2018: 110 milhões de toneladas gases, poderá provocar um

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POR CARLOS EUGÉNIO AUGUSTO E VANDA OLIVEIRA Todos os dias, são lançados 110 milhões de toneladas de gases com efeito de estufa para a atmosfera. Os setores industrial, dos transportes e agropecuário são os principais responsáveis. O aquecimento global, provocado pela emissão destes gases, poderá provocar um aumento da temperatura entre 2 e 4°C até ao final do século, o que levará ao degelo polar e à subida do nível do mar , colocando em risco as regiões litorais onde reside grande parte da população. O alerta é dado pelo Prémio Nobel da Paz, Al Gore, no seu mais recente livro, Uma Sequela Inconveniente: Verdade ao Poder (Actual Editora). As alterações climáticas estão também a aumentar a intensidade e a ocorrência de tempestades, tufões e chuvas extremas e a acentuar o desequilíbrio do ecossistema, que, caso não sejam tomadas medidas de proteção, levará à extinção de 25 mil espécies . Num mundo cada vez mais quente e húmido, as doenças tropicais, provocadas por vírus como o zika e o dengue, incubam mais rapidamente e enraízam-se em regiões onde nunca antes haviam prosperado, afirma o autor, indicando que atualmente os dias “extremamente quentes” são quase 150 vezes mais comuns do que há uns meros 30 anos. A boa notícia é que ainda podemos salvar o planeta. “Não é certo que consigamos fazê-lo a tempo de impedir os danos catastróficos que temos de evitar. Porém, é muitíssimo claro que o conseguiremos se acelerarmos o passo da transformação”, afirma Al Gore. Para fazer parte desta “mudança histórica” , encontra nas páginas que se seguem mais de 20 ações, das cerca de 200 presentes no livro Minuto Verde (Casa das Letras) da organização não governamental de ambiente portuguesa Quercus, que pode adotar dentro da sua casa para contribuir para um planeta mais sustentável e que, como explicaram nove especialistas à Prevenir , beneficiarão também a sua saúde. O ano em que vamos salvar o planeta 2018: COLABORAÇÃO E REVISÃO DRA. ANA NI RIBEIRO Nutricionista HUGO VIEIRA PEREIRA Fisiologista do exercício, personal trainer e autor do livro Transforme-se no Seu Personal Trainer (Edições Sílabo) DR. JAIME PINA Médico especialista em Imunoalergologia e Pneumologia e membro da Fundação Portuguesa do Pulmão DRA. JOANA DIAS COELHO Médica dermatologista DR. LUÍS ANTUNES Médico otorrinolaringologista e diretor clínico da CUF Almada DR. LUÍS GOUVEIA ANDRADE Médico oftalmologista no Grupo Lusíadas Saúde DRA. MANUELA COCHITO Médica dermatologista na Clínica Médica Dra. Manuela Cochito e colaboradores DR. MIGUEL FERNANDES Especialista em Bio-habitabilidade e Geobiologia na Habitat Saudável, e co-autor do livro Uma Casa Mais Saudável, Uma Família Mais Feliz (A Esfera dos Livros) DR. RUI NOGUEIRA Presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

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Page 1: 2018: 110 milhões de toneladas gases, poderá provocar um

P O R

C A R L O S E U G É N I O A U G U S T O E V A N D A O L I V E I R A

Todos os dias, são lançados 110 milhões de toneladas de gases com efeito de estufa para a atmosfera.

Os setores industrial, dos transportes e agropecuário são os principais responsáveis. O aquecimento global, provocado pela emissão destes

gases, poderá provocar um aumento da temperatura entre 2 e 4°C até ao final do século, o que levará ao degelo polar e à subida do nível do mar, colocando em risco as regiões litorais onde reside grande parte da população. O alerta

é dado pelo Prémio Nobel da Paz, Al Gore, no seu mais recente livro, Uma Sequela Inconveniente: Verdade ao Poder (Actual Editora). As alterações climáticas estão também a aumentar a intensidade

e a ocorrência de tempestades, tufões e chuvas extremas e a acentuar o desequilíbrio do ecossistema, que, caso

não sejam tomadas medidas de proteção, levará à extinção de 25 mil espécies. Num mundo cada vez mais

quente e húmido, as doenças tropicais, provocadas por vírus como o zika e o dengue, incubam mais rapidamente e enraízam-se em regiões onde nunca antes haviam prosperado, afirma o autor,

indicando que atualmente os dias “extremamente quentes” são quase 150 vezes mais comuns do que há

uns meros 30 anos. A boa notícia é que ainda podemos salvar o planeta. “Não é certo que consigamos fazê-lo a tempo de impedir

os danos catastróficos que temos de evitar. Porém, é muitíssimo claro que o conseguiremos se acelerarmos o passo

da transformação”, afirma Al Gore. Para fazer parte desta “mudança histórica”, encontra nas páginas que se seguem

mais de 20 ações, das cerca de 200 presentes no livro Minuto Verde (Casa das Letras) da organização não governamental de ambiente portuguesa Quercus, que pode adotar dentro da sua casa para contribuir para um planeta mais sustentável

e que, como explicaram nove especialistas à Prevenir, beneficiarão também a sua saúde.

O ano em que vamos salvar

o planeta

2018:

C O L A B O R A Ç Ã O E R E V I S Ã O

DRA. ANA NI RIBEIRO Nutricionista HUGO VIEIRA PEREIRA Fisiologista do exercício, personal trainer e autor do livro Transforme-se no Seu Personal Trainer (Edições Sílabo) DR. JAIME PINA Médico especialista em Imunoalergologia e Pneumologia e membro da Fundação Portuguesa

do Pulmão DRA. JOANA DIAS COELHO Médica dermatologista DR. LUÍS ANTUNES Médico otorrinolaringologista e diretor clínico da CUF Almada DR. LUÍS GOUVEIA ANDRADE Médico oftalmologista no Grupo Lusíadas Saúde

DRA. MANUELA COCHITO Médica dermatologista na Clínica Médica Dra. Manuela Cochito e colaboradores DR. MIGUEL FERNANDES Especialista em Bio-habitabilidade e Geobiologia na Habitat Saudável, e co-autor do livro Uma Casa Mais Saudável,

Uma Família Mais Feliz (A Esfera dos Livros) DR. RUI NOGUEIRA Presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

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JANEIRO 2018 / prevenir 103102 prevenir / JANEIRO 2018

PREFIRA

Os conselhos ambientais da QuercusCom mais de uma década de emissão contínua, a rubrica de sensibilização ambiental da autoria da Quercus, Minuto Verde, na RTP1 é um caso único de longevidade e continuidade em televisão no âmbito da temática ambiental. Recentemente, uma seleção dos mais de 3 mil episódios de 60 segundos já transmitidos, passaram para o papel, tendo sido reunidos num livro com o mesmo nome. Neste artigo, encontra apenas alguns deles que, divisão a divisão, poderá pôr em prática, hoje mesmo, em sua casa.

MINUTO VERDE – OS CONSELHOS AMBIENTAIS DA QUERCUSCasa das Letras€12,90

Cozinha«O plástico representa 60 a 80 por cento do lixo marinho. Pela ação do sol, da água e da oxidação, estes resíduos fragmentam-se lentamente em pedaços minúsculos – os microplásticos – que acabam por entrar na cadeia alimentar», alerta-se no livro Minuto Verde.

«Depois de usado, deve ser sempre depositado num oleão, dentro de uma garrafa bem fechada, e nunca na canalização», lê-se em Minuto Verde. „Faça ainda mais, pela sua saúde «As especiarias e ervas aromáticas dão sabor aos alimentos e permitem evitar e/ou reduzir a adição de óleos», refere Ana Ni Ribeiro, nutricionista. «Pode ainda substituir o óleo por azeite, pois, além da sua composição gorda única, formada por ácidos gordos monoinsaturados, o azeite é rico em polifenóis que contribuem para a proteção de lípidos no sangue contra as oxidações indesejadas», recomenda a especialista.

um litro de óleo alimentar usado pode contaminar um milhão de litros de água

Reduza o consumo de carne vermelhaA indústria pecuária é uma das principais causas do aquecimento global. «Gastam-se oito vezes mais combustíveis fósseis para produzir proteína animal do que vegetal», alerta-se em Minuto Verde. „A sua saúde (também) agradece «Uma redução bem planeada levará à diminuição do risco de desenvolver problemas cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de cancro e proporciona um melhor funcionamento intestinal», afirma Ana Ni Ribeiro. „Faça assim Opte «pelo consumo de carne branca, como frango, coelho ou peru. A carne pode também ser substituída pelo consumo de proteína vegetal como cereais integrais, leguminosas, sementes e oleaginosas», aconselha a nutricionista.

Evite o desperdício alimentarDados oficiais estimam que, «em Portugal, seja deitado no lixo um milhão de toneladas de alimentos por ano», revela o livro Minuto Verde. Ana Ni Ribeiro ensina a transformar “desperdício” em refeições nutritivas:

Casca de batata «Muito rica em fibra,

é ideal para fazer snacks. Basta levar ao forno,

temperando com ervas aromáticas e um fio

de azeite.»

Casca de ananás «Coloque num

processador de alimentos e adicione

gengibre e funcho, ou hortelã, e um pouco

de água. Depois de coar, obtém um sumo

bastante diurético.»

Casca de maçã e pera «Pelo seu alto teor

em fibra, o que torna a fruta mais saciante,

devem ser consumidas depois de bem lavadas.»

Compre os frescos diretamente ao produtorFazer compras no comércio local «por um ano evitaria as emissões de carbono associadas a conduzir 1600 km num automóvel de passageiros», refere Al Gore, no livro Uma Sequela Inconveniente: A Verdade ao Poder.„A sua saúde (também) agradece «Há uma imensa vantagem nutricional em preferir alimentos da época e de produtores locais: os produtos são colhidos no tempo certo e são colocados logo à venda sem necessidade de atravessar o mundo, mantendo os seus níveis de vitaminas e minerais quase inalterados», defende Ana Ni Ribeiro.

Diminua o plástico da sua alimentaçãoSegundo o Fórum Económico Mundial, anualmente são despejados nos oceanos cerca de oito milhões de toneladas de plástico, «o equivalente a despejar neles um camião de lixo por minuto». A manter-se esta tendência, «em 2050, haverá, em peso, mais plástico do que peixes nos mares», lê-se em Minuto Verde. Este cenário é consequência do incorreto encaminhamento dos resíduos e do excesso de uso de descartáveis como talhares ou produtos em cuvetes. „A sua saúde (também) agradece «Alguns produtos de plástico, como as cuvetes, contêm metais pesados, estabilizadores e outras substâncias tóxicas que podem prejudicar a nossa saúde», alerta Ana Ni Ribeiro. «Se optar por produtos a granel, vai fazer uma dupla poupança: compra apenas a quantidade de que necessita e ajuda na sustentabilidade.

alimentos biológicos

A «agricultura orgânica usa

menos 30 a 50 por cento de

energia do que a tradicional», lê-se no livro Uma Sequela

Inconveniente: A Verdade ao Poder,

de Al Gore.„A opinião da nutricionista

«O modo de produção biológico não usa pesticidas ou fertilizantes

químicos, antibióticos, hormonas

de crescimento ou aditivos alimentares

e os alimentos não são

geneticamente modificados.

Como são mais caros, se tiver

de optar, escolha os

vegetais que vai comer crus, e os ovos», aconselha

Ana Ni Ribeiro.

Beba água da rede públicaAo fazê-lo, estará a contribuir para

a redução da «produção

de embalagens e tratamento

de resíduos» e para a redução de custos: «1000 litros custam

menos que uma garrafa de meio litro», sem prejudicar a sua saúde, como pode ler-se em Minuto

Verde: «Dados oficiais garantem que a água

da rede pública em Portugal é de grande

qualidade e isso verifica-se em mais

de 98 por cento dos casos (…); podendo ser

consumida com toda a confiança,

não sendo necessária a utilização de filtros

purificadores».

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JANEIRO 2018 / prevenir 105104 prevenir / JANEIRO 2018

Casa de banho«Cada português consome cerca de 170 litros de água por dia, o equivalente a 35 garrafões», segundo a Quercus, em Minuto Verde. Uma boa parte desse gasto ocorre nesta divisão. Uma utilização inteligente e consciente da água permite-lhe reduzir o consumo e, até, melhorar a saúde da sua pele e cabelo.

Reduzindo o tempo de torneira aberta para cinco

minutos, uma família com quatro elementos poderá

poupar 200 mil litros de água por ano, de acordo com

o livro Minuto Verde.„A sua pele

(também) agradece «Os banhos devem ser rápidos

e não muito quentes, a bem da sua pele e cabelo», afirma

Manuela Cochito, médica dermatologista. Banhos

quentes e prolongados são nefastos para a saúde da pele e cabelo, independentemente

da idade, pois retiram a sua gordura natural. No caso

particular da pele, se se tratar de alguém suscetível

à formação de um eczema atópico, vai desenvolvê-lo seguramente. Mas mesmo

quem tem uma pele normal, os banhos com água acima dos 37-38°C vão ressecar

a pele e obrigar à aplicação de cremes hidratantes», refere.

Não demore mais de cinco minutos

no banho

Devolva as sobras dos medicamentos na farmácia«A recolha e valorização dos medicamentos fora de uso e respetivos resíduos de embalagem garante a proteção dos recursos hídricos e dos solos de possíveis contaminações», pode ler-se em Minuto Verde. Também as radiografias, por conterem prata e terem elevado potencial de contaminação ambiental, «com mais de cinco anos ou sem valor diagnóstico, devem ser entregues nas farmácias para reciclagem», recomenda a Quercus. Consulte as farmácias aderentes em valormed.pt.„A sua saúde agradece Após o prazo de validade, os medicamentos perdem o seu «efeito terapêutico, sendo essa questão mais preocupante num medicamento de toma continuada», alerta Rui Nogueira, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar.

Não deite os cotonetes na sanitaEmbora pareça algo óbvio, ainda há muitas pessoas a fazê-lo: segundo o livro Minuto Verde, os cotonetes são «um dos resíduos de plástico mais encontrados nas praias».„O melhor mesmo é não os utilizar «A sua utilização como veículo de limpeza dos ouvidos pode trazer complicações para a saúde deste órgão», de acordo com Luís Antunes, médico otorrinolaringologista e diretor clínico da CUF Almada, que explica: «O cotonete empurra mais cera para dentro do que remove para fora, o que leva a oclusão do canal auditivo com perda súbita de audição, sendo também responsável por situações de traumatismo com hemorragia e perfuração do tímpano. Caso queira fazer uma limpeza ao ouvido, deve dirigir-se a um otorrinolaringologista».

Prefira cosméticos biológicosNão incluem «ingredientes transgénicos, fragrâncias, corantes sintéticos, derivados do petróleo (como os óleos minerais) e químicos potencialmente tóxicos», segundo o livro Minuto Verde.„O que diz a dermatologista O seu uso é especialmente recomendado no caso de se ter pele mais sensível, pois, de acordo com Joana Dias Coelho, médica dermatologista, «sendo produtos com uma menor percentagem de químicos na sua composição, poderão ter, à partida, menos reatividade cutânea. Ainda assim, não podemos generalizar, dado que hoje existem inúmeros produtos para a pele sensível no mercado do cosmético dito sintético».

Opte por produtos de limpeza ecológicosOs detergentes com selo verde, como o Rótulo Ecológico Europeu, «são alternativas com menor impacte ambiental», pois «recorrem a ingredientes biodegradáveis, de origem vegetal, revelando-se, portanto, menos tóxicos para os recursos hídricos», lê-se em Minuto Verde.„A sua saúde agradece «O uso muito frequente de detergentes, devido aos seus componentes, retira à pele a sua gordura natural e necessária para a própria proteção e pode provocar irritação. Por conterem menos químicos, os detergentes de base ecológica, ou diluídos em água, são menos agressivos para a saúde, menos abrasivos ou tóxicos», afirma Rui Nogueira, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, recomendando: «Para evitar o contacto direto destas substâncias com os olhos, pele e mucosas, utilize máscara e luvas durante o manuseamento».

Poupe água e luzBOM PARA O PLANETA, BOM PARA A SUA CARTEIRA

FONTE: ADAPTADO DE MINUTO VERDE – OS CONSELHOS AMBIENTAIS DA QUERCUS (CASA DAS LETRAS)

v Instale redutores de caudal nas torneiras Permitem reduzir o caudal em cerca de 40 por cento, mas como é adicionado ar ao fluxo de água, a utilização não é penalizada.

v Aproveite a água do chuveiro enquanto ela aquece Se a água demorar dez segundos a aquecer e estiver a correr para dentro de um balde, poupará cerca de dois litros que pode depois utilizar nas descargas do autoclismo, na rega das plantas ou na limpeza do chão.

v Feche a torneira Ao fazê-lo durante rotinas quotidianas, como lavar os dentes e as mãos, obterá uma poupança diária de dez litros de água.

5MIN

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Sala, quarto e escritórioMuito dos materiais presentes nestes espaços podem ser tóxicos e prejudicar a sua saúde.

Não deite o colchão velho no lixoEste e outros

“monstros domésticos" não

devem ser abandonados na rua.

As autarquias asseguram «a recolha gratuita destes fluxos especiais», refere-se

no livro Minuto Verde. „Pela sua saúde

«Mude de colchão assim que detetar que já não é confortável»,

aconselha Rui Nogueira, presidente

Associação Portuguesa

de Medicina Geral e Familiar. Além disso,

«devemos, com frequência, virar

e arejar o colchão, de preferência ao sol,

uma vez por mês, e aspirá-lo

quinzenalmente», ensina o especialista.

Não exagere no tamanho do ecrã da televisão

Sendo este um equipamento que usamos numa base diária, ao

escolher um televisor é importante ter em conta outros parâmetros,

além da eficiência energética, a qual deve ser elevada,

recomenda a Quercus, no livro Minuto Verde. Os televisores com tecnologia LED têm um consumo

mais baixo e os ecrãs mais pequenos consomem menos energia, indica a mesma fonte.

„Os seus olhos (também) agradecem

A proximidade exagerada ao televisor tende a causar cansaço visual e dores de cabeça. «Não existe uma distância ideal, mas, uma vez que os ecrãs tendem

a ser cada vez maiores, use o bom senso», aconselha Luís Gouveia

Andrade, médico oftalmologista.

Aqueça o espaço de forma eficienteAs soluções móveis,

como irradiadores a óleo e termoventiladores, «apresentam um consumo energético bastante

elevado». Os aparelhos de ar condicionado não portáteis são,

em geral, «a opção energética mais eficiente para aquecimento

e arrefecimento», de acordo com a Quercus, no livro Minuto Verde.

„A opinião do especialista: «Bem geridos, os perigos para a saúde destes aparelhos são mínimos.

Para isso há que desinfetar o evaporador de seis em seis meses,

lavar os filtros e secá-los semanal ou quinzenalmente», aconselha Jaime Pina, médico especialista

em Imunoalergologia e Pneumologia, e membro da Fundação Portuguesa do Pulmão.

Ilumine os espaços de forma inteligenteAs lâmpadas LED são hoje «a opção mais eficiente no mercado da iluminação doméstica», lê-se no livro Minuto Verde, onde se explica: «Apesar de [uma lâmpada] LED custar cerca de quatro vezes mais do que [uma de] halogéneo, gasta oito vezes menos».

„Os especialistas em bio-habitabilidade explicam… Para maior bem-estar e eficácia luminosa, adeque a temperatura de cor da lâmpada

(medida em unidades Kelvin) à utilização pretendida: «Espaços destinados a atividade física ou que exijam concentração, tais como escritórios ou

cozinhas, devem ser iluminados por luzes frias e claras (5500 a 6000°K). Já os espaços utilizados antes de dormir, como os quartos, devem ser iluminados por luzes quentes, suaves e amarelas (2000-4000°K)», indicam Marcelina Guimarães e Miguel Fernandes, especialistas em bio-habitabilidade e geobiologia, no livro Uma Casa Mais saudável, Uma Família Mais Feliz (A Esfera dos Livros).

Não deixe os aparelhos em standbyEquipamentos como computadores, boxes ou televisores continuam a consumir energia, mesmo depois de desligados. Ligar estes equipamentos «a tomadas com interruptor é a forma mais eficaz de anular estes consumos», explica-se no livro Minuto Verde.„A sua saúde agradece Além de gastarem energia, os equipamentos mesmo que desligados, por estarem ligados à corrente, emitem campos elétricos alternos de baixa frequência. «Essa exposição, nomeadamente nos espaços de longa permanência como no quarto, pode ser prejudicial à saúde, pois o organismo, enquanto bom condutor de energia, absorve induções elétricas que podem levar a alterações biológicas, podendo provocar tensão eletrocorporal, stresse, dor de cabeça, insónia ou mal- -estar», alerta Miguel Fernandes, especialista em Bio-habitabilidade e Geobiologia na Habitat Saudável.

Areje a casaO ar interior «pode chegar a ter maiores concentrações de poluentes do que o exterior», lê-se no livro Minuto Verde. Vernizes, solventes, equipamentos eletrónicos, alcatifas, mobiliário e ambientadores são alguns dos responsáveis. A «opção por produtos com Rótulo

Ecológico Europeu (…) garante emissões de compostos orgânicos voláteis dez vezes menores face aos produtos

convencionais» e «evitar riscos para a saúde implica assegurar a renovação diária do ar interior, recorrendo de preferência à ventilação natural», segundo a mesma fonte.

„A sua saúde agradece Quando a casa não é bem arejada, «surgem compostos que prejudicam a saúde

como a humidade, os fungos, os ácaros e outras partículas que resultam de ações quotidianas como acender uma vela ou uma lareira, ou quando se utiliza um perfume ou

desinfetante», garante Jaime Pina, especialista em Imunoargologia e Pneumologia e membro da Fundação

Portuguesa do Pulmão. Esse cenário contribui para «o aparecimento de doenças alérgicas e respiratórias,

sobretudo para doentes com tosse crónica alérgica, asma brônquica ou DPOC)», informa o especialista.

„Faça assim «Areje a casa fora das horas de ponta do trânsito para evitar a poluição gerada pela circulação

automóvel. Se tiver alergia ao pólen, faça-o quando essas substâncias estão mais presentes no chão, ou seja, ao

nascer do sol e noite», ensina Jaime Pina.

Reciclepilhas, Lâmpadas e equipamentos«As pilhas e baterias contêm metais pesados que podem acumular-se no ambiente e na cadeia alimentar» se não forem recicladas. Também os equipamentos elétricos e lâmpadas, pelo seu «potencial risco ambiental», devem ser reciclados, como se explica no Minuto Verde.

v EletrãoAqui pode colocar pequenos e grandes eletrodomésticos, equipamentos informáticos e lâmpadas. No site www.amb3e.pt, pode saber qual o eletrão mais próximo de si.v PilhãoAs pilhas e baterias usadas podem ser depositadas aqui. A aplicação móvel Ecopilhas indica-lhe o pilhão mais próximo de si.v DepositrãoAqui pode colocar pequenos e grandes eletrodomésticos, equipamentos informáticos, lâmpadas e pilhas. Pode saber qual o ponto de recolha mais próximo de si em www.erp-recycling.pt.

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Se vai de carro… «O dióxido e o monóxido de carbono que resultam das emissões libertadas para a atmosfera pelos automóveis, principalmente pelos veículos a diesel, provocam inflamação respiratória», sentencia Jaime Pina, especialista em imunoalergologia e pneumologia. A partilha do veículo ajuda a reduzir o número de automóveis que entram diariamente nas cidades. Se está a pensar comprar, saiba que os automóveis elétricos, além «de aproveitarem os excedentes das energias renováveis (eólica e hidráulica), não produzem emissões de gases tóxicos, ajudando assim a reduzir a poluição atmosférica nas cidades», pode ler-se no site da Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos.

Se for a pé ou de bicicleta… Não polui o ambiente e pratica exercício físico.

«Toda a atividade física é benéfica para a saúde e, até a um limite bastante elevado, quanto mais,

melhor», afirma Hugo Vieira Pereira, fisiologista do exercício, referindo um estudo, publicado no

British Medical Journal, que associa a caminhada e a utilização de bicicleta para se deslocar para

o trabalho como atividades que reduzem o risco de doenças cardiovasculares, cancro

e mortalidade prematura.

Se for de transportes públicos… Garante um menor consumo de energia e de emissões poluentes diretas: um autocarro substitui 40 a 50 automóveis; o metropolitano consome 25 por cento menos energia por passageiro e quilómetro que o transporte rodoviário; e o comboio consome duas a cinco vezes menos que o automóvel.

Fora de casaDeslocar-se de forma sustentável é saudávelEstima-se que 50 por cento das viagens de carro dentro das cidades sejam inferiores a três quilómetros e dez por cento sirvam para percorrer menos de 500 metros, de acordo com a Quercus, no livro Minuto Verde.