207 improbidade administrativa resumo da aula 02
TRANSCRIPT
8/17/2019 207 Improbidade Administrativa Resumo Da Aula 02
http://slidepdf.com/reader/full/207-improbidade-administrativa-resumo-da-aula-02 1/16
Improbidade Administrativa
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.
1
www.cursoenfase.com.br
umário
1. Sanções de improbidade administrativa (continuação). ............................................ 2
2. Procedimento Administrativo de Improbidade. ......................................................... 6
3. Ação de improbidade administrativa. ........................................................................ 7
3.1 Legitimidade. ......................................................................................................... 7
3.2 Competência ......................................................................................................... 9
3.3 Conexão e continência. ....................................................................................... 10
3.4 Litispendência. .................................................................................................... 11
3.5 Medidas cautelares. ............................................................................................ 12
3.5.1 Indisponibilidade dos bens: .......................................................................... 12
3.5.2 Sequestro e bloqueio de contas. .................................................................. 13
3.5.3 Afastamento preventivo............................................................................... 13
3.6 Efeitos da sentença condenatória. ..................................................................... 14
3.7 Prescrição ............................................................................................................ 14
8/17/2019 207 Improbidade Administrativa Resumo Da Aula 02
http://slidepdf.com/reader/full/207-improbidade-administrativa-resumo-da-aula-02 2/16
Improbidade Administrativa
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.
2
www.cursoenfase.com.br
1. Sanções de improbidade administrativa (continuação).
Art. 12 da Lei 8429/92.Há sanções de natureza civil, administrativa e política.
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na
legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a
gravidade do fato: (Redação dada pela Lei nº 12.120, de 2009).
I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função pública,
suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três
vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público oureceber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil
de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco
anos;
III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil
de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar
com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo de três anos.
Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a
extensão do dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.
Eventuais medidas civis, administrativas e até mesmo penais, aplicadas contra oagente em outro processo, não obstam o prosseguimento da ação de improbidade e a
incidência de suas sanções.
A absolvição do agente na esfera penal impede o prosseguimento da ação de
improbidade?
R: Em regra não. Ainda que a absolvição se de por negativa de autoria, o réu pode ter
se beneficiado de ato de improbidade praticado por outro agente público. A única
possibilidade de interferência seria na absolvição por inexistência de fato típico, tendo em
vista que se o fato não ocorreu na esfera penal, não pode ter acontecido na esferaadministrativa. Não obstante, é possível que mesmo na hipótese de absolvição por
8/17/2019 207 Improbidade Administrativa Resumo Da Aula 02
http://slidepdf.com/reader/full/207-improbidade-administrativa-resumo-da-aula-02 3/16
Improbidade Administrativa
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.
3
www.cursoenfase.com.br
inexistência do fato, haja ato residual que importe em conduta em ímproba, o que
determinará o prosseguimento da ação de improbidade.
O art. 20 da Lei 8429/92 determina que:
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam
com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar
o afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem
prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual.
O parágrafo único do art. 20 traz uma medida cautelar que pode ser aplicada tanto
pela autoridade judicial, quanto pela autoridade administrativa, a fim de evitar que o agenteinterfira na instrução probatória. Por ser apenas medida cautelar, não há que se falar em
desconto na remuneração do agente.
A ação de improbidade, ainda que ostente natureza civil, tem clara pretensão
sancionatória. Desta forma, ainda que não tenha sido feito o pedido de sanção específica ou
eventual, o juiz poderá aplica-las livremente. Em outras palavras, o juiz se vincula à causa de
pedir, e não ao pedido, portanto, não haverá sentença extra petita.
Exemplo: Se aquele que promoveu a ação de improbidade pediu como sanção
apenas o ressarcimento ao erário e suspensão dos direitos políticos, o juiz também poderáaplicar também a multa.
A dosimetria das sanções de improbidade administrativa seguem dois critérios: legal
e judicial.
O critério legal está no parágrafo único do art. 12, e se refere à extensão do dano e
ao proveito pessoal obtido pelo agente.
O critério judicial consubstancia-se na razoabilidade e proporcionalidade da medida
frente ao caso concreto.
Observação: As sanções previstas no art. 12 podem ser aplicadas de forma isolada ou
cumulativa.
O art. 8º da Lei 8429/92 submete os sucessores do agente improbo às sanções da lei:
Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer
ilicitamente está sujeito às cominações desta lei até o limite do valor da herança.
A despeito da redação legal, não se trata efetivamente de uma punição, e sim de um
efeito patrimonial decorrente da abertura da sucessão. Pelo princípio de saisine, com a
morte do agente, os seus bens passam automaticamente aos sucessores. Eventuais dívidasdeixadas pelo agente serão pagas com os bens do espólio, e depois da partilha, no limite das
8/17/2019 207 Improbidade Administrativa Resumo Da Aula 02
http://slidepdf.com/reader/full/207-improbidade-administrativa-resumo-da-aula-02 4/16
Improbidade Administrativa
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.
4
www.cursoenfase.com.br
cotas de cada herdeiro. Desta forma, não se atinge o patrimônio pessoal do sucessor, e sim o
que adquiriu com a partilha.
O §4º do art. 37 da CRFB deve ser observado com atenção:
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos
políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao
erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
A indisponibilidade dos bens é tratada pela Constituição como penalidade. Não
obstante, a Lei 8429/92 a elenca como medida cautelar em seu art. 7º:
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar
enriquecimento ilícito, caberá à autoridade administrativa responsável pelo inquéritorepresentar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá sobre
bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial
resultante do enriquecimento ilícito.
Diante de tal cenário, o candidato deve observar em qual diploma se baseia a
assertiva. Se na Constituição, representará penalidade. Caso mencione a lei, importará em
medida cautelar.
Dano ao erário. Sanções:
a) Perda da função pública.b) Ressarcimento ao erário
c) Multa até três vezes o valor do beneficio
d) Proibição de contratar com o Poder Público pelo prazo de 10 anos.
e) Suspensão dos direitos políticos de 8 a 10 anos
Observação: A suspensão dos direitos políticos se refere tanto à capacidade eleitoral
ativa (votar, promover ação popular, participar de iniciativa popular de projeto de lei)
quanto à capacidade eleitoral passiva (se candidatar a cargo eletivo). Na proibição de
contratar com o Poder Público, a expressão “poder público” deve ser interpretada emsentido amplo, abrangendo todo o Estado.
Enriquecimento ilícito. Sanções:
a) Multa de até duas vezes o valor da lesão.
b) Suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos.
c) Proibição de contratar com o Poder Público por 5 anos.
Violação de princípios. Sanções:
a) Multa de até 100 vezes o valor da remuneração.
b) Suspensão dos direitos políticos por 3 a 5 anos.
c) Proibição de contratar com o Poder Público por 3 anos.
8/17/2019 207 Improbidade Administrativa Resumo Da Aula 02
http://slidepdf.com/reader/full/207-improbidade-administrativa-resumo-da-aula-02 5/16
Improbidade Administrativa
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.
5
www.cursoenfase.com.br
Alguns autores entendem que a União exorbitou de suas competências legislativas ao
instituir certas sanções:
Multa: é matéria de direito civil, portanto, competência legislativa da União.
Ressarcimento ao erário: é matéria de direito civil, portanto, competência legislativa
da União.
Suspensão dos direitos políticos: trata-se de sanção política, também matéria da
competência legislativa da União.
Perda da função pública: trata-se de sanção administrativa. Para alguns autores, cada
ente federativo deveria ter autonomia para verificar se o agente perderia ou não a função
pública. Ocorre que a perda da função pública está prevista na própria Constituição Federal,desta forma, não há que se falar em violação de competência por parte da União.
Proibição de contratar com poder público ou receber subsídio fiscal: também é uma
sanção administrativa, no entanto, ao contrário da perda da função pública, não está
prevista na Constituição. Ocorre que, o contrato a que se refere tem natureza
administrativa, e a estipulação de normas gerais sobre contratos administrativos é
competência da União. É o que determina o art. 22, XXVII da CRFB:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para asadministrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III
Os estados, municípios e DF podem criar novas normas relacionadas à tutela da
probidade administrativa e aplicação de novas sanções administrativas. Por esta razão,
alguns autores chamam a Lei 8429/92 de “norma geral de improbidade administrativa”. Esta
prerrogativa só a abrange a criação de algumas sanções administrativas, desde que não
afetas à competência de outro ente. Não podem ser criadas sanções civis e demais normas
de natureza processual, tendo em vista que os temas se inserem na competência legislativada União.
É possível também que haja normas específicas sobre improbidade administrativa em
outras leis federais.
Exemplo: O art. 52 da Lei 10257/2001 (Estatuto da Cidade) tem previsão de algumas
condutas ímprobas praticadas por prefeito.
8/17/2019 207 Improbidade Administrativa Resumo Da Aula 02
http://slidepdf.com/reader/full/207-improbidade-administrativa-resumo-da-aula-02 6/16
Improbidade Administrativa
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.
6
www.cursoenfase.com.br
O art. 13 da Lei 8429/92 estabelece uma medida de prevenção a eventual dano ao
patrimônio público:
Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresentação de
declaração dos bens e valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser
arquivada no serviço de pessoal competente.
§ 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes, dinheiro, títulos, ações, e
qualquer outra espécie de bens e valores patrimoniais, localizado no País ou no exterior,
e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores patrimoniais do cônjuge ou
companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a dependência econômica do
declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios de uso doméstico.
§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na data em que o agente
público deixar o exercício do mandato, cargo, emprego ou função.§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de
outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar declaração dos bens,
dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.
§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da declaração anual de bens
apresentada à Delegacia da Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto
sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as necessárias atualizações, para
suprir a exigência contida no caput e no § 2° deste artigo.
2. Procedimento Administrativo de Improbidade.
O art. 14 da Lei 8429/92 determina que qualquer um do povo pode representar
contra ato de improbidade administrativa:
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente
para que seja instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de
improbidade.
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá a
qualificação do representante, as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação
das provas de que tenha conhecimento.
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em despacho
fundamentado, se esta não contiver as formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo.
A rejeição não impede a representação ao Ministério Público, nos termos do art. 22
desta lei.
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará a imediata
apuração dos fatos que, em se tratando de servidores federais, será processada na
forma prevista nos arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, em se
tratando de servidor militar, de acordo com os respectivos regulamentos disciplinares.
O §1º do art. 14 segue a linha de raciocínio da Constituição Federal, a qual determina
que é livre a manifestação de pensamento, vedado o anonimato. Desta forma, a
representação apócrifa (sem identificação), a princípio, não seria permitida.
8/17/2019 207 Improbidade Administrativa Resumo Da Aula 02
http://slidepdf.com/reader/full/207-improbidade-administrativa-resumo-da-aula-02 7/16
Improbidade Administrativa
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.
7
www.cursoenfase.com.br
Não obstante, os Tribunais Superiores vem admitindo a representação apócrifa,
desde que o Estado instaure procedimento prévio onde se garanta o contraditório, a fim de
verificar a legitimidade da denúncia. Somente a partir da comprovação de legitimidade da
denúncia é que o Estado poderia dar início o processo administrativo de apuração do ato de
improbidade.
No art. 14 da Lei 8429/92, deve ser feita remissão ao art. 19 da mesma lei:
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público
ou terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.
Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o
denunciado pelos danos materiais, morais ou à imagem que houver provocado.
Trata-se de crime semelhante ao de denunciação caluniosa prevista no art. 339 CP.
A diferença é que no crime de denunciação caluniosa, o agente imputa falsamente a
outro a prática de um crime, já no art. 19 da Lei 8429/92, a falsa imputação se refere a um
ato de improbidade.
Ao tomar conhecimento de uma representação sobre prática de conduta ímproba,
autoridade administrativa deverá:
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal
ou Conselho de Contas da existência de procedimento administrativo para apurar a
prática de ato de improbidade.
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho de Contas poderá, a
requerimento, designar representante para acompanhar o procedimento administrativo.
Esta obrigatoriedade se deve ao fato de o Tribunal de Contas ser responsável pela
fiscalização contábil, orçamentária e financeira de todas as entidades da administração
pública direta e indireta. Já o Ministério Público tem legitimidade para propositura de ação
penal, ação civil pública e ação de improbidade.
3. Ação de improbidade administrativa.
3.1 Legitimidade.
Na forma do art. 17, caput da Lei 8429/92, a legitimidade ativa para sua propositura
pertence ao Ministério Público e à pessoa jurídica interessada.
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público
ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida
cautelar.
Observação: A despeito da redação do art. 17, caput, a doutrina vem entendendo
que não há aplicação subsidiária do rito ordinário do CPC, pois se deve aplicar o
microssistema de tutela coletiva, consubstanciado nas leis 7347/87 e 8078/90.
8/17/2019 207 Improbidade Administrativa Resumo Da Aula 02
http://slidepdf.com/reader/full/207-improbidade-administrativa-resumo-da-aula-02 8/16
Improbidade Administrativa
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.
8
www.cursoenfase.com.br
Caso o Ministério Público promova a ação, deverá intimar a pessoa jurídica
interessada para adoção das regras do art. 6º, §3º da Lei 4717/65 - Lei de Ação Popular. É o
que determina o §3º do art. 17 da Lei 8429/92:
§ 3º No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Ministério Público, aplica-se, no
que couber, o disposto no § 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965.
O art. 6º, §3º da Lei 4717/65, trata da legitimidade bifronte da ação popular:
Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades
referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que
houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por
omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.
§ 3º A pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto deimpugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor,
desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante
legal ou dirigente.
A ação popular é promovida pelo cidadão para anulação de ato ou ressarcimento ao
erário. A Lei 4717/65 impõe a formação de litisconsórcio passivo necessário entre o agente
público responsável pelo dano e a respectiva entidade da qual faz parte.
Neste caso, a entidade será citada para contestar o pedido, e intimada para duas
outras providências: i) ficar omissa e não contestar o pedido; ii) aditar a inicial e tomarposição no polo ativo, criando litisconsórcio ativo facultativo e superveniente.
Esta mesma regra falará para a ação de improbidade administrativa. A pessoa jurídica
interessada deverá ser citada e intimada para que escolha entre três opções: i)integrar o
polo passivo e contestar a ação; ii) ficar omissa; iii) aditar a inicial e criar um litisconsórcio
ativo facultativo superveniente.
Se o Ministério Público não promover, deverá ser obrigatoriamente intimado para
atuar como fiscal da lei. É o que determina o §4º do art. 17 da Lei 8429/92:
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuaráobrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade.
A legitimidade do Ministério Público na propositura da ação é extraordinária. Há
quem entenda tratar-se de legitimidade ordinária, tendo em vista que incumbe ao
Ministério Público atuar na defesa da ordem jurídica, dos direitos fundamentais e dos
interesses sociais. No entanto, esta última posição não prevalece, pois os bens jurídicos
tutelados são a moralidade e o patrimônio público, e naturalmente o Ministério Público não
é titular desta relação jurídica.
Outros autores entendem que pelo fato da Lei 8429/92 ser uma lei de tutela coletiva,o Ministério Público teria legitimidade autônoma (a legitimação do Ministério Público no
8/17/2019 207 Improbidade Administrativa Resumo Da Aula 02
http://slidepdf.com/reader/full/207-improbidade-administrativa-resumo-da-aula-02 9/16
Improbidade Administrativa
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.
9
www.cursoenfase.com.br
âmbito da tutela coletiva é sempre autônoma). É a posição minoritaríssima defendida por
Nelson Nery Jr.
Conforme já mencionado, a pessoa jurídica lesada também pode promover a ação.
Quais são as pessoas jurídicas que podem promover a ação?
R: Uma primeira corrente mais restritiva entende que somente as pessoas de direito
público mencionadas no art. 1º da Lei 8429/92 poderiam promovê-la. A justificativa está no
fato de que ação de improbidade visa proteger o patrimônio público, portanto, não haveria
razão para que uma pessoa jurídica de direito privado se imiscuísse em tal seara. A corrente
majoritária se utiliza de interpretação ampla, e entende que qualquer entidade do art. 1º
está apta a promover a ação.A corrente majoritária entende que a legitimidade dessas entidades é extraordinária.
Não obstante, há quem entenda que no caso das pessoas jurídicas de direito público, esta
legitimidade seria ordinária, pois estariam promovendo a defesa do patrimônio público que
integra a entidade. Ocorre que acepção de patrimônio público preconizada pela lei se
consubstancia em interesse difuso, de titular indeterminável, portanto, a legitimidade é
extraordinária.
Ainda há uma terceira corrente que entende que a legitimidade seria mista, pois ao
mesmo tempo em que tutela o patrimônio público como interesse difuso, também protege
o patrimônio da pessoa jurídica em questão.
Na improbidade administrativa não há hipótese de delação premiada. É o que
determina o §1º do art. 17:
§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de que trata o caput.
É possível a utilização do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) no âmbito das
ações de improbidade?
R: Sim. A vedação é para transações que envolvam direito material, tendo em vista
que o direito em questão é indisponível.
Exemplo: No ressarcimento ao erário, é possível que se faça um parcelamento do
débito.
Qual seria a natureza jurídica do TAC?
R: A doutrina diverge sobre o tema. Hugo Nigro Mazzilli entende que se trata de
transação, que não se refere ao direito material, e sim ao direito processual.
3.2 Competência
A competência na ação de improbidade pode ser definida segundo duas correntes:
8/17/2019 207 Improbidade Administrativa Resumo Da Aula 02
http://slidepdf.com/reader/full/207-improbidade-administrativa-resumo-da-aula-02 10/16
Improbidade Administrativa
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.
10
www.cursoenfase.com.br
a) Há autores que entendem ser cabível a aplicação do CDC (Lei 8078/90) em
conjunto com a Lei de Ação Civil Pública (Lei 7347/85). Prevalece o microssistema de tutela
coletiva. Aplica-se o art. 2º da lei de ação civil pública:
Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano,
cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa.
A despeito da redação do artigo, o critério seria de competência territorial. O juízo
competente seria o do local onde ocorreu o dano (facilitar instrução probatória). Deve ser
feita remissão ao artigo 93 do CDC:
Art. 93 - Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a
Justiça local:
I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local;
II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito
nacional ou regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de
competência concorrente.
b) A segunda corrente entende cabível a aplicação do CPC.
Art. 100, V, a CPC:
Art. 100 - É competente o foro:
V - do lugar do ato ou fato:
a) para a ação de reparação do dano;
Essa corrente é minoritária.
3.3 Conexão e continência.
Pode haver reunião por conexão ou continência da ação de improbidade com
eventual ação civil pública ou ação popular?
Art. 103 CPC - Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o objeto
ou a causa de pedir.
Art. 104 CPC - Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade
quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange
o das outras.
Deve-se ter em mente que as três ações têm legitimação extraordinária, portanto, é
pouco provável que haja identidade de partes entre elas.
Embora não seja impossível, dificilmente haverá conexão entre ação popular e ação
de improbidade. Isto porque na ação de improbidade o pedido é sancionatório, já na ação
popular, o pedido é de ressarcimento ao erário. No que tange a causa de pedir, é possível
que haja identidade, no entanto, a amplitude da ação de improbidade geralmente é muito
maior. Assim, a conexão somente se dará por identidade da causa de pedir, e não do pedido.
8/17/2019 207 Improbidade Administrativa Resumo Da Aula 02
http://slidepdf.com/reader/full/207-improbidade-administrativa-resumo-da-aula-02 11/16
Improbidade Administrativa
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.
11
www.cursoenfase.com.br
No que concerne à ação civil pública, a existência de conexão com a ação de
improbidade é mais provável. Ocorre que, para que aconteça a conexão por identidade de
pedido, o objeto da ação de improbidade deverá se limitar ao ressarcimento ao erário.
Embora seja mais difícil, a conexão pela causa de pedir também pode ocorrer. Não obstante,
a amplitude dos fatos na ação de improbidade é sempre muito maior que na ação civil
pública.
Em relação à continência, também será pouquíssimo provável que ocorra entre ACP,
AP e ação de improbidade administrativa.
Para que haja continência, o pedido de uma ação deve envolver o da outra. Ocorre
que os pedidos da ação de improbidade (suspensão dos direitos políticos, proibição de
contratar com poder público etc) não abrangem os da ação popular, que é uma ação que
visa anular determinado ato administrativo.
É possível que ocorra continência entre ação de improbidade e ação civil pública,
desde que o pedido na ação civil pública se limite ao ressarcimento ao erário (obviamente
deve também existir identidade de parte e causa de pedir).
3.4 Litispendência.
Para que se verifique litispendência, aplica-se a teoria da tripla identidade: mesmas
partes, mesmos pedidos e mesmas causas de pedir.
Litispendência entre ação de improbidade e ação popular: pouquíssimo provável. As
partes podem até ser as mesmas, no entanto, os pedidos e causas de pedir são totalmente
diferentes.
Litispendência entre ação de improbidade e ação civil pública: pouco provável. Isto só
ocorreria se o pedido de ambas se limitasse ao ressarcimento ao erário e a causa de pedir e
as partes fossem as mesmas.
Litispendência entre ações de improbidade: é possível, tendo em vista que a
legitimidade para a ação de improbidade é extraordinária. Aplicam-se as regras deprevenção do CPC.
Observação: Embora tenha natureza civil, a ação de improbidade demanda a
existência justa causa, com elementos mínimos de autoria e materialidade da infração (art.
17, §6º). Por tal razão, o §7º do art. 17 da Lei 8429/92 exige que a parte contrária seja
intimada para apresentar defesa preliminar, que não envolve mérito. A ausência desta
intimação para apresentar defesa preliminar pode gerar nulidade relativa, desde que o
agente demonstre o prejuízo advindo da falta de intimação.
§ 6º A ação será instruída com documentos ou justificação que contenham indíciossuficientes da existência do ato de improbidade ou com razões fundamentadas da
8/17/2019 207 Improbidade Administrativa Resumo Da Aula 02
http://slidepdf.com/reader/full/207-improbidade-administrativa-resumo-da-aula-02 12/16
Improbidade Administrativa
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.
12
www.cursoenfase.com.br
impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação
vigente, inclusive as disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de Processo Civil.
§ 7º Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a
notificação do requerido, para oferecer manifestação por escrito, que poderá ser
instruída com documentos e justificações, dentro do prazo de quinze dias.
Exemplo: Se há justa causa, prova robusta da autoria e materialidade, não há que se
falar em prejuízo pela falta de intimação, tendo em vista que mesmo se a defesa preliminar
tivesse sido apresentada, o juiz daria prosseguimento à ação. Além disso, não há violação ao
contraditório, pois em momento em seguinte o agente é formalmente citado para
apresentar contestação, na forma do §9º do art. 17:
§ 9º Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar contestação.
Segundo STJ, se o juiz tiver dúvida sobre a existência de justa causa, deverá receber a
ação, prevalecendo o princípio do in dubio pro societate.
3.5 Medidas cautelares.
Além das medidas cautelares previstas na Lei 8429/92, podem ser aplicadas também
as cautelares do CPC (nominadas ou inominadas).
3.5.1 Indisponibilidade dos bens:
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejarenriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável pelo inquérito
representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Deve ser feita remissão ao art. 109 CPC:
Art. 109. O juiz da causa principal é também competente para a reconvenção, a ação
declaratória incidente, as ações de garantia e outras que respeitam ao terceiro
interveniente.
Qualquer legitimado para propor a ação principal poderá requisitar ao juiz aplicação
de medida cautelar. O juiz, por força do poder geral de cautela, poderá também de ofício
determinar a medida cautelar de indisponibilidade de bens. Remissão ao art. 796 e 797 CPC:
Art. 796. O procedimento cautelar pode ser instaurado antes ou no curso do processo
principal e deste é sempre dependente.
Art. 797. Só em casos excepcionais, expressamente autorizados por lei, determinará o
juiz medidas cautelares sem a audiência das partes.
A medida cautelar também pode ser prévia/preparatória à ação principal, para
conceder efetividade à futura sentença.
Contudo, já houve polêmica no STJ quanto à possibilidade de ser declarada a
indisponibilidade de bens previamente à propositura da ação de improbidade. Isto porque a
8/17/2019 207 Improbidade Administrativa Resumo Da Aula 02
http://slidepdf.com/reader/full/207-improbidade-administrativa-resumo-da-aula-02 13/16
Improbidade Administrativa
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.
13
www.cursoenfase.com.br
ação de improbidade tem como pressuposto a existência de justa causa, que não poderia ser
confirmada em momento anterior ao início efetivo da ação.
É admissível a indisponibilidade prévia dos bens?
R: O STJ entendeu que é cabível, pois a concessão de medida cautelar preparatória
pressupõe a existência de fumus boni iuris (plausibilidade do direito alegado de acordo com
as provas juntas) e periculum in mora (possibilidade de lesão ao direito em virtude da
demora do julgamento da ação). A Corte entendeu que o periculum in mora na ação de
improbidade é presumido, pois se o agente tem consciência de que será proposta ação
contra ele, pode se desfazer de todo seu patrimônio de forma insidiosa.
3.5.2 Sequestro e bloqueio de contas. Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao
Ministério Público ou à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a
decretação do seqüestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido
ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.
§ 1º O pedido de seqüestro será processado de acordo com o disposto nos arts. 822 e
825 do Código de Processo Civil.
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens,
contas bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos
termos da lei e dos tratados internacionais.
Para o professor, quando o legislador fala em “sequestro”, quer se referir na verdade
ao arresto.
O arresto é uma pré-penhora. Trata-se de medida cautelar utilizada em execução de
quantia certa. O sequestro é medida cautelar que incide na execução de uma obrigação de
entregar/dar coisa certa (um bem determinado).
Como o intuito do legislador foi garantir uma quantia para executar futura
condenação de multa, a referência é ao arresto, e não ao sequestro.
O sequestro é cabível na ação da improbidade, mas não para a apreensão de valores.
Exemplo: Servidor se apropria de computador do órgão público onde trabalha, e o
leva para sua casa. Caberá o pedido de sequestro, já que envolve obrigação de entregar
coisa certa.
3.5.3 Afastamento preventivo.
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam
com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar
o afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual.
8/17/2019 207 Improbidade Administrativa Resumo Da Aula 02
http://slidepdf.com/reader/full/207-improbidade-administrativa-resumo-da-aula-02 14/16
Improbidade Administrativa
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.
14
www.cursoenfase.com.br
3.6 Efeitos da sentença condenatória.
Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de reparação de dano ou decretar a perda dos bens havidos ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos bens,
conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.
Os valores abrangidos por este efeito de pagamento ou reversão de bens, deverão
ser descontados de eventual sanção de ressarcimento ao erário, sob pena de
enriquecimento ilícito do Estado. Art. 884 CC.
Exemplo: Agente público desviou R$ 100.000,00 dos cofres públicos. Se os bens
revertidos somarem um total de R$ 80.000,00, eventual sanção de ressarcimento ao erário
se limitará a R$ 20.000,00.
3.7 Prescrição
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser
propostas:
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de
função de confiança;
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares
puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo
ou emprego.
Há dois tipos de prazos expresso: um relativo às pessoas que desempenham funçãotemporária, cargo em comissão e mandato eletivo, e outro referente aos que ocupam cargo
efetivo.
Para os detentores de mandato eletivo, cargo em comissão e função temporária, o
legislador determinou prazo prescricional de 5 anos, contados a partir do término da função.
Esta estipulação tem por finalidade garantir maior transparência, evitando que o agente, por
estar na “ativa”, obstrua provas.
Observação1: Embora não haja menção expressa ao agente temporário (art. 37, IX da
CR), a doutrina majoritária entende que estaria presente no inciso I do art. 23 da Lei8429/92.
Observação2: No caso de reeleição do agente para novo mandato eletivo, o STJ já se
manifestou no sentido de que o prazo prescricional será contado a partir do término do
segundo mandato.
Para os ocupantes de cargo efetivo, o inciso II determina a aplicação dos prazos das
sanções disciplinares conforme estipulado na Lei 8.112/90:
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:
I - crime contra a administração pública; Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
8/17/2019 207 Improbidade Administrativa Resumo Da Aula 02
http://slidepdf.com/reader/full/207-improbidade-administrativa-resumo-da-aula-02 15/16
Improbidade Administrativa
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.
15
www.cursoenfase.com.br
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de
aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão;
O prazo é contado do momento em que a administração pública toma conhecimento
da infração e não de seu cometimento.
Deve-se observar atentamente o § 2º do art. 142 da Lei 8112/90:
§ 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações disciplinares
capituladas também como crime.
Se a conduta ímproba do agente público também acarretar a configuração de crime,
aplica-se a prescrição penal.
Há pouco tempo houve uma mudança de orientação do STJ, que atualmente entendeque para se aplique a prescrição penal, deve existir pelo menos um inquérito policial em
andamento. Caso contrário, o Estado estará agindo de forma abusiva, aplicando a prescrição
penal a algo que sequer foi alvo de investigação criminal.
Observação3: O ressarcimento ao erário é imprescritível, conforme art. 37 § 5º da
CRFB:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer
agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas
ações de ressarcimento.
Ao que se infere da redação do dispositivo, nenhuma lei poderia estabelecer prazo
prescricional para as ações de ressarcimento, logo, o ressarcimento ao erário seria
imprescritível.
O STJ entende que o art. 37, §5º é autoaplicável, podendo ser utilizado a partir da
entrada em vigor da Constituição. Não haveria necessidade de aguardar a edição da Lei
8429/92.
Há discussão do STF e STJ no sentido de estender ou não a redação do art. 37,§5º a
outras modalidades de ressarcimento ao erário, como por exemplo, na responsabilidade civil
de agente público por danos causados a terceiros (ação de regresso). A repercussão geral da
matéria já foi reconhecida no STF, mas ainda não há decisão de mérito a respeito.
Observação4: O legislador não estabeleceu prazo prescricional para a conduta
ímproba praticada por particular. Há duas correntes a respeito. A primeira corrente,
capitaneada por José dos Santos Carvalho Filho, entende que deve ser aplicado o art. 205CC, que estabelece o prazo de 10 anos. Não obstante, prevalece no STJ e na doutrina a
8/17/2019 207 Improbidade Administrativa Resumo Da Aula 02
http://slidepdf.com/reader/full/207-improbidade-administrativa-resumo-da-aula-02 16/16
Improbidade Administrativa
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.
16
aplicação analógica do mesmo prazo destinado ao agente público. A justificativa é que o
particular só comete improbidade administrativa se tiver se beneficiado, concorrido ou
induzido agente público à prática do ato.