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 CONCURSO DE CRIMES 1) Conceito: Ocorre concurso de crimes quando o agente, com uma ou várias condutas, realiza mais de um crime. 2) Espécies de Concursos de Crimes: a) Concurso formal;  b) Concurso mate rial; c) Continuidade delitiva;  P erg : Todas as infrações admitem concurso de crimes !: Todas as infrações admitem concurso de crimes, se"a o crime consumado, tentado, comissivo, omissivo, doloso ou cul#oso.  Perg: $ #oss%vel concurso de crimes entre um crime cul#oso e um doloso !: &im, como no caso da aberratio ictus com #luralidade de resultados, um doloso e outro cu l# oso. 'o losa me nt e, o ag ente ob "eti va acerta r uma v%tima, ma s, #o r erro, at in ge cul#osamente outra v%tima. (esse caso, á concurso formal de crimes. Erro na execuço *rt. +, C- Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pe ssoa qu e pr etend ia of en de r , atinge pe ssoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3 do art! "# deste $%digo!   &o caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art! '# deste $%digo . !) Concurso Materia" #ou Rea") de Crimes: !$1) %re&iso "e'a": /*rt. 01 C-). *rt. 01, do C- Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, id( nticos ou não , apl icam-se cumula tiv ame nte as  penas privativ as de liberdade em que )a*a incorrido!

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Concurso de crimes direito Penal

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CONCURSO DE CRIMES

1) Conceito:

Ocorre concurso de crimes quando o agente, com uma ou vrias condutas, realiza mais de um crime.

2) Espcies de Concursos de Crimes:

a) Concurso formal;b) Concurso material;c) Continuidade delitiva;

Perg: Todas as infraes admitem concurso de crimes?R: Todas as infraes admitem concurso de crimes, seja o crime consumado, tentado, comissivo, omissivo, doloso ou culposo.

Perg: possvel concurso de crimes entre um crime culposo e um doloso?R: Sim, como no caso da aberratio ictus com pluralidade de resultados, um doloso e outro culposo. Dolosamente, o agente objetiva acertar uma vtima, mas, por erro, atinge culposamente outra vtima. Nesse caso, h concurso formal de crimes.

Erro na execuoArt. 73, CP - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execuo, o agente, ao invs de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no 3 do art. 20 deste Cdigo. No caso de ser tambm atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Cdigo.

3) Concurso Material (ou Real) de Crimes:

3.1) Previso legal: (Art. 69 CP).

Art. 69, do CP - Quando o agente, mediante mais de uma ao ou omisso, pratica dois ou mais crimes, idnticos ou no, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicao cumulativa de penas de recluso e de deteno, executa-se primeiro aquela.

3.2) Requisitos:

a) Pluralidade de condutas.b) Pluralidade de crimes (idnticos ou no).

3.3) Espcies de Concurso Material:

a) Concurso Material Homogneo: Os crimes so da mesma espcie (idnticos).b) Concurso Material Heterogneo: Os crimes no so da mesma espcie (no idnticos).

3.4) Regras de Fixao da Pena:

O juiz aplica a pena para cada um dos crimes isoladamente. Em seguida, as penas so somadas (sistema da cumulao ou do cmulo material).Exemplo: Um crime de estupro e de roubo, temos a seguinte forma de calcular a pena:

Estupro (art. 213, do CP)Roubo (art. 157, do CP)

Pena de 6 a 10 anosPena de 4 a 10 ano

Usando o art. 68 CP, chega-se a 6 anosUsando o art. 68 CP, chega-se a 4 anos

Soma-se as penas e chega a 10 anos

Obs: Imposio cumulativa de penas de deteno e recluso: Conforme art. 69, caput, segunda parte. do CP, no caso de aplicao cumulativa de penas de recluso e de deteno, executa-se primeiro aquela.

Obs: Cumulao de pena privativa de liberdade com restritiva de direitos: Segundo o art. 69, 1, do CP:

Art. 69, 1, CP - Na hiptese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, no suspensa, por um dos crimes, para os demais ser incabvel a substituio de que trata o art. 44 deste Cdigo.

Obs: Cumulao de penas restritivas de direitos: E quando a cumulao material for apenada em ambos os crimes por pena restritiva de direito? Deve-se analisar o art. 69, 2, do CP:

Art. 69, 2, do CP - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprir simultaneamente as que forem compatveis entre si e sucessivamente as demais.

Obs: O concurso de crimes considerado na concesso de fiana (STJ).

Obs: A suspenso condicional do processo (art. 89, da Lei 9.099/95) somente admissvel quando, no concurso de crimes, a pena mnima no suplantar a um ano. Portanto, considera-se o concurso de crimes para saber se o acusado faz jus ou no suspenso do processo. Ou seja, considera-se o concurso de crimes para se saber se o acusado preenche ou no os requisitos do art. 89, da Lei 9.099/95.

Obs: No se considera o concurso de crimes para efeito de prescrio (art. 119 do CP). Cada crime prescreve isoladamente, com sua pena autnoma.

4) Concurso Formal (ou Ideal) de Crimes:

4.1) Previso Legal: (at. 70 do CP)

Art. 70, do CP - Quando o agente, mediante uma s ao ou omisso, pratica dois ou mais crimes, idnticos ou no, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto at metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ao ou omisso dolosa e os crimes concorrentes resultam de desgnios autnomos, consoante o disposto no artigo anterior.Pargrafo nico - No poder a pena exceder a que seria cabvel pela regra do art. 69 deste Cdigo.

4.2) Requisitos do concurso formal:

a) Conduta nica - No significa ato nico.b) Pluralidade de Crimes (idnticos ou no).

A grande diferena entre o concurso material e o formal que o concurso material tem pluralidade de condutas e o concurso formal tem conduta nica.

4.3) Espcies de Concurso Formal:

Art. 70, do CP - Quando o agente, mediante uma s ao ou omisso, pratica dois ou mais crimes, idnticos ou no, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto at metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ao ou omisso dolosa e os crimes concorrentes resultam de desgnios autnomos, consoante o disposto no artigo anterior.

H concurso formal de crimes homogneo ou heterogneo.

a) Concurso Formal Homogneo - Crimes idnticos.Ex. Acidente de trnsito com pluralidade de vtimas com leso culposa (todas as vtimas com leso).

b) Concurso Formal Heterogneo - Crimes distintos.Ex. Acidente de trnsito com duas vtimas, sendo uma fatal.

c) Concurso Formal Perfeito, Normal ou Prprio - No h desgnios autnomos em relao a cada um dos crimes.Ex. O agente dispara uma arma de fogo contra A, mas, sem querer, acaba tambm atingindo B, que estava lado da vtima pretendida. Nesse caso, o agente vai responder pelos dois crimes em concurso formal perfeito (normal ou prprio).

d) Concurso Formal Imperfeito, Anormal ou Imprprio - H desgnios autnomos em relao a cada um dos crimes. Ex: Agente dispara contra A, querendo ou assumindo o risco de tambm atingir B, o que de fato ocorre. Neste exemplo, existem vontades independentes em relao aos dois crimes praticados, ou seja, vontade tanto contra A quanto contra B.

Ex: Roubo em nibus: O assaltante rouba 20 passageiros. Esse um caso de concurso formal imperfeito, porque em uma s conduta (roubo), dividida em vrios atos (cada subtrao a um passageiro um ato distinto), o agente tem vontade independente em relao a cada uma das vtimas. De acordo com a maioria da doutrina, roubo em nibus concurso formal imperfeito, havendo uma s conduta (fracionada em vrios atos, em vrias subtraes) gerando pluralidade de crimes.Roubo de bens pertencentes a vrias vtimas no mesmo contexto:O sujeito entra no nibus e, com arma em punho, exige que oito passageiros entreguem seus pertences (dois desses passageiros eram marido e mulher). Tipifique a conduta.R: O agente ir responder por oito roubos majorados (art. 157, 2, I, do CP) em concurso formal (art. 70). Ateno: no se trata, portanto, de crime nico!Ocorre concurso formal quando o agente, mediante uma s ao, pratica crimes de roubo contra vtimas diferentes, ainda que da mesma famlia, eis que caracterizada a violao a patrimnios distintos. Precedentes. (...)(HC 207.543/SP, Rel. Min. Gilson Dipp, Quinta Turma, julgado em 17/04/2012)

Perg: Nesse caso, o concurso formal prprio ou imprprio?R: Segundo a jurisprudncia majoritria, consiste em concurso formal PRPRIO. Veja recente precedente:

(...) Praticado o crime de roubo mediante uma s ao contra vtimas distintas, no mesmo contexto ftico, resta configurado oconcurso formal prprio, e no a hiptese de crime nico, visto que violados patrimnios distintos. (...)(HC 197.684/RJ, Rel. Min. Sebastio Reis Jnior, Sexta Turma, julgado em 18/06/2012)

4.4) Regras de Fixao da Pena:

4.4.1) No concurso Formal Prprio:

O juiz aplica uma s pena, quando idnticas, ou a maior, quando no idnticas. Em seguida, aumenta esta pena de 1/6 at a metade. o sistema da exasperao. Quanto maior o nmero de infraes, maior deve ser o aumento.

Exemplo: Acidente de trnsito com duas mortes: Concurso formal homogneo: art. 302, do CTB - Pena: 2 a 4 anos. Aplica-se o critrio trifsico, e, na terceira fase, aumenta-se a pena de 1/6 at a metade. Aqui est o sistema da exasperao.

Ateno: O sistema da exasperao no pode resultar em pena maior do que a soma das penas fixadas pelo juiz. O sistema da exasperao nasceu para beneficiar o acusado. Por isso, jamais pode resultar em pena maior do que a soma.

Ex.: Em razo de um aberratio ictus o agente pratica homicdio e leso corporal culposa, configurando-se, no caso, concurso formal heterogneo (crimes distintos). No concurso formal heterogneo, deve-se trabalhar com a maior pena: o juiz ir aplicar o critrio trifsico e, na terceira fase do clculo, aumentar a pena de 1/6 at metade.No exemplo, teramos: homicdio (pena de 6 anos) + leso (pena de 2 meses).A pior pena a do homicdio. Ento, no clculo, sobre a pena do homicdio, deve-se incidir o aumento de 1/6 at metade. A pena ficar em 7 anos, por exemplo.Se o juiz, ao invs de aumentar a pena de 1/6 at metade, resolvesse somar as penas do homicdio e da leso corporal, a acusado seria condenado a 8 anos.Verifica-se, que, no caso, a aplicao do sistema da exasperao levou a uma pena menor. Mas, se o juiz, ao invs de aumentar a pena de 1/6, a aumentasse da metade, ele chegaria a uma pena de 9 anos, isto , a uma pena pior do que a resultante das somas.Isso no pode acontecer, pois, como dito, o sistema da exasperao foi um sistema criado para beneficiar o acusado.Ento, conforme o teor do art. 70, pargrafo nico, do CP, a regra do cmulo material benfico deve ser observada.

Art. 70, pargrafo nico, do CP - No poder a pena exceder a que seria cabvel pela regra do art. 69 deste Cdigo.

No necessrio se preocupar com este artigo quando houver concurso formal homogneo (onde os crimes so iguais). Ele deve ser observado quando houver concurso formal heterogneo.

4.4.2) No concurso Formal Imprprio:

Nesse caso, as penas de cada crime so somadas. Ou seja, aplica-se o sistema da cumulao.

Exemplo: O agente quer atingir A e assume o risco de atingir tambm B. Neste caso, h um concurso formal imprprio (vontade em relao a A, e assuno do risco em relao B). Quanto ao resultado, h homicdio de A e homicdio de B. Neste caso, o juiz vai aplicar o mtodo trifsico e, depois, somar as penas, conforme o sistema da cumulao.

5) Crime continuado:

5.1) Previso Legal: (art. 71 do CP).

Crime continuadoArt. 71, do CP - Quando o agente, mediante mais de uma ao ou omisso, pratica dois ou mais crimes da mesma espcie e, pelas condies de tempo, lugar, maneira de execuo e outras semelhantes, devem os subseqentes ser havidos como continuao do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um s dos crimes, se idnticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois teros.

5.2) Teoria da Fico e Crimes Parcelares:

O Brasil adotou a Teoria da Fico, isto , os vrios crimes em continuidade so considerados um s delito para fins de fixao da pena.

Ex: 4 furtos em continuidade delitiva: de acordo com a Teoria da Fico, trabalha-se com um s furto (e no com os 4), para fins de fixao da pena.

Como se chama cada um destes crimes? So chamados crimes parcelares (cada um parcela de um todo).

5.3) Espcies de Crime Continuado:

5.3.1) Crime Continuado Genrico (art. 71, caput):

a) Requisitos:

1 - Pluralidade de condutas;2 - Pluralidade de crimes da mesma espcie - So aqueles previstos no mesmo tipo penal e protegendo o mesmo bem jurdico.

Art. 71, do CP - Quando o agente, mediante mais de uma ao ou omisso, pratica dois ou mais crimes da mesma espcie e, pelas condies de tempo, lugar, maneira de execuo e outras semelhantes, devem os subseqentes ser havidos como continuao do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um s dos crimes, se idnticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois teros.

Perg: possvel continuidade delitiva entre roubo (art. 157, CP) e extorso (Art. 158, CP)?R: Apesar de protegerem o mesmo bem jurdico, esto em tipos distintos, no sendo possvel a continuidade.

Perg: possvel continuidade delitiva entre roubo e latrocnio? R: No. Apesar de previstos no mesmo tipo penal, no protegem o mesmo bem jurdico. O latrocnio protege tambm a vida, alm do patrimnio, sendo invivel a continuidade.

Cuidado! O STJ no deu muita bola para tipos distintos e se contentou em entender crimes da mesma espcie aqueles que protegem o mesmo bem jurdico. Contudo, o prprio STJ, em julgado minoritrio, decidiu configurarem crimes da mesma espcie condutas que protegem o mesmo bem jurdico, mesmo que em tipo penais diversos. (ex. art. 168-A, do CP e art. 337-A, do CP, apropriao indbita previdenciria e sonegao de contribuio previdenciria).

3 - Elo de continuidade:

3.1. Mesmas condies de tempo: Os crimes parcelares devem ser praticados no perodo de 30 dias (isto jurisprudncia pacfica). Exceo: Crimes contra a ordem tributria (onde no se exige o perodo de 30 dias): Imposto de renda, por exemplo, tem se admitido o perodo de 3 anos, 3 declaraes fraudulentas. 3.2. Mesmas condies de lugar: Crime parcelares praticados na mesma comarca ou em comarcas vizinhas (Jurisprudncia). 3.3. Mesmo modo de execuo.

Obs: De acordo com o STJ, alm dos requisitos acima, imprescindvel que os vrios crimes resultem de plano previamente elaborado pelo agente (unidade de desgnios - Teoria Subjetiva). a partir desse elemento que possvel diferenciar a continuidade delitiva da habitualidade criminosa (ateno! No crime habitual, mas habitualidade criminosa).Uma doutrina minoritria entende que a unidade de desgnios no faz parte dos requisitos do crime continuado (Teoria Objetiva). Mas esta teoria de difcil sustentao, pois com ela difcil diferenciar continuidade delitiva de habitualidade criminosa.

b) Regras de Fixao da Pena:

Adota-se o sistema da exasperao. Trabalhando com um s dos crimes, aplica-se o critrio trifsico e, na terceira fase, aumenta-se a pena de 1/6 a 2/3 (lembrando que o aumento varia conforme o nmero de infraes).

5.3.2) Crime Continuado Especfico (art. 71, pargrafo nico, do CP):

Art. 71, pargrafo nico, do CP - Nos crimes dolosos, contra vtimas diferentes, cometidos com violncia ou grave ameaa pessoa, poder o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstncias, aumentar a pena de um s dos crimes, se idnticas, ou a mais grave, se diversas, at o triplo, observadas as regras do pargrafo nico do art. 70 e do art. 75 deste Cdigo.

a) Requisitos: Alm dos requisitos da continuidade genrica,

(1) Pluralidade de condutas;(2) Pluralidade de crimes da mesma espcie;(3) Elo de continuidade (mesmas condies de tempo, de lugar, mesmo modo de execuo);(4) Unidade de desgnios; pressupe:(5) Crimes dolosos;(6) Crimes dolosos com vtimas diferentes;(7) Cometidos com violncia ou grave ameaa pessoa.

Perg: Cabe continuidade delitiva no homicdio? R: Conforme art. 71, pargrafo nico, do CP, seria possvel, pois homicdio crime doloso, com vtimas diferentes (pois no se mata a mesma pessoa duas vezes), com violncia. Mas a Smula 605 do STF diz que no se admite continuidade delitiva nos crimes conta a vida. Esta smula, contudo, apesar de ser aplicada ainda em alguns concursos, anterior reforma de 1984, no mais seguida pelo legislador com a introduo do pargrafo nico ao art. 71, do CP. Ento, esta smula est ultrapassada.

b) Regras de Fixao de Pena:

Adota-se o sistema da exasperao.

Ex. Suponha-se 4 roubos em continuidade delitiva. De acordo com a Teoria da Fico, para o fim do clculo de pena, trabalha-se com um roubo apenas. Aplicado o critrio trifsico, possvel o aumento da pena de 1/6 at o triplo. Aqui o juiz considera no s o nmero de infraes como, tambm, as circunstncias judiciais. Ateno: deve-se obervar o cumulo material benfico: se a soma das penas for mais favorvel, o juiz tem que som-las.

Perg:: Suponha-se que no dia 1 de janeiro, ocorre roubo em um nibus. Em 03 de janeiro, o mesmo agente pratica roubo em outro nibus. Por fim, em 05 de janeiro, o mesmo agente rouba outro nibus e preso. Cada roubo foi praticado em concurso formal (art. 70, CP) e em continuidade delitiva (art.71, CP)? possvel aplicar o concurso formal e a continuidade delitiva ao mesmo tempo?R: Sobre a pergunta, doutrina diverge:1 Corrente) O juiz deve aplicar somente a continuidade delitiva, evitando bis in idem. (Resposta para concurso da Defensoria Pblica).

2 Corrente) O juiz deve aplicar, cumulativamente, os acrscimos do art. 70, do CP e do art. 71, do CP, no existindo bis in idem. Essa segunda corrente foi adotada pelo STF (RE 87.674/SP). O STF no enxergou qualquer bis in idem nesta histria.

EMENTA RE 87.674: PENA. CONCURSO FORMAL. CALCULO DO AUMENTO (CRITRIO). O CALCULO DA MAJORAO PELA CONTINUIDADE DELITIVA DEVE INCIDIR SOBRE A PENA TOTAL QUE O JUIZ FIXARIA SE NO HOUVESSE ESTE AUMENTO, E NO SOBRE A PENA-BASE SIMPLESMENTE (PRECEDENTE: RECR. N. 86.032-SP). RECURSO EXTRAORDINRIO CRIMINAL CONHECIDO E PROVIDO.

Por fim, falando em continuidade delitiva, necessrio ter em mente o teor das Smulas 711 e 723 do STF.

Smula 711, do STF - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigncia anterior cessao da continuidade ou da permanncia.

Smula 723, do STF - No se admite a suspenso condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena mnima da infrao mais grave com o aumento mnimo de um sexto for superior a um ano.

6) Quadro Comparativo do Concurso de Crimes:

Previso LegalRequisitosSistema Adotado

Concurso MaterialArt. 69, CPPluralidade de condutasPluralidade de crimesCmulo material ou cumulao

ConcursoFormalArt. 70, caput, CPUnidade de condutaPluralidade de crimesExasperao (1/6 at 1/2)

ConcursoFormalImprprioArt. 70, caput, CPUnidade de condutaPluralidade de crimes+ Desgnios autnomosCmulo material ou cumulao

CrimeContinuadoGenricoArt. 71, caput, CPPluralidade de condutasPluralidade de crimes da mesma espcieElo de continuidadeExasperao (1/6 at 2/3)

CrimeContinuadoEspecficoArt. 71, pargrafo nico, CPPluralidade de condutasPluralidade de crimes da mesma espcieElo de continuidade+ Crimes dolososVtimas diferentesViolncia ou grave ameaa

Exasperao (1/6 at 3x)