2015-04-25 anexo simulação - caso para 2.ª fase (2015-04-24) (1)

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FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA DIREITO COMERCIAL II – SOCIEDADES COMERCIAIS REGÊNCIA: PROF. DOUTOR MENEZES CORDEIRO CASO PARA A SEGUNDA FASE DA SIMULAÇÃO DE LITÍGIO JUS-SOCIETÁRIO Artur, presidente do conselho de administração e acionista controlador da TransUnião, S.A. (uma grande sociedade que presta serviços de informação de crédito a nível internacional), jogava golf regularmente com o seu amigo Bernardo, acionista controlador da Grupo Marmão, S.A. (sociedade-mãe de um grande grupo empresarial com investimentos em inúmeras atividades). Durante um dos seus jogos, Bernardo convenceu Artur de que a fusão das duas sociedades seria altamente vantajosa para as duas. Artur, entusiasmado, convocou uma reunião do seu conselho de administração que reuniu três dias depois. Nesta reunião, explicou efusivamente o seu plano de fusão por incorporação, acordado com Bernardo. Sustentou então que, na medida em que as ações das duas sociedades valiam sensivelmente o mesmo (2,33 por ação), a fusão poderia assentar numa relação de troca de ações, nos termos da qual os acionistas da Transunião, S.A. receberiam, por cada ação nesta sociedade, uma ação da Grupo Marmão, S.A. Carla, um dos membros do conselho de administração da TransUnião, S.A., disse logo na reunião que tinha sido apanhada desprevenida, porque não tinha sido informada antecipadamente da intenção do presidente de apresentar esta proposta na reunião. Pressionada, porém, pelos seus pares, que ficaram tão entusiasmados com a operação quanto Artur, lá acabou por consentir na sua votação. Antes, porém, questionou Artur sobre a avaliação das ações para efeitos da troca, tendo este garantido que tinha sido feito um estudo que comprovava a correção do valor apresentado. Ao todo, a reunião do conselho durou 30 minutos, dos quais 10m foram ocupados com a apresentação oral da operação por Artur (incluindo a justificação da avaliação das ações) e outros 10m com a exposição oral dos detalhes técnicos pelo advogado da sociedade que estava presente e que tinha sido encarregue da redação do projeto de fusão. Foi depois convocada assembleia geral de acionistas da TransUnião, S.A. na qual foi aprovado o projeto de fusão, apesar dos votos contra de Diogo e Eduarda, titulares, no seu conjunto, de cerca de 30% dos direitos de voto. Diogo e Eduarda, revoltados com a situação, pretendem impugnar as deliberações do conselho de administração e da assembleia geral e responsabilizar os administradores pela violação dos seus deveres. No fundo, entendem que foram muito prejudicados pelo facto de a avaliação das ações subjacente à proposta de fusão ser manifestamente insuficiente. Artur, ao saber desta pretensão, ficou furioso, por entender que os minoritários querem receber mais do que aquilo a que legalmente têm direito. A equipa “A” representa Diogo e Eduarda na sua pretensão contra a sociedade e contra os administradores; a equipa “B” representa a sociedade e os administradores; a equipa “C” julga o caso e profere sentença.

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  • FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA

    DIREITO COMERCIAL II SOCIEDADES COMERCIAIS REGNCIA: PROF. DOUTOR MENEZES CORDEIRO

    CASO PARA A SEGUNDA FASE

    DA SIMULAO DE LITGIO JUS-SOCIETRIO Artur, presidente do conselho de administrao e acionista controlador da TransUnio, S.A. (uma grande sociedade que presta servios de informao de crdito a nvel internacional), jogava golf regularmente com o seu amigo Bernardo, acionista controlador da Grupo Marmo, S.A. (sociedade-me de um grande grupo empresarial com investimentos em inmeras atividades). Durante um dos seus jogos, Bernardo convenceu Artur de que a fuso das duas sociedades seria altamente vantajosa para as duas. Artur, entusiasmado, convocou uma reunio do seu conselho de administrao que reuniu trs dias depois. Nesta reunio, explicou efusivamente o seu plano de fuso por incorporao, acordado com Bernardo. Sustentou ento que, na medida em que as aes das duas sociedades valiam sensivelmente o mesmo (2,33 por ao), a fuso poderia assentar numa relao de troca de aes, nos termos da qual os acionistas da Transunio, S.A. receberiam, por cada ao nesta sociedade, uma ao da Grupo Marmo, S.A. Carla, um dos membros do conselho de administrao da TransUnio, S.A., disse logo na reunio que tinha sido apanhada desprevenida, porque no tinha sido informada antecipadamente da inteno do presidente de apresentar esta proposta na reunio. Pressionada, porm, pelos seus pares, que ficaram to entusiasmados com a operao quanto Artur, l acabou por consentir na sua votao. Antes, porm, questionou Artur sobre a avaliao das aes para efeitos da troca, tendo este garantido que tinha sido feito um estudo que comprovava a correo do valor apresentado.

    Ao todo, a reunio do conselho durou 30 minutos, dos quais 10m foram ocupados com a apresentao oral da operao por Artur (incluindo a justificao da avaliao das aes) e outros 10m com a exposio oral dos detalhes tcnicos pelo advogado da sociedade que estava presente e que tinha sido encarregue da redao do projeto de fuso.

    Foi depois convocada assembleia geral de acionistas da TransUnio, S.A. na qual foi aprovado o projeto de fuso, apesar dos votos contra de Diogo e Eduarda, titulares, no seu conjunto, de cerca de 30% dos direitos de voto. Diogo e Eduarda, revoltados com a situao, pretendem impugnar as deliberaes do conselho de administrao e da assembleia geral e responsabilizar os administradores pela violao dos seus deveres. No fundo, entendem que foram muito prejudicados pelo facto de a avaliao das aes subjacente proposta de fuso ser manifestamente insuficiente. Artur, ao saber desta pretenso, ficou furioso, por entender que os minoritrios querem receber mais do que aquilo a que legalmente tm direito.

    A equipa A representa Diogo e Eduarda na sua pretenso contra a sociedade e contra os administradores; a equipa B representa a sociedade e os administradores; a equipa C julga o caso e profere sentena.