa comunicação pretende, aprofundar o conceito de esperança em Jürgen Moltmann como um caminho que responde a tais interpelações. A esperança não é somete um esperar por dias melhores para a vida, é antes, uma busca encarnada por uma vitalidade que renove a existência. A inquietude faz parte da esperança, pois o homem não encontrará a força para uma vida mais digna estagnado em si mesmo. Portanto, o sofrimento, as desilusões, as perseguições não desanimam o ser humano que

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acredita na esperança, mas o incomodam e o motivam a buscar a transforma-ção de sua realidade. Se por um lado o mundo agitado traz a perda da paz e da identidade, a espiritualidade cristã em perspectiva moltmanianna quer apontar que a esperança é um elemento fundamental para que o homem transcenda as penalidades do mundo que lhe são impostas e ganhe vitalidade. Palavras chaves: Espiritualidade. Esperança. Moltmann. 10)Título: Espiritualidade mística e historiografia: experiência religiosa, tempora-lidade e discurso narrativo na obra de Michel de Certeau.Nome: Robson Freitas de Miranda JuniorTitulação: Mestrando(a)Instituição: UFMG Resumo: Michel de Certeau (1925-1986) é um dos historiadores mais importantes da se-gunda metade do século XX, sobretudo por conta de suas contribuições à com-preensão da prática historiográfica. Um dos aspectos mais marcantes de sua produção se relaciona com sua ampla formação intelectual, que o possibilitou transitar em diversas áreas do saber (historiografia, psicanálise, etnografia, fi-losofia, estudos místicos e religiosos, literatura). Seus estudos sobre a espiritu-alidade cristã dos séculos XVI e XVII lhe possibilitaram problematizar questões tanto referentes a própria presença da experiência religiosa na história, quanto relacionadas a natureza epistemológica do discurso historiográfico. Neste sen-tido, a proposta deste trabalho é discutir como o discurso religioso da mística cristã articula uma narrativa a uma experiência com o tempo que permite o historiador francês pensar sobre aquilo que ele chama de operação historiográ-fica, além de lhe possibilitar refletir sobre os processos sociais de construção da cultura. Propomos analisar de que forma as aproximações e distanciamentos entre as diferentes estratégias para lidar com a temporalidade, empreendidas pela mística cristã e pela historiografia, encontram na experiência religiosa e no discurso narrativo, respectivamente, um meio de compreensão da alteridade; de um “outro”, de um ausente, que para Certeau é, por exemplo, o objeto da história. Palavras-chave: Mística. Historiografia. Michel de Certeau. 11)Título: Meandros da subjetividade: a mística contemporâneaNome: Azize Maria Yared de MedeirosTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC Goiás Resumo: Meandros da Subjetividade: a Mística Contemporânea Autora: Dra. Azize Maria Yared de Medeiros Resumo: Há muito existe um consenso sobre a complexidade

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das sociedades contemporâneas. A realidade, hoje, mostrada de forma contínua em todos os países do globo, graças ao desenvolvimento altamente tecnológico dos meios de comunicação, é estarrecedora. Diante disso, surge a pergunta que move essa comunicação: existe, ainda, espaço para a Mística? Ou a com-plexidade reconhecida e os medos conscientemente confrontados contribuem para envolver os humanos em filosofias e atos fundamentalistas desesperados e assustadores? Procuramos mostrar que, por outro lado, a Mística, como a ex-pressão máxima da busca ontológica de sentido inerente ao ser humano, inde-pendentemente de sua cultura ou país de origem, acontece de forma diferen-ciada na sociedade contemporânea. As linguagens expressadas por estudos das chamadas místicas profanas ou místicas selvagens demonstram as possibilidades de viver, no mundo atual, uma relação com o transcendente que se manifesta na subjetividade, impelida e guardada por decisões particulares e movida pelo impulso vital. Experiências que não mais dependem das doutrinas religiosas nem ocorrem necessariamente em igrejas ou templos. Palavras-chave: Mística. Sociedade Contemporânea. Subjetividade. Impulso Vi-tal. 12)Título: Thomas Merton: da espiritualidade nasce a ética do amor .Nome: Rodrigo Moreno Ribeiro SilvaTitulação: Mestre(a)Instituição: PUC Minas

Resumo: Esta comunicação visa apresentar o horizonte da mística e espiritualidade de Thomas Merton. O trabalho quer demonstrar como a perspectiva de Merton se apresenta como uma abertura a uma ética do amor. O discurso do “amais-vos uns aos outros” torna-se pressuposto básico de valorização do ser humano – ser enquanto pessoa. Merton assimila essa fórmula e a desenvolve em suas obras. Na profundidade do ser humano acontece o encontro entre o homem e Deus. A partir disso é possível entender o movimento de saída do si mesmo para Deus, o mundo e o outro. O “homem velho” se torna “homem novo” e atua diretamente no mundo com um novo modo de agir. Palavras-chave: Espiritualidade, Ética, Thomas Merton 13)Título: Unificação do ser humano em Cristo. A proposta espiritual formativa do bem-aventurado Tiago Alberione para os apóstolos da comunicação socialNome: Suzimara Barbosa de AlmeidaTitulação: Mestrando(a)Instituição: EST

Resumo: O artigo aborda a proposta espiritual de Pe. Tiago Alberione, fundador da Famí-

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lia Paulina, de uma integração e unificação do discípulo em Cristo como condi-ção necessária para a sua missão evangelizadora com os meios de comunicação numa sociedade cada vez mais fragmentada, complexa e tecnológica. Apresen-ta ainda, alguns exercícios espirituais propostos por ele para a unificação do discípulo em Cristo; o cuidado da interioridade, o cultivo de uma mística pesso-al capaz de sustentar nos desafios amplos da missão na sociedade, a ser vivida pessoalmente e comunicada na evangelização.

Palavras-chave: Espiritualidade. Integração. Formação de Liderança. Evangeli-zação.

14)Título: Mística como crítica: estudo sobre a dimensão crítica da mística nas nar-rativas de mulheres medievaisNome: Ceci Maria Costa Baptista MarianiTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC CampinasCoautor(es): Maria José Caldeira do Amaral

Resumo:A linguagem mística é uma linguagem tensa, em luta com as palavras que não podem expressar a experiência inefável do encontro com o Mistério Santo que contém todas as coisas, mas não pode ser contido. Esforça-se por dizer sem poder, nos espaços entre as palavras, no não dito entre as linhas, com temor e tremor, sua palavra sobre a Revelação Divina, fruto do diálogo com o Amado, que é presença, mas não posse sua. O místico afirma a presença de Deus pela experiência que o alcança a partir de um processo de negação que possibilita a ele ultrapassar, se libertar de todas as afirmações que pretendem enquadrar a Deus. Os textos místicos vão se constituir por narrativas de processos, cami-nhos, itinerários onde se fala do trabalho humano de busca desse Deus absolu-tamente transcendente que vindo a eles num encontro surpreendente, se revela muito maior do que seu pensamento é capaz de pensar e do que sua vontade é capaz de querer. Essa dialética que é fundamentalmente crítica faz ver o limi-te da condição humana e a impossibilidade que ela tem de abarcar o mistério inconcebível e “indisponível” que é Deus. Chama a atenção para a importância da humildade, virtude que é percebida como garantia de nobreza. Faz perceber que sem o reconhecimento da própria miséria não se abre espaço para a pene-tração de Deus. Essa crítica leva a uma grande liberdade e uma disposição livre ao amor. Entre os melhores testemunhos dessa vivência mística estão as narra-tivas de mulheres medievais, relatos apaixonados desse processo crítico de as-cese para o encontro direto com Deus. Essa comunicação é um estudo, realizado através de metodologia bibliográfica e exploratória, sobre a potencialidade crí-tica da mística a partir das narrativas de duas mulheres medievais: Marguerite Porete e Mechthild de Megdeburg que junto com Hadewich de Ambers integram um grupo de mulheres beguinas - movimento que se desenvolveu como alterna-tiva de vida religiosa leiga na Renânia e Países Baixos e cujos escritos suplantam

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algumas características comuns, dentre elas: a presença da experiência carnal e espiritual no caminho para a experiência de união com Deus. Marguerite Po-rete, mística e teóloga medieval, viveu entre a segunda metade do século XII e início do século XIV. Procedente do Condado de Hainaut, cidade Valenciennes, região do Reno. A grande herança deixada por Marguerite Porete foi um livro, Le miroir de âmes simples e anéanties. Mechtild de Magdebourg, mística alemã, da Baixa Saxonia, nascida em 1210, entra na Beguinagem de Magdeburg em 1230. Desde criança é favorecida por revelações divinas e entre os anos 1250 e 1264, a conselho de seu diretor espiritual, escreve suas revelações, a obra que chega até nós com o seguinte título: Das fliebende Licht der Gottheit.

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GT 8: Religião, Arte e Literatura

Coordenadores: Dr. Alex Villas Boas – LERTE-PUC SP;Dr. Joe Marçal Santos – UFS; SEDr. Antônio Geraldo Cantarela, PUC Minas, MG. Ementa: O GT visa abrir um espaço de discussões sobre o papel da Arte e da Li-teratura no modo de pensar a questão religiosa. Giambattista Vico (1668-1744) apontara para as consequências de um “cartesianismo linguístico”, que explica o mundo se apoiando apenas em encadeamentos lógicos dedutivos, e com isso, distancia a natural relação entre linguagem e práxis, especialmente pela capa-cidade que a linguagem literária e artística tem de criar formas de unidade de percepção como núcleo organizador da sociedade, fomentando assim a vida co-munitária. Deste modo este GT propõe que se discuta o papel da linguagem sim-bólica e narrativa, presente nas artes de modo geral e na literatura de modo es-pecífico, por suas respectivas capacidades de sensibilização a valores humanos e religiosos. O GT pretende ainda reunir pesquisadores/as de outras associações, e programas, como a ALALITE, ABRALIC, LERTE (PUC-SP), RELEGERE (UMESP), IEA (USP), Teopoética (PUC-Rio e UFSC) a fim de avançar nas discussões que vêm avançando nos últimos anos dentro da temática.

1)Título: “La viuda pobre como paradigma de siervo sufriente. Estudio bíblico-li-terario”Nome: María de Los AndesTitulação: Mestrando(a)Instituição: Universidad Católica del Maule Resumo: La literatura universal, se encuentra poblada de personajes arquetípicos que comparten una condición de desamparo y marginalidad, siendo la literatura realista de la segunda mitad del siglo XIX la que constata y da cuenta de su condición. No obstante lo anterior, también la Biblia presenta un sinnúmero de estos personajes, marcando un punto de inflexión en cuanto a su condici-ón, pues curiosamente las bienaventuranzas nos señalan “Felices ustedes los pobres, porque de ustedes es el Reino de Dios”. Así pues, el presente estudio bíblico-literario, centrado en el arquetipo de la “viuda pobre”, pretende estab-lecer la ficción literaria como clave interpretativa de la realidad, a la luz de la teoría literaria de la Estética de la Recepción en la vertiente de Wolfgang Iser, como metodología, con el objetivo de postular a la “viuda pobre” como un pa-radigma, el de Siervo sufriente, y establecer finalmente la recepción de dicho paradigma en los cuentos “El Chiflón del diablo” y “El pago” del escritor chileno Baldomero Lillo, demostrando cómo el dialogo entre cultura y Biblia representa un aporte a la comprensión de determinadas ficciones literarias como categorí-as antropológicas.

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Palavras-chave: Estética de la recepción. Viuda Pobre. Siervo Sufriente. Baldo-mero Lillo. 2)Título: A arte e a literatura da religiosidade VikingNome: Ricardo Wagner Menezes de OliveiraTitulação: Mestrando(a)Instituição: UFPB

Resumo: A complexa religiosidade dos povos vikings apresenta um rico e fascinante con-junto de crenças, mas, mesmo com a crescente ampliação nos estudos escandi-navos nacionais, é um objeto pouquíssimo pesquisado no Brasil. Sendo assim, o que seria preciso para se investigar este grupo religioso medieval? Quais fontes são utilizadas para se conhecer a cosmologia viking? Ainda que os povos escan-dinavos medievais tenham sido conhecidos ao longo do tempo pela figura do bárbaro selvagem e incivilizado, a realidade histórica e cultural deste povo foi bastante diferente. De sua sociedade em ascensão após o declínio romano, a arte local desenvolveu-se em vários estilos ao nível de exportar tendências. Reinos se desenvolveram e, junto deles, a valorização dos escaldos, ampliando ainda mais sua rica cultura poética. Deste modo, durante a Era Viking e períodos próximos, tanto as produções artísticas de joias, móveis e monumentos, como as narrativas de heróis, reis e mitos, estão recheadas de elementos religiosos. Símbolos e seres sagrados são elementos comuns destas produções. Esta co-municação visa elencar as principais obras artísticas e literárias e demonstrar como elas podem dialogar entre si, desenhando o perfil religioso dos “Homens do Norte”. Como referencial teórico, seguiremos a Nova Escandinavística, linha teórica-metodológica de renomados pesquisadores da sociedade nórdica antiga e medieval, utilizaremos estudos de pesquisadores consagrados da Escandina-vística Nacional e Internacional, como Johnni Langer, Birgit Sawyer e Hilda Da-vidson. Palavras-chave: Religiosidade. Espiritualidade. Viking. 3)Título: A contribuição da arte da Índia enquanto instrumento de progresso espi-ritual individual e coletivo, seus efeitos e sua relevância universalNome: Karen Cristine Veloso MartinsTitulação: Mestrando(a)Instituição: UFMG

Resumo: Esta comunicação trata da arte na Índia enquanto um instrumento de progresso espiritual que estabelece uma relação com o sagrado e seus efeitos no âmbito pessoal e social. Pretende-se com este estudo mostrar como a escritura sagrada Natya Sastra, que fala sobre as artes, estabelece a relevância da arte que leva conhecimento e ordem à sociedade e conduz à autoanálise e autoaperfeiçoa-

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mento do ser, não importando em que nível de avanço tal sociedade ou ser se encontrem, sendo sempre benéfica a todos se executada apropriadamente. Isto é mostrado através da exposição de conteúdos do Natya Satra, de observações de depoimentos feitos pelos praticantes da arte, bem como do estabelecimento da universalidade da busca e da crença na arte enquanto um instrumento espi-ritual de grande potência e importância a partir do estabelecimento de parale-los com buscas e práticas semelhantes no mundo mais atual e ocidental, como obervado em Jerzy Grotowski e Antonin Artaud. Deste modo, são estabelecidos a imprescindibilidade da arte em todos os tempos e espaços para a existência de um ser e de uma sociedade mais saudáveis espiritual e materialmente. Palaras-chave: Índia. Arte. Jerzy Grotoswki. Antonin Artaud. Natya Sastra. 4)Título: A Igreja Nsa. Sra. do Rosário de Embu das Artes (SP): arte e educação jesuíticasNome: Andrea Gomes BedinTitulação: Mestre(a)Instituição: PUC SP Resumo: Este trabalho pretende evidenciar a relação entre Educação e Arte no Projeto Catequético Jesuíta e resulta da pesquisa sobre o Barroco brasileiro, analisado sob o enfoque não só artístico, mas a partir do contexto histórico no qual foi pro-duzido. Busca compreender sua relevância na educação, como portador de um sentido catequético aliado ao contexto sócio-religioso colonial luso-brasileiro e se propõe a iluminar o conceito de Barroco, restrito à pedra de “esfericidade irregular”, e ampliá-lo para um “estado de espírito” reinante numa sociedade de corte própria ao séc. XVII. Fazemos a análise do conjunto igreja e sacristia da Igreja Nsa Sra do Rosário, Embu das Artes, SP. Assumindo que a arte constitui-se relevante para o estudo de um dado momento histórico e a educação, alicerce fundamental de uma dada sociedade, é possível afirmar a existência de uma interlocução entre estes dois elementos, o que colaborou para a catequese de nativos e fiéis que frequentavam a igreja. A metodologia é predominantemente bibliográfica, sustentada pelos seguintes referenciais teóricos: ÁVILA, Affonso. Barroco: teoria e análise. São Paulo: Perspectiva, 1997; HANSEN, João. Alegoria: construção e interpretação da metáfora. São Paulo: Atual, 1986. Palavras-chave: Educação. Barroco. Jesuítas. Sociedade. 5)Título: Arte cristã: das catacumbas e arte monumental do ImpérioNome: Wilma Steagall de TommasoTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC

Resumo:

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A comunicação tem como objetivo apresentar como ocorreu a passagem da arte imperial monumental para arte cristã destacando a imagem do Cristo Pantocra-tor no período do imperador Constantino após o Edito de Milão, quando cristia-nismo deixou de ser religião perseguida. Para compreensão desse evento será preciso: entender o que foi o arianismo, passar pela convocação do Concílio de Niceia, suas decisões mais relevantes, a importância da arte para os teólogos da época e a atuação dos artistas imperiais no desenvolvimento da arte cristã bizantina. A base para essa pesquisa serão as obras do arqueólogo André Grabar e de seus comentadores. Palavras-Chave: Arte cristã. Império Romano. Pantocartor. André Grabar. 6)Título: Compaixão e afirmação do humano: a mística não religiosa de José Sa-ramagoNome: Marcio CappelliTitulação: Doutorando(a)Instituição: PUC Rio

Resumo:O trabalho pretende perscrutar os meandros da literatura saramaguiana à pro-cura da resposta para a pergunta semelhante a que Camus fez a si mesmo sobre a possibilidade de haver um místico sem Deus. Nesse sentido, o nosso objetivo é mostrar os pontos de contato da literatura de Saramago com a mística. Ou seja, mostrar como aquela pergunta exacerbada, aquela insatisfação em relação a qualquer resposta que Saramago tinha, é a mesma que os místicos têm. Dessa forma, destaca-se, sobretudo, que na fase mais universal da escrita - repre-sentada pelo monumental Ensaio sobre a cegueira -, o autor português soube erguer um altar onde as angústias dos homens modernos puderam ser colocadas sem saídas fáceis. Para tal intento, usar-se-ão como chaves para a aproximação entre o ateísmo e a teologia negativa a análise de Derrida em Salvo o Nome e as próprias palavras de Saramago sobre a afirmação de J. J. Tamayo ao dizer que o Nobel não andava longe dos místicos: “Reconózcaseme que la idea no está mal formulada, con su quantum satis de poesía, su intención levemente provocado-ra y el subentendido de que los ateos son muy capaces de aventurarse por los escabrosos caminos de la teología, aunque sea elemental.” Em suma, pode-se dizer que ser humano saramaguiano esgarçado entre a tradição judaico-cristã e o mundo da técnica apela à dimensão mais profunda da vida. Assim, reconhece--se a crítica do escritor contra certas imagens de Deus cristalizadas, e também como destaca Tolentino Mendonça a forma “como a sua escrita ilumina o enigma humano”. Portanto, destaca-se que essa imersão no humano feita por Saramago faz emergir do fundo da sua literatura uma mística em estreita relação com uma ética que brota da compaixão e que pretende a afirmação do humano. Palavras-chave: Compaixão. Mística. José Saramago. 7)

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Título: Descalça-te, a terre é sagrada: a hermenêutica de Luís da Câmara Cas-cudo na história bíblica do Êxodo 3;5.Nome: Erielton de Souza MartinsTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Minas Resumo:A presente comunicação cujo tema é Descalça-te, a terra é sagrada: a herme-nêutica de Luís da Câmara Cascudo na História bíblica do Êxodo 3;5. Relata sobre o gesto simples de Moisés ao retirar as sandálias para adentrar num lugar sagrado, sinal este que perdura em algumas culturas há milênios. A interpreta-ção feita por Cascudo é proveniente da experiência acumulada em anos de estu-dos promovendo um caminho entre as linhas literárias e religiosas, históricas e geográficas, sociológicas e antropológicas que corroboram com a antologia cul-tural brasileira, inculcando questionamentos no episódio e desenvolvendo uma compreensão do sentido de retirar as sandálias em lugares sagrados e ambientes diversos. A sua análise vai de encontro ao acontecimento do Monte Horebe, pas-sando pelas estórias da humanidade, realizando uma interpretação reveladora de vários aspectos religiosos (bíblicos) na cultura plural do Brasil. O objetivo central desta pesquisa é o de verificar a leitura do Êxodo 3,5 feita por Câmara Cascudo, descrevendo o significado presente na simbologia dos pés descalços em diferentes tradições religiosas, discutindo como o autor utilizou da exegese bíblica para apontar o porquê de tantos caminhos e interpretações ao redor de um gesto tão notável. Para o desenvolvimento da pesquisa foram feitas revisões bibliograficas tendo como fontes livros, teses e publicações. Os métodos utili-zados foram o histórico e o comparativo, na busca de compreender a origem da simbologia do passado e o seu uso na contemporaneidade. No entanto se faz necessário novas pesquisas para poder ampliar o conhecimento da questão abordada de modo a gerar um processo de simbiose entre o mundo acadêmico e o universo religioso, conforme ocorre nas Ciências da Religião.

Palavras Chaves: Moisés Hermenêutica. Retirar as sandálias. Lugares sagrados. 8)Título: Entre Ulisses e Abraão: a crítica de Emanuel Levinas à concepção de personagem no OcidenteNome: Alex Villas Boas Oliveira MarianoTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC SP Resumo:Segundo Heidegger, a metafísica no Ocidente levou ao “esquecimento do ser”, sendo a poesia a que melhor cumpriria a finalidade do pensar, coincidindo com o poetar, ou seja, com uma ontologia poética, na qual permitiria o desvela-mento da pergunta fundamental ou essencial a um modo de ser específico, a saber o ser humano (HEIDEGGER, 1937: 271), sendo o místico, no sentido hei-deggeriano, um poeta por execelência, por sua tarefa de desvelar o Mistério.

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Contudo, na crítica de Emmanuel Levinas, os regimes totalitários são possíveis exatamente pelo solipsismo advindo da meditação do Ser, ou seja, da ontologia, de modo que a tarefa heideggeriana não seria capaz de evitar tal imaginário po-tencialmente autoritário do Ocidente, não sendo outra coisa a reflexão do filó-sofo alemão, que mera sofisticação solipsista que continua excluindo o outro da tarefa filosófica, transpondo a ontologia para a ética como tarefa fundamental da filosofia A crítica de Levinás se configura como objeto material do presente trabalho, de modo que se presente analisar a crítica levinasiana à ontologia e ao solipsismo ocidental, a partir da comparação de modelos de personagens como de Ulisses , que voltando para Ítaca, sempre volta ao “Mesmo”, diferente do modelo de Abraão, que se lança a um caminhar de uma promessa, sem saber onde o levará, mas que convida a ir em direção do “Outro”. Para tal, enquan-to objeto formal da pesquisa, irá se analisar a obra de Emmanuel Levinás “En découvrant l´existence avec Husserl et Heidegger” (1947). A presente pesquisa é parte do projeto de pós-doutorado junto à Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Palavras-chave: Levinas. Ontologia. Solipsismo. 9)Título: Estética teológica: conceito, características e desafiosNome: Marcus Aurélio Alves MareanoTitulação: Doutorando(a)Instituição: FAJEInstituição Financiadora: CAPES Resumo: Nosso presente momento histórico exige um anúncio de Deus que atenda ao an-seio humano de Transcendência e de Beleza. Numa sociedade fragmentada, re-lativista, veloz e hedonista, a transmissão da fé torna-se cada vez mais difícil e, por vezes, deparamo-nos com uma linguagem da fé incompreensível para nos-sos contemporâneos. Assim sendo, uma apresentação de Deus enquanto Beleza contribuiria para a experiência de fé cristã na contemporaneidade. A Estética Teológica designa uma elaboração teológica que considera Deus a partir do ter-ceiro transcendental: a Beleza. Apresentaremos como surgiu e se desenvolveu tal perspectiva teológica a partir da leitura e interpretação de alguns autores principais (Hans Urs von Balthasar, Bruno Forte e outros) e apontaremos alguns desafios para a elaboração de uma Estética Teológica na atualidade, sobretudo a partir do nosso continente latino-americano. Proporemos uma Estética Teológi-ca que considere as interpelações do(s) outro(s) sofredor(es) a fim de constituir uma Estética operativa, comprometida e transformadora, logo uma Estética que também seja ética. Palavras-chave: Estética teológica. Beleza. Sofredor. Ética. 10)Título: Niilismo Hilstiano na obra com meus olhos de cão

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Nome: Marco Antônio de LaraTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC MinasInstituição Financiadora: CAPES Resumo: Através do presente trabalho pretendemos elencar os possíveis momentos de uma concepção niilista de mundo na novela Com meus olhos de cão (1986) da autora brasileira Hilda Hilst. Por meio da devida revisão bibliográfica, utilizare-mos do método indutivo, para ulteriormente efetivarmos uma análise de texto na narrativa da escritora com a intenção de expor os ecos de uma concepção de mundo niilista e a busca por uma metafísica que se frustra, passivamente con-ciliada à um momento histórico (HEIDEGGER, 2000) refletidos na obra da artista como uma perspectiva do estado da arte do homem pós-moderno. Palavras-chave: Niilismo. Hilda Hilst. Pós-modernidade. 11)Título: O canto e a dança das mulheres quilombolas de Cel. Xavier Chaves: por entre os híbridos da cultura e a fé profunda e absoluta.Nome: Nilza Maria Pacheco BorgesTitulação: Mestre(a)Instituição: PPCIR – UFJF Resumo: Este estudo tem por objetivo mostrar a fé da mulheres quilombolas que, através de um grupo denominado COSNEC (Consciência Negra de Cel Xavier Chaves), exercem suas manifestações artísticas e religiosas através do sincretismo entre as práticas artísticas afrodescendentes (a dança e o canto) e a religiosidade católica. Ao buscar o embasamento teórico de Canclini em seu livro Culturas Híbridas (2013) constato um posicionamento eclético a favor da diversidade e da respeitabilidade das escolhas, bem como do diálogo, que favorecem o sur-gimento da multiplicidade de manifestações e que tornam legítimas as novas formas de expressões em torno de uma fé única. Pela pesquisa qualitativa e mé-todo etnográfico procuro averiguar os caminhos pelos quais o hibridismo cultural possibilita ou dificulta a legitimação da fé dessas mulheres que, buscadoras das tradições afrodescendentes, estão vinculadas fortemente às normas da Igreja Católica e às várias estratégias de conduta dadas aos seus fiéis seguidores. Palavras-chave: Fé. Arte. Hibridismo. 12)Título: O conceito de iconicidade do sentido em Paul Ricoeur: a importância prática das imagens poéticas e da linguagem metafórica na reconstrução e re-descrição da realidadeNome: Lílian Franciene de OliveiraTitulação: Mestrando(a)

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Instituição: UFJF Resumo: O presente artigo tem a intenção de apresentar o sentido de linguagem me-tafórica e imagem poética assim como as entende Paul Ricoeur, a saber, como “superação” da retórica e da linguagem conceitual na transmissão mesma de determinadas noções, da verdade própria. Por ser o significado dado por elas irredutível a padrões puramente sintáticos, para Ricoeur, é fundamental en-tender como poética e metáfora, além de tipos de linguagens fundamentais na tradição religiosa, se aproximam mais da “comunicação” da verdade, um pressuposto hermenêutico, contida no discurso ou texto, através do conceito de “iconicidade de sentido”. Segundo Ricoeur a metáfora, pelo distanciamento causado no confronto com a realidade que ela revela escondendo, e assim, por sua capacidade de redescrição da realidade, é um tipo privilegiado de relação entre significação, significado e sentido que está além de um fenômeno funda-mentado puramente em uma relação de analogia. Aqui se propõe analisar as premissas ricoeurianas sobre a metáfora e a linguagem poética, assim como buscar compreender em que sentido, em Ricoeur, pode-se afirmar a possibili-dade de uma linguagem muitas vezes considerada não objetiva ser a superação necessária, não na forma de anulação, mas de completude essencial, da análise técnica, em uma abordagem crítica, hermenêutica da compreensão. Palavras-chave: Distanciamento. Iconicidade. Metáfora. Poética. Hermenêutica 13)Título: Patativa do Assaré – por inspiração divina, agente do sagradoNome: Emerson Sbardelotti TavaresTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC SP

Resumo:Antônio Gonçalves da Silva, nasceu em 5 de março de 1909, na cidade de As-saré, no Ceará, foi um dos mais autênticos e importantes representante da cultura popular nordestina. Seu pseudônimo era Patativa do Assaré. Ganhou vários prêmios e títulos de Doutor Honoris Causa por suas obras. Patativa do Assaré faleceu no dia 8 de julho de 2002 em sua cidade natal. Tem por objetivo verificar, apresentar e entender como a poesia de Patativa do Assaré contribui e faz ligação para a compreensão e prática da evangélica Opção pelos Pobres pen-sada no Documento de Medellín e reassumida nos Documentos de Puebla, San-to Domingo e Aparecida a partir dos recortes de seus poemas sócio religiosos, fazendo-o ser um agente do sagrado. A pesquisa está alicerçada nas obras de Patativa do Assaré, escritas por ele e sobre ele, fará uso da pesquisa bibliográfi-ca em jornais, revistas, boletins, sites na Internet e nas áreas do conhecimento pertinentes ao problema proposto bem como da reflexão teológica necessária onde será possível a teorização sobre o tema. Sua vida e a obra apresentadas na relevância dos seus poemas, o significado religioso, social e político dos seus atos e a sua imensa contribuição à cultura brasileira fazem com que o poeta

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consiga, com singela beleza e arte, unir a denúncia social ao lirismo. Quem es-cuta ou lê sua poesia começa a pensar, emociona-se e conscientiza-se de tudo que está acontecendo no mundo, pois na sua poesia estão presentes as alegrias e as esperanças, todas as lutas do povo; estão reunidas ideias e palavras que se erguem com a dignidade guerreira dos que clamam por justiça, contra todas as formas de obscurantismo e de exploração do ser humano. Treze anos após sua morte, Patativa do Assaré é lembrado como uma referência literária popular já clássica.

Palavras-chave: Patativa do Assaré. Opção pelos Pobres. Reflexão Teológica. 14)Título: Silêncio de Deus e sofrimento humano: breve reflexão teológica a partir da obraNome: José Sebastião G. GarajauTitulação: Doutorando(a)Instituição: FAJE Resumo:Diante do limite da linguagem dogmática a literatura vem ao nosso socorro afim de recordar o amplo horizonte do mistério da vida. O objetivo deste trabalho consiste em apresentar a intuição de como as questões existenciais apresenta-das nas narrativa da obra de Camus podem ser compreendidas como uma espé-cie de epílogo às questões teológicas. Evitando cair na tentação de encontrar simples afirmação das teses religiosas na obra que desejamos trabalhar, privile-giamos aqui uma leitura espiritual do texto visando perceber questões existen-ciais de fundo as quais, por sua vez, possa estabelecer alguma intercessão com a dimensão teológica. Nosso intento se resume em nos deixar tocar pela proposta narrativa de Albert Camus, acreditamos que sensibilidade literária pode ser também sensibilidade espiritual. Nesta perspectiva, pensamos que a conclusão deste diálogo entre Camus e a teologia, nos leva a perceber que a postura cristã diante do mal é aquela que consegue fazer a passagem do silêncio de Deus para o silêncio em Deus. Este silêncio em Deus é a ausência de toda teorização sobre a origem do mal, é a entrega à práxis, exigência da fé que antes de buscar jus-tificar a Peste, por amor, é impelida a combatê-la. Palavras-chave: Teologia. Literatura. Existencialismo. Camus. 15)Título: “Vim para sofrer as influências do tempo/ e para afirmar o princípio eterno de onde vim”: a ressignificação do sagrado em Murilo MendesNome: Edson Munck JuniorTitulação: Doutorando(a)Instituição: UFJF Resumo: A obra poética Tempo e eternidade, publicada por Murilo Mendes em 1935, pode

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ser lida como promotora de diálogo entre o modernismo e a tradição bíblico--cristã. O livro, elaborado em parceria com o poeta Jorge de Lima, tinha, em sua primeira edição, a epígrafe “restauremos a Poesia em Cristo”. Assim, a pu-blicação pretendia efetivar esforços da intelectualidade católica brasileira com vistas à reelaboração da experiência e da significação do sagrado na primeira metade do século XX no país. A partir das reflexões críticas de José Guilherme Merquior, Laís Corrêa de Araújo, Octávio Paz, Mircea Eliade e outros teóricos, verificou-se como se deram esses esforços de associação entre a linguagem po-ética modernista e a linguagem religiosa cristã, refletindo-se sobre os efeitos dessa aproximação. Nesse sentido, sugere-se um exercício de leitura dos poe-mas murilianos presentes em Tempo e eternidade, abarcando três movimentos do livro, a saber: o mundo caído, o mundo em Cristo e o mundo vindouro. Desse modo, propõe-se que, mediante esta chave de leitura, compreenda-se o percur-so da restauração poética proposto no mote original. Palavras-chave: Literatura. Sagrado. Murilo Mendes. Poesia. Modernismo.

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GT 9: Religião e Gênero

Coordenadores:Dra. Anete Roese – PUC Minas, MG;Dranda. Lilian Conceição da Silva Pessoa de Lira – EST, RS;Dr. André Musskopf – EST, RS. Ementa: O GT Religião e Gênero é um espaço de debate transdisciplinar no campo das Ciências da Religião, articulando áreas como teologia, sociologia, an-tropologia, história, psicologia e filosofia sobre as questões de gênero. O GT se dedica à análise teórica feminista de fenômenos, movimentos religiosos e mani-festações espirituais do mundo contemporâneo. Objetiva-se acolher estudos e reflexões críticas acerca do papel das religiões/religiosidades/espiritualidades e suas implicações sobre as relações de gênero na sociedade, em terreiros, igre-jas, templos, mesquitas, sinagogas, casas de oração e demais espaços de viés espiritual e religioso. O GT se propõe a analisar criticamente os atravessamen-tos que implicam o lugar da mulher nas religiões, a discussão sobre masculinida-de e relações étnico-raciais, todos com os pressupostos das teorias feministas.

1)Título: A experiência mística na maternidadeNome: Cátia Cilene Lima RodriguesTitulação: Pós-doutor(a)Instituição: PUC SP Resumo: Este trabalho investiga o sentido místico e religioso da gestação, parto e puer-pério em dois grupos distintos de mulheres: a) mulheres cuja gravidez significa adversidade em sua história pessoal; e b) mulheres cuja gravidez é sinônimo de realização pessoal. Os objetivos do estudo são: compreender de que modo estes processos da maternidade são compreendidos pela mulher e como são elaborados psicologicamente a partir da transformação do corpo presente na reprodução; observar a existência de elementos místicos e simbólicos neste universo; analisar o significado profundo dos elementos manifestados e as pos-síveis diferenças da experiência mística, simbólica e religiosa nos dois grupos; e observar possíveis alterações da consciência a partir da experiência gestacional quando vivenciada como experiência de Deus na vida da mulher. Decorrendo da hipótese de que existe uma experiência de transcendência dentro da experi-ência imanente e natural de reprodução – que amplia a consciência da mulher, expandindo seu sentido existencial e que constitui a gestação, o parto e o puer-pério como vivência psicológica de uma experiência arquetípica – esta pesquisa analisou o discurso e os desenhos de 25 mulheres sobre a própria gestação, parto e puerpério, concedidos por elas enquanto vivenciavam estas condições. Foram acompanhadas 14 mulheres abrigadas no Amparo Maternal – instituição de caridade que abriga gestantes e parturientes abandonadas e sem recursos individuais de sobrevivência – e 11 mulheres que desejaram/planejaram a gra-videz e que apresentam alguma estrutura social favorável a esta condição, en-

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caminhadas à pesquisa por profissionais da saúde. Para trabalhar as hipóteses nesta amostra foram utilizados três instrumentos: entrevista, questionário de experiência mística na maternidade (baseado em Hood, Valle, Allport-Ross e Hardy) e técnica projetiva do desenho (com o tema “ser mãe”). Com o mate-rial colhido foram realizadas análises quantitativas, qualitativas e comparativas entre os métodos e nos dois grupos, utilizando referencial teórico da Psicologia Social – sobretudo Vergote, Paiva e Valle – da Psicologia Junguiana – Campbell, Neumann, Chevalier-Gheerbrant – e da Psicologia da Gravidez – com Maldonado, Harding e Hardy. Os resultados demonstram que há um significado arquetípi-co na experiência da maternidade vivida na gestação, parto e puerpério, que aponta para uma experiência mística, significando crescimento e evolução para a mulher, bem como acréscimo de respeitabilidade a si mesma – mesmo quando em condições sociais e econômicas adversas. Palavras-chave: Mística. Maternidade. Arquetípico. 2)Título: A mobilidade e o uso de elementos afro em Igrejas evangélicas fundadas por mulheres no século XXINome: Edilene Silva do RosárioTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Minas Resumo: O trabalho apresenta as religiosidades expressadas por mulheres evangélicas que fundaram suas próprias igrejas no Brasil, mais especificamente a mobilida-des dessas mulheres que saem de suas igrejas e fundam novas. Para isso utili-zamos vídeos coletados na internet que mostram cultos nos quais mulheres são fundadoras das igrejas. Podemos levantar através dos vídeos as características dessas igrejas: localização, espaço físico, cor dos membros e da liderança, e também a classe social. Nesses vídeos percebe-se um grande uso de elementos de religiosidade afro nos cultos. Sabemos que há uma forte tendência do meio religioso evangélico em demonizar elementos de religiões de matriz africana e desvalorizar lideranças femininas. A pesquisa traz uma reflexão sobre como esses elementos modificam o culto e são parte do caminho de mobilidade das mulheres e sobre as religiosidades femininas quando não tem mais a figura do masculino para influenciar de maneira direta as práticas e decisões nas igrejas evangélicas. Palavras-chave: Elementos afro. Liderança feminina. Mobilidade. Igrejas evan-gélicas. 3)Título: A mulher e sua sexualidade no mundo contemporâneoNome: Sonáira Cardoso de AmorimTitulação: Mestrando(a)Instituição: UFPB

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Resumo: Embora o sangue seja um componente vital e presente na vida da mulher no período compreendido como vida reprodutiva (da menarca ao climatério), os significados atribuídos ao fluxo menstrual foram muitos através dos tempos e religiões. Assim, este trabalho tem como objetivo abordar alguns desses signifi-cados. No Velho Testamento, o sangue menstrual é visto como impureza. Acredi-ta-se que Lilith, mulher anterior a Eva, tenha sido expulsa do paraíso por tentar ficar sobre Adão durante o sexo. No livro de Levíticos encontra-se a mesma ideia de impureza ligada ao fluxo menstrual: “A mulher quando tiver o fluxo de sangue, estará sete dias na sua menstruação, e qualquer que a tocar será imun-do”. Tudo sobre o que ela se deitar durante a menstruação será imundo; e tudo sobre que se assentar também será imundo. Perpetuou-se até o século XVIII, a ideia de que o corpo da mulher era o palco de disputas entre Deus e o Diabo, que o sangue menstrual era venenoso e mágico. Assim, durante a Idade Média, o Catolicismo, proibia as relações sexuais nesse período. Já na religião judaica ortodoxa, só nos dias posteriores ao fluxo as mulheres são consideradas limpas. Mulheres de fé Greco ortodoxa, não podiam falar com quem quer que fosse du-rante seus períodos menstruais e as mulheres católicas eram proibidas de beijar as imagens dos santos, bem como a relação sexual não era aceita se a mulher estivesse menstruada; as muçulmanas são proibidas de entrar numa mesquita enquanto estiver menstruada. Os judeus consideram a mulher menstruada im-pura e as relações sexuais também são proibidas. A instrução do Alcorão (livro sagrado do islamismo), é que os homens fiéis a religião devem abster-se de relações sexuais com mulheres menstruadas e as relações só devem ser conti-nuadas após a remissão do fluxo quando a mulher estiver se purificado através do banho. A literatura pontua algumas crenças a respeito da menstruação e da mulher menstruada: - os faraós acreditavam que ao beber o sangue da Deusa Ísis, tornar-se-iam semideuses, todavia, a presença de uma mulher menstruada levaria o vinho novo a azedar; as sementes se tornariam improdutivas; neste caso, as egípcias eram retiradas de casa durante a menstruação e não manti-nham contato com ninguém, nem mesmo podiam tocar seu próprio corpo e o que entrasse em contato com ela era queimado; - os índios brasileiros creem que a índia menstruada precisa ser isolada numa cabana especial e depois de cessada a menstruação, seu corpo deve ser pintado e, consequentemente, ha-ver uma celebração com danças para que a mulher seja aceita novamente entre a tribo. Diante do exposto, o presente trabalho terá como metodologia a revi-são de literatura, visando a discussão acerca dos vários significados atribuídos ao sangue, bem como sua influência na esfera psicológica e na saúde em geral. Desta forma, apesar de toda a revolução cultural envolvendo a esfera feminina, os conceitos de impureza da menstruação ainda são evidentes. Essas crenças conferem ao evento um caráter negativo, criando expectativas nas mulheres nos dias antecedentes a menstruação e até mesmo influenciando-as a se com-portarem de maneira diferente do habitual. Nos dias atuais ainda permanecem resquícios das antigas crenças acerca da menstruação e a mesma ainda é vista socialmente como motivo de depreciação feminina. Assim, dentre as funções exclusivamente femininas como menstruar, gerar, parir e aleitar, a menstruação

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é considerada uma das mais controversas, pois têm significados dicotômicos: representando tanto saúde, juventude, fertilidade e feminilidade como sujeira, vergonha, antiestética, limitação e empecilho às atividades diárias. Palavras-chave: Mulher. Menstruação. Sexualidade. Religiosidade e Significado. 4)Título: A sororidade como uma alternativa feminista de superação da desigual-dade de gêneroNome: Lilian Conceição da Silva Pessoa de LiraTitulação: Doutor(a)Instituição: FUNDAJ (Fundação Joaquim Nabuco) Resumo:Diante de uma cultura sexista que perpetua e legitima desigualdades de gênero nas relações humanas, pode parecer comum que as relações entre as mulheres sejam de rivalidade e que a solidariedade nas relações cotidianas sejam banali-zadas e, até mesmo, diminuídas. Suspeitar que a outra é sua opositora ou con-corrente é algo ensinado às meninas desde muito cedo. No meio religioso não é diferente. No ambiente religioso muitas são as vezes em que mulheres casadas se sentem ameaçadas por mulheres jovens solteiras, ou mulheres divorciadas. Mas o que nem sempre são visibilizadas são as ações cotidianas de acolhimen-to, de partilha, de cumplicidade,... Essas ações de irmandade muito bem se encontram e se entrelaçam num termo latino adotado por algumas e criticado por outras: sororidade, que no Dicionário de Teologia Feminista é conceituado como “[...] a expressão para a solidariedade, a amizade e a interdependência mútua das mulheres”. Criticado pelas que se opõem à romântica e falaciosa compreensão de soridade, como sendo a equívoca maneira de universalização das relações das mulheres, como sendo apenas passível de amizade e união, desconsiderando, inclusive, as especificidades das mulheres e as diferenças em suas diversidades. O enfoque do presente texto é elucidar a sororidade como uma alternativa feminista de superação da desigualdade de gênero, mesmo con-siderando que a possibilidade de vivência das sororidade não deve significar harmonia permanente entre as mulheres, mas reconhecendo a mulher como ser humano, com a complexidade e a ambiguidade peculiares a todo ser humano, na mesma perspectiva do conceito de “mistura” que tão bem retrata a teóloga feminista Ivone Gebara. Intenciona-se, assim, elucidar que quando as mulheres se permitem viver o poder da sororidade entre elas, deflagram um processo profético contra o sexismo e forjam alternativas de empoderamento que lhes oportuniza viver a sororidade como uma alternativa feminista de superação da violência de gênero. Palavras-chave: Gênero. Teologia Feminista. Sororidade. 5)Título: Cidadania LGBT no fogo cruzado: a frente parlamentar evangélica e a disputa em torno do Kti anti-homofobia

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Nome: Tainah Biela DiasTitulação: Mestrando(a)Instituição: Universidade Metodista de São Paulo Resumo: O presente trabalho procurou analisar o posicionamento dos parlamentares evangélicos que compõem a Frente Parlamentar Evangélica (FPE) no que diz respeito ao kit anti-homofobia, material produzido por ONGs em parceria com o Ministério da Educação (MEC) e que compõe um dos eixos do Programa Escola sem Homofobia. O material fora aprovado pelo MEC, porém, teve sua distri-buição vetada pela presidente Dilma Rousseff no ano de 2011, por conta de pressões da FPE. Partindo do pressuposto da laicidade do Estado brasileiro, e considerando fundamental a promoção de políticas públicas que visem garan-tir e consolidar plenamente a cidadania LGBT (haja vista o elevado número de homicídios por motivações homofóbicas) este trabalho teve como objetivo analisar os argumentos dos parlamentares da FPE, no sentido de verificar se estes se baseiam ou não em argumentos religiosos para justificar suas posições contra o referido material. Para a realização da pesquisa foram considerados o movimento LGBT e a FPE como campos em oposição no que se refere a um determinado interesse (aprovação/veto do “kit”) num campo mais amplo, o político. A pesquisa teve caráter bibliográfico e se utilizou de matérias da im-prensa online, além de livros, trabalhos acadêmicos e revistas científicas. Como considerações finais, consideram-se as ações da FPE como sendo baseadas em argumentos religiosos de cunho fundamentalista, na medida em que se prostra em defesa da preservação da “família”, aqui considerada apenas em sua con-figuração heterossexual, além de argumentarem que o material “incentiva” a homossexualidade, tendo, inclusive, respaldo da sociedade de uma forma geral, e principalmente do Estado que nega a cidadania à minoria LGBT na medida em que cede aos interesses dos atores da FPE. Palavras-chave: LGBT. Kit-homofobia. FPE. 6)Título: Ciências da religião e hermenêutica feminista: contribuições da teologia feminista para a análise do fenômeno religioso.Nome: Ana Ester Padua FreireTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Minas Resumo: As Ciências da Religião, em uma perspectiva feminista, intentam desconstruir o instrumental teórico positivista em busca da revisão das posições de poder, conteúdos e simbologias que excluíram ou diminuíram as mulheres no mundo da ciência. Além disso, propõe a superação dos dualismos e das hierarquias patriar-cais, buscando novas abordagens teóricas e metodológicas para as novas pergun-tas e temáticas que surgem a partir do mundo da vida e da experiência religiosa das mulheres. A abordagem feminista contribui com as Ciências da Religião ao

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propor a ressignificação de conceitos positivistas de pesquisa, propiciando uma metodologia de investigação baseada em um paradigma emancipatório e na relevância da do cotidiano da vida das mulheres. Nesse sentido, compreenden-do-se as Teólogas Feministas como as primeiras a analisarem o fenômeno reli-gioso em perspectiva feminista, esta comunicação tem como objetivo aportar os resultados de uma pesquisa que buscou na Teologia Feminista os elementos hermenêuticos para a análise das religiões. Para tanto, levantar-se-ão aportes hermenêuticos a partir de Elisabeth Schüssler Fiorenza e Ivone Gebara. Palavras-chave: Ciências da Religião. Hermenêutica feminista. Teologia Femi-nista. 7)Título: Conversando sobre o sagrado: a visão de Adélia PradoNome: Reinaldo da Silva JúniorTitulação: Mestre(a)Instituição: UFJF Resumo: Esta comunicação é a síntese de meu projeto de pós-doutorado. A proposta é observar como a mulher Adélia representa e experimenta o sagrado e como o mesmo aparece em seu cotidiano de vida e em sua obra. No meu mestrado e doutorado estudei a relação do brasileiro com um sagrado feminino, a intenção agora é girar o óculos e observar como o feminino compreende o sagrado, tendo na pessoa de Adélia Prado uma legítima representação deste feminino enquanto mulher e poetisa. Nossa reflexão tem como base entrevistas feita com a mes-ma, numa interlocução com alguns autores da fenomenologia da religião, como Eliade, Otto, Golveia de Mendônça, Berkenbrock e da psicologia, como Jung, James, Frankl, Amantuzzi. O diálogo com Adélia seguiu um roteiro que abrange três aspectos: o caminho que nos leva ao sagrado, o encontro com o sagrado, o que é este sagrado. A análise deste diálogo não seguirá uma diretriz episte-mológica, mas será construída a partir da intuição entre o que ela me diz nas entrevistas e o que os autores de referência me apresentavam como contribui-ção para compreender esta mulher e sua relação com o sagrado. O aval sobre a legitimidade deste diálogo deverá vir da própria Adélia, que será a revisora do texto. Palavras-chave: Sagrado. Cotidiano. Adélia Prado. 8)Título: Da Norma ao SujeitoNome: Célio Antunes da SilvaTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Minas Resumo: A religião, apesar de profecias pessimistas, está presente na sociedade, sobre-

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tudo a brasileira. É fácil perceber o quanto se metamorfoseou. Uma dos modos de permanecer pode ser o de se transformar. A razão humana se configurou com muitas transformações dentro e fora do ser humano. Nesse percurso de mudanças, percebe-se uma sinuosidade dinâmica: da natureza, aos mitos de origem, à mística oriental, ao logos grego, à racionalidade, ao sentimento e à técnica. Este sucinto trajeto possibilita às seguintes observações: qual foi o seu operador? A qual custo? Há uma finalidade? Se houver, qual a sua racionalidade? Apenas um aceno inicial e provisório: o operador deste trajeto certamente foi o homem e um projeto de masculinidade erigido por ele com custos diversos. Esse projeto de racionalidade pode ser entendido como manutenção de um status quo, de uma norma, sem perguntas mais profundas aos seus sujeitos. A subjeti-vidade, edificada ao longo de um significativo tempo, foi, por demais, raciona-lista. Uma de suas lacunas é esquecimento de si e dos sentimentos. Abordagens religiosas podem continuar a lançar luzes sobre a temática da masculinidade. Luzes, que acesas, não precisam ser necessariamente a resposta, podem ser também indagações. Palavras-chave: Subjetividade. Racionalidade. Masculinidade. 9)Título: Da violência contra a mulher religião, juridicidade e autonomia legalNome: Luis Antônio Alves BezerraTitulação: Doutorando(a)Instituição: PUC Goiás Resumo: 1 - Pequena introdução bíblica. A Bíblia é um produto de uma civilização patriar-cal, a presença nela da violência contra a mulher não é algo surpreendente. E relatos como o caso de Dina, filha de Jacó (Gn 34) ou de Tamar, filha de Davi (2 Sm 13), podem ser apresentados como exemplos típicos dessa cultura na qual a mulher não tem peso nem voz (BÍBLIA DE JERUSALÉM, 2002). Tal leitura, um tanto ingênua, deixa tranquilizado o leitor comum, que sempre busca nela uma fonte de inspiração para os valores que norteiam sua vida. Para avaliar a verda-deira posição da violência contra a mulher, entretanto, é necessária uma leitura mais atenta e crítica, pois Palavra de Deus escrita por homens, influenciados pelo próprio tempo e situação cultural, merecem adequação interpretativa de relativização de certas atitudes influenciadas por aspectos passageiros. 2 - Evo-lução social. Desde o início da década de 70, a violência contra a mulher tem re-cebido crescente atenção e mobilização, comumente delineada numa espiral de violência, tais como os brocardos: “em briga de marido e mulher ninguém põe a colher”; “mulher gosta de apanhar”; “ele não sabe porque bate mas ela sabe porque está apanhando”, muito embora já exista a equiparação entre homem e mulher, especificamente nos artigos 5º e 226, § 5º, ambos da Constituição Fe-deral (BRASIL, 2014). O legado da história, porém, coube ao homem o espaço público e o confinamento do lar à mulher, que resultou em dois pólos distintos: de dominação e submissão, pois insiste a sociedade em outorgar ao macho um papel paternalista, a exigir uma postura de submissão feminina, não só pelo

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tabu sexual, mas ainda pela sacralização da maternidade, que enseja, inevita-velmente, em convolação de núpcias ou companheirismo, além de concubinato, razão porque não se rompe a escalada da violência. Decorre, comumente, no desleixo para com a casa e filhos, além das investidas constantes de dinheiro, o que torna a casa e o parceiro o lugar mais perigoso para ela e os filhos. O pro-blema inclui diferentes manifestações, como: assassinatos, estupros, agressões físicas e sexuais, abusos emocionais, prostituição forçada, mutilação genital, violência racial, por causa de dote ou por opção sexual. A violência pode ser cometida por diversos perpetradores: parceiros, familiares, conhecidos, estra-nhos ou agentes do Estado (DIAS, 2014). Em 1994, o Brasil assinou o documento da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, também conhecida como Convenção de Belém do Pará. Este docu-mento define o que é violência contra a mulher, além de e explicar as formas que essa violência pode assumir e os lugares onde pode se manifestar. Foi com base nesta Convenção que a definição de violência contra a mulher constante na Lei Maria da Penha foi escrita. 3 - Aplicação legal e hermenêutica feminista (Lei11.340/06). Para os efeitos da Lei Maria da Penha, editada em 2006, confi-gura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psi-cológico e dano moral ou patrimonial que tenha ocorrido dentro da família ou unidade doméstica ou em qualquer outra relação interpessoal, em que o agres-sor conviva ou haja convivido no mesmo domicílio que a mulher e que compre-ende, entre outros, estupro, violação, maus-tratos e abuso sexual a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria (CUNHA, 2014) Não é somente a situação de violência física, portanto, pois houve um avanço significativo da evolução da lesão corporal leve, contida no artigo 129, § 9º, do Código Penal, que ao ser editada, deu nova redação ao vetusto Código Penal, de 1940, a aumentar a pena máxima em 3 anos de deten-ção, a afastar, com isso, a aplicação da tênue Lei dos delitos de menor potencial ofensivo. 4 - Medidas de afastamento do ambiente de residência e curiosidades. Crime próprio e não crime comum; prisão preventiva; pena privativa de liberda-de; impossibilidade de transação penal ou suspensão condicional do processo, como renúncia à Lei dos Juizados Especiais; constitucionalidade legal; crime de ameaça e crimes contra a honra.; crimes de homicídio e estupro. Procedimento legal. Questões cíveis importantes. Comentários. BIBLIOGRAFIA BÍBLIA DE JE-RUSALÉM. Les Éditions du Cerf. Paris, 1998. Ed. Revista e ampliada. São Paulo: Paulus, 2002. BRASIL. Constituição Federal da República Federativa do Brasil. 36ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014. CUNHA, Rogério Sanches. Violência doméstica: Lei Maria da Penha: Comentada artigo por artigo, 5ª Edição. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014. DIAS, Maria Berenice. A Lei Maria da Penha na justi-ça. 3ª Edição. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014. Palavras-chave: Violência. Mulher. Religião. 10)Título: Descer da Cruz as pessoas LGBTNome: Tânia da Silva Mayer

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Titulação: Mestre(a)Instituição: FAJE Resumo: As teologias produzidas na e desde a América Latina e o Caribe, marcam há épocas um modo local de discursar a fé no Deus de Jesus Cristo. São teologias feitas com os “pés” fincados na dramática da vida humana, com todas as suas urgências de libertação. Uma teologia que pretende corresponder ao Deus de Jesus deve, necessariamente, percorrer o itinerário da cruz. E como toda [boa] teologia que ao discursar sobre Deus, discursa sobre o ser humano e sua vida, é importante que neste cenário nacional, em que se cometem atrocidades contra as pessoas LGBT, as teologias cristãs contribuam para que essas pessoas sejam descidas da cruz com Cristo. À maneira da práxis libertadora de Jesus, uma teologia latino-americana é convidada a voltar-se para os pobres mais pobres, os excluídos mais excluídos, os crucificados mais crucificados. Nesse sentido, a teologia que nasce do grito dos sofredores por causa de sua condição sexual, deverá ser promotora de vida plena e abundante e isso significa que será uma teologia engajada na luta contra a violência psíquica, moral e física, enfrentada pelas pessoas LGBT, a fim de que essas maiorias sejam descidas da cruz em que foram colocados pela maldade dos homens. Palavras-chave. Crucificado. LGBT. Práxis libertadora. 11)Título: Ministério pastoral feminino. Quem são as pastoras Batistas do Estado de São Paulo?Nome: Valéria Vieira de Souza FerreiraTitulação: Mestrando(a)Instituição: Universidade Metodista de São Paulo Resumo: O contexto batista é predominantemente marcado por liderança masculina, destinando à mulher apenas lugares socialmente estabelecidos. Mesmo diante do desenvolvimento econômico e da presença e atuação que as mulheres estão conquistando no campo público, a igreja e principalmente as igrejas batistas, permanecem fundadas em alicerces que exaltam o poder masculino em detri-mento do lugar que deve ser ocupado por mulheres, ou seja, onde elas decidi-rem atuar, fraturando os espaços socialmente estabelecidos para elas. O objeto desta pesquisa é o ministério pastoral feminino, refletindo e problematizando em perspectiva de gênero, buscarei analisar o discurso das Pastoras Batistas do Estado de São Paulo a respeito do ministério pastoral feminino. A importância deste trabalho se dá pelo fato de mostrar de maneira transparente as relações de micro poder existentes entre gênero e concomitantemente as desigualdades dentro do contexto batista com relação ao ministério pastoral. Esta será uma pesquisa qualitativa, onde serão analisados documentos oficiais da igreja, como pautas de convenções, atas, sites institucionais, periódicos e documentos não oficiais, encontrados em redes sociais, blogs, jornais on line, entre outros.

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Palavras-chave: Ministério Pastoral Feminino. Pastoras Batistas. Ordenação Fe-minina. 12)Título: O problema da violência doméstica e a perspectiva feminista da noção de responsabilidadeNome: Anete RoeseTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC Minas Resumo:A comunicação apresentará estudos sobre a noção de responsabilidade em pers-pectiva feminista, tendo em vista um dos problemas sociais que mais afetam a humanidade no mundo contemporâneo – o da violência doméstica, que envolve mulheres e homens de forma distinta. O estudo da responsabilidade como no-ção, atribuição e capacidade particularmente humana, que, no entanto está em profunda crise, compõe um projeto amplo com apoio das agências de fomento de pesquisa FAPEMIG, CNPq e PUC Minas. A hipótese fundamental desta pesquisa é que a violência doméstica cresce no lastro da não responsabilidade pessoal e coletiva dos homens sobre o cuidado do outro, bem como da não responsabili-dade das vítimas para consigo mesmas. O recorte, no contexto da apresentação neste St será o do estudo sobre os fundamentos da noção de responsabilidade, com base em teóricas como Ivone Gebara, Simone de Beauvoir e o feminismo descolonial para sustentar subjetividades ativas, responsáveis e de resistência.Palavras-chave: Violência doméstica. Feminismo. Responsabilidade. 13)Título: Pensamento, julgamento e responsabilização: como a superação da vio-lência de gênero passa pela superação da obediência religiosa.Nome: Maressa da Silva MirandaTitulação: Doutorando(a)Instituição: UFMG Resumo: A desigualdade entre homens e mulheres é tônica do patriarcado, que sustenta uma concentração de poder e privilégios aos homens em detrimento da sub-missão e desvalorização da mulher. Este sistema é fortemente sustentado pelas religiões judaico-cristãs, que sacralizam um sistema patriarcal e hierárquico de submissão a deuses e líderes masculinos, enquanto as mulheres, desde Eva, são criaturas que existem apenas em função dos homens, para os servir e perdoar. A superação da violência contra a mulher passa pela desconstrução de padrões de dominação masculina e submissão feminina, e construção de formas relacionais igualitárias. Baseada nos trabalhos de ARENDT, a pesquisa visa demonstrar que a superação da violência de gênero contra a mulher passa pela responsabilização do homem, entendida como o exercício de um juízo reflexivo pelo qual ele as-sume que a violência é resultante de sua vontade, de uma escolha autônoma em

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praticar o mal contra a mulher para sustentar seus privilégios e seu poder, e não um ato “impensado”, decorrente da desobediência ou provocação da mulher. Para ARENDT, a obediência atua no âmbito religioso, aliena a responsabilidade do agente e anula a capacidade de construção de uma moral decorrente do pensamento humano de julgar o certo e o errado. Palavras-chave: Violência de gênero. Superação. Obediência religiosa. 14)Título: Religião e gênero: as implicações da relação entre Igreja e Estado e as suas implicações políticas de gêneroNome: Priscila Kikuchi CampanaroTitulação: Doutorando(a)Instituição: Universidade Metodista de São Paulo Resumo: A relação entre Igreja e Estado no Brasil existe desde o processo da colonização. É importante ressaltar que o sucesso desta grande empreitada europeia se deve ao apoio desta instituição, contribuindo com o envio de padres catequistas que além de legitimar as grandes expedições, também contribuíram para a doutri-nação dos povos indígenas que já habitavam as terras Tupiniquins. O processo de colonização do Brasil e de outros países da América Latina, com a ajuda da Igreja Católica fez com que os valores da monarquia europeia e do cristianismo católico fossem adotados como regra de conduta ética e social. Logo, tais en-sinamentos carregavam dentro de si toda uma cosmovisão do mundo e das re-lações sociais e também das relações de gênero. Este texto tem como objetivo nos introduzir a uma análise mais aprofundada sobre a relação entre Igreja e Estado e as suas implicações de gênero e como essa questão, revisitando alguns referenciais da teoria política clássica como Locke, Maquiavel e Rousseau, com o objetivo de destacar como a cultura patriarcal, é legitimada na teoria política e na constituição do Estado, e a partir das contribuições teóricas de alguns/as sociólogos/as e teólogos/as utilizados/as como referências no trabalho de Cató-licas pelo Direito de Decidir, destacar de que maneira, historicamente, a Igreja Católica sacralizada a desigualdade, a violência de gênero, a instrumentaliza-ção dos corpos femininos, e a negação dos direitos das mulheres como se estas não fossem consideradas sujeitos de direitos no Brasil. Palavras Chave: Gênero. Política. Igreja. Estado. Feminismo. Sexo 15)Título: Sexualidade, gênero e Igrejas inclusivas: Relato de uma prática investi-gativaNome: Vilmar Pereira de OliveiraTitulação: Mestre(a)Instituição: PUC Minas Resumo:

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Partindo de uma perspectiva psicossocial, propõe-se discutir sobre religião, gê-nero e sexualidade através da apresentação de um estudo que discorre acerca das experiências de jovens homossexuais do sexo masculino, adeptos de crenças cristãs e que frequentam instituições religiosas que se autodenominam de igre-jas inclusivas – instituições que se caracterizam pela acolhida de fiéis LGBT sem discriminá-los em relação à orientação sexual. Trata-se de uma pesquisa quali-tativa com cunho etnográfico, operacionalizada através do método narrativo/biográfico. Ao se registrar as histórias dos participantes sobre suas experiências acerca do ser gay e do ser cristão, analisou-se a importância da vivência religio-sa para esses sujeitos, bem como as contribuições de um ambiente/espaço aco-lhedor para a afirmação de uma identidade homossexual. Também é realizada uma problematização acerca da noção de “inclusão” de referidas instituições, especialmente no que concerne ao campo das travestilidades e outros aspectos sobre gênero e normatividade. A existência das igrejas inclusivas denuncia os discursos que colocam sexualidades e corpos não-heterossexuais à margem das religiões cristãs tradicionais e da sociedade. Ao final do estudo, constatou-se que a adesão a uma igreja inclusiva auxilia na percepção saudável de si, fazen-do com que a instituição atue como uma forma de resistência coletiva frente à opressão sofrida. Palavras-chave: Sexualidades LGBT. Igrejas inclusivas. Identidades. Narrativas. 16)Título: Yalodês, Yabás e memória ancestral: resistência pacífica e desobediência civil das mulheres de terreiro no enfrentamento ao racismo.Nome: Ciani Sueli das NevesTitulação: Mestre(a)Instituição: UFPB Resumo: As relações de poder na sociedade brasileira estabeleceram condições de des-vantagens entre os indivíduos. Caracterizando durante o processo formador das sociedades situações de discriminações contra os sujeitos não pertencentes aos núcleos dominadores. A estes coube o exercício da desobediência civil contra os atos praticados pelo Estado que favorecem a injustiça. A discussão sobre desobediência civil admite a resistência quando a lei for injusta, colocando em risco os direitos de grupos sociais, cabendo-lhes forjar os mecanismos de supe-ração de tais condições. Sob esse aspecto, o povo de religião de matriz africana tem exercido o seu direito à resistência pacífica diante das formas opressoras com as quais o Estado brasileiro tem se manifestado em relação tais segmentos religiosos. Traduzindo religiões de matriz africana, como o candomblé, em ex-periências da resistência pacífica, visando a continuidade da existência de um povo por meio da preservação e transmissão de suas práticas, valores e tradi-ções. Assim as mulheres negras exercem um papel de fundamental importância, a partir da relação íntima vivenciada pelas práticas e tradições do candomblé, que favorece formas diversas de organização e fortalecimento político e iden-titário de seus integrantes.

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Palavras-chave: Memória ancestral. Resistência. Racismo.

17)Título: Mulheres evangélicas protagonizam rupturas e fundam IgrejasNome: Rosane Aparecida de Souza GuglielmoniTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Minas

Resumo:O campo religioso brasileiro sofre mudanças constantemente. O mais novo fenô-meno religioso que tem se apresentando no limiar do século XXI, são as Igrejas fundadas por mulheres. A cidade de Contagem, MG, tem sido palco do prota-gonismo de mulheres que rompem com suas antigas denominações e fundam seus próprios ministérios. Esta comunicação propõe apresentar a pesquisa sobre igrejas fundadas por mulheres na Região de Contagem, Minas Gerais, cujos os objetivos foram : identificar as rupturas protagonizadas por elas até fundação de seus próprios ministérios, interpretar o resultado de suas ações pastorais no cotidiano da comunidade religiosa em que exercem o comando de suas Igrejas, bem como analisar a estrutura eclesial, a organização dos ritos de culto, veri-ficando, assim, o pentecostalismo como elemento promotor do protagonismo feminino no interior das instituições religiosas. O caminho construído para ela-boração da pesquisa empírico- fenomenológica, foi a observação dos cultos e entrevistas, que possibilitaram às pastoras narrarem seus processos de rupturas, como também seus dramas existenciais. Ao trazer à tona a discussão de gênero no campo das Ciências da Religião, a pesquisa instigou o repensar a respeito das estruturas fundantes da sociedade patriarcal. O processo pesquisado demons-trou que, em um primeiro momento, a mulher assume cargos de liderança ecle-siástica, porém, sob a autoridade de um homem. Em um segundo momento, ela rompe com a autoridade hierárquica, mas não com a autoridade espiritual, que continua masculina. A mulher que rompe com seu ministério e funda sua própria igreja não rompe com o ideal pentecostal, porém, ressignifica e subverte seus ritos. A pesquisa identificou, que no processo de ruptura, a mulher apresenta-se como um ser de escolhas, capaz de mobilizar as pessoas marginalizadas para a busca do sentido da vida, sendo significativamente influenciada pelos espaços sociais disponíveis e aberta ao diálogo ecumênico. A pesquisa demonstrou a re-ligião como um processo paradoxal, que representa, ao mesmo tempo, o poder sobre as mulheres e o poder das mulheres.

Palavras-chave: Pentecostalismo. Ruptura. Igrejas fundadas por mulheres. Gê-nero. Feminismo.

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GT 10: Religiões de matriz Africana no Brasil: memórias, narrativas e símbolos de religiosidade

Coordenadores: Dr. Luís Tomás Domingos – UNILAB, CE;Dra. Zuleica Dantas Pereira Campos – UNICAP, PE. Ementa: Este grupo de trabalho pretende ser espaço de diálogo, análise e refle-xão sobre as diversas percepções e abordagens do divino nas Religiões de Matriz Africana. Tem como objetivo explorar o contexto sócio-histórico e cultural em que as religiões de matriz africana se construíram no Brasil, não se limitando a reproduzir o passado, mas se desconstruindo e reconstruindo em interface com outras religiões, como o espiritismo, as religiões indígenas e o catolicismo, in-fluenciando na formação no imaginário cultural e religioso do país. Dessa forma, as diferenças étnico/religiosas no Brasil nos interpelam e nos induzem a refle-xões tais como: de que forma as narrativas, memórias e símbolos são construí-dos e interpretados no “novo mundo” e em particular na sociedade brasileira? Como ocorrem as experiências com o divino, a concepção de Deus, na religio-sidade das populações Afro-brasileiras e indígenas? Como se manifesta a espi-ritualidade e, quem é o Deus desta sociedade plural Africana, Afro-brasileira e Indígena? Por conseguinte, o GT analisará os diversos mitos, ritos, rituais e as interpretações simbólicas de Deus e do divino nas religiões de matriz Africana.

1)Título: A relação entre os elementos da Igreja católica e as religiões afro-bra-sileiraNome: Jose Rocha Cavalcanti FilhoTitulação: Mestre(a)Instituição: UNIARA Resumo: As relações entre as religiões são vistas como processos de longa duração, com-plexos e com universos diversificados. Os povos africanos ao chegarem ao Brasil, trouxeram também sua cultura milenar e as formas de cultuar Deus e outras entidades transcendentes. A África é o berço da raça humana, é importante polo cultural e os povos que para cá foram trazidos, de forma escrava, tiveram que deixar todos os seus costumes para trás, mas não esqueceram suas origens. Eles tem sua participação na formação da cultura nacional não religiosa, com presença na literatura, na música, na culinária e na maneira de ver o mundo. As religiões de matriz africana são expressões religiosas que se caracterizam por rigidez aos rituais, tradições e hierarquia religiosa. As religiões afro-brasileiras agregaram cultos a santos cristãos e esta religião mesclou elementos africanos, europeus e ameríndios. Este artigo pretende abordar, de forma genérica, um aspecto dessa relação: os elementos da Igreja Católica e as religiões afro-bra-sileiras. Palavras-chave: Igreja católica. Religiões Afro-brasileiras. Inculturação.

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2)Título: Axós em evidência: uma análise da indumentária litúrgica afro-brasileira no RecifeNome: Zuleica Dantas Pereira CamposTitulação: Pós-doutor(a)Instituição: UNICAP Resumo: Nossa pesquisa pretende analisar as estratégias de criação, de confecção e da utilização dos axós e adereços pelos fiéis do povo de santo da Região Metropo-litana do Recife (RMR) e como isso reflete nas relações afrorreligiosas. Temos a intenção de investigar o mercado de indumentárias litúrgicas das religiões afro-brasileiras na RMR como também verificar o status adquirido na comuni-dade religiosa através da vestimenta e adornos utilizados pelos adeptos sejam sacerdotes ou apenas devotos. Assim, nossa proposta é compreender como as relações cotidianas no mundo religioso são produzidas a partir de novos condi-cionamentos sociais que se articulam com arranjos e itinerários cada vez mais diversificados, em diferentes ritmos e temporalidades.A pesquisa foi realizada em Terreiros da Região Metropolitana do Recife, estabelecendo como referência O Ilê Obá Ogunté, mais conhecido como Sítio de Pai Adão de tradição Nagô; a Roça de Oxossi de tradição Jeje e o Ilê Axé Oyá Meguê de tradição Xambá.A par-tir desses terreiros estabeleceremos por meio da rede de relações contatos com pais e mães de santo, filhos de santo e com os costureiros desses e de outros terreiros de diversos segmentos das religiões afro-brasileiras.Com isso preten-demos demonstrar que existe toda uma rede de relações econômicas formais e informais que ajudam a espetacularizar a religião e ajudar a inseri-la cada vez mais na esfera pública. 3)Título: Dança e ancestralidade africana: rituais do corpo divino-profanoNome: José Rinardo Alves MesquitaTitulação: Mestrando(a)Instituição: UNILABInstituição Financiadora: UNILAB Resumo:O presente artigo propõe-se a fazer o entrelaçamento entre dança e ancestrali-dade africana na perspectiva de um corpo divino-profano. A partir do cenário do espetáculo de dança contemporânea “Negrume”, produzido pela Cia de Dança Balé Baião de Itapipoca-CE, faremos uma análise desse corpo negro contem-porâneo, ritualizado e atravessado por suas memórias ancestrais. Os autores Oliveira (2012), Santos (2009), Domingos (2013) e Breton (2013) foram a base teórica fundamental por onde aprofundamos nossa temática. Pretende-se com este artigo discutir as relações existentes entre dança e ancestralidade africana e suas implicações na construção de um corpo divino-profano. Esta pesquisa é

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de natureza qualitativa e tem como sujeitos os artistas bailarinos da Cia. Balé Baião de Dança Contemporânea de Itapipoca-CE. Como procedimento de coleta de dados, adotou-se: aproximação de análise documental e entrevistas semies-truturadas. As discussões apresentadas sinalizam uma relação estreita entre a dança desenvolvida na companhia em questão e elementos da ancestralidade africana no Brasil. Corpo ritual, em estado de espera, de acolhimento das divin-dades que irão se manifestar, de transe místico e arrebatamento. Corpo plural, diverso, atravessado por memórias gestuais que se revelam na dança. Palavras-chave: Dança. Ancestralidade. Corpo. Ritual 4)Título: Devoção Negra a Santa Branca através do canto e da dançaNome: Maria Luiza Igino EvaristoTitulação: Doutorando(a)Instituição: UFJF Resumo: A devoção dos negros a Nossa Senhora do Rosário na região de Minas Gerais remonta ao século XVII, período em que foi descoberto ouro na região e se for-maram as primeiras vilas. Desde o período mencionado encontramos na cidade de Ouro Preto, antiga Villa Rica uma forte devoção a santa. No passado, essa devoção se deu a partir da inserção dos negros e seus descendentes, fossem eles escravos ou libertos, na irmandade que tinha como santa de devoção Nos-sa Senhora do Rosário, na atualidade observa-se que mesmo ainda havendo a existência da irmandade a festa em homenagem a santa, o Congado, encontra desvinculada desta associação. Embora a festa seja ligada a tradição católica encontra-se no quadro de congadeiros uma forte ligação com as religiões de matriz africana. A presente investigação é parte de uma pesquisa de doutora-do e que tem o cruzamento de informações obtidas através da pesquisa oral, análise de documentos paroquiais e fontes bibliográficas o principal meio de viabilização da mesma. Uma possível conclusão para esta pesquisa tem-se a forte necessidade que o grupo investigado possui de manter viva a valorização da comunidade, de maioria negra, por meio da religiosidade. Palavras-chave: Devoção. Religiosidade. Ouro Preto. Negros. 5)Título: Édipo africano: socius afro-brasileiro desterritorizado no âmbito da es-cuta clínicaNome: Claudia Maria de Assis Rocha LimaTitulação: Doutorando(a)Instituição: UNICAPResumo: A intenção deste artigo é provocar uma reflexão sobre o processo que compõe a subjetividade da natureza da população brasileira, despercebida na escuta clínica, no que diz respeito, neste contexto, ao chamado complexo de Édipo,

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que tem em seus pressupostos valores judaico-cristão. A afirmação de “univer-salidade” não se aplica ao estrato da sociedade brasileira, cujos parâmetros são baseados em uma herança africana ou afro-brasileira, moldada em caracterís-ticas culturais singulares e latentes, que revelam uma compreensão de mundo premente aos seus valores, estabelecendo identificações e vinculações sociais próprias. Esta falta de ressonância advém de uma valoração, que tem como pa-râmetros valores culturais europeus, formulados ao modelo clássico freudiano, sob a ótica da generalização dos fenômenos emocionais, negligenciando o que caracteriza a diversidade interna das demais estruturas sociais e suas visões de mundo. Nestes termos, este artigo tem como objetivo o exercício acadêmico de buscar relativizar o olhar do psicólogo, tendo como referenciais às vivencias de Marie-Cécile e Ortigues, em experiências clínicas no continente africano. Palavras-chave: Subjetividade. Édipo. Afro-brasileiro. 6)Título: O dom habilidoso de proprietários e funcionários para agradar os clientes das lojas que comercializam artigos para as religiões afro-brasileirasNome: Maria da Penha de Carvalho VazTitulação: Mestre(a)

Instituição: UNICAPResumo: O artigo propõe mostrar as habilidades dos proprietários e funcionários de lojas de artigos religiosos afro-brasileiros no centro do Recife, bairro de São José. Os comerciantes sobrevivem nesse mercado de forma habilidosa ao longo dos anos, administrando seus estabelecimentos de forma tradicional, centralizando todas as tomadas de decisão e, ao mesmo tempo, buscando agradar uma clientela diversificada. Por sua vez, seus colaboradores, também possuidores do dom de satisfazer os desejos dos clientes, se desdobram em seus dia a dia de labuta. Levando-se em conta o cotidiano dessas pessoas, percebe-se habilidades con-ceituais, técnicas e humanas no contato com seus clientes. Registra-se, então, a importância do dom de proprietários e de funcionários das lojas no centro da cidade de Recife que comercializam artigos religiosos para os rituais afro-brasi-leiros. A construção do texto seguiu o método qualitativo com abordagem sócio--antropológica, interdisciplinar e descritiva, enfatizando os conceitos de dom e coisas de Marcel Mauss, e o de habilidades de Idalberto Chiavenato. Palavras-chave: Religiões afro-brasileiras. Cultura. Dom. Coisas. Habilidades. 7)Título: O ethos do congadoNome: Wagner Rodrigues da CruzTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Minas

Resumo:

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Compreender o congado demanda um olhar peculiar a partir da óptica do lugar em que se observa. Primeiro, pela sucessão de acontecimentos típico das Con-gadas. Segundo, a conceituação do que seja o congado, está longe do consenso. Tendo em vista as nuances que envolvem o congado, tentaremos entendê-lo então, tomando como referência o que é vivenciado na cidade de Abaeté. Ini-cialmente traçarei um perfil histórico do congado em linhas gerais. Em seguida, apresentarei o congado de Abaeté. Desse ponto em diante, abordarei o conceito de ethos definido por Lima Vaz, preliminarmente com a noção de lugar, e assim tentar entender as várias circunstâncias que envolvem o congado. Ainda como forma de identificar o ethos do congado a questão ética será inserida no bojo das discussões a partir da conduta dos congadeiros verificando como se situam em meio a manifestação religiosa. Por fim, será traçado um paralelo entre as várias facetas do congado tentando estabelecer uma noção de lugar e conse-quentemente seu ethos. Palavras-chave: Ethos. Congado. Abaeté. 8)Título: O sincretismo e o terreiro da Jurema encantadaNome: Hélio Pereira LimaTitulação: Doutorando(a)Instituição: UNICAP Resumo: O Sincretismo e o Terreiro da Jurema Encantada Retornar à questão do Sin-cretismo, tema fartamente debatido por grandes pesquisadores dentro e fora da Academia e com vasta literatura publicada a respeito, é como revisitar um objeto de estudo que, aparentemente, perdeu o sentido e até mesmo saiu de moda, nos últimos tempos. Em todo caso, o que aqui se propõe não é revisitar uma questão que já se apresenta como que esgotada em virtude das diversas in-terpretações a que foi submetida pelos estudiosos das religiões afro-brasileiras e, sim, retomar o sincretismo como uma das categorias de análise do fenômeno religioso, fenômeno que está sempre aberto a novas possibilidades de interpre-tações e cujo sentido escapa a qualquer análise que se pretenda definitiva, pois o que está em jogo na experiência religiosa não são as categorias de análise ou mesmo os conceitos mediante os quais tentamos apreender esse fenômeno, mas os sonhos e desejos mais profundos da existência humana, na sua tentativa de buscar um sentido para vida. É sob esse aspecto que se pretende revisitar esse conceito de Sincretismo na tentativa de compreender até que ponto o processo de dessincretização do Candomblé e do Xangô possibilitou à tradição religiosa de o Terreiro da Jurema retornar à sua matriz original indígena, assumir exis-tência autônoma em relação às religiões afro-brasileiras e constituir-se como Religião com uma identidade própria de matriz indígena, ou se, ainda, perma-nece tributária dessas religiões, inclusive do catolicismo. Seja qual for a feição com que o culto da Jurema se apresente no “mercado” das religiões, o que não se pode perder de vista é que se trata de uma manifestação do espírito huma-no, cujo resultado é somatório de várias sínteses, de vários aprendizados, de

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bricolagens, de tentativas e erros, na busca de o ser humano dar sentido à sua história e à comunidade a qual ele pertence. Palavras-chave: Terreiro. Jurema. Sincretismo. 9)Título: Povo do santo na região da Mata Sul de Pernambuco: presença, resistên-cia e religiosidade da comunidade do terreiro de candomblé dos Palmares -PENome: Marlon Anderson de OliveiraTitulação: Doutorando(a)Instituição: UNICAP

Resumo: O presente artigo tem como proposta fundante, o estudo da presença sócio - religiosa da comunidade do Terreiro de Candomblé dos Palmares, situada no município de Palmares/PE, cidade polo da região Mata Sul de Pernambuco, re-duto da ação do cristianismo Católico e Evangélico. Neste estudo propomos uma análise dos aspectos constitutivos desta comunidade, sua história, a resistência e as religiosidades vivenciadas pela comunidade. O percurso metodológico que elaboramos nos remete aos caminhos da História Oral. A coleta de depoimentos orais, sua interpretação e análise permitiram compreender de forma mais clara a presença desta comunidade e o desenvolvimento de suas práticas sócio - re-ligiosas. Para explicar os resultados obtidos, buscamos por meio do exercícios de leituras no campo das ciências da religião e da antropologia da religião, fun-damentações concretas que permitam a compreensão dos aspectos estudados. Neste sentido, entendemos que, para as pessoas pertencentes à Igreja Católica e a outras igrejas cristãs e também pertencentes à comunidade do Candomblé, a negação ou desprezo da sua experiência religiosa, de dupla pertença, classi-ficando-a, pejorativamente, como sendo magia, superstição ou degradação de um pretenso cristianismo puro, além de ser uma falta de respeito a uma profun-da e complexa experiência de Deus, invalida toda e qualquer possibilidade de, com seriedade, buscar as bases a partir das quais possa se processar uma outra forma de contato do que até então tem marcado a relação entre o catolicismo oficial, com o seu aparato teológico, e a porção do povo de Deus que celebra a sua fé e a sua esperança também nos terreiros de Candomblé. Palavras-chave: Terreiro. Candomblé. Experiência religiosa. 10)Título: Refletindo a religiosidade tradicional africana: difícil exercício de espe-cificaçãoNome: Luis Tomas DomingosTitulação: Doutor(a)Instituição: UNILAB

Resumo: Neste trabalho pretendemos analisar e refletir sobre religiosidade tradicional

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Africana. Ao longo das nossas pesquisas sobre religiões da matriz Africana, cons-tatamos que nenhum termo pode explicar ao ponto de esgotar o conteúdo e a forma de sentimento e pensamento religioso africano. Conforme (GRIAULE, 1948) ela aparece como: um sistema de relações entre o mundo visível e o mondo invisível regido pelo Criador e as potencias que, sob nomes diversos e tudo tendo manifestações deste Deus único. Estas são, em tudo, manifestações deste Deus único, especializadas em diversas funções. Por outro lado, a civi-lização Africana procede antes de tudo o Verbo, que ele seja a palavra, ritmo ou símbolo. Genealogias, histórico–legendárias, mitos, contos, fabulas, provér-bios, enigmas ou símbolos, etc. constituem literatura oral onde se fundamenta a riqueza da religiosidade do Africano. A linguagem, todavia, não é somente instrumento de comunicação; ela é expressão, por excelência, de ser – força, eclosão de potencias vitais e princípio de sua coesão. No plano metafisico, o verbo é criador pela palavra de Deus e criação continuada pelo sopro humano. É realmente difícil especificar o comportamento religioso do Africano. A sua religiosidade toca pela sua característica de globalidade, o sagrado aparece raramente no seu estado puro E pode se questionar a legitimidade da dicotomia dos conceitos religiosos ocidentais: profano/sagrado, religião/magia; etc. Esta intrusão do profano no sagrado conforme (VAN CAENEGHEM, 1956,) não está apenas presente ao nível do comportamento do Africano. Ela está evidente sob plano de formulação dos próprios conceitos. Por exemplo, para os povos Bantos, em geral, os atos do culto, geralmente, estão ligados como parte integrantes das outras atividades e ocupações da vida cotidiana. Palavras-chave: Religiosidade tradicional Africana. Civilização africana. Profa-no/sagrado. Pensamento Africano. 11)Título: Religiosidade de matriz africana de tradição banto: caminhos possíveis para promoção de responsabilidade existencialNome: Guaraci Maximiano dos SantosTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Minas

Resumo: Historicamente, as religiosidades de matriz africana, no Brasil, se deram com a chegada dos negros no território nacional, provenientes de distintos locais e épocas do continente africano, contribuindo para a pluralidade de manifesta-ções de mesma tradição no campo religioso brasileiro. Pensando-se, mais espe-cificamente, nas manifestações de matriz africana de tradição Banto Umbanda, Reinado e Candomblé de Angola, pesquisamos sobre o comprometimento reli-gioso, enquanto fenômeno, e o efeito deste na vida cotidiana de seus adeptos. A fim de compreender, em que medida estas manifestações promovem respon-sabilidade existencial aos seus, considerando-se as relações com o outro/Outro e com a comunidade. Nesta perspectiva foram analisados, através de pesquisa empírica, relatos de vivências e experiências de seguidores do Centro Espírita São Sebastião (CESS), localizado na cidade de Belo Horizonte/MG, através do

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método fenomenológico e da hermenêutica, em interface com a teoria existen-cial, no campo das Ciências da Religião. Concluindo-se que há promoção de vida responsável nestas manifestações. Palavras-chave: Religiosidades de Matriz Africana Banto. Viktor E. Frankl. Res-ponsabilidade Existencial. Vivência e Experiência Religiosa. 12)Título: Sob o chicote do discurso justificatórioNome: Jussara Rocha KouryTitulação: Mestrando(a)Instituição: UNICAP Resumo: Se observarmos bem, a dominação de uns povos sobre outros é sempre precedi-da por desculpas que, via de regra, escondem as verdadeiras intencionalidades daqueles que estão na condição de dominador. É o que chamamos de discurso justificatório, ou seja, um discurso por vezes político, por vezes social, por vezes religioso que tenta provar, aos olhos dos demais, que aquelas ações de subjugação são necessárias e salvíficas. Assim foi na antiguidade. Assim foi em todas as épocas da história da humanidade. Assim foi – e continua sendo – em re-lação às religiões afro-brasileiras. Esse trabalho pretende pontuar três aspectos desse discurso justificatório: no início do processo escravista no Brasil quando ao negro sequer era atribuído “alma”, o ocupante – Portugal – promovia o batis-mo coletivo em África, antes do embarque para as terras de cá e aqui oferecia uma catequese afirmativa da escravidão – enfoque na estrutura dos engenhos de açúcar onde as moedas amassavam canas e gentes; na primeira metade do século XX quando, respaldado por lei, as religiões afro-brasileiras tornaram-se caso de polícia e o Estado promoveu uma perseguição sistemática – recorte nos acontecimentos do Recife nas décadas de 1930 e 1940, período considerado pe-los mais antigos do Xangô do Recife como a época do “quebra-quebra”; e o final do século XX e início do século XXI, palco das ações neopentecostais que, fazen-do ressurgir com uma nova e massificadora força o processo de “dominização” dos cultos afro-brasileiros (considerando os meios de comunicação utilizados), tenta promover e instaurar uma cultura da intolerância denominada por seus comandantes (e absorvida por seus fiéis) de “guerra santa” ou “batalha espiritu-al”. Buscar pistas que possam contribuir para descortinar o que escondem esses discursos justificatórios, mesmo não sendo tarefa fácil, é instigante e provoca-dor. A essa provocação somos convocados cotidianamente. Palavras-chave: Religião. Afro-brasileira. Discurso. Dominação. 13)Título: “A religião africana e espaço público”: reflexão de sua influência na so-ciedadeNome: Geraldo André da SilvaTitulação: Especialista

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Instituição: Casa de Cultura e Assistência Social e Resistência Afro Brasileiras Lode Apara Unb (Faculdade de Brasília) AIECInstituição Financiadora: Casa de Cultura Lode Apara Resumo:O artigo objetiva demonstrar de que forma o viver nos terreiros contribui para a educação ambiental, a preservação da Natureza e a formação dos valores das crianças e adolescentes. A concepção de Deus Criador e sua obra, a huma-nidade, para o povo Africano reata valores perdidos de respeito à natureza. O Africano se inclui como elemento dessa natureza. O respeito passa pela tradição conservada culturalmente pelos afrodescendentes que tanto contribuiu para o desenvolvimento do Brasil. Cultura constitui-se em termo dotado de diversas acepções, sendo um termo empregado no senso inteligível no âmbito das ideias em discussão. No âmbito das ciências sociais a polissemia é ampla e os debates em torno do conceito são numerosos. A este respeito consulte as coletâneas organizadas por Bohannan e Glazer (1973) e Moore (1997), nas quais o conceito de cultural é discutido por cientistas sociais de diversas matizes. Hoefle (1998)Esse estudo como cultura passa pelo conceito de espaço. E assim diz Roberto Lobato Corrêa com ele concordando: “...O estudo da religião, por exemplo, que muitos aceitariam como sendo niti-damente de geografia cultural, não o é assim necessariamente. Assim, o estudo da distribuição espacial dos templos de uma dada religião insere-se em uma perspectiva locacional, ainda que possa ser extremamente útil para a geografia cultural renovada...”(2.090)Defendo a prática religiosa do Afro brasileiro que não está restrita nos espaços sagrados internos dos terreiros, mas acima de tudo no seu entorno, na comuni-dade, na cidade e em todo território nacional, internacional e no espaço. Vale a pena Investigar e mapear as formas de organização espaço-temporal dos ritos e festas relacionados à religião de matriz africana. São detentoras dos saberes dos ancestrais, em nosso caso, localizadas nas Regiões Metropolitanas de Belo Horizonte, O referencial teórico-conceitual e metodológico utilizado aqui se baseia nas contribuições dadas pelas abordagens, tanto da Geografia Cultural (CLAVAL, 1999; ROSENDAHL & CORRÊA, 2003) como da Geografia das Religiões (ROSEN-DAHL, 1996, 2003), especialmente no que concerne às discussões e pesquisas sobre o conceito de espaço sagrado, cuja principal referência no Brasil é ROSEN-DAHL (1996, 1997, 2001, 2003). Através da prática e dos poderes que me invisto e das pesquisas de campo e do uso da observação participante e de entrevistas semiestruturadas, bem como através de pesquisa documental (fotos e vídeos), será facilmente entendível que a religião africana não pode e nem deve ser confinada simplesmente ao espaço físico visível ladeado por paredes e telhados de uma roça de santo.A natureza é em toda plenitude. E é essa consciência respeitosa como dogma re-cheada de mistérios onde o homem nasce, cresce e morre buscando preserva-la assim garantindo sua existência infinita ao lado dos seus ancestrais.O espaço geográfico das práticas religiosas Afro Brasileiras é múltiplo facetário e como espaço constitui, a categoria central para a Geografia tendo sido este, por

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vezes, confundido com o objeto próprio da Geografia. A paisagem, para muitos geógrafos é percebida como a expressão materializada das relações do homem com a natureza num espaço circunscrito, o que ainda assim deixa a desejar. O território, Na análise de Bonnemaison “é uma oscilação contínua entre, de um lado, o território que dá segurança, símbolo da identidade, e, de outro, o espaço que se para a liberdade, às vezes também para a alienação” (2002:100 [1981]). O território religioso muda, morre ou renasce para melhor correspon-der à afirmação do poder. É marcante a relação dialética entre a política da comunidade e a ordem religiosa. Uma Roça de Santo tem seus limites sempre ladeados por tudo contem a natureza. Não há na natureza nenhum local que não seja louvado pelo afrodescendente. O Afrodescendente constrói uma Roça e esta, na função político-social, assume o lugar de organismos públicos responsáveis pela educação do cidadão, no res-peito ao meio ambiente e à natureza como todo, podendo chegar a ser doentio tal a grandeza desse respeito. Essa herança é passada de pais para filhos, de filhos para netos, quase sempre de forma oral como assim chegou para todos, porque a escrita é mais moderna do que a natureza. Palavras-chaves: Família. Religião. Educação. Natureza.

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GT 11: Pluralidade Espiritual e Diálogo Inter-Religioso

Coordenadores:Dr. Gilbraz Aragão – UNICAP, PE;Dr. Roberlei Panasiewicz – PUC Minas, MG;Dr. Cláudio de Oliveira Ribeiro – UMESP, SP.

Ementa: Diante do contexto culturalmente plural em que nos encontramos e que desafia as tradições religiosas, surgem, por um lado, movimentos into-lerantes e fundamentalistas e, por outro lado, grandes oportunidades para o diálogo. Trata-se de reconhecer, no convívio com a diversidade, o que há de único e irrevogável em cada religião; ao mesmo tempo, é fundamental que se manifeste e se reflita sobre o dinamismo espiritual que está entre e para além das religiões, mesmo daquelas expressões laicas e sem divindades. O diálogo “inter-religioso” que todas proporcionam faz repensar o compromisso ético das religiões com a paz mundial. O FT se propõe, então, a debater pesquisas sobre Pluralidade Espiritual e Religiosa, Tolerância e Diálogo. 1)Título: Religião e intolerância: a contribuição do diálogo-inter-religioso para minimizar a violência escolarNome: Dinéia Fontoura GonçalvesTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Minas Resumo: A realidade brasileira se apresenta com uma diversidade religiosa. Tal diversi-dade oferece uma riqueza de valores que certamente muito tem a oferecer à sociedade de modo geral. Um quadro tão intenso e diversificado pode ofere-cer várias linguagens que, somando-se, pode oferecer grande auxílio no com-bate à violência tão presente nas escolas brasileiras. A convivência religiosa brasileira é cheia de entroncamentos que em nada favorece a construção de uma sociedade mais harmoniosa e tolerante, daí, cabe uma revisão do papel religioso na sociedade brasileira em especial em nossas escolas, onde, haja espaço para o diálogo inter-religioso. Observa-se que tanto a religião quanto a educação tem como pressuposto o ser humano como um ser social, for-mador de cultura, influenciado pelo meio e sujeito de aprendizagens. Logo, a religião é capaz sim de oferecer contribuição fundamental no combate à violência tão presente nas escolas. O que se pretende nesta comunicação é refletir sobre a contribuição da religião e do diálogo inter-religioso enquanto estímulo à tolerância diminuindo ou minimizando, assim, a violência escolar. Palavras-chaves: Educação. Religião. Tolerância. Diálogo Inter-religioso. 2)Título: “Os tempos são chegados!”: as predições dos Evangelhos segundo o espiritismo nos escritos de Allan Kardec

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Nome: Augusto Cesar Dias de AraújoTitulação: Doutor(a)Instituição: UFJF Resumo: Nos últimos anos de sua vida, Allan Kardec [1804-1869], dedicou-se a aprofundar os laços do Espiritismo com a tradição cristã. Para tanto, escreveu três grandes tratados que refletem este esforço: “L’Évangile selon le Spiritisme” [1864]; “Le Ciel et l’Enfer selon le Spiritisme” [1865]; e, “La Genèse, les Miracles et les Prédictions selon le Spiritisme” [1868]. Estes três livros, profundamente teoló-gicos, consolidam o Espiritismo como um “cristianismo para o século XIX”. Neste trabalho, voltaremos nossa atenção de maneira especial para a última parte do tratado de 1868. Nosso objetivo será compreender como, através do movimen-to de apropriação das fontes da tradição cristã, Kardec interpreta as profecias evangélicas sobre “o final dos tempos”; “a vinda do Consolador prometido”; e sobre “a segunda vinda do Cristo”; apresentando, ao mesmo tempo, aquilo que crê ser o papel do Espiritismo na implantação do Reino de Deus na Terra. A fim de atender a este objetivo, nos voltaremos diretamente para os textos karde-cianos buscando, através do recurso à hermenêutica fenomenológica, mostrar como estes temas se configuram como um horizonte a partir do qual a religião do espiritismo pode se estruturar como um neo-cristianismo. Palavras-chave: Espiritismo. Cristianismo. Escatologia. 3)Título: A força da economia versus a força das religiões em suas especificidades e pluralismo.Nome: Claudio de Oliveira RibeiroTitulação: Doutor(a)Instituição: Universidade Metodista de São Paulo Resumo: De tantas e variadas temáticas e questões que o debate em torno do pluralis-mo religioso suscita, uma que têm sido destaque e requer um aprofundamento teórico, é em que grau a consideração do pluralismo religioso como valor, ou pluralismo de princípio como alguns se referem, favorece o aprofundamento da democracia e fortalece os espaços de defesa dos direitos humanos. Nossas reflexões residem na valorização do pluralismo religioso e na análise das for-mas explicitamente religiosas, por um lado, e, por outro, no alargamento da compreensão do conceito de religião estendendo-o à visão de que o capitalis-mo representa uma religião. Embora os estudos mostrem que não são mais as expressões religiosas como tais o fator que, em última instância, determina a organização e reorganização da vida social, e sim o sistema econômico, tal perspectiva - o capitalismo como religião - não anula a importância das religiões como tais nos processos que interferem no aprofundamento da democracia e na defesa e ampliação de direitos, assim como em outros aspectos da vida. As religiões, pela força histórica que possuem e pelo entrelaçamento com a cultura

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em diferentes níveis, têm sido molas propulsoras ou legitimadoras de processos sociais os mais diversos. Palavras-chave: Pluralismo religioso. Religião e economia. Fronteiras. 4)Título: A liberdade religiosa no processo histórico conciliar de elaboração da Dignitatis HumanaeNome: Alexandre Boratti FavrettoTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC CampinasInstituição Financiadora: Sociedade Campineira de Educação e Instrução – SCEI Resumo: A liberdade religiosa no processo histórico conciliar de elaboração da Dignitatis humanae Proponente: Alexandre Boratti Favretto Titulação: Bacharel em filoso-fia e em teologia, aluno mestrando do Programa de Pós Graduação em Ciências da Religião Instituição de origem: Pontifícia Universidade Católica de Campinas Instituição financiadora da pesquisa: Capes/CNPq Grupo de Trabalho: GT 11 – Pluralidade Espiritual e Diálogo Inter-Religioso Resumo: Objetiva-se apresen-tar o processo de desenvolvimento do tema da liberdade religiosa, tal como é definido pela Declaração Dignitatis humanae, do Concílio Vaticano II. Isto, porque o tema não aparece de forma abrupta. A gênese temática, bem como a definição conceitual, são desenvolvidos mediante uma análise fenomenológica que desemboca na hermenêutica histórica e teológica dos períodos conciliares Antepreparatório, Preparatório e das quatro Sessões do Concílio Vaticano II. A constituição final da Declaração Dignitatis humanae e a definição de liberda-de religiosa por ela expressa explicitam o princípio jurídico que estabelece o direito do homem à liberdade religiosa, enquanto imunidade de coação, fun-damentado na dignidade da pessoa humana. Sobressai, neste ínterim, o funda-mento antropológico, que se desdobra do teológico e doutrinário. Deste modo, expõe-se que o tema da liberdade religiosa proporciona nova perspectiva para a livre prática da religião e, deste modo, explicita a posição da Igreja Católica em seu empenho dialógico com o mundo moderno e secular, bem como inaugura uma nova maneira de relacionamento entre a Igreja Católica, as outras Igrejas cristãs, as outras religiões e os sem religião. Palavras-chave: Concílio Vaticano II, liberdade religiosa, dignidade da pessoa humana 5)Título: Campanhas da fraternidade ecumênicas: espaço para a convivência ecu-mênica de crianças, adolescentes e jovensNome: Luís Felipe Lobão de Souza MacárioTitulação: EspecialistaInstituição: Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro

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Resumo: Artigo sobre as campanhas da fraternidade ecumênicas realizadas nos anos de 2000, 2005 e 2010, utilizando como principais fontes de pesquisa seus respecti-vos manuais para, através de uma leitura crítica, destacar sua origem, sua orga-nização, seus objetivos gerais e específicos, assim como o desenvolvimento de seus temas – em especial, através dos subsídios produzidos para crianças, ado-lescentes e jovens –, tendo por meta identificá-las como um espaço para a con-vivência ecumênica durante a infância, a adolescência e a juventude. Partindo de um pequeno histórico sobre a evolução do movimento ecumênico no mundo e no Brasil e passando pelas origens da Campanha da Fraternidade, o trabalho tem, por conclusão, o reconhecimento de alguns pontos positivos gerados pelas campanhas da fraternidade ecumênicas, como, dentre outros, a aproximação e a colaboração entre as diferentes igrejas no trabalho de planejamento e organi-zação dos eventos das campanhas, assim como a necessidade da constituição de equipes para dirigir as atividades das mesmas, que, além de estudar seus temas e subsídios, tiveram também de conhecer os princípios do ecumenismo. Palavras-chave: Religião. Cristianismo. Ecumenismo. Campanha da Fraternida-de. 6)Título: Diálogo da misericórdia. Um tema para o jubileu extraordinário da mi-sericórdiaNome: Maria Teresa de Freitas CardosoTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC Rio Resumo: A comunicação discorre sobre o tema da misericórdia, proposto pelo Papa Fran-cisco para a celebração do Jubileu Extraordinário da Misericórdia e tem em conta a riqueza desse tema e o seu interesse para o diálogo inter-religioso. Os objetivos do estudo são: valorizar a misericórdia, tal como é abordada na Bula Misericordiae Vultus, e considerar seu interesse no campo do diálogo in-ter-religioso. O método con siste em: levantar o tema a partir da mesma Bula, dando alguns traços do seu conteúdo; destacar o encorajamento para o diálogo inter-religioso; vislumbrar algumas contribuições que o diálogo inter-religioso poderia trazer, seja especificamente para o âmbito do diálogo judaico-cristão, seja para o diálogo dos cristãos com outros interlocutores. Conclui-se que o tema da misericórdia é oportuno e fundamental na fé cristã; implica em uma religiosidade mais confiante e em uma prática de reconciliação e de solidarie-dade; convém seja levado ao diálogo inter-religioso e ao diálogo da sociedade, pois no diálogo, juntamente com a descoberta de valores em comum, se haveria de encontrar, sobre a misericórdia, apoio e oportunidade para seu maior apro-fundamento e sua maior aplicação. Palavras-chave: Misericórdia. Papa Francisco. Bula.

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7)Título: Educação e espiritualidadeNome: José Artur Tavares de BritoTitulação: Mestre(a)Instituição: UNICAP Resumo:Desde tempos imemoriais e até hoje, a Espiritualidade continua sendo uma força motriz da vida dos humanos. Importando menos os nomes pelos quais seja invocada, no âmbito de cada cultura, o importante é que a experiência espi-ritual madura caracteriza-se por a pessoa se tornar feliz em trabalhar em prol da humanização do mundo. Naturalmente pela felicidade dos seres que nele habitam. Queremos contribuir para construção de uma espiritualidade integra-da na educação. Em uma formação humana compreendida como humanização onde o lado espiritual está como dimensão norteadora de todo processo tendo a função de guiar nossa vida. O ser humano é convidado a passar da existência ao Ser. Para tal é necessário reconhecer a vocação pessoal e respondê-la por meio de um compromisso livre. Nossa proposta é afirmar a educação como um ato de amor, ou seja, ato de entrega para a humanização do mundo. Quanto a questão religiosa constata-se que a mesma tem sido caracterizada de maneira equivo-cada, na medida em que preconiza o homem religioso como alguém apartado do mundo. Através da educação vista de maneira integral podemos recolocar a dimensão do religioso fazendo parte de uma grande teia de relações onde pode-mos pensar em uma espiritualidade transreligiosa.Palavras-chave: Espiritualidade. Amorosidade. Humanização.

8)Título: Hare Krishna e católicos em diálogo: formação de jovens arte-educado-res.Nome: Otávio Augusto Chaves Rubino dos SantosTitulação: Mestrando(a)Instituição: UFPE Resumo: O presente trabalho intenciona socializar uma experiência inter-religiosa que está acontecendo em Murici, município de Caruaru-PE, interior nordestino, onde as lideranças e membros das comunidades Hare Krishna e Católica, em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco, realizam uma atividade extensionista numa perspectiva socioeducativa. A presente iniciativa é prove-niente das demandas locais em termos da ausência das políticas públicas e do ensaio histórico de aproximação, de diálogo e de atividade conjunta dessas tra-dições religiosas que coexistem, em separado, no distrito caruaruense há mais de três décadas. Este projeto de extensão acontece semanalmente alcançando mais de cinquenta jovens com oficinas de capoeira de Angola, yoga, música, economia solidária, contação de histórias e de cuidados ambientais. Os forma-dores são os estudantes da UFPE, membros da comunidade local e voluntários/

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simpatizantes da causa. A presente atividade extensionista inspira-se epistemo-logicamente nos Estudos Pós-Coloniais Latino- Americanos (Quijano, Mignolo, Wash, Candau) que servem de base interpretativa e interventiva, com vistas à valoração dos conhecimentos outros, ou seja, dos saberes invisibilizados social e historicamente. A metodologia vivenciada norteia-se pela Pedagogia Freireana em se tratando do empoderamento dos sujeitos subalternizados com vistas à formação cidadã, pluriversal, política e de abertura interreligosa. Os resultados obtidos são alvissareiros em se tratando de uma sensibilidade social ampliada dos respectivos membros das comunidades religiosas, dos jovens em formação e da (pro)vocação no interior da Universidade em termos de (re)prensar o papel--tarefa das atividades de extensão. Palavras-chave: Diálogo Inter-religioso. Formação. Extensão. 9)Título: Inclusivismo e hermenêutica do pluralismo religiosoNome: Deivison Rodrigo do AmaralTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Campinas Resumo: A partir da intensificação da pluralidade religiosa na contemporaneidade e das tensões existentes, a teologia hermenêutica apresenta-se como um grande meio para a prática de um profícuo diálogo inter-religioso. Sendo assim, bus-car-se-á, por meio da obra teológica do belga Jacques Dupuis, com destaque à “O Cristianismo e as religiões”, apresentar alguns aspectos norteadores que auxiliem na construção de um discurso religioso capaz de promover a integração e o respeito entre algumas denominações religiosas contemporâneas, cristãs ou não, por meio da possibilidade autêntica do diálogo. Por isso, a partir da chave hermenêutica do inclusivismo religioso, destacada na obra supracitada deste teólogo cristão católico, especialmente no campo doutrinal-sistemático, será apresentada uma maneira eficaz de promoção de valores de respeito à dignida-de humana por meio da afirmação positiva da pluralidade cultural e religiosa, sob a perspectiva da construção efetiva do Reino de Deus, a partir de uma re-leitura do evento-Cristo. Palavras-chave: Religião. Inclusivismo. Pluralismo. Hermenêutica. 10)Título: Manifestações religiosas contemporâneas: a fragmentação das identida-des, os anacronismos e as múltiplas pertençasNome: Celso GabatzTitulação: Doutorando(a)Instituição: UNISINOS Resumo: A religião na sociedade brasileira contemporânea observada a partir de uma

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perspectiva multicultural vem favorecendo os hibridismos e consolidando uma diversidade peculiar. Vislumbra-se uma complexa teia de questões concernentes a gênero, etnia, poder, alteridade, fundamentalismo, sincretismo e pluralismo. Há um emaranhado de relações e identidades integradas no espaço mercantil vinculadas com inúmeras vivências religiosas particulares ou pessoais. Os novos grupos religiosos esforçam-se para concretizar o bem-estar humano com pro-messas e ofertas para as necessidades cotidianas. A religião e as premissas do mercado se interpenetram. Ocorre uma proximidade das fronteiras existentes nos sistemas simbólicos; uma hibridização de práticas religiosas; um desenvol-vimento de identidades particulares; um deslocamento do religioso para outros âmbitos da sociedade e a midiatização do fenômeno religioso. A emergência da sociedade global abriu o caminho para múltiplas escolhas e pertencimentos re-ligiosos. O problema epistemológico da pesquisa reside na expressão da fé con-temporânea. Nas manifestações presentes nos cultos neopentecostais. Na irrup-ção do sagrado sob a força dos gestos e palavras. Na espiritualidade para além do especificamente religioso. Na busca por incorporar, mesclar, atrair, entu-siasmar, adaptar, expandir e internalizar uma nova experiência cultural, social, econômica e religiosa, que, por sua vez, seria capaz de consolidar uma nova identidade brasileira. As manifestações religiosas contemporâneas emergem de nossas contradições históricas e peculiaridades culturais, servindo de amparo e ilustração a um constante processo de produção de significados dialéticos. Palavras-chave: Religião. Contemporaneidade. Diversidade. Pluralismo. 11)Título: Matriz religiosa brasileira e a busca pela sobrevivência da religiosidade multiculturalNome: Cândido Luiz S. MaynardTitulação: Mestrando(a)Instituição: UFS - Universidade Federal de Sergipe Resumo: O desgaste sofrido com o tempo, as novas tecnologias e as novas propostas religiosas são alguns dos desafios que as igrejas evangélicas, tradicionais, pen-tecostais e neopentecostais enfrentam. O presente trabalho tem por objetivo identificar as possíveis reações das igrejas neopentecostais na modernidade, e a intervenção da secularização. Depois de um longo e rico processo histórico de pluralização da nossa matriz religiosa, quando através do católico, índio, cristão novo, negros e outros atores construíram-na e dando-lhe a capacidade de ser plural. Como instrumento nos utilizamos da pesquisa bibliográfica, pautada na proposta sociológica de autores como: Peter Berger, Ricardo Mariano e Charles C. Ryrie, além de leituras dos dados demográficos brasileiros obtidos através do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Como resultante explicita a impossibilidade clara das religiões cristãs ditas evangélicas, mais especifi-camente as neopentecostais de vencerem esse processo, por conta da pouca, ou quase total ausência de símbolos, que vinculem sua identidade ao sagrado. Contrarias ao catolicismo que mantem um capital simbólico riquíssimo, no en-

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tanto vem perdendo sua posição de liderança numérica a cada década. As novas denominações neopentecostais estão obtendo um crescimento considerável no seio da população brasileira. Qual seria a sua ferramenta de manutenção da simbologia sagrada? Concluímos que, o uso de capitais simbólicos do judaísmo, tais como: palavras em hebraico; bandeira de Israel e Jerusalém; mantos de oração (Talit´s); cornetas de carneiro (Shofar); além de festas ditas judaizantes estão sendo utilizadas para esse fim. Essas apropriações são manifestações em resposta às pressões sofridas pelas igrejas neopentecostais. Utilizando-se do Dispensacionalismo para o legitimar institucionalmente. Muito embora não se deem conta disso. Palavras-chave: Matriz religiosa. Modernidade. Secularização. 12)Título: Nossa Senhora de Guadalupe e seu culto no México: simbologias do ícone sagrado e sua relação com a mitologia Asteca no terreno sagrado da Colina de TepeyacNome: Alex Kiefer da SilvaTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Minas Resumo: A aparição de Nossa Senhora de Guadalupe em dezembro de 1531 marcou o início de um novo momento no processo histórico da colonização espanhola do México. O motivo foi a conversão maciça dos povos nativos astecas influenciados pelo milagre da impressão do retrato da Virgem no manto do índio Juan Diego. Fato importante a se considerar é que os indígenas viram materializados no íco-ne sagrado aspectos importantes de sua própria cultura religiosa, incluindo aí o aspecto da aparição de Maria numa colina sagrada onde era cultuada a deusa--mãe Tonantzin e onde hoje se ergue a Basílica Nacional do México, em honra à Virgem de Guadalupe. Na perspectiva do diálogo inter-religioso, a presente co-municação pretende apresentar as bases do culto guadalupano na sua identifi-cação simbólica com a própria mitologia asteca e que legitimaram a construção da basílica no terreno sagrado a partir do sincretismo Maria/ Tonantzin. Palavras-chave: Nossa Senhora de Guadalupe. Simbologia. Mitologia asteca. Te-peyac. Templo. 13)Título: O cristianismo para além de si mesmoNome: Francilaide de Queiroz RonsiTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC RJ Resumo: Queremos propor que o diálogo entre as experiências religiosas não se resuma a um encontro vazio, mas que os interlocutores tenham, de fato, penetrado com

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a máxima seriedade em sua própria tradição. Acreditamos que o mútuo reco-nhecimento da singularidade e das características próprias de cada tradição re-ligiosa é condição indispensável à experiência de um diálogo inter-religioso que supera o simples reconhecimento conceitual. Além disso, cremos que a experi-ência mística dos fiéis das diferentes tradições religiosas fundamenta a abertura ao diálogo que supera as diferenças e remete à preocupação pela melhoria e pelo progresso da humanidade. Sinalizaremos a necessidade que tem o Cristia-nismo em ir mais além das suas práticas religiosas, pelas quais é reconhecido e através das quais é transmitido, a ultrapassar as fronteiras de si mesmo. Isto permitirá na experiência de diálogo inter-religioso não se deter “nas diferenças, às vezes profundas, mas confiar-se com humildade em Deus, que é maior do que o nosso coração” . Dentre os níveis de encontro com suas respectivas formas de diálogo que o cristianismo tem buscado concretizar, apontaremos a mística por alcançar o nível mais profundo. Palavras-chave: Mística. Experiência. Diálogo inter-religioso. Cristianismo. 14)Título: O desafio do diálogo cristão entre católicos, evangélicos e espíritas.Nome: Andre Ricardo SouzaTitulação: Pós-doutor(a)Instituição: UFSCarInstituição Financiadora: FAPESP Resumo: Católicos, evangélicos e espíritas perfazem 88,8% da população nacional, por-tanto, sua grande maioria. Se tomarmos a fé em Jesus Cristo e o basilar princípio da caridade, materializado em consideráveis obras assistenciais, os espiritismo kardecista pode ser também considerado como parte do cristianismo brasilei-ro. Isso, evidentemente, para além das diferenças teológicas e doutrinárias. Sendo assim, as relevantes iniciativas de diálogo e intersecção entre essas que são as três maiores tradições religiosas do país, constituem expressão cristã de valor sociológico nada desprezível. Este trabalho aborda algumas experiências de representatividade nacional em que algumas lideranças dessas três verten-tes atuam conjuntamente, tanto na elaboração de mensagens respaldadas em textos bíblicos, quanto na reivindicação de direitos cidadãos e de relação mais equilibrada entre o Estado e as organizações religiosas em geral. São atividades realizadas sobremaneira em Brasília e Belo Horizonte. Decorrente de projeto auspiciado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, o tra-balho apresenta tais experiências, discutindo seus aspectos mais significativos, intrigantes e também desafiadores. Palavras-chave: Diálogo. Católicos. Evangélicos. Espíritas. 15)Título: O espiritismo brasileiro e o diálogo inter-religiosoNome: Rosane Alves Ferreira

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Titulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Minas Resumo: O Espiritismo ou kardecismo inicia-se no Brasil em 1865, quando acontece a primeira sessão espírita na Bahia, ambiente propício vez que a religiosidade do índio e do negro já continha noção da imortalidade da alma, e suas comunica-ções pelas manifestações medianímicas. De outro lado, alguns europeus traziam notícias das obras espíritas já lançadas na França, bem como os reflexos ilumi-nistas, fertilizando do solo brasileiro para o recebimento do espiritismo. Hoje, o Brasil é considerado o maior país espírita do mundo e, embora no Censo de 2010 apresente um contingente de apenas 3,8 milhões de espíritas declarados, é possível observar número considerável de frequentadores pertencentes a ou-tras correntes religiosas. Assim, é comum o trânsito de católicos, evangélicos, umbandistas, candomblecistas, budistas, sem religião e outros, nas reuniões das sociedades espíritas. Teologicamente o Espiritismo defende a moral é cristã, elevando a figura do Cristo ao patamar mais alto, sem desconsiderar o valor de qualquer dos demais avatares religiosos, classificados como Espíritos de Luz. E mesmo divergindo na interpretação de alguns dogmas defendidos pelas religiões cristãs, consegue atrair e acolher os fiéis destas sem qualquer objetivo con-versionista. Talvez este quadro permita ao Espiritismo dialogar com as demais religiões, acolhendo e respeitando a alteridade. Palavras–chave: Pluralidade. Diálogo. Acolhimento. Alteridade. Trânsito. 16)Título: O projeto Weltethos e a experiência do sagrado nas trajetórias de Mohan-das Karanchand Gandhi e Martin Luther King Jr.Nome: Bruna Milheiro SilvaTitulação: Doutorando(a)Instituição: UFJF Resumo: A presente exposição objetiva discutir o projeto weltethos a partir de seu fio con-dutor: A proposta de um ethos mundial. Essa ideia foi debatida pelo Parlamento das Religiões mundiais ocorrido em Chicago no ano de 1993, onde se reuniram líderes de várias denominações religiosas. Durante essa reunião, acordou-se ser a ética um ponto comum de aproximação entre as religiões e grandes filosofias tradicionais. Também reafirmou-se a ideia de que o ethos estaria já presente em todas as grandes religiões e filosofias, sendo portanto um fator de afinidade entre elas. Com isso, pretendia-se criar alternativas para ampliação do diálo-go entre Nações, propondo meios de tolerância a partir mesmo das diferentes tradições sociais, culturais e de crença religiosa. Para provar a aplicabilidade da proposta acima referida, o presente trabalho basear-se-á nas trajetórias de dois personagens históricos: Martin Luther King Jr e Mohandas Karanchand Gan-dhi. Ambos atuaram em contextos sócio-culturais distintos e estiveram ligados a experiências religiosas muito particulares, porém, vislumbravam a adoção da

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justiça social a partir da eliminação de um elemento em comum: A dominação do homem pelo homem. Desta forma, buscar-se-á provar a existência de um ethos comum a ambos a partir da experiência do Sagrado em suas respectivas histórias de vida. Palavras-chave: Ética. Sacralidade. Trajetórias. 17)Título: Os matrimônios mistos entre cristãos: desafios pastoral para a Igreja hojeNome: Dimas de Macedo FilhoTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC SP Resumo: O problema dos matrimônios mistos se apresenta hoje de uma maneira total-mente nova. Isto porque nestes últimos decênios as relações entre as igrejas se modificaram de modo revolucionário. O contato sempre maior entre seus mem-bros propiciam cada vez mais ocasiões para que esses casamentos aconteçam. Cientes dessa situação as igrejas procuraram ao longo da história soluções para poder resolver este problema. Antes elas se fecharam em suas próprias comuni-dades e procuraram evitar ou proibir que acontecessem. Tanto é que o Código de 1917 mostrava desconfiança total em relação a estes matrimônios. Mas as mudanças sociais, econômicas e urbanas fizeram com que essas barreiras fossem quebradas por causa do fenômeno da globalização. Dessa forma, o maior conta-to entre as pessoas se tornou inevitável. Em decorrência disso as normas sobre os matrimônios mistos se tornaram mais flexíveis. Além do mais, o matrimônio é direito natural de todos e não pode ser proibido, desde que as pessoas tenham as condições naturais para tanto. Na Igreja Católica essa flexibilidade se deu de modo mais específico a partir do Concílio Vaticano II, onde ela reconheceu o valor dessas outras comunidades no mistério salvífico. As conclusões do Concílio fizeram sentir sua influência na promulgação do código de 1983. Contudo, a Igreja continua desaconselhando os matrimônios mistos. Isto porque, afirma a Igreja, eles ainda oferecem perigo para a fé do casal, para a educação da prole e para própria santidade que a vivência do matrimônio exige. Mas para os casais que já vivem neste matrimônio ela procura salvaguardar pela sua unidade. Palavras-chave: Matrimônios mistos. Igrejas. Globalização. Concílio. 18)Título: Pluralidade religiosa e tendências em ciências da religião no BrasilNome: Walter Ferreira SallesTitulação: Pós-doutor(a)Instituição: PUC CampinasCoautor(es): Breno Martins Campos

Resumo:

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Nossa comunicação parte do pressuposto de que a religião ocupa o espaço pú-blico na contemporaneidade não somente como fenômeno a agrupar fiéis em diversos modelos de igrejas (em sentido sociológico), mas também como objeto de investigação da teologia, das ciências humanas e, particularmente, das ciên-cias da religião. Se o campo religioso é plural e dialógico, embora os fundamen-talismos e dogmatismos estejam aí a propor e a construir o contrário, importa que as disciplinas de explicação e/ou compreensão do campo sejam abertas ao diálogo e transversais – as ciências não estão imunes à tentação do aprisiona-mento da verdade que leva à intolerância –, também elas precisam aprender e praticar o sadio convívio com a diversidade. Por meio de estudo exploratório, baseado em referenciais teóricos considerados clássicos na área e em pesquisa de natureza, ao mesmo tempo, quantitativa e qualitativa, com base em dados oferecidos publicamente pela ANPTECRE, nossa comunicação tem como obje-tivo geral mapear os Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência(s) da(s) Religião(ões) no Brasil contemporâneo, a fim de verificar como a configu-ração dos programas (linhas de pesquisa, áreas de pesquisa e formação docente) reflete a dimensão de transdisciplinaridade exigida pela área e o favorecimento ao diálogo inter-religioso. Palavras-chave: Ciências da religião. Pluralismo. Transdiciplinaridade. Diálogo inter-religioso.

19)Título: Pluralismo e valores religiosos em ambiente laico: uma análise da juven-tude universitáriaNome: Roberlei PanasiewiczTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC Minas Resumo: O pluralismo religioso é uma realidade presente na sociedade contemporânea. O apreço pela religião também se manifesta em ambiente laico como a univer-sidade. A maioria desses jovens se diz religiosos. Entretanto, ele continua vin-culado à religião que recebeu na infância? Como jovens católicos, protestantes, espíritas e de outras religiões, como também, os denominados sem religião e ateus compreendem valores humanitários e religiosos? Pretendem dar formação religiosa para seus filhos? Os posicionamentos mudam de uma religião para ou-tra? É possível perceber traços comuns nessa juvetude? Esta comunicação tem por objetivo responder essas questões a partir de uma pesquisa feita com jovens universitários na PUC Minas em 2013, com incentivo do CNPq e do FIP. Ela busca demarcar o percurso e/ou a concepção religiosa desta juventude. A pesquisa foi realizada a partir de um questionário estruturado e método quantitativo. Palavras-chave: Pluralismo religioso. Valores. Juventude universitária. 20)

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Título: Projeto de pesquisa – espiritualidade e subjetividade: um estudo sobre a transmissão dos valores espirituais na Comunidade Noiva do CordeiroNome: Samuel Rodrigues FazendeiroTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Minas Resumo: A comunidade Noiva do Cordeiro é um distrito de Belo Vale, a 100 quilômetros de Belo Horizonte, na Região Central de Minas. É uma comunidade onde ocorre a partilha de bens e do uso da terra, bem como uma produção e gestão coletiva do trabalho executado por mulheres. Hoje é uma comunidade sem religião. O projeto objetiva identificar como se dá o processo subjetivo de transição de uma religião convencional e o abandono da mesma para a construção de novas práticas/vivências espirituais no mundo contemporâneo a partir da Comunidade Noiva do Cordeiro na Pluralidade Espiritual e Diálogo Inter-Religioso. A metodo-logia se dará em 3 capítulos: no primeiro será apresentada a área de pesquisa (as Ciências da Religião), a Fenomenologia e será realizada uma discussão sobre a contemporaneidade religiosa a partir da comparação entre os Censos de 2000 e 2010. No segundo (em andamento) será realizada uma pesquisa empírica com gravação de entrevistas. Duas individuais: uma com a Matriarca da comunidade e outra com a representante política. E uma com 3 grupos de diferentes gera-ções residentes da comunidade. No terceiro será discutida a transmissão dos valores espirituais a partir de uma visão feminista. Palavras-chave: Pluralismo Espiritual. Diálogo Inter-Religioso. Subjetividade. Espiritualidade. Transmissão de valores Espirituais. 21)Título: Rumo a uma teologia do pluralismo religioso hospitaleira: um projeto desde o contexto cultural e teológico latino-americanoNome: Jeferson Ferreira RodriguesTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC RS Resumo: Esta pesquisa visa aprofundar os aspectos centrais da teologia do pluralismo re-ligioso a partir de um fundamento teológico capaz de motivar novas relações in-ter-religiosas: a hospitalidade. Existe uma sólida produção teológica, sobretudo em língua inglesa (Marianne MOYAERT, Luke BRETHERTON, Amós YONG, Richard KEARNEY, Christine POHL, Amy ODEN, Brendan BYRNE, Gavin D’COSTA, Maria Poggi JOHNSON, Elizabeth GEITZ, Hans BOERSMA, Patrick R. KEIFERT, Andrew ARTERBURY, etc.), mas carece de produção em língua portuguesa e espanhola. Portanto, pensamos contribuir com a reflexão a partir do contexto cultural e teológico Latino-americano, com a cooperação dos teólogos Luiz Carlos SUSIN e Claudio MONGE. O itinerário será perceber que a tarefa das religiões, e de cada crente, é fazer uma contribuição para a pacificação e humanização da nossa sociedade dando exemplos efetivos da riqueza de seu ensino e convicções. A ética não é o conteúdo da religião, mas o teste de sua credibilidade, que remete

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a uma “politica libertadora” enquanto presença relevante no desenvolvimento de um “encontro dialogal nas diferenças”. Surge uma questão: podemos tecer um tecido social coeso em uma sociedade religiosamente plural sem suprimir as diferenças? Neste contexto, temos de começar a falar de uma “Teologia do Pluralismo Religioso Hospitaleira”. É, sem dúvida, apenas uma parte do que é necessário em uma perspectiva mais ampla sobre a diferença, mas que nos per-mite identificar o diálogo em termos de um enriquecimento e purificação da fé (a purificação relacionada também aos preconceitos históricos sobre a outra). Nessa visão, a comunidade não é nem a promoção da igualdade nem o louvor de uniformidade, mas em vez disso é um ser em conjunto que engloba a diferença e a diversidade em, através e apesar da adversidade. Assim, o estatuto episte-mológico de uma “Teologia do Pluralismo Religioso Hospitaleira” é o respeito e o reconhecimento dos outros dentro de suas diferenças, que a priori não é contrária a nossa fé. O reconhecimento da alteridade é justamente uma forma de construção de identidade e, ao mesmo tempo, a experiência da epifania do rosto de Deus. Palavras-chave: Religião. Pluralismo. Diálogo. 22)Título: Teologia e democracia: apontamentos críticos a partir de “O Reino e a Glória” de Giorgio AgambenNome: Osiel Lourenço de CarvalhoTitulação: Mestre(a)Instituição: UMESP Resumo: Mestre em Teologia Instituição de origem: Universidade Metodista de São Paulo Pesquisada financiada pela CAPES GT: Pluralidade espiritual e diálogo inter-re-ligioso Resumo: O filósofo italiano Giorgio Agamben em seu texto O Reino e a Glória faz uma genealogia teológica das teorias democráticas da contempora-neidade. Agamben recorre principalmente a categorias teológicas e místicas do período medieval e, analisa a presença delas nas estruturas governamentais. Um exemplo disso é a doutrina da Trindade, que enquanto dimensão do sagrado assumiu novas formas como foi a separação dos três poderes em: executivo, legislativo e judiciário. Além disso, expressões litúrgicas e simbologias do po-der estão presentes na política. O objetivo dessa pesquisa é de apresentar as reflexões de Agamben em o Reino e a Glória, articuladas com funcionamento o governo, que para o filósofo italiano não é apenas poder, mas é também glória. Metodologicamente, apresentaremos as principais dimensões do pensamento de Agamben no Reino e a Glória e, dialogaremos com os mecanismos que regem nossa democracia. Sendo assim, as categorias teológicas nos ajudam não ape-nas entender as teorias democráticas da contemporaneidade, mas também de criticá-las. Palavras-chave: Teologia. Democracia. Reino e a Glória.

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GT 12: Linguagem e Religião: Construindo Pontes de Diálogo

Coordenadores:Dr. Paulo Dalla-Déa UFSCar – BR;Dr. Ângelo Cardita – Université Laval – CA;Dr. Augusto Rodrigues (Universidade de Brasília – DF). Ementa: O objetivo deste Grupo de Trabalho é acolher e promover o debate e a reflexão sobre a linguagem e a religião em suas variadas manifestações, construindo pontes de diálogo entre a teologia, as ciências da religião, a lite-ratura e as ciências da linguagem, especialmente a partir do desenvolvimento e da aplicação a nível metodológico do pensamento de Mikhail Bakhtin. Esta perspectiva visa ajudar a pensar de forma original os fenômenos religiosos e espirituais tanto no mundo globalizado e plural como na sociedade brasileira atual (concretamente na cultura juvenil) de hoje. Assim, o GT integrará co-municações e debates que correspondam à seguinte ordem temática:1) Análises linguísticas de discursos, fenômenos religiosos e autores contem-porâneos. 2) Estudos sobre o relacionamento entre a linguagem religiosa e a linguagem secular, contemplando nomeadamente o impacto e a importân-cia da religião para a linguagem humana nas suas várias formas (artísticas, literárias, midiática, etc.) e em relação com outros âmbitos da vida social (política, economia, juventude, etc.). 3) Exemplos de adaptação, incultu-ração e reinvenção da linguagem religiosa nas suas várias facetas (teologia, doutrinas, ritos, etc.).4) Reflexões epistemológicas inspiradasem Bakhtin, de preferência sobre o relacionamento entre a teologia, as ciências da religião, a literatura e as ci-ências da linguagem.1)Título: A palavra da outraNome: Daniel StosiekTitulação: Pós-doutor(a)Instituição: UFSCar Resumo: Todos os âmbitos da vida são caracterizados pela contradição entre resso-nância e heterotrofia. Utilizo estos dois conceitos em sentido amplo em que ressonância se refere a relações de sentido entre seres vivos inclusive seres humanos, e heterotrofia significa viver dos resultados de trabalho alheio, o que acontece tanto no ato de comer quanto na utilização de produtos ou serviços de trabalho. Tudo ato de viver é transformação de energia e pode ser visto desde fora como ato de trabalho cujo resultado é o próprio corpo. Trabalho no sentido estreito da palavra ou trabalho humano consiste em um ato de transformação de energia cujo resultado se encontra fora do próprio corpo: ou em um produto ou um serviço. Tanto a vida social entre seres hu-manos quanto a relação entre ser humano e natureza se caracterizam pelos dois aspectos, a ressonância e a heterotrofia. No melhor dos casos possíveis, o trabalho humano estará organizado numa forma de reciprocidade, e então

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a ressonância e a heterotrofia resultam reconciliados, e o trabalho contem não apenas o aspecto económico, mas também um aspecto social, relacional e amo-roso. Enquanto um extremo do significado do trabalho pode consistir em que se trate de uma expressão de amor, o outro extremo é a exploração. O capitalis-mo tende a explorar o trabalho do ser humano e dos outros seres da natureza (plantas, animais), assim tende a reduzir todos os processos de vida, inclusive as relações sociais, ao aspecto económico quantitativo. Ao mesmo tempo, a sociedade usa e vive ideologias cheias de palavras e enunciados de sentido so-cial. Tal ideologia acontece sobre tudo na religião. A ideologia – segundo Louis Althusser – interpela o sujeito. A ideologia é ambivalente. Segundo Althusser, a ideologia tem a função de ensinar o sujeito a se submeter à exploração, isto é tanto a se deixar explorar como a explorar outros. Segundo Mikhail Bakhtin, existe – dependendo das sociedades diferentes – uma ideologia oficial e uma ideologia não oficial. Portanto, a ideologia tem o potencial de conter não só o convite à exploração (aspecto meramente económico da relação social) por meio de palavras de sentido social, mas também o potencial de realmente criar sentido social e ressonância. Mas em que consiste este segundo potencial? Quan-do acontece exploração, se inclui o outro e a outra económicamente e os exclui socialmente. Por isso, a ideologia será liberada do seu conteudo falso, inhuma-no, pela palavra do outro. Do outro que tinha estado excluido. Mas mais cedo do outro aparecia a outra. Cada vida individual e coletiva começa com a leite da mãe a que significa ao mesmo tempo energia (indispensavel para a transfor-mação da energia da própria vida) e amor, relação social. Une os dois aspectos da economia e da relação amorosa. Em uma vista mais ampla, a mãe não pode existir sem a comunidade, e a comunidade não pode existir sem a natureza. A natureza se expressa nas experiências de povos indígenas como terra, plantas, animais, floresta, como Mapu o a Pachamama. No capitalismo, o ser humano domina otros seres humanos, inclusive os primeiros: a mãe, a comunidade, e os povos indígenas; e além disso toda a natureza, os e as inclui económicamente e exclui socialmente. Escutar suas vozes, a voz da Outra, livraria a ideologia da sua falsedade e alicerçaria uma nova teologia da libertação.

Palavras-chave: Ressonância. Heterotrofia. Ideologia. Libertação. 2)Título: Ensaio sobre a linguagem religiosa da tatuagemNome: Paulo Fernando Dalla DeaTitulação: Doutor(a)Instituição: UFSCAR Resumo: O texto faz um ensaio teórico sobre as diversas possibilidades de se ler a lin-guagem pictórica da tatuagem, especialmente religiosa, em um mundo que en-carcerou a religião privada como única forma legítima de se manifestar. Ao ser inscrita na pele a tatuagem age como forma privada de manifestação pública, dá visibilidade a um evento que não pode deixar de ser visto, já que o vestir e

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o desvestir do corpo é uma forma legítima não só de sedução, mas também de manifestação do ser corporal como interior (religião) e como exterior (pele). Um sentimento religioso que – embora difuso – acaba se manifestando como bandeira de visibilidade pública e não conflituosa em uma sociedade em que a visibilidade religiosa é quase sempre polêmica e conflituosa. 3)Título: Interação e interatividade no discurso religioso: uma análise do uso de tecnologias digitais na perspectiva dialógica de Mikhail BakhtinNome: Rogério Tiago MiguelTitulação: EspecialistaInstituição: Faculdade Unida de Vitória Resumo: O uso do de tecnologias digitais se estabelece como um potencial que extrapo-la as limitações clássicas do sistema de comunicação, reconfigurando a tríade emissor-receptor-mensagem, em um novo paradigma comunicacional que abre espaços para novos significados na relação entre os sujeitos. Este novo paradig-ma permite que no processo de comunicação, o emissor e o receptor interajam e estabeleçam um diálogo que possibilita e permite interferências. Diante des-te novo paradigma, percebe-se uma necessidade de reconfiguração do modelo comunicacional existente nas estruturas religiosas. Esta comunicação preten-de encontrar caminhos que justifiquem como as tecnologias digitais podem ser aliadas à práticas religiosas e a partir das propostas de Mikhail Bakhtin fornecer bases que justifiquem a interação entre o emissor e receptor no uso das tecno-logias como uma nova forma de usar a linguagem. Esta proposta interativa se justifica a partir do momento em que ao usar as tecnologias digitais o enuncia-dor penetra no universo da interatividade e o receptor, em sua prática religiosa (missas, cultos, orações, rezas, consultas mediúnicas, meditações) passa a ser um ator ativo deixando para trás a proposta de ser apenas um receptor passi-vo. Por isso diante deste cenário tecnológico dentro do universo religioso serão abordadas algumas formas pelas quais estes recursos servem às religiões por exemplo, quando o muçulmano pode ouvir uma chamada digital para fazer suas orações diárias (iPrayer), o cristão pode acessar uma bíblia tanto em ambiente off-line quanto no ambiente online e encontrar toda informação bíblica procu-rada (esword) e Judeus podem disponibilizar cursos ensinando o hebraico na Twebrow school do site @jewishtweets. Todos estes exemplos serão a base e a justificativa do um novo modelo religioso baseado na interação via tecnologias digitais como uma nova forma de usar a linguagem. E, em Bakhtin se encontra a sustentação teórica da proposta de interação e interatividade no discurso religioso. Palavras chaves: Discurso, religioso, tecnologias. 4)Título: Os escritos de D. Luciano Mendes de Almeida como relatos de testemu-nho

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Nome: Virgínia Albuquerque de Castro BuarqueTitulação: Pós-doutor(a)Instituição: UFOP Resumo: Dom Luciano Mendes de Almeida, bispo-auxiliar de São Paulo (1976-1988) e ar-cebispo de Mariana (1988-2006), secretário e presidente da CNBB (1979-2005), além de vice-presidente do CELAM (1995-1999), muito escreveu ao longo de seus 76 anos de vida. Além dos anos ininterruptos de redação para Folha de São Pau-lo, este prelado foi um grande incentivador do Comunicado Mensal, publicação da CNBB com notícias da Igreja no mundo e no Brasil, além de contribuir com inúmeros outros periódicos. Através desses textos, Dom Luciano compartilhava seu entendimento acerca das expectativas e dos dilemas humanos vivenciados na história, em diálogo com os posicionamentos e os projetos da Igreja. Esta comunicação defende a hipótese de que os escritos de D. Luciano, sobretudo aqueles de perfil autobiográfico, assumem contornos de um relato testemunhal, com base numa tríade de elementos, que atualmente vêm sendo destacados pela crítica literária e pela teologia como configuradores dessa modalidade dis-cursiva: 1) a remissão a uma experiência de perda e a busca em dotá-la de sen-tido mediante sua enunciação; 2) a indissociabilidade dessa experiência (ainda que passada e, portanto, ressignificada através das memórias) e questões can-dentes do tempo presente; 3) o caráter dialogal, de mútua afetação, entre as vozes que relatam a experiência e os demais sujeitos atingidos ou sensibilizados por ela. Palavras-chave: Dom Luciano. Escritos. Testemunho. 5)Título: Padre Vieira e a exegese dialógica: Santo Antônio e cultura popular na sermonística do catolicismo carnavalizadoNome: Ana Clara Magalhães de MedeirosTitulação: Doutorando(a)Instituição: UnB Resumo: É sabido que o filósofo da linguagem Mikhail Bakhtin cunhou, em seus estudos da Cultura Popular e de Estética da Criação Verbal o conceito de catolicismo car-navalizado. O termo vincula as expressões da cultura popular às manifestações religiosas festivas ou litúrgicas da Igreja – a partir da imagem de São Francisco. Munidos desta ferramenta conceitual, analisaremos a figura de um dos santos de maior devoção popular e imagética carnavalizada da cultura luso-brasileira: Santo António – para quem Vieira dedicou nove sermões. Nesta ponte dialógica entre a teoria do discurso religioso de um pensador proveniente da tradição ortodoxa russa e a alegria espiritual reverberada em ações performáticas sacro--profanas de um franciscano convertido, destacamos a palavra exegética e dia-lógica de um ícone do catolicismo luso-brasileiro: padre António Vieira. Seu ser-mão de Santo António aos peixes – em que se dirige ironicamente aos peixes -,

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o pregador adere às práticas carnavalizadas do Santo homônimo. Jogo dialógico que aciona, ainda, outro sermão dedicado ao frade menor: o Sermão de Santo António pregado em Roma, que evidencia a iluminação do português santificado em contraste com o pernicioso clérigo lusitano que, via Inquisição, limitava a atuação sacerdotal de Vieira em território português. Assim, formula-se análise literária que parte da semonística vieiriana para, à luz dos conceitos de Bakhtin, deflagrar os índices carnavalizados da presença de Santo António na cultura po-pular católica luso-brasileira. O seu advérbio da cristandade evoca uma mística marcada pelo frescor popular, o amor humano e a fraternidade entre todas as criaturas divinas. Palavras-chave: Padre Vieira. Cultura popular. Sermões. Santo Antônio. 6)Título: Religião e espaço público: ‹ cronotopo » e ‹ liminaridade » ritualNome: Ângelo Manuel dos Santos CarditaTitulação: Pós-doutor(a)Instituição: Faculté de Théologie et de Sciences Religieuses - Université LavalResumo: A possibilidade de uma identidade completa entre uma religião e o espaço pú-blico apareceu com o cristianismo, enquanto religião que abandonou os crité-rios de identificação tribais, para se definir como universal. O uso polÍtico de uma tal possibilidade não tardou, dando origem ao projeto da « cristandade ». A questão que se deve colocar diante deste « deslize » da abertura inicial da fé cristã a toda a lÍngua, povo e nação, num projeto social hegemônico, é a seguinte : como manter a universalidade da fé sem a transformar num fator social alienante? É preciso sublinhar que a mesma questão é colocada também pela secularização – externa e interna – nas sociedades ocidentais. Diante desta situação, a alternativa parece ser: ou se refugiar na privacidade das escolhas individuais e das pequenas comunidades afetivas ou embarcar em grandes pro-jetos evangelizadores de restauração de uma presença perdida. Neste contex-to, a nossa comunicação se concentrará sobre a resposta alternativa, articulada pela « liminaridade » ritual, ou seja, pela dialéctica entre o « dentro » e o « fora », o « antes » e o « depois » do rito. O tema será abordado construindo uma ponte de diálogo entre as perspectivas antropológicas sobre as passagens rituais (van Gennep, V. Turner, Gluckman) e a ideia bakhtiniana do « cronotopo », com o objetivo de projetar uma luz nova sobre a forma de pensar a religião no espaço público. Palavras-chave: Religião. Espaço público. Dialética. 7)Título: Religião e mercado: a dinâmica do discurso de mercado presente nas homilias do culto “Nação dos vencedores”Nome: Maristela Valéria da SilvaTitulação: Mestre(a)Instituição: PUC Minas

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Resumo: Na atual conjuntura social em que na maioria das vezes o “ter” sobressai ao “ser”, o sistema capitalista vive o seu apogeu e o mercado assume diversas características de instituição sagrada. Estamos vivenciando, uma espécie de di-vinização de uma instituição humana, o mercado, que tem como mola o indivi-dualismo e a realização desejos humanos. Analisamos nesta comunicação, como os discursos das esferas religiosa e de mercado se articulam linguisticamente no comum acordo de justificar, sem constrangimento, a ideia de que uma vida repleta de signos terrenos corporificado no enriquecimento financeiro e no con-sumismo seja a resposta de um ideal de felicidade. Assim, pois, este trabalho se desenvolve na arena do debate entre religião e mercado. Verificamos nas diver-sas formas de linguagens do culto “Nação dos Vencedores” da Igreja Universal do Reino de Deus a IURD, o quanto a teologia da prosperidade, estimula enri-quecimento individual alimentando o afã da realização dos desejos humanos. Observamos que o principal articulador persuasivo desta teologia e a conjunção entre um ethos religioso e um ethos de mercado. P alavras-chave: Discurso. Religião. Mercado. Ethos. 8)Título: Religiosidade e espaço geográficoNome: Tarcísio Justino LoroTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC SP Resumo: Tem sido grande o esforço dos geógrafos que buscam o diálogo interdisciplinar. Existem dificuldades como em qualquer campo científico. Neste caso, oriundas da tradição positivista e da visão marxista do espaço e da forte tendência ecoló-gica, apesar disso, a busca de diálogo continua. Esses obstáculos têm dificultado a desejada afirmação da geografia como ciência social. As tendências de uma geografia humanista nesses últimos anos estão reafirmando esse diálogo. É neste contexto de abertura e de “crise” diante das questões da sociedade, que a geo-grafia começa a se interessar cada vez mais, pela manifestação da religiosidade ou da religião na produção do espaço geográfico. Desta forma, paulatinamente, a linguagem teológica ou as expressões religiosas passam a fazer parte do estu-do geográfico, como ideologia ou como instituição, ou como um fenômeno que produz, cria e renova o espaço social. De um lado a reflexão teológica e de ou-tro a geografia humanista. Aparentemente são dois campos que não apresentam congruências, ou pontos de intersecção. Por outro lado, desejamos refletir e mostrar o quanto estes dois conhecimentos geografia e teologia podem se asso-ciar na organização do espaço social. Partimos do pressuposto suficientemente explorado de que o espaço social é produzido a partir de diversos interesses, dentre eles, econômico, político, esportivo, educacional e cultural. E também religioso? Neste encontramos também, sem dúvida, além dos mesmos interes-ses, o específico da religiosidade. Um dos aspectos mais relevantes do período

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atual vivido pela Geografia Humanista é o progressivo envolvimento e interesse de uma parcela significativa de geógrafos no esforço de aprofundar o processo de sua renovação teórica e de afirmá-la como ciência social moderna, incluindo o estudo das mais diversas manifestações da religiosidade. Em outros termos, a Geografia passa por um momento histórico de grande busca de identificação no conjunto das ciências sociais. Esta busca tem sido marcada, em boa parte, por uma grande abertura dos geógrafos à investigação teórico-metodológica, in-fluenciada pelo positivismo, entre a geografia e as demais ciências. A geografia e a religião são duas práticas sociais. O ser humano sempre refletiu a geografia como vivência do lugar, ainda que de forma descritiva, como também, a reli-gião sempre fez parte integrante da vida do ser humano por meio da busca de sentido do seu fazer, manifestada pelas inúmeras questões que se colocam em toda a história da humanidade sobre a sua própria existência. De outro lado, a experiência religiosa dos indivíduos ou grupos representa ponto central em várias ciências humanísticas. Palavras-chave: Religiosidade. Espaço. Geografia. Sagrado. Teologia. 9)Título: Santuário virtual de Aparecida: comunicar a fé em tempos de redeNome: Flávio Campos FerreiraTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Minas Resumo: Nota-se atualmente que igrejas e comunidades religiosas descobrem a internet como um meio de comunicação indispensável. Criam páginas e redes virtuais, oferecem assistência e oração online, aconselhamento religioso. Em seus sites, os fieis podem se informar e entrar em contato com outros fiéis, escrever co-mentários, acender velas e participar da missa sem precisar sair de casa. Neste sentido, interessa-nos apresentar o quão relevante tem sido a experiência do Santuário Nacional de Aparecida, importante centro de evangelização para a Igreja no Brasil, de comunicar a fé também através da internet. Há sinais e linguagens novas, mudanças que sugerem outros caminhos para o anúncio e a vivência da fé cristã. Propõe-se estudar a relação histórica e a importância com-preendida pela Igreja Católica e os meios de Comunicação Social; caracterizar a relação entre a perspectiva tradicional de vivência da fé católica e a perspec-tiva cibernética da experiência religiosa católica e; uma análise da linguagem e dos serviços oferecidos pelo Santuário Virtual de Aparecida (SP) - enquanto lugar de experiência e estilo que representam uma nova forma de ser religioso. Discorre-se, a partir daí, a hipótese do surgimento de um sujeito e de uma co-munidade que também deseja rezar na rede. Palavras-chave: Catolicismo. Comunicação. Internet. Linguagem. 10)Título: Tanatografia em Padre Vieira: morte, prosa e parenética no hífen luso-

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-brasileiroNome: Augusto Rodrigues da Silva JuniorTitulação: Doutor(a)Instituição: UnB Resumo: O objetivo deste trabalho é analisar a parenética tanatográfica de Padre António Vieira visando, além do elemento essencial (monologismo), o enfoque estético e o elemento performativo. Sua “oratória fúnebre”, a partir de uma estética da criação verbal, conjuga as memórias estética, histórica e eterna (Bakhtin). Três temas predominam em seus escritos: Deus, morte e (fazer) cotidiano. Nas exéquias populares de condenados à forca (“Sermão ao enterro dos ossos dos enforcados”; 1637) e nos sermões para nobres moribundos (Exéquias do Infante de Portugal [1649], do Príncipe D. Teodósio [1653], da Rainha D. Maria F. Isabel de Sabóia [1684]), encontramos uma força autoral dividida entre a enuncia-ção num mundo de fronteiras e a recepção de uma obra completa e definitiva – lançada somente entre 2013-2015 (Portugal-Brasil). Sua escritaria avulta no âmbito do hífen luso-brasileiro, perante um Ocidente (imperialista) formado por dois Mundos (Velho e Novo). É inegável sua destreza com a linguagem, com a filosofia pagã e com os atos de tornar o dogmático dialógico e o Verbo divino em advérbio sermonístico da cristandade. O auto-informe-confissão (Bakhtin) permite analisar questões importantes para a tanatografia: a ascensão do indi-vidualismo, os apocalipses individuais e a morte coletiva no corpo da multidão. Considerando o momento político-histórico de sua autoria o consideramos como o primeiro grande ideólogo da Língua Portuguesa. Sua prosaística – parenética, epistolografia, profética e vária –, somada às relações de vocalidade, permite compreender o espaço público luso-brasileiro do Século XVII e evoca ecos de uma memória do futuro inacabada e autoconsciente. Palavras-chave: Tanatografia. Padre Vieira. Morte. Homilia.

11)Título: O Livro de Ester: análise do livro a partir da teoria da enunciação e sua contribuição para compreensão da históriaNome: João Carlos Domingues dos Santos RodriguesTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC PR

Resumo:Um primeiro pressuposto é de que a linguagem não é neutra, e quando a uti-lizamos ela vem marcada pelas influências que recebemos e pela perspectiva de como o outro irá receber esta nossa mensagem. As Sagradas Escrituras não são diferentes, quando os autores sagrados compuseram suas obras, elas fo-ram marcadas pelo contexto em que viviam e pelo possível leitor que teriam. Outro pressuposto é de que, diferentemente do que alguns afirmam, não há incompatibilidade entre a ação da fé e das ciências quando ambas buscam a

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verdade. Em nosso trabalho, se buscou promover uma aproximação entre a Te-oria da Enunciação, de Mikhail Bakhtin (nosso objeto formal), e os estudos das Sagradas Escrituras, aplicando-o em uma maior compreensão do Livro de Ester (nosso objeto material). Nossa opção pela Teoria da Enunciação se deu pelo fato de que esta teoria não somente trabalha com o autor (enunciador) e o leitor (destinatário) imediato do texto (enunciado), mas a valoriza também o leitor (destinatário) atual e suas peculiaridades, nesta busca de interpretar a mensa-gem (enunciação) do texto (enunciado). O Livro de Ester não surge como mero pretexto para aplicação da Teoria da Enunciação, mas devido a não ser um dos textos bíblicos mais estudados; e a possibilidade de diálogo com várias temáti-cas atuais, como: o reto uso do poder; o papel social da mulher; as minorias; a compreensão da atuação de Deus por meio de intermediários (mensageiros). Os resultados obtidos de tal aproximação podem contribuir para que não haja uma dogmatização do texto e da relação histórica entre autor (enunciador) e texto (enunciado), limitando toda possibilidade de interpretação a ela. Seu auxílio está em demonstrar como a Palavra de Deus ainda continua viva, e comunicando (produzindo enunciação) nos nossos dias, sendo relevante também o homem de hoje.

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FT 1: Religião, ecologia e cidadania planetária

Coordenadores:Dr. Afonso Murad - FAJEDr. Luis Carlos Susin - PUC RSDr. José Carlos Aguiar de Souza ISTA/PUC MinasDr. Pedro A. Ribeiro de Oliveira - PUC Minas

Ementa: O GT “Religião, ecologia e cidadania planetária” visa discutir questões teóricas e experiências relevantes na relação entre Religião, cuidado com a Ter-ra e superação do antropocentrismo, dando continuidade ao trabalho realizado desde 2011. Serão aceitas comunicações que (1) abordem problemas teóricos envolvidos no debate atual da Teologia e das Ciências da Religião, (2) analisem experiências de formação da consciência ecológica/planetária, (3) apresentem dados de pesquisa empírica sobre o assunto, (4) reflitam sobre as imagens de Deus e a espiritualidade que afloram de práticas em favor da sustentabilidade e do Bem-Viver. O GT será realizado juntamente com o seminário dos grupos de pesquisa “Modernidade, Religião e Ecologia” e “Ecoteologia”. Pede-se aos par-ticipantes do GT que estejam presentes durante todo o tempo, para enriquecer a discussão dos temas e promover a elaboração coletiva do conhecimento.

1)Título: “O orgasmo cósmico”: narrativa sagrada da Criação e preservação da terra.Autoria: Amarildo Fernando de AlmeidaTitulação: Mestre(a)Instituição: PUC Minas

Resumo:Para os candomblecistas “O orgasmo cósmico” é a narrativa sagrada da partici-pação dos orixás, dos seus elementos de domínio e das suas respectivas cores na criação e preservação da Terra. Para tanto, cada orixá representa um dos qua-tros elementos da natureza: ar, fogo, terra e água. Quatro elementos essenciais para a vida na terra representados pela a sua cor ou cores, pelo seu espaço e pela sua comida. A cor branca está associada à criação mítica dos tempos pri-mordiais, ao equilíbrio. O branco é a cor de Oxalá. A água e o ar são os elemen-tos que ele representa. A junção do branco mais uma cor forte, forma as cores claras (termo médio). Todas as cores claras estão relacionadas com a criação e geração de filhos. As cores fortes representam o dinamismo e a continuidade de vida na terra, elas representam a terra e o fogo. E ainda a classificação dos orixás no espaço: direita, Oxalá (pai); direita/esquerda, Exu e Ogum; esquerda, mães e filhos. E existem basicamente três categorias de sabores: refrescante (ar), intermediário (água), quente (fogo e terra).

Palavras-chave: Candomblé. Orgasmo Cósmico. Criação.

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2)Título: A revolução epistêmica da modernidade e a crise ecológica contempo-râneaNome: José Carlos Aguiar de SouzaTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC Minas/ISTAInstituição Financiadora: Sociedade Mineira de Cultura

Resumo:A nossa comunicação busca uma reflexão eminentemente filosófica sobre as ra-ízes modernas da crise ecológica contemporânea. A revolução epistêmica car-tesiana definiu o ser humano como res cogitans em oposição à natureza, que foi definida como mera res extensa. A relação entre a realidade do cogitare e o mundo foi vista em termos de domínio e senhorio. Em outras palavras o ser humano é no entender de Descartes: maître et possesseur de la nature. A nossa comunicação busca discutir os alcances e conseqüências de tal concepção da natureza totalmente submetida aos ideais da razão instrumental. A revolução epistêmica cartesiana juntamente com as revoluções científica e tecnológica empreenderam um projeto de matematização e quantificação da natureza, podendo ser entendidas como o ponto inicial ou raiz da crise ecológica que experimentamos na contemporaneidade. Como contrapartida à racionalidade cartesiana instrumental utilizaremos a crítica feita pelo pensamento metaxoló-gico de William Desmond que concebe um tipo de soberania da razão entendida como serviço agápico à alteridade da natureza.

Palavras-chave: Cogito, crise ecológica, tecnologia, ciência, metaxologia.

3)Título: Ecopedagogia: o cuidado pelo humano, pelo ambiente e pelo planeta em Leonardo BoffNome: Getúlio Antonio BertelliTitulação: Pós-doutor(a)Instituição: PUC Rio

Resumo:A presente proposta de comunicação ao FT 1 tem como tem a: “Ecopedagogia: O cuidado pelo humano, pelo ambiente e pelo planeta em Leonardo Boff”. O tema está na agenda da igreja e do mundo de hoje, como mostra a futura Conferência de Paris sobre o Clima em dezembro de 2015, e a esperada Encíclica do Papa Francisco sobre Ecologia. Nesta se evidencia que cuidar do planeta, dos pobres e do ambiente forma uma unidade indissolúvel. Entendemos com Boff que o cuidado passa pela ecopedagogia. Ele se pergunta: Como organizar o processo educativo a partir do cuidado para construir outro mundo possível? A crise eco-lógica é também uma crise de educação, e foi provocada pelo neoliberalismo. A ecopedagogia, sendo libertadora, pode nos reensinar a gramática da natureza e da sociedade (BOFF, L., 2012, p. 238ss).

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Palavras-chave: Leonardo Boff, cuidado, ecopedagogia.

4)Título: Ética, alimentação e meio-ambienteNome: Reginaldo José HortaTitulação: Mestrando(a)Instituição: ISTA / FAJE

Resumo:Os problemas gerados pelo nosso atual modo de vida ocupam hoje todos aque-les que procuram refletir seriamente sobre os rumos de nossas sociedades con-temporâneas e nos desafiam a pensar ações práticas que possam, ao menos, minimizar os impactos de nossa atuação predadora sobre o meio ambiente. No contexto desta discussão, um elemento que não recebe a merecida atenção é a nossa alimentação. Este nosso hábito natural/cultural cotidiano, longe de ser estranho a este debate, é parte fundamental nele, uma vez que se trata de uma prática que possui implicações éticas importantes, pois tanto envolve o sofri-mento e o sacrifício de milhões de animais não-humanos todos os anos quanto resulta em alguns dos mais sérios problemas que a humanidade enfrenta neste limiar do século XXI, como a fome, a escassez dos recursos hídricos e o desmata-mento florestal. Nosso intuito é, pois, oferecer alguns subsídios para a reflexão acerca destes problemas, dando especial ênfase ao que podemos chamar de implicações ético-ambientais de nossos hábitos alimentares.

Palavras-chave: Ética. Alimentação. Meio-ambiente. Desmatamento. Animais.

5)Título: Notas sobre saneamento e o uso consciente da águaNome: Douglas Jorge ArãoTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC Minas

Resumo:A crise hídrica que vivemos tem-se revelado uma circunstancia complexa que envolve a sociedade como um todo, empresas, escolas, famílias e cada cíngulo cidadão. A educação e conscientização são importantes, mas é imprescindível uma nova cultura, uma nova mulher e um novo homem, novas relações entre as pessoas e as coisas, entre os seres e a Terra. Novas políticas e ações afirmativas no confronto com o ambiente natural que torna-se, verdadeiramente fonte de “valores selvagens” como alguns estudiosos chegam a afirmar. Que valores são estes? Em uma definição formal, e não conceitual, valores que se colocam em pé de igualdade entre virtude e capacidade de engajar-se como parte do am-biente. Esta consciência foi alienada de muitas formas ao longo da história, hoje o é por uma cultura consumista que coloca o ser humano como “consumidor” do meio ambiente e de seus “valores”. Como as companhias de saneamento lidam com a necessidade mais urgente de mudar mentalidades e valores? Como são pensadas suas intervenções enquanto contribuição para um mundo mais

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sustentável? Em uma pesquisa feita junto ao staff da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), pode-se perceber uma necessária mudança de olhar. Será que ela é adequada?

Palavras-chave: Crise hídrica. Saneamento. Uso consciente.

6)Título: Os fundamentos e missão da pastoral do meio ambienteNome: Ulysses Gusman JúniorTitulação: Mestre(a)Instituição: Centro Universitário Claretiano

Resumo:O Documento Conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-America-no e do Caribe apresenta-nos a necessidade do cuidado com a criação, lembran-do que a criação é manifestação do amor providente de Deus. Diante dos graves problemas ambientais existentes no planeta Terra e atendendo a recomendação da CELAM vem a pergunta: como evangelizar para que os povos descubram o dom da criação? O Documento nº 94 da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil apresenta uma metodologia para a realização do planejamento pas-toral, onde observamos a importância de conhecer a realidade onde estamos inseridos. Uma fonte importante a ser conhecida é o relatório final da pesquisa intitulada “O que pensa o brasileiro sobre o meio ambiente e do consumo sus-tentável” realizada pelo Ministério do Meio Ambiente. Assim, a formação de grupos da Pastoral do Meio Ambiente deve basear-se na Bíblia Sagrada, na Dou-trina Social da Igreja, além do conhecimento da população, evitando pensar que resolverão todos os problemas ambientais, mas que se faz necessário “pensar globalmente e agir localmente”. Por fim, poderemos dizer que como discípulos de Jesus Cristo ainda transmitimos as suas palavras: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância” (Jo 10,10).

Palavras-chave: pastoral, meio ambiente, fé, CNBB, CELAM.

7)Título: Práxis ambiental em Gênesis 1.26-31; 2.5-8Nome: Stélio João RodriguesTitulação: Doutor(a)Instituição: Faculdades EST; Faculdade SENAI

Resumo:Entender o relacionamento de Deus criador com a sua criação é um processo desafiador que nos impulsiona à uma aproximação com Nesta perspectiva, quais os princípios ambientais estão que se encontra em Gênesis 1.26-31 e 2.5-8? São objetivos: destacar pontos de analogia entre meio ambiente e os textos bíblicos de Gênesis: analisar os princípios ambientais e sua relação com Gênesis 1.26-31 e 2.5-8. A pesquisa se desenvolve buscando relacionar diferentes autores que descrevem sobre o tema da pesquisa. A questão ambiental vai além do cuidado

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com a Criação, é importante que se estabeleça uma nova práxis de responsa-bilidade entre os indivíduos e uma reestruturação da sociedade voltada para a humanização do ser humano. Os textos mostraram que o pecado traz o afas-tamento do homem da presença de Deus e consequentemente a depredação e devastação do meio ambiente, contrariando a ordem dada pelo Criador de ter o domínio sobre a criação, de forma responsável voltando os olhos para o Criador.

Palavras-chave: Mandato cultural. Ecologia. Gênesis. Criador.

8)Título: Princípios básicos da justiça ecológica. Diálogo com Jorge RiechmannNome: Afonso MuradTitulação: Doutor(a)Instituição: FAJE

Resumo:Jorge Riechmann é professor de filosofia moral na Universidade de Barcelona. Pouco conhecido no Brasil, apresenta uma obra digna de reflexão, na qual ar-ticula o pensamento filosófico contemporâneo com a ecologia e os movimentos sociais. Dentre suas obras, destaca-se a “trilogia da autocontenção”, na qual se delineiam importantes perspectivas para a sustentabilidade. Tomaremos parte de sua obra, aquela dedicada ao tema da justiça ecológica, para estabelecer um diálogo com a ecoteologia. Veremos os pontos comuns e mostraremos a contri-buição específica da teologia cristã para a justiça ecológica.

Palavras-chave: Justiça ecológica. Ecoteologia. Jorge Riechmann.

9)Título: Ecoteologia messiânica e crítica à dinâmica consumista do mundo mo-dernoNome: Andrea Gomes Santiago Tomita; Naohito MiuraTitulação: Doutor(a)Instituição: Faculdade Messiânica

Resumo: Esta comunicação pretende refletir sobre o conceito de fé = vida cotidiana (????? shinko soku seikatsu, em japonês) e seus desdobramentos para a constituição de pressupostos de uma ecoteologia messiânica, sobretudo, como possibilidade de crítica à dinâmica consumista da sociedade moderna. Conforme Meishu-Sa-ma, fundador da religião messiânica, o ser humano é um poço de saúde com capacidade de recuperação natural mas que adoece porque contraria as Leis da Grande Natureza e se torna refém dos medicamentos. Sua proposta de saúde fundamentada na alimentação natural, na apreciação e prática de atividades artísticas e na purificação do espírito e corpo por meio da Luz Divina (??Johrei, em japonês) apontam para uma visão diferenciada de tempo, espaço e relações de harmonia entre ser humano-sociedade- natureza. Palavras-chave: religião messiânica, ecoteologia, saúde, alimentação natural, consumismo.

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FT 2: Interculturalidade e justiça Coordenadores:Dr. Ênio José da Costa Brito - PUC SPDr. Roberto Ervino Zwetsch - ESTMs. Selenir Corrêa Gonçalves Kronbauer - EST

Ementa: As manifestações religiosas contemporâneas tomaram o espaço público de maneiras inusitadas e contundentes, seja no Brasil ou no mundo. Compreen-der este fenômeno num mundo secularizado e globalizado torna-se um desafio exigente para as ciências da religião e a teologia contemporâneas. Este Fórum Temático se propõe a analisar e a discutir o tema a partir da perspectiva da interculturalidade, das diferenças culturais que emergem num mundo cada vez mais plural, complexo e desigual para com as minorias étnicas, os grupos subal-ternos ou oprimidos por questões de gênero, etnia, religião, classe ou outras ca-tegorias de diferenciação social. A perspectiva intercultural e a formulação de uma epistemologia do sul, em chave pós-colonial, podem oferecer aos estudos socioculturais e religiosos uma contribuição singular e relevante para uma com-preensão mais aprofundada dos dilemas das sociedades atuais e também pistas para ações práticas em direção a uma sociedade mais solidária e democrática, abrindo caminho para uma paz duradoura alicerçada na justiça e na equidade.Palavras chave: Interculturalidade; epistemologia pós-colonial; espaço público; religião, justiça.

1)Título: Ausência e silenciamento dos indígenas no cenário urbano: os tupiniquim em Aracruz – ESNome: David Mesquiati de OliveiraTitulação: Doutor(a)Instituição: Faculdade Unida de Vitória (UNIDA)

Resumo:Aracruz é o único município dos 78 do Estado do Espírito Santo que possui Ter-ras Indígenas (TIs) regulamentadas. Duas etnias povoam atualmente a região: Tupiniquim e Guarani. Estão distribuídos em nove aldeias, sendo quatro Guarani e cinco Tupiniquim. Os primeiros mantêm a língua, a religião, o artesanato e as manifestações culturais, de forma reservada – estratégia de sobrevivência por meio da separação dos não indígenas, busca isolar-se para manter a cultura. Ao contrário desses, os Tupiniquim adotaram a estratégia da aproximação e da interação. Lamentavelmente, como resultado do encontro assimétrico com o colonizador, muitos traços da cultura sua da espiritualidade Tupiniquim desapa-receram. Ainda assim, mantiveram a identidade indígena. Contudo, ambos os grupos passam despercebidos na paisagem urbana, sendo “lembrados” apenas em uma semana do mês de abril, quando as pessoas recobram a curta memória histórica – apesar de, na verdade, ser mais uma busca por exotismo ou turismo cultural por força de datas comemorativas. Como os Tupiniquim mantiveram sua identidade e memória? Como fortalecer relações interculturais que possibi-litem permanecer Tupiniquim, brasileiro e sujeito de sua própria história? Essas

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são algumas questões que motivaram essa pesquisa bibliográfica. Trabalhamos a relação dos povos a partir da interculturalidade proposta por Raúl Fornet-Be-tancourt, que defende que também as culturas indígenas podem ser sujeitos em igualdade de condições e direitos de interação com as demais culturas. O texto reflete sobre a ausência dos sinais dessas culturas na cidade e levanta algumas questões para romper com esse silenciamento vigente.

Palavras-chave: Ausência. Silenciamento. Indígenas. Cenário Urbano.

2)Título: Bioética e os direitos da pessoa humana no contexto hospitalarNome: Rafael Souza RodriguesTitulação: Mestre(a)Instituição: Faculdades EST

Resumo:A comunicação pretende discutir a relação entre bioética e os direitos da pes-soa humana no contexto hospitalar, a partir de uma visão interdisciplinar. Busca refletir sobre alguns aspectos teológicos, psicológicos, filosóficos e sociais da dignidade humana que devem ser preservados face aos processos terapeuticos/curativos de um ambiente hospitalar. Analisa o papel dos profissionais de saúde para uma assistencia humanizada que respeita certos limites éticos, e considera o paciente como o protagonista da sua saúde. Ao final, apresenta algumas con-tribuições da capelania hospitalar para uma bioética do cuidado.

Palavras-chave: Bioética. Direitos humanos. Capelania hospitalar.

3)Título: Bioética e religiões a partir dos estudos de Diego Gracia e Juan Masiá. Uma questão de justiça?Nome: Jorge Luiz Gray GomesTitulação: Mestre(a)Instituição: FAJEInstituição Financiadora: FAPEMIG

Resumo:Diante dos avanços bioéticos sobre vida e morte, transplantes, genoma humano, e das ciências de maneira geral, as religiões tiveram uma atitude de perplexi-dade e com reações inicialmente contrárias a todo avanço. Masiá se questiona diante das posições e estudos sobre a bioética das religiões: se seriam para re-forçar a ortodoxia ou realmente a defesa da vida. Há uma ambivalência entre religiões e bioética frente aos novos procedimentos biotecnicocientífico, o que poderia ser evitado se ambas não se excluíssem das contribuições aos novos desafios. Para Masiá, a experiência bioética da responsabilidade ou na respon-sabilidade traz uma maior facilidade no diálogo com outras ciências, inclusive a teologia. Assim como a abertura das religiões aos avanços científicos também ajudam neste intento. A ambivalência entre bioética e religiões se transformam em diálogo, o “ódio teológico” e o “anti-ódio”, “o dogmatismo teológico e fun-

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damentalista” e o “cientificismo reducionista e positivista” cessam com a aber-tura e o diálogo. Assim, as religiões contribuem com seus valores para a bioética e a bioética soma-se ao diálogo interreligioso com estudos sobre o “sentido da vida e da morte, da dor, da saúde, da enfermidade etc.” No debate teológico, Gracia fala-nos da importância dos teólogos para o nascimento da bioética e afirma que os tratados de Teologia Moral apresentavam um sistema de deve-res, obrigações e proibições, mas com Bernard Häring, teólogo católico alemão (1912-1998), com a publicação do livro “A Lei de Cristo”, em 1954, a teologia moral passou a ser ordenada por virtudes e não por preceitos.

Palavras-chave: Bioética. Religiões. Transdisciplinaridade. Justiça.

4)Título: Corpos Negros, corpos descoloniais: a dança da memóriaNome: Marcos Vinicius de Souza VerdugoTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC SP

Resumo:O artigo pretende-se a uma discussão inicial sobre um possível corpo descolonial presente em uma das modalidades das danças afro-brasileiras, a dança dos ori-xás, a partir de diferentes registros dos escritos de Aimé Césaire, Frantz Fanon e Maria Antonieta Antonacci. Para isso, trabalha com especial atenção a dimensão do corpo, presente nos escritos e projetos críticos desses autores. O corpo é o ponto a partir do qual esses pensadores elaboram uma crítica da representação. A proposta geral é descrever um conjunto de operações presente nas “memórias ancoradas em corpos negros”, que denominamos descoloniais, no que diz res-peito ao campo da história das ideias.

Palavras-Chave: Corpo negro. Dança. Memória.

5)Título: Devoção e fé: a junção de culturas religiosas no processo devocional popular de Santa Raimunda do Bom Sucesso na tríplice fronteira Brasil, Bolívia e Peru.Nome: Francisco Pinheiro de AssisTitulação: Doutor(a)Instituição: Universidade Federal do AcreInstituição Financiadora: Universidade federal do Acre – UFAC

Resumo:O presente trabalho analisa a trajetória devocional de homens e mulheres do vale do rio Acre e de regiões fronteiriças do Brasil, Bolívia e Peru. Os devotos populares ao longo de várias décadas, encontraram sentido para suas vidas e resoluções dos problemas cotidianos na devoção popular, cultuando santos, al-mas milagrosas, santas cruzes e locais considerados “santos”. De acordo com o trabalho a existência dos santos populares presentes na floresta amazônica

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deve-se as reinterpretações da religião Católica no cotidiano da floresta. Quem são os devotos populares do vale do rio Acre? Os devotos são seringueiros, ex-se-ringueiros, trabalhadores rurais, moradores dos bairros periféricos de Rio Bran-co, bolivianos e peruanos. Na expressão popular da fé existe o culto aos santos populares e o culto às almas milagrosas presente em todo vale do rio Acre. Um dos propósitos deste estudo é investigar transnacionalidade da devoção popular de Santa Raimunda do Bom Sucesso na fronteira da Bolívia e do Peru. Foi e ain-da é a devoção popular uma maneira encontrada pelos devotos para dinamizar suas vidas nas colocações de seringa na floresta ou em regiões urbanizadas. A devoção de Santa Raimunda emergiu a partir de uma longa vivência devocional, no catolicismo popular, ao inserirem numa nova conjuntura, não demoraram muito para criar seus próprios santos. Na devoção de Santa Raimunda do Bom Sucesso reuni devotos de várias nacionalidades peruanos, bolivianos e brasilei-ros irmanam-se através da fé. E é perceptível que na devoção popular de Santa Raimunda do Bom Sucesso idiomas e culturas diferentes não é obstáculos na socialização religiosa e sim uma maneira de irmanarem-se no culto popular de Santa Raimunda.

Palavras-chave: Devoção, fronteira, dignificar a vida e fé.

6)Título: Direitos humanos, justiça e religião da perspectiva interculturalNome: Roberto Ervino SwetschTitulação: Doutor(a)Instituição: Escola Superior de Teologia - Faculdades EST

Resumo:A comunicação visa a debater a atualidade da questão diantes da crise institu-cional no país e a crescente violência que implica no desrespeito aos direitos humanos, aqui entendidos como direitos fundamentais. Procura apontar para os desafios que a reflexão teológica enfrenta ao deparar-se com propostas conser-vadoras de setores religiosos que defendem retrocessos nas conquistas demo-cráticas das últimas décadas (redução da maioridade penal, questionamentos dos direitos de pessoas homoafetivas, precarização das relações trabalhistas entre outros).

Palavras-chave: Direitos humanos. Justiça. Religião. Intercultural

7)Título: Guerra entre Deus e o diabo: na Cidade MaravilhosaNome: Sandra Aparecida Gurgel VergneTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC SP

Resumo:O Estado do Rio de Janeiro tem assistido a um momento de transformação social profunda, em um momento em que os olhos do mundo se voltam mais uma vez

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para seu cenário, palco de grandes eventos internacionais. Ao mesmo tempo em que tem sido laboratório de uma nova política de segurança, através das Unidades de Polícia Pacificadora, é o berço religioso das grandes denominações neopentecostais. Estado e igreja, esperança e morte, ruptura e homogeneiza-ção, tensionam-se em seu cotidiano de um ensino religioso confessional. E neste processo prático de bricolagem, gerar um movimento de deslocamento do lugar negativo para o afirmativo, como propõe o poeta martinicano, ÉDOUARD GLIS-SANT , trazer as vivências de respeito às diversas matrizes religiosas, às diversas cores e materiais com que se faz a vida. As proposições teóricas das Ciências da Religião nos possibilita entender o atravessamento da religião, religiosidade, violência, política e laicidade e nas construções e resistências do que fica silen-ciado na guerra entre Deus e o diabo no calor do Rio 40 graus. Pensar o que está se construindo no agora pode nos ajudar e buscar alternativas menos opressoras para os que vivem a violência de uma guerra invisível.

Palavras-chave: Violência. Ensino religioso. Diversidade. Identidade e laicidade.

8)Título: Multiculturalismo e relações de poderNome: Nilton Alves BarrosoTitulação: Doutorando(a)Instituição: FAJE

Resumo:O multiculturalismo, tal qual a cultura contemporânea, é fundamentalmente ambíguo. Se por um lado, a partir do viés antropológico, chegou-se à conclusão de que não se pode estabelecer uma hierarquia entre as culturas humanas, por outro lado, essa visão liberal ou humanista é questionada por perspectivas que se caracterizam como mais políticas ou críticas. Nestas perspectivas, as diferen-ças culturais não podem ser concebidas separadamente de relações de poder. A perspectiva crítica é abordada a partir de duas concepções: a pós-estruturalis-ta, para a qual a diferença é essencialmente um processo linguístico e discursi-vo; e a materialista, em geral inspirada no marxismo, segundo a qual a análise do racismo não pode ficar limitada a processos exclusivamente discursivos, mas deve examinar principalmente as estruturas institucionais e econômicas que estão em suas bases. Nessas perspectivas, as diferenças são analisadas como constantemente produzidas e reproduzidas através de relações de poder. Tais diferenças não devem ser simplesmente respeitadas ou toleradas, mas precisam ser analisadas a partir das relações de assimetria e desigualdade que as produ-zem. A pergunta a ser respondida é esta: quais as regras precisas de inclusão e exclusão acabaram por selecionar e nomear uma cultura específica, particular, como a cultura hegemônica a ser “vivida” por todos?

Palavras-chave: Multiculturalismo. Raça. Poder.

9)Título: O ritual judiciário em conexão com outras culturas

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Nome: Marlene Duarte BezerraTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC SPInstituição Financiadora:

Resumo:A atual proposta de comunicação pretende fazer uma reflexão sobre a influência dos ritos que não desapareceram no todo. Podemos reencontrá-los não só entre os variados movimentos religiosos, mas também nos ritmos quotidianos da vida. Oscar G. Chase, em sua obra Direito, Cultura e Ritual (2014) dedica um espaço e aborda o ritual judiciário dos membros da tribo Azande, da África Central. Cha-se, por meio da metodologia comparada, examina minuciosamente sociedades diferentes e delas extrai o que há de comum em suas resoluções conflituosas. A partir de uma perspectiva não estritamente jurídica, e sim fundamentalmente cultural, o autor compara a seriedade do ato judiciário da tribo Azande com o sistema jurídico da sociedade de Nova York. No ambiente do ritual dos africa-nos, estes utilizam a promessa benge para solucionar conflitos - um sistema em que uma pequena dose de veneno é dada a um filhote de galinha, e a sua sobre-vivência ou a sua morte determinam a solução da lide. No tribunal Zande é tão natural consultar um oráculo sobre uma questão de fato em litígio como é para um americano consultar um Júri. O objetivo da proposta é explorar a conexão e fazer a reflexiva entre os rituais do direito de outras culturas que refletem os valores, as convenções sociais, os símbolos e os ritos. A hipótese poderá ex-plicitar a forma referencial de adequação e as mudanças de outras sociedades, que, por meio das decisões das controvérsias, trazem consigo as prerrogativas da manutenção e configuração social. Instituições do tipo dos Zande poderiam ter fornecido a transição para as formas das ciências jurídicas hodiernamente conhecidas.

Palavras-chave: Direito. Cultura. Ritual Judiciário. Ciências da Religião. Oscar G. Chase.

10)Título: Povo Ye’kuana. Hibridismo e inculturaçãoNome: Eleusa Socorro do Carmo Ferreira PSTitulação: Mestrando(a)Instituição: Missionarias da Consolata

Resumo:Nesta comunicação pretendo apresentar minha dissertação de mestrado a qual averigua em que direções estão sendo construídos os intercâmbios culturais entre povo Ye’kuana, catolicismo e sociedade venezuelana. Busca compreender a dinâmica dos encontros culturais; superar a velha leitura da sociedade oci-dental e indígena como totalidades fechadas, saindo do binarismo, e identificar o sincretismo religioso nos ritos Sichukä Jiakädö e Batismo Inculturado. Com a finalidade de compreender a dinâmica interna do processo de construção sin-crética na sociedade Ye’kuana, analisa dois ritos: Sichukä Jiakädö e Batismo

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Inculturado. A interculturalidade é uma realidade que acompanha os Ye’kuana ao longo de sua história, e o contato com mundos diferentes fez da sociedade Ye’kuana, uma sociedade híbrida. Essa realidade suscitou as seguintes ques-tões: Por meio de qual representação simbólica os Ye’kuana interpretaram o contato? A introdução de elementos criollos na sociedade Ye’kuana representa perda de identidade ou ye’kuanização de elementos criollos? No contato com o catolicismo, quais elementos estão sendo intercambiados? Apoiada na obra Pacificando o branco; cosmologia do contato no Norte-Amazônico, organizada por Albert Bruce e Alcida Rita Ramos, e na obra Deus na aldeia; missionários e mediação cultural, organizada por Paula Montero, procura comprovar que os Ye’kuana interpretaram o contato a partir da relação de oposição entre Wanadi e Odo’sha; que os elementos criollos presentes na sociedade Ye’kuana repre-sentam a ye’kuanização de elementos criollos; que o rito Sichukä Jiakädö e o rito do Batismo Inculturado expressam o processo de apropriação simbólica entre tradição Ye’kuana e catolicismo. Como recurso metodológico, traça um caminho a meio termo entre Lévi-Strauss e Geertz; privilegia os depoimentos dos Ye’kuana e das missionárias, como também os anos de convivência da autora com os Ye’kuana. Conclui-se que o hibridismo presente na sociedade Ye’kuana foi construído a partir de dois movimentos: de dentro para fora (ye’kuanização) e de fora para dentro (inculturação).

Palavras-chave: Interculturalidade. Hibridismo. Identidade. Povo Ye’kuana. Ri-tos batismais.

11)Título: Questão afro-americana e teologia interculturalNome: Selenir Corrêa Gonçalves KronbauerTitulação: Mestre(a)Instituição: Faculdades ESTInstituição Financiadora: Faculdades EST

Resumo:Esta comunicação propõe refletir sobre as questões afro-americanas e a teo-logia intercultural como temas desafiadores e instigantes. Desafiador porque estará nos remetendo às reflexões iniciais sobre o tema teologia negra a partir dos anos 1960, quando a esse começa a tomar espaço e se constituir gradativa-mente como tema para reflexões e pauta de discussões em diferentes espaços. Será instigante refletir sobre o tema e sua inserção nos currículos dos cursos de Teologia, pois estará nos remetendo a uma retomada de conceitos, estudos, pesquisas e, ao mesmo tempo, nos motivando a investigar sobre os caminhos que trilharam e por onde estão presentes os estudos e as discussões sobre as questões afro-americanas.

Palavras Chave: interculturalidade, currículo, Teologia Afro-americana.

12)Título: Ruth Guimarães: “Não é fácil ser mulata”

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Nome: Enio José da Costa BritoTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC SP

Resumo:A comunicação aponta alguns princípios básicos da Teoria Pós-colonial referente à Literatura, ilustrando com a apresentação da obra de uma intelectual negra no circuito cultural branco do Estado de São Paulo. Ruth Guimarães, professora, romancista, ensaísta, pesquisadora de tradições populares, tradutora que sem-pre deu voz e vez as tradições populares, tem sua obra muito pouco estudada. Sua obra literária dialoga com o universo artístico-cultural brasileiro –popular ou erudito – e inscreve-se no contexto literário como signo de identidade local e nacional. O esquecimento da contribuição de escritoras negras tem conseqüên-cias históricas e sociais, pois, contribui para a desqualificação sócio-racial dos afro-brasileiros e fomenta tendências racistas.

Palavras-Chave: Escritora negra. Teoria Pós-Colonial. Racismo. Literatura. Cul-tura Popular.

13)Título:Violação aos direitos humanos: falas ignoradas.Nome: Oneide BobsinTitulação: Doutor(a)Instituição:

Resumo:A violação aos direitos humanos por agentes do Estado, por volta de 1970, foi a causa da mudança da Assembleia da Federação Luterana Mundial, de Porto Alegre para Evian, na França. A direção da Igreja Evangélica de Confissão Lu-terana silenciava sobre as torturas às pessoas de organizações que lutavam pela redemocratização. As comitivas luteranas de outros países, especialmente da Europa, se negavam a participar de um evento com a presença do Governo Ditatorial Militar. A comunicação pretende resgatar este período sob a ótica de vozes dissonantes de pessoas da própria Igreja - pesquisa de campo -, na pers-pectiva da Justiça de Transição e do direito à memória.

Palavras-chaves: Violação. Direito humanos. Ditadura Militar.

14)Título: “A ideia de Estado na doutrina ético-política de S. Agostinho (um estudo do Epistolário comparado com o De Civitate Dei”Nome: Francisco Manfredo Thomaz RamosTitulação: Pós-doutor(a)Instituição: Faculdade Católica de Fortaleza-FCFInstituição Financiadora: Francisco Manfredo Thomaz Ramos

Resumo:

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A partir do Epistolário de S. Agostinho (354-430), tendo como pano de fundo os textos clássicos do De Civitate Dei, procuraremos mostrar quais sejam a na-tureza, a finalidade própria e o valor do Estado terreno, da respublica civitas que terrena (Ep. 91, n. 4) / da Civitas hujus mundi (DCD XVIII,ii,1), que é “uma multidão de homens ligada por um certo vínculo de concórdia” (Ep. 138, n. 10). Os problemas que se levantam no campo político convergem para a interroga-ção central sobre a possibilidade de realização de um “Estado terreno justo”. Veremos que é a concórdia que não só define o Estado, mas constitui, enquanto se expressa na “paz temporal”, o seu “bem comum” específico; é ela mesma, ainda, o critério que lhe mede o valor, enquanto deve fundar-se no amor de Deus – “sumo e veríssimo bem comum” dos homens (Ep. 137, n. 17) -, por impe-rativo da razão natural e da Fé. Deste modo, somente a “concórdia ordenada” (DCD XIX, xiii, 1) será condição do “Estado digno de louvor” (Ep. 137, ibid.). O platonismo cristão de Agostinho, e em especial sua doutrina da Criação e da Participação, explicam, ao mesmo tempo, tanto a bondade da natureza humana e da Civitas como também sua defectibilidade, radicada na sua contingência ontológica e no pecado. Desta ambivalência e ambiguidade do Estado terreno só a graça de Cristo, que se estende a todos os tempos e lugares, pode salvá-lo (cf. Eps. 102, 155, 157). Este Estado terreno - visto existencialmente através do Império Romano e de suas vicissitudes -, que constará sempre de “bons” e de “maus”, permanece aberto para o ideal da “divina e celeste república”, nem axiologicamente neutro nem teocrático, gozando ao invés de uma ‘autonomia relativa’, teocêntrica.

Palavras-chave: Estado. Agostinho. De Civitate Dei.

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FT 3: Religião, Arte sequencial e Cultura pop

Coordenadores:Dr. Iuri Andréas Reblin - ESTDr. Waldomiro Vergueiro - USP, SPMs. Amaro Braga Jr. - UFAL, AL

Ementa:Este fórum temático visa discutir a inferência da religião nas produ-ções-artístico-culturais e suas narrativas de ficção próprias da cultura contem-porânea veiculadas pelas mais diferentes mídias contemporâneas: cinema, televisão, histórias em quadrinhos, desenhos animados, animações, etc. Tem por pressuposto o conceito da teologia do cotidiano, isto é, do pensamento teológico ordinário, extraeclesial que se imiscui nos meandros das produções artístico-culturais, ora de forma mais explícita, ora menos. Conforme salientou Umberto Eco, “E, assim, é fácil entender por que a ficção nos fascina tanto. Ela nos proporciona a oportunidade de utilizar infinitamente nossas faculdades para perceber o mundo e reconstituir o passado”. Nessa direção, o fórum está aberto para discussões que contemplem leituras, análises e usos do pensamento reli-gioso e sua expressão, apresentação e representação na cultura pop em geral. As abordagens podem compreender perspectivas no espectro amplo das ciências humanas e das ciências sociais aplicadas (educação, sociologia, antropologia, política, história, geografia, comunicação, etc.). Os trabalhos podem se ocupar com estudo tanto de narrativas quanto de personagens ou séries específicas.

1)Título: “E agora, aonde vamos?”: Direito, Gênero e Religião na obra de Nadine LabakiNome: Kathlen Luana de OliveiraTitulação: Doutor(a)Instituição: Facos

Resumo:O presente trabalho realiza uma leitura hermenêutica do filme “E agora, aonde vamos?” da cineasta Nadine Labaki. O filme narra as artimanhas e as astúcias de mulheres de um vilarejo no Líbano para lidar com os conflitos e as diferenças entre as religiões, o cristianismo e o islamismo, situações tensas desencadeadas pelos homens do vilarejo. Por meio de uma análise da obra, o trabalho estabele-ce um diálogo com interlocutoras como Hannah Arendt e investiga de que forma a obra de Labaki discute tolerância, violência, preconceito e alteridade dentro do espaço público por meio do exercício de uma política da convivência.

2)Título: A uniformização do cotidiano por listas:: entre a indiferença e a culpaNome: Elainy Fátima de SouzaTitulação: Mestre(a)Instituição: Escola Estadual professor José Freire

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Resumo:Elainy Fátima de Souza – Mestre em Literatura Brasileira – CES/Juiz de Fora – FT 3 Neste trabalho, propomos uma análise do livro “A Lista” que, originalmente, é uma peça de teatro e monólogo da autora contemporânea canadense, Jen-nifer Tremblay. Nesta trama, o cotidiano estafante da narradora sem nome, que, inicialmente, se fazia indiferente ao contato com sua vizinha Caroline, gradativamente se vê atormentada pela culpa, sentindo-se responsável pela morte desta vizinha. A narradora se faz vários questionamentos, o que nos leva ao caráter reflexivo da obra, e neste artigo, trataremos os seguintes temas que estão relacionados no livro: o cotidiano, a indiferença, a culpa e a morte. Vamos nos embasar, teoricamente, em Roberto DaMatta, Soren Kierkegaard e Clifford Geertz, que tratam da relação que o ser humano tem com a morte, as situações do cotidiano e a culpa. Objetivamos, com esses enfoques, analisar o entrelaçar teórico escolhido e a obra em si, tecendo paralelos pertinentes entre a teoria escolhida e a obra literária em questão.

Palavras-chave: Cotidiano. Indiferença. Culpa. Morte

3)Título: As história em quadrinhos e adventismo brasileiro: conflitos e aproxima-ções na Revista AdventistaNome: Felipe CarmoTitulação: Mestrando(a)Instituição: USPInstituição Financiadora: Centro Universitário Adventista de São PauloCoautor(es): Allan Macedo de Novaes

Resumo:Os esforços missionários da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) no Brasil sem-pre estiveram vinculados à produção de literatura religiosa. No início do século 20, nasce a Revista Adventista (RA) que, entre outros temas, discute o papel das histórias em quadrinhos (HQs). A interface HQs/religião é objeto de pesquisa da academia brasileira recentemente, cujos estudos propõem um olhar sobre a arte sequencial para além dos estereótipos “demonizantes”. Assim, este artigo pretende colaborar com os estudos dessa área ao sistematizar o pensamento adventista acerca das HQs nos anos de 1942-2014 a partir da RA. Para tanto, pesquisou-se a presença dos vocábulos “quadrinhos” e “gibi” em todo acervo da revista. Constataram-se duas tendências dentro do pensamento adventista acerca das HQs: 1) De 1942 até 1973, a RA apresentava as HQs sob uma perspec-tiva demonizante, categorizando-as como subliteratura e causa da delinquência juvenil; 2) Desde 1974 as HQs foram sacralizadas, sendo compreendidas como um meio em potencial para a propagação da mensagem bíblico-moral adven-tista, embora ocorram ressalvas negativas acerca do conteúdo encontrado nas HQs “seculares”. Por fim, levanta-se a hipótese de que as ressalvas negativas apresentadas a partir dos anos 1974 causaram a diminuição das menções às HQs como ferramenta missionária.

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Palavras-chave: Revista em quadrinhos. Adventista. Conflitos.

4)Título: Diálogo sobre uma teologia Viking: ilações a respeito do Deus Thor e sua representação na superaventuraNome: Helio Aparecido Campos TeixeiraTitulação: Doutor(a)Instituição: ESTInstituição Financiadora: EST

Resumo:Introdução: A teologia viking é pouco explorada no contexto dos trópicos como categoria hermenêutica válida sobre a qual demandas simbólicas exigiriam re-flexão acadêmica. Todavia, uma teologia viking colocada em diálogo com as teologias de libertação poderiam vincular ao debate contemporâneo algumas características relevantes como a noção de práxis tão cara tanto ao mundo nór-dico antigo quanto ao mundo latino-americano contemporâneo. Tal possibilida-de de diálogo se torna ainda mais fecunda se analisarmos a antropofagia cultu-ral da sociedade brasileira e a tendência guerreira nórdica, isto é, a deglutição das energias de “tudo aquilo que não é meu”. A aproximação entre um Hammer God e um Hanging God, por assim dizer, encontra-se muito menos nas formas narrativas de glorificação do que na dramaticidade de destinos. Objetivo: Com-preender determinadas significações da teologia viking por uma ótica teológica da libertação desde suas especificidades encontradas na leitura teológica do deus Thor, colocada em diálogo com a superaventura. Método: Pesquisa histó-rico-sistemática, de caráter exploratório, com orientação analítico-descritiva, organizada a partir de esquemas classificatórios cuja disposição busca orientar futuras pesquisas concernentes à interpretação teológica. Resultados: Partin-do da constatação de algumas possíveis vinculações entre as duas teologias, serão buscadas algumas ilações respeitantes à superaventura. Conclusão: Na avaliação entre duas formas de fazer teológico contemporâneo encontram-se alguns elementos comuns que permitem elencar a práxis da libertação através da percepção da encarnação sob o regime da quenosis, isto é, um Hanging God disposto por uma (super)aventura ao drama humano. Palavras-chave: Teologia Viking. Teologia da Libertação. Thor. Superaventura. 5)Título: Messianismo na cultura pop à luz da mitologia do SupermanNome: Iuri Andréas ReblinTitulação: Doutor(a)Instituição: EST

Resumo:A representação de Superman como messias é recorrente não apenas em seus filmes, como também o é nas histórias em quadrinhos. Qual é o porquê dessa representação? Quais são as necessidades dessa representação, seus entrelaça-

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mentos, suas implicações, seu sentido? É sobre essas questões que este texto quer lançar provocações e pistas de interpretação. Diante disso, este texto se divide em dois momentos. No primeiro, pergunta-se pelas características in-deléveis da cultura contemporânea propagada pela mídia e produzida por uma indústria da cultura. O segundo momento se debruça sobre as características messiânicas presentes na mitologia do Superman mediadas por suas representa-ções cinematográficas, em especial aqui O Homem de Aço, de 2013. O texto ter-mina indicando aproximações e entrelaçamentos entre religião e cultura pop, indicando pistas para a reflexão teológica sobre a cultura veiculada pela mídia.

Palavras-chave: Cultura pop. Messianismo. Superman.

6)Título: O sagrado nos games: arquétipos religioso nas narrativas gamificadas dos jogos eletrônicosNome: Luis Carlos de Lima PachecoTitulação: Doutorando(a)Instituição: UNICAP

Resumo:Os games são foco de numerosas pesquisas devido ao seu impacto cultural e econômico na sociedade contemporânea. As novas tecnologias de comunicação e informação do início do terceiro milênio elevaram os jogos digitais à categoria de um dos mais importantes divulgadores dos grandes mitos da humanidade. Suas narrativas são extremamente elaboradas e em grande parte moldadas a partir dos arquétipos do sagrado. Esta comunicação é fruto da reflexão preli-minar da minha tese doutoral no Programa de Ciências da Religião da Univer-sidade Católica de Pernambuco. Procura refletir sobre o fenômeno dos games na sociedade contemporânea como oportunidade para o desenvolvimento da dimensão de transcendência do ser humano. A tese propõe revisar o conceito de “sagrado”, confrontando as suas acepções teleológicas tradicionais com as crí-ticas multiculturalistas modernas e buscando na metodologia transdisciplinar da visão complexa pós-moderna um aporte para a leitura transversal das experiên-cias espirituais gameficadas na contemporaneidade. A metodologia de trabalho proposta é a investigação de um referencial de amostragem de jogos eletrônicos para discutir sobre as questões de narração, ludologia e mitos aplicados a uma hermenêutica dos games. O referencial teórico é a fenomenologia da religião numa abordagem transdisciplinar, com a contribuição de estudos sobre games e o imaginário. O desenvolvimento desse trabalho pretende agregar ao campo epistemológico das Ciências da Religião aportes da antropologia, hermenêutica e comunicação e fazer uma aproximação entre religião, educação e cultura vi-sual na contemporaneidade.

Palavras-chave: Games. Imaginário. Cultura visual. Transdisciplinaridade. Sa-grado.

7)

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Título: Uma história, duas estratégias: análise comparativa de dois produtos midiáticos da Igreja Universal do Reino de DeusNome: Marco Túlio de SousaTitulação: Mestre(a)Instituição: UFMGCoautor(es): Jenifer Rosa de Oliveira

Resumo:O presente trabalho expõe uma análise comparativa de dois produtos midiáticos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD): uma peça publicitária da campanha “Eu sou a Universal” disponível na internet e um testemunho proferido por um fiel em um de seus templos e veiculado em um dos programas televisivos que compõem a Programação IURD de Minas Gerais (conjunto de programas que a igreja exibe durante a madrugada). Em comum os objetos analisados trazem a narrativa de vida de Cláudio Soares, ex-mendigo que se tornou empresário bem sucedido. Tendo como referenciais teóricos a Análise de Discurso franco-brasi-leira de Eni Orlandi e Michel Pêcheux, bem como elementos da retórica aristo-télica, procuramos identificar as diferentes estratégias discursivas que a IURD utiliza a partir dos dois contextos enunciativos. Dessa forma, acreditamos que tais estratégias diferem de acordo com os objetivos específicos de cada produto e o público para os quais eles se destinam.

Palavras-chave: Produto midiático. Discurso. Igreja Universal do Reino de Deus.

8)Título: “Maranhão 66”, a personagem Sarney e Glauber Rocha: uma contempo-raneidadeNome: Everton Nery CarneiroTitulação: Doutorando(a)Instituição: EST

Resumo:“Maranhão 66”, a personagem Sarney e Glauber Rocha: uma contemporaneida-de. Profº Éverton Nery Carneiro (Docente da Universidade do Estado da Bahia. Doutorando em Teologia (EST-CAPES) O presente estudo tem como tema a con-temporaneidade de Glauber Rocha, um sertanejo do mundo. Este texto tem como objetivo abordar a contemporaneidade deste cineasta baiano a partir da realização do curta-metragem “Maranhão 66”, em que o cineasta foi convida-do pelo então governador eleito do Maranhão, José Sarney, a fazer um filme sobre a sua posse como governador nesse Estado. Usamos aqui a conceituação proposta pelo Dr. Vítor Westhelle, ao buscar romper com o conceito clássico de contemporaneidade que possui relação com o tempo, para propor uma con-ceituação que tem relação com uma atitude, uma disposição. Pensamos aqui teologicamente, na perspectiva de rompimento e continuidade, e assim vamos trabalhando com diversos conceitos tais como a arte, e o cinema em particular, sendo que consideramos os mesmos como sendo críticos da realidade, apresen-tando-se também no seu papel de transcendência.

Palavras-chave: Glauber Rocha. Contemporaneidade. Arte. “Maranhão 66”

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FT 4: Sociedade, laicidade e tolerância religiosa

Coordenadores:Dra. Marília de Franceschi Neto Domingos - UNILABDr. Eulálio Avelino Pereira Figueira - PUC SP

Ementa: Em um momento em que os conflitos religiosos têm acirrado as discus-sões políticas, gerando mesmo a queda de regimes, a questão do respeito ao princípio da laicidade - entendido como a obrigação do Estado garantir a livre expressão religiosa - se torna urgente como tema, além de nos obrigar a voltar os olhos para o aumento da intolerância no Brasil. O objetivo do FT é discutir as relações entre as diversas opções religiosas na sociedade atual, levando em conta que, ao contrário do que vem sendo apresentado há diversos anos, a lai-cidade do Estado não tem levado à secularização do mesmo, mas vem abrindo portas para a pluralidade religiosa, processo nem sempre pacífico. O crescimen-to da intolerância religiosa decorre também da necessidade de maior compre-ensão sobre a laicidade do Estado e suas relações com a sociedade.

1)Título: A espiritualidade laica de Luc Ferry: uma proposta terrena de Salvação

Nome: Douglas Willian FerreiraTitulação: Mestrando(a)Instituição: UFJF

Resumo:Compreender a espiritualidade para além do religioso é o que nos propõe Luc Ferry que defende, ao que parece, uma espiritualidade laica que resguarda a herança espiritual das grandes religiões, sem, no entanto, defender a neces-sidade da religião na busca de sentido da vida. Em sua defesa, o autor vê na laicidade a possibilidade do aperfeiçoamento espiritual através da erradicação do homem de seu egoísmo natural, permitindo a esse homem ir ao encontro do outro, pelo amor e pela compaixão. Esse arrancar-se de si implica num sacrifício em favor dos que amamos o que nos permitirá dar sentido à vida e com isso, salvar-nos sem a ajuda de Deus. Num humanismo onde as visões tradicionais do mundo e as concepções religiosas da ética caducaram, o homem moderno se vê diante da seguinte indagação: O que me é permitido esperar? Não podemos hesitar numa resposta secularizada. Analisando a extensa bibliografia de Ferry, podemos deduzir da centralidade do homem e de sua liberdade os embasamen-tos necessários para o cultivo de uma espiritualidade sem Deus. Assim, nosso objetivo é analisar a transcendência do amor e sua centralidade na concepção filosófica de Ferry; a concepção do Homem-Deus bem como a possibilidade de uma espiritualidade num momento em que é perceptível um crescente mo-vimento de secularização da vida humana e de distanciamento do apanágio religioso. Fato é que, mesmo defendendo uma espiritualidade laica, Ferry não se desprende dos conceitos religiosos o que nos permite ver em sua filosofia so-teriológica um abrigar dos conceitos religiosos.

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Palavras-chave: Amor. Humanismo. Laicidade. Espiritualidade. Ferry

2)Título: Emancipação e transformação social do religioso em Marcel GauchetNome: Henrique Marques LottTitulação: Doutor(a)Instituição: UFJF

Resumo:Henrique Marques Lott Doutor em Ciência da Religião pela Universidade Federal de Juiz de Fora Bolsista do Programa Nacional de Pós-Doutorado PNPD/Capes Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião PPGCIR/PUC-Minas FT 4: Sociedade, laicidade e tolerância religiosa Resumo: Esta comunicação propõe uma análise acerca da reflexão que o filósofo francês Marcel Gauchet desenvol-ve sobre as transformações sociais e sobre a emancipação do religioso no con-texto atual. No seu modo de pensar, ser religioso ou não nos dias de hoje é uma questão cada vez mais marcada pela escolha pessoal e pela convicção íntima do indivíduo. A seus olhos, testemunhamos no decorrer das últimas três décadas uma reviravolta que está liquidando com os últimos vestígios do que foi o modo de organização social da religião. O que perdemos e o que ganhamos com isso? Quais perspectivas desenham esse cenário atual que se desfaz progressivamente da organização religiosa? Para tentar responder a essas indagações nós dividi-mos nossa análise em três partes distintas. Na primeira abordamos o que nosso autor considera como perda da herança das religiões através da redefinição da autonomia. Na segunda nos deteremos em algumas das relações que Gauchet identifica entre religião, ética e democracia. Na terceira e última parte con-cluiremos nossa análise com algumas de suas considerações sobre pluralismo e identidades. A conclusão que se chega é que o religioso se emancipou de vez da antiga estruturação sócio-religiosa

Palavras-chaves: Religioso; emancipação; identidades; Marcel Gauchet

3)Título: Formação humana, tolerância e diversidade cultural e religiosaNome: Vilma Lúcia de Oliveira CarvalhoTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Minas

Resumo:No campo religioso brasileiro atual se manifesta grande diversidade de denomi-nações, tradições e fenômenos, compondo um cenário plural bastante complexo e desafiador do ponto de vista da formação humana. A sociedade se comporta como um campo de conflitos entre dogmas religiosos, doutrinas e ideologias: for-ças em constante movimento e em confronto nos grupos sociais, comunidades e dentro das religiões. O cidadão brasileiro é interpelado, neste contexto, por sua própria crença e pelas pessoas que assumem orientação religiosa diferente. Essa

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convivência, não raramente, se transforma em confronto, onde o outro é visto como adversário que se pretende vencer ou anular, por representar ameaça à fé. Neste sentido, torna-se urgente tratar da formação humana, especialmente no ambiente escolar, como espaço capaz de habilitar o ser humano para a convi-vência com diferentes pessoas, grupos e comunidades. Importa-nos, na mesma medida, a formação dos educadores que atuam nos diversos espaços educativos como escolas, famílias e instituições religiosas. Tal formação deve possibilitar que sejam reelaborados conceitos, que haja maior conhecimento da sociedade em sua pluralidade cultural e religiosa e a construção de uma prática pedagó-gica orientada pelo respeito à diversidade e à liberdade de expressão dos seres humanos, garantida pela Constituição Federal e a legislação educacional. O que se pretende nesta Comunicação é refletir sobre formação humana, laicidade do Estado e das instituições de ensino, e a necessidade dos educadores estarem bem preparados para educar na perspectiva do respeito e da tolerância, para a convivência pacífica tanto no interior das escolas como na sociedade brasileira.

Palavras chave: Diversidade Cultural e Religiosa. Formação humana. Tolerância. Laicidade. Educação.

4)Título: O ensino religioso nas escolas públicas do Brasil: entre a laicidade e a confessionalidade num Estado RepublicanoNome: Giseli do Prado SiqueiraTitulação: Doutor(a)Instituição: UFJF e PUC Minas

Resumo:A história do ensino religioso é marcada por situações conflituosas no que refere a sua permanência ou não no sistema escolar. A origem desses conflitos radi-ca no âmbito da implantação do regime republicano no Brasil. As concepções filosóficas e jurídicas que fundamentaram a passagem do regime monárquico para republicano não são consensuais. Ao contrário, aliás, gerou diferentes in-terpretações acerca da compreensão do princípio da laicidade do Estado e da liberdade religiosa do cidadão. A questão é sempre de novo retomada na ela-boração e aprovação das Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de modo a tornar públicos os argumentos que sustentam esses discursos conflitivos, evidenciados nas correntes de posições favoráveis e contrárias ao ensino reli-gioso. Essa discussão ganhou nova ênfase no século XXI, quando tramitou e foi aprovado o “Acordo entre a República Federativa do Brasil e a Santa Sé relativo ao Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil”. Para qualquer esforço em vista da superação de todo e qualquer conflito, pode-se aplicar a concepção de “laicidade mediadora” de Hervieu-Léger, segundo a qual a mediação favorece o diálogo entre as partes interessadas na questão, respeitando os argumentos que cada parte apresenta e somando forças para encaminhar o ensino religioso no Brasil rumo a novos tempos.

Palavras-chave: Ensino religioso. Escolas públicas. Laicidade. Confessionalida-

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de.

5)Título: Religião e Estado: o diálogo inter-religioso e o futuro da humanidade à luz da teologia de Claude GeffréNome: Jair Souza LealTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Minas

Resumo:O futuro do planeta, nossa aldeia global, está ameaçado de extinção. Os recur-sos naturais ameaçados de esgotamento, acelerado pelo motor invisível do im-perialismo da lei de mercado e do lucro que concentra entre poucos as riquezas e mantém na pobreza a maioria da população mundial. Geffré propõe em sua teologia que o apelo que brota da consciência humana universal precisa ser dis-cernido pelas religiões: como acima das verdades particulares; como garantia do futuro das religiões no mundo, e; como instrumento capaz de contribuir para promover um mundo melhor e mais responsável. Mas Estado e religião na histó-ria promoveram intolerância, violência, guerra, prática desumana - fundamen-tado tanto em ideologia ateia secular quanto religiosa -, poderiam agora promo-ver paz, justiça e uma recíproca emulação a serviço da comunidade mundial? A laicidade pode ser promotora da paz civil e entre as religiões? O objetivo desta reflexão é apresentar parte do meu projeto de pesquisa no mestrado em Ciên-cias da Religião da PUC Minas, no qual investigo a liberdade religiosa nas leis e nos documentos das principais religiões do Brasil em diálogo com a teologia de Geffré, partindo da hipótese de que o diálogo entre Religião e Estado e o diálogo inter-religioso poderão assegurar a democracia e o futuro da humanidade.

Palavras-chave: Laicidade, Diálogo inter-religioso, Religião, Estado.

6)Título: Secularização e dessecularização – Berger versus BergerNome: Maurílio Ribeiro da SilvaTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Minas

Resumo:A proposta dessa comunicação é apresentar a dialética “secularização e des-secularização”, a partir do pensamento do sociólogo da religião Peter Berger. Na década de 60, o autor foi um dos principais teóricos na divulgação da “teo-ria da secularização”. Seu livro mais famoso, “O dossel sagrado” é referência constante nas teses e dissertações sobre o tema da secularização. Para Berger, a secularização se caracterizaria pela perda da relevância da religião, tanto na esfera pública, quanto na subjetividade do indivíduo, em virtude da proposta cultural da modernidade. No final da década de 90, entretanto, Berger escreveu o artigo “A dessecularização do mundo: uma visão global”, onde afirmou ser falsa a suposição de que vivemos em um mundo secularizado. Essa alteração no

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pensamento de Berger surgiu diante da análise empírica da sociedade contem-porânea, onde se verifica um ressurgimento da religião através de movimentos de contra-secularização, ou, “surtos religiosos”. Os principais surtos religiosos do século XX são o islamismo, caracterizado pela sacralização política e o pen-tecostalismo, que cresce independente da laicização estatal. Procura-se, atra-vés da análise bibliográfica do II capítulo da obra “O dossel sagrado” e da análise do artigo “A dessecularização do mundo: uma visão global”, uma síntese entre os pontos de vista aparentemente paradoxais.

Palavras-chave: Secularização. Dessecularização. Peter Berger.

7)Título: Matriz religiosa brasileira: (in) tolerância na esfera pública e no mercado de trabalhoNome: Selma Correia RossetoTitulação: Mestrando(a)Instituição: Faculdade Unida de Vitória

Resumo:O objetivo dessa comunicação é verificar como se processam as relações in-terpessoais em algumas empresas frente a opção de colaboradores adeptos de alguma das religiões de matriz africana. Em muitos casos a discriminação é implícita e causa constrangimento, fato que leva estas pessoas a omitir sua expressão religiosa para evitar conflitos no ambiente de trabalho. As denomina-ções religiosas da vertente evangélica e católica ligada à Renovação Carismática exploram de forma eficiente os meios de comunicação para doutrinar e passar sua mensagem. No entanto, com análise e observação mais atentas é possível perceber traços discriminatórios em relação às religiões de matriz africana as quais são atribuídas uma série de malefícios que atingem o ser humano. Na so-ciedade brasileira a liberdade de culto é garantida pela Constituição Federal de 1988 e embora os elementos culturais africanos tenham contribuído em grande parte para a construção da identidade cultura do Brasil, as religiões africanas ainda não possuem o mesmo trânsito das demais religiões de origem europeia e asiática. Nesta perspectiva, com base nas obras de PRANDI, Reginaldo; BERGER, Peter; BITTENCOURT FILHO, José e coleta de depoimentos orais, análise de jornais e pesquisa bibliográfica a proposta deste estudo busca analisar o cercea-mento do qual adeptos do Candomblé, Umbanda e Quimbanda ainda são vítimas na esfera pública, e restringindo-as ao âmbito privado a ponto de se omitirem em relação à sua profissão de fé para manter-se e de não causar conflitos em seu ambiente de trabalho.

Palavras-chave: Mercado de trabalho. Intolerância. Liberdade de culto. Religião Afro-brasileira.

8)Título: Tolerância como reconhecimento na teoria da secularização de Charles Raylor

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Nome: Caroline Ferreira FernandesTitulação: Mestre(a)Instituição: FAJE

Resumo:O presente estudo pretende evidenciar a importância dos últimos trabalhos do canadense Charles Taylor acerca do tema da tolerância e do papel da religião na esfera pública pela perspectiva de uma política de reconhecimento. A hipótese interpretativa que será desenvolvida aqui se refere a um caminho de resposta apontado pelo canadense em relação ao modo como podemos viver juntos em um mundo multicultural marcado por uma ampla tentativa de igualdade, mas também por uma ampla diversidade em relação às identidades religiosas, histó-ricas e alianças linguísticas. A intensidade desse diagnóstico insere-se no cená-rio filosófico, político e religioso como uma das maiores fontes de preocupação da civilização contemporânea. Para a elucidação e atualização dessa preocupa-ção o texto será dividido em três partes: A primeira mostrará a teoria da secu-larização de Taylor a partir do tema da tolerância para além de uma política de direitos. A segunda mostrará a importância do tema da fusão de horizontes, de inspiração gadameriana, na política de reconhecimento do canadense. E, por fim, arremataremos a discussão com o desenvolvimento da hipótese de que há um caminho para a tolerância religiosa como reconhecimento da identidade na diferença.

Palavras-chave: Tolerância. Reconhecimento. Charles Taylor.

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FT 5: Práticas religiosas, imagens de Deus e fé cristã

Coordenadores:Dr. Agenor Brighenti – PUC PRDr. Geraldo De Mori – FAJE Dr. Sinivaldo Tavares – FAJE

Ementa: De modo totalmente imprevisível, a religião voltou, está na ordem do dia e já é o produto mais rentável do capitalismo. Entretanto, a volta do religioso não é necessariamente o retorno do sagrado. Muito menos, a revan-che de Deus às tendências secularistas do projeto civilizacional moderno. É um fenômeno complexo e ambíguo, que exige discernimento e análise, pois afe-ta seriamente as religiões tradicionais em seus símbolos, doutrinas e práticas, particularmente a fé cristã. Por um lado, está a mercantilização da religião, colocada a serviço dos indivíduos e de seus desejos pessoais, com práticas pro-videncialistas, fundamentalistas, ecléticas e difusas, que desafiam credos e a exigência de pertença institucional de seus adeptos. Por outro, está a legitimi-dade do acesso ao sagrado sem o emaranhado da burocracia institucional, da busca de felicidade e bem-estar já na intra-história, da dimensão terapêutica da religião, da aterrissagem da escatologia no presente e no momentâneo. Este FT busca reunir estudos sobre práticas religiosas na atualidade, as imagens e concepções de Deus subjacentes a elas e os consequentes desafios colocados à fé cristã, seja ao dogma, seja à moral cristã, porquanto está em jogo a preten-são de universalidade da proposta do cristianismo.

1)Título: A Doutrina da Graça: a dependência que o ser humano tem da interven-ção de DeusNome: Mariana Maciel de MoraesTitulação: Mestre(a)

Resumo:Em um mundo repleto de religiosos que são profundamente comprometidos com suas crenças, compreender qual é o papel do ser humano e o que Deus espera dele é importe. Somente ao perceber que Deus é bom e que a salvação da hu-manidade vem somente através da divina atuação, não haverá espaço para o fundamentalismo radical de muitos que pretendem agir para salvar a si mesmo e para impedir o avanço de um suposto mal. Graça se refere à ação de Deus em favor das pessoas. Enfatiza o que Deus faz, mais do que Ele é, Deus atua com graça, porque faz pelas pessoas algo que elas não merecem. A palavra graça possuí diversos usos nas Escrituras, mas tem como principal sentido o uso do favor imerecido de Deus. Este texto traz uma explicação teológica para o que é a graça e também apresenta a discussão entre Agostinho e Pelágio sobre este tópico.

Palavras-chave: Pecado. Liberdade. Agostinho. Pelágio

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2)Título: A noção de comunhão na eclesiologia de Yves Congar antes do Concílio Vaticano IINome: Antonio Luiz Catelan FerreiraTitulação: Pós-doutor(a)Instituição: PUC PR

Resumo:O trabalho apresenta as conclusões de pesquisa elaborada durante o estágio pós-doutoral na PUC-Rio referente à eclesiologia pré-conciliar de Yves Congar. Examina suas principais obras e sistematiza as informações referentes à elabo-ração conceitual da noção eclesiológica de comunhão. Destaca-se sua contribui-ção remota à eclesiologia conciliar a emersão de uma categoria que passou a ser central nos escritos pós-conciliares do autor.Palavras-chave: Eclesiologia. Pré-conciliar. Yves Congar.

3)Título: A participação dos leigos nas decisões pastorais na Igreja particular a partir do Decreto ActuositatemNome: Solange das Graças Martinez SaraceniTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC PR,Instituição Financiadora: Sociedade Nossa Senhora das Graças

Resumo:O direito e o dever da participação dos leigos na missão eclesial decorrem da incorporação a Cristo pelo batismo e da participação ao seu modo no múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo. Dai procede que os leigos são membros ativos da Igreja e por direito devem participar de suas decisões pastorais. O Vaticano II trouxe várias perspectivas para maior inserção do laicato na vida e missão da Igreja. Contudo, faz-se necessário discutir modalidades mais efetivas e facilitadoras. Considera-se imprescindível um aprofundamento teológico do significado da participação do laicato na missão pastoral da Igreja, para clari-ficar as possibilidades dessa atuação na configuração do projeto pastoral. A ex-pressão dos carismas, serviços e a atuação ministerial, embora não seja critério decisivo, possibilitam maior atuação dos leigos na Igreja e consequentemente favorece a participação nas decisões pastorais, através de organismos constitu-ídos como: o Sínodo Diocesano, a Assembleia Diocesana de Pastoral, os Conse-lhos Pastorais e os Conselhos de Assuntos Econômicos. Embora estes organismos permitam expressões e visibilidades da missão do leigo, é mister identificar as possibilidades e os limites da atuação do laicato nos processos formais de esco-lha e de decisão na vida pastoral. A formação, especialmente quando integral, é um elemento importante para que os leigos possam atuar com maior eficiência e eficácia na missão, além do que, possibilita a aquisição da consciência de seu papel na Igreja.

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Palavras-chave: Participação. Igreja. Leigos. Decisões. Missão.

4)Título: A primeira experiência cristã e a tematização da fé em tempos hodier-nos, reflexões em torno da cristologia de Edward SchillebeeckxNome: Valdete GuimarãesTitulação: Mestre(a)Instituição: ICESPI - Instituto Católico de ensino superior do Piauí/ FAJEInstituição Financiadora: Congregação das Servas de Maria Reparadoras (Bolsista FAPEMIG)

Resumo:A obra de Schillebeeckx é marcada por uma reflexão aberta e dinâmica e é jus-tamente esse caráter dinâmico de sua reflexão que possibilita fazer uma aplica-ção concreta de seu pensamento. Nossa proposta é de mostrar como a primeira experiência que os discípulos fizeram com Jesus lança luzes à experiência de fé do homem e da mulher de nosso tempo. Hoje, no contexto pós-moderno, no qual emerge a dimensão do sagrado, percebe-se também em alguns ambientes eclesiais uma abstração na vida do cristão e o retorno à leitura mítica, milagro-sa e intervencionista de Deus, descomprometida com a realidade vital. Estes exageros desviam a fé do centro da experiência cristã. O pensamento de Schil-lebeeckx ajuda a recuperar o problema do esvaziamento da compreensão e da experiência da fé hoje, resgatando o testemunho dos primeiros cristãos e anun-ciando-o com categoria e sentido novos. Enfim, a experiência que hoje pode ser feita de Jesus está estreitamente ligada à experiência de plenitude realizada pelos discípulos no início do cristianismo. Experiência que mantém o vínculo estreito com a vida histórica de Jesus, estimulando os cristãos ainda hoje a um agir inspirado na sua práxis.

Palavras Chave: Fé, cristologia, experiência, revelação.

5)Título: Batismo, Crisma e Eucaristia: três etapas de um único processo de incor-poração na Igreja em sua ministerialidadeNome: Pe. José Ademilton Francisco da Silva (Pe. Pio)Titulação: Mestrando(a)Instituição: FAJE

Resumo:Partimos da necessidade de considerarmos os Sacramentos da Iniciação Cristã – Batismo, Crisma e Eucaristia – de forma unitária como um processo único e pedagógico de inserção do indivíduo na vida eclesial. De acordo com a Intro-dução Geral do Missal Romano, os fieis renascidos no Batismo, são fortalecidos pelo Sacramento da Confirmação e nutridos depois na Eucaristia com o alimento da vida eterna. Desta forma, aqueles que já foram assinalados e selados pelo Batismo e pela Confirmação, são incorporados de forma plena no Corpo Místico de Cristo pela participação na Eucaristia. Este Corpo, a Igreja, é essencialmente

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ministerial. Isto implica que eles são convocados para assumir tarefas no inte-rior da comunidade; mesmo porque a Eucaristia que receberam os impulsiona para o serviço ao outro. É isto que o evangelista João quer indicar ao narrar o lava-pés dentro do contexto da última ceia: a Eucaristia é serviço. São chama-dos a compartilhar das solicitudes pastorais, não só da comunidade local onde participam, mas de toda a Igreja em seus vários ministérios. Bem como, das necessidades dos irmãos na sociedade na qual estão inseridos.

Palavras-chave: Sacramentos da Iniciação. Processo. Incorporação.

6)Título: Cláudio Perani: uma teologia em ação ao serviço da Igreja Popular e dos movimentos sociaisNome: Geraldo Luiz de MoriTitulação: Pós-doutor(a)Instituição: FAJEInstituição Financiadora: AJEAS

Resumo:Cláudio Perani (1932-2008), teólogo jesuíta, de origem italiana, viveu grande parte de sua vida na Bahia, onde ensinou por alguns anos teologia, mas, sobre-tudo, exerceu-a através de uma presença ativa junto aos movimentos populares assessorados pelo Centro de Estudos e Ação Social – CEAS, em cuja revista es-creveu durante anos textos de grande lucidez e profundidade sobre o serviço e a presença da Igreja junto ao povo e aos movimentos populares. Nos últimos anos de vida trabalhou na Amazônia, onde fundou a Equipe Itinerante, que expressa em grande parte uma de suas intuições fundamentais: a Igreja tem que “estar onde o povo está”, em constante movimento e saída. A presente comunicação pretende resgatar a contribuição deste teólogo ao agir pastoral da Igreja jun-to ao povo e aos movimentos sociais, relendo e apresentando alguns dos eixos fundamentais de seu pensamento, pouco conhecido nos ambientes pastorais e acadêmicos do centro-sul do Brasil, mas que alimentou a Igreja católica com-prometida do Nordeste e Norte do Brasil por mais de quatro décadas. Reunidos numa publicação, em 2009, tais textos continuam de grande atualidade e po-dem inspirar ainda o serviço dos que, iluminados pela fé, se colocam ao serviço dos mais pobres.

Palavras-chaves: Igreja popular. Movimentos Sociais. Cláudio Perani.

7)Título: Compreender e dialogar com a cidade: desafios para uma evangelização inculturada no mundo urbano hojeNome: Flávio Fernando de SouzaTitulação: Doutorando(a)Instituição: PUC PR

Resumo:

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Pertinente ao desenvolvimento de trabalho de tese para doutoramento em Te-ologia na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), o presente artigo constitui estudo teórico exploratório em que se buscam identificar algumas pis-tas sobre como evangelizar de forma inculturada no mundo urbano hodierno. Para isso, primeiramente, lança-se um olhar para a complexidade da relação entre urbanização e pós-modernidade, espaço-tempo de mutações dramáticas na vida das sociedades e das pessoas, pinçando daí algumas pistas para a com-preensão das configurações das cidades hoje. Na sequência, com base nas cate-gorias de “mecanismos de desencaixe” e de “reencaixe”, na ótica de Giddens (1991), analisam-se características que marcam este novo perfil das grandes cidades na atualidade e das relações entre as pessoas que vivem nestes contex-tos, e que permitem compreender como a cidade desafia a ação evangelizadora da Igreja. Depreende-se desta análise algumas implicações para a pastoral ur-bana hoje destacando-se a necessidade de ler, compreender e dialogar com a cidade, assim como de desenvolver e sustentar uma visão capaz de integrar um olhar para os problemas e as tarefas pastorais específicas com um olhar para o conjunto, que possibilite abranger, ao mesmo tempo e de forma complementar, a complexidade da cidade e da tarefa evangelizadora como um todo articulado.

Palavras-chave: Pastoral urbana. Evangelização. Inculturação. Pós-modernida-de.

8)Título: Dimensão pneumatológica dos sacramentos da iniciação cristã na Patrís-ticaNome: Ademir Pereira da CostaTitulação: Mestrando(a)Instituição: FAJEInstituição Financiadora: FAPEMIG

Resumo:Os Sacramentos da Iniciação Cristã fundamentavam a espiritualidade da Igreja Primitiva. Devido à importância deles, recebemos como herança deste tempo áureo as catequeses pré-batismais e pós-batismais. Nestas catequeses encon-tramos o empenho dos Santos Padres na formação e celebração dos sacramen-tos. A liturgia sacramental era o espaço do encontro pessoal, espiritual e ecle-sial. Nela os catecúmenos iniciavam concretamente a vida de fé. Participando dos mistérios de Cristo, experimentavam a mudança de ser, eram inseridos no corpo eclesial e alimentados pelo pão eucarístico. Essas graças eram outorgadas pelo Espírito Santo. No estudo perceberemos a vivência litúrgico-celebrativa da comunidade cristã primitiva sob a essa ótica pneumatológica. Chegaremos ao específico da manifestação do Espírito em cada sacramento, apontando os efeitos próprios de cada celebração. O Batismo promove o nascimento, a Crisma é para o fortalecimento e a recepção dos dons e a Eucaristia é o sacramento da eclesialidade, promovendo a unidade da Igreja. O texto nos apontará três dimensões importantes da espiritualidade sacramental da Igreja primitiva: a dimensão pessoal, a dimensão pneumática e a dimensão eclesial. À luz da pa-

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trística, percebemos que essas três realidades necessitam ser repensadas na prática sacramental atual para que os sacramentos alcancem a pessoa humana em sua totalidade.

Palavras-chave: Iniciação Cristã. Batismo. Crisma. Eucaristia. Santos Padres.

9)Título: Esplendor da beleza: Revelação do Deus TrindadeNome: Aurea Marin BurocchiTitulação: Doutor(a)Instituição: ISTA

Resumo:A experiência cristã da beleza tem seu fundamento na experiência da encar-nação do Verbo divino: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,19). No fim dos tempos, essa “visão” será plena (Lc 21,7). A felicidade eterna é a visão beatífica da Be-leza em si, Amor em si. A comunidade cristã reconhece em Jesus Cristo o poder da Beleza para inspirar e transformar a vida humana. Fazer a experiência da Beleza é fazer a experiência de Deus como diz santo Agostinho, “Não podemos evitar de amar o que é belo”. A estética teológica é um modo de refletir todo o mistério de Deus a partir do paradigma estético que é o que mais se aproxima do mistério inenarrável. Deus se revela através da beleza e a beleza nos revela Deus.

Palavras-chave: Beleza. Revelação. Trindade.

10)Título: Estetização da religião pela lógica do mercado – Igreja em conexão, Church in ConnectionNome: Pedro Fernando SahiumTitulação: Doutorando(a)Instituição: PUC Goiás

Resumo:O trabalho pretende investigar a estetização da dimensão religiosa na realida-de brasileira de uma igreja presbiteriana carismática e/ou pentecostalizante. Pretende-se analisar a relação das esferas econômica e religiosa bem como a importação de bens culturais religiosos e o radical processo de estetização em curso no seio do presbiterianismo, numa igreja Presbiteriana Renovada deno-minada Church in Connection - Anápolis/GO. O modelo, de inspiração Estadu-nidense, incorpora performance cúltica, o espetáculo midiático, as técnicas re-finadas da comunicação visual/imagética, fazendo uso constante da tecnologia informática. O estudo avalia múltiplas relações entre cultura global de mercado e uma vertente carismática do protestantismo no atendimento de uma demanda religiosa concreta, com possibilidade de se delinear um “novo padrão” de oferta de bens simbólicos, por um tipo recente de sistema religioso, capaz de mesclar uma teologia tradicional com métodos móveis, rituais cambiáveis e atividades

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bem diferenciadas das existentes no mercado religioso local. É uma Pesquisa de campo (em realização), por meio de análise de caso com fundamentação teórica em: Marx, Debord, Moreira, Dufour. A priori se trata de um processo complexo de preponderância do mercado econômico capitalista e seu fenômeno de espetacularização do sagrado e estetização do religioso.

Palavras-chave: Estetização. Religião. Mercado. Novas tecnologias.

11)Título: Laicidade e imagem de DeusNome: Agenor BrighentiTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC PR

Resumo:Em torno à questão da laicidade, há polissemias e, porque não dizer, cacofonias, que às vezes comprometem a organização de uma sociedade, fundada num re-gime de convivência no respeito à liberdade de consciência, no marco de um mundo crescentemente plural e de um Estado reconhecedor das diversidades presentes no seio de uma Nação, que precede o Estado e à qual está a serviço. Para responder à questão, é preciso remeter-se ao processo de secularização tecido no seio da construção do projeto civilizacional moderno e ao conflito en-tre Igreja e Estado, no contexto da Revolução Francesa. Neste particular, dada a ambiguidade dos fatos, é preciso também ter o cuidado de não se confundir secularização com secularismo, nem laicidade com laicismo, dado que certas formas de secularismo e de laicismo são formas desconcertantes de afirmação da autonomia do temporal e da razão ou de reivindicação de um Estado livre da tutela de uma determinada confissão religiosa. Certas formas de ateísmo, como o existencialismo ateu ou o nihilismo de Nietzche, são mais a negação do “teísmo” do que necessariamente de Deus em si. É neste sentido que as gran-des conquistas da modernidade se deram fora da Igreja, contra a Igreja, mas fundadas em valores evangélicos. Neste caso, o secularismo seria um esforço desmedido de afirmação da secularização e, o laicismo, a afirmação da laicida-de pelo enfrentamento entre os postulados do liberalismo político e a intransi-gência doutrinal da hierarquia católica. Positivamente, em torno à questão da secularização e da laicidade, está a busca do reconhecimento e a consequente regulação social pelo Estado, de um regime social de convivência, cujas insti-tuições políticas estejam legitimadas pela soberania popular e não sob a tutela de uma determinada confissão religiosa. Busca-se a legitimação da autonomia do temporal, da razão em relação à fé ou do Estado frente a uma determinada confissão religiosa, sem que isso signifique, entretanto, a configuração de um Estado anti-religioso ou o desrespeito à liberdade religiosa, que se remetem, de um lado, à sagrada liberdade de consciência e, de outro, ao reconhecimento do ser humano como ser religioso.

Palavras-chave: Laicidade. Secularização. Imagem de Deus.

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12)Título: Levar o mundo a sério: evangelizar em novas perspectivasNome: Irenio Silveira ChavesTitulação: Doutor(a)Instituição: Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO)

Resumo:A presente comunicação tem por objetivo analisar o papel da evangelização e da ação missional diante um mundo que se perdeu de si mesmo. A igreja precisa se dar conta de que o mundo é o espaço de realização da salvação de Deus que se dá na história. A salvação deve ser compreendida como uma ação transfor-madora e libertadora, que se realiza mediante uma experiência de abertura do nosso desejo e de acolhimento ao convite do seguimento de Jesus. Ser salvo significa se dar conta de que é amado e acolhido apesar de nossas contradições. Isso implica uma prática discursiva que não se dá apenas pelo discurso, mas que envolve a vida toda.

Palavras-chaves: Evangelização. Ação missional.

13)Título: Nome de Deus, Promessa e escatologia: pensando teologicamente com Paul Ricoeur.Nome: René Armand Dentz Jr.Titulação: Doutorando(a)Instituição: FAJE

Resumo:O nome de Deus adquire significado por meio de relações diferenciais nas quais sempre aparecem Deus/humano, Deus/mundo, Deus/deuses, infinito/finito, eterno/temporal, etc. Seja qual for o poder nominativo desse nome, e o status real de seu referente - o nome “infinito” é finito, o conceito “inconcebível” é concebível, e o nome “inefável” é bastante exprimível em palavras. Assim, é permitida a abertura à dimensão da promessa. A promessa, ela sim, inscreve-se na linguagem, à qual estamos sempre respondendo. Não se trata de um ato par-ticular de fala, mas a promessa da própria linguagem. Não existe aqui salvação que salve ou prometa salvação. Mas o fato de que não exista necessariamente determinado conteúdo na promessa feita ao outro, e na linguagem do outro não torna menos indisputável a abertura da fala a algo que se pareça com messia-nismo, soteriologia ou escatologia. Trata-se de abertura estrutural, de messia-nismo, sem o qual o messianismo em si não seria possível. A linguagem dada a nós agita-se com diversos dons, e se inquieta com palavras de força donativa, como “dom”. A indeterminação é justamente o que permite a promessa, que, por sua vez, possibilita o perdão. A inquietação descreve os gemidos da história e da linguagem para produzir o evento da vinda do totalmente outro, do futuro imprevisível. A história e a linguagem movimentam-se no ambiente da promes-sa, do espaço aberto entre o passado e o futuro. Com isso, podemos afirmar a existência de uma “filosofia da linguagem” que perpassa a obra de Ricoeur e que

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pretende elucidar, como obra racional, as múltiplas funções do significar huma-no. Tal cogito não se busca, contudo, como filosofia da consciência. No intuito de superar o conflito, Ricoeur irá elaborar uma dialética da arque e do télos, produzindo uma inteligência hermenêutico-dialética ultrapassadora do confli-to. Com isso, nesta dialética a hermenêutica psicanalítica é vista não como reducionismo desmitificador, mas como reveladora de uma arque dos símbolos, e das ciências da religião (Mircea Eliade), como télos. Atinge-se, dessa forma, sua complementaridade com a criação de um novo nível de experiência. Essa mediação é interpretada por Ricoeur em dois momentos. Primeiro na Simbólica do Mal, onde a hermenêutica é reduzida à interpretação dos símbolos enquanto estes são vistos como expressões de duplo sentido. E depois no Conflito das In-terpretações, como plurivocidade do sentido, expondo-se ali o caráter polêmico da hermenêutica dividida entre a operação de desmistificação do “simbolismo” e o ato de recoletar um sentido mais rico, elevado, espiritual. Naquele momen-to, a polêmica se fazia representar no conflito principal que Ricoeur conside-rava ser entre a psicanálise e as ciências da religião. O horizonte do sagrado, que já em O Voluntário e o Involuntário era considerado “a origem radical da subjetividade”, encerra o Ensaio sobre Freud, assim como a segunda revolução copernicana encerrava a travessia da Simbólica do mal. A semelhança desse dis-curso com as obras anteriores é indiscutível, mas não menos o são as novidades. Há uma espécie de “hermeneutização” da fenomenologia, uma tematização e priorização progressiva do ser sobre o pensar. O sujeito não é mais o portador da significação. É mais levado por ela, pela dimensão onto-semântica dos símbolos religiosos, da linguagem do desejo e das produções culturais. A consciência dei-xar de ser centro e o sujeito encontra-se pluralmente descentrado: para baixo (o involuntário corporal), para trás (o inconsciente psicanalítico), para frente (o espírito) e para cima (transcendência). Só pode reapropriar-se de si mesmo, não pelo caminho curto da intuição ou visão especular de si mesmo, mas pelo caminho longo da decifração do seu “outro”, quer seja o instintual, o desejo in-consciente, o desejo de reconhecimento na trama das relações intersubjetivas do mundo da cultura, ou o Totalmente-Outro do Sagrado. Arké, Télos e Escaton são os novos centros dinâmicos que estruturam e determinam nossa subjetivi-dade ancorada sempre em um passado que tenta nos condicionar, mas que se encontra aberta em uma “poética da vontade”, para o possível, a esperança e a graça.

Palavras-chave: Nome de Deus. Promessa. Escatologia. Paul Ricoeur.

14)Título: Religiosidade e espiritualidade, conceitos afins ou distintos? um olhar da psicologia da religiãoNome: Tatiene Ciribelli Santos AlmeidaTitulação: Doutorando(a)Instituição: UFJF

Resumo:A religião pode ser considerada um objeto de investigação científica dos mais

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profundos e complexos. Isso porque ela faz parte do fenômeno humano nas suas mais diversas variedades. Por este motivo, muito se fala e muito se pesquisa nesta área, sob os mais diversos aportes. Junto a ela, os conceitos de religiosi-dade e espiritualidade flutuam num mar de roupagens. Esta comunicação tem o objetivo de averiguar, entre teóricos da Psicologia da Religião, como Edênio Valle, Antoine Vergote, Jacob Benzel, José Geraldo de Paiva, entre outros, a partir de uma revisão de literatura, como estão sendo utilizados estes con-ceitos, de religiosidade e espiritualidade, e o porquê de se optar por este ou aquele. A conclusão é que não há um consenso entre os autores quanto ao uso dos conceitos. Encontram-se abordagens que os colocam como parecidos, ou-tras inter-relacionados, algumas totalmente independentes. E assim, dentro do que foi visto, é que se tenta captar o conceito mais próximo àquele que dará respaldo ao objetivo de determinada ocasião ou pesquisa.

Palavras-chave: Religiosidade. Espiritualidade. Psicologia da Religião.

15)Título: “A sacramentalidade do novo contexto: a existência sacramental do su-jeito vulnerável”Nome: Cleusa CaldeiraTitulação: DoutorandaInstituição: FAJEInstituição patrocinadora: CAPES

Resumo:O colapso das sociedades modernas e a emergência do religioso - em suas di-versas manifestações, contrariando toda previsão-, constituem o grande desafio para discernir a presença de Deus no mundo hodierno. Em meio aos escombros das sociedades ocidentais e da cristandade, os pós-modernos impelem a todos a passar do discurso meramente formal e abstrato, próprio dos debates legislati-vos ou acadêmicos, a um discurso vivencial e narrativo que inclua outras formas de racionalidade. Ao cristianismo impõe-se, ademais, o desafio de refletir sobre a infinita gratuidade do Deus de Jesus Cristo e a irreversível autonomia do sujei-to moderno, para localizar ai no seio da imanência a transcendência, ou seja, o lugar do encontro com Deus.Evidente que, para uma reflexão sobre os acontecimentos que se tornam sacra-mento do encontro do ser humano com o Absoluto em sociedades secularizadas, não podemos prescindir do elemento absoluto da fé cristã, a saber: a auto-re-velação de Deus em Jesus Cristo. Pois, os sacramentos são “acontecimentos” do nosso encontro com Deus. E a Igreja confessa que Cristo é o sacramento de Deus por excelência: na encarnação do Verbo, Deus se encontra com a humanidade inteira na pessoa de Jesus.Desta forma, em face do novo contexto, este ensaio é uma tentativa de esta-belecer certa correspondência entre a teologia sacramental de Edward Schille-beeckx, concentrando-se em sua obra pioneiraCristo, Sacramento del encuentro con Dios de 1965, e a teologia fundamental pós-moderna de Carlos Mendoza--Álvarez - lida em chave litúrgico-sacramental-, com o objetivo de interpretar

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sacramentalmente a subjetividade vulnerável como lugar do acontecimento salvífico. Cada um, a seu modo e desde o seu contexto específico, parece apresentar-se como teólogo da sacramentalidade do contexto histórico e do encontro sacramental, a saber: o encontro com o outro como lugar do encon-tro com Deus.

Palavras-chave: Sacramentalidade. Encontros sacramentais. Subjetividade vul-nerável. Existência em doação.

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FT 6: Religião, Juventude, Espiritualidade e Política

Coordenadores:Dr. Emerson José Sena da Silveira – UFJF, MGDr. Manoel Ribeiro de Moraies Jr. – UEPA, PADr. Wellington Teodoro – PUC Minas, MG

Ementa: Com este FT pretende-se investigar a relação entre religião, juventude, espiritualidade e política, assinalando as convergências e divergências conceitu-ais das formas religiosas e históricas de engajamento juvenil em lutas “progres-sistas” ou “conservadoras” em torno de mudanças ou preservação/conservação de estruturas religiosas, históricas e sociais. A participação de jovens na vida social e cultural brasileira e em seus dilemas, por meio de movimentos religiosos, espirituais ou pastorais, possui uma longa memória histórica que é preciso des-lindar. Ao mesmo tempo, é necessário investigar as atuais formas de participação dos jovens para saber o que mudou na relação entre juventude, engajamento so-cial e espiritualidade. Sob quais perspectivas hermenêuticas podemos entender os movimentos juvenis ontem e hoje em relação às lutas, desejos e participação assumidos ao longo do tempo e numa sociedade democrática? Serão acolhidas investigações teóricas e/ou empíricas que ajudem a lançar luz sobre os laços, às vezes fracos, às vezes fortes, entre as dimensões da fé, da política e da juven-tude.

1)Título: A JMJ e a tentativa de formação do imaginário católico das novas gera-ções, num mundo urbanizadoNome: José William Barbosa CostaTitulação: EspecialistaInstituição: PUC MinasInstituição Financiadora: José William Barbosa Costa

Resumo:Esta comunicação se propõe investigar como a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) da Igreja Católica, um moderno movimento de massa, se propõe a formar o imaginário das novas gerações dos jovens católicos, e sua ostensiva presença no espaço público/urbano. Nosso interesse, também, se debruça sobre a figura do seu fundador, o Papa João Paulo II, e alguns instrumentos utilizados por ele para atingir os fins desse encontro mundial de jovens. Nosso referencial teórico é João Murilo de Carvalho, em sua obra A Formação Das Almas. Palavras-chave: Cidade, Jovens, Papa e Imaginário.

Palavras-chave: JMJ. Imaginário. Mundo Urbano.

2)Título: A juventude inconformada de Lauro Bretones. Trajetória de Lauro Breto-nes entre os Batistas da CBB entre 1948-1953

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Nome: Fábio Py Murta de AlmeidaTitulação: Mestre(a)Instituição: UMESP

Resumo:O presente trabalho visa ser uma apresentação à vida e as ideias do filósofo, jornalista e teólogo, Lauro Bretones - nascido no Espírito Santo, de formação no Rio de Janeiro e radicado nos últimos anos em São Paulo. Para isso, se busca a partir da noção de “trajetória individual” de Giovani Levi traçar a trajetória da juventude de Lauro Bretones como um “tipo” de biografia teológica não relacionada ao campo religioso tradicional (“biografia e os casos extremos”, Giovani Levi) batista. Para tanto, a partir de seu histórico teológico se buscará apontar: primeiro, a abertura ecumênica no livro Roteiros Batistas de 1948; e, segundo sua abertura política ao socialismo cristão de Nicolas Berdyaeff narrado no livro: Cristãos e Comunistas de 1956. Nesse sentido, se visa destacar sua tra-jetória tão distinta do campo religioso (Pierre Bordieu) dos batistas brasileiros da Convenção Batista do Brasil (CBB) o que acarretará em 1970 com sua saída do segmento.

Palavras-chave: Lauro Bretones. Trajetória. Igreja Batista.

3)Título: As juventudes como lócus theologicus frente aos novos paradigmas pas-torais da ação evangelizadora na Igreja do Brasil.Nome: Ivenise Teresinha Gonzaga SantinonTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC CAMPINAS

Resumo:Será compartilhada parte dos resultados das pesquisas feitas por alunos do últi-mo ano de graduação em teologia da PUC-Campinas, tendo como bases teóricas os conteúdos desenvolvidos em seus TCCs. Como a juventude e a evangelização são aspectos relevantes e desafiadores para as diretrizes da ação evangelizadora da Igreja Católica no Brasil, para tentar entender a teologia e o lócus epistemo-lógico desenvolvido pelas novas gerações tomou-se por base o Aggiornamento, ou seja, a atualização, a renovação ou o rejuvenescimento proposto pelo o Con-cílio Vaticano II. Isso implica ir ao encontro da juventude sem preconceitos ou dogmatismos, abrindo-se para as exigências do mundo atual por meio de novos métodos e ações transformadoras. As pesquisas mostram que essas mudanças devem ser interpessoais, antropológicas, culturais e políticas, entre outras. Isto significa dizer que os jovens engajados precisam ser `atingidos` pela evangeli-zação nos seus modos de ser e de se estruturar politicamente. Assim, ao estudar o lócus theologicus das juventudes, serão pensadas formas de engajamento e de evangelização feitos pelos si próprios, sempre com o intuito de atuarem de for-ma mais efetiva e aberta junto aos paradigmas e dilemas que afligem o século XXI. Ao estudar as juventudes e o seu papel na evangelização, propomos apontar também aspectos relativos a gênero e a políticas institucionais, lançando luz

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para uma visão mais ampliada da ação pastoral frente `a sociedade complexa, fragmentada e pluralista. Pretende-se buscar meios que ajudem na transforma-ção de estruturas, de estratégias e de engajamentos vividos pelas juventudes, o que pode favorecer também um dialogo mais profícuo da Igreja com as novas gerações.

Palavras-chave: Juventude. Evangelização. Pastoral e política.

4)Título: Juventude extreme: entre a religião, o lazer e o engajamento socialNome: Waldney de Souza Rodrigues CostaTitulação: Doutorando(a)Instituição: UFJF

Resumo:Este trabalho é um desmembramento de minha dissertação de mestrado em que analisei as relações entre religião e lazer entre jovens evangélicos juizforanos (MG), utilizando o método etnográfico. Em meio à pesquisa, jovens com quem convivi apresentaram-me uma atividade chamada Extreme como se fosse um tipo de esporte radical. Ela é baseada no Acampamento Underground, evento comumente promovido pela Agência Missionária Portas Abertas, e acontecia em uma igreja evangélica com a cobertura de correspondentes dessa instituição para-eclesial. De maneira geral, trata-se de uma simulação de perseguição re-ligiosa que, assemelhando-se a um jogo, busca envolver os jovens com a causa dos “cristãos perseguidos”, ou seja, pessoas que por confessarem a fé em Jesus Cristo sofrem algum tipo de perseguição em seus países. Nesta comunicação proponho a apresentação de alguns elementos principais de tal atividade e uma reflexão sobre a interface que ela gera entre religião, lazer e engajamento so-cial. Ao que parece, o Extreme é para o jovem um espaço de atividade física intensa, experiência espiritual e envolvimento político-social, sendo esses três, âmbitos de uma mesma vivência.

Palavras-Chave: Juventude. Lazer.

5)Título: Juventude universitária e religião: apresentação dos primeiros resulta-dos de pesquisa junto aos jovens universitários da PUC Minas/BetimNome: Eurides RodriguesTitulação: EspecialistaInstituição: PUC Minas

Resumo:A presente comunicação pretende apresentar alguns dos resultados da pesquisa feita no mês de abril de 2015 junto aos jovens universitários do Campus da PUC Minas em Betim. Em sintonia com as conclusões de Charles Taylor desenvolvidas em seu Uma era secular, a pesquisa trabalha com a hipótese de que para os jovens, em particular os universitários, a busca pelo transcendente representa

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uma forma de religião mínima e que, portanto, a sobrevivência da experiência religiosa numa era secular não se vincula a uma religião ou doutrina, mas a caminhos ou propostas de busca espiritual que tem na intuição pessoal um fun-damento confiável. Quem são esses jovens? Em que creem? Como creem? Como percebem Deus? Para eles a vida tem algum sentido? Estão vinculados a alguma tradição religiosa? A várias? Como se posicionam em face das orientações morais de sua tradição religiosa? O que mais criticam nas tradições religiosas? O que mais admiram? Já tiveram alguma vivência espiritual que os tivesse marcado profundamente? Estas são algumas das questões que orientaram a pesquisa.

Palavras chaves: Juventude. Religião. Secularização. Charles Taylor. Uma era secular.

6)Título: O pensamento religioso, político e intelectual de Alceu Amoroso LimaNome: Bruna Aparecida da Silva MiguelTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Campinas

Resumo:O século XX representou um contexto totalmente novo para a Igreja Católica no Brasil, a qual livre da ingerência do poder estatal precisou rearticular-se, organizar-se internamente para sobreviver a esta sociedade laica e amparada pela Constituição republicana. Nos anos 1920, uma corrente de intelectuais leigos começa a debater e a escrever com maior intensidade sobre assuntos re-ligiosos. Uma grande novidade para a época, uma vez que eram pouquíssimas as produções leigas sobre a Igreja Católica. Francisco Iglésias (1971) ressalta que a Igreja carecia de uma frente intelectual atuante. Duas personalidades bas-tante influentes e decisivas são: Jackson de Figueiredo e Alceu Amoroso Lima, o primeiro, grande defensor do ideário conservador e da fé católica; o segundo, mais conhecido por seu pseudônimo Tristão de Athayde, grande amigo de Jack-son por correspondências e seu sucessor na liderança do grupo de intelectuais leigos. Diante desse panorama e considerando a relevância histórica e o discurso religioso de Alceu Amoroso Lima, três objetivos estruturam esta comunicação. Primeiro, apresentar a trajetória de um crítico literário que se converte ao catolicismo aos 35 anos de idade e passa ser o líder do Centro Dom Vital; bem como pensar quais os fatores que contribuíram para sua conversão. Em segundo lugar, refletir sobre a sua participação nos debates entre intelectuais leigos e católicos; sua atuação política; e produção autoral. E ainda, num terceiro mo-mento, avaliar o seu posicionamento frente à revista A Ordem após a morte do fundador, Jackson de Figueiredo. É importante salientar que este periódico foi o principal meio de expressão da intelectualidade católica laica.

Palavras-chave: Alceu Amoroso Lima. Católico. Intelectualidade laica.

7)Título: Religião nas tramas eleitorais paraibanas em 2010

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Nome: Maria Isabel Pia dos SantosTitulação: Mestrando(a)Instituição: UFPB

Resumo:A religião emergiu no segundo turno das eleições paraibanas em 2010 com fins “utilitários”. Tal situação aconteceu em dois momentos: o primeiro foi através da distribuição de “panfletos apócrifos” e materiais difundidos por meio da in-ternet, como: músicas disseminadas pela “coligação jovem”, a qual se satirizava o candidato de oposição, acusando-o de “satanás” e “ateu”, etc.; e o segundo por meio de um debate realizado por uma rede de TV local com os candidatos ao pleito em que os discursos político-religiosos ascenderam. O que incitou estas questões: como o campo político se aproxima do campo religioso durante as dis-putas eleitorais? Ou como a religião se insere no campo político paraibano? Para isso iremos discutir as concepções de campos religioso e político de Bourdieu (2009, 2011) e o entrecruzamento política e religião com Burity (2001, 2008), e Machado (2004, 2006, 2012). A pesquisa é bibliográfica, documental, por uti-lizar dados provenientes de publicações online, e qualitativa, com a aplicação da técnica de análise de conteúdo e discurso. Nestes notam-se a presença de argumentos religiosos, ora para acusar, ora para responder as acusações e des-tacando o pertencimento e a identidade religiosa cristã, configurando-se numa instrumentalização desse discurso no campo político.

Palavras-chave: Religião. Eleições 2010. Paraíba.

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FT 7: Diversidade Religiosa e Imaginário

Coordenadores:Dr. Carlos André Cavalcanti – UFPB, PBDr. Lusival Antônio Barcellos – UFES, ES

Ementa:Na relação homem/sagrado, o imaginário constitui ponte que permite instau-ração de um diálogo. Diferentes concepções sobre tal relação homem/divino dão origem a múltiplas expressões religiosas. No âmago de todas elas encon-tramos símbolos, mitos e ritos como elementos fundadores e mantenedores de cosmovisões e plausibilidades. Caracterizado como país de relativa tolerância, o Brasil vê-se atualmente confrontado com demonstrações de intolerância de vários segmentos religiosos. Assim, o reconhecimento das convergências pro-fundas que unem diferentes expressões religiosas – entendidas como parte do capital simbólico comum da humanidade – constitui tarefa intelectual e política urgente. Esta tarefa faz-se ainda mais necessária como fundamento teórico à afirmação do respeito à pluralidade e ao reconhecimento da Diversidade Reli-giosa. Nossa experiência como co-fundadores da área de Ciências das Religiões da UFPB demonstrou-nos esta necessidade.Os estudos no campo do simbólico e do imaginário constituem instrumentos capazes de ampliar entendimento das convergências e distinções entre as tra-dições religiosas, fundamentando o direito de cada uma à livre expressão e elencando proximidades. Entre estes estudos destacamos, sem exclusividade, a Teoria Geral do Imaginário, que através da abordagem das estruturas antropoló-gicas que orientam as criações simbólicas da humanidade - onde se vê a Tradição profunda do Ocidente, traída pelo clero no século XIII - propicia reconhecimento dos elementos subjacentes à DR, contribuindo para seu melhor entendimento. A Diversidade Religiosa é uma das vitrines da nossa área na interface com a so-ciedade civil! Nela atua cada vez mais o Estado em boa parte de suas políticas públicas voltadas para religiões. Debater neste ST noções e conceitos da nossa área que contribuam para fundamentar DR é ato estratégico que reafirma um campo de ação. Participe desta luta que une os novos paradigmas do saber e dadiversidade!!

1)Título: “Nestorianos piedosos”: Uma experiência de diálogo religioso de uma missão protestantes no século XIXNome: Lucas Gesta Palmares Munhoz de PaivaTitulação: Mestre(a)Instituição: UFRJ

Resumo:Esta comunicação pretende analisar a experiência de diálogo religioso de uma junta de missões protestante norte-americana com o remanescente da antiga Igreja Assíria do Oriente, na cidade de Oroomiah, na Pérsia, encontro este ocor-rido na primeira metade do século XIX. Essa experiência inusitada resultou em

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um livro no qual os protestantes se identificaram com aquela antiga tradição cristã, a ponto de o considerarem os “protestantes do Oriente”. Objetivamos compreender quais foram os fatores que levaram à identificação entre para-digmas religiosos muito diferentes entre si, tanto do ponto de vista histórico, cultural, temporal, além de dogmático e ritual. Para tanto, utilizaremos como fonte o livro produzido por essa junta de missões, intitulado de “Esboços de nes-torianos piedosos”, no qual reunia uma breve biografia de diversos personagens persas, entre homens e mulheres, com os quais tiveram contato, ensinando e cooperando na obra missionária local. Através de uma perspectiva micro-históri-ca procuraremos analisar no texto os sinais e paradigmas religiosos que levaram os missionários protestantes a estabelecer um produtivo movimento de diálogo e cooperação entre suas igrejas. Diante dos atuais debates sobre tolerância re-ligiosa e diálogo intercultural, tal pesquisa se apresenta relevante, pois intenta mapear os aspectos que levaram a tamanha identificação entre culturas religio-sas diferentes, em um momento que o protestantismo vivia o auge do chamado “fundamentalismo”.

Palavras-chave: Protestantismo, nestorianismo, diálogo inter-religioso.

2)Título: A Ordem Terceira do Carmo: a Igreja do Carmo aos olhares da teoria ge-ral do imaginárioNome: Paulo Ferreira da Silva JuniorTitulação: Mestrando(a)Instituição: UFPB

Resumo: No presente trabalho destaca-se por objeto de pesquisa a ordem terceira do Carmo localizada na cidade de João Pessoa – PB. Construída no estilo barroco do século XVIII, a mesma, possui um acervo histórico, que destaca-se pelos pai-néis em azulejos que retratam o esplendor da arte sacra da ordem carmelita e seu estilo arquitetônico esculpida em pedras calcarias pelos colonos da época, com traços únicos e característicos da ordem, sendo de grande relevância para análise da ordem do Carmelo. A proposta do trabalho, constitui em apresentar a igreja do Carmo pelo viés da teoria geral do imaginário nas perspectivas de Gilbert Durand, em especifico as estruturas antropológicas do imaginário em que o autor apresenta uma estrutura isotópica para a imagem. A pesquisa em si, além de buscar apresentar o esplendor arquitetônico da igreja do Carmo, busca também, numa forma mais didática, a utilização da teoria sem a necessidade de problematiza o arcabouço teórico.

Palavras-Chave: Ordem terceira do Carmo. Igreja do Carmo. Teoria Geral do Imaginário

3)Título: A rosa e a Cruz: um trajeto simbólico de múltiplo pertencimentoNome: José Carlos de Abreu Amorim

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Titulação: Mestrando(a)Instituição: UFPB

Resumo:O arché marca indelével na psique humana que tende a se reatualizar de for-ma a tornar-se perene, veiculando-se nos símbolos, mitos e ritos, e sendo uma testemunha do trajeto simbólico que o homem empreende no discernimento da natureza e de si próprio, este elemento que Gilbert Durand identificará com a instancia formal do aparato simbólico, ao falarmos da constituição simbólica do homem levantamos uma questão de tamanha envergadura cuja evocação remonta ao tempo da pitonisa em Delfos , onde a sugestão que se empreenda uma jornada de autoconhecimento, tende a fazer aflorar uma memória silen-ciosa cujo o símbolo é portado e/ou guardião. Para o homem ocidental dois grandes pilares se erguem a sua frente sustentando a abóbada de seu templo particular e/ou coletivo, um é a perspectiva solar o outro e a lunar, que rever-beram através de seus mitos e ritos, o primeiro ligando-se a História e outro a uma hiero-história, ou história santa como Durand sugere em seu livro A Fé do sapateiro, no nosso entender o esoterismo é o catalizador deste última abor-dagem, que ganhou força nos últimos anos nos meios acadêmicos, através dos trabalhos de Antoine Faivre, Jocelyn Godwin, Wouter Hannegraff, Este trabalho tentará construir um diálogo entre a Teoria Geral do Imaginário e os pressupos-tos metodológicos do esoterismo ocidental, para isto nos utilizaremos de dois arquétipos: a rosa e cruz.

Palavras-chave: Teoria Geral do Imaginário. Esoterismo ocidental. Arquétipos.

4)Título: A Teoria do imaginário e a(s) ciência(s) da(s) religião(ões)Nome: Carlos André Macêdo CavalcantiTitulação: Doutor(a)Instituição: UFPB

Resumo:Ainda há uma dura oposição ao caráter fenomenológico de algumas das corren-tes dos estudos em Ciência(s) da(s) Religião(ões). Até uma certa ironia é lança-da contra esta corrente, que estaria presa a uma visão religiosa – talvez pela origem cristã de muitos dos seus pensadores – no estudo da religião. Caldo de preconceitos! A Teoria Geral do Imaginário (TGI) está fora desta disputa, posto que só agora começamos a ser percebidos mais densamente atuando na Área de Ciências das Religiões no país desde que a Teoria serviu de suporte básico para os Projetos de fundação da Área na UFPB entre 2005 e 2009. A TGI é uma novidade e uma inovação ao mesmo tempo. De toda forma, nós que utilizamos a teoria durandiana estamos bem mais próximos da tradição dos estudos feno-menológicos, pois seguimos a nossa trajetória tendo um pressuposto metanoico transdisciplinar que nos aproxima em profundas confluências. Não temos como central o conceito um tanto reducionista de sagrado, mas fazemos uso muito aproximado da forte e inegável abrangência da noção de mito (inegável até para

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os que discordam dela, pois a sua atualidade acadêmica é inelutável no aporte da Antropologia e de outros saberes aproximados). Também não há entre nós, que atuamos com as Estrutur(antes) Antropológicas do Imaginário de Gilbert Durand, um padrão de pertencimentos religiosos em nossas vivências privadas: somos de várias e diversas tendências. Enfim, não estamos propondo métodos da teologia para a análise das religiões – e nem consideramos que isto seja um erro em si, porém Gilbert Durand não nos indicou este caminho e em sua noção de tradição abre espaço para tal resgate. Assim, somos uma via diferente que vem somar-se aos estudos da Área no país, como já o fez em diversas partes do mundo, a exemplo do Canadá, na Universidade do Quebec, em Montreal. Deste ponto de partida, criticamos o velho paradigma racionalista da ciência inclusi-ve, muitas vezes, como uma forma de intolerância acadêmica, mas não o ridicu-larizamos como inútil, apenas o notamos em sua superficialidade. Enfrentamos e derrotamos adversários cartesianos na criação, fundação e consolidação dos cursos de Ciências das Religiões na UFPB, o que vemos com naturalidade.

Palavras-Chave: Imaginário, Gilbert Durand, Ciências das Religiões.

5)Título: Argumentação nova era: legitimação, ceticismo e apropriação de concei-tos científicos para crítica à religião e às ciências tradicionaisNome: Vitor de Lima CampanhaTitulação: Mestrando(a)Instituição: UFJF

Resumo:Pretende-se nesse estudo identificar, na pós-modernidade (LYOTARD, 2013), possíveis mudanças de postura nos debates entre ciência e religião. Parte-se da análise proposta por Popkin (2000), que apresenta os embates entre argumen-tadores da Reforma e da Contra Reforma no século XVI, até o momento em que o ideal racional iluminista empurra a teologia para o campo da fé, com a crítica à religião sendo feita pelas ciências emergentes. Contrapõe-se a isso o cená-rio que emerge no século XX, no qual novas argumentações de fundo religioso questionam a legitimação da ciência, enquanto justificam suas crenças com os próprios conceitos científicos. Gera-se a expectativa de um novo diálogo entre ciência e fé, na proposição de uma nova ciência espiritualizada que critica tanto as religiões institucionalizadas quanto as ciências tradicionais. Corrobora-se a tese da crise pós-moderna das grandes narrativas, com uma crítica fragmentada e que não poupa quaisquer saberes, relatos e instituições.

Palavras-chave: Crítica à religião. Pós-modernidade. Nova Era.

6)Título: No alvorecer de uma nova era: o vale do amanhecerNome: Glicio Freire de Andrade JuniorTitulação: Mestrando(a)Instituição: UFPB

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Resumo:Este trabalho busca apresentar o Vale do Amanhecer, fundado por Neiva Chaves Zelaya – tia Neiva, em meados dos anos de 1960, o qual estar inserido dentro dos novos movimentos religiosos brasileiros. O Vale possui uma crença bastante heterogênea, onde pode-se observar a presença do Catolicismo, Espiritismo, Religiões Afro-brasileiras e muitas outras. Contudo, como esses novos movimen-tos se configuram? O que podemos considerar por Nova Era? É a partir destas perspectivas que o presente trabalho busca apresentar e por em confluência aspectos da Nova Era (New Age) com os aspectos encontrados no próprio Vale. Durante pesquisas, vale-se destacar um leque de pesquisadores que se debruça-ram em compreender, analisar e caracterizar o movimento do Vale do Amanhe-cer. Merece destaque as pesquisas realizadas por Ana Lúcia Galinkin, ao abordar A cura noVale do Amanhecer, e ao apresentar tia Neiva como líder carismática e o Mário Sassi (esposo de Neiva) como líder racional, nas perspectiva weberiana. Outros pesquisadores, a exemplo do sociólogo Amurabi Pereira de Oliveira, irão analisar o Vale do Amanhecer enquanto movimento religioso inserido nos novos movimentos religiosos – as New Ages, como exposto em um de seus trabalhos denominado a Nova Era à brasileira: a New Age Popular do Vale Do Amanhecer.A presente pesquisa tem por base, visitas realizadas ao núcleo do Vale do Ama-nhecer situado na cidade de Bayeux – PB e conversas com adeptos que foram os principais aspectos que impeliram a realização de uma investigação mais acura-da acerca desse fenômeno religioso.Palavras-chaves: Vale do Amanhecer. Nova Era. Novos Movimentos Religiosos Brasileiros.

7)Título: Toré de crianças e jovens indígenas tabajara: ritual de afirmação da et-niaNome: Eliane Silva de FariasTitulação: Mestre(a)Instituição: UFPBCoautoria: Lusival Antonio Barcellos – Doutor(a) - UFES/ES

Resumo:Os indígenas no Brasil, ao longo desses quinhentos anos, lutaram contra o exter-mínio e as dificuldades étnicas que os diferenciavam, mas também assimilaram elementos de outras culturas. O presente trabalho versa sobre as transforma-ções ocorridas na cultura e religiosidade dos indígenas Tabajara da Paraíba, como se converteram a religião cristã evangélica, como reelaboram o ritual do Toré, sua prática, sua espiritualidade e suas crenças; estar focado, sobretudo, na prática desse ritual sagrado vivenciados pelas crianças e jovens em momen-tos religiosos, celebrativos e políticos. O estudo está ancorado em autores como Barcellos e Farias (2012; 2014), Oliveira Filho (1988), Mendonça (1989), Wright (2004), Grünewald (2005), Cunha (2009), dentre outros. A metodologia prioriza a pesquisa qualitativa com observação in loco da prática do ritual e entrevistas semiestruturadas. O estudo revela como a ritualística do Toré torna-se sinal

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diacrítico de fortalecimento e afirmação da etnia Tabajara no processo atual de emergência étnica.

Palavras-chave: símbolo; indígenas Tabajara; ritual; crianças.

8)Título: Uma breve história da imaginaçãoNome: Otávio Santana VieiraTitulação: Mestrando(a)Instituição: UFPB

Resumo:A imaginação é comumente entendida na história do pensamento ocidental como irrealidade, “fantasia” ou falsidade, desvalorizada como fonte de erro. A “louca da casa” sempre suscitou uma irracionalidade, “férias da razão” ou “pe-cado do espírito”. A relação entre o real e o imaginário aponta uma aparente contradição ou oposição, porém, também pode indicar uma relação particular do homem com o mundo, ou mais especificamente, do homem com ele mesmo. A história do conceito de Imaginação proposta neste trabalho pretende apre-sentar que seu percurso (de Aristóteles a Gilbert Durand, passando por autores importantes como Immanuel Kant e J. P. Sartre) a encaminha para uma reva-loração, para uma abordagem que não a rejeita, e lhe dar o valor ontológico o qual merece.

Palavras-chave: Imaginário. História.

9)Título: Temporalidades chronos (kronos) e kairós: uma reflexão no culto a jure-ma sagradaNome: Mirinalda Alves Rodrigues dos SantosTitulação: Mestre(a)Instituição: UFPBCoautor(es): Thalisson Pinto Trindade de Lacerda

Resumo:O presente ensaio é fruto das reflexões extraídas nas aulas da disciplina de His-tória das Religiões disponibilizadas pelo Programa de Pós-graduação em Ciências das Religiões, no Centro de Educação na Universidade Federal da Paraíba (PPG-CR/CE - UFPB), tem como objetivo analisar a temporalidade mítica e cronológica no culto sagrado à jurema. Esse estudo traz abordagem de cunho avaliativo e de produção acadêmica, metodologicamente foi feita entrevistas com sacerdotes e entidades espirituais incorporadas. Tentamos ser fieis ás posições dos religiosos quanto as suas crenças tentando não fazer discurso de pureza em nossa produ-ção. Teoricamente esse estudo tem delineamento explicativo, fazendo interlo-cuções com Otto (2007) Vilhena (2005), Nóbrega (2013), entre outros teóricos que contribuíram para a reflexão e análise desse artigo. No entanto, utilizamos

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recursos antropológicos nos que diz respeito às vivências espirituais. Portanto, essa experiência foi muito gratificante, mas também desafiadora; pois refletir sobre temporalidades Chronos e Kairós, já uma temática complexa. No entanto, refleti-las dentro de uma religião requer atenção, cuidado e sensibilidade.

Palavras – chave: Temporalidade. Chronos (Kronos). Kairós. Jurema sagrada.

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FT 8: Religião, Patrimônio cultural e turismo religioso

Coordenadores:Dr. Aurino José Góis – PUC Minas, MGDr. Josimar da Silva Azevedo – PUC Minas, MGDr. Jorge Miklos – UNIP, SP.

Ementa: O patrimônio pode ser compreendido como um produto resultante do esforço de um determinado grupo para significar sua existência. Essa exis-tência particular vai tecendo a rede intricada da história mais ampla da hu-manidade. Portanto, a preservação do patrimônio cultural e religioso de um grupo específico é fundamental para a compreensão da humanidade como um todo, enquanto experiência diversificada de distintos e variados grupos, ou seja, enquanto experiência plural e complexa. Resulta que, a preservação de um patrimônio cultural significa salvaguardar a arte manifesta materialmente e garantir as condições para que o grupo de pertença manifeste e expresse o seu modo particular de existir. Este é o objetivo deste Fórum que irá focar suas reflexões a partir da articulação de três grandes realidades culturais e cam-pos de conhecimento: a Religião, o Patrimônio Cultural e o Turismo Religioso. Os estudos e as pesquisas desenvolvidas estarão orientados prioritariamente para a compreensão dos fenômenos, suas possíveis articulações, entre si, e potencialidades relacionadas ao desenvolvimento humano e social dos grupos envolvidos, seguidos de ações sociais e políticas que garantam sua valorização, reconhecimento e promoção. O Fórum tem também a pretensão de reunir pes-quisadores das temáticas propostas numa rede articulada em torno de projetos comuns, sobretudo, àqueles protagonizados pelo Núcleo de Estudos e Pesqui-sas em Pastoral da Cultura (NEPAC).ÁREAS: Ciências da Religião, Teologia, Educação, Geografia, História, Ciências Sociais e Turismo

1)Título: A devoção a padre Libério e as romarias em Leandro Ferreira - MGNome: Saulo José Soares SilvaTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Minas

Resumo:Leandro Ferreira-MG é o centro de convergência da devoção a Padre Libério. Para seus devotos Padre Libério é um santo com o dom de realizar milagres. Tais milagres se tornam significativos quando o devoto visita o túmulo do padre e a sala dos milagres que estão em Leandro Ferreira. Analisar as modificações que este fluxo de devotos (romeiros) e não devotos proporcionam no espaço geográfico leandrense em dias de festa religiosas e em comuns é significativo para a Geografia da Religião, especialmente para a Geografia do Turismo Reli-gioso. O comércio local, a infraestrutura da cidade e o deslocamento dos ro-meiros servem para análises do espaço geográfico leandrense. Como Patrimô-

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nio Cultural leandrense, Padre Libério modifica o cotidiano da cidade. Existe um imaginário religioso presente nas manifestações culturais que ocorrem no município. Na festa do congado, no desfile de carros de boi, sempre estrá pre-sente a imagem de Padre Libério. Pesquisas de campo, leitura de bibliográficas sobre devoções populares, Geografia da Religião, romarias e Turismo Religioso permitem afirmar que a devoção a Padre Libério serve de base para discussões que remetem a Patrimônio Cultural e Turismo Religioso.

Palavras-chaves: Devoção - Romarias - Geografia.

2)Título: A expansão da atividade turística religiosa católica e a ação da pastoral do turismo no BrasilNome: Pedro Augusto Ceregatti MorenoTitulação: Mestrando(a)Instituição: UFSCarInstituição Financiadora: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESPResumo:O setor do turismo religioso no Brasil experimenta nos últimos anos um signifi-cativo processo de profissionalização de suas atividades, vários agentes estão relacionados no aprimoramento dessa prática: agências e operadoras de via-gens passaram a integrar pacotes a seus produtos visando atender a demanda religiosa; o papel dos governos também merece efetiva atenção, pois repre-senta grande fluxo de investimentos em capacitação e obras de adequação nos pontos peregrinação; esse movimento também foi considerado pela igreja Católica, que instalou, por meio de sua conferência nacional, a Pastoral do Turismo, visando o gerenciamento de peregrinações e santuários. Todavia des-taca-se que esse organismo eclesial também está imerso em um ambiente de atividade comercial, que tem por objetivo o acolhimento e também a gestão desses espaços turísticos. Muitos agentes promotores se encontram no âmbito do turismo religioso nacional, e é essa faceta a qual esse trabalho se volta; identificando as correlações e disputas dentro do setor, que se comporta como gerador de políticas de mercado, apesar das predisposições religiosas. A pas-toral está incluída no Setor de Mobilidade Humana da Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da CNBB, conta com estratégias de ação que visam a criação de equipes de agentes, incentivos e treinamento para acolhimento de peregrinos, elaboração de roteiros além do fomento da informação sobre os destinos. Assim, essa comunicação explora a relação entre as esferas econômica e religiosa, as quais perpassam a atividade turística com motivação de fé, abordando a ambiguidade estrutural inerente a essa relação.

Palavras-chaves: Turismo Religioso; Pastoral do Turismo; CNBB.

3)Título: As religiões tradicionais: um patrimônio salvaguarda de nossa brasili-dade

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Nome: Aurino José GóisTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC MinasResumo:O patrimônio pode ser compreendido como um produto resultante do esforço de um determinado grupo para significar sua existência. Essa existência particular vai tecendo a rede intricada da história mais ampla da humanidade. Portanto, a perda ou desprezo de um patrimônio específico talvez explique a fragilidade ou dificuldade de se elaborar uma construção histórica da humanidade enquan-to experiência diversificada de distintos e variados grupos como ocorre com as religiões de matrizes africanas. A preservação do patrimônio significa salvaguar-dar a arte manifesta materialmente e garantir as condições para o grupo de pertença manifestar e expressar o seu modo particular de existir. É nesta pers-pectiva que essa comunicação elabora a relação entre as religiões de tradição dos orixás, entidades e espíritos com a salvaguarda da brasilidade desta nação, enquanto lugar de memória e identidade.

Palavras chave: Religiões tradicionais – Patrimônio – Memória – Identidade.

4)Título: Baiano na origem, mineiro na fundação: o tombamento do Terreiro de Candomblé Ilê Wopo Olojukan em Belo Horizonte (MG)Nome: Mariana Ramos de MoraisTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC Minas

Resumo: Neste trabalho, reflito sobre as ideias que deram sustentação à escolha do Ilê Wopo Olojukan como o terreiro de candomblé a ser tombado como patrimônio municipal de Belo Horizonte, em 1995. Parto de um breve histórico do terreiro e sigo tecendo interpretações sobre o texto do dossiê de tombamento, que apre-senta entendimentos sobre o processo. Esse documento contém informações específicas sobre o terreiro, como histórias sobre a sua formação e sobre o seu fundador, descrição do espaço físico e fotos do local; e também extratos de um levantamento sobre terreiros de Belo Horizonte realizado na ocasião; além de uma problematização sobre o negro nessa cidade, apontando para uma ausên-cia da representação da cultura negra entre os patrimônios culturais à época. Interessa aqui também o momento “pós-tombamento”, em que pese a relação estabelecida entre o órgão gestor do patrimônio no município e o terreiro patri-monializado. Esse ponto é chave para que se amplie o foco da reflexão, incluin-do outros grupos para se pensar como as religiões afro-brasileiras passaram a ser mobilizadas, de forma específica, na política cultural belo-horizontina após o tombamento do Ilê Wopo Olojukan.

Palavras-chave: Patrimônio Municipal. Terreiro. Candomblé.

5)

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Título: Cemitério também é/tem história: a importância do tombamento de cemitérios públicosNome: Diego Fontes de Souza TavaresTitulação: Mestrando(a)Instituição: UFRN e UERN

Resumo:Os cemitérios são espaços criados para destinar os mortos de um determinado local. Para além dessa concepção, atribui-se um valor simbólico, um ambiente metafórico e que suscita emoções e memórias e tem seu valor cultural, pela presença de sujeitos históricos, bem como a história do próprio local e o valor artístico da arquitetura tumular. Nessa perspectiva, e embasado em teóricos da Escola dos Annales, como Jacques Le Goff e Lucian Febvre, incluímos os cemitérios na maneira como essa escola ressignificou o documento, sendo os cemitérios importantes fontes documentais e que refletem o pensamento e ima-ginário sobre a morte e o morrer na/da sociedade em que foram construídos. A incorporação da noção de cemitério como um documento histórico acarreta o tombamento desses espaços, prática que vem se tornando cada vez mais co-mum. Nesta empreitada, utilizar-nos-emos do valor historiográfico que os cemi-térios contêm e analisaremos o Cemitério do Alecrim (Natal/RN/Brasil), proble-matizando seu uso como fonte para questionarmos sobre a cultura religiosa e artística, discursos de poder e mesmo a história do local em questão, visto que, como será apresentado, o cemitério em questão consta como resposta do poder público aos problemas sociais. Intentamos problematizar também o movimento de patrimonialização dos cemitérios, abordando conceitos como lugares de me-mória, de Pierre Nora, bem como a importância que Le Goff agrega aos cemité-rios. Desta forma, entendemos que há uma relevância histórica no processo de tombamento de caráter preservativo da memória, como também a intenção de preservação de futuras intervenções com danos ao patrimônio. Palavras-chave: Arte Cemiterial; Cemitério do Alecrim; Patrimônio histórico.

6)Título: Círio de Nazaré festa sagrada ou festa profana?Nome: Jorge MiklosTitulação: Doutor(a)Instituição: UNIP

Resumo:O objetivo desta comunicação é promover uma reflexão acerca do Círio de Na-zaré na condição de um evento que está circunscrito no âmbito do turismo religioso. O Círio de Nazaré é uma das maiores manifestações religiosas católi-cas do Brasil. Segundo dados do Secretaria de Estado de Turismo (SETUR), e da Companhia Paraense de Turismo (PARATUR), a festa reúne cerca de dois milhões de pessoas em todos os cultos e procissões. É celebrada, desde 1793, na cidade de Belém do Pará, anualmente, no segundo domingo de outubro. O estudo parte de uma questão: Círio de Nazaré atualmente é uma festa sagrada ou profana? O estudo, de caráter interdisciplinar, apoia-se nas reflexões de Figueiredo (2005),

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Terrin (2004), Rivière (1996), Turner (1974), Gennep (1978) e Edgar Morin (1992) e Silva (2015). Conclui-se que, atualmente, em face do processo de mercanti-lização e espetacularização do fenômeno religioso, a linha que separa as duas características é tênue. Os conflitos que permeiam essas diferenças permitem vislumbrar muitas formas de conceber e diferenciar a religiosidade entre os fi-éis e os clérigos. O Círio permite observar e vivenciar uma variedade de outras festas menores carregadas de símbolos profanos e pequenos rituais particulares que possibilitam a socialização e o sincretismo de costumes e a integração entre os que comungam do mesmo espaço.

Palavras-Chave: Círio de Nazaré –Turismo Religioso – Sagrado – Profano.

7)Título: Santuário digital dos bens culturais da Igreja. Uma proposta de valoriza-ção, divulgação, preservação e promoção dos bens culturais da Igreja no Brasil.Nome: Josimar da Silva AzevedoTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC Minas

Resumo:A Igreja católica é uma das instituições detentora de maior e mais variado patri-mônio cultural no mundo, se considerarmos o conjunto de seus bens, materiais e imateriais, distribuídos pelos países cristianizados. No Brasil, não é preciso nenhum esforço em particular para perceber a pujança desse patrimônio na paisagem das cidades históricas, a exemplo de Ouro Preto, Salvador, Olinda, entre outras. Grande parte deste patrimônio está à mercê das intempéries, dos vândalos, dos furtos e contrabandos, reclamando, além de uma decisão políti-co-administrativa, uma solução técnica eficaz. Essa decisão já foi tomada pela Igreja e está explícita no Código de Direito Canônico de 1917, ao determinar no cânone 1522 um inventário acurado e diferenciado dos bens imóveis da igre-ja pelos administradores eclesiásticos (Carta Circular, p.7). A solução técnica, também acenada pela Igreja (Carta Circular, p.18), se concretiza na realização do “Santuário Digital dos Bens Culturais da Igreja no Brasil”, apresentado nes-ta comunicação. O “Santuário Digital” consiste em dispor os bens culturais da Igreja em um ambiente tecnológico de visualização web, de acesso amplo e controlado, espacialmente organizado em um conjunto de mapas, de modo a permitir a localização e identificação dos bens, com visualização tridimensio-nal de seu local, espaço e território. Esta comunicação científica se propõe a demonstrar que a solução técnica do “Santuário Digital” é capaz de revigorar a força sócio-cultural, mistagógica e evangelizadora destes dos Bens Culturais da Igreja do Brasil.

Palavras chave: Santuário Digital – Patrimônio – Bens Culturais – Igreja.

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FT 9: Espaço religioso: entre o público e o privado

Coordenadores:Dr. Glauco Barsalini - PUC-Campinas- SPDr. Rodrigo Coppe Caldeira - PUC Minas- MG

Ementa: Jürgen Habermas chama atenção para o fato de que, na atualidade, a “neutralidade ideológica” do Estado não permite que se generalize uma vi-são secularizada do mundo, de modo que se pode esperar que as contribuições importantes das religiões sejam traduzidas em uma linguagem “acessível publi-camente”. Em caminho diferente ao de Habermas, Giorgio Agamben concebe o termo religio como aquilo que cuida para que os homens se mantenham distin-tos dos deuses, no que profano e sagrado estão separados. A proposta deste FT é discutir o problema da religião na sua relação com o espaço público seculari-zado, tendo em vista, de um lado, concepções teóricas que apostam na possibi-lidade de construção de um lugar religioso de caráter público junto ao Estado e, de outro, concepções teóricas que questionam tal possibilidade, propondo um locus religioso fora dos limites do Estado.

1)Título: Fundamentos racionais, fundamentos morais, religião e instituições do Ocidente contemporâneoNome: Glauco BarsaliniTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC Campinas

Resumo:O debate travado entre o filósofo Jüngen Habermas e o então cardeal Joseph Ratzinger na noite de 19 de janeiro de 2004, e que ganhou, no Brasil, publicação sob o nome Dialética da Secularização: sobre razão e religião, é inspirador. En-quanto, em uma posição liberal, Habermas defendia o império da razão prática como âncora do pluralismo religioso, Ratzinger propugnava pela anterioridade do criador a qualquer projeto humano, e pela existência de um ethos ocidental que correlacione razão com religião. Em O reino e a Glória Giorgio Agamben denuncia a centralidade do elemento religioso nas formas de vida política, ju-rídica e material do mundo ocidental e, em Profanações propõe a subversão da vinculação da religião com as formas institucionais de poder. Propõe-se, por esta comunicação, estabelecer relações entre o pensamento liberal do formu-lador da teoria do agir comunicativo, o conservador - de Bento XVI - e, por fim, o anárquico, do jusfilósofo italiano, tendo por objeto o problema da religião na sua conexão com as instituições políticas, jurídicas e econômicas.

Palavras-Chave: Razão. Religião. Instituições. Pluralismo religioso.

2)Título: O espaço religioso, a construção humana do espaço sagradoNome: Ismayr Sérgio Cláudio

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Titulação: Mestre(a)Instituição: Fundação João Pinheiro/PUC Minas /Universidade Católica Dom Bos-co

Resumo:O espaço físico é, para o ser humano, um espaço apropriado, organizado e ha-bitado conforme seus desejos e interesses. Desejos e interesses que acabam por transformar aquele espaço em objeto com o qual, ou através do qual, se encontra o significado e o significante proposto. Dessa forma, como se pode inferir, esses desejos e interesses não se colocam apenas em termos subjetivos “em razão do fato de que o mesmo objeto que existe ‘lá fora’ é visto a partir de duas posturas ou pontos de vista diferentes. Mais do que isso, como diria Hegel, sujeito e objeto são inerentemente ‘mediados’, de modo que uma mu-dança ‘epistemológica’ do ponto de vista do sujeito sempre reflete a mudança ‘ontológica’ do próprio objeto” (Zizek: 2012, pág. 32). É nessa perspectiva que o intelectual esloveno Slavoj Zizek indica o termo “paralaxe” por ele definido como “o deslocamento aparente de um objeto (mudança de sua posição em relação ao fundo) causado pela mudança do ponto de observação que permite nova linha de visão” (Zizek: 2012, pág.32). Se, conforme argumenta Zizek ao visitar o pensamento hegeliano, sujeito e objeto são inerentemente mediados a ponto de, em razão dessa mediação ocorrem as mudanças ontológicas e episte-mológica, podemos também considerar os modos pelos quais se dão as relações entre sujeito e objeto no espaço físico religioso. Devemos nos perguntar acerca do mecanismo individual e coletivo humano capaz de incorporar significante e significado sagrado ao espaço físico natural ou construído que se transforma em espaço ou objeto sagrado. Outro aspecto importante nessa empreitada será o de elucidar o fato ou o fenômeno ocorrido, aquele originário ou fundante, capaz de alterar o ambiente outrora comum em ambiente sagrado. Identificar seus su-jeitos e as razões pelas quais se deu o aparente deslocamento do objeto de seu lugar comum para lugar sagrado. Posteriormente, analisar a relação do sujeito humano com aquele espaço sagrado na perspectiva da cultura e da vivência da fé a partir do conceito de “hábitus” proposto por BOURDIEU. Por fim, concluin-do a comunicação, discutir o conceito de espaço público e privado tendo como foco a relação subjetiva (experiência religiosa) e objetiva (rituais religiosos) do sujeito com aquele espaço físico transformado em espaço sagrado. Então disse Deus: “Não se aproxime. Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é terra santa”. Ex 3:5

Palavras-chave: Espaço Religioso. Construção humana. Espaço sagrado.

3)Título: O secular, o secularismo e a secularização: conceitos análogos e concep-ções divergentesNome: Pedro Gustavo Cavalcanti SoaresTitulação: Doutorando(a)Instituição: UFPE

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Resumo:O artigo em questão tem como objetivo elucidar as nuances nos conceitos do secular, do secularismo e da secularização, assim como, analisar as diferentes concepções elencadas por diversos autores e que envolve cada um dos ter-mos. Jurgen Habermas, Charles Taylor, Giorgio Agamben, Rajeev Bhargava, Talal Asad, José Casanova, entre outros, expandem a discussão e aprofundam con-cepções que não se prendem mais ao caráter ocidental. A extensa compreensão em torno do secularismo é, em parte, derivado dos significados existentes desse termo. A aplicabilidade e a interação no meio são determinantes para a criação de uma pluralidade de entendimentos e novos sentidos sobre o secularismo, o secular, a secularização. Por isso, é sine qua non pensar sobre esse conjunto a partir de realidades diferentes. A ideia de secularismo é modificada e reinter-pretada de acordo com a sociedade no qual é observada. Os valores culturais, sociais e políticos são essenciais para uma ressignificação e a reconstrução desse conceito. A noção de que algo está sendo reinventado/reinterpretado nos reme-te à existência de um conceito basilar que foi deslocado para um contexto e é transformado por diversos matizes. À medida que o secular pode significar uma categoria que classifica um substrato político e/ou social, a secularização é um processo construído pela diferenciação das esferas institucionais/sociais secula-res e da religiosa, e/ou pela transformação do estrato teológico em secular de acordo com o contexto que lhe compete. Já o secularismo é identificado como um princípio político, uma doutrina, um fundamento filosófico, uma conquista difícil para desacreditar qualquer forma de dominação religiosa. Múltiplas con-cepções, pautadas em vários casos empíricos, se originam desses conceitos e corroboram a importância e a atualidade do tema.

Palavras-chave: Secular. Secularismo. Secularização.

4)Título: O sofrimento como arché para a convivência entre cidadãos religiosos e entre os cidadãos religiosos e os seculares no espaço públicoNome: Paulo Sérgio Lopes GonçalvesTitulação: Pós-doutor(a)Instituição: PUC CampinasInstituição Financiadora: Sociedade Campineira de Educação e Instrução

Resumo:Objetiva-se nesta comunicação apresentar o sofrimento como arché para a con-vivência dos cidadãos religiosos e seculares no espaço público. Justifica-se este objetivo, a intuição de que, a despeito de práticas ecumênicas, inter-religiosas e de solidariedade, a convivência entre os cidadãos religiosos e dos cidadãos religiosos com os cidadãos seculares tem ainda a marca de violência discursiva e física, de modo a desenvolver o fundamentalismo e o dogmatismo de um lado, e o sectarismo, a discriminação e o terrorismo de outro. Diante dessa situação, tem-se um conjunto de propostas referentes à ocupação do espaço público pe-las religiões, cuja pretensão é encontrar um caminho de convivência marcada pelo diálogo, por estruturas de comunhão e de paz. Para atingir este objetivo,

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apresentar-se-á analiticamente a proposta da nova teologia política, formulada por Johann Baptist Metz, principalmente em sua obra Memoria Passionis, na qual se vislumbra o sofrimento como arché, enquanto elemento fundador para recuperar a teodicéia, desenvolver a compaixão e a solidariedade, propiciando um movimento que não permanece apenas na confessionalidade e inter-confes-sionalidade religiosa, mas também se estende para a relação das religiões com outros mundos seculares, exigindo do Estado uma atuação servidora da comu-nhão e da paz, tendo no sofrimento a sua referência arcaica (fundadora).

Palavras-chaves: memória passionis, teodicéia, sofrimento, convivência

5)Título: Religião e liberdade de expressão no espaço público contemporâneoNome: Sérgio Murilo RodriguesTitulação: Doutorando(a)Instituição: PUC Minas

Resumo:No dia 7 de janeiro de 2015 o jornal satírico francês Charlie Hebdo sofreu um ataque terrorista que resultou na morte de doze pessoas. O motivo teria sido a publicação de charges ofensivas à religião islâmica. Imediatamente vozes se levantaram para a defesa sem limites da liberdade de expressão da mídia. No entanto, outras vozes dissonantes também se lembraram da necessidade de uma reflexão ética sobre os limites da liberdade de expressão, pois ela pode ser ofensiva, discriminatória e intolerante. A proposta é refletir sobre esses limites com relação à difusão midiática das religiões no espaço público. O referencial teórico será a teoria de Habermas e a distinção que ele faz entre liberdade comunicativa e liberdade de expressão, bem como a relação entre autonomia privada e pública em uma sociedade democrática. Como distinguir a dimensão privada da dimensão pública de uma religião? Pessoas de outras comunidades religiosas ou pessoas não-crentes podem criticar publicamente uma crença reli-giosa sem serem intolerante? A liberdade de expressão deve ter limites ou não? A pesquisa apresentará como conclusão as respostas das perguntas anteriores.

Palavras-chave: Habermas. Religião. Espaço público. Liberdade de expressão. Tolerância.

6)Título: Religião e ressocialização: o fomento às atividades de capelania prisional pelo Estado laicoNome: Antonio Carlos da Rosa Silva JuniorTitulação: Doutorando(a)Instituição: UFJF

Resumo:A presente comunicação tematiza as relações existentes entre a religião, no-tadamente a cristã, e o processo de ressocialização dos encarcerados. Nosso

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objetivo é apontar que a percepção de laicidade do Estado, especialmente nas questões sociais em que o mesmo é sabidamente falido em enfrentar – como a violência e a drogadição (vide as já conhecidas Cristolândias) ou o elevado índice de reincidência criminal (referenciemos às APACs) – indica não o rechaço do religioso, mas a garantia jurídica da liberdade de crença e sua manifesta-ção, chegando até ao favorecimento do fenômeno religioso pelo Estado. Nesse sentido, a partir de uma breve revisão bibliográfica acerca da laicidade, abor-daremos o que nossas pesquisas para a tese doutoral têm mostrado: o Estado, ante sua ineficiência no processo de reinserção social do preso, incentiva a que as religiões se estabeleçam no espaço público prisional. Some-se a isso o fato de que é a matriz evangélico-protestante que mais está inserida no contexto de en-carceramento, talvez porque possibilite, per si, a tônica da conversão religiosa e a consequente mudança de comportamento nos presos, o que é reconhecido pelo mesmo Estado.

Palavras-chave: Laicidade. Religião. Ressocialização.

7)Título: Religiões políticas, militantes políticos ‘religiosos’: sobre algumas ques-tões epistemológicasNome: Rodrigo Coppe CaldeiraTitulação: Doutor(a)Instituição: PUC Minas

Resumo:O tema da presença das religiões na esfera pública passou a ter considerável importância nos debates acadêmicos nos últimos anos. A reflexão em torno do fenômeno leva à necessidade da ampliação de seus arcabouços teóricos a fim de dar conta dessa presença que aumenta e que se demonstra como uma das inúmeras contradições do denominado processo de secularização. Nota-se que várias análises concentram-se seu olhar na ação política de sujeitos que se de-claram ligados às instituições religiosas. É possível notar, algumas vezes, que elas são assinaladas por tons de denúncia, carregando por vezes uma colora-ção missionária, com objetivo de “conscientizar” a sociedade para os possíveis perigos da instrumentalização política por esses grupos. No entanto, o estudo dos grupos que também agem politicamente, mas não se consideram religio-sos, inclusive utilizando discurso por vezes antirreligioso, não são analisados também em suas crenças e ações, muitas vezes perpassadas por dogmatismos e tom religioso e emocional, malgrado o esforço em fazer crer em sua “objetivi-dade”. Essa comunicação deseja refletir brevemente sobre esses grupos a partir do conceito de “religiões políticas/seculares”, avançando algumas hipóteses e questionamentos de corte epistemológico. Palavras-chave: Religião. Política. Espaço público.

8)Título: Uma resistência islâmica legitimada pelo Estado: o caso Hezbollah

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Nome: Patrícia Simone PradoTitulação: Doutorando(a)Instituição: PUC Minas

Resumo: Um país pequeno em sua extensão, mas grande o suficiente para produzir uma das maiores lutas de resistência na história do Oriente Médio: o Líbano. Banhado pelo mar mediterrâneo e com fronteiras entre Israel e Síria abriga em seu solo pessoas de várias nacionalidades e religiosidades. Nesse país, onde a confissão religiosa encontra-se nas carteiras de identificação, dizendo mais sobre a per-tença do grupo étnico religioso e sua atuação sociopolítica, que propriamente sobre a prática da fé, a perpetuação de um domínio político gerou políticas públicas de beneficiamento a determinados grupos e regiões, um dos motivado-res do desenvolvimento de movimentos de resistência. Tendo como referências de análise os pressupostos do Construtivismo, o presente trabalho tem como objetivo analisar como se deu a legitimação , dentro do ambiente doméstico e internacional, de um dos grupos de resistência islâmica mais controversos e ao mesmo tempo poderosos na região do Oriente Médio: O Hezbollah. Para tanto, pretende-se no primeiro momento, descrever a base do sistema sociopolítico no Líbano e verificar o(s) tipo(s) de identidade(s) que são construídas nessa socie-dade. Com esses dados, partiremos para o segundo momento que envolve a aná-lise do discurso religioso empregado pelo Hezbollah e como esse conseguiu se legitimar no espaço público. A abordagem construtivista moderada de Wendt e a análise discursiva de Onuf estarão nos fundamento do arcabouço teórico deste trabalho. Além da pesquisa bibliográfica, utilizar-se-á, como recursos auxilia-res, a iconografia, a cartografia, além da etnográfica do tipo visual na análise de vídeos com discursos políticos produzidos pelo Hezbollah.

Palavras-Chave: Estado. Religião. Resistência.

9)Título: A intolerância que afasta e a alternativa que resgata: O Parque Ecológico dos Orixás como luta pela intolerância e busca por espaço.Nome: Elza Aparecida de OliveiraTitulação: Mestre(a)Instituição: UFJF

Resumo:A proposta do presente trabalho é abordar como a intolerância contra as religi-ões de matriz africana (Candomblé e Umbanda), na cidade do Rio de Janeiro, tem ocasionado certas modificações em Terreiros, alterando horários e lugares para a realização de suas atividades. Muitos centros têm buscado novos es-paços, entre eles Parques (públicos e privados) abertos para a realização de celebrações e/ou ritos religiosos, afastados da atmosfera urbana e dos olhares contrários ao direito de manifestação religiosa sofrida por essas religiões. En-quanto há o movimento de desalojamento, seja físico ou ideológico, das religi-ões de matriz africana, surge, por elas mesmas, em contrapartida, uma espécie

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de busca, um retorno ao “ambiente natural” para os cultos nos Parques que as recebem. Meu recorte etnográfico para esse artigo é o Parque Ecológico dos Orixás, situado no bairro de Raiz da Serra na cidade de Magé (RJ). O Parque foi criado pela União Umbandista dos Cultos Afro Brasileiro e é um espaço privado criado para garantir a segurança e a limpeza necessária para a disposição das oferendas e a realização dos trabalhos religiosos. A determinação deste traba-lho é abordar como esse espaço se apresenta tanto como refúgio, em meio a uma sociedade que discrimina, quanto como busca pelo direito de manifesta-ção da própria religião.

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FT 10: Iniciação científica (Apresentação em Banners)

Coordenadores:Dra.Áurea Marin Burochi – ISTADr. Cleto Caliman – FAJE, MG.

Ementa: O presente FT tem por objetivo propiciar aos estudantes de gradua-ção e pós-graduação (atualização e especialização), assim como a bolsistas de Iniciação Científica, um espaço para apresentar e discutir os resultados de suas pesquisas dentro da temática geral do Congresso. Com isto, favorecer-se-á a divulgação de suas pesquisas, bem como propiciar-se-ão o aprimoramento e amadurecimento da capacidade de investigação e da participação em ambiente acadêmico. As apresentações serão em forma de Banners.

1)Título: A compreensão do fundamentalismo pelo protestantismo histórico no Brasil: o caso da Igreja Presbiteriana Independente do BrasilNome: Leandro Roberto LongoTitulação: Graduando(a)Instituição: PUC C

Resumo:Ao buscarmos o sentido original do termo fundamentalismo, chegamos aos pro-testantes ultraconservadores nos EUA do final do século XIX, em sua reação à crítica bíblica, com o objetivo de resgatar os fundamentos da fé cristã. Artigo de exportação, ao longo do século XX, o fundamentalismo alcançou muitos pa-íses com presença protestante, inclusive o Brasil, onde o termo tem conotação pejorativa. Neste artigo, analisamos a compreensão do fundamentalismo pelos protestantes históricos no Brasil, ou seja, qual é a representação que eles fazem do conceito. Dentre as denominações históricas, o estudo de caso é o da Igre-ja Presbiteriana Independente do Brasil (IPIB) – surgida de uma cisão da Igreja Presbiteriana do Brasil, em 1903. O resultado final alcançado por este artigo deixa-nos a impressão de uma práxis denominacional – obtida pela pesquisa qualitativa de parte dos relatos oficiais da IPIB – aberta ao diálogo com a mo-dernidade, na tentativa de aumentar as fileiras de sua grei. No decorrer de sua história em solo brasileiro, a IPIB foi capaz de incorporar elementos da cultura nacional, fazendo uma adaptação de textos bíblicos com a vida do povo: o que lhe garante um distanciamento do fundamentalismo inicial.

2)Título: A conflituosa recepção do Concílio Vaticano II na diocese de Campos dos GoytacazesNome: Vinícius Couzzi MéridaTitulação: Mestrando(a)Instituição: Faculdade Unida de Vitória

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Resumo:O objetivo desta comunicação é analisar a situação da diocese de Campos dos Goytacazes, a única diocese do mundo a ter dois bispos: o bispo diocesano e o bispo para os fiéis tradicionalistas da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney. Esta Administração, antes União Sacerdotal São João Maria Vianney, está em comunhão com o Vaticano desde 2002, quando voltaram a comunhão após duas décadas de uma relação conflituosa com o Vaticano, e que levou seu clero à excomunhão, em 1988, quando participaram da sagração de 4 bispos sem autorização do Papa. Por isso, por meio de pesquisa bibliográfica, análise dos jornais da época e depoimentos do clero e dos fieis contemporâne-os à conflituosa recepção das reformas conciliares propostas pelo Vaticano II, pretende-se uma pesquisa a respeito do trabalho pastoral de Dom Antônio de Castro Mayer a frente da diocese de Campos e como a sua substituição pelo novo bispo levou à divisão do clero entre tradicionalistas e o clero conciliar e de igual maneira, pesquisar o processo de reconciliação do clero tradicionalista de Campos com o Papa novamente. Palavras-chave: Aggiornamento. Modernismo. Resistência. Tradicionalismo. Reconciliação.

3)Título: A morte como sentido para a vida no “Evangelium Vitae” na perspectiva escatológica e bioéticaNome: Vera Lúcia WunschTitulação: Graduando(a)Instituição: PUC PR

Resumo:O presente artigo expõe resultados da pesquisa de iniciação científica de uma reflexão bioética e escatológica sobre o valor e significado da vida e formas de preservação das dimensões humanas diante da morte, no horizonte da Encíclica Evangelium Vitae. No cenário de investigação, desafios éticos no campo da saú-de, individual e coletiva, oriundos de avanços biotecnocientíficos e biotecno-lógicos. Recortes da pesquisa, de cunho qualitativo e bibliográfico, evidenciam temários bioéticos e teológicos que defendem a integridade da vida até seu fim natural, diante de ameaças da cultura de morte. O cuidado humanizado, em to-talidade bio-psico-social-espiritual, possibilita ao paciente terminal gerar senti-dos e reinterpretar a própria existência. Figura a termo, numa realidade social com delimitações a favor da vida e marcada por incertezas, miséria e exclusões, a concepção escatológica cristã que aponta sinais de esperança em questões emergentes. O agir humano responsável e comprometido com a dimensão pes-soal e social da história, preferencialmente com os menos favorecidos, vulne-ráveis e excluídos, e em resposta, na liberdade, aos interpelativos divinos, são primícias da eternização do Reino de Justiça e Paz. Palavras-chave: Dignidade Humana. Morte. Bioética. Escatologia Cristã. Cuidado Humanizado.

4)Título: A religião em uma sociedade pós-moderna.Nome: Jonas Rafael da Silva

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Titulação: Graduando(a)Instituição: PUC Campinas

Resumo:Objetiva-se neste trabalho apresentar filosófica e teologicamente a religião em uma sociedade denominada de “pós-secular”. Justifica-se este objetivo o fato de que a Modernidade afirmou o fim da religião e a morte de Deus, possibilitan-do o surgimento da secularização e do ateísmo. Por secularização, compreende--se o processo em que toma corpo o conceito de autonomia aplicado às diversas instâncias histórico-sociais e às pessoas, possibilitando superação do teocen-trismo que coloca a religião como único eixo de integração social, de formação de cultura e de mentalidade. Instaura-se então, um processo de “desencan-tamento do mundo”, de centralidade do homem moderno e de intensificação da ciência. No entanto, historicamente a religião não chegou ao seu fim, ao contrário, manifestou-se como realidade plural tanto no âmbito do cristianismo como no âmbito de outras denominações religiosas. Por sua vez, o anúncio da “morte de Deus” foi concebido como crítica à metafísica e a linguagem sobre Deus, possibilitando a pluralidade lingüística da concepção sobre Deus e sobre o divino. A este fenômeno Habermas denominou de “pós-secularização”. Por isso, para atingir seu objetivo, desenvolver-se-á neste trabalho a análise filosó-fica e teológica da “Pós-secularização”, tendo como obras principais Fé e saber e Entre Naturalismo e Religião, ambas de Jürgen Habermas, e também a obra Dialética da seculartização, composta pelo diálogo entre Jürgen Habermas e Joseph Ratzinger. Inferir-se-á o conceito de secularização, “pós-secularização”, de pluralismo religioso e de diálogo entre razão e fé.

Palavras-chaves: “Pós-secularização”. Ateísmo. Pluralismo religioso. Diálogo.

5)Título: A simbólica do mal de Paul Ricoeur: da ontologia à práxis.Nome: Fabio Fernandes dos Santos e SilvaTitulação: Graduando(a)Instituição: PUC Campinas

Resumo:O filósofo Paul Ricoeur foi um dos grandes pensadores franceses do pós-guerra. Deixou grandes obras. Dentre suas temáticas, o problema do Mal ganhou desta-que. Assim, o presente trabalho tem por base de reflexão sua obra A Simbólica do Mal. O próprio filósofo diz que sua trajetória filosófica foi marcada pelo pro-blema do absurdo e pelo sofrimento. Este trabalho mostra como o mal se revela como um desafio à teologia e à filosofia, e assim revela os limites de um pensa-mento lógico e reflexivo habituado à clareza dos conceitos e, por vezes, à sim-plicidade das definições. Neste sentido, este trabalho tenta fazer a passagem da pergunta De onde vem o mal? à questão O que devemos fazer contra o mal?. Ou seja, a questão está em passar da ontologia à práxis. Pois, é fundamental uma ação contra o mal e não teorias e conceitos estabelecidos. A pertinência desta reflexão para os dias de hoje é muito grande, pois o mal é uma questão a ser

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enfrentada por todos os saberes, sobretudo pela religião.

Palavras-chave: Ontologia. Práxis. Mal. Símbolo.

6)Título: Amar a Deus e ao próximo: um novo mandamento de Jesus Cristo?Nome: Jackson Câmara SilvaTitulação: Graduando(a)Instituição: FAJE

Resumo:O tema do amor é muito caro nas Sagradas Escrituras, sobretudo para a rela-ção entre Deus, os homens e seu próximo. Desse modo, este trabalho aborda o mandamento de Amar a Deus e ao próximo. Partindo da epistemologia do termo amar, analisaremos sua semântica e suas inúmeras implicações, uma vez que essa máxima cristã é iniciada por ele. Em seguida, com o olhar no Antigo Testamento, verificaremos a existência e a maneira como os dois mandamentos se apresentam, destacando a evolução do significado “próximo”, fazendo-nos recorrer também à literatura rabínica. Chegando à literatura neotestamen-tária, focando os evangelhos, verificaremos que novidade Jesus trouxe nesse mandamento em relação ao judaísmo. Para isso, analisaremos o conceito de próximo e os novos grupos que estão inseridos nele, assim como o significado do termo novo mandamento, destacado em João. Além disso, serão aborda-das questões pertinentes que emergem da concretude desse mandamento, nas quais apontam para o vínculo essencial do amor ao próximo ao amor a Deus e sua inerência no ser humano mediante o mistério pascal de Cristo. Com isso, o duplo mandamento visto mais como realização plena do homem que obri-gação, chama-nos a tomar consciência de nosso papel frente aos desafios nos tempos atuais.

Palavras-chave: Amor. Deus. Próximo. Jesus Cristo.

7)Título: Ao som das toadas é que os mestres trabalham: o Catimbó Jurema na cidade de João PessoaNome: Eduarda da Costa CoelhoTitulação: Graduando(a)Instituição: UFPBCoautor(es): Paula Suênia dos Santos Gonçalves de Assis

Resumo:O presente artigo tem por base pesquisas de cunho exploratório e qualitativo que tem por objetivo analisar as narrativas míticas do Catimbó Jurema, a par-tir das toadas nos Terreiros de Umbanda na cidade de João Pessoa. Entende-se que por meio das toadas (música cantada nos rituais) seja possível identificar as histórias míticas das entidades – mestres, mestras e caboclos. O trabalho destaca a Paraíba, em especifico a cidade de Alhandra, como berço do Catim-

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bó, conforme destaque nas obras de Mario de Andrade, que servirá de aporte teórico para o artigo. A luz disso pode-se destacar Andrade como um dos pre-cursores dos estudos do Catimbó, ao enfatizar em suas obras a existência de uma mitologia no Catimbó fundamentada no “Reino da Jurema”, que segundo ele, seria “uma das grandes regiões maravilhosas dos ares”, onde as entidades habitam. Oportuno salientar a importância da pesquisa para o campo das Ciên-cias das Religiões como para o campo das Ciências Sociais, vez que são escassos os registros de literatura sobre o tema, tendo em vista que certos pesquisado-res ao tentarem tecer uma conjuntura a respeito da Jurema, fugiam ao caso.

Palavras-Chaves: Toadas. Mito. Catimbó Jurema.

8)Título: Cristologia em tempo de secularizaçãoNome: João Victor BulleTitulação: Graduando(a)Instituição: PUC Campinas

Resumo:Objetiva-se neste trabalho apresentar filosófica e teologicamente a possibili-dade de formulação de uma cristologia que discursa sobre Cristo no contexto do homem secularizado. Este objetivo se fundamenta na proposta do teólogo uruguaio Juan Luis Segundo em formular sua teologia libertada de diretrizes teóricas de um complexo teológico, que não atinge efetivamente a realidade histórico-filosófica do homem moderno: a secularização. A partir da obra “O homem de hoje diante de Jesus de Nazaré (I). Fé e ideologia” elaboramos nossa reflexão sobre a visão que Segundo tem de Fé e ideologia e pudemos perceber que a fé é constitutiva de todos os seres humanos, ainda que seja fé antropológica. E, no pensamento de Segundo, as ideologias derivam da fé, como aplicação prática efetiva desta. A fé sem ideologia é morta e a ideologia sem fé é vazia e não subsiste. Percebemos que uma cristologia a ser realizada em tempo de secularização deve ser entendida como ideologia, contudo, para ser realmente eficaz, nesta época específica, precisa estar embasada em uma outra fé. De fato, não podemos pensar que fazer cristologia no mundo secu-larizado embasando-a em uma fé que já não subsiste na sociedade atual seja pertinente, faz-se necessário assumir a secularização como algo desafiador e interpelador, impelindo à elaboração da cristologia. É exatamente isso que buscamos responder: como deve ser a fé que será o ponto de partida para a elaboração da cristologia em tempos de secularização.

Palavras-chave: Cristologia. Secularização. Juan Luis Segundo.

9)Título: De uma montanha a outra: profundezas e paradoxos da “Lei divina”Nome: Diogo Rodrigues dos Santos AlbuquerqueTitulação: Graduando(a)Instituição: PUC Campinas

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Resumo:Na decifração dos textos da Bíblia, Paul Beauchamp permanece constantemente atento ao traço de união entre o Antigo e o Novo Testamento, convencido de que os escritos da Bíblia pensam de modo não especulativo a relação do ser hu-mano com Deus, isto a partir da narrativa, da lei, da profecia, do hino, do dito da sabedoria, da expressão apocalíptica. Ao evitar qualquer ruptura entre um e outro Testamento, ele sempre volta a renovar o ângulo de leitura dos textos bíblicos. A fim de explorar a riqueza desta aproximação exegética da Bíblia, este trabalho de Iniciação Científica tem por objetivo a leitura e a análise crítica de uma das obras de Paul Beauchamp: A Lei de Deus. De uma montanha a outra. Trata-se de aprofundar o âmbito, os conteúdos e os significados da “Lei divina” nos diversos momentos da trajetória humana narrada pelos livros da Bíblia, ou seja, explicitar o trajeto narrativo da “Lei de Deus” que vai de uma montanha a outra, do Sinai aos montes da Galiléia.

Palavras-chave: Aliança; Eleição; Exegese; Lei e Tradição.

10)Título: Direito e religião: embate sobre direitos e garantias fundamentaisNome: Jordânia Correia GonçalvesTitulação: Graduando(a)Instituição: Faculdade de Para de Minas - FapamInstituição Financiadora: Faculdade de Para de Minas - Fapam

Resumo:Este trabalho tem o intuito de esclarecer questões conflituosas que religiosos vem enfrentando ao longo dos anos. Seguir preceitos constitucionais e violar a lei de Deus ou violar a lei de Deus e infringir a lei do homem? O tema é relevan-te, pois questionamentos são feitos e soluções não são apresentadas, visto que o maior problema enfrentado é com a contradição de normas reguladoras de um direito. Em algumas situações pessoas precisam optar pela escolha de uma norma, não podendo assim fazer uso de todos os direitos garantidos constitucio-nalmente á todo cidadão. É a escolha entre direitos constituídos e as consequ-ências que podem causar para a vida das pessoas que pretendo aprofundar neste trabalho. Existem possíveis soluções diante de normas que não podem deixar de serem cumpridas tanto na lei do homem quanto na lei de Deus? Assim, conflitos que aparentemente não tem soluções possam ter um desfecho positivo para as pessoas que brigam no poder judiciário por uma lei igualitária. Palavras chave – Direito; Religião; Garantias; Constituição.

11)Título: Ensino religioso, direitos humanos e imaginário: uma perspectiva trans-formadora diante da realidade social.Nome: Robertino Lopes da CostaTitulação: Graduado(a)Instituição: UFPB

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Resumo:Nosso trabalho busca refletir sobre a implantação do Ensino Religioso como dis-ciplina no Sistema Municipal de Educação na Prefeitura Municipal de Bayeux, na Paraíba. O homem enquanto ser de relações e descobertas é impulsionado por um desejo de saber, de si e do que está a sua volta, dilemas epistemológicos que lhe acompanham por toda a vida. De modo que ele transforma a “trans-cendência” em sua companheira. Daí a importância de termos uma disciplina que faça essa reflexão. Entendendo que a mesma é importante para o processo de formação individual e coletiva do aluno. Aprendendo com a diversidade e a pluralidade de uma sociedade e suas “manifestações do sagrado”. Atendendo a uma média de 10.000 alunos, seja no Ensino Fundamental I, seja no Ensino Fun-damental II. Queremos também analisar o processo formativo e de acompanha-mento dos professores: Desde a elaboração dos planos de aula, de curso, bem como a Formação Continuada, entendendo a mesma como processo contínuo e permanente. Com visitas periódicas às escolas e a presença nos momentos formativos. Seguindo as orientações do Fórum Permanente de Ensino Religioso (FONAPER), de onde vem às orientações curriculares - Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso – bem como a participação nos eventos realizados pela mesma instituição. Daí partindo das ideias de Gilbert Durand usamos sua hermenêutica para nos ajudar a relermos a proposta do FONAPER e otimizarmos a mesma na sala de aula. Passando de uma ideia cartesiana de um plano forma-tado para um modelo que leve em consideração as nuanças da realidade local.Com isso queremos avaliar os resultados da disciplina no meio escolar e mais ainda, na vida dos alunos. Buscando uma educação por valores que e fundada nos Direitos Humanos.

Palavras-chave: Ensino religioso. Direitos humanos. Imaginário.

12)Título: Ensino religioso: práticas e subsídios pedagógicos no processo de ensino--aprendizagemNome: Marina Rogel de SouzaTitulação: Graduado(a)Instituição: UFJF

Resumo:O presente artigo tem como proposta discutir a educação sob enfoque do com-ponente curricular ensino religioso considerando que este tem como objetivo basilar a compreensão do fenômeno religioso pautado na pluralidade e a diversi-dade religiosa, permitindo despertar a consciência crítica do aluno propiciando assim a cidadania e participação efetiva no ambiente social.Apesar da escola não ser única fonte de construção do conhecimento ela favo-rece o diálogo e a reflexão traduzindo um espaço social onde valores e com-portamentos são disseminados e confrontados, oportunizando e estruturando consciência social.Este artigo também se propõe a discutir práticas e subsídios pedagógicos em-

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basados em experiências práticas realizadas na Escola Estadual Professor José Freire no município de Juiz de Fora através do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência. Dessa maneira, foram utilizadas diferentes práticas pedagógicas vislumbrando que o processo de ensino-aprendizagem não compre-endesse uma simples reprodução didática do conhecimento, mas despertasse a reflexão crítica e a autonomia respeitando a identidade do aluno e sua rea-lidade social. Foram ministradas aulas sobre as diferentes tradições religiosas atinente a proibição de quaisquer forma de proselitismo identificando paridades e diferenças estimulando o respeito, a tolerância religiosa e favorecendo a re-ciprocidade e convivência nos grupos sociais.

Palavras-chave: Ensino Religioso, PIBID, Subsídio pedagógico.

13)Título: Evangélicos, maioridade penal e teologia da criançaNome: Caio César Sousa MarçalTitulação: Graduando(a)Instituição: Centro Universitário Izabela Hendrix

Resumo:A presença de uma nova onda conservadora está cada dia mais presente na sociedade brasileira que cada vez mais se levantam sobre as questões relacio-nadas aos Direitos Humanos. Nesse movimento percebe-se um forte elemento religioso especialmente ligado a setores do mundo evangélico. No que tange as questões dos direitos de crianças e adolescentes, há uma forte pressão de per-sonalidades e políticos evangélicos que militam contra os direitos consagrados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e na redução da maioridade penal. Porém é possível perceber outros discursos a partir de movimentos e organi-zações ligadas aos evangélicos que estão alinhados com a Teologia da Criança. Sob o pano de fundo da História da Infância no Brasil e da realidade do sistema socioeducativo, nossa pesquisa se torna relevante na medida em que desvela essa Teologia e como esses outros atores dessa matriz religiosa constroem seus discursos que destoa do discurso hegemônico em torno da criança. O trabalho, de conteúdo qualitativo, é baseado em levantamento e análise de dados sobre a produção de discursos através de documentos, textos e entrevistas das partes envolvidas do mundo evangélico.

14)Título: Filosofia indiana: Uno e SerNome: Jâmison Iago Alves da CruzTitulação: Graduando(a)Instituição: ISTAInstituição Financiadora: PROVÍNCIA PAVONIANA DO BRASIL

Resumo: Este artigo tem como tema de reflexão a filosofia na Índia. Ele irá abordar a origem da filosofia indiana com os upanishads, que representam um grande ca-

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pítulo na história da filosofia oriental. Com o aparecimento da escrita sânscrita na Índia, surgem os Vedas, que são os textos mais antigos da cultura indiana. Estes são subdivididos em quatro: os rig vedas, hinos, que constitui a parte mais antiga do Veda; samhitas, que também são hinos; brahmanas, que são textos e rituais, e os araniakas, que são sentenças. Nossa reflexão partirá dos araniakas. Com eles surgiram os upanishads, que são compostos por 112 textos de onde se origina a filosofia indiana. Os upanishads enfatizam a relação do Brahman “UNO” ‘e do Atmam “SER” e, através dessa concepção, surgiram mais escolas com outros pensamentos que nem sempre dialogavam entre si, gerando assim grandes debates entre elas.

Palavras-chave: Filosofia. História. Filosofia Indiana. Ser. Uno.

15)Título: Gênero, religião e identidade trans: procedimentos de intervenção ci-rúrgica no Irã contemporâneo.Nome: Caio Luiz Jardim SousaTitulação: Graduando(a)Instituição: UFMG

Resumo:A partir das considerações de Judith Butler e Donna Haraway, ideais regula-tórios podem se caracterizar como condições de produção de identidades. A partir de categorias e noções disponíveis em uma sociedade, como homem e mulher, homossexual e heterossexual, entre outras, surgem possibilidades para que um indivíduo se reporte como um tipo de pessoa. Formas distintas de dis-curso permitem tais construções, com um destaque forte para a influência da religiosidade. A partir de um estudo de caso sobre o processo de obtenção da cirurgia de redesignação sexual no Irã, com a análise de documentos religiosos, textos, depoimentos e reportagens, este trabalho pretende esboçar como o ideal regulatório que perpassa os procedimentos legais de mudança de status social de gênero (por meio de políticas públicas, a patologização, os processos de exclusão social, a perseguição política etc.) têm impacto na produção das identidades. No caso estudado, o discurso teológico islâmico (que teve papel essencial na legalização da transexualidade) formula um ideal que se conecta a todo o processo, possibilitando uma análise exploratória das conexões entre gênero, religião e identidade com um viés sociológico presente na pesquisa.

Palavras-chave: Gênero. Religião. Identidade trans.

16)Título: Jesus e a resolução da crise miméticaNome: Gustavo PredebonTitulação: Graduando(a)Instituição: PUC RS

Resumo:

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O tema deste trabalho é a análise do conceito de sacrifício na teologia e o papel que esta instituição, que está presente em Israel e outros povos, desempenha na antropologia de René Girard. O tema do sacrifício sempre foi central para a cultura de Israel. Desde os textos bíblicos onde o sacrifício aparece – como no caso de Abraão e Isaac, por exemplo – a temática do sacrifício é uma constante e aparece inclusive quando no Novo Testamento nomeia-se Jesus como aquele que é o bode expiatório e que Deus transforma em cordeiro inocente para a salvação do mundo. A antropologia de Girard possui um papel fundamental ao postular que o papel que sacrifício desempenha é o de ser um dispositivo que entra em funcionamento para resolver situações de crise comunitária, e que posteriormente acabam se tornando fixos por assumir um caráter sacro den-tro de esquemas rituais e míticos. Assim, a pesquisa bibliográfica realizada nas obras de René Girard, que teve como principal objetivo descobrir como o meca-nismo crise mimética – vítima expiatória – sacrifício se estrutura e funciona, e a forma em que acontece a resolução do esquema vitimário, especialmente vista no Novo Testamento pela análise antropológica dos textos.

Palavras-chave: Sacrifício. Teologia. Desejo mimético. René Girard.

17)Título: João Batista Libanio: perspectiva e métodos pastoraisNome: Mariano Torres VargasTitulação: Graduando(a)Instituição: FAJEBolsista FAPEMIG

Resumo:A pesquisa tem como finalidade demostrar, a partir do pensamento de João Ba-tista Libanio, os principais eixos que atravessou sua reflexão teológica no campo da pastoral na América Latina. O teólogo jesuíta ofereceu algumas pistas pasto-rais para refletir sobre o desenvolvimento da pastoral nos diferentes contextos históricos e culturais da pós-modernidade à luz da fé e da experiência cristã. O método de trabalho foi a pesquisa através de seus textos escritos e cursos sobre pastoral, cristianismo e Igreja na América Latina e no Brasil. A comunicação bus-ca sistematizar, do ponto de vista do conteúdo, as diversas facetas de seu pen-samento pastoral e eclesial. Para isso, foi necessário a leitura e a síntese dessas distintas contribuições, trabalho que possibilitou a interpretação sistemática. Libanio faz um percurso por diferentes perspectivas: a sociológica, a filosófica e a cultural, as quais permitem repensar os diferentes âmbitos da pastoral desde uma proposta metodológica. Quando levanta a pergunta ‘como fazer pastoral?’, o primeiro imperativo é situarmo-nos no universo da ação evangelizadora, iden-tificar os campos de ação, os âmbitos de incidência da fé cristã, que pretende transfigurar a realidade pastoral. Dentro da pesquisa percebemos que apresenta um modelo que chama de cenário que lhe permite pensar as diferentes práticas pastorais.

Palavras-chave: Teologia pastoral. Experiência. Cristianismo. Cenário. João Ba-

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tista Libanio

18)Título: Mística e crítica da religião na pós-modernidadeNome: Aretha Beatriz Brito da RochaTitulação: Graduando(a)Instituição: PUCCInstituição Financiadora: CNPq

Resumo: O tema deste projeto é “Mística e crítica da religião na pós-modernidade” e tem por objetivo o estudo da mística, seu significado e sua importância no contexto pós-moderno a partir do estudo do livro “O Mistério e o Mundo: Paixão por Deus em tempos de descrença” de Maria Clara Bingemer. O método utilizado baseia--se numa análise teórica e qualitativa que pretende fornecer uma contribuição para comunidade acadêmica e para formação pessoal do pesquisador. A crise no contexto pós-moderno traz elementos que afetam diretamente a sociedade, consequentemente, as instituições religiosas. Constitui-se através de um pro-cesso em que a racionalidade humana e a lógica capitalista ganham destaque. A busca por satisfação passa a ser adquirida através de um consumo desenfre-ado e as instituições religiosas começam a assumir, de certa forma, um papel secundário. A crise representa um momento conturbado, pois ao mesmo tempo em que se tenta criar a ideia de um mundo sem Deus, estamos constantemente buscando apoio espiritual para responder as nossas inquietudes. É nesta nova configuração do encontro com o Sagrado que a mística exerce papel fundamen-tal, representando o núcleo da experiência religiosa, é ela que oferecerá os recursos e os caminhos necessários para atingir o Transcendente, ou seja, um estágio de vivência religiosa mais profunda. As contribuições que a mística pode oferecer nessa crise pós-moderna, portanto, são inúmeras, pois ela não é está-tica - transita dentro da instituição religiosa, afinal, é a instituição que oferece esse primeiro contato com o místico, mas ao mesmo tempo é independente dela e percorre, fundamentalmente, dentro de cada indivíduo particular. Não é dogmática, pois permite um questionamento e uma análise mais cuidadosa desse encontro com a fé. Sendo assim, a experiência mística representa uma alternativa religiosa para este contexto tão difuso e complexo que é a pós-mo-dernidade.

Palavras-chave: Mística. Pós-modernidade. Crise. Religião.

19)Título: O ensino religioso no colégio arquidiocesano: uma proposta de formação do sujeito em perfil dialógicoNome: Evaldo Rosa de OliveiraTitulação: Graduado(a)Instituição: Faculdade Arquidiocesana de Mariana

Resumo:

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A presente comunicação visa apresentar o projeto de ensino religioso desen-volvido em 2015 no Colégio Arquidocesano, que tem como meta favorecer a humanização dos estudantes de ensino básico (fundamental e médio) a partir dessa vivência relacional consigo, com os demais e com o Mistério. Um aspecto importante a ser salientado é que, neste projeto, o Mistério é também nomina-do - ele é reconhecido na cultura ocidental contemporânea a partir da tradição religiosa cristã e, mais ainda, da pessoa Jesus Cristo, traduzida na experiência de cada aluno.

Palavras-chave: Ensino religioso. Formação do sujeito. Colégio arquidiocesano.

20)Título: O Homo Sacer contemporâneo: do “muçulmano” ao refugiadoNome: Patrícia Aparecida de AlmeidaTitulação: Graduando(a)Instituição: PUC Campinas

Resumo: Diante da exclusão humana existente (permanente), Giorgio Agamben, destaca a centralidade dos direitos humanos para a discussão, apresentando importan-tes conceitos para refletir a problemática. Dentre esses conceitos, se apropria do termo romano homo sacer, explorando, nesse caso, uma das conotações da-das ao termo sacer (sagrado) no mundo antigo: em oposição à ideia de pureza (daquele que será oferecido aos deuses por seu caráter puro), a de impureza, daquele que, por ser impuro, pode ser morto sem que essa ação seja conside-rada crime. Em O que resta de Auschwitz, Agamben destaca uma importante figura, o “muçulmano”, identificando nesse o homo sacer (ou vida nua), devido à condição suportada no ambiente do campo de concentração. Na contempora-neidade outras figuras podem ser identificadas com esse termo, sendo entendi-das como “restos humanos”, invalidados de qualquer percepção de cidadania. Dentre esses, destacamos os refugiados. Nosso trabalho se divide em duas par-tes: a primeira é teórica, em que procuramos entender o conceito agambeniano sobre os direitos humanos e o tratamento que ele confere aos termos biopolítica e “sagrado”, pela figura do homo sacer. Em um segundo momento, estudamos, à luz da teoria de Agamben, documentos produzidos pela ONU, como a Determi-nação do estatuto do refugiado e a Convenção relativa ao estatuto dos refugia-dos. A pesquisa já está rendendo bons frutos, contribuindo de maneira definitiva para nosso desenvolvimento acadêmico e intelectual. Cremos, também, que ela possa ser útil àqueles que desejam compreender melhor a política e os direitos humanos na contemporaneidade.

Palavras-chave: Direitos humanos. Homo sacer. Refugiado.

21)Título: O lugar da Bíblia de Scofield no fundamentalismo protestante: o caso brasileiroNome: Caio César Pedron

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Titulação: Graduando(a)Instituição: PUC CampinasInstituição Financiadora: Sociedade Campineira de educação e instrução

Resumo:Com base no método sociológico weberiano, é possível compreender o lugar simbólico da Bíblia anotada de Cyrus Ingerson Scofield (1843-1921) – The Sco-field Reference Bible (1909) – no movimento fundamentalista original, ocorrido no seio do protestantismo estadunidense no início do século XX. Assim como é possível interpretar sua influência na divulgação da teologia dispensacionalis-ta e na popularização da escatologia pré-milenarista. As introduções e notas de Scofield tendem a uma radicalização da ética puritana, como rejeição do presente, em virtude da idealização do passado e da construção do futuro pela interpretação literal. Por meio de pesquisa bibliográfica e documental, o obje-tivo deste plano de trabalho é o de transportar a discussão do passado para um tempo mais recente e dos EUA para o Brasil, no sentido de reconstruir o cenário material e mental da tradução para o português e publicação da Bíblia de Estu-do Scofield no Brasil, no ano de 1983.

Palavras-chave: Fundamentalismo. Leitura bíblica. Scofield.

22)Título: O processo de evangelização no Japão através das Cartas de São Francis-co Xavier (20 de janeiro 1548, 13 de novembro de 1552)Nome: Maiara Yuka AkazawaTitulação: Graduando(a)Instituição: UFOP

Resumo:Historicamente sabemos que o cristianismo é uma religião expansionista, uma das provas disso foi a grande atuação dos jesuítas nos séculos XVI e XVII no mun-do. Podemos chamar São Francisco Xavier de o Apóstolo do Oriente, porque ele passou por terras como Índia e Japão, levando e pregando a palavra de Deus. O santo não tinha o objetivo de converter algumas pessoas, mas de converter países inteiros. Ao saber de algumas notícias e por ter conhecido um japonês chamado Angiro, enquanto ainda estava em Malaca, ele se interessou pelo o Japão, começando sua viagem em abril de 1549. A pesquisa visa analisar através de suas cartas (a primeira carta em que cita o Japão é datada de 20 de Janeiro 1548 e a última de 13 de Novembro 1552) esse processo de evangelização e seu sucesso inicial, o que este tinha de diferente, as mudanças feitas para se adap-tar a esse processo, e como isso repercutiu na Europa.

Palavras-Chave: Cristianismo. Japão. Evangelização.

23)Título:O uso do Evangelho na formação da liderança juvenil: estudo de um caso concreto

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Nome: Neilor SchusterTitulação: Graduado(a)Instituição: PUC RS

Resumo: O Curso de Liderança Juvenil (CLJ) é um curso de iniciação de jovens e, como o próprio nome já diz, visa formar lideranças na faixa etária da adolescência. O movimento se estrutura em três cursos, ambos em formato de retiro que são realizados de forma gradual, além de encontros semanais nos grupos de sua ori-gem. A primeira etapa concentra-se no estudo fundamental da fé e no contexto em que o jovem vive. São doze palestras distribuídas ao longo de três dias de curso. Cada palestra é motivada por uma leitura bíblica. A presente pesquisa analisa o conteúdo e a finalidade das palestras e seus respectivos temas e como isso se vincula ao trecho bíblico tomado como motivador. A pesquisa tem os seguintes passos: história e organização do curso, estudo do referencial teóri-co das palestras, estudo de cada evangelho como um todo e de cada perícope usada no curso sob os aspectos de teologia, da história e da exegese, e a sua relação com os elementos anteriores. Como resultado da pesquisa constata-se que os textos bíblicos e as palestras não apontam para os mesmos horizontes, não havendo uma ‘afinação’ entre a proposta da palestra e o sentido teológico do texto bíblico. A pesquisa apresenta ainda algumas pistas de ação para supe-rar este descompasso entre o conteúdo das palestras e a mensagem do texto bíblico.

Palavras-chave: Evangelhos. Formação. Juventude.

24)Título: Organização e sociedade dos Mancanhas: um grupo étnico da Guiné Bis-sauNome: Ricardo José SancaTitulação: Graduando(a)Instituição: Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasi-leiraInstituição Financiadora: Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira

Resumo: Nesse presente artigo nos propomos fazer uma descrição sistematizada sobre o sistema organizacional, cultural e religiosa da sociedade dos Mancanhas: um grupo étnico e linguístico da Guiné-Bissau, um país que fica situada na costa ocidental da África. A proposta do trabalho é mostrar a forma como ocorre o processo educativo tradicional na etnia mancanha, tendo como elemento básico o rito de iniciação denominado de circuncisão ou fanado na linguagem local. Para a realização do estudo foi feita a revisão da literatura e a pesquisa de cam-po por meio das entrevistas com os estudantes universitários da Guiné-Bissau que tiveram a vivência prática desse processo educativo, como condição para coletar informações necessárias, a fim de elaborar o trabalho escrito. Em geral,

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os africanos seguem um sistema educativo padronizado baseado nos princípios, valores e pressupostos considerados essenciais para as comunidades. A solida-riedade e o respeito configuram entre os princípios fundamentais da educação que regem a vida comunitária.

Palavras-chave: Organização. Tradição. Sociedade.

25)Título: Papa João Paulo II e o Oriente Médio: a influência da diplomacia papal na resolução de conflitos religiososNome: Bruna Valença BacelarTitulação: Graduando(a)Instituição: Faculdade Damas da Instrução Cristã

Resumo: No pontificado do Papa João Paulo II, entre 1984 a 1997, a diplomacia papal foi amplamente utilizada para a resolução de conflitos no Oriente Médio, influen-ciando em fatos como na convivência pacífica entre correntes religiosas libane-sas após o fim da Guerra Civil Libanesa e no acordo que tornou Jerusalém um local sem confrontos entre as três religiões monoteístas. Este trabalho analisa como a figura do Papa foi importante para conquistar a convivência harmoniosa das religiões na região, a partir do estudo dos seus discursos, suas visitas, exor-tações e cartas apostólicas, informações retiradas de documentos encontrados no Site do Vaticano. A relação indissociável entre o chefe de Estado do Vaticano e o líder religioso da Igreja Católica Ocidental poderia ser um impasse no rela-cionamento de João Paulo II com outros chefes de Estado, porém isso permitiu a ele maleabilidade para lidar com diversas situações, um instrumento para suas articulações políticas, visando o bem-estar dos que habitam no Oriente Médio, não apenas dos cristãos. A intenção é mostrar o Papa como uma alternativa para chegar ao respeito e à paz entre muçulmanos e católicos através do ecumenis-mo alcançável pregado e vivido por ele. O trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório de método qualitativo, com base teórica em autores como Perko (2001), Carletti (2012) e Lajolo (2005). A relevância de tal trabalho concentra-se no entendimento da relação entre religião e política, pois apresenta exemplos de intervenções positivas e pacíficas no Oriente Mé-dio, podendo ser a diplomacia papal um caminho duradouro para solucionar os conflitos recorrentes na região. Conclui-se que o Vaticano é um importante ator político não apenas por ser Estado Soberano, mas também por ser a mais antiga organização internacional. João Paulo II foi muito respeitado por outros chefes de Estado, sua projeção como mediador nas relações internacionais resultou em soluções diplomáticas de conflitos e, portanto, em uma via para a manutenção da paz e da segurança internacionais.

Palavras-chave: Conflito. Oriente Médio. Mediação papal.

26)Título: Pesquisas sobre o Adventismo no Brasil: elementos para um estado da

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arte de 1972-2013Nome: Leonardo Gubert SilvaTitulação: Graduando(a)Instituição: Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP)Instituição Financiadora: Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP)

Resumo: Este artigo apresenta um mapeamento da presença do adventismo como objeto de pesquisa na academia brasileira de 1972-2013 através do levantamento e análise de teses, dissertações e artigos. O estudo toma como ponto-de-partida conceitual e metodológico as pesquisas do tipo estado da arte e os levanta-mentos sobre o adventismo como tema de pesquisa feitos por Fuckner (2012) e Furtado (2014). Buscou-se localizar termos relacionados ao adventismo nos títulos, resumos e palavras-chave de pesquisas dos principais bancos de teses e dissertações do Brasil vinculados à Capes. Nesse levantamento foram identifica-dos 21 teses, 78 dissertações e 44 artigos, totalizando 143 trabalhos. Os estudos foram catalogados e separados por região do país, titulação acadêmica, área do conhecimento e instituição de ensino. Como resultado, foi possível identificar algumas das ênfases da produção acadêmica sobre o adventismo, sendo a prin-cipal a presença majoritária de estudos nas áreas de Ciências da Religião/Teo-logia, Educação e Saúde. Dessa forma, este estudo propôs a divisão do desen-volvimento histórico das pesquisas sobre o adventismo na academia brasileira em dois períodos: 1972-1995, fase marcada pelo protagonismo de trabalhos de caráter sociológico e antropológico, e 1995-2013, fase da inserção de trabalhos de Educação e Saúde.

Palavras-chave: adventismo. estado da arte. protestantismo.

28)Título: Ser cristão entre os crucificados: indicações da fé cristã proféticaNome: Carlos Rafael PintoTitulação: Graduado(a)Instituição: CES-JF/ITASA

Resumo: Esta comunicação emerge de um tema que comecei a desenvolver para a con-clusão do curso de graduação em Teologia, no Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora e Instituto Teológico Arquidiocesano Santo Antônio. Para fazer a monografia, naquele período, pesou a opção por um tema que não fosse vazio, essencialmente acadêmico, sem importância pastoral. Pelo contrário, propor-cionasse uma reflexão a partir do meu percurso pastoral, percorrendo algumas comunidades eclesiais (Arquidiocese de Juiz de Fora), que mesmo professando a fé cristã, afetam-nos pela realidade de pobreza, injustiça social e exacerbado sofrimento, que também se torna presente em outros rincões. Portanto, esta comunicação tem como propósito refletir e indicar os passos da fé cristã pro-fética, em seu duplo gesto de denúncia e anúncio, recolhendo a compreensão da profecia na Sagrada Escritura e na Patrística, em vista da proposta da cons-

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trução da cultura universal da solidariedade, como afirma Papa Paulo VI e, na mesma linha, o Papa Francisco.

Palavras-chave: Cristão. Crucificados. Profética.

29)Título: Teologia pública em perspectiva pentecostalNome: Allan da Rocha BaptistaTitulação: Graduando(a)Instituição: FAECAD

Resumo:Hoje o país vive um ambiente cultural e ideológico multifacetado. Dentro des-te ambiente surge uma nova teologia publica evangélica, predominantemente pentecostal, que antes só ficava dentro das igrejas. Estão nas rádios, televisão, no linguajar do povo e principalmente na política. As igrejas pentecostais como instituição não figuram diretamente nesses espaços, mas tem seus representan-tes. Por vezes neopentecostais (conhecidos pela sua extrema heterodoxia), des-toantes do pentecostalismo clássico brasileiro (chamado por alguns sociólogos de assembleismo). Houveram mudanças em suas pregações que interferiram nos conceitos e ideologias de seus membros, adaptando-os á pós-modernidade, que os fizeram figurar em diversos espaços públicos. Buscaram o existencial huma-no. Como diria Kant, o “concreto”; mais sem perder a mística no que tange a manifestação e prática espiritual. Sendo que os pentecostais hoje representam 13,3% de evangélicos no país, cerca de 25 milhões de brasileiros, segundo da-dos do IBGE de 2013 (acredita-se que este número hoje seja bem maior), estão difundindo sua identidade moral homogênea e se fazendo ouvir. Este trabalho visa discutir quais os benefícios e malefícios desta nova teologia pública para a sociedade como um todo e principalmente aos que não pertencem a alguma denominação cristã.

Palavras-chave: Teologia pública. Pentecostalismo. Mudanças

30)Título: “O massacre dos inocentes”: um olhar místico-teológico a partir do so-frimento humano retratado na obra de Cândico PortinariNome: Arlindo José Vicente JuniorTitulação: Graduado(a)Instituição: PUC Campinas

Resumo: Nos tempos atuais, como afirma o teólogo Juan Martín Velasco, tem emergido numerosas formas de busca espiritual que revelam traços comuns com os que têm tornado presentes as tradições místicas. Isso faz com que os estudiosos te-nham como principal problema pensar a variedade de fenômenos denominados “fenômenos místicos”, procurando discernir as formas religiosas e não religiosas de mística. O tema deste trabalho se localiza no entrecruzamento do conceito

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de mística de Velasco e na leitura místico-teológica da obra “O massacre dos inocentes” (1943) do pintor brasileiro Cândido Portinari (1903-1962), de sua Série Bíblica de painéis que retratam cenas do Antigo e do Novo Testamento. O objetivo é estudar o fundamento místico expresso na obra de arte que evidencia o seu potencial crítico. Uma obra com a temática de denúncia das injustiças que causam o sofrimento humano e de crítica social pode despertar no espectador, o sentimento de amor e respeito, convidando-os ao compromisso ético contra as possíveis injustiças ali representadas. Diante de uma tela de tema plúmbeo e gélido, transpõem-se os limites do quadro, que não chama a atenção pela be-leza, mas que desperta o sentimento de repúdio, causando a nossa inquietação diante de tal injustiça possivelmente cometida.

Palavras-chave: Crucificados. Mística. Profético. Cândico Portinari.

31)Título: “De lo Global a lo Intercultural” Una visión de realidadNome: Lorena Victoria Silva AlfonsoTitulação: Graduado(a)Instituição: ISTACoautor(es): Sinivaldo Silva Tavares

Resumo:Objetivos: Presentar los aportes de la propuesta intercultural de Raúl Forne-t-Betancourt y la novedosa visión de realidad como urgencia en la reflexión latinoamericana y alternativa a la hegemonía de lo global. Justificativa: Las circunstancias históricas continentales que hemos vivido nos hacen pensar en la necesidad de contextualización e interculturalidad de toda reflexión. Se trata de pensar desde un horizonte cultural distinto tomando en cuenta otros saberes y contextos. Esto permite reconocer y dar espacios a las culturas para responder a las cuestiones más trascendentales del ser humano. En un programa de traba-jo que rescata, palpa y reconoce la pluralidad de pensamientos y culturas que da nuevo rostro al futuro. Por ello es pertinente e ineludible una reflexión sobre la visión de realidad desde la perspectiva intercultural.

32)Título: A construção do corpo sagrado na tradição do hatha yogaNome: Paulo Ferreira CavalcanteTitulação: Graduando(a)Instituição: UFPBCoautor(es): Joathan Gonçalves de Lima Neto

Resumo:Através do presente trabalho nós iremos apresentar o resultado de pesquisa do PIBIC, apresentaremos como se constrói o conceito de corpo sagrado ou ada-mantino dentro da tradição do hatha yoga, visto que essa tradição se desenvol-veu através do tantrismo, principalmente no culto aos sidhas dentro do kaulis-

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mo, sendo esses também pontos capitais da nossa investigação. Observaremos através de um levantamento histórico e de revisões bibliográficas o contexto histórico da mesma, no período “medieval” da Índia, objetivando trazer esse estudo ao campo acadêmico, detalhando a fisiologia desse corpo sagrado, os sistemas de dutos energéticos, os cakras, as técnicas necessárias para o seu de-senvolvimento e os benefícios da realização desse mister. Concomitantemente apresentaremos resultados de praticantes da hatha yoga em relação ao conceito de corpo sagrado, que participam do curso de extensão na UFPB desenvolvendo essas práticas.

33)Título: A reconstrução de Memórias no Camdoblé de AngolaNome: José Vinicius Peres SilvaTitulação: Graduando(a)Instituição: UNIMONTES

Resumo:O presente trabalho surge a partir do contato externo que tive com as religiões africanas e principalmente o Candomblé. Para entrada nessa religião é neces-sários vários e extensos rituais em que o individuo deve apreender todas as indumentárias e a linguagem utilizada nos cultos. Sendo assim, o aprendizado que é feito durante cerca de um mês, propõe ao iniciado uma nova forma de in-terpretação da vida e de suas relações sociais. Novas experiências são propostas a este individuo que irá enxergar o passado com um olhar diferente do que tinha antes. Busco o conceito de memória do historiador Eric Hobsbawm, que a retra-ta como algo passível de mudanças e não um processo contínuo de lembranças, mas de construções e desconstruções de experiências vivenciadas para toda a vida. Como instrumento de coleta de dados, a fonte oral foi utilizada.

34)Título: Os desafios da pluralidade cultural à teologia latino-americana.Nome: David Roberto SotoTitulação: Graduando(a)Instituição: FAJE

Resumo:Esta pesquisa foca-se em duas tentativas da teologia católica latino-americana em responder ao novo contexto plural a partir das tradições próprias da América Latina. Primeiro a teologia intercultural que, influenciada pela filosofia intercul-tural de Betancourt, coloca a pergunta acerca do novo lugar e método de uma teologia que seja expressão das culturas e suas identidades. Em segundo lugar, abordamos a teologia do pluralismo religioso, especialmente aquela proposta por Vigil. Ambas as propostas teológicas encontram-se em processo, e não sem dificuldades de conciliar suas reflexões com a linha teológica oficial da Igreja católica. No caso da interculturalidade existe uma forte tensão com relação às

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concepções de inculturação, segundo as quais o cristão estaria fora da mesma cultura. No caso do pluralismo religioso, a única e universal mediação de Jesus Cristo resulta ameaçada. No entanto, ainda que conflitivas, as tentativas dessas duas correntes teológicas representam um legítimo esforço de refletir à luz da fé sobre este novo contexto plural que caracteriza a realidade em que vivemos. A intelecção da fé neste tempo pressupõe assumir esta realidade, fazendo uma releitura crítica e nova de nossas tradições, em vista de um polílogo que avance mediante tentativas.

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FT 11: Devoções Religiosas e Culturas Brasileiras

Coordenadores:Dra. Sylvana Maria Brandão de Aguiar - UFPE/UNICAP, PE; Dr. Newton Darwin de Andrade Cabral – UNICAP, PE;Dr. Manoel Henrique de Melo Santana - CESMAC, AL.

Ementa: O principal intuito deste fórum temático é discutir as devoções reli-giosas e seus hibridismos culturais, amalgamados durante os processos de cons-truções das identidades nacionais, desde a colonização até a atualidade. Para tanto, se aglutina reflexões teóricas/conceituais interdisciplinares e estudos de caso simples e múltiplos; estes advindos das inúmeras materializações do sagrado, sejam estas realizadas em espaços públicos ou privados, instituciona-lizadas ou não e que ocorrem, principalmente, em santuários, peregrinações, festas, confraternizações, romarias e em espaços domésticos. Estudos focados na compreensão das devoções religiosas realizadas por meios eletrônicos tam-bém estão inclusas. Cabe destacar que devoção religiosa é analisada enquanto representação social, por conseguinte aglutinadora das várias esferas expres-sas nas dimensões humanas em suas relações com a natureza.

1)Título: A devoção Mariana na Serra do ArarobáNome: Múcio Rodrigues Barbosa de Aguiar NetoTitulação: Mestrando(a)Instituição: UNICAP

Resumo: A partir da ocupação das terras do Ararobá por Fernandes Vieira em 4 de outu-bro de 1966, o vindouro município de Pesqueira, Estado de Pernambuco, come-ça sua historiografia de fé envolta a presença dos índios tapuias-cariris, das tri-bos xucurus e paratiós que na localidade já reverenciavam Caô e mãe Tamaim. Incentivados pelo governador Brito Freire, o frade oratoriano João Duarte do Sacramento, volta a subir o vale do Capibaribe, indo até o Ararobá, onde fun-da algumas aldeias indígenas, entre as quais, segundo Eduardo Hoornaert, a de Nossa Senhora das Montanhas ou aldeia do Ararobá, em 1669, que em 1762 é elevada a vila de Cimbres, dando origem ao atual município de Pesqueira. O nordeste do Brasil sempre foi terra fértil para a Igreja, talvez em razão da origem simples do sertanejo que se se caracteriza por sua religiosidade singela tendente ao messianismo fanático, no dizer de Darcy Ribeiro. Motivando a pre-disposição para o sacrifício, e valorizando a honra pessoal, o brio e a fidelidade a suas chefaturas o nordestino é aberto para a peleja da fé, e nesse cenário nos remetemos ao ano de 1936, quando do fenômeno da aparição de Nossa Senhora, na Serra do Ororubá, em Cimbres, a duas meninas, Maria da Luz, com 14 anos, e Maria da Conceição, de 15 anos.Ao abordarmos o esse tema, do ponto de vista devocional, prisma ainda não analisado, propomos contribuir para a historiografia de cunho religioso cientifico, posto que para compreender o fenômeno da aparição, em Cimbres, como prática religiosa, deve-se compre-

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ender o significado da expressão “devoção”, seja do ponto de vista mariano e teológico; e para isso utilizamos as reflexões de Sylvana Brandão, Carlos Alberto Steil e Newton Cabral. Garimpando a história à luz da religiosidade, a temática nos permite conhecer as práticas do homem nordestino e sua luta para com a vida e a busca pela experiência para com o sagrado a partir da sua devoção para com representações marianas. Ao escavar o passado, exumamos importan-te episódio para as ciências da religião, visto que a aparição do Ararobá é um dos fenômenos mais antigo já registrado no Brasil e que como já dissemos ainda não recebeu o olhar atento de estudiosos da devoção mariana, expondo à atu-alidade, a abordagem da aparição permitirá desnudar a cicatriz do fenômeno para com a Igreja romanizada cujo discurso era de negação, diferentemente do atual. Por fim, por se tratar de estudo de conclusão de mestrado não existem, ainda, conclusões a serem apresentadas, mas sim a remoção das lápides do si-lêncio para reconstruir a história da devoção mariana no Brasil.

Palavra-Chave: Devoção Mariana. História do Cristianismo. Igreja.

2)Título: Arraias – TO e a festa de Nossa Senhora das Candeias: aspectos históri-cos-devocionaisNome: Joaquim Francisco Batista ResendeTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC PR

Resumo: Esta comunicação apresenta o itinerário de fé da população católica da cidade de Arraias – TO, especificamente na Festa de Nossa Senhora das Candeias e visa descrever a história da cidade e sua correlação com a vivência da fé cristã a partir desse festejo. Para tanto, relatar-se-á historicamente a devoção, numa retrospectiva dentro da história da Igreja do Brasil e sua inserção na vida da comunidade arraiana. Serão usadas como referências as obras: Viagem ao Inte-rior do Brasil, George Gardner, que conta sua estada em Arraias; Os Sertanejos que conheci, Frei Jose Maria Audrin; além de outras. Visa-se identificar de que maneira o festejo fortalece o sentimento de pertença dos arraianos.

Palavras-chave: Arraias. Festas. Nossa Senhora das Candeias.

3)Título: As festas em devoção aos santos católicos no Norte do Brasil colonialNome: Adriene dos Anjos NoronhaTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC Minas

Resumo: O objetivo desta comunicação é mostrar como se deu o surgimento das festas em devoção aos santos católicos na região Norte do Brasil durante o período co-lonial. A pesquisa foi feita por meio de bibliografia especializada, que apresen-

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ta, em primeiro plano, a importância de entendermos a ocupação dessa região assentada na relação entre Estado e Igreja. A colonização contou com a ação de vários grupos missionários, principalmente dos jesuítas, que tinham como ob-jetivo socializar os índios, e posteriormente os escravos, por meio da educação na fé cristã, cumprindo, assim, com a missão de expansão do catolicismo. Além disso, era obrigação dos religiosos dar assistência espiritual aos colonos estabe-lecidos na região. Para isso, fundaram aldeias, construíram colégios e igrejas, instituíram os dias santos e propagaram diversos cultos que eram realizados durante as festas, que em muitos locais adquiriram um caráter suntuoso. Em meados do século XVIII ocorreu a expulsão dos jesuítas, mas o legado deixado por eles permaneceu e foi em grande parte preservado. A religião católica e o costume de festejar os santos já estavam estabelecidos entre os colonos portu-gueses, os escravos africanos e os índios catequizados, o que fortaleceu a reli-giosidade popular dessa sociedade marcada pela diversidade cultural.

Palavras-chave: Missões religiosas. Festas devocionais. Religiosidade popular.

4)Título: Cristianismo moreno brasileiroNome: Manoel Henrique de Melo SantanaTitulação: Mestre(a)Instituição: CESMAC

Resumo:Foi o historiador Eduardo Hoornaert, belga de nascimento, quem cunhou esta expressão, ao conceber que o cristianismo brasileiro não é branco nem preto, nem ocidental, nem ameríndio nem africano, o cristianismo mestiço que se manifesta no dia a dia deste imenso país é moreno. Há muito tempo que se tenta fazer uma interpretação mais aproximada da realidade do cristianismo brasileiro. Desde quando o Brasil recebeu os primeiros visitantes, estes sempre têm algum comentário a fazer sobre a religião praticada no Brasil. A impressão geral que as uma festa mundana, comenta Hoornaert. A religião, segundo José Honório Rodrigues, perdeu entre nós o ar sinistro das práticas ibéricas e ganhou alegria, ao contato com o povo, feito de rubricas da liturgia ou ás sutilezas do dogma. Estas manifestações contrastam com a realidade de um povo dominado e sofredor, diferente do jeito europeu. A romanização investirá de forma pesa-da contra esse espírito de abandonar a máscara da seriedade e cair na dança e soltar o corpo na rua, rejeitando esta promiscuidade. Não era ignorância o que a Hierarquia reclamava, pois, o cristianismo moreno vivido no Brasil é o resultado de um longo processo de resistência popular.

Palavra-chaves: Cristianismo popular. Cristianismo Moreno. História da Igreja. Sincretismo religioso brasileiro.

5)Título: Devoção religiosa na festa de Frei Damião de Bozzano: uma territoriali-zação na configuração do espaço urbano no bairro do Pina – Recife/PE

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Nome: Maria Vanessa Nunes do CarmoTitulação: Mestrando(a)Instituição: UNICAP

Resumo: As devoções religiosas referem-se às práticas religiosas, tais como as romarias, que indicam experiências humanas repletas de significados, com nítida dimen-são espacial e territorial, além de contribuírem para a organização do espaço e modificação da paisagem. Esse é o caso da religiosidade popular expressa na devoção a Frei Damião de Bozzano, tomando como recorte espacial de pesqui-sa o santuário de Frei Damião, no bairro do Pina, em Recife - Pernambuco. O trabalho tem como objetivo principal identificar as práticas territoriais (uso e apropriação) na dimensão espacial do fenômeno religioso nas romarias a Frei Damião, além de tentar compreender até que ponto estas práticas devocionais repercutem e influenciam na dinâmica urbana do bairro. A metodologia adota-da contou com o levantamento bibliográfico e documental, trabalho direto no campo, a fim de vivenciar e conhecer melhor o fenômeno estudado, e análise dos dados coletados com o uso de geoprocessamento. Diante disso, constatou-se que, no período de romarias, o bairro do Pina se transforma, a dinâmica urbana ganha uma nova orientação, tornando-se um centro de convergência de romei-ros, com dimensão local e regional, com um fluxo periódico de devotos que bus-cam, no santuário, manifestar a sua fé, o que faz com que o bairro tenha uma significativa função religiosa.

Palavras-chave: Romarias. Frei Damião. Territorialidade Religiosa. Urbanização.

6)Título: Devoções e festas religiosas em cenários urbanos: religião, tradição e diversãoNome: Benedito Sergio Vieira de MeloTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC CampinasBolsista Capes

Resumo: Partindo das observações de uma pesquisa em andamento, este trabalho mira sua atenção nas festas devocionais do catolicismo popular, realizadas em con-textos urbanos com fortes indícios de conexão com a cultura rural. O estudo seleciona o caso da “Cavalaria Antoniana”, realizada anualmente na cidade de Jaguariúna-SP, no mês de junho. Tal evento permite observar que vem se con-solidando, cada vez mais, dentro dos espaços urbanos, a presença de experi-ências religiosas devocionais, fortemente ligadas com o passado cultural dessas localidades, onde se destacam oportunidades lúdicas que promovem a diversão e o congraçamento entre os participantes. O objetivo é compreender quais as dinâmicas que garantem a continuidade dessas manifestações religiosas, numa época fortemente marcada pelas interferências do processo da modernidade secular, industrial, racionalista, tecnológica e científica. Tais festejos estão si-

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nalizando que o espaço urbano pode ser entendido, não como negação, mas como possibilidade da execução da experiência devocional, onde a relação entre sagrado e profano não se excluem, mas dialogam. Indicam que novas estratégias estão em andamento para mediar a conexão com a transcendên-cia dentro das fronteiras dos espaços urbanos, em processo de crescimento e transformações. A pesquisa parte da observação indireta, utilizando-se de fon-tes bibliográficas, bem como, fontes documentais escritas, orais e fotográficas para o estudo em questão. Esperamos que tal estudo contribua para fortalecer o espírito de tolerância frente as novas formas de experiências religiosas em movimento na atualidade.

Palavras-chave: Devoções. Festas. Diversão.

7)Título: Festas do afro-cristianismo no BrasilNome: Marco Antonio Fontes de SáTitulação: Mestrando(a)Instituição: PUC SPInstituição Financiadora: Marco Antonio Fontes de Sá

Resumo:A maneira como os afro descendentes cristãos no Brasil tem festejado sua de-voção a N. Sra.do Rosário e São Benedito em vários estados brasileiros, tem muitas características comuns e algumas bem singulares. Em geral gerenciadas por irmandades dedicadas a um desses santos, as festas tem seu ponto alto em procissões realizadas por grupos conhecidos como ternos ou guardas que se distinguem pelos nomes, tais como moçambiques, congos, marujadas, ticum-bis, cacumbis, catopés, entre outros, e por seu papel no desenvolvimento das festas, no caminhar das procissões, nos instrumentos usados e na forma de se vestir. Como fotógrafo venho observando essas manifestações em vários esta-dos brasileiros e documentando as diferenças e semelhanças que acontecem na estética desses grupos. Este é um trabalho de apresentação de imagens ob-tidas e editadas a partir do conhecimento transmitido pela vivência no campo e pela leitura de trabalhos sobre o tema, para receber os comentários e críti-cas dos outros participantes.

Palavras chave: Afro-cristianismo. Instrumentos. Festas. Celebrações. Fotogra-fia.

8)Título: Frei Damião: a metamorfose do missionárioNome: João Everton da CruzTitulação: Mestre(a)Instituição: PUC Minas

Resumo:Este texto tem por objeto de estudo a figura controvertida de Frei Damião

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de Bozzano. Aportou ao Nordeste em 1931 como missionário para reforçar o catolicismo romano, mas depois do Concílio Ecumênico de 1962-1965 sofreu a oposição dos setores renovados da Igreja católica. Sempre teve, porém, grande prestígio junto à população sertaneja. O texto tem por base uma pesquisa de campo guiada pela hipótese de ter sido o missionário reinterpretado pela cultu-ra sertaneja como um grande conselheiro, na tradição iniciada pelo Pe. Ibiapina e que teve no Pe. Cícero sua maior referência. O artigo analisa essa estirpe de grandes conselheiros nordestinos e o lugar nela ocupada por Fr. Damião. Traba-lha a hipótese da metamorfose do missionário em conselheiro para explicar seu prestígio entre a população sertaneja; sobretudo nas pequenas cidades ao norte do rio São Francisco.

Palavras-chaves: Frei Damião. Catolicismo popular. Conselheiro.

9)Título: Hibridismo cultural nas festas religiosa de agosto em Montes Claros -MGNome: Viviane Bernadeth Gandra BrandãoTitulação: Mestrando(a)Instituição: Universidade FUMECCoautor(es): Maria Cristina Leite Peixoto

Resumo:O objetivo desta comunicação consiste em uma análise das festas religiosas de agosto, na cidade de Montes Claros – MG, tendo como base o conceito de hibridismo cultural. Estas festas são práticas vinculadas à Igreja Católica e às irmandades negras, em louvor aos santos negros, e perduram por mais de 170 anos, com a presença de um número expressivo de grupos religiosos populares, moradores e visitantes. Porém, historicamente, notam-se mudanças neste fes-tejo religioso, desde sua origem até a contemporaneidade, sobretudo no que diz respeito à presença ostensiva de elementos extra-religiosos, criando um evento marcado pelo hibridismo. Este trabalho, fundamentado nos Estudos Cul-turais, busca analisar essas festas com o auxílio de reflexões sobre o hibridismo cultural, tal como desenvolvidas por Peter Burke, Néstor Garcia Canclini, Hom-mi Bhabha e Stuart Hall, de modo a ampliar a compreensão da relação entre as expressões culturais de uma religião tradicional e a dinâmica sociocultural atual, das transformações, permanências, reelaborações e rupturas na relação entre os valores da tradição religiosa e da modernidade. Desse modo, visa a contribuir para a reflexão sobre as dinâmicas religiosas local e do catolicismo em geral, que passa por grandes mudanças.

Palavras - Chaves: Religião. Hibridismo cultural. Tradição. Modernidade.

10)Título: História e historicidade da benzeçãoNome: Maria Jeane dos Santos AlvesTitulação: Mestre(a)Instituição: CESMAC

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Resumo: O termo benzeção vem de benção, de abençoar, portanto benzer pode significar abençoar, proteger e cuidar. Embora o significado seja variado, a benzeção se apresenta como uma terapêutica popular de cura, realizada com orações e com ervas que vêm desde a Idade Média. Há, no entanto registros bíblicos sobre a utilização de ervas em rituais de benção. É caracterizada como uma atividade terapêutica de cura que se realiza por meio de uma relação entre a benzedeira e o ser que a procura por meio da relação com o sagrado, onde o principal ins-trumento ou elo é a oração realizada pela benzedeira.Os aspectos históricos da relação da mulher com o saber são apresentados a partir dos estudos de Mary Del Priore e Michelle Perrot, que mostra que esta relação da mulher com o cui-dado iniciou-se entre elas mesmas e posteriormente estendendo também a ou-tros membros de sua comunidade.Historicidade aqui será compreendida a partir da perspectiva de Heidegger. Heidegger reserva Historie ao estudo ou narração de eventos passados, a “historiografia” ou historiologia.

Palavras-chave: Benzeção. Benzedeiras. Religiosidade. Historiografia.

11)Título: Místicos e beatos da segunda metade do século XIX a primeira metade do século XXNome: Gilvan Gomes das NevesTitulação: EspecialistaInstituição: UNICAP

Resumo: Este trabalho inserido na área de Ciências da Religião, faz parte de um projeto sobre beatos místicos no Nordeste brasileiro, entre a da segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX. Seu principal intuito é compreen-der porque, contrariamente ao que se preconizava acerca de racionalização e laicização dos Estados ocidentais, no Brasil, ocorre uma proliferação de místicos dentro dos campos e sub campos católicos, incluindo as relações dos agentes com outras esferas da religiosidade não católicas, no dizer de Bourdieu. Par-tindo de uma visão que aponta a mística como forma autônoma de institucio-nalização religiosa, como concebeu Troeltsch (1992), onde cada beato místico percebe o caminho percorrido como uma via devotionis (ou via beatitudinis), que demarcara grandes espaços sociais durante a Idade Média, encontra-se, nos últimos dois séculos, dois grandes adversários: de um lado a Igreja a partir do século XVI, e a ciência moderna – que até pouco tempo a identifica como atraso, ignorância. Para tanto, tem sido necessário a localização e sistematiza-ção destes beatos místicos em todas as regiões brasileiras. Daqui, decorre uma sistematização e teorização sobre este fenômeno no Brasil como um processo de hibridismo, que molda as expressões religiosas entre suas expressões parti-culares e suas simetrias no mundo ocidentalizado.

Palavras-chave: Devoção. Igreja. Catolicismo. Beatos.

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12)Título: Nossa Senhora do Perpétuo Socorro padroeira da Serra da Mandioca (Pal-meira dos índios- AL): história, cultura e fé católica..Nome: Ana Cristina de Lima MoreiraTitulação: Mestre(a)Instituição: Universidade Estadual de Alagoas-UNEAL

Resumo: Este artigo objetiva descrever a influência do catolicismo popular, através His-tória oral e da festa de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, padroeira da Serra da Mandioca, zona rural de Palmeira dos Índios – Al. A religiosidade popular faz parte do cenário católico brasileiro, e os santos padroeiros se tornam responsá-veis em solucionar os problemas das pessoas principalmente os da zona rural. Neste contexto, a devoção fervorosa à Nossa Senhora será objeto de estudo. A influência da religiosidade nesse povoado teve início desde os primeiros mora-dores até os dias atuais. O mês de fevereiro é dedicado a padroeira com reza do terço, novena, procissão, bênção das imagens, pagamento de promessas, banda de pífano, leilão, fogos de artifícios, Primeira Eucaristia e Crisma, encerrando com a cavalhada. Para o alcance dos objetivos se fez necessário estudo biblio-gráfico, pesquisa de campo e a oralidade através das entrevistas com membros da comunidade. A pesquisa é importância para as Ciências da Religião, pois se trata de uma experiência religiosa, que mantém intensamente a devoção à pa-droeira neste século.

Palavras chave: Religiosidade Popular. Devoção. Cultura. Fé Católica.

13)Título: O descarte do “lixo sagrado” no município de São José das Três Ilhas: aspectos antropológicosNome: Claudilene Christina de OliveiraTitulação: EspecialistaInstituição: UFJFResumo: O presente trabalho pretende refletir o descarte das imagens sagradas no muni-cípio de São José das Três Ilhas. Lá esse descarte ganha uma materialidade para além da categoria fé, assumindo um contorno mais que religioso. Pode-se dizer que esse descarte assume uma dimensão antropológica, inserindo-se no univer-so da prática e significados subjacentes. Esse trabalho, ancorado nos princípios metodológicos da etnografia interpretativa, busca refletir o descarte dos sím-bolos religiosos na historia, na sociedade humana, de forma geral, e especifica, naquela localidade.

Palavras-chave: Lixo sagrado. Antropologia. Etnografia.

14)Título: O fenômeno religioso da Romaria sob a perspectiva da fé cristã a Roma-

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ria ao santuário de Bom Jesus da LapaNome: Geová Nepomuceno MotaTitulação: Mestre(a)Instituição: FAJE

Resumo:Este trabalho tem como objetivo, depois de um estudo sobre o panorama da peregrinação, interpretar teologicamente o fenômeno religioso da romaria, especialmente do Bom Jesus da Lapa, a partir da elaboração do conceito de religiosidade, religião popular e fé cristã, tomando por referência o pensamen-to de Clodovis Boff e João Batista Libanio, no que corresponde à teologia e à religiosidade popular. Abordaremos aspectos históricos da origem da romaria e a dimensão que a mesma ocupa na religiosidade dos romeiros de Bom Jesus da Lapa. Descreveremos o fenômeno religioso da romaria como uma prática carac-terística da religiosidade popular. A romaria é um acontecimento sócio-religioso no seio da Igreja. A romaria é, ao mesmo tempo, manifestação religiosa, é fonte de turismo e até um empreendimento. Mas o seu centro, o foco principal é a questão teológica, redimir-se dos pecados em busca da graça de Deus e manter--se numa relação de fé através do Bom Jesus da Lapa.

Palavras-chave: Igreja Católica. Peregrinação. Romaria. Fé. Religião. Religiosi-dade.

15)Título: Patrimônio histórico e devoções religiosasNome: Ana Paula Barradas MaranhãoTitulação: Mestre(a)Instituição: UFPEInstituição Financiadora: Ana Paula Barradas Maranhão

Resumo:Esta comunicação privilegia um enfoque antropológico acerca da tríade Devo-ção, Turismo e Patrimônio, entre o período de 2004 a 2014. Neste sentido, foi realizado um diagnóstico das igrejas tombadas, em esfera federal, na região político administrativa 1 da Cidade do Recife. Como resultado foi observado um grande descaso em relação aos bens patrimoniais sacros inventariados, fal-ta de segurança, igrejas fechadas, necessidades urgentes de restauro e, natu-ralmente, ausência de fiéis, paroquianos, devotos e peregrinos. A metodologia utilizada foi à pesquisa de campo através de entrevistas não estruturadas com transeuntes e alguns membros responsáveis pelas igrejas. Do ponto de vista teórico sobre Patrimônio foram importantes as contribuições de Pedro Funari, Jaime Pinsky, Vicente Oliveira, Margarita Barreto, Regina Abreu e Marcia Chuva ; acerca de intersecções entre turismo e devoção recorremos, especialmente a Carlos Alberto Steil e Sylvana Brandão. É possível afirmar que o fechamento e/ou não funcionamento regular dos monumentos analisados cria tensões co-tidianas para a materialização do sagrado que contribuem para o afastamento e esfacelamento de devoções seculares, contribuindo grandemente para o de-

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créscimo do catolicismo tradicional.

Palavras-chave: Devoções. Patrimônio sacro. Catolicismo.

16)Título: Romaria: um fenômeno religioso e culturalNome: Sandra Célia Coelho Gomes da Silva Serra de OliveiraTitulação: Mestre(a)Instituição: UNEB/ PUC Goiás

Resumo:Correspondendo à assimetria social, em que temos uma cultura dita de elite, em contraposição a uma cultura popular, dos ‘iletrados’, à primeira se alinha um catolicismo oficial e à segunda, um catolicismo popular. Nessa última moda-lidade, se encontra a romaria como forma legítima que a cultura popular tem de expressar sua relação com o sagrado, enfatizando suas especificidades resultan-tes das experiências concretas de vida, que contrastam com a realidade atual, de relativização da religião e de seus valores substanciais. Busca-se neste artigo compreender a romaria como um fenômeno ao mesmo tempo religioso e cultu-ral, através de uma análise do contexto no qual ela acontece, tendo como pano de fundo a religiosidade popular, como elemento essencial da cultura popular, com a finalidade de desvendar a realidade em estudo, desmistificando os pre-conceitos, com o intento não de obter respostas conclusivas, mas, sobretudo, de suscitar novas discussões em torno desse tema tão importante.

Palavras-chave: Romaria. Fenômeno religioso. Cultura popular. Devoção popu-lar.

17)Título: Rosários e atabaques: devoções marianas nas religiões afro-brasileirasNome: Sylvana Maria Brandão de AguiarTitulação: Pós-doutor(a)Instituição: UFPECoautor(es): Edson de Araújo Nunes

Resumo: As devoções a Maria são essenciais ao catolicismo brasileiro, notadamente nas décadas finais do século XX e alvorecer do século XXI, quando ocorre um acir-ramento da perda de fiéis e os cultos à Maria, públicos e domésticos, passam a ser estratégias de reconquistas, no dizer de Berger, formas de plausibilidade. Figura essencial ao cristianismo católico ocidental, o culto a Nossa Senhora tem também se espraiado nas religiões de matriz Afro-Brasileira. Neste estudo, buscamos compreender as devoções marianas dentro da Umbanda, por meio da pesquisa bibliográfica e de etnografias. Dada a interdisciplinaridade do tema, o trabalho insere-se no campo da Ciência da Religião, naturalmente congregando ferramentas da antropologia da religião e da história das religiões. Para além das simbologias que unem santos católicos e orixás, identificamos processos de

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hibridismo religioso que demonstram a capacidade de reinventar tradições e incorporar signos e símbolos diversos nas religiões de matriz africana, que no passado colonial representaram também alternativas para manutenção de sua fé e formas de resistência cultural.

Palavras-chave: Devoção. Hibridismo religioso. Resistência cultural.

18)Título: Rosas para Santa Rita de Cássia: percursos de uma devoção em Santa Cruz – Rio Grande do NorteNome: Newton Darwin de Andrade CabralTitulação: Doutor(a)Instituição: UNICAP

Resumo: A pesquisa objetivou, principalmente, analisar a história e os percursos da devo-ção a Santa Rita de Cássia, na forma em que ela é praticada na cidade de Santa Cruz, no Rio Grande do Norte, a partir da sua existência anterior – primórdios da localidade – e das modificações introduzidas depois que, em junho de 2010, foi inaugurado Santuário a ela dedicado. Foram examinadas as perspectivas dos idealizadores, as estratégias efetuadas para o aproveitamento de terreno localizado em uma colina com altitude média de 300 metros, às margens da BR 226, o projeto de financiamento junto ao Ministério do Turismo e ao Governo do Estado (RN), bem como suas repercussões para a cidade de Santa Cruz e para a experiência dos devotos peregrinos daquele movimento que, sendo notada-mente sociorreligioso, é também econômico e político, e se realiza em ciclos de romarias anuais e práticas devocionais mensais. Investigamos como os romeiros e o clero local interpretam a devoção nos seus mundos peculiares e os signifi-cados que dão àquela experiência religiosa. Assim, a proposta foi compreender como os agentes do sagrado, no dizer de Chartier, produziram novos dinamismos que se articulam com os arranjos e itinerários diversificados, palmilhados pelos romeiros, agentes que se fazem ativos na expressão de sua religiosidade. Para isso, utilizamos o método histórico-crítico, na intenção de produzir uma história eclesiástica não confessional e, portanto, não apologética, postulando uma ri-gorosa análise crítica da documentação e a historicização radical das fontes de matriz religiosa. Além disso, fizemos uso do conceito de trocas simbólicas, como empregado por Bourdieu, visualizado na relação e nas práticas devocionais – com ênfase na chamada Coroa de Santa Rita – que intermedeiam as convivências estabelecidas entre os romeiros e a Santa, uma vez que a ela fazem ofertas e dela esperam dádivas.

Palavras-chave: Movimentos sociorreligiosos brasileiros. Religiosidade popular. Romarias. Igreja Católica.

19)Título: A devoção cemiterial como prática religiosa: Padre Eustáquio e Irmã Be-nigna no cemitério do Bonfim em Belo Horizonte

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Autoria: Ilza Mara LimaInstituição: PUC Minas

Resumo:A devoção cemiterial é uma prática que pode ser observada em vários cemitérios brasileiros. Ela se propaga por meio popular, no boca a boca entre os fieis que têm uma graça alcançada pelo seu “santo ou santa” e o divulgam entre outras pessoas, como forma de agradecimento. Essa prática chama a atenção nos ce-mitérios, pois em geral os túmulos desses “santos ou santas” são ornamentados de forma diferente a de outros no cemitério e possuem geralmente um padrão devocional, que é identificado em forma de velários, ex-votos espalhados em cima dos túmulos, flores, bilhetes e algumas oferendas aos santos. No cemitério do Bonfim em Belo Horizonte essa prática pode ser observada entre dois religio-sos, Padre Eustáquio falecido em 1943, e IRMÃ Benigna falecida em 1981. Esses túmulos estão entre os mais visitados do cemitério e apesar, dos corpos desses milagreiros, já não estarem mais enterrados no cemitério, seus túmulos ainda continuam venerados entre os fieis que frequentam aquele espaço. Minha pro-posta é analisar como se constituíram essas devoções no Cemitério do Bonfim e como elas, ainda hoje se propagam entre os fieis.

Palavras-Chave: Devoção cemiterial,. Padre Eustáquio. Irmã Benigna. Cemitério do Bonfim em Belo Horizonte.

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