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1 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13 th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X NEOCONSERVADORISMO PÓS-MODERNO: IMPLICAÇÕES TEÓRICO-POLÍTICAS PARA O FEMINISMO Thaisa Vanessa Costa Oliveira 1 RESUMO: Esse artigo tem como objetivo problematizar os pressupostos teóricos-políticos da pós- modernidade, bem como as implicações ideopolíticas para a organização dos movimentos sociais, particularmente do feminismo. Demarcamos teórica e politicamente nossa perspectiva de análise na esteira do referencial marxista. Assim, analisaremos a pós-modernidade imbricada à atual crise do capital, que se traduz na revitalização do conservadorismo, no irracionalismo e nos processos de reificação constitutivos da sociabilidade capitalista. Concluímos que, para o movimento feminista um dos grandes desafios que se coloca na atualidade é articulá-lo a uma perspectiva radicalmente classista. Somente uma ampla convergência de lutas anticapitalistas, antipatriarcais, antirracistas e a nossa capacidade organizativa de construir estratégias coletivas podem apontar caminhos emancipatórios para construção de uma nova sociabilidade. Palavras-chave: Conservadorismo. Pós-modernidade. Feminismo. I. Introdução Mudanças profundas ocorridas no âmbito da economia, da política, da tecnologia, do social estariam inaugurando uma nova época, um novo ciclo histórico. Análises mais apressadas insistem em afirmar que a modernidade, de fato, chegou ao fim e que vivemos numa nova era: uma era pós- moderna. Para os teóricos dessa perspectiva teórico-política está em curso acontecimentos de ordem inteiramente nova para os quais as análises clássicas não oferecem mais respostas adequadas, pelo contrário, já perderam a validade e são incapazes de responder por essas transformações que se processam contemporaneamente. Há muito que se decreta o fim da modernidade. Segundo Magalhães (2004, p. 61) “desde a década de 30 já se fazia uso do termo pós-moderno no mundo hispânico, pelo menos ‘uma geração antes do seu aparecimento na Inglaterra e nos Estados Unidos’. ” Todavia, o debate sobre a pós- modernidade só ganha amplitude no final da década de 1970 com o lançamento do livro do filosofo francês Jean-François Lyotard, A condição pós-moderna. Embora o conceito de pós-modernidade remonte à primeira metade do século, os tempos “pós-modernos” só se revelam em sua inteireza a partir da crise que o sistema do capital se encontra imerso desde os anos de 1970 e das mudanças operadas pelo capit alismo desde então. “Em resumo, 1 Assistente Social, mestranda em Serviço Social pelo Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Direitos Sociais (PPGSS) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte UERN, Mossoró, Brasil.

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Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),

Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X

NEOCONSERVADORISMO PÓS-MODERNO: IMPLICAÇÕES TEÓRICO-POLÍTICAS

PARA O FEMINISMO

Thaisa Vanessa Costa Oliveira1

RESUMO:

Esse artigo tem como objetivo problematizar os pressupostos teóricos-políticos da pós-

modernidade, bem como as implicações ideopolíticas para a organização dos movimentos sociais,

particularmente do feminismo. Demarcamos teórica e politicamente nossa perspectiva de análise na

esteira do referencial marxista. Assim, analisaremos a pós-modernidade imbricada à atual crise do

capital, que se traduz na revitalização do conservadorismo, no irracionalismo e nos processos de

reificação constitutivos da sociabilidade capitalista. Concluímos que, para o movimento feminista

um dos grandes desafios que se coloca na atualidade é articulá-lo a uma perspectiva radicalmente

classista. Somente uma ampla convergência de lutas anticapitalistas, antipatriarcais, antirracistas e a

nossa capacidade organizativa de construir estratégias coletivas podem apontar caminhos

emancipatórios para construção de uma nova sociabilidade.

Palavras-chave: Conservadorismo. Pós-modernidade. Feminismo.

I. Introdução

Mudanças profundas ocorridas no âmbito da economia, da política, da tecnologia, do social

estariam inaugurando uma nova época, um novo ciclo histórico. Análises mais apressadas insistem

em afirmar que a modernidade, de fato, chegou ao fim e que vivemos numa nova era: uma era pós-

moderna. Para os teóricos dessa perspectiva teórico-política está em curso acontecimentos de

ordem inteiramente nova para os quais as análises clássicas não oferecem mais respostas adequadas,

pelo contrário, já perderam a validade e são incapazes de responder por essas transformações que se

processam contemporaneamente.

Há muito que se decreta o fim da modernidade. Segundo Magalhães (2004, p. 61) “desde a

década de 30 já se fazia uso do termo pós-moderno no mundo hispânico, pelo menos ‘uma geração

antes do seu aparecimento na Inglaterra e nos Estados Unidos’. ” Todavia, o debate sobre a pós-

modernidade só ganha amplitude no final da década de 1970 com o lançamento do livro do filosofo

francês Jean-François Lyotard, A condição pós-moderna.

Embora o conceito de pós-modernidade remonte à primeira metade do século, os tempos

“pós-modernos” só se revelam em sua inteireza a partir da crise que o sistema do capital se encontra

imerso desde os anos de 1970 e das mudanças operadas pelo capitalismo desde então. “Em resumo,

1 Assistente Social, mestranda em Serviço Social pelo Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Direitos Sociais

(PPGSS) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN, Mossoró, Brasil.

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a pós-modernidade é um fenômeno próprio da mundialização do capital, cuja gênese teórica não

nova, mas somente agora se mostrou capaz de plena realização” (MAGALHÃES, 2004, p. 63).

Nesse sentido, analisaremos a pós-modernidade imbricada à atual crise capitalista, supondo

sua inserção em um processo sócio-histórico movido por um conjunto de determinações estruturais,

que incluem fatores econômicos, político, sociais, culturais e pela luta de classes, própria da

sociabilidade burguesa.

Portanto, demarcamos teórica e politicamente nossa perspectiva de análise na esteira do

referencial crítico marxista, por compreendermos que se trata da teoria/método mais fidedigno de

apreensão do movimento dialético do real e que permite apreender os processos que se desdobram

atualmente dentro de uma perspectiva de totalidade e que supere a superficialidade aparente dos

fenômenos. Nesse sentido, o pensamento marxiano e do próprio marxismo como teoria e como

práxis política nunca foi tão atual em tempos de crise do capital, irracionalismo e pós-modernidade.

II. O fim da modernidade: a retórica pós-moderna

O marco inaugural da modernidade está representado pelo Iluminismo2, que calcou o seu

projeto na ideia de que a razão é o instrumento indispensável para a autodeterminação do homem, e

por meio dela a humanidade poderia se emancipar e exercer a liberdade (EVANGELISTA, 1992).

A crítica feita à modernidade pelos ideólogos da pós-modernidade, vem sendo dirigida ao

conjunto de sua racionalidade e a consequente negação daqueles que são considerados seus ideais

mais caros: história, sujeito, revolução, humanidade, progresso, ciência, verdade. Nesse sentido,

segundo Santos (2007, p. 32) “o capitalismo já algum tempo vem tentando se ver livre do projeto

civilizatório da modernidade devido a sua incompatibilidade histórica cada vez mais evidentes com

os valores centrais constitutivos desse projeto.”

O projeto do Iluminismo teve como conquista civilizatória fundamental o “desencantamento

do mundo” a partir da progressiva substituição do teocentrismo medieval pela centralidade do

homem, isto é, pela centralidade da razão e do humanismo. Até então, predominava a visão mística

e sobrenatural do mundo, própria da Idade Média, fomentada pela Igreja e pela nobreza feudal.

2 Linha filosófica caracterizada pelo empenho em estender a razão como crítica e guia a todos os campos da experiência

humana. O Iluminismo compreende três aspectos diferentes e conexos: 1º extensão da crítica a todo e qualquer crença e

conhecimento, sem exceção; 2º realização de um conhecimento que, por estar aberto à crítica, inclua e organize os

instrumentos para sua própria correção; uso efetivo, em todos os campos, do conhecimento assim atingido, com o fim

de melhorar a vida priva e social dos homens (ABBAGNANO, 2011, p. 534-535).

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A ascensão da burguesia, aliada a necessidade prática de impor uma nova visão de mundo e

se desvencilhar das amarras feudais que se constituíam em entraves ao desenvolvimento do

capitalismo, exigiu que a burguesia assumisse um papel altamente revolucionário no processo de

sepultamento da ordem feudal. Como apontam Marx e Engels no Manifesto do Partido Comunista

(...) os meios de produção e de circulação, sobre os quais a burguesia se apoia,

formaram-se na sociedade feudal. Em uma certa etapa do desenvolvimento desses

meios de produção e de circulação, as forças produtivas não encontram mais

correspondência com as relações com as quais a sociedade feudal produzia e

trocava, com a organização feudal da agricultura e da manufatura, em suma, com

as relações de propriedade. Estas obstruíram a produção em vez de incentivá-la,

transformando-se em outras tantas amarras que a paralisavam. Elas precisavam ser

destroçadas e foram destroçadas (2008, p. 16-17).

Portanto, as modificações que ocorreram na transição do antigo regime para o capitalismo

foram, sem dúvida, a negação de toda a ordem política, econômica, social e ideológica precedente

(MAGALHÃES, 2004).

O papel revolucionário assumido pela burguesia, que tem seu apogeu no processo

revolucionário francês em 1789 na luta contra o absolutismo feudal, se expressava principalmente

nos valores que a burguesia era portadora nesse momento: “a afirmação da universalidade,

individualidade e da autonomia como pilares de sustentação dessa consciência revolucionária”,

conforme Santos (2007, p. 33). Ao conquistar a hegemonia político-econômica a burguesia passa a

negar esses valores, assumindo um caráter profundamente conservador.

Isso significa dizer que o projeto da modernidade foi útil à burguesia enquanto seus

interesses ainda eram expressões universais. A partir do momento que se

transmutaram, evidenciando seu projeto particular de classe dominante, a

modernidade e seu desenvolvimento em direção à emancipação humana e à razão

dialética passam a representar uma ameaça. (SANTOS, 2007, p. 34).

Com a conjuntura revolucionária que emerge em 1848 se encerra o ciclo progressista da

classe burguesa. A Revolução de 1848 traz à tona o caráter antagônico dos interesses das classes

sociais num processo que estaria excluída qualquer colaboração de classes. Se explicita as

limitações do projeto burguês e impossibilidade de realização nesse horizonte político os interesses

de toda a humanidade. Uma das resultantes desse processo revolucionário foi a passagem do

proletariado da condição de classe em si para classe para si.

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A moderna sociedade burguesa não aboliu as contradições de classe, ela apenas colocou

novas classes, novas condições de opressão e novas formas de luta no lugar das antigas. Toda

sociedade se divide em duas classes diretamente opostas: a burguesia e o proletariado (MARX;

ENGELS, 2008). Os primeiros se constituem os proprietários dos meios de produção e da riqueza

socialmente produzida através da exploração do trabalho e da extração de mais-valia. Os

proletários, possuidores apenas de sua força de trabalho, são forçados a vende-la no mercado em

troca de um salário e se constituem numa mercadoria como outra qualquer.

A era moderna inaugurou, portanto, conforme Santos (2002) uma nova forma de organizar o

processo de produção e reprodução social, evidenciando a presença do capital na direção do

conjunto da sociedade. Desse modo, a ascensão da burguesia como classe dominante, a questão da

liberdade individual, da igualdade dos indivíduos (do ponto de vista jurídico-formal), da

constituição do Estado moderno e da soberania popular são instituídas como essenciais ao novo

formato societário. Esses aspectos sintetizam um verdadeiro divisor de águas entre as sociedades

tradicionais e a sociedade moderna burguesa.

III. “Crise do marxismo” e neoconservadorismo pós-moderno

A crescente complexificação do capitalismo em sua fase tardia, o fim das experiências

socialistas do Leste Europeu, a adesão da antiga União Soviética à economia de mercado tem

contribuído para um questionamento implacável do marxismo como teoria e práxis política. Para os

críticos da modernidade a realidade atual defronta-se com uma série de transformações econômicas,

políticas, culturais, tecnológicas incapazes de serem captadas pelo referencial marxista. Seria

necessário buscar novos referenciais de análise aos problemas colocados pelo mundo

contemporâneo. Essa busca, todavia, tem apontado para perspectivas cada vez mais irracionalistas,

totalmente descoladas da realidade concreta e de seu conteúdo sócio-histórico.

Para alguns círculos de intelectuais, as Ciências Sociais estariam atravessando uma suposta

“crise de paradigmas. ” As grandes teorias sociais ou metanarrativas que alicerçaram seu paradigma

sob a influência da modernidade, da razão e do progresso civilizatório da humanidade, estariam

agora diante de uma crise sem precedentes que demonstraria justamente a incapacidade e

insuficiência dessas teorias em explicar os fenômenos sociais nas sociedades contemporâneas.

Assim, seria necessário a elaboração de um novo paradigma que desse conta dessa nova realidade.

É a partir dessa premissa que se localiza a crítica feita ao marxismo.

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Conforme Wood (1999, p. 10) segundo os teóricos dessa vertente “vivemos uma época ‘pós-

moderna’ que o projeto do iluminismo está morto, que todas as antigas verdades e ideologias

perderam a relevância e que os velhos princípios de racionalidade não mais se aplicam”. A pós-

modernidade proclama o fim da modernidade e que todas as expectativas históricas que

caracterizam a cultura ocidental perderam a relevância, entre elas a razão e a liberdade.

“Sabe-se que o pensamento que se chama pós-moderno está longe de ser algo homogêneo.

Mas não seria irrazoável afirmar que o abandono das categorias de totalidade e da essência está

entre as características comuns a todas as formas desse pensamento” (TONET, 2005, p. 8). Ao

invés disso, o construto pós-moderno centra suas análises na valorização do fragmentário, do

microscópico, do singular, do efêmero, do imaginário, do subjetivo.

A realidade, para a perspectiva pós-moderna, deixou de ser a referência para a produção do

conhecimento. O simbólico, a imagem, os discursos, as representações, passaram a ocupar a

centralidade em detrimento da realidade objetiva. A possibilidade de conhecer os processos

histórico-sociais numa perspectiva de totalidade vem sendo substituída pela apreensão fragmentada,

aparente e ahistórica da realidade.

Se é impossível a descoberta de um sentido no processo histórico-social, que possa

ser racionalmente apreendido, instaura-se o império da incognoscibilidade com a

relativização de todo o conhecimento, permitindo uma multiplicidade inesgotável

de interpretações, todas válidas. A realidade teria como característica essencial o

seu caráter fragmentário, que impede qualquer possibilidade de síntese ou

totalização, que apreenda o real (EVANGELISTA, 1992, p. 31).

Não se trata mais de apreender a realidade por meio de suas macroestruturas, mas a partir de

suas singularidades e especificidades. O próprio real não pode ser explicado e entendido em sua

totalidade, podendo, apenas, as suas partes derem descritas de forma fragmentada e isolada, sem

nenhuma relação com as determinações estruturantes dessa realidade.

Os defensores da pós-modernidade advogam pela “crise do marxismo”, identificando-a pela

suposta defasagem entre suas teses constitutivas e a realidade concreta: o fim das experiências

históricas de construção do socialismo, a fragilização da organização operária, o gradativo

abandono de algumas parcelas da esquerda de suas utopias revolucionárias para assumir uma

postura de defesa de reformas sociais. Segundo Barroco (2011) trata-se de condições favoráveis à

desqualificação da política, facilitadas por inúmeros fatores históricos, especialmente das determi-

nações que incidiram sobre as possibilidades concretas de organização política das classes

trabalhadoras.

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As manifestações dessa teoria pós-moderna imprimem tendências particulares que se

traduzem na positividade e na revitalização do conservadorismo, os quais representam a “lógica

cultural do capitalismo tardio” e que estão profundamente imbricados à atual crise capitalista.

Em sua função ideológica, como analisa Barroco (2015), o conservadorismo reproduz um

modo de ser fundado em valores historicamente preservados pela tradição, pelos costumes, pela

cultura. Sua difusão é facilitada pela reificação, que, no capitalismo tardio, invade todas as

dimensões da vida social, obscurecendo suas determinações, e pelo irracionalismo, que dissemina o

pessimismo, o anti-humanismo, o individualismo e desvaloriza a verdade objetiva, dissimulando as

contradições sociais e naturalizando-as.

Quando o fragmentário, o microcosmo e o factual, que abundam na cotidianidade não são

vistos como produzidos pela reificação das relações sociais no capitalismo, instala-se a irrazão. O

mediato foge, portanto, à percepção da consciência, restando apenas, exclusiva ou principalmente, o

imediato. Essa é no geral a origem do irracionalismo contemporâneo (EVANGELISTA, 1992).

No universo pós-moderno as raízes desse irracionalismo remontam ao pensamento político

liberal do século XVII, rebatizado modernamente de neoliberalismo3. Como bem sintetiza Barroco

O pensamento dominante no capitalismo contemporâneo, a ideologia neoliberal e

seu subproduto, a ideologia pós-moderna, exerce a função social de justificação das

transformações operadas na vida social pela ofensiva do capital. É dessa forma que

a insegurança, a instabilidade e a fragmentação são disseminadas como

componentes ontológicos constitutivos de uma etapa histórica intransponível: a

“era pós-moderna” (2011, p. 206).

Como consequência dessa reação restauradora, o irracionalismo e o subjetivismo que

predominam na filosofia pós-moderna são produtos de uma reorientação teórica adotada pelo

pensamento (neo) liberal na sua leitura sobre a racionalidade humana (MAGALHAES, 2004).

Entretanto, esse irracionalismo não se restringe a uma corrente de pensamento, embora o

campo da pós-modernidade tenha se destacado, pelo teor claramente irracional de suas análises.

Toda essa nova quadra histórica que reatualiza tradições irracionalistas e que tem posto em cheque

a modernidade, deriva de uma concepção de mundo que tem na “atomização do indivíduo” sua

3 O neoliberalismo é em primeiro lugar uma teoria das práticas político-econômicas que propõe que o bem-estar

humano é condicionado as liberdades e capacidades empreendedoras individuais no âmbito de uma estrutura

institucional caracterizada por sólidos direitos a propriedade privada, livre mercados e livre comércio (HARVEY, 2013,

p.12).

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razão de ser. O homem fragmentado, exilado de sua condição de ser social, estranhado de si e

consequentemente, de todo gênero humano.

Numa conjuntura profundamente desfavorável onde o capital engendra os mais perversos

processos de barbarização da vida social, uma espécie de desencanto universal toma conta do

mundo com fortes apelos às saídas individuais, fomentada pela apologética capitalista de que

chegamos ao “fim da história” e que não há alternativas.

Apesar da repetição insistente desse discurso, isso de modo algum significa o triunfo do

capitalismo ou aceitação passiva dos sujeitos às mais variadas formas de exploração e opressão

engendradas pelo capital. A direção em que se dará esse desfecho está permanentemente em disputa

pela dinâmica da luta de classes própria da sociedade capitalista.

IV. Implicações teórico-políticas para o feminismo

O atual contexto de crise, bem como as transformações contemporâneas engendradas pelo

capital se constituem como resultantes de medidas encontradas pelo próprio sistema para enfrentar e

se recuperar das crises que lhe são constitutivas. O cenário atual de mundialização do capital,

financialização da economia, reestruturação da produção e neoliberalismo, vão revelar, em alguma

medida, transformações sócio-políticas que remetem ao reordenamento do capital e elevação das

taxas de lucro, abaladas mais uma vez pelas suas crises cíclicas.

Segundo Harvey (2013) devemos interpretar a neoliberalização como um projeto político de

restabelecimento das condições de acumulação do capital e de restauração do poder das elites

econômicas. Essas transformações atingem frontalmente a classe trabalhadora, gerando

desemprego, subempregos, miséria, perda de direitos, políticas sociais focalizadas e fragmentadas,

acirramento das contradições sociais, recrudescimento da violência.

Além destes processos que podem ser destacados no plano da macropolítica, também, são

acionados mecanismos de dominação, na formação de consensos, na massificação da ideologia

dominante e na fabricação de irracionalismos.

No campo do feminismo temos o surgimento de novas “tendências”, entre elas as que de

denominam “pós-feministas”, que ganham espaço não só no campo das análises, mas que se

infiltram nas concepções teóricos-políticas, na programática e nas formas de organização.

O feminismo “pós-feminista” seria tributário da pós-modernidade, representando uma

ruptura com os velhos paradigmas que orientavam as teorias feministas, principalmente aquelas que

faziam suas análises dentro de uma perspectiva de totalidade, estabelecendo mediações entre

objetividade e subjetividade, entre sociabilidade e individualidade, universalidade e particularidade.

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Questiona e desconstrói os conceitos relacionados ao sexo, gênero e sexualidade. Aqui não se fala

em mulheres, mas na construção/desconstrução de identidades. A partir dessa perspectiva de

análises não existem mais identidades coletivas, mas uma fluidez permanente na construção da

identidade do sujeito. Nesse subjetivismo é impossível situar quem é esse sujeito, de onde ele fala, a

que classe pertence.

Segundo Montaño e Duriguetto (2011) o entendimento das postulações teóricas e políticas

pós-modernas apenas pode se desvelado quando referido à crise do capital e da sua ofensiva, que

tem na acumulação flexível e no projeto neoliberal sua base material e ideológica. Esse construto

teórico-político é altamente funcional por abandonar a crítica teórica e a ação política contra o

capitalismo, propondo o protagonismo da ação de grupos em microespaços, inócuos para a

superação dos fundamentos capitalistas das opressões sociais, cujas manifestações propõem-se a

combater.

As análises pós-modernas sugerem que a visibilidade política dos “novos movimentos

sociais” (entre os quais destacamos o movimento feminista, estudantil, homossexual, negro,

ecológico, pacifista, entre outros) teriam deslocado para um segundo plano o “velho movimento

operário. ”

A “velha política foi substituída pela “nova política”. Esses “novos” movimentos

sociais atacaram o “ponto fixo da política”, cristalizado em instituições políticas

bem delimitadas e que gravitava, exclusivamente, em torno do Estado. A estratégia

de “tomada do poder” caducou e cedeu lugar à “contestação imediata e cotidiana

de cada relação de dominação” (EVANGELISTA, 1992, p. 16).

Essa onda irracionalista toma corpo com as reflexões em torno do Maio Francês e se

caracteriza resumidamente pela “desreferencialização do real”, pela dessubstancialização do

sujeito” (EVANGELISTA, 1992) A realidade objetiva deixou deixa de ser a referência para a

produção do conhecimento e a apreensão da realidade. Não há real e muito menos sentido nesse

real. A realidade é uma série de acontecimentos aleatórios, sem sentido. Ainda segundo Evangelista

(1992, p. 35) “é justamente por esse desprezo pela dimensão ontológica do real, que as análises pós-

modernas não conseguem ultrapassar a superficialidade aparente dos fenômenos societários. ”

Para os ideólogos da filosofia pós-moderna vivemos uma época marcada pelo

“descentramento da política”, que se caracteriza pelo surgimento de “novos sujeitos sociais”, com

igual capacidade de engendrar processos de mudança da realidade, negando a existência de um

sujeito revolucionário e da importância que as classes sociais assumem na sociedade capitalista.

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Vem prevalecendo nessa perspectiva teórico-política elaborações construídas a partir de

eixos culturalistas, relativos aos processos de construção de identidades. A centralidade dessas

questões expressa uma clara rejeição das abordagens totalizantes, a exemplo do marxismo, como

aponta Montano e Duriguetto (2011). A tônica que orienta esse discurso é uma abordagem que

desestoriciza o sujeito, cindindo as identidades das determinações estruturantes da realidade social.

O que na verdade está em curso é uma clara investida ideológica de tentar descartar a noção de

classe social pela noção de identidades, de mascarar as desigualdades sociais e manter inalteradas as

bases que lhe dão sustentação.

Como aponta Evangelista (1992, p. 34) “é necessário pensar, teoricamente esses ‘novos

movimentos sociais’, que se multiplicam na sociedade contemporânea. Todavia não podemos toma-

los como significantes em si mesmos, mas exatamente como complexificação processada no ser

social do mundo do capital. ”

Isso não significa desconsiderar a importância dessas lutas. Elas são absolutamente

necessárias e se constituem como mediação política estratégica no plano da emancipação política e

da formação de uma consciência revolucionária para a superação da ordem burguesa. Todavia,

como aponta Gurgel (2011) essa compreensão reafirma a necessidade histórica da continuidade de

auto-organização das mulheres no processo da luta anticapitalista, antipatriarcal e antirracista. O

desafio é se constituir um campo político no qual a luta pela igualdade entre os sexos e a ruptura

radical com as estruturas do capitalismo caminhem com a mesma intensidade e força política no

interior do projeto libertário.

O horizonte estratégico dessas lutas, mesmo levando em conta as singularidades e

particularidades dos sujeitos, precisam ter a clara compreensão que somente uma transformação

profunda e estrutural das relações sociais (por isso a dimensão sexo e da “raça” /etnia devem estar

necessariamente consubstanciados à dimensão da classe) podem apontar caminhos emancipatórios

para a construção de uma outra sociabilidade.

Os limites situam-se na ocorrência de lutas de natureza específica com pouca ou nenhuma

consciência de classe e sem articulação com lutas de caráter radicalmente emancipatório. Sendo

assim, a vinculação a uma perspectiva anticapitalista, antipatriarcal e antirracista permitiria o ataque

simultâneo de todas as opressões, apontando para uma radicalização da consciência de classe e

articulação de todos os sujeitos sociais que lutam contra os processos de dominação-exploração.

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Portanto, é de fundamental importância articularmos o feminismo a um projeto de sociedade

que ultrapasse não só as desigualdades entre os sexos, mas que a igualdade substantiva se constitua

como princípio ontológico.

Considerações finais

De acordo com o construto pós-moderno o marxismo não teria mais nada a nos dizer sobre o

mundo, seria uma fonte datada e já há muito ultrapassada, incapaz de permitir apreensão dos

fenômenos que se processam contemporaneamente. Declara-se a caducidade dos “velhos

esquemas” interpretativos e proclama-se a necessidade de elaboração de “novos paradigmas” de

análise dos processos sociais e do conhecimento da realidade.

Não há dúvidas que profundas mudanças se operam nas últimas décadas do século XX,

todavia não há elementos de realidade que apontem o deslocamento da modernidade, menos ainda

que atestem a superação do capitalismo, pois este permanece ordenando a produção e reprodução da

vida social. Trata-se de alterações certamente intensas, mas que se processaram no interior do

próprio capitalismo, sem modificações materiais no conteúdo da economia, que permanece

capitalista em sua essência. A produção de riqueza social e a reprodução simultânea de pauperismo;

a superexploração do trabalho; a concentração e centralização de capitais; a reprodução de uma

consciência alienada e fetichizada funcional a manutenção do ethos burguês permanecem como

elementos constitutivos desse sistema.

Segundo Tonet (2005, p. 23) “é da natureza do sistema capitalista tornar-se tanto mais

fragmentado, mais fetichizado, mais irracional e mais poderoso face aos indivíduos, quanto mais

desenvolvido for. No próprio Manifesto do Partido Comunista, escrito no final de 1847 e início de

1848, Marx e Engels já afirmam que a burguesia não pode existir sem revolucionar incessantemente

os instrumentos e as relações de produção, e por conseguinte todas as relações sociais. É justamente

a transformação continua da produção e abalo permanente de todo o sistema social que distinguem

a época burguesa de todas as demais.

Nesse sentido, a atualidade do pensamento marxiano e do próprio marxismo como teoria e

como práxis política é inequívoca se formos capazes de apreender os processos sociais

contemporâneos para além da sua aparência fenomênica. O quadro mundial contemporâneo,

inclusive a crise econômica atual, é absolutamente incompreensível sem Marx” (Netto, 2016).

Evidentemente, que não se trata de considerarmos Marx um profeta onisciente que a tudo previu,

mas o tomamos como grande teórico, que condicionado pelas dimensões históricas de seu tempo,

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realizou um profundo esforço teórico-reflexivo para apreender a dinâmica da totalidade histórica

que é a sociedade burguesa.

O marxismo, ao contrário do que apregoa a filosofia pós-moderna, reivindica para si a

condição de pensamento totalizante, reconhecendo-se como herdeiro e continuador das grandes

sínteses do pensamento moderno. Mais do que isso: propõe-se a ser a expressão teórica do

movimento real e que, por isso, é o único capaz de conhecer e explicar, racionalmente a totalidade

histórica, que é a sociedade burguesa (EVANGELISTA, 1992).

O construto teórico-político pós-moderno numa flagrante oposição ao marxismo passa a

qualifica-lo como uma fonte “datada”, a divisão da sociedade em classes como superada e a luta

política revolucionária, assim como a vitalidade das organizações classistas, ultrapassadas frente às

demandas postas pelos “novos movimentos sociais”.

Nesse sentido, se coloca como necessária a importância de reconhecer a existência de novas

problemáticas postas na ordem do dia pelos “novos movimentos sociais” e que em grande medida

foram secundarizados por algumas correntes do marxismo.

Por isso, estamos convencidos, que muito diferentemente do “estilhaçamento ou

descentramento da política”, o que temos é sua ampliação. “Ao contrário de “novos sujeitos

políticos”, que substituem os velhos – como o proletariado e os partidos – o que temos são sujeitos

políticos renovados pluridimensionalmente”, como esclarece Evangelista (1992, p. 53).

Assim, um dos grandes desafios que se colocam para o movimento feminista na atualidade é

articulá-lo a uma perspectiva radicalmente classista e de enfretamento a esse sistema desigual e

opressor. Por isso se faz necessário e urgente, como aponta Cisne (2014, p. 250) “a construção de

um feminismo que incorpore as particularidades das mulheres, sem cair na fragmentação de suas

‘identidades’, mas articulando-as em torno de um projeto societário radicalmente emancipatório”

Desse modo, somente a construção de um feminismo classista e popular, que seja capaz de

articular suas lutas dentro de uma perspectiva radicalmente antipatriarcal, antirracista e

anticapitalista, em alianças com outros movimentos e sujeitos coletivos do nosso campo, podem

permitir um amplo alcance das nossas lutas na superação do capitalismo. Será a convergência

dessas lutas e a nossa capacidade organizativa de construir estratégias coletivas que podem

provocar rupturas nesse sistema e apontar caminhos emancipatórios.

Concordamos absolutamente com a ideia de que, apesar do feminismo historicamente

empreender lutas contra a dominação e exploração das mulheres e encampar, de forma legitima,

questões que nos são específicas, ele não deve ser um movimento que luta restritamente por essas

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questões (CISNE, 2014), embora, entendamos que essa é a razão de ser do feminismo e que a

emancipação das mulheres é seu devir histórico. Todavia, a luta pela emancipação das mulheres

deve estar necessariamente associada à luta pela emancipação humana.

Referências

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__________. Não passarão! Ofensiva neoconservadora e Serviço Social. Serviço Social e

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TONET, Ivo Tonet. Modernidade, pós, modernidade e razão. In: Modernidade e Pós-modernidade.

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Rio de Janeiro. Jorge Zahar Ed. 1999.

Abstract:

This article aims to problematize the theoretical-political assumptions of postmodernity, as well as

the ideopolitical implications for the organization of social movements, particularly feminism. We

demarcate theoretically and politically our perspective of analysis in the direction of the Marxist

referential. Thus, we analyze the postmodernity imbricated to the current crisis of capital, which

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translates into the revitalization of conservatism, irrationalism and the processes of reification

constitutive of capitalist sociability. We conclude that, for the feminist movement, one of the major

challenges facing us actuality is to articulate it to a radically classist perspective. Only a broad

convergence of anti-capitalist, anti-patriarchal, anti-racist struggles, and our organizational capacity

to construct collective strategies can point to emancipatory ways of building a new sociability.

Keywords: Conservatism. Postmodernity. Feminism.