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Setenta semanas estao determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade para fazer cessar a transgresso, para expiar a iniqidade, para trazer ajustia eter na.D a n ie l 9 .2 4

Daniel 12 Captulos 357 Versculos

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INTRODUO

0 nome hebraico e tem o sentido de Deus meu juiz. Daniel foi um famoso profeta judeu do perodo babilnico e persa, embora isso seja posto em dvida por muitos crticos modernos, que descon fiam da cronologia a seu respeito. Ver a discusso sobre isso, mais adiante. Tudo quanto sabemos acerca de Daniel deriva-se do livro que tem o seu nome; as tradies, como usual, so duvidosas. Ver sobre o homem Daniel, no segundo ponto, a seguir. Esboo: I. Caractersticas Gerais I I . O Homem Daniel e o Pano de Fundo Histrico do Livro III. Autoria, Data e Debates a Respeito IV. Ponto de Vista Proftico V. Provenincia e Unidade VI. Destino e Propsito VII. Canonicidade VIII. Esboo do Contedo IX. Acrscimos Apcrifos X. Grfico Ilustrativo das Setenta Semanas XI. Bibliografia I. Caractersticas Gerais Este livro aparece na terceira seo do cnon hebraico, chama da ketubim. Nas Bblias em lnguas vernculas, trata-se de uma das quatro grandes composies profticas escritas, de acordo com o cnon alexandrino. Na moderna erudio, diferem as opinies a seu respeito. Alguns estudiosos pensam que se trata apenas de um dos melhores escritos pseudepgrafos, uma pseudoprofecia romntica, escrita essencialmente como narrativa, e no um livro proftico. Mas outros respeitam altamente o livro como profecia, baseando sobre este livro vrias doutrinas srias a respeito dos ltimos dias, ainda futuros. Seja como for, verdade que o Novo Testamento incorpora grande parte da viso proftica deste livro no Apocalipse, envolven do temas como a grande tribulao, o anticristo, a segunda vinda de Cristo, a ressurreio e o julgamento final. As indicaes cronolgi cas do livro de Daniel so adotadas diretamente pelo Apocalipse. O livro foi escrito em hebraico, mas com uma extensa seo em aramaico, ou seja, Daniel 2.4b - 7.28. Os eruditos liberais pensam que essa poro um tanto mais antiga, tendo sido adaptada s pressas para seu uso, em uma reviso palestina. Temos a introdu o do livro escrita em hebraico (Dan 1.1-2.4a), com vises adicio nais (caps. 8 em diante), a respeito de coisas que ocorreram durante a crise sob o governo de Antoco IV Epifnio (175-163 A.C.). Reves te-se de especial importncia o material do dcimo capitulo, que apresenta uma personagem semelhana dos filhos dos homens (Dan. 10.16), que os estudiosos cristos pensam tratar-se de uma aluso ao Messias. O livro tambm encerra a doutrina da ressurrei o dos mortos (Dan. 12.2,3) e uma angelologia tpica do judasmo posterior. Daniel o nico livro judaico de natureza apocalptica que foi finalmente aceito no cnon palestino, ao passo que vrios livros dessa natureza vieram a tornar-se parte do cnon alexandrino. II. O Homem Daniel e o Pano de Fundo Histrico do Livro Daniel era descendente da famlia real de Jud, ou pelo menos, da alta nobreza dessa nao (Dan. 1.3; Josefo, Anti. 10.10,1). possvel que ele tenha nascido em Jerusalm, embora o trecho de Daniel 9.24, usado como apoio para essa idia, no seja conclusivo quanto a isso. Entre doze e dezesseis anos de idade, Daniel j se encontrava na Babilnia, como cativo judeu entre todos outros jo vens nobres hebreus, como Ananias, Misael e Azarias, em resultado da primeira deportao da nao de Jud, no quarto ano do reinado de Jeoiaquim. Ele e seus companheiros foram forados a entrar no servio da corte real babilnica. Daniel recebeu o nome caldeu de Beltessazar, que significa prncipe de Baal. De acordo com os cos

tumes orientais, uma pessoa podia adquirir um novo nome, se as suas condies fossem significativamente alteradas, e esse novo nome expressava a nova condio (II Reis 23.34; 24.17; Est. 2.7; Esd. 5.14). A fim de ser preparado para suas novas funes, Daniel rece beu o treinamento oriental necessrio. Ver Plato, Alceb. seo 37. Daniel aprendeu a falar e a escrever o caldeu (Dan. 1.4) e no demorou para que se distinguisse por sua sabedoria e piedade, es pecialmente na observncia da lei mosaica (Dan. 1.8-16). O seu dever de entreter a outras pessoas sujeitou-o tentao de comer coisas consideradas imprprias pelos preceitos levticos, problema que ele enfrentou com sucesso. A educao de Daniel se deu durante trs anos, ao final dos quais ele se tornou um dos cortesos do palcio de Nabucodonosor, onde, pela ajuda divina, conseguiu interpretar um sonho do monarca, para inteira satisfao deste. Tudo em Daniel impressionava o rei, pelo que ele subiu no conceito real, tendo-lhe sido confiados dois cargos importantes, como governador da provncia da Babilnia e inspetor-chefe da casta sacerdotal (Dan. 2.48). Posteriormente, em outro sonho que Daniel interpretou, ficou predito que o rei, por causa de sua prepotncia, deveria ser humilhado por meio da insanidade temporria, aps o que seu juzo ser-lhe-ia restaurado (Dan. 4). As qualidades pessoais de Daniel, como sua sabedoria, seu amor e sua lealdade, resplandecem por toda a narrativa. Sob os sucessores indignos de Nabucodonosor, ao que parece, Daniel sofreu um perodo de obscuridade e olvido. Foi removido de suas elevadas posies, e parece ter comeado a ocupar postos inferi ores (Dan. 8.27). Isto posto, ele s voltou proeminncia na poca do rei Belsazar (Dan. 5.7,8), que foi co-regente de seu pai, Nabonido. Belsazar, porm, foi morto quando os persas conquistaram a cidade. No entanto, antes desse acontecimento, Daniel foi restaurado ao favor real, por haver conseguido decifrar o escrito misterioso na parede do salo de banquete (Dan. 5.2 e ss.). A essa altura dos acontecimentos, Daniel recebeu as vises registradas nos captulos stimo e oitavo, as quais descortinam o curso futuro da histria humana, juntamente com a descrio dos principais imprios mundiais, que se prolongariam no somente at a primeira vinda de Cristo, mas exatamente at o momen to da parousia, ou segunda vinda de Cristo. Os m edos e os persas conquistaram a Babilnia, e uma nova fase da histria se iniciou. Daniel m ostrou-se ativo no breve reina do de Dario, o medo, que alguns estudiosos pensam ter sido o mesmo C iaxares II. Uma das questes envolvidas foram os pre parativos para a possvel volta de seu povo do exlio para a Terra Santa. Sua grande ansiedade, em favor de seu povo, para que fossem perdoados de seus pecados e restaurados sua terra, provavelm ente foi um dos fatores que o ajudaram a vislum brar o futuro, at o fim da nossa atual dispensao (Dan. 9), o que significa que ele previu o curso inteiro da futura histria de Israel. Daniel continuou cum prindo seus deveres de estadista, mas sem pre observando estritam ente a sua f religiosa, sem qualquer tra n signcia. H um hino cujo estribilho diz: Ouses ser um Daniel; ouses ficar sozinho . O carter e os atos de Daniel despertaram cim es e invejas. Mediante m anipulao poltica, Daniel term inou encerrado na cova dos lees; mas o anjo de Deus controlou a situao, e Daniel foi livrado dos lees, adquirindo novo prestgio e m aior autoridade. Daniel teve a satisfao de ver um remanescente de Israel voltar Palestina (Dan. 10.12). Todavia, sua carreira proftica ain da no havia terminado, porquanto, no terceiro ano de Ciro, ele recebeu outra srie de vises, inform ando-o acerca dos futuros sofrim entos de Israel, do perodo de sua redeno, atravs de Je sus Cristo, da ressurreio dos mortos e do fim da atual dispensao (Dan. 11 e 12). A partir desse ponto, manifestam -se as tradies e as fbulas, havendo histrias referentes Palestina e Babilnia (Sus), embora no possamos confiar nesses relatos. Pano de Fundo e Intrpretes Liberais. A moderna erudio crti ca praticam ente unnime ao declarar que o livro de Daniel foi

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compilado por um autor desconhecido, em cerca de 165 A.C., por quanto conteria supostas profecias sobre monarcas ps-babilnicos que, mais provavelmente, so narrativas histricas, porquanto vose tornando mais e mais exatas medida que o tempo de seu cumprimento se aproxima (Dan. 11.2-35). Para esses intrpretes, o propsito do livro foi encorajar os judeus fiis em seu conflito com Antoco IV Epifnio (ver I Macabeus 2.59,60). Por causa da tenso em que viviam, o livro de Daniel teria sido entusiasticamente acolhi do, porquanto expe uma viso final otimista da carreira de Israel no mundo. E assim, o livro teria sido recebido no cnon hebreu. Ver no D icionrio o artigo sobre A po calp tico s, Livros (Literatura Apocalptica). Isto posto, temos duas posies: uma delas afirma que realmente houve um profeta chamado Daniel, que viveu a vida descrita nos pargrafos anteriores do livro, e cujas vises fazem parte indispensvel do quadro proftico. A outra posio diz que o livro de Daniel uma espcie de romance-profecia, que apresenta acontecimentos histricos como se tivessem sido preditos, exatos em torno de 165 A.C., mas no tanto, medida que se retrocede no tempo. Os vrios argumentos so apresentados na terceira se o, intitulada Autoria, Data e Debates a Respeito, mais adiante. Informes Posteriores sobre Daniel. Uma tradio rabnica posteri or (Midrash Sir ha-sirim, 7:8) diz que Daniel retornou Palestina, entre os exilados. Mas um viajante judeu, Benjamim de Tudela (scu lo XII D.C.) supostamente teria encontrado o tmulo de Daniel em Sus, na Babilnia. Nesse caso, se o primeiro informe veraz, ento Daniel retornou mais tarde Babilnia. H informes sobre esse tmulo, desde o sculo VI D. C., embora muitos duvidem da exatido dessas tradies, que geralmente no passam de fantasias. Um D aniel A nte dilu via n o? Alguns supem que o Daniel re fe rido em Eze. 14.14 no seja o Daniel da tradio proftica, mas, sim, uma personagem que viveu antes do dilvio, no contem pornea de Ezequiel, e cujo nom e e carter teriam inspirado o pseudnim o vincula do ao livro cannico de D aniel. A lenda u g a ritic a de A g h t re fe re -s e a um a n tig o re i fe n ic io , D n il (vocalizado com o D anei ou D aniel), o que sign ifica ria que esse nome antiqssim o. V er Eze. 28.3, onde o profeta escarnece de Tiro porque, supostam ente, era m ais sbio que D aniel . Isso poderia ser tam bm uma referncia a um antigo sbio, no con tem porneo de Daniel.

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c. III. Autoria, Data e Debates a Respeito Essas questes so agrupadas neste terceiro ponto por estarem relacionadas umas s outras, dentro do campo da alta critica sobre as atividades de Daniel. Listamos e comentamos esses problemas a seguir. 1. Um grave erro histrico, segundo alguns pensam, estaria conti do em Dan. 6.28 e 9.1, onde o autor sagrado situa Dario I antes de Ciro, fazendo Xerxes aparecer como pai de Dario I. Nesse caso, teramos a ordem Xerxes, Dario e Ciro, quando a seqn cia histrica precisam ente a inversa. Mas essa crtica plena mente respondida quando se dem onstra que Daniel se referia a Dario, o medo, um governador sob as ordens de Ciro, cujo pai tinha o mesmo nome que aquele rei persa posterior. No seria mesmo provvel que um autor, que demonstrasse to notveis poderes intelectuais, e que contava com Esd. 4.5,6 sua fren te, pudesse ter cometido um equvoco to crasso, especialm en te diante do fato de que ele situa Xerxes como o quarto rei depois de Ciro (ver Dan. 11.2). 2. O Problema do Cnon. A coletnea dos profetas hebreus j esta va completa por volta do sculo III A.C., mas no inclua Daniel, livro que foi posto na poro posterior do cnon, ou seja, entre os Escritos. O catlogo de antigos hebreus famosos, tambm cha mado Eclesistico, publicado em Sabedoria de Ben Siraque, no comeo do sculo II A.C., no menciona Daniel; e, no entanto, um sculo depois, I Macabeu alude a esse livro. Alm disso, uma poro do livro foi escrita em aramaico da Palestina, no no

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dialeto da Mesopotmia. O aramaico estava sendo falado na Palestina. Isso faz nossos olhos desviar-se da Babilnia como o lugar da composio deste livro, fixando nossa ateno sobre a Palestina. Essa critica respondida mediante a observao de que Daniel no era oficialm ente conhecido como profeta. Antes, foi um estadista com dons profticos (Mat. 24.15). E isso justifi ca o fato de ele no haver sido listado entre os profetas tradici onais. Alm disso, mesmo que o livro de Daniel j tivesse sido escrito quando Ben Siraque preparou sua lista de grandes hebreus, a omisso de seu nome no deve causar surpresa, porquanto esse catlogo tambm deixa de lado a J e a todos os juizes, excetuando Samuel, Asa, Josaf, Mordecai e o pr prio Esdras (Eclesistico 4449). Numerosos equvocos histricos, com as solues propostas. Di zem alguns que esses equvocos aparecem quando o autor abor da q u e st e s d is ta n te s da d ata de 165 A .C . (q uando, presumivelmente, o livro de Daniel teria sido escrito), o que faria bvio contraste com o conhecimento que o autor tinha do perodo grego, posterior. Os crticos, diante disso, sentem que o livro de Daniel tirou proveito de antigas lendas judaicas acerca de um sbio de nome Daniel (ver Eze. 14 e 28). Teria sido ento consti tuda uma pseudoprofecia para encorajar os judeus que sofriam sob Antoco IV Epifnio. Esse Daniel teria sido capaz de enfrentar os mais incrveis sofrimentos, pelo que todos os israelitas teriam obrigao de seguir o seu exemplo. Como resposta, precisamos levar em conta as seguintes consideraes: Quanto aos supostos equvocos, esses parecem no ter sido adequadamente respondidos no primeiro ponto, anteriormente. O suposto fato de que o tipo de aramaico usado era da Palestina, e no da Mesopotmia, tem uma resposta adequada, pelo menos at onde vejo as coisas. Os estudos sobre os documentos escritos em aramaico mostram que a variedade de aramaico usada no livro de Daniel bastante antiga, sendo impossvel estabelecer claras distines entre os dialetos, conforme alguns eruditos do passado chegam a fazer. A linguagem aramaica do livro de Daniel tem fortes afinidades com os papiros elefantinos (ver no Dicionrio a respeito) do sculo V A.C. Outrossim, o hebraico usado no livro de Daniel ajusta-se ao perodo de Ezequiel, Ageu, Esdras e dos livros de Crnicas, e no ao hebraico do perodo helenista, posterior. Parece que melhores estudos e descobertas arqueolgicas tm revertido o juzo negativo, em alguns casos significativos. Escreveu Robert Pfeiffer: 'Presume-se que nunca saberemos como o nosso autor aprendeu que a Nova Babilnia foi criao de Nabucodonosor (Dan. 4.30), segundo as escavaes tm com provado (Introduction to the Old Testament, pg. 758). O quinto captulo de Daniel retrata Belsazar como co-regente da Babilnia, juntamente com seu pai, Nabonido. Antes, esse infor me era objeto de ataques. No entanto, isso tem sido demonstra do como um fato pelas descobertas arqueolgicas (R.P. Dougherty, Nabonidus and Belshazzar, 1929; J. Finegan, Light rom the Ancient Past, 1959). Documentos escritos em cuneiforme, provenientes de Gubaru, confirmam a informao dada no sexto captulo do livro de Daniel, acerca de Dario, o medo. Atualmente, no mais possvel atri buirmos a Daniel um falso conceito de um independente reino medo, entre a queda da Babilnia e o soerguimento de Ciro, segundo alguns estudiosos fizeram, erroneamente, no passado. O autor sagrado tambm sabia o bastante sobre os costumes do sculo VI A.C., a ponto de ter dito que as leis da Babilnia estavam sujeitas ao rei Nabucodonosor, que podia lanar ou modifi car decretos (Dan. 2.12,13,46), em contraste com a informao de que Dario, o medo, no tinha autoridade para alterar as leis dos medos e dos persas (Dan. 6.8,9). Alm disso, o modo de punio na Babilnia, mediante o fogo (cap.3) ou mediante lees (cap.6), concorda perfeitamente bem com a histria (A. T. Olmstead, The H isto ry o fth e Persian Empire, 1948, pg. 473).

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h. A com parao entre as evidncias cuneiform es acerca de Belsazar e as informaes que lemos no quinto captulo de Daniel demonstra que o livro de Daniel pode ter sido escrito em uma data anterior e ser perfeitamente autntico. Naturalmente um autor do perodo dos macabeus poderia ter usado materiais autnticos quanto aos fatos sobre os quais escrevia e, ainda assim, ter escrito seu livro em uma data posterior. No entanto, o que as evidncias demonstram que a exatido do material ali registrado pode ter tido, por motivo, o fato de que o autor sagra do foi contemporneo de Belsazar. i. Segundo alguns estudiosos, o livro foi escrito no tempo dos macabeus, porque reflete melhor aquela poca, mas bem menos tempos anteriores. Contra isto, podemos observar que, entre os Manuscritos do M ar Morto (ver a respeito no Dicionrio), Daniel representado. Isto sugere que o livro tenha escrito antes daquela poca e, supostamente, antes do tempo dos macabeus. Isto, todavia, no determina quanto tempo antes. j. Palavras Gregas. No livro de Daniel, h trs nomes gregos para instrumentos musicais: a harpa, a citara e o saltrio (Dan. 3.5,10), o que poderia significar que tais palavras foram empregadas por que o autor viveu no perodo helenista. Mas essa crtica rebati da mostrando-se que h provas da penetrao do idioma e da cultura gregos no Oriente Mdio, muito antes da poca de Nabucodonosor. Portanto, no seria de admirar que Daniel, no sculo VI A.C., conhecesse alguns termos gregos para as coisas (ver W.F. Albright, From the Stone Age to Christianity, 1957, pg. 337). Tambm h palavras emprestadas do persa que se coadu nam com uma data anterior. E o aramaico usado no livro de Daniel ajusta-se ao aramaico dos papiros elefantinos, do sculo V A.C. k. O trecho de Daniel 1.1 parece conflitar com Jeremias 25.1,9 e 46.2 no tocante data da captura de Jerusalm. Daniel declara que a cidade fora capturada no terceiro ano de Jeoaquim (605 A.C.). Jeremias, por sua vez, indica que, mesmo no ano seguin te, a cidade ainda no havia sido vencida. Essa aparente dis crepncia envolve um perodo de cerca de um ano. Mesmo que fosse uma verdadeira discrepncia, no anularia o livro de Daniel como profecia autntica. Seja como for, os defensores do livro de Daniel ressaltam que os escribas babilnios usavam um sistema de computao segundo o ano da subida ao trono, o que significa que o ano da subida ao trono no era chamado de primeiro ano de governo, embora, na realidade, assim o fosse. No entanto, os escribas palestinos no observavam essa distin o, pelo que o ano em que um monarca subia ao trono era chamado de primeiro ano de seu governo. Portanto, Daniel se guiu o modo babilnico de computao, ao passo que Jeremias usou o modo palestino. Isso quer dizer que o quarto ano m enci onado em Jer. 25.1 idntico ao terceiro ano de Dan. 1.1. I. O uso do termo caldeus em Daniel, em sentido mais restrito, indica a classe dos sbios, ou ento uma casta sacerdotal (o que no tem paralelo no restante do Antigo Testamento). Mas alguns crticos pensam que isso indica uma data posterior do livro de Daniel. A observao de Herdoto, porm, em suas Guerras Persas, tambm exibe tal uso (sc. V A.C.}, demonstrando que essa maneira de expressar bastante antiga e no to recente como os crticos querem dar a entender. m. A insanidade de N abucodonosor, de acordo com os crticos liberais, seria um dram tico toque literrio da parte do autor sagrado, infiel aos fatos histricos. Porm, tanto Josefo quan to um autor do sculo II A.C., Abideno, m encionam a ques to. Embora os dois tenham vivido em data bem posterior, e a inform ao dada por eles possa ser colocada em dvida, no parece que som ente D aniel se tenha referido questo. Trs sculos mais tarde, um sacerdote babilnio, de nome B eroso, preservou uma tradio sobre o incidente da insa ni dade de N abucodonosor. O fato de que esse incidente s veio tona tanto tem po depois de ocorrncia talvez se deva

crena existente na M esopotm ia de que a insanidade m ental resulta da possesso dem onaca; e o fato de que um monarca tenha sido assim afligido, sem dvida, foi acobertado o m xim o possvel. Acompanhar os lances do debate sobre os problemas histricos do livro de Daniel no uma jornada fcil. Procurei expor diante do leitor apenas a essncia indispensvel da questo, com argu mentos e contra-argumentos. desnecessrio dizer que os dois lados no aceitam os argumentos um do outro; pois, do contrrio, j se teria chegado a um acordo. At onde vejo as coisas, vrias crticas foram devidamente respondidas, e a tendncia parece ser que h explicaes razoveis para a maior parte dos supos tos erros histricos de Daniel. No entanto, quero deixar claro que o livro de Daniel poderia ser uma profecia genuna, mesmo que houvesse nele alguns equvo cos histricos. Esperamos demais de qualquer livro da Bblia, quando esperamos perfeio at sobre questes dessa natureza. A verdade proftica, moral ou teolgica, em nada sofre por causa de discrepncias cientficas ou erros sobre questes histricas. A prpria cincia envolve inmeras discrepncias, e nem por isso rejeitamos a dose de verdade que ela nos tem apresentado. As narrativas histricas dos melhores historiadores esto repletas de erros, mas nem por isso dizemos que a humanidade no conta com nenhuma histria. Os que requerem perfeio da parte dos livros bblicos promovem um dogma humano, porque as prprias Escrituras no declaram que eles no contm erro algum. Ver no Dicionrio o artigo sobre a Inspirao, quanto a uma declarao mais detalhada sobre essa questo. 4. A Funo Proftica. Um dos problemas superficiais criados pelos crticos que eles objetam profecia de Daniel como se todas as previses ali existentes fossem observaes histricas, suposta mente escritas por um autor que viveu quando tais predies j se tinham cumprido. Os cticos que dizem que impossvel pre dizer o futuro so forados a fazer com que cada livro proftico seja reduzido ou a uma pseudoprofecia (as coisas preditas ainda no aconteceram, nem acontecero) ou a uma narrativa histrica (as coisas preditas aconteceram, mas foram registradas aps a realizao dos eventos). Porfrio (sculo III A.C.) foi quem deu incio crtica contra o livro de Daniel, e esse ponto de vista contraproftico foi ele quem promoveu. Ele supunha que o livro de Daniel teria sido composto na poca de Antoco IV Epifnio, com a finalidade de animar os judeus que estavam sendo perse guidos; e a sua idia quase exatamente igual ao que dito em nossos dias contra o livro de Daniel. Os estudos no campo da parapsicologia e a experincia humana comum mostram que o conhecimento prvio um fenmeno simples, e todas as pesso as, quando esto dormindo, possuem poderes de precognio. Mas isso ainda no o dom da profecia, embora mostre no ser um fenmeno to estranho. Os msticos modernos tm poderes profticos comprovados. 5. Conceitos Religiosos Posteriores. Os crticos partem do pressu posto de que, no livro de Daniel, h reflexos de uma teologia posterior, incluindo o conceito dos anjos e a doutrina da ressur reio, idias que no teriam atingido a forma apresentada no livro de Daniel seno j na poca dos macabeus. As idias de Zoroastro aparentemente influenciaram a angelologia dos hebreus. Sua data de 1000 A.C. d amplo tempo para que os judeus adquirissem certas idias sobre os anjos, incluindo aquelas ex pressas no livro de Daniel, que pertence cerca de 600 A.C. Ressurreio. A ressurreio claramente mencionada em J 19.26, e possvel que o livro de J seja o mais antigo da Bblia, portanto este um conceito muito antigo. Concluso. Se os crticos esto com a razo, ento o livro de Daniel foi escrito em cerca de 165 A.C., no perodo dos macabeus. Nesse caso, tanto o livro contm uma pseudoprofecia como tambm

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pertence ao grupo de pseudepgrafas, visto que o nome do autor, Daniel, teria sido artificialmente aposto ao livro. E, caso os crticos no estejam com a razo, ento o livro de Daniel foi composto em cerca de 600 A.C., por Daniel, um profeta estadista. Os eventos registrados nesse livro abarcam um perodo de cerca de setenta anos. IV. Ponto de Vista Proftico Aqueles que levam a srio o livro de Daniel, como uma profe cia, no concordam sobre como o esboo do livro deve ser com pre endido. Est claro que o livro deve ter alguma espcie de esboo da histria humana, mas est menos claro onde ficam as divises principais desse esboo. Alguns intrpretes supem que a grande imagem (Dan. 2.31-49), as quatro feras (Dan. 7.2-27) e as setenta semanas (Dan. 9.24-27) tivessem o intuito de mostrar o que ocorre ria na primeira vinda de Cristo. Esses intrpretes tambm supem que o Israel espiritual, que eles denominam de igreja, tenha cumpri do as promessas feitas aos judeus, o antigo Israel, rejeitado por Deus por causa da sua desobedincia. Essa escola de interpreta o nega enfaticamente que haja um tempo parenttico entre as semanas sessenta e nove e setenta, e que a semana restante haver de cumprir-se na futura grande tribulao (Dan. 9.26,27). Ainda de acordo com essa interpretao, a pedra que feriu a im a gem (Dan. 2.34,35) tem em vista a primeira vinda de Cristo, com o subseqente desenvolvimento da igreja. Os dez chifres da quarta fera (Dan. 7.24) no se refeririam a reis do tempo do fim, ligados a um revivificado imprio romano. O pequeno chifre de Dan. 7.24 no representaria um ser humano. A morte do Messias que poria fim ao sistema de sacrifcios dos judeus. Ou, ento, se essa idia for personificada, teramos de pensar em Tito, o general romano, por quanto foi ele quem destruiu Jerusalm e seu culto religioso. Os amilenistas que tomam essa ridcula posio. Por outra parte, os pr-milenistas (ver no Dicionrio o artigo so bre o Milnio) afirmam que a profecia de Daniel alude ao fim dos tempos, at a parousia (ver tambm no Dicionrio) ou segunda vinda de Cristo. Nesse caso, deve-se entender um perodo parenttico entre a sexagsima nona semana e a septuagsima semana (Dan. 9.26,27). Esse perodo de tempo indeterminado (j se prolonga por quase dois mil anos), correspondente dispensao da graa em que vivemos. E a septuagsima semana, que duraria sete anos, seria o perodo da grande tribulao. Os pr-milenistas esto divididos quanto ao momento do arrebatamento da igreja. Este ocorreria antes ou aps a tribulao? Alguns chegam a pensar que o arrebatamento dar-se- no meio da tribula o. A questo amplamente discutida no artigo citado sobre a Parousia. Ver tambm no Dicionrio o verbete intitulado Setenta Se manas. Os que pensam que a igreja ser arrebatada antes da gran de tribulao supem que Israel tornar-se- novamente proeminente na histria humana e enfrentar o anticristo, sobre o qual acabar obtendo a vitria, e a nao ser inteiramente restaurada sua terra. Mas, segundo esse esquema pr-tribulacionai, Israel, embora con vertido ao Senhor, no far parte da igreja. Por sua vez, os que pensam que a igreja s ser arrebatada depois da grande tribulao, embora admitam que Israel venha a converter-se ao Senhor, crem que a nao far parte integrante e inseparvel da igreja, porquanto o ensino bblico que toda a pessoa que se converte, aps o sacrif cio expiatrio de Cristo, automaticamente faz parte da igreja. Ver Rom. 11.26 ss., quanto a uma afirmao de que Israel ser restaura do como nao. De acordo com o ponto de vista pr-milenista, a imagem do segundo captulo de Daniel representa os reinos do mundo, domina dos por Satans, a saber, a Babilnia, a Mdia-Prsia, a Grcia e Roma. Nos ltimos dias, na poca dos dez reis de Daniel 7.7, Roma ser revivificada (Dan. 2.41-33 e Apo. 17. 12). O poder que unificar aqueles dez reis com seus respectivos reinos ser o anticristo. precisamente esse poder que ser destruido por Cristo, quando de sua segunda vinda (Dan. 2.45; Apo. 19). Ver tambm Apo. 13.1,2; 17.7-17 e Dan. 2.35. O Filho do Homem obter a vitria finai sobre o

anticristo (Dan. 7.13), quando vier com as nuvens do cu (Mat. 26.64 e Apo. 19.11 ss.). O anticristo o pequeno chifre de Daniel 7.24 ss. (cf. Dan. 11.36 ss.). Historicamente, esse chifre aponta para Antoco IV Epifnio, mas, profeticamente, o anticristo est em vista. Ver no Dicionrio o artigo denominado Anticristo. V. Provenincia e Unidade O livro tem toda a aparncia de haver sido escrito na Babilnia. Naturalmente, poderia ter sido escrito posteriorm ente, em Jerusa lm, aps o retorno dos exilados judeus. Os crticos supem haver pores mais antigas e mais recentes, que seriam refletidas nos dois idiomas (o trecho aramaico seria o mais antigo; ver Dan. 2.4b 7.28), adicionadas para dar uma forma final ao livro. Os crticos tambm pensam que diferentes autores estiveram envolvidos nes se trabalho. possvel que a poro mais antiga tenha sido produ zida na Babilnia, ao passo que a mais recente teria sido prepara da na Palestina, a fim de que o volume total fosse publicado na Palestina. A arqueologia tem descoberto provas de que, na antiga Mesopotmia, os escritores algumas vezes tomavam a poro prin cipal de uma obra, intercalando-a entre uma introduo e uma con cluso, de natureza literria totalmente diferente. Isso pode ser visto no cdigo de Hamurabi, no qual a parte principal prosaica, com um prefcio e uma concluso em forma de poema. O livro de J parece ter estrutura similar. Porm, esse argumento fraco. Pode-se supor que outras obras assim tambm reflitam autores diferentes, como, por exemplo, o cdigo de Hamurabi, no qual a poro prosaica de autoria de um ou mais autores, e a parte potica pode ter tido um ou vrios autores. Nesse caso, a obra poderia ser considerada uma compilao feita por algum editor, ao mesmo tempo que o prprio material escrito foi produzido por um ou mais autores. Por outro lado, a m aior parte das obras literrias compe-se de compilaes, o que no quer dizer que haja mais de um autor. O problema da unidade do livro de Daniel no est resol vido; e tambm no podemos estar certos de que apenas Daniel o escreveu. Ele pode ter agido como autor-editor, ou ento a obra pode ter incorporado seus escritos, por parte de outro autor-editor. Mas essa possibilidade em nada altera o valor proftico da obra. VI. Destino e Propsito J pudemos ver que os crticos supem que o livro de Daniel tenha sido escrito para encorajar os judeus palestinos em meio sua resistncia ao programa de helenizao de Antoco IV Epifnio. Por outro lado, o livro pode ter tido o propsito de realizar o mesmo papel, mas em favor dos judeus exilados na Babilnia, que estariam enfrentando graves problemas em seus preparativos para retornar a Jerusalm. Nesse caso, o livro tambm mostraria que Deus, embora juiz dos judeus, j que os deixou ir para o exlio, haveria de restaurlos, por causa de sua misericrdia. Esse segundo ponto de vista est mais em consonncia com o arcabouo histrico apresentado no prprio livro. Naturalmente, a arcabouo histrico poderia ter sido utilizado pelo autor como uma lio objetiva, destinada a um povo posterior, que estivesse enfrentando um conjunto inteiramente diver so de dificuldades. VII. Canonicidade O livro de Daniel foi recebido no cnon do Antigo Testamento na terceira diviso, chamada Escritos. Ao livro de Daniel no se deu lugar junto aos livros de Isaas e Ezequiel. Daniel no mediou uma revelao comunidade teocrtica, mas foi um estadista judeu dotado de dons profticos. No obstante, o Talmude (Baba Bathra 15a) testifica sobre a grande estima que os judeus tinham por este livro, que se tornou o nico livro apocalptico a ser aceito no cnon dos escritos sagrados dos hebreus. O cnon alexandrino inclua outros livros. Na Septuaginta, o livro de Daniel aparece entre os escritos profticos, aps o livro de Ezequiel, mas antecedendo os doze profetas menores. Essa disposi o tem sido seguida pelas tradues em lnguas modernas. Ver no Dicionrio o artigo separado sobre o Cnon.

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VIII. Esboo do Contedo A. Introduo. Histria Ressoai de Daniel (1.1-21) B. Vises sobre Nabucodonosor e a Histria de Ciro (2.16.28) a. A imagem em seu simbolismo, e sua destruio pela pedra corta da sem mos (2.1-49) b. A fornalha ardente (3.1-30) c. A viso da rvore, de Nabucodonosor (4.1-37) d. O festim de Belsazar e a queda da Babilnia (5.1-31) e. A cova dos lees (6.1-28) C. Vrias Vises de Daniel (7.1 12.13) a. As quatro feras (7.1-28) b. O carneiro e o bode (8.1-27) c. As setenta semanas (9.1-27) d. A glria de Deus (10.1-21) e. Profecias sobre os ptoiomeus, os selucidas e acontecimentos do tempo do fim (11.1-45) f. A grande tribulao (12.1) g. A ressurreio (12.2,3) D. Declarao Final (12.4-13) IX. Acrscimos Apcrifos A Septuaginta e a verso de Teodcio trazem considerveis adi es ao livro de Daniel, que no podem ser encontradas no cnon hebraico, a saber: 1. A Orao de Azarias (Dan. 3.24-51). 2. O Cntico dos Trs Jovens (Dan. 3.52-90). 3. A Histria de Susana (Dan. 13). 4. A Histria de Bel e o Drago (Dan. 14). Esse material todo foi acrescentado ao livro cannico de Daniel para ser preserva do, por causa de paralelos literrios, e, sem dvida, sob a inspirao do prprio livro. Ver no Dicionrio o artigo separado sobre os Livros Apcrifos, quanto a completas descries sobre o contedo e o car ter. X. Grfico Ilustrativo das Setenta Semanas Ver no Dicionrio esse grfico, no artigo sobre as Setenta Sema nas. XI. Bibliografia I IB ID ND UN YOU Z Ao Leitor O estudante srio deste livro preparar-se- para o seu estudo lendo a Introduo, que apresenta temas como: caractersticas ge rais; o homem Daniel e pano de fundo histrico; autoria, data e debates a respeito; ponto de vista proftico; provenincia e unidade; destino e propsitos; canonicidade; esboo do contedo; acrscimos apcrifos. A essas consideraes adiciono algumas poucas notas: A Bblia hebraica est dividida em trs partes: 1. A Le/ o Pentateuco; 2. os Profetas: Josu, Juizes, I e II Samuel, I e II Reis, Isaas, Jeremias, Ezequiel e os doze chamados Profetas Menores; 3. os Escritos, que se compem de doze livros: Salmos, Provrbios, J, Cantares de Salomo, Rute, Lamentaes, Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras, Neemias, I e I Crnicas. Os livros de I e II Samuel, I e II Reis e I e II Crnicas formam urn nico livro na Bblia hebraica. Provavel mente foram divididos em dois livros (a comear pela Septuaginta)

para que fosse mais fcil manusear os rolos, os quais por si ss j eram difceis de manusear, quanto mais se permanecessem inteiros. At um leitor casual notar que as divises da Bblia hebraica no so perfeitas, e que as divises modernas, de fato, so melhores. Seja como for, Daniel no estava includo entre os profetas maiores nem entre os menores, mas, de fato, era um livro de profecia. Jesus chamou Daniel de profeta (ver Mat. 24.15) e ningum podia disputar a propriedade desse ttulo. Ver o grfico sobre os profetas hebreus na introduo ao livro de Isaas. Daniel a primeira grande obra apocalptica das Escrituras hebraico-crists. Ver no Dicionrio o artigo chamado Apocalpticos, Livros (Literatura Apocalptica). Outros exemplos desse tipo de litera tura so I Enoque, o Baruque siraco e o Apocalipse do Novo Testa mento. A essncia do livro de Daniel composta por seis histrias, com quatro sonhos-vises. Talvez o Daniel referido em Eze. 14.14 e 28.3 seja a personagem bblica. Mas os estudiosos liberais fazem dele um judeu piedoso que viveu sob as perseguies de Antoco Epifnio, 167-164 A. C. Os conservadores contudo no vm razo avassaladora para negar que ele tenha sido um ativo real na Babilnia. Ver no Dicionrio o verbete chamado Cativeiro Babilnico. Ver sobre autoria, data e pano de fundo histrico na seo III da Introduo. Alguns eruditos supem que o livro inteiro tenha sido originalmente escrito em aramaico. A seo de Dan. 2.4b-7.28 permaneceu naque le idioma (uma lngua irm do hebraico) at hoje. O restante do livro foi escrito em hebraico. Daniel, a exemplo de Ezequiel, foi um cativo judeu na Babilnia. Ele pertencia famlia real (Dan. 1.3). Por causa de sua posio social e beleza fsica, foi treinado para servir no palcio real. Na atmosfera poluda de uma corte oriental, Daniel viveu uma vida de sing ula r piedade e utilidade. Sua longa vida estendeu-se de Nabucodonosor a Ciro. Foi contemporneo de Jeremias, Ezequiel (14.20), Josu, o sumo sacerdote da restaurao, e tambm de Esdras e Zorobabel. O livro de Daniel a indispensvel introduo profecia do Novo Testamento, cujos temas so: a apostasia da igreja; a mani festao do homem do pecado; a grande tribulao; a volta do Se nhor; a ressurreio e os julgamentos. Esses temas, excetuando o primeiro, tambm so tratados por Daniel. Ele , distintamente, o profeta dos tempos dos gentios (ver Luc. 21.24). Suas vises cobrem todo o curso do poder gentlico mundial, at o seu fim, que ser uma catstrofe, e at o estabelecimento do reino messinico (Scofield Reference Bible, introduo ao livro). /4s Seis Histrias de Daniel e Seus Amigos: Captulo 1: Daniel e seus amigos na corte de Nabucodonosor Captulo 2: O sonho de Nabucodonosor Captulo 3: O dolo de ouro e a fornalha de fogo Captulo 4: A loucura de Nabucodonosor Captulo 5: A festa de Belsazar Capitulo 6: Daniel na cova dos lees Os Quatro Sonhos Vises: Captulo 7: A viso das quatro feras Captulo 8: A viso do carneiro e do bode Captulo 9: A profecia das setenta semanas Captulos 10-12: A viso sobre os ltimos dias

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EXPOSIO

C a p tu lo UmAs Histrias (1.1 - 6.28) Todas as histrias de Daniel tm por pano de fundo a corte da Babilnia. Quatro delas ocorreram durante o reinado de N abucodonosor (caps. 1-4). E uma histria ocorreu nos dias de Belsazar, governador da Babilnia sob Nabonido, o ltimo dos reis do im prio neobabiinico (cap. 5). A ltima das histrias sucedeu nos dias do conquistador persa da Babilnia (cap. 6). Todas essas histrias tm elevado contedo moral, enfatizando com o o homem bom pode vencer qualquer obstculo, se no com prom eter sua espiritualidade e moralidade, a despeito das provaes pelas quais tiver de passar. Alguns judeus fiis, que foram persegui dos, elevaram-se a altas posies em meio ao m ais crasso paganismo. As histri as narradas em Daniel so, ao m esm o tempo, contos de uma corte oriental, combinados com a tradio hagiogrfica. A lguns eruditos supem que tudo isso seja mero artifcio literrio, e tam bm que no devem os preocupar-nos com a realidade histrica envolvida. Em outras palavras, para esses eruditos trata-se de histrias de exem plos morais e espirituais que no representam nem histrias nem profecias. Os eruditos conservadores, pelo contrrio, encontram tanto valor histrico quando proftico nesses relatos. Primeira Histria: Introduo a Daniel e Seus A m igos na Corte (1.1-21) Muitos eruditos crem que todo o livro de Daniel tenha sido originalmente escrito em aram aico. Mas a parte do livro que continha escrita original aramaica form ada pelos captulos 2-6. O prim eiro capitulo foi escrito em hebraico. 'Essa uma histria que ensina com o a observncia fiel da lei recom pensada" (Oxford A nnotaled Bible, com entando sobre o vs. 1). Prlogo (1.1-7) Os dois primeiros versculos do livro de Daniel afirmam quando e como o profeta foi levado para a Babilnia. Os eventos do livro comearam no terceiro ano do reino de Jeoaquim, rei de Jud. Isso parece estar em conflito com a declarao de Jeremias de que o primeiro ano de Nabucodonosor, rei da Babilnia, ocorreu no quarto no do reinado de Jeoaquim (Jer. 25.1) (J. Dwight Pentecost, introduo seo). Ele apresenta duas maneiras possveis de solucionar a aparente contradi o: 1. O calendrio judaico comeava o ano no ms de tishri (setembro-outubro), enquanto o calendrio babilnico comeava o ano na primavera, no ms de ns (maro-abril). Se o cmputo babilnico for usado, obteremos o ano do cerco de Nabucodonosor de Jerusalm como o quarto ano de Jeoaquim, mas o cmputo judaico assinalava o terceiro ano. Daniel, sendo judeu, pode ter empregado o cm puto judaico. 2. Ento temos de considerar com o os babilnios contavam as datas dos reinados dos reis. A poro de um ano que antecedia o incio de um novo ano, antes da subida ao trono, era cham ada de primeiro ano, mesmo que tivesse curta durao. Se Jeremias seguiu esse modo de contar as datas, ento ele contou o ano de subida ao trono de Jeoaquim (que foi apenas parte de certo ano) como o primeiro ano. Paralelamente, Daniel pode ter usado o modo de contar judaico, que no considerava aqueles meses como o primeiro ano de reinado de um monarca. Assim sendo, ele contou somente trs anos inteiros do reinado de Jeoaquim. Seja como for, o ano foi 605 A. C. A tudo isso devem os adicionar a observao de que discrepncias dessa espcie, se que existem, de modo algum comprometem a inspirao e a exatido da mensagem. Harmonia a qualquer preo , com freqn cia, a manipulao de informes ao preo da honestidade. 1.1 No ano terceiro do reinado de Jeoaquim . Quanto s trs deportaes de Jud que se seguiram aos diversos ataques de N abucodonosor contra Jerusalm, ver as notas sobre Jer. 52.28. O terceiro ano de Jeoaquim foi 606 A. C. Nabucodonosor a form a judaica de Nabuchadrezar, que, em 597 A. C., levou os tesouros do tem plo e cativos para a Babilnia (II Reis 24.10-15). No vs. 2, a Babilnia cham ada por seu antigo nome, Sinear (ver Gn. 10.10; Isa, 11.11) (O xford Annotated Bible, sobre o Prlogo). Note o leitor a variao da data supos ta. Cf. II Cr. 36.2 com II Cr. 36.5. O irm o m ais novo de Jeoaquim , Jeoacaz, tinha sido posto no trono de Jud por Fara Neco, que m atara o rei Josas, em 609 A. C. Neco destronou Jeoacaz e ps Jeoaquim no trono (II Cr. 36.3-4). Daniel foi levado Babilnia por ocasio da primeira deportao. Ver sobre Daniel, o homem, na introduo ao livro, seo II, primeiro pargrafo. 1.2 O Senhor lhe entregou nas mos a Jeoaquim . Quanto histria completa dos ataques babilnicos e dos cativeiros subseqentes, ver no Dicionrio o artigo

chamado Cativeiro Babilnico. O cativeiro ocorreu por meio de ondas. Jeoaquim foi primeiro subm etido ao pagam ento de tributo e ao acordo de que no se rebelaria. Quando ele ignorou esses acordos, Nabucodonosor retornou a Jud pela segunda vez, em 597 A. C. Nesse tempo, dez mil cativos judeus foram levados para a Babilnia. O profeta Ezequiel estava entre eles. Ver Eze. 1.1-3; II Reis 24.8-24 e II Cr. 36.6-10. Foi a incansvel trade idolatria-adultrio-apostasia que causou a calam idade iniciada com Jeoaquim , mas no term inada com ele. Ver Jer. 7.30 ss.; 34.12-22 e Hab. 1.6. Alguns dos utenslios da casa de Deus. A primeira deportao incluiu um saque parcial do templo. Ver essa histria em II Reis 24.12-16. Haveria um segun do ataque contra Zedequias, o ltimo rei de Jud. Quanto a isso, ver II Reis 25.1317 e cf. II Cr. 36.18 e Jer. 27.19,20. S inear. Este era o antigo nome da Babilnia, usado pelos hebreus. Ver Gn. 10.10-11.2; 14.9; Isa. 11.11; Zac. 5.11. A casa do seu deus. O nome comum, nos livros de Reis, casa de Yahweh. Escritores posteriores, com o aqui, usaram a expresso casa de Elohim . O term o se repete em Dan. 5.3. O uso das palavras de Elohim reflete o uso mais antigo. Ver Ju. 17.5 e 18.31. O santurio de Silo cham ava-se casa de Elohim , com o sentido de casa de poder . Ver no Dicionrio o artigo cham ado Deus, Nomes Bblicos de. O livro de Daniel tende a evitar o nome sagrado, Yahweh, provavel mente por motivo de respeito ao mais augusto dos nomes hebraicos de Deus. A deportao dos judeus foi uma grande perda financeira, e no meramente em termos de vidas. Algumas vezes, os templos antigos eram essencialmente tesouros. Ver I Cr. 28.11. Ezequias tolamente mostrou os tesouros do templo aos babilnios, o que acabou custando-lhe uma severa repreenso de Isaas. V er II Reis 20.12 ss. Seu deus. Dan. 4.8 informa-nos que o deus de Nabucodonosor era Bel, ou seja, Marduque, o deus cidade da Babilnia, cabea do panteo babilnico da poca. Cf. Isa. 46.1; Jer. 50.2; 51.44. Ver no Dicionrio o verbete chamado Nabucodonosor. 1.3 Disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos. A spenaz figura por nome somente aqui, e no aparece em nenhum outro trecho do A ntigo Testam ento. Ele cham ado de outros m odos por seis vezes, por o eunuco" ou o chefe dos eunucos, em Dan. 1.7-11,18. A derivao desse nome incerta, m as sua verso hebraica parece significar narina de cavalo, por razes desconhecidas. Ele era o chefe dos eunucos do rei Nabucodonosor. Daniel e seus com panheiros foram entregues aos seus cuidados, e ele lhes trocou os nomes (ver Dan. 1.3,7). O tempo foi cerca de 604 A. C. A petio de Daniel, no sentido de que no fosse com pelido a com er as provises enviadas m esa real, foi aceita favoravelm ente, bondade que o profeta, agradecido, registrou em Dan. 1.16. Os eruditos suben tendem do fato que o homem era o chefe dos eunucos, e Daniel e seus com pa nheiros hebreus tambm foram feitos eunucos. Mas esse ponto disputado. Alm disso, o chefe dos eunucos nem sem pre era castrado. A spenaz tinha o dever de preparar jovens prom issores para o servio especial ao rei, e Daniel estava entre aqueles que foram escolhidos para esse mister. Assim da linhagem real como dos nobres. Quase incidentalmente, aprende mos algo do nascimento real ou nobre de Daniel. Mas no dada nenhuma genealogia, o que seria comum, sabendo-se da importncia atribuda questo pelos hebreus. Quanto a comentrios sobre o pano de fundo de Daniel, ver a seo II da Introduo. Josefo (Antiq. X.10.1) diz-nos que Daniel e seus companheiros pertenciam famlia de Zedeouias, mas no sabemos se essa informao correta, ou se ele sups que tal informao fosse correta devido declarao deste versculo. O Ofcio de Aspenaz. A spenaz cham ado de chefe dos eunucos, que pode ter sido o significado da palavra nos tem pos de Daniel. Mas alguns sugerem a traduo oficial para o term o hebraico sars, e isso deixa a questo ambgua. Esse homem, mesmo que fosse supervisor do harm real, provavelm ente tinha outros deveres tambm. 1.4 Jovens sem nenhum defeito, de boa aparncia. D aniel e seus amigos nobres (ou reais) eram espcies fsicos perfeitos. Adem ais, em bora jovens, eram conhecidos por sua sabedoria e erudio, pelo que tam bm se distinguiam inte lectualm ente. Conforme a narrativa se desdobra, descobrim os que eles eram homens espirituais especiais, que levavam a srio sua f religiosa. Portanto, foi apenas natural que tivessem sido escolhidos pelo rei da Babilnia para receber um treinam ento especial, a fim de que fossem em pregados em algum servio que lhes fosse planejado, em benefcio do im prio. Essa histria me faz lem brar do dreno de crebros em que os Estados Unidos da Am rica est envolvido. Inte lectuais de muitos pases, que ali vo para receber treinam ento, term inam ficando

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DANIELsem com o lutaram a fim de salvar e fom entar sua piedosa identificao judaica, perm anecendo fiis a Yahweh e lei m osaica. Notemos como os nomes anteriores ligavam essas figuras ao yahwismo: Hananias significa Yah tem sido gracioso"; Misael significa Quem o que El ?; Azarias significa Yah tem ajudado. E Daniel significa El tem julgado. Cada um desses nome incorpora um nome hebraico para Deus. Em sentido contrrio, h esforos para fazer com que os nomes novos correspondam divindade babilnica. Os massoretas suge riam que Bel podia ser visto no nome Beltessazar. Abede-Nego parece significar o mesmo que Abdi-nabu, servo de Nebo. Mesaque pode significar estou desprezado (humilhado) (na presena do meu deus). Nada semelhante tem sido demonstrado no caso do nome Sadraque. Mas talvez a ltima slaba, aque, esteja associada ao nome Sadraque, ou a Merodaque. No entanto, outros vem aqui uma aluso a rak, que no acdico significa rei, e pelo qual devemos entender sol ou deus-sol. Mas outros preferem sugerir saduraku, que significa temo (o deus). O Teste dos Fiis (1.8-16) 1.8 Resolveu Daniel firm em ente no contam inar-se. Bem no com eo de ter sido to altam ente favorecido, Daniel resolveu perm itir que sua f religiosa interfe risse e lhe causasse dificuldades. No so muitas as pessoas que perm item que sua f intervenha em alvos e am bies mundanas, para nada dizerm os sobre os prazeres, que usualm ente form am a base de sua fiiosofia de vida. Daniel e seus amigos resolveram arriscar-se a enfrentar a ira do rei (que lhes seria fatal), a fim de perm anecerem fiis. Eles se revoltaram contra o alim ento no-kosher que lhes era servido. Os alim entos consum idos pelos pagos continham coisas considera das cerim onialm ente im undas para os judeus. Ver no D icionrio o artigo cham ado Lim po e Imundo. Daniel fez um propsito em seu corao (segundo a King Jam es Version e nossa verso portuguesa). Ele tinha profundas convices sobre essas questes. Ver sobre corao, em Pro. 4.23. Quanto a outras instncias nas quais os judeus tentaram efetivar seus regulam entos dietticos em ambientes pagos, ver Ju. 12.1-4; Tobias 1.10,11; IV M acabeus 5.3,14,27; Josefo (Vidas, 3); Jubileus 22.16. O texto de I M acabeus 1.62,63 mostra que, para alguns judeus, com er alimentos ilegtim os significava praticar pecados graves. Tudo isso se assem elha s convices que os evanglicos costum avam ter, as quais, em nossos dias, foram essencialm ente abandonadas devido atm osfe ra m undana de nossas igrejas. Notem os que Daniel tam bm rejeitou o vinho do rei. Os judeus bebiam vinho e, se fossem piedosos, eram usurios m oderados de vinho. Talvez Daniel estivesse apenas certificando-se de que no se contam inaria por im itar os com edores e bebedores da Babilnia, em nenhum sentido. Portanto, cortem os o vinho da lista. N abucodonosor dava a seus futuros oficiais uma prova da boa vida, parte da qual consistia em alim entos e bebidas superabundantes. Os babilnios no diluam o vinho, m as os hebreus o faziam ; e, assim sendo, os babilnios tendiam mais para o alcoolism o do que os judeus. Alguns israelitas misturavam uma parte de vinho com trs partes de gua, e alguns chegavam a diluir uma em seis partes. V er em Pro. 20.1 e Isa. 5.11 advertncias contra as bebidas alcolicas. Ver no Dicionrio o verbete cham ado Bebedice. Os gregos e os rom anos tambm m isturavam vinho com gua. Um dia, meu professor de latim, diante de uma passagem que m ostrava esse fato, declarou no entender como algum podia fazer algo assim. E essa era, talvez, a nica coisa, acerca dos gregos e romanos, que ele no com preendia. A lguns estudiosos sugerem que os alim entos babilnios eram dedicados a seus deuses por m eios rituais, algo pareci do com as bnos que, em nossos dias, m uitos pedem antes das refeies. Isso pode ter feito parte da objeo de Daniel. Humildem ente, Daniel requereu que fosse isentado dos alim entos oferecidos aos jovens hebreus, e Aspenaz, o porta-voz de Daniel, foi capaz de dar-lhe essa licena, conform e vem os no vs. 16. Daniel, entretanto, no dem onstrou intolern cia ou anim osidade, com o fazem alguns separatistas hoje em dia. Ele no iniciava inimizades desnecessariam ente.

no pas e servindo a A m rica do Norte, e no seus prprios paises. Notemos que aqueles jovens tam bm eram sim pticos , pelo que os hom ens bonitos sempre tm algum a vantagem, e tanto mais quando possuem outras qualidades que acom panham a beleza fsica. Para assistirem no palcio do rei. Literalmente, diz o hebraico: para se porem de p perante o rei. O texto fala em servio da corte (ver I Sam. 16.21; I Reis 12.6), m esm a expresso usada para indicar os atendentes angelicais que esto de p na presena de Deus, em Dan. 7.10. Esses hom ens extraordinrios seriam usados em toda a espcie de servio divino. E lhes ensinasse a cultura e a lngua dos caldeus. Note o leitor a nfase sobre a educao e a cultura. Esses homens bons tornar-se-iam ainda melhores por uma boa educao que incluiria srio estudo da linguagem. Como eles deve riam servir na Babilnia, teriam de falar o idioma do lugar. O program a educacio nal provavelm ente incluiu o estudo da agricultura, da arquitetura, da astrologia, da astronomia, das leis, da m atemtica e da difcil lngua acdica (J. Dwight Pentecost, in loc.). Nenhum prm io oferecido ignorncia. Um pai cuidar para que seus filhos obtenham uma boa educao. No basta faz-los ler a Bblia. O acdico, conforme aprendem os em Jer. 5.15, era o neobabilnico. Embora fosse um idioma semtico, no era entendido pelos judeus. Abrao, naturalmente, veio de Ur, antiga cidade babilnica. Ver o artigo sobre Babilnia, no Dicionrio. At mesmo um judeu esperto teria pouco conhecimento em comparao com os ho mens bem-educados da Babilnia. Os judeus eram especialistas nos campos da religio e da literatura, mas pouco sabiam sobre as cincias e seus muitos ramos.

1.5Determ inou-lhes o rei a rao diria. queles jovens seletos e prom issores foi dado um tratam ento em estilo real; eles recebiam aulas de primeiro nvel em boa mesa, e com iam diretam ente das provises reais, ou seja, metaforicam ente, com iam da m esa do rei . Tinham os ricos alim entos e o vinho de que o prprio rei desfrutava, mas term inaram rejeitando essa alim entao em favor da comum dieta judaica, conform e se v no vs. 16. Sem dvida, por motivo de sade, isso era m elhor para eles, mas a preocupao principal era obedecer dieta judaica ideal. Alm disso, a rejeio dos alim entos reais era uma m aneira de eles dize rem: Tam bm rejeitam os o luxo e a idolatria deste lugar, com o algo contrrio boa m oral. Os hebreus escolhidos para esse program a especial continuariam sendo treinados por trs anos e ento teriam de apresentar-se ao rei para que fosse verificado o quanto da educao babilnica tinham absorvido. Se fossem considerados qualificados, entrariam no servio do rei. Os trs anos de educao e treinam ento prtico significariam a form ao universitria no sentido babilnico. Nabucodonosor no tinha uso para homens ignorantes. Esses acabariam varren do soalhos e cavando valetas. Daniel e seus amigos tinham de especializar-se nas tradies dos sbios caldeus, aperfeioando-se na sabedoria e erudio babilnica, tal como Moiss precisou tornar-se sbio na erudio egpcia (ver Atos 7.22). Os pagens reais viviam da abundncia real. Eles tinham raes dirias determinadas, o alimento e a bebida da mesa real. Ateneu (Deifosofistas, IV.26) mencionou que os atendentes do rei persa tinham recebido proviso da mesa real, e a poro diria para os cativos da realeza, na Babilnia, mencionada em Jer. 52.34. Por trs anos. Nos escritos babilnicos, desconhece-se qualquer perodo de trs anos de educao, mas isso nos faz lem brar dos trs perodos nos quais os escritores gregos diziam estar dividida a educao de um jovem persa (Plato, Alcebades 1.121; Xenofonte, C yropaedia I.2) (Arthur Jeffery, in Ioc.).

1.6,7Entre eles se achavam, dos filhos de Jud. Estes dois versculos nomeiam os amigos de Daniel: Hananias, Misael e Azarias. V er no Dicionrio os artigos sobre cada um deles. Todos pertenciam tribo de Jud, presumivelmente (mas no necessariamente) de Jerusalm. No Dicionrio h catorze homens que atendiam pelo nome de Hananias, no Antigo Testamento, e o do nosso texto o de nmero oito. H tambm trs homens com o nome de Misael, no Antigo Testamento, e o do texto presente o de nmero trs no Dicionrio. Finalmente, h vinte e cinco homens, no Antigo Testamento, que atendem pelo nome de Azarias! E este o ltimo Azarias da lista, no Dicionrio. O chefe dos eunucos (chamado Aspenaz no vs. 3) mudou os nomes desses trs homens para Sadraque, Mesaque e AbedeNego. Ver o artigo sobre esses trs, juntam ente, sob esse ttulo, onde apresento notas mais detalhadas. O nome de Daniel, finalmente, foi mudado para Beltessazar. O nome alternativo de Daniel aparece oito ou dez vezes na seo aramaica do livro (ver Dan. 2.26; 4.8,9,18,19 (quatro vezes) e 5.12). E tambm se acha em Dan. 1.7 e 10.1. Esses novos nom es provavelm ente significam que, doravante, eles seriam sditos babilnicos (sua histria anterior term inou juntam ente com os antigos nomes) e serviriam a deuses babilnicos, e no a Yahweh. Em outras palavras, a esperana que eles seriam totalm ente paganizados para melhor servir Babilnia. Dessa form a, estava arm ado o palco para que eles m ostras

1.9Ora Deus concedeu a Daniel m isericrdia e com preenso. A primeira coisa que sucedeu foi que Elohim (o Poder) influenciou Aspenaz para sim patizar com a causa de Daniel. O homem teve com paixo de Daniel, sabendo que at poderia ser executado, caso o pedido de Daniel desagradasse o rei. Portanto, ele fez o melhor ao seu alcance para tratar do caso. Deus fez Aspenaz querer ser bondoso e m isericordioso com Daniel (NCV). A histria ensina, em ltima instn cia, que um homem pode defender suas convices de m aneira civil, e que Deus pode m ostrar e realm ente mostra Seu favor em prol de quem quer ser-Lhe obedi ente. Cf. os casos de Jos no Egito; de Ester na corte de Assuero; e de Esdras diante de Artaxerxes. No nos lembremos, entretanto, do mom ento em que Moiss se encontrou com o Fara! A graa de Deus capacita cada indivduo a vencer as tentaes para as quais as circunstncias o conduzem (Ellicott, in ioc.). Por causa da ao de Elohim Daniel recebeu o favor real, e por causa Dele Daniel, visto ter uma m isso a realizar na Babilnia, seria invencvel at cum prir essa

DANIELmisso. Um dspota oriental ordinrio teria, em um a exploso de ira, ordenado que o ofensor fosse decapitado im ediatam ente (Fausset, in Ioc.). 1.10 Disse o chefe dos eunucos a Daniel. O chefe dos eunucos no era especialista em nutrio, mas tinha certeza de que os jovens no-judeus, que se alimentavam de carne, seriam muito mais saudveis, fortes e bonitos do que os judeus que se alimen tavam de vegetais. Ele seria responsabilizado por esse resultado e poderia ser demovido de seu cargo, ou mesmo executado por no ter cumprido o seu dever, cedendo diante das demandas tolas de um povo que no tinha direitos. O rosto deles era parecido com a tristeza (hebraico literal), por causa da dieta fraca. O chefe dos eunucos no seria capaz de ocultar a verdade. A cabea do chefe dos eunucos corria perigo. 1. Ele poderia ser executado por decapitao, de acordo com alguns intrpretes; ou 2. ele seria considerado responsvel e punido de qualquer maneira que o rei escolhesse. O termo cabea representa a pessoa (ver I Cr. 10.9).

3375

John Gill (in Ioc.) admite que aquilo que Daniel e seus am igos com eram no podia resultar no bem, pelo que certam ente deve te r havido uma interveno divina. Mas outros estudiosos louvam o vegetarianism o. No fim dos dez dias, as suas aparncias eram melhores. O resultado foi que o cozinheiro-chefe (o homem que cum pria as ordens de Aspenaz) levantou a rica dieta babilnica e deixou os pobres hebreus a com er seus legumes e a beber sua gua. Lembrem os que eles continuarem nesse regime por trs anos. Grande deve ter sido a recom pensa por esse sacrifcio! E precisam ente com isso que o autor sacro procurava im pressionar-nos. Yahweh est com aqueles que se sacrifi cam por am or justia. O incidente foi uma lio ao desobediente povo de Jud, por causa de sua idolatria-adultrio-apostasia naquele m om ento do cativeiro babilnico. A total ausncia de bom senso e disciplina os levara quele ponto. No s de po viver o homem, m as de tudo o que procede da boca do Senhor... (Deuteronm io 8.3) Eplogo (1.17-21) Agora o autor diz-nos diretamente que Deus estava em tudo aquilo. Deus deu o que eles precisavam: boa sade, fsico forte e mente aguda. Essas vantagens foram concedidas aos jovens hebreus como recompensa por sua fidelidade. Cf. Sal. 37 e Eze. 18-33. O rei foi muito exigente ao subm eter os jovens hebreus a testes e inspees. A ajuda divina garantiu que eles no fracassassem, mas antes tivessem ressonante sucesso. O autor sacro estava dizendo que os bons so recompensa dos , especialmente quando se opem s corrupes dos pagos.

1. 11,12Ento disse Daniel ao cozinheiro-chefe. D aniel foi o porta-voz dos outros trs jovens hebreus e reconheceu que todos os quatro estavam debaixo da auto ridade de Aspenaz. Se o hom em insistisse, acabaria fazendo o que bem quises se, e Daniel e seus am igos teriam de obedecer-lhe, ou ento sofreriam as conse qncias da desobedincia. Mas Daniel pediu que a questo fosse subm etida a teste por dez dias. Eles com eriam apenas legum es e tomariam gua. A dieta de vegetais evitaria com pletam ente a carne, incluindo aqueles tipos no permitidos pelas leis judaicos do Lim po e do Im undo (ver a respeito no Dicionrio). Beber som ente gua evitaria que os jovens se em briagassem com o vinho sem m istura dos babilnios, que seria forte dem ais para os hebreus, acostum ados a m isturar vinho com gua. V er as notas sobre os vss. 5 e 8. Os antigos sabiam quais alimentos eram necessrios boa sade. A carne essencial, a m enos que seja substituda por leite e derivados, que contm protenas, ou pelos tipos de feijo que tam bm contm protenas. O com plexo de vitam inas B difcil de conseguir, a menos que se consum a carne. Portanto, ficam os perplexo diante da esperana de sucesso com uma dieta vegetariana, que no era a form a tpica de alim enta o dos hebreus. S podem os supor que Yahweh tenha intervindo. Naturalmente, dez dias no o suficiente para produzir deteriorao visvel no estado fsico de uma pessoa que se alim enta sem consum ir protenas e o com plexo de vitaminas B. Seja com o for, uma quantidade suficiente de trigo poderia salvar o dia.

1.17No foi a dieta vegetariana que tomou os hebreus mais sbios e inteligente. Essas vantagens eles obtiveram pelo trabalho rduo e pela ajuda divina. Algumas pessoas clamam pela assistncia divina, mas negligenciam o trabalho rduo. Quan do os estudantes fazem alguma prova de matemtica, a classe toda apela para a orao. Isso bom, mas tem pouca utilidade se os homens tambm no estudaram. Alguns estudantes apelam para a cola e ganham boas notas desonestamente, mas em algum ponto a Lei da Colheita Segundo a Semeadura (ver a respeito no Dicionrio) haver de alcan-los. Assim sucede em nossa vida espiritual. Daniel foi abenoado com os outros jovens hebreus, mas recebeu um dom especial que seria importante m ais tarde: a capacidade de interpretar sonhos e vises. Em outras palavras, ele recebeu habilidades msticas. V er no Dicionrio o verbete intitulado M isticism o. E em vez de o leitor criticar a palavra misticism o, sugiro que leia o artigo. V er no D icionrio o artigo cham ado S onhos e Vises. Nos dias de Daniel, os profetas eram rejeitados. Mas Daniel cum priria sua misso completa, por causa de seus dons profticos. No esqueam os que este versculo tam bm ensina que Daniel e seus am igos obtiveram sucesso no cum prim ento das expectaes do rei ao dom inar a erudio e a sabedoria dos babilnios (ver o vs. 4). P ortanto, a vida com pese de vrias realizaes, incluindo a boa educao. O secular e o sagrado com binam -se na experincia de todos os hom ens preparados. possvel que algum tenha uma m ente to celestial que acabe sem uso algum neste mundo m aterialista. Cf. o caso de Jos. Ele foi favorecido com o hom em de m uitas aptides, entre as quais se destacava a capacidade de interpretar sonhos (ver Gn. 40.5; 41.1,8).

1.13Ento se veja diante de ti a nossa aparncia. Passados os dez dias haveria uma cuidadosa inspeo da condio fsica dos hebreus; eles seriam comparados com os no-hebreus que tinham comido carne e bebido vinho e tambm estavam no programa de treinamento de Nabucodonosor. Aspenaz seria o juiz e tomaria uma nova deciso sobre os alimentos e as bebidas, se assim julgasse melhor. John Gill (/n Ioc.) supunha que Yahweh fizera a Daniel uma revelao garantindo o sucesso do teste, mas isso parece desnecessrio. Daniel, podemos ter certeza, confiava no Ser divino quanto ao bom resultado da experincia, pois estava servindo ao Ser divino.

1.14-16Ele atendeu, e os experimentou dez dias. Aspenaz concordou com o teste de dez dias. Os no-hebreus banqueteavam-se com toda a came e o vinho sem mistura, enquanto os pobres hebreus comiam apenas feijo e arroz, e bebiam gua. Essa dieta no era nada inspiradora, mas fazia bem. Dez dias geralmente figuram como um perodo de provas, mais ou menos como os quarenta dias, semanas ou anos. Ver Apo. 2.10. Portanto, os jovens hebreus estavam submetendo-se a um teste de f e nutrio. No fim do perodo do teste, a f deles foi justificada. Eles no somente pareciam mais saudveis e fortes, mas tambm estavam mais bonitos. Quando foram comparados com os outros jovens no-hebreus, ficou definitivamente demonstrado que os legumes eram uma dieta melhor do que o regime de carnes, e que a gua era melhor do que o vinho. Do ponto de vista natural, temos de supor aqui: 1. Os hebreus comiam bons alimentos de trigo, cereal rico em protenas e no complexo B; 2. os no-hebreus ficaram debochados por todo o seu rico alimento, acompanhado de muita bebida alcolica. Ou ento Yahweh interviera diretamente, garantindo os bons resultados. O Criador tambm acompanhou Sua cria o, recompensando e punindo, de acordo com os ditames das leis morais. A isso chamamos de teismo, em contraste com o desmo, que supe que a fora criativa (pessoal ou impessoal) abandonou sua criao aos cuidados das leis naturais. Ver sobre ambos os termos no Dicionrio. A histria foi escrita para judeus piedosos como uma lio objetiva, e podemos estar certos de que a interveno divina era mais importante para eles do que uma nutrio saudvel. H um paralelo a essa histria, no Testam ento de Jos (3.4), quando Jos, embora estivesse jejuando, m anteve-se em um estado fsico superior ao dos egpcios, que se banqueteavam com um a dieta gorda. Assim sendo, aprendem os que aqueles que jejuam para o Senhor so recom pensados com a beleza fsica.

1.18Vencido o tem po determ inado pelo rei. Ao fim dos trs anos (vs. 5), chegou o grande e assustador dia. Os estudantes tiveram de com parecer pe rante o Grande Chefe, o prprio rei N abucodonosor, que seria o ju iz final. Eles seriam ou no o que ele queria que eles fossem . Se correspondessem ao desejo real, seriam galardoados, recebendo algum servio em favor do m onar ca. Caso contrrio, seriam expulsos do palcio, com o dem onstrao de desgos to. A vida assim . Som os responsabilizados por aquilo que fazem os e por aquilo em que nos tornam os. E tam bm existem ju ize s adequados que fazem essa avaliao.

1.19Ento o rei falou com eles. O fim da questo o que esperam os saber, pois Yahweh estava com Seus servos, que se tinham sacrificado por causa Dele. Lembremo-nos, pois, de todo esse duro trabalho. Eles precisava que o corao estivesse disposto e a m ente funcionasse no m xim o de suas potencialidades. A lgum as pessoas religiosas querem que tudo lhes seja dado, m eram ente porque so religiosas, mas isso viola a lei do trabalho rduo do universo, uma parte integral da Lei M oral da Colheita Segundo a Semeadura.

3376M as pela graa de Deus sou o que sou; e a sua graa, que me foi concedida, no se tornou v; antes, trabalhei m uito m ais do que todos eles. Todavia, no eu, m as a graa de Deus comigo. (I Corntios 15.10)

DANIELseu tempo na Babilnia, ele cumpriu a funo de porta-voz de Deus em meio ao paganismo. Alm disso, com o natural, teve uma m isso proftica, embora o seu livro no seja classificado com o proftico, de acordo com a tradio hebria. Mas dentro da tradio crist por certo ele assim classificado.

O rei subm eteu a teste os jovens hebreus, fazendo perguntas e requerendo exerccios tericos e prticos. Os testes com provavam que os quatro melhores estudantes eram, exatamente, os jovens hebreus. O que torna as decaraes deste versculo significativas que eles eram os melhores, embora estivessem com petindo com um grupo seleto de jovens. Eles eram os melhores entre os melhores. Foi algo sem elhante a Paulo, que se levantou para ser um apstolo maior do que Pedro! No foi fcil conseguir isso! Vs a um hom em perito na sua obra? Perante reis ser posto; e no entre a plebe. (Provrbios 22.29)

C a p tu lo D oisO livro de Daniel compe-se essencialmente de seis histrias e quatro vises. As histrias ocupam os captulos 1-6, e as vises os captulos 7-12. Quanto a detalhes a respeito, ver a seo Ao Leitor, quinto e sexto pargrafo, antes da exposio a Dan. 1.1. Agora movemo-nos para a segunda histria: O sonho de Nabucodonosor. Este longo captulo, como natural, divide-se em duas grandes parles: vss. 1-13, prlogo; e vss. 14-45, Daniel como intrprete de sonhos. Os vss. 46-49 contm o eplogo. ;,0 Sonho de Nabucodonosor. Esta histria ensina a debilidade da sabedoria humana, em com parao com a sabedoria conferida por Deus [O xford Annotated Bible, na Introduo ao captulo). A histria um paralelo da experincia de Jos, em Gn. 41. H uma correspondncia na fraseologia, o que provavelm ente m os tra que o autor sacro tinha aquela histria na mente, quando escreveu o relato presente. Os tem as principais so: Toda a sabedoria hum ana destituda de valor quando confrontada com a sabedoria conferida por Deus; uma filosofia da histria; as eras deste mundo so guiadas pelo decreto divino; Deus humilha os orgulho sos e eventualm ente faz com que eles O reconheam . V er com o o teism o domina o relato. O C riador continua presente em toda a Sua criao intervindo, recom pensando e punindo. Ver sobre esse tema no Dicionrio. Contrastar isso com o desmo, que ensina que a fora criadora (pessoal ou impessoal) abandonou o seu universo aos cuidados das leis naturais. Segunda Histria: O Sonho de Nabucodonosor (2.1-49) Prlogo (2.1-13) Esta histria datada no segundo ano do reinado de Nabucodonosor. Desde os dias de Josefo, tem sido exercida grande engenhosidade para explicar como Daniel pde ter estado ativo em alguma capacidade oficial, no segundo ano do rei, quando se declarou que somente aps trs anos de treinamento que Daniel foi introduzido presena de Nabucodonosor. Mas a data precisa apenas um artificio literrio que pertence ao arcabouo histrico, e a incoerncia que nos impressiona nada teria significado para o escritor sacro e seus contemporneos (Arthur Jeffery, in Ioc.).2.1

1.20Em toda matria de sabedoria e de inteligncia. Daniel e seus amigos dominaram realmente as matrias que haviam estudado. Eles tinham compreendido a matemtica e as cincias; dominaram a astrologia, a astronomia e, ao que tudo indica, as artes psquicas; ou por que o autor diz que eles ultrapassaram em conhe cimento aos mgicos e encantadores? Aqueles hebreus, de fato, eram dez vezes mais espertos que os jovens no-hebreus e chegaram at a aprender a gramtica babilnica, embora usualmente os estudantes tenham alergia gramtica. Do que todos os m agos. No hebraico, hartumm im , palavra tambm usada nos captulos 2, 4 e 5. Ver tam bm Gn. 41 e xo. 7-9. O term o pode referir-se classe dos sbios, mas devemos lem brar quo im portantes eram para os babilnios as artes psquicas. O que psquico neutro em si mesmo e pode ser posto em bom ou mau uso. Ver o artigo detalhado sobre Parapsicologia, na Enciclopdia de Bblia, Teologia e Filosofia. Um homem , por ser um homem, tem poderes psqui cos, que so apenas inerentes natureza humana. Existem abusos quando m en tes estrangeiras e espritos se misturam . Alm disso a m ente humana pode ser corrom pida e, com freqncia, se corrompe. No entanto, o ser humano uma psique, um esprito, e, naturalm ente, possui qualidades e habilidades espirituais. A palavra geral m gicos (no hebraico, hartumm im , Dan. 1.20 e 2.2) referia-se a homens que praticavam as artes ocultas. Essa palavra tam bm usada em Gn. 41.8; xo. 7.11,22; 8.7; 9.11 (J. Dwight Pentecost, in Ioc.). Encantadores. No hebraico, assapim , palavra usada som ente por duas ve zes no Antigo Testam ento: Dan. 1.20 e 2.21. Provavelm ente esto em vista aque les que eram aptos em todas as form as de encantos m gicos e exorcismo. Eles eram espertos nas questes espirituais, conform e os babilnios as entendiam. Provavelmente por trs dessa palavra est o verbo babilnico kasapu, encantar, lanar um encantamento", exorcizar . V er o artigo do Dicionrio denominado Adivinhao. Daniel e seus am igos ultrapassavam a esses homens. Porventura os derrotaram no prprio jogo deles? No h razo para suporm os que Daniel se reduziu a praticar as artes dos babilnios, mas a indicao clara do texto que ele era homem dotado de considerveis aptides psquicas e profticas. Ele tinha uma excelente form a de misticism o. No apenas lia a Bblia e orava. Ver no Dicionrio o artigo cham ado Desenvolvim ento Espiritual, M eios do. 1.21 Daniel continuou at ao primeiro ano do rei Ciro. Este versculo uma peque na nota cronolgica acerca do perodo de permanncia de Daniel na Babilnia. Ele continuava l quando Ciro derrotou os babilnios, cerca de 539/538 A. C. isso significa que a carreira de Daniel na Babilnia durou setenta anos. Talvez esta nota queira dizer-nos que Daniel morreu no ano em que Ciro subiu ao trono. Mas Dan. 10.1 diz que Daniel estava vivo no terceiro ano do governo de Ciro. No h indicao de que Daniel tenha voltado a Jerusalm, embora existam tradies que dizem precisamente isso, ao passo que outras respondem com um no. Dan. 9.25 menciona o retomo dos exilados, mas no confere a Daniel nenhuma participao nisso. O livro no demonstra grande interesse por essa parte da histria. Ela tem escopo mundial. Lies da P rim eira H istria. Deus honra queles que O honram (ver l Sam . 2.30), algum as vezes de m aneira pb lica e gloriosa, m as sem pre de m aneira p a rticular e adequada. A ob e di n cia leva a m uitos triunfos. P ortanto, existem m uitas recom pensas para os fi is. D aniel teve um a m isso longa e bem -sucedida, distante de sua terra, sob circun stn cia s adversas. Devemos entender que Daniel teve um a importante obra a fazer na chamada de Nabucodonosor, de quem se tornou valioso conselheiro. Adem ais, durante o

No segundo ano do reinado de N abucodonosor. Ao rei foram dados por Deus alguns sonhos inspirados esse o sentido bvio do versculo. Ele ficou perturbado e foi forado a apelar para a ajuda de Daniel a fim de com preender esses sonhos. Ver no Dicionrio o verbete cham ado Sonhos. Se a m aioria dos sonhos inspirada pelo cum prim ento dos desejos, existem sonhos espirituais e psquicos que vo alm desses lim ites. Assim sendo, os homens idosos sonham, e os jo v e n s vem vis e s (Joel 2 .2 8), p o r d iv in a d ire o e in s p ira o . Nabucodonosor, sendo um grande rei, naturalm ente sonharia com coisas secula res. E tambm no precisava ser um judeu para ser guiado pelo Esprito Santo. 2.2 Ento o rei mandou cham ar os magos... A m aior parte dos povos antigos levava a srio os sonhos. Certamente isso se dava com os hebreus. Aqui e ali na Bblia encontramos sonhos espirituais que so quase vises. Em minha prpria experincia, tenho tido sonhos que definitivam ente no podem ser classificados como sonhos com uns e profanos. Sonhar , de modo geral, uma herana espiritu al, e ocasionalm ente uma pessoa atinge o outro mundo e traz dali algo de especi al. Cf. este versculo com Dan. 1.17,21. Daniel tinha habilidades especiais como intrprete. Dos sbios da Babilnia, esperava-se que tivessem discernim ento pro ftico. Portanto, foi apenas natural que o rei os convocasse para testar suas habilidades. O term o caldeus fala da casta coletiva dos sbios. Os sonhos e as vises so a m esm a coisa e originam -se da alma e da psique humana. Fazem parte do estoque inerente de conhecim entos dos homens. Algumas vezes, porm, um bom intrprete pode ter discernim entos que ultrapassam suas prprias habili dades, e podem os com razo supor que, vez por outra, nossos anjos guardies nos ajudam em nossos sonhos, concedendo-nos entendimento. Talvez o Esprito Santo ocasionalm ente condescenda em intervir pessoalm ente na questo. Freud escreveu o primeiro estudo cientfico sobre os sonhos, com considerveis habili dades de interpretao, embora tenha exagerado nas questes sexuais. A tual mente, grande riqueza de literatura ajuda-nos a com preender m elhor os sonhos. Parece que Daniel ultrapassava (ver 1.17) todas as classes da erudio mgica, sem importar se isso requeria conhecimento, sabedoria ou sonhos (Ellicott, in Ioc.).

METFORAS DE DANIEL METAIS, ANIMAIS E NAES NOS CAPTULOS 2,7 E 8 DE DANIEL

Metais em Dan. 2Ouro Prata

Animais em Dan. 7Leo com asas Urso

Animais em Dan. 8Carneiro no castra do

Naes DescritasBabilnia Medo-persa; ou s Mdia, segundo muitos intrpretes Grcia; ou Prsia, segundo muitos intrpretes Roma; ou Grcia, segundo muitos intrpretes

Bronze

Leopardo com asas Bode

Ferro (ferro e cermica mistura dos)

A besta

Observaes: Os intrpretes no concordam sobre as interpretaes do urso (prata), do leopardo (bronze) e da besta (ferro). Ver as anotaes acompanhantes. Os metais diminuram em preciosidade at o ferro comum. Na mente do autor, as naes tambm se degenerariam em termos de glria. Roma, como o quarto reino, entrou na interpretao de Daniel como uma acomodao histria. Esta acomodao foi adotada pelo escritor de Apocalipse do Novo Testamento.

O REINO ETERNOO Deus do cu suscitar um reino que no ser jamais destrudo; este reino no passar a outro povo; esmiuar e consumir todos estes reinos, mas ele mesmo substituir para sempre, como viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxlio de mos, e ela esmiuou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro. O Grande Deus fez saber ao rei o que h de ser futuramente.

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DANIELcasas, no tocante aos castigos antigos. Quando um homem caa, caa tambm a sua casa (ver Erato, 1.1.6), John Gill conta-nos um caso ocorrido em seus dias. Damien, um louco, feriu um rei francs. O homem foi executado, e o lugar onde ele nasceu foi demolido. Cf. este versculo com II Fieis 10.27. 2.6 Mas se me declarardes o so n h o e a sua in te rp re ta o ... Qualquer indiv duo, dentre os magos, ou a coletividade deles, se fosse capaz de dizer qual fora o sonho esquecido do rei, e ento o interpretasse corretam ente, obteria riquezas e honras e seria elevado a um alto ofcio no reino. E o rei disse: Portanto, agora faam isso! . Talvez o rei tenha raciocinado que, se um vidente no pudesse lem brar o passado, ento tambm no poderia predizer o futuro Os estudos dos fenm enos psquicos tm demonstrado que o retroconhecimento e a precognio no andam de mos dadas, necessariam ente, na mesma pessoa. Mas verdade que a m aioria das pessoas que oode prever o futuro tem outras habilidades psquicas, de alguma sorte. Todas as pessoas, em seus sonhos, tm discernimento quanto ao futuro, especialm ente nos sonhos que ocorrem ao alvorecer do dia. Ver na Enciclopdia de Bblia. Teologia e Filosofia o? v rhtes cham ados Piecognio e Sonhos.

lista de especialistas dada em Dan. 1.20, so adicionados aqui os feiticei ros. A palavra hebraica rrekhashashephim , ou seja, algum que sussurrava encantamentos. A palavra, de origem m esopotm ica, tambm usada em xo. 7.11. O kesheph, de Isa. 47.9,12, e o kashshaph, de Jer. 27.9, eram equivalentes aos term os acdicos kispu e kassapu. Talvez o term o seja tcnico, indicando uma classe de sbios que estavam envolvidos nas artes psquicas.

2.3Disse-lhes o rei: Tive um sonho. O rei transmitiu aos sbios de vrias classes e habilidades o(s) sonho(s) que o mantinha(m) em estado de apreenso e ansiedade, Seu esprito estava perturbado, e ele sabia que no se tratava de um sonho comum. Usualmente, os sonhos psquicos e espirituais chegam com cores extravvidas, bela msica, notveis simbolismos e grande impacto emocional. Quando algum anda com o Esprito, mesmo que apenas por um pouco, ento, ao dormir, tem conhecimento disso. Durante um perodo de trs anos, registrei cuidadosamente os meus sonhos. Mais de cinqenta deles foram claramente precognitivos. Tive alguns sonhos espiritu ais muito significativos que me ensinaram coisas que eu precisava saber. Eram so nhos totalmente diferentes do restante dos meus sonhos, e me deixaram perplexo. Vez por outra tenho tido uma enxurrada desses sonhos. Mas, de outras vezes, eles ocorrem apenas no intervalo de uma vez por ano. O certo que tanto o esprito quanto o Esprito Santo podem fazer-se presentes nos sonhos. Deveramos cultivar isso muito mais, por ser vrias vezes uma possvel fonte de informao necessria.

2 .7,8Responderam segunda vez, e disseram . Os m agos insistiram em ouvir primeiramente o sonho, mas este desaparecera da memria do rei. Para preser var os sonhos, uma pessoa geralm ente tem de anot-los por escrito im ediatam en te. Se no fizer isso, na maior parte dos casos, os sonhos so esquecidos. Eles se encontram nos arquivos do crebro, mas no podem ser lembrados conscien temente. A hipnose, entretanto, pode traz-los de volta, O rei acusou os m agos de tentarem ganhar tem po, pois falavam e no agiam (vs. 8). O rei mencionou novam ente despeda-los e destruir suas casas (vs. 5), caso eles no conseguis sem fazer o que era requisitado. E por causa dessa tremenda ameaa eles tentavam ganhar tempo, esperando que algo acontecesse, sem que tivessem de revelar sua total ignorncia. Se eles continuassem tentando ganhar tempo, o rei poderia esquecer a questo ou ento relem brar o sonho.

2.4Os caldeus disseram ao rei em aramaico: rei. Os especialistas convocados estavam ansiosos por ouvir o sonho, confiando que a interpretao no estaria fora do alcance de sua habilidade. O texto diz que aqueles homens faiaram em aramaico. Isso pode subentender que, a partir deste ponto, o texto original do livro foi escrito nesse idioma. Alguns estudiosos supem que o livro inteiro tenha sido escrito nessa lngua, depois traduzida para o hebraico. A seo de Dan. 2.4-7.28 est escrita em aramaico, no livro de Daniel, at os dias de hoje. O restante do livro est escrito em hebraico, mas pode ter sido traduzido do original aramaico. No pode haver dvida de que aqueles homens eram bons na interpretao dos sonhos. A maioria das pessoas, prestando ateno e usando de diligncia, pode tomar-se fazer boas interpretaes dos sonhos. Mas existem sonhos que nos chegam, por assim dizer, de uma estao de rdio estrangeira, e nos deixam perplexos, e foi isso o que aconteceu aos sbios e feiticeiros da Babilnia. Tornava-se necessria a ajuda divina, por meio de Seu profeta, para solver os enigmas do sonho de Nabucodonosor. Caldeus. Neste ponto, a palavra usada para falar sobre as vrias classes de sbios, referidos em Dan. 1.21 e 2.2. A expresso de tratam ento rei, vive eternamente" era com um entre eles. Dem onstrava respeito, bem como uma solici tao pelo bem-estar do monarca. Tam bm enfatizava o seu valor como lder. Ele seria homem to bom que no deveria nunca m orrer, mas, sim, continuar gover nando indefinidamente. Cf. Dan. 3.9; 5.10; 6.6,21; I Reis 1.31 e Nee. 2.3. Daremos a interpretao. Interpretao vem da palavra hebraica pishra, que fala do desatar de fios com ns. Na verdade, interpretar alguns sonhos sem elhante a isso, ao passo que o significado de outros sonhos est na superf cie. A interpretao de sonhos tornou-se uma cincia elaborada, entre alguns antigos, pois, nos sonhos, os deuses falavam . Pores dos livros sobre os so nhos, registradas em escrita cuneiform e, ainda sobrevivem , dando instrues de talhadas sobre com o os vrios elem entos de um sonho deveriam ser interpreta dos (ver S. H. Langdon, A Babylonian Tablet on the Interpretation of D ream s, Museum Journal, VII (1917), (pgs. 115-122) (Arthur Jeffery, in Ioc.).

2.9Isto : Se no me fazeis saber o s onho... A queles psq u ico s p ro fis s io na is ocupavam sua posio de confiana com o conselheiros do rei, por serem capazes de re a liza r o seu servio. Os fenm enos p squicos funcionam m elhor quando no so forados, m as o rei no sabia disso nem o u viria tal a rgum en to. Se os m agos no dessem resposta ao rei, rio passariam de m entirosos com uns. O rei chegou a acus-los de consoirao. Eles tinham acordado em e n ganar ao m onarca. C ontinuavam a contar m entiras, esperando algum a m u dana da parte do rei, conform e sugerido no vs. 8. A lguns psquicos m uito poderosos podem pro d u zir fenm enos quando solicitados, m as no so m ui tos os que conseguem esse feito. E aqueles que conseguem nem por isso solucionam os problem as das pessoas. Este versculo revela a crena de que tais poderes operam m elhor em certos dias. Cf. Est. 3.7. E studos dem onstram que, de fato, h dias m elhores e piores para os fenm enos psquicos, e outro tanto acontece no caso dos sonhos. A lgum as vezes, sonhos sig n ifica tivos nos ocorrem com o se fossem enxurradas. Mas no entendem os a razo de tudo isso. Essas razes podem ser csm icas ou pessoais. Se tais poderes se devem a energias genunas da personalidade hum ana, ento tais energias podem ser influenciadas pelos cam pos m agnticos que nos rodeiam ou por outras energias naturais. Ou, ento, conform e diz certo cntico popular: Em um dia claro, pode-se ver para sem pre"

2.5 2 .10,11Respondeu o rei, e disse aos caldeus. O rei levou a coisa muito a srio, e ameaou os sbios com morte por mutilao (sereis despedaados"), caso eles deixassem de prover uma interpretao satisfatria. Conjectura que Nabucodonosor ameaou lan-los aos lees. Este versculo mostra o importante lugar que a inter pretao de sonhos ocupava na sociedade babilnica. O rei havia esquecido o sonho, pelo que em nada pde ajudar os magos. Eles teriam de reveiar qual fora o sonho e ento interpret-lo, tarefa dupla que, segundo eles disseram, somente os deuses seriam capazes de realizar (vs. 11). Daniel, porm, com a ajuda de Deus, foi capaz de revelar o sonho e interpret-lo. A lio principal do captulo comeou a emergir: a sabedoria humana dbil quando comparada variedade de sabedoria dada pelo Esprito. a sabedoria de Deus que guia o destino do mundo, das naes e dos indivduos. Os homens so capazes de aprender algo a esse respeito, se forem dignos disso. As casas e famlias dos sbios muito teriam a perder, pois haveria execues e destruio, e casas boas seriam transformadas em monturos, caso os magos da Babilnia falhassem. Essas am eaas devem ter abalado o sub consciente daqueles homens. Mas coisa alguma funcionou. A form a de sabedoria dos m agos fracassou na hora do teste. Herdoto fala sobre a destruio das No h m ortal sobre a terra que possa revelar o que o rei exige. Os psquicos profissionais da B abilnia apelaram ento para a histria. No ha via nenhum caso registrado de hom em , rei ou no, que tivesse fe ito tal e xi gncia a um psquico, para receber com sucesso a resposta que buscava. N abucodonosor exigia o tipo de coisa que som ente um deus seria capaz de re a liza r (vs. 11). A queles hom ens confessaram as lim itaes de sua p ro fis so, lim itaes que desaparecem quando o Esprito de Deus est envolvido. D aniel m ostrou estar altura da tarefa. A sabedoria hum ana, pois, aparece nesse caso com o dbil, e esse um dos grandes tem as do captulo. Os deuses no vivem no m eio do povo" (afirm aram eles), pelo que no podiam ser invocados para ajudar, M as Yahw eh, o Deus de D aniel, estava sem pre presente, e daria poder a Seu servo para fazer o que som ente o poder divino era capaz de realizar. O ju d a sm o g lo rifica do s expensas do paganism o, e esse , igualm ente, um tem a do livro de D aniel. A queles m agos tinham d e u ses destas, os quais nunca intervm na h isteria hum ana, m as esto em algum outro lugar, ocupados em seus prprios negcios.

DANIEL2.12,13

3379M ais coisas so efetuadas pela orao D o que este m undo sonha. (Tennyson) Pedi, e dar-se-vos-; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-. (M ateus 7.7)

Ento o rei m uito se irou e enfureceu. Nabucodonosor perdeu a pacincia e ordenou um decreto terrvel: toda a classe dos psquicos profissionais (magos de vrios tipos) seria executada. Entre eles estavam Daniel e seus amigos. Tornase bvio, atravs do vs. 13, que Daniel, em sua educao geral, fora treinado para ser um dos sbios (o grupo com binado dos mgicos, astrlogos e feiticeiros, vs. 2). Essa no a linguagem evanglica. O s judeus naturalm ente estabeleciam uma distino: Daniel era inspirado por Yahweh, e os dem ais eram dotados ape nas de sabedoria humana, inspirados quem sabe por qual tipo de poderes estra nhos. ... a coletividade inteira de sbios, que, de acordo com Dan. 1.20, inclua Daniel e seus am igos. A expresso sbios ocorre onze vezes no livro com o nome geral para os sbios da corte, e duas vezes (2.27 e 5.15) com o nome para uma classe com o tal: astrlogos, m gicos, encantadores. No O riente Pr ximo, esses adivinhos, feiticeiros sacerdotais etc. form avam uma espcie de classe. O rei estava decidido a livrar-se daquele corpo inteiro de sbios. D ecre to: A m esm a palavra era usada para indicar um a sentena ju d ic ia l (vs. 9) (Arthur Jeffery, in loc.). O Intrprete Daniel (2.14-45) O Decreto do Rei e Suas Conseqncias (2.14-19)2.14

2.18

Ento Daniel falou avisada e prudentem ente. O judeu Daniel agora repre senta o sbio ideal, o homem educado que tinha a vantagem de possuir o Esprito de Yahweh, o que o distinguia dos dem ais sbios. Desse modo, fica demonstrada a superioridade do judasm o em relao ao paganism o. Misericordiosam ente, Daniel, sob o poder de Yahweh, salvou toda a casta dos sbios, o que era a coisa decente e humanitria a fazer. J exibindo sua sabedoria superior, m esm o antes de ter recebido qualquer orientao da parte de Yahweh, Daniel respondeu ao inquisidor com habilidade e com eou a contornar a dura situao. Arioque, capito da guarda do rei, recebeu a tarefa de cuidar da execuo geral dos sbios, e Daniel e seus amigos foram localizados e inform ados quanto sentena. O ttulo desse homem usado em II Reis 25.8. Ver tambm Jer. 39.9 e 52.12 ss. Literalmente, o ttulo significa chefe dos executores". A execuo de inim igos do rei fazia parte de seus deveres, que entretanto no se limitavam a isso. O homem era um dos principais oficiais do rei, parte de sua guarda pessoal. Daniel respondeu com prudncia e discrio (Revised Standard Version) ou com sabedoria e habilidade" (NCV). V er no Dicionrio o verbete intitulado Arioque, segundo ponto, quanto a detalhes.2.15

Para que pedissem m iseric rd ia ao D eus do cu. N aquele tem po de testes, D aniel m anteve a calm a. Ele voltou para casa, procurou seus trs am igos, e, ju n to s, eles oraram pedindo m isericrdia da parte do Deus do cu. Esse ttu lo usado para in d ica r D eus seis vezes no livro de Daniel (ver 2 .18,19,28,37,44 e 5.23), nove vezes no livro de E sdras e q uatro vezes no livro de N eem ias. Em outros lu g a re s do A ntigo Testa m e n to , ocorre som ente em Gn. 24.3,7; Sal. 136.26 e Jon. 1.9 (J. D w ight P entecost, in loc.). No contexto do livro de D aniel, ap o nta pa ra Y ahw eh com o o D eus A ltssim o, em contraste com os d eu