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    Audaciosamente indo aondeningum jamais esteve

    CEMITRIO ESPACIALA Enterprise enviada para investigar

    o estranho desaparecimento de vrias navesKlingons e da Federao que viajavam ao longo

    de uma nova rota comercial.Essa procura leva o capito Picard

    e sua tripulao para um assustador cemitrioespacial cheio de naves de todo tipo e tamanho,

    todas elas mortas.

    No centro do cemitrio se encontraum Artefato incrivelmente poderoso construdo

    por uma antiga raa aliengena.Na medida em que a tripulao luta

    para solucionar o mistrio, involuntariamentedispara um terrvel poder que ameaa

    com a insanidade e a morte todosa bordo da Enterprise.

    E mais: Glossrio Jornada nas Estrelas

    Glossrio CulturalAv. Di-. Luiz Migliano,1110 - 3"and. -ZZ 05711-001 - S.Paulo - 8(011) 843-320

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    A.C. CRISPINCEMITRIO ESPACIAL

    Traduo: Humberto Kaway

    Ttulo original: The Eyes of the BeholdersCopyright Paramount Pictures Corporation, 1990

    Todos os direitos reservados

    STAR TREK e uma Marca Registrada da Paramount Pictures Corporation

    Publicado mediante contrato firmado com Pocket Books,

    Todos os direitos da traduo para o Brasil reservados

    Aleph Publicaes e Assessoria Pedaggica Ltda.Av. Dr. Luiz Migliano, 1110 - 32and. - Morumbi

    CEP 05711 -So Paulo-SPTel.: (011)843-3202/ 843-0514

    Diretora Administrativa: Betty FromerDiretor editorial: Pierluigi Piazzi

    Editor Chefe: Renato da Silva OliveiraIlustraes internas: D. O. NicolettiConsultoria: Frota Estelar - Brasil

    Caixa Postal 14592 CEP 03698-970 S.Paulo SP

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    Ao longo deste livro aparecem termos e personagens com os quaiso leitor pode no estar familiarizado. Por isso, colocamos nas pginas iniciaisuma apresentao dos principais personagens e, no final, dois glossrios:um relativo aos termos da srie Jornada nas Estrelas e outro relativo aCultura Geral.

    Talvez fosse conveniente l-los em primeiro lugar para nointerromper a leitura do romance.

    "O Espao, a fronteira final.Essas so as viagens da nave estelar Enterprise, prosseguindo em suamisso para explorar novos mundos, pesquisar novas vidas, novascivilizaes, audaciosamente indo onde ningum jamais esteve."

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    U.S.S. Enterprise NCC-1701-DA United Space Ship Enterprise, cruzador de explorao da classe Galaxy, a quarta nave herdeira do nmero de matrcula, NCC-1 701, maior e maisrpida que suas predecessoras. Sua misso de trinta anos expandir asfronteiras territoriais, cientficas e culturais da Federao de Planetas.Construda nos estaleiros de Marte, seu casco feito de uma liga especial detritanium/duranium. Tem um comprimento de 642,5m, largura de 467m e

    altura de 137,5m. Sua velocidade mxima de cruzeiro feita em dobra 9.A nave foi construda para que, em casos de emergncia, o disco principal -onde esto as famlias dos 800 tripulantes, cerca de 300 passageiros entrecnjuges e crianas - se separe da seo de batalha.

    Capito Jean-Luc PICARD, o comandante da novaEnterprise. Nasceu na Frana. Com vasta experincia em misses deexplorao e pesquisa no espao, tem uma extraordinria capacidade decomando. Possui uma lgica clara, muita perspiccia e ao decisiva. Tem

    um senso de justia, honra e conduta bem definidos. sagaz, decidido,romntico e diplomtico, alm de verdadeiro gentleman.

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    Comandante William T. RIKER, o imediato daEnterprise. Sua maior responsabilidade a defesa e proteo da vida docapito. de sua competncia tambm, certificar-se que a nave semantenha operacional e sua tripulao treinada. Lidera os grupos deexplorao. Possui inteligncia arguta e um senso de humor apurado que oauxilia no relacionamento com seus subordinados.

    Tenente-comandante DATA, piloto da nave For ser umandride no sente emoes e tem grandes dificuldades em entend-las.Tem pele dourada, olhos amarelos e enorme fora fsica. muito literal e seconfunde facilmente quando se usam figuras de linguagem. Registra em seucrebro positrnico tudo o que aprende ou v.

    Conselheira Deanna TROI. Nasceu no planeta Betazed, mas apenas meia betazide - seu pai um oficial terrestre da Frota. Possui acapacidade de sentir as emoes da maioria dos seres vivos da Galxiaherdada de seus ancestrais betazides. Usa suas habilidades e sua empatiapara auxiliar o Capito Picard a tomar decises.

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    Tenente Geordi LA FORGE, o navegador da Enterprise. Mesmo cego denascena, consegue "enxergar" graas ao visor, um aparelho que funcionacomo um rgo sensorial capaz de distinguir vrias faixas do espectroeletromagntico -luz, infravermelho, ultravioleta, raios-x - alm de ampliaras imagens como um microscpio.

    O tenente WORF, o oficial de armamentos. E o primeirooficial klingon nos quadros da Frota. Quando criana, foi o nicosobrevivente de um ataque dos romulanos ao planeta Khitomer. Adotadopor um oficial da Frota viveu, desde ento, entre os humanos. Procura

    sempre manter o autocontrole, apesar de sua natureza agressiva.

    WESLEY Crusher, filho da doutora Crusher, umadolescente superdotado. Possui incrvel facilidade para visualizar e projetarsistemas de circuitos eletrnicos. Tem paixo por fsica avanada, comandoscomputadorizados das dobras espaciais e tecnologia de raios tratores erepulsores.

    Doutora Beverly CRUSHER, a mdica-chefe. Nasceu na

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    colnia Alveta III, onde apaixonou-se pela medicina aps observar sua avimprovisar um tratamento base de ervas para salvar seu planeta de umaepidemia. Seu marido foi morto numa misso comandada por Picard e,apesar de no culp-lo, tem emoes conflitantes a esse respeito. Possuipersonalidade forte e vibrante.

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    Um

    O tenente comandante Geordi La Forge, engenheiro chefe da naveestelar Enterprise, acordou em sua cabine coberto de suor e com o coraodisparado, saindo das trevas absolutas de seu sonho para a escurido da vidareal sem o auxlio de seu VISOR. Permaneceu algum tempo pestanejando eofegando, sem saber ao certo se estaria realmente acordado. Quandofinalmente se sentiu plenamente desperto, sentou-se no leito e tateou amesinha de cabeceira direita, procurando o VISOR.

    Ao coloc-lo nos olhos, posicionou as hastes laterais sobre os sensoresbio-eletrnicos implantados em suas tmporas e pressionou-as, encaixando-as no lugar, e teve imediatamente que suprimir um espasmo de dor. Era-lhe

    doloroso reativar a viso.Geordi j se acostumara ao constante desconforto causado pelo ato de"ver". A maior parte do tempo mal se dava conta disso. Por muitos anoshavia-se treinado com tcnicas de biofeedback, o que lhe permitia convivercom a dor e domin-la. Era o preo que tinha que pagar para ter umaexistncia normal e no reclamava disso.

    A simples aceitao da dor, contudo, no a eliminava, mas era o primeiropasso para aprender a conviver com ela. La Forge suspirou quando a dor

    reassumiu seu lugar costumeiro junto s tmporas. A cabine escurailuminou-se, medida que seu VISOR captava a poro infravermelha doespectro. Os objetos foram surgindo como formas tremeluzentes emulticoloridas, dependendo de que modo retinham ou refletiam o calor nelasincidido.

    O engenheiro jogou as pernas para fora do leito e ergueu-se. Em seguida,perguntou ao quarto, numa voz rouca de sono, que horas eram.

    Obedientemente, o quarto respondeu. Ainda era "noite" pelo horrio do

    turno de La Forge. Que dia do ms? perguntou, com sbita intuio do que havia

    causado aquele sonho repleto de temores. Calendrio terrestre, no a dataestelar.

    Estamos no dia dezesseis de setembro.De alguma forma, eu sabia disso, pensou La Forge. Mesmo sem ter

    conscincia do fato. H vinte e sete anos, neste mesmo dia, experimenteimeu ltimo momento de verdadeira cegueira.

    Geordi lembrou-se vividamente dos odores e rudos do hospital em queacordou na manh de sua cirurgia, quando ainda era um menininhoassustado assustado porem determinado a submeter-se ao novo

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    tratamento que, segundo os mdicos, poderia faz-lo "ver".Ver? relembrou ter perguntado, quando seus pais e o mdico lhe

    falaram pela primeira vez a respeito da nova tcnica desenvolvida pelamedicina. Naquela ocasio, tinha nas mos seu brinquedo favorito: ummodelo de nave estelar. Ao escutar a explicao, seus dedos sensveis

    acariciaram a superfcie lisa e bem conhecida do brinquedo, tateando cadamilmetro e sentindo cada minscula irregularidade ou salincia de suaforma graciosa. Vou conseguir ver como todo mundo?

    Em muitos aspectos disse solenemente o Dr. Lenske voc vermelhor do que todo mundo.

    O suficiente para eu poder entrar na Academia da Frota Estelar? perguntara Geordi, tencionando seu pequeno corpo com sbita e imprevistaesperana.

    Creio que sim respondeu o mdico. Contudo... Geordi, precisoser sincero com voc. H um preo a pagar por sua nova viso. O VISOR um aparelho novo, e us-lo lhe causar dor.

    O menino enrijeceu o queixo. Ele sabia o que significava dor dor erao que acontecia sempre que a gente dava uma topada no dedo do p outropeava e caa, quando no estava usando a roupa sensora. Seus dedosapertaram com fora a rplica da nave estelar.

    No me importo disse ele, em voz baixa. Quero entrar para a

    Academia mais do que qualquer coisa no mundo. Quero ser oficial da FrotaEstelar. Quero enxergar.

    Absorto em suas lembranas, La Forge recordou-se do que sentira aodeitar-se na maa antigravitacional e ser conduzido pelos reverberantescorredores at a sala de cirurgia. O perfume de sua me fora substitudo

    pelos discretos porm desagradveis odores do hospital. Sua me e seu paihaviam apertado sua mo com fora. Esse toque foi a ltima coisa de que selembraria, alm do calor sobre suas plpebras, indicando haver uma luz forte

    brilhando sobre sua cabea.Quando acordou e colocaram-lhe o VISOR pela primeira vez, ele gritou

    em parte por causa da dor, mas principalmente devido ao atordoantechoque das imagens que inundaram sua mente, retorcendo-se, oscilando etremeluzindo. Cores. Ele estava vendo cores!

    Enquanto erguia-se da cama e caminhava pesadamente at o armriopara apanhar um par de calas comuns e uma camisa de manga curta, Geordi

    pensou: Ser que o que eu chamo de "vermelho" tem qualquer semelhanacom o que as pessoas de viso normal chamam de "vermelho?"La Forge suspeitava que seu perturbador sonho de cegueira havia sido

    desencadeado no apenas pelo aniversrio de seu VISOR, mas tambm pela

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    visita que fizera enfermaria na manh anterior. A Doutora Crusher o haviaexaminado, assegurando que ele estava em perfeita sade, e depois lhe

    perguntara se havia chegado a uma deciso quanto a manter seu VISOR oupermitir que ela e a Doutora Selar tentassem regenerar seu nervo ptico.

    Se eu tivesse uma viso normal, pensou La Forge, enquanto lavava o

    rosto e passava um pente no cabelo curto, no me preocuparia tanto com aimpresso que meus olhos causam nas outras pessoas especialmente asmulheres quando estou sem o VISOR. Sentiu o rosto afoguear-se aolembrar o modo como desconhecidos mal-educados reagiam ao v-lo,quando era criana. "Oh, coitadinho!" exclamara, certa vez, uma mulher."Ele no consegue ver com esses olhos, no ?" perguntara um homem, emvoz alta, como se Geordi tambm no pudesse ouvir.

    Por outro lado, se desistisse do VISOR para ter uma viso normal,

    perderia sua habilidade especial de "ver" o que as pessoas "normais" noconseguiam ver. Alm disso, ser cego e usar uma prtese visual eram parteda personalidade de Geordi La Forge tanto quanto sua carreira na FrotaEstelar. Ser que ele gostaria de tornar-se outra pessoa?

    La Forge sabia que levaria pelo menos um ano para submeter-se aotratamento de regenerao e aprender a ver como as pessoas normais. Eletinha sido recentemente promovido a engenheiro chefe e fora recomendado

    pelo capito Picard por seu desempenho. Ser que desejava arriscar-se a

    perder tudo isso?Geordi suspirou fundo, cansado de se debater com perguntas que

    pareciam no ter uma resposta satisfatria. Por um instante, pensou emdescer engenharia, mas a quase imperceptvel vibrao dos motores deimpulso da Enterprise deu-lhe a certeza de que tudo estava funcionando

    perfeitamente. No seria preciso nada alm da fora de impulso para a tarefaque estavam cumprindo, enquanto a imensa nave mapeava e exploravaaquele setor relativamente desconhecido da galxia.

    Sim, e no se esquea de que Sonya Gomez ficou responsvel pelo turno,lembrou-se Geordi.A pobre menina j est suficientemente nervosa. No vaiquerer que ela pense que voc confia to pouco na competncia dela, aponto de precisar verificar o que ela anda fazendo.

    Alm do mais... ele no estava muito a fim de pensar em trabalhonaquele momento. Queria conversar com algum. No de modo oficial. Noera algo to importante a ponto de ter que procurar a conselheira da nave.

    Contudo... falar a respeito do assunto poderia afastar os medos do sonho quetivera, no qual ele se vira novamente cego.Calando um par de mocassins, La Forge saiu da cabine e virou

    esquerda no corredor. Tinha pensado em descer at o convs de recreao

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    para conversar com Guinan. A enigmtica atendente era boa ouvinte, e umabebida poderia faz-lo relaxar um pouco.

    Guinan deixava Geordi intrigado. Fora-lhe dito que a cor da pele dela eraquase igual sua, e ele sabia que sua aparncia externa era praticamentehumana, mas a viso especial de La Forge mostrava-lhe mais do que as

    pessoas normais conseguiam ver. Ele sabia que Guinan era aliengena humanide porm no humana. Sua temperatura corprea e as taxas demetabolismo a denunciavam, bem como outras diferenas que s eleconseguia detectar.

    A caminho do turboelevador, porm, o engenheiro chefe parou e franziua testa. Devia haver amigos seus no convs de recreao, e Geordi realmenteno estava a fim de se ver no meio de muita gente. A maioria de seus amigosmais chegados trabalhavam no mesmo turno e portanto deviam estar

    dormindo ...... com uma exceo, naturalmente.Sorrindo, La Forge virou-se e caminhou de volta pelo corredor, at a

    porta de uma cabine, e apertou a campainha.Entre disse uma voz. A porta se abriu e Geordi entrou. Data, sou eu disse La Forge, ao cruzar o quarto e dirigir-se

    pequena sala de estar. A sala tinha uma moblia normal, qual foraacrescentada um cavalete de pintor. Um terminal de computador piscava na

    parede. Sobre a escrivaninha, havia uma caixa de violino, que estavaempurrada para um canto.

    O tenente comandante Data estava sentado escrivaninha, segurandonos dedos um instrumento pequeno e fino, que La Forge no reconheceu. Oandride estava cercado por um halo dourado claro de energia, e seu corpo

    brilhava nas tonalidades laranja, amarelo e verde claro. As coresespalhavam-se de modo uniforme por todo o corpo, em vez deconcentrarem-se no trax, como Geordi enxergava os humanos quandousava a poro infravermelha de sua viso. Ele sabia que o oficialartificialmente criado parecia bastante humano para seus companheiros deviso normal, com exceo de sua pele dourada e seus olhos reluzentes, maso VISOR captava sua imagem de modo muito diferente.

    Data ergueu o olhar para o amigo que entrava, e colocou uma espcie detampa no objeto que segurava.

    Ol, Geordi disse ele, com seu modo preciso e monotnico de

    falar.Oi, Data. O que isso a? Uma rplica perfeita de uma antiga caneta-tinteiro explicou o

    andride, erguendo o objeto.

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    Uma o qu? Uma caneta-tinteiro. Percebendo que La Forge continuava sem

    entender, Data acrescentou atenciosamente: Um instrumento para seescrever mo.

    Voc quer dizer produzir um impresso escrevendo mo no papel?

    Para que voc quer fazer isso? perguntou La Forge, suspirandodiscretamente. Ele j conhecia o entusiasmo repentino de Data por certascoisas, e algo lhe dizia que era isso mesmo que estava acontecendo naqueleinstante.

    Para despertar minha musa disse Data. Um famoso escritor dosculo XX, cuja obra tenho estado a ler, declarou categoricamente serimpossvel produzir boa literatura por meios eletrnicos.

    Dessa vez La Forge suspirou bem alto. Estava a ponto de mencionar que

    ele mesmo, Data, funcionava por meios eletrnicos, bem como, em ltimaanlise, os prprios humanos, mas conteve-se.

    Ahn, quer dizer que est produzindo literatura de prprio punho?Creio ter sido isso o que eu disse respondeu Data.Que tipo de literatura?Algo parecido com orgulho transpareceu na voz do andride.Estou escrevendo um romance. Oh conseguiu dizer La Forge, depois de uma pausa Ahn...

    bem... que timo, Data. Sobre o que fala seu romance? uma narrativa fictcia dos primeiros dias das viagens interestelares.

    Uma obra pica, cheia de paixo e nobreza, mas escrita num estilo acessvelao grande pblico explicou Data.

    Como se chama?A obra ainda no tem ttulo. Estou certo de que terei a inspirao para

    um ttulo apropriado antes da publicao do livro. Publicao? Geordi estava estupefato. Voc j vendeu esse

    livro?No. Ainda no o terminei e por isso no o submeti apreciao de

    um editor. Mas, quando o momento chegar, tenho certeza que ser digno deser publicado disse Data, sem emoo. Afinal de contas, analisei maisde quinhentos anos de literatura humana, estudando seus temas ecomponentes mais bsicos. Estou certo de que posso igualar, ou talvezsuperar, a qualidade das obras de fico que j foram publicadas at

    recentemente.Ahn... claro disse La Forge, sem muita convico. Ele tivera umaamiga na Academia, Laura Wu, que tentara publicar vrios contos semnunca conseguir. Desiludida, ela acabou abandonando suas aspiraes.

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    Quer que eu leia a cena que estou revendo agora? perguntou Data.Geordi detestou a idia, lembrando-se das vezes que tentara ler e

    comentar os trabalhos de Laura. Somente conseguira magoar-lhe ossentimentos e causar ressentimentos.

    Claro disse em voz alta, conseguindo simular um entusiasmo

    bastante convincente.Muito bem. Data apanhou uma folha de papel de modo bastante

    afetado. Pigarreou, tentando limpar a garganta de modo teatral, masconseguindo apenas uma espcie de grunhido artificial. Esta cena ocorreentre Fritz e Penlope, meus dois protagonistas. Eles esto na base estelarLuna, sob um dos domos de observao. Um ambiente muito romntico parauma cena de amor, no concorda? Penlope est perturbada porque Fritz

    partir no dia seguinte em sua nave, e ela teme nunca mais v-lo novamente.

    Data comeou a ler:

    "As pontiagudas montanhas lunares perfuravam o negror do cu crivadode estrelas, como diapases vibrando ao som da msica das esferascelestes. Penlope voltou-se para Fritz com lgrimas escorrendo pelo rosto,borrando-lhe a maquiagem e avermelhando seus olhos normalmente tobelos quanto safiras. Temos apenas esta noite sussurrou ela. Amanh, voc ter

    partido, e nunca nos veremos de novo.Be a tomou nos braos com fora, fazendo com que ela expulsasse o ardos pulmes ao comprimir-lhe o abdmen.Eu voltarei prometeu ele. Nossa jornada pode levar anos, mas

    prometo que voltarei. Vai esperar por mim, querida?No tenho outra escolha disse ela. Quando estou a seu lado,

    sinto-me transtornada. Minhas pernas ficam bambas, o sangue correloucamente pelas minhas veias, todo o meu corpo formiga s de estarprximo do seu. Por que s voc consegue fazer-me sentir assim?

    Essas reaes no so incomuns, Penlope. So meros sinais

    fisiolgicos da excitao sexual na fmea humana murmurou Fritz,enquanto se apossava, ou melhor saqueava seus lbios entreabertos.

    Elaa gemeu, quando ele ... "

    Ahn... Data interrompeu Geordi, acenando a mo para chamar aateno do amigo. Espere um pouco. No sou escritor, mas tem algoestranho no modo como Fritz fala com ... ahn, Penlope, era esse o nome

    dela? Bem, um ser humano do sexo masculino jamais ficaria listando todosos sintomas fsicos da... paixo. Ele simplesmente beijaria a moa.Mas ela fez uma pergunta explicou Data. Quando se faz uma

    pergunta, espera-se uma resposta.

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    Bem, geralmente isso e verdade, mas num caso como esse, o tal doFritz, ou qualquer homem, no perderia tempo fazendo um discurso paraesclarecer a mocinha. Ele a beijaria e continuaria da para a frente.

    Data olhou para seu critico com desnimo crescente. isso o que ele faria? Acha mesmo?

    Bem, no me considero a maior autoridade do universo em cenas deamor na lua, mas, sim, tenho certeza que sim. La Forge sorriu commalcia Se quer algum que certamente e um expert no assunto, procure ocomandante Riker.

    Vou corrigir essa parte prometeu Data, solenemente. Mas, comexceo disso, que achou do texto?

    Geordi hesitou. Para ser sincero, tinha achado tudo muito ruim. Nopodia, contudo, dizer a verdade. No queria magoar os sentimentos de Data,

    supondo que o andride tivesse sentimentos que pudessem ser magoados.Data certamente parecia quase humanamente orgulhoso de sua produoliterria.

    Bem ... comeou a dizer. Acho que definitivamente poderiadizer que ... interessante. Sem dvida muito interessante.

    Poderia ser mais especfico a respeito do que gostou e do que nogostou? Que emoes foram despertadas em voc?

    O engenheiro chefe gemeu internamente.Bem, eu...La Forge foi salvo por um apito do intercomunicador da cabine de DataTenente comandante Data? era a voz do oficial da ponte, o alferes

    Whitedeer.Data falando respondeu o andride. Estamos recebendo uma mensagem do comando da Frota Estelar,

    senhor.Onde esta o capito?Em seus alojamentos, senhor.E o comandante Riker?No Holodeck trs, senhor.O andride ergueu-se, arrumando o uniforme e tampando rapidamente a

    caneta.Estou a caminho da ponte, alferes.Sim, senhor.

    Geordi j estava a meio caminho da porta, profundamente agradecidopor ter sido dispensado do papel de crtico literrio.Vou vestir meu uniforme e dou uma passada por l para saber qual

    o agito.

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    "Agito"? repetiu Data. Depois, fez que sim com a cabea. Ah,j sei. Voc quer dizer "qual o agito?" como quando diz "o que estacontecendo?", "o que se passa?", "o que que h?", "qual , meu?"...

    Voc entendeu, Data exclamou La Forge, quando a porta dacabine do andride se abriu. Vejo voc na ponte.

    Quando La Forge, novamente cm seu uniforme amarelo escuro e preto,chegou ponte, encontrou o comandante William Riker, que chegara antesdele. Se Data havia chamado Riker, isso queria dizer que a mensagem eramais do que uma simples comunicao de rotina. Geordi foi verificar osmonitores do posto de engenharia da ponte, mantendo o ouvido atento paraqualquer indcio do que estava acontecendo.

    Pouco depois, o prprio capito Jean-Luc Picard apareceu,impecavelmente vestido e bem arrumado como sempre, mas Geordi teve a

    impresso de que o comandante da Enterprise havia sido despertado de umsono profundo. O engenheiro esperava apenas que a misteriosa mensagemfosse suficientemente importante para justificar a quebra da rotina de todosos integrantes do turno. O comando da Frota Estelar muitas vezes faziatempestade em copo d'gua.

    Picard leu silenciosamente a mensagem, depois ergueu-se.Comandante Riker, Sr. La Forge, Sr. Data, queiram acompanhar-me

    sala de conferncias disse ele, com a costumeira dico impecvel e o

    semblante impassvel. Sr. Crusher, assuma as comunicaes.Geordi relaxou um pouco ao caminhar para a sala de conferncias. O

    capito raramente deixava transparecer qualquer indcio de seu sotaquenatural francs, que aparecia somente quando ele estava profundamenteaborrecido ou preocupado. Isso no havia acontecido naquele momento.Obviamente no se trata de uma invaso romulana em larga escala,concluiu o engenheiro chefe. Novas ordens, talvez. Mas no terminamos demapear este setor... o que significa que, seja o que for, deve ser algosuficientemente importante para tirar-nos de uma misso ainda noconcluda.

    Depois de sentarem-se ao redor da mesa da sala de conferncias queficava atrs da ponte de comando, uma sala confortvel cuja moblia neutraera eclipsada pela estupenda vista das estrelas, os oficiais superiores da

    ponte esperaram o oficial comandante manifestar-se. Recebemos ordens de investigar um problema ocorrido na recm

    inaugurada rota comercial que passa pelo setor 3SR-5-42, ligando o territrioda Federao ao Imprio Klingon comeou Picard. O nico planetahabitado nas redondezas Thonolan Quatro, uma colnia andoriana recminstalada. O comando da Frota Estelar notificou-me o desaparecimento de

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    vrios cargueiros da federao em curso por esse setor. Eles sumiram semdeixar qualquer rastro aparente. Houve trs naves desaparecidas nos ltimosseis meses.

    Xii, pensou La Forge. Parece que l vem encrenca. Est com cara deuma misso do tipo "estiquem o pescoo para fora da trincheira para ver o

    que acontece". Ontem, o Alto Comando Klingon perdeu contato com uma de suas

    naves: o cruzador klingon PaKathen. Temos ordens de investigar seudesaparecimento c, se possvel, resgatar oPaKathen.

    Picard voltou-se para Data.Sr. Data, a partir de nossa atual posio, quanto tempo levaremos para

    chegar ao setor 3SR-5-42, em velocidade mxima de cruzeiro? Quatro dias e sete horas, capito respondeu o andride, quase

    imediatamente. Partiremos s mil e trezentas horas, assim que encerrarmos as

    operaes aqui Picard olhou para os presentes, com uma expressosombria. Algum comentrio ou pergunta?

    O comandante Riker acenou com a cabea. Pelo que entendi, algumas naves passaram por essa regio sem

    qualquer incidente, estou certo?Correto, Imediato.Ento sugiro que consultemos os dirios de bordo de algumas dessas

    naves. Talvez uma delas tenha percebido algo que nos d uma pista do queaconteceu s naves desaparecidas.

    Concordo, Imediato. Pea ao comandante Data que inicie essapesquisa assim que estivermos a caminho. Picard fitou o segundo emcomando pensativamente. Comandante Riker, qual a situao atual denossa misso de mapeamento?

    Estamos Riker sorriu com malcia estvamos na metade,senhor.

    Instrua sua equipe cientfica para que interrompa o trabalho etransmita todos os dados obtidos ao comando da Frota Estelar. Lembre-se,

    partimos em uma hora. Picard inclinou a cabea para seus oficiais maisgraduados Dispensados.

    A tenente Selar observava a pequena criana de pele azulada que vestiaum brilhante casaquinho preto e andava de modo hesitante em direo

    parede, at que ela parou subitamente.Distncia da parede? perguntou Selar. Um metro e trinta centmetros, como voc disse respondeu a

    menininha.

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    Excelente disse Selar. Voc est ganhando confiana.Fica mais fcil a cada vez que procuro combinar os sinais de minha

    rede sensora com as sensaes de minhas antenas. Esta rede sensora bemmelhor do que a outra que eu tinha. A menina voltou-se para a mdicavulcana, com seus plidos olhos fitando fixamente um ponto acima da

    cabea de Selar. Obrigada por ensinar-me a us-la, Doutora Selar.A vulcana sacudiu negativamente a cabea, esquecendo-semomentaneamente de que a criana andoriana no podia ver seu gesto.

    Esse o meu trabalho, Thala. No necessrio agradecer algum pelosimples cumprimento de seu dever.

    A criana sorriu de repente, de modo travesso.Voc passou mais tempo comigo do que devia, eu sei. Ouvi a Doutora

    Crusher dizer isso durante meu ltimo exame mdico. Ela achou que eu no

    estava ouvindo, mas eu estava.Selar ergueu uma sobrancelha, surpresa.Tenho que avisar a Doutora Crusher para ter mais cuidado com a sua

    acuidade auditiva.A pequenina menina enrugou subitamente o rosto azulado, sob seu

    cabelo e antenas brancas.Oh, no. Eu fiz de novo, no foi? Wesley costuma dizer que minha

    boca se move em dobra espacial enquanto minha mente ainda est em

    velocidade de impulso.A vulcana concordou intimamente que a metfora era bem aplicada, mas

    o riso no transpareceu em seu rosto bem treinado.Quanto mais praticarmos o uso da rede sensora antes de aportarmos

    na prxima base estelar, onde voc tomar um transporte para seu planetanatal, mais fcil ser para voc utiliz-la.

    Thala fez que sim com a cabea, contendo as emoes como umavulcana. Por um momento, Selar arrependeu-se de ter mencionado aiminente partida da criana, mas reprimiu os sentimentos. Ela tinha que seacostumar com a idia de que em breve partiria para crescer em um planetaque jamais conhecera.

    A menina andoriana havia nascido no espao. Seu pai, Thev, era umembaixador andoriano que viajava a trabalho diplomtico. A me de Thala,especialista em lnguas, morrera seis anos antes, quando sua filha tinhaapenas um ano de idade, de uma virose que contrara. O pai da menina tinha

    morrido havia cinco semanas, sendo uma das dezoito vtimas fatais doataque dos borgs.Thala estava sozinha, e as leis determinavam que deveria ser enviada de

    volta para a famlia o mais breve possvel.

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    Desde a morte de Thev, a tenente Selar havia tentado dizer a si mesmaque Thala estaria melhor com seus parentes, mas preocupava-se com ofuturo da criana. A vida a bordo de uma nave estelar era muito diferente davida na superfcie de um planeta especialmente no planeta natal dosandorianos.

    Os andorianos eram uma raa temperamental, no to avanadatecnolgica e socialmente quanto os vulcanos ou mesmo os terrqueos.Apegavam-se a suas antigas tradies, fundamentadas em seu passado

    brbaro e sanguinrio. As fraquezas e deficincias no eram encaradas comtolerncia, mas como uma vergonha para a famlia. Alguns cls andorianos,segundo os boatos, ainda sacrificavam as crianas nascidas imperfeitas. Averdade era que Selar, em seus quinze anos de prtica mdica na FrotaEstelar, jamais havia encontrado um andoriano com qualquer tipo de

    deficincia fsica.Como Thala seria tratada pelo seu povo? No ano anterior, Selar havia

    trabalhado com a Doutora Pulaski e depois com a Doutora Crusher, quandoesta retornou ao servio, realizando testes e exames em Thala para que elarecebesse um VISOR muito semelhante ao que o tenente comandante LaForge usava. O implante de sensores e a calibrao de um VISOR jamaistinham sido realizados em um andoriano. Selar tinha feito grande parte dotrabalho sozinha, com a ajuda e conselhos de La Forge.

    Se Thala partir, perguntou-se Selar, ser que seu cl providenciar paraque a criana receba os melhores cuidados mdicos a fim de um dia "ver" damesma forma que o engenheiro chefe? Em seu ntimo, a vulcana tinha suasdvidas.

    Alm disso, havia algo no qual Selar vinha trabalhando com o DoutorPulaski no setor de desenvolvimento: substitutos bioeletrnicos para partesdo corpo. J se descobrira um modo de implantar olhos bioeletrnicos notenente comandante La Forge, para que ele tivesse uma aparncia normal supondo que ele no desejasse tentar a regenerao do nervo ptico. Mas oengenheiro chefe havia recusado a oferta, porque a retirada de seu VISORsignificaria a perda de uma porcentagem significativa de seu espectroespecial de viso.

    Mas para Thala, que nunca havia experimentado a viso ampliadaproporcionada pelo VISOR, no seria ideal ter olhos bioeletrnicos? Elesenxergariam e funcionariam de modo mais semelhante viso normal, mas

    dariam menina a capacidade de "ver" um espectro maior. Alm disso, comeles a pequena andoriana no precisaria sofrer a dor constante que La Forgesentia.

    Selar suspirou em voz alta, e Thala voltou-se cm sua direo, surpresa.

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    Est cansada, Doutora? Podemos parar com a aula, se quiser.No, absolutamente disse a vulcana. Mas estamos na hora do

    almoo. Ela ergueu-se graciosamente. Era uma mulher alta e magra, comcabelos negros e curtos, e uma franja que quase tocava suas sobrancelhasoblquas, deixando mostra suas elegantes orelhas pontudas. A doutora

    tinha por volta de quarenta anos, sendo ainda bastante jovem pela contagemde seu povo, e suas feies marcantes eram bastante atraentes, apesar de suapouca mobilidade.

    mesmo. E eu estou com fome disse Thala. Ela hesitou umpouco, depois perguntou em voz baixa Terei outra aula com a senhoraamanh, doutora?

    Selar hesitou, notando a admirvel maneira com que a menina procuravadisfarar a ansiedade em sua expresso.

    Creio que sim disse ela. A menos que haja uma emergnciainesperada na enfermaria. Algo na expresso tristonha da menina fezSelar perguntar Gostaria de acompanhar-me at o convs de recreao

    para almoar comigo? No tenho outros compromissos no momento.Posso mesmo? disse Thala, abrindo um grande sorriso e esticando

    as antenas de alegria. Isso seria timo! Muito obrigada, doutora! No precisa me agradecer disse Selar. Ambas precisamos

    comer, e uma companhia agradvel nas refeies auxilia na digesto. A

    criana aproximou-se dela, com passos hesitantes.Ela ainda no aprendeu ausar bem sua nova rede, pensou a vulcana. melhor no atrapalhar seuprogresso por causa de um escorrero ou tropeo.

    Por isso, quando Thala chegou perto dela, a doutora segurou-lhe a mo.Venha, ento, vamos subir juntas.Os pequenos dedinhos azuis apertaram os plidos dedos esverdeados, e

    elas saram juntas da cabine da menina e seguiram pelo grande corredor,com Selar dirigindo discretamente a menor. Atravs do contato fsico, amdica conseguia perceber telepaticamente o prazer sentido por suacompanheira e o entusiasmo pela perspectiva de passarem mais algum tempo

    juntas.Depois do almoo, voc pode me atualizar a respeito do progresso de

    seus estudos disse a vulcana enquanto caminhavam.Thala fez que sim com a cabea.Tenho estudado muito, e com esta nova rede vai ser muito mais fcil

    trabalhar com o computador, doutora. J nos conhecemos h um vrgula quatro anos observou Selar,olhando para as feies sinceras da menina. No mesmo?

    verdade concordou Thala, sria. Desde que a senhora

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    comeou a trabalhar com a Doutora Pulaski para ajudar-me a ver melhor. Euera apenas uma menina naquela poca disse ela, esticando-se para ficarmais alta. Os lbios de Selar retesaram-se num sorriso discreto.

    E agora voc j est muito mais velha, no ? Thala concordou com acabea.

    Nesse caso prosseguiu a vulcana como j somos quase damesma idade, talvez esteja na hora de voc comear a chamar-me por meunome. Poderia chamar-me de Selar, por favor?

    A criana inclinou a cabea, de modo formal, e segurou com mais foraa mo da professora.

    Ser uma honra, Selar disse a menina, em voz baixa.

    O tenente comandante Data estava sentado diante do console do

    computador de sua cabine, repassando o registro de todas as naves quehaviam cruzado o Setor 3SR-5-42 nos ltimos cinco anos. A rota decomrcio entre Thonolan IV e a Federao no existia at um ano antes,tampouco a que ligava a Federao ao Imprio Klingon, mas algumas navesentraram no setor, na maior parte pequenos cruzadores e cargueiros

    particulares.Alm disso, como Data havia acabado de descobrir, quinze vrgula

    quatro por cento das naves desapareceram sem deixar qualquer vestgio.As viagens espaciais ainda eram um empreendimento arriscado por

    natureza, mas Data sabia que esse percentual era mais alto demais para osriscos comuns encontrados nas viagens interestelares. No entanto, nenhumdos dirios de bordo das naves que haviam conseguidopassar pelo setor emsegurana relatava qualquer coisa fora do comum.

    O andride passou mais uma vez os olhos pelos registros, procurandoqualquer tipo de informao que pudesse relatar a Picard, mas no havianada.Piratas renegados? Pensou ele, afastando imediatamente a idia. Seriaimprovvel num local to afastado das rotas espaciais. Qualquer que fosse ocarregamento roubado no compensaria o combustvel e o tempo gastos paratransport-lo at um planeta onde pudesse ser revendido, como Arcturus VI,cujo governo planetrio era complacente para com as atividades clandestinase a lavagem de crditos.

    As feies plidas de Data permaneceram serenas ao levantar-se da

    cadeira e caminhar lentamente pela cabine. Muitos humanos alegavam queesse tipo de movimentao os ajudava a pensar mais claramente. O andrideno via muita lgica nisso, mas imaginou que poderia testar empiricamente ofato. Talvez devesse tambm apanhar um cachimbo e seu chapu de caa,

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    das aventuras de Sherlock Holmes do holodeck.Enquanto caminhava pela cabine, Data viu a caneta tinteiro e as pginas

    que enchera com sua caligrafia perfeita. Uma sbita lembrana de suaconversa com La Forge passou de relance na mente do andride. Geordi nohavia mostrado tanto entusiasmo pelo livro que Data estava escrevendo

    quanto ele esperava. Talvez o engenheiro no conhecesse muito de fico.Ou podia ser que o que Data tinha escrito no estivesse muito bom.Talvez, como em muitas outras coisas, Data tivesse deixado de entender algointangvel, que faria sua obra compreensvel e agradvel para um pblicohumano. Era possvel que tivesse fracassado novamente.

    O andride decidiu que precisava de outra opinio, talvez duas ou trs.Com resoluo, ele voltou sua ateno novamente para a anlise de todos

    os registros que havia acessado em sua pesquisa, verificando se no havia

    deixado escapar nada nem menosprezado coisa alguma. Seu crebropositrnico era extremamente meticuloso e preciso, mas Data no era umcomputador e seria remotamente possvel que viesse a cometer um erro.

    Mas no daquela vez, concluiu ele, um minuto depois. No haviadeixado escapar nada. Tampouco havia dados suficientes para formular umahiptese, por mais remota que fosse.

    Data deixou a cabine e seguiu resolutamente para a ponte, a fim deapresentar seu relatrio ao capito. Ele sabia que Picard no ficaria satisfeito,

    mas no poderia colocar a culpa em seu oficial andride. Jean-Luc Picardesperava resultados quando estes eram possveis, nunca admitindodesculpas, mas era um homem justo que reconhecia um mistrio real quandose deparava com ele.

    E era exatamente isso que tinham pela frente naquele momento. Algoestava l fora, mas no havia como especular o que poderia ser. AEnterprisee sua tripulao teriam que descobrir por experincia prpria.

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    Dois

    A tenente Selar sentou-se em sua cabine, relendo a mensagem pessoalque havia recebido pelo canal subespacial antes de a Enterprise ter entradoem velocidade de dobra, a caminho de sua tarefa prioritria. A mensagemdizia:

    Em reconhecimento a suas importantes publicaes de pesquisa elonga experincia no desenvolvimento de prteses bioeletrnicas, emparticular no campo da xenobiologia, os Diretores da Academia Vulcana deCincias convidam Selar, atualmente ocupando o cargo de tenente da FrotaEstelar, designada presentemente equipe mdica da U. S. S. Enterprise,NCC-1701-D, para o cargo de Diretora de Pesquisa Bioeletrnica da

    Academia Vulcana de Cincias.

    A mdica vulcana precisou reprimir fortemente uma onda de orgulhopuramente egosta ao terminar de ler pela terceira vez o comunicado.Oportunidades como essa somente ocorriam uma vez na vida das pessoas,quando muito. Logicamente ela iria aceitar o cargo com bastante entusiasmo.

    Selar imaginou como seria voltar para Vulcano depois de passar quinzeanos fora do planeta. Ela estava satisfeita e realizada com sua vida a bordo

    da nave estelar. Sabia que estava realizando um trabalho essencial, sabia queera necessria; e ser til era a meta almejada pela maioria dos vulcanos,desde os dias de Surak, que costumava dizer: "A vida sem um propsito

    benfico vazia. O que se entende por um propsito benfico? aquele quese ope progresso da entropia no universo".

    Como diretora de pesquisa bioeletrnica na Academia Vulcana deCincias ela poderia fazer bem mais. Poderia desenvolver procedimentos

    para a implantao de prteses bioeletrnicas em diferentes espcies, paraque houvesse mtodos estabelecidos que os mdicos de toda a Frota Estelare da Federao pudessem consultar. Crianas como Thala poderiam serajudadas, quer tivessem ou no o privilgio de morar a bordo de uma naveestelar.

    Selar ergueu-se da cadeira e caminhou lentamente pela cabine, passandoos olhos pelos objetos de arte e curiosidades que havia juntado durante seusquinze anos na Frota Estelar. Ela havia sido integrada Frota apenas poucos

    dias depois de ter terminado a residncia na faculdade de medicina, e nuncamais havia voltado para casa.Apertou nos dedos uma pea polida de madeira petrificada de Komeera

    VII. Como seria voltar para sua terra natal? Rever a famlia? Ser que eles

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    conseguiriam esquecer o que se passara? Ser que ela conseguiria faz-lo?Selar enrijeceu os lbios ao imaginar o rosto do pai, da me, dos avs e

    primos. Os hologramas mostravam imagens limitadas. Ser que eles teriammudado tanto quanto ela?

    A tenente era de uma famlia muito tradicional; seu cl era muito antigo

    e orgulhoso de sua linhagem. Desaprovavam muitas das mudanas queocorreram em Vulcano depois que o planeta se havia filiado Federao.Como a maioria das famlias tradicionais vulcanas, Selar havia assumido umcontrato de casamento aos sete anos, tendo sua mente unida a de um meninoque no futuro viria a tornar-se seu marido. O noivado da menina a Sukathavia sido considerado pela famlia como muito promissor. A famlia deSukat, apesar de no to antiga quanto a sua, era muito mais rica e influente.

    Enquanto cresciam, as duas crianas encontravam-se ocasionalmente,

    mas excetuando-se o tnue e facilmente ignorado elo mental que os unia, elapouco sabia a respeito do menino com quem se casaria um dia no Koon-utkal-if-fee. Sukat era simplesmente parte do futuro distante, que estavamuito afastado de sua existncia cotidiana.

    Desde a juventude, Selar tivera o desejo de tornar-se uma curadora.Salvar vidas e aliviar o sofrimento parecia-lhe a mais nobre das misses davida. Ela estudou muito, mostrando-se uma aluna excepcional, mesmo pelos

    padres vulcanos. Aos dezessete anos de idade, ela foi aceita cm uma boa

    escola e comeou a estudar medicina.Um ano depois, Sukat comeou a estudar na mesma escola. Ela o via

    freqentemente, pois tinham diversas aulas e sesses de laboratrio cmcomum. E sentavam-se prximos um do outro no almoo ou no jantar. Pela

    primeira vez, Selar comeou a conhecer melhor seu noivo ...... e descobriu que no gostava de Sukat. A idia de passar quinze ou

    dezesseis dcadas como esposa dele parecia-lhe intolervel.Suas personalidades simplesmente no eram compatveis. Selar tinha

    vivida curiosidade pelas outras espcies, inclusive os humanos,compreendendo e apreciando as diferenas existentes entre as culturas. Axenobiologia era uma matria que a fascinava. Ela respeitava e seguia os

    princpios da IDIC, a crena vulcana que exigia reverncia pela InfinitaDiversidade em Infinitas Combinaes.

    Sukat, por sua vez, considerava todo ser no-vulcano automaticamentecomo inferior, em termos intelectuais, fsicos e ticos. Selar reconhecia que,

    em muitas ocasies, ele estava certo em suas suposies, mas nem por issoestava livre de ser considerado o que os humanos teriam, centenas de anosantes, chamado de preconceituoso.

    Selar queria conhecer planetas distantes e as maravilhas existentes entre

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    as estrelas, mas Sukat considerava as viagens um estorvo infreqente pormmuitas vezes necessrio.

    A nica coisa que tinham em comum era a ambio. Selar aspiravatornar-se uma lder cm seu campo profissional algum dia, o mesmoocorrendo com Sukat. Selar, porem, levava uma pequena vantagem como

    estudante e durante a residncia mdica ela recebeu mais menes honrosasdo que ele de seus mentores. Sukat reagiu ao sucesso de sua futura esposacomo se ela tivesse deliberadamente decidido humilh-lo. No entanto, quer

    por palavras ou por aes, ele nunca demonstrou esses sentimentos, masSelar sabia o que ele pensava.

    Durante o ltimo ano de seu noivado, Sukat confidenciou a suaprometida que desejava ter uma grande famlia e considerava o fato deatrasar a procriao devido carreira da esposa como algo imprprio. Ele

    argumentava que, afinal de contas, era bem mais lgico que as fmeasprocurassem desenvolver sua carreira depois que os filhos estivessemalcanado a idade da independncia, em vez de interromp-la em ummomento crucial devido ao aumento de responsabilidades em relao criao dos filhos.

    Selar no concordava. Parecia-lhe prefervel estabelecer primeiro umfirme alicerce para sua carreira, depois ambos os pais dividirem asresponsabilidades da criao dos filhos. Mas ela nunca manifestava sua

    opinio. Naquela altura ela j sabia, sem ter que perguntar, qual era a reaode Sukat para com os que discordavam dele. Por fim, quando a formatura

    para o ttulo de "Curadora" estava se aproximando, e a data de seucasamento marcada, Selar sabia que no poderia prosseguir com ocasamento.

    Desapaixonadamente, ela informou sua deciso famlia. Eles ficaramto desapontados quanto ela previra. Lembraram-lhe que seu casamento comSukat era algo eminentemente lgico. Eram um casal perfeito em termossociais, educacionais e genticos. Disseram a Selar que ela estava sendo tolae que todo o trabalho que tivera junto aos humanos tinham-na contaminado.

    A jovem vulcana, porm, mostrou-se inflexvel. Ela no se casaria comSukat. Ela procurou a famlia dele e informou-lhes de sua deciso. Elesreagiram no com desapontamento mas, sim, com desprezo e um mal-disfarado alvio por Sukat no se casar com uma pessoa to ilgica eimatura.

    Com os lbios rgidos e o rosto empedernido, Selar saiu da bela casadesignada famlia de Sukat e foi procur-lo em seu apartamento. Alembrana daquela visita ainda estava vivida em sua mente, no tendodesaparecido com o passar dos anos...

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    Sukat encarou-a inexpressivo, mas por meio de seu elo mental ela pdesentir seu desapontamento. Deve haver um engano, disse ele, sem emoo,enrijecendo suas belas feies.No se desfaz um elo sem um bom motivo.

    Eu tenho um bom motivo, replicou ela imediatamente.Mas voc acabou de dizer que sou plenamente aceitvel, em termos

    fsicos e mentais, e que no devo considerar sua deciso como uma rejeioa minhas qualidades como futuro companheiro, disse ele, parecendo irritadoe um pouco chocado. Se isso for verdade, ento que outro motivo poderiahaver para essa rejeio?

    Tenho meus motivos, repetiu Selar em voz baixa.Posso saber quais so? perguntou ele, com fria arrogncia na voz.

    Atravs do elo mental ela sentiu sua desaprovao.No tem nada a ver com voc, algo pessoal; por isso no achei

    relevante contar-lhe por que no quero me casar com voc, disse ela apsalgum tempo.

    Mesmo assim, quero saber o motivo. Tenho esse direito, insistiu ele.Muito bem, disse ela. Pela primeira vez, ela hesitou, desviando o rosto do

    firme olhar com que ele a encarava. No creio que sejamos ... compatveis,murmurou ela.

    Compatveis? Sukat ergueu uma sobrancelha. O que a compatibilidadetem a ver com tudo isso? Parece uma humana falando, com todo aquele

    palavreado a respeito do amor! Que coisa mais ilgica ... Ele procurou aspalavras certas.Isso totalmente ... ridculo!

    No creio que seja ridculo ou ilgico que marido e mulher se sintambem e satisfeitos na companhia um do outro, insistiu ela. Creio que essencial para o bem-estar mtuo, bem como para o de seus descendentes.

    Sinto-me bem a seu lado.O momento havia chegado. Ela havia desejado que ele no chegasse at

    aquele ponto; mas naquele momento a nica soluo seria dizer a verdade.Mas eu no me sinto bem em sua presena, declarou ela

    categoricamente. Quando estamos juntos, meu nico desejo afastar-me devoc. A idia de ... intimidade fsica ... entre ns dois no algo que euconsiga desejar. Ao terminar, Selar desejou que a conversa tivesseterminado; quis sair dali, para o ar livre, ficando sob o claro cu que estavamais vermelho do que nunca aps o surgimento do planeta companheiro deVulcano no horizonte.

    Como pode dizer isso? perguntou ele. Voc mesma me disse que soualgum que a maioria das fmeas consideraria extremamente desejvel. Suareao totalmente ilgica.

    Talvez minha reao seja ilgica, Sukat, admitiu ela.Pois que seja No

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    me casarei com voc. Vamos terminar por aqui.Como voc tola, TPara, disse ele secamente. Ainda bem que estou

    livre de voc.Meu nome no mais esse, respondeu ela, quase sem se dar conta do

    insulto, de to aliviada que estava por terminar a conversa. O prefixo 7"

    somente se aplica a mulheres comprometidas, e isso algo que j no soumais.Escolhi um novo nome, pelo qual serei conhecida na equipe mdica da

    Frota Estelar. A partir de amanh serei a alferes Selar. Vou desfazer o elo epeo-lhe que faa o mesmo.

    Sem dizer mais nada, ela aprofundou-se em sua prpria mente, sabendoque Sukat estaria suficientemente zangado para obedecer, e rompeu o elomental. Depois, sentindo-se estranhamente nua mas euforicamente livre,

    virou-se e saiu...Selar despertou de seu devaneio com um sobressalto ao ouvir o som de

    seu intercomunicador. Repreendendo-se mentalmente por deixar-se levar porantigas recordaes, apertou o boto para ativ-lo.

    Tenente Selar falando.O belo rosto da Dra. Beverly Crusher, emoldurado por seu cabelo da cor

    do cu de Vulcano, encheu a tela.Selar, acabei de receber ms notcias a respeito de Thala disse ela

    sem rodeios.A vulcana reprimiu uma onda de ansiedade, hbito adquirido aps anos

    de controle, e manteve o rosto impassvel.Ela se feriu?Oh, no foi nada disso assegurou Crusher. Sinto muito, creio

    que me expressei mal. Fisicamente Thala est muito bem. Mas acabo dereceber uma mensagem de sua famlia a respeito dela.

    Sim?Seu cl no a quer de volta. Eles alegam no ter condies de cuidar

    de uma criana invlida. Beverly Crusher enrijeceu os lbios comamargura. Foram bastante frios a esse respeito. Disseram que no queremThala e no se importam com o que acontea com ela.

    O que o regulamento determina em casos como esse? A mdica ruivasuspirou.

    Sinto dizer que as regras so bastante especficas. Se no houver uma

    famlia para a qual a criana possa ser encaminhada, ela ser levada at oplaneta mais prximo em que a populao majoritria seja de seu povo, ondeser deixada aos cuidados das autoridades planetrias como rf. Amdica balanou a cabea negativamente. No caso de Thala, creio que

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    esse planeta seja Thonolan IV.Selar sentiu uma pontada de angstia ao pensar que dentro de alguns dias

    no voltaria a ver a menina novamente.Mas o povo de Thonolan IV tampouco desejar receb-la lembrou

    Selar.

    Mas tero que aceit-la. Suponho que acabar sendo adotada.Ou acabar em um orfanato disse Selar bruscamente.Espero que no. Crusher estremeceu diante da idia. Oh, meu

    Deus, espero que no. Thala e uma menina to inteligente!No existe uma alternativa legal? perguntou Selar. Se algum

    estivesse disposta a pagar sua passagem para a Terra, ou para Vulcano, serque isso seria permitido? Mesmo que Thala no tenha ningum da famliaali, posso assegurar que um orfanato cm Vulcano seria muito melhor para ela

    do que qualquer um que haja em Thonolan IV, ou em qualquer planetaandoriano. Os vulcanos do valor s crianas, e Thala no seria exceo. Suamente seria estimulada em meu planeta. Ela seria bem tratada e receberiaexcelente educao.

    No sei se teramos permisso de envi-la a qualquer outro lugar disse Crusher, desanimada. Vou perguntar ao tenente Greenstein. Ele oespecialista em regulamentos.

    Por favor, faa isso disse Selar. Enquanto isso, sugiro que no

    conte nada a Thala. No h motivo para ench-la de preocupaes sobre seudestino.

    Concordo plenamente.Muito tempo depois de a imagem de Beverly Crusher ter desaparecido

    do visor, Selar continuava a fitar a tela escura. No justo, pensou ela,recordando-se do riso de Thala, no dia anterior, enquanto a menina comia asobremesa. Uma mancha de gelatina de laranja no canto da boca contrastavaridiculamente com sua pele azul. Voc tem tanto para oferecer, se apenaslhe dessem uma chance...

    A mdica vulcana suspirou, lembrando a si mesma que o universo noprimava nem nunca primara pela justia.

    Comandante Riker... pode me dar licena? perguntou Data aopreocupado primeiro oficial, assim que as portas do turboelevadorcomearam a fechar-se.

    O homem alto, cuja barba realava a bela fisionomia, voltou-se na

    direo da voz. Espere, elevador ordenou ele. Abra as portas. O elevadorobedeceu.

    Sinto muito, Data disse William Riker quando o andride entrou

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    no elevador. Eu estava pensando. Prossiga, elevador ordenou.Compreendo plenamente disse Data, quando o elevador comeou a

    subir com um sibilo. Eu tambm estive tentando fazer uma estimativa doque nos espera cm nosso destino.

    o quadrante errado para piratas, e muito longe da zona neutra para

    serem romulanos. Klingons renegados? sugeriu Riker. Talvez elestenham enviado mais daquelas naves hibernantes alm das que Worf eK'ehleyr conseguiram interceptar.

    Talvez disse Data. Mas se for esse o caso, ento por que nosaram daquele setor? Por que se contentaram em atacar umas poucas navesmercantes? A honra klingon de um sculo atrs exigiria um ataque ao espaoe s naves da Federao.

    Riker deu de ombros. Voc est certo. O turboelevador parou. Estou indo para a

    engenharia para uma inspeo. E voc? No momento, para nenhum lugar em particular disse Data. Will

    Riker notou que Data estava carregando algo na mo. Acho que irei para a ponte, pois meu turno comea cm uma hora.

    Mas, comandante... o andride interrompeu o que dizia, numa hesitaoquase humana.

    Riker olhou-o com curiosidade.H algo que o preocupa, Data? Quero dizer, alm de nossa misso?Para ser franco, sim, senhor. O andride pareceu tomar coragem.

    Gostaria de saber sua opinio a respeito de uma obra de fico.No sou o melhor especialista em literatura, Data avisou Riker.

    O capito tem muito mais conhecimento do que eu nesse assunto.Riker e Data saram do turboelevador e caminharam juntos pelo

    corredor.No preciso de conselho para a escolha de material de leitura, senhordisse Data. A obra em questo fui eu mesmo que escrevi.Oh disse Will. Percebendo a falta de entusiasmo em sua prpria

    voz, acrescentou de modo bem-humorado Bem, uma honra ter umescritor iniciante em nosso meio. O que deseja que eu faa?

    O andride entregou uma folha de papel a Riker.Simplesmente que leia isto aqui e me diga a sua opinio sincera.O segundo em comando da Enterprise encostou-se na parede de metal

    enquanto lia lentamente a cena manuscrita. Ele cocou o queixo,pensativamente, enquanto procurava as palavras certas, e por fim disse: Bem, sem ter lido a obra inteira, no posso dar uma opinio

    definitiva...

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    Naquele momento, porm, o capito no estava nem um pouco bemhumorado. Sentando-se diante do terminal do computador, ordenou aWhitedeer que lhe repassasse a mensagem.

    O capito enrijeceu os lbios enquanto passava os olhos pela mensagem.A Marco Polo, uma nave mercante registrada na Federao, havia entrado

    no Setor 3SR-5-42 no dia anterior e j estava seis horas atrasada em relaoao horrio em que deveria chegar doca da estao espacial de Thonolan IV.A nave estava definitivamente atrasada, e os transmissores sub-espaciais

    de Thonolan IV haviam informado terem perdido contato com o cargueiro.Aparentemente o contato simplesmente tinha sido interrompido. No houvequalquer indicao prvia de que o cargueiro tivesse encontrado qualquercoisa fora do comum.

    AEnterprise tinha ordens de procurar e resgatar tambm a Marco Polo.

    Jean-Luc Picard ergueu os olhos da tela e fitou seu santurio privativo,soltando um suspiro. Em seus muitos anos no espao, ele havia desenvolvidouma certa ... intuio, que jamais expressara abertamente. Em geral, eletomava toda as suas decises por meio do raciocnio, mas sempre haviaaquelas raras situaes em que a razo se mostrava inadequada e se fazianecessrio confiar na intuio.

    Picard sentiu um sbito pressentimento que lhe provocou calafrios naespinha. Ser esta nossa ltima misso?pensou ele, perturbado, correndo os

    olhos pela magnfica nave que lhe fora confiada. Ele observou seu peixecolorido e extico nadando no aqurio redondo, ento se ateve no modelo daStargazer. Depois de perder a Stargazer, jamais posso voltar a perderminha nave. Seria como perder minha prpria vida.

    Ele suspirou. Ouviu ento a campainha da porta e ergueu o rosto.Entre! chamou Picard.Ao identificar a pessoa que estava porta, ele sorriu.Estava esperando que viesse.A conselheira da nave Deanna Troi sorriu suavemente para o capito,

    com seus exticos, negros e compreensivos olhos betazides.Sempre que o senhor fica to perturbado quanto est agora, no posso

    deixar de perceber seus sentimentos relembrou-lhe ela com sua vozmelodiosa e gentil. Ela era uma mulher atordoantemente bela, com um corpo

    perfeito e longos cabelos negros presos por uma fiara cravejada de jias. Estou ciente disso disse ele. Outra nave desapareceu,

    conselheira. Desta vez foi um cargueiro com registro da Federao. AMarcoPolo.Uma notcia perturbadora disse ela, fitando-o intensamente com

    seus olhos cor de bano. Mas no a nica coisa que o preocupa. Algo o

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    intriga...Picard assentiu com a cabea. A Marco Polo estava levando um carregamento de sementes para

    Thonolan IV. Sementes defeleen que foram especialmente modificadas parapoderem crescer no solo thonolano, que mais rico em potssio do que o de

    outros planetas andorianos.E da? perguntou ela, quando o capito interrompeu o que dizia,

    permanecendo em profundo silncio, imerso em seus pensamentos.Ele assustou-se, como se desse conta naquele instante da presena da

    conselheira.Como?... Oh, sim, perdoe-me, conselheira. O que me intriga no

    conseguir imaginar por que algum desejaria roubar essa nave em particular.Eles no poderiam vender seu carregamento roubado em nenhum outro

    lugar. As sementes de Feleen no teriam nenhum valor cm outro planeta.Simplesmente no cresceriam. E se os ladres tentassem vend-las para osthonolanos, estariam se denunciando como os atacantes daMarco Polo.

    O senhor est baseando suas suposies na hiptese que osdesaparecimentos foram causados por piratas ou algo do gnero?

    Sim, essa era minha suposio. Mas tudo mudou agora dissePicard, preocupado. Fui forado a descartar essa teoria como pouco

    provvel. Por maiores que sejam as fraquezas morais dos ladres, suas aes

    geralmente so extremamente prticas.E o que nos resta ento?No sei. No consigo imaginar os romulanos afastando-se tanto assim

    de seu espao para atacar abertamente as naves da Federao. Isso seria umadeclarao de guerra, e eles no tm demonstrado estarem preparados parainiciar um conflito neste momento.

    Ferengi? sugeriu Troi, hesitante. Picard sacudiu negativamente acabea.

    Eles nunca capturariam uma nave com um carregamento que lhesfosse intil. Isso seria contrrio a suas convices mais profundas e seudesejo de lucro.

    Ento com o que ficamos? perguntou a conselheira, como se jsoubesse a resposta.

    O capito assentiu com a cabea.Se no algum nem algo que conhecemos, ento por definio deve

    ser algo aliengena. bem possvel que seja algo que nunca vimos antes.Talvez algo hostil ... e, pelo que parece, mortal.Um fenmeno natural? Algum tipo de fenmeno espacial desconhecido, talvez? Picard

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    tamborilou os dedos na superfcie polida da mesa. possvel...Mas no essa sua opinio disse Troi, lendo-lhe a hesitao com aexperincia de uma bem treinada obscrvadora. No sei! disse Picard, traindo momentaneamente sua frustrao,

    mas voltando imediatamente sua calma habitual. No essa minha

    opinio, Deanna. Na verdade... meus instintos, como creio que voc oschamaria, me dizem que devemos nos preparar para cumprir o objetivoprincipal desta nave.

    Contato com civilizaes aliengenas.Sim. Contudo, neste caso em particular, esses aliengenas atacaram

    oito naves. No pretendo deixar que aEnterprise seja a nona.A conselheira assentiu com a cabea, compreensivamente. um mistrio, capito. Digno do seu Dixon Hill, pelo que me parece.

    Um leve sorriso esboou-se no canto dos lbios do capito.Ah, sim. Quem sabe eu conseguiria investigar melhor o problema se

    pusesse meu chapu e o sobretudo.Troi sorriu maliciosamente, fazendo os olhos negros faiscarem. Nesse caso, senhor, seria mais do que justo permitir que o

    comandante Data usasse aquele chapu de caa ridculo e seu cachimbofedorento.

    Picard abriu um sorriso e abanou o ar em frente do nariz, fazendo uma

    careta ao lembrar-se do cheiro do cachimbo.Posso admitir o chapu disse ele. Mas aquele cachimbo uma

    ameaa ao sistema ambiental. Pode descartar Dixon Hill tambm. Tenho queresolver este problema como Jean-Luc Picard.

    O rosto do capito tomou-se mais sombrio e duro.E pode estar certa de que o farei, conselheira acrescentou em voz

    baixa.

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    Trs

    Entrando no Setor 3SR-5-42, capito anunciou o alferes honorrioWesley Crusher. A tripulao da ponte ergueu os olhos de suas tarefas paraas estrelas que riscavam a tela com as cores do arco-ris.

    Reduzir a velocidade para dobra um, Sr. Crusher.Sim, senhor.O jovem timoneiro tocou o imenso painel de controle, e a enorme nave

    obedientemente diminuiu sua desabalada carreira.Dobra um, capito.Jean-Luc Picard recostou-se em sua cadeira de comando no centro da

    ponte, com a conselheira da nave Deanna Troi em sua posio costumeira

    sua esquerda.Muito bem, Sr. Crusher.Picard voltou o rosto para seu oficial andride, que estava sentado junto

    ao painel de operaes ao lado de Wesley. Sr. Data, em nossa velocidade atual, quanto tempo levaremos para

    chegar ltima posio registrada daMarco Polo. Uma hora e dezessete minutos, capito disse Data. Seu rosto

    estranhamente plido parecia ainda menos humano sob as luzes intensas da

    ponte. Estou realizando uma varredura com os sensores de longo alcance,conforme ordenado, senhor. Obrigado, Sr. Data. E quanto tempo levaremos para nos

    aproximarmos daPaKathen! A ltima posio registrada dessa nave fica relativamente prxima

    das coordenadas onde foi perdido o contato com a Marco Polo. Cerca demeio ano-luz. No posso ser mais preciso que isso, porque a PaKathen noestava transmitindo quando desapareceu, de modo que a localizao exata da

    nave klingon no conhecida. Compreendo... O capito pensou por um instante, depois se

    aprumou na cadeira de comando. Sr. Crusher, prepare um padro debusca sub-luz que inclua os dois grupos de coordenadas, com uma margemde erro de meio ano-luz. Providencie para que ela seja realizada no mnimode tempo de busca e com o mximo de economia de combustvel.

    Sim, capito! respondeu Wesley, entusiasmado. O jovemadolescente imediatamente comeou a trabalhar no computador, assumindo a

    expresso absorta que costumava surgir em seu belo rosto sempre queresolvia um problema abstrato. Ele se parece tanto com o pai. PensouPicard. Jack costumava assumir essa mesma expresso quando tinha um

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    problema para resolver. E quanto mais difcil era o desafio, mais ele oapreciava.

    Um discreto e carinhoso sorriso esboou-se no rosto do capito enquantoobservava o jovem de cabelos castanhos inclinado com tanto empenho sobreo painel do computador. Percebeu ento que Troi o observava com um

    sorriso compreensivo, e rapidamente voltou sua expresso de costume. Sr. Data disse bruscamente. J conseguiu a informao a

    respeito daMarco Polo que pedi? Sim, capito disse o andride, voltando o rosto para seu oficial

    comandante. Devo coloc-la na tela principal?Sim, por favor, Sr. Data.Data apertou um boto no painel de operaes, e o desenho esquemtico

    de uma nave apareceu no lugar do espao estrelado na tela principal. A nave

    era um cargueiro grande, que no tinha as formas esguias da Enterprise.Abaixo do pequeno setor do disco, os compartimentos de carga da navedavam-lhe a aparncia de estar prenhe.

    A Marco Polo um cargueiro classe um, capito. disse Data,passando a falar como se estivesse dando uma aula. E uma naveconstruda para transportar produtos agrcolas e artigos de luxo. Tem umatripulao de quarenta e trs pessoas. Seus compartimentos de carga tm acapacidade de

    Conheo muito bem a capacidade de carga de um cargueiro classeum, Sr. Data interrompeu o capito. Qual a idade desse cargueiro em

    particular?Ele foi originalmente lanado h noventa e trs anos, senhor, mas foi

    completamente remodelado h trinta e um anos. Ainda assim bem antigo disse o capito, mais para si mesmo,

    cocando o queixo, pensativo. Numa nave to velha como essa, deve havermuitos vazamentos inicos dos motores.

    Creio que tem razo, capito.Poderemos rastrear uma trilha inica, ento. Procure identific-la com

    os sensores, Sr. Data.Sim, capito.

    Selar, eu vou ter que deixar voc, a Dra. Crusher e meus amigos em

    breve?

    perguntou Thala, hesitante.

    Meus parentes vo vir e me levarembora daqui?A mdica vulcana ergueu uma sobrancelha ao ouvir a pergunta da

    menina.

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    Ela e a criana andoriana estavam sentadas no alojamento da mdica,ouvindo um dos compositores humanos favoritos de Selar, Johann SebastianBach. Na opinio da vulcana, Bach era o gnio humano que melhor tinhacompreendido o valor da moderao, da ordem, do controle das emoes esua canalizao para a criao da beleza. Ouvir Bach muitas vezes ajudava

    Selar a resolver seus problemas, mais do que qualquer compositor demsicas para harpa vulcana.Thala tambm gostava de msica clssica humana, mas de um tipo muito

    diferente. Seu compositor favorito da Terra era Elvis Presley.Esticando o brao para o controle do computador, Selar diminuiu o

    volume da msica.Por que pergunta isso, Thala?Porque voc e a Dra. Crusher disseram que meus parentes em meu

    planeta natal haviam decidido o que fariam comigo, e que eu no poderiamais morar aqui na nave. Mas isso j faz muitos dias, e nenhuma de vocsme disse nada a esse respeito desde ento.

    Os olhos cegos da menina ficaram fitando por sobre o ombro esquerdode Selar, mas a mdica leve a perturbadora impresso de que a meninaconseguia perceber seus pensamentos melhor do que qualquer pessoa comviso normal.

    Sua suspeita foi confirmada pouco depois, quando Thala acrescentou:Sei que voc tem estado preocupada comigo ultimamente.Voc tem estado... freqentemente... em meus pensamentos disse

    Selar. verdade que tenho me preocupado com seu futuro.Por qu?A vulcana ergueu-se e caminhou lentamente pelo alojamento, pensativa.

    Thala uma criana cheia de imaginao, apesar de todo o seu ladoprtico. Ela pode muito bem estar imaginando uma situao bem pior doque a realidade. No posso mentir para ela, pois sou vulcana. Selar paroudiante do pequeno nicho com as cortinas vermelhas e o tradicionalincensrio. Procurou escolher bem as palavras

    Quando voc ficou sabendo que teria que deixar a Enterprise epossivelmente voltar para seu planeta natal, onde moram seus parentes quevoc nunca conheceu, lembra-se do que disse, Thala?

    Sim respondeu a menina com firmeza. Eu disse que nodesejava ir morar com estranhos, mesmo que fossem meus parentes.

    Isso mesmo. Bem, quando a Dra. Crusher entrou em contato com seucl, aparentemente seus parentes tiveram a mesma reao.Selar voltou-se para encarar a menina, esperando ver o desapontamento

    tomar-lhe o rosto. Mas Thala permaneceu impassvel como uma vulcana

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    tenha encontrado um lugar para morar. Est bem? No aceitarei esse cargoat que tenham sido feitos os acertos para que voc seja levada em segurana

    para seu novo lar, onde quer que seja. Ela pensou no que um atrasoprolongado significaria para suas chances de assumir o cargo e afastou aidia com determinao. Algum tinha que assumir a responsabilidade de

    providenciar para que Thala fosse bem tratada, e ela era sua mdica eprofessora. Era seu dever.Promete...?Acabei de faz-lo.A menina ergueu seus dedinhos azuis e apertou a mo da vulcana.Obrigada, Selar. Procure no se preocupar. A Dra. Crusher e eu vamos fazer todo o

    possvel para assegurar seu bem-estar.Eu sei.Selar ouviu o pequeno tremor na voz da criana, mas vendo que Thala

    estava tentando controlar suas emoes, no fez caso disso. A vulcanatambm procurou ignorar o alvio que ela mesma sentiu ao tomar essadeciso. O alvio de poder adiar o dia em que teria de encarar sua famlia,Sukat e a famlia dele, em Vulcano.

    No sei no, Sonya disse Geordi La Forge para a jovem de peleazeitonada que estava verificando as leituras dos motores de dobra daEnterprise sob sua superviso. Essa nova tarefa est-me dando calafrios.As naves esto ali em um momento e desaparecem no outro. No gostodisso.

    A alferes Gomes afastou uma mecha de seu cabelo escuro que lhe caaat os ombros e fez uma anotao no dirio de engenharia.

    Deve ser apenas um renegado ferengi, piratas ou coisa parecida.Talvez sejam klingons fora-da-lei. Voc vai ver. Assim que eles verem aEnterprise em suas telas, vo morrer de medo e fugir s pressas.

    Pode ser... disse La Forge. Eu concordaria plenamente seaquela nave klingon no tivesse desaparecido. Atacar uma nave cheia deklingons no algo que a maioria dos piratas pensaria em fazer, mesmo emseus sonhos mais desvairados. E voc conhece o desprezo que os klingonssentem pelos ferengis. Elas lutariam at a morte para evitar a desonra de

    perderem para aqueles gnomos gananciosos.Bem, talvez tenha sido outra nave cheia de klingons.A ltima coisa que klingons renegados gostariam de fazer seria atrair

    a ateno de uma nave klingon oficial. O imprio enviaria uma esquadra

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    inteira para vingar a perda de um cruzador, se isso fosse necessrio.Gomez ergueu o rosto, pensou um momento, depois deu de ombros.Voc tem razo. mesmo uma misso estranha, no ?, sim. Faz-me lembrar as histrias que li a respeito da Velha Terra,

    quando havia navios que cruzavam os mares.

    Gomez, que nunca tinha visto a Terra, tendo nascido em uma colnia,ficou curiosa.Que tipo de histrias?H centenas de anos, contava-se lendas a respeito de locais que eram

    armadilhas para marinheiros incautos. Voc podia ficar presa pelas calmariasna regio da Latitude do Cavalo...

    No sabia que havia cavalos no oceano interrompeu Gomez.Pensei que eles fossem mamferos herbvoros e terrestres.

    No havia cavalos no oceano disse Geordi. Apenas cavalos-marinhos.

    Cavalos-marinhos? So cavalos que moram no mar?No cavalos-marinhos no so eqinos. So... droga, no sei o que

    so. Moluscos, talvez, ou crustceos...Baleias? As baleias corcundas que esto sempre sendo mencionadas

    nos artigos sobre repopulao?Geordi estava comeando a sentir-se como quando conversava com

    Data. No, Sonya. Esses so cetceos. Animais marinhos inteligentes.

    Cavalos-marinhos so pequenas criaturas aproximadamente deste tamanhomostrou o tamanho com o indicador e o polegar que no tm nada aver com os cavalos de quatro patas.

    Certo, j entendi. Continue. Os marinheiros se perdiam...Isso. Os navios costumavam desaparecer, e eles tinham todas aquelas

    lendas para explicar o por qu. Havia de tudo, desde drages marinhos quecomiam os navios ate a queda da borda do oceano. Eles costumavam marcaras regies inexploradas em suas cartas de navegao com o aviso: "Aquihabitam monstros".

    Gomez deu uma risadinha.E a verdade a respeito desses desaparecimentos misteriosos era que a

    tripulao apenas tinha decidido amotinar-se e passar a ter uma vida boa emuma ilha tropical, com lindas mulheres quase sem roupa, certo?

    Claro, isso acontecia muitas vezes. Mas havia lugares que eramrealmente perigosos para os navios. Um dos mais perigosos era o Mar deSargaos.

    Sargaos?

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    Sargaos um tipo de alga que cresce desde o fundo do oceano at asuperfcie. Um navio pode estar navegando livre como um pssaro numminuto e de repente ser apanhado na rede de sargaos, ficando totalmenteimpedido de prosseguir. A alga enrola-se na quilha do navio, que fica preso,

    para nunca mais libertar-se.

    O navio no poderia cortar simplesmente as algas.Os infelizes marujos tentavam de tudo para libertarem-se: arrastar o

    navio com barcos a remo, cortar as algas, tudo o que conseguiam imaginar.Suponho que alguns conseguissem escapar, mas geralmente os que ficavam

    presos no tinham qualquer chance de libertar-se. Os navios e a tripulaopermanecia ali, indefesos e aprisionados, at no haver mais gua potvelnem comida. s vezes os homens conseguiam sobreviver meses com guade chuva e peixes, mas... Ele sacudiu a cabea, imaginando a situao.

    Acabavam ficando loucos e voltavam-se para o cani...Ele interrompeu abruptamente o que dizia, percebendo como era

    desagradvel o quadro que estava pintando. De qualquer forma, era horrvel. Os navios que voltavam ao porto

    contavam ter encontrado cascos apodrecidos cheios de esqueletos espalhadospelo convs...

    Geordi percebeu Sonya estremecer subitamente, vendo a cor do corpodela mudar de aspecto, dando-se conta de que tinha realmente assustado a

    moa. Ei. Chega de histrias arrepiantes disse ele, dando um tapinha

    amigo nas costas da colega. melhor nos apressarmos na preparao do relatrio de consumo de

    combustvel disse ele bruscamente, mudando de assunto antes queWesley nos chame. Wes anda to entusiasmado para impressionar o capitocom a eficincia de seu padro de busca, que capaz de descer at l

    pessoalmente para contar cada tomo usado para fornecimento de energia.Certo, chefe disse Gomez, com um sorriso trmulo. Por falar

    nisso disse ela enquanto andavam at o outro lado do convs daengenharia se decidir que est entediado com o servio a bordo de umanave estelar, podia muito bem seguir carreira como escritor de histrias deterror.

    Geordi deu uma risadinha.Vou deixar isso para o Data.

    A Dra. Beverly Crusher sentou-se diante da tela de comunicao de seuconsultrio, esforando-se para no deixar transparecer a raiva que estavasentindo. Sua chamada para Thonolan IV no estava indo muito bem.

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    Deixe-me ver se entedi direito, administrador Thuvat disse ela. Voc aceita receber a menina cm sua base, mas somente se tivermos tentadoentrar em contato com todos os possveis parentes em todos os planetascolonizados pelos andorianos e ela for recusada por todos eles? Isso podelevar meses!

    possvel. O rosto azulado do administrador ficou um pouco maisroxo e ele retorceu as antenas de impacincia. Mas regras so regras. Nodevemos deixar passar a menor chance de que algum de sua famlia aaceite. Possivelmente encontraremos um lugar para acolh-la em uma denossas colnias agrcolas remotas, onde qualquer mo de obra, por maisincapacitada que seja, ser de grande ajuda. Diga-me, a menina sabecosturar? Cerzir? Eles dizem que... franziu ainda mais os lbios

    pessoas cegas so geralmente muito hbeis com as mos. Talvez essa criana

    possa ser treinada cm algum tipo de trabalho manual que no exija o uso daviso... Ele suspirou, deixando transparecer seu desprezo.

    Beverly Crusher respirou fundo e contou at dez, primeiro em suaprpria lngua, depois em alemo, em seguida cm Vulcano.

    Administrador Thuvat. Parece achar que Thala mentalmenteretardada alm de cega. Isso definitivamente no verdade. Ela umacriana extremamente brilhante. Com a devida educao, poder ser bemsucedida cm muitas carreiras: trabalhar com computadores, por exemplo, ou

    direito, fsica, como professora, escritora, centenas de coisas! E se receberuma prtese visual adequada, poder realizar qualquer tarefa da mesmaforma que uma pessoa no incapacitada. Nosso engenheiro chefe a bordo daEnterprise, o Sr. La Forge, cego de nascena e exerce uma carreiraextremamente bem sucedida como oficial da Frota Estelar!

    Mmmm... foi a nica resposta que Thuvat deu ao discursoinflamado da mdica. O andoriano hesitou, percebendo evidentemente queCrusher no estava satisfeita com o curso que a conversao havia tomado.Compreenda, doutora, que no me cabe tomar essa deciso. Asseguro-lheque faremos tudo o que for exigido de ns nessas circunstncias.Simplesmente estou-lhe informando quais so as normas referentes scrianas rfs.

    Suponha que ningum da famlia de Thala, em qualquer dos planetasandorianos, queira aceit-la. Nesse caso, o que aconteceria? perguntouCrusher com rispidez.

    Ento seguiremos as normas, naturalmente, e encontraremos um lugarpara ela em Thonolan IV.Um lugar repetiu Beverly, lentamente. O que significa isso? De

    que tipo de lugar estamos falando?

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    Existem muitas instituies cm nossas maiores cidades que cuidamdaqueles que no se enquadram em nossa sociedade. Esses indivduosdesafortunados recebem comida, abrigo e cuidados nesses lugares.

    Cuidados! Crusher quase engasgou de indignao ao imaginar asituao.Ele parece que est falando de animais rejeitados!

    E quanto a uma adoo? perguntou ela, esforando-se paracontrolar o tom de voz.Thuvat surpreendeu-se com a sugesto. Suponho que seja possvel conseguiu dizer, por fim. Talvez

    possamos encontrar algo...E claro que sim,pensou Beverly, com amargura.Alguma gentil famlia

    que precise de algum para tricotar suteres ou o equivalente andoriano,sentada beira da lareira, agradecida por receber as sobras da casa.

    Maldito seja voc! Sentiu uma pontada no corao de imaginar Thala, ouqualquer outra criana, vivendo em um lar onde no era benquista.

    Administrador Thuvat disse ela, por fim. posso fazer um pedidopara que essa pesquisa seja efetuada pelas agncias da Federao. Masfrancamente acho que isso vai levar muito tempo. Talvez se voc realizar as

    pesquisas, consiga alcanar resultados mais rpidos.Thuvat suspirou.Possivelmente. Farei o que puder, se esse for o seu pedido. Ele

    estava visivelmente ansioso para que ela no o fizesse. De repente, pareceuter uma idia. Diga-me, doutora, ser que os pais dessa infeliz crianatinham alguma propriedade de valor? Isso pode fazer diferena ao

    procurarmos uma famlia que queira adot-la.Essa foi a ltima gota. Beverly Crusher lutou silenciosamente consigo

    mesma para no dar vazo a sua vontade de dizer umas verdades, entosacudiu a cabea, pesarosamente.

    Sinto dizer que no, administrador mentiu ela. H apenas umpequeno fundo de auxlio que ser entregue a Thala pessoalmente quandoficar adulta.

    Oh, isso uma pena o interesse momentneo do administradorarrefeceu-se. Bem, sinto dizer que tenho outros compromissos. Algo maisque queira dizer? Deseja que eu solicite a pesquisa de registros?

    No, obrigada, administrador disse a mdica. Detestaria dar-lhemais preocupaes. Vou deixar que o pessoal da Federao cuide disso.

    timo. Desejo-lhe boa sorte na resoluo de seu problema. Muitssimo obrigada, administrador Thuvat que todos os seusproblemas sejam pequenos como este disse Beverly, com fingida doura.

    O andoriano no percebeu o sarcasmo.

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    Obrigado disse ele. Adeus, doutora.Com uma pancada violenta, a mdica interrompeu a ligao com

    Thonolan IV.Maldito verme burocrata murmurou ela, depois que a tela estava

    apagada. Suspirando, Beverly passou a mo no cabelo, depois inclinou a

    testa sobre o dorso das mos. Comeou em seguida um exerccio demeditao-relaxamento.Preciso contar a Selar. Vulcana ou no, isso vai deix-la perturbada.

    Que confuso. Pobre Thala...

    Na ponte daEnterprise, Wesley Crusher subitamente aprumou-se em suacadeira.

    Capito, estou captando uma trilha inica disse ele, sem conseguir

    disfarar seu entusiasmo. Muito bem, Sr. Crusher disse Picard para o ar, e o computador

    automaticamente retransmitiu sua voz. Imediato, o Sr. Crusher parece terencontrado algo promissor.

    Estou a caminho respondeu a voz de Will Riker.O capito esperou at seu segundo em comando chegar, enquanto

    Wesley trabalhava febrilmente no computador. Riker olhou para o painel porcima do ombro do jovem oficial, depois acenou silenciosamente com acabea, demonstrando sua aprovao. Wesley corou de satisfao.

    Parece ser o que estvamos esperando encontrar disse Riker. exatamente o tipo de trilha que seria deixada por uma nave como a MarcoPolo.

    Ela foi arrastada para fora de seu curso, capito disse Wesley por algum tipo de ... ahn... campo de... energia.

    Um raio trator? perguntou Riker, olhando para o tenente Worf, quepermaneceu junto ao painel de segurana e comunicaes, na parte de trs daponte. O chefe de segurana klingon cerrou os lbios, mas o restante de suasfeies permaneceram impassveis.

    No, senhor disse Wesley, sacudindo a cabea, perplexo. Aparentemente teve o mesmo efeito que um raio trator, mas esse tipo deenergia... bem, no nada que eu j tenha visto antes.

    Confirmado disse Data, em resposta ao olhar inquiridor de Riker.No semelhante a nada que j foi encontrado no espao da Federao,

    dos romulanos ou dos klingons. Um novo tipo de campo de energia ... Picard ergueu-se ecaminhou at a tela principal. Destrutivo? Algum sinal de fragmentos que

    possam indicar uma exploso ou uma batalha?

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    No, senhor respondeu Crusher. Parece um raio trator, mas baseado cm um tipo inteiramente diferente de energia. Ele simplesmentearrastou a nave para fora do curso.

    E quanto PaKathen? rosnou Worf. Algum sinal dessa nave? No, tenente o jovem oficial enrugou a testa. Mas as naves

    klingons so construdas de modo a no deixarem uma trilha inica queindique sua localizao. Portanto ela pode tambm ter sido arrastada parafora do curso.

    tambm inteiramente possvel que os dois desaparecimentos notenham qualquer relao entre si disse Picard, fitando as profundezas doespao, com a luz das estrelas refletindo cm seu rosto austero.

    possvel, mas estatisticamente improvvel acrescentou Data,solcito.

    Qual a potncia desse campo, Sr. Crusher? Ser que a Marco Poloconseguiria libertar-se dele?

    Duvido, capito o rosto magro do jovem estava bastante srio. Um cargueiro nunca teria tanta fora, senhor.

    E quanto Enter...O capito interrompeu subitamente o que dizia quando sua nave

    literalmente deu uma guinada no espao. Apesar do campo gravitacionalartificial, dos estabilizadores, dos escudos contra meteoros e de todos os

    dispositivos de proteo que a enorme nave estelar possua, por ummomento a Enterprise corcoveou sob seus ps, como um cavalo xucro. Oalerta vermelho disparou automaticamente.

    Picard quase perdeu o equilbrio, mas a nave estabilizou-se novamente,impedindo-o de cair. O capito voltou-se para encarar a tripulao da ponte ecom admirvelsangfroid completou sua frase.

    A Enterprise conseguiria libertar-se desse campo de energiadesconhecido?

    No se sabe, capito disse Data. Mas suspeito que iremosdescobrir a resposta muito cm breve, senhor. O campo, ou seja l o que for,acabou de nos prender.

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    Quatro

    Podemos nos libertar? perguntou Picard.No sei, capito disse Data. Certamente no sem danificar os

    motores de dobra. Este raio trator muito mais poderoso do que jamaisencontramos.

    Houve um momento de silncio depois do andride ter falado. Picardento olhou para o oficial klingon.

    Tenente, pea ao Sr. La Forge que venha para a ponte. Quero que eleassuma o posto de engenharia.

    Sim, capito.

    No levou muito tempo para o jovem oficial aparecer. Assim que a navese deparou com o campo de energia desconhecido, Geordi somentepermaneceu na engenharia o tempo suficiente para verificar se a Enterprisehavia sofrido algum dano. Depois, antecipando a ordem do capito, seguiuimediatamente para a ponte de comando. La Forge j estava noturboelevador quando lhe foi repassada a ordem do capito.

    Assim que o engenheiro chegou ponte, ele olhou em volta paraidentificai' os presentes, cujos espectros de cor eram to caractersticos de

    cada pessoa para o oficial cego quanto seus rostos o seriam para umtripulante com viso normal.Quero sua opinio sobre o que acabamos de encontrar, Sr. La Forge

    disse o capito.Sim, senhor. La Forge dirigiu-se imediatamente para o painel da

    engenharia na parte de trs da ponte. Ao examinar as leituras, espantou-secom o que viu. Eu achava que j tinha visto de tudo murmurou para simesmo, sacudindo tristemente a cabea.

    Alguma concluso, Sr. La Forge? perguntou o capito. Geordiaprumou-se e resistiu ao mpeto de cocar a cabea.Fomos envolvidos por uma forma desconhecida de energia, de origem

    artificial. Est comeando a arrastar a nave pelo mesmo caminho seguidopelaMarco Polo. E extremamente potente.

    Artificial... repetiu Picard, pensativo. Isso nos deixa duaspossibilidades. Ou este campo representa algum tipo de descoberta cientficarecente de seres j conhecidos, ou..

    Ele olhou para o segundo em comando de modo significativo, e Rikerconcluiu seu pensamento:

    Ou ela gerada por algo que nunca vimos antes. Algo aliengena.

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    Qual nossa posio atual, Sr. Crusher? perguntou Picard,voltando-se para seu oficial mais jovem.

    Estamos sendo arrastados, senhor, como o Sr. La Forge disse. Nossavelocidade est aumentando gradativamente medida que o camposobrepuja nossa inrcia.

    Se continuarmos nesse passo, qual a velocidade provvel quechegaremos a alcanar? perguntou Riker.Wesley franziu a testa. Geordi viu a face do menino mudar de cor

    quando seus msculos se contraram. Bem, isso depende do que est nos puxando. Melhor dizendo,

    depende da distncia que estamos de nosso destino. Eu diria que vamosatingir a velocidade mnima de impulso cm cerca de duas horas.

    Quanto tempo ele levou para nos envolver?Trs vrgula um segundos, senhor.Capito disse La Forge j tenho fora de dobra a nosso dispor,

    por isso podemos tentar nos libertar.Acha que conseguiremos, Sr. La Forge? O engenheiro chefe hesitou.No tenho certeza, capito. Isso exigir uma potncia considervel, se

    a fora que nos est arrastando permanecer constante... sacudiu a cabea.Bem, talvez.

    Muito bem disse Picard, pensando em silncio por um instant