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1 SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 26 DE JUNHO DE 2015 ASSOCIE-SE (WWW.OESC.ORG.BR) FAÇA PARTE DESSE TIME

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Resenha diária - OESC

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS

26 DE JUNHO DE 2015

ASSOCIE-SE (WWW.OESC.ORG.BR)

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Arrecadação do governo federal é a menor para maio em 5 anos

Fonte RACHEL GAMARSKI E CÉLIA FROUFE - O ESTADO DE S. PAUL0 25 Junho 2015 às 11h 20

O baixo desempenho dos indicadores econômicos tem refletido diretamente no resultado da arrecadação. O governo federal arrecadou R$ 91,5 bilhões em impostos e contribuições em maio, o menor resultado para o mês desde 2010. O montante também representa uma queda real de 4,03% na comparação com o mesmo período de 2014 e uma redução de 15,59% ante abril.

O número de maio ficou abaixo da mediana das projeções dos analistas. De acordo com o AE Projeções, 14 instituições do mercado financeiro previam um intervalo de R$ 89 bilhões a R$ 97,8 bilhões, com mediana de R$ 93,7 bilhões.

Nos primeiros cinco meses da nova equipe econômica de Dilma Rousseff, a arrecadação somou R$ 510,1 bilhões, uma redução de 2,95% na comparação anual e o pior resultado desde igual período de 2011. Em 2015 até maio, a arrecadação com Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), por exemplo, teve queda real de 7,44%.

De acordo com o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias, desde janeiro a arrecadação está em trajetória negativa e descendente e este resultado ficou mais evidente a partir de março.

O Fisco acredita que o desempenho da arrecadação para o resto do ano pode continuar com o mesmo comportamento. "Se os indicadores econômicos que determinaram esse resultado continuarem na mesma trajetória", ressaltou Malaquias.

Malaquias salientou que a produção industrial registrou uma queda de 7,60% em maio na comparação com o mesmo mês do ano passado, que a venda de bens e serviços recuou 8,54% em igual período e que o valor em dólar das importações teve baixa de 28,80%. "Até a massa salarial, que é o único indicador positivo, está mais baixo", comparou. No período, o avanço foi de 3,48% ante 4,90% de abril em relação ao mesmo mês de 2014.

No caso da baixa das importações, o chefe do centro de estudos comentou que o indicador, além de apontar para o desempenho das compras feitas pelo Brasil em si, significa também que o País está comprando menos matéria-prima para indústria, o que deve significar que a produção fabril deve continuar negativa "lá na frente".

Desoneração. Segundo a Receita, o governo abriu mão de arrecadar R$ 47,1 bilhões em 2015 por causa das desonerações, um aumento de 18,24% em relação ao mesmo período do ano passado.

Apenas em maio, as desonerações concedidas pelo governo totalizaram R$ 8,838 bilhões, 8,97% maior que no mesmo mês de 2014 (R$ 8,111 bilhões). A desoneração de folha de pagamento foi de R$ 1,9 bilhão em maio e de R$ 9,3 bilhões nos cinco primeiros meses do ano.

Tendência. Malaquias também destacou que a participação dos tributos federais ante o Produto Interno Bruto (PIB) vem mostrando uma tendência decrescente desde 2007. Num levantamento apresentado à parte aos jornalistas ele revelou que essa participação foi de 15,69% em 2007; de 15,38%, em 2008; de 14,08%, em 2009; e de 14,09%, em 2010.

Em 2011, houve uma elevação "atípica", de acordo com Malaquias, em função de dois fatos extraordinários que ocorreram naquele ano: consolidação do programa de parcelamento e resultado extraordinário com arrecadação por causa do fim de uma disputa judicial travada com várias empresas na ocasião.

Naquele ano, a relação ficou em 15,18%. Em 2012, esse movimento de baixa foi retomado, com a participação ante o PIB ficando em 13,74%. Em 2013 passou para 13,96% e, no ano passado, para 13,39%.

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Governo reduz banda de flutuação da inflação e teto será de 6% em 2017

Fonte O ESTADO DE S. PAULO 25 Junho 2015 às 21h 45

BRASÍLIA - Com dificuldades para controlar os preços, a equipe econômica decidiu nesta quinta-feira reforçar o compromisso do governo com a convergência da inflação para o centro da meta de 4,5%. O Conselho Monetário Nacional (CMN) reduziu de 2 para 1,5 ponto porcentual a margem de tolerância da meta de 4,5% para 2017 - ou seja, o teto da meta passa a ser de 6%, e o piso, de 3%. A meta de 4,5% e a banda de dois pontos porcentuais foram mantidas para 2016.

O recado do governo foi mostrar menos tolerância com a inflação e exigirá maior esforço do Banco Central na condução da política monetária. É por meio dessa banda que o Comitê de Política Monetária (Copom), que decide sobre a Taxa Selic, absorve os choques de alta de preço na economia.

A decisão pela redução do intervalo de tolerância da meta de inflação em 2017 está dentro do arcabouço que o Banco Central tem buscado para recompor a sua credibilidade, não apenas com o mercado financeiro, mas com a sociedade como um todo, segundo uma fonte do governo. “A meta é desafiadora e a escolha foi pela busca de mais credibilidade para o Banco Central”, afirmou a fonte.

A mudança não era consenso no governo, mas, ao final, os três ministros que integram o CMN - Joaquim Levy (Fazenda), Alexandre Tombini (Banco Central) e Nelson Barbosa (Planejamento) - decidiram pela mudança por unanimidade. A opção foi mostrar coesão na batalha contra a inflação, que se mostra resistente. Barbosa chegou a sair antes do término da reunião para uma reunião no Supremo Tribunal Federal, mas deixou antes o seu voto a favor da mudança.

O ministro Levy foi um dos principais defensores da mudança da banda. Ele encomendou um estudo à Secretaria de Política Econômica (SPE) para mostrar os benefícios da mudança para o ajuste macroeconômico que está em curso.

Reforço. Para Luís Eduardo Assis, ex-diretor de Política Econômica do BC, a redução da banda da meta de inflação reforça o compromisso do banco com o combate à inflação a qualquer custo. É também, segundo ele, um sinal de que o Comitê de Política Monetária (Copom) vai continuar a aumentar a taxa básica de juros, a Selic.

No entanto, de acordo com o economista, essa política de elevação de juros para combater a inflação a qualquer custo vai sair muito caro para o País. “Vai nos custar outra recessão econômica e uma crise política”, disse. Segundo ele, essa política de juros altos é incompatível com as correlações de forças políticas que apoiam o atual governo.

Ministro da Fazenda, Joaquim Levy foi um dos principais defensores da mudança da banda

Já o economista Fábio Romão, da LCA Consultores, avaliou de maneira bastante positiva a decisão do CMN. Segundo ele, a mudança era um desejo antigo do mercado financeiro e é uma indicação de que o objetivo do governo federal é a busca de uma inflação cada vez menos expressiva no País. “Tomara que seja um primeiro passo para a redução inclusive do centro da meta mais adiante. É um sinal de que há busca por uma inflação mais controlada e com menos inércia”, disse.

Para o economista Heron do Carmo, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP, a redução da banda é uma atitude de bom senso do CMN. Mas, segundo ele, essa redução deveria ser feita já no próximo ano. E, em 2017, o foco deveria ser um corte propriamente dito na meta de inflação. “Se tivermos uma meta de inflação de 2% com uma banda de 1,5 ponto porcentual, a inflação oscilaria entre 0,5% e 3,5% e esse seria um patamar ótimo. É isso que tem que tem de ser perseguido”.

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Arrecadação em queda torna mais difícil cumprir ajuste fiscal

Fonte Jornal Folha de São Paulo GUSTAVO PATU, SOFIA FERNANDES, EDUARDO CUCOLO e VALDO CRUZ DE BRASÍLIA 26/06/2015 às 02h 00

Uma nova rodada de resultados negativos evidenciou que, na atual conjuntura de recessão, são remotas as chances de cumprimento do ajuste nas contas públicas prometido pelo ministro Joaquim Levy (Fazenda).

Com a arrecadação em queda, insuficiente para cobrir as despesas do governo em maio, resta à equipe econômica o desafio de revisar a meta fiscal fixada para o ano sem comprometer a credibilidade das projeções oficiais nem estimular o apetite do Congresso por mais gastos.

Três números divulgados nesta quinta (25) demonstram que as medidas tomadas para equilibrar o Orçamento e controlar a inflação ainda estão longe de restabelecer a confiança de empresários e consumidores e, pior, criaram um círculo vicioso que compromete os objetivos iniciais.

Cortes de gastos, especialmente em obras de infraestrutura, e aumento de juros fizeram encolher o consumo, o investimento e as contratações. Com isso, o desemprego nas metrópoles subiu pelo quinto mês consecutivo e atingiu 6,7% em maio.

Apurada nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre, a taxa contrasta com os 4,9% de um ano atrás, quando o governo comemorava um país perto do pleno emprego.

A retração econômica derruba a receita tributária do governo, uma vez que impostos e contribuições incidem, principalmente, sobre lucros, salários e vendas.

Em maio, a arrecadação federal caiu 4% na comparação com o período correspondente de 2014, já descontada a inflação. Considerando os cinco primeiros meses do ano, a queda é de 3%.

Com os recursos em queda, os esforços para conter as despesas do governo não surtem os efeitos desejados. No mês passado, os gastos do Tesouro com pessoal, programas sociais, custeio administrativo e investimento superaram as receitas em R$ 8 bilhões.

Com o déficit, a poupança acumulada no ano para o abatimento da dívida pública caiu para R$ 6,6 bilhões, apenas 11,9% dos R$ 55,3 bilhões almejados até dezembro pelo governo federal.

Apesar dos números negativos, que já indicam a impossibilidade de cumprimento da meta fiscal, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) ouviu de economistas que o governo ainda não deveria anunciar oficialmente a mudança da meta fiscal de 2015.

Em reunião na Fazenda, só um dos convidados de Levy fez a sugestão de mudança na meta, mas foi contestado pela maioria dos presentes.

O argumento dos contrários à ideia é que, se o governo fizer a redução agora, vai estimular o aumento de gastos federais e prejudicar ainda mais a busca de reequilíbrio das contas públicas.

O ministro da Fazenda, segundo a Folha apurou, não tomou posição sobre o tema. Ele também defende a posição de que a redução não deve ser oficializada agora.

Primeiro, ele quer adotar um conjunto de medidas de elevação de receitas. Objetivo: cumprir o maior superávit possível neste ano.

A equipe de Levy deseja atingir pelo menos um superávit de 0,8% do PIB, ante a meta de 1,1% fixada para este ano. A ala política do governo, porém, preocupada com a paralisia dos ministérios, prefere um número menor, 0,6% do PIB.

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Massas, pães, suínos, aves e peixes escapam de alta em tributação

Fonte Jornal Folha de São Paulo ISABEL VERSIANI DE BRASÍLIA 25/06/2015 às 22h 31

A Câmara concluiu nesta quinta-feira (25) a votação do projeto que reduz a desoneração da folha de salários e aprovou alterações que reduzem o ganho que o governo poderia ter com a medida.

A Fazenda contava com essa receita adicional para cumprir sua meta de economia do setor público neste ano, de R$ 66,3 bilhões. O projeto vai para o Senado.

O governo propunha mais que dobrar as alíquotas incidentes sobre o faturamento dos 56 setores beneficiados pela desoneração no primeiro governo Dilma Rousseff.

Em vez de pagar contribuição ao INSS de 20% da folha de pagamento, eles haviam passado a pagar 1% ou 2% (conforme o setor) sobre o faturamento, alíquota que o governo pretendia elevar para 2,5% e 4,5%, respectivamente.

Na Câmara, no entanto, alguns setores produtivos foram excluídos da regral geral. Para transportes, comunicação (empresas jornalísticas e de radiodifusão), call center, calçados e confecções foi estabelecido um aumento de 50% na tributação.

Empresas de massas, pães, suínos, aves e pescados foram poupadas do aumento da carga tributária e mantiveram as alíquotas originais.

Segundo o relator do projeto, deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), as alíquotas de taxação aprovadas vão render uma arrecadação extra de cerca de R$ 10 bilhões ao ano para o governo.

Ao anunciar a redução da desoneração da folha, em fevereiro, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) disse que o novo modelo renderia R$ 12,8 bilhões aos cofres públicos.

A conta de Picciani, no entanto, não considera a inclusão de confecções entre os setores beneficiados com uma taxação mais favorável, decidida nesta quinta.

"Não creio que haja um impacto importante", afirmou o relator, que é líder do PMDB na Câmara. "Qualquer um que conhece essa Casa sabe que uma medida dessa natureza jamais sairia como veio", afirmou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Então ele [Levy] provavelmente deveria ter mandado com mais gordura do que necessitava."

"Não perdemos, deixamos de ganhar", afirmou o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), argumentando que a medida era de difícil aprovação.

Para o parlamentar, a aprovação da redução da desoneração foi uma "vitória para o país" dada a necessidade de ajustar as contas públicas. "As mudanças aprovadas não quebram a espinha dorsal do projeto", afirmou.

Outra alteração ao projeto aprovada nesta quinta excluiu do texto uma mudança das regras da tributação da produção de refrigerantes na Zona Franca de Manaus.

A medida, incorporada ao texto por Picciani em articulação com o governo, geraria uma arrecadação extra de R$ 2,5 bilhões ao ano.

Isso compensaria parte das perdas com a manutenção de alguns setores sem aumento na tributação.

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VEJA COMO FICAM TODOS OS SETORES

Setor Alíquotas antigas (em %)

Alíquotas propostas por Levy

Alíquotas aprovadas pela Câmara

Couro e calçados 1 2,5 1,5

Call center 2 4,5 3

TI & TIC 2 4,5 4,5

Confecções 1 2,5 2,5

BK mecânico 1 2,5 2,5

Material elétrico 1 2,5 2,5

Auto-peças 1 2,5 2,5

Fabricação de aviões 1 2,5 2,5

Fabricação de navios 1 2,5 2,5

Fabricação de ônibus 1 2,5 2,5

Plásticos 1 2,5 2,5

Móveis 1 2,5 2,5

Têxtil 1 2,5 2,5

Design Houses 2 4,5 4,5

Hotéis 2 4,5 4,5

Aves, suínos e derivados 1 2,5 1

Pães e massas 1 2,5 1

Medicamentos e fármacos 1 2,5 2,5

Manutenção e reparação de aviões 1 2,5 2,5

Núcleo de pó ferromagnético, gabinetes, microfones, alto-falantes e outras partes e acessórios de máquinas de escrever e máquinas de aparelhos de escritório

1 2,5 2,5

Pedras e rochas ornamentais 1 2,5 2,5

Brinquedos 1 2,5 2,5

Transporte aéreo 1 2,5 1,5

Transporte marítimo, fluvial e naveg apoio

1 2,5 1,5

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Transporte rodoviário coletivo 2 4,5 3

Pescado 1 2,5 1

Equipamentos médicos e odontológicos

1 2,5 2,5

Bicicletas 1 2,5 2,5

Esquipamento ferroviário 1 2,5 2,5

Pneus e câmaras de ar 1 2,5 2,5

Papel e celulose 1 2,5 2,5

Vidros 1 2,5 2,5

Fogões, refrigeradores e lavadoras 1 2,5 2,5

Cerâmicas 1 2,5 2,5

Tintas e vernizes 1 2,5 2,5

Construção metálica 1 2,5 2,5

Fabricação de ferramentas 1 2,5 2,5

Fabricação de forjados de aço 1 2,5 2,5

Parafusos, porcas e trefilados 1 2,5 2,5

Instrumentos óticos 1 2,5 2,5

Suporte técnico informática 2 4,5 4,5

Construção Civil 2 4,5 4,5

Comércio varejista 1 2,5 2,5

Manutenção e reparação de embarcações

1 2,5 2,5

Borracha 1 2,5 2,5

Obras de ferro fundido, ferro ou aço

1 2,5 2,5

Cobre e suas obras 1 2,5 2,5

Alumínio e suas obras 1 2,5 2,5

Obras diversas de metais comuns 1 2,5 2,5

Reatores nucleares, caldeiras, máquinas e instrumentos mecânicos e suas partes

1 2,5 2,5

Transporte rodoviário de carga 1 2,5 1,5

transporte metroferroviário de passageiros

2 4,5 3

Transporte ferroviário de cargas 1 2,5 1,5

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Carga, descarga e armazeagem de contêineres

1 2,5 2,5

Empresas de construção e de obras de infraestrutura

2 4,5 4,5

Empresas jornalísticas e de radiodifusão

1 2,5 1,5

IMPACTO NAS CONTAS Esse modelo implicava um custo para o governo de R$ 25,2 bilhões ao ano, segundo estimativa do Ministério da Fazenda

Se aprovad, esse aumento reduziria a renúncia fiscal para R$ 12, 4 bilhões ao ano

Na proposta aprovada pela Câmra, a renúncia fiscal ficou de cerca de R$ 10 bilhões, segundo o relator

Polêmica sobre a mandioca chega ao Congresso

Fonte Jornal Folha de São Paulo ISABEL VERSIANI DE BRASÍLIA 26/06/2015 às 02h 00

Alçada momentaneamente a rainha da horta por Dilma Rousseff, a mandioca levou deputados de oposição e governo a quase trocar sopapos durante a madrugada e, até esta quinta-feira (25), ainda era foco de uma incógnita na Câmara.

A área técnica da Casa analisava se mantinha ou se retirava dos anais o registro do bate-boca ocorrido nos primeiros minutos desta quinta.

A polêmica começou quando, durante a votação do projeto que revê a desoneração da folha de pagamentos, a oposição resolveu abordar a confusa homenagem feita por Dilma à planta de raiz protuberante e comestível.

Na terça-feira (23), a presidente saudou a mandioca, "uma das maiores conquistas do Brasil".

Na votação da Câmara, Nilson Leitão (PSDB-MT) foi aos microfones já na madrugada dizer que a revisão da desoneração da folha de pagamento das empresas era um atentado contra a população. E emendou: "A mandioca é o que ela está colocando nos brasileiros com esse projeto de lei".

O líder do governo na Casa, José Guimarães (PT-CE), rebateu de pronto afirmando que Dilma fora desrespeitada e pediu ao presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que retirasse a expressão chula dos anais da Casa. Até a publicação desta matéria, não havia decisão.

São João na Câmara

Fonte Jornal Folha de São Paulo EDITORIAIS [email protected] 26/06/15

Até Eduardo Cunha (PMDB-RJ) reconhece que os congressistas sob sua direção ultrapassaram o limite do que não deve ser feito. O presidente da Câmara dos Deputados, com larga experiência na matéria, aludia à ampliação do reajuste de aposentadorias e pensões, aprovada no Dia de São João.

Os parlamentares lançaram na fogueira o quase nada que lhes restava de responsabilidade com as contas públicas, tanto as do presente quanto as do futuro. Depois de alvejarem o fator previdenciário, semana

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passada, agora estendem a política de aumentos reais do salário mínimo (acima da inflação) a todos os pensionistas do INSS.

Como a regra vincula o reajuste do mínimo ao avanço do PIB dois anos antes, e este em 2014 ficou perto de zero, a decisão desajuizada da Câmara não teria grande impacto em 2016, mas desequilibraria ainda mais a conta da Previdência --atolada num deficit de R$ 56,7 bilhões em 2014-- tão logo a economia voltasse a crescer.

Valendo já em 2015, o gasto adicional seria de estimados R$ 9,2 bilhões. Só no Congresso, ao que parece, uma despesa de tal monta vai tratada como prenda de quermesse.

Se houvesse entre os congressistas alguma preocupação com a saúde financeira do INSS, a providência correta seria dissociar os reajustes das aposentadorias e os do salário mínimo. É justo o princípio de repor o poder aquisitivo dos pensionistas, mas aumentos além da inflação só servirão para onerar de maneira despropositada o Tesouro e as gerações futuras.

A irresponsabilidade dos deputados só se explica pela preocupação exclusiva com o efeito eleitoral das medidas. Quase todos os partidos da base de sustentação do governo mandaram às favas a orientação do Planalto ao generalizar ganhos reais para aposentados.

O PMDB de Eduardo Cunha que agora fala em erro, mas não hesitou nos últimos meses em patrocinar normas que prodigalizam gastos deu 12 votos para a alteração desmiolada da medida provisória, entre seus 53 deputados presentes. PDT, PSD, PTB, PP e Pros, supostos aliados, também seguiram a via da traição.

Pior figura fez a oposição tucana. O PSDB carreou 44 apoios para a malfadada emenda, em mais uma demonstração de que prefere abandonar os próprios preceitos e o interesse público sempre que isso servir ao propósito maníaco de fustigar o governo do PT.

Sob o foguetório populista e eleitoreiro dos parlamentares sai chamuscada, de pronto, a credibilidade do penoso esforço atual de contenção orçamentária. O Congresso brinca com fogo e arrisca incinerar o equilíbrio das contas governamentais por muitos anos à frente.

Encalhado nas multas

Fonte Jornal Folha de São Paulo EDITORIAIS [email protected] 26/06/15

Com design próprio, que lembra ao mesmo tempo o casco de um veleiro e um carro de Fórmula 1, um curioso meio de transporte foi visto dias atrás na avenida Rebouças, em São Paulo.

O iraniano Ebrahim Hemmatnia movimenta-o com a força das próprias pernas, fazendo com que funcione como bicicleta, quando em terra, ou como pedalinho, no mar.

Julgava-se que a coisa mais estranha na vida do aventureiro de 38 anos fosse o tal veículo, com o qual pretende dar a volta ao mundo.

Mas Hemmatnia deparou com geringonça mais complexa e bizarra depois de aportar no Nordeste brasileiro. No começo deste ano, durante a travessia do oceano Atlântico, seu barco sofreu ataque feroz. Tubarões morderam-lhe o leme; a Marinha o resgata.

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O viajante recebe visto para 90 dias e isenção de imposto para sua embarcação pedalável. Não haveria de vendê-la durante sua estadia no Brasil, que prometia ser breve.

Eis que as autoridades brasileiras, até há pouco tão lenientes com as pedaladas fiscais da presidente Dilma Rousseff (PT), implicam com as de Hemmatnia. Informam-no, numa vistoria de estrada, que o uso da embarcação impõe o pagamento de R$ 8,28 por dia.

Uma multa? Mas, se fosse multa, não seria o caso de cobrá-la apenas para o período que excedesse o prazo de 90 dias anteriormente concedido? Este o raciocínio do iraniano. Mostraram-lhe, entretanto, documentos em português.

A "sharia" fiscal brasileira estabeleceu que o aventureiro já era devedor de US$ 18 mil (R$ 54 mil) por suas inofensivas andanças pelo país. "Não sei lidar com uma burocracia tão estranha", disse o proprietário do pedalinho anfíbio.

Ora, existem especialistas para isso no Brasil: um advogado dispôs-se a ajudar gratuitamente o iraniano, enquanto a Receita estuda o pedido de prorrogação para sua estadia. Em todo caso, o viajante já resolveu voltar para a Holanda, onde mora há 14 anos. Deixa aqui sua embarcação, que bem poderia ficar exposta num museu.

A saber, o museu dedicado a todos os monumentos da irracionalidade burocrática existentes no Brasil. São muitas, como se sabe.

Brasil sem rumo

Fonte Jornal Folha de São Paulo 26/06/15

Degringolou. Quem leu as notícias desta semana percebeu que a forma como a economia descarrilhou não tem mais "Judas" ou Cristo que dê jeito. A falta de credibilidade da presidente, a desmoralização das lideranças do PT e do governo se consolidou e a tragédia econômica para os brasileiros é real.

Que o Brasil estava em dificuldades já se percebia antes das eleições. O que ninguém esperava era esse mergulho, sem freio, e a aceleração irresponsável na escuridão da recessão.

No momento em que o Banco Central revisa a projeção para a inflação de 2015 de 7,9% para 9% e temos a notícia que a estimativa do PIB passou de 0,5% para retração de 1,1%, é nítido que estes resultados são consequência dos últimos anos do governo Dilma e já indicam que o fundo do poço ainda está longe. O fundo não dá nem para ver. As expectativas se evaporaram. E no mundo da economia é o "acreditar" que vale. Não se percebem sinalizações positivas em nenhuma área.

Em maio, a indústria nacional fechou mais de 60 mil postos de trabalho. Na Bahia, a Ford colocou em interrupção temporária de trabalho seus 3.000 empregados e todas as montadoras do ABC planejam férias coletivas para julho.

Desde janeiro as grandes redes fecharam 45% a mais de empregos com carteira assinada do que no mesmo período do ano passado.

O fator mais perverso da política econômica de aplicação açodada e que já resvala para o messianismo do "vai melhorar" é o emprego que já conta com 43% a mais de vagas fechadas, número do Cadastro Geral de

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Empregos. Estudiosos apontam para taxa de desemprego de 9% até dezembro. Com isso, a intenção de consumo das famílias recuou 23,8% em menos de um ano.

A intenção de investimentos dos empresários, apurada pela CNI, andou para trás em 35%. Os estoques já chegam a 36,5% da produção.

A inadimplência nas contas de luz saltou 13,9% em maio em relação ao mesmo mês de 2014. Não se vislumbra melhora --o BC já corrigiu para 43%, o percentual de aumento na energia até o fim do ano.

A Selic aumenta sem parar, e o Banco Central anuncia que a taxa de juros do crédito atingiu 57,3%. Recorde. A arrecadação de impostos está no mesmo nível que se tinha em 2003. Lá se foram 12 anos.

O Ipea aponta que estamos no pior momento da economia nos últimos anos. Não se sabe quando sairemos do atoleiro no qual a presidente Dilma nos colocou. "Os volumes mortos", como diz Lula, podem se abraçar e admirar a obra.

Poderiam ter o bom senso de fazerem o "mea culpa" e permitirem que um novo momento se instale e nos atrele a outro rumo. O Brasil clama por uma perspectiva que aponte um novo caminho a seguir.

Assim não, Moro! A gramática da lei

Fonte Jornal Folha de São Paulo Reinaldo Azevedo Facebook: on.fb.me/1zibgJe 26/06/15

Dizem que, pegando a Odebrecht e a Andrade Gutierrez, pega-se Lula. Assim, eu, que repudio o petismo e levo no peito a medalha de ter sido demonizado pelo Babalorixá de Banânia no congresso do PT, deveria aplaudir as prisões preventivas que atingiram o comando das duas empresas. Mas não aplaudo porque as considero discricionárias. Não condescendo com arbitrariedades só para "pegar Lula". Execro os "petralhas", entre outros motivos, por seu pouco apreço às instituições. Repudio o "direito achado na rua". Só reconheço o direito achado nas leis democráticas!

Transcrevo o Artigo 312 do Código de Processo Penal: "A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria".

Esse "quando" é uma conjunção subordinativa com cara de temporal, mas que é condicional, substituível por "caso" e por "se". Quando houver ("se houver", "caso haja") a prova ou indício suficiente de autoria, então a preventiva pode ser decretada para assegurar uma que seja daquelas quatro exigências. Se soltos, Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo incidem em uma que seja das quatro causas? É claro que não! As prisões são insustentáveis, como eram as dos demais empreiteiros, que ficaram cinco meses em cana. Se os tribunais se acovardaram, eu não.

Quero ser regido por legislação conhecida, mesmo que não goste dela, não pelo arbítrio, ainda que de bem-intencionados, se é que isso existe. Não estou inocentando este ou aquele. Não aceito é prisão preventiva como antecipação de pena --como se aquela oração subordinada fosse uma quinta razão para a sua decretação. Não! Ela é a circunstância das outras quatro. Basta saber ler. A regra é condenar e depois prender, não prender e depois condenar. Uma vige nas democracias, a outra, nas ditaduras. Alegar que um empreiteiro tem de ser preso porque a sua empresa continua a fazer negócios com o governo é uma aberração.

A imprensa vai mal nessas horas. Deu curso à história do balacobaco de que Marcelo Odebrecht entregou nas mãos de um policial federal bilhete endereçado a seus advogados recomendando-lhes a destruição de provas. Você faria isso? Por que ele o faria? Mais: a acusação busca incriminar os advogados e agride o direito de defesa --que não pertence só a empreiteiros, mas também a pedreiros. Cadê a OAB? Está com medo?

Petistas e seus porta-vozes na imprensa também criticam Moro. As razões são diferentes das minhas. Temem que Lula seja preso. Se os alvos da vez fossem adversários, estariam dando de ombros. Como esquecer que

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eles e sua Al Qaeda eletrônica transformaram o delegado Protógenes em herói? O homem que queria prender jornalistas e colunistas até se elegeu deputado. Saí, então, em defesa da lei e da imprensa livre. E o fiz porque não sou nem covarde nem oportunista. Gente que contou, então, com o apoio do meu blog, e que o pediu, hoje me ataca. Procurem no arquivo. Está tudo lá.

As pessoas escolhem seu caminho e sua moral. Eu também. Não me arrependo do que escrevi antes. Não me arrependerei do que escrevo agora. Não mudei. Sou parcial: pertenço à parte que só vê saída na democracia e no Estado de Direito. Para mim e para os outros.

Comitiva de Dilma para visita a Obama terá mais de 90 pessoas

Fonte Jornal Folha de São Paulo MARINA DIAS DE BRASÍLIA 26/06/15

A presidente Dilma Rousseff levará uma comitiva robusta para sua viagem oficial aos Estados Unidos, que começa neste sábado (27).

Segundo a Folha apurou, a previsão é que cerca de dez ministros e ao menos outras 80 pessoas-- acompanhem a presidente. Entre eles, devem estar Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento).

A comitiva brasileira é tão grande que algo inusual ocorreu: não há espaço para todos os ministros e autoridades na Blair House, residência oficial de hóspedes do presidente dos EUA, que fica ao lado da Casa Branca. Parte do grupo ficará em hotel.

O convite para a Blair House é um sinal de prestígio que Dilma não teve em 2012, em sua primeira visita a Obama.

Com a viagem, o governo brasileiro pretende retomar o diálogo político com a Casa Branca e atrair investidores para o plano de concessões anunciado há duas semanas. Por isso, dizem auxiliares do Palácio do Planalto, parte dos ministros deve ter agenda própria, em reuniões e seminários com empresários.

Além de Levy e Barbosa, acompanharão a presidente os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Armando Monteiro (Desenvolvimento e Comércio Exterior), Kátia Abreu (Agricultura), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Jaques Wagner (Defesa). Também devem ir Eliseu Padilha (Aviação), Edinho Araújo (Portos) e Antonio Carlos Rodrigues (Transportes).

O tamanho do grupo a média da comitiva de Dilma é de 80 pessoas ilustra o peso da visita para o Brasil. "Representa a retomada do diálogo político bilateral de mais alto nível, além da retomada de contatos em áreas como comércio", disse à imprensa o subsecretário-geral de política do Itamaraty, Carlos Antonio da Rocha Paranhos.

Em setembro de 2013, Dilma cancelou sua ida aos EUA após a revelação de que o governo americano monitorou suas atividades e as de outros líderes. Paranhos afirma que a questão foi "superada".

Nesta quinta, o vice-presidente dos EUA telefonou a Dilma para afinar os detalhes da visita. Segundo nota da Casa Branca, Joe Biden ressaltou que o convite refletia "o compromisso do governo norte-americano em concretizar o enorme potencial da parceria Brasil-EUA para a população dos dois países".

Os dois conversaram sobre a colaboração para que a conferência global do clima que ocorre no fim do ano em Paris tenha êxito e sobre como facilitar o comércio bilateral.

Dilma chegará sábado (27) a Nova York, onde se reunirá com investidores e empresários domingo e segunda.

Em Washington, terá um jantar com o presidente Barack Obama na segunda e uma reunião de trabalho no Salão Oval na terça, que culminará em um comunicado.

Quarta, na Califórnia, a presidente visitará o Google, a Universidade Stanford e um centro da Nasa, agência aeroespacial americana.

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O tempo fechou, as contas não

Fonte Jornal Folha de São Paulo VINICIUS TORRES FREIRE [email protected] 26/06/15

OS INVESTIMENTOS do governo federal foram cortados com machadadas bárbaras até maio; gasta-se menos com servidores. Mas não adianta: o esforço de arrumação das contas do governo, o dito ajuste fiscal, escoa pelo ralo aberto pelas maluquices e irresponsabilidades de Dilma 1 e nos gastos sociais, das contas da Previdência em particular. Sim, as contas da Previdência, essa que sofre ataques terroristas do Congresso.

É o resumo da ópera do resultado das contas federais em maio, divulgado ontem. Trata-se de atestado de que o primeira carga de cavalaria do ajuste fiscal falhou. Não foi por culpa dos economistas de Dilma 2.

No entanto, foram esses economistas que divulgaram um plano fiscal, faz apenas um mero mês, em que se previa um aumento de receita de mais de 5% em 2015. A receita está caindo, 3%, neste ano.

Uma previsão tão furada implica o seguinte:

1) Houve politiquice ou ingenuidade na calibragem da máquina de cuspir números da equipe econômica;

2) Não é possível aparecer com outra estimativa tão errada;

3) Será preciso aparecer com outra estimativa, aprovar um novo plano de gastos no Congresso e recauchutar não apenas o plano fiscal, mas criar um plano econômico de maior fôlego, até para sustentar o ajuste fiscal de curto prazo.

Desmoralizações sucessivas das cartas de intenções fiscais do governo vão criar ainda mais problemas e descrédito. Cartas de intenções furadas fazem parte da triste e ruinosa memória dos anos 1980.

O problema vai ser aparecer com uma meta fiscal mais realista e sugerir, assim, a ministros "políticos" e ao Congresso doidivanas que há mais dinheiro para torrar.

A despesa com investimento ("obras") caiu 37% de janeiro a maio (na comparação com janeiro a maio de 2015). O tombo foi de 40,5% no caso das obras do PAC, deserdado por sua mãe, Dilma Rousseff. Foi um corte de R$ 14,3 bilhões. O gasto com pessoal caiu um tico, R$ 1,4 bilhão. O gasto com subsídios para a energia caiu muito, R$ 2,3 bilhões (a conta repassada para as tarifas de luz).

Apesar de arruinar mais a atividade econômica, o talho no investimento, inevitável, não bastou para compensar a alta da despesa social. Sim, a despesa social cresce, em parte de modo quase vegetativo.

A despesa com a Previdência cresceu R$ 7,7 bilhões. A cobertura do buraco deixado pelas desonerações sobre a folha (contribuição patronal ao INSS) levou outros R$ 4,4 bilhões. Também foi pesada a conta da transferência social de renda pelo avesso, por assim dizer.

Trata-se da graciosa concessão de subsídios a empresas por meio de juros baratinhos do BNDES. O governo fez dívida cara, mais de meio trilhão de reais (TRILHÃO, sim) a fim de financiar empresas a juro real quase zero. A despesa com a diferença de juros pagos e recebidos entra na conta de subsídios: aumento de R$ 2,9 bilhões no gasto.

E aí foi consumido o dinheiro que não se gastou em obras.

Houve ainda aumento de despesa com seguro-desemprego e com benefícios para pessoas muito desamparadas (idosos sem renda alguma, incapazes de trabalhar etc.), mais R$ 1,1 bilhão.

Caíram os gastos discricionários com educação e saúde.

Mas a conta não fecha.

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O ajuste da economia continua forte

Fonte Jornal Folha de São Paulo 26/06/15

As informações mais recentes sobre a economia brasileira mostram que o ajuste recessivo em curso vem ganhando intensidade. O foco principal tem sido o mercado de trabalho, com aumento do desemprego e queda da renda real em razão da aceleração da inflação nos últimos meses.

O IBGE divulgou nesta quinta-feira (25) os dados sobre a chamada Renda Real Habitual do brasileiro no mês de maio, com uma queda de 6,5% em relação ao nível verificado em maio do ano passado e o ponto mais elevado de sua série histórica.

Em abril, essa queda era de 5% em relação ao mesmo período de 2014, o que mostra aceleração de grandes proporções. A grande vilã é, sem dúvida nenhuma, a aceleração da inflação, que está hoje próxima de 9% anualizada. Somente quando a inflação em 12 meses se estabilizar é que sairemos do corredor polonês em que se encontra o assalariado. Talvez isso venha a ocorrer ao longo dos próximos meses.

Por outro lado, as taxas de desemprego continuam a aumentar rapidamente, como mostra também o IBGE ao divulgar os dados relativos ao mercado de trabalho nas seis regiões metropolitanas que essa instituição acompanha mensalmente.

O desemprego em abril era de 6,4% e subiu em maio para 6,7%. Para medir o estrago, esse número era de 4,9% em maio do ano passado, pico do nível de emprego nos últimos 20 anos.

Quando combinamos as duas informações, chegamos à chamada "massa de salários", que é a medida do total de salários recebidos pelo trabalhador brasileiro. O IBGE nos diz que esse número foi 5,8% menor do que o verificado em maio do ano passado.

Esse quadro de deterioração da massa de salários deve continuar nos próximos meses, embora em intensidade menor, principalmente em razão da estabilização das taxas anuais de inflação.

A volta do crescimento do total de salários pagos só vai ocorrer mais à frente, quando a inflação começar a ceder sob o impacto da recessão e do fim dos ajustes de preços administrados pelo governo.

O leitor da Folha pode perguntar por que acredito que a inflação vai começar a ceder nos próximos meses e contrariar as pesquisas de opinião que mostram uma expectativa majoritária de que ela vai continuar a se elevar. Por uma razão simples, respondo eu: porque acredito na teoria econômica em momentos como o que estamos vivendo.

Foi o excesso de consumo no primeiro mandato da presidenta Dilma, estimulado pela expansão do crédito e pela segurança do emprego, que iniciou a escalada da inflação. Vivemos agora, em toda a sua plenitude, um processo oposto e que vai levar à sua queda. Medo do desemprego, renda em queda e restrições fortíssimas ao endividamento do consumidor são uma combinação perfeita para a redução da demanda privada na economia.

Somada a esse efeito temos também a redução dos investimentos e dos gastos do governo. Não há inflação que resista a esse cenário e por isso vai começar a ceder em poucos meses.

Se, e quando, vamos chegar ao famoso centro da meta, perseguida agora com vigor pelo Banco Central, vai depender apenas de fatores não econômicos.

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Brasil deve ter 5º pior PIB em 2015 entre 57 emergentes

Fonte jornal o estado de s. paulo ALTAMIRO JUNIOR 24 Junho 2015 às 15h 30

NOVA YORK – O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve ter um dos piores desempenhos entre os emergentes este ano, de acordo com o Bank of America Merrill Lynch. A previsão é de que o País tenha o quinto pior resultado para o PIB em um ranking com 57 mercados, de acordo com um relatório divulgado em evento do banco norte-americano em Nova York.

O Brasil ocupa a 53ª posição no ranking. Pior que o País, que deve encolher 1,3% em 2015, aparecem apenas quatro outras economias: Belarus (contração de 2,3%), Rússia (recuo de 2,8%), Venezuela (baixa de 4%) e Ucrânia (queda de 8%).

O país que lidera o ranking é a Costa do Marfim, com expansão prevista de 7,7% este ano. Em seguida, aparecem Índia (7,5%) e China (7%). Na América Latina, o Chile é um dos principais destaques, com o PIB devendo se expandir 2,3% este ano.

Na avaliação de um dos chefes da área de pesquisas globais do BoFA Merrill Lynch, Ethan Harris, 2015 pode ser mais um ano de crescimento decepcionante da economia mundial, que vem apresentando expansão abaixo do esperado nos últimos “três ou quatro anos”. Nos emergentes, a tendência é de que a China continue se desacelerando gradualmente, disse o executivo. “É difícil manter a taxa de 7% para sempre”, ressaltou.

O BoFA Merrill Lynch também fez um ranking de inflação entre os 57 emergentes. O Brasil fica na posição 49, com previsão do IPCA em 8,6% este ano. Venezuela, com inflação esperada de 144% em 2015, e Ucrânia, com 35%, ficam nas duas últimas posições. A Bulgária lidera este ranking, com deflação prevista de 1%, seguido pela Croácia (-0,9%).

Pelo lado positivo, o Brasil fica no topo do ranking quando o assunto é reservas internacionais. No ranking levando em conta a taxa entre as reservas e o passivo externo, o País tem o indicador mais alto, de 16,9%, ficando na primeira posição do ranking.

Quatro a cada 5 brasileiros estão pessimistas com a economia

Fonte IDIANA TOMAZELLI - O ESTADO DE S. PAULO 26 Junho 2015 às 08h 29

A percepção dos consumidores em relação à situação atual da economia voltou a piorar em junho e quatro a cada cinco brasileiros avaliam o momento corrente como ruim, de acordo com dados da Sondagem do Consumidor divulgada pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Já a perspectiva com o futuro melhorou um pouco, embora o número de pessimistas ainda supere o dos que aguardam melhora para os próximos meses.

Após dois meses de estabilidade, o indicador que mede o grau de satisfação com a situação da economia local desabou em junho. A queda foi de 15,5% frente ao mês anterior, resultado que puxou o recuo de 1,4% na confiança do consumidor no período. Isso porque a proporção dos que avaliam o momento econômico como ruim atingiu 79,1%, o maior nível da série, iniciada em setembro de 2005. As análises positivas são apenas 4,2%.

'O resultado do ICC retrata um consumidor preocupado com a situação econômica geral e da família, tendo a inflação como principal vilã, seguida pelo mercado de trabalho', avalia a economista Viviane Seda, coordenadora da Sondagem, em nota oficial.

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As expectativas para o cenário econômico nos próximos meses, por sua vez, melhoraram pelo quarto mês consecutivo. O indicador de otimismo com a evolução da situação econômica nos seis meses seguintes subiu 2,5%. Mesmo assim, ele ainda se mantém em nível muito baixo historicamente, destacou a FGV.

A proporção de consumidores que preveem melhora da economia cresceu de 17,1% para 18,1% entre maio e junho. Já a parcela dos que consideram que irá piorar caiu de 39,9% para 39,0%. "Este foi o 17º mês em que são registrados mais consumidores pessimistas do que otimistas com o rumo da economia nos seis meses seguintes. Antes deste período, iniciado em fevereiro do ano passado, o recorde havia sido de apenas seis meses, entre outubro de 2008 e março de 2009", disse a FGV.

Em junho, três das quatro faixas de renda acompanhadas pela instituição registraram queda na confiança, mas o resultado mais negativo veio das famílias com ganhos mensais acima de R$ 9,6 mil. Nessa faixa, o recuo foi o dobro da média, com baixa de 2,8%.

"O resultado do ICC retrata um consumidor preocupado com a situação econômica geral e da família, tendo a inflação como principal vilã, seguida pelo mercado de trabalho. O resultado reflete insatisfação com a situação presente e a ausência, até o momento, de sinais de reversão da fase negativa no curto prazo", avalia a economista Viviane Seda, coordenadora da Sondagem, em nota oficial.

Segundo a FGV, o levantamento abrange amostra de mais de 2,1 mil domicílios em sete capitais, com entrevistas entre os dias 01 e 23 deste mês.

35 mil estão em férias na Zona Franca

Fonte CLEIDE SILVA - O ESTADO DE S. PAULO 25 Junho 2015 às 21h 55

Mais de 30% dos trabalhadores da Zona Franca de Manaus estão ou vão entrar em férias coletivas nos próximos dias. Cerca de 35 mil funcionários dos setores de eletroeletrônicos, duas rodas e itens de informática terão as atividades suspensas, a maioria em razão da fraca demanda por esses produtos, decorrente da desaceleração da economia brasileira.

Segundo o Centro da Indústria do Estado de Manaus (Ciem), mais de dez empresas estão dispensando os trabalhadores nesse período, algumas em razão da sazonalidade de seus produtos - caso das motocicletas - e outras em razão do baixo desempenho das vendas.

Só a Samsung tem 5 mil trabalhadores em férias por duas semanas desde segunda-feira. Toda a produção de televisores, celulares, notebooks, impressoras e monitores está parada.

A empresa afirma ser “sazonal” a parada neste período do ano e que também suspendeu as atividades em anos anteriores.

Entre outras empresas que também darão férias, segundo a Ciem, estão Microsoft, Honda, Yamaha e Technicolor. Os períodos de parada variam de duas semanas a um mês.

“Não é normal esse movimento tão forte de parada nesse período do ano”, diz o presidente da Ciem, Wilson Périco.

Ele ressalta ainda que, neste ano, cerca de 20 mil trabalhadores do polo industrial de Manaus foram demitidos. No fim do ano passado as indústrias locais empregavam 125 mil pessoas e hoje são cerca de 105 mil.

Só no segmento de TVs, o faturamento no varejo com as vendas caiu 28,8% de janeiro a abril, segundo o instituto GFK. As vendas de motocicletas caíram 17,8% no mesmo período, informa a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas (Abraciclo).

Veículos. Na indústria automobilística há cerca de 30 mil trabalhadores fora das fábricas, de acordo com cálculos da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfevea). O número equivale a quase 22% de toda a mão de obra das montadoras.

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Desse total, cerca de 5 mil estão em lay-off (com contratos de trabalho suspensos por até cinco meses). As vendas de veículos caíram 20,9% de janeiro a maio. Só o segmento de caminhões teve retração de 42,4%.

Nesta quinta-feira, a Mercedes-Benz confirmou que colocará em lay-off 75 funcionários - de um total de 750 - da fábrica de caminhões em Juiz de Fora (MG). Esse grupo retorna em dezembro e outro, em número parecido, será dispensado, informa o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de Fora, João César da Silva.

O sindicato também negociou com a direção da Mercedes que os trabalhadores não terão aumento real em 2016 (o reajuste deste ano já estava acertado) e que a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) será de R$ 5 mil neste ano, ante R$ 6,5 mil no ano passado.

Siderurgia. Em razão da baixa demanda por seus produtos, empresas dos setores de mineração e siderurgia também estão adotando medidas de corte de produção.

A Gerdau vai suspender temporariamente os contratos de 100 funcionários em Charqueados (RS) a partir da primeira quinzena de julho, por cinco meses. A Vale dará férias coletivas a 170 operários em Brumadinho e Sarzedo (MG) em julho.

Mercado informal movimentou R$ 826 bilhões em 2014

Fonte Portal Economia SC 25 de junho de 2015 às 18h 11

O mercado informal brasileiro movimentou R$ 826 bilhões em 2014, o equivalente a 16,1% do PIB (Produto Interno Bruto) – soma dos bens e serviços produzidos no país. A informalidade na economia é medida pelo IES (Índice de Economia Subterrânea), divulgado nesta quinta-feira, dia 25, pelo ETCO (Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial) e pelo Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

Considerando a participação do mercado informal em relação ao PIB, o resultado de 2014 representa queda de 0,2%, comparado ao ano anterior. As reduções anuais, nesta década, foram 0,5% em 2013, 0,2% em 2012, 0,8% em 2011 e 0,8% em 2010. “As medidas tomadas pelo governo para combater a informalidade – como a desoneração de alguns setores da economia e as políticas dirigidas a pequenos empresários, apesar de efetivas, não são suficientes para refrear a informalidade nesse cenário” destacou a FGV, em nota.

Segundo a pesquisa, para combater a informalidade é necessária maior racionalização do sistema tributário, modernização do sistema de cobrança, aumento do nível educacional da população e redução do índice de desemprego.