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24 DE DEZEMBRO DE 1995

Quando disse que tinha convidado os meus irmãos para passarem a noite de Natal connosco

(estávamos a almoçar na cozinha e viam-se os guindastes e os bar-cos a seguir aos últimos telhados da Ajuda)

a Lena encheu-me o prato de fumo, desapareceu no fumo e en-quanto desaparecia a voz embaciou os vidros antes de se sumir tam-bém

— Já não vês os teus irmãos há quinze anos(a voz ao cobrir os caixilhos de vapor levou consigo os morros de

Almada, a ponte, a estátua do Cristo a bater sozinha acima da bru-ma o desamparo das asas)

até que o fumo se diluiu, a Lena regressou a pouco e pouco de dedos estendidos para o cesto do pão

— Já não vês os teus irmãos há quinze anos de forma que de repente me dei conta do tempo que passara desde

que chegámos de África, das cartas da minha mãe da fazenda pri-meiro e de Marimba depois, quatro cubatas numa encosta de man-gueiras

(lembro-me da moradia do chefe de posto, da loja, de ruínas de quartel a naufragarem no capim)

os envelopes que guardava numa gaveta sem os mostrar a nin-guém, os abrir, os ler, dúzias e dúzias de envelopes sujos, cobertos de carimbos e selos, falando-me do que não queria ouvir, a fazenda, Angola, a vida dela, o empregado dos Correios entregava-mos no patamar e uma extensão de girassóis murmurava campos fora, giras-sóis, algodão, arroz, tabaco, não me interessa Angola cheia de pretos na fortaleza, no palácio do Governo e nas cabanas da ilha refastela-dos ao sol a julgarem-se nós, fechava a porta com a carta segura por dois dedos como quem transporta um bicho pela cauda

cartas iguais a bichos malcheirosos, mortos a baía de Luanda, esquecida de coqueiros, reduzia-se a um vestí-

bulo diminuto a necessitar de pintura decorado por um bengaleiro e uma cómoda, a Lena enchendo-me o prato de fumo e apagando o mundo

— Puseste-os na rua e agora passados quinze anos queres os teus irmãos de volta

sentada à minha frente usando o abano da mão para afugentar o vapor

— Se fosse a ti não esperava visitas logo à noite Carlos engordou, pinta o cabelo, queixa-se de não sei quê no coração, faz

exames no médico e toma remédios, a Lena metendo-se entre mim e a minha família, a filha de um empregado da Cuca a viver com um cacho de primos a cem metros do bairro Marçal, nunca disse por vergonha a nenhum colega de liceu que namorava com ela, se calha-va aproximar-se toda risinhos à saída das aulas

(magra, de tranças, não ia ao médico nem tomava remédios para o coração)

cochichava-lhe furioso— Some-te e já dentro do autocarro, após me certificar que nem os jingas

nos espiavam é que lhe fazia sinal com o indicador, uma casa às três pancadas de lanterna do alpendre enodoada de mosquitos, trepa-deiras musguentas, o pai de calções a ler o jornal, vizinhos mulatos em cubos de tábuas, com as retretes ao léu numa esquina de muro,

a Lena de tranças desfeitas a puxar-me a lapela no café, a cidade parada, os meus colegas de cerveja suspensa intrigadíssimos, eu na esperança que me não ouvissem

— Some-te a fingir-me tão ignorante como eles, tão espantado como eles que

troçavam da casa e dos vizinhos mulatos, te jogavam os cadernos ao chão, te subiam as saias a rir-se, te gritavam de longe

— Mussequeira tu em lágrimas a apanhar os cadernos e o teu pai que não andava

de automóvel como nós, andava numa motorizada antiga, ameaçan-do-os com o jornal, inofensivo, minúsculo, inseguro nas perninhas encaroçadas

— A minha filha é mais do que vocês safados a Lena a puxar-me a lapela no café— Preciso de falar contigo tem paciência amanhã toda a gente em Luanda vai saber de nós dois, o gerente

expulsa-me num gesto irritado— Desanda os meus colegas viram a cara a tapar o nariz— Cheiras a Sambizanga que tresandas Carlos a egoísta da Lena sem se importar que me virassem a cara, arras-

tando-me para as arcadas da marginal enfeitadas de pássaros à espe-ra do crepúsculo quando as traineiras saem à pesca, a fim de voarem aos gritos bicando gasóleo

— Não me telefonas não me ligas nenhuma luzes que se moviam entre as cabanas e as palmeiras da ilha, os

candeeiros da cidade acesos, a insígnia do hotel a que faltavam letras cor de laranja e azul, pessoas e carros que devido ao escuro não aten-tavam em mim, os meus colegas a telefonarem aos amigos Imagina a grande novidade, sabes a novidade, segura-te bem, não desmaies, adivinha com quem o Carlos, não, o outro, o cretino de Malanje namora, eu detestando a Lena que nem um filho me dá a levantar a mesa na Ajuda, a limpar o oleado com a esponja, a calçar as luvas de borracha de lavar os pratos

— Puseste-os na rua e agora queres os teus irmãos de volta se fos-se a ti não esperava visitas logo à noite Carlos

não descansou enquanto não casei com ela e a livrei do Marçal, dos parentes aos tremeliques de paludismo na fuligem do quarto vestidos de negro como se continuassem no Minho, tropeçava-se em tigelas de barro, em santinhos com pavios de azeite aos pés, aos domingos os tios, suando nos capotes, capinavam cinco palmos de quintal na esperança de repolhos

namoras a mussequeira Carlos confessa que namoras a mussequeira não é nada mussequeira que mania tem o apartamento em obras

a Lena gorda e de cabelo pintado acabou de secar os pratos, em-pilhou-os no armário, tirou as luvas e saiu para a sala onde estava o pinheiro de Natal ainda sem vaso nem estrela de papel de prata nem bolas nem flocos

— Já não vês os teus irmãos há quinze anos fiquei sozinho na cozinha a ouvir o zumbido do frigorífico e a

olhar os morros de Almada, a olhar a fazenda do postigo do jipe à medida que nos afastávamos pelos buracos da picada que dividia os girassóis murchos até ao alcatrão, a cantina onde os bailundos compravam cigarros, peixe seco e cerveja morna ao domingo surgiu numa curva e escondeu-se nas árvores, juntamente com cubatas cal-cinadas no terreiro onde um setter ladrava, girassóis murchos, arroz murcho, algodão murcho, o tractor sem rodas numa vala, no ponto em que a picada encontrava o alcatrão uma patrulha da Unita pu-lou à nossa frente a mandar parar o jipe acenando as espingardas, soldados descalços de uniforme em tiras que nos revolviam a baga-gem à procura de moedas e comida, de qualquer coisa que pudessem roubar, um relento insuportável de mandioca, unhas imundas vascu-lhando entre os assentos, bocas desdentadas

— Sai sai a minha irmã para a minha mãe a escapar deles torcendo-se de

medo— Mãe — Puseste-os na rua e agora queres os teus irmãos de volta se fosse

a ti não esperava visitas esta noite Carlos um sargento de panamá, distraído dos soldados, assava uma co-

bra num escovilhão sem se ralar connosco, um remoinho dançava folhas no pátio do convento, de colunas partidas, com salamandras e osgas no que restava dos arcos, onde o meu pai, a caminhar devagar com as bengalas, vinha observar os milhafres, o meu pai na cama, de terço enrolado à cabeceira, a olhar para nós num alarme de cego

— Dêem um beijo ao vosso pai as fossas nasais enormes, o pescoço encordoado de manchas ocu-

pado no trabalho enorme de tentar respirar(notava-se a aflição das costelas) ensarilhei-me numa das bengalas e a bengala tombou no barulho

mais forte que até hoje ouvi, o meu irmão que gritava com as trovo-adas e mergulhava de gatas sob os móveis a agarrar-se à cadeira, de pingos de chocolate no bibe

— Não dou beijo nenhum o meu pai com um atrito de caruncho na garganta, nesse dia al-

moçámos na copa a escutar a chuva no telhado, os criados faziam sanduíches, espetavam croquetes em palitos, levavam-nos em bande-jas para cima, automóveis das outras fazendas no jardim, a minha irmã para a minha mãe a tentar escapar dos soldados de uniforme em tiras

— Sai sai— Mãe abrindo-nos a bagagem, rasgando-nos as algibeiras, tirando-me

o fio, o sargento da cobra, a rodar o escovilhão, ligou um rádio de pilhas como se fosse feriado e estivesse com os compinchas na canti-na, a música saltou de um charco de crepitações e ensurdeceu-nos, a minha mãe empurrou um dos soldados com a carteira

— Oferece-lhes os brincos para nos deixarem em paz Clarisse ofe-rece-lhes o que eles quiserem

foi então que reparei num corpo deitado junto à cobra, um tropa a quem faltava metade da cabeça coberto de varejeiras, belisquei o cotovelo da Lena, a Lena baixinho

— Cala-te um soldado bateu-lhe com a coronha na barriga a barriga que nunca teve um filho sabes a novidade segura-te bem

não desmaies adivinha quem o Carlos namora rompeu-lhe o colar, as contas espalharam-se ao mesmo tempo que

o sargento começava a pelar a cobra com a faca, a minha irmã entre-gou os brincos, a travessa do carrapito, o anel, o alcatrão da estrada de Malanje estalado pelos morteiros vibrava no calor e nisto um ru-ído de avião, os soldados escondidos no capim, o sargento a cortar a cobra aos pedaços, a introduzi-los num saco, a ir-se embora sem pressa, a minha mãe trepou para o volante a acelerar o jipe

— Rápido enquanto enfiávamos roupa nas malas abertas, apanhávamos ca-

misas, meias, calças, a bolsa das pinturas e dos perfumes da Lena com os estojos e os frascos esmagados, a minha mãe a espiar o capim

— Rápido a Lena não conseguia andar por causa da coronha, o Rui e eu

pegámos-lhe ao colo— Já não vês os teus irmãos há quinze anos— Rápido rápido a minha irmã continuava a apanhar camisolas, sandálias, um es-

pelhinho redondo, as contas do colar que dançavam ao sol, o ruído do avião diminuía a norte para além da mata na Pecagranja ou na Chiquita

lembrei-me das mangueiras e do jinga que o chefe da polícia enfor-cou, lembrei-me dos restantes jingas calados à espera

uma bomba, uma segunda bomba, um canhão distante que floria no céu, a minha mãe no receio que os da Unita voltassem e nos su-cedesse o mesmo que ao tropa das varejeiras

— Clarisse o jipe avançava às guinadas com a Lena apertando o estômago

nos braços, magra, de tranças, saindo da igreja em Malanje, o órgão continuava a soprar, as primas jogavam-nos pétalas nas escadas, o senhor bispo sorria, o enforcado estendeu as pernas uma ou duas

vezes e ficou a rodopiar no tronco, o chefe da polícia apontou-o com o pingalim

— É no comércio da patroa que se compra peixe seco não é no comércio da vila

mandou que os cipaios destruíssem os caixotes de peixe do comer-ciante mestiço que não se atrevia a um gesto, derramassem gasolina e lhe atirassem fogo, queimou os cortes de sarja, os pacotes de taba-co, as prateleiras de botões, suspensórios, elásticos, cintos de cabedal e brinquedos de pau, o comerciante de filho às cavalitas veio pedir desculpa à minha mãe pronto a ajoelhar-se

— Juro que nem sonhei que trabalham para vosselência eu não vendo nada aos empregados da fazenda só vendo ao povo da Chi-quita

a mentir com descaro dado que todo o povo da Chiquita traba-lhava para nós e ele nos roubava a percentagem de lucro, a fazer-se de humilde, a tentar comover-nos com a criança, a mostrar-nos a barraca onde morava

— Sou pobre a beijar a mão da minha mãe, a beijar-me a mão, pedi a palmató-

ria ao cabo dos cipaios e o comerciante a proteger o filho, choramin-gando pelo beiço rasgado

— Não me faça mal sou pobre não me faça mais mal para o ensinar a obedecer dividimos os leitões e os torresmos da

loja pelos capatazes, um alcatruz de criaturas risonhas e felizes como são os Áfricanos sempre que lucram com o azar dos outros para cá e para lá pilhando o mestiço, chocando com o enforcado na sofre-guidão de se apoderarem de cinzas e lixo com a mulher do mestiço fitando-os em silêncio, uma indiana de chinelos que ensinava no ca-bano da escola a alunos sem tabuada nem livros a escreverem nú-meros e letras tortas em papel de embrulho, os primeiros morcegos soltavam-se aos repelões na indecisão da noite, o chefe da polícia para a minha mãe, galanteador

— Talvez devêssemos enforcar o mestiço o comerciante apavorado, de cabelo em desordem, uma crina la-

macenta de cavalo idoso, os clientes à espera refastelados em pedras na mira de se alegrarem com uma segunda execução grátis mais di-vertida do que os filmes antigos que no Dia de Camões projectavam para eles na parede do posto, discursos do marechal Carmona, des-files de bombeiros, os meninos da Mocidade Portuguesa perfilados em saudações romanas, inaugurações de barragens, tudo cheio de riscos, safanões, espaços vazios, a película a queimar-se de minuto a minuto, o operador da máquina

— Chiça consertando-a com cola, os contratados de bandeirinhas verdes e

encarnadas a hesitarem no que fazer com elas, davam-lhes um copo de vinho, um pacote de bolachas e uma medalha de Fátima, berra-vam-lhes

— Viva a Pátria eles respondiam sem entusiasmo que nunca os vi entusiasmarem-

-se com nada excepto desgraças e relógios de pulso de bracelete me-tálica

— Viva a Pátria e eram deixados em paz até ao dia seguinte agitando as bandei-

rinhas, de papo cheio, perdidos de bêbedos no interior da sanzala, radiantes com a hipótese de um segundo contratado na ponta de um gancho sobretudo no caso de pertencer à família e lhe herdarem os tarecos, a caçarola rota, o púcaro sem asa, a miséria da esteira, a minha mãe para o chefe da polícia, dengosa mas com o sentido do planeamento económico alerta

— Se os enforcarmos a todos quem ponho eu a dar o corpo ao manifesto diga lá?

e como o chefe da polícia não fazia tenções de apanhar arroz des-de as seis da manhã por quinze escudos ao dia, com a obrigação de gastar na cantina e dever ao fim do mês, dado que o peixe anda caro, o triplo do que a aldeia inteira pagava, os cipaios substituí-ram o projecto excelente de uma criatura a estrebuchar num ramo por uma ainda melhor distribuição geral de bastonadas ao povo que estranhamente não se regozijou com a iniciativa e desatou a fugir,

o ingrato, para as balsas do rio, de palmas no lombo ou nas náde-gas consoante os caprichos do cacete, seguidos do meu irmão e dos chumbinhos da espingarda de ar comprimido com que desde a Pás-coa aterrorizava a Pecagranja, a minha mãe preocupada

— Chamem o Rui coitado não vá ele cair e magoar-se por causa daqueles parvos

o Rui— Como é que te foste lembrar deles se não vês os teus irmãos há

quinze anos? que adorava disparar grãos na colheita do girassol, o enfermei-

ro de óculos colados a adesivo e uma das lentes rachada demorava horas a retirá-los com mercurocromo e pinça na tenda cancerosa chamada enfermaria, seringas oxidadas, uma borracha de clister num prego e ampolas de quinino fora do prazo em caixas de cartão, apesar de tantos cuidados os do planalto do Huambo, fornecidos pelo administrador a um saco de sementes por camponês, não se cansavam de morrer de amibiana mal chegavam em camionetas de gado, fingindo-se moídos da viagem para não trabalhar, desatavam logo com vómitos e febre, o administrador teimava que agonizavam de propósito, introduzia um cubo de gelo no ânus do soba para ser-vir de exemplo mas na quarta-feira já o soba

— Um homem com uma saúde de ferro minha senhora é o espíri-to de contradição destes camelos

estava morto e enterrado e os súbditos, fidelíssimos, apressavam--se a copiá-lo

— Levanta-te deixa-te de fitas levanta-te aguentavam um mês no máximo mesmo fortalecidos a clisteres

e quinino, a minha mãe entendeu-se com o administrador de Dala Samba e passou a contratar bundi-bângalas que embora fossem mentirosos e lentos sempre duravam um bocadinho mais, havia quem suportasse a safra inteira mas não podia ir embora a choca-lhar o esqueleto porque com as despesas na cantina nos devia as vinte safras seguintes no caso de semear de graça e não comer, os cipaios conservavam-lhes um ou dois filhos na cadeia para se as-

segurarem que permaneciam connosco, um bocado enfraquecidos, é claro, mas dispostos ao trabalho, aos sábados mostravam-lhes os meninos de longe pelas grades, se a minha mãe fosse bundi-bângala dava o pinote aliviadíssima de não ter a descendência e o marido à perna no caso de o aceitarem também, o problema é que ninguém nos queria, quem tinha vontade de um inválido de pés para a cova e três garotos sem préstimo nenhum, tal como

aposto se sentiu feliz por nos embarcar há dezoito anos no navio de Lis-

boa com a desculpa da guerra civil, do que faziam aos brancos, dos cubanos, da África do Sul, e voltou para o Cassanje a mandar na plantação sem a gente nem a Lena a estorvá-la

— Mussequeira escrevendo cartas cheias de selos e carimbos, tão sujas como se

houvessem caminhado a pé de Malanje à Ajuda, que o carteiro en-tregava e eu ia amontoando sem ler na gaveta, envelopes da fazenda primeiro e de Marimba depois, uma aldeia que nem existe nos ma-pas, mangueiras, construções desabadas, os dormitórios do quartel a esfarelarem-se à chuva, a minha mãe a viver sei lá como alimen-tada a funge num chiqueiro qualquer juntamente com uma ou duas criadas que permaneceram com ela, a cozinheira chamada Maria da Boa Morte

Maria da Boa Morte Maria da Boa Morte Maria da Boa Morte devido a quem a fez haver morrido ao pari-la, sempre de cigarro

aceso com a brasa a arder no interior da boca, quando eu era peque-no gostava do cheiro de gordura frita dela, do cheiro de cigarro, da água de colónia de que a obrigavam a encharcar-se para apagar a catinga, Maria da Boa Morte

Maria da Boa Morte e talvez a Josélia que tratou da minha avó no quarto do primeiro

andar, sobre a macieira que suportou o cacimbo, as macieiras resse-quidas pelo clima evaporando-se galho a galho num pozinho perfu-mado à medida que eu crescia como se não tivessem existido, nem uma marca na terra, uma cicatriz, um sulco, uma prega, um sinal,