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Ezequiel Fagundes Inspirado nos exemplos bem-sucedidos da Itália e dos

Estados Unidos, o Ministério Público Estadual (MPE) de Minas, em parceria com a Advocacia Geral do Estado (AGE), está confiscando o patrimônio de organizações cri-minosas especializadas em fraudar recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), a prin-cipal fonte de recursos do governo estadual. Há muitos anos os governos italiano e norte-americano confiscam bens de mafiosos. Aqui no Brasil, embora o dispositivo esteja pre-visto em lei, ainda é pouco usado. Mesmo assim, o governo mineiro incorporou ao patrimônio público, no período de 2007 a 2010, a cifra de R$ 530 milhões. Uma parte foi re-cuperada em dinheiro vivo, mas o grosso vem do bloqueio judicial de bens móveis e imóveis. A lista inclui fazendas, casas, carros importados de luxo, terrenos, ações ao porta-dor, computadores, avião e até pedras preciosas. Embora a ação seja considerada um avanço, o rombo do ICMS nos cofres públicos ainda é gigantesco. Na última semana, o Estado de Minas teve acesso exclusivo a uma planilha de maus pagadores feita pelo governo. Apelidada de lista suja, o documento reservado lista 1 mil empresas devedoras do tributo. Com dívidas que variam de R$ 3 milhões a R$ 2 bilhões, o rombo já superava a casa dos R$ 28 bilhões em 2010, segundo o último cálculo da AGE.

Estima-se que pelo menos 30% dessa fortuna – algo em torno de R$ 8,4 bilhões – resultam da ação criminosa das empresas fraudadoras. O restante do débito bilionário, por supostamente não ter sido contraído de má-fé, virou imbró-glio jurídico e principal desafio do Cira, o Conselho Inte-rinstitucional de Recuperação de Ativos do estado. Criado em 2007 sem alarde pelo governo, o conselho não investiga os grandes esquemas de sonegação fiscal e um rol de crimes do colarinho branco, como lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, formação de quadrilha e corrupção com distri-buição de propina e uso de laranjas.

Para sonegar o tributo, as empresas recorrem a todo tipo de expediente escuso. Um dos modus operandi mais utiliza-do, segundo as investigações, é a constituição de empresas de fachada em nome de testas de ferro, criadas com objetivo de forjar as notas fiscais . Assim, a carga tributária recaía nas firmas fantasmas, que eram fechadas depois de pouco tempo de funcionamento sem o pagamento dos impostos devidos.

Nos golpes mais grosseiros, as firmas simplesmente dei-xam de recolher tributos. Nesse caso, os valores comercia-lizados são contabilizados em “caixa 2”, burlando a Recei-ta Estadual. Por outro lado, há casos em que são montados esquemas complexos. O objetivo é esconder o patrimônio pessoal dos fraudadores. Com a ajuda de advogados, os em-presários transferem para o nome de laranjas parte ou todos os bens e, depois, alegam não ter como bancar os débitos

tributários. Notebooks

Para o MPE, uma das operações mais bem-sucedidas teve como alvo os negócios do Grupo Nacional Mercantil Computadores e Suprimentos de Informática Ltda. Dono das marcas Info 2, Multimídia e Max Computadores, com 29 lojas em Minas, o grupo tinha, em 2008, dívida de ICMS de R$ 85.861.442,10. Convocada para negociar, a empresa alegou que não tinha recursos para arcar com o débito.

Quando estourou a Operação Castelhana, da Polícia Federal (PF), descobriu-se que o Grupo Nacional integrava a pasta de clientes do advogado tributarista e ex-deputado federal Juvenil Alves, acusado de ser o mentor de esquema de sonegação conhecido como blindagem patrimonial. Na época, todos os envolvidos foram presos, mas, logo depois, soltos pela Justiça.

Pelo esquema de Juvenil, o grupo transferiu todo o seu capital, incluindo o patrimônio pessoal dos donos da firma para o nome de laranjas, conforme sustenta a AGE. Mesmo com a revelação do golpe, a empresa entrou na Justiça para negociar a dívida com o Estado.

Depois de muitas idas e vindas, o Estado conseguiu re-cuperar os valores em processo movido na 3ª Vara de Feitos Tributários, em Belo Horizonte, no qual o Grupo Nacional foi representado pelo escritório Vinício Kalid Advocacia Empresarial. Pelos cálculos do MPE, R$ 9.168.720,00 fo-ram quitados com a entrega de 2.024 notebooks, destinados à AGE, ao MPE , à Secretaria de Estado da Fazenda e De-fensoria Pública.

Avaliada em R$ 26 milhões, parte de um prédio perten-cente ao patrimônio do Grupo Nacional, localizado na Rua da Bahia, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, também foi confiscada pela Justiça. Do restante do débito, uma parte foi paga em parcelas em dinheiro, e a outra entrou no pro-grama de perdão de dívida tributária do governo. O imóvel será destinado à Secretaria de Estado de Defesa Social. A ideia é que ele seja usado para abrigar uma escola de forma-ção de agentes penitenciários.

CeRCo À FRAUDe

Operações vedam vazamentos nos cofres públicos

Marcação cerrada desmonta esquemas de sonegação em setores-problema, e o Estado recebe os recursos de volta

Pavilhão onde funcionava a Pêndulo, hoje ocupado por novos inquilinos: atacadista desapareceu após sonegar R$ 265 milhões de ICMS

Além de garantir a recuperação de parte dos recursos escoados pelo ralo da sonegação de impostos, a marcação cerrada contra fraudadores (veja quadro) tem ajudado a des-montar esquemas comuns em setores-problema em Minas

CeRCo À FRAUDe

Estado toma R$ 530 mi em bens de golpistasPatrimônio público incorpora de joias a avião de organizações criminosas

especializadas em sonegar recolhimento do ICMS. Rombo é bilionário

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Gerais. Só em duas operações, que tiveram como alvo os ra-mos de distribuição de combustíveis e da siderurgia, R$ 150 milhões foram devolvidos aos cofres do Estado, ajudando a reduzir as perdas na arrecadação do Imposto sobre Circula-ção de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Alvo da Operação Tonel, o Grupo T.A Oil Distribuidora de Petróleo, com sede em Vitória, é acusado de um rombo de R$ 300 milhões nos cofres públicos de Minas e do Espírito Santo. Aqui, o prejuízo estimado é de R$ 100 milhões, em crimes de sonegação, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro na Grande Vitória, Guarapari, Santa Leopoldina e Belo Horizonte. Desencadeada em 2009, a operação rendeu bons frutos. Segundo balanço do MPE, uma lista de bens do grupo – como terrenos, dinheiro, ações ao portador e pedras preciosas no valor de R$ 80 milhões – já foi recuperada para o Estado pela Justiça. A empresa vendia combustível sem qualquer tipo de nota fiscal.

Apesar dos esforços, um entrave jurídico internacional está colocando em risco o sucesso da operação. No curso das investigações, descobriu-se fortes indícios de lavagem de di-nheiro a partir de uma conta secreta que o grupo capixaba manteria nas Ilhas Virgens Britânicas, na região do Caribe.

As autoridades deste paraíso fiscal não possuem acordo com o Brasil prevendo o repasse de informações sobre contas bancárias e, sob esse argumento, não atenderam os vários pedidos feitos pelo MPE de Minas e do Espírito Santo.

Outro ramo em que a sonegação de impostos que está sofrendo grande revés é o segmento de ferro-gusa. A chama-da Operação Divino investigou oito empresas em Divinópo-lis, na Região Centro-Oeste. Elas foram acusadas de sonega-ção fiscal e apropriação de recursos tributários. Ao todo, as siderúrgicas tinham uma dívida em torno de R$ 70 milhões. Uma das formas de atuação era a falsificação de escrituras e registros imobiliários. Assim, o grupo garantia empréstimos em bancos e financeiras enganando a Fazenda Pública com o parcelamento de dívidas acumuladas em razão da sonegação de tributos, em especial, o ICMS.

Enquadrada pela Justiça, somente a Siderúrgica Álamo Ltda. quitou uma dívida de R$ 29 milhões, conforme acordo judicial feito pela AGE. Das outras empresas, foram bloque-ados R$ 32 milhões em imóveis e mais R$ 5 milhões em veículos e um avião, totalizando R$ 37 milhões, usados para pagamento da dívida. Pelo acordo, o saldo remanescente foi parcelado em 120 vezes.

Fachada de loja que pertencia ao Grupo Nacional Mercantil Computadores em BH. Ao todo, foram confiscados R$ 26 milhões

Ezequiel Fagundes Cristina Horta/EM/D.A Press

Ministério Publico do Estado de Minas Gerais/Divulgação

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VereadoresAngelo DettmannLi a matéria “Justiça diz que 13º, 14º e 15º de verea-

dor são ilegais” (Política, 24.3). E pensar que já quiseram acabar com o nosso 13º... Daqui a pouco vão inventar mais uma novidade. Talvez usem outro calendário para terem mais salários no ano.

Filipe GuimarãesÉ por meio de ações como essa que o dr. Alceu José

Torres se firmou como um dos melhores procuradores de Minas. Parabéns pela iniciativa. E que outras ações sejam realizadas visando coibir os que deviam se preocupar com a população.

Tulio Lamounier BarbosaBetimMas, afinal, o que faz a Câmara Municipal de Belo

Horizonte, além de dar títulos honorários a “personalida-des” e gerar despesas desnecessárias? Ela deveria ser ex-tinta por inutilidade pública.

o teMpo - p. 18 - 27.03.2011Do LeItoR

Os vereadores de Belo Ho-rizonte recebem, além de seus subsídios mensais, acrescidos de outras verbas destinadas a financiar o exercício do man-dato, um 13º, um 14º e um 15º salários, apesar de não serem nem trabalhadores comuns nem servidores públicos.

Políticos têm cargos eleti-vos, com mandatos temporá-rios, e não deveriam ter direi-to nem ao 13º salário, quanto mais a um 14º e um 15º. Mas, por artes do troca-troca de fa-vores entre Legislativo e Exe-cutivo, os vereadores da capi-tal conseguiram essa regalia.

Isso valeu até agora. Na quarta-feira, o Tribunal de Justiça do Estado, examinando uma Ação Direta de Inconsti-tucionalidade (Adin), proposta pela Procuradoria Geral de Justiça, considerou inconsti-tucional o pagamento de três subsídios extras no mesmo va-lor do subsídio mensal.

Inicialmente, o presiden-te da Câmara afirmou que iria cumprir a decisão. Mas, depois, baseado em parecer interno, informou que vai con-tinuar a fazer o pagamento desses extras aos parlamen-

tares. Segundo ele, legislação anterior garante o benefício.

Trata-se de mais um caso em que a conduta do agente público produz desconforto à comunidade. Nem quando questionado, ele se envergonha de sustentar privilégios que a maioria dos cidadãos não tem. Sempre alega ter direito a um tratamento diferenciado.

O debate entre o que é le-gal e o que é moral, tantas ve-zes levantado no país, não tem prosperado entre nós. Pou-quíssimos políticos se pautam por ele. Para a maioria, se seus interesses são satisfeitos pela legislação, a questão ética é remetida às traças.

O Legislativo, sobretudo, é mestre nisso. Para ele, é fácil driblar a lei e a Justiça. Não por acaso, frequentemente é acu-sado de legislar em causa pró-pria. A Lei Municipal 9.627, de 2008, contestada pela Adin, é um exemplo de como é zelo-so com seus interesses.

Felizmente, funcionam al-guns mecanismos de controle. Que tenderão a ficar cada vez mais rigorosos para conheci-mento da sociedade.

Espertezas políticaso teMpo - p. 18 - 26.03.2011 o teMpo - p. 20 - 26.03.2011

Do LeItoR

ConfinsAriana Kelly Gomes DiasLagoa SantaLi a matéria “Expansão de Confins amea-

çada por invertebrados endêmicos” (Economia, 23.3). Além da devastação da mata protegida, da extinção de espécies e da destruição de sí-tios históricos, esses empreendedores não estão nem aí para os impactos ambientais, e muito menos para as pessoas que moram perto dessa área. Passam por cima das leis, das pessoas e, principalmente, do bom senso.

Adalberto GasparCarmópolis de MinasInfelizmente, não respeitam a lei ambien-

tal. Depois ficam questionando os motivos de tantas secas, inundações, furacões etc. Nesta semana comemoramos o Dia Mundial da Água. Será que as pessoas avaliam suas ações?

Precisamos ter mais cautela para ter melhor qualidade de vida. Se não for possível ampliar o aeroporto, que seja em outro local apropriado, mas sem danos ao meio ambiente.

Guilherme MenezesSerá correto a galera do meio ambiente

intervir? O errado é a obra ter demorado tan-to para começar. Se tivesse começado há dois anos, tudo tinha sido feito da maneira correta, atendendo ao interesse de todos. Agora não adianta passar por cima do Ministério Público, afetando o meio ambiente da região. A culpa é da Infraero, que não começou o processo antes. Agora não adianta atropelar, tem que esperar. Vai atrasar.

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o teMpo - 1ª p. e p. 22 e 23 - 28.03.2011Denúncia. Empresa produz remédios contra Aids; MP investiga

Dossiê indica que Funed beneficiou laboratório de SP

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CoNsUMIDoR

OLHO ABERTO PARA A VENDA CASADARedes de eletrodomésticos de Divinópolis estão na mira do Ministério Público por causa da prática de embutir seguros ou garantias nas compras sem o conhecimento do cliente

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Flávia Ayer

Além da fama, o título de capital dos botecos trou-xe para Belo Horizonte um problema que tira o sono da população. A poluição sonora representa quase 70% das reclamações por degradação ambiental, segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, deixando para trás problemas relacionados à flora e fauna, lixo, água e ar. Bares, boates e casas de shows lideram o ranking do barulho e somam 55% das queixas. Esta semana, o conflito entre diversão e sossego levou o juiz da 6ª Vara Cível, Wauner Batista Ferreira Machado, a expedir li-minar determinando o fechamento de sete casas na Rua dos Guajajaras, às 22h, às quintas e sextas-feiras.

A decisão foi baseada em denúncia do Ministé-rio Público Estadual (MPE), que aponta problemas, como som alto dos carros madrugada adentro, consumo de drogas e sexo explícito. Segundo moradores, a via chega a receber mais de 1 mil pessoas nos fins de se-mana. O incômodo burburinho dos bares habita outros endereços da cidade. A Região Centro-Sul, onde está a maior parte dos 12 mil bares, restaurantes e casas no-turnas da cidade, concentra 25% das reclamações. Can-sados de perder sono, moradores do Bairro Lourdes, ar-ticulam junto aos proprietários a instalação de um toldo antibarulho. No Carmo Sion, o sofrimento é similar: a Rua Pium-i se transformou em reduto de restaurantes e bares, atraindo centenas de pessoas à noite. FALAtÓRIo

Embora ocupe o quarto lugar no ranking de queixas de poluição sonora, o Bairro Prado, na Região Oeste, com 9% das reclamações, também tem moradores com dificuldade de dormir. Bares e restaurantes da Avenida Francisco Sá, recebe milhares de frequentadores até al-tas horas da madrugada e lotam as calçadas e até a via pública. É um falatório geral, motocicletas passando. Não há como dormir antes de meia-noite. Acho que o problema não tem solução. O que fiz foi me acostumar a dormir à meia-noite, confessa o morador do Prado, Orlando Rangel Lacerda, de 62 anos, conformado com a situação.

O problema desafia a polícia, a prefeitura e a le-gislação municipal e teve, na Rua Guajajaras, solução judicial que divide opiniões. Uma moradora que não quis se identificar conta que o perfil da clientela dos bares mudou muito de 2009 para cá, desde a inaugu-ração de uma boate na Rua da Bahia, palco de um ho-

micídio na semana passada. Aqui é o esquenta da boa-te. O problema é que os bares não têm espaço interno para comportar os frequentadores, que invadem a rua. A concentração chega a mais de 1 mil pessoas, impe-dindo a passagem dos carros, diz.

Segundo ele, os carros tocam funk de baixíssimo nível, as janelas dos apartamentos e camas trepidam. Além disso, é um problema de segurança pública, pois não há controle da Polícia Militar. Ainda temos de con-viver com sexo explícito, consumo de drogas, urina e fezes nas ruas, afirma a moradora, que define os bares como o combustível para a baderna. Atendendo recla-mações da população, o MPE tentou por duas vezes as-sinar termos de ajustamento de conduta com os donos de bares da Guajajaras, sem sucessso.sAÚDe pÚbLICA

Desde quinta-feira, sete bares da rua estão proi-bidos de funcionar depois das 22h, conforme decisão liminar do juiz Wauner Ferreira. Essa foi uma maneira encontrada para assegurar a saúde pública. Com cer-teza, vamos ouvir bares, prefeitura, polícia, mas não adianta levar a ação até o final com um mal que está afetando agora os moradores, afirma o juiz, ressaltando que um processo como este pode levar de três a quatro anos para ser julgado.

A novela registrada no Centro de BH promete se arrastar, já que representantes do setor alegam se tratar de um problema de polícia. A decisão não foi apenas sobre o barulho, mas sobre consumo de drogas, pessoas urinando na rua. Os problemas não são de competência do bar, mas da polícia. Quem está na rua é que preci-sa de ser autuado, afirma o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas (Abrasel), Paulo Nonaka.

Já a Polícia Militar alega que, tanto na Guajajaras quanto em outros locais onde a corporação é requisi-tada, toma as providências cabíveis, mas ainda esbar-ra na legislação municipal. problema é de conversa de pessoas na rua. No caso da Guajajaras, a PM já proibiu som alto, fechou a rua, coibiu situações de consumo de droga e sexo. Mas não há como impedir que os fre-quentadores fiquem no local. Está na hora de a prefeitu-ra regulamentar a questão dos bares. Acredito que tem que haver uma hora-limite para o encerramento das ati-vidades, afirma o comandante do 1º Batalhão, tenente-coronel Márcio Cassavari.

O Código de Posturas não impõe horário de funcio-

LeI Do sILÊNCIo

Desafio dos baresDecisão judicial de fechar sete botecos no Centro reabre polêmica sobre poluição

sonora na capital. Casas noturnas respondem por 55% das queixas de barulho em bh

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namento aos estabelecimentos, desde que cum-pram limites de emissão de ruídos impostos pela Lei do Silêncio, mais rigorosos principalmente a partir das 22h. Para equacionar o problema entre diversão e sossego, a PBH atua com fiscalizações, mas joga a bola para os donos dos bares. É papel do proprietário do bar orientar os clientes. É uma questão de consciência. A legislação não impõe horário de funcionamento, mas a Lei do Silêncio deve ser respeitada. Os fiscais fazem vistorias contínuas, afirma o gerente de Regulação Urbana da Regional Centro-Sul, William Nogueira.

Campanha eberr uma cerveja gelada com os amigos no bar e dormir uma noite tranquila não são ações conflitantes. Com base na ideia, no mês que vem a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel-MG) dará início a uma campanha para conscientizar clientes sobre como se portar nos bares para não incomodar os moradores vizinhos. A Abrasel de-fende uma convivência harmoniosa entre bares, restaurantes e a comunidade e a punição de quem infringe essa norma , afirma o presidente da enti-dade, Paulo Nonaka.

Segundo ele, a entidade distribuirá material educativo, orientando clientes a agirem com cida-dania também na mesa do boteco. Nonaka afirma que os frequentadores podem ajudar, adotando atitudes como falar mais baixo. De acordo com a Abrasel, BH tem cerca de 12 mil bares, restauran-tes, lanchonetes e similares. Apenas em fevereiro, foram 287 reclamações sobre a Lei do Silêncio, média de 10,7 por dia. O valor total em multas aplicadas foi de R$ 197 mil.

E tem bar que já adotou estratégias para evi-tar conflitos. O Bar da Dalva, no Funcionários, impõe horário de funcionamento até a meia-noite e a música ao vivo fica na parte interna. No sá-bado, o show vai das 17h30 às 20h30. Tentamos adotar a política da boa vizinhança. Não dá para abusar de quem quer sossego, afirma o dono do estabelecimento, Léo Araújo.

Bombeiros fecham boate Saga SeasonsUma grande operação de fiscais, bombeiros

e policias Civil e Militar fechou, ontem à noite, a Boate Saga Seasons, na Rua da Bahia, no Cen-tro da capital, depois da interdição, às 22h, dos bares da Rua Guajajaras. No dia 19, uma pessoa foi morta a tiros na porta da boate. Segundo o te-

nente Leonard Farah, do 1º Batalhão do Corpo de Bombeiros, apesar do prazo de 440 dias, os donos não apresentaram projeto de prevenção de incên-dio. Foram constatadas outras irregularidades na casa noturna, como fios elétricos expostos e luzes queimadas. A operação começou por volta das 23h, com participação de comissariados de me-nores. A PM também promoveu blitz de trânsito na região. Um motorista foi detido por suspeita de embriaguez e vários carros e motos, apreendidos.

poluição sonora De reclamações recebidas pela secretaria

Municipal de Meio Ambiente

Atividades Reclamadas - Total (%)Bares, boates e casas de shows – 55Comércio em geral – 9Construção civil – 7Clubes e quadras esportivas – 7Particulares – 5Escolas – 3Indústrias – 3Eventos/shows em via pública – 3Serviços automotivos – 2Academias de ginástica e dança – 2Motores de refrigeração – 2Comércio em geral – 1Serviços em geral –1Queixas por regionalRegional - Total (%)Centro-Sul – 25Nordeste – 15Pampulha – 11Leste – 11Noroeste – 10Oeste – 9Norte – 7Venda Nova – 7Barreiro –5

O QUE DIZ A LEINÍVEL MÁXIMO DA EMISSÃO DE RUÍ-

DOSDas 7h às 19h: 70 DbDas 19h às 22h: 60 dBDas 22h às 7h: 50 dB até as 23h59, e, depois

deste horário, 45 dBSextas-feiras, sábados e em vésperas de feria-

dos: até as 23h, 70 dB

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Dor de cabeça é geralO Estado de Minas percorreu vários condomínios e bairros localizados no Vetor Sul de BH e comprovou que os pro-

blemas de infraestrutura, saneamento e desrespeito à legislação estão presentes em quase todos, realçando a necessidade de investimentos para impedir a degradação da qualidade de vida de quem mora na região.

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MeIo AMbIeNte

Mais áreas protegidas

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seRRA

Justiça nega habeas corpus a PMS suspeitos

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Lei branda livra de punição exemplar motorista infratorDificuldade para provar que condutor sabia dos riscos de causar acidente alivia pena para crimes ao volante

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André Garcia Vítimas do esquema fi-

nanceiro montado pelo em-presário Thales Maioline, apelidado de “Madoff mi-neiro” por semelhanças com a tática de pirâmide usada pelo megainvestidor de Wall Street, aguardam desde ju-nho do ano passado por dois movimentos da Justiça. As mais de 2 mil pessoas em 14 cidades de Minas que per-deram dinheiro ao acreditar na promessa de ganhos fixos altíssimos feitos pela Firv – Consultoria e Administra-ção de Recursos Financeiros esperam por punição para Maioline e torcem para que seja possível recuperar ao menos parte dos R$ 100 mi-lhões que, estima-se, a em-presa acumule em dívidas. O primeiro passo, enfim, foi dado na semana passada.

Três meses após a prisão de Maioline, que se entre-gou à polícia depois de ficar seis meses foragido, a Justiça mineira aceitou denúncia do Ministério Público e trans-formou Maioline e outros três sócios da Firv em réus pelos crimes de estelionato, formação de quadrilha e fal-sificação de documentos. Ao fim do processo, uma pilha de 36 volumes e mais de 15 mil páginas que corre na 4ª Vara Criminal do Fórum Lafayet-te, em Belo Horizonte, os quatro sócios da Firv podem ser condenados a 13 anos de prisão. Pena que pode cres-cer caso o juiz considere que houve agravantes.

A iniciativa de denunciar

Maioline partiu do promotor Joaquim Miranda, coorde-nador do Centro de Apoio Criminal do Ministério Pú-blico. Depois de vários pe-didos por parte da polícia de mais prazo para as investiga-ções, o promotor considerou haver elementos suficientes para pedir a condenação dos sócios da Firv. “Há prova consistente da autoria dos crimes”, ele disse ao Estado de Minas. Agora, réus e tes-temunhas serão ouvidas antes de o juiz tomar uma decisão.

Mas, se na esfera crimi-nal o processo está encami-nhado, o andamento de ações nas quais vítimas pedem re-paração por conta do esque-ma financeiro parece mais complicado. Os próprios ad-vogados das vítimas dizem que será fundamental que a polícia rastreie o patrimônio de Thales Maioline e seus sócios para que os processos tenham sucesso. Ocorre que a própria polícia reconhece dificuldades na tarefa. “o mais difícil”

Chefe da Delegacia Es-pecializada de Defraudações e Falsificações, o delegado Islande Batista disse ao EM que o caso de Maioline foi o “mais difícil” já visto na delegacia. Segundo Batista, contadores vão precisar de mais tempo para concluir o trabalho de perícia que bus-ca rastrear bens e recursos de Maioline. Outra dificuldade para que vítimas consigam recuperar parte do dinheiro é que muitas delas deixaram de declarar os investimentos

feitos com a Firv, o que pode deixá-las expostas a uma ação da Receita Federal.

Diante da dificuldade em obter reparação em ca-sos como o de Maioline, in-vestidores devem redobrar o alerta para evitar cair em promessas fáceis de lucros. Operadores advertem ser muito difícil oferecer altís-simas remunerações fixas por meio de aplicações em renda variável ou em ações, como fazia a Firv. Quando isso ocorre, eles afirmam, há uma possibilidade grande de que o dinheiro seja usado em uma pirâmide financeira, cuja fonte de receita são no-vos investidores, que pagam pelos mais antigos.

todo cuidado é pouco Para quem tem pouca

experiência com aplicações, um passo importante é seguir orientações da CVM antes de decidir investir. Entre outras coisas, o órgão sugere verifi-car se o intermediário com o qual se pretende operar está autorizado a ofertar investi-mentos; ter cuidado com in-vestimentos coletivos, ações, debêntures e outros valores mobiliários que exigem a participação de intermediário autorizado a operar, além de desconfiar quando há pres-sões para investir ou quando se usa depoimentos de outros “investidores’ incentivando a aproveitar uma “oportunida-de.” Para tirar dúvidas, é pos-sível contatar a CVM pelo telefone 0800-722-5354 ou por meio do site www.cvm.gov.br.

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Madoff, primeiro ato

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Liderados por as-sessores do Ministério da Justiça, técnicos de 60 entidades dos Três Poderes divulgaram uma nota de protesto contra o Projeto de Lei n.º 354/09, de autoria do senador Delcídio Amaral, que incenti-va o repatriamento de bens e valores man-tidos no exterior por pessoas físicas e ju-rídicas e não declara-dos à Receita Federal. Além dos incentivos fiscais, o projeto - que foi apresentado após a eclosão da crise finan-ceira - concede anistia para quem remeteu dinheiro ilegalmente para fora do País, in-clusive recursos pro-vindos de sonegação, corrupção, lavagem de dinheiro, narcotrá-fico e delitos financei-ros.

Pelo projeto, que já passou pelas co-missões técnicas, os contribuintes poderão repatriar esses bens e recursos e regulari-zar sua situação fiscal desde que paguem um imposto de 5% em cota única - ou de 10%, se for parcelado - sobre o valor repa-triado. Emenda apre-sentada pelo relator na Comissão de Cons-tituição e Justiça, se-nador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) - atual ministro da

Previdência -, permite que esses porcentuais sejam reduzidos pela metade caso 50% do valor repatriado seja aplicado em títulos de empresas brasileiras no exterior e em cotas de fundos de investi-mento em projetos de habitação, agronegó-cio e pesquisa cientí-fica.

Delegados de polícia, auditores da Receita, promotores de Justiça, juízes cri-minais e procuradores da Fazenda estimam em US$ 100 bilhões o montante que pode-ria ser repatriado sem sanções pecuniárias e condenações judi-ciais, caso o projeto seja aprovado. Para o autor da proposta, esse é “um dinheiro novo” que poderia ser inves-tido em infraestrutu-ra, num momento em que faltam recursos suficientes para pre-parar o setor para as obras para a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016. Ele também afirma que caberá ao Banco Central “se-parar o dinheiro bom do dinheiro ruim”. Para Amaral, muito “dinheiro bom” teria sido enviado para o exterior apenas por uma “questão de pro-teção contra os planos econômicos”. Para os senadores que estão

apoiando sua propos-ta, como a maior parte do dinheiro mantido ilegalmente fora do País foi enviada para o exterior há muito tempo, muitos crimes de evasão de divisas já estariam prescritos.

Mas, para os inte-grantes da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à La-vagem de Dinheiro (Enccla), grupo de técnicos dos Três Po-deres que atuam no combate a delitos fi-nanceiros e evasão de divisas, o Projeto n.º 354/09 - chamado por seu autor de Lei da Ci-dadania Fiscal - fere o princípio constitu-cional da moralidade e vai muito além de regularizar a situação fiscal de sonegadores contumazes e de lega-lizar ativos constituí-dos de forma crimino-sa. Entre outras con-sequências, impediria o Ministério Público de apurar a fonte dos recursos e de levantar ativos bloqueados no exterior.

“É um estímulo à criminalidade organi-zada, um verdadeiro retrocesso no comba-te à corrupção”, diz a direção do Conselho Nacional dos Pro-curadores-Gerais de Justiça. “Os efeitos do projeto alcançarão si-tuações preexistentes,

invalidando investiga-ções e ações penais já instauradas, mesmo se houver condenações. A proposta de repa-triação sem punição fragiliza a atividade repressiva do Estado, que ficará na contra-mão do combate ao crime de lavagem”, assinala a Enccla.

O grupo também lembra que a anistia fiscal e criminal pre-vista pelo Projeto n.º 354/09 colide com tratados internacio-nais firmados pelo Brasil. E um eventual descumprimento des-ses acordos tornaria o País vulnerável princi-palmente a sanções do Grupo de Ação Finan-ceira contra Lavagem de Dinheiro (Gafi) - vinculado à Organiza-ção para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em vigor desde 1998, a legislação brasilei-ra nessa matéria foi elaborada com base numa atuação conjun-ta dos Ministérios da Fazenda e da Justiça com o Gafi.

Se o projeto de Amaral estivesse em vigor, lembram os membros do Enccla, o Ministério Público não teria como pedir o bloqueio das contas mantidas pelo ex-pre-feito Paulo Maluf nas Ilhas Jersey.

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Dinheiro sujo

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Recente seminário promovido pela Fun-dação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Ja-neiro, reuniu a cúpula do Executivo e do Ju-diciário, além de ju-ristas e pesquisadores, com o objetivo de dis-cutir estratégias para acelerar o processo de modernização da Jus-tiça brasileira, que foi iniciado em 2004 com a aprovação da Emen-da Constitucional 45.

O evento contou com a participação do ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, do vice-pre-sidente da República, Michel Temer, e do presidente do Supre-mo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso. Este último discutiu uma medida a ser ado-tada mediante Emenda Constitucional preven-do que as decisões de segunda instância da magistratura possam ser executadas ime-diatamente, indepen-dentemente das partes derrotadas poderem interpor recursos no Superior Tribunal de Justiça e no STF. A mudança valeria tanto para a área cível quan-to para a área penal.

O objetivo é for-talecer os Tribunais de Justiça (TJs) e os Tri-bunais Regionais Fe-derais (TRFs), agili-zando a execução dos

acórdãos e reduzindo o número de ações encaminhadas à mais alta Corte do País. “Os processos levam anos, às vezes déca-das, e essa morosida-de é a principal queixa da sociedade. A causa principal dos atrasos é a multiplicidade de re-cursos e o sistema de quatro instâncias em vigor”, afirmou Pe-luso. A proposta, que vai ser discutida pelos Três Poderes, até che-gar a um pacto que as-segure sua aprovação pelo Congresso, foi recebida com reservas por juristas, magistra-dos e pesquisadores, além do ministro da Justiça e do vice-pre-sidente. Temer afir-mou que a execução imediata de uma de-cisão de segunda ins-tância, sem que o caso tenha sido julgado no mérito em caráter de-finitivo por uma Corte superior, pode acabar criando situações de fato e prejudicando o direito de defesa da parte derrotada nos TJs e TRFs, além de inviabilizar eventuais decisões contrárias do STF. Na tréplica, Peluso afirmou que a maioria dos processos que chegam à Corte já foi objeto de duas decisões em instân-cias inferiores, o que “satisfaz o princípio

do devido processo le-gal”, e disse que o STF tem recusado, em mé-dia, 80% dos recursos a ele encaminhados.

No debate, três pesquisadores da FGV - Joaquim Falcão, Pa-blo Cerdeira e Diego Werneck - apresen-taram os resultados de sua mais recente pesquisa sobre essa Corte. Segundo eles, 91,6% dos processos que chegaram ao STF, entre 1988 e 2010, fo-ram recursos judiciais. E 90% desses recursos foram impetrados pelo poder público - princi-palmente autarquias da administração dire-ta federal e empresas sob controle da União. Pela ordem, os maio-res litigantes são a Caixa Econômica Fe-deral, o Instituto Na-cional do Seguro So-cial, o Banco Central e o Banco do Brasil. Fora da área federal, os que mais recorrem são os Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e a Prefeitura de São Pau-lo. Na iniciativa pri-vada, a empresa que mais recorre ao STF é a Telemar.

A revelação mais surpreendente da pes-quisa é que 5% dos casos que vão pa-rar no Supremo - o equivalente a 57 mil processos - tiveram

origem nos Juizados Especiais de Pequenas Causas. Trata-se de um paradoxo, pois es-sas Cortes foram cria-das para julgar causas de pequeno valor com base em rito sumário. A pesquisa da FGV revela assim que os Juizados Especiais se burocratizaram pro-gressivamente, dei-xando de cumprir seu papel de agilizar a tramitação das ações judiciais mais corri-queiras. Em outras palavras, os Juizados acabaram envolvidos no mesmo sistema protelatório que é a principal marca do Ju-diciário brasileiro. E é por isso que os pro-jetos de reforma dos Códigos de Processo Civil e Penal precisam criar diques, enxugan-do drasticamente o número de recursos, para evitar a sobrecar-ga dos tribunais supe-riores.

A modernização da legislação proces-sual e a reforma do Ju-diciário são decisivas para aumentar a segu-rança jurídica no País. O seminário da FGV, que teve a participa-ção dos mais diversos setores da sociedade e do poder público, foi uma contribuição im-portante para o aper-feiçoamento do Esta-do de Direito.

Avanços na reforma da Justiça

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