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1233 ____ Revista e-Curriculum, São Paulo, n.12 v.02 maio/out. 2014, ISSN: 1809-3876 Programa de Pós-graduação Educação: Currículo – PUC/SP http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum O CURRÍCULO COMO DIREITO E A CULTURA DIGITAL CURRICULUM AS A RIGTH AND DIGITAL CULTURE ALMEIDA, Fernando José de * SILVA, Maria da Graça Moreira ** * Possui graduação em Filosofia e Pedagogia pela Faculdade Nossa Senhora Medianeira (1970), mestrado em Educação: Filosofia, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1977) e doutorado em Educação: Filosofia, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1984). Pós-Doutorado bolsa CNRS/CAPES, em Lyon, França (1987). É professor titular do curso de pós-graduação em Educação: Currículo, da PUC-SP. Atualmente é Diretor de Currículo, Avaliação e Formação da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. ** Concluiu o doutorado em Educação (Currículo) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 2004. Atualmente é docente do Departamento de Computação e do Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Consultora educacional na implantação de projetos de tecnologias para a educação em instituições de ensino, com ênfase na formação de docentes para o uso de mídias e tecnologias na educação. Participou de diversos projetos junto à SEED do MEC e em outras instituições.

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    ____ Revista e-Curriculum, So Paulo, n.12 v.02 maio/out. 2014, ISSN: 1809-3876

    Programa de Ps-graduao Educao: Currculo PUC/SP http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum

    O CURRCULO COMO DIREITO E A CULTURA DIGITAL

    CURRICULUM AS A RIGTH AND DIGITAL CULTURE

    ALMEIDA, Fernando Jos de*

    SILVA, Maria da Graa Moreira**

    * Possui graduao em Filosofia e Pedagogia pela Faculdade Nossa Senhora Medianeira (1970), mestrado em

    Educao: Filosofia, pela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo (1977) e doutorado em Educao: Filosofia,

    pela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo (1984). Ps-Doutorado bolsa CNRS/CAPES, em Lyon, Frana

    (1987). professor titular do curso de ps-graduao em Educao: Currculo, da PUC-SP. Atualmente Diretor de

    Currculo, Avaliao e Formao da Secretaria Municipal de Educao de So Paulo. **

    Concluiu o doutorado em Educao (Currculo) pela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo em 2004.

    Atualmente docente do Departamento de Computao e do Programa de Ps-Graduao em Educao: Currculo

    da Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo. Consultora educacional na implantao de projetos de tecnologias

    para a educao em instituies de ensino, com nfase na formao de docentes para o uso de mdias e tecnologias

    na educao. Participou de diversos projetos junto SEED do MEC e em outras instituies.

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    RESUMO

    Este artigo apresenta um quadro sinttico da jovem escola republicana brasileira, emergida nos

    ltimos 20 anos de nossa histria. Versa sobre a dvida de uma escola para todos, que de mais

    de 500 anos, e f-la, hoje, assolada de mltiplas carncias. Aponta a inexistncia de Bases

    Curriculares Nacionais claras, difundidas, amplamente debatidas e consensuadas. Defende que as

    Bases Curriculares Nacionais se constituem num direito dos professores e alunos - de nossa escola pblica, e, portanto, uma obrigao do Estado, seja em seu mbito federal, seja no mbito

    local. A construo de bases curriculares no se ope democracia, criatividade ou autoria

    dos professores, mas pode ser uma forma de estimular as experincias criativas e

    descentralizadas, partindo das problemticas dos diferentes territrios e culturas. Pode ser

    norteadora das formaes inicial e continuada dos docentes e das referncias para os exames de

    avaliao da aprendizagem nacionais e locais e definidora da produo de materiais didticos.

    Um dos componentes das demandas por um currculo explcito advm das novas configuraes

    postas pelas tecnologias digitais da informao e comunicao e das redes comunicacionais que

    povoam o mundo com modalidades inditas de linguagem, novas construes identitrias e

    complexas exigncias s prticas sociais. O artigo as apresenta como uma varivel catalizadora

    do debate e das vivncias curriculares e no as considera como determinantes do currculo -

    enquanto tecnologias especficas, mas como imersas na cultura digital que se instaura na

    sociedade contempornea.

    Palavras chave: Currculo. Direito humano. Formao docente. Polticas pblicas. Cultura.

    ABSTRACT

    This article presents a synthetic view of the young republican Brazilian school emerged in the

    last 20 years of our history. It discusses the debt of a school for all, which is bigger than 500

    years and has several deficiencies. It points the lack of a clear and widely discussed National

    Curriculum. It defends the curriculum as a right of our professors and students of the public schools and, therefore, either a federal or a local State obligation. Constructing curricular bases,

    without taking spaces of local curriculum elements, are not opposed to democracy, creativity or

    authorship of teachers. However, it would be a way of stimulating creative and decentralized

    experiences, starting at the problems of the different territories and cultures. The

    curriculum would be a guide for initial and continued development of teachers, a referral to local

    and national learning assessments and a conductor of the production of teaching materials. One

    of the components of the demand for an explicit curriculum comes from new settings made

    available by digital information and communication technologies (ICT) and networks that

    populate the world with new types of languages, new identities and new complex demands for

    social practices. The article presents the technology as a catalyst variable of the debate and the

    curricular experiences, not considering them as determinants of the curriculum - while specific

    technologies, but immersed in the Digital Culture that is established in contemporary society in

    the form of languages, relationships, networks and values.

    Keywords: Curriculum. Human rights. Teacher education. Digital culture.

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    1 APRESENTAO

    O uso intensivo de tecnologias e mdias digitais, que despontam em confluncia com a

    globalizao social, econmica e poltica, imprimem novas funes comunicao, novas

    construes identitrias e complexas exigncias s prticas sociais. Na esteira dessas mudanas a

    sociedade em rede (CASTELLS, 1999) e conectada (WEINBERGER, 2003) amplia o

    alcance da comunicao e tambm seu acesso e sua produo, alterando o cotidiano da vida das

    pessoas.

    Uma das caractersticas desta sociedade reside em que, ao mesmo tempo, foras

    caminham no sentido do reforo do poder e do controle social, mas seu acesso permite a

    expresso livre, a organizao e a participao social. Alinhadas s mudanas evidenciam-se

    dificuldades e carncias sociais, polticas e econmicas:

    Nesse novo contexto, ocorrem processos sociais profundos, gerando outros tipos

    de desigualdades, que vm se agregar s existentes, de modo que mais

    diferenas sociais e econmicas so deixadas a descoberto, de forma

    contrastante, e iluminam novas formas de poder e controle social em uma

    sociedade de classes fortemente marcada pela marginalizao das pessoas.

    (ZUIN, 2010, p. 963).

    A transparncia das diferenas polticas e sociais traz consigo a necessidade de

    diagnsticos de suas causas e, tambm, o compromisso com a democracia e com a justia social.

    As tecnologias no devem ser entendidas unicamente em seu carter operacional ou

    reduzidas tcnica, mas como uma espcie de modus vivendi, como um processo social que

    determina as reconfiguraes identitrias dos indivduos. (Ibid., p. 967) e, por isso, devem estar

    na agenda da educao e demandam o debate crtico sobre elas. Por outro lado, toda a massa de

    informaes geradas, trocas simblicas e anlises sociais detonam um processo de exigncia de

    mudanas que no se realizam exclusivamente em consequncia do acesso e uso das tecnologias,

    mas tambm no se operam sem elas. So condies e no suas causas nem seus motores

    (ALMEIDA, 1990).

    A escola, como as demais instncias sociais, fortemente atingida por tais mudanas e no

    fica alheia s suas contradies. Toda a ecologia onde se produz os conhecimentos abalada. As

    variveis que mais se destacam so a construo de novas sociabilidades, o questionamento de

    valores e de relaes sociais e a introduo de novas exigncias s prticas culturais e vivncias

    coletivas. Em suma, questionam-se e alteram-se os padres do aprender e do ensinar.

    Como a educao escolar acompanhou e se inseriu nestas inovaes? Viu-se como usuria,

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    posicionou-se como analtica e crtica? Ou posicionou-se como dcil e vida consumidora de um

    bem da moda? Conseguiu fazer articulao entre as metforas tecnolgicas (como inteligncia

    artificial, conhecimento coletivo etc.) e seus currculos e com seus objetivos maiores?

    A educao escolar formal acompanhou as mudanas e o desenvolvimento tecnolgico

    sempre refletindo: qual seu significado para a aprendizagem? Que exigncias devem trazer para

    os processos de ensino e aprendizagem? O que mudar na escola seu advento macio? Qual o

    papel do educador? Que currculo trabalhar com as tecnologias?

    Uma armadilha sempre montada para os educadores - que precisam ter diagnsticos claros

    sobre a educao brasileira - a defesa ingnua do uso das tecnologias de informao e

    comunicao (TIC) na educao formal como forma privilegiada de inovar ou alterar os

    currculos para adapt-los contemporaneidade.

    Nesta viso h trs equvocos bsicos.

    O primeiro equvoco acreditar que as TIC trazem em si novos conceitos de currculos. De

    fato, as demandas de novas organizaes curriculares nascem dentro do prprio currculo. A

    demanda por inovaes curriculares endgena ao projeto de educao de uma nao, de uma

    regio, de um territrio e no de um conjunto de tecnologias.

    O segundo equvoco afirmar que o advento das TIC demanda um novo currculo. Mas da

    imerso na cultura contempornea, entremeada pelos conceitos do modus vivendi da sociedade

    em rede, conectada, com suas contradies, valores e marcada pelo digital, que emergem novas

    relaes pedaggicas.

    O terceiro equvoco o de desconsiderar que o currculo uma construo social

    permanente e por isso demanda um refazer contnuo do que se deve aprender e como se precisa

    aprender; do que e como se precisa ensinar, luz de valores humanos e no apenas para um

    utilitarismo imediatista. Tais redefinies curriculares passam por redefinies de carter social e

    poltico e no tecnolgico ou economicista.

    A nfase nos aspectos tecnicistas e nos aparatos tecnolgicos no pode ser absolutizada a

    ponto de ofuscar o papel das tecnologias como processo social que reconfigura as caractersticas

    identitrias dos agentes educacionais, como pontua Zuin (2010).

    Sendo assim, defende-se aqui, que o currculo que define o uso das TIC e no definido

    por ela. Defende-se tambm que o currculo esteja integrado cultura contempornea como um

    direito.

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    O conceito de cultura digital e o conceito de currculo como direito sero alinhavados neste

    artigo como forma de superar questes e propostas equivocadas sobre a pertinncia e convvio

    entre o currculo e as tecnologias.

    O dilogo entre o conceito de bases curriculares nacionais, como direito de professores e

    alunos, e o conceito de cultura digital que permite, na viso dos articulistas, a superao das

    desconversas at hoje havidas desde a dcada de 90 do sculo XX pelas quais se desenham

    solues, sempre incompletas, insatisfatrias e inconsistentes para a aplicao das TIC na

    educao escolar.

    Diferentes e antagnicos so os focos postos na questo, causando resultados pfios ou

    mesmo equivocados: ora se foca que o currculo um ementrio de contedos disciplinares

    desinteressantes, com cargas horrias aleatoriamente atribudas ao longo dos anos. Ora se foca

    que as tecnologias, seus contedos, seus procedimentos programticos, seus algoritmos, suas

    linguagens e mdias comunicacionais so o prprio currculo. O descrdito do currculo parece,

    para esta viso, como algo inevitvel.

    Os dois posicionamentos antagnicos e radicais podem levar a concluses equivocadas

    sobre o currculo, as tecnologias e sobre o seu prprio contexto. Os argumentos a favor destas

    duas vises antagnicas advm, sobretudo, de camadas e camadas de ideologia sobreposta por

    artigos de revistas ligeiras, de matrias breves de 2.000 toques em jornais de superfcie. Advm,

    ainda, estas vises de anlises superficiais de estatsticas sociomtricas fragmentadas ou de

    comparaes simplistas com o rendimento de aprendizagem de outras naes.

    O senso comum, que se mostra fragmentado em suas anlises, cabe ser superado pelo

    pensamento cientfico ou pela reflexo histrico-filosfica. Por eles se podero compreender

    mais ampla e radicalmente o papel da cultura digital, seus elementos constituintes e sua relao

    com a educao.

    Interpretar assim, enviezadamente, o currculo e as tecnologias tm trazido enorme

    desservio ao seu entendimento e criao de propostas consistentes e mais eficazes mesmo

    sabendo-se que eficcia no quer dizer imediatismo de solues. A seguir ser traado o contexto

    da anlise em tela.

    2 O CONTEXTO DESTA ANLISE

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    A tomada de viso geral e miditica de que a educao pauta de urgncia no Brasil veio

    mais do olhar clamoroso dos economistas visando anlise dos desempenhos economtricos do

    que de uma conscincia poltica da clareza de sua importncia cultural. A fase miditica dedicada

    educao faz que se iluminem diferentes atores, mltiplas circunstncias e demandas de

    economias internacionalizadas. Os avanos das cincias subsidiadoras da educao

    microbiologia, informtica, neurocincia etc.), as avaliaes em larga escala, a ampliao

    vertiginosa das tecnologias, vo tornando cada vez mais complexas e quase inextrincveis as

    anlises da educao e os traados de suas diretrizes.

    A sociedade toda se envolve nos cenrios e nos resultados da educao e se posiciona

    munida de seu senso comum. O componente da democratizao e o compromisso de amplos

    setores nos destinos da educao so importantes, mas suas anlises na grande mdia, sobretudo,

    no garantem a eficcia da educao num emaranhado de propostas e contrapropostas que, em

    geral, focam, cada uma, apenas fraes do complexo contexto da educao.

    Um novo e esperanoso cenrio da educao brasileira convive com um surrado e

    ineficiente modelo de educao pblica. Trata esse artigo dos tempos e resultados ps-1996,

    inaugurados pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 9394/96 e de seus desmembramentos e

    impactos polticos e pedaggicos.

    Esse artigo reconhece os marcantes e promissores passos dados pelas polticas educacionais

    no pas ps-1996 e mostra que o mais desvalido ator deste gigantesco conjunto de mudanas o

    professor. O estoque de alunos que pressionava por escola - em mais de 500 anos de histria, no

    corresponde univocamente a um estoque disponvel de professores formados e desejosos de

    exercerem esta profisso.

    Cursos sobre cursos, tecnologias sobre tecnologias, crticas sobre crticas, pesquisas sobre

    pesquisas no mudam a direo nem alteram substantivamente as prticas dos docentes. O foco

    definidor de uma direo consistente e eficaz para o trabalho docente no atual momento de

    impasse da educao brasileira o currculo.

    O professor tem estado covardemente abandonado a eleger diariamente, minuto a minuto, o

    que vai fazer com dezenas de alunos, por 5 a 8 horas dirias. O professor se pergunta a cada dia:

    quais objetivos, atividades, contedos, como avaliar e quais instrumentos pedaggicos usar nos

    200 dias letivos do ano, nos tantos anos de sua carreira. No tendo resposta a tais questes o

    professor, muitas vezes, se apega aos livros didticos - quando os tem. Mas sero as editoras que

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    publicam tais livros que traaro as metas os contedos, os objetivos e as prticas recomendadas

    da educao?

    Para contribuir com alguns dentre os diversos questionamentos levantados, este artigo

    pretende trazer ao debate o currculo como um direito inalienvel do professor e do aluno. Trata

    da necessidade de propor bases curriculares claras, objetivas e culturalmente pautadas por uma

    proposta de nao justa, livre, criativa e solidria. Tais bases curriculares nacionais se

    constituiriam suporte para a formao (inicial e continuada) e para as prticas dos professores,

    articulando-se de forma slida e transparente para que os professores mantenham sua autonomia.

    Trata-se da construo de um currculo claro, explcito, flexvel e integrado cultura, que

    promova a incluso da escola aos bens e objetos culturais. Tais bases curriculares supem

    tambm o envolvimento do uso das tecnologias digitais; a insero da escola linguagem que

    flui nas redes conectadas; o acesso aos signos caractersticos desta cultura; o contato com os

    valores que edificam as relaes de poder; a produo, recuperao, anlise e publicao de

    conhecimentos; a construo de novas sociabilidades, identidades, valores, relaes humanas e a

    participao social.

    3 A CULTURA DIGITAL E O CURRCULO

    O catalisador das mudanas na contemporaneidade est consubstanciado num aparato

    tecnolgico, que embora tenha sido o produto de uma longa cadeia de evolues das tecnologias

    ele, hoje, se configura como uma prtese ou uma extenso do homem, como j preconizava

    Mcluhan (1979).

    Este aparato, corresponsvel por estabelecer as formas originais de acessar, ler

    criticamente e produzir informaes, teve seu uso e disseminao inaugurados em diferentes

    segmentos da sociedade nos anos 70 do sculo XX, como computadores pessoais. Esses

    computadores se popularizaram por meio do advento da internet e web dos anos 90 at os dias

    atuais e seu uso tem se intensificado com as tecnologias mveis sem fio, no presente. O

    microcomputador - e seus novos formatos - foi se transformando e se recontextualizando, se

    convertendo em um instrumento de autoria e produo coletiva, colaborativa e distributiva em

    rede, potencializando a interao de ideias individuais e/ou coletivas e a organizao de

    contexturas de aprendizagem, redes sociais de participao local e global.

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    Na sociedade em rede, a conexo se configura como um dos potenciais princpios

    constitucionais da democracia, da redistribuio de renda e da economia, como situa Weinberger

    (2003). Assim, estar conectado uma questo de direito, uma condio participao na

    contemporaneidade, ao exerccio pleno da cidadania, ao acesso e expresso ampla e transparente

    a informao e a meios para a sua produo e compartilhamento e participao social.

    Mas um dos paradoxos da contemporaneidade revela-se na relao entre a conexo e a

    incluso: a no conexo impele os indivduos excluso digital e social, mas a conexo, em si,

    no a garante. A incluso sociedade em rede conectada no espontnea nem descolada das

    condies materiais, estruturais, econmicas, sociais e culturais. No se caracteriza pela

    possibilidade de navegar pelas informaes nas diversas esferas mundiais e na multiplicidade de

    redes, mas prev a leitura crtica dos significados criados e das relaes de poder nelas

    estabelecidas e envolve a participao ativa do indivduo e a centralidade de sua autoria.

    A democratizao e a melhoria da qualidade da educao no se desenvolvem

    espontaneamente do mago das produes tecnolgicas, mas so resultantes de amplo debate e da

    luta poltica pela apropriao das tecnologias, pelo acesso sociedade em rede e pela incluso ao

    modus vivendi da cultura agora marcada indelevelmente pelo contexto digital.

    Silva (2010), ao analisar a relao entre a escola, as tecnologias e o currculo, salienta que

    sua integrao demanda que os agentes da educao faam a leitura crtica do mundo, o

    interpretem e lancem sobre ele suas palavras. A integrao das tecnologias ao currculo, nesse

    contexto, amplia as possibilidades de dar voz ao professor e ao aluno e, por meio da expresso de

    suas vozes, permite sua autoria e seu empoderamento. Trata-se, portanto, de democratizar o

    acesso e oportunizar o processo de apropriao social da tecnologia e seu uso inovador pela

    escola.

    Na escola as tecnologias encerram o desafio de adentrar na sala de aula aliadas aos

    saberes dos professores e alunos, ao planejamento pedaggico construdo coletivamente e a

    reflexo sobre qual escola se almeja construir com ou sem tecnologias, e devem ser usadas,

    segundo Porto (2012), para superar o senso comum pedaggico e para efetivar uma pedagogia

    condizente com as necessidades de um ensino contextualizado num tempo e espao de ser, viver,

    interagir e criar. (p.192). Trata-se aqui, mais uma vez, de entender que o conjunto de variveis,

    acima descritas, chama-se currculo. E nesse espao e nestas condies entrelaadas que o

    conhecimento escolar e cientfico ganha bases.

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    Cesare Rivoltella (2012) destaca e busca desconstruir alguns temas recorrentes ao analisar

    a retrospectiva e as tendncias da mdia-educao. Neste estudo esses temas so adaptados e

    ampliados considerando-se as tecnologias na educao.

    O primeiro tema a ser desconstrudo a concepo da centralidade da escola, ao

    considerar que cabe unicamente escola a tarefa da insero das tecnologias na educao. Na

    realidade, essa tarefa no se restringe aos espaos, prticas e tempos da escola, mas ampliada s

    famlias, comunidade, aos pares, s polticas pblicas e em outros ambientes formais ou no

    formais e s prprias redes. Nesse sentido, a escola depositria e criadora social de um

    currculo.

    O segundo tema a ser desconstrudo refere-se educao com, para ou atravs das

    tecnologias. Dessa forma, a educao com tecnologias significa entender a tecnologia como ou

    instrumento didtico de apoio ao professor em sala de aula, como um projetor multimdia. A

    educao para as tecnologias considera a apropriao tecnolgica, seus usos e aplicaes, como

    forma inicial e ferramental de trabalho, mas no a funo maior da sua entrada na escola. A

    educao atravs das tecnologias considera a tecnologia como uma ferramenta para aprender.

    Nesse sentido, as tecnologias presentes nos processos escolares deveriam estar a servio da

    humanizao, da transformao das pessoas e do mundo.

    No se trata, portanto, de assentar uma inovao, as tecnologias ou a conexo s redes de

    computadores na escola. Trata-se de uma mudana no currculo, integrando-o cultura agora

    digital, ao debate sobre os impactos dessa cultura no cotidiano, na formao das identidades dos

    educandos e educadores, nas caractersticas sociais e polticas que imprimem nos nveis locais e

    globais, no empoderamento dos sujeitos da educao e no compromisso com a qualidade social

    da educao.

    A cultura digital um conceito amplo e explicativo da realidade: realidade mais fluida de

    valores (BAUMAN, 2001), de exigncias, que tem no currculo um espao mais fluido e ao

    mesmo tempo mais estruturante do conhecimento, dos valores e das relaes humanas.

    Provocar mudanas curriculares implica considerar aes de amplitudes maiores, com

    olhares mais profundos s polticas pblicas de educao, cultura local/global, escola e

    comunidade e tambm aos valores e metas da formao de um projeto de nao. A introduo

    de inovaes deve partir do entendimento do movimento permanente de reflexo-ao e de

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    discusso da representao social e de como os saberes se constroem no interior da escola e se

    inter-relacionam com a comunidade e com a cultura.

    Para tanto, o eixo articulador o currculo.

    O currculo enquanto direito assegurado pblico, democrtico, explcito, de consenso, que

    contempla o universal e o local, constitui-se com os espaos epistemolgicos, metodolgicos e

    didticos para o equacionamento das questes postas nesta ps-modernidade e voltado melhoria

    das relaes pedaggicas.

    Qual papel vem ocupando as polticas pblicas de educao que esto em construo no

    cenrio do final do sculo XX e primeiras dcadas do sculo XXI?

    4 CENRIO AMPLIADO

    O Brasil teve um amadurecimento notvel nos 20 ltimos anos em sua educao pblica

    em direo da construo de uma escola republicana. Entre as dcadas de 90 do sculo XX e a

    primeira do XXI foram acionadas e implementadas polticas eficazes com relao s avaliaes

    nacionais de grande escala; foram definidas e aplicadas regras claras de financiamento pblico e

    transparente da educao e de formao de professores, como o Fundo de Manuteno e

    Desenvolvimento da Educao Bsica e de Valorizao dos Profissionais da Educao

    (FUNDEB)i; radicalizou-se a conquista de incluso total das crianas e jovens no ensino

    fundamental de 9 anos em todo o pas, dentre outras polticas. Tais variveis controladas so

    condies para a construo e a viabilizao do ingresso de um pas no modelo de educao

    republicana marco conquistado por muitos pases j no sculo XIX e por centenas deles nos

    incios do sculo XX.

    A marca emblemtica destas conquistas nacionais a promulgao da LDB de 1996. Da

    nascem inmeras iniciativas e desmembramentos de um projeto nacional que demonstra-se

    articulado para uma real democracia e para uma educao de qualidade socialii.

    Inmeros outros elementos foram se ajuntando mais ou menos organicamente a tais

    condies criadas. Entre eles o Plano Nacional de Educao (PNE) com as metas do decnio de

    2011 a 2020 apenas aprovado em 26 de junho de 2014iii

    .

    Os olhares para a educao focados produo de uma economia forte marcaram a viso

    economicista da educao nos ltimos 20 anos, atrelando as instituies educacionais ao

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    progresso econmico, como diagnostica Carvalho (2014). Todavia, o autor afirma que no cabe

    escola cumprir esse papel, trabalhar ou instrumentalizar programas de produo de riquezas,

    escola cabe produzir a igualdade de acesso aos bens materiais e objetos culturais, que do sentido

    existncia humana (p.27).

    Casali (2011) afirma, tambm, que a presso das economias e dos economistas sobre os

    resultados da educao se pauta por outros princpios:

    Mas o valor econmico da educao, para o empresariado, um valor

    estritamente instrumental: trabalhadores mais bem formados aumentam a

    probabilidade de maior produtividade e rendimento dos negcios. De nossa

    parte, em contraste, sem menosprezar o valor instrumental da educao,

    enfatizaremos sobretudo seu valor intrnseco: um direito universal (do qual

    decorrem para ns obrigaes). (p.1).

    O fato de a necessidade de uma educao escolar e pblica ser direito de todos os

    cidados, o fato de os rendimentos das escolas serem debatidos em todos os espaos da sociedade

    no nos garantiu at hoje que a equao geral da melhoria estivesse montada e encaminhada para

    as suas complexas solues.

    Por qu? Embora as respostas nicas sejam insuficientes para a soluo, uma pista inicial

    deve ser dada. Defende este artigo que est no currculo a ponta do fio a ser puxada para o

    desnovelamento ou o desvelamento das solues.

    5 ELEMENTOS DO DESENVOLVIMENTO DAS POLTICAS CURRICULARES

    O Brasil deu enormes saltos nos anos 90 do sculo XX quando se abriu para o debate e

    proposio de parmetros curriculares, foi uma forma ampla e consistente de ser posto o tema

    nacionalmente para a sociedade. Temas transversais, interdisciplinaridade, projetos, renomeao

    de reas do conhecimento entre outros passaram a incorporar o vocabulrio cotidiano.

    Em 2013 se recolocam avanos nas questes curriculares com a publicao das Diretrizes

    Curriculares Nacionais da Educao Bsica. Nela so apresentadas, depois de amplos estudos e

    debates em significativos setores da sociedade brasileira, quinze explicitaes do que significa

    currculo. Encabeadas pelas propostas curriculares das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais

    da Educao Bsica segue-se uma lista de diretrizes, como: para a Educao Escolar Indgena,

    para a oferta de educao para jovens e adultos em situao de privao de liberdade e nos

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    estabelecimentos penais, para a Educao das Relaes tnico-Raciais e para o Ensino de

    Histria e Cultura Afro-Brasileira e Africana, para a Educao em Direitos Humanos, para o

    atendimento da Educao do Campo, Diretrizes Operacionais para atendimento educacional

    especializado na educao Bsica, modalidade Educao Especial e outras (BRASIL, 2013).

    O Brasil amadureceu ao substituir os currculos meramente conteudistas, que

    apresentavam listas de disciplinas e cargas horrias enfileiradas e anualizadas para conceitos de

    currculo interdisciplinar, transversalizado, com direcionamento para olhar a educao e seu

    currculo que consubstanciem o direito de todo o brasileiro formao humana e cidad e

    formao profissional na vivncia e convivncia em ambiente educativo (BRASIL, 2013, p.7).

    No entanto, reconhecidos os progressos, carece a sociedade brasileira, a educao em

    geral e o professor em especial, de bases curriculares nacionais mais precisas e claras que

    norteiem as prticas dos milhes de professores que tm a enfrentar cotidianamente os 50

    milhes de jovens e adultos que precisam, devem e tm o direito de aprender. Tal aprendizagem

    no pode ser feita luz de decises tomadas pelas iniciativas de cada professor isolado em sua

    tarefa nica e insubstituvel do trabalho em sala de aula.

    As resistncias feitas s propostas mais diretivas e explcitas de currculo encontram

    diferentes formas na academia, em ideologias polticas e mesmo nos interesses comerciais que

    precisam de indefinio para abrir caminhos comercializao de sistemas apostilados que se

    tornam eficazes, exatamente, pela ausncia das polticas curriculares nacionais ou regionais mais

    precisas.

    No se trata de propor um currculo nico, mas de bases curriculares nacionais capazes de

    serem norteadores para os traados das diferentes propostas locais e dos Projetos Polticos

    Pedaggicos das escolas. Seu tratamento no seria impositivo, mas um elemento claro que

    definisse no apenas o que o professor poderia fazer, mas tambm como especificaria o perfil dos

    cursos de formao inicial e em servio dos educadores.

    No se prope limitar a prtica dos sujeitos da educao ou da comunidade escolar a um

    conjunto de orientaes, objetivos ou contedos a ser seguido. Mas bases curriculares

    construdas, em dilogo, com a comunidade educacional nacional.

    Os prprios exames nacionais que hoje se constituem em surpresa bienal do que se

    espera dos alunos poderiam ser elucidados com um currculo claro, de fato, uma referncia do

    que o professor e os alunos modelaram juntos. A no clareza propositiva de currculos de mbito

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    nacional torna os exames nacionais uma aventura temerria para alunos e professores que so

    avaliados, sem terem as regras claras.

    Neste sentido, as bases curriculares nacionais deveriam prever o currculo luz, tambm,

    da cultura contempornea, uma vez que se entrelaam com as configuraes identitrias de

    formao e com as do processo educacional.

    CONSIDERAES AO FIM

    O cenrio propcio e nos empurra para o posicionamento sobre as questes curriculares

    mais radicais. Radical aqui entendido no sentido cunhado por Saviani (1972) quando apela para

    o sentido de ir s razes do problema. Este artigo busca a fonte histrica, as necessidades

    comunicacionais, as origens dos direitos e as razes da cultura para discutir o currculo

    contemporneo. O contnuo reconstruir do currculo fruto de seu prprio conceito: uma

    construo social e coletiva, mas uma obrigao de toda a sociedade, ancorada pelo dever do

    Estado de dirigir a coisa pblica.

    A confluncia veloz dos aparatos tecnolgicos convergentes em suas diferentes formas

    de mobilidade e de redes e os avanos da economia do pas trazem aos educadores, academia

    e sociedade a tarefa de explicitar o currculo que formar a base nacional comum. A base aqui

    entendida como as perspectivas da formao dos valores e das competncias para a melhoria da

    qualidade social da educao, grande dvida de nosso pas para com a maioria de sua populao.

    Tais especificaes curriculares no significam uma camisa de fora para os educadores

    nem se configuram numa linha de montagem para as prticas escolares ou incluem tcnicas

    educao. Significam a definio larga, criativa e clara dos passos que iniciam e provocam a

    curiosidade, o campo de partilha da cultura, o plano de voo para o conhecimento significativo e

    humanizador. As tecnologias, no modo de ver desse artigo, no so as causas das mudanas

    curriculares, mas so condies bsicas de sua realizao consistente e eficaz.

    A cultura digital a amalgama entre o currculo e as tecnologias, mais que a soma dos

    objetos tecnolgicos para se constituir num universo de valores, de linguagens e de redes de

    novos significados para a sociedade.

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    i Fundo de Manuteno e Desenvolvimento da Educao Bsica e de Valorizao dos Profissionais da Educao (FUNDEB).

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    Programa de Ps-graduao Educao: Currculo PUC/SP http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum

    ii No h aqui nenhum desconhecimento ou justificativa para os 500 anos de atraso com que tais aes polticas e

    educacionais foram tomadas. O dficit histrico continua nos marcando e o saldo desta dvida social dificilmente

    ser paga nas prximas dcadas. iii

    Uma das variveis do debate e que provocou tanto atraso em aprovar metas do PNE se deveu discusso sobre a destinao de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para o financiamento da educao.