27mpf - direito constitucional e metodologia jurídica - completo com sumário

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27MPF GI DCMJ 1 SUMÁRIO Pon to 1.a. Constitucionalismo: tra jet óri a his tór ica . Constitucionalismo lib era l e social. Constitucionalism o britânico, f rancês e norte-americano.... .............................................. ..............4 Ponto 1.b. Poder Legislatio. !rgani"a#$o. %tribui#&es do Congresso 'acional. Com(etências do )enado e da Câmara. Legislatio e soberania (o(ular. % crise da re(resenta#$o (ol*tica..........+ Ponto 1.c. inistrio Pblico: /istória e (rinc*(ios constitucionais. !rgani"a#$o. %s fun#&es constitucionais do inistrio Pblico..............................................................................................0 Ponto .a. Constitui#$o e Cosmo(olitismo. ! (a(el do direito com(arado e das normas e  juris(rudência intern acionais na inter(reta #$o da Constitui#$o.................................................... 1 Ponto .b. Poder 23ecutio. /istórico. Presidencialismo e Parlamentarismo. Presidencialismo de coali"$o. Presidente da e(blica: estatuto. Com(etência s. Poder normatio aut5nomo, delegado e regulamentar . inistros de 2stado..............................................................................................16 Ponto .c. /ermenêutica e 7eoria s da argumen ta#$o jur*dica............................... ........................1 Ponto 8.a. 9iis$o de (oderes. Conceito e objetios. /istória. nde(endência e harmonia entre  (oderes. eca nismos de freio e contra(esos..... ............................................................................4 Ponto 8.b. Poder ;udici<rio: organi"a#$o e com(etência. 'ormas constitucionais res(eitantes = magistratura. ! atiismo judicial e seus limites no 2stado 9emocr<tico de 9ireito. >(onto com adi#$o do atiismo judicial?...........................................................................................................@ Ponto 8.c. 2stado-membro. Com(etência. %utonom ia. Aens........................................................48 Pon to 4.a . 9ireitos sociais: enu nc ia# $o , gar ant ias e efe ti idade. Pri nc* (io da (ro ibi #$ o do retrocesso. *nimo e3istencial e resera do (oss*el....................... .............................................4+ Ponto 4.b. 'ormas constitucionais. 9efini#$o. 2strutura. Classifica#&es. Princ*(ios e regras. Preâmbulo. 2feitos das normas da Constitui#$o brasileira de 1B00..............................................4B Ponto 4.c. Lacunas e ntegra#$o do 9ireito: analogia, costumes e euidade................................ 6 Ponto 6.a. Poder constituinte origin<rio. 7itularidade e caracter*sticas............... ..........................64 Ponto 6.b. )u(remo 7ribunal Dederal: organi" a#$o e com(etência. ;urisdi#$o constitucional.... .6+ Ponto 6.c. unic*(io: cria#$o, com(etênc ia, autonomia. egi&es metro(olitanas ....................... 6@ Ponto +.a. Poder constituinte deriado. Limita#&es = reforma constitucional. Cl<usulas (treas e3(ressas e im(l*citas. %s muta#&es constitucionais...... ............................................................... 6B Ponto +.b. Dederalismo. Conce(#&es e caracter*sticas. Classifica#&es. )istema de re(arti#$o de com(etência. 9ireito com(arado...................................................................................................+4 Ponto +.c. 9ireitos fundamentais. Conce(#&es. Caracter*sticas. 9imens&es !bjetia e )ubjetia. 2fic<cia ertical e hori"ontal. .......................................................................................................+@ Ponto @.a. Proc esso legislati o. 2me nda cons tituc ional, lei com(leme ntar , lei ordin <ria, lei delegada, medida (roisória, decreto legislatio e resolu#$o. ! (rocesso de incor(ora#$o dos tratados internacionais. 9eido (rocesso legislatio........... .......................................................... @+ Ponto @.b. Eni$o Dederal: com(etência e bens................................................... ...........................0F Ponto @.c. !s Princ*(ios gerais de direito......................................................................................01 Ponto 0.a. Poder constituinte estadual: autonomia e limita#&es............................. ....................... 0 Ponto 0.b. Pol*tica agr<ria na Constitui#$o. 9esa(ro(ria# $o (ara reforma agr<ria....................... 04 Ponto 0.c. 9efesa do 2stado e das institui#&es democr<ticas. 2stado de defesa. 2stado de s*tio. Pa(el Constitucional das Dor#as %rmadas........... ..........................................................................00

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SUMRIOPonto 1.a. Constitucionalismo: trajetria histrica. Constitucionalismo liberal e social. Constitucionalismo britnico, francs e norte-americano.4Ponto 1.b. Poder Legislativo. Organizao. Atribuies do Congresso Nacional. Competncias do Senado e da Cmara. Legislativo e soberania popular. A crise da representao poltica.6Ponto 1.c. Ministrio Pblico: Histria e princpios constitucionais. Organizao. As funes constitucionais do Ministrio Pblico.8Ponto 2.a. Constituio e Cosmopolitismo. O papel do direito comparado e das normas e jurisprudncia internacionais na interpretao da Constituio.12Ponto 2.b. Poder Executivo. Histrico. Presidencialismo e Parlamentarismo. Presidencialismo de coalizo. Presidente da Repblica: estatuto. Competncias. Poder normativo autnomo, delegado e regulamentar. Ministros de Estado.15Ponto 2.c. Hermenutica e Teorias da argumentao jurdica.21Ponto 3.a. Diviso de poderes. Conceito e objetivos. Histria. Independncia e harmonia entre poderes. Mecanismos de freio e contrapesos.24Ponto 3.b. Poder Judicirio: organizao e competncia. Normas constitucionais respeitantes magistratura. O ativismo judicial e seus limites no Estado Democrtico de Direito. (ponto com adio do ativismo judicial)27Ponto 3.c. Estado-membro. Competncia. Autonomia. Bens.43Ponto 4.a. Direitos sociais: enunciao, garantias e efetividade. Princpio da proibio do retrocesso. Mnimo existencial e reserva do possvel.46Ponto 4.b. Normas constitucionais. Definio. Estrutura. Classificaes. Princpios e regras. Prembulo. Efeitos das normas da Constituio brasileira de 1988.49Ponto 4.c. Lacunas e Integrao do Direito: analogia, costumes e equidade52Ponto 5.a. Poder constituinte originrio. Titularidade e caractersticas.54Ponto 5.b. Supremo Tribunal Federal: organizao e competncia. Jurisdio constitucional.56Ponto 5.c. Municpio: criao, competncia, autonomia. Regies metropolitanas.57Ponto 6.a. Poder constituinte derivado. Limitaes reforma constitucional. Clusulas ptreas expressas e implcitas. As mutaes constitucionais.59Ponto 6.b. Federalismo. Concepes e caractersticas. Classificaes. Sistema de repartio de competncia. Direito comparado.64Ponto 6.c. Direitos fundamentais. Concepes. Caractersticas. Dimenses Objetiva e Subjetiva. Eficcia vertical e horizontal. 67Ponto 7.a. Processo legislativo. Emenda constitucional, lei complementar, lei ordinria, lei delegada, medida provisria, decreto legislativo e resoluo. O processo de incorporao dos tratados internacionais. Devido processo legislativo.76Ponto 7.b. Unio Federal: competncia e bens.80Ponto 7.c. Os Princpios gerais de direito.81Ponto 8.a. Poder constituinte estadual: autonomia e limitaes.82Ponto 8.b. Poltica agrria na Constituio. Desapropriao para reforma agrria.84Ponto 8.c. Defesa do Estado e das instituies democrticas. Estado de defesa. Estado de stio. Papel Constitucional das Foras Armadas.88Ponto 9.a. Comunicao social. A imprensa na Constituio. Liberdades pblicas, acesso informao e pluralismo.90Ponto 9.b - Norma jurdica e enunciado normativo. Caractersticas da norma jurdica.92Ponto 9.c. Segurana Pblica na Constituio. O papel das instituies policiais.94Ponto 10.a. Interpretao constitucional. Mtodos e princpios de hermenutica constitucional.96Ponto 10.b. Nacionalidade brasileira. Condio jurdica do estrangeiro. 100Ponto 10.c. Interveno federal nos Estados e interveno estadual nos Municpios.102Ponto 11.a. Liberalismo igualitrio, comunitarismo, procedimentalismo e republicanismo. Suas projees no domnio constitucional.105Ponto 11.b. Princpios constitucionais sobre a Administrao Pblica.116Ponto 11.c. Coliso entre normas constitucionais. Ponderao e juzo de adequao. Princpios da Proporcionalidade e da Razoabilidade.121Ponto 12.a. Controle de constitucionalidade: evoluo histrica do sistema brasileiro. Direito comparado. Legitimidade democrtica.123Ponto 12.b - Critrios clssicos de resoluo de antinomias jurdicas.127Ponto 12.c - Princpios constitucionais do trabalho. Os direitos fundamentais do trabalhador.128Ponto 13.a. Direito Constitucional Intertemporal. Teoria da recepo. Disposies constitucionais transitrias.130Ponto 13.b. Regime constitucional da propriedade. Funo socioambiental da propriedade. Desapropriao e requisio.132Ponto 13.c. Princpio da isonomia. Aes afirmativas. Igualdade e diferena. Teoria do impacto desproporcional. Direito adaptao razovel.134Ponto 14.a. Democracia. Conceito. Histria. Fundamentos. Democracia representativa e participativa. Teorias deliberativa e agregativa da democracia. Instrumentos de democracia direta na Constituio de 1988.138Ponto 14.b. Previdncia social e assistncia social. 143Ponto 14.c. A evoluo do constitucionalismo brasileiro: constituies de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967, 1969. A ditadura militar e os atos institucionais. A assembleia constituinte de 1987/88.145Ponto 15.a. Controle jurisdicional e social das polticas pblicas. Servios de relevncia pblica. O papel do Ministrio Pblico.155Ponto 15.b. Direitos Polticos. O papel da cidadania na concretizao da Constituio 156Ponto 15.c. Regime constitucional dos parlamentares. Imunidades e incompatibilidades parlamentares.158Ponto 16.a. Direito fundamental educao. A educao na Constituio Federal.160Ponto 16.b. Os princpios da dignidade da pessoa humana e da solidariedade.163Ponto 16.c. O controle concreto de constitucionalidade. O Recurso Extraordinrio.165Ponto 17.a. Proteo constitucional famlia, a criana, ao adolescente e ao idoso.168Ponto 17.b. A metodologia jurdica no tempo. A Escola da Exegese. Jurisprudncia dos conceitos, jurisprudncia dos interesses e jurisprudncia dos valores. O realismo jurdico. Neoformalismo. O pspositivismo jurdico. 172Ponto 17.c. Igualdade de gnero. Direitos sexuais e reprodutivos.176Ponto 18.a: Oramento pblico: controle social, poltico e jurisdicional.178Ponto 18.b: Direitos das pessoas portadoras de deficincia. A Conveno da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia e seu Protocolo Facultativo.182Ponto 18.c: Controle abstrato de constitucionalidade: Ao Direta de Inconstitucionalidade, Ao Direta de Inconstitucionalidade por Omisso, Ao Declaratria de Constitucionalidade e Arguio de Descumprimento de Preceito Fundamental.184Ponto 19.a. Liberdade de expresso, religiosa e de associao. O princpio da laicidade estatal. Os direitos civis na Constituio de 1988.201Ponto 19.b. Direitos das comunidades remanescentes de quilombos e de comunidades tradicionais.207Ponto 19.c. Direito sade. Sistema nico de Sade na Constituio. Controle social. O direito de acesso s prestaes sanitrias.209Ponto 20.a. Finanas pblicas na Constituio. Normas oramentrias na Constituio.212Ponto 20.b. ndios na Constituio. Competncia. Ocupao tradicional. Procedimento para reconhecimento e demarcao dos territrios indgenas. Usufruto.215Ponto 20.c. Limites dos direitos fundamentais. Teorias interna e externa. Ncleo essencial e proporcionalidade. Os "limites dos limites".218Ponto 21.a. Conselho Nacional do Ministrio Pblico. Histria, composio, competncia e funcionamento.220Ponto 21.b. Interpretao jurdica. Mtodos e critrios interpretao.223Ponto 21.c: Ordem constitucional econmica. Princpios constitucionais da ordem econmica. Interveno estatal direta e indireta na economia. Regime constitucional dos servios pblicos. Monoplios federais e seu regime constitucional.225Ponto 22.a. O papel das pr-compreenses no Direito. Interpretao, moralidade positiva e moralidade crtica.231Ponto 22.b. Efeitos da declarao de inconstitucionalidade. Tcnicas decisrias na jurisdio constitucional.233Ponto 22.c. Direito fundamental moradia e alimentao.236Ponto 23.a. Direitos fundamentais culturais. Multiculturalismo e interculturalidade. Direito diferena e ao reconhecimento.238Ponto 23.b. Smula vinculante. Legitimidade e crticas. Mecanismos de distino.249Ponto 23.c. Direitos fundamentais processuais: acesso justia, devido processo legal, contraditrio, ampla defesa, vedao de uso de provas ilcitas, juiz natural e durao razovel do processo.252Ponto 24.a. Neoconstitucionalismo. Constitucionalizao do Direito e judicializao da poltica.259Ponto 24.b. Estatuto constitucional dos agentes polticos. Limites constitucionais da investigao parlamentar. Crimes de responsabilidade. Controle social, poltico e jurisdictional do exerccio do poder. O princpio republicano.262Ponto 24.c. As funes essenciais Justia: Advocacia privada e pblica. Representao judicial e consultoria jurdica da Unio, dos Estados e do Distrito Federal. A Defensoria Pblica.265Ponto 25.a. Pluralismo jurdico. As fontes normativas no estatais.267Ponto 25.b. Inconstitucionalidade por omisso. Ao direta e Mandado de injuno.268Ponto 25.c. Conselho Nacional de Justia. Histria, composio, competncia e funcionamento.271

ITEM 1Ponto 1.a. Constitucionalismo: trajetria histrica. Constitucionalismo liberal e social. Constitucionalismo britnico, francs e norte-americano.Fabiana SchneiderObras consultadas: BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 24 ed., 2009. BARROSO, Lus Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporneo. 3. Ed., 2012. FERNANDES, Bernardo Gonalves. Curso de Direito Constitucional. 3, 2011. SARMENTO, Daniel. Por um Constitucionalismo Inclusivo. 2010. PEREIRA, Rodolfo Viana. Direito Constitucional Democrtico. 2010. LENZA, Pedro. Curso de Direito Constitucional Esquematizado, 16 ed., 2012

Histrico: Segundo Barroso, o termo constitucionalismo data de pouco mais de 200 anos, sendo associado ao processo revolucionrio americano e Francs, em oposio ao Absolutismo. As ideias centrais do constitucionalismo remontam antiguidade clssica, no ambiente da plis grega, por volta do sculo V a.C. Os pensamentos filosficos de Scrates, Plato, Aristteles ultrapassaram os sculos e so reverenciados at hoje.Conceito: constitucionalismo significa, em sntese, limitao do poder (respeito a valores bsicos e direitos fundamentais, separao dos poderes, respeito ao devido processo legal). Consoante Karl Loewenstein: a histria do constitucionalismo a busca do homem poltico pela limitao do poder arbitrrio. O Constitucionalismo antigo (ou da antiguidade) remonta ao perodo da antiguidade clssica at final do sculo XVIII, quando surgem as primeiras constituies escritas, com predominncia do jusnaturalismo. As experincias mais importantes na antiguidade so: a) Hebreus: a limitao do governo e limitao do poder fez surgir o Estado Hebreu. O Estado Hebreu era Teocrtico, influenciado pela religio, os dogmas religiosos atuavam como limites ao poder do soberano. b) Grcia: considerada a forma mais avanada de governo existente at hoje, chamada de democracia constitucional, participao direta das pessoas nas decises polticas; incio da racionalizao do poder. c) Roma: retorno experincia Grega. Foi marcada pela liberdade. Ihering disse: Nenhum outro Estado foi capaz de conceber a ideia de liberdade de uma forma to digna e justa quanto o direito romano. d) Inglaterra: devemos associ-la ao Princpio Rule of Law, isto , o Governo das Leis; substituindo a ideia de que o governo era da pessoa do soberano. Dentro dessa expresso existem 2 fundamentos principais: 1) Limitao do poder arbitrrio (pactos e acordos celebrados entre reis e a populao); e 2) Igualdade dos cidados ingleses perante a lei. Nesta fase, o sistema constitucional era diferente do que conhecemos hoje.Constitucionalismo liberal ou clssico: para alguns nesse perodo que surge o constitucionalismo, eles desprezam o constitucionalismo antigo. O constitucionalismo liberal, guiado pelo valor liberdade, inicia-se no final do sculo XVIII e vai at o fim da 1 Guerra Mundial. Foi influenciado por John Locke, Jean Jacques Rousseau e Montesquieu. Surge a constituio em sentido formal e escrita, inaugurando a rigidez constitucional que, por sua vez, fez surgir a chamada Supremacia Constitucional. O 1 exemplo de Constituio escrita da Virgnia de 1776, seguida pela Constituio Americana de 1787. O surgimento das Constituies est associado ao iluminismo. A 1 constituio da Europa de 1791, oriunda da Revoluo Francesa de 1789. Destacam-se 3 aspectos: a) constituio escrita (EUA em 1776 e Frana em 1791); b) constituio formal; e c) Supremacia da constituio (base do constitucionalismo). Constitucionalismo Moderno ou Social: essa fase vai da primeira guerra mundial at a segunda guerra. Diante da incapacidade do Estado de atender s necessidades sociais (Estado Liberal), surge a segunda gerao dos Direitos Fundamentais ligados ao valor IGUALDADE. Surge a proteo da igualdade SUBSTANCIAL, e no meramente formal, perante a lei. Aqui esto os chamados direitos sociais, os econmicos e ainda os culturais. exigida uma atuao POSITIVA do Estado. Leia-se: prestaes. Esses direitos so, em sua maioria, coletivos.Constitucionalismo Contemporneo: inicia-se aps o fim da segunda guerra mundial, em 1945. A partir da metade do sculo passado surge uma corrente filosfica denominada PS-POSITIVISMO que busca um equilbrio entre o jusnaturalismo e o positivismo. Preocupa-se com o aspecto material/contedo do direito, e no s com o aspecto formal/cientfico do direito. Aps o fracasso do estrito positivismo, plasmado nas atrocidades legalmente embasadas durante a guerra, inicia-se o movimento pela reaproximao entre direito e moral, e a preocupao com o justo Direito. Para ALEXY, o Direito extremamente injusto no pode ser considerado Direito. Constitucionalismo britnico:atravs de um processo lento e gradativo de afirmao histrica das instituies democrticas diferentemente do processo abrupto da Revoluo Francesa afirmaram-se alguns pilares do constitucionalismo, amadurecendo um regime poltico baseado na lei (Rule of Law), na tentativa de harmonizar e acomodar todas as foras poltico-sociais: o Rei, a Nobreza e o Povo. Da a gestao da frmula da monarquia constitucional, que passou a funcionar nos moldes de um governo misto, como no bicameralismo parlamentar ingls (Cmara dos Lordes e Cmara dos Comuns). Destaca-se o pensamento liberal de John Locke, que, contrapondo-se ao contratualismo autocrtico de Thomas Hobbes, propugna a limitao do poder dos governantes, atravs do reconhecimento da fidcia entre governantes-governados e a afirmao dos direitos naturais dos cidados. So exemplos dos textos jurdicos ingleses, atravs dos quais os monarcas e sditos celebravam acordos de vontade sobre o modo de governar e de estabelecer direitos individuais: Magna Charta Libertatum (1215); Petition of Right (1628); Habeas Corpus Act (1679); Bill of Rights (1689); Act of Settlement (1701). O constitucionalismo britnico caracterizou-se pelo modo especfico de garantir direitos e liberdades, bem como de estabelecer limites ao poder, sem que fosse necessrio criar uma lei fundamental. Constitucionalismo francs: converge para o constitucionalismo moderno, assentando suas bases no perodo das revolues liberais do final do sculo XVIII. Preocupao em superar a monarquia absolutista. O poder constituinte assume a tarefa de criar a norma que estabelea nova ordem poltica e social para o futuro, e que simultaneamente promova a ruptura total com o antigo regime. A Constituio francesa de 1791 foi a 1 escrita de toda a Europa. Era analtica e contribuiu para fixar as matrias substancialmente constitucionais: direitos individuais; separao dos Poderes e organizao do Estado. Foi influenciada pelas ideias do contratualismo democrtico, baseado na soberania da vontade geral (Rousseau) e a afirmao da separao dos poderes como tcnica de conteno do arbtrio (Montesquieu). Manteve a monarquia constitucional, limitando os poderes reais e prevendo o princpio da separao dos poderes (Assemblia legislativa nica, Realeza e Tribunal de Cassao). Caracteriza-se pela valorizao do Legislativo, acarretando o enfraquecimento do controle de constitucionalidade das leis. Constitucionalismo norte-americano: estabelecimento e organizao do governo pelos prprios governados. Kildare identifica como indcios do constitucionalismo na Amrica, alm dos contratos de colonizao (Compact e as Fundamental Orders of Connecticut), a Declaration of Rights da Virgnia, de 1776, seguida pela Constituio da Confederao dos Estados Americanos, de 1781. Foi, contudo, com a Carta de 1787 que o constitucionalismo se afirmou nos EUA. Dotada de apenas 7 artigos, (posteriormente adicionadas apenas 26 emendas), a sinttica Constituio norte-americana contemplou o federalismo como forma de Estado em substituio confederao de Estados Soberanos, o presidencialismo como sistema de governo e uma rgida separao dos poderes (Poder Executivo composto pelo Presidente e Vice; Legislativo bicameral formado pela Cmara dos Deputados e pelo Senado; e Poder Judicirio Suprema Corte como rgo de cpula - incumbido de zelar pela supremacia da Constituio atravs do controle de constitucionalidade das leis e dos atos normativos).LEITURA COMPLEMENTAR: BARROSO, Lus Roberto. Neoconstitucionalismo e constitucionalizao do Direito. O triunfo tardio do Direito Constitucional no Brasil.(artigo salvo no Dropbox, pasta n. 29).BARROSO, Lus Roberto. Constituio, democracia e supremacia judicial: Direito e poltica no Brasil contemporneo. (artigo salvo no Dropbox, pasta n. 29).

Ponto 1.b. Poder Legislativo. Organizao. Atribuies do Congresso Nacional. Competncias do Senado e da Cmara. Legislativo e soberania popular. A crise da representao poltica.Fabiana SchneiderObras consultadas: Resumos do 25 e do 26 CPR; LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 16 Ed, 2012. BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 24 ed, 2009. FERREIRA MENDES, Gilmar. Curso de Direito Constitucional. 7 ed, 2012.Legislao bsica: Art. 44, 46, 48 e inciso, 49 e incisos, 51 e incisos, 58 e incisos, CR/88.

a) Organizao: O Legislativo da Unio bicameral, exercido pelo Congresso Nacional (Cmara dos Deputados e Senado). Nas demais unidades da federao, o legislativo unicameral (Assembleia legislativa e Cmara de Vereadores). Trata-se de bicameralismo federativo (princpio da participao na manuteno do equilbrio federativo) e bicameralismo de equilbrio ou de equivalncia, pois no existe hierarquia entre Cmara e Senado. A Cmara dos deputados representa o povo. Cada unidade federativa tem entre 8 e 70 Deputados, conforme a populao (LC 78/93). Os territrios tero 4. A escolha pelo sistema proporcional. O mandato dos deputados de 4 anos. Idade mnima de 21 anos.O Senado representa os Estados e o DF, cada um com 3 Senadores. Idade mnima de 35 anos. So escolhidos pelo sistema majoritrio, e cada chapa dever ter um cabea e 2 suplentes. O mandato de 8 anos, renovados a cada 4 anos, na proporo de 1/3 e 2/3. Mesa: rgo de direo de um colegiado, encarregada pela conduo dos trabalhos legislativos e administrativos. Mesa da Cmara dos Deputados; Mesa do Senado Federal; Mesa do Congresso Nacional. O mandato de de 2 anos, vedada a reeleio para o mesmo cargo. Essa no uma norma de reproduo obrigatria para Estados e Municpios, consoante decidido na ADI 792/RJ. O Legislativo desempenha precipuamente 2 atribuies: a) fiscalizar; b) inovar a ordem jurdica. A fiscalizao feita atravs de: 1) Fiscalizao Econmico-Financeira (arts. 70 a 75), auxiliada pelo Tribunal de Contas; 2) Fiscalizao Poltico-Administrativa, exercida pelas Comisses. Comisses (art. 58) 1) Comisso Temtica ou Material: A organizao est prevista no RI. A mais importante a Comisso de Constituio e Justia - CCJ. Todo PL, obrigatoriamente, passa por ela, que faz o controle preventivo atravs de parecer sobre a constitucionalidade do PL. Se for incompatvel, inadequado, inconstitucional, arquivado. O parecer no meramente opinativo, com possibilidade de recurso previsto no RI. Depois de analisado pela CCJ, o PL endereado comisso temtica respectiva. Esta dotada da delegao interna ou imprpria: poder (art. 58, 2, I) para aprovar PL, independentemente da manifestao do Plenrio.2) Comisso Representativa: Art. 58, 4. mista, pois composta por deputados e senadores. 3) Comisso Parlamentar de Inqurito: art. 58, 3; Lei 1579/52; Lei 10001/00, Regimentos Internos. Aplica-se o princpio da representao proporcional partidria (art. 58, 1). I) CPI PODE: a.1) Notificar testemunhas e determinar a sua conduo coercitiva (convidado ou investigado); OBS: 1) Membro do MP pode ser convocado perante CPI na condio de investigado em razo de fatos relativos ao exerccio funcional, mas no est obrigado a responder perguntas sobre fato sobre o qual tenha se manifestado no exerccio de suas atribuies. 2) ndio no pode ser obrigado a depor em CPI, pois conduzi-lo coercitivamente significa a sua retirada do seu habitat (remoo forada de sua terra), o que vedado pela CR; a.2) pode prender em flagrante, mas no pode prender o investigado por falso testemunho pois ele no testemunha; a.3) pode realizar percias, exames, vistorias; a.4) pode afastar o sigilo bancrio e fiscal, mas necessrio fundamentao (RE 389.808). OBS: CPI municipal no pode afastar o sigilo fiscal e bancrio, pois no h Judicirio municipal. CPI estadual pode. II) CPI NO PODE (reserva de Jurisdio): b.1) afastar sigilo de comunicaes telefnicas. art. 5., XII. A CPI no pode decretar a interceptao, mas pode requisitar quebra de dados telefnicos; b.2) expedir mandado de priso; b.3) expedir mandado de busca e apreenso. No pode proibir que o cidado deixe o territrio nacional; determinar a apreenso de passaporte.Requisitos para constituio da CPI: i) 1/3, no mnimo, de deputados e/ou senadores. ii) Fato determinado (especificar e circunscrever o objeto da investigao, ter relevncia pblica e estar dentre as atribuies da Casa). iii) Prazo certo. No existe CPI permanente (princpio da segurana jurdica). Preenchidos os requisitos, o parlamentar tem direito lquido e certo CPI . Trmino dos trabalhos: Elabora-se um relatrio, que votado pela CPI. Pode ser remetido ao MP para que promova as aes cabveis. Tambm pode apresentar PL. Obs: Pode haver participao de membro do MP acompanhando os trabalhos da CPI, designado pelo PGR/PGJ. b) Atribuies do Congresso Nacional. Competncia do Senado e da Cmara: O art. 48 da CR traz as atribuies do Congresso, com a necessidade de sano presidencial. J o art. 49 descreve competncias exclusivas do Congresso. Via de regra, estas so exercidas mediante decreto legislativo ou resolues. O art. 51 prev competncias privativas da Cmara que, via de regra, so exercidas por resoluo. A Competncia privativa do Senado est prevista no art. 52.c) Legislativo e soberania popular: Bodin, em 1576 , teorizou Soberania (poder acima dos demais, centralizado nas mos do Rei). No sculo XVIII, o constitucionalismo conduziu separao entre Estado e Monarca, passando a soberania a ser s do Estado. Em 1762, Rosseau adjetiva o conceito: Soberania Popular. Para Kelsen, a soberania qualidade do poder do Estado, sendo absoluta, j que nenhuma outra manifestao pode se contrapor vontade estatal. Suas caractersticas so: Una; indivisvel; inalienvel; imprescritvel. d) Crise da representao poltica: Para Bobbio, a democracia um mtodo, um conjunto de regras de procedimentos para que decises polticas sejam tomadas. Nas democracias ocidentais, possvel identificar as assembleias parlamentares, periodicamente eleitas, como expresso concreta da Representao poltica. Esta um fenmeno complexo, cujo ncleo consiste num processo de escolha dos governantes e de controle sobre sua ao atravs de eleies competitivas. um conceito multidimensional que abarca o fenmeno da seleo de lideranas, de delegao de soberania popular, de controle, de participao indireta e de questionamento poltico. Atualmente, a democracia representativa encontra-se na penumbra, diante da quebra global da confiana, marcada pela corrupo, descrdito quanto capacidade das instituies e dos agentes polticos de agir de modo funcionalmente adequado. A crise da representao poltica no Brasil se insere no interior de um quadro mais amplo e que reflete, de forma quase planetarizada, os mesmos problemas da (1) diminuio da participao eleitoral, (2) declnio da relao de identificao entre representantes e representados e (3) o aumento das taxas de alienao eleitoral conjugado com o crescimento do processo de excluso social; para alguns autores ainda h as questes relativas crise da democracia e o declnio da importncia dos partidos polticos nas democracias contemporneas. Concomitantemente, verificada uma crescente crise de representatividade, legitimidade e funcionalidade no mbito do Legislativo, alimentando o Judicirio na direo do ativismo judicial, em nome da Constituio, com a prolao de decises que suprem omisses e, por vezes, inovam na ordem jurdica, com carter normativo geral. (BARROSO, Lus Roberto. Judicializao, ativismo judicial e legitimidade democrtica. Salvo na pasta 29 do Dropbox). Sobre o dficit democrtico das instituies representativas, SARMENTO afirma: Em que pese a universalizao do direito de voto alcanada ao longo do sculo XX, hoje uma srie de fatores - que vo da influncia do poder econmico nas eleies, at a apatia e distanciamento do cidado em relao res publica - tende a segregar os representantes dos representados, minando a crena de que os primeiros vocalizariam na esfera poltica a vontade dos segundos. O problema universal, mas, no Brasil, h componentes que o agravam de forma exponencial, abalando profundamente a credibilidade das instituies de representao popular. [...]. Neste quadro preocupante, a objeo democrtica contra o ativismo judicial se arrefece, sobretudo quando o Judicirio passa a agir em favor de causas simpticas aos anseios populares, como a proteo dos direitos sociais. (A proteo judicial dos direitos sociais. Salvo na Pasta 29 do Dropbox).

Ponto 1.c. Ministrio Pblico: Histria e princpios constitucionais. Organizao. As funes constitucionais do Ministrio Pblico.Fabiana SchneiderObras consultadas: Resumos do 25 e do 26 CPR; BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 24 ed, 2009. FERREIRA MENDES, Gilmar.Curso de Direito Constitucional. 7 ed., 2012. SANTINI, Valter Foleto. O Ministrio Pblico na Investigao Criminal. 2. ed., 2007; MAZZILLI, Hugo Nigro. Introduo ao Ministrio Pblico, 8 ed., 2012. Legislao bsica: Art. 127 a 132 da CR/88; LC n.: 75/93 e Lei n.: 8.625/93.

a) Histria - A histria do Ministrio Pblico no muito clara. Tem-se relatos do seu surgimento no Egito h mais de 4000 anos a.C, na figura dos Magiais, funcionrios do real poder. Na Grcia antiga, aponta-se o Temsteta ou Tesmoteta, cuja misso era a de denunciar os delitos Assemblia do Povo ou Senado, para que este designasse um acusador. Contudo, h quem acredite que a origem dessa instituio se acha no direito francs, nas ordenanas de 25 de maro de 1302, de Felipe IV, o Belo, que imps aos seus procuradores o mesmo juramento dos Juzes, proibindo-lhes o patrocnio de negcios que no fosse o do rei. Na Idade Mdia, especificamente na Frana, os Procuradores, a princpio, eram denominados Advogados do Rei, com atribuies em aes civis, na defesa dos desprotegidos e hipossuficientes. No Brasil, no perodo colonial, o MP funcionava na fazenda pblica e na promoo de ao penal, poca em que deixou de ser privada e passou a ser pblica. A institucionalizao do MP em uma Constituio s ocorreu em 1934, que detalhadamente previu a organizao do MPU, no Distrito Federal e nos Territrios, atravs de leis federais, bem como a instituio do Ministrio Pblico nos Estados, mediante leis locais. Com o CPP de 1941, o MP conquistou o poder de requisio de inqurito policial e de diligncias, recebeu como regra, a titularidade na promoo da APP, embora ainda se permitisse o procedimento judicialiforme (art. 26 do CPP), abolido pela CR/88. O perodo ureo do MP comeou com a Lei 7347/85. At ento, o MP desempenhava basicamente funes na seara criminal. Com a CR/88 foi-lhe atribuda a funo de proteger o patrimnio pblico e social, meio ambiente e outros interesses difusos e coletivos. Histrico nas Constituies: 1) 1891: citava to somente que o PGR seria designado entre os membros do Supremo Tribunal Federal. 2) 1934: dizia que o MP era um rgo de cooperao nas atividades governamentais e a escolha do PGR exigia aprovao do Senado; criou impedimentos ao exerccio do cargo e garantias aos Procuradores. 3) 1937: somente disse que o PGR seria chefe do MPF. 4) 1946 o MP ganhou um ttulo autnomo na Constituio, e imps investidura no cargo atravs de concurso pblico. 5) 1967 foi inserido no Captulo do Judicirio e a EC 1/69 colocou-o entre os rgos do Executivo. 6) 1988 atribuiu ao MP funes essenciais, concedendo-lhe autonomia administrativa, financeira e independncia funcional.b) Princpios constitucionais: O art. 127 da Constituio. Estes princpios sinalizam de forma expressa a nova roupagem constitucional do MP, apresentando-se como instituio autnoma no s topograficamente. O MP detm autonomia institucional, quer do ponto de vista institucional, como do ponto de vista administrativo. 1) Princpio da Unidade: no instante em que um membro do MP fala, ele est se manifesta em nome da instituio. S existe um MP. Por isso, ele no representa, mas presenta, a instituio, pois a prpria instituio no exerccio de suas funes. O MP deve ser observado como uma instituio nica e seus membros integram um s rgo sob a direo de um Procurador Geral.2) Princpio da Indivisibilidade: corolrio do princpio da unidade e encontra limites na independncia funcional. Os membros do MP podem ser substitudos por outros no exerccio da mesma funo sem que tenhamos um bice na atividade desenvolvida. No se vinculam aos processos em que atuam, podendo ser substitudo, pois falam em nome da instituio. 3)Membros do MP agem com independncia funcional: o MP rgo constitucional independente, a servio do cidado. Se o constituinte lhe atribuiu tantas incumbncias e lhe conferiu poderes e prerrogativas, f-lo com a expectativa de que a instituio seja realmente instrumento do povo na defesa de seus direitos, at mesmo contra o Poder Pblico. Nesse contexto, a independncia se insere para garantir a consecuo da finalidade da instituio. O MP detm tambm autonomia administrativa e autonomia financeira (arts. 127, 2 e 168, 3). c) Organizao: O MPU divide-se em 4 vertentes: MPF, MPT, MPM, MPDFT. H 26 Ministrio Pblicos Estaduais. Proibio do exerccio de atividade poltico-partidria: O art. 29 do ADCT apresenta norma de transio, estabelecendo que os membros que ingressaram antes da CR/88 poderiam optar pelo regime anterior, no qual o MP poderia exercer atividade poltico-partidria. H 2 correntes: 1a. NO: proibio absoluta. 2a. SIM: com fundamento no artigo 29, 3o, ADCT, (HUGO NIGRO MAZZILI e ALEXANDRE DE MORAES).STF: o direito opo pelo regime anterior CF/88 foi assegurado ao membro do MP admitido antes da promulgao da Constituio, apenas. A demora na aprovao e promulgao da lei complementar relativa ao MP no gerou direito de opo aos membros do MP admitidos j no novo regime institudo pela CF/88, com garantias e vedaes prprias da magistratura.Tribunal de contas: Art. 130 da CF. A Lei 8443/92 cria MP especial para o TCU. O STF, na ADI 789/DF, manifestou-se que esse MP destitudo de autonomia administrativa e financeira. E mais: no dispe de nenhuma autonomia institucional, j que se encontra na intimidade da corte de contas. Os membros tm prerrogativas, mas os rgos no tm uma instituio prpria. Deve existir um concurso especfico para o cargo de MP do Tribunal de Contas, mas quem organiza o prprio TC. Esse MP ingressa na estrutura do prprio tribunal. e) Funes constitucionais do MP: Art. 129. So funes institucionais do Ministrio Pblico: I - promover, privativamente, a ao penal pblica, na forma da lei; na APP encontram-se as razes histricas da instituio MP. atravs dela que exerce uma parcela direta de soberania do Estado. Segundo MAZZILLI, o Ministrio Pblico d a palavra final do Estado soberano no quando acusa, mas quando deixa de acusar. [...] Longe de ser um simples acusado pblico, obrigado a processar a qualquer preo, o Ministrio Pblico acabou constituindo hoje o primeiro fator da imparcialidade judicial dos julgamentos, j que assegura, com sua iniciativa, o princpio da inrcia da jurisdio penal. (p. 134)II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Pblicos e dos servios de relevncia pblica aos direitos assegurados nesta Constituio, promovendo as medidas necessrias a sua garantia; O MP um ouvidor geral da coletividade, zelando pelos direitos constitucionais do povo. Recebe dos cofres pblicos para a proteo do interesse pblico at mesmo contra o prprio Poder Pblico. Mais que um defensor do povo, o MP tem a funo de levar s barras dos tribunais os responsveis pela violao (MAZZILLI, 140). III - promover o inqurito civil e a ao civil pblica, para a proteo do patrimnio pblico e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; O STJ admite que o MP interponha ACP para a defesa de direitos individuais homogneos quando os interesses defendidos tenham forte conotao social ou repercusso no interesse pblico. Nesse sentido, o seguinte julgado da Corte Especial:ERESP 114908/SP ; EMBARGOS DE DIVERGENCIA NO RECURSO ESPECIAL 1999/0110356-8, DJ 20/05/2002, Rel. Min. ELIANA CALMON, Corte Especial: PROCESSO CIVIL - AO CIVIL PBLICA - MINISTRIO PBLICO - LEGITIMIDADE. 1. O MINISTRIO PBLICO FEDERAL est legitimado a recorrer instncia especial nas aes ajuizadas pelo MINISTRIO PBLICO ESTADUAL. 2. O MP est legitimado a defender direitos individuais homogneos, quando tais direitos tm repercusso no interesse pblico. 3. Questo referente a contrato de locao, formulado como contrato de adeso pelas empresas locadoras, com exigncia da Taxa Imobiliria para inquilinos, de interesse pblico pela repercusso das locaes na sociedade. 4. Embargos de divergncia conhecidos e recebidos.A interpretao sistemtica da Constituio torna claro que o MP poder propor ACP no s para a defesa de interesses transindividuais (difusos, coletivos, ou individuais homogneos), como tambm para defesa de interesses sociais e individuais indisponveis (MAZZILLI, 142). IV - promover a ao de inconstitucionalidade ou representao para fins de interveno da Unio e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituio; legitimidade do PGR (art. 103, VI e 2). No mbito estadual, a legitimidade recai sobre o PGJ. (ver Lei 12562/11).V - defender judicialmente os direitos e interesses das populaes indgenas; A disputa sobre direitos indgenas matria de competncia dos juzes federais, que alcana questes de interesse global dos indgenas (ver itens 19.b e 20.a).VI - expedir notificaes nos procedimentos administrativos de sua competncia, requisitando informaes e documentos para instru-los, na forma da lei complementar respectiva; No caso de investigao acerca do desvio de verbas pblicas, o STF decidiu, no MS 21729, pela possibilidade de pedido de informaes acobertadas pelo sigilo bancrio diretamente pelo MP ao Banco do Brasil. Segundo Alexandre de Moraes, ao erigir o MP como garantidor e fiscalizador da separao de poderes e, consequentemente, dos mecanismos de controle estatais (CF, art. 129, II), o legislador constituinte conferiu Instituio funo de resguardo ao status constitucional do cidado, armando-o de funes, garantias e prerrogativas que possibilitassem o exerccio daquelas e a defesa destes. Incorporou-se em nosso ordenamento, portanto, a pacfica doutrina constitucional norte-americana sobre a teoria dos poderes implcito, pela qual no exerccio de sua misso constitucional enumerada, o rgo executivo deveria dispor de todas as funes necessrias, ainda que implcitas, desde que no expressamente limitadas, consagrando-se, dessa forma, entre ns aplicvel ao MP, o reconhecimento de competncias genricas implcitas que possibilitem o exerccio de sua funo constitucional.VII exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; Resoluo n. 20 do CNMP; art. 9 da LC 75/93. o conjunto de normas que regula a fiscalizao exercida pelo MP em relao polcia, na preveno, apurao, investigao de fatos tidos como criminosos, na preservao dos direitos e garantias constitucionais dos presos que estejam sob custdia da autoridade policial e na fiscalizao do cumprimento das determinaes judiciais. Esse controle externo decorre do sistema de freios e contrapesos inerente ao regime democrtico e no acarreta qualquer subordinao dos organismos policiais ao MP. Existem duas formas de controle externo: a) controle difuso ( aquele exercido por promotores com atribuio criminal, realizado atravs: Controle das ocorrncias policiais; Verificao de prazos de IP; Verificao da qualidade dos IP; Verificao de bens apreendidos; Controle da proposta de medidas cautelares, como o pedido de priso; b) controle concentrado ( aquele exercido pelo rgo do MP com atribuies especficas para o controle externo da atividade policial. Medidas a serem adotadas: Ao de improbidade administrativa; ACP na defesa de interesses difusos; Requisies; Recomendaes; Termo de ajustamento de conduta; Visitas s unidades prisionais; Comunicaes de prises em flagrante).VIII requisitar diligncias investigatrias e a instaurao de inqurito policial, indicados os fundamentos jurdicos de suas manifestaes processuais; Ver abaixo o tema investigao pelo Ministrio Pblico. IX - exercer outras funes que lhe forem conferidas, desde que compatveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representao judicial e a consultoria jurdica de entidades pblicas. Trata-se de norma de encerramento, possibilitando o acrscimo de funes ao MP, desde que compatveis com suas finalidades institucionais, ao mesmo tempo em que veda-lhe a representao judicial e a consultoria jurdica de entidades pblicas. Com isso, vedado ao MP no s a defesa de interesses meramente fazendrios, como tambm a de interesses exclusivamente individuais disponveis. INVESTIGAO CRIMINAL PELO MINISTRIO PBLICOARGUMENTOS CONTRRIOSARGUMENTOS FAVORVEIS

Investigao direta pelo MP atenta contra o sistema acusatrio, pois cria um desequilbrio entre a acusao e a defesa (paridade de armas)No h violao ao sistema acusatrio porque: i) os elementos colhidos pelo MP sero submetidos ao contraditrio judicial; ii) a defesa tambm pode realizar investigaes, porm sem poderes coercitivos (investigao criminal defensiva)

MP pode requisitar diligncias e a instaurao de IP, mas no pode presidi-lo. (Marco Aurlio)Teoria dos poderes implcitos: surge no direito norte-americano, no precedente Mc Culloch x Maryland (1819) ao conceder uma atividade fim a determinado rgo ou instituio, a CF tambm concede a ele os meios necessrios para atingir tal objetivo. O STF adotou expressamente essa teoria no HC 91661.

A atividade investigatria exclusiva da polcia judiciria (art. 144, 1, IV, da CF). Polcia judiciria no se confunde com polcia investigativa. Polcia investigativa a polcia quando investiga infraes penais. A expresso polcia judiciria ocorre quando a polcia cumpre determinaes do Judicirio. Alm disso, o CPP demonstra que a investigao no atividade exclusiva da polcia: art. 4, pargrafo nico.

No h previso legal de instrumento para as investigaes do MP. Se a Constituio nada falou, h um silncio eloquente: no quis atribuir tal atividade ao MP. Existe o procedimento investigatrio criminal (PIC): o instrumento de natureza administrativa e inquisitorial instaurado e presidido pelo MP, cuja finalidade apurar a ocorrncia de infraes penais de natureza pblica, fornecendo elementos para o oferecimento, ou no, de denncia. Resoluo n. 13 do CNMP

Os Tribunais tm se posicionado favoravelmente investigao pelo MP. No STJ, smula 234: A participao de membro do Ministrio Pblico na fase investigatria criminal no acarreta o seu impedimento ou suspeio para o oferecimento da denncia.No STF, h Ministros contrrios: Marco Aurlio, Cesar Peluso, Ricardo Lewandovski, Dias Toffoli. De outro lado, Gilmar Mendes, Ayres Brito e Celso Melo e Luiz Fux. Ver HC 89837e RE 593727 (com repercusso geral), com julgamento sobrestado aps o pedido de vista pelo Min. Ricardo Lewandovski (Inf. 693). No Congresso tramita o PEC 37: a investigao atividade exclusiva da polcia. LEITURA COMPLEMENTAR: PARECER do MPF na ADI 4220 Poder de investigao pelo Ministrio Pblico.(salvo no Dropbox, pasta n. 29).

ITEM 2 Ponto 2.a. Constituio e Cosmopolitismo. O papel do direito comparado e das normas e jurisprudncia internacionais na interpretao da Constituio.Ponciano Martins SoutoPrincipais obras consultadas: Resumos do Grupo do 26 e 25, SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficcia dos Direitos Fundamentais. 9 ed. Livraria do Advogado, 2007. NOVELINO, marcelo. Direito Constitucional. 6 ed. Editora Mtodo, 2012.1. A ideia do Cosmopolitismo: O cosmopolitismo pressupe o pensamento de que a humanidade segue as leis do Universo (cosmos) isto , considera os homens como formadores de uma nica nao, no vendo diferenas entre as mesmas, avaliando o mundo como uma ptria. o direito natural!A acelerao da globalizao aps o fim da Segunda Guerra Mundial, e, principalmente, o fim da bipolaridade que caracterizou a poltica global durante grande parte do sculo XX, ampliou o espao conceitual para se pensar o projeto cosmopolita. Tendo em vista que parte do ressurgimento do pensamento cosmopolita, nos dias de hoje, se deve a transformaes sociais por que passou a humanidade. Esse pensamento atrelado na ideia de que os Direitos Humanos so universais, e que a constituio no pode retroagir direitos humanos, tal como se v no principio da vedao do retrocesso1Para Ingo Wolfgang Sarlet: A problemtica da proibio de retrocesso guarda ntima relao com a noo de segurana jurdica. (...) a idia de segurana jurdica encontra-se umbilicalmente vinculada tambm prpria noo de dignidade da pessoa humana. Com efeito, a dignidade no restar suficientemente respeitada e protegida em todo o lugar onde as pessoas estejam sendo atingidas por um tal nvel de instabilidade jurdica que no estejam mais em condies de, com um mnimo de segurana e tranqilidade, confiar nas instituies sociais e estatais (incluindo o Direito) e numa certa estabilidade das suas prprias posies jurdicas.

. 2. Cosmopolitismo x Comunitarismo nas Relaes Internacionais2Retirei do artigo: O Debate Cosmopolitismo x Comunitarismo sobre Direitos Humanos e a Esquizofrenia das Relaes Internacionais, de Leonardo Carvalho Braga, disponvel em: http://www.scielo.br/pdf/cint/v30n1/04.pdf (acesso em 12 de maro de 2013).

: Para os liberais, ou cosmopolitas, o indivduo possui uma essncia ou valor anterior sociedade. H uma precedncia ontolgica do indivduo em relao ao meio social. Para isto, compreende-se o indivduo como uma abstrao, algo desgarrado do contexto histrico-social, dotado de uma significao prpria, independentemente da sociedade em que vive. Assim, os liberais tendem a valorizar o individualismo contra o coletivismo. A idia preservar o indivduo como ser livre para fazer escolhas em um ambiente poltico liberal e no consider-lo como produto do meio, sem expresso individual prpria para a conduo de sua vida. Os princpios de justificao que seguem assumem, assim, uma base neutra, dita universal. Neutra, universal e, portanto, imparcial e objetiva, que garanta, a partir da compreenso do homem como ser anterior sociedade e universal, a elaborao e a defesa de princpios universalmente vlidos. Se somos todos iguais onde quer que estejamos, preciso garantir princpios e ordenamento social universais. Da advm direitos universais como resposta mesmo natureza humana. O jusnaturalismo dos pensadores modernos est recuperado para fazer do indivduo um Ser dotado de uma natureza universal.Ao contrrio, os comunitaristas (MORRICE, 2000) apontam a precedncia ontolgica da sociedade em relao ao indivduo. No possvel, agora, compreender o homem como esse ser abstrato, essencial, inexistente. Para os comunitaristas, o homem um ser social, dotado de caractersticas sociais como histria, cultura, valores e princpios comuns, constitudo em uma determinada relao espao-temporal. O homem existe concretamente como fruto de contra dies e existncias histricas. A essncia do homem no pode ser aceita como fonte de legitimao de valores, princpios e direitos, porque no h essncia humana, mas existncia concreta, cultural,histrica, geogrfica, ideolgica, valorativa. Nenhuma realidade social pode sustentar-se enquanto representao coletiva se no por uma existncia assim.Advm disso o relativismo cultural,a compreenso de diferenas e a excluso de interferncias outras que no as da respectiva sociedade.3. Peter Hberle e a sociedade aberta de interpretes:Haberle sustenta a canonizao da comparao constitucional como um quinto mtodo de interpretao constitucional, alm dos quatro desenvolvidos por Savigny (gramatical, lgico, histrico e sistemtico). Para ele, a interpretao dos institutos se implementa mediante comparao nos vrios ordenamentos jurdicos. Assim, o Estado constitucional cooperativo deve substituir o Estado constitucional nacional. Para isso, o recurso ao direito comparado e s normas e jurisprudncia internacionais deve ser empregado como mtodo de interpretao, de modo a promover a abertura da sociedade para fora.Estado Constitucional Cooperativo o Estado que justamente encontra a sua identidade tambm no Direito Internacional, no entrelaamento das relaes internacionais e supranacionais, na percepo da cooperao e responsabilidade internacional, assim como no campo da solidariedade. Ele corresponde, com isso, necessidade internacional de polticas de paz (HBERLE, 2007, p. 4).Eis o que requer a interpretao pluralista da Constituio, para moldar uma cidadania que combina a igualdade de oportunidades com respeito diferena, superando a cidadania homogeneizante e negadora das diferenas: abertura para dentro, isto , o reconhecimento da sociedade aberta dos intrpretes da Constituio todos os que vivem a norma, e no s os juzes constitucionais, acabam por interpret-la ou pelo menos co-interpret-la abertura ao mundo (ou cooperao), isto , a interpretao do texto constitucional como aberto, cooperante e integrante de uma rede de outros textos constitucionais e internacionais com o mesmo propsito (especialmente no mbito dos direitos fundamentais). 4. O Direito comparado e a Constituio brasileira:A importncia do direito comparado e das normas e jurisprudncia internacionais na interpretao da Constituio decorre da constatao de que, hoje, o direito constitucional no comea onde termina o direito internacional, e o contrrio tambm vlido. Lembre-se, a propsito, o 3 do art. 5 da CRFB. Como diz Hberle (2007, p. 61): A ideologia do monoplio estatal das fontes jurdicas torna-se estranha ao Estado constitucional quando ele muda para o Estado constitucional cooperativo. Ele no mais exige monoplio na legislao e interpretao: ele se abre de forma escalonada a procedimentos internacionais ou de Direito Internacional de legislao, e a processos de interpretao.A CRFB abre-se ao mundo e ao Estado constitucional cooperativo em diversos dispositivos: (1) no art. 4, inc. IX, que erige a "cooperao entre os povos para o progresso da humanidade" em princpio reitor das relaes internacionais do Pas e, no pargrafo nico, diz: "A Repblica Federativa do Brasil buscar a integrao econmica, poltica, social e cultural dos povos da Amrica Latina, visando formao de uma comunidade latino-americana de naes."; (2) nos 2, 3 e 4 do art. 5, segundo os quais: "Os direitos e garantias expressos nesta Constituio no excluem outros decorrentes [...] dos tratados internacionais em que a Repblica Federativa do Brasil seja parte", "Os tratados e convenes internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos membros, sero equivalentes s emendas constitucionais"; "O Brasil se submete jurisdio de Tribunal Penal Internacional a cuja criao tenha manifestado adeso."5. Interconstitucionalismo:Kildare Carvalho (13 Ed., p. 277) faz meno ao que se denomina PODER CONSTITUINTE SUPRANACIONAL, aquele que busca a fonte de validade na cidadania universal, no pluralismo de ordenamentos jurdicos, na vontade de integrao e em um conceito remodelado de soberania, buscando estabelecer uma Constituio supranacional legtima, com capacidade, inclusive de submeter as diversas constituies nacionais ao seu poder supremo. supranacional, porque se distingue dos ordenamentos internos e, tambm, do direito internacional. Reflexo: j se pode falar em poder constituinte supranacional?Diante desta tendncia mundial de globalizao do direito constitucional, Marcelo Neves alude provvel superao do constitucionalismo provinciano ou paroquial pelo TRANSCONSTITUCIONALISMO, mais adequado para as solues dos problemas de direitos fundamentais e humanos (Lenza, esquematizado, 2012, p. 198). Neste sentido, Canotilho chega a sugerir a formulao da denominada TEORIA DA INTERCONSTITUCIONALIDADE, na busca de estudar as relaes interconstitucionais, ou seja, a concorrncia, a convergncia, justaposio e conflito de vrias constituies e de vrios poderes constituintes no mesmo espao poltico.Marcelo Neves: o transconstitucionalismo o entrelaamento de ordens jurdicas diversas, tanto estatais como transnacionais, internacionais e supranacionais, em torno dos mesmos problemas de natureza constitucional. Ou seja, problemas de direitos fundamentais e limitao de poder que so discutidos ao mesmo tempo por tribunais de ordens diversas. Por exemplo, o comrcio de pneus usados, que envolve questes ambientais e de liberdade econmica. Essas questes so discutidas ao mesmo tempo pela Organizao Mundial do Comrcio, pelo Mercosul e pelo Supremo Tribunal Federal no Brasil. O fato de a mesma questo de natureza constitucional ser enfrentada concomitantemente por diversas ordens leva ao que eu chamei de transconstitucionalismo.

Ponto 2.b. Poder Executivo. Histrico. Presidencialismo e Parlamentarismo. Presidencialismo de coalizo. Presidente da Repblica: estatuto. Competncias. Poder normativo autnomo, delegado e regulamentar. Ministros de Estado.3O tema presidencialismo de coalizo foi introduzido pela resoluo 135 e no constava nos editais anteriores.

Ponciano Martins SoutoPrincipais obras consultadas: Resumo do Grupo do 26 CPR.

1. Poder Executivo - Histrico.A expresso tem significado variado, ora como funo ou Atribuio do Poder estatal (art. 2 CF), outra como o prprio rgo (art. 76 CF).Funo tpica chefia de Estado. Atpica legislar por medida provisria (art. 62 CF) e julgar (apenas o Pedro Lenza utiliza esse exemplo) no contencioso administrativo no caso da defesa de multa de trnsito, do IPEM, da SEMAB, do CADE, TIT, etc. *Crtica: A funo jurisdicional marcada pelo carter definitivo da deciso, inexistente no contencioso administrativo!Sistema de governo o modo como se d a relao entre os Poderes dentro de um Estado; sobretudo entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo. Diferencia-se da forma de governo, que definida como o modo em que se d a relao entre governantes e governados.As principais espcies de sistema de governo so: presidencialismo e parlamentarismo. O parlamentarismo surgiu na Inglaterra, a partir dos sculos XII e XIII, como resposta contra os privilgios monrquicos. O presidencialismo remete ao sistema implantado em 1787 nos EUA, com a criao de um Executivo independente do Legislativo, e, ao mesmo tempo, sujeito ao sistema de pesos e contrapesos de Montesquieu.O modelo poltico constitucional brasileiro apresenta uma hiperpotencializao do executivo, centrado na figura do Presidente que exerce o papel de Chefe de Estado (celebrao de tratados e relaes internacionais), Chefe de Governo (direo superior da Administrao Federal), iniciativa de projetos de lei e edio de medidas provisrias, expedio de regulamentos (art. 84 CF), iniciativa de projetos oramentrios, controle de despesas (art. 163 a 169 CF) e direo das foras armadas.Konrad Hesse Executivo, aquilo que no est na atribuio do Judicirio e do Legislativo (residual).Origem do Presidencialismo => Conveno de Filadlfia no Estados Unidos da Amrica, influncia da monarquia limitada, ou constitucional, da revoluo de 1688 na Gr-Bretanha, mas construdo sobre o sistema Republicano.Origem do Parlamentarismo => Construo lenta e histrica inglesa no sculo XVIII. Tambm possui como marco a revoluo de 1688 e a consequente separao de poderes. Em razo da quebra sucessria dos Stuarts (ramo catlico), o trono ingls foi assumido pela casa de Hanver (Jorge I e II), de origem germnica sem identificao com a nao inglesa. Assim, a figura do primeiro-ministro ganhou destaque como o verdadeiro governante (o primeiro foi o Sr. Walpole). Surgiu a figura do impeachment (procedimento penal) e da responsabilidade poltica (seguir a linha poltica do parlamento, sob pena de renncia forada).2. Presidencialismo e Parlamentarismo.Quadro comparativo apresentado por Bernardo Gonalves Fernandes:

PresidencialismoParlamentarismo

Identidade entre chefia de estado e chefia de governo (so a mesma pessoa).Chefe de estado exerce funo simblica de representar internacionalmente o pas e de corporificar a sua unidade interna.Chefe de governo executa as polticas pblicas. Ou seja, quem efetivamente governa e tambm exerce a liderana da poltica nacional.H uma no identidade entre chefia de estado e chefia de governo. O chefe de estado pode ser um rei (um monarca) ou um presidente, ao passo que o chefe de governo o 1 ministro, que exerce o governo conjuntamente com o seu gabinete (conselho de Ministros).

Estabilidade de governo. H a figura dos mandatos fixos para o cargo de presidente.Estabilidade democrtica, construda pelo povo nos processos democrticos. Pode at existir a figura do mandato mnimo e do mandato mximo, todavia ele no fixo. Nesse sentido, tem por fundamento a existncia dos institutos: I) possibilidade de queda do gabinete pelo parlamento (atravs da moo de censura ou voto de desconfiana) e II) possibilidade cotidiana de dissoluo do parlamento pelo gabinete.

Concluso => No presidencialismo fica mais caracterizada a separao de funes estatais. Isso porque, conforme Michel Temer, no parlamentarismo verifica-se um deslocamento de uma parcela da atividade executiva para o Legislativo.Executivo Monocrtico, Colegial, Diretorial e Dual => Maurice Duverger monocrtico (rei, imperador, ditador, Presidente), colegial (dois homens com iguais poderes cnsules romanos), diretorial (um comit antiga Ex-URSS e, ainda hoje, na Suia) e dual (parlamentarismo).Brasil Executivo monocrtico, art. 76 da CF.3. Presidencialismo de Coalizo. O termo foi formulado pelo cientista poltico Sergio Abranches. A ideia do presidencialismo de coalizo se assenta em dois pilares principais: o papel do presidente e a existncia de coalizes partidrias que sustentam o governo. Ao colocar a frmula em movimento, os partidos da coalizo participam do governo quase que de forma semiparlamentarista e, ao mesmo tempo, oferecendo a maioria de que dispem no Congresso para apoiar a agenda do presidente. O termo, coalizo refere-se a acordos entre partidos (normalmente com vistas a ocupar cargos no governo) e alianas entre foras polticas (dificilmente em torno de idias ou programas) para alcanar determinados objetivos.Em sistemas multipartidrios, nos quais h mais do que dois partidos relevantes disputando eleies e ocupando cadeiras no Congresso, dificilmente o partido do presidente possuir ampla maioria no Parlamento para aprovar seus projetos e implementar suas polticas. Na maioria das vezes a coalizo feita para sustentar um governo, dando-lhe suporte poltico no Legislativo (em primeiro lugar) e influenciando na formulao das polticas (secundariamente). Assim, alguns partidos, ou muitos, dependendo da conjuntura poltica, se juntam para formar um consrcio de apoio ao chefe de governo. Essa prtica muito comum no sistema parlamentarista, no qual uma coalizo interpartidria disputa as eleies para o Legislativo visando obter a maioria das cadeiras e com isso indicar (eleger) o primeiro-ministro.

4. Presidente da Repblica. O Poder Executivo, nos termos do art. 76 da Constituio, exercido pelo Presidente da Repblica com o auxlio dos Ministros de Estado (cargos de livre nomeao e exonerao do Presidente da Repblica).O chefe do Poder Executivo o Presidente da Repblica, cujas condies de elegibilidade esto no art. 14, 5, eleito mediante sufrgio universal, para um mandato de 4 anos (art. 82 CF), a partir do princpio da maioria absoluta. A reeleio possvel parar um nico perodo subseqente, a partir da EC n. 16/97 (Link com Eleitoral ocasional as condutas vedadas do art. 73 da Lei das Eleies).A eleio pelo critrio majoritrio absoluto, que, se no for alcanado no primeiro turno, exige, s ento, a realizao de novo escrutnio.A linha sucessria do Presidente da Repblica ser: Vice-Presidente, Presidente da Cmara, Presidente do Senado e Presidente do STF (arts. 78 e ss. da Constituio).Substituio - ImpedimentoSucesso Vaga

Temporrio => Doena, frias.Definitiva => Cassao, Renncia, morte.

Mandato-TampoRegras do art. 81 2 CFVacncia dos cargos de Presidente E Vice nos dois PRIMEIROS anos do mandatoVacncia dos cargos de Presidente E Vice nos dois LTIMOS anos do mandato

EleioDIRETA (feita pelo povo)INDIRETA (votam apenas os Deputados e Senadores)

Prazo90 dias a contar da ltima vacncia30 dias a contar da ltima vacncia

Desde 1994, em sede de anlise de Medida Cautelar na Ao Direta de Inconstitucionalidade n. 1057, o Supremo Tribunal Federal - STF tem reiteradamente entendido que o artigo 81, 1, da Constituio Federal (regramento da sucesso presidencial no caso de dupla vacncia) no uma norma de reproduo obrigatria pelos Estados e Municpios em suas respectivas Constituies/Leis Orgnicas.Segundo o Supremo, compete aos entes federados, como decorrncia do princpio federativo, o exerccio da autonomia poltica administrativa para estabelecerem as regras da sucesso na hiptese da dupla vacncia na chefia do Poder Executivo.Apesar de o Supremo Tribunal possuir posio firmada pela ausncia de simetria a mais de uma dcada, a evoluo jurisprudencial do Tribunal Superior Eleitoral - TSE no acompanhou o mesmo entendimento imediatamente.O TSE entendia que a sucesso na dupla vacncia seria matria de direito eleitoral, tema de competncia privativa da Unio, nos termos do artigo 22, I, da Carta Magna.No entanto, em 30.6.2011 no julgamento do Mandado de Segurana n 70.424, de relatoria da Ministra Nancy Andrighi, o Tribunal Superior Eleitoral adotou o entendimento da Corte Suprema acerca da matria no sentido que a regulao da sucesso local trata-se de questo poltico-administrativa, pois esta competncia est ligada autonomia poltica dos entes federados de dispor sobre a organizao dos poderes locais.No mencionado mandado de segurana havia uma inusitada lacuna normativa, a Lei Orgnica municipal previa a realizao de eleio suplementar no caso vacncia dos cargos de Prefeito e Vice-prefeito nos trs primeiros anos de mandato, a ser realizada no perodo de 90 (noventa) dias, entretanto, sem dispor sobre a modalidade de eleio (direta ou indireta).Na soluo da lacuna normativa, o TSE acertadamente concluiu que deve haver a busca pela mxima efetividade soberania popular, com a manifestao direta dos eleitores nas urnas, ainda que as eleies suplementares municipais ocorram no terceiro ano de mandato.A partir do julgamento desse caso, a Justia Eleitoral comeou a ser provocada para analisar como ocorreria a sucesso dos cargos de Prefeito e Vice-Prefeito no segundo binio do mandato, sendo que vedou as alteraes oportunistas das Leis Orgnicas assim como a previso de assuno do Presidente da Cmara de forma definitiva.Competncia - Jos Afonso da Silva classifica as atribuies do Presidente da Repblica em trs funes bsicas: a) Chefia do Estado: art. 84, VII, VIII, XVIII, segunda parte, XV, XVI, primeira parte, XIX, XX, XXI e XXII. b) Chefia do Governo: art. 84, I, III, IV, V, IX, X, XI, XII, XIII, XIV,XVII, XVIII, primeira parte, XXIII, XXIV e XXVII. c) Chefia da Administrao Federal: art. 84, II, VI, XVI, segunda parte, XXIV,e XXV.Atribuies delegveis Apenas trs so delegveis aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da Repblica ou ao Advogado-Geral da Unio: a) Inciso VI (decretos autnomos); b) Inciso XII (conceder indulto e comutar penas); c) Inciso XXV, primeira parte prover (por lgica, abrange o desprover - exonerar) os cargos pblicos na forma da lei.Poder Normativo Autnomo: a EC n. 32/2001 positivou a figura dos decretos autnomos, estabelecendo que compete ao Presidente da Repblica dispor, mediante decreto, sobre: a) a organizao e funcionamento da administrao federal, quando no implicar aumento de despesa nem criao ou extino de rgos pblicos; b) extino de funes ou cargos pblicos, quando vagos (art. 84, inciso VI, da Constituio).A doutrina (veja-se Celso Antnio Bandeira de Mello) criticou duramente essa inovao, mas o STF a respaldou (obter dictum na ADI 3.254, relatora a Ministra Ellen Gracie).Poder Regulamentar: previsto no art. 84, IV, da Constituio. O regulamento de execuo explicita a lei sem inovar a ordem jurdica, sem criar direitos e obrigaes, em face do princpio constitucional da legalidade. Segundo a doutrina, fixa as regras destinadas a colocar em execuo os princpios institucionais delimitados e estabelecidos na lei.Poder delegado: a delegao legislativa ao Presidente da Repblica tem seus limites e contornos previstos no art. 68 da Constituio. Segundo Manoel Gonalves Ferreira Filho, a delegao pode ser retirada pelo Congresso Nacional a qualquer momento.

Decreto RegulamentarDecreto Autnomo

NaturezaSecundrioPrimrio

Inova no ordenamentoNoSim

HierarquiaInfralegalLegal

MatriaEm tese, qualquer leiTaxativa (art. 84, VI CF)

PrevisoArt. 84, IVArt. 84, VI

CriaoCF/1988EC 32/2001

Prerrogativas NO possui imunidades materiais, apenas imunidades processuais! IMUNIDADES FORMAIS : Foro por prerrogativa de funo (crime comum STF crime de responsabilidade SF), Impossibilidade de priso, salvo por sentena condenatria (precisa do trnsito em julgado? Doutrina no aborda, at mesmo pelo ineditismo prtico do tema, mas o CESPE considerou desnecessrio na prova para Delegado do Tocantins de 2008); Exame de admissibilidade pela CD (2/3 tanto para o crime comum como para o crime de responsabilidade) e Imunidade processual temporria (por atos estranhos ao cargo, somente aps o mandato art. 86 4 consequncias: prescrio fica suspensa, aps o mandato no haver controle de admissibilidade pela CD).Constituio, art. 85. So crimes de responsabilidade os atos do Presidente da Repblica que atentem contra a Constituio Federal e, especialmente, contra: I - a existncia da Unio; II - o livre exerccio do Poder Legislativo, do Poder Judicirio, do Ministrio Pblico e dos Poderes constitucionais das unidades da Federao; III o exerccio dos direitos polticos, individuais e sociais; IV - a segurana interna do Pas; V - a probidade na administrao; VI - a lei oramentria; VII - o cumprimento das leis e das decises judiciais. Pargrafo nico. Esses crimes sero definidos em lei especial, que estabelecer as normas de processo e julgamento. A definio e o procedimento esto disciplinados na Lei n. 1079/50.

Crime ComumCrime de Responsabilidade

NaturezaInfrao Penal (crime)InfraoPoltico-administrativa

Penas PossveisRecluso, deteno,Perda de bens, etc.Perda do mandato(impeachment) e inabilitaopara o exerccio da funo

ProvocaoPGR por meio de dennciaQualquer cidado

Juzo prviode admissibilidadeCmara dos Deputados (2/3)Cmara dos Deputados (2/3)

Juzo definitivode admissibilidadeSTF (deciso de recebimento da denncia ou queixa)No h

CompetnciaSTFSenado Federal

Afastamento das funesA partir da deciso de admissibilidade do STFA partir da instaurao do processo pelo Senado

Ministros de Estado => Auxiliares do Presidente na direo superior da Administrao Federal.Requisitos nato ou naturalizado (salvo o Ministro de Estado da Defesa, nato, conforme o inciso VII do 3 do art. 12 da CF); maior de 21 anos e estar no exerccio dos direitos polticos.Atribuies exercer a orientao, coordenao e superviso de sua rea de competncia; referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente (Michel Temer defende que os atos no referendados so nulos; j para o Jos Afonso da Silva, os atos no referendados so plenamente vlidos, o nica possvel consequncia a demisso do Ministro); expedir instrues para a execuo das leis, decretos e regulamentos (Instrues Normativas); apresentar relatrio anual de gesto e praticar os atos delegados pelo Presidente. Aps a EC 32/2001, o art. 88 da CF determina que lei dispor somente sobre a criao e extino de Ministrio, no mais exigindo lei em sentido estrito para a determinao de estruturao e atribuies.Crimes de responsabilidade sem conexo com o Presidente e nos crimes comuns so julgados pelo STF, nos crimes de responsabilidade com conexo com o Presidente a competncia do Senado Federal.

Ponto 2.c. Hermenutica e Teorias da argumentao jurdica4Ponto totalmente novo trazido pela resoluo 135 do MPF.

.Ponciano Martins SoutoObra consultada: Resenha da colega Kalina Alpes, disponvel no dropbox (04-A).

1. Argumentao Jurdica: O que normalmente se entende hoje por teoria da argumentao jurdica tem sua origem numa srie de obras dos anos 50 ( sculo XX ), origem esta que estava conectada com o problema das relaes entre o direito e a sociedade. As trs concepes mais relevantes como precussoras das atuais teorias da argumentao jurdica so: a tpica de Viehweg; a nova retrica de Perelman e a lgica informal de Toulmin. Estas, embora diferindo entre si em diversos aspectos, tm em comum a rejeio do modelo da lgica dedutiva. No entanto, as trs concepes deixam a desejar quanto ao seu desenvolvimento. Mas, seu papel fundamental consistiu em ter aberto um relativamente novo campo de investigao e, ter servido como precussoras das atuais teorias da argumentao jurdica elaboradas por Mac. Cormick e Robert Alexy, os quais representam o que se denomina de teoria padro da argumentao jurdica.2. Teoria clssica da argumentao jurdica:A) A tpica de VIEHWEG: Viehweg resgata da Antiguidade Clssica o modelo jurdico utilizado pelos romanos que construam sua justia a partir de decises concretas das quais extraiam princpios que lhes servissem de fundamento de validade. Como parte da retrica, a tpica teve uma grande importncia na Antiguidade e na Idade Mdia. Na linha de Aristteles e Ccero, Viehweg entende por tpica um processo especial por tratamento de problemas, que se caracteriza pelo emprego de certos pontos de vista, questes e argumentos gerais, considerados pertinentes, os tpicos. Os tpicos so pontos de vista, com validade geral, que servem para ponderao dos prs e dos contras das opinies e podem conduzir-nos ao que verdadeiro. Sua tese a de que a forma de pensar tpico-problemtica da jurisprudncia romana, que construa sua justia a partir de decises concretas e da extraia princpios que lhe servissem de fundamento de validade, no se perdeu, apesar de toda nfase dada idia de sistema pela dogmtica jurdica dos modernos. De acordo com Viehweg a tpica parte do problema em busca de premissas, enquanto um raciocnio do tipo sistemtico oferece suas prprias premissas, propondo unicamente, um desenvolvimento dedutivo e linear. Sistema a contraposio da tpica. NA TPICA VOC VAI DISCUTIR AS PREMISSAS, AS QUESTES. LUGAR COMUM. A TPICA O CONJUNTO DE COISAS QUE PODERIAM VIR A SER PONTOS DE ARGUMENAO.Viehweg caracteriza a tpica por trs elementos: uma tcnica do pensamento problemtico; opera com a noo de topos (pontos de vista aceitveis em toda parte); sua atividade a busca e exame de premissas.B) A nova retrica de PERELMAN: Perelman pretendia demonstrar a aptido da razo para lidar tambm com valores, organizar preferncias e fundamentar, com razoabilidade, nossas decises. Para ele as deliberaes humanas ou preferncias razoveis deixam de ser arbitrrias medida que se apresentam por meio de justificativas. Perelman apresenta como frmula de justia o tratamento igual para aqueles considerados iguais, segundo critrios estabelecidos de acordo com os valores que venham a informar o que ele chama de justia concreta.Para Perelman, raciocinar no somente deduzir e calcular, mas tambm deliberar e argumentar. Essa argumentao ser qualificada de racional quando se achar que ela vlida para um auditrio universal, constitudo pelo conjunto das mentes razoveis.Perelman verifica que onde h controvrsia prevalecem, em vez da lgica, as tcnicas da argumentao, que se apresentam como via propcia ao acordo. A importncia da obra de Perelman reside essencialmente em seu objetivo de introduzir algum tipo de racionalidade na discusso de questes concernentes moral, ao Direito, `Poltica etc. Mas, critica-se a sua falta de clareza e utilidade da classificao dos argumentos, assim como a falta de uma teoria geral da estrutura dos argumentos.

C) A lgica informal de TOULMIN: Toulmin parte da mesma constatao de Viehweg e Perelman, a saber, a insuficincia da lgica formal dedutiva para dar conta da maioria dos raciocnios; mas, a sua concepo se diferencia da deles porque sua crtica consiste em se opor a uma tradio que parte de Aristteles que pretende fazer da lgica uma cincia formal comparvel a geometria. Toulmin, ao contrrio, prope deslocar o centro de ateno da teoria lgica para prtica lgica. A Toulmin no interessa uma lgica idealizada, e sim uma lgica eficaz ou aplicada; e, para produzir essa eficcia ele escolhe como modelo no a geometria, mas a jurisprudncia. A lgica, podemos dizer, jurisprudncia generalizada.O modelo oferecido por Toulmin no pretende servir apenas para o campo do Direito, mas tambm para a argumentao em geral.Segundo Toulmin o modelo de anlise tradicional da lgica excessivamente simples. Enquanto a lgica s distingue entre premissas e concluso, para Toulmin parece essencial introduzir proposies para dar conta dos argumentos substanciais e no formais. Estabelecendo critrios sobre a correo material dos argumentos, Toulmin pretende se aproximar mais das argumentaes que ocorrem na realidade, do que os esquemas habituais da lgica formal.Para Habermas, a proposio de Toulmin parece insuficiente, pois ela continua padecendo de uma falta de mediao convincente entre os planos de abstrao que representam o lgico e o emprico.

3. Teorias atuais da argumentao jurdica: Das atuais teorias da argumentao jurdica, as teorias desenvolvidas por Mac. Cormick e Robert Alexy foram a que nos ltimos anos foram mais discutidas e alcanaram maior difuso. Essas duas concepes desenvolvidas por Mac. Cormick e Alexy constituem o que se poderia chamar de Teoria Padro da Argumentao Jurdica.Na Teoria Padro da Argumentao Jurdica a perspectiva de anlise das argumentaes jurdicas se situa num conceito de justificao dos argumentos. Haveria aqui uma justificao formal dos argumentos (argumentos formalmente corretos) e uma justificao material (que se refere a aceitabilidade do argumento). A) MAC. CORMICK: Mac. Cormick, trata de construir uma teoria que d conta tanto dos aspectos dedutivos da argumentao jurdica quanto dos no-dedutivos, dos aspectos formais e dos materiais, que se situe a meio caminho entre uma teoria ultra-racionalista do Direito ( existncia de uma nica resposta correta para o caso) e uma irracionalista ( decises jurdicas so produtos da vontade e no da razo). Para ele no se trata unicamente de mostrar em que condies uma deciso jurdica pode ser considerada justa; ele pretende, alm disso, que as decises jurdicas, de fato, se justifiquem precisamente de acordo com esse modelo.Mac. Cormick parte da considerao de que, pelo menos em alguns casos as justificaes que os juzes articulam so de carter estritamente dedutivo ( raciocnio lgico dedutivo ). Mas, a justificao dedutiva obedece a pressupostos e limites.O primeiro pressuposto que o juiz tem o dever de aplicar as regras do direito vlido. O segundo pressuposto que o juiz pode identificar quais so as regras vlidas.A teoria de Mac. Cormick foi objeto de algumas crticas, dentre outras podemos citar:crtica em relao ao carter dedutivo do raciocnio jurdico quando refere-se: a possibilidade de se chegar a concluses contraditrias quando se parte de premissas diferentes; a existncia de conceitos indeterminados; ao mbito em que opera a deduo, pois o prprio Mac. Cormick admite a ampla zona de impreciso entre os casos claros e os difceis;

critica ao carter ideologicamente conservador, quando: concentra-se nas decises dos Tribunais Superiores; sugere que decises inovadoras ( contra legem ) nunca poderiam ser justificadas; afirma que sempre possvel fazer justia de acordo com o direito ( o que no parece to bvio ).

B) ROBERT ALEXY: A teoria da argumentao jurdica formulada por Alexy coincide substancialmente com a de Mac Cormck. Ambos percorrem o mesmo caminho, mas em sentidos opostos. Mac. Cormick parte das argumentaes ou justificaes das decises tal e como, de fato elas ocorrem nas instncias judiciais e, a partir da elabora uma teoria da argumentao jurdica que ele acaba por considerar como fazendo parte de uma teoria geral da argumentao prtica.Alexy, pelo contrrio, parte de uma teoria da argumentao prtica geral que ele projeta, depois para o campo do Direito. O resultado a que ele chega consiste em considerar o discurso jurdico, a argumentao jurdica, como um caso especial do discurso prtico geral. Isto , do discurso moral. Essa abordagem diferente faz com que a concepo de Alexy esteja, de certo modo, mais distante da prtica geral da argumentao jurdica que a de Mac. Cormick. Mas, em troca, trata-se de uma teoria mais articulada e sistemtica. Alexy distingue dois aspectos na justificao das decises jurdicas: a justificao interna e a justificao externa. A justificao interna se refere aplicao de normas ou estabelecimento de passos de desenvolvimento, de maneira que a aplicao da norma ao caso no seja discutvel.A justificao externa se refere justificao das premissas.Alexy entende que uma teoria da argumentao jurdica teria de ser capaz de unir dois modelos diferentes do sistema jurdico: o sistema jurdico como sistema de procedimento e o jurdico como sistema de normas ( regras e princpios ).A caracterstica da aplicao de regras a subsuno; mas, a caracterstica da aplicao dos princpios a ponderao, pois podem ser cumpridos em diversos graus. Os princpios so mais do que simples tpicos, levam a formas de fundamentao das decises jurdicas que no poderiam existir sem eles.Os princpios, diferentemente das regras, so comandos que admitem relativizao. Segundo Alexy, a frmula da ponderao resumer-se-ia no seguinte: Quanto mais intensa se revelar a interveno em um dado direito fundamental, maiores ho de se revelar os fundamentos justificadores dessa interveno. Portanto, nos fundamentos justificadores da violao a determinado direito (ou princpio), em favor de outro que venha com ele colidir, que encontramos o ponto nodal do postulado da proporcionalidade.Alexy sob gide da razo prtica, procurou desenvolver uma anlise mais apurada sobre a incidncia dos princpios na resoluo dos conflito.4. TEORIA PRESCRITIVA DA ARGUMENTAO: Robert Alexy apresentou uma vasta teoria prescritiva da argumentao. Ele distingue entre regras de justificao interna de uma sentena e regras de justificao externa. Na justificao interna, trata-se de saber se a sentena o resultado lgico das premissas mencionadas na fundamentao da sentena. Na justificao externa, devem ser formuladas as regras que devem garantir a correo das premissas ( interpretao semntica, histrica e teleolgica ).5. TEORIA INTERPRETATIVA DA ARGUMENTAO: As teorias interpretativas da argumentao tentam esclarecer o que sentido e funo na argumentao jurdica. O mximo que se exige do contedo de verdade da argumentao que a fundamentao jurdica tenha a funo de garantir a correo de uma deciso em especial, a expresso normativa da sentena. O mnimo que se exige da argumentao jurdica que ela garanta simplesmente a aceitao da deciso. No primeiro caso, a teoria da argumentao jurdica tem de receber elementos da filosofia prtica, especialmente da teoria do discurso, e estabelecer critrios acerca da correo da argumentao jurdica. No ltimo caso, uma teoria da argumentao tem de elaborar os critrios que nos digam em que casos so aceitas as fundamentaes de sentenas.

ITEM 3Ponto 3.a. Diviso de poderes. Conceito e objetivos. Histria. Independncia e harmonia entre poderes. Mecanismos de freio e contrapesos.Oreste Dallocchio NetoPrincipais obras consultadas: Carlos Ari Sundfeld. Fundamentos de Direito Pblico. 4 Edio. So Paulo: Ed. Malheiros, 2003. Gilmar Ferreia Mendes e outros. Curso de Direito Constitucional. 12 Edio. So Paulo: Ed. Saraiva, 2008. Jos Afonso da Silva. Curso de Direito Constitucional Positivo. 24 Edio. So Paulo: Ed. Malheiros, 2005. Jos Joaquim Gomes Canotinho. Direito Constitucional. 6 Edio. Coimbra: Almedina, 1993. Paulo Bonavides. Cincia Poltica. 17 Edio. . So Paulo: Ed. Malheiros, 2010.Legislao bsica: Art. 2 e Ttulo IV, da CF. Art. 16 da Declarao de Direitos do Homem e do Cidado de 1789.

1. Noes Gerais: O tema da diviso dos poderes est relacionado com a Teoria Geral do Estado e com o Direito Constitucional, j que cabe Constituio estabelecer as normas estruturais de um Estado.Dispe o artigo 2 da Constituio Federal que So Poderes da Unio, independentes e harmnicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judicirio.Nesse contexto, a Constituio detalha, com especial meno ao Ttulo IV, a organizao dos Poderes Executivo, Legislativo e Judicirio, sem prejuzo de outras regras constitucionais que tratam do tema ao longo do corpo normativo constitucional. oportuno lembrar que a diviso dos poderes possui ntima relao com o constitucionalismo moderno e com os direitos fundamentais, pois o artigo 16 da Declarao de Direitos do Homem e do Cidado de 1789 j dizia que A sociedade em que no esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separao dos poderes no tem Constituio.2. Conceito: Para ser real o respeito da Constituio e dos direitos individuais por parte do Estado, (...) necessrio dividir o exerccio do poder poltico entre rgos distintos, que se controlam mutuamente. A cada um desses rgos damos o nome de Poder: Poder Legislativo, Poder Executivo e o Poder Judicirio. A separao dos Poderes estatais elemento lgico essencial do Estado de Direito. (SUNDFELD, p. 42, 2003). 3. Objetivos: Analisando a Constituio Portuguesa, afirma Jos Joaquim Gomes Canotilho que (....) legtimo afirmar-se que o modelo de separao constitucionalmente consagrado visa, em princpio, identificar o rgo de deciso ajustado, estabelecer um procedimento de deciso justo e exigir um fundamento materialmente legtimo para as tomadas de deciso (p. 708, 1993).4. Histria: A diviso funcional de poderes remonta a Aristteles, em Poltica, que identificou trs funes bsicas exercidas pelo poder poltico: assembleia-geral, corpo de magistrados e corpo judicirio; hoje equivalentes s funes legislativa, administrativa e jurisdicional. Respectivamente, (a) inovar a ordem jurdica por meio de normas gerais, impessoais e abstratas; (b) atuar concreta e individualizadamente, excetuada a funo jurisdicional, por meio das funes de governo e de administrao; e (c) resolver conflitos intersubjetivos imparcial e desinteressadamente, com potencial de definitividade. Como dito, ARISTTELES (Poltica) j apregoava a diviso dos poderes em trs partes: Assembleia dos cidados: o corpo deliberante, o verdadeiro soberano;

Magistratura: funcionrios designados pela assembleia para certas funes;

Corpo judicirio.

A distino de funes, que remonta Antiguidade, prosseguiu durante a Idade Mdia e a modernidade. Aqui j com Grotius e Puffendorf, Bodin e Locke, antes de Montesquieu. No absolutismo, especializao funcional no correspondia a independncia de rgos especializados. A par da experincia parlamentarista inglesa, que no correspondia exatamente uma separao de poderes, foi a obra de Montesquieu, de 1746, que sistematizou a separao orgnica do poder como tcnica de salvaguarda da liberdade dos modernos (concepo burguesa-liberal). Todo homem que detm o poder tende a dele abusar, e o abuso vai at onde se lhe deparam limites; e apenas o poder contm o poder. Ento, a separao orgnica do poder consiste em se atribuir cada uma das funes estatais bsicas a um rgo (corpo funcional) distinto, separado e independente dos demais. Combina-se a especializao funcional com a independncia orgnica. No liberalismo, a separao de funes entre os rgos independentes deveria ser bastante rgida, mas mesmo Montesquieu j previa que o constante movimento dos rgos os compele a atuar em concerto, harmnicos, e as faculdades de estatuir (p.ex., aprovar um projeto de lei) e de impedir (veto presidencial) so prenncios dos mecanismos de freios e contrapesos desenvolvidos posteriormente. A rgida separao de poderes do liberalismo foi inicialmente inserida nas constituies das ex-colnias inglesas na Amrica, que seguiam a Declarao de Direitos de Virginia, de 1776. Aps, constituio dos EUA, art. 16 da Declarao Universal dos Direitos do Homem e do Cidado e constituies francesas seguintes, espalhando-se pelo ocidente. Benjamin Constant teorizou um quarto poder neutro, que faa com os demais o que o poder judicirio faz com os indivduos, que seria exercido pelo rei. A 1 constituio do Brasil criou o poder moderador do Imperador; porm, distorceu a teoria ao atribu-lo tambm ao executivo (para Constant, o poder neutro no poderia jamais coincidir com um dos demais), assim foi at surgir o parlamentarismo em 1846. Com o declnio do liberalismo e a ascenso do Estado Social, a rgida separao dos poderes tornou-se um desses pontos mortos do pensamento poltico, incompatvel com as formas mais adiantadas do processo democrtico contemporneo (BONAVIDES, p. 157-158).(...) constituio mista, para Aristteles, ser aquela em que os vrios grupos ou classes sociais participam do exerccio do poder poltico, ou aquela em que o exerccio da soberania ou o governo, em vez de estar nas mos de uma nica parte constitutiva da sociedade, comum a todas. Contrapem-se-lhe, portanto, as constituies puras em que apenas um grupo ou classe social detm o poder poltico.5. Independncia e harmonia entre poderesHoje, existe uma tendncia de se considerar que a teoria da separao dos poderes construiu um mito. Este mito consistiria em um modelo terico redutvel teoria dos trs poderes rigorosamente separados: o executivo (o rei e os seus ministros), o legislativo (l.a cmara e 2.a cmara, cmara baixa e cmara alta) e o judicial (corpo de magistrados). Cada poder recobriria uma funo prpria sem qualquer interferncia dos outros. Foi demonstrado por ElSENMANN que esta teoria nunca existiu em Montesquieu. Em princpio, reconhecia-se ao executivo o direito de interferir no legislativo porque o rei gozava do direito de veto; em segundo lugar, porque o legislativo exerce vigilncia sobre o executivo na medida em que controla as leis que votou, podendo exigir aos ministros conta da sua administrao; finalmente, o legislativo interfere sobre o judicial quando se trata de julgar os nobres pela Cmara dos Pares, na concesso de anistias e nos processos polticos que deviam ser apreciados pela Cmara Alta sob acusao da Cmara Baixa. Alm disso, mais do que separao, do que verdadeiramente se tratava era de combinao de poderes: os juzes eram apenas a boca que pronuncia as palavras da lei; o poder executivo e legislativo distribuam-se por trs potncias: o rei, a cmara alta e a cmara baixa, ou seja, a realeza, a nobreza e o povo (burguesia) (Conforme CANOTILHO, p. 260).A interdependncia , porm, uma interdependncia dinmica necessariamente atenta aos aspectos polticos-funcionais do sistema.6. Balanceamento entre poderesConsolida-se a ideia de balanceamento entre poderes, na medida em que h uma diviso de funes do poder, de forma no exclusiva (no-incomunicvel), entre rgos relativamente independentes entre si, que devem atuar em cooperao, harmonia e equilbrio. A independncia dos poderes significa que: a) a investidura e a permanncia das pessoas num dos rgos no dependem da confiana nem da vontade dos outros; b) no exerccio das atribuies que lhe sejam prprias, no precisam os titulares consultar os outros nem necessitam de sua autorizao; c) na organizao dos respectivos servios, cada um livre, observadas apenas as disposies constitucionais e legais. Por outro lado, a harmonia entre os poderes primeiramente se verifica pelas normas de cortesia no trato recproco e no respeito s prerrogativas e faculdades a que mutuamente todos tm direito. Ainda, nem a diviso de funes entre os rgos do poder nem sua independncia so absolutas. H interferncias, que visam ao estabelecimento de um sistema de freios e contrapesos, busca do equilbrio necessrio realizao do bem da coletividade e indispensvel para evitar o arbtrio e o desmando de um em detrimento do outro e especialmente dos governados (SILVA, p. 110, 2005).Cumpre em primeiro lugar, no confundir distino de funes do poder com diviso ou separao de poderes, embora entre ambas haja uma conexo necessria. A distino de funes constitui especializao de tarefas governamentais vista de sua natureza, sem considerar os rgos que as exercem; quer dizer que existe sempre distino de funes, quer haja rgos especializados para cumprir cada uma delas, quer estejam concentrada num rgo apenas. A diviso de poderes consiste em confiar cada uma das funes governamentais (legislativa, executiva e jurisdicional) a rgos diferentes, que tomam os nomes das respectivas funes, menos o judicirio (rgo ou poder legislativo, rgo ou poder executivo e rgo ou poder judicirio). Se as funes forem exercidas por um rgo apenas, tem-se concentrao de poderes.A diviso de poderes fundamenta-se, pois, em dois elementos: (a) especializao funcional, significando que cada rgo especializado no exerccio de uma funo; assim, as assemblias (congresso, cmaras, parlamento) se atribui a funo legislativa; ao executivo, a funo executiva; ao judicirio, a funo jurisdicional; (b) dependncia orgnica, significando que, alm da especializao funcional, necessrio que cada rgo seja efetivamente independente dos outros, o que postula ausncia de meios de subordinao.O princpio da separao de poderes j se encontra sugerido em Aristteles, John Locke e Rousseau tambm conceberam uma doutrina da separao de poderes, que afinal, em termos diversos, veio a ser definida e divulgada por Montesquieu.

Ponto 3.b. Poder Judicirio: organizao e competncia. Normas constitucionais respeitantes magistratura. O ativismo judicial e seus limites no Estado Democrtico de Direito. (ponto com adio do ativismo judicial)Oreste Dallocchio NetoPrincipais obras consultadas: Dirley da Cunha Jnior. Curso de Direito Constitucional. 5 Edio. Salvador: Ed. Juspodivm, 2011. Gilmar Ferreia Mendes e outros. Curso de Direito Constitucional. 12 Edio. So Paulo: Ed. Saraiva, 2008. Jos Afonso da Silva. Curso de Direito Constitucional Positivo. 24 Edio. So Paulo: Ed. Malheiros, 2005. Legislao bsica: Captulo III do Ttulo IV da Constituio Federal. Lei Complementar 35/79.

1. Noes Gerais: O tema da diviso dos poderes est relacionado com a Teoria Geral do Estado e com o Direito Constitucional, j que o Poder Judicirio est compreendido da noo clssica da tripartio dos poderes do Estado.O Poder Judicirio o rgo do Estado que tem (...) por funo compor conflitos de interesses em cada caso concreto (SILVA, p. 553).O Poder Judicirio est disciplinado no Captulo III do Ttulo IV da Constituio Federal, cujos rgos esto descritos no artigo 92 do diploma constitucional.Dentre outros aspectos, destaca-se que a Constituio regulamenta a organizao e competncia dos diversos rgos encarregados da funo jurisdicional, estabelecendo ainda os princpios aos quais esto submetidos seus agentes, cujo regime jurdico est disposto infraconstitucionalmente na Lei de Organizao da Magistratura Nacional LOMAN.2. Organizao: O Poder Judicirio uno e indivisvel, tendo carter nacional, conforme o voto do Ministro Csar Peluso na ADIn 3.367-1.O Poder Judicirio tem por funo tpica o exerccio da jurisdio, bem como funes atpicas de natureza legislativa (art. 96, I, CF) e administrativa (art. 96, I, b, c e d, CF). O Poder Judicirio restou fortalecido pela CF/88, sendo-lhe asseguradas garantias institucionais e funcionais. So garantias institucionais a autonomia orgnico-administrativa (art. 96) e autonomia financeira (art. 99, 1 a 5). De outro lado, as garantias funcionais ou da magistratura visam a assegurar a independncia e imparcialidade dos juzes (art. 95), quais sejam: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsdios, as quais sero analisadas no tpico n. 4, que segue abaixo.A Constituio de 1988 dotou os tribunais de um poder de autogoverno, concretizado no seu artigo 96, inciso I.A organizao do Judicirio deve ser disciplinada no Estatuto da Magistratura, estabelecido em lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, observados os princpios previstos na Constituio (art. 93).Seus rgos esto elencados no artigo 92 da CF: STF, CNJ, STJ, Tribunais e Juzes Federais, Tribunais e Juzes do Trabalho, Tribunais e Juzes Eleitorais, Tribunais e Juzes Militares. So rgos de superposio o STF, STJ e Tribunais Superiores da Unio. Compete ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justia propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169, a alterao do nmero de membros dos tribunais inferiores, a criao e a extino de cargos e a remunerao dos seus servios auxiliares e dos juzos que lhes forem vinculados, bem como a fixao do subsdio de seus membros e dos juzes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver, a criao ou extino dos tribunais inferiores, bem como a alterao da organizao e da diviso judicirias (art. 96, II).A autonomia administrativa e financeira materializa-se nas outorga aos tribunais do poder de elaborar suas propostas oramentrias dentro dos limites estabelecidos com os demais Poderes na lei de diretrizes oramentrias. Prev-se ainda que as custas e emolumentos sero destinados exclusivamente ao custeio dos servios afetos s atividades especficas da Justia.A Constituio contempla algumas diretrizes bsicas para a organizao do Poder judicirio como um todo, tais como ingresso na carreira, cujo cargo inicial ser o de j