201938882-geografia-geral-e-do-brasil-vol-1-espaco-geografico-e-globalizacao-ensino-medio-2012.pdf

251
EUSTÁQUIO DE SENE • JOÃO CARLOS MOREIRA GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL ESPAÇO GEOGRÁFICO E GLOBALIZAÇÃO Ensino Médio Geografia editora scipione

Upload: israelceara

Post on 17-Aug-2015

325 views

Category:

Documents


137 download

TRANSCRIPT

EUSTQUI ODESENE JOOCARLOSMOREI RAGEOGRAFIAGERAL E DO BRASILESPAOGEOGRFI COEGLOBALI ZAOEnsino Mdio Geografiaeditora scipioneCuide bem do livro!As escolas da rede pblica de ensino recebem, periodicamente, as obras referentes ao Programa Nacional do Livro Didtico - PNLD, adquiridas e distribudas pelo Minist-rio da Educao para todo o pas por intermdio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao, aps criteriosa avaliao da Secretaria de Educao Bsica, para que professores e alunos contem com materiais de qualidade fsica e pedaggica.Este livro precisa ser preservado, e deve ser protegido da gua, da poeira e de outras situaes que possam causar danos. Procure mant-lo limpo, sem rabiscos, rasgos ou recortes.Lembre-se de que, depois de voc, ele ser usado por outros alunos durante os trs anos de vida til do material. Por isso, ao final do ano letivo, voc dever devolv-lo bem conservado.Sua colaborao importante!Registre aqui o histrico de utilizao deste livro.Nome da escola:Nome do(a) aluno(a):Ano:Nome do(a) aluno(a):Ano:Nome do(a) aluno(a):Ano:GEOGRAFIAGERAL E DO BRASILESPAOGEOGRFI COEGLOBALI ZAOEUSTQUIO DE SENE Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de So Paulo (USP)Mestre em Geografia humana (Geografia regional) pela USP Doutor em Geografia humana (ensino de Geografia) pela USPJOO CARLOS MOREIRA Bacharel em Geografia pela Universidade de So Paulo (USP) Mestre em Geografia humana pela USP Advogado (OAB/SP)Ensino Mdio Geografia1.a edio So Paulo, 2012editora scipioneGerncia editorial Maria Teresa PortoResponsabilidade editorial Heloisa PimentelEdio de texto Carlos Zanchetta de Oliveira Fernando Cario VedovateAssistncia editorial Beatriz de Almeida Francisco Jaqueline Paiva Cesar Gabriel Careta Souza Maria Lusa NaccaSuperviso de reviso Miriam de Carvalho AbesReviso Equipe ScipioneSuperviso de arte Srgio Yutaka SuwakiEdio de arte Didier D. C. Dias de MoraesCoordenao de arte Yong Lee KimDiagramao Nova parceriaProgramao visual de capa e miolo A+ comunicaoFotos de capa Iceberg na Antrtida. Tartan Dragon Ltd/Getty Images, fevereiro 1983Ilustraes Cassiano Rda, Erika Onodera,Mario Kanno e Marcus PennaCartografiaAllmapsPesquisa iconogrfica Leo BurgosImpresso e acabamento Diviso Grfica da Editora Abril S/AAv. Otaviano Alves de Lima, 4 400 6. andar e andar intermedirio ala B Freguesia do CEP 02909-900 - So Paulo - SP Caixa Postal 007 DIVULGAO Tel. (0XX11) 3990-1810 VENDAS Tel. (0XX11) 3990-1788 www.scipione.com.br e-mail: [email protected]=ALISBN=PRCd. da obra1 . a EDIOLembreteCaroaluno,conserveestelivro,queseu parceirodeestudoetrabalho!Assim,cuide dele,noorasurenemrisque.Elembre-se dequetodasasatividadespropostasnele devem ser feitas no caderno.Bom ano de estudos!Ttulo original: Geografia Geral e do Brasil - Espao Geogrfico e Globalizao - volume 1Copyright : Jos Eustquio de Sene e Joo Carlos MoreiraDireitos desta edio cedidos Editora Scipione S.A.EDITORA AFILIADADados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) (Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)Sene, Eustquio deGeografia geral do Brasil, volume 1: espao geogrfico e globalizao: ensino mdio / Eustquio de Sene, Joo Carlos Moreira. - So Paulo: Scipione, 2010 Bibliografia1. Geografia (Ensino mdio) I. Moreira, Joo Carlos. II. Ttulo.ndice para catlogo sistemtico:1. Geografia: Ensino mdioAPRESENTAODiariamenterecebemosumaenormequantidadedeinformaesqueentram em nossa casa via televiso, rdio, jornal, revistas e internet: catstrofes naturais, problemas ambientais, crises econmicas, desigualdades sociais, guerras, atentados terroristas, migraes, novas tecnologias e novos produtos, entre muitos outros temas.Com os avanos nas telecomunicaes e nos transportes, as distncias se encurtaram e o tempo nos parece acelerado; as informaes vo se sucedendo velozmente:surgemedesaparecemderepente.Quandocomeamosaentenderdeterminado acontecimento, ele esquecido como se deixasse de existir e os meios de comunicao elegem outro para dar destaque.Parece que no existe passado nem continuidade histrica, tal a instantaneidade dosacontecimentos. Muitas vezes, sentimosuma sensaode impotncia diante da dificuldade de compreender o que est acontecendo em nossa cidade, no Brasil e no mundo.Considerandotodasessasquestes,procuramoselaborarumacoleoqued contadeexplicaroespaogeogrficomundialebrasileiro,ondeossereshumanos interagem entre si e com o meio ambiente. Essas interaes so mediadas por interesses contraditrios do ponto de vista econmico, poltico e social e se materializam nas paisagens.Abrindo a coleo, o primeiro volume se inicia com o estudo dos fundamentos da cartografia, pois o conhecimento da linguagem cartogrfica muito importante para a leitura de mapas, plantas e grficos que aparecem nos trs volumes. Em seguida so estudados os temas da geografia fsica: estrutura geolgica, relevo, solo, clima, hidrografia e vegetao, de forma encadeada, para facilitar o entendimento da dinmica e do funcionamento da natureza, assim como sua relao com a sociedade e os crescentes desequilbrios ecolgicos: efeito estufa, chuvas cidas, desmatamentos, eroses etc. Este volume concludo com o estudo das conferncias internacionais sobre meio ambiente, destacando a importncia do desenvolvimento sustentvel.O segundo volume apresenta alguns aspectos fundamentais da economia, da geo- poltica e das sociedades do mundo contemporneo para que se possa compreender os processos socioespaciais globais e a insero do Brasil neles. Estudaremos as diversas fases do capitalismo at a globalizao, as diferenas no desenvolvimento humano, a ordem geopoltica e econmica e os conflitos armados da atualidade. Alm disso, sero abordados os processos de industrializao dos pases desenvolvidos e emergentes mais importantes e o comrcio internacional.Fechando a coleo, o terceiro volume apresenta como principais temas a industrializao e a poltica econmica brasileira, a energia, a populao, a urbanizao e a agropecuria no mundo e no Brasil.Pretendemos,assim,ajud-loacompreendermelhorofrenticoefascinante mundo em que vivemos e auxili-lo a acompanhar as transformaes que o moldam e o tornam diferente a cada dia, para que voc possa nele atuar como cidado consciente.AUTORESPREFCIO DA TERCEIRA EDIOEstaobra,lanadaem1997,conheceagorasuaterceiraedio,oquerevelauma boaaceitaodolivropelopblico.Noprefciodaprimeiraedioeuchamava atenoparaumaqualidadedoenfoqueadotadopelosautoresquepode,em parte,explicaressesucesso:oequilbrioentreumaabordagempolitizadados temasdageografiaeaposturapedaggicacontrriaaosimplismoeaodirigismoideolgico.Essacombinaopermiteodesenvolvimentodeumolharcrticodosalunos, basedaformaodeumindivduoconsciente,dotadodediscernimentopessoalpara avaliar um mundo em veloz mudana, como o contemporneo.Apreocupaocomoentendimentodacontemporaneidadejustificaaatualizaodeumaobrabemresolvidaemtermosdeestruturaecontedo.Asalteraes introduzidasnapresenteedioreferem-seaoaprimoramentodeinformaesederecursosdidticoseaajustesdefocoqueacentuamanfasenaanlisedosprocessos geoeconmicosegeopolticosnaapresentaodoBrasiledomundoatuais.Aateno comascaractersticasquequalificamageografiadanossapocaemergecomoumfio condutordaexposio.UmainflunciadaorientaotericadeMiltonSantossefaz sentirnaconcepodeespaoadotadaenadefiniodosconceitosgeogrficosutilizados.Aperspectivaambientalreferendadanaobra,comdestaqueparaasconvenes internacionais e para o conceito de desenvolvimento sustentvel.Enfim,trata-sedeummanualbemfundamentadoqueapresentademodocoerente um panorama da geografia da atualidade.So Paulo, 28 de fevereiro de 2010.Prof. Dr. Antonio Carlos Robert MoraesDepartamento de Geografia da Faculdade de Filosofia,Letras e Cincias Humanas da Universidade de So PauloPREFCIO DA SEGUNDA EDICOacom satisfao que apresentamos a segunda edio desta obra de autoria de meus ex-alunos e portadores do ttulo de mestre pela Universidade de So Paulo. O Brasil que inicia o sculo XXI tem um imenso contingente de jovens, em cuja educao devemos creditar nossas esperanas de um futuro mais justo num pas mais democrtico. Essa juventude necessita ser formada para a cidadania local, nacional e global, pois vive e viver num mundo de intensos fluxos internacionais, logo, submetida a influncias e informaes as mais complexas e diversificadas.Conhecer seu pas e o mundo , portanto, a base para o indivduo localizar-se e assumir posies na vida social. Sensibilizar coraes e mentes para o convvio democrtico, para o respeito s diferenas, para o multiculturalismo a tarefa posta aos educadores. Incutir valores relativos aos direitos humanos e defesa do meio ambiente insere-se como meta pedaggica, para a qual a geografia pode contribuir muitssimo.Os assuntos enfocados nesta obra do elementos para compreender o mundo e o pas contemporneos em que vivemos, colaborando para a formao de cada aluno e para a construo de nosso futuro.So Paulo, 19 de agosto de 2004.Prof. Dr. Antonio Carlos Robert MoraesDepartamento de Geografia da Faculdade de Filosofia,Letras e Cincias Humanas da Universidade de So PauloPREFCIO DA PRIMEIRA EDIOUMA PROPOSTA BEM DOSADAA geografia conheceu, num passado recente, um movimento vigoroso de renovao terica, que exercitou com radicalidade a crtica s perspectivas tradicionais e introduziu novas orientaes metodolgicas no horizonte de investigao dessa disciplina. No caso brasileiro, ao contrrio de outros pases, o ltimo campo a ser atingido por tal processo foi o do ensino pr-universitrio. Tal demora talvez tenha sido a responsvel pela forma na qual finalmente o movimento renovador chegou ao ensino de geografia de primeiro e segundo graus: um formato revolucionrio, que radicalizava e empobrecia a politizao introduzida no debate desse campo disciplinar.Tal vis gerou deformaes pedaggicas significativas, pela carga de dirigismo ideolgico contida nas propostas de renovao curricular. Em seu papel indutor, os livros didticos foram agentes desse processo, ao mesmo tempo que sofreram a influncia do momento. Agora, aps mais de uma dcada de vivncia dessa nova situao, parece que a metfora leninista da curvatura da vara manifesta-se novamente. O salutar questionamento poltico do mundo em que vivemos parece iniciar uma dissociao, no mbito do ensino da geografia, do simplismo ideolgico, dos posicionamentos maniquestas.Ensinar geografia passa a ser problematizar o mundo mais do que explic-lo de forma unilateral. Nesse sentido, a presente obra deve ser saudada como uma manifestao desse novo momento, pois associa de forma bem dosada a necessria politizao do temrio geogrfico com o distanciamento e rigor exigidos por uma anlise cientfica. Trata-se de uma obra bem estruturada, na qual os principais tpicos da reflexo geogrfica contempornea esto contemplados.So Paulo, 2 de abril de 1997.Prof. Dr. Antonio Carlos Robert MoraesDepartamento de Geografia, USPSumrioINTRODUO AOS ESTUDOS GEOGRFICOS 10UNIDADE 1 FUNDAMENTOS DE CARTOGRAFIA 14CAPTULO 2 REPRESENTAESCARTOGRFICAS, ESCALAS E PROJEES, 30Representao cartogrfica, 30 Evoluo tecnolgica, 30Tipos de produtos cartogrficos, 32Escala e representao cartogrfica, 34Projees cartogrficas, 37 Conformes, 38 Equivalentes, 39 Equidistantes, 40Afilticas, 41Vises do mundo, 41Compreendendocontedos,44Desenvolvendo habilidades, 45 Pesquisa na internet, 45CAPTULO 3 MAPAS TEMTICOS E GRFICOS, 46Cartografia temtica, 47Grficos, 52Compreendendocontedos,54Desenvolvendo habilidades, 54 Pesquisa na internet, 55CAPTULO 1 PLANETA TERRA: COORDENADAS,MOVIMENTOS E FUSOS HORRIOS, 16Formas de orientao , 17Coordenadas geogrficas, 18Movimentos da terra e estaes do ano, 19 Insolao da Terra (infogrfico), 22Fusos horrios, 24Fusos horrios brasileiros, 26Horrio de vero, 27Compreendendocontedos,28Desenvolvendo habilidades, 29 Pesquisa na internet, 29CAPTULO 4 TECNOLOGIAS MODERNAS UTILIZADAS PELA CARTOGRAFIA, 56Sensoriamento remoto, 57Fotografia area, 57 Imagem de satlite, 58Sistemasdeposicionamentoenavegaopor satlites, 59Sistemas de informaes geogrficas, 61Compreendendocontedos,62Desenvolvendo habilidades, 63 Pesquisa na internet, 64TESTES E QUESTES 65Enem,65Questesdevestibulares,66Testes de vestibulares, 68UNIDADE 2 GEOGRAFIA FSICA E MEIO AMBIENTE 80CAPTULO 5 ESTRUTURA GEOLGICA, 82Teoria da formao e evoluo da Terra(infogrfico), 82A formao da Terra, 83Tipos de rochas, 85Estrutura da Terra, 88Deriva continental e tectnica de placas, 89As provncias geolgicas, 95Compreendendocontedos,96Desenvolvendo habilidades, 96 Pesquisa na internet, 96CAPTULO 6 AS ESTRUTURAS E AS FORMAS DO RELEVO, 97A fisionomia da paisagem, 98A classificao do relevo brasileiro, 101O relevo submarino, 107Morfologia litornea, 109Compreendendocontedos,112Desenvolvendo habilidades, 112 Pesquisa na internet, 112CAPTULO 7 SOLO, 113A formao do solo, 114Fatores de formao dos solos, 115Conservao dos solos, 116 Voorocas, 118 Movimentos de massa, 119 Conservao dos solos em floresta, 120Compreendendocontedos,121Desenvolvendo habilidades, 121 Pesquisa na internet, 121CAPTULO 8 CLIMA, 122Tempo e clima, 123Fatores climticos, 124Atributos ou elementos do clima, 129Tipos de clima, 133Climas no Brasil, 136Compreendendocontedos,139Desenvolvendo habilidades, 139 Pesquisa na internet, 139CAPTULO 9 OS FENOMENOS CLIMTICOS E AINTERFERNCIA HUMANA, 140Poluio atmosfrica, 142O efeito estufa e o aquecimento global, 143 O efeito estufa, (infogrfico), 144 El Nino, 148Reduo da camada de oznio, 150 Inverso trmica, 151 Ilhas de calor, 152 As chuvas cidas, 152Compreendendocontedos,155Desenvolvendo habilidades, 155 Pesquisa na internet, 155CAPTULO 10 HIDROGRAFIA, 156Pode faltar gua doce?, 158As guas subterrneas, 158O poo e a fossa, 162Bacias hidrogrficas e redes de drenagem, 162Bacias hidrogrficas brasileiras, 166Compreendendo contedos, 170 Desenvolvendo habilidades, 170 Pesquisa na internet, 171 Sesso de vdeo, 171CAPTULO 12 AS CONFERNCIAS EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE, 192Interferncias humanas nos ecossistemas, 193A importncia da questo ambiental, 195A inviabilidade do modelo consumista de desenvolvimento, 196Estocolmo-72, 198O desenvolvimento sustentvel, 199Rio-92, 200Rio+ 10, 201Compreendendocontedos,203Desenvolvendo habilidades, 203 Pesquisa na internet, 203TESTES E QUESTES 204Enem, 204 Questes de vestibulares, 213 Testes de vestibulares, 215GLOSSRIO 243SUGESTESDELEITURASCOMPLEMENTARES244 BIBLIOGRAFIA 245Livros, 245 Atlas, 246 Dicionrios, 247 Sites, 247RESPOSTAS DOS TESTES DO ENEM E DOS VESTIBULARES 248CAPTULO 11 BIOMAS E FORMAES VEGETAIS:CLASSIFICAO E SITUAO ATUAL, 172A vegetao e os impactos do desmatamento, 173Principais caractersticas das formaes vegetais, 176Biomas e formaes vegetais do Brasil, 182As caractersticas das formaes vegetais brasileiras, 183As unidades de conservao, 189Compreendendocontedos,191Desenvolvendo habilidades, 191 Pesquisa na internet, 191INTRODUO AOS ESTUDOS GEOGRFICOS1SANTOS,Milton.Anaturezado espao.SoPaulo:Hucitec,1996. p. 190.2Durante a Guerra Fria, os laboratriosdoPentgonochegarama cogitardaproduodeumengenho,abombadenutrons,capaz deaniquilaravidahumanaem umadadarea,maspreservando todas as construes. O presidente Kennedy afinal renunciou a levar a cabo esse projeto. Seno, oque na vspera seria ainda o espao, aps a temida exploso seria apenas paisagem(SANTOS,Milton.Anatureza do espao. So Paulo: Hucitec, 1996. p. 85.)Ao longo da histria os grupos humanos gradativamente foram transformando a natureza com o objetivo de garantir sua subsistncia. Com isso, o espao geogrfico foi ficando cada vez mais artificializado. Pela ao do trabalho, novas tcnicas foram desenvolvidas e incorporadas ao meio geogrfico. De um meio natural o homem avanou para um meio cada vez mais tcnico: expandiram-se as reas agrcolas, desenvolveram-se as cidades e as indstrias, construram-se estradas, portos, hidreltricas etc. De acordo com o gegrafo Milton Santos (1926-2001), em diversas regies a incorporao de cincia e tecnologia, de informao e conhecimento ao territrio constituiu o chamado meio tcnico-cientfico-informacional1.Poucas reas da superfcie terrestre ainda no sofreram transformaes. E mesmo aquelas intocadas, como muitas no interior da Floresta Amaznica ou do continente Antrtico, o territrio est delimitado e sob controle poltico - sujeito a soberania nacional ou a acordos internacionais. Sobre esses territrios atuam interesses de diferentes grupos, que buscam sua preservao ou que desejam explor-los de forma predatria. Assim, podemos dizer que mesmo em um meio natural, aparentemente intocado, existem relaes polticas, econmicas, culturais e ambientais que nem sempre so visveis na paisagem.A paisagem somente a aparncia da realidade, aquilo que nossa percepo, especialmente a visual, capta. Embora as paisagens materializem relaes sociais, econmicas e polticas travadas entre os homens, essas relaes no so facilmente percebidas. Desvend-las requer observao, estudo e pesquisa, sendo esseo caminhopara que o espao seja apreendido em sua essncia. Podemos dizer que o espao geogrfico formado pela associao entre a sociedade e a paisagem. A paisagem composta de objetos artificiais ou culturais (construdos pelo trabalho humano) e de objetos naturais (frutos dos processos da natureza).Oespaocontmtodosessesobjetosmais as relaes humanas que se desenvolvem na vida em sociedade. Para ilustrar essas relaes e evidenciar a diferena entre paisagem e espao, Milton Santos afirmou que, se eventualmente a humanidade fosse extinta, teramos o fim da sociedade e consequentemente do espao geogrfico, mas a paisagem construda permaneceria2.TrechodevrzeadaFlorestaAmaznicanaReserva deDesenvolvimentoSustentveldeMamirau,Amazonas,emfotode2007.EssaRDSfoicriadapormeio dodecretoestadualn.2.411de1996paraconciliara permannciadapopulaolocaleaexploraosustentvel dos recursos da floresta. 10INTRODUOAOSESTUDOSGEOGRFICOSParacompreenderoespaogeogrfico,portanto,precisamosentenderas relaes sociais e as marcas deixadas pelos grupos humanos na paisagem no decorrer da histria. Na verdade, precisamos entender as relaes prprias da natureza, as relaes prprias da sociedade e, de forma integrada, as relaes entre a sociedade e a natureza. a isso que a geografia enquanto cincia se dedica hoje e por isso que estudamos essa disciplina na escola.A origem da geografia antiga. Desde a Antiguidade muitos pensadores elaboraram estudos considerados geogrficos, embora o conhecimento fosse disperso e desarticulado, vinculado filosofia, matemtica e s cincias da natureza. Na Grcia Antiga, Herdoto (484-420 a.C.), Eratstenes (275-194 a.C.) e Estrabo (63 a.C.-entre21 e 25 d.C.), entre outros, analisaram a dinmica dos fenmenos naturais, elaboraram descries de paisagens e estudaram a relao homem-natureza. Mesmo durante o perodo em que estiveram sob o domnio romano, os gregos continuaram desenvolvendo seus estudos tericos3. Nas obras de Cludio Ptolomeu, como a que se intitula Geografia, encontramos, por exemplo, importantes registros geogrficos, cartogrficos e astronmicos. Ele viveu em Alexandria aproximadamente entre os anos 100 e 180 de nossa era, perodo em que o Egito era parte do Imprio Romano, mas seus estudos s foram redescobertos no sculo XV Os conhecimentos legados por Ptolomeu, como o de um sistema de projeo e coordenadas, ajudaram na produo de mapas mais precisos, fundamentais para a expanso martima europeia do sculo XVI.No sculo XVIII diversos filsofos contriburam para o desenvolvimento da geografia, com destaque ao alemo Immanuel Kant (1724-1804), um dos primeiros a se preocupar com a sistematizao do conhecimento geogrfico. Kant influenciou fortemente seus compatriotas fundadores da geografia como cincia: Alexander von Humboldt (1769-1859) e Karl Ritter (1779-1859). Em meados do sculo XIX os dois cientistas alemes gradativamente sistematizaram o arcabouo terico-metodolgico da geografia, que se transformou em disciplina acadmica, passando a ser pesquisada e ensinada nas universidades. Humboldt foi um importante explorador, fez viagens pela Amrica e em Cosmos, sua obra maior, sintetizou anos de estudos geogrficos. 3 CLAVAL, Paul. Histria da Geografia. Lisboa: Edies 70, 2006. p. 29.< Arranha-cusnobairrode Shinjuku,Tquio,Japo.Ao fundo,oMonteFuji,omais altodopas.Localizadoacercade100kmasudoesteda capital,podeservistoemdias claros, como na foto de 2006.INTRODUO AOS ESTUDOS GEOGRFICOS11 Colheitadesojanasafra2008emfazendalocalizadanomunicpiodeCampo Verde, Mato Grosso.4MORAES,Antonio Carlos Robert. Geografia:pequenahistriacrtica. 20. ed. So Paulo: Annablume, 2005. p. 71.5Asociedadequeconsideramos, sejagrandeoupequena,desejar sempremantersobretudoaposse doterritriosobreoqualegraas ao qual ela vive. Quando esta sociedadeseorganizacomesseobjetivo,elasetransformaemEstado. (RATZEL,Geografiadodohomem (antropogeografia).In:MORAES, AntonioCarlosRobert.Ratzel.So Paulo: tica, 1990. p. 76.)6MORAES,Antonio Carlos Robert. Geografia:pequenahistriacrtica. 20. ed. So Paulo: Annablume, 2005. p. 79.7CORRA,RobertoLobato.Trajetriasgeogrficas.Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997. p. 191.8SEABRA,Odetteetal.Territrio esociedade:entrevistacomMilton Santos. So Paulo: Fundao Perseu Abramo, 2000. p. 50.NofinaldosculoXIX,outroimportantepesquisadoralemo-Friedrich Ratzel (1844-1904) - definiu a geografia como cincia humana, embora na prtica a tenha tratado como cincia natural. Considerou a influncia que as condies naturais exercem sobre a humanidade como objeto de estudo da disciplina. Seus discpulos radicalizaram suas ideias, dando origem ao determinismo geogrfico4. Alm disso, Ratzel foi um dos principais formuladores da geopoltica. A relao entre o Estado e o espao central em sua obra mais importante - Antropogeo- grafia. Segundo ele, a partir do momento em que uma sociedade se organiza para defender um territrio, transforma-se em Estado5. Donde se depreende que o territrio oespaogeogrficosobocontroledeumpoderinstitudo-oEstado nacional. Porm, h situaes em que outro agente pode controlar um territrio, por exemplo, um grupo guerrilheiro, muitas vezes, em disputa com um Estado.No incio do sculo XX, um gegrafo francs - Paul Vidal de la Blache (1845- -1918) - passou a criticar o mtodo puramente descritivo e a defender que a geografia se preocupasse com a relao homem-meio, posicionando os seres humanos como agentes que sofrem influncia da natureza, mas que tambm agem sobre ela, transformando-a. Ele inaugurava, em contraposio ao determinismo, uma corrente terica conhecida como possibilismo, ambas posteriormente rotuladas como geografia tradicional. A geografia lablachiana, embora tenha avanado em relao viso naturalista de Ratzel, no rompeu totalmente com ela; a disciplina continuava sendo uma cincia dos lugares, no dos homens6.Assim, at meados do sculo XX a grande maioria dos gegrafos se limitava a descrever as caractersticas fsicas, humanas e econmicas das diversas formaes socioespaciais, procurando estabelecer comparaes e diferenciaes entre elas. Nesse perodo desenvolveu-se a geografia regional, fortemente influenciada pela escola francesa, e o conceito de regio ganhou importncia na anlise geogrfica.Aregiopodeserconceituadacomoumadeterminadareadasuperfcie terrestre, com extenso varivel, que apresenta caractersticas prprias e particulares que a diferencia das demais. Desde ento regio ficou associada noo de particularidade7 e pode ser definida por diversos critrios. Pode ser natural, quando o critrio de distino a paisagem natural, ou geogrfica, se a diferenciao for econmica, social ou cultural.Antesasregiestinhamrelativa autonomia sociocultural e econmica e os estudos de geografia regional eramdominantes.Atualmente,com oavanodaglobalizao,asregies estabelecemcadavezmaisrelaes entresi,asconexesaumentaram significativamente.Emboratenhaumimportante papelnodesenvolvimentodageografiacomocincia,ageografiatradicional nos legou um ensino escolar centrado na memorizao de lugares, dadosestatsticos sobre populao e economia,caractersticasfsicasde relevo, clima, vegetao e hidrografia. Essa estrutura perdurou at a segunda metade do sculo XX, quando a descrio das paisagens, com seus fen12INTRODUOAOSESTUDOSGEOGRFICOSINTRODUO AOS ESTUDOS GEOGRFICOS 13 Foca-leopardonadandoemtornodeumicebergemPleneauIsland,Antrtida, no vero de 2009.Atualmente,depoisdemaisde trsdcadasderenovaoecomo avano da globalizao, consolida-se a certeza de que a geografia uma disciplina fundamental para a compreenso domundocontemporneoedeseus problemas - a produo e o consumo, a questo ambiental, o caos urbano, as crises financeiras, entre tantos outros - em diferentes escalas geogrficas.Como vimos no incio, cabe geografiacompreenderasrelaesprprias da natureza, as relaes prprias da sociedade e, de forma mais abrangenteeintegrada,asrelaesentrea sociedade ea natureza e suasconsequncias socioambientais.Ento, vamos comear os estudos da geografia do mundo e do Brasil?menos naturais e sociais, passou a ser realizada de forma mais eficiente e atraente pela televiso. A partir da, os gegrafos foram obrigados a buscar novos objetos de estudo que permitissem geografia sobreviver como disciplina escolar no ensino bsico e como ramificao das cincias humanas em nvel universitrio8.O processo de mudana do objeto de estudo da disciplina teve seu divisor de guas na dcada de 1970, quando a geografia passou por uma efervescente renovao em suas bases terico-metodolgicas. Esse processo teve como um dos pioneiros o gegrafo francs Yves Lacoste (1929), que em 1976 publicou A geografia: isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Essa obra balanou as estruturas dageografiatradicionalaodenunci-lacomoinstrumentoideolgicoaservio de interesses polticos e econmicos dominantes. Mas, ao mesmo tempo, indicou caminhos para a renovao crtica da disciplina. Lacoste denunciou a existncia da geografia dos Estados-maiores - a servio do Estado e do capital, ou seja, a geopoltica - e da geografia dos professores - ensinada nas salas de aula e materializada nos livros didticos. Segundo ele, a ltima acabava cumprindo a funo de mascarar o papel da geopoltica e seus vnculos com os interesses dominantes. NoBrasilumdospioneirosnesseprocessoderenovaofoiogegrafoMilton Santos, com a obra Por uma geografia nova, de 1978.Enquanto a renovao na Frana e no Brasil teve forte influncia do pensamento de esquerda, sobretudo do marxismo, nos Estados Unidos a contraposio corrente tradicional foi a geografia quantitativa ou pragmtica. Essa vertente darenovao condenavao atrasotecnolgico da geografia tradicional e passou a utilizar sistemas matemticos e computacionais na interpretao do espao geogrfico. Essa corrente tecnicista e utilitarista, que mascarava os conflitos e as contradies sociais denunciados pelos gegrafos crticos, era uma perspectiva conservadora, a servio do status quo.O fim do socialismo real reduziu a influncia do marxismo nas cincias humanas, o que abriu caminho para a difuso de outras correntes terico-metodolgicas na geografia crtica, como a fenomenologia e o existencialismo, ao mesmo tempo em que as correntes crticas passaram a valorizar as novas tecnologias - computadores, satlites, sistemas de informaes geogrficas (SIG) etc. - na interpretao do espao geogrfico.14FUNDAMENTOSDECARTOGRAFIAleitura do mundo precede a leitura da palavra.Paulo Freire (1921-1997), educador brasileiroCAPTULO 1 Planeta Terra: coordenadas, movimentos e fusos horriosFormas de orientao, 17Coordenadas geogrficas, 18Movimentos da Terra e estaes do ano, 19Fusos horrios, 24Horrio de vero, 27 Compreendendo contedos, 28 Desenvolvendo habilidades, 29 Pesquisa na internet, 29CAPTULO 2 Representaes cartogrficas, escalas e projeesRepresentao cartogrfica, 30Escala e representao cartogrfica, 34Projees cartogrficas, 37Vises do mundo, 41 Compreendendo contedos, 44 Desenvolvendo habilidades, 45 Pesquisa na internet, 45 CentrodeExibiodoPlanejamentoUrbanodeXangai(China)em2006. A maquete de 600 m2 mostra o plano urbanstico da cidade para 2020.CAPTULO 3Mapas temticos e grficosCartografia temtica, 47Grficos, 52Compreendendo contedos, 54 Desenvolvendo habilidades, 54 Pesquisa na internet, 55CAPTULO 4 Tecnologias modernas utilizadas pela cartografiaSensoriamento remoto, 57Sistemas de posicionamento e navegao por satlites, 59Sistemas de Informaes Geogrficas, 61Compreendendo contedos, 62 Desenvolvendo habilidades, 63 Pesquisa na internet, 64Testes e questes, 65FUNDAMENTOS DE CARTOGRAFIA 15Planeta Terra: coordenadas, movimentos e fusos horriosYukonumterritriolocalizadononoroestedoCanad.ParairatlsaindodosEstadosUnidos necessrio atravessar toda a provncia da Colmbia Britnica.Braslia: plano piloto.16 FUNDAMENTOS DE CARTOGRAFIANosprimrdios,issoaconteciapelanecessidadedesedeslocarparaencontrarabrigoe alimentos.Comopassardotempoassociedadessetornarammaiscomplexasesurgiram muitasoutrasnecessidades.Issoexplicaacrescenteimportnciadacartografia,disciplina encarregadadeproduzirmapas,plantaseoutrosprodutoscartogrficos,querepresentam a superfcie terrestre ou parte dela.Alm das representaes cartogrficas feitas em papel j podemos localizar pases, cidades, ruas e avenidas utilizando sistemas de mapas digitais; para nos orientarmos nacidadeounaestradapossvel usaraparelhosGPS(Sistemade Posicionamento Global).importantetambmnos situarmosnotempoemrelao shoras...sestaesdoano...o quenossuscitaperguntascomo: Seaquiso15h,quehorasso emLondres...eemNovaYork?", Porquetodoanoogovernoimplantaohorriodevero?".Para responderaessaseoutrasperguntasprecisamosestudaros movimentosdaTerra,asestaes doano,ascoordenadasgeogrficas, os fusos horrios. o quefaremos a seguir.FORMAS DE ORIENTAO Arosadosventospossibilitaencontraradireodequalquerpontodalinhadohorizonte(numaabrangnciade 360).OnometemorigemnosnavegadoresdomarMediterrneoemassociaoaosventosqueimpulsionavam suas embarcaes.Arosadosventosindicaospontoscardeaise colateraiseaparecenomostradordabssola,que tem uma agulha sempre apontando para o norte magntico (veja a foto).A bssola, associada rosa dos ventos, permite encontrar rumos em mapas, desde que tanto o mapa quanto a bssola estejam com a direo norte apontada corretamente. Assim, o usurio pode encontrar os outros pontos cardeais e os colaterais, orientando-se no espao geogrfico. Nos mapas, caso a direo norte no esteja indicada, considera-se que est no topo.Abssolafoiinventada peloschinesesnaantiguidadeeintroduzidana Europa,pelosrabes, nosculoXIII.Apartir dofinaldosculoXV, foiinstrumentofundamentalparaorientaros marinheirosduranteas Grandes Navegaes.Com o avano tecnolgico, hoje em dia muito mais preciso se orientar pelo GPS. Mas se algum no dispe de uma bssola nem de um aparelho GPS, possvel se orientar de forma aproximada no espao? Sim, veja a indicao no texto:Umdosaspectosmaisimportantesparautilizaoeficaz esatisfatriadeummapadizrespeitoaosistemadeorientao empregado por ele. O verbo orientar est relacionado com a busca do ORIENTE, palavra de origem latina que significa nascente.Assim,onascer"dosol,nessa posio,relaciona-se direo (ou sentido) leste, ou seja, ao Oriente.Possivelmente, o emprego dessa conveno est ligado a um dos mais antigos mtodos de orientao conhecidos. Esse mtodosebaseiaemestendermosnossamodireita[brao direito]nadireodonascerdosol,apontando,assim,paraa direo leste ou oriental; o brao esquerdo esticado, consequentemente,seprolongarnadireooposta,oesteouocidental; e a nossa fronte estar voltada para o norte, na direo setentrionalouboreal.Finalmente,ascostasindicaroadireodo sul,meridional,ouainda,austral.Arepresentaodospontos cardeais se faz por Leste (E ou L); Oeste (W ou O); Norte (N); e Sul (S). A figura apresenta essa forma de orientao.Org. pelos autores.Importante:Deve-se tomar cuidado ao fazer uso dessa maneira de representao, j que, dependendo da posio latitudinal do observador, nem sempre o Sol estar exatamente na direo leste.FITZ, Paulo Roberto. Cartografia bsica. So Paulo: Oficina de Textos, 2008. p. 34-5.PLANETA TERRA: COORDENADAS, MOVIMENTOS E FUSOS HORRIOS17Oserhumanosempreprecisoudereferncias paraseorientarnoespaogeogrfico:umrio,um morro, uma igreja, um edifcio, direita, esquerda, acima, abaixo etc. Mas para ter referncias mais precisas inventou os pontos cardeais e colaterais, como mostra a figura abaixo.COORDENADAS GEOGRFICASOgloboterrestre,comoveremosnasfigurasa seguir,podeserdivididoporumarededelinhasimaginriasquepermitemlocalizarqualquerpontoem suasuperfcie.Essaslinhasdeterminamdoistiposde coordenadas:alatitudeealongitude,queemconjuntosochamadasdecoordenadasgeogrficas.Num planocartesiano,comovocjdeveteraprendido aoestudarmatemtica,alocalizaodeumponto determinadapelocruzamentodascoordenadasxey; numaesfera,oprocessosemelhante,masascoordenadas so medidas em graus.Ascoordenadasgeogrficasfuncionamcomo endereosdequalquerlocalidadedoplaneta.O Equadorcorrespondeaocrculomximodaesfera, traadonumplanoperpendicularaoeixoterrestre, edeterminaadivisodogloboemdoishemisfrios (dogregohemi,'metade',esphaera,'esfera'):oNorte eoSul.ApartirdoEquador,podemostraarcrculos paralelosque,medidaqueseafastamparaonorte ouparaosul,diminuemdedimetro.Alatitudea distnciadessescrculos,chamadosparalelos,emrelaoaoEquadorevariade0a90tantoparanorte (N) quanto para sul (S).Conhecerapenasalatitudedeumponto,porm, nosuficienteparalocaliz-lo.Seprocurarmos,porexemplo,umponto20aosuldoEquador,encontraremosnoapenasum,masinfinitospontossituados aolongodoparalelo20S.Porissonecessriauma segundacoordenadaquenospermitalocalizarum determinado ponto.Paradeterminarasegundacoordenada,a longitude,foramtraadaslinhasquecruzam osparalelosperpendicularmente.Essaslinhas, quetambmcruzamoEquador,sodenominadasmeridianos(dolatimmeridinus,demeio- -dia,relativoaomeio-dia).Observenafiguraque osmeridianossosemicircunfernciasquetm omesmotamanhoeconvergemparaospolos. Comoreferncia,convencionou-seinternacionalmenteadotarcomomeridiano0oquepassapelo ObservatrioAstronmicodeGreenwich,nasproximidadesdeLondres(Inglaterra),eomeridiano oposto,a180,chamadodeantimeridiano.Esses meridianosdividemaTerraemdoishemisfrios: Ocidental,aoestedeGreenwich,eOriental,aleste.Assim,osdemaismeridianospodemseridentificadosporsuadistncia,medidaemgraus,ao meridianodeGreenwich.Essadistnciaalongitudeevariade0a180tantoparaleste(E)quanto para oeste (W). 18FUNDAMENTOSDE CARTOGRAFIAOTrpicodeCncereoTrpicodeCapricrniosolinhasimaginriassituadaslatitudeaproximadade23Nede23S,respectivamente.OsCrculosPolarestambmsolinhasimaginriassituadaslatitudeaproximadade66Nede66S.Nafigura, o Crculo Polar Antrtico no aparece por causa da posio da representao da Terra.Adap.: NATIONAL geographic student atlas of the world. 3. ed. Washington, D.C.: National Geographic Society, 2009. p. 8.Se procurarmos, por exemplo, um ponto de coordenadas 20 S e 44 W, ser fcil encontr-lo: estar no cruzamento do paralelo 20 S com o meridiano 44 W. Consultando um mapa, verificaremos que esse ponto est muito prximo do municpio de Belo Horizonte, Minas Gerais.Para localizar uma rea com exatido, indicam- -se as medidas em graus, minutos e segundos. As coordenadas geogrficas do centro de Belo Horizonte, por exemplo, so 195515 S e 435616 W.Aolado,oMeridiano0otraadonosjardinsdoObservatrioAstronmicodeGreenwich,situadonasproximidadesde Londres.Nochohalongitudedediversascidades.Nova York,porexemplo,esta7350'WapartirdeGreenwich (0000'),eTquioa13945'E.Osturistascostumamtirar fotoscomumpnoHemisfrioOcidentaleoutronoHemisfrio Oriental, como podemos observar na foto de 2006.MOVIMENTOS DA TERRA E ESTAES DO ANONo se sabe exatamente quando o ser humano descobriu que a Terra esfrica. Os antigos gregos, observando a sombra da Terra sobre a Lua durante os eclipses, j tinham certeza da esfericidade de nosso planeta. O desaparecimento progressivo das embarcaes que se distanciavam no horizonte do mar tambm fornecia argumentos aos defensores dessa ideia.Eratstenes (276-194 a.C.), astrnomo e matemticogrego,foioprimeiroacalcular,hmaisde2 mil anos, com uma preciso impressionante, a circunferncia da Terra. Ao ler um papiro na Biblioteca de Alexandria, no Egito, da qual era diretor, ele descobriu que na cidade de Siena (localizada ao sul, no valedoNilo),aomeio-diadosolstciodevero,os raiosdoSolincidiamperpendicularmentenofundo deumpoo.Eratstenes,ento,mediunomesmo dia e horrio, em Alexandria, o ngulo formado entre osraiossolares(quealinoeramperpendiculares) e uma estaca (observe a figura ao lado).Sabendoqueadistncia entre as cidades era de aproximadamente5000estdios(cercade 800 km), ele sups que a circunferncia da Terra seria igual a cerca de50vezesessadistncia(360 dividido pelo ngulo de incidncia dosraiossolaresmedidoemAlexandria, que era 7o 12). A diferena entre a circunferncia calculada por Eratstenes (40 000 km) e a determinada hoje, com o auxlio demtodosmuitomaisprecisos (40 075 km, no Equador), como se v, bem pequena. Org. pelos autores com finalidade didtica: o poo e a estaca esto representados fora de proporo.PLANETA TERRA: COORDENADAS, MOVIMENTOS E FUSOS HORRIOSFotos: The Living Earth Inc./Earth ImagingAesfericidadedenossoplanetaresponsvelpela existnciadasdiferenteszonasclimticas(polares, temperadasetropicais),porqueosraiossolaresatingemaTerracomdiferentesintensidades.Prximoao Equador,osraiossolaresincidemperpendicularmentesobreasuperfcieterrestre,porm,quantomaisnos afastamosdessalinha,maisinclinadaessaincidncia. Consequentemente,amesmaquantidadedeenergiase distribuiporumareacadavezmaior,diminuindo,portanto,suaintensidade.Essefatotornaastemperaturas progressivamentemaisbaixasmedidaquenosaproximamosdospolos(observeaincidnciaderaiossolares na Terra no infogrfico das pginas 22 e 23).OeixodaTerrainclinadoemrelaoaoplano desuarbitaaoredordoSol(movimentodetransla- o).Umaconsequnciadessefatoaocorrnciadas estaesdoano,conformesepodeverificarnailustraosobreomovimentodetranslaoeasestaes do ano, no infogrfico das pginas 22 e 23.Em21ou22dedezembro(adataeahorade inciodasestaesvariadeanoparaano,conforme mostraatabelaadiante),oHemisfrioSulrecebeos raiossolaresperpendicularmenteaoTrpicodeCapricrnio;dizemos,ento,queestocorrendoosolstciodevero.Osolstcio(dolatimsolstitium,Sol estacionrio) define o momento do ano em que os20FUNDAMENTOSDECARTOGRAFIA Msdefevereiro,s20horas, sem horrio de vero.Msdefevereiro,s20horas, com horrio de vero.Nessasduasimagensdesatlite, pode-seobservarainsolaosobre oBrasilnomsdefevereiro,seme com horrio de vero.raiossolaresincidemperpendicularmenteaotrpico deCapricrnio,dandoincioaoveronoHemisfrio Sul.Depoisdeincidirnessaposio,parecendoestacionarporummomento,oSoliniciaseumovimento emdireoaonorte.Essemesmoinstantemarcao solstciodeinvernonoHemisfrioNorte,ondeos raios esto incidindo com inclinao mxima.Seismesesmaistarde,em20ou21dejunho, quandometadedomovimentodetranslaojse completou,asposiesseinvertem:oTrpicode Cncerpassaareceberosraiossolaresperpendicularmente(solstcio),dandoincioaoveronoHemisfrioNorteeaoinvernonoSul(observeafigura sobreavariaodainsolaoaolongodoanonoin- fogrfico das pginas 22 e 23). *Em 20 ou 21 de maro e em 22 ou 23 de setembro,osraiossolaresincidemsobreasuperfcieterrestreperpendicularmenteaoEquador.Dizemosentoqueestoocorrendoosequincios(dolatim aequinoctium,igualdadedosdiasedasnoites),ou seja,oshemisfriosestoiluminadosporigual.Nessesmomentos,iniciam-senoHemisfrioSulooutono eaprimavera,respectivamente.NoHemisfrioNorte as estaes so invertidas.O dia e a hora do incio dos solstcios e dos equinciosmudamdeanoparaano;consequentemente, aduraodecadaestaotambmvaria.Consulte natabelaasdatasehorriosparaosanosde2011 a 2016.Osraiossolaresschegamaincidirperpendicularmenteempontoslocalizadosentreostrpicos, naZonaTropical,equeporissoapresentatemperaturasmaiselevadas.NasZonasTemperadas(entreostrpicoseoscrculospolares)ePolares,oSol nuncaficaapino,poisosraiossempreincidemobliquamente.Outraconsequnciadainclinaodoeixoterrestre,associadaaomovimentoderotaodaTerra,adesigualduraododiaedanoiteaolongo doano.Nosdoisdiasdeequincio,quandoosraios solaresincidemperpendicularmenteaoEquador,o diaeanoitetm12horasdeduraoemtodooplaneta,comexceodospolos,quetm24horasde crepsculo*.Nodiadesolstciodevero,ocorremo diamaislongoeanoitemaiscurtadoanonorespectivohemisfrio;jnosolstciodeinverno,acontecemanoitemaislongaeodiamaiscurto.Observe a ilustrao no infogrfico das pginas 22 e 23.Comopossvelobservarnailustraosobrea variaodainsolaoaolongodoano(infogrfico), noEquadornohvariaonofotoperodoeadiferenaaumentamedidaquenosafastamosdele. Conformeaumentaalatitude,tantoparaonorte comoparaosul,osdiasficammaislongosnovero easnoitesmaislongasnoinverno.Atabelaaseguir mostraissoparaoHemisfrioNorte.Nasregiespolaresodia,novero,eanoite,noinverno,duram meses.U.S. NAVY. The United StatesNaval Observatory (USNO). Comparative length of days andnights.Disponvelem:. Acesso em: 21 jan. 2010.* As expresses impressas na cor azul so explicadas no Glossrio, no final deste volume.PLANETA TERRA: COORDENADAS, MOVIMENTOS E FUSOS HORRIOS21U.S.NAVY.TheUnitedStatesNavalObservatory(USNO).Earth'sSeasons. Disponvel em: .Acesso em: 21 jan. 2010.* A hora do incio de cada uma das estaes est expressa segundo o horrio do Meridiano de Greenwich. Para saber a Hora de Braslia basta reduzir trs horas (na vigncia do horrio de vero em nosso pas, reduzir duas; na vigncia do horrio de vero no Reino Unido, reduzir quatro).INFOGRFICOINSOLAO DA TERRAaAinsolaoaquantidadedaenergiaemitida peloSol(radiaoeletromagnetica)queincide sobre a Terra, nos provendo de luz e calor.Atinge a superfcie terrestre de forma desigual,por causa da esfericidade do planeta, dainclinao de seu eixo, do movimento de rotaoi- alternncia dia-noite - e do movimento de[translaco - alternncia das estaes.dAS ESTAESVARIAO DA INSOLAO AO LONGO DO ANOA inclinao do eixo da Terra em relao ao plano de sua rbitaemtornodoSoldetermina,de umlado,dias mais longosemaiorinsolaonohemisfrioemqueest ocorrendo o vero e, de outro, dias mais curtos e menor insolao no hemisfrio em que est ocorrendo o inverno.INCIDNCIA DA RADIAO SOLAR NA TERRADevido esfericidade do planeta, uma mesma quantidade de energiasolarincidesobrereasdetamanhosdiferentesnas proximidades do Equador e dos polos. medida que aumenta alatitudee,portanto,ainclinaodosraiossolaresemrelao superfcie terrestre, a rea de incidncia vai se ampliando. No esquema abaixo, pode-se observar esse fenmeno.Incidncia solar no solstcio de dezembroDurante omovimento de translaohdois solstciose doisequinciosquepermitemdividiroanoemquatro estaescomcaractersticasclimticasdiferentesebem definidasnaszonastemperadas:primavera(primeiro vero), estao amena que antecede o vero (perodo mais quente), seguido pelo outono (perodo da colheita) e depois inverno (perodo de hibernao), associado ao frio.21DEJUNHO SOLSTCIOHemisfrio NorteIncio do veroHemisfrio SulIncio do invernoFUNDAMENTOS DE CARTOGRAFIA21DESETEMBRO EQUINCIOHemisfrio NorteIncio do outonoHemisfrio SulIncio da primaveraINSOLAO21 DE MARO EQUINCIOHemisfrio NorteIncio da primaveraSolstcio, 22 de dezembro de 2004Solstcio, 20 de junho de 2005Homisfrio SulIncio do outono21DEDEZEMBRO SOLSTCIOHemisfrio NorteIncio do invernoNoite PolarHemisfrio SulIncio do veroDia PolarAdap.: OXFORD essencial world atlas, 10 ed. Nova York. Oxford University Press, 2008 p. 2. Ilustrao esquemtica, sem escalaPLANETA TERRA: COORDENADAS, MOVIMENTOS E FUSOS HORRIOSAs imagens ao lado, obtidas por satlite, mostram os nveis de radiao solar refletida na Terra nos solstcios de dezembro e junho.FUSOS HORRIOSPorcausadomovimentoderotaodaTerra,emummesmomomento, diferentespontoslongitudinaisdasuperfcie do planeta tm horrios diversos.Paraadotarumsistemainternacionaldemarcaodotempoforamcriados osfusoshorrios.Dividindo-seos360 grausdaesferaterrestrepelas24horas deduraoaproximadadomovimento derotao1,resultam15graus.Portanto, acada15grausqueaTerragira,passa-se umahora,ecadaumadessas24divises recebe o nome de fuso horrio.Em1884,25pasessereuniramna ConfernciaInternacionaldoMeridiano, realizadaemWashington,capitaldos EstadosUnidos.Nesseencontroficou decididoqueasregiessituadasnum mesmofusoadotariamomesmohorrio.Foitambmacordadopelamaioria dosdelegadosdospasesparticipantes (aRepblicaDominicanavotoucontra, aFranaeoBrasilseabstiveram)que omeridianodeGreenwichseriaalinha derefernciaparadefiniraslongitudese acertar os relgios em todo o planeta.Paraestabelecerosfusoshorrios,definiu-seo seguinteprocedimento.Ofusoderefernciaseestendede730paralestea730paraoestedomeridiano deGreenwich,oquetotalizaumafaixade15graus. Portantoalongitudenaqualterminaofusoseguintealeste2230E(e,paraofusocorrespondentea oeste,2230W).Somandocontinuamente15aessas longitudes,obteremososlimitestericosdosdemais fusos do planeta.Ashorasmudam,umaauma,medidaque passamosdeumfusoaoutro.Noentanto,comoas linhasqueosdelimitamatravessamvriasunidades poltico-administrativas,ospasesfizeramadaptaesestabelecendo,assim,oslimitesprticosdos fusos,natentativademanter,namedidadopossvel,umhorriounificadonummesmopas,estado ouprovncia.Nocasodosfusostericos,bastaria, parasedeterminaradiferenadehorrioentreduas localidades,saberadistncialeste-oesteentreelas, emgraus,edividi-lapor15(medidadecadafuso). Porm,comaadoodoslimitesprticos,emalgunslocaisosfusospodemmedirmaisoumenosqueos tradicionais 15. Observe o mapa da pgina ao lado.Omapa-mndidefusosmostraqueashoras aumentamparalesteediminuemparaoeste,apartir dequalquerreferencialadotado.Issoocorreporque aTerragiradeoesteparaleste.ComooSolnascea leste,medidaquenosdeslocamosnessadireo, estamosindoparaumlocalondeoSolnasceantes; portantonesselugarashorasestoadiantadasem relaoaolocaldeondepartimos.Quandonosdeslocamosparaoeste,entretanto,estamosnosdirigindoa umlocalondeoSolnascemaistarde;portanto,nesse lugarashorasestoatrasadasemrelaoaonosso ponto de partida.Almdamudanadashoras,tornou-senecessrio definirtambmummeridianoparaamudanadadata nomundo.NaConfernciade1884ficouestabelecido queomeridiano180,conhecidocomoantimeridiano porqueestexatamentenoladoopostoaGreenwich, seriaaLinhaInternacionaldeMudanadeData(ou simplesmenteLinhadeData).Ofusohorrioque tem essa linha como meridiano central tem uma1 Uma volta completa da Terra em torno de seu eixo dura 23 horas, 56 minutos e 4 segundos.24FUNDAMENTOS DE CARTOGRAFIAAdap.: NATIONAL geographic student atlas of the world. 3. ed. Washington, D.C.: National Geographic Society, 2009. p. 13.Ilustrao esquemtica sem escala. EnquantonamaiorpartedoBrasilso9horasdanoitedosbado,noJapo, dooutroladodoglobo,so9horasdamanhdodomingo.Oplanetatem, simultaneamente,duasdatas,quemudamemdoispontos:nofusoemque formeia-noiteenofusoopostoaomeridianodeGreenwich,pontopeloqual passa a linha internacional de mudana de data. Paraevitarostranstornosprovocadospeladiferenadehorrioemregiesmuitopovoadase/ouintegradaseconomicamente,vriospasesoptarampelosfusosprticos,adaptaesquefazemcomqueoslimitesdosfusoscoincidamcomlimites administrativos.AChina,porexemplo,apesardesercortadaportrsfusostericosadotouapenasumhorrio(+8h)parao pasinteiro.Algunspoucospasesutilizamumhorriointermedirio,comoandia,queadotaumfusode+5h30minemrelao a Greenwich, e a Venezuela, que adotou em 2008 um fuso de -4h30 min.nicahora,comotodososoutros,entretantoemdois diasdiferentes.Ametadesituadaaoestedestalinha estarsempreumdiaadianteemrelaometadea leste.Comisso,aoseatravessaraLinhadeDataindo de leste para oeste necessrio aumentar um dia.Porexemplo,numahipotticaviagemdeSo Paulo(Brasil)paraTquio(Japo)viaLosAngeles (EstadosUnidos),umaviopartius19horasde umdomingoeentrounofusohorriodaLinhade Datas10horasdessemesmodia;imediatamente apscruzaressalinha,aindanomesmofuso,continuarosendo10horas,masdodiaseguinte,uma segunda-feira(identifiqueessarotanomapaacima). Aocontrrio,aviagemdevoltaserdeoestepara lesteequandooaviocruzaraLinhadeDatadeve- sediminuirumdia.Esseexemplopodecausarcertaestranheza:estamosacostumadosaobservar,no planisfriocentradoemGreenwich,oJaposituado aleste,mascomooplanetaesfrico,podemosira esse pas voando para oeste.Comoobservamosnomapadefusoshorrios,a partirdoMeridianodeGreenwich,ashorasvoaumentandoparalesteediminuindoparaoeste.Entretanto, diversamentedoquemuitasvezessepensa,aoseatravessaraLinhadeDataindoparalestedeve-sediminuirum dia e, ao contrrio, para oeste, aumentar um dia.E por que isso ocorre? Leia no boxe da pgina 26otrechodolivroAvoltaaomundoem80dias,romanceficcionaldoescritorfrancsJlioVernelanadoem 1873,eobservenovamenteomapadefusoshorrios acima.Em2deoutubrode1872,PhileasFogg,protagonistadahistria,apostoucomseusamigosque fariaumaviagemaoredordomundoem80diaseretornariaaoReformClub,emLondres,ats8:45hda noite de 21 de dezembro.Comosepodeobservarnomapaacima,assim comoosmeridianosquedefinemosfusoshorrioscivis,aLinhaInternacionaldeDatatambmadotalimitesprticos,casocontrrioalgunspases-arquiplago doPacfico,comoKiribati,teriamdoisdiasdiferentes emseusterritrios.Observetambmquenametadedo fusolocalizadaalestedaLinhaInternacionaldeData domingoenametadeaoeste,segunda-feira.Perceba quearefernciaaquiconsideradafoiaLinhadeData, assimametadedofusosituadaalestedelaestaoesteemrelaoaGreenwich(portanto,noHemisfrio Ocidental)eaoutrametade,situadaaoestedela,est alestedomeridianoprincipal(noHemisfrioOriental). Lembre-se:adefiniodospontoscardeais(ecolaterais) depende sempre de um referencial.PLANETA TERRA: COORDENADAS, MOVIMENTOS E FUSOS HORRIOS25Em que fica provado que Phileas Fogg nada ganhou fazendo a volta ao mundo, a no ser a felicidadeO relgio marcava oito horas e quarenta e cinco, quando apareceu no grande salo.Phileas Fogg tinha completado a volta ao mundo em oitenta dias!...Phileas Fogg tinha ganho sua aposta de vinte mil libras!E agora, como que um homem to exato, to meticuloso, tinha podido cometer este erro de dia? Como se acreditava no s-badonoite,21dedezembro,aodesembarcaremLondres,quando estavanasexta,20dedezembro,setentaenovediassomenteaps sua partida?Eis a razo deste erro. Bem simples. Phileas Fogg tinha, "sem dvida, ganho um dia sobre seu itinerrio e isto unicamente porque tinha feito a volta ao mundo indoparaleste,eteria,pelocontrrio,perdidoestediaindoemsentido inverso, ou seja para oeste.Comefeito,andandoparaoleste,PhileasFoggiafrentedo sol,e,porconseguinteosdiasdiminuamparaeletantasvezes quatrominutosquantoosgrausquepercorrianaqueladireo. Ora,temostrezentosesessentagrausnacircunfernciaterrestre,eestestrezentosesessentagraus,multiplicadosporquatro minutos,doprecisamentevinteequatrohorasisto,odia inconscientementeganho.Emoutrostermos,enquantoPhileas Fogg,andandoparaleste,viuosolpassaroitentavezespelomeridiano,seuscolegasquetinhamficadoemLondressoviram passarsetentaenovevezes.Eisporque,naqueledia,queerasbadoenodomingo,comosupunhaMr.Fogg,elesoesperaram no salo do Reform Club.VERNE,Jlio.Avoltaaomundoem80dias.Domniopblico,p.760-2.Disponvelem: . Acesso em: 20 jan. 2010.FUSOS HORRIOS BRASILEIROSOBrasil,porterumagrandeextenso territorialnadireoleste-oeste(344730E, 735932W),de1913a2008dispunhadequatrofusoshorrioseapesardaadoodofuso horrioprtico,doisestadosbrasileiros PareAmazonaspermaneceramcortados ao meio.Em24deabrilde2008foiaprovada umanovalegislao(Lei11.662)queeliminouoantigofusode-5horasemrelaoa Greenwichereduziuaquantidadedefusos horriosbrasileirosparatrs.Oextremo- -oestedoAmazonasetodooestadodoAcre, queantesestavamnofuso-5,foramincorporadosaofuso-4horas.OestadodoPar deixoudeterdoisfusoshorrioseseuterritriopassouaficarinteiramentenofuso -3horasemrelaoaGreenwich.Observe o mapa.Compareomapadefusoshorrioscomo quemostraosestadosbrasileirosemquevigoraohorriodevero(aolado)epercebaque, durantesuavigncia,ahoraoficialdopasse igualaaohorriodonossoprimeirofusoeque ohorriodosestadosdeMatoGrossoeMato GrossodoSul,queestonoterceirofuso, iguala-seaohorriodoParedosestadosda regio Nordeste, localizados no segundo fuso.Notequeagorashdoisfusosnoterritriocontinental:-3hemrelaoaGreenwich(ohorriodeBraslia,aHoraOficialdoBrasil)e-4h; ofuso-2hexclusivodeilhasocenicas,comoFernandodeNoronha. ParaacertarorelgiodeacordocomaHoraLegalBrasileira,medida pelorelgioatmicodecsiodoObservatrioNacional,acesseosite da instituio (veja indicao na seo Pesquisa na internet).Adap.: ATLAS geogrfico escolar / IBGE. 5. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. p. 91.26FUNDAMENTOS DE CARTOGRAFIAEssefato,almdeexigircuidadoscomoplanejamentodeviagensehorriosdiferenciados paraofuncionamentodosbancos,fazcomque,em muitosestadosbrasileiros,osprogramasdetelevisotransmitidosaovivodoSudestesejamrecebidos num horrio mais cedo em outras regies. PorHORRIO DE VEROAorigemdohorriodeverodatadoinciodo sculoXX.NoBrasil,foiadotadopelaprimeiravez em1931.Tinhacomoobjetivoeconomizarenergia, masnofoiadotadopermanentementedesdeento. Sapartirde1985vemsendoimplantadotodosos anos.ComapublicaodoDecreto6.558,de8de setembrode2008,ohorriodeveropassouaterexemplo,umtelejornalproduzidoeexibidoemSo PauloouRiodeJaneiros20hlocais(HoraOficial) vistonoAmazonass19h.QuandovigoraohorriodeveronofusodeBraslia,oprogramavisto s18h,quandoamaioriadaspessoasaindaest voltando do trabalho.carterpermanente.Seradotadoempartedoterritriobrasileiro(vejaomapadapgina28)entrezero horadoterceirodomingodeoutubroezerohorado terceirodomingodefevereirodoanoseguinte.Nesseperodo,nosestadosemqueforimplantado,os relgiosseroadiantadosem1hemrelaoHora Legal Brasileira.Princpio bsicoDurante parte do ano, nos meses de vero, o Sol nasce antes que a maioria das pessoas tenha se levantado. Se os relgios forem adiantados, a luz do dia ser melhor aproveitada pois a maioria da populao passar a acordar, trabalhar, estudar etc., em consonncia com a luz do sol.O comeoAsorigens doHorriodeVeroremontamaoano de1907, quando William Willett um construtor britnico e membro da Sociedade Astronmica Real deu incio a uma campanha para adoo do horrio de vero naquele pas.Naquelesdiasoargumentoutilizadoeraquehaveriamais tempo para o lazer, menor criminalidade e reduo no consumo de luzartificial.Surgiramopositoresdetodas as reas: fazendeiros, paispreocupadoscomascrianasqueteriamqueacordarmais cedo, etc. Willett no viveu o suficiente para ver a sua ideia ser colocada em prtica. O primeiro pas a adot-la foi a Alemanha em 1916, no que foi seguida por diversos pases da Europa, devido Primeira Guerra Mundial.A economia de energia eltrica foi vista como um esforo de guerra, propiciando uma economia de carvo, a principal fonte de energia da poca.OBSERVATRIO Nacional. Diviso Servio da Hora. Histrico do horrio de vero. Disponvel em: . Acesso em: 21 jan. 2010.Oinciodohorriodeverodivulgadoemdiversosmeios decomunicao.Aolado,ojornalDiriodoNortedoParan, de17deoutubrode2009(sbado),informaocomeodo horriodevero2009/2010,queteveinciozerohorade 18deoutubrode2009(domingo),eseestendeuatzero hora de 21 de fevereiro de 2010.PLANETA TERRA: COORDENADAS, MOVIMENTOS E FUSOS HORRIOS27Ohorriodeveroadotadoapenasnos estadosbrasileirosmaisdistantesdaLinhado Equador,ondeadiferenadefotoperodopermitequeessamedidaproporcioneeconomia noconsumodeenergiaeltrica(observeo mapaaolado).Nosmesesfinaiseiniciaisdo ano,odiamaislongoqueanoite(sobretudo nosestadosmaisaosuldopas),eissosignificaqueoSolalinasceantesdas6hesepe depoisdas18h.NasproximidadesdoTrpico deCapricrnio,porexemplo,aoadiantarmos osrelgiosemumahora,oSolpassaanascer aproximadamenteentre6he6h30minease pr entre 19h30 min e 20h.Assim,emsuamaioria,aspessoassaem dotrabalhooudaescolaechegamacasaantes deescurecer,quandoaindanohnecessidadedeiluminaoartificial-pblica,comercial oudomstica.Aeconomiadeenergianesse perodosignificativaporseresteohorrio depicodoconsumo,pois,aochegaracasa,as pessoastambmligamchuveiroseaparelhos eltricos.Aeconomiadeenergiatotalpequena: tantonoSudeste/Centro-OestecomonoSulcorrespondea0,5%detodooconsumo;noentanto,representamuitonohorriodepico,comoseconstata pelosnmerosdatabela.Porexemplo,areduoda demandadeenergianoSudeste/Centro-OesteequivalemaisoumenosaodobrodoconsumodeBraslia (DF) no horrio de pico.OPERADOR Nacional do Sistema Eltrico (ONS). Horrio de vero 2008/2009: resultado preliminar; Horrio de vero 2009/2010: expectativa de resultados. Disponvel em: . Acesso em: 21 jan. 2010.* Expectativa; ** Megawatts.OBSERVATRIO Nacional. Diviso Servio da Hora. Hora Legal Brasileira. Disponvel em: .Acesso em: 21 jan. 2010.NasproximidadesdoEquador,amedidano adotadaporqueavariaodefotoperodo,quandoexiste,muitopequena.Casoseadotasseohorriodeveronessasregies,aenergiaeconomizadanoiteseria gasta pela manh quando as pessoas acordassem.Apsasrestriesaoconsumodeenergiaeltrica impostasnoBrasilem2001,quandoosreservatrios dashidreltricasestiveramnumnvelabaixodonormalporcausadafaltadechuvas,apopulaoadotou algumasmedidasquecontriburamparareduzirainda maisoconsumoresidencialdeenergia,comosubstituiodelmpadasincandescentesporfluorescentes e de aparelhos antigos por novos mais econmicos.Ohorriodeveroumrecursoadotadoem muitospasesparaevitarsobrecarganosistemade produoedistribuionosperodosdepicodoconsumo,umavezqueaenergiaeltricaemseuestado finalnopodeserarmazenada,ouseja,elaprecisaser consumida medida que gerada.Compreendendo contedos1. Quais so as consequncias da esfericidade do planeta, da inclinao do eixo terrestre e do movimento de translao para a insolao e as estaes do ano?2. O que determina a localizao dos trpicos de Cncer e de Capricrnio? Por que eles se localizam, respectivamente, a 2327' de latitude N e S?28 FUNDAMENTOS DE CARTOGRAFIA3.Qual a diferena entre os limites tericos e prticos nos fusos horrios?4.Qual a finalidade da adoo do horrio de vero? Por que o Brasil no o adota em todos os estados?Desenvolvendo habilidades1. Observeomapa-mndie respondasquestesa seguir:a)Quaissoascoordenadasgeogrficasdos pontos A, B e C?b)Emquehemisfrios estolocalizadosesses pontos? Eem que continentes?c)Senalongitude0oos relgiosmarcam14h, que horas so nos pontos A, B e C?Adap.: CHARLIER, Jacques. (Dir.). Atlas du 21e sicle dition 2010. Groningen: Wolters-Noordhoff; Paris: ditions Nathan, 2009. p. 8.2. Releia o trecho do livro A volta ao mundo em 80 dias na pgina 26 e responda:PorquePhileasFogg,protagonistadaficodeJlioVerne,fezsuaviagemdevoltaaomundoem79diase noem80diascomoestnottulodolivro?Porqueopersonagemssedeucontadistoquandoretornoua Londres?Pesquisa na internet Observatrio NacionalNo site do Observatrio Nacional, do Ministrio da Cincia e Tecnologia, possvel obter com preciso a Hora Legal Brasileira, ver os mapas dos fusos horrios brasileiros e do horrio de vero em vigor. Disponvel em: . Acesso em: 21 jan. 2010. Observatrio Astronmico Frei Rosrio - UFMGNo site do observatrio da Universidade Federal de Minas Gerais h diversas informaes sobre astronomia. So muito interessantes as animaes que mostram os movimentos de translao e de rotao, as diferenas de durao do dia nos solstcios e equincios, a insolao diferencial da Terra por causa da inclinao de seu eixo etc. Disponvel em: . Acesso em: 21 jan. 2009. Fundao Planetrio da Cidade do Rio de JaneiroNo planetrio do Rio h diversas informaes interessantes sobre astronomia, especialmente nos artigos astronmicos. Disponvel em: . Acesso em: 21 jan. 2010. Observatrio Naval dos Estados Unidos (USNO)Para visualizar um mapa-mndi atualizado com os fusos horrios civis de todos os pases e para saber a hora exata em diversas cidadesdomundo,acesseosite doUSNO(informaes emingls).Disponvelem:. Acesso em: 21 jan. 2010.PLANETA TERRA: COORDENADAS, MOVIMENTOS E FUSOS HORRIOS29Representaes cartogrficas, escalas e projeesDevemosutilizararepresentaomaisadequadanossanecessidade.Porexemplo, paraencontrarumarotadeviagemterrestrenoapropriadoutilizaromapa-mndi,menos ainda o globo, como fizeram Calvin e Haroldo no quadrinho do captulo anterior, e sim um mapa rodovirio. Como o globo terrestre feito numa escala muito pequena, o lugar para onde pretendiam ir lhes pareceu perto. Como veremos, o uso da escala conveniente fundamental.O globo terrestre, embora mantenha as caractersticas do planeta em termos de formas e distncias,temutilizaoprticareduzida:difciltransport-loemviagensoufazermedidas emsuasuperfcie.Porissooscartgrafosinventaramprojeesquepermitemrepresentar umarealidadeesfricanumasuperfcieplana.Oproblemaquequalquerprojeoprovoca algum tipo de distoro, como veremos.Imagine o mapa-mndi: pense em como esto distribudos os continentes. A Europa est no centro e no topo do mapa, e a frica, ao sul dela; a Amrica est a oeste da Europa e ns, na Amrica do Sul, estamos a sudoeste, correto? Ento o Japo aparece na sia, no extremo- -oriente, mas ser que os japoneses veem o mundo assim?E mais:porquequasesemprevemosonortenotopodosmapas? Estamos de cabea parabaixo,comoaMafaldadescobriu?Poderamosprosuldecabeaparacima?So questes que sero esclarecidas neste captulo.REPRESENTAO CARTOGRFICAEVOLUO TECNOLGICAOmapaumadasmaisantigasformasgrficas decomunicao,precedendoaprpriaescrita.Neleos elementosquecompemoespaogeogrficosorepresentadosporpontos,linhas,texturas,coresetextos, ouseja,sousadossmbolosprpriosdacartografia. Diantedacomplexidadedoespaogeogrfico,algumas informaessosemprepriorizadasemdetrimentodeoutras.Seriaimpossvelrepresentartodososelementos-fsicos,econmicos,humanosepolticos-num nico mapa. Seu objetivo fundamental o de permitiroregistroealocalizaodoselementoscartografados efacilitaraorientaonoespaogeogrfico.Portanto, qualquermapasersempreumasimplificaodarealidade para atender ao interesse do usurio.30FUNDAMENTOS DECARTOGRAFIAJoaqum Salvador Lavado (QUINO)/Quino. Toda a Mafalda. So Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 5.AimagemdesatliteeomapamostramumtrechodoIraquenoqualsepodeobservarBagdeasindicaesdoslugares onde esto as runas de Ga-Sur (A), ao norte da capital iraquiana, e as runas da antiga Babilnia (B), ao sul.REPRESENTAES CARTOGRFICAS, ESCALAS E PROJEES31Almdascoordenadasgeogrficas(localizao)edaindicaodonorte(orientao),quevimos no captulo anterior, um mapa precisa ter:ttulo,quenosinformaquaissoosfenmenosrepresentados;legenda,quenosmostraosignificadodossmbolos utilizados;escala, que permite calcular as distncias no terreno a partir de medidas feitas na representao.Osmapasprimitivoseramgravadosempedraouargila.Depoispassaramaserdesenhadosemtecidos,couro,pergaminhooupapiro.Comainvenodaimprensa, comearamaserfeitosemoriginaisdepedraoumetale emseguidaimpressosempapel.Hoje,soproduzidosem computador e podem ser analisados diretamente na tela. Omapamaisantigodeque se tem notcia o de Ga-Sur, encontrado em 1930 nas runasdessacidade,situadaa uns 300 quilmetros ao norte daantigaBabilnia.Trata-se de um esboo rstico gravado num pedao de argila cozida de8cmx7cm.Estima-se que tenha sido feito por volta de2500a.C.naMesopot- mia,pelossumrios.Museu deBagd,Iraque.Aolado, uma interpretao do mapa.Odesenvolvimentodossatlitesedoscomputadorespermitiugrandesavanosnastcnicasde coleta,manipulao,armazenamentoerepresentaodeinformaesdasuperfcieterrestre,causandograndeimpactonosprocessosdeelaboraode mapasenosconceitosdacartografia.Numaconcei- tuaode1994,FraserTaylor,professordoDepartamentodeGeografiaeEstudosAmbientaisdaUniversidadeCarleton,emOttawa(Canad),considerou queessesrecentesavanostecnolgicosjforamincorporadospelacartografia,definidaporelecomoa disciplinaquetratadaorganizao,apresentao, comunicaoeutilizaodageoinformaonasformas grfica, digital ou ttil.TIPOS DE PRODUTOS CARTOGRFICOSOsmapaspodemserclassificadosemtopogrficos(oudebase)etemticos.Nummapatopogrfico, procura-serepresentarasuperfcieterrestreomaisprximopossveldarealidade,dentrodaslimitaesimpostas pela escala pequena. J numa carta topogrfica, feita em escala mdia ou grande, h mais preciso.ObserveabaixoumtrechodeumafolhadaCartaTopogrficadoBrasil.Trata-sedareproduode uma parte do municpio de Garuva, no estado de Santa Catarina.Nacartatopogrfica,asvariveisdasuperfciedaTerrasorepresentadascommaiornveldedetalhamentoealocalizaomaisprecisa.Issotornapossvelidentificaraposioplanimtrica-fenmenosgeogrficosrepresentadosnoplano,nahorizontal:cidades,camposagrcolas,florestasetc.-eaaltimtrica-representaovertical,altitudedorelevo-dealgunselementosvisveisdoespao.Mapasecartastopogrficas soresultantesdelevantamentossistemticosfeitosporrgosgovernamentais,comooInstitutoBrasileirode GeografiaeEstatstica(IBGE),dogovernofederal,oInstitutoGeogrficoeCartogrfico(IGC),dogovernodoestadodeSoPaulo,ouporempresasprivadas.Osmapastopogrficosservemdebaseparaoutrasrepresentaes de temas selecionados da realidade: os mapas temticos.32FUNDAMENTOS DECARTOGRAFIAREPRESENTAO DO RELEVO EM CARTA TOPOGRFICAAscurvasdenvel(ouisopsas)solinhasqueunem ospontosdorelevoquetmamesmaaltitude.Traadas nacarta,permitemavisualizaodadeclividade(inclinao) do relevo.Quantomaioradeclividade,maisprximasascurvas denvelaparecemrepresentadas;quantomenoradeclividade,maioroafastamentoentreelas.Observe,naCarta TopogrficadoBrasil(pginaanterior)queadistribuio dascurvasdenveleaorganizaodaredededrenagem (osrios,representadosporlinhasazuis)indicamasdiferentes declividades das vertentes.Amaioroumenordeclividadedorelevotornaossolos maisoumenossuscetveiserosoouaescorregamentos, facilitaoudificultaaconstruodecidades,rodovias,ferroviasouoleodutos,favoreceounoainstalaodefbricas ouamecanizaoagrcola.Comovocpercebeu,atopografia interfere na ocupao do espao geogrfico.Os mapas temticoscontminformaesselecionadassobredeterminadofenmenooutemadoespao geogrfico:naturais-geologia,relevo,vegetao,clima etc.-ousociais-populao,agricultura,indstrias, urbanizaoetc.(observeo mapaaolado).Nessesmapas aprecisoplanimtricaou altimtricatemimportnciamenor;arepresentao quantitativaequalitativados temasselecionadosmais relevante.Este um exemplo de mapa tem-tico. Mostra a taxa de urbanizao em cada um dos estados brasileiros e as principais cidades do pas.Ascurvasdenvelcorrespondemintersecoentreo terrenoeumconjuntodeplanoshorizontaisimaginrios, separados por altitudes iguais.Adap.: ATLAS geogrfico escolar / IBGE. 5. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. p. 45.REPRESENTAES CARTOGRFICAS, ESCALAS E PROJEES33ESCALA E REPRESENTAO CARTOGRFICAInicialmenteimportantefazerumadistinoentreescalageogrficaeescalacartogrfica,emborahajaumacorrespondnciaentreelas. Aprimeiradefineaescaladaanlisegeogrfica,o recorteespacial.Umaanlisedoespaogeogrfico podeserfeitaemescalalocal,estadual,regional,nacional,continentaloumundial.Asegundadefinea escaladerepresentaonomapa,aproporcionalidadeentreoobjetorealeorepresentado.Aescala cartogrficaexpressaarelaoentreotamanhodos objetosrepresentadosnaplanta,cartaoumapaeo tamanhodelesnarealidade.Aseguir,aoestudarmos aescalacartogrficaesuasrelaesmatemticas, vamospercebersuapermanenterelaocomaescala geogrfica.Porexemplo,aanlisedefenmenosem escalalocalnecessitadeplantasemescalagrande, jaanlisedefenmenosmundiaisexigemapasem escala pequena.Paraarepresentaodarealidadenomapaou planta,necessrioestabelecerumacorrespondnciaentreasdimensesdosobjetosrepresentadoseasdopapel.Essarelaofeitapormeiodeumaescala cartogrfica,queexpressaquantooselementosdo espaoforamreduzidosparacaberemnumafolhade papelounumateladecomputador(vejaindicaode sites,nofinaldocaptulo,nosquaispossvelobservar representaes em diversas escalas).A escala considerada pequena quando se reduzem muito os elementos (imagine quantas vezesoplanetaTerrafoireduzidoparacabernumplanisfriodotamanhodestafolha).Poroutrolado, grandequandooselementossopoucoreduzidos. Porexemplo,impossvelencontrarmosumaruade qualquercidadebrasileiranummapa-mndiouno mapapolticodoBrasil(naescalautilizadanessarepresentao-1:24000000-atmesmoumametrpolesetornaapenasumponto;observe-aabaixo). Pararepresentarumarua,precisousarumaescala adequada,naqualsejapossvelvisualizarosquarteirescomo,porexemplo,ade1:10000(vejaaplanta do bairro de Botafogo (RJ) da pgina 35 e em seguidaoquadro Usando a escala da pgina 36).Nummapafeitonesta escala,mesmoascapitais dosestadosbrasileiros ficamreduzidasapontos, atmesmoamaiorcidadedopas,SoPaulo(SP), queem2007,segundoo IBGE,tinha10,9milhes de habitantes.34FUNDAMENTOS DE CARTOGRAFIARepresentaesemescalapequenamostram reasmuitoextensas,compoucosdetalheseso geralmentechamadasdemapas;jrepresentaes emescalagrandeoumdiamostramreasmenores, pormcommaiorgraudedetalhamento,esochamadasdecartas.Representaesemescalasmuito grandesecomaltograudedetalhamentosochamadasdeplantas.Vejaoboxenapgina36comadefiniodoIBGEparadiferentestiposderepresentao cartogrfica.Ousodeplanta,cartaoumapaestdiretamente associadonecessidadedousurio,comosepodeobservar a seguir. Se uma pessoa tem a inteno de:procurarumarua,comoaSoClemente,nobairro deBotafogo,aoposerporumaplantadacidade do Rio de Janeiro na escala grande - 1:10 000;localizarosbairrosdoentorno,comooLeme,deverutilizaracartadacidadedoRionaescalamdia - 1:50 000;identificarascidadesvizinhasaoRio,comoNiteri,deverconsultarummapadoestadodoRiode Janeiro na escala pequena - 1:1 000 000.Note,nasimagensaseguirqueconformeaescalavaigradativamenteficandomenorocorreum aumentodarearepresentadaeumadiminuiodo grau de detalhamento.Nestasrepresentaescartogrficasnohlegendaporque o objetivo apenas destacar as diferentes escalas.REPRESENTAES CARTOGRFICAS, ESCALAS E PROJEES 35REPRESENTAO CARTOGRFICAGlobo - representao cartogrfica sobre uma superfcie esfrica, em escala pequena, dos aspectos naturais e artificiais de uma figura planetria, com finalidade cultural e ilustrativa.Mapa (caractersticas):representao plana;geralmente em escala pequena;readelimitadaporacidentesnaturais(bacias,planaltos, chapadas etc.), [limites] poltico-administrativos;destinao a fins temticos, culturais ou ilustrativos.A partir dessas caractersticas pode-se generalizar o conceito:"Mapaarepresentaonoplano,normalmenteemescala pequena,dosaspectosgeogrficos,naturais,culturaiseartificiais deumareatomadanasuperfciedeumaFiguraplanetria,delimitadaporelementosfsicos,poltico-administrativos,destinada aos mais variados usos temticos, culturais e ilustrativos."Carta (caractersticas):representao plana;escala mdia ou grande;desdobramento em folhas articuladas de maneira sistemtica;limitesdasfolhasconstitudosporlinhasconvencionais, destinada avaliao precisa de direes, distncias e localizao de pontos, reas e detalhes.Da mesma forma que da conceituao de mapa, pode-se generalizar:"Cartaarepresentaonoplano,emescalamdiaougrande,dosaspectosartificiaisenaturaisdeumareatomadadeuma superfcieplanetria,subdivididaemfolhasdelimitadasporlinhas convencionaisparalelosemeridianoscomafinalidadede possibilitaraavaliaodepormenores,comgraudeprecisocompatvel com a escala.Planta- aplantaum caso particular de carta. A representao se restringe a uma rea muito limitada e a escala grande, consequentemente o n. de detalhes bem maior.Cartaquerepresentaumareadeextensosuficientementerestritaparaqueasuacurvaturanopreciseserlevadaemconsiderao, e que, em consequncia, a escala possa ser considerada constante."INSTITUTO Brasileiro de Geografia e Estatstica.Noes bsicas de cartografia. Rio de Janeiro: IBGE, 1999. p. 21.(Manuais tcnicos em geocincias; 8).USANDO A ESCALAVamosdesenvolverumexemplodecomoaescala podeserusada.Paraacompanhar,observeotrechoda cartadeGaruva,apresentadaanteriormente,econsidere as seguintes convenes:Escala = 1/N.1N = denominador da escala.D = distncia na superfcie terrestre.d = distncia no documento cartogrfico.Suponhamos o seguinte problema:Ummotorista,vindopelaBR-376,depoisqueentrar naBR-101,percorrerquedistnciaatcruzarooleodutodaPetrobras?Nacartaapresentada,essadistncia mede cerca de 8 centmetros.Temos:Escaladacarta=1/50000(N=50000),pode-seler tambm 1:50 000 (um por cinquenta mil).Logo,1cmnacartaequivalea50000cmou500m ou 0,5 km na superfcie terrestre.Assim,temosodenominadordaescalajconvertidoparaquilmetro,adistncianacartaequeremos saber a distncia na superfcie terrestre.N = 0,5 kmd = 8 cmD = ?Aplicando uma regra de trs simples:1cm 0,5 km 8 cm D D = 8 cm x 0,5 km D = 4 kmPortanto:Resposta ao problema: a distncia a ser percorrida pelo motorista de 4 km.Agora,temosadistncianasuperfcieterrestre,o denominador da escala e queremos encontrar a distncia na carta:D = 4km N = 0,5 km d = ?1 cm 0,5 km d 4 km d x 0,5 = 1 x 4 d = 4 / 0,5 d = 8 cmPortanto: d = D/N36FUNDAMENTOS DECARTOGRAFIAN = D / NdUma escala pode ser expressa de duas formas:numrica:1:50 000 grfica:ParamedirnumacartaoumapaaextensodeLinhassinuosas, comorodovias,ferrovias,riosetc.,utiliza-seumcurvmetro, comoaparecenafoto.Nodispondodesseaparelho,ummodo prticodefazermedidasestenderumbarbantesobreotraadode,porexemplo,umarodovia,medi-locomumarguae, considerandoaescala,fazeroclculodadistncia;ouento,se houver escala grfica, estic-lo diretamente sobre ela.Emalgunsmapas,abaixodaescala(numricaougrfica)h umlembrete:porexemplo,1cmnomapacorrespondea0,5 quilmetro no terreno.Finalmente, temos a distncia na superfcie terrestre e na carta e queremos saber a escala:D=4km d=8cm Escala = ?1cm N 8 cm 4 km N x 8 = 1 x 4 N = 4/8N = 0,5 km (que equivale a 50 000 cm)Escala = 1/NEscala = 1/50 000 ou 1:50 000Portanto:PROJEES CARTOGRFICASUmaprojeocartogrfica oresultadodeumconjuntode operaesquepermiterepresentar noplano,pormeiodeparalelose meridianos,osfenmenosqueestodispostosnasuperfcieesfrica. Quandovistadoespaosideral,a Terrapareceserumaesferaperfeita,masnossoplanetaapresenta umasuperfcieirregularelevementeachatadonospolos.Porisso oscartgrafos,gegrafoseoutros profissionaisqueproduzemmapas fazemseusclculosutilizandouma elipse,queaogiraremtornodeseu eixomenorformaumvolume,o elipsoidederevoluo.Segundo oIBGE,oelipsoideasuperfcie derefernciautilizadanosclculosquefornecemsubsdiosparaa elaboraodeumarepresentao cartogrfica.Adap.: NOES bsicas de cartografia/Departamento de Cartografia. Rio de Janeiro: IBGE, 1999. p. 13.(Manuais tcnicos em geocincias; 8).Oelipsoidederevoluoumasuperfcietericaregular,criadaparafinscartogrficos,queevidenciaoachatamentonospolosterrestres.Nafigura,quenoestem escala,esseachatamentoestbastanteexagerado:narealidadeadiferenadeapenas 43 km. 0 dimetro equatorial de 12 756 km e o dimetro polar de 12 713 km.REPRESENTAES CARTOGRAFICAS, ESCALAS E PROJEESAofazerematransfernciadeinformaesdo elipsoideparaoplano,oscartgrafossedeparamcom umproblemainsolvel:qualquerquesejaaprojeo adotada,semprehaveralgumtipodedistoronas reas,nasformasounasdistnciasdasuperfcieterrestre.Snohdistoroperceptvelemrepresentaesdeescalasuficientementegrande,comoocaso dasplantas,nasquaisnonecessrioconsiderara curvatura da Terra.Asprojeespodemserclassificadasemconformes,equivalentes,equidistantesouafilticas,dependendodaspropriedadesgeomtricaspresentes narelaogloboterrestre-mapa-mndi.Almdisso, podemseragrupadasemtrscategoriasprincipais, dependendodafigurageomtricaempregadaemsua construo:cilndricas(asmaiscomuns),cnicasou azimutais (tambm chamadas de planas).Adap.: FERREIRA, Graa Maria Lemos. Moderno atlas geogrfico. 3. ed.So Paulo: Moderna, 2003. p. 56. Naprojeocnica,oglobopareceestarenvolvidoporum conedepapelnoqualsoprojetadososparaleloseos meridianos.CONFORMESProjeoconformeaquelanaqualosngulos soidnticosaosdoglobo,sejanummapa-mndiou regional.Nessetipodeprojeo,asformasterrestres (continenteseilhas)sorepresentadassemdistoro,pormcomalteraodotamanhodesuasreas. Apenasnasproximidadesdocentrodeprojeo,que nestecasooEquador,queseverificadistoromnima.Quantomaioroafastamentodessalinha,maior adistoro.Poressarazo,quandoseutilizaesse tipodeprojeo,geralmentessoreproduzidasas terras situadas at 80 de latitude.Amaisconhecidaprojeoconformeade Mercator,cartgrafoematemticobelgacujonome verdadeiro era Gerhard Kremer (1512-1594). Em 1569,Mercatorabriunovasperspectivasparaacartografia, aoconstruirumaprojeocilndricaconformeque imortalizou seu codinome.EssarepresentaofoielaboradanosculoXVI, pocaemqueoseuropeuscomandavamaexpanso martima,conquistandonovosterritriosedominando outrospovos.Foiconstrudaparafacilitaranavegao, poispossibilitavarepresentarcompreciso,nomapa, osngulosobtidospelabssola.Aprecisodasreas noera,nessecaso,toimportante.Nomapa-mndide MercatoraEuropaaparecenumaposiocentral,superiore,porsesituaremaltaslatitudes,proporcionalmentemaiordoqueeranaverdade.Acabousetransformando no principal representante da viso eurocntrica do Naprojeoazimutal,aTerraparecesertangenciadaem qualquerpontoporumpedaodepapelnoqualsoprojetadososparaleloseosmeridianos.Quandooglobotangen- ciadonumdospolos,dizemosquesetratadeumaprojeo azimutal polar. Observequenaprojeocilndricaogloboterrestreparece estarenvolvidoporumcilindrodepapelnoqualsoprojetados os paralelos e os meridianos.Adap.: FERREIRA, Graa Maria Lemos. Moderno atlas geogrfico. 3. ed.So Paulo: Moderna, 2003. p. 56.Adap.: FERREIRA, Graa Maria Lemos. Moderno atlas geogrfico. 3. ed.So Paulo: Moderna, 2003. p. 56.38FUNDAMENTOS DE CARTOGRAFIAmundo.Durantesculos,foi umadasprojeesmaisusadasnaelaboraodeplanis- friose,apesardosurgimento posteriordemuitasoutras, ainda hoje muito usada.QuandorepresentadanaprojeodeMercator,aGroenlndiaparecesermaiorqueoBrasil(narealidade,cercadequatrovezesmais extenso)eatmesmoqueaAmricadoSul.Omapaoriginalmente feitoporMercatorevidentemente nomostravaoscontinentesde formaprecisacomoesteplanisfrio,produzidodeacordocom aprojeoporelecriada,mas comasinformaesdisponveis atualmente.Adap.: CHARLIER, Jacques. (Dir.). Atlas du 21e sicle dition 2010. Groningen: Wolters-Noordhoff;Paris: ditions Nathan, 2009. p. 8.EQUIVALENTESNummapa-mndiouregionalcomprojeo equivalenteasreasmantm-seproporcionalmente idnticassdogloboterrestre,emboraasformasestejamdeformadasemcomparaocomarealidade. Umexemplodessetipodeprojeoomapa-mndi dePeters,elaboradopelohistoriadorecartgrafo alemoArnoPeters(1916-2002)epublicadopelaprimeiravezem1973.Emboraessaprojeonotenha rompidocompletamentecomavisoeurocntrica, acaboudandodestaqueaospasesdebaixalatitude,cujasreasficamrelativamentediminudasnaprojeo de Mercator.EssarepresentaodomundoatendeuaosanseiosdosEstadossubdesenvolvidosquesetornaram independentesapsaSegundaGuerraMundial(1939- -1945).Tentandoafirmar-secomonaesautnomas, muitosdessespasesviramnaprojeodePetersa materializaocartogrficadesuasaspiraes:receberemdasdemaisnaesomesmotratamentodado aos Estados desenvolvidos.Nessaprojeoparecequeospasesforamalongadosnossentido norte-sul.Humadistoroem suasformas,mastodosmantm seutamanhoproporcional.Por exemplo,aGroenlndia,emborairreconhecvel,aparecebem menorqueoBrasileaAmrica do Sul, como na realidade.REPRESENTAES CARTOGRFICAS, ESCALAS E PROJEES 39Adap.: CHARLIER, Jacques. (Dir.). Atlasdu21esicledition2010. Groningen: Wolters-Noordhoff; Paris: ditions Nathan, 2009. p. 8.Quandoinvertidaemrelaoconveno cartogrficadominante,mostrandoosulnaparte superior,comochegouaserimpressaemalgunslugares,aprojeopassaarepresentaroplanetada perspectivadospasessubdesenvolvidos,queemgrandeparteestosituadosaosuldasregiesmais desenvolvidas.Omapa-mndideHobo-Dyer,outra projeoequivalente,tambmrepresentaomundo deformainvertida,comosulnotopo,comose pode ver a seguir.Essemapa-mndiumaprojeocilndricaequivalente,semelhantedePeters,produzidapelocartgrafoinglsMickDyer. Est centrada na frica e mostra o sul em destaque.EQUIDISTANTESNosmapas-mndicomprojeoazimutal equidistantearepresentaodasdistnciasentreasregiesprecisa.Elaboradapeloastrnomo efilsofofrancsGuillaumePostei(1510-1581)e publicadanoanodesuamorte,adotacomocentroumpontoqualquerdoplanetaparaqueseja possvelmediradistnciaentreessepontoequalqueroutro.Porissoessetipodeprojeoutilizadoespecialmenteparadefinirrotasareasou martimas.Aprojeoequidistantemaiscomumcentradaemumdospolos,geralmenteoPoloNorte,como nomapaaolado,maspodetercomocentroqualquer pontodasuperfcieterrestre.Nocentrodaprojeo, pode-sesituaracapitaldeumpas,umabasemilitar,asededeumamultinacionaletc.Entretanto,ela apresentaenormesdistoresnasreasenasformas doscontinentes,queaumentamcomoafastamento do ponto central.Adap.: CHARLIER, Jacques. (Dir.). Atlas du 21e sicle dition 2010. Groningen: Wolters-Noordhoff;Paris: ditions Nathan, 2009. p. 9.Naprojeoazimutalequidistanteasdistnciasssoprecisassetraadasradialmentedocentronocasodesta,o PoloNorteatumpontoqualquerdomapa(napgina44 veremos uma projeo azimutal centrada em Braslia-DF).Projeo azimutal com centro no Polo Norte40FUNDAMENTOS DECARTOGRAFIAODT Maps. Many ways to see the world. Disponvel em: . Acesso em: 22 jan. 2010.AFILTICASAtualmentecomuma utilizaodeprojeescom menoresndicesdedistoroparaomapeamentodo planeta,comoadeRobinson (observeomapaaolado).Essa projeoafilticanopreserva nenhumadaspropriedadesde conformidade,equivalnciaou equidistncia,masemcompensaonodistorceoplanetadeformatoacentuada comoasquevimosanteriormente;porisso,temsidodas maisutilizadasparamostrar o mundo em atlas escolares.SegundooIBGE:umaprojeoafiltica(noconformeouequivalenteouequidis- tante)epseudocilndrica(nopossuinenhumasuperfciedeprojeo,pormapresenta caractersticas semelhantes s da projeo cilndrica).VISES DO MUNDONossoplanetaums,maspodeserrepresentadodevriasformasouvistodeperspectivasdiferentes. Comoosmapassofeitosporprofissionaisquevivem numpasetmdiferentesvaloresculturais,costumam expressarumpontodevistaparticular,almdeinteresses geopolticoseeconmicos;emcontrapartida,tambm podem expressar um questionamento desses interesses.Umdosprimeirosmapas-mndifoielaborado em 1508 por um cartgrafo de Florena chamadoFrancescoRosseli.EssemapanotinhaprecisonenhumaenemmostravaaOceania,continentequeaindanoeraconhecidodoseuropeus.Comoelefoifeito noinciodasGrandesNavegaes,oconhecimento doplanetaaindaeramuitolimitadoenenhumpovo oconheciaporinteiro.Umpoucomaistarde,em1569, foielaboradoumdosmapas-mndimaisimportantes dahistria,omapadeMercator,cujascaractersticas vimos h pouco. AntesdasGrandesNavegaesexistiaumplanetaevrios"mundos",considerando"mundo"comooespaogeogrficoconhecidopordeterminadopovo;apartirda,osdiversospovosforamaospoucosentrandoemcontatoe hoje se pode dizer que planeta e mundo so sinnimos.REPRESENTAES CARTOGRFICAS, ESCALAS E PROJEESEssesprimeirosmapas-mndi,especialmente odeMercator,colocavamaEuropaemdestaque: essecontinenteaparecianocentrodomapaena partedecima.Oseuropeus-portugueses,espanhis,ingleses,franceses,holandesesetc.-estavam explorandoomundoefundandocolnias,portanto, eranaturalqueaorepresentaroplanetasevissem nocentroenotopo.Oeurocentrismoeraamaterializaocartogrficadoetnocentrismoeuropeu.Mas nodevemosnosesquecerdequeaTerraumplanetaesfrico,emmovimento(rotaoetranslao) noespaosideral,portanto,nelenoexistenem acima nem abaixo.Ocostumedecolocaronortenotopodomapa, comaEuropanocentro,comeouapartirdaexpansomartima,comovimos.Atentooscartgrafos italianos,influenciadospelosrabes,costumavamcolocarosulnapartedecima,comomostraomapaa seguir,feitoem1459pelomongevenezianoFraMauro.Oscartgrafosrabescostumavamrepresentaro mundocomosulnotopoecomocentroemMeca, acidadesagradadareligioislmica.Atolestej chegouafigurarnotopo,comoeracomumnosmapaselaboradosduranteaIdadeMdia;nessapoca, acreditava-sequealesteencontrava-seoparaso,por isso aparecia em destaque.Assim,ofatodeonorteaparecernotopo,com aEuropanocentro,apenasumaconveno.Entretanto,essavisoeurocntricadomundoacabouse consolidandoem1884,anoemqueserealizouaConfernciaInternacionaldoMeridiano.Comovimosno captuloanterior,nesseencontrofoiacordadoqueo meridianoprincipal,ozerodalongitude,seriaoMeridiano de Greenwich, portanto o centro do mundo.