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Libras

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Libras

LIBRAS é a sigla de Língua Brasileira de Sinais.

As línguas de sinais (LS) são as línguas naturais das comunidades surdas.

Ao contrário do que muitos imaginam, as línguas de sinais não são

simplesmente mímicas e gestos soltos, utilizados pelos surdos para facilitar a

comunicação. São línguas com estruturas gramaticais próprias.

Atribui-se às línguas de sinais o status de língua porque elas também são

compostas pelos níveis lingüísticos: fonológico, morfológico, sintático e

semântico.

O que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas oral-auditivas são

denominados sinais nas línguas de sinais.

O que diferencia as línguas de sinais das demais línguas é a sua modalidade

visual-espacial.

Assim, uma pessoa que entra em contato com uma língua de sinais irá

aprender uma outra língua, como o Francês, Inglês, etc.

Os seus usuários podem discutir filosofia ou política e até mesmo produzir

poemas e peças teatrais.

A língua brasileira de sinais (Libras) é a língua de sinaisPB (língua gestualPE)

usada pela maioria dos surdos dos centros urbanos brasileiros e legalmente

reconhecida como meio de comunicação e expressão. É derivada tanto de uma

língua de sinais autóctone, que é natural da região ou do território em que

habita, quanto da língua gestual francesa; por isso, é semelhante a outras

línguas de sinais da Europa e da América.

A Libras não é a simples gestualização da língua portuguesa, e sim uma língua

à parte, como o comprova o fato de que em Portugal usa-se uma língua de

sinais diferente, a língua gestual portuguesa (LGP).

Assim como as diversas línguas naturais e humanas existentes, ela é

composta por níveis linguísticos como:

Fonologia, morfologia, sintaxe e semântica.

Da mesma forma que nas línguas orais-auditivas existem palavras, nas línguas

de sinais também existem itens lexicais, que recebem o nome de sinais. A

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diferença é sua modalidade de articulação, a saber visual-espacial, ou cinésico-

visual, para outros. Assim sendo, para se comunicar em Libras, não basta

apenas conhecer sinais. É necessário conhecer a sua gramática para combinar

as frases, estabelecendo a comunicação de forma correta, evitando o uso do

"Português sinalizado".

Os sinais surgem da combinação de configurações de mão, movimentos e de

pontos de articulação — locais no espaço ou no corpo onde os sinais são feitos

— e também de expressões faciais e corporais que transmitem os sentimentos

que para os ouvintes são transmitidos pela entonação da voz, os quais juntos

compõem as unidades básicas dessa língua.

Assim, a Libras se apresenta como um sistema linguístico de transmissão de

ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. Como

em qualquer língua, também na libras existem diferenças regionais. Portanto,

deve-se ter atenção às suas variações em cada unidade federativa do Brasil.

O antigo Instituto dos Surdos, hoje, Instituto Nacional da Educação de Surdos

(INES) foi a primeira escola para surdos no Brasil, fundada em 1857 por Dom

Pedro II e teve como primeira denominação o nome Collégio Nacional para

Surdos (de ambos os sexos). Foi a partir deste, com a miscigenação da antiga

língua de sinais brasileira com a língua de sinais francesa, que, definitivamente,

nasceu a língua brasileira de sinais (Libras)

Por ser a única instituição para surdos no país e no continente, o INES foi

muito procurado por brasileiros e estrangeiros, virando referência na educação,

socialização e profissionalização de surdos.

No entanto, em 1880, houve em Milão um Congresso que proibiu a língua de

sinais (gestual), achou-se por melhor adotar a oralização julgando que esta

seria de melhor valia para a educação e o aprendizado dos surdos. Muitos

surdos e professores criticaram tal ação, pois legitimavam a comunicação

sinalizada.

Através de diversos movimentos e muita pesquisa na área, foi legitimada como

Língua a comunicação gestual entre surdos. Foi apenas no fim do século XX

que os movimentos se intensificaram querendo a oficialização da língua

brasileira de sinais (Libras), em 1993 o projeto de lei entrou na longa batalha

para a regulamentação da Libras no país.

Apenas no ano de 2002 a língua brasileira de sinais foi oficialmente

reconhecida e aceita como segunda língua oficial brasileira, através da Lei

10.436, de 24 de abril de 2002.

Mesmo com um andamento lento o progresso para a cultura Surda acontece. O

século XXI começou e fez a Libras realmente avançar.

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Em 2005, através do decreto 5.626 a língua brasileira de sinais foi

regulamentada como disciplina curricular. Já em 2007, a estrutura de língua foi

aplicada a Libras, já que ela é uma língua natural e possui complexidades

próprias e comunicação eficaz. Em 2010 foi regulamentada a profissão de

Tradutor/ Interprete de Libras através da Lei 12.319 de 1° de Setembro de

2010, simbolizando mais uma grande conquista.

É dever do Poder Público garantir acesso e educação para surdos nas escolas

regulares de ensino, garantindo seu aprendizado e progressão educacional.

Informações Técnicas

LIBRAS

A LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) tem sua origem na Língua de Sinais

Francesa. As línguas de sinais não são universais. Cada país possui a sua

própria língua de sinais, que sofre as influências da cultura nacional. Como

qualquer outra língua, ela também possui expressões que diferem de região

para região (os regionalismos ou dialetos), o que a legitima ainda mais como

língua.

Sinais

Os sinais são formados a partir da combinação da forma e do movimento das

mãos e do ponto no corpo ou no espaço onde esses sinais são feitos. Nas

línguas de sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros que

formarão os sinais:

Configuração de mãos: são formas das mãos que podem ser da datilologia

(alfabeto manual) ou outras formas feitas pela mão predominante (mão direita

para os destros ou esquerda para os canhotos), ou pelas duas mãos. Os

sinais DESCULPAR, EVITAR e IDADE, por exemplo, possuem a mesma

configuração de mão (com a letra Y). A diferença é que cada uma é produzida

em um ponto diferente no corpo.

Ponto de articulação: é o lugar onde incide a mão predominante configurada,

ou seja, local onde é feito o sinal, podendo tocar alguma parte do corpo ou

estar em um espaço neutro.

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Movimento: os sinais podem ter um movimento ou não. Por exemplo, os sinais

PENSAR e EM-PÉ não têm movimento; já os sinais EVITAR e TRABALHAR

possuem movimento.

Expressão facial/corporal: as expressões faciais/corporais são de fundamental

importância para o entendimento real do sinal, sendo que a entonação em

língua de sinais é feita pela expressão facial.

Orientação/Direção: os sinais têm uma direção com relação aos parâmetros

acima. Assim, os verbos IR e VIR se opõem em relação à direcionalidade.

Convenções da LIBRAS

A grafia: os sinais em LIBRAS, para simplificação, serão representados na

Língua Portuguesa em letra maiúscula. Ex.: CASA, INSTRUTOR.

A datilologia (alfabeto manual): é usada para expressar nomes de pessoas,

lugares e outras palavras que não possuem sinal, estará representada pelas

palavras separadas por hífen. Ex.: M-A-R-I-A, H-I-P-Ó-T-E-S-E.

Os verbos: serão apresentados no infinitivo. Todas as concordâncias e

conjugações são feitas no espaço. Ex.: EU QUERER CURSO.

As frases: obedecerão à estrutura da LIBRAS, e não à do Português. Ex.:

VOCÊ GOSTAR CURSO? (Você gosta do curso?)

Os pronomes pessoais: serão representados pelo sistema de apontação.

Apontar em LIBRAS é culturalmente e gramaticalmente aceito.

Para conversar em LIBRAS não basta apenas conhecer os sinais de forma

solta, é necessário conhecer a sua estrutura gramatical, combinando-os em

frases.

Legalidade da Libras

Portanto, a partir desta Lei, a Língua Brasileira de Sinais passou a ser

considerada como um meio de comunicação e expressão e não interpretada

apenas por gestos ou mímicas. Mesmo com o passar dos anos a Libras

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(Língua Brasileira de Sinais) continua fazendo parte de uma minoria linguística

na qual é constituída por surdos e o meio social em que ele vive, através dessa

língua ele consegue mostrar sua capacidade e seu desenvolvimento no meio

social.

Contudo, a lei existe, mas não é executada da maneira correta em diversos

lugares, não só nas escolas, como por exemplo nos bancos, consultórios

médicos e supermercados, ou seja, ainda falta infraestrutura e profissionais

qualificados que possam atender os surdos como está constituído nesta lei.

É importante saber que a atualidade é um período de plena informação e

tecnologia avançada, mas encontramos ainda a crença de que no Brasil todos

falam português, se esquecendo das línguas indígenas, imigrantes e da Língua

Brasileira de Sinais (LIBRAS), que foi reconhecida como a língua natural das

comunidades surdas do país, através da lei nº10.436/2002, garantido o direito

do reconhecimento da Libras como língua de manifestação e expressão das

pessoas surdas no acesso à educação, à saúde, à cultura e ao trabalho.

Estão garantidas no Brasil, por parte do poder público em geral e empresas

concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o

uso e difusão da língua brasileira de sinais como meio de comunicação objetiva

e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.O governo do

estado brasileiro de São Paulo produziu um dicionário voltado para os surdos,

elaborado com o intuito de diminuir ao máximo a exclusão digital. Produzido em

CD-ROM, o dicionário tem 43 606 verbetes, 3 000 vídeos, 4 500 sinônimos e

cerca de 3 500 imagens.

Convenções para a transcrição

A Libras, como as outras línguas de sinais, não tem um sistema de escrita

largamente adotado, embora existam algumas propostas, como a SignWriting,

que estão sendo usadas em algumas escolas e publicações.

Na falta de uma escrita própria, a Libras tem sido transcrita usando palavras

em português que correspondam ao significado dos sinais. Para designar que a

palavra em português indica um sinal, é grafada convencionalmente em letras

maiúsculas. Por exemplo: LUA, BOLO.

Porque é uma língua?

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A expressão "língua gestual", ao invés de "linguagem gestual", refere-se à

língua materna de uma comunidade de surdos. As línguas gestuais são línguas

naturais, que surgem e se desenvolvem naturalmente, como as línguas orais.

Esta língua é produzida por movimentos das mãos, do corpo e por expressões

faciais e a sua recepção é visual. Tem um vocabulário e gramática próprios.

Uma língua é um sistema de comunicação específico e exclusivo do ser

humano, sendo gerido por regras particulares. Assim como as línguas orais, a

LGP possui as características das línguas naturais:

é composta, maioritariamente por símbolos arbitrários;

é um sistema linguístico;

é partilhada por uma comunidade de pessoas que a utilizam como sua forma

de expressão mais natural;

possui propriedades como a criatividade e a recursividade;

possui aspectos contrastivos;

é um sistema em constante renovação e evolução: apresenta o fenómeno

da dinâmica linguística.

Existe a crença de que língua gestual, é universal. Essa ideia é incorreta.

Assim como as línguas orais, as línguas gestuais desenvolveram-se

naturalmente, e assim sendo, cada comunidade possui a sua. Existem países

com diversas línguas gestuais e em todo o mundo existem dezenas de línguas

gestuais diferentes. Além disso, os surdos sentem as mesmas dificuldades que

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os ouvintes quando necessitam comunicar com outros que utilizam uma língua

gestual diferente. Assim sendo, cada país (e, por vezes, região dentro de um

país, como acontece no Québec onde é usada a Língua Gestual Quebequiana

ao invés da Língua Gestual Americana como no resto do país) terá a sua

própria língua gestual. Por exemplo, no Brasil existe a Língua Brasileira de

Sinais (LIBRAS).

Para acrescentar, como qualquer língua oral, a LGP possui variantes dentro do

seu próprio órgão (idioma), alterando, relativamente, de região para região e

dependendo do grau de instrução e das profissões dos surdos, em cada uma

das regiões. Existem, por isso, dialetos e regionalismos.

A LIBRAS, Língua Brasileira de Sinais, ao contrário do que muitos pensam, é

uma língua e possui uma estrutura gramatical própria, ultrapassa as ideias

daqueles que acreditam ser apenas gestos ou mímicas, como uma maneira de

comunicação entre os deficientes auditivos.

Considera-se a LIBRAS uma língua por possuir corretamente os níveis

linguísticos fonológico, morfológicos, sintático e semântico, e o que vai

diferenciar essa língua das demais é a sua modalidade visual-espacial, pois, o

que denominamos de palavra na língua oral-auditiva, na LIBRAS é denominado

por sinais.

Inicialmente, ao buscarmos entender o que é Libras, é necessário antes,

esclarecer o que é a língua de sinais.

A língua de sinais é também conhecida como língua gestual. A mesma utiliza-

se de gestos e sinais em substituição à língua que todos nós bem conhecemos

em nossas comunicações: a língua de sons ou oral.

Falamos em comunicação e a língua de sinais possui exatamente esse sentido,

ou seja, de ser o meio de um grupo de indivíduos poderem comunicar-se, pois

é através dela que as pessoas surdas trocam comunicações entre si, e até

mesmo com as pessoas que já aprenderam a interpretá-la. Aliás, isto vem

ocorrendo de forma cada vez mais significativa.

A Língua de Sinais não é universal, visto que cada país possui a sua própria

língua, o mesmo ocorre na Língua de Sinais, há variações de acordo com cada

lugar. O que acontece é que a cultura local provém muito nos resultados da

língua, e as expressões são influenciadas pelo regionalismo, o que vai justificá-

la ainda mais como língua.

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Os sinais são movimentos específicos realizados pelas palmas da mão, e

dependem de um ponto ou espaço de localização em que esses sinais são

realizados, pois, como toda língua, também deve ser padronizada e isso

acontece através de alguns parâmetros traçados para que todos realizem e

possam compreender uns aos outros.

Muitos acham que, por se tratar de comunicação por gestos, ela deveria ser

igual para todos os surdos. Outros acham que a comunidade surda do mundo,

por ser pequena, deveria fazer uso de apenas uma língua de sinais, até

mesmo, por se tratar de uma linguagem icônica (representativa). Vejamos por

que não é assim:

Primeiro que a língua de sinais não é baseada em gestos ou mímicas, trata-se

de uma língua natural, com léxico (léxico é todo o conjunto de palavras que as

pessoas de uma determinada língua têm à sua disposição para expressar-se,

oralmente ou por escrito) e gramática próprios.

Segundo que cada comunidade de surdos desenvolveu a sua própria língua de

sinais, tal como cada povo desenvolveu sua língua oral. Isso demandou muito

tempo.

Assim como existem várias línguas faladas no mundo, também existem várias

línguas de sinais pelo mundo. Cada país tem sua própria língua de sinais, tal

como temos nossa própria língua falada. Vejamos algumas línguas de sinais

espalhadas pelo mundo:

Libras = Língua Brasileira de Sinais

LGP = Língua Gestual Portuguesa

SLN = Sign Language of Netherlands

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ASL = American Sign Language

LSA = Lengua de Señas Argentina

BSL = British Sign Language

LSCH = Lengua de Señas Chilena

LSF = Langue des Signes Française

A língua de sinais se difere das línguas orais-auditivas, uma vez que elas se

realizam pelo canal visual e da utilização do espaço, por expressões faciais e

até movimentos gestuais perceptíveis pela visão. Note-se aqui que a língua de

sinais não faz apenas uso de gestos.

A língua de sinais é um legítimo sistema linguístico, inclusive estudada pelos

linguistas, pois atende eficazmente às necessidades de comunicação entre os

indivíduos surdos, os quais são capazes de expressarem qualquer assunto de

seu interesse ou conhecimento.

Libras é a língua de sinais usada pela comunidade de surdos no Brasil e já foi

reconhecida pela Lei, ou seja, é uma língua oficial, tal como nossa língua

falada. A lei que dispõe sobre a língua de sinais é a Lei nº 10.436, de 24 de

Abril de 2002 4.

Estão garantidas pelo poder público, formas institucionalizadas de apoio para o

uso e a difusão da Libras como meio de comunicação nas comunidades

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surdas. O sistema estadual e municipal devem garantir a inclusão do ensino da

Libras nos cursos de formação de educação especial, fonoaudiologia e

magistério, tanto nos níveis médio como no superior. Estas e outras formas de

apoio à comunidade surda estão reunidas em aproximadamente 18

leis/decretos/portarias 4 relacionadas à Libras/Surdez.

Libras é uma língua derivada da língua de sinais autóctone (que é natural da

região onde ocorre), ou seja, do Brasil, e também da língua gestual francesa.

Daí sua semelhança com línguas de sinais da Europa e da América. A Libras

não é uma língua de gestos representando a língua portuguesa, e sim uma

autêntica língua de nosso país.

Semelhante à língua oral que é composta por fonemas (qualquer dos traços

distintivos de um som da fala, capaz de diferençar uma palavra de outra), a

Libras também possui níveis linguísticos como fonologia, morfologia, sintaxe e

semântica. E as semelhanças não param por aí: na língua de sinais também

existem itens lexicais, os quais se chamam de sinais. Motivo pelo qual é

considerada uma autêntica língua.

O que é denominado de palavra (item lexical), na língua oral-auditiva, na língua

de sinais são denominados de sinais. O diferencial da língua de sinais das

demais línguas é a sua modalidade visual-espacial.

Épor meio da linguagem dos sinais, conhecida por libras, que as pessoas

portadoras de deficiência auditiva e de fala se comunicam entre si e com o

restante da comunidade. Aprovada como meio legal de comunicação pela Lei

10.436, de 2002, a língua é o que permite que cerca de 9,7 milhões de

brasileiros surdos (segundo Censo 2010 do IBGE) estejam cada vez mais

inseridos na sociedade. Por conta disso, é muito importante que todos nós

sejamos capaz de nos comunicar com eles – é assim que promovemos a

inclusão social.

Ao se comunicar com um membro da comunidade surda, uma das primeiras

coisas que você deve fazer é se apresentar. No entanto, a língua de sinais

universal raramente é utilizada e não é considerada um meio de comunicação

prático tampouco confiável. Por isso, este artigo irá te ensinar como falar seu

nome na Língua Brasileira de Sinais. É importante ressaltar que essas

instruções não serão úteis na maioria dos outros países.

Sinalize um "Oi". Forme um “0” com a mão e levante o dedo mindinho para

cima, simultaneamente.

Sinalize o "Meu". Com a mão direita, forme um “5” e toque levemente o peito

na região central.

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Não aponte o dedo indicador em vez de manter a mão aberta, pois esse sinal

se refere ao pronome pessoal “eu”.

Sinalize seu "Nome". Feche a mão e mantenha apenas os dedos indicador e

médio levantados, com a palma para dentro. Faça um movimento horizontal

linear da direita para a esquerda.

Soletre seu nome utilizando o alfabeto em Libras. Coloque a mão em uma

posição visível e soletre em um ritmo constante. O mais importante é sinalizar

as letras de forma compreensível.

Faça o uso de pausas breves entre uma palavra e outra se você estiver

soletrando seu nome completo;

Nas situações em que o nome tiver duas letras iguais em sequência, você

deverá “abrir” e “fechar” sua mão para sinalizar ambas. Ou, ainda, fazer o sinal

da segunda letra no lado oposto da primeira, sem mudar a configuração da

mão.

Junte as palavras. Sinalize a frase novamente: "Oi, meu nome _____".

Mantenha os sinais nessa ordem.

O verbo “Ser/Estar” quase nunca é utilizado durante a conversação em Libras.

Portanto, não soletre “é” em uma frase.

Demonstre seus sentimentos através da linguagem corporal. A expressão

corporal e facial é extremamente importante na Libras. Deixar de adequar o

corpo ao que se diz torna a conversa monótona e sem entonação.

Quando estiver soletrando o seu nome, por exemplo, sorria para demonstrar

simpatia. Utilize a expressão facial para dar entonação ao pronome “meu”

quando for utilizá-lo. E, sempre faça contato visual com quem você estiver

conversando.

Revele seu sinal pessoal (opcional). Não é necessário utilizar esse sinal, que

será abordado a seguir, em apresentações. Geralmente, você irá soletrar o seu

nome quando estiver sendo apresentado formalmente a alguém. O sinal

pessoal poderá ser utilizado em outro momento. Mas, se você estiver sendo

apresentado casualmente, por um amigo em comum, você poderá dizer “Oi,

meu nome (soletre), (sinal pessoal)”.

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Batismo do sinal pessoal em libras

Comece com a soletração. Uma vez que você não possui sinal pessoal, se

apresente soletrando seu nome. Mas antes, aprenda o alfabeto em Libras por

meio de vídeos online ou através do contato com pessoas da comunidade

surda. Soletrar o seu nome é tão simples quanto escrever letra por letra.

Pratique até que você seja capaz de sinalizar em um ritmo constante.

De maneira geral, a língua de sinais não é representada pelo alfabeto em si, ou

seja, saber soletrar todas as palavras não é importante.

A soletração é utilizada nas situações em que você precisa dizer um nome

próprio ou qualquer outra palavra que não tenha um sinal específico;

Nas situações em que o nome próprio for curto e fácil de ser soletrado, esse

será o provável sinal que representará a pessoa.

Conheça o sinal pessoal. É uma palavra criada na Libras para representar uma

determinada pessoa através de suas características. Um surdo pode designar

um sinal quando sentir que você faz parte da comunidade.

Esse sinal é simbolizado pela primeira letra do seu nome, de acordo com o

alfabeto em Libras. Com essa configuração de mão você pode, por exemplo,

tocar uma cicatriz em seu rosto. Ou fazer um movimento linear vertical com a

mão para se referir a um cabelo longo, ou a um acessório que você utiliza com

frequência.

Apesar de parecer simples, é muito difícil criar um sinal pessoal por conta

própria. A língua de sinais faz uso de uma gramática visual que se limita a

configuração da mão, posição e movimento. Ou seja, a não ser que você tenha

feito curso de Libras ou praticado por muito tempo, o nome que você criou

pode não parecer sequer com uma palavra.

Não crie o seu próprio sinal: em vez disso, permita que uma pessoa surda dê

um a você. Quando um surdo designa um sinal pessoal, significa que você já é

considerado parte da comunidade. Esse é o momento mais importante para um

falante não nativo, e em muitos grupos isso pode demorar anos para

acontecer. E se mesmo assim você ainda não está convencido, existem vários

outros motivos pelos quais a soletração do nome não deve ser substituída por

um sinal criado por conta própria:

Pode ser que você adote uma configuração de mão ou movimento difícil de ser

compreendido, ou ainda descumpra as regras gramaticais;

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O sinal criado por você pode ter conotação negativa;

Outro falante pode estar usando esse sinal;

Seu sinal pode ser parecido ou igual ao de uma pessoa famosa. (Imagine um

estranho tentando fazer uso do nome Martin Luther King);

Além disso, vai totalmente contra a cultura surda.

Os sinais mudam e se multiplicam. Se você é aprendiz de Libras e conhece

falantes experientes, já deve ter notado que algumas pessoas podem ser

representadas por mais de um sinal pessoal. Isso geralmente acontece quando

elas são nomeadas por diferentes comunidades.

Com o passar do tempo os sinais acabam sendo reformulados por vários

motivos: questões regionais, para se distinguirem de outros que possam ser

similares, para se tornarem mais fáceis de simbolizar ou por fazerem referência

a alguma característica constrangedora ou irrelevante.

Crianças e jovens surdos geralmente gostam de criar sinais pessoais, mas

pode ser que se motivem mais pela diversão do que pela praticidade. Você

pode acabar sendo representado por uma palavra pouco elegante ou difícil de

sinalizar.

A comunicação entre as pessoas é feita de várias formas: através da fala, dos

gestos, de cartas, emails, conversas em computador, dentre outras. Em todos

esses casos, uma pessoa emite uma mensagem e a outra recebe.

Durante essa comunicação, vamos trocando de papel, ora sendo emissores,

ora receptores.

Os jornais, as revistas, o rádio e a televisão também são formas de nos

comunicar, sendo chamados meios de comunicação. Porém, com esses não

temos jeito de interagir, trocando os papéis, como fazemos quando

conversamos com alguém.

O órgão dos sentidos que nos permite ouvir as notícias ou as conversas é a

audição. Porém, algumas pessoas nascem com problemas na audição, não

conseguindo ouvir claramente, e outras, não ouvem nada. Devido a isso, a fala

também é prejudicada, e não são raros os casos em que ela não é

desenvolvida.

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Modelo Cognitivo

O aspecto dos métodos que tem sido mais problemático é a ausência de

trabalhos, ou afirmação de que existe um único método para todas as crianças

com surdez. Para aquelas que têm resíduos auditivos, pode ser oferecido um

acesso para o código da fala dentro de uma abordagem oral.

Diferentemente, para aqueles que não têm razoável resíduo ou mesmo grande

dificuldade em desenvolver a oralidade, a Língua de Sinais constitui-se na

língua mais adequada para o sujeito interagir com o meio.

Na atual conjuntura, essas três abordagens convivem no Brasil, tendo

relevância no trabalho com os alunos com surdez apesar das discórdias e

conflitos existentes entre os profissionais que as seguem. De um lado, os

oralistas acreditam na normalização e, por isso mesmo, preconizam a

integração e o convívio das pessoas com surdez com os ouvintes por meio da

língua oral.

Ao valorizar a modalidade oral de língua, acreditam que estabelece-se uma

relação direta entre o desempenho na fala e a cognição. Considera-se que o

sujeito que se expressa com maior desenvoltura é mais inteligente pois tem

mais acesso à cultura, à compreensão da leitura orofacial integrando-se

efetivamente na sociedade. Já, os defensores da linguagem gesto visual

apontam que a pessoa com surdez, ao adquirir, espontaneamente, a Língua de

Sinais no convívio com seus pares, têm a possibilidade de se desenvolver nos

campos cognitivo, emocional e social; têm sua auto estima elevada pois

valoriza-se a sua língua podendo, assim, lutar política e socialmente por seus

direitos como minoria lingüística

Para os defensores do Bilinguismo, o uso da Língua de Sinais traz grandes

benefícios para a criança com surdez. Aponta-se a necessidade do surdo ser

“bilíngüe”, ou seja, de ter acesso e dominar a sua língua natural (Língua de

Sinais), e, a Língua Portuguesa, na modalidade escrita e, quando possível, na

modalidade oral (pelo menos, compreendendo-a pela leitura orofacial).

Segundo Fernandes (1990), é fundamental o acesso à Língua de Sinais o mais

precocemente possível pois a dificuldade do surdo em adquirir linguagem oral

nos primeiros anos, traz consequencias para o seu desenvolvimento mental,

emocional e sua integração social.

Poker (2002) em seus estudos constatou que o problema da surdez não se

localiza no retardo da linguagem oral em si, mas no que essa privação

linguística provoca: impede o sujeito de se expressar, de explicar e de

compreender diferentes situações ocorridas no ambiente ao seu redor. De

acordo com Poker, para enfrentar esta situação, é fundamental oferecer para o

sujeito com surdez um instrumento simbólico (língua oral ou gestual), o mais

precocemente possível para que sejam propiciadas as trocas simbólicas entre

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o sujeito e os outros. Só assim a surdez pode deixar de prejudicar as funções

cognitivas do aluno.

È importante que se ofereça à criança surda um ambiente estimulante, que

possibilite sua ação não só física, mas principalmente, sua ação mental, que se

reconheça o sujeito com surdez como participante ativo do processo educativo,

que se proporcione situações constantes e sistemáticas de troca simbólica com

o meio e, por fim, que se entenda a linguagem como instrumento efetivo de

comunicação e expressão do pensamento, capaz de desenvolver as estruturas

cognitivas mais complexas.

Segundo Poker (2002), na tentativa de facilitar a comunicação, os professores

e as pessoas, geralmente, nas interações estabelecidas com os sujeitos com

surdez, costumam simplificar frases, omitir informações complexas, restringir

fatos a dados concretos, reduzir as informações. Preocupam-se mais com o

como se fala do que com o quê se fala, evitam situações de conflito não

estimulando a argumentação, a troca de idéias.

Modelo Interativo

A visão de ensino na abordagem gramatical usualmente se pauta em livros

didáticos ou materiais cujo objetivo é transmitir conteúdos da estrutura

gramatical da língua alvo. Já na abordagem comunicativa ensinar uma língua é

promover o desenvolvimento da competência comunicativa (e lingüística)

sempre partindo da promoção de vivências do uso real e significativo da língua

alvo a partir da construção de novos significados na e através da interação com

o outro.

A Língua Brasileira de Sinais – mais conhecida pela sigla Libras – é o sistema

gestual desenvolvido e adotado pelo Brasil que possibilita a comunicação entre

pessoas surdas e qualquer outra pessoa interessada em relacionar-se com tal

comunidade. Como qualquer outra língua, esta é composta de todos os

elementos (semântica e sintaxe, por exemplo) imprescindíveis para que seja

considerada um instrumento linguístico de força e poder. Além de demandar

estudo prático para que se alcance um pleno aprendizado.

A libras, presente hoje nas escolas preparadas para lesionar tal disciplina, não

é uma simples gestualização da língua portuguesa falada e normativa, mas sim

uma língua própria, à parte. Em Portugal, por exemplo, o sistema utilizado é

diferente do alfabeto em libras. Assim como nas diversas línguas orais-

auditivas há os seus níveis linguísticos, da mesma forma na língua de sinais

existem seus léxicos (sinais). Logo, da mesma forma que não só aprendendo a

falar você se comunica efetivamente, em linguagem de sinais também é

preciso que as frases tenham concordância.

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Números de 1 à 10

Alfabeto

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O alfabeto em libras, basicamente, consiste na soletração de letras e numerais

com as mãos. O sistema é usado, apenas, para formar nomes de pessoas,

rótulos, lugares, endereços e vocábulos que se tenha dúvida, ou inexistentes,

na língua de sinais.

Sobre a Língua dos Sinais

A Libras foi produzida nos anos 1800, e um grupo crítico de pessoas surdas

nos Estados Unidos utilizou isso a partir desse ponto. A Libras não é

identificado com o inglês, apesar do fato de obtido do inglês – o mesmo

número de dialetos falados. Libras tem uma organização de palavras que é

única em relação ao inglês, e tem suas próprias figuras de fala, piadas e versos

– tudo irrelevante para o inglês. Indivíduos que reforçam Libras confiam que

qualquer coisa pode ser instruída no Libras, pois é um dialecto guiado por

propriedades.

A comunicação via gestos é externa. Uma pergunta, por exemplo, um homem,

criatura ou coisa, deve ser compreendida por duas reuniões antes que

qualquer dado possa ser marcado sobre o assunto. Algumas pessoas

acreditam que este é o procedimento regular para o dialeto. Numerosos

dialetos dependem desse pensamento – é o verbo da coisa executar o show.

Você deve nomear uma pergunta antes de poder falar sobre isso.

Apesar do fato de que a população surda na América teve muito avanço

através de leis que avançam equilíbrio comum e progressão instrutiva de

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indivíduos surdos, nem todos os estados na América percebem Libras como

um dialeto real.

Quem é o Intérprete: Pessoa que transmite o que foi dito de uma língua (língua

fonte) para outra (língua alvo).

Quem é o Tradutor: Pessoa que traduz de uma língua para outra. Refere-se ao

processo envolvendo pelo menos uma língua escrita. Assim tradutor é aquele

que traduz um texto escrito de uma língua para a outra (seja ela escrita ou

oral).

Intérprete de Língua de Sinais - LIBRAS

O intérprete de Língua de Sinais - LIBRAS é a pessoa que interpreta a

mensagem de uma dada língua para a língua de sinais e vice-versa, sem

perder o seu sentido original.

É importante lembrar que a interpretação entre duas línguas é bidirecional

(como uma via de mão dupla).

O que envolve o ato de interpretar?

• Envolve um ato cognitivo-lingüístico (atenção, percepção, memória,

raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem). Intenções

comunicativas específicas/línguas diferentes.

• Está envolvido na interação comunicativa (Social e Cultural).

• Processa informações dadas na língua fonte e faz escolhas (o tempo todo)

para a língua alvo.

• Desafio: a modalidade e/ou meio de comunicação entre a Língua de Sinais -

LIBRAS e a Língua Oral são muito diferentes (Oral-Auditivo x Sinal-Visual).

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Além disso, o intérprete deve respeitar seu Código de Ética, onde os itens a

seguir são os mais importantes: confiabilidade (sigilo), imparcialidade (neutro),

discrição (limites na atuação), fidelidade (fiel as informações).

Quem é o Intérprete: Pessoa que transmite o que foi dito de uma língua (língua

fonte) para outra (língua alvo).

Quem é o Tradutor: Pessoa que traduz de uma língua para outra. Refere-se ao

processo envolvendo pelo menos uma língua escrita. Assim tradutor é aquele

que traduz um texto escrito de uma língua para a outra (seja ela escrita ou

oral).

O intérprete de Língua de Sinais - LIBRAS é a pessoa que interpreta a

mensagem de uma dada língua para a língua de sinais e vice-versa, sem

perder o seu sentido original.

É importante lembrar que a interpretação entre duas línguas é bidirecional

(como uma via de mão dupla).

O que envolve o ato de interpretar?

• Envolve um ato cognitivo-lingüístico (atenção, percepção, memória,

raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem). Intenções

comunicativas específicas/línguas diferentes.

• Está envolvido na interação comunicativa (Social e Cultural).

• Processa informações dadas na língua fonte e faz escolhas (o tempo todo)

para a língua alvo.

• Desafio: a modalidade e/ou meio de comunicação entre a Língua de Sinais -

LIBRAS e a Língua Oral são muito diferentes (Oral-Auditivo x Sinal-Visual).

Além disso, o intérprete deve respeitar seu Código de Ética, onde os itens a

seguir são os mais importantes: confiabilidade (sigilo), imparcialidade (neutro),

discrição (limites na atuação), fidelidade (fiel as informações).

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O tradutor pode ser metaforicamente representado por um avião. Em se

tratando de uma mesma modalidade linguística, esse avião parte de seu

aeroporto de origem, percorre o trajeto no céu que deve ser orientado por uma

torre de comando para, enfim, chegar à base aérea do outro aeroporto de

destino. No entanto, tratando-se de uma modalidade diferente, esse mesmo

avião parte da mesma base, percorre o mesmo trajeto no céu, mas seu destino

é um porto marítimo. (SEGALA, 2010, p.7)

Na metáfora de Segala (2010), é apresentada a atividade do tradutor, sem

fazer menção à atividade de interpretação. Anater e Passos (2010, p. 209)

apresentam uma definição para o tradutor e, também, para o tradutor intérprete

de LS:

[...] entendido como aquele que busca tornar compreensível o que antes era

ininteligível por meio de um movimento “para além de algo”, “através de”, em

que o pensamento se desloca constantemente entre pontos diferenciados de

partida e de chegada, num fluxo contínuo na tradução. Aproveitamos, também,

outra definição recorrente, a qual concebe o TILS como mediador de conteúdos

sobretudo se ele estiver atuando em sala de aula, local em que sua tarefa é

bastante específica. Nessa posição ele é um “mensageiro” do conhecimento; e

também “elo” ou “ponte” entre duas culturas, responsável pelo acesso à

informação e à compreensão pela pessoa surda daquilo que é dito.

A interpretação entre duas línguas representa um desafio mental. As atividades

neste laboratório foram desenhadas para ajudar o intérprete a:

• Entender os processos envolvidos na interpretação;

• Estar ciente das escolhas linguísticas presentes numa situação interpretativa;

• Tomar decisões intencionais e não automáticas na realização da

interpretação;

• Proporcionar um entendimento da mecânica da interpretação para que o

intérprete possa agir propositalmente e não apenas sendo guiado pela intuição

Vários pesquisadores têm trabalhado bastante para criar modelos da

interpretação que procuram descrever os fatores cognitivos utilizados neste

processo para poder ajudar o intérprete a melhorar o seu desempenho criando

um produto superior. Possivelmente os dois modelos mais importantes foram

criados por Betty Colonomos (The Bicultural Center) e Dennis Cokely

(Northeasetern University). Devemos lembrar de que um modelo é apenas isso:

um modelo. Permitem ao intérprete uma perspectiva sobre o processo que

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acontece física e mentalmente na criação de uma interpretação. Seja qual for a

perspectiva, não devemos considerá-los como teorias opostas senão como

pontos de vista aspectos de um tarefa complexa e desafiadora. Vale o esforço

estudar e compreender os diversos modelos. Para o processo da Análise do

Discurso, é importante anotar os passos básicos na criação da interpretação.

Recebemos informação da fonte. Um participante diz algo, seja em português

ou em libras. A declaração vem de um contexto específico e é vinculada ao

objetivo de quem a falou.

Análise da mensagem original.

O intérprete precisa analisar a declaração do participante para entender o

significado. Para poder fazer isso, o intérprete deve possuir competência

linguística e sócio-cultural para compreender a mensagem.

Determinação da mensagem sem o formato linguístico. Após a análise, o

intérprete deve determinar a mensagem central sem depender das palavras ou

sinais utilizados para criar a original. Este passo fundamental é conhecido

como “dropping form”, ou “soltando a forma da original”. Representa uma

habilidade crítica para o intérprete.

Composição da mensagem interpretada (alvo). O intérprete deve criar um novo

enunciado na língua alvo sem espelhar a estrutura ou forma da mensagem

original.

Monitoramento do processo. Durante o processo, o intérprete deve monitorarse

e observar a reação dos participantes para assegurar compreensão mútua e

que a mensagem está sendo recebida conforme intencionada.

O termo “surdo-mudo” e rejeitado pelos grupos e associacoes de surdos. O

portal da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos explica

que a expressão “tem sua raiz na historia, num tempo muito antigo quando a

pessoa Surda estava condenada a mudez. Ser surdo significava

automaticamente ser mudo, e pior, ser um abandonado, excluido,

desacreditado!”

Basta saber o alfabeto?

De jeito nenhum. O alfabeto manual, também conhecido como alfabeto

datilológico, é muito utilizado para comunicar nomes próprios ou palavras que

ainda não possuem sinal correspondente, mas para uma comunicação efetiva

é preciso aprender muitos outros sinais e estruturas gramaticais. Além de

estudo teórico, aprender Libras, como qualquer língua, requer também muita

prática. Conhecer o alfabeto é apenas o primeiro passo.

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Existem tantos sinais iconicos (que fazem alusão a imagem do que

representam), quanto arbitrarios (que não mantêm semelhança com o que

representam).

Mesmo os sinais iconicos nao sao necessariamente evidentes. Para quem não

conhece a língua, entender uma conversa em Libras, geralmente é bastante

difícil.

É bastante comum a suposição de que todas as línguas de sinais são iguais ou

que se deveria criar uma língua de sinais internacional. Mas assim como cada

país tem seu idioma, tem também sua língua de sinais.

O carater linguistico da lingua de sinais também é reconhecido pela ocorrência

de regionalismos, variacoes locais, sotaques, gírias, da mesma maneira que

ocorre com as linguas orais.

Já se defendeu que a impossibilidade de uma versao escrita da lingua de

sinais confirmaria sua invalidade linguistica. Pois esta suposicao ja foi

contrariada, o SignWriting consiste em um sistema de escrita da lingua de

sinais, criado por Valerie Sutton em 1974, capaz de transcrever linguas de

sinais do mesmo modo que o Alfabeto Fonetico Internacional e capaz em

relação as linguas faladas.

Existem, inclusive, titulos de livros infantis que empregam tanto o portugues,

quanto o SignWriting, alem de recontar historias classicas a partir de

personagens surdos como e o caso de “Rapunzel Surda” e “Cinderela Surda”.

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O educador Paulo Freire já disse que a "leitura do mundo precede a leitura da

palavra". Como ensinar uma língua oral-auditiva para uma pessoa que não

escuta som algum? É bastante improvável que o aprendizado e a comunicação

ocorram satisfatoriamente. Ao contrário do que muito já se defendeu, o

aprendizado da Libras é fundamental para o posterior aprendizado do

português, que é considerado uma segunda língua para a pessoa surda.

Enfim, é importante entender: o aprendizado da Libras não prejudica o

aprendizado do Português.

Pessoas surdas possuem niveis diferentes de compreensao do portugues

escrito, algumas delas com dificuldades que podem inviabilizar o entendimento

e interpretação de um texto. Por isso, nem sempre é suficiente incluir um texto

escrito para promover acessibilidade para surdos.

Estas dificuldades em muito se relacionam com o emprego de metodologias de

ensino inadequadas e ineficientes e que, na maior parte dos casos, excluem a

língua de sinais e os recursos visuais e pedagógicos necessários.

De qualquer maneira, o uso de legendas são importantes, ampliam a

acessibilidade a pelo menos parte da comunidade surda.

Existem muitos "idiomas" de línguas de sinais. No Brasil, temos a Libras -

Língua Brasileira de Sinais. Já pensou que esse método de comunicação

permite, por exemplo, falar de baixo da água? Pense bem, usando a língua dos

sinais você não fica mal educado por falar de boca cheia.

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Aprendeu muitos sinais incríveis, se esforçou ao máximo para decorá-los,

mas simplesmente esqueceu como eram…

Anotou algum sinal que aprendeu, e você mesmo(a) não conseguiu lembrar

como fazer, por exemplo, “Currículo Lattes: mão esquerda espalmada para

fora. Mão direita parece um olhinho com 3 perninhas. Esta faz dois movimentos

para baixo tipo esfregando na frente outra (essa última parte ficou

complicada)”;

Deu um branco na hora de conversar com um surdo ou, pior ainda, enquanto

estava interpretando uma palestra para a Libras;

Estava em uma aula ou palestra, aprendeu um sinal novo ou algum conceito

muito importante em Libras, não tinha como fazer anotações e o conhecimento

se perdeu;

Fez vários vídeos de sinais em Libras, mas não conseguiu achar quando mais

precisava;

Sente que não consegue memorizar os sinais da Libras direito;

Você é professor de Libras ou de surdos e sente que é contraditório fazer seus

planos de aula ou slides da Libras em português;

Ao fazer anotações ou transcrições da Libras no papel teve que escrever em

glosas e nem se lembra mais o jeito certo de fazer a frase. Por exemplo: P-E-

D-R-O H-E-N-R-I-Q-U-E FORMAR FACULDADE JÁ. IX AMAR

CAVALO^LISTRA. TRABALHAR CASA^ESTUDAR. FAZER PAINEL-DE-

MADEIRA-COM-FOTOS-E-RECORTES-DE-JORNALcl MOSTRAR…

Ao fazer transcrições de um vídeo, gastou horas e horas trabalhando no ELAN

(programa de transcrição quase segundo por segundo usando termos chave

em português para fazer a descrição vídeos de textos em Libras);

Já criou muitos sinais em Libras em sala de aula com os alunos. Esqueceu

todos os sinais e no ano seguinte teve que criar tudo de novo.

A Escrita de Sinais (SignWriting) é um sistema de escrita internacional criado

em 1974 pela norte-americana Valerie Sutton.

Ao longo dos anos foi aperfeiçoada e validada linguistas surdos e ouvintes de

todo o mundo.

Atualmente é usada para escrever mais de 62 Línguas de Sinais.

É uma escrita estável e reconhecida pelo comitê do International Organization

for Standardizations (ISO) como escrita das línguas de sinais.

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LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais

A língua de sinais é uma língua natural, ou seja, surgida espontaneamente da

interação entre as pessoas, utilizada por comunidades surdas – os surdos, sua

família e outros que se comunicam com pessoas surdas.

A língua de sinais não se limita a gestos soltos, mímicas, ou a simples

transformação de palavras em gestos: é uma língua à parte, que se diferencia

da língua oral por utilizar um meio gestual-visual-espacial e não oral-auditivo.

A LIBRAS ou Língua Brasileira de Sinais é a língua gestual-visual utilizada

pelos surdos brasileiros, e tem sua origem na língua de sinais francesa. A

língua de sinais não é universal, é como um idioma, cada país tem a sua, por

exemplo, a língua gestual-visual utilizada em Portugal (Língua Gestual

Portuguesa – LGP) possui sinais diferentes da que é utilizada no Brasil. Os

sinais são formados a partir da combinação do movimento com a forma das

mãos juntamente com o ponto no corpo ou no espaço onde são feitos esses

sinais.

É possível que um surdo brasileiro seja fluente em LIBRAS, mas não seja

alfabetizado no Português ou o inverso. Da mesma forma, na LIBRAS também

existem diferenças regionais, portanto, deve-se ter atenção às variações

praticadas em cada unidade da Federação, a exemplo dos sotaques e gírias

que acontecem na língua oral.

Como toda língua natural, a LIBRAS é uma língua complexa, portanto, também

possui níveis linguísticos, tais como a sintaxe (elementos de uma frase e suas

relações de tempo, de concordância etc.) e a semântica (significado das

palavras e símbolos), dentre outros. Isso quer dizer que a LIBRAS é uma

língua completa, os seus sinais, juntamente com expressões corporais e

faciais, expressam os sentidos do pensamento que são captados pela visão e

decodificados a partir dos contextos onde estão sendo utilizados.

Falar com as mãos é combinar elementos para formar as palavras e com estas,

formar as frases em um contexto. Esses elementos, na LIBRAS, são

conhecidos por parâmetros, que se combinam, principalmente com base na

simultaneidade. São eles:

Ponto de articulação - onde o sinal é feito: tocando alguma parte do corpo, ou

em espaço neutro vertical (do meio do corpo à cabeça) e horizontal (à frente do

emissor).

Configuração das mãos - forma das mãos. O sinal pode ser feito pela mão

predominante (direita para destros e esquerda para canhotos), ou pelas duas

mãos. Alguns sinais podem ter a mesma configuração das mãos, mas serem

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produzidos em lugares diferentes do corpo ou espaço neutro. Por exemplo, os

sinais APRENDER, SÁBADO e DESODORANTE- SPRAY têm a mesma

configuração de mão e são realizados em pontos de articulação diferentes:

testa, boca e axila, respectivamente.

Movimento - os sinais podem ter ou não movimento.

Expressão facial / corporal - são extremamente importantes para a

compreensão real dos sinais. Dão a entonação da língua de sinais e

determinam o significado da mensagem.

Orientação / direção - direção da palma da mão na execução do sinal. Por

exemplo, os verbos IR e VIR se opõem em relação à direção, tal como os

verbos SUBIR e DESCER.

Aprender

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A LIBRAS possui, ainda, algumas características que merecem destaque.

São elas: Iconicidade e Arbitrariedade A modalidade gestual-visual-espacial da

LIBRAS leva, muitas vezes, as pessoas a pensarem que todos os sinais são

um “desenho no ar” daquilo a que se referem. É claro que, em função da sua

natureza linguística, a realização de um sinal pode ser motivada pelas

características do dado da realidade que representa, mas isso não é uma

regra. A grande maioria dos sinais da LIBRAS é arbitrária, ou seja, não mantém

relação de semelhança alguma com seu referente. Assim, para ficar claro,

vamos conhecer alguns conceitos:

Iconicidade – sinais icônicos são aqueles em que o gesto reproduz ou faz

alusão à imagem do seu referente. Como exemplo, temos CASA, BORBOLETA

e TELEFONE.

Arbitrariedade – ocorre quando o gesto não faz alusão à imagem do seu

significado. Exemplos: CONVERSAR, PESSOA, PERDOAR.

Convenções da Libras Como toda língua de sinais, a LIBRAS também possui

convenções específicas para seu uso. Essas convenções referem-se a:

Grafia - para simplificar, os sinais em Libras serão apresentados na

línguaportuguesa em letras maiúsculas. Ex.: ESCOLA, PROFESSOR

Datilologia - é o alfabeto manual, utilizado para nomes de pessoas, lugares e

outros que não possuam sinal próprio. É a “soletração”. Será representada por

palavras em maiúsculas com as letras separadas por hífen. Ex.: C-A-R-L-O-S,

H-I-P-O-T-E-C-A

Verbos – são usados no infinitivo. Conjugações e concordâncias são feitas no

espaço. Ex.: CARLOS GOSTAR ESCOLA

Frases - seguirão a estrutura da LIBRAS e não do português. Ex.: VOCÊ

GOSTA ESCOLA? (Você gosta da escola?)

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Pronomes pessoais – são representados pelo sistema de apontação. Em

LIBRAS, apontar é cultural e gramaticalmente correto.

Desinências – em LIBRAS, não há desinência para gênero (masculino e

feminino). Com isso, na língua portuguesa terminam com o símbolo @ para

enfatizar a ideia de ausência e não permitir confusão. Ex.: MENIN@

A LIBRAS é uma das linguagens de sinais existentes no mundo inteiro para a

comunicação entre surdos. Ela tem origem na Linguagem de Sinais Francesa.

As linguagens de sinais não são universais, elas possuem sua própria estrutura

de país pra país e diferem até mesmo de região pra região de um mesmo país,

dependendo da cultura daquele determinado local para construir suas

expressões ou regionalismos.

Para determinar o seu significado, os sinais possuem alguns parâmetros para a

sua formação, como por exemplo a localização das mãos em relação ao corpo,

a expressão facial, a movimentação que se faz ou não na hora de produzir o

sinal, etc.

Para expressar os números ordinais (primeiro, segundo, terceiro, quarto...),

basta fazer os mesmos sinais para os números cardinais, mas tremendo

levemente com a mão.

Os sinais surgem da combinação de movimentos da mão e de pontos de

articulação, que são locais no próprio corpo humano ou no espaço onde os

sinais são feitos também de expressões faciais e corporais. Desta forma, a

Língua Brasileira de Sinais configura um sistema linguístico de transmissão de

ideias e fatos.

Existem algumas particularidades da língua, que facilitam o entendimento,

como o fato dos verbos sempre se apresentarem no modo infinitivo e os

pronomes pessoais não existirem, o que faz com o que o utilizador da língua

sempre aponte a pessoa de quem se fala para ser entendido.

Intérprete

A primeira-dama Michelle Bolsonaro quebrou o protocolo ao discursar na

cerimônia de posse do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Usando a Língua

Brasileira de Sinais (Libras), Michelle falou que "as urnas foram claras": "O

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cidadão brasileiro quer segurança, paz e prosperidade". O discurso foi

traduzido por uma intérprete.

Apesar de sua longa existência, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) ainda é

cercada de desconhecimento e menos popular na sociedade do que deveria.

Mas seu futuro é promissor.

Viver no silêncio não significa que não se tenha muito a comunicar. Assim

como também se tem muito a estudar, ler, se informar, se divertir – enfim, a

fazer qualquer outra atividade comum à maioria das pessoas.

A diferença é que essas atividades são intermediadas por outra língua que não

o português: a Libras, sigla de Língua Brasileira de Sinais.

Desde 2002 (Lei No. 10.436) a Libras é a língua de sinais principal e oficial do

Brasil, dotada de estrutura, expressões idiomáticas, gírias e gramática próprias.

As línguas de sinais, assim como as orais, não são as mesmas no mundo.

Cada país tem a sua própria, sendo a Língua de Sinais Francesa (LSF) a

origem comum entre a maioria das línguas gestuais dos países ocidentais,

entre elas a do Brasil.

A língua de sinais foi trazida para o Brasil em 1855 pelo professor francês

Hernest Huet (1822-1882), que era surdo. Ele mesclou sua experiência na

escola para surdos de Paris com a comunicação de sinais já utilizada no

território brasileiro e criou a Libras.

“A comunicação por sinais não é feita apenas por gesticulação de mãos e

dedos, mas por outras partes do corpo; são sobretudo expressões faciais e a

direção do gesto que formam palavras, frases e diálogos”

Em 1857, com a parceria de dom Pedro II, Huet fundou a primeira escola para

surdos do país, o Imperial Instituto de Surdos-Mudos, no Rio de Janeiro, hoje

Instituto Nacional de Educação dos Surdos (Ines). Essa escola não só oferta

ensino para a população surda, mas também encaminha surdos para o

mercado de trabalho, fomentando pesquisas, promovendo congressos e

embasando políticas públicas na área da surdez.

Mas foi só em 2005 que o decreto 5626 não só reconheceu a atividade

profissional de tradutor-intérprete de língua de sinais, como assegurou direitos

às pessoas surdas nas áreas da educação e da saúde e na valorização e

difusão da Libras – entre eles a garantia de uma educação bilíngue (Libras-

português) de pessoas com deficiência auditiva, incluindo material didático

específico.

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Para Assis, a Lei de Libras foi um marco, não só por reconhecer legalmente a

Libras como meio de expressão e comunicação dos surdos, mas também por

garantir e tornar obrigatório que nos cursos de licenciatura se aprenda a língua

e que se formem cursos de Letras-Libras e Tradução e Interpretação de

Português-Libras. Outro ponto importante na lei foi a determinação de que 5%

dos funcionários de agências e concessionários do serviço público saibam

Libras.

Embora pareça um “atraso brasileiro”, nossa legislação relativa aos surdos e à

língua de sinais é considerada avançada. Nos países ocidentais em geral, a

dedicação, a pesquisa e o estudo sobre essa forma de comunicação são

recentes, em termos históricos. Eles começaram nos anos 1960, nos Estados

Unidos; os debates se espalharam nos anos 1980 e os consequentes avanços

jurídicos se concretizaram por volta dos anos 2000.

Os EUA abrigam em Washington a Universidade Gallaudet, única instituição do

mundo cujo currículo acadêmico foi desenvolvido totalmente para quem se

comunica em língua de sinais. A Gallaudet inspirou o Instituto Federal Bilíngue,

primeiro campus bilíngue do Brasil, em Palhoça (SC), que oferece ensino em

Libras nos níveis médio, de graduação e pós-graduação.

Alguns obstáculos e o curto tempo em vigor ainda não permitem que a lei de

2002 e o decreto de 2005 sejam cumpridos efetivamente. “A educação dos

surdos ainda se depara com falta de formação de professores e demais

profissionais, além de falta de adequação dos conteúdos, que são baseados

em uma visão ‘ouvintista’”

A última edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi um exemplo

do tamanho do distanciamento da sociedade quanto à inserção dos surdos na

educação. O tema proposto, “Desafios para a formação educacional de surdos

no Brasil”, originou críticas por parte de estudantes, que reclamaram da

dificuldade para desenvolver o tema.

Foi um importante marco a escolha dos organizadores por esse tema, pois, ao

expor o desconhecimento, ele pode despertar o interesse pelo assunto e ajudar

a divulgação da luta pela inclusão da comunidade surda. A edição de 2017 do

Enem também foi histórica para essa população, pois foi a primeira vez em que

os surdos puderam realizar a prova em sua primeira língua.

A Língua Brasileira de Sinais, ou LIBRAS, é a língua de modalidade gestual-

visual reconhecida por Lei como meio de comunicação usada pela maioria dos

surdos do Brasil. A Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, coloca LIBRAS no

grupo das línguas do país.

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Tal classificação é possível porque ela preenche os requisitos científicos para

tanto, uma vez que apresenta um funcionamento gramatical e enunciativo

próprio, com suas estruturas sintáticas, semânticas, morfológicas etc.

A língua de sinais não é universal e cada país tem a sua própria, como

acontece com as línguas orais: a língua portuguesa, a língua inglesa, a língua

espanhola, a língua alemã. Vale lembrar que a Libras não é a tradução da

língua portuguesa, ou seja, não se trata de realizar o português sinalizado; a

Libras é uma outra língua com gramática e características próprias.

O português sinalizado foi difundido na década de 1970 pela filosofia do

bimodalismo/comunicação total, cujo objetivo era utilizar os sinais como

ferramentas para o aprendizado da língua majoritária e recurso para o

desenvolvimento da leitura e escrita, não assumindo a língua de sinais como

língua com estrutura gramatical própria e parte de uma cultura surda.

A língua brasileira de sinais possui uma estrutura gramatical própria com todos

os elementos constitutivos da estrutura gramatical presente nas demais línguas

orais. A gramática da Libras não é uma adaptação da gramática da língua

portuguesa. Têm-se níveis linguísticos que também fazem parte da língua de

sinais que são: a fonologia, a morfologia, a sintaxe, a semântica, a pragmática.

Nas línguas orais-auditivas existem as palavras (estruturas mínimas de

significação), e nas línguas de sinais também existem os itens lexicais, que

recebem o nome de sinais. A diferença encontra-se na sua modalidade de

articulação, que é visual-espacial.

Para a comunicação em Libras não basta apenas conhecer os sinais, sendo

fundamental conhecer a sua gramática própria, usada de acordo com o

contexto das expressões pretendidas.

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Os sinais diferenciam-se por parâmetros como as configurações de mão, os

movimentos, os pontos de articulação (locais no espaço ou no corpo onde são

feitos), as orientações de mão e as expressões não manuais, os quais, juntos,

compõem as unidades básicas dessa língua.

Assim, a Libras apresenta-se como um sistema linguístico que permite a

transmissão de ideias e fatos, oriunda de comunidades de pessoas surdas do

Brasil. Como em qualquer língua, também se verificam diferenças regionais,

portanto deve-se ter atenção às variações linguísticas. Então, a Libras

possibilita a expressão de qualquer pensamento, bem como apresentar

diversidade de expressões em quaisquer áreas de estudos, tais como:

literatura e poesia, piadas, filosofia, elementos técnicos, etc.

Destaca-se também que a gramática da língua de sinais pode sofrer variações

a depender do contexto comunicativo: formal, informal, regional e padronizado.

A Libras é, portanto, uma língua utilizada pelos surdos como forma de

comunicação visual-espacial.

Sendo a língua natural das pessoas surdas, a Libras é parte da cultura das

comunidades surdas. São consideradas línguas artificiais aquelas inventadas

por um determinado grupo para um propósito específico, para comunicação

internacional, por exemplo. No caso das línguas de sinais, foi criado o Gestuno,

conhecido como um sistema de sinais internacionais – mencionado em um

Congresso Mundial da Federação Mundial de Surdos em 1951 – e que vem

sendo utilizado em eventos internacionais para facilitar a comunicação entre

surdos de vários países.

Aspectos gramaticais da Libras

A língua brasileira de sinais tem gramática própria. Deve-se o reconhecimento

linguístico das línguas de sinais, como línguas verdadeiras, ao linguista William

Stokoe que, em 1960, comprovou que a língua de sinais atendia a todos os

critérios linguísticos de uma língua genuína.

Dentre os componentes da Libras iniciaremos pelo alfabeto manual. O alfabeto

manual é conhecido também como alfabeto datilológico ou datilologia, com o

qual é possível soletrar 27 diferentes letras (contando também com o grafema

”ç”, que é a configuração de mão da letra C com movimento trêmulo) por meio

da mão.

Não se deve pensar que o alfabeto manual é a língua de sinais, pois ele possui

uma função específica. Na interação entre pessoas usuárias da língua de

sinais, ele é utilizado para soletrar nomes próprios de pessoas ou lugares,

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siglas, elementos técnicos, palavras que ainda não possuem sinais

correspondentes, ou em algumas situações de empréstimo de palavras da

língua portuguesa, lembrando que cada formato de mão corresponde a uma

letra do alfabeto do português brasileiro ou não.

Cada país tem seu próprio alfabeto manual; somente os Estados Unidos e o

Canadá têm alfabetos manuais iguais. No caso dos Países Britânicos, o

alfabeto manual é realizado com as duas mãos. Há também o alfabeto manual

para as pessoas surdas-cegas, também realizado com as duas mãos para

soletrar as palavras, mas nesse caso há a necessidade de pegar na mão do

interlocutor para tatear o sinal.

Uma mesma configuração de mão pode ser usada para representar diferentes

sinais, isso porque à configuração de mão se somam os demais parâmetros

(locação de mão/ponto de articulação, orientação da mão ou expressão não

manual). No exemplo a seguir, temos uma mesma configuração de mão para

diferentes sinais:

EXEMPO DESCULPAR AZAR

a b c

A locação de mão ou ponto de articulação, segundo William Stokoe, é um dos

principais aspectos formacionais da língua de sinais. A locação é a área do

próprio corpo ou espaço neutro em frente ao corpo onde os sinais são

articulados. Para articular um sinal usa-se alguma região do próprio corpo, que

pode ser a cabeça, o tronco, braços, ombros ou mãos, ou ainda um espaço

neutro relativamente distante do corpo. A seguir são apresentados exemplos

em que a configuração de mão é mantida e variam a locação de mão/ponto de

articulação, configurando diferentes sinais.

LARANJA ou SÁBADO APRENDER OUVIR

a b c

a) Laranja ou sábado; b) Aprender; c) Ouvir.

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Percebe-se que essas imagens destacam as oposições criadas pela locação

de mão. Por exemplo, o sinal referente a ”laranja” ou ”sábado” localiza-se na

boca, enquanto o sinal referente a ”aprender” é localizado na testa. O sinal

para “ouvir” localiza-se na orelha direita.

O movimento é outro parâmetro fonológico que envolve diferentes formas e

direções desde os movimentos da mão. As autoras Quadros & Karnopp citam

Klima & Bellugi para descrever o conceito de movimento como um:

[...] parâmetro complexo que pode envolver uma vasta rede de formas e

direções, desde os movimentos internos da mão, os movimentos do pulso, os

movimentos direcionais no espaço (KLIMA & BELLUGI, apud QUADROS &

KARNOPP, 2004, p. 54).

A seguir são mostrados exemplos do parâmetro movimento que cria diferentes

significações na língua de sinais:

TER PECAR FEIO

a b c

a) Ter; b) Pecar; c) Feio.

Essas imagens permitem perceber as oposições de movimento e outras

características. Por exemplo, a configuração de mão do sinal referente a ”ter” é

formada pela letra ”L”, localizada na parte central do peito e possui movimento

direcionado para trás até o contato único com o corpo.

O sinal referente a ”pecar” tem a configuração de mão fechada, localizada no

peito e com movimento e contato duplo no peito. E no último sinal, ”feio”, tem-

se a configuração de mão formada pela letra ”L”, localizada no peito e com o

movimento e contato duplo no peito.

A orientação da palma de mão é um parâmetro secundário, pois não foi

considerado como um parâmetro distintivo no trabalho inicial de Stokoe,

quando ele propôs o esquema linguístico estrutural para a formação dos sinais

em três principais parâmetros: CM, L e M. Contudo, segundo Quadros &

Karnopp (2004), o movimento ligado à direção da palma da mão também

colabora para a determinação do sinal, ou seja, a direção para qual a palma da

mão aponta na produção do sinal pode ser um traço distintivo. A palma da mão

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pode estar orientada para cima, para baixo, para o corpo, para frente, para a

esquerda ou para a direita. Destaca-se que pode acontecer mudança na

orientação de mão durante a execução do movimento de um determinado sinal.

A seguir são apresentados exemplos de sinais com orientação de mãos

diferentes:

a) Um b) Você

c) Eu; d) Essa/esse ou ela/ele.

a) Um; b) Você; c) Eu; d) Essa/esse ou ela/ele.

Como se percebe quando sinalizados os sinais: em ”um”, a orientação de mão

está direcionada para cima; já em “você”, a orientação de mão está direcionada

para frente apontando para o receptor; ou seja, para uma mesma configuração

de mão, mesmo ponto de articulação e mesmo movimento houve alteração

apenas na orientação da palma da mão.

Para o sinal ”eu”, a orientação de mão está direcionada para o emissor; já para

o sinal ”essa/esse ou ela/ele”, a mão está direcionada para o lado esquerdo,

considerando nesse caso que o objeto ou a pessoa a que se refere o sinal está

posicionado nesse lado. Por exemplo, se o objeto ou pessoa está ao lado

direito, então a configuração de mão muda para esse lado, apontando para tal

objeto/pessoa.

As expressões não manuais são os movimentos da face, dos olhos, da cabeça

ou do tronco. Segundo Quadros & Karnopp (2004), as expressões não manuais

prestam-se a dois papéis nas línguas de sinais: a diferenciação de itens

lexicais e a marcação de construções sintáticas.

O primeiro papel marca referências específicas, referências pronominais,

partículas negativas, advérbios, grau ou aspecto. Já o segundo papel marca as

sentenças interrogativas, exclamativas, orações relativas, topicalizações,

concordância e foco. Nós precisamos estar atentos às expressões faciais e

corporais que são feitas simultaneamente com certos sinais ou com toda a

frase. Por exemplo, quando transmite a mensagem afirmativa por meio da

língua de sinais, as sobrancelhas e expressão ficam neutras e a cabeça

movimenta-se para cima e para baixo; quando é interrogativa, as sobrancelhas

são franzidas e um ligeiro movimento da cabeça inclinando-se para cima;

quando é exclamativa, as sobrancelhas estão levantadas e ocorre um ligeiro

movimento da cabeça inclinando-se para cima e para baixo. Quando se trata

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de frase negativa, a negação pode ser feita por meio de três processos na

língua de sinais: primeiramente com o acréscimo do sinal “não” à frase

afirmativa; ou, segundo, com a incorporação de um movimento contrário ao do

sinal negado; ou, terceiro, com um aceno de cabeça que pode ser feito

simultaneamente com a ação que está sendo negada ou juntamente com os

processos acima.

Os ouvintes, acostumados com a oralidade, usam pouco a expressão facial

para comunicação e terão um novo desafio para aprender a utilizá-la na

comunicação em Libras, já que as diferentes expressões faciais são

fundamentais na língua e também para a interação com pessoas surdas.

Portanto, para compreender a gramática de uma língua, é preciso apreender e

estudar as regras de formação e de combinação de seus elementos, e também

perceber os diferentes contextos de uso de determinados sinais para a

formação de frases em Libras. A atenção ao contexto favorece o uso de

expressões faciais e corporais adequadas para melhor inteligibilidade daquilo

que se pretende dizer.

A comunicação humana pode ocorrer de diferentes formas. Nem sempre

recorremos à linguagem verbal (seja ela falada ou sinalizada) para nos

expressarmos. Esse pode ser o caso quando duas pessoas não falam a

mesma língua. Elas vão ter que encontrar outra forma para se comunicar,

como apontar para objetos, fazer desenhos, usar gestos para tentar expressar

suas idéias. Até mesmo falantes de uma mesma língua, em determinadas

situações, podem lançar mão de outros recursos para se fazer entender.

Quando um guarda de trânsito faz um determinado movimento com os braços,

as pessoas são capazes de compreender se devem parar, se podem

prosseguir, se devem retornar, entre outros comandos. As expressões faciais

também fazem parte da comunicação humana. Através delas, podemos revelar

emoções, sentimentos, intenções para nosso interlocutor.

Nível morfológico

São chamadas de marcações não-manuais e acompanham determinadas

estruturas, tendo um escopo bem definido. No nível morfológico, as marcações

nãomanuais estão relacionadas a grau e apresentam escopo sobre o sinal que

está sendo produzido.

Nível da sintaxe

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No nível da sintaxe, as marcações não-manuais são responsáveis por indicar

determinados tipos de construções, como sentenças negativas, interrogativas,

afirmativas, condicionais, relativas, construções com tópico e com foco.

As línguas de sinais distinguem-se das línguas orais porque utilizam-se de um

meio ou canal visual-espacial e não oral auditivo. Assim, articulam-se

espacialmente e são percebidas visualmente, ou seja, usam o espaço e as

dimensões que ele oferece na constituição de seus mecanismos “fonológicos”,

morfológicos, sintáticos e semânticos para veicular significados, os quais são

percebidos pelos seus usuários através das mesmas dimensões espaciais. Daí

o fato de muitas vezes apresentarem formas icônicas, isto é, formas

linguísticas que tentam copiar o referente real em suas características visuais.

Esta iconicidade mais evidentes nas estruturas das línguas de sinais do que

nas orais deve-se a este fato e ao fato de que o espaço parece ser mais

concreto e palpável do que o tempo, dimensão utilizada pelas línguas orais-

auditivas quando constituem suas estruturas através de seqüências sonoras

que basicamente se transmitem temporalmente.

Entretanto, as formas icônicas das línguas de sinais não são universais ou o

retrato fiel da realidade. Cada língua de sinais representa seus refentes, ainda

que de forma icônica, convencionalmente porque cada uma vê os objetos,

seres e eventos representados em seus sinais ou palavras sob uma

determinada ótica ou perspectiva.

Por exemplo, o sinal ÁRVORE em LIBRAS representa o tronco da árvore

através do antebraço e os galhos e as folhas através da mão aberta e do

movimento interno dos seus dedos. Porém, o sinal para o mesmo conceito em

CSL (língua de sinais chinesa) representa apenas o tronco com as duas mãos

semiabertas e os dedos dobrados de forma circular. Em LIBRAS, o sinal

CARRO/DIRIGIR é icônico porque representa o ato de dirigir, porém, é também

convencional porque em outras línguas de sinais não toma necessariamente

este aspecto dos referentes ‘carro’ e ‘ato de dirigir’ como motivação de sua

forma mas sim outros.

O Léxico ou Vocabulário da LIBRAS

O léxico pode ser definido ‘grosso modo’ como o conjunto de palavras de uma

língua. No caso da LIBRAS, as palavras ou itens lexicais são os sinais. Pensa-

se fequentemente que as palavras ou sinais de uma língua de sinais é

constituída a partir do alfabelto manual como por exemplo:

(1) a) C-E-R-T-O b) M-Y-R-N-A c) C-H-O-P-P

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Entretanto, não é este o caso. A soletração manual das letras de uma palavra

em português, como no exemplo (1), é a mera transposição para o espaço,

através das mãos, dos grafemas da palavra da língua oral. Isto é, um meio de

se fazerem empréstimos em LIBRAS. Assim, como temos a palavra “xerox” em

português que é um empréstimo do inglês, os exemplos em (1) ilustram os

inúmeros empréstimos da LIBRAS. (1-a) é a soletração do nome de uma

pessoa, isto é, de um nome próprio em português porque os nomes próprios,

em LIBRAS, são diferentes. Assim, quando uma pessoa quer apresentar

alguém a alguèm, primeiro soletrará seu nome em português (M-Y-R-N-A) e, se

ele tiver um nome em LIBRAS, este será articulado em seguida.

Soletração Digital

C-E-R-T-O

Sinal

CERTO

Agora sim temos uma palavra de LIBRAS. Podemos perceber que ela não

articulada de forma linear como o são as soletrações em (1). Esta palavra ou

sinal tem uma estrutura distinta daquela das soletrações ou das palavras em

português. As palavras, em português, são formadas pela justaposição linear

de seus componentes ou unidades mínimas distintas.

As línguas de sinais são línguas naturais porque, como as línguas orais,

surgiram espontaneamente da interação entre pessoas e porque, devido à sua

estrutura, permitem a expressão de qualquer conceito — descritivo, emotivo,

racional, literal, metafórico, concreto, abstrato—enfim, permitem a expressão

de qualquer significado decorrente da necessidade comunicativa e expressiva

do ser humano. As línguas de sinais são complexas porque dotadas de todos

os mecanismos necessários aos objetivos mencionados, porém, econômicas e

"lógicas" porque servem para atingir todos esses objetivos de forma rápida e

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eficiente e até certo ponto de forma automática. Tratando-se de significados

que demandam operações complexas que devem ser transmitidas prontamente

diante de diferentes situações e contextos, seus usuários terão que se utilizar

dos mecanismos estruturais que elas oferecem de forma apropriada sem ter

que pensar e elaborar longamente sobre como atingir seus objetivos

lingüísticos. As línguas de sinais distinguem-se das línguas orais porque se

utilizam de um meio ou canal visual-espacial e não oral auditivo. Assim,

articulam-se espacialmente e são percebidas visualmente, ou seja, usam o

espaço e as dimensões que ele oferece na constituição de seus mecanismos

"fonológicos", morfológicos, sintáticos c semânticos para veicular significados,

os quais são percebidos pelos seus usuários por meio das mesmas dimensões

espaciais.

Entretanto, as formas icônicas das línguas de sinais não são universais ou o

retrato fiel da realidade. Cada língua de sinais representa seus referentes,

ainda que de forma icônica, convencionalmente, porque cada uma vê os

objetos, seres e eventos representados em seus sinais ou palavras sob uma

determinada ótica ou perspectiva.

Por exemplo, o sinal ARVORE em LIBRAS representa o tronco da árvore

através do antebraço e os galhos e as folhas através da mão aberta e do

movimento interno dos seus dedos. Porém, o sinal para o mesmo conceito em

CSL (língua de sinais chinesa) representa apenas o tronco com as duas mãos

semiabertas e os dedos dobrados de forma circular. Em LIBRAS, o sinal

CARRO/DIRIGIR é icônico porque representa o ato de dirigir, porém é também

convencional, porque em outras línguas de sinais não toma necessariamente

este aspecto dos referentes 'carro' e 'ato de dirigir' como motivação de sua

forma mas sim outros.

CARRO, DIRIGIR

O léxico pode ser definido grosso modo como o conjunto de palavras de uma

língua. No caso da LIBRAS, as palavras ou itens lexicais são os sinais. Pensa-

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se feqüentemente que as palavras ou sinais de uma língua de sinais é

constituída a partir do alfabeto manual como por exemplo:

(l)a) CE-R-T-0 b) M-Y-R-N-A c) C-H-O-P-P

Em LIBRAS, nem sempre os morfemas que formam as palavras são

equivalentes aos do português. Podemos, porém, ilustrar os morfemas da

LIBRAS como se segue:

SENTAR - movimento repetido (marca de nome)

BONITO - expressão facial — (marca de grau aumentativo)

BONITO - expressão facial O (marca de grau diminutivo)

FALAR - 2 mãos e movimentos longos (aspecto continuativo)

PEGAR - Cl:5 Classificador para objetos redondos grandes PEGAR - CI:F

Classificador para objetos pequenos

PODER - movimentos da cabeça (negação): NÃOPODER POSSÍVEL -

movimento inverso das mãos (negação): IMPOSSÍVEL

FALAR SEM-PARAR

FALAR PELOS COTOVELOS

FALAR + aspecto continuativo

Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. ... Diferente de outras linguagens de

sinais de outros países, a LIBRASé considerada como um idioma único, sendo

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mais do que um simples conjunto de sinais da língua portuguesa, já que em

Portugal, há um sistema próprio diferente deste, chamado de Língua Gestual

Portuguesa (LGP).

Muito popular entre profissionais que atuam com pessoas que apresentam

deficiência auditiva, além de também ser muito popular, a Língua Brasileira de

Sinais, mais conhecida como LIBRAS, é essencial para a comunicação destas

pessoas.

Diferente de outras linguagens de sinais de outros países, a LIBRAS é

considerada como um idioma único, sendo mais do que um simples conjunto

de sinais da língua portuguesa, já que em Portugal, há um sistema próprio

diferente deste, chamado de Língua Gestual Portuguesa (LGP).

A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) tem suas origens no Instituto dos

Surdos-Mudos, que atualmente é conhecido como Instituto Nacional da

Educação de Surdos (INES), considerada a primeira escola para surdos do

Brasil.

Este instituto foi fundado em 1857, e realizou estudos diversos para

desenvolver um método de linguagem genuinamente brasileiro, que foi fruto da

mistura entre os métodos brasileiros existentes até então com o estruturado

método francês de linguagem de sinais.

Desta mistura, acabou por surgir o que hoje convencionamos por chamar de

LIBRAS, que é amplamente utilizado em todo o Brasil, ajudando a todos os que

desejam se comunicar.

No entanto, apesar de ter suas origens na segunda metade do século XX, o

fato é que a LIBRAS só veio a encontrar eco no que diz respeito à oficialização

em 1993, quando foi encaminhado o projeto de lei que previa sua

regulamentação.

Fato é que apenas em 2002, mais precisamente no dia 24 de abril, por meio da

Lei de número 10.436, é que a LIBRAS acabou por se tornar o segundo idioma

oficial do Brasil, sendo reconhecida como linguagem nativa para os surdos do

país.

Depois do reconhecimento oficial conquistado em 2002, o fato é que a LIBRAS

acabou por atingir, pouco a pouco, um espaço cada vez mais destacado,

conseguindo ser regulamentada como disciplina curricular em 2005.

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No ano de 2007, outra vitória para LIBRAS foi conquistada, quando ela recebeu

a estrutura de língua, reforçando a ideia de que se trata de uma língua natural,

tendo reconhecidos as suas complexidades e a sua eficácia.

Por fim, no ano de 2010, a profissão de tradutor/interprete de LIBRAS teve sua

situação regulamentada, o que simbolizou mais uma grande conquista para os

deficientes auditivos de todo o Brasil e para a LIBRAS como um todo.

Ao contrário do que muita gente pensa LIBRAS – Linguagem Brasileira de

Sinais – é um idioma, não uma versão em sinais da maltratada Língua

Portuguesa. LIBRAS é o idioma da pessoa surda, todos os surdos possuem a

capacidade natural de se comunicar com as mãos, expressões faciais e

corporais, mesmo que o surdo não frequente uma escola, ele irá desenvolver

uma linguagem de sinais, é a chamada ‘linguagem familiar’.

Em LIBRAS, não há distinção entre letras maúsculas e minúsculas, também

não existe conjugação verbal, é como se fosse uma línguagem ‘resumida’,

quando comparada a língua portuguesa. Por exemplo escrever uma frase em

LIBRAS, é escrever tudo com letras maiúsculas, em português teríamos: ‘você

conhece libras?’, escrevendo a frase em libras, ficará: ‘você conhecer libras?‘.

Não existe para cada conjugação verbal, um sinal diferente, entende-se a frase

pelo contexto, é a mesma coisa quando a gente traduz um texto de um outro

idioma para a língua portuguesa, as vezes a tradução ao pé da letra é algo sem

sentido, e traduzimos pelo contexto. Entretanto existem sinais que idicam

passado, presente e futuro que são usados junto com os verbos, que também

auxiliam na interpretação dos dialogos em libras.

As pessoas surdas não são mudas, raramente um surdo é mudo, não falam,

proque não aprenderam a falar. Nem todos os surdos fazem leitura labial, para

que o surdo aprenda a fazer leitura labial, ele passa por um processo

conhecido por ‘oralização’, antes da ‘popularização’ da LIBRAS no Brasil os

surdos de famílais ricas eram oralizados, ensinar um surdo a fazer leittura labial

requer um fonaudiologo, o que torna esse aprendizado caro para a maioria das

falimlias.

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Como

Para quê

Qual

a) Tipos de frases: Na Libras, a prosódia para os tipos de frases está na

diferenciação das MNMs para cada tipo: interrogativa, exclamativa e negativa,

com suas possíveis combinações (Felipe, 1989; 2008). A forma afirmativa é

neutra, quando não há uma MNM para ênfase afirmativa. A marca de negação

através da MNM é obrigatória para as frases negativas; no entanto, o balançar

da cabeça é opcional e a sua utilização pode caracterizar uma ênfase.

b) Interrogativas – QU: Esse tipo de interrogativa possui sinais manuais

específicos e uma MNM ou combinações de MNM: um elevar das sobrancelhas

concomitantemente a um movimento leve de cabeça para cima; balanços da

cabeça para os lados e um elevar das sobrancelhas concomitantemente com

um movimento leve de cabeça para cima, antecedendo ao sinal manual e que

permanece até o final enunciado.

c) Topicalização: O argumento topicalizado é marcado por um levantar de

sobrancelhas ou também, concomitantemente, por uma inclinação da cabeça

do locutor, seguida de uma pausa.

d) Foco: No enunciado com foco, este ficando em posição inicial, é marcado

através de um movimento de cabeça do locutor.

e) Concordância: Dependendo de tipo de concordância e contexto, há várias

possibilidades de MNM, através dos três articuladores. Assim, a concordância

pode ser marcada através: do movimento da cabeça levemente para cima,

para um lado determinado, para frente ou para trás; das sobrancelhas

levantadas ou abaixadas; dos olhos com diversas expressões e movimentos

direcionados; do nariz enrugado; das bochechas infladas ou contraídas; dos

lábios com formatos específicos e do tronco em várias posições.

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f) Tempo e aspecto verbal: Os tempos presente, futuro e passado, além de

serem expressos sintaticamente por sinais específicos para advérbio de tempo,

podem ser também marcados por uma MNM, em relação ao corpo do

sinalizador, através de uma linha temporal em que o presente seria a posição

neutra, o futuro seria marcado por um movimento do corpo para frente e o

passado pelo movimento do corpo para trás. Os aspectos verbais pontual,

continuativo, durativo, iterativo e distribucional são marcados através da

alteração da raiz Movimento de um sinal ou da frequência desse Movimento.

Essa flexão para aspectualidade, através da alteração na frequência, da

repetição, do alongamento, da tensão ou mudança da velocidade da raiz

Movimento, pode ser coarticulada com uma mudança do ponto de articulação

do verbo e com uma determinada MNM, como baixar e levantar as

sobrancelhas, o movimento dos olhos e a posição da boca.

g) Enunciado que expressa condicional: Esse tipo de enunciado expressa

situações hipotéticas e as MNMs são expressas através da elevação das

sobrancelhas, normalmente coarticulada com a elevação do queixo, levemente

conduzido à frente. O locutor pode coarticular o sinal manual (S-I) concomitante

às MNMs, embora essa sinalização manual seja opcional, já que é gramatical

utilizar apenas as MNMs que diferenciam um enunciado declarativo de um

condicional.

h) Enunciado com oração relativa ou com conectores interfrásticos: Esse tipo

de enunciado também é marcado pela elevação das sobrancelhas ao longo da

oração ou do conector, podendo ter, concomitantemente, um movimento da

cabeça para trás e um movimento específico da parte superior da boca e uma

pausa na sinalização para o encaixamento da informação dentro do enunciado.

Expressões afetivas e gramaticais estão presentes nos enunciados enquanto

prosódia visual. Mas, por essas expressões afetivas representarem estados e

sensações que não estão explícitos na forma léxico-sintática dos enunciados,

esses traços prosódicos podem ser manipuláveis pelos interlocutores que

podem negá-los ou fingir que são ininteligíveis. Essas atitudes consentidas

podem estar relacionadas a uma enunciação em que a polidez e discrição

devem ser mantidas pelos interlocutores ou quando está se exigindo

tacitamente uma atitude autoritária/subserviência, imposição/aceitação

involuntária ou os interlocutores estejam ironizando, desdenhando, entre outras

atitudes discursivas expressas através dessa prosódia visual. Assim, as

expressões face corporais afetivas e gramaticais delimitam o sentido do

enunciado na enunciação.

Uma língua de sinais (português brasileiro) ou língua gestual (português

europeu) é uma língua visual, que surge nas comunidades de

pessoas surdas ou se deriva de outras línguas de sinais. Assim como as

línguas orais-auditivas, uma língua de sinais é considerada

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pela linguísticacomo língua natural, pois atende a todos os critérios linguísticos

como qualquer língua. Por seu canal comunicativo ser diferente das línguas

orais-auditivas, as línguas de sinais são denominadas como línguas de

modalidade visuoespacial.

Os sinais, ou seja, as palavras, são articulados essencialmente pelas mãos e

percebidos através da visão. Em uma língua de sinais, os sinais não

são gestos. Os sinais são símbolos arbitrários, legitimados e convencionados

pelos falantes de uma língua de sinais, assim como as palavras são em uma

língua oral. Por meio de uma língua de sinais, o surdo ou pessoa com

deficiência auditiva têm acesso à informação e à comunicação. Há no mundo

muitas línguas de sinais e em muitos países línguas de sinais têm recebido o

status de língua oficial.

Durante muitos anos, o oralismo, técnica defendida por Alexandre Graham Bell,

foi a única forma aceitável de/para comunicação com as pessoas surdas. O

famoso Congresso de Milão, de 1880, teve um impacto negativo sobre as

línguas de sinais no mundo. Nesse congresso, os presentes, influenciados

pelas ideias de Graham Bell, decidiram pela proibição da língua de sinais como

método de educação de surdos. Assim, a língua falada oralmente foi imposta

às pessoas surdas, e decretou-se, sem fundamentação científica alguma, que

o oralismo deveria constituir a única forma de ensino. Diante disso, as línguas

de sinais por mais de 100 anos foram violentamente proibidas e banidas dos

espaços escolares.

Mesmo com a imposição do Congresso de Milão, as línguas de sinais

resistiram. Com o passar dos anos, muitos linguistas se dedicaram a estudar

diferentes línguas de sinais. O pioneiro foi o linguista americano William

Stokoe, intitulado como o pai da linguística das línguas sinalizadas. Stokoe

(1960) concluiu que as línguas de sinais apresentavam aspectos linguísticos de

uma língua genuína, no léxico, na sintaxe e na sua capacidade de gerar

infinitas sentenças e que deveriam ser pesquisadas e estudadas pela

linguística.

Ao contrário do que muitos acreditam, a língua de sinais não é universal. Assim

como as línguas orais, a variação linguística está presente também nas línguas

de sinais. É grande a variedade de línguas de sinais ao redor do mundo.

Segundo o site Ethnologue: Languages of the World, há mais de 140 línguas

de sinais no mundo. São línguas completas, com a sua

própria gramática e léxico.

Cada país tem a sua, ou até mais de uma, língua de sinais. Tomando como

exemplo alguns países lusófonos, vemos que utilizam diferentes línguas de

sinais: no Brasil existe a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e a Língua de

Sinais Kaapor Brasileira, em Portugal existe a Língua Gestual

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Portuguesa (LGP), em Angola existe a Língua Angolana de Sinais (LAS), em

Moçambique existe a Língua Moçambicana de Sinais (LMS).

Assim como acontece nas línguas faladas oralmente, existem variações

linguísticas dentro da própria língua de sinais, isto

é, regionalismos e/ou sotaques. Essas variações se devem a ligeiras

diferenças culturais e influências diversas no sistema de ensino do país, por

exemplo. Há também outros fatores que favorecem à diversidade e à mudança

linguística, como, por exemplo, a extensão e a descontinuidade territorial e os

contatos com outras línguas. Além disso, deve-se levar em conta que

diferenças culturais são determinantes nos modos de representação do mundo.

Assim, os surdos sentem as mesmas dificuldades que os ouvintes quando

necessitam comunicar com outros que utilizam uma língua diferente.

Há também uma língua de sinais, análoga ao Esperanto, conhecida

como Gestuno. O Gestuno, também conhecido como língua de sinais

internacional, é uma língua artificial e é usada em convenções e competições

internacionais, visando estabelecer uma comunicação internacional.

Não se sabe quando as línguas de sinais se iniciaram. Mas, sua origem

remonta possivelmente à mesma época ou a épocas anteriores àquelas em

que foram sendo desenvolvidas as línguas orais. Uma pista interessante para

esta possibilidade das línguas de sinais terem se desenvolvido primeiro que as

línguas orais é o fato que o bebê humano desenvolve a coordenação motora

dos membros antes de se tornar capaz de coordenar o aparelho

fonoarticulatório. As línguas de sinais são criações espontâneas do ser humano

e se aprimoram exatamente da mesma forma que as línguas orais. Nenhuma

língua é superior ou inferior a outra, cada língua se desenvolve e expande na

medida da necessidade de seus usuários.

É comum aos ouvintes pressupor que as línguas de sinais sejam versões

sinalizadas das línguas orais. Por exemplo, muitos acreditam que a LIBRAS é a

versão sinalizada da língua portuguesa do Brasil; que a Língua de Sinais

Americana é a versão sinalizada da língua inglesa; que a Língua de

Sinais Japonesa é a versão sinalizada da língua japonesa; e assim por diante.

No entanto, embora haja semelhanças ou aspectos comuns entre as línguas de

sinais, devido a um certo contato linguístico, as línguas de sinais são

autónomas, possuem estruturas gramatical própria, não derivam das línguas

orais e possuem peculiaridades que as distinguem umas das outras e das

línguas orais.

A língua de sinais são completas em si mesmas, dispondo de recursos

expressivos suficientes para permitir aos seus usuários expressar-se sobre

qualquer assunto, em qualquer situação, domínio do conhecimento e esfera de

atividade. Por meio de uma língua de sinais é possível criar poesias, contar e

inventar histórias, discutir sobre filosofia, política, assuntos do cotidiano

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etc. Emmanuelle Laborit, atriz surda, afirma no seu livro O Vôo da Gaivota, que

tudo pode ser expressado por meio dos sinais, sem perder nenhum de

conteúdo. Mais importante, ainda: é uma língua adaptada à capacidade de

expressão dos surdos.

A língua de sinais por muito tempo foi considerada uma língua ágrafa.

Entretanto, hoje, segundo Barreto e Barreto (2015), existem vários tipos de

escritas. Os principais sistemas de escrita e de notação criados para registrar

as Línguas de Sinais, segundo os autores são: Notação Mimographie,

publicada em 1822 por Roch-Ambroise Auguste Bébian; Notação Stokoe,

publicado em 1960 por William Stokoe. Seu sistema de notação fonética tinha

como objetivo chamar a atenção dos linguistas, que desconheciam a língua de

sinais, e servir como sistema de transcrição para análise dos sinais; Hamburg

Notation System (HamNoSys), sistema de notação fonética baseada na

notação de Stokoe. Sua primeira versão foi publicada em 1984 pela

Universidade de Hamburgo – Alemanha; Sistema D’Sign, publicada em 1990

por Paul Jouison. O sistema é capaz de transcrever frases inteiras da Língua

de Sinais Francesa; Notação de François Neve, publicado em 1996 por

Fançois Neves e desenvolvido a partir do sistema de Stoke; Sistema de Escrita

das Línguas de Sinais (ELiS), criado em 1997 pela Profa Dra Mariângela

Estelita Barros e posteriormente melhorado em 2008. O ELiS é um sistema de

escrita linear da esquerda para a direita, representados por uma série de

grafemas para representar quatro parâmetros da língua de sinais; Sistema de

Escrita Signwriting, criado em 1974 por Valerie Sutton. Segundo Sutton, o

Signwriting é uma escrita internacional. É o sistema de escrita da língua de

sinais mais utilizado no mundo.

Há também o Sistema de Escrita para Línguas de Sinais (Escrita SEL). O

sistema de escrita foi desenvolvido pela Profa. Dra. Adriana S. C. 'Lessa-de-

Oliveira em 1999 e posteriormente melhorado em 2011. A Escrita SEL foi

desenvolvida para a Libras. Entretanto, segundo a criadora, pode ser utilizado

para escrever outras línguas de sinais. Mas, em alguns casos é necessária

adaptação simples.

Alfabeto dactilológico

a

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b

c

d

A difusão do alfabeto dactilológico, também conhecido como alfabeto manual, a

pressuposição de que esse alfabeto é a própria língua de sinais, que há uma

única língua de sinais e que essa língua é universal. No entanto, o alfabeto

dactilológico é apenas um código de representação das letras alfabéticas, cuja

função é a soletração de palavras das línguas orais, de algum vocábulo da

língua oral que ainda não possua um sinal correspondente na língua de sinais,

etc.

De acordo om o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), o alfabeto

dactilológico usado atualmente no Brasil é um conjunto de 27 formatos, ou

configurações diferentes de uma das mãos, cada configuração correspondendo

a uma letra do alfabeto do português escrito, incluindo o “Ç”. O alfabeto manual

também não é universal. Por ser convencionado, cada língua de sinais possui o

seu alfabeto dactilológico. Há também o alfabeto manual para pessoas surdas-

cegos. Nesse caso, os indivíduos os surdos-cegos precisam pegar na mão de

quem está sinalizando.

É muito aconselhável soletrar devagar, formando as palavras com nitidez.

Entre as palavras soletradas, é melhor fazer uma pausa curta ou mover a mão

direita para o lado esquerdo, como se estivesse empurrando a palavra já

soletrada para o lado. Normalmente o alfabeto manual é utilizado para soletrar

os nomes de pessoas, de lugares, de rótulos, sinais de pontuação, tais

como, vírgulas, ponto final e de interrogação, às vezes, são desenhados no

ar. Preposições e outras classes de palavras de que a língua não dispõe são

inseridas na sinalização por meio da dactilologia, ou do alfabeto manual.

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Línguas de sinais e línguas orais

Ao falarmos em língua de sinais estamos a referir-nos a língua materna/natural

de uma comunidade de surdos, isto é, uma língua de produção manuo-motora

e de recepção visual, com vocabulário e gramática próprios, não dependente

da língua oral, usada pela comunidade surda, que envolve também ouvintes,

tais como familiares de surdos, intérpretes, professores e outros.

Aspectos comuns

Arbitrariedade: As línguas orais são maioritariamente arbitrárias, não se

depreende a palavra simplesmente pelo sua representatividade, mas é

necessário conhecer o seu significado. As palavras e os sinais apresentam

conexões arbitrárias entre a forma e o significado. A iconicidade encontra-se

presente nas línguas de sinais, mais do que nas orais, mas a sua

arbitrariedade continua a ser dominante. Embora, nas línguas de sinais, alguns

sinais sejam totalmente icônicos, é impossível, como nas línguas orais,

depreender o significado da grande maioria dos sinais, apenas pela sua

representação.

Comunidade: As línguas orais têm uma comunidade que as adquirem, como

língua materna, cujo desenvolvimento se faz através de uma comunidade de

origem, passando pela família, a escola e as associações. Todas as línguas

orais têm variações linguísticas. Todas as línguas gestuais possuem estas

mesmas características.

Sistema linguístico: As línguas orais são sistemas regidos por regras. O mesmo

acontece com as línguas de sinais, conforme referenciado por Stokoe (1960).

Produtividade: As línguas orais possuem a características da produtividade e

da recursividade, sendo possível aos seus falantes nativos produzirem e

compreenderem um número infinito de enunciados, mesmo que estes nunca

tenham sido produzidos antes. Acontece o mesmo com as línguas de sinais,

sendo encontradas a criatividade e produtividade nas produções. Podemos

falar diversas coisas de diversas formas a partir das regras de cada língua. Por

exemplo, da LGP, pelos seus gestuantes nativos, parecendo não haver limite

criativo.

Aspectos contrastivos: As línguas orais possuem aspectos contrastivos, isto é,

as unidades fonológicas do sistema de determinada língua estabelecem-se por

oposições contrastivas, ou seja, em pares de palavras, em que a substituição

de uma unidade fonológica (um fonema) por outra altera o significado da

palavra (por exemplo: parra e barra). Acontece o mesmo nas línguas de sinais,

sendo que em vez de unidade fonológica, muda um pequeno aspecto do gesto

(por exemplo, na LGP: método e liberdade).

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Evolução e renovação: As línguas orais modificam-se, como no caso das

palavras que caem em desuso, outras que são adquiridas, a fim de aumentar o

vocabulário e ainda no caso da mudança de significado das palavras. O

mesmo acontece nas línguas de sinais, a fim de responder às necessidades

que a evolução socio-cultural impõe (por exemplo, na LGP, os seis gestos de

"comboio", ou os gestos de "filme").

Aquisição da linguagem:A aquisição de qualquer língua oral é natural, desde

que haja um ambiente propício desde nascença. Na língua de sinais acontece

de igual forma, não tendo o indivíduo surdo que exercer esforço para aprender

uma língua de sinais, ou necessidade de qualquer preparação especial.

Funções da linguagem: As línguas orais podem ser analisadas de acordo com

as suas funções. O mesmo acontece com as línguas de sinais. As funções são:

a função referencial,a emotiva, a conativa, a fática, a metalinguística, e a

poética.

Processamento: Embora usando modalidades de produção e percepção, as

línguas orais e de sinais são processadas na mesma área cerebral, no lado

esquerdo do cérebro.

Características próprias das línguas de sinais

Segundo Chomsky, todas a línguas possuem um sistema de combinação. A

partir de unidades simples, formam-se unidade mais complexas. As frases e

sentenças são formadas a partir de palavras; as palavras são formadas a partir

de unidades menores, morfemas; e os morfemas, são formadas a partir de

fonemas. As línguas de sinais e de sinais se diferem quanto a forma como as

unidade são construídas. Segundo Gesser (2009), enquanto as línguas orais

tendem a organizar as unidades sequencialmente/linearmente; as línguas de

sinais, de uma maneira geral, incorporam as unidades simultaneamente, pois

um signo pode ser articulado com uma mão, e outro com a outra, de forma

simultânea. Além disso, enquanto as mãos sinalizam itens lexicais, as

expressões faciais e corporais fornecem informações discursivas e gramaticais.

Mesmo assim, mesmo nas línguas de sinais, a linearidade está presente em

todos os níveis de análise: do fonológico ao discursivo. Como por exemplo, nos

sinais compostos. Nos sinais compostos, duas unidades preexistentes na

língua se juntam para criar um novo vocábulo. Nesses casos, o sinal é

realizado em uma ordem linear. Não é possível invertê-la.

Embora existam aspectos universais, pelos quais se regem todas as línguas de

sinais, a comunicação visual dos Surdos não é universal. As línguas de sinais

não seguem a ordem e estrutura frásicas das línguas orais.