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1 Apontamentos de aula por James Jesser Rodgher e José Roberto Monteiro Prof. Carlos Alberto Garbi 27/01 – Apresentação do professor 29/01 Relação Jurídica de direito real Livro III do Código Civil No direito romano – jus in re É a relação jurídica entre pessoas que tem por objetivo a coisa PROPRIEDADE É a matriz dos direitos reais, porque dela decorrem todos os outros. Art. 1.225,CC. São direitos reais: I - a propriedade; II - a superfície; III - as servidões; IV - o usufruto; V - o uso; VI - a habitação; VII - o direito do promitente comprador do imóvel; VIII - o penhor; IX - a hipoteca; X - a anticrese. XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; XII - a concessão de direito real de uso Momento Histórico: Com a mudança do estado liberal para o estado de social, os direitos reais continuam em transformação. “A PROPRIEDADE NÃO É FOGO APAGADO” – Diez-Picazo Direitos Reais Direito das Coisas – 7º semestre – 2014

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Apontamentos de aula por James Jesser Rodgher e José Roberto Monteiro

Prof. Carlos Alberto Garbi

27/01 – Apresentação do professor 29/01

Relação Jurídica de direito real

� Livro III do Código Civil � No direito romano – jus in re � É a relação jurídica entre pessoas que tem por objetivo a coisa

PROPRIEDADE É a matriz dos direitos reais, porque dela

decorrem todos os outros.

Art. 1.225,CC. São direitos reais: I - a propriedade; II - a superfície; III - as servidões; IV - o usufruto; V - o uso; VI - a habitação; VII - o direito do promitente comprador do imóvel; VIII - o penhor; IX - a hipoteca; X - a anticrese. XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; XII - a concessão de direito real de uso

Momento Histórico: Com a mudança do estado liberal para o estado de social, os direitos reais continuam em transformação. “A PROPRIEDADE NÃO É FOGO APAGADO” – Diez-Picazo

Direitos Reais Direito das Coisas – 7º semestre – 2014

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Elementos da relação jurídica do direito real

1) OBJETO: é a coisa.

Definição de coisa: corpórea, concreta, material; se revela aos sentidos do homem, é tangível e tem valor econômico. “Só se tem propriedade sobre algo, uma coisa, que se revela aos sentidos do homem e tem valor econômico”

� Coisas incorpóreas, imateriais, não são direitos reais. Ex. Direitos autorais – São considerados direitos personalíssimos. Não se pode falar em usucapião de uma música.

� Revelam-se os sentidos do homem: aquilo que não pode ser visto, mas

sim sentido. Ex. Gás, Energia, linha telefônica.

� Site não é considerado direito real. Não se trata de um bem infungível. Fala-se em direitos de criação.

� O corpo humano é direito real. Ex. Os cadáveres das faculdades de

medicina são propriedades da faculdade.

� As partes que podem ser separados do corpo humano, desde que não prejudiquem a saúde da pessoa são direitos reais. Ex. sangue, leite materno, cabelo, rim e etc. Possuem valor econômico, mas por força da lei não podem ser comercializados. Exceção: cabelo, que pode ser vendido.

� Para o direito, você não é dono do seu corpo porque seu corpo é você!

2) SUJEITOS: Credor e Devedor

Realista: A relação jurídica tem de um lado o PROPRIETÁRIO e de outro a COISA. Obs. Foi superada pela doutrina, pois não existe relação entre pessoas e coisas.

Teorias Personalista: Relação Jurídica pressupõe pessoas. Sujeito Ativo: Proprietário Sujeito Passivo: ver abaixo

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Teoria Personalista Clássica: O sujeito passivo é universal. Todos possuem a obrigação de não fazer. Devem respeitar os direitos de todos. Ex. não posso furtar os óculos de João.

Sujeito Passivo

Teoria Personalista Moderna: Critica o sujeito passivo universal. Como alguém pode ter uma obrigação que não contraiu, não sabe que existe? O Sujeito passivo nas relações jurídicas do direito, só existirá/materializar quando os direitos forem: OFENDIDOS, AMEAÇADOS, VIOLADOS. Caso ao contrário, será uma situação jurídica e não uma relação jurídica.

Cuidado: Por questão de segurança, e evitar erro: defenda a situação da teoria clássica, pois a teoria moderna ainda é muito pouco difundida. Teoria Clássica: sujeito passivo UNIVERSAL Resumo

Teoria Moderna: sujeito passivo DETERMINADO

3) CONTEÚDO:

� O proprietário tem um poder sobre a coisa. Tira proveito da coisa que ela produzir.

Ex. Compro um celular e o utilizo sem ter que pedir permissão a

outros.

� Esse poder é erga omnes: oponibilidade absoluta

� Art. 1.228, CC / Art. 5, Caput, CF / Art. 5, XXII, CF – Definição de Propriedade

Art. 1.228,CC - O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

No Direito das Coisas, a propriedade é um poder de direito. O Direito confere poder sobre a coisa.

Nos Direitos Pessoais é o vínculo que confere força obrigatória à relação. É uma faculdade do credor. É o liame entre o credor e o devedor.

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§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. § 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem. § 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente. § 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. § 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores. Art. 5º, Caput, CF- Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Art. 5º, XXII, CF - é garantido o direito de propriedade;

� Direito real sobre bens móveis. Art. 1.226, CC

Art. 1.226,CC - Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição.

� Direito Real sobre bens imóveis. Art. 1227, CC

Art. 1.227, CC - Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código.

� Jus vindicandi – Direito de Reivindicar. Art. 1228, Caput, CC

Direito de Sequela Direito de perseguir e reivindicar a coisa

Art. 1.228, CC - O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

� Na situação de locatário, ele não possui poder sobre a propriedade do imóvel locado e sim uma relação pessoal.

� No usufruto, a pessoa possui poder sobre a propriedade

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05/02 Princípios e características dos direitos reais

1) Princípio do regime jurídico rígido: confere liberdade restrita no campo da autonomia da vontade. Revolução Francesa – 1789

� Declaração universal dos direitos do homem

Liberdade Negócios contratos Igualdade propriedade é sagrada Fraternidade Revolução Francesa. Declaração

Universal dos Direitos do Homem. Código Napoleônico – 1804

� Estabelece os valores da revolução: o Liberdade para os negócios o Garantia da propriedade

Código Liberal – Liberalismo

� Há rigidez quanto aos direitos reais

� A propriedade sagrada é uma garantia de ordem pública Liberdade

� Igualdade Todos são iguais perante a lei - FORMAL Fraternidade

Transformação

Estado liberal Estado Social

� É o estado do bem estar

� CF Social

CC Liberal (século XIX) � Desafio: Ver a CC à luz, pelas lentes da CF � Constituição de Weimar “A propriedade obriga”

Ter propriedade, significa ter obrigações com a sociedade. Porque a propriedade tem função social. É preciso usá-la de acordo com interesses sociais.

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� Exemplo: propriedade rural não produtiva (abandonada) não possuí fim social.

� A função social da propriedade, nasceu encíclica Mater et

Magister

� Código Civil é patrimonialista � Anacrônico

2) Princípio da Tipicidade

Art. 1.225, CC-São direitos reais: I - a propriedade; II - a superfície; III - as servidões; IV - o usufruto; V - o uso; VI - a habitação; VII - o direito do promitente comprador do imóvel; VIII - o penhor; IX - a hipoteca; X - a anticrese. XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; XII - a concessão de direito real de uso.

� Usufruto não se paga – pagou, não encaixa no tipo.

� Art. 170, CC (conversão dos negócios jurídicos) Pode-se converter para

o tipo adequado. Art. 170,CC - Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.

� A lei define o tipo e seu conteúdo.

• Ninguém pode criar em contrato, tipos de direitos reais que não estejam na lei.

• Há a subjunção do fato ao tipo existente, limitando a autonomia da vontade.

• Só se adquire direitos reais pelos meios previstos em lei.

Registro do título de aquisição Usucapião Aquisição propriedade imóvel Sucessão Acessão (vem de acessório, que segue o principal)

� O rol do Art. 1.225, Código Civil é numerus clausus (número fechado)? � Não, pois o congresso pode criar novos tipos.

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3) Princípio da Publicidade � Decorrente dos princípios anteriores

� Ela é necessária, obrigatória. Pois sem ela, não constitui direito real

� Erga Omnes

� Art. 1226,CC. Só se adquire com a tradição

Art. 1.226,CC - Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição.

� Art. 1227, CC. Só se adquire com o registro do imóvel.

Art. 1.227, CC - Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código.

� A escritura pública sem registro não tem valor nenhum?

Tem! Na medida em que estabelece direitos e deveres entre as partes.

• Mas com a publicidade se adquire direito real de propriedade, gerando oponibilidade erga omnis.

Imóveis – Registro de imóveis. Art. 1227,CC

Necessárias Móveis – Tradição. Art. 1226, Código Civil. A visibilidade da posse dá a publicidade. Também na venda de automóvel; documento de transferência de automóvel possui somente fim administrativo.

4) Princípio da Especialidade

� O que não é comum, diferente, não se confunde.

� Só se tem direitos reais sobre coisa que não se confunde com outras.

� Em coisas móveis, não há propriedade sobre coisa fungível.

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5) Princípio da aderência ou inerência

� Justifica o direito de sequela � direito de perseguir.

� Os direitos reais são ambulatórios, seguem a coisa.

� O direito de gozo, fruição, reinvindicação, está na própria coisa.

6) Elasticidade

Obrigações “Propter Rem” tipicidade prevista em lei

� Somente o dono da coisa

� Direito de marcar – Concorra com a demarcação.

• Pagar metade das despesas • Emprestar a escritura

� O proprietário tem a obrigação com o imóvel. Art. 1297,CC

Art. 1.297, CC - O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as respectivas despesas. § 1o Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, tais como sebes vivas, cercas de arame ou de madeira, valas ou banquetas, presumem-se, até prova em contrário, pertencer a ambos os proprietários confinantes, sendo estes obrigados, de conformidade com os costumes da localidade, a concorrer, em partes iguais, para as despesas de sua construção e conservação. § 2o As sebes vivas, as árvores, ou plantas quaisquer, que servem de março divisório, só podem ser cortadas, ou arrancadas, de comum acordo entre proprietários. § 3o A construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a necessidade deles, pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as despesas.

� Art.1315, CC – Exemplo do bem que foi deixado para os 2 filhos – São os condôminos.

Art. 1.315, CC O condômino é obrigado, na proporção de sua parte, a concorrer para as despesas de conservação ou divisão da coisa, e a suportar os ônus a que estiver sujeita. Parágrafo único. Presumem-se iguais as partes ideais dos condôminos.

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� Art. 1316, CC – Renúncia da coisa.

Art. 1.316, CC- Pode o condômino eximir-se do pagamento das despesas e dívidas, renunciando à parte ideal. § 1o Se os demais condôminos assumem as despesas e as dívidas, a renúncia lhes aproveita, adquirindo a parte ideal de quem renunciou, na proporção dos pagamentos que fizerem. § 2o Se não há condômino que faça os pagamentos, a coisa comum será dividida.

Usufrutuário Jus utendi – usar

Jus fruendi – Fruir/gozar Núcleo Mínimo PODERES Jus abutendi – Dispor Da Propriedade Jus vindicandi – Reivindicar

� Quando se entrega em usufruto, se transfere o jus utendi e o jus fruendi, passando a ser o nu proprietário. � A propriedade é limitada.

� A morte extingue o usufruto.

� A elasticidade é a capacidade de desmembramento ou consolidação dos direitos reais.

� Não aceita cláusula potestativa pura.

� O usufruto não se transmite a terceiros

� Usufruto não é transmissível (CIDA – cônjuge, irmão, descendente e ascendente) por parte do recebedor.

Direitos Reais Direito Pessoal Objeto � a coisa Objeto � a prestação

Poder sobre a coisa Faculdade Oponibilidade Absoluta “Erga Omnes” Oponibilidade Relativa “Inter Pars”

Publicidade Obrigatória Publicidade Facultativa Fruição/Aproveitamento – Direito

(posso usar quando quiser) Fruição/Aproveitamento indireta

(depende sempre de uma atividade do devedor)

Quando se tem todos esses

poderes, se tem propriedade

plena.

Direito Real é oponível contra todos. Não há revogação do usufruto, que é um direito real sobre coisa alheia, jus in re aliena. Também na servidão, uso e habitação. O usufrutuário pode renunciar.

O usufruto nasceu no direito romano para dar segurança à mulher viúva de guerras. As mulheres não tinham direito sucessório. Pela morte do proprietário,

o filho primogênito herdava tudo.

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OBRIGAÇÃO Propter rem

� Só o dono pode cumprir porque só quem tem a coisa encontra condições para cumprir a obrigação.

Exemplo: Direito de demarcar: Pode-se exigir do vizinho que ele concorra com a demarcação e pagar metade das despesas. É obrigação própria da coisa. A lei diz que se pode constranger, obrigar o proprietário a pagar.

Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as respectivas despesas.

Art. 1.315. O condômino é obrigado, na proporção de sua parte, a concorrer para as despesas de conservação ou divisão da coisa, e a suportar os ônus a que estiver sujeita.

Parágrafo único. Presumem-se iguais as partes ideais dos condôminos.

Art. 1.316. Pode o condômino eximir-se do pagamento das despesas e dívidas, renunciando à parte ideal.

§ 1o Se os demais condôminos assumem as despesas e as dívidas, a renúncia lhes aproveita, adquirindo a parte ideal de quem renunciou, na proporção dos pagamentos que fizerem.

§ 2o Se não há condômino que faça os pagamentos, a coisa comum será dividida.

� Dívidas condominiais edilícias não podem evocar o Art. 1.315, Código Civil, e vendedor e comprador são devedores solidários.

� IPTU não é propter rem. Impostos têm regra própria no CTN. Propter rem é do Direito Civil.

� A obrigação propter rem deve atender ao princípio da tipicidade: deve estar em lei. Exemplo: a obrigação de pagar uma associação de moradores de condomínio ou bairro não está prevista em lei, não tem tipicidade, por isso não é propter rem.

� O obrigação propter rem não é direito real nem pessoal. Mista? 3º gênero?

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� A obrigação de pagar a uma associação de moradores de condomínio não tem tipicidade, e por isso não é propter rem.

17/02 Regimes jurídicos constitucionais dos direitos reais (PROVA)

� Invioláveis Art. 5º, CF - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

� Garantia Art. 5, XXII,CF - é garantido o direito de propriedade

� Função social Art. 5, XXIII, CF - a propriedade atenderá a sua função social

� Devido Processo Legal – Judicial Art. 5, LIV, CF - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

� Art. 60,CF A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a

abolir: IV - os direitos e garantias individuais.

� Função Social: não está ligado aos direitos patrimoniais e sim aos

direitos pessoais, saúde, vida, liberdade, meio ambiente, dignidade, flora ou fauna.

� Imóvel em acordo plano “diretor” • Rural: reforma agrária • Urbano: sanções progressivas

� Função Social: Cláusula aberta

• Aplicação sistemática dos valores da constituição federal

� Função Social: Legitimação • Deixando de existir legitimação, o direito de propriedade deixará

de existir, se tornando violável.

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Exemplo: Cláusulas abertas: -Função social: contratos -Boa-fé objetiva: Direito Civil

Constituição Federal – visão geral da propriedade.

Art. 5º,CF- Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes. XXII - é garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta constituição; XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano. Art. 170,CF- A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: II - propriedade privada; III - função social da propriedade; Art. 176,CF- As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra. § 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o "caput" deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas. § 2º - É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na forma e no valor que dispuser a lei. § 3º - A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as autorizações e concessões previstas neste artigo não poderão ser cedidas ou transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuência do poder concedente. § 4º - Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do potencial de energia renovável de capacidade reduzida. Art. 182,CF A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes. § 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. § 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. § 3º - As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.

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§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. Art. 184,CF - Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. § 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. § 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação. § 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação. § 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício. § 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária Art. 216, CF - Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. § 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação. § 2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem. § 3º - A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais. § 4º - Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei. § 5º - Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos. § 6 º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual de fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, para o financiamento de programas e projetos culturais, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: I - despesas com pessoal e encargos sociais;

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II - serviço da dívida III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados. Art. 225, CF - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. § 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. § 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. § 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

PROPRIEDADE

� Poder sobre a coisa • Poder Direto • Ficção (não vejo)

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� Posse do poder de fato • Real (vejo) • Protegido juridicamente

TEORIAS DA POSSE Há duas correntes, ambas do século XIX

� Subjetiva - Savigny O possuidor se identifica com a pessoa que tem o animus de ter a posse. Corpus + animus. Para Savigny a posse caracteriza-se pela conjugação de dois elementos: o corpus, elemento objetivo que consiste na detenção física da coisa e o animus elemento subjetivo que se encontra na intenção de exercer sobre a coisa um poder no interesse próprio e de defendê-lo contra a intervenção de outrem. Não propriamente a convicção de ser dono – opinio seu cognitio domini – mas a vontade de tê-la como sua – animus domini ou animus rem sibi habendi - de exercer o direito de propriedade como se fosse o seu titular.

� Objetiva – Ihering

Afasta a vontade porque representa insegurança jurídica pois define a posse pelo insondável: a vontade. Considera a destinação da coisa. Se a conduta da destinação é de um proprietário. - O proprietário tem direito à posse. - Todo possuidor presume-se proprietário. Para Ihering não é o animus que define a posse. “A posse é a exteriorização da propriedade” “ A posse deve ser entendida como meio de defesa da propriedade, pois é mais fácil provar o fato que o direito.”

O Art. 1196, Código Civil, indica a Teoria Objetiva como a adotada no Brasil.

Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.

As duas teorias se conciliam. As ideias de Savigny estão presentes em Ihering, que as desenvolveu. Contudo...

� Mais da metade dos imóveis urbanos no Brasil não estão em posse de seus proprietários por locação ou falta de registro.

Porque...

Clóvis Beviláqua, autor do Código Civil de 1916, já declarava em seu livro “Em defesa do Projeto do Código Civil”, que se inspirara na Teoria Objetiva de Ihering.

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� As despesas de escritura pública e registro são altas e pesam no bolso do brasileiro;

� Há pessoas que, por conta de ganhos, não declaram, evitam registro em seu nome;

� Depois que a pessoa deixou de fazer o registro, pode haver impedimentos: a pessoa que vendeu, sumiu, morreu, separou-se e a esposa não quer assinar, etc.

Súmulas do STJ reconhecem o direito do possuidor de se defender de ações como penhora.

� Porque a posse deve ser tutelada � esta é uma tendência crescente. 19/02

Classificação da Posse

1) DETENÇÃO: Não é posse

Art. 1.198,CC - Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.

-Relação de dependência SUBORDINAÇÃO -Ordens e Instruções -Conserva posse em nome de outrem Exemplo: Caseiro – Não induz posse.

� O detentor é um servo da posse.

2) ATOS DE MERA PERMISSÃO OU TOLERÂNCIA: Não é posse

Art. 1.208, CC - Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.

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Exemplo: - O vizinho a quem se permite atravessar pelo meio da propriedade Classificação da Posse

1) Posse Direta e Posse Indireta

Art. 1.197, CC - A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.

Real - usufruto

� Temporária – Direta Pessoal – Contrato

� Derivada � Não anula a posse de quem foi ela foi havida.

� Comodante – posse indireta (ficção, de direito) � Comodatário – Posse direta (de fato, real)

� Comodato, locação, depósito, mandato � de direito pessoal � Usufruto – posse direta – de direito real

� De servidão

- dominante tem posse direta - serviente tem posse indireta

2) Posse justa ou posse injusta

Art. 1.200, CC - É justa a posse que não for violenta, clandestina ou

precária. Real Violenta Viciada Moral Injusta Clandestina Defeituosa Precária (mora – obrigação de restituir) Ilícita Meio de aquisição da posse - Art. 1.203, CC - Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.

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� Clandestina � - o que é oculto � - adquirida sem publicidade, às ocultas (invasão à noite do MST) � - insidiosa, sem possibilidade de defesa.

� Precária

- que não tem estabilidade, pode mudar a qualquer momento. - quando o possuidor está em mora com uma obrigação de restituir, como o comodatário com o prazo vencido.

� Quando adquire posse:

Art. 1.208, CC. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.

-Produz os efeitos após cessar violência. Obs. Não se adquire a posse até cessar violência.

24/02 – Classificação da Posse

1) Direta e Indireta

2) Justa e injusta

3) Posse de boa-fé e de má-fé (exame subjetivo, a pessoa do possuidor)

� Será a pessoa e se ela tem conhecimento do vício da posse.

� Princípio da boa-fé.

A ���� B ���� C - B toma a posse de A - C toma a posse de B � B entra com ação contra C. Porque caso se negue a B a ação contra C, seria como a lei do mais forte. - Portanto, B litiga contra C porque a posse de C em relação à B é ilícita. - Se B toma com violência de A, proprietário... - ... e A, 3 anos depois retoma com violência de B, este pode entrar com ação contra A.

O esbulhador não é possuidor direto, porque não é temporária e não há relação entre as partes.

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Art. 422,CC - Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.

� Posse injusta é ilícita, mesmo da posse de boa-fé ou má-fé.

� A diferença é de que se ele sabia ou não do vício.

� Presunção da boa-fé Deveres ���� � A boa ou má-fé do possuidor é subjetiva porque diz respeito à pessoa e

às circunstâncias em que adquiriu a posse. Se sabe, ou razoavelmente deveria saber, que a posse é ilícita, é de má-fé.

� De boa-fé ou má-fé é posse injusta, ilícita: o possuidor sabia (má-fé) ou

não sabia (boa-fé) da ilicitude. A diferença é o conhecimento do vício da posse.

Art. 1.201, CC. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.

- Justo título: é o documento que seria hábil a transmitir a propriedade, não fosse a existência de um vício ignorado pelo adquirente (Doutrinário). Qualquer documento que possa trazer ao adquirente a convicção de que esse documento transfira a propriedade do direito sobre a coisa (Jurisprudencial) Ex. Contrato de compra e venda; Recibo de sinal, Nota Promissória e até “papel de pão”. É RELATIVO porque aceita prova em contrário.

Art. 1.202,CC A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente Ex. A pessoa descobre que a coisa não era de quem vendeu. Art. 219, CPC – A citação constitui o devedor em mora. Art.70, CPC – É possível fazer denunciação da lide.

� As ações fundadas com direito real são imprescritíveis, pode-se propor ação reivindicatória.

� Mas se houver usucapião por parte do possuidor, prescrição aquisitiva.

- Informação - Probidade – antes, durante e depois. - Cooperação - Honestidade

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� No Brasil o registro é causal, assim, vícios anteriores anulam todos os registros posteriores. (Na Alemanha, ao contrário, o registro é saneador)

4) Posse Nova e Posse Velha

O instituto já havia em Roma, a partir de uma consideração simples: quem tem uma posse antiga (mais que um ano e um dia) é mais forte que quem tem a nova (menos de um ano e um dia).

� Contra alguém que tem posse velha, não cabe liminar. � Contra alguém que tem posse nova, cabe liminar.

o No código de 1916, era o art. 508, no código de 2002 a realidade é diferente, está no art. 924, CPC Art. 924,CPC Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da seção seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho; passado esse prazo, será ordinário, não perdendo, contudo, o caráter possessório.

Quem tem posse Velha – Sem Liminar – Força Velha Quem tem posse Nova – Com liminar – Força Nova

� O art. 273, CPC – antecipação da tutela é permitida.

5) Ad usucpionem e ad interdicta

� Ad usucapionem � O possuidor já tem os requisitos da usucapião, embora ainda não a tenha formalizado.

� Ad interdicta � Dá ao possuidor o direito ao uso dos interditos

possessórios (tutela). Direito de defesa

� Ação publiciana � Vem do direito romano, Senador Públio. Então, o possuidor já tinha a posse com os requisitos da usucapião e direito a reivindicar.

- Para a maioria da doutrina, não há ação publiciana no Brasil. - A proteção é a mesma.

� No Brasil, todas são ad interdicta.

6) Jus possidendi e jus possessionis

Jus possidendi – Decorre da propriedade. Todo proprietário tem direito à posse. Quando se propõe ação reivindicatória ou petitória.

O direito não socorre aos que dormem

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Jus possessionis – A posse pela posse. A posse decorrente do fato. Propõe-se ação de reintegração de posse. É o que se discute em ações possessórias.

� Onde se discute um, não se discute outro. 26/02 Efeitos da posse

Judicial (caput) – Interditos Possessórios 1) Proteção Legal

Extrajudicial ( §1) – Autotutela*

Art. 1.210,CC- O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. § 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse § 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa

� O § 1º é uma exceção no ordenamento: o uso da própria força em favor

do próprio direito. Repelir uma agressão injusta e atual, meios adequados e moderados Legítima defesa – só quando há turbação *Autotutela Desforço imediato – Esbulho

Força contrária para recuperar a coisa

� Em caso de TURBAÇÃO � Tem direito a manter-se na posse, livre dos atos de turbação.

� Em caso de ESBULHO � Tem direito a restituir-se da posse � Em caso de VIOLÊNCIA IMINENTE � segurado

TURBAÇÃO – Manter-se ESBULHO – Restituir-se VIOLÊNCIA IMINENTE - Segurado

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TURBAÇÃO Ofensas contra o possuidor que embaraçam, dificultam, perturbam o exercício do poder. Para serem classificados como turbação, os atos têm que ser injustos, ilícitos. ESBULHO Perde-se a posse. É necessariamente injusto e ilícito. Se é justo e lícito, não é esbulho. Não associar esbulho a violência. Pode haver esbulho sem violência. Esbulho pode ser total ou parcial. LEGÍTIMA DEFESA Contra turbação. Pode se usar a força para repelir agressão atual, com moderação e com os meios adequados. DESFORÇO IMEDIATO Contra esbulho. É usar a força para recuperar a posse. “Faça logo”. – É a oportunidade que o esbulhado tem de restituir a posse antes que a situação se consolide, no “calor dos acontecimentos”, antes de “baixar a poeira”.

� A polícia não pode se intrometer em questões possessórias. 03/03 Proteção judicial da posse Interditos possessórios. São as ações judiciais possessórias. São 3 e apenas 3 as ações possessórias, identificadas pela natureza da ofensa que sofreu o possuidor:

1. Reintegração de posse Contra esbulho, perda injusta da posse. Art. 1270, caput, Código Civil e Arts. 926, ss, CPC. Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.

Art. 926. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado no de esbulho.

Art. 927. Incumbe ao autor provar:

I - a sua posse;

Il - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;

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III - a data da turbação ou do esbulho;

IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da posse, na ação de reintegração.

Art. 928. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração; no caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada.

Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais.

Art. 929. Julgada procedente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de manutenção ou de reintegração.

Art. 930. Concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de reintegração, o autor promoverá, nos 5 (cinco) dias subseqüentes, a citação do réu para contestar a ação.

Parágrafo único. Quando for ordenada a justificação prévia (art. 928), o prazo para contestar contar-se-á da intimação do despacho que deferir ou não a medida liminar.

Art. 931. Aplica-se, quanto ao mais, o procedimento ordinário.

Deve-se provar:

� Posse anterior � Que houve esbulho � A data em que ocorreu � para apurar �

2. Manutenção da posse Contra turbação, em que a posse é prejudicada, atrapalhada, embaraçada. O possuidor tem o direito de manter-se na posse livre de turbação. Deve-se provar:

� Que é possuidor, que tem posse. � Que está sendo turbado � Que continua na posse � A data em que ocorreu � para apurar �

3. Ação de interdito proibitório. Arts. 932, 933, CPC. Contra ameaça de turbação ou esbulho iminente. O possuidor tem fundado temor de que ocorra esbulho e turbação e entra com a ação para obter a tutela da sua posse.

Força nova (- que 1 ano e 1 dia) ou Força velha (+ que 1 ano e 1 dia)

Força nova (- que 1 ano e 1 dia) ou Força velha (+ que 1 ano e 1 dia)

Em ação contínua (vem sendo turbado há meses), se define a data pela última turbação.

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Art. 932. O possuidor direto ou indireto, que tenha justo receio de ser molestado na posse, poderá impetrar ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório, em que se comine ao réu determinada pena pecuniária, caso transgrida o preceito.

Art. 933. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na seção anterior.

Deve-se provar:

� Que tem posse � Que há ameaça de esbulho ou turbação

� Nas ações possessórias se discute fatos, a propriedade não tem relevância.

� Nas ações reivindicatórias se discute a propriedade da coisa.

Características das ações possessórias

1. Audiência de justificação – para liminar Arts. 924 e 928, CPC

Art. 924. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da seção seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho; passado esse prazo, será ordinário, não perdendo, contudo, o caráter possessório

Art. 928. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração; no caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada.

NÃO HÁ OUTRA AÇÃO POSSESSÓRIA NO DIREITO BRASILEIRO!

NÃO SE PROVA PROPRIEDADE NA AÇÃO POSSESSÓRIA.

- Se você recebe um aviso via cartório ordenando que você abandone a posse, não é esbulho nem turbação. - Mesmo que o juiz conceda a liminar injustamente, você tem as medidas processuais.

Sempre cabe liminar em: Reintegração de posse Manutenção de posse força nova Interdito possessório

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� Colhe-se provas, em geral, testemunhas (até 3) apresentadas pelo autor.

� A avaliação do juiz é perfunctória. � A audiência de justificação é prerrogativa do juiz. Pode deferir ou

indeferir de plano.

2. Cumulação de pedidos Art. 921, CPC

Art. 921. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:

I - condenação em perdas e danos;

Il - cominação de pena para caso de nova turbação ou esbulho;

III - desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento de sua posse.

3. Fungibilidade das ações possessórias Art. 920, CPC Art. 920. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela, cujos requisitos estejam provados.

� Princípio da adstrição � a sentença está adstrita ao pedido. Não vale no processo possessório.

Exemplo: Interpõe-se uma ação de interdito proibitório contra ameaça de esbulho. Antes de o juiz despachar, o esbulho ocorre. Por isso a fungibilidade nas ações possessórias.

4. Natureza dúplice Art. 922, CPC Art. 922. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.

Autor contra réu Duas vias Réu contra autor Todas as ações possessórias têm natureza dúplice. O réu pode fazer um pedido contra o autor de natureza possessória.

5. Exceção de domínio (no processo civil, exceção é igual a defesa) Art. 1210, Código Civil e Art. 923, CPC Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. Art. 923. Na pendência do processo possessório, é defeso, assim ao autor como ao réu, intentar a ação de reconhecimento do domínio.

� A defesa da propriedade não pode ocorrer nas ações possessórias

Só cabe pedido de liminar nas ações de força nova

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12/03 (Continuação: Características das ações possessórias)

6) Natureza da sentença judicial Declaratórias Positivas ou Negativas Pontes de Constitutivas Miranda Condenatórias Mandamentais – Ex. mandado de segurança, Despejo, possessório. Obs. Não tem fase de execução.

� Declaratórias � Afirmam ou negam uma relação jurídica.

� Constitutivas � Modificam as relações jurídicas � - negativa � divórcio � - positiva � paternidade

� Condenatórias � Impõem ao réu a obrigação de fazer, não fazer,

pagar ou restituir.

� Mandamentais � O efeito que ela produz depende dela mesmo. Exemplo: mandado de segurança.

� Sentença possessória é mandamental

� Na reintegração não há prazo humanitário para saída.

7) Ação possessória tem natureza REAL ou PESSOAL?

Art. 10,Caput, CPC - O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários.

- Não encaixa a possessória

Art. 10. §2, CPC - Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nos casos de composse ou de ato por ambos praticados.

- Composse, posse comum, ambos são possuidores. Cita-se o cônjuge.

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AÇÕES POSSESSÓRIAS IMPRÓPRIAS

1) Ação de despejo? Não é possessória

� Reintegração de posse: locação de automóvel � reintegração de posse.

� Flat não é locação, pois é de curta duração �reintegração de posse.

2) Embargos de terceiro? Também não é possessória

� Terceiro que sofre constrição judicial

Art. 1.046, CPC - Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho na posse de seus bens por ato de apreensão judicial, em casos como o de penhora, depósito, arresto, sequestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha, poderá requerer Ihe sejam manutenidos ou restituídos por meio de embargos. § 1o Os embargos podem ser de terceiro senhor e possuidor, ou apenas possuidor. § 2o Equipara-se a terceiro a parte que, posto figure no processo, defende bens que, pelo título de sua aquisição ou pela qualidade em que os possuir, não podem ser atingidos pela apreensão judicial. § 3o Considera-se também terceiro o cônjuge quando defende a posse de bens dotais, próprios, reservados ou de sua meação.

3) Nunciação de obra nova? Não é possessória

� Vizinho que causa problemas em sua residência, por efeitos da obra que

esta executando. Exemplo Bate estaca para fundação, gera vibração no solo e racha suas paredes.

� Pode ser extrajudicial (previsto na lei) – o vizinho pode embargar a obra, mas precisará de 3 testemunhas para confirmar. Art. 394 e 940, CPC.

4) Imissão na posse. Não é possessória

� O adquirente contra o alienante. Para que o adquirente seja imitido na posse que nunca teve. Exemplo: Compra o terreno, chegando ao terreno existe outra pessoa lá. Ação Reivindicatória.

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Efeitos da Posse

1) Proteção Legal

2) Percepção dos Frutos Quanto a sua natureza

Naturais. Ex. Laranja

Natureza Civis. Ex. juros, aluguéis, dividendos

Industriais Quanto a sua percepção Pendentes: ainda não separados da coisa. A laranja no pé Percebidos: quando são colhidos Percepção Percipiendos: são pendentes que já deveriam ter sido colhidos Estantes: colhidos e armazenados Consumidos: já não existem mais - Herdeiro aparente vende fazenda de laranja a terceiro de boa-fé. - Entre a posse e a citação há várias safras -O herdeiro real pede indenização de todos os frutos que deixou de receber

� Possuidor de boa-fé

Art. 1.214, CC - O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.

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Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.

� Possuidor de Má-fé

Art. 1.216, CC - O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.

� Em caso de terreno limpo.

Boa-fé na posse, a partir do momento que for citado, será considerado má-fé e será calculado um valor de aluguel pelo período que ficou de má-fe Mas se possuí má-fé desde a posse, será cobrado aluguel desde o momento que tomou posse.

� Casa alugada, e o pagamento do aluguel é todo dia 1o do mês. Ocorre a citação no dia dia 15. Segundo o Art. 1.215,CC - Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia. Com isso, pagará 15 dias de aluguel e não 30 dias.

17/03 Efeitos da Posse

Perecimento

3) Riscos sobre a coisa deterioração Efeitos da posse quanto aos riscos sobre a coisa: perecimento e deterioração

Boa-fé – Art. 1217,CC – Não responde, mas se der causa, responde.

Art. 1.217,CC. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa.

Má-fé – Art. 1218, CC – Responde

Art. 1.218,CC - O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.

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4) Benfeitorias e Direito de Retenção Necessárias: manutenção e conservação (imprescindível) Úteis: melhora o aproveitamento da coisa Voluptuária: prazer e deleite, embelezamento. Necessárias Direito de Retenção Indenização Úteis Boa-fé Levantar (remover) Voluptuárias

Desde que não cause dano ao imóvel. A decisão cabe ao proprietário do imóvel se desejar ficar ou não

com a benfeitoria

Art. 1.219,CC. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.

Indenização Necessárias Sem direito de Retenção Má-fé

Úteis Sem Indenização Sem direito de retenção

Voluptuárias

Art. 1.220, CC. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.

Tempo de Evicção

Boa-fé Má-fé Posse citação sentença

Nec 20 Nec 20 Uteis50 Uteis 50

evicção

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Art. 1.221, CC- As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem. Art. 1.222,CC - O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.

Aquisição da propriedade pela acessão

Acessão é meio de aquisição de propriedade imóvel, é o efeito da acessoriedade (o acessório depende do principal). O acessório segue o principal, consequentemente o proprietário do principal também é proprietário do acessório, por acessão.

� Meios de Aquisição • Registro do título translativo (RI) • Usucapião • Sucessão “causa mortis” • Acessão

É diferente de

� Classificação (art. 1248,CC)

Formação de Ilhas (Art. 1249,CC) • Naturais Aluvião (Art. 1250,CC) Águas

Avulsão (Art. 1251,CC) Particulares Abandono de Álveo (1252,CC)

Não cai na prova

Rios não navegáveis

Construções

• Artificiais Plantações

A acessão é coisa nova, acessória, que aumenta o volume o valor da principal.

Benfeitoria é melhoramento em coisa já existente

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19/03 Meios de aquisição da propriedade imóvel

1. Acessão

� O acessório segue o principal, sem exceção.

� Vedação ao enriquecimento sem causa

� Prevalece o interesse social/público sobre interesse privado

Terreno Material Solução

1aHipótese Próprio Próprio -

2aHipótese

Próprio

Alheio

- O proprietário do terreno será o dono do material, pois o acessório segue o principal. - Construtor de Boa-fé: o dono

do material não terá mais direto sobre o material, mas terá direito a indenização do

valor do material pelo construtor.

-Construtor Má-fé: Indenização do valor do

material + perdas e danos ao dono do material

3aHipótese

Alheio

Próprio

- O proprietário será o dono da construção, pois o

acessório segue o principal -Construtor de boa –fé: perde

o que construiu e recebe indenização.

Exceção: Quando a construção exceder

consideravelmente, ocorrerá a acessão inversa, desde que

praticado de boa-fé pelo construtor. Art. 1255, parágrafo único, CC.

- Construtor de Má-fé: Não se aplica a acessão inversa,

deverá devolver o terreno nas condições originais e ainda pagará uma indenização ao proprietário. Art. 1255,CC

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4a Hipótese

Alheio

Alheio

- O proprietário será o dono da construção, pois o

acessório segue o principal - Construtor de má-fé: não terá direito a indenização e

deverá pagar o dono do material + perdas e danos. O dono do material não poderá

cobrar indenização do proprietário do terreno. -Construtor de boa-fé:

receberá indenização e deverá pagar o dono do

material. Caso o construtor não pague o dono do

material, este poderá cobrar do proprietário do terreno. Art.1257, Parágrafo único,

Código Civil 5a Hipótese Alheio Alheio Situação em que ambas as

partes agem de má-fé (proprietário e construtor).

Uma situação anula a outra. Art. 1256, Código Civil

Exemplo Acessão Inversa: Quando o valor da construção exceda consideravelmente o valor do terreno. O terreno se tornará acessório e a construção principal. O construtor deverá indenizar o proprietário do terreno. Art. 1255, parágrafo único, CC. Exemplo em que ambos praticam má-fé, na hipótese 5 Quando o proprietário do terreno observar que seu terreno foi invadido e “acompanha” a construção da casa pelo construtor, para então somente reivindicar a sua propriedade e ficar com construção. Nesse caso, será anulada. Situação A) O proprietário deverá indenizar o construtor. B)Caso o valor da construção ultrapasse o valor do terreno, ocorrerá acessão inversa.

Art. 1.253,CC Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário. Art. 1.254,CC Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé.

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Art. 1.255,cc Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização. Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo. Art. 1.256,CC Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as sementes, plantas e construções, devendo ressarcir o valor das acessões. Parágrafo único. Presume-se má-fé no proprietário, quando o trabalho de construção, ou lavoura, se fez em sua presença e sem impugnação sua. Art. 1.257,CCO disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de não pertencerem as sementes, plantas ou materiais a quem de boa-fé os empregou em solo alheio. Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quando não puder havê-la do plantador ou construtor.

6ª hipótese: Situações em que parte da construção invade terreno alheio

Art. 1.258,CC. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente. Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção. Art. 1.259,CC Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro

7ª hipótese – A construção de boa-fé excede em 5% - Art. 1259, Código Civil

Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro.

5%

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2) Aquisição da propriedade pelo registro de imóveis

� É a forma mais comum e mais importante (ver Direito registral e notarial no blog do Garbi: http://blogdogarbi.wordpress.com//?s=direito+registral&search=Ir)

� A aquisição do imóvel pelo registro decorre de escolha do legislador

brasileiro SISTEMAS DE AQUISIÇÃO ROMANO ���� Pela tradição – entrega + animus de transmitir a propriedade. Elemento volitivo (da vontade) livre e regular.

� Influenciou o mundo ocidental. � No Brasil já se aplicou o Corpus Iuris Civilis na época colonial, em

subsidiariedade à ordenações portuguesas. FRANCO-LUSO-ITALIANO OU FRANCO-ITALIANO

� Influenciou o direito brasileiro � O meio de transmissão da propriedade é o contrato, acabado,

aperfeiçoado. � A tradição é a execução do contrato � A publicidade se dá pelo registro que é facultativo e tem por objetivo

apenas assegurar a oponibilidade contra terceiros.

GERMÂNICO � É filiado ao direito romano, tem suas bases nele. � O que transmite a propriedade é a tradição � O registro é a tradição solene para coisas imóveis. É como se transmite

na Alemanha. � O registro tem função saneadora. � O registro tem certa autonomia, como outro ato que dá efeito ao

contrato. � O registro “limpa” o título dos vícios e defeitos que o contrato possa ter.

Não há mais risco de evicção. Se houver evicção, o Estado responde por ela.

� A presunção de propriedade que decorre do registro é absoluta. NO BRASIL ���� ROMANO-GERMÂNICO � Tradição para bens móveis e registro para bens imóveis. � Diferenças:

- Arts. 1245 e 1267, Código Civil.

Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis.

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§ 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel.

§ 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.

Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição.

Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico.

� No Brasil o contrato não transmite a propriedade.

� O registro no Brasil é causal. A validade do registro é determinada pela validade do título registrado. É causal, porque ligado a sua causa, o negócio jurídico que o antecede.

� O registro vale se o contrato vale; se o contrato é nulo, o registro á nulo.

� PORTANTO � A presunção de propriedade do registro é relativa: juris

tantum.

� O Estado brasileiro não responde pela eventual evicção, apenas pelo dolo do registrador.

REGISTRO DE IMÓVEIS

� Surgiu no Brasil com a lei orçamentária 317 de 1843 que criou o registro de hipotecas.

� Até então se fazia o registro nos livros da Igreja.

� Os bancos que emprestavam dinheiro contra hipoteca queriam

sedimentar a garantia.

� Depois veio a lei 601/1850 que oficializou o registro paroquial.

� Logo depois, a lei 1.237/1864 criou o registro geral de imóveis (geral porque antes havia o de hipotecas).

� Com a República – 1889 – o Estado se torna laico, separando-se da

Igreja.

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� Em 1916 com o Código Civil, se adotou o registro de imóveis, muito semelhante ao de hoje, que usava o sistema da transcrição.

Transcrição 1916 ~ 1977

� É um processo de registro diferente do de hoje.

� Transcreve-se em livro próprio o que consta da escritura

� Com a lei 6.015/73, a Lei de Registros Públicos – que teve 4 anos de vacatio legis – entra o novo sistema.

- Substitui a transcrição pelo registro. - A transcrição vira matrícula

Os cartórios de registro de imóveis Art. 236, CF

Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público.

§ 1º - Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.

§ 2º - Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro.

§ 3º - O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses.

Os serviços notariais e de registro serão exercidos por entidade privada, por delegação do serviço público – Lei 8.935/94.

Quem promove o concurso público é o judiciário do Estado.

O prazo para preenchimento das vagas é de 6 meses.

Notações na alteração das matrículas Mudança de propriedade � R1, R2, R3 e sucessivamente Alterações sem mudança na propriedade, como em alterações de área, hipotecas, etc. � Av1, Av2, Av3 e sucessivamente

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Aquisição da propriedade imóvel pelo registro do título translativo. CARTÓRIOS Judiciais Ligados à atividade do juiz, os cartórios de vara são os ofícios. São estatais, integrados por funcionários concursados. Extrajudiciais Estão fora da atividade jurisdicional. Art. 236, CF. São privados. Seus titulares são nomeados através de concurso público de provas e títulos. Cartórios de Registro O titular é registrador, ou oficial de registro.

1. Cartório de Registro de Imóveis 2. Cartório de Registro civil de pessoas naturais ou pessoas jurídicas 3. Cartório de Registro de Títulos e Documentos

- O registro de PJ registra os estatutos - O registro de Títulos e Documentos serve para conservação e publicidades dos documentos.

Cartórios de Notas O titular é tabelião.

1. Tabelionato � são os cartórios de notas propriamente dito 2. Protesto � Tabelião de protestos.

� Cada Cartório de Registro de Imóveis tem uma circunscrição imobiliária, que fica em uma circunscrição imobiliária, a comarca.

� O judiciário estadual fiscaliza os cartórios – Lei 8.935/94.

Cartórios de Notas Cartórios de Registro

Ata Notarial Registra um fato de que o tabelião tomou conhecimento. Só ocorre no cartório de notas.

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� A fiscalização do judiciário aos cartórios se chama corregedoria, faz a correição.

� O corregedor geral da justiça é um desembargador eleito para um

mandato de 2 anos, sem reeleição.

� Atua em cartórios extrajudiciais e justiça de 1ª instância.

� O corregedor geral delega a outros corregedores � o corregedor permanente, um juiz de direito, que, enquanto estiver naquele juízo, fica como corregedor.

� O corregedor dos desembargadores é o presidente do TJ.

ATIVIDADE Cartórios de Registro ���� É estática, só faz (ou não faz) o registro. Cartórios de Notas ���� É dinâmica, dá forma jurídica ao negócio, é como um consultor que participa do ato. É imparcial, auxilia ambas as partes.

A lei confere ao corregedor – geral e permanente – 2 poderes:

Hierárquico: poder de organizar o serviço Disciplinar: Poder de instaurar procedimentos administrativos contra administradores notariais, aplicando pena de advertência, multa, suspensão e perda da delegação.

Lei 8.935/94 Das Atribuições e Competências dos Notários

Art. 6º Aos notários compete: I - formalizar juridicamente a vontade das partes;

II - intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam ou queiram dar forma legal ou autenticidade, autorizando a redação ou redigindo os instrumentos adequados, conservando os originais e expedindo cópias fidedignas de seu conteúdo;

III - autenticar fatos. Art. 7º Aos tabeliães de notas compete com exclusividade: I - lavrar escrituras e procurações, públicas; II - lavrar testamentos públicos e aprovar os cerrados;

IV - reconhecer firmas; V - autenticar cópias.

Parágrafo único. É facultado aos tabeliães de notas realizar todas as gestões e diligências necessárias ou convenientes ao preparo dos atos notariais, requerendo o que couber, sem ônus maiores que os emolumentos devidos pelo ato. Art. 8º É livre a escolha do tabelião de notas, qualquer que seja o domicílio das partes ou o lugar de situação dos bens objeto do ato ou negócio.

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Princípios ���� para os Cartórios de Notas 1. Princípio da fé pública – Art. 3º, Lei 8.935/94.

Art. 3º Notário, ou tabelião, e oficial de registro, ou registrador, são profissionais do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício da atividade notarial e de registro.

� Determina a presunção de autenticidade e veracidade do documento. - Se o documento é público, quem alega a falsidade deve prova-lo. - Se o documento é privado, quem o apresenta deve prova-lo.

2. Princípio da juridicidade, tecnicidade.

- Determina que o tabelião tem habilidade jurídica e técnica para dar forma ao negócio jurídico.

3. Princípio da cautelaridade - O tabelião dá segurança ao negócio jurídico.

4. Princípio da Imparcialidade

- O tabelião é imparcial.

5. Princípio Rogatório - É o da inércia. O tabelião só age a pedido, a rogo.

Deveres dos notários e registradores – Art. 30, Lei 8.935/94

Código Civil – Requisitos indispensáveis da escritura pública.

Art. 215. A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de fé pública, fazendo prova plena.

§ 1o Salvo quando exigidos por lei outros requisitos, a escritura pública deve conter:

I - data e local de sua realização;

II - reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de quantos hajam comparecido ao ato, por si, como representantes, intervenientes ou testemunhas;

III - nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das partes e demais comparecentes, com a indicação, quando necessário, do regime de bens do casamento, nome do outro cônjuge e filiação;

IV - manifestação clara da vontade das partes e dos intervenientes;

V - referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais inerentes à legitimidade do ato;

VI - declaração de ter sido lida na presença das partes e demais comparecentes, ou de que todos a leram;

VII - assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a do tabelião ou seu substituto legal, encerrando o ato.

§ 2o Se algum comparecente não puder ou não souber escrever, outra pessoa capaz assinará por ele, a seu rogo.

§ 3o A escritura será redigida na língua nacional.

§ 4o Se qualquer dos comparecentes não souber a língua nacional e o tabelião não entender o idioma em que se expressa, deverá comparecer tradutor público para servir de intérprete, ou, não o havendo na localidade, outra pessoa capaz que, a juízo do tabelião, tenha idoneidade e conhecimento bastantes.

§ 5o Se algum dos comparecentes não for conhecido do tabelião, nem puder identificar-se por documento, deverão participar do ato pelo menos duas testemunhas que o conheçam e atestem sua identidade.

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Art. 30. São deveres dos notários e dos oficiais de registro:

I - manter em ordem os livros, papéis e documentos de sua serventia, guardando-os em locais seguros;

II - atender as partes com eficiência, urbanidade e presteza;

III - atender prioritariamente as requisições de papéis, documentos, informações ou providências que lhes forem solicitadas pelas autoridades judiciárias ou administrativas para a defesa das pessoas jurídicas de direito público em juízo;

IV - manter em arquivo as leis, regulamentos, resoluções, provimentos, regimentos, ordens de serviço e quaisquer outros atos que digam respeito à sua atividade;

V - proceder de forma a dignificar a função exercida, tanto nas atividades profissionais como na vida privada;

VI - guardar sigilo sobre a documentação e os assuntos de natureza reservada de que tenham conhecimento em razão do exercício de sua profissão;

VII - afixar em local visível, de fácil leitura e acesso ao público, as tabelas de emolumentos em vigor;

VIII - observar os emolumentos fixados para a prática dos atos do seu ofício;

IX - dar recibo dos emolumentos percebidos;

X - observar os prazos legais fixados para a prática dos atos do seu ofício;

XI - fiscalizar o recolhimento dos impostos incidentes sobre os atos que devem praticar;

XII - facilitar, por todos os meios, o acesso à documentação existente às pessoas legalmente habilitadas;

XIII - encaminhar ao juízo competente as dúvidas levantadas pelos interessados, obedecida a sistemática processual fixada pela legislação respectiva;

XIV - observar as normas técnicas estabelecidas pelo juízo competente.

Princípios ���� para os Cartórios de Registros

1. Princípio da inscrição - Decorre da obrigatoriedade de se fazer o registro para a aquisição da propriedade. É direito do adquirente e dever do registrador. Não há discricionariedade.

2. Princípio da preferência ou prioridade - Tem prioridade o que 1º foi apresentado ao registro, no livro protocolo, em que se anotam cronologicamente os pedidos.

O exame de qualificação em que o registrador examina o título pode durar 30 dias.

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31/03 Princípios do registro de imóveis (continuação)

3. Princípio da territorialidade - O registro só tem validade se realizado pelo cartório com competência territorial, ao qual pertence a circunscrição imobiliária. Caso contrário o registro é nulo.

4. Princípio da unitariedade ou uniregistrabilidade

- Só há uma matrícula para cada imóvel. Decorre do princípio da exclusividade – só há possibilidade de um titular do direito de propriedade. Se há 2, um não é dono.

5. Princípio da instância ou rogatório

- O registrador não pode agir de ofício, só a rogo, quando provocado.

6. Princípio da Continuidade - Exige uma ordem lógica e racional entre os atos registrados. Impõe, consequentemente, uma continuidade entre os atos registrados. Deve haver uma conexão racional lógica, objetiva e subjetiva.

� Continuidade Subjetiva � diz respeito às pessoas

- A � B � C � D - Mas o registro ainda está em A Subjetiva - É preciso registrar antes C e D

� Continuidade Objetiva � diz respeito aos atos.

- O imóvel foi hipotecado em garantia - Tenho o documento de quitação da hipoteca Objetiva - Vendo o imóvel livre para B - Mas é preciso registrar (averbar) antes a quitação da hipoteca - Imóvel sujeito a usufruto - Usufrutuário morre Objetiva - É preciso cancelar o usufruto antes de vender

- O registro tem efeito ex nunc - Os registros têm natureza constitutiva. Constituem direito de propriedade. - Desapropriação tem natureza declaratória - Óbito do usufrutuário tem natureza declaratória

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7. Princípio da especialidade - A descrição do imóvel na matrícula é a descrição tabular. A matrícula se encontra no fólio real – o acervo de matrículas dos cartórios de registro de imóveis. Essa descrição define as características do imóvel. - A especialidade exige a conformidade do imóvel descrito na matrícula com o título, a escritura. - Se há diferença, não se faz o registro. - Se o imóvel tem de fato medida diferente é preciso retificar o registro de forma administrativa ou judicial.

Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamar que se retifique ou anule.

Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel, independentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente.

Retificação administrativa

Requerimento, sem advogado. O cartório notifica as confrontantes, que se não se opõem, resulta na retificação

Retificação judicial

Pode-se ainda ir direto à justiça para registrar a implantação do imóvel (colocar em planta)

Exemplo:

� Imagine-se que a matrícula está correta, apontando 10 metros de frente.

� Mas na escritura se colocou 12 metros. � O erro está na escritura, a qual é preciso retificar. � A escritura é uma declaração de vontade, que pode ser retificada por

outra declaração de vontade. � A nova escritura é de rerratificação (Significa corrigir ou alterar (retificar) parte

de um documento e confirmar (ratificar) o restante.).

� Mas se o vendedor não quiser ou não puder assinar a rerratificação por qualquer motivo, é possível ir a juízo para obrigá-lo a fazer a declaração.

� Mas se ainda assim ele não vai, aplica-se o Art. 466ª, CPC. Art. 466-A. Condenado o devedor a emitir declaração de vontade, a sentença, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não emitida.

8. Legalidade

- O registro vale tanto quanto vale o ato ou negócio registrado. - O registrador recebe uma delegação do serviço público e é responsável pela validade dos registros. - Tem o controle de legalidade dos títulos apresentados a registro.

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Exemplo:

� Entra uma escritura de dação em pagamento a registrar; � Mas em pagamento ao resultado de um assalto; � É nulo o registro. Art. 166, Código Civil.

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; IV - não revestir a forma prescrita em lei; V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.

O controle de legalidade do registrador é de ordem pública, não privada. É extrínseco, aparente ao título.

02/04

Processo de dúvidas (Arts. 197, ss, LRP- Lei dos registros públicos)

� 30 dias para registrar (porque 30 dias é quanto dura a prenotação, que é o que dá a prioridade).

� 10 dias para qualificar (normas de serviço da corregedoria geral de

justiça)

� Se devolver com uma nota de. devolução (“Não registro por isso ou aquilo”) o requisitante tem mais 20 dias para corrigir o vício apontado na nota – porque ainda tem a prioridade.

� Mas pode reapresentar corrigido depois.

� Se o registrador está equivocado ao devolver sem registrar, se faz um

requerimento ao registrador para a suscitação da dúvida ao juiz corregedor permanente (com fundamento nos Arts. 197, ss, LRP).

� O registrador faz ofício ao juiz suscitando a dúvida; expede notificação

ao apresentante da dúvida, dizendo que encaminhou o ofício e dando prazo de 15 dias para responder / contrariar. Tem que ser assinado por um advogado.

� O juiz então manda ouvir o Ministério Público que vai opinar sobre a

dúvida, na qualidade de curador de serviços públicos.

Julga procedente a dúvida e não registra � Depois disso vem a decisão:

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Julga improcedente a dúvida e registra

� Dessa decisão cabe apelação em15 dias, que só pode ser interposta pelo apresentante, o Ministério Público e 3º prejudicado.

� A apelação é julgada pelo CSM – Conselho Superior da Magistratura,

integrado pelo presidente do TJ, o vice-presidente do TJ, o corregedor geral, o presidente da seção de direito público, o presidente da seção de direito criminal e o desembargador decano – o mais antigo do tribunal.

� Depois da decisão fundamentada do CSM, não há mais recurso.

� Mas se o apresentante ainda não concordar, pode ir à justiça,

começando em 1ª instância, que pode contrariar a decisão do CSM.

Processo de dúvida inversa

� O apresentante leva a petição direto ao juiz: - quando o registrador se nega - quando a parte deseja começar direto com o juiz. - não é prevista em lei, mas o entendimento é pacífico de que se pode entrar com dúvida inversa.

POSSE (ponto que não foi abordado anteriormente) Constituto possessório

� Quando se faz uma clausula constituti, dela sai o constituto possessório, contemporâneo ao negócio de alienação.

� Vendo, recebo, e continuo no imóvel como comodatário ou locatário,

por tempo determinado ou não.

� Constitui-se, portanto, em posse indireta em favor do adquirente. - O alienante tem posse direta - O constituto possessório altera a causa da posse. - O adquirente adquire a posse indireta por cláusula contratual. - Se o alienante, que tem posse direta, se recusa a sair ao fim do prazo, é como se cometesse esbulho.

A prioridade é assegurada pelo protocolo e o registro será feito na data deste, qualquer que seja a duração do processo.

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� Sem a clausula constituti, não entregou � imissão na posse � Com a clausula constituti, não entregou � reintegração de posse � Na alienação fiduciária e leasing também haverá reintegração de posse,

pois sempre há clausula constituti Há referência ao constituto possessório no Art. 1.267, Código Civil.

Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição.

Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico.

USUCAPIÃO

� Do latim usu capio – tomar, adquirir. � Adquirir pelo uso, pela posse � É substantivo masculino / feminino � Todas as leis desde 1970 e o Código Civil referem-se ao gênero

feminino � A usucapião: forma de aquisição de propriedade, ação para adquirir. � Na 6ª tábua da lei das doze tábuas está previsto o usucapião � É prescrição aquisitiva, não extintiva � Com passar do tempo foi também aproveitada para fazer política social

do Estado. � Há muitas formas (13) de usucapião no Brasil.

07/04

Pressupostos comuns à usucapião

1. Res habilis – coisa hábil – o que pode ser objeto da usucapião - Objeto da propriedade: concreta, material, se revela aos sentidos, tem valor econômico - o objeto da usucapião é o mesmo da propriedade - não pode: coisa incorpórea, direito autoral - Também não pode algumas coisas corpóreas: - coisa pública: imóvel, viatura, etc - Decreto 22.785/33, Arts. 183 e 191, CF - Cabe sobre terras devolutas?

Clóvis Beviláqua “Pelo constituto possessório, alguém que possuir em nome próprio, passa a possuir em nome de outrem” ERRADO: Porque quem possui em nome de outrem não é possuidor, é detentor.

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O Art. 188, CF, gera a interpretação falsa de que devoluta é diferente de pública. Art. 188. A destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com a política agrícola e com o plano nacional de reforma agrária. Mas está pacificado que terras devolutas são públicas e, PORTANTO, não há usucapião. Há uma ação, a ação discriminatória, que serve para discriminar as terras públicas das privadas. Se o possuidor não provar que é proprietário do bem, ele é público.

2. Fides (confiança, boa-fé)

É necessário boa-fé para que o possuidor adquira a propriedade em usucapião. Presume-se boa-fé em 2 casos: - Extraordinária Absoluta - Especial O possuidor tem que provar a posse de boa-fé quando a usucapião é ordinária.

3. Titulus - o justo título Justo título é o que seria hábil a transmitir a propriedade, não fosse vício ignorado pelo adquirente. Quem tem um justo título tem a presunção de boa-fé. O justo título se exige na usucapião ordinária; na extraordinária e na especial, dispensa-se.

4. Possessio - a posse da coisa, mansa e pacífica

Posse mansa e pacífica é a que ocorre sem sofrer contestação ou oposição, uma posse incontestada, sem lide, sem interrupção, contínua e atual, e com animus domini (a intenção de ter a coisa como dono;

Terras devolutas vêm do regime de sesmarias, sesma, gleba, porção de terras. O governo português, com o fracasso das capitanias hereditárias, adotou o regime feudal das sesmarias, a distribuição de sesmas para colonização, que, mal sucedidas, eram devolvidas, devolutas.

Nos EUA o sistema de homestad deu certo. Havia pagamento, ainda que pequeno, pela gleba. Grileiro (glossário do INCRA): aquele que falsifica documento para provar posse ou propriedade de imóvel. O documento era enfiado em um saco cheio de grilos provocando a aparência de envelhecimento.

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segundo Ihering, é determinada pela destinação que o possuidor dá à coisa). Se a posse é interrompida e recuperada na justiça, a jurisprudência considera este intervalo como suspensão e não interrompe a posse.

09/04

5. Tempus - tempo, prescrição

� Prazo é diferente de tempo. Em usucapião se conta o tempo. � O usucapiendo tem tempo na posse.

- O proprietário de um imóvel morre e deixa um filho de 2 anos de idade entregue a um tutor. Enquanto o filho do de cujus, o órfão, se encontra sob tutela, o terreno foi invadido por um sujeito com sua família. Quando o órfão completou 18 anos, foi procurar o terreno e encontrou o posseiro que lhe diz: “Chegou tarde, já estou aqui há 16 anos”. - Um sujeito é enviado a uma missão em nome do governo. Após 6 anos retorna e seu terreno foi invadido há mais de 5 anos. COMO FICA? O Código Civil responde:

Art. 197. Não corre a prescrição: I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder

familiar; III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.

Detentor não tem direito à usucapião.

Quem tomou a posse com o uso de violência, se a posse for extraordinária ou especial, presume-se de boa-fé. Se é posse ordinária, não.

Quem tem posse precária (como locatário, comodatário que não devolve a coisa), não pode requerer usucapião. A posse precária é tida como pior até que a violência, porque representa uma maneira insidiosa, traiçoeira de adquirir a posse.

Se a posse precária tem alteração de causa – o locatário diz “Já paguei muito aluguel, considero o imóvel meu”, ou seja, de maneira clara e inequívoca afirma direito próprio sobre a coisa, há usucapião, na inércia do proprietário.

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Art. 198. Também não corre a prescrição:

I - contra os incapazes de que trata o art. 3º; II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.

Esbulho - posse Originária (não há nexo causal com a posse Acessão

e propriedade anterior) Usucapião Ocupação - móvel

Aquisição de posse Título singular – alienação – soma da posse facultativa Propriedade Derivada

Há nexo Título universal – herança – soma da posse obrigatória causal

Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.

� No esbulho não há nexo de causalidade com o anterior

� Ocupação ocorre em duas situações 1ª. Res derelicta – coisa abandonada . Uma caneta jogada no lixo. Quem pega se assenhora da coisa 2ª. Res nullius - coisa sem dono, nunca pertenceu a ninguém . Concha na praia. Quem pega é dono (desde que isso seja permitido)

� Coisa perdida: 15 dias par encontrar o dono. Deve então entregar a uma autoridade pública.

� Aquisição a título singular – pode ser identificada � Aquisição a título universal – não pode ser identificada.

PARA EFEITO DE USUCAPIÃO: � Se a aquisição é feita a título singular, a soma do tempo é facultativa. � Se a aquisição é feita a título universal, a soma do tempo é obrigatória.

Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida. Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.

Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.

propriedade

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6. Sentença A maior parte da doutrina diz que a sentença de usucapião é declaratória. Silvio Rodrigues, et al, diz que é constitutiva. Mas em 2009 surgiu a usucapião administrativa, com a lei minha casa, minha vida. � Não tem sentença e dispensa processo judicial. � Para loteamentos clandestinos – regularização fundiária � A prefeitura, estado ou União expedem um termo de legitimação de

posse. � Em 5 anos se vai ao cartório pedir a usucapião. Sem sentença, sem

processo, sem citação. PORTANTO: desde 2009, para lotes urbanos de até 250m2, a sentença não é pressuposto obrigatório para a usucapião.

22/04 Espécies de usucapião

Extraordinária – Art. 1.238, caput, Código Civil

Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.

� Não se exige – presume-se – a prova de boa-fé e justo título.

� 15 anos de posse, com animus domini, contínua. � É irrelevante como foi adquirida a posse – mesmo se

com violência ou por ato ilícito. � Aplica-se a imóveis urbanos e rurais de qualquer

dimensão e valor. � Aplica-se em favor de pessoas naturais ou jurídicas. � Tem um tempo maior, porque nada se exige do

adquirente.

Para outras formas de usucapião é preciso haver sentença.

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Extraordinária reduzida – Art. 1.238, § 1º, Código Civil

Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.

� 10 anos � Também não se exige justo título e boa-fé � Exige-se que seja moradia habitual � Ou exige-se que tenha realizado obras ou serviços de

caráter produtivo

Ordinária – Art. 1.242, caput, Código Civil

Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.

� Exige justo título e boa-fé � A usucapião se dá em 10 anos � Aplica-se a qualquer imóvel, urbano e rural � Aplica-se a pessoas naturais e pessoas jurídicas � A posse pode ser pessoal ou por prepostos

Ordinária reduzida – Art. 1.242, parágrafo único , Código Civil

Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico.

� Onerosa, com base no registro cancelado.

Justo título qualificado Prova que a aquisição do imóvel foi onerosa (compra e venda, dação em pagamento, etc.)

O Código Civil dá valor à função social da propriedade.

Moradia é o lugar onde a pessoa cuida das necessidades da vida: dorme, se alimenta, etc. Uma pessoa pode ter várias moradias. Mas a lei diz “moradia habitual”. A posse exigida é pessoal, não valendo por prepostos.

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O título (escritura) foi registrado e depois cancelado (como de herdeiro aparente, etc.

� Exige-se o uso como moradia (não habitual, qualquer moradia) � Exige-se que se tenha ali realizado investimentos de interesse sociual

ou econômico. Usucapião pro labore

� É a usucapião em favor do trabalho, do trabalhador rural. � Não é extraordinária nem ordinária: é especial. � Surgiu com a CF de 1934, Art. 125.

� Em 1937, Getúlio Vargas revogou a CF de 1934 e outorgou a CF de

1937, a “Polaca”, porque se inspirava na constituição da Polônia, então sob governo autoritário.

� Na CF ’37, a usucapião pro labore também estava, no Art. 148.

� Depois veio a CF ’46, democrática, feita por uma assembleia

constituinte eleita para este fim. A usucapião pro labore estava no Art. 156

� Em 1967, a ditadura militar outorgou nova constituição, onde não

aparecia a usucapião pro labore.

� Isso porque a Lei 4.504/64, o Estatuto da Terra, já previa a usucapião pro labore.

� Em 1981, a Lei 6.969/81 altera o Art. 98 do Estatuto da Terra, reduzindo

o tempo a 5 anos. E permitindo a usucapião pro labore sobre terras devolutas.

� A forma atual foi estabelecida no Art. 191 da CF ’88:

Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

- A usucapião pro labore pode ser solicitada após 5 anos - Para imóvel rural de até 50 ha. - Localizado na zona rural (não em zona urbana, mesmo com fim rural) - Usado como moradia

Beneficiava o trabalhador rural que tivesse posse por 10 anos de um módulo rural (variável por estado, cerca de 50 ha), usado como moradia e que dele extraísse seu sustento e não fosse proprietário de outro imóvel.

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- Do qual se extraia o sustento - Que não seja proprietário de outro imóvel - Não de bens públicos.

Usucapião urbana Art. 183, Constituição Federal

Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.

§ 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

Visa regularizar os loteamentos clandestinos.

� Imóvel urbano, em área urbana de até 250 m2 � 5 anos de posse � Não ser proprietário de outro imóvel � Usar como moradia � Não tenha usucapido outro imóvel pelo Art. 183.

Ambas são especiais Traço comum entre urbana e pro labore Não se exige justo título Não se exige boa-fé É irrelevante como foi adquirida

� A única possibilidade de somar a posse (urbana e rural) é em favor do sucessor universal, herdeiro, que já tinha a posse (filho que já morava ou trabalhava lá).

Área urbana Lei 10.257/01 – Estatuto da Cidade: diz área ou edificação Art. 1240, Código Civil: diz área. Então...

� OK terreno com até 250 m2 desde que a construção não exceda 250 m2 � OK apartamento com área total de até 250 m2

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28/04 Usucapião coletiva Lei 10.257/01 – Estatuto da Cidade (levar na prova)

� É uma modalidade de usucapião do Art. 183, CF, que trata da usucapião urbana.

Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. § 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

� No Estatuto da Cidade – que veio para regulamentar os Arts. 183 e 184,

CF – no Art. 10, está a previsão da usucapião coletiva.

Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinquenta metros quadrados, ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1o O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo, acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas.

§ 2o A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz, mediante sentença, a qual servirá de título para registro no cartório de registro de imóveis.

§ 3o Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão do terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre os condôminos, estabelecendo frações ideais diferenciadas.

§ 4o O condomínio especial constituído é indivisível, não sendo passível de extinção, salvo deliberação favorável tomada por, no mínimo, dois terços dos condôminos, no caso de execução de urbanização posterior à constituição do condomínio.

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§ 5o As deliberações relativas à administração do condomínio especial serão tomadas por maioria de votos dos condôminos presentes, obrigando também os demais, discordantes ou ausentes.

� Evita o termo “favela”, hoje com conotação pejorativa, mas

evidentemente refere-se a ele.

� A população pode usucapir coletivamente, pelos próprios moradores em conjunto, ou por intermédio de uma associação de moradores regularmente constituída, que funcionará como substituto processual.

� A sentença que reconhecer a usucapião constitui um condomínio

especial, atribuindo a cada morador uma fração ideal igual para todos, sem determinar especificamente o lote de cada um.

� A partir de então as decisões se dão em assembleia dos condôminos.

� O condomínio terá um administrador eleito, que pode ser chamado de

síndico ou prefeito (no Conjunto Nacional, na Av. Paulista, o síndico é denominando prefeito).

� O imóvel será registrado em nome de todos.

� O objetivo deste dispositivo legal é trazer dignidade a essas populações

e segurança quanto a sua moradia.

� Alguns urbanistas condenam, argumentando que as favelas são chagas urbanas a serem erradicadas.

Usucapião administrativa Lei 11.977/09 – Lei minha Casa, Minha Vida – Art. 60 (levar a lei na prova)

Art. 60. Sem prejuízo dos direitos decorrentes da posse exercida anteriormente, o detentor do título de legitimação de posse, após 5 (cinco) anos de seu registro, poderá requerer ao oficial de registro de imóveis a conversão desse título em registro de propriedade, tendo em vista sua aquisição por usucapião, nos termos do art. 183 da Constituição Federal.

§ 1o Para requerer a conversão prevista no caput, o adquirente deverá apresentar:

I – certidões do cartório distribuidor demonstrando a inexistência de ações em andamento que versem sobre a posse ou a propriedade do imóvel;

II – declaração de que não possui outro imóvel urbano ou rural;

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III – declaração de que o imóvel é utilizado para sua moradia ou de sua família; e

IV – declaração de que não teve reconhecido anteriormente o direito à usucapião de imóveis em áreas urbanas.

§ 2o As certidões previstas no inciso I do § 1o serão relativas à totalidade da área e serão fornecidas pelo poder público.

§ 3o No caso de área urbana de mais de 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados), o prazo para requerimento da conversão do título de legitimação de posse em propriedade será o estabelecido na legislação pertinente sobre usucapião.

� Decorre de processo administrativo de regulamentação fundiária.

� É uma forma de regularizar a ocupação clandestina de terrenos urbanos.

� A prefeitura, estado ou União – ou os próprios possuidores – podem ter

a iniciativa.

� Faz-se um levantamento geográfico da área, formalizam-se os logradouros públicos e se identifica cada um dos possuidores.

� Feito o levantamento, é levado ao cartório de registro e se expede o

termo de legitimação de posse em favor dos possuidores que se encaixam no que dispõe o Art. 183, CF, não importando nesse momento o tempo em que estão na posse.

� O possuidor pega o termo de legitimação de posse e vai ao registro.

� Em 5 anos, volta ao registro de imóveis e pede a usucapião, obtendo

então a matrícula.

� Não tem processo, nem citação. Não é um processo judicial.

� O proprietário original tem o direito de anular a usucapião se provar que não foram atendidos os dispositivos do Art. 183, CF.

Usucapião Familiar Art. 1240 A, Código Civil

Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-

Importante ler a lei, do Art. 30 ao 60.

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cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011)

§ 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

� 2 anos � Posse direta exclusiva � Propriedade que divida � Abandono do lar � Cônjuge ou companheiro

� No passado o abandono do lar era quebra do dever conjugal e o condenado perdia o direito ao nome, a guarda dos filhos e pagava pensão.

� A tendência hoje em direito de família é não atribuir culpados � O Art. 1240 A tira o direito à propriedade do que abandona o lar e ½ da

posse do imóvel. � Mais correto seria “abandono do imóvel”.

Usucapião Indígena Está prevista na Lei 6.001/76, o Estatuto do Índio.

Art. 33. O índio, integrado ou não, que ocupe como próprio, por dez anos consecutivos, trecho de terra inferior a cinquenta hectares, adquirir-lhe-á a propriedade plena.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às terras do domínio da União, ocupadas por grupos tribais, às áreas reservadas de que trata esta Lei, nem às terras de propriedade coletiva de grupo tribal.

Usucapião de coisa móvel

� Extraordinária – 5 anos – dispensa justo título e boa-fé – Art. 1261, Código Civil

Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá usucapião, independentemente de título ou boa-fé.

Segundo o Art. 126, CF, a união estável, que configura a relação de “companheiro(a)” só se dá entre pessoas que não têm impedimento para casar. Caso contrário, se configura o concubinato, uma relação ilícita.

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� Ordinária – 3 anos – exige justo título e boa-fé – Art. 1260, Código Civil.

Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade.

30/04 Usufruto

� É um direito real sobre coisa alheia. Jus in re aliena � É direito real de gozo e fruição. � Também são: uso, habitação, servidão... Art. 1225, Código Civil

Art. 1.225. São direitos reais: I - a propriedade; II - a superfície; III - as servidões; IV - o usufruto; V - o uso; VI - a habitação; VII - o direito do promitente comprador do imóvel; VIII - o penhor; IX - a hipoteca; X - a anticrese. XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; XII - a concessão de direito real de uso.

� ... porque concedem ao seu titular – usufrutuário, usuário, etc. – o gozo

sobre coisa que não é sua.

� Pode tirar proveito, os frutos, da coisa.

� O usufruto concede ao usufrutuário o direito ao uso e percepção dos frutos sobre a coisa alheia., sem qualquer contraprestação ou prestação de contas.

Ocorre um desmembramento do domínio:

Direitos reais de garantia

Direito real de aquisição

Direito real de gozo ou fruição

Núcleo mínimo dos direitos de propriedade

Jus utendi � direito de usar Jus fruendi � direito de fruir Jus abutendi � direito de dispor

Jus vindicandi � direito de reivindicar

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� Entrega-se ao usufrutuário essa parcela de poder sobre a coisa.

� O usufrutuário exerce direito próprio de usar e fruir.

� Ele é titular de um direito real.

� O proprietário passa a ter a propriedade limitada.

Usufruto

Proprietário Usufrutuário

� Essa relação é ao mesmo tempo real e pessoal. � É direito pessoal porque há um negócio jurídico, um

contrato, que gera direitos e deveres � inter pars. � É também um direito real porque entre o usufrutuário e

quaisquer terceiros há uma relação jurídica real � erga omnes.

� É uma relação jurídica complexa porque reúne um feixe de relações ao mesmo tempo.

Propriedade

Proprietário Sujeito passivo universal (ou determinado se há ameaça)

No usufruto se entrega parte dos direitos ao usufrutuário Jus utendi � direito de usar Usufrutuário Jus fruendi � direito de fruir Jus abutendi � direito de dispor Proprietário Jus vindicandi � direito de reivindicar

No usufruto há uma relação jurídica diferente da encontrada na propriedade

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Características do Usufruto

� Finalidade assistencial

� Temporário - Tem limitação no tempo - Pode durar até a morte do usufrutuário (PF) - Se PF, pode durar até 30 anos. Pode ser renovado. - Pode ser feito a termo: 1, 5, 10, N anos, também para PF. - Pode ter condição resolutiva (acontecimento futuro e incerto que resolve, põe fim ao negócio jurídico). Exemplos: até casar, até ganhar na loteria, etc...

� Inalienável - O usufrutuário não pode alienar de nenhuma forma seu direito de usufruto, nem em favor do proprietário. - No Brasil a inalienabilidade é absoluta.

O usufruto surgiu no direito romano, a partir da preocupação com a sucessão dos militares em relação a suas esposas – que em Roma não possuíam direito sucessório. A sucessão ocorria apenas em favor do primogênito. Mais tarde, também os outros filhos passaram a ser beneficiados. A esposa, nunca. Os romanos civilizaram os costumes antigos. Como eram dedicados às guerras – um povo conquistador – e pagavam seus soldados com o soldo, estes eram uma parcela da população que possuía dinheiro e, portanto, tinha patrimônio. Com sua eventual morte em batalha, as leis romanas deixavam as mulheres desamparadas. Para evitar isso, sem contrariar o direito sucessório estabelecido pela lei romana, criou-se o usufruto do patrimônio – ou parte dele – em favor das esposas. Nasceu, dessa forma, com finalidade nitidamente assistencial – que se impõe até hoje como característica maior do usufruto. Mas isso não é absoluto. A lei brasileira permite também que o usufruto seja constituído de forma onerosa e/ou em favor de pessoa jurídica, com características de um ato econômico – embora isso seja raro.

O usufruto não é sucessivo, não pode ser transmitido por sucessão. Não há transmissão causa mortis.

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� Impenhorável - É impenhorável porque a penhora seria o 1º passo para a alienação, já que a seguir iria a hasta pública, uma forma de alienação.

� Incomunicável - A comunicação do patrimônio se dá pelo casamento. - Na comunhão universal, todos os bens de ambos os cônjuges anteriores e posteriores ao casamento se comunicam – tornam-se

comuns - - Na comunhão parcial, os bens adquiridos após o casamento se comunicam. - Os bens em usufruto não se comunicam.

� Art. 1.911, Código Civil.

Art. 1.911. A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica impenhorabilidade e incomunicabilidade.

� O usufrutuário não pode penhorar o usufruto, mas seus credores podem

penhorar o direito ao exercício do usufruto, até a satisfação do crédito, desde que os frutos não tenham natureza alimentar.

� O proprietário pode dispor e reivindicar – jus abutendi e jus vindicandi.

� O credor do proprietário pode penhorar o direito de dispor e reivindicar. O credor penhora, vai a leilão e é arrematado. O usufruto, contudo, continua. O usufrutuário não perde seu direito de usar e fruir – jus utendi e jus fruendi.

� O mesmo ocorre se o proprietário morre. O usufrutuário não perde seu

direito de usar e fruir – jus utendi e jus fruendi.

Se pudesse ser alienado ou penhorado perderia seu caráter assistencial. Ao se dar em usufruto, pretende-se estabelecer uma proteção ao patrimônio, que se perderia se alienado.

Porque... casamento é alienação patrimonial

Um caso Pai dá em usufruto um imóvel ao filho. Depois de 10 anos, fica pobre, em sérias dificuldades financeiras. Mesmo assim, não pode revogar o usufruto. O filho, a seu exclusivo critério, pode renunciar a seu direito.

Mas... Se o filho, podendo, se nega a dar pensão ao pai necessitado – ou atenta contra sua vida – é possível, por indignidade, cancelarem-se as doações, no que se inclui o usufruto.

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Constituição do usufruto 1. Familiar

É o usufruto legal, estabelecido por lei. Todo o pai tem direito de usufruto aos bens dos filhos até a maioridade – 18 anos – sob poder familiar. Era o que no Código Civil de 1916 se chamava “pátrio poder”, porque então o poder era só do pai. Hoje é do pai e mãe. Tem regras próprias, estabelecidas no direito de família.

2. Processual

O CPC prevê a possibilidade de se constituir usufruto sobre bens do devedor até o pagamento dos débitos. Tem regras específicas no direito público.

3. Convencional

Constitui-se por negócio jurídico inter vivos ou causa mortis (testamento ou usufruto vidual). Testamento - “Deixo para fulano em usufruto de sicrano” Usufruto vidual - referente ao viúvo (a) - Em favor do companheiro supérstite, aquele que sobreviveu ao outro. - Tem direito sucessório sobre parte dos bens do de cujus. - ATENÇÃO: o cônjuge mesmo, só tem o direito de habitação. Inter vivos � um negócio jurídico - A mais usual. - Dá-se por escritura pública de usufruto e registro. Art. 1.227, CC

Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (Arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código.

- O usufrutuário tem que aceitar o usufruto. - É feito registro, não averbação. - Podem ser usufrutuários PF ou PJ. - Podem ser vários: usufruto simultâneo ou plúrimo. - Podem ser objetos de usufruto bens imóveis ou móveis (carro, máquina, joia, roupa, etc.).

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- Não há usufruto sobre coisas fungíveis, porque é um direito real. - Mas há exceções...

- Rebanhos: chamado “quase usufruto”. Se dá em usufruto, por exemplo, 10.000 cabeças de Nelore. Ao fim do prazo de usufruto deve-se devolver 10.000 cabeças, mesmo outras. - Como regra, não há usufruto de títulos de crédito. Mas a lei permite e se devolve ao fim do usufruto o dinheiro correspondente. - Também permite sobre florestas e jazidas, estabelecendo-se a forma de extração e uso.

Extinção do usufruto - Arts. 1.410 e 1.411, Código Civil

Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis:

I - pela renúncia ou morte do usufrutuário;

II - pelo termo de sua duração;

III - pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, ou, se ela perdurar, pelo decurso de trinta anos da data em que se começou a exercer;

IV - pela cessação do motivo de que se origina;

V - pela destruição da coisa, guardadas as disposições dos arts. 1.407, 1.408, 2ª parte, e 1.409;

VI - pela consolidação;

VII - por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os bens, não lhes acudindo com os reparos de conservação, ou quando, no usufruto de títulos de crédito, não dá às importâncias recebidas a aplicação prevista no parágrafo único do art. 1.395;

VIII - Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai (Arts. 1.390 e 1.399).

Art. 1.411. Constituído o usufruto em favor de duas ou mais pessoas, extinguir-se-á a parte em relação a cada uma das que falecerem, salvo se, por estipulação expressa, o quinhão desses couber ao sobrevivente.

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� O mais comum é o usufruto deducto.

Deducto porque é deduzida, tirada uma parcela dos poderes da doação.

Ocorre da seguinte forma:

� Quando o usufruto é simultâneo, a morte de um dos usufrutuários extingue parcialmente o usufruto, ou seja, a parcela ideal de direitos que cabia ao usufrutuário que faleceu retorna ao nu proprietário.

� No usufruto deducto, quando se reserva o direito de usar e fruir ao pai e à mãe, costuma-se utilizar uma cláusula de direito de acrescer, resultando que, se morre um dos usufrutuários, a parte deste é acrescida ao(s) usufrutuário(s) remanescente(s). Art. 1.411.

Direitos e Deveres

� Direitos do usufrutuário � usar e fruir.

� Deveres do usufrutuário

� Fazer uso adequado

� Restituir a coisa

� Cuidar como se dono fosse.

� Inventário

O usufrutuário tem que fazer um inventário do que está recebendo em usufruto, a fim de devolver o que, e nas condições em que recebeu.

Na prática não é um dever, mas um ônus do usufrutuário, já que sem inventário não ficam registrados eventuais vícios da coisa já no momento do recebimento.

Não há forma prescrita para o inventário, que pode inclusive constar dos termos da própria escritura.

Se o usufrutuário faz benfeitorias úteis ou necessárias é indenizado.

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� Caução

A lei estabelece que o usufrutuário, antes de assumir o usufruto, tem que prestar caução, garantia, de que vai devolver a coisa em perfeitas condições.

Como caução pode oferecer outro imóvel, fiança, etc.

Essa garantia pode ser excluída em 3 situações

1. Dispensada pelo proprietário, o que deve estar expresso na escritura;

2. No usufruto legal, dos pais em relação aos bens de filhos menores;

3. No usufruto deducto, já que o nu proprietário recebeu o bem em doação do(s) próprio(s) usufrutuário(s).