RAFAEL FERNANDO TOZZI

ESTUDO DA INFLUNCIA DO GERENCIAMENTO NA GERAO DOS RESDUOS DA CONSTRUO CIVIL (RCC) ESTUDO DE CASO DE DUAS OBRAS EM CURITIBA/PR

Dissertao apresentada como requisito parcial obteno do grau de Mestre em Engenharia de Recursos Hdricos e Ambiental, Curso de PsGraduao em Engenharia de Recursos Hdricos e Ambiental, Setor de Tecnologia, Universidade Federal do Paran. Orientador: Prof. Maria Cristina Borba Braga, PhD

CURITIBA 2006

RAFAEL FERNANDO TOZZI

ESTUDO DA INFLUNCIA DO GERENCIAMENTO NA GERAO DOS RESDUOS DA CONSTRUO CIVIL (RCC) ESTUDO DE CASO DE DUAS OBRAS EM CURITIBA/PR

CURITIBA 2006

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Dedico este trabalho aos meus pais, Marcos e Silvete, por todo apoio e incentivo a minha vida pessoal e profissional.

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AGRADECIMENTOS

toda minha famlia, em especial, ao meu pai e grande amigo, Marcos Jos Tozzi, que sempre acreditou no meu potencial, minha mezona, Silvete do Rocio Tozzi, que nunca me deixou faltar uma palavra de incentivo, minha irm e conselheira, Adriana Regina Tozzi, por ter aberto muitas portas em diversas etapas da minha vida, e ao meu irmo, Marcos Gabriel Tozzi, pelo companheirismo de sempre e pelos momentos de descontrao.

minha professora e orientadora, Maria Cristina Borba Braga, pela pacincia e pelo desafio de estudar, junto comigo, essa rea dos resduos da construo civil.

Carol, uma pessoa muito especial que conheci no mestrado, e que se tornou mais do que uma grande amiga. Muito obrigado por todo seu apoio.

Aos amigos que fiz durante a realizao da dissertao, que tornaram os momentos de estudo mais agradveis e menos cansativos. Em especial ao Breno e ao Iuri, pelo esforo e vontade demonstrada, que serviu como exemplo nos momentos mais difceis.

s construtoras que permitiram a realizao deste trabalho nos canteiros de obra, em especial, ao mestre de obra Agenor e toda sua equipe.

transportadora de resduos Transresduos, pela colaborao na pesagem dos resduos na balana rodoviria.

Ao engenheiro civil Paulo Guimares, pelas dicas e pela ajuda nos momentos de dvida.

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Ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Recursos Hdricos e Ambiental (PPGERHA) pela oportunidade.

A CAPES, pela bolsa de estudos.

A DEUS, por tudo.

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SUMRIO

LISTA DE FIGURAS...................................................................................................x LISTA DE QUADROS.................................................................................................xi LISTA DE TABELAS................................................................................................. xii LISTA DE SIGLAS....................................................................................................xiii LISTA DE SMBOLOS..............................................................................................xiv RESUMO................................................................................................................... xv ABSTRACT...............................................................................................................xvi 1. 2. 2.1. INTRODUO.................................................................................................. 1 REVISO BIBLIOGRFICA.............................................................................4 DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL............................................................4

2.1.1 Desenvolvimento Sustentvel na Indstria da Construo............................... 5 2.2. LEIS E NORMAS VIGENTES NO BRASIL....................................................... 9

2.2.1 Resoluo CONAMA N 307/02......................................................................11 2.2.2 Normas Tcnicas sobre Resduos da Construo e Demolio..................... 13 2.2.3 Decreto N1.068 do Municpio de Curitiba/PR................................................ 14 2.2.4 Decreto N 42.217/02 do Municpio de So Paulo/SP.................................... 15 2.2.5 Resoluo Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC) N 387 do Municpio do Rio de Janeiro/RJ................................................................................. 15 2.3. RESDUOS DA CONSTRUO CIVIL RCC............................................... 16

2.3.1. Gerao dos Resduos da Construo Civil....................................................16 2.3.2. Composio dos Resduos da Construo Civil............................................. 19 2.3.3. Coleta e Disposio Final dos Resduos da Construo Civil.........................20 2.4. A INTERFACE ENTRE O MEIO AMBIENTE E O SETOR DA CONSTRUO

CIVIL.......................................................................................................................... 22 2.4.1. Impactos Ambientais pelo Consumo de Recursos Naturais........................... 23 2.4.2. Impactos Ambientais em funo da Gerao de Resduos............................ 24

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2.4.3. Solues para Reduo dos Impactos Ambientais......................................... 25 2.5. GESTO DOS RESDUOS DA CONSTRUO CIVIL.................................. 25

2.5.1. Gerenciamento dos RCC.................................................................................28 2.5.2. Exemplos de Gerenciamento de RCC.............................................................30 2.6. REAPROVEITAMENTO DOS RESDUOS DA CONSTRUO CIVIL...........34

2.6.1. Reutilizao dos RCC..................................................................................... 37 2.6.2. Reciclagem dos RCC...................................................................................... 38 OBJETIVOS...............................................................................................................41 OBJETIVO GERAL.................................................................................................... 41 OBJETIVOS ESPECIFICOS...................................................................................... 41 3. 3.1. MATERIAIS E MTODOS.............................................................................. 43 DEFINIO DAS REAS DE ESTUDO......................................................... 43

3.1.1 OBRA 1 com aplicao do gerenciamento de resduos.............................. 44 3.1.2. OBRA 2........................................................................................................... 45 3.2 Gerenciamento da OBRA 1............................................................................ 46

3.2.1. Palestra Inaugural........................................................................................... 47 3.2.2. Planejamento.................................................................................................. 48 3.2.3. Implantao..................................................................................................... 50 3.2.4. Monitoramento................................................................................................ 51 3.3. 3.4. 4. 4.1. MONITORAMENTO DA OBRA 2................................................................... 53 QUANTIFICAO DOS RESDUOS.............................................................. 54 RESULTADOS................................................................................................59 OBRA 1........................................................................................................... 59

4.1.1. Quantificao dos resduos da OBRA 1......................................................... 60 4.1.2. Boas prticas para minimizao de resduos..................................................67 4.1.3. Reaproveitamento de resduos....................................................................... 69 4.1.4. Disposio final dos resduos...........................................................................74 4.2. OBRA 2............................................................................................................... 76

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4.2.1. Acompanhamento das atividades da Obra 2................................................... 77 4.2.2. Quantificao dos resduos..............................................................................80 4.3. ESTUDO COMPARATIVO................................................................................. 81 4.4. AVALIAO DOS CUSTOS............................................................................... 85 5. CONCLUSES E SUGESTES.................................................................... 88

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..........................................................................92 ANEXOS

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LISTA DE FIGURAS FIGURA 2.1 HIERARQUIA DO GERENCIAMENTO DE RESDUOS...... FIGURA 3.1 FASE INICIAL DA CONSTRUO DOS DOIS SOBRADOS DA OBRA 1..................................................... FIGURA 3.2 VISTA DOS SOBRADOS DA OBRA 2................................. FIGURA 3.3 EQUIPE DE TRABALHO REUNIDA NA PALESTRA INAUGURAL........................................................................ FIGURA 3.4 BAIAS CONSTRUDAS NO CANTEIRO DE OBRA............ FIGURA 3.5 SOBRADOS TERMINADOS MAIO 2006.......................... FIGURA 3.6 LOCALIZAO DA CAAMBA ESTACIONRIA NA OBRA 2................................................................................ FIGURA 3.7 BALANA UTILIZADA PARA A QUANTIFICAO DOS RESDUOS NA OBRA 1...................................................... FIGURA 3.8 BALANA RODOVIRIA..................................................... FIGURA 4.1 QUANTIFICAO DOS RESDUOS................................... FIGURA 4.2 RESDUOS DISPOSTOS NA BAIA CLASSE A1................. FIGURA 4.3 RESDUOS DISPOSTOS NA BAIA CLASSE A2................. FIGURA 4.4 RESDUOS DISPOSTOS NA BAIA CLASSE A3................. FIGURA 4.5 COMPOSIO DOS RESDUOS GERADOS NA OBRA 1............................................................................... FIGURA 4.6 COMPOSIO DOS RESDUOS DE CANTEIROS DE OBRAS EM SO PAULO/SP E SANTO ANDR/SP..... FIGURA 4.7 MADEIRA ARMAZENADA TEMPORARIAMENTE NO CANTEIRO DE OBRA.......................................................... FIGURA 4.8 ARMAZENAMENTO DOS MATERIAIS NO CANTEIRO DE OBRA............................................................................. FIGURA 4.9 RESDUO DA ARGAMASSA............................................... FIGURA 4.10 PAVIMENTO COM A APLICAO DA CALIA.................. FIGURA 4.11 COMPARAO ENTRE OS AGREGADOS BRITA E CALIA................................................................................ FIGURA 4.12 EXECUO DA FUNDAO DOS SOBRADOS................ FIGURA 4.13 MATERIAL DISPOSTO NO CANTEIRO DE OBRA 2.......... FIGURA 4.14 RESDUOS DISPOSTOS NA PARTE EXTERNA DO CANTEIRO DA OBRA.......................................................... FIGURA 4.15 CAAMBA ESTACIONRIA LOCALIZADA FORA DO CANTEIRO DA OBRA 2....................................................... FIGURA 4.16 RESDUOS DISPOSTOS NA CAAMBA ESTACIONRIA................................................................... FIGURA 4.17 VISTA DOS SOBRADOS UTILIZADOS NA PESQUISA..... FIGURA 4.18 RELAO DOS RESDUOS GERADOS NAS DUAS OBRAS UTILIZADAS NO ESTUDO..................................... FIGURA 4.19 RELAO DOS RESDUOS DISPOSTOS EM ATERRO DE RCC NAS DUAS OBRAS UTILIZADAS NO ESTUDO.............................................................................. 28 45 46 47 50 52 53 54 57 61 62 62 63 65 65 66 68 70 71 72 72 77 78 78 79 81 82 84

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LISTA DE QUADROS QUADRO 2.1 PROBLEMAS E DESAFIOS PARA ATINGIR A CONSTRUO SUSTENTVEL......................................... QUADRO 3.1 DADOS RELATIVOS S DUAS OBRAS ADOTADAS PARA O ESTUDO DE CASO DA PESQUISA..................... QUADRO 4.1 DESTINAO DOS RESDUOS GERADOS NA OBRA 1..

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LISTA DE TABELAS TABELA 2.1 GERAO DE RESDUOS DA CONSTRUO CIVIL NAS PRINCIPAIS CAPITAIS BRASILEIRAS....................... TABELA 3.1 PLANILHA UTILIZADA PARA A QUANTIFICAO DOS RESDUOS GERADOS NA OBRA 1................................... TABELA 3.2 PESO ESPECFICO DOS MATERIAIS UTILIZADOS NA OBRA................................................................................... TABELA 4.1 COMPOSIO DOS RCC DA OBRA 1 APRESENTADOS EM VOLUME (m) E PORCENTAGEM (%)......................... TABELA 4.2 COMPARAO ENTRE A COMPOSIO DOS RCC DA OBRA 1, PINTO (1999) E LAQUATRA E PIERCE (2004)................................................................................... TABELA 4.3 QUANTIFICAO DOS RESDUOS DA OBRA 2............... TABELA 4.4 RELAO ENTRE O VOLUME TOTAL DE RESDUOS GERADOS NA OBRA 1 E O VOLUME DISPOSTO EM ATERRO DE RCC................................................................ TABELA 4.5 ECONOMIA GERADA PELA NO DISPOSIO DOS MATERIAIS NA CAAMBA ESTACIONRIA..................... TABELA 4.6 RELAO DOS MATERIAIS REAPROVEITADOS COMO AGREGADOS NATURAIS................................................... TABELA 4.7 ESTIMATIVA DE CUSTOS PARA TODOS SOBRADOS DO CANTEIRO DA OBRA 1................................................

18 55 56 63 65 80 85 86 86 87

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LISTA DE SIGLAS ABNT CEF CETESB CIB CONAMA CPDS EPA MMA MTR PBQP-H PIB RCC RCD SINDUSCON SMAC SMMA WAMBUCO Associao Brasileira de Normas Tcnicas Caixa Econmica Federal Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental International Council of Research and Innovation in Building and Construction Conselho Nacional de Meio Ambiente Comisso de Polticas de Desenvolvimento Sustentvel Environmental Protection Agency Ministrio do Meio Ambiente Manifesto de Transporte de Resduos Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat Produto Interno Bruto Resduos da Construo Civil Resduos da Construo e Demolio Sindicato das Indstrias de Construo Civil Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro/RJ Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Curitiba/PR Waste Manual for Building Constructions

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LISTA DE SMBOLOS CFC CH4 CO2 P V Clorofluorcarbono Gs Metano Dixido de Carbono Massa (kg) Volume (m) Peso especfico (kg/m)

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RESUMO

O setor da construo civil gera impactos ambientais, tanto em relao ao consumo de recursos naturais no-renovveis, quanto gerao de resduos. Estes resduos, conhecidos como resduos da construo civil RCC, podem representar at 50% do total de resduos slidos produzidos nas grandes cidades. O surgimento de legislao especfica, juntamente com a proibio do encaminhamento dos resduos a aterros sanitrios, contribuiu para o aparecimento de uma srie de atividades envolvendo a valorizao dos RCC. Este estudo foi desenvolvido utilizando duas obras no Municpio de Curitiba/PR, tendo sido aplicada uma metodologia de gerenciamento em uma delas. A aplicao da metodologia de gerenciamento no local da gerao de resduos, no caso o canteiro de obras, representa uma possibilidade de reduzir os impactos ambientais produzidos pelo setor, atravs da introduo de tcnicas que visem a minimizao e o reaproveitamento dos RCC. Atravs da quantificao dos resduos gerados nas duas obras, pode-se observar uma diferena significativa entre os volumes de gerao. A Obra 1, com a aplicao da metodologia de gerenciamento, apresentou um volume de gerao 4 vezes menor que o gerado pela a Obra 2, que no sofreu qualquer interveno do estudo. A pesquisa desenvolvida demonstrou que a aplicao da metodologia de Gerenciamento de Resduos da Construo Civil pode proporcionar s construtoras, e tambm ao meio ambiente, vantagens significativas.

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ABSTRACT

Environmental impacts have been related to the civil engineering sector, with regard to both consumption of non-renewable resources and solid waste generation and final disposal. Construction and demolition waste - CDW can represent up to 50% of the total amount of solid waste produced in big cities. Construction and demolition waste recycling bills as well as mandatory plans, which have come into force lately or are to be put into force in a near future, have contributed for the establishment of construction waste cutback goals. This study was carried out in Curitiba PR with two construction site of semidetached houses being chosen as a case study. In one of them, construction site 1, a management plan was defined and applied whereas in the other, construction site 2, all construction operations were only observed and the total amount of waste weighed. The results showed that the implementation of a CDW management plan through techniques of in loco waste minimization and reutilization represented a possibility to reduce the environmental impacts related to this sector. The quantification of CDW carried out in both constructions allowed the observation of a significant difference with regard to the volumes produced. The construction site 1, the one where the management plan was implemented, produced 4 times less waste than construction site 2, where only observation of all activities and total quantification were carried out. The results produced by this research demonstrated that the implementation of a Construction and Demolition Waste Integrated Management Plan can provide significant reduction of related environmental impacts as well financial returns to the builder companies.

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1.

INTRODUO A construo civil reconhecida como grande geradora de impactos

ambientais, tanto pelo consumo de recursos naturais, de origem no renovvel, como pela gerao de resduos. Como conseqncia, o setor da construo civil tem recebido crticas em relao aos desperdcios de matria-prima e insumos (CEF, 2001; ARAUJO, 2002; SINDUSCON-SP, 2005). Em relao gerao de resduos, de acordo com CHUNG e LO 1 (citado por COSTA, 2003), estima-se que os resduos representem, aproximadamente, 20 a 30% do fluxo de resduos gerados nas grandes cidades, sendo que muitas vezes este potencial pode chegar a mais de 50% do total de resduos slidos produzidos. Alm disso, no desenvolvimento de uma obra, vrios detalhes contribuem para que, em mdia, 30% dos materiais perfeitamente utilizveis sejam destinados a aterros. A falta de gerenciamento desses resduos acarreta uma srie de problemas, entre os quais a sua deposio irregular em crregos, fundo de vales e terrenos baldios. O problema da disposio irregular dos RCC ainda tem um agravante, pois a legislao federal, Resoluo CONAMA N 307/02, probe o encaminhamento destes resduos a aterros sanitrios, o que aumenta a importncia da reduo, reutilizao e reciclagem dos resduos gerados nos canteiros de obra (CONAMA, 2002). Atualmente, tanto no Brasil como no exterior, o interesse em identificar tcnicas de minimizao de RCC tem se tornando mais evidente (WALKER e DOHMANN, 1996; HUANG et al., 2002; FATTA et al., 2003; KLANG et al., 2003; GREENWOOD, 2004; SCHNEIDER e PHILIPPI JUNIOR, 2004; SOUZA et al., 2004; LEE, 2005). No Brasil, do ponto de vista ambiental, a grande contribuio para o setor da construo civil foi a publicao da Resoluo CONAMA N 307, de 05 de1

CHUNG, S.S; LO, C. H. Evaluation sustainability in waste management: the case of construction and demolition, chemical and clinical wastes in Hong Kong. Resources, Conservation and Recycling, n.37, 2003.

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julho de 2002, que estabelece diretrizes, critrios e procedimentos para a gesto dos RCC para que sejam disciplinadas as aes necessrias para minimizar os impactos ambientais causados pela disposio de RCC. De acordo com esta Resoluo podem ser classificados como RCC os resduos oriundos da construo, reformas e demolio de edifcios ou obras de infra-estrutura. Desta forma, os entulhos podem ser constitudos por telhas, forros, tijolos e blocos cermicos, concreto em geral, madeira, argamassa, gesso, tubulaes e vidros, entre outros. A Resoluo CONAMA N 307/02, deu incio a uma srie de atividades envolvendo a valorizao dos RCC, atravs do incentivo reutilizao e reciclagem. Alm de tratar da valorizao dos resduos, esta resoluo tambm estabelece a responsabilidade dos geradores em relao elaborao de programas de gerenciamento de resduos para cada obra. Neste contexto, a implantao de prticas de gerenciamento nos canteiros de obras passa a ser de fundamental importncia para o setor da construo civil. A introduo de tcnicas que visem a minimizao e o reaproveitamento dos RCC representam uma possibilidade de reduzir os impactos ambientais produzidos pelo setor. O surgimento de legislao especfica, tanto no mbito federal quanto no municipal, e de normas para o setor da construo civil, pode ser considerado como o principal responsvel pelo surgimento de uma nova postura em relao aos RCC. Isso porque os agentes envolvidos, sentindo que novos padres esto sendo estabelecidos, comeam a mostrar interesse pelo assunto e, dessa forma, a procurar solues que possam reduzir os problemas associados s atividades da construo civil. O presente estudo teve como objetivo acompanhar o desenvolvimento de duas obras no Municpio de Curitiba/PR, introduzindo em uma delas uma metodologia de Gerenciamento de Resduos da Construo Civil, de acordo com as especificaes da Resoluo CONAMA N 307/02.

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O estudo dos resduos da construo civil importante devido ao desconhecimento dos volumes gerados, dos impactos que eles causam, dos custos sociais envolvidos e, inclusive, das possibilidades de seu reaproveitamento. A realizao deste estudo pretende apresentar, aos agentes envolvidos com o setor da construo civil, os benefcios que a utilizao da metodologia de gerenciamento de RCC pode ter sob o ponto de vista financeiro, institucional e ambiental.

2. 2.1.

REVISO BIBLIOGRFICA DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL O desenvolvimento sustentvel, conceito definido pela Comisso de

Brundtland em 1987, porm consolidado pela Agenda 21 2 em 1992, pode ser definido como o desenvolvimento da humanidade em harmonia com as limitaes ecolgicas do planeta, de forma a preservar s geraes futuras, condies para que as mesmas tenham a chance de existir e viver bem, de acordo com suas necessidades. A Agenda 21 consolida a idia de que o desenvolvimento e a conservao do meio ambiente so dois elementos-chave que devem caminhar juntos, alterando assim o padro tradicional de crescimento econmico, sem prejudicar o desenvolvimento e o meio ambiente (ASSEMBLIA GERAL DAS NAES UNIDAS, 1992; DEGANI, 2003; SOUZA et al., 2004). A partir da Agenda 21, em 1992, todos os pases que participaram do acordo assumiram o compromisso de elaborar e implementar sua prpria Agenda Nacional. Desta forma, a Agenda 21 brasileira foi elaborada pelo Ministrio do Meio Ambiente, pela Comisso de Polticas de Desenvolvimento Sustentvel e pela Agenda 21 Nacional (CPDS), sendo que o processo de construo ocorreu entre os anos de 1996 e 2002. Esta agenda prope a aplicao progressiva dos conhecimentos cientficos e tecnolgicos disponveis a todos os agentes dos diferentes setores econmicos, em favor do desenvolvimento sustentvel (MMA, 2000; DEGANI, 2003). Na Agenda 21 Global o setor de construo civil citado em 13 dos 48 captulos que a compem. De acordo com COSTA (2003), essa abordagem revela que, para o desenvolvimento sustentvel ser alcanado pela sociedade, existe a necessidade que esse setor contribua com uma grande participao no processo.

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A Agenda 21 foi elaborada durante a Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), a Eco-92, em consenso entre governos e instituies da sociedade civil de 179 paises, sendo composta por 48 captulos.

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2.1.1 Desenvolvimento Sustentvel na Indstria da Construo Tendo em vista a importncia do setor da construo civil para o processo do desenvolvimento sustentvel, foi criada pelo CIB (International Council for Research and Innovation in Building and Construction) a Agenda 21 especfica para o setor, denominada Agenda 21 on Sustainable Construction. Esta agenda aborda conceitos, aspectos, prticas, programas e dificuldades para alcanar o

desenvolvimento sustentvel na indstria da construo (JOHN et al., 2001; COSTA, 2003; DEGANI, 2003). O principal objetivo da Agenda 21 desenvolvida pelo CIB foi proporcionar s indstrias a comparao de vises e percepes de desenvolvimento sustentvel e permitir a avaliao do futuro do setor de construo civil (CIB, 1999; COSTA, 2003). De acordo com os principais aspectos apontados pela Agenda do CIB, para se obter a construo sustentvel, seria necessrio: (1) reduzir o consumo energtico e a extrao de recursos naturais, (2) conservar as reas naturais e a biodiversidade e (3) manter a qualidade do ambiente construdo e gerenciar a salubridade do ar interior (CIB, 1999; DEGANI, 2003). KIBERT 3 citado por COSTA (2003, p.22), define construo sustentvel como: a criao e manuteno responsvel de um ambiente construdo saudvel, baseado na eficincia de recursos e princpios ecolgicos. Para ARRUDA (2002), a construo sustentvel deve enfatizar aspectos ambientais, sociais, econmicos e polticos. Um resumo dos principais problemas apontados pelo CIB, assim como os desafios para se atingir a construo sustentvel esto apresentados no Quadro 2.1.

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KIBERT, C.J.; LANGUELL, J.L. Implementing deconstruction in Florida: Materials reuse issues, disassembly techniques, economics and policy. Florida center of solid and hazardous waste management, 2000. Disponvel em: http://www.floridacenter.org/publications/kibert.pdf. Acesso em julho de 2002.

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QUADRO 2.1 PROBLEMAS E DESAFIOS PARA ATINGIR A CONSTRUO SUSTENTVELAes e desafios para o setor de construo Melhorar o projeto de processos; Melhorar os padres ambientais da indstria da construo; Promover a reengenharia do processo produtivo; Incentivar a penetrao de novas tecnologias que definiro um novo conceito de edificao; Melhorar o desempenho de todos os participantes do Gerenciamento e organizao processo, uso de ferramentas de qualidade, tecnologia da informao; Promover o treinamento em multi-tarefas; Incorporar a sustentabilidade no processo de tomada de decises; Garantir a completa aceitao do pblico do conceito de sustentabilidade via projetos demonstrativos; Promover o uso de selos ambientais, certificao e padres ambientais. Analisar o desempenho ambiental das edificaes; Reduzir a quantidade de materiais e energia durante a fabricao dos produtos; Aspectos de edifcios e produtos de construo Reutilizar e reciclar; Uso da ferramenta avaliao do ciclo de vida do produto; Padronizao dos mtodos para avaliar a qualidade ambiental das edificaes; Utilizar materiais reciclados ou fabricados com recursos renovveis. Contedo

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QUADRO 2.1 PROBLEMAS E DESAFIOS PARA ATINGIR A CONSTRUO SUSTENTVEL conclusoAes e desafios para o setor de construo Reduzir a demanda de energia nos processos e durante a vida da edificao; Utilizar novas tecnologias para reduzir energia em novos Consumo de recursos edifcios e no estoque atual; Utilizar recursos renovveis e materiais reciclados; Selecionar materiais na fase de construo; Promover o uso eficiente da terra; Projetar para longa vida de servio; Adaptar/conservar os edifcios existentes. Melhorar a qualidade do ambiente: reduzir os problemas de poluio sonora e do ar; Gerenciar os recursos como gua, terra, energia e matriasImpactos da construo sobre o desenvolvimento sustentvel urbano primas; Gerenciar os riscos; Fixar o crescimento urbano (uso do conceito de cidades compactas); Utilizar os recursos e gerenciar os resduos.FONTE: Adaptado de COSTA (2003)

Contedo

Segundo JOHN et al. (2001), a Agenda 21 on Sustainable Construction, publicada em 1999, aplicada essencialmente para os pases desenvolvidos, isto porque as maiores contribuies para esta publicao vieram desses pases. De acordo com o autor, as diferenas entre os pases desenvolvidos e os pases em desenvolvimento esto alm dos aspectos econmicos, elas se apresentam com grande intensidade nos impactos ambientais gerados por ambas sociedades. Um exemplo disso o fato dos pases desenvolvidos serem responsveis por 70% da produo dos trs gases estufas, o dixido de carbono (CO2), o clorofluorcarbono (CFC) e o gs metano (CH4), causadores do aquecimento global,

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alm de consumirem 70% da energia mundial, 75% dos metais, 85% das madeiras e 70% dos alimentos (ARAUJO, 2002). De forma a adequar as questes brasileiras em relao publicao da Agenda 21 on Sustainable Construction, JOHN et al. (2001) propuseram uma agenda para a construo civil brasileira, mantendo a estrutura da Agenda 21 criada pelo CIB, mas considerando as particularidades e necessidades ambientais, sociais e funcionais do Brasil (DEGANI, 2003). A Agenda 21 para a construo brasileira considera as seguintes aes como essenciais para a obteno da construo sustentvel: melhoria da qualidade do ar interno; avaliao ambiental de edifcios e de produtos para construo com base em seu ciclo de vida; seleo de materiais ambientalmente saudveis; reduo de desperdcio e gesto de resduos; reciclagem de resduos da construo civil (RCC) e aumento no uso de reciclados como materiais de construo; uso racional da gua; uso racional de energia e aumento da eficincia energtica do setor; demanda por tecnologias de conservao de energia; aumento da durabilidade e planejamento da manuteno; melhoria da qualidade da construo; Ainda a respeito da Agenda 21 para a construo brasileira, JOHN et al. (2001) afirmam que o mercado brasileiro conta com produtos que contribuem com a proteo ao meio ambiente, sejam eles para reduzir o consumo de recursos naturais, promover o uso racional da gua e da energia ou melhorar a sua durabilidade. Para alcanar a sustentabilidade do setor da construo civil, COSTA (2003) afirma que necessrio reduzir o desperdcio e aplicar uma gesto adequada aos

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resduos que so produzidos, somente desta forma, possvel atingir a sustentabilidade. 2.2. LEIS E NORMAS VIGENTES NO BRASIL A primeira norma a definir uma classificao especfica para os resduos slidos no Brasil foi a NBR 10.004, publicada em 1987. Para efeitos desta norma, os resduos eram enquadrados em trs classes: a) Classe I perigosos, b) Classe II no-inertes e c) Classe III inertes. Em 2004, a Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) editou uma nova verso da NBR 10.004, alterando a classificao dos resduos slidos. Pela nova classificao, os resduos so divididos em apenas duas classes: a) Classe I perigosos e b) Classe II no-perigosos, sendo a Classe II subdividida em outras duas classes, II A no-inertes e II B inertes. Segundo COSTA (2003), os resduos da construo e demolio (RCD) pela classificao NBR 10.004 eram enquadrados, em sua grande maioria, como inertes 4 , o que os tornava inofensivos sociedade, desviando a ateno em relao aos problemas que sua gerao ocasionava. De acordo com DEGANI (2003), mesmo considerando a possibilidade dos RCD serem considerados inertes, somente entraria nesta classificao o entulho composto por argamassas, tijolos, cermica, concretos e solos de escavao. No entanto, o fato das caambas estacionrias no Brasil receberem todo o material no coletado pelo servio de coleta regular de resduos domiciliares, faz com que todos os resduos gerados na obra sejam dispostos na caamba, impossibilitando a classificao dos mesmos como inertes. Com o objetivo de facilitar a classificao dos RCD, LIMA (1999) props uma classificao especifica, na qual os resduos foram divididos em seis classes: Classe 1 Resduo de concreto sem impurezas, composto

predominantemente por concreto estrutural, simples ou armado, com teores4

A NBR 10.004 classifica como inertes quaisquer resduos que, quando amostrados de forma representativa e submetidos a um contato esttico ou dinmico com gua destilada ou deionizada, em temperatura ambiente e conforme teste de solubilizao, no tenham nenhum de seus constituintes solubilizados a concentraes superiores aos padres de potabilidade de gua.

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limitados de alvenaria, argamassa e impurezas como gesso, terra, vegetao, vidro, papel, entre outros; Classe 2 Resduo de alvenaria sem impurezas, composto

predominantemente por argamassas, alvenaria e concreto, com presena de outros materiais inertes, como areia e pedra britada, com teores limitados de impurezas; Classe 3 Resduo de alvenaria sem materiais cermicos e sem impurezas, composto predominantemente por argamassa, concreto e alvenaria de componentes de concreto, com presena de outros materiais inertes, como areia, pedra britada, fibrocimento, com teores limitados de impurezas; Classe 4 Resduo de alvenaria com presena de terra e vegetao, composto predominantemente pelos mesmos materiais do resduo da Classe 2, mas admitindo a presena de terra ou vegetao at uma certa porcentagem, em volume. Um teor de impurezas superior ao das classes acima tolerado; Classe 5 Resduo composto por terra e vegetao, com teores acima do admitido no resduo da Classe 4. Essa categoria de resduos admite presena de argamassa, alvenarias e concretos, e de outros materiais inertes, como areia, pedra britada e fibrocimento. Os teores de impurezas so relativos aos das demais classes; Classe 6 Resduo com predominncia de material asfltico, com limitaes para outras impurezas, como argamassas, alvenarias, terra, vegetao, gesso, vidros e outros. Esta classificao no foi adotada oficialmente e, somente em 2002, foi homologada uma resoluo de mbito nacional que trata de maneira especfica os RCD.

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2.2.1 Resoluo CONAMA N 307/02 A Resoluo do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) N 307, de 5 de julho de 2002, estabelece diretrizes, critrios e procedimentos para a gesto dos resduos de construo e demolio, para que sejam disciplinadas as aes necessrias, de forma a minimizar os impactos ambientais. Esta Resoluo estabeleceu prazos para o enquadramento de municpios e de geradores de RCD (CONAMA, 2002). De acordo com esta Resoluo podem ser classificados como RCD os resduos oriundos da construo, reformas e demolio de edifcios ou obras de infra-estrutura. Desta forma, os entulhos podem ser constitudos por telhas, forros, tijolos e blocos cermicos, concreto em geral, madeira, argamassa, gesso, tubulaes, vidros, entre outros. A Resoluo CONAMA N 307/02 classifica os resduos oriundos da indstria da construo civil como: Classe A so os resduos reutilizveis ou reciclveis como agregados, tais como: a) de construo, demolio, reformas e reparos de pavimentao e de outras obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de

terraplenagem; b) de construo, demolio, reformas e reparos de edificaes,

componentes cermicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento entre outros), argamassa e concreto; c) de processo de fabricao e/ou demolio de peas pr-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios, entre outros), produzidas nos canteiros de obras; Classe B so os resduos reciclveis para outras destinaes, tais como: plsticos, papel/papelo, metais, vidros, madeiras e outros;

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Classe C so os resduos para os quais no foram desenvolvidas tecnologias ou aplicaes economicamente viveis que permitam a sua reciclagem/recuperao, tais como os produtos oriundos do gesso;

Classe D so os resduos perigosos oriundos do processo de construo, tais como: tintas, solventes, leos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolies, reformas e reparos de clnicas radiolgicas, instalaes industriais e outros. O fato da Resoluo CONAMA N 307/02 no incluir os resduos de amianto

na Classe D trouxe como conseqncia a publicao de um aditivo, constitudo pela Resoluo CONAMA N 348, de 16 de agosto de 2004, que inclui o amianto na Classe D. Essa mudana foi embasada na Resoluo CONAMA N 235, de 7 de janeiro de 1998, que trata da classificao de resduos para o gerenciamento de importaes, e classifica o amianto em p (asbesto) e outros desperdcios de amianto como resduos perigosos Classe 1, de importao proibida (CONAMA, 2004). Entre as medidas dispostas na Resoluo CONAMA N 307/02 pode-se destacar aquela que considera como responsabilidade do gerador a coleta, o transporte e a disposio final adequada dos RCD. De acordo com COSTA (2003), em algumas cidades os servios da prefeitura responsabilizem-se pela coleta de at 50 kg, o caso de Curitiba, onde a Prefeitura Municipal responsabiliza-se pela coleta dos resduos dos pequenos geradores 5 (CURITIBA, 2004). Ainda segundo a Resoluo, os resduos de construo e demolio no podero ser dispostos em aterros de resduos domiciliares, em reas de bota fora, em encostas, corpos dgua, lotes vagos ou em reas protegidas por lei. Em relao aos aterros sanitrios comuns, a proibio do encaminhamento dos RCD deve contribuir para o no esgotamento destas reas de maneira

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Em Curitiba, pequenos geradores so pessoas fsicas ou jurdicas, que geram a quantidade mxima de 2.500 litros (2,5 m) de resduos da construo civil, num intervalo no inferior a 2 meses.

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acelerada, pois este tipo de resduo representa uma grande parcela dos resduos slidos urbanos (RSU), o que acarreta num acrscimo de volume significativo ao volume total (ANGULO et al., 2003b; LEE, 2005). J a proibio quanto disposio em reas de bota fora, encostas e corpos dgua est relacionada aos impactos ambientais que esse tipo de deposio irregular podem acarretar a sociedade em geral (PINTO, 1999; JOHN, 2000). As diretrizes especificadas pela Resoluo CONAMA N 307/02, que torna obrigatria a elaborao de um Plano Integrado de Gerenciamento de Resduos da Construo Civil (PIGRCC) para todos os Municpios e o Distrito Federal, estimularam o surgimento de Leis e Decretos Municipais, para que todas as exigncias contidas na Resoluo fossem cumpridas. Dessa forma, algumas cidades j esto se adequando de modo a atender as regulamentaes impostas pelas legislaes nacionais. 2.2.2 Normas Tcnicas sobre Resduos da Construo e Demolio A Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) editou, em 2004, uma srie de normas relativas aos resduos da construo civil. O contedo referente a estas normas vem de encontro atual filosofia do setor da construo civil e, tambm, s diretrizes propostas pela Resoluo CONAMA N 307/02. De maneira geral, estas normas tratam da disposio dos RCD em reas de transbordo, aterros, reas de reciclagem e o seu uso como agregados reciclados na construo civil. As normas referidas acima so: NBR 15.112/2004 Resduos da Construo Civil e resduos volumosos reas de transbordo e triagem Diretrizes para projeto, implantao e operao (ABNT, 2004a); NBR 15.113/2004 Resduos Slidos da Construo Civil e Resduos Inertes Aterros Diretrizes para projetos, implantao e operao (ABNT, 2004b);

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NBR 15.114/2004 Resduos Slidos da Construo Civil reas de reciclagem Diretrizes para projeto, implantao e operao (ABNT, 2004c);

NBR 15.115/2004 Agregados Reciclados de Resduos Slidos da Construo Civil Execuo de camadas de pavimentao Procedimentos (ABNT, 2004d); e

NBR 15.116/2004 Agregados Reciclados de Resduos Slidos da Construo Civil Utilizao em pavimentao e preparo de concreto sem funo estrutural Requisitos (ABNT, 2004e). A criao e a implantao de programas que estimulem a qualificao das

empresas brasileiras tambm devem contribuir para a melhoria do setor da construo civil e para a diminuio dos impactos ambientais. Neste sentido, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Presidncia da Repblica instituiu o PBQP-H, Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat. Este programa tem como objetivo promover a qualidade e a produtividade do setor da construo civil (AMBROZEWICZ, 2001; BRASIL, 2006). Com a implementao deste programa, as construtoras tm a oportunidade de aumentar a sua competitividade atravs da reduo de desperdcios, melhorar a formao de profissionais, materiais e utilizar componentes de melhor qualidade, alm de se adequar s Normas Tcnicas (BRASIL, 2006). 2.2.3 Decreto N1.068 do Municpio de Curitiba/PR O Municpio de Curitiba/PR, atravs do Decreto N 1.068, de 18 de novembro de 2004 (CURITIBA, 2004), instituiu o Regulamento do Plano Integrado de Gerenciamento de Resduos da Construo Civil. O objetivo deste Plano estabelecer diretrizes, critrios e procedimentos para a gesto de RCC em conformidade com a Resoluo CONAMA N 307/02, com a Lei Federal N 10.257/01, Estatuto da Cidade (BRASIL, 2001), e com as demais leis municipais pertinentes. Este Plano foi desenvolvido pela Prefeitura Municipal de Curitiba em

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conjunto com os diferentes setores diretamente envolvidos com a questo dos RCC e entrou em vigor no incio de 2005. Desde ento, as diretrizes referente s responsabilidades dos geradores e, tambm, dos transportadores, passaram a ser fiscalizadas e punidas atravs da aplicao de penalidades aos infratores. 2.2.4 Decreto N 42.217/02 do Municpio de So Paulo/SP No Municpio de So Paulo, o Decreto N 42.217/02 (SO PAULO, 2002) regulamenta a Lei N 10.315, de 30 de abril de 1987, no que se refere ao uso de reas destinadas ao transbordo e triagem de resduos da construo civil e resduos volumosos. Com isto, a prefeitura pretende incentivar a iniciativa privada a implantar e operar reas de Transbordo e Triagem de Entulho. Como conseqncia das exigncias legais, a Prefeitura de So Paulo definiu e implementou, em 2004, o Plano Municipal de Gesto Sustentvel de entulho. De acordo com este Plano, os construtores devero submeter Prefeitura um programa de gesto de resduos no processo de licenciamento de obras, sendo esperado, como resultado, a soluo dos problemas de deposio irregulares de RCC. 2.2.5 Resoluo Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC) N 387 do Municpio do Rio de Janeiro/RJ A Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, considerando o disposto na Resoluo CONAMA N307/02 e na Lei Municipal N 2.138/94, institui a Resoluo SMAC N 387, de 24 de maio de 2005 (RIO DE JANEIRO, 2005). Esta resoluo disciplina a apresentao de Projetos de Gerenciamento de Resduos da Construo Civil para edificaes com rea total construda igual ou superior a 10.000 m, empreendimentos ou obras que requeiram movimento de terra com volume superior a 5.000m e demolies de edificaes com rea total construda igual ou superior a 10.000 m, ou volume superior a 5.000 m.

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2.3.

RESDUOS DA CONSTRUO CIVIL RCC Diversos estudos utilizam a sigla RCD (resduos da construo e demolio)

para designar os resduos oriundos de processos de construo, reformas, manuteno e demolio. Entretanto, os resduos provenientes de obras de construes novas podem ser definidos como RCC resduos da construo civil, portanto, ambas siglas sero utilizadas no desenvolvimento do trabalho. Os aspectos ambientais referentes aos RCC tm gerado bastante interesse nos ltimos anos, tanto no Brasil como no exterior. Diversos estudos demonstram que a massa de resduos de construo gerada nas cidades igual, ou superior, massa de resduos domiciliares. O surgimento de leis, normas, resolues, decretos e planos tem como objetivo valorizar os RCC e incentivar o seu reaproveitamento (JOHN e AGOPYAN, 2000; THORMARK, 2001; SCHNEIDER e PHILIPPI JUNIOR, 2004). O reaproveitamento e a reciclagem dos resduos da construo tm como objetivo reduzir os impactos ambientais causados por este tipo de resduo. Da mesma forma, aes que tenham a finalidade de reduzir o volume de gerao dos RCC no canteiro da obra, tambm devem contribuir para diminuir os riscos ao meio ambiente (SCHNEIDER e PHILIPPI JUNIOR, 2004; SOUZA et al., 2004). Em pases como os Estados Unidos, Canad e nos pases europeus em geral, a reciclagem dos resduos da construo e demolio uma prtica bastante comum. Diversos projetos vm sendo implantados para desenvolver novas tcnicas de reciclagem nesses pases desenvolvidos (WAMBUCO, 2002; MALVIN, 2005). 2.3.1. Gerao dos Resduos da Construo Civil Segundo a Agenda 21, os resduos slidos so considerados como os maiores causadores de degradao ambiental. Tal fato justificado tanto pelo volume gerado quanto pelo tratamento e disposio final inadequados. No Brasil, estimativas apontam que o entulho representa de 41 a 70% da massa de resduos

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slidos urbanos em reas urbanas, portanto, as atividades de construo civil podem ser consideradas como as maiores geradoras de resduos (PINTO, 1999; COSTA, 2003). Em outros paises, o entulho tambm representa uma parcela significativa dos resduos slidos urbanos. De acordo com PERA (1996), na Europa Ocidental os resduos de construo e demolio representam o dobro dos resduos slidos urbanos. No Kuwait, a parcela referente aos RCD de 15 a 30% (KARTAM et al., 2004). Em Hong Kong o valor de aproximadamente 42%, e em Taiwan as estimativas variam entre 15 e 20% (POON et al., 2001; HUANG et al., 2002). Os resduos de construo e demolio so gerados pelas atividades de construo, reformas, reparos e demolies de obras de construo civil (ANGULO et al., 2002). Nos pases desenvolvidos, a parcela referente s demolies representa a maior parte dos resduos gerados, quando comparada parcela referente s novas construes. Estima-se que em pases da Europa Oriental, 2/3 dos resduos gerados pelas atividades do setor da construo civil so provenientes de demolies e manutenes. Nos EUA, estudos realizados afirmam que apenas 8% dos resduos de construo sejam provenientes de atividades de nova construo (EPA, 1998). PINTO (1987) estimou a gerao de resduos da construo nas principais capitais brasileiras. Os dados referentes a este estudo esto apresentados na TABELA 2.1.

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TABELA 2.1 GERAO DE RESDUOS DA CONSTRUO CIVIL NAS PRINCIPAIS CAPITAIS BRASILEIRASGerao estimada de Capitais resduos/ms (t) So Paulo Rio de Janeiro Braslia Belo Horizonte Porto Alegre Salvador Recife Curitiba Fortaleza Florianpolis 372.000 27.000 85.000 102.000 58.000 44.000 18.000 74.000 50.000 33.000

FONTE: Adaptado de PINTO (1987)

Pelo fato de o estudo ter sido desenvolvido em 1987, os dados apresentados na TABELA 2.1 podem ser diferentes da realidade atual, devido a inmeros fatores. No caso da cidade de So Paulo, o Departamento de Limpeza Urbana da Prefeitura estima que, em 2003, foram geradas 17.000 t.RCD/dia, o que representa um valor mensal de aproximadamente 518.000 t (SCHNEIDER e PHILIPPI JUNIOR, 2004). Na cidade de Curitiba, a Prefeitura Municipal tem adotado como 2.500 t (CURITIBA, 2004) a gerao de RCD diria, o que acarreta um valor de 76.250 t mensal, valor prximo ao estimado pelo autor. De acordo com PINTO (1999), no Brasil ocorre uma grande predominncia dos resduos provenientes das novas construes em relao aos resduos gerados em demolies, em funo do desenvolvimento recente das reas urbanas.

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Em obras de nova construo, os resduos podem ser gerados em diversas fases. Segundo WAMBUCO (2002), 25% destes resduos so gerados na fase de estruturas, enquanto os 75% restantes so gerados no desenvolvimento da construo. Segundo JOHN (2000), o volume de gerao dos resduos de construo varia entre uma localidade e outra devido a alguns fatores, sendo os principais, a intensidade de atividade de construo, a tecnologia empregada, as taxas de desperdcio e as taxas de manuteno. Para ZORDAN (1997) estas diferenas decorrem do estgio de desenvolvimento da indstria de construo local, como a qualidade da mo-de-obra, as tcnicas construtivas utilizadas e a adoo de programas de qualidade, entre outros. 2.3.2. Composio dos Resduos da Construo Civil Os resduos da construo civil so compostos por materiais de diferentes origens e naturezas, tais como argamassas base de cimento e cal, resduos de cermica vermelha (tijolos e telhas), cermica branca, concreto armado ou no, solo, rocha, metal, madeira, papel, plsticos, materiais betuminosos, vidro, gesso, tintas, restos de embalagens, cimento amianto, entre outros. Tais materiais causam impactos distintos no meio ambiente e, apesar de ser relativamente baixa a presena de resduos perigosos (produtos cidos, inflamveis e outros), este aspecto no deve ser desprezado no momento da definio do tratamento e da disposio final dos resduos (PINTO, 1999; DEGANI, 2003). Pode-se observar com base em estudos, que a composio dos RCD gerados nos canteiros de obras diferente para cada pas. PINTO (1999) atribuiu esta diferena diversidade de tecnologias construtivas utilizadas. Como exemplo, pode-se citar as indstrias de construo americana e japonesa, que utilizam a madeira de maneira muito significativa no processo construtivo, diferentemente das

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indstrias brasileira e europia (ZORDAN, 1997; PINTO, 1999; ANGULO, 2000; DEGANI, 2003). De acordo com o SINDUSCON do Distrito Federal (2005), os resduos da construo civil classe A, correspondem a 60% dos resduos slidos gerados no canteiro da obra, sendo eles os que apresentam o maior potencial para a realizao da reciclagem. 2.3.3. Coleta e Disposio Final dos Resduos da Construo Civil As coletas de RCD em cidades de grande e mdio porte so realizadas por coletores constitudos como empresas. Segundo SCHNEIDER e PHILIPPI JUNIOR (2004), o transportador privado , provavelmente, um dos principais agentes causadores da disposio irregular dos RCD. Para os autores, o transportador que deposita irregularmente os RCD em vias e logradouros pblicos prximos da regio de gerao, minimiza seus custos de transporte e evita custos de disposio regular, transferindo-os sociedade. Dessa forma, o transportador pode oferecer seu servio por um preo menor que o praticado pelo transportador que dispe o resduo em reas licenciadas. Na cidade de Curitiba/PR, a coleta do RCD realizada por empresas particulares que operam com veculos dotados de poliguindaste e caambas estacionrias. Estas caambas possuem volumes que variam de 3 a 5 m, dependendo da necessidade de cada obra, e carga tpica variando de 3,6 a 5 t por viagem. Com o objetivo de obter um controle em relao origem e destinao final dos RCD no Municpio de Curitiba, em funo do Decreto N 1.068/04, a Prefeitura Municipal exige das empresas cadastradas o encaminhamento mensal do Manifesto de Transporte de Resduos MTR Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA). Com este documento, a SMMA espera identificar reas que vem sendo utilizadas como bota-foras e tambm estimar a quantidade de resduo gerada mensalmente no Municpio.

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SOUZA (2005) desenvolveu um trabalho no Municpio de Curitiba/PR com o objetivo de levantar as empresas, atuantes na rea de coleta e disposio de RCD, que se encontravam cadastradas na SMMA e estavam operando de acordo com as exigncias legais da Prefeitura Municipal. Foi constatado que das 135 empresas cadastradas na SMMA, 81 continuavam operando com o transporte de resduos da construo. Dessas, apenas 15 estavam entregando o MTR mensalmente de acordo com as exigncias legais. Com o surgimento da Resoluo CONAMA N 307/02, passou a ser proibido o encaminhamento dos resduos da construo civil para aterros sanitrios comuns, pois os mesmos contribuem diretamente para o esgotamento dessas reas que so escassas. Com isso, aumenta a preocupao referente s deposies irregulares deste tipo de resduo. Uma das maiores preocupaes referentes gerao descontrolada de RCC a disposio irregular. So consideradas disposies irregulares os despejos clandestinos em vias e logradouros pblicos, terrenos baldios e fundos de vales. Tais despejos so responsveis pelo surgimento de bota-foras irregulares que acabam se transformando em lixes (DEGANI, 2003). Segundo PINTO (1999), as disposies irregulares dos RCD podem causar os seguintes impactos ao meio ambiente: comprometimento da qualidade do ambiente e da paisagem local; comprometimento da drenagem superficial com a obstruo de crregos e consequentemente o surgimento de enchentes; aumento da disposio de outros tipos de resduos slidos, para os quais tambm no so oferecidas solues aos geradores, que contribuem com a deteriorao das condies ambientais locais; criao de um ambiente propcio para a proliferao de vetores prejudiciais s condies de saneamento e sade humana;

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Os resduos da construo civil devem ser dispostos em aterros construdos especificamente para Resduos Slidos da Construo Civil, de acordo com a NBR 15.113/04. Pelo fato de no serem responsveis pelos servios de coleta e destinao desses resduos, a maioria das administraes pblicas brasileiras no possuem aterro para resduos da construo civil. 2.4. A INTERFACE ENTRE O MEIO AMBIENTE E O SETOR DA CONSTRUO CIVIL Por muito tempo, o desenvolvimento tecnolgico foi o objetivo prioritrio da maioria dos pases, que associavam o desenvolvimento da nao ao poder, fazendo, com que, outros aspectos fossem relegados a segundo plano, entre eles o meio ambiente. Como conseqncia, a degradao ambiental ocorreu de diversas formas, sem que providncias para evit-la, ou minimiz-la, fossem tomadas. A cadeia produtiva da construo civil apresenta impactos ambientais significativos em todas as etapas do seu processo, desde a extrao de matriasprimas, produo de materiais, execuo da obra, uso e, futuramente, no processo de demolio. O esgotamento dos recursos naturais e a poluio, atravs da gerao de resduos, podem ser considerados como os impactos ambientais mais significativos e com conseqncias mais nocivas ao meio ambiente (CEF, 2001). Segundo FURTADO (2005), a construo civil contribui com uma grande parcela da deteriorao ambiental nos pases desenvolvidos, pois o setor utiliza, no ponto de vista global, aproximadamente 30% das matrias-primas, 42% do consumo de energia, 25% do uso de gua e 16% do uso de terra. Em relao degradao ambiental, a construo civil responsvel por 40% das emisses atmosfricas, 20% dos efluentes lquidos, 25% dos slidos e 13% de outras liberaes.

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2.4.1. Impactos Ambientais pelo Consumo de Recursos Naturais O setor da construo civil consome grandes quantidades de matrias-primas no-renovveis. Entre as matrias-primas utilizadas nas obras brasileiras pode-se citar a areia, o cimento Portland, a pedra britada, o ao e a madeira (DEGANI, 2003). Segundo JOHN (2000), o consumo de recursos naturais na construo civil, em uma determinada regio depende da taxa de resduos gerada, da vida til ou taxa de reposio das estruturas construdas, das necessidades de manuteno, inclusive as manutenes que visem corrigir falhas construtivas; das perdas incorporadas aos edifcios e da tecnologia empregada. De acordo com SJSTRM 6 citado por ARAUJO (2002), o consumo de matrias-primas naturais na construo algo entre 20 e 50% do total de recursos naturais consumidos pela sociedade. No estudo desenvolvido por JOHN (2000), possvel verificar a variao em relao quantidade de recursos naturais consumidos pela indstria da construo. No Japo, por exemplo, foi estimado um consumo de 50% dos recursos naturais extrados para o setor da construo civil e nos Estados Unidos o consumo anual de recursos naturais chega a 75% dos materiais consumidos na economia norte-americana. Entre os recursos naturais consumidos pela indstria da construo, se destaca o caso da madeira. Estima-se que entre 26 e 50% da madeira extrada no mundo seja consumida como material de construo e 50% seja utilizada como combustvel. Apesar da madeira ser um dos poucos recursos renovveis consumidos na construo civil, a maior parte de sua extrao feita de maneira no-sustentvel (JOHN, 2000). De acordo com relatrio desenvolvido pela Comisso Europia, Construction and Demolition Waste Management Practices, and their Economic Impacts, no ano

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SJSTRM, C. Durability of building materials and components. In: CIB Symposium on Construction and Environment. Construction and Environment: from theory into practice. So Paulo, 2000.

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de 1999, os principais impactos ao meio ambiente causados pela extrao de recursos naturais foram: poluio sonora; poluio atmosfrica; poluio visual; possibilidade de poluio do solo e das guas subterrneas atravs dos combustveis e lubrificantes utilizados nas mquinas de extrao; alterao da fauna e da flora do entorno; escassez e extino das fontes de jazidas de recursos naturais; Alguns dos impactos citados pelo relatrio europeu afetam diretamente o meio ambiente e, em alguns casos, dependendo da presena de populao nas proximidades da rea, podem afetar tambm a qualidade de vida. 2.4.2. Impactos Ambientais em funo da Gerao de Resduos Os resduos gerados decorrentes das atividades da construo civil podem comprometer o meio ambiente em duas etapas: na gerao e na disposio final. Os impactos causados pela disposio irregular dos RCD esto descritos na seo 2.3.3. No canteiro da obra, a poluio ocorre, principalmente, devido ao mal gerenciamento dos resduos (ARAUJO, 2002). Alguns dos impactos ambientais que os RCD, quando mal gerenciados, podem causar: (a) emisso de material particulado na atmosfera, considerada pela CETESB (1999), como um grande contribuinte para a poluio do ar na cidade de So Paulo/SP; (b) assoreamento de rios, lagos e canaletas de drenagem de guas superficiais; (c) contaminao de outros resduos na rea de armazenamento temporrio. Os dados apresentados demonstram a necessidade de se buscar alternativas de aes que busquem reduzir os impactos ambientais causados pelo setor da construo civil.

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2.4.3. Solues para Reduo dos Impactos Ambientais Segundo JOHN (2000), o atual modelo de desenvolvimento, baseado na extrao macia de recursos naturais e na gerao de resduos no sustentvel no longo prazo. Em substituio a este modelo, deve-se buscar a utilizao do modelo de desenvolvimento sustentvel, para evitar que o setor da construo civil seja considerado como um grande contribuinte da contaminao ambiental. Para atingir um modelo de desenvolvimento sustentvel necessria a aplicao de critrios de gesto de resduos nos canteiros de obras, nas quais sejam aplicadas tcnicas para a reduo da gerao, reutilizao e reciclagem dos resduos (WALKER e DOHMANN, 1996; THORMARK, 2001; ANGULO et al., 2002; SOUZA et al., 2004). THORMARK (2001) considera a reciclagem dos RCD como uma soluo para a conservao dos recursos naturais no-renovveis extrados pelo setor da construo civil. A substituio de agregados como a areia e a brita, por materiais reciclados, tm sido estudadas e aplicadas para atender s necessidades da indstria da construo (POON, 1997; JOHN, 2000; HUANG et al., 2002). A preservao dos recursos naturais, substitudos por materiais reciclados, prolonga a vida til das reservas naturais e reduz a destruio da fauna, flora e da paisagem. Esta contribuio importante mesmo nos casos em que os recursos naturais so abundantes, como o caso do calcrio e da argila (EPA, 1998). 2.5. GESTO DOS RESDUOS DA CONSTRUO CIVIL A necessidade da preservao ambiental, juntamente com a preocupao em relao conservao dos recursos naturais, introduziu o setor da construo civil nas discusses referentes aos desafios ambientais do sculo XXI (THORMARK, 2001; SOUZA, 2004). O Estatuto das Cidades, Lei Federal N 10.257 de 10/06/2001, determinou novas e importantes diretrizes para que o desenvolvimento sustentvel fosse

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aplicado aos Municpios, a partir de polticas setoriais. Uma das polticas setoriais que pode ser destacada a que trata da gesto dos resduos slidos (CEF, 2005). De acordo com PINTO (1999), a elevada gerao de resduos e os inmeros impactos causados nas reas urbanas so fatores que apontam para a necessidade da introduo de programas de gesto dos resduos da construo civil nos municpios brasileiros. Os principais objetivos da gesto de resduos, de acordo com a Resoluo CONAMA N 307/02, so: 1 destinao adequada dos grandes volumes; 2 preservao e controle das opes de aterros; 3 disposio facilitada de grandes volumes; 4 melhoria da limpeza e da paisagem urbana; 5 preservao ambiental; 6 incentivo s parcerias; 7 incentivo presena de novos agentes de limpeza; 8 incentivo reduo de resduos na fonte; 9 reduo dos custos municipais; A Resoluo CONAMA N 307/02 define que a gesto dos municpios deve ser realizada atravs de polticas estruturadas e dimensionadas a partir de cada realidade local. Essas polticas devem assumir a forma de um Plano Integrado de Gerenciamento de Resduos da Construo Civil (CEF, 2005). Neste plano devero estar incorporados: o Programa Municipal de Gerenciamento de Resduos da Construo Civil (PMGRCC), que dever apresentar diretrizes tcnicas e procedimentos para o exerccio das responsabilidades dos pequenos geradores e transportadores; os Projetos de Gerenciamento de Resduos da Construo Civil (PGRCC), que devero orientar, disciplinar e expressar o compromisso de ao correta por parte dos grandes geradores de resduos, tanto pblicos quanto privados. Em relao aos PGRCC, eles devero ser compostos, no mnimo, pelos seguintes tpicos: 1. Caracterizao, no qual os resduos devero ser identificados e quantificados na obra;

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2. Triagem, na qual os resduos devero ser separados, conforme as classes estabelecidas no artigo 3 da Resoluo CONAMA N 307/02, pelo gerador, preferencialmente na origem, ou ento em reas de destinao licenciadas para essa finalidade; 3. Acondicionamento, para o qual o gerador dever garantir o confinamento dos resduos aps a gerao at a etapa de transporte, assegurando em todos os casos, a condio de reutilizao e reciclagem; 4. Transporte, que dever ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e de acordo com as normas tcnicas vigentes para o transporte de resduos; 5. Destinao, que dever ser feita conforme as classes a que pertencem os resduos. Particularmente no Brasil, segundo COSTA (2003), alguns municpios tm adotado modelos de gerenciamento de resduos, baseados no modelo de gesto diferenciada proposto por PINTO (1999), o qual sugere: captao mxima dos resduos gerados, por meio da definio de redes de reas de atrao diferenciadas para pequenos e grandes geradores; reciclagem dos resduos captados em reas especialmente definidas para esta finalidade; alterao de procedimentos e culturas referentes : intensidade de gerao, melhoria das prticas de coleta e disposio; promoo do uso dos produtos reciclados. Ainda, de acordo com PINTO (1999), a gesto diferenciada deve buscar o aprimoramento de mecanismos reguladores e econmicos, que responsabilizem os geradores e que estimulem aes ambientavelmente sustentveis.

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2.5.1. Gerenciamento dos RCC O gerenciamento dos resduos da construo civil refere-se aplicao do programa de gerenciamento nos canteiros de obras, ou seja, na fonte de gerao dos resduos. O gerenciamento de resduos deve obedecer uma hierarquia que vai desde a no-gerao at a disposio final, conforme apresentado na Figura 2.1 (CWM, 2004). FIGURA 2.1 HIERARQUIA DO GERENCIAMENTO DE RESDUOS

Como pode ser observado, no ponto mais alto da hierarquia encontra-se a preveno da gerao de resduos. A no-gerao de resduos nas atividades da construo civil o objetivo principal da aplicao do gerenciamento, no entanto, a eliminao completa dos resduos difcil. Dessa forma, o desenvolvimento de tcnicas, que visem a minimizao da gerao de resduos no canteiro da obra, se torna muito importante para a operacionalizao dos programas de gerenciamento (POON et al., 2001; ARAUJO, 2002; CWM, 2005). Por outro lado, existindo a gerao, como primeira alternativa para a abordagem do problema, deveriam ser definidas tcnicas para a reutilizao e, posteriormente, para reciclagem dos resduos. Todavia, estas alternativas no

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devem estar desvinculadas da possibilidade de danos ao meio ambiente (THORMARK, 2001; ANGULO et al., 2003a). Quando o desenvolvimento de tcnicas de reutilizao e reciclagem no puder ser viabilizado, a disposio final do resduo a ltima alternativa disponvel. Entretanto, quando no executada conforme as normas e/ou legislao pertinentes, pode estar relacionada gerao de passivo ambiental (CONAMA, 2002). O fato da indstria da construo civil gerar impactos ambientais em toda a sua cadeia produtiva, somada necessidade de reduzir os impactos como conseqncia das presses por parte das administraes municipais, tem contribudo para a conscientizao dos agentes envolvidos com o setor em relao utilizao de tcnicas que introduzam o gerenciamento de resduos nos canteiros de obra (CEF, 2005; CUNHA JUNIOR, 2005). A proibio do encaminhamento dos RCC a aterros sanitrios comuns outro aspecto que estimula as prticas de gerenciamento dos resduos nos canteiros de obras, pois a grande maioria das estratgias de gerenciamento enfatiza a necessidade de minimizar a sua gerao, o que reduz a quantidade de resduos gerados nos processos de construo (CONAMA, 2002; COSTA, 2003; LEE, 2005). Dentre os benefcios proporcionados pelas prticas de gerenciamento de resduos em canteiros de obra esto a reduo dos impactos ambientais, a reduo da gerao de resduos, a organizao do canteiro de obra, a triagem dos resduos gerados impedindo sua mistura com insumos e o reaproveitamento, quantificao dos resduos, entre outros (SINDUSCON-SP, 2005). Visando o cumprimento dos critrios estabelecidos pela Resoluo CONAMA N.307/02, o gerenciamento dos RCC uma prtica que comea a ser utilizada em maior escala no Brasil. Vrias cartilhas tm sido produzidas com a finalidade de auxiliar os empreendedores do setor a gerenciar os resduos produzidos. Apesar das obras apresentarem caractersticas diferentes em relao aos materiais e mtodos construtivos, tanto no Brasil como no exterior, a maior parte das cartilhas se

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preocupa em orientar os construtores em relao diminuio do volume de RCC produzidos diariamente, atravs do Gerenciamento dos RCC no canteiro de obra. Nota-se tambm que as cartilhas foram elaboradas para auxiliar os envolvidos, construtoras e municpios, no atendimento das exigncias legais atravs da elaborao dos planos de gerenciamento dos RCC (WAMBUCO, 2002;

GREENWOOD, 2004; CEF, 2005; CUNHA JUNIOR, 2005; SINDUSCON-DF, 2005; SINDUSCON-SP, 2005). 2.5.2. Exemplos de Gerenciamento de RCC Os resduos gerados nas atividades de construo civil tornaram-se um dos grandes problemas nas grandes cidades, devido grande quantidade de resduos gerados nos processos de construo e demolio (ANGULO et al., 2003a; LEE, 2005). Algumas experincias nacionais e internacionais tm mostrado que a implementao de um sistema de gerenciamento de RCC em canteiros de obras pode representar sucesso. Uma delas a do Sinduscon-SP, Sindicato da Indstria da Construo Civil do Estado de So Paulo. Neste caso, foi implementada uma metodologia para o gerenciamento dos resduos em canteiros de obras de 11 construtoras, com o objetivo de reduzir os desperdcios e identificar tcnicas de reciclagem e de disposio final adequadas. Os resultados foram relativamente satisfatrios, pois houve reduo nos custos de coleta, na gerao de resduos e nos riscos de acidentes de trabalho, alm disso, os resduos passaram a ser reaproveitados no prprio canteiro, que passou a ser mais limpo e mais organizado (SINDUSCON-SP, 2005). Assim como no Estado de So Paulo, no Distrito Federal foi desenvolvido um Programa de Gesto de Materiais em parceria entre a Universidade de Braslia, o Sinduscon-DF e outros colaboradores, e aplicado em algumas obras de construtoras de Goinia. Este Programa teve como objetivo a melhoria da qualidade

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do setor da construo civil e a minimizao dos impactos ao meio ambiente, causados por estas atividades. Entre os resultados obtidos por este projeto, podem ser citados a reduo do nmero de caambas retiradas do canteiro de obra, a melhoria na organizao e limpeza da obra, o aumento da contribuio com a gesto ambiental das empresas construtoras e da educao ambiental dos empregados (SINDUSCON-DF, 2005). Outra experincia nacional, que pode ser destacada, a do Municpio de Belo Horizonte/MG que, em parceria com o Sinduscon-MG, desenvolveu uma cartilha para a implantao do Projeto de Gerenciamento de Resduos da Construo Civil visando atender as especificaes da Resoluo CONAMA N 307/02. A vantagem deste programa que, no Municpio de Belo Horizonte, foi implantado um Programa de Reciclagem de Entulho, gerenciado pela prpria Prefeitura, que conta com duas estaes de reciclagem de entulhos. Segundo dados do Departamento de Limpeza Pblica de Belo Horizonte, estima-se que cerca de 40% dos resduos gerados diariamente no Municpio sejam de RCC. As duas estaes de reciclagem separam cerca de 25% do entulho coletado. Para a implantao deste programa, o incentivo para a reciclagem dos RCC partiu da prpria Prefeitura Municipal, que tem utilizado o material reciclado em obras de manuteno de instalaes de apoio limpeza urbana, em obras de vias pblicas e, tambm, em obras de infra-estrutura em favelas. Outro modelo presente na cartilha desenvolvida a Produo Mais Limpa. Este programa visa a no gerao, a minimizao e a reciclagem dos resduos, assim como a diminuio dos impactos ambientais causados pelas atividades da construo civil (BELO HORIZONTE, 2005). Portanto, a estratgia de minimizao de resduos deve ter como prioridade a reduo da gerao do resduo na fonte e o seu reaproveitamento ou reciclagem posterior. A introduo de procedimentos na produo, com o objetivo de obter a melhoria contnua, uma maneira de solucionar alguns dos problemas relacionados

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gerao de resduos desnecessrios. Alm disso, alguns cuidados bsicos no canteiro da obra tambm podem contribuir diretamente com a minimizao dos resduos, sem alterar o processo produtivo (GREENWOOD, 2004; SOUZA et al., 2004). No Brasil, a criao e a implantao de programas de qualidade para o setor da construo civil, como o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H), tambm tem colaborado com a minimizao de resduos da construo civil, atravs de exigncias de responsabilidades ambientais em relao sua destinao final (AMBROZEWICZ, 2001). Entre os cuidados que podem contribuir para a minimizao dos resduos pode ser citado o treinamento da equipe de funcionrios, os quais devem ser orientados sobre os cuidados no manuseio dos materiais e, tambm, sobre a maneira correta de segregar os resduos produzidos, com a finalidade de posterior reaproveitamento atravs da implantao de um programa de reciclagem (GREENWOOD, 2004). Para estimular a equipe a contribuir com o gerenciamento dos RCC, uma alternativa, por exemplo, pode ser o oferecimento de benefcios financeiros, conforme seja o retorno representado pelo volume de resduos gerados. Esta prtica, na qual o empreendedor oferece benefcios financeiros aos funcionrios em troca de colaborao para a operacionalizao do sistema de gerenciamento de resduos, utilizada com sucesso pela Construtora Hestia, em Curitiba/PR. Neste caso, todo recurso financeiro proveniente da venda de materiais reciclveis repassado aos funcionrios que, desta forma, so estimulados a separar os resduos da maneira correta (Volmir Selig, Construtora Hestia, contato pessoal, 2005). Visando atender as exigncias legais, o Municpio de Curitiba comea a dar os primeiros passos em relao ao gerenciamento dos RCC. No final de 2004 foi elaborada uma cartilha, que estabelece o Plano Integrado de Gerenciamento de Resduos da Construo Civil (PIGRCC), conforme especificaes da Resoluo CONAMA N 307/02 (CURITIBA, 2004). Atualmente o Municpio, juntamente com a

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Universidade Federal do Paran, est desenvolvendo um trabalho no sentido de diagnosticar as disposies irregulares de RCC e, tambm, identificar tecnologias de reutilizao e reciclagem dos resduos. Tambm est sendo avaliada a implantao de uma Usina de Reciclagem de Entulho, a ser instalada em rea licenciada pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente - SMMA e operada por empresas filiadas ao Sindicato das Empresas Transportadoras de Resduos da Construo Civil. Outra iniciativa tomada pelo Municpio foi o recadastramento de todas as empresas transportadoras e a exigncia da entrega dos Manifestos de Transporte de Resduos (MTR) ao final de cada servio executado. Desta forma, a SMMA pretende ter um melhor controle da destinao final dos resduos e agilizar a identificao de reas de deposio irregulares. Na Europa, assim como no Brasil, a disposio de RCC em aterros sanitrios proibida, devido ao grande volume de gerao destes resduos, porm, a prtica de gerenciamento e minimizao de resduos tem sido aplicada h mais tempo. Estima-se que, na Unio Europia, a gerao per capita de RCC seja de 480 kg/hab.ano, enquanto no Brasil esse valor, segundo PINTO (1999), de aproximadamente 510 kg/hab.ano. Um diferencial entre o Brasil e a Europa a aceitao, por parte de construtores, dos produtos provenientes de processos de reciclagem (EC, 2005). No Reino Unido, onde se estima sejam produzidos 70 milhes de toneladas de RCC por ano, tambm foi desenvolvido um projeto de minimizao de resduos de construo em canteiros de obras. Seu objetivo foi promover a conscientizao dos pequenos e mdios construtores em relao s questes ambientais, s boas prticas e utilizao de tcnicas de reutilizao e reciclagem de materiais. O projeto foi implantado em 10 canteiros de obra no Pas de Gales. Como resultado, pode-se observar que a gerao de resduos estava diretamente relacionada s etapas da construo e, tambm, aos mtodos construtivos utilizados no desenvolvimento da obra. Entretanto, as maiores causas da gerao foram o

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armazenamento e o manuseio de materiais de forma inadequada, a inexistncia de tcnicas de reutilizao e reciclagem no canteiro da obra, servios executados de forma inadequada, que exigiam a sua repetio e, tambm, a desorganizao do canteiro. Outro ponto importante, conseqente da implantao desse projeto, foi a observao dos impactos que a gerao descontrolada de resduos acarreta na economia, nas reas social, ambiental e institucional (GREENWOOD, 2005). LAQUATRA e PIERCE (2004) desenvolveram uma pesquisa na qual realizaram o gerenciamento da gerao de resduos da construo civil em uma residncia no interior do Estado de Nova Iorque/EUA. O objetivo desta pesquisa foi quantificar, em peso e volume, os resduos gerados durante o processo construtivo, investigar alternativas de disposio final para cada resduo e desenvolver um programa educacional para os construtores baseado nos resultados alcanados pela pesquisa. De acordo com o estudo, necessrio que a indstria da construo civil comece a dar uma maior importncia reduo dos resduos nos canteiros de obra. Os aspectos ambientais relacionados gerao de resduos tambm devem ser levados em considerao, pois um fator de grande importncia e envolve toda a sociedade. Considerando-se os exemplos de gerenciamento citados anteriormente, possvel afirmar que as partes envolvidas com a indstria da construo civil devem considerar todos os fatores que envolvem o processo construtivo para que solues sejam encontradas e aplicadas de forma a minimizar a gerao dos RCC. 2.6. REAPROVEITAMENTO DOS RESDUOS DA CONSTRUO CIVIL Os resduos gerados nas atividades de construo civil tornaram-se um dos grandes problemas nas grandes cidades, devido ao seu elevado volume de gerao. Como forma de solucionar este problema necessrio que as indstrias do setor introduzam polticas de valorizao dos resduos, ou seja, estimulem o seu

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reaproveitamento dentro do canteiro de obra (PINTO, 1999; LAQUATRA e PIERCE, 2004; LEE, 2005). Os resduos de construo podem ser reaproveitados sobre duas formas: reutilizao e reciclagem. Segundo MOTA (2000), a definio para ambas as formas pode ser definida como: Reutilizao, quando o resduo reutilizado sem qualquer modificao fsica, alterando ou no, o seu uso original; Reciclagem, quando o resduo processado e utilizado como matria-prima na manufatura de bens, feita anteriormente apenas com matria-prima virgem. A possibilidade de reutilizao dos resduos deve ser analisada antes da adoo de qualquer prtica de reciclagem, pois, na reutilizao, o resduo no tem sua composio alterada. O processo de reciclagem, como qualquer atividade humana, pode causar impactos ao meio ambiente, portanto, necessrio que sua escolha seja criteriosa e considere todas as alternativas possveis com relao ao consumo de energia e matria-prima (ANGULO et al., 2002; CWM, 2004). De maneira geral, necessrio minimizar a quantidade de resduos gerados e maximizar a quantidade de material reutilizado e reciclado. As vantagens do reaproveitamento dos resduos so muitas, inclusive a principal delas, segundo JOHN (2000), a preservao dos recursos naturais, que so substitudos pelos resduos, prolongando assim a vida til das reservas naturais. Sobre este assunto, THORMARK (2001) define que a conservao dos recursos naturais a quantidade de material substituda por produtos reciclados. Como forma de incentivar o reaproveitamento dos resduos, alguns pases adotaram polticas especficas visando criar condies para que a prtica torne-se comum. Na Dinamarca, de acordo com WAMBUCO (2002), os impostos de resduos tornaram-se um instrumento muito eficaz no aumento da reciclagem dos RCC. Em 1990, as taxas de reciclagem que eram de 20%, passaram para 92% atualmente, o

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que representa uma das taxas mais elevadas de reciclagem da Europa. Segundo THORMARK (2001), na Sucia, leis tm sido introduzidas para promover o aumento das prticas de reciclagem no pas. O aumento de taxas para a extrao de recursos naturais e a proibio do encaminhamento dos RCC a aterros sanitrios so algumas delas. Nos Estados Unidos, o governo federal, atravs de uma poltica nacional para a compra de produtos e servios ambientalmente corretos, incentiva a utilizao de produtos que contenham resduos em sua composio, ou ento, que previnam a sua gerao (JOHN, 2000). No Estado da Califrnia, em 2005, o governo aprovou uma Lei que visa a conservao e a proteo dos recursos naturais atravs do incentivo reciclagem dos resduos da construo civil. A Lei prev a comercializao destes materiais reciclados na forma de concreto e tambm de asfalto, com a ressalva que o consumidor destes produtos seja informado que o material adquirido foi fabricado a partir de materiais reciclados. Na Inglaterra, o governo props uma estratgia de gerenciamento sustentvel de resduos, Making Waste Work, com os seguintes objetivos: (a) fazer o melhor uso do lixo que nossa sociedade produz; (b) reduzir a quantidade de resduos e (c) reduzir o risco de poluio imediata ou futura pela deposio dos resduos (DEBAI citado por JOHN, 2000; MALVIN, 2005). No Brasil, a partir de 2002, tem se observado importantes mudanas nas polticas pblicas, assim como a produo de diversas normas e especificaes tcnicas, voltadas ao equacionamento dos problemas provocados pelos RCC (SCHNEIDER e PHILIPPI JUNIOR, 2004). Alm disso, diversos estudos tm sido desenvolvidos para viabilizar o uso de materiais reciclados como agregados na indstria da construo civil (SOUZA et al., 1998; JOHN, 2000; ANGULO et al., 2003b). Uma das formas de se viabilizar o reaproveitamento de resduos a implantao de prticas de coleta seletiva no canteiro de obra. Segundo LAQUATRA

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e PIERCE (2004), 80% dos resduos gerados no canteiro de obra tm potencial para serem reciclados, porm, vrios obstculos impedem que esse potencial seja aproveitado, entre eles est o incorreto manejo dos resduos na sua fonte de gerao. No Brasil, estima-se que aproximadamente 90% dos RCC gerados sejam de interesse para reciclagem como agregados para a construo civil, porm, apenas uma pequena parcela de fato reciclada (ANGULO et al., 2003b). 2.6.1. Reutilizao dos RCC De maneira geral, para que os objetivos da gesto de resduos sejam alcanados, necessria a aplicao de tcnicas de reutilizao no canteiro de obra. Entre os diversos materiais utilizados nas obras de construo civil passveis de reutilizao, a madeira se destaca por apresentar um grande potencial de reaproveitamento. A madeira pode ser utilizada de diversas formas na construo, podendo fazer parte da prpria edificao (janelas, portas), como tambm ser utilizada como material de apoio (pallets, formas para estruturas). Em obras de nova construo, as madeiras com possibilidades de reutilizao so aquelas usadas como material de apoio. De acordo com WAMBUCO (2002), em aplicaes como pallets e frmas para estruturas, a madeira pode ser utilizada de trs a quatro vezes, sem comprometer a sua utilizao. Quando no for possvel a reutilizao da madeira dentro do canteiro de obra, o material pode ser utilizado como combustvel para produo energtica em fornos de olarias que produzem material cermico. Outro material passvel de reutilizao em canteiros de obra o tijolo. Segundo WAMBUCO (2002), os tijolos que eventualmente forem quebrados durante o processo construtivo, devem ser britados para que, posteriormente, venham a ser reutilizados como base e sub-base de aterros e pavimentos. Por fim, a argamassa outro material que pode ser reutilizado. Quando o resduo coletado da obra puder ser peneirado, obtm-se uma mistura de argamassa e areia. Esse material pode ser

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utilizado no processo de fabricao de reboco e outros, substituindo os agregados naturais. As tcnicas de reutilizao, apesar de simples, contribuem diretamente para a reduo dos resduos que seriam dispostos em aterros de RCC, assim como, com a preservao do meio ambiente, atravs da conservao dos recursos naturais. 2.6.2. Reciclagem dos RCC De forma geral, os materiais reciclados provenientes de RCC podem ser aplicados em diversos produtos. Alguns autores apresentam algumas dessas aplicaes de materiais reciclados (LIMA, 1999; PINTO, 1999; ANGULO et al., 2003b; COSTA, 2003): concreto no armado de baixo consumo; argamassa de assentamento; fabricao de pr-moldados de concreto; blocos; meios-fios. Por muito tempo, o mercado de materiais reciclados esteve restrito ao setor de pavimentao, no qual os produtos eram utilizados em camadas de base e subbase. Porm, de acordo com ANGULO et al. (2003a), os dados nacionais demonstram que o setor incapaz de consumir integralmente os RCC reciclados como base e sub-base de pavimentao. Dessa forma, os estudos desenvolvidos para a utilizao de RCC reciclados para outras finalidades ganham importncia para que o setor da construo civil nacional possa atingir o desenvolvimento sustentvel. Um exemplo de que o setor da construo civil pode ser auto sustentvel ocorre na Holanda. Com o avano das indstrias de agregados de RCC, estima-se que o pas possa vir a atingir uma capacidade de produo de agregados reciclados

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de forma a substituir os agregados convencionais, preservando assim recursos naturais como a areia e a brita (EC, 2005). O uso de agregados de RCC na produo de concretos uma opo para que o setor da construo civil consuma os materiais reciclados a partir de suas atividades. De forma simplificada, os agregados de RCC reciclados substituiriam os agregados convencionais na produo do concreto. De acordo com LEVY (2002), os agregados reciclados poderiam substituir at 20% dos agregados convencionais, desde que isentos de contaminantes e impurezas, sem afetar o comportamento do concreto do ponto de vista de resistncia mecnica e durabilidade. A partir de 2004, passaram a vigorar no territrio nacional, duas normas tcnicas referentes reciclagem de resduos da construo civil. A NBR 15.115/04 que se refere ao uso de agregados reciclados na execuo de camadas de pavimentao e a NBR 15.116/04 que aborda a utilizao de agregados reciclados de RCC em pavimentao e preparo de concreto sem funo estrutural (ABNT, 2004d e 2004e). AFFONSO (2005) prope a aplicao dos agregados de RCC reciclados em diversas reas da engenharia. Segundo o autor, as aplicaes atuais para o produto, embora importantes, no devero, a curto prazo, esgotar totalmente a produo dos RCC gerados nas cidades. Algumas das aplicaes propostas so: camadas drenantes em aterros de resduos slidos; elementos de filtros de fossas spticas; elementos de dreno em trincheiras e valas; elemento substitutivo em estacas de brita para acelerar recalques e melhorar a capacidade de carga em depsitos de solos moles; elemento de valas subterrneas para irrigao, eliminando-se a evaporao dos canais a cu aberto; elemento de base filtrante em estaes de tratamento de gua e esgoto.

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Portanto, a reciclagem dos RCC uma forma de transformar um resduo em um recurso. Segundo WILBURG e GOONAN citado por COSTA (2003), a reciclagem dos RCC tem o potencial de aumentar a vida til dos recursos naturais, atravs do fornecimento paralelo de material reciclado; reduzir os impactos ambientais; e garantir a sustentabilidade dos recursos naturais. Tendo em vista os problemas relacionados gerao de resduos da construo civil, esta dissertao, atravs do acompanhamento de duas obras no Municpio de Curitiba/PR, procurou abordar os principais aspectos referentes s questes ambientais do problema, atravs da adaptao e aplicao de uma metodologia de Gerenciamento de Resduos da Construo Civil, baseada na Resoluo CONAMA N 307/02 e a cartilha do SindusCon-SP, com o intuito de minimizar e reaproveitar os resduos gerados durante o processo construtivo, em uma das obras do estudo de caso da pesquisa.

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OBJETIVOS Atualmente, iniciativas que estimulem a minimizao de resduos devem estar presentes em todas as atividades, independentemente do setor. O desenvolvimento de trabalhos relacionados valorizao dos resduos, no setor da construo civil, mostra como a conscientizao quanto degradao do meio ambiente est presente no setor. A realizao deste trabalho visou alcanar os seguintes objetivos: OBJETIVO GERAL O presente estudo teve como foco principal aplicar uma metodologia de Gerenciamento de Resduos na fonte de gerao, no caso, o canteiro da obra, visando a definio de boas prticas e a identificao de tcnicas de reaproveitamento dos resduos gerados, de acordo com a Resoluo CONAMA N 307/02. OBJETIVOS ESPECIFICOS Para atingir o objetivo principal desta pesquisa, os seguintes objetivos especficos forma definidos: definir um plano de gerenciamento de resduos para o canteiro da obra; acompanhar o desenvolvimento de duas obras no Municpio de Curitiba/PR, aplicando, em apenas uma delas, a metodologia de gerenciamento de resduos da construo civil no canteiro da obra; definir e aplicar instrumentos de gerenciamento para a coleta seletiva de resduos na obra; quantificar, classificar e enquadrar os resduos gerados na obra de acordo com a resoluo federal;

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definir boas prticas para a minimizao de resduos no canteiro de obra; identificar tcnicas para reutilizar e reciclar os resduos; investigar alternativas de disposio adequada para os resduos gerados; comparar o volume de resduos produzidos nas duas obras; avaliar a economia gerada na obra com a metodologia de gerenciamento de RCC em termos de custos.

3.

MATERIAIS E MTODOS A definio da metodologia de trabalho desta pesquisa baseou-se na

Resoluo CONAMA N 307, de 05 de julho de 2002, que estabelece, aos geradores de resduos da construo civil (RCC), a obrigatoriedade da definio e da adoo de planos de gerenciamento de resduos nos canteiros de obra, bem como no Regulamento do Plano Integrado de Gerenciamento de Resduos da Construo Civil, institudo pelo Municpio de Curitiba/PR, atravs do Decreto n 1.068/04, com o objetivo de estabelecer diretrizes, critrios e procedimentos para a Gesto de RCC. De acordo com as diretrizes desta Resoluo, as construtoras deveriam ter apresentado os planos de gerenciamento de resduos Prefeitura Municipal, a partir de janeiro de 2005, juntamente com o pedido de licenciamento da obra. Neste contexto, a pesquisa foi realizada no Municpio de Curitiba/PR no perodo de junho de 2005 a junho de 2006, em duas obras com caractersticas opostas de gerenciamento. Em uma das obras adotadas para o desenvolvimento do estudo foram aplicadas tcnicas de gerenciamento de resduos no canteiro da obra, seguindo as recomendaes da Resoluo CONAMA N 307/02 e as especificaes do Decreto Municipal no 1.068/04. Na outra obra, no houve qualquer interferncia em relao s tcnicas construtivas e administrativas praticadas usualmente. O desenvolvimento deste estudo foi realizado atravs da implantao de uma metodologia de pesquisa quantitativa, como forma de apontar o melhor aproveitamento de materiais no canteiro de obra, e as diferenas entre os volumes produzidos e descartados nas duas obras, objetivando destacar as vantagens proporcionadas pelas prticas de gerenciamento de resduos. 3.1. DEFINIO DAS REAS DE ESTUDO Para a realizao deste estudo, foi definido que as obras deveriam ser de mdio porte, utilizar alvenaria convencional (tijolos) como mtodo construtivo e

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possuir um cronograma bem definido para que no houvesse interferncia no cronograma da pesquisa. A unidade qual foi aplicado o gerenciamento dos RCC, em conformidade com a Resoluo CONAMA N 307/02, foi denominada Obra 1 e a unidade na qual no houve interferncia da pesquisa nas atividades operacionais no canteiro da obra foi denominada Obra 2. O Quadro 3.1 apresenta uma comparao entre as duas obras definidas para o estudo de caso. Um detalhamento mais especfico das obras ser realizado a seguir, nos tpicos 3.1.1 e 3.1.2. QUADRO 3.1 DADOS RELATIVOS S DUAS OBRAS ADOTADAS PARA O ESTUDO DE CASO DA PESQUISA CARACTERSTICAS Tipo de construo Processo construtivo Nmero de sobrados rea construda OBRA 1 Sobrados residenciais Alvenaria convencional 2 105 m/unidade OBRA 2 Sobrados residenciais Alvenaria convencional 3 203 m/unidade

3.1.1 OBRA 1 com aplicao do gerenciamento de resduos A construtora responsvel pela execuo desta obra certificada pela qualidade da construo, de acordo com o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), portanto, do seu interesse que os procedimentos construtivos estejam de acordo, tanto em relao certificao PBQP-H quanto legislao em vigor. A Obra 1, situada na Avenida Salgado Filho, n 4.390, no bairro do Uberaba, apresentava um canteiro de obra composto por 22 sobrados. A metodologia da pesquisa foi aplicada em apenas dois sobrados, que foram acompanhados desde a fundao at o acabamento, em virtude do cronograma de atividades e facilidade

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para realizar o monitoramento e acompanhamento da gerao dos resduos (FIGURA 3.1). FIGURA 3.1 FASE INICIAL DA CONSTRUO DOS DOIS SOBRADOS DA OBRA 1

O cronograma de atividades da construo dos sobrados estava prevista para ocorrer em etapas, ou seja, em diferentes pocas do ano. O incio das atividades dos dois sobrados escolhidos ocorreu no ms de agosto de 2005