2013-05-02 ascensao e dia da mae

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ECONOMIA 02 de Maio de 2013 14 11 Vantagens da eficiência energética das empresas são tema de seminário na Nersant A sede da Nersant - Associação Empresa- rial da Região de Santarém, em Torres Novas, acolhe no dia 8 de Maio, pelas 09h30, uma sessão que visa promover a reflexão sobre as vantagens económicas e financeiras das bo- as práticas no domínio da eficiência energé- tica e ambiental. As inscrições são gratuitas e a iniciativa pretende alertar as empresas da região para a necessidade de uma melhor gestão no que diz respeito às questões ener- géticas e ambientais. O desenvolvimento da economia torna evi- dente a necessidade de proceder a uma integra- ção cada vez maior das questões ambientais e de energia nos sistemas de gestão, de forma a satisfazer as necessidades socioeconómicas, op- timizando a utilização de recursos, reduzindo custos operacionais, protegendo o ambiente e prevenindo a poluição. A participação nesta sessão não tem qual- quer custo para os empresários, sendo no entan- to necessário que cada empresa proceda à sua inscrição no site da Nersant em www.nersant. pt. As empresas presentes poderão ainda ser seleccionadas para a realização de um estudo (sem qualquer encargo) relativo à optimização da energia e do ambiente. Quinta do Bill e artistas da Chamusca são as estrelas do programa da Ascensão Os grandes concertos estão de volta às festas da Ascensão na Chamusca, este ano com os consagrados Quinta do Bill como cabeças de cartaz. Mas a prata da casa não foi esquecida e entre os diversos espectáculos agendados, destacam-se os dos fadistas da terra João Chora e Manuel João Ferreira. Os festejos começam já esta sexta-feira, 3 de Maio, com o prólogo da Ascensão 2 Pinéus Bike Team um grupo informal com paixão pelas bicicletas O grupo tem como principal objectivo a prática do desporto, em particular BTT, tentando proporcionar momentos de lazer activo, para além de promover e divulgar, através da utilização da bicicleta a vila de Ulme 3 “A Chamusca tem feito bastante pela cultura ribatejana” António Matias Coelho, professor e estudioso das tradições da região, explica a importância que manifestações festivas, como a Semana da Ascensão, têm para a valorização das tradições e para o reforço da identidade de uma comunidade. “No concelho da Chamusca damos um relevo especial ao lado cultural da vida e a valorização dos rituais não é apenas uma questão meramente simbólica, folclórica ou turística”4 “Banda da Carregueira” tem um novo maestro que fez uma pequena revolução A comemorar 83 anos de vida, a Banda da Sociedade Filarmónica de Instrução e Recreio Carregueirense “Victória” está numa fase de reestruturação e desenvolvimento, após ter vivido momentos conturbados. O maestro Bruno Moedas substituiu António Augusto e revolucionou todo o repertório e organização da banda 6 Entrevista Identidade Profissional Os gémeos que também se uniram no mundo dos negócios Empresa Sucatas Lopes, gerida pelos irmãos Pedro e João Lopes, foi criada há 12 anos 10 Empresa da Semana Quinta da Feteira é uma referência para casamentos e baptizados Espaço localizado em Fazendas de Almeirim está a funcionar há 15 anos 11 Transferência de tecnologia para empresas da região é o objectivo 14 AgroCluster Ribatejo reforça parcerias internacionais Central fotovoltaica inaugurada em Ferreira do Zêzere Instalados 990 painéis solares, na UniOvo em Areias 14 CTIC obtém Certificação ISO 9001 ESPECIAL ASCENSÃO Fersant com lotação quase esgotada Feira Empresarial decorre em Junho em paralelo com a Feira Nacional de Agricultura

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Page 1: 2013-05-02 ascensao e dia da mae

ECONOMIA02 de Maio de 2013

1411

Vantagens da eficiência energética das empresas são tema de seminário na Nersant

A sede da Nersant - Associação Empresa-

rial da Região de Santarém, em Torres Novas,

acolhe no dia 8 de Maio, pelas 09h30, uma

sessão que visa promover a reflexão sobre as

vantagens económicas e financeiras das bo-

as práticas no domínio da eficiência energé-

tica e ambiental. As inscrições são gratuitas

e a iniciativa pretende alertar as empresas

da região para a necessidade de uma melhor

gestão no que diz respeito às questões ener-

géticas e ambientais.

O desenvolvimento da economia torna evi-

dente a necessidade de proceder a uma integra-

ção cada vez maior das questões ambientais e

de energia nos sistemas de gestão, de forma a

satisfazer as necessidades socioeconómicas, op-

timizando a utilização de recursos, reduzindo

custos operacionais, protegendo o ambiente e

prevenindo a poluição.

A participação nesta sessão não tem qual-

quer custo para os empresários, sendo no entan-

to necessário que cada empresa proceda à sua

inscrição no site da Nersant em www.nersant.

pt. As empresas presentes poderão ainda ser

seleccionadas para a realização de um estudo

(sem qualquer encargo) relativo à optimização

da energia e do ambiente.

Quinta do Bill e artistas da Chamusca são as estrelas do programa da AscensãoOs grandes concertos estão de volta às festas da Ascensão na Chamusca, este ano com os consagrados Quinta do Bill como cabeças de cartaz. Mas a prata da casa não foi esquecida e entre os diversos espectáculos agendados, destacam-se os dos fadistas da terra João Chora e Manuel João Ferreira. Os festejos começam já esta sexta-feira, 3 de Maio, com o prólogo da Ascensão 2

Pinéus Bike Team um grupo informal com paixão pelas bicicletasO grupo tem como principal objectivo a prática do desporto, em particular BTT, tentando proporcionar momentos de lazer activo, para além de promover e divulgar, através da utilização da bicicleta a vila de Ulme 3

“A Chamusca tem feito bastante pela cultura ribatejana”António Matias Coelho, professor e estudioso das tradições da região, explica a importância que manifestações festivas, como a Semana da Ascensão, têm para a valorização das tradições e para o reforço da identidade de uma comunidade. “No concelho da Chamusca damos um relevo especial ao lado cultural da vida e a valorização dos rituais não é apenas uma questão meramente simbólica, folclórica ou turística”4

“Banda da Carregueira” tem um novo maestro que fez uma pequena revoluçãoA comemorar 83 anos de vida, a Banda da Sociedade Filarmónica de Instrução e Recreio Carregueirense “Victória” está numa fase de reestruturação e desenvolvimento, após ter vivido momentos conturbados. O maestro Bruno Moedas substituiu António Augusto e revolucionou todo o repertório e organização da banda 6Entrevista

Identidade Profissional

Os gémeos que também se uniram no mundo dos negóciosEmpresa Sucatas Lopes, gerida pelos irmãos Pedro e João Lopes, foi criada há 12 anos 10

Empresa da Semana

Quinta da Feteira é uma referência para casamentos e baptizadosEspaço localizado em Fazendas de Almeirim está a funcionar há 15 anos 11

Transferência de tecnologia para empresas da região é o objectivo 14

AgroCluster Ribatejo reforça parcerias internacionais

Central fotovoltaica inaugurada em Ferreira do ZêzereInstalados 990 painéis solares, na UniOvo em Areias 14

CTIC obtém Certificação ISO 9001

ESPECIAL ASCENSÃO

Fersant com lotação quase esgotadaFeira Empresarial decorre em Junho em paralelo com a Feira Nacional de Agricultura

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ESPECIAL ASCEnSão 02 MAIO 20132

Tradição. Festa da Semana da Ascensão é vivida intensamente na Chamusca

foto arquivo o MiraNTE

Quinta do Bill, Quim Barreiros e prata da casa são as estrelas do programa da Ascensão

Os grandes concertos estão de

volta às festas da Ascensão na

Chamusca, este ano com os

consagrados Quinta do Bill como

cabeças de cartaz. Mas a prata da

casa não foi esquecida e entre os

diversos espectáculos agendados,

destacam-se os dos fadistas da

terra João Chora e Manuel João

Ferreira. Os festejos começam já

esta sexta-feira, 3 de Maio, com o

prólogo da Ascensão.

Quinta-Feira de Ascensão só se ce-lebra esta ano a 9 de Maio, mas a festa na Chamusca começa já dia 3 de Maio com o prólogo da Ascensão que dura até 7 de Maio, com uma variedade de actividades culturais e desportivas, de que se destaca sexta-feira o espectáculo com a fadista Célia Barroca no cine-teatro da vila pelas 21h30. O mesmo recinto acolhe na tarde de sábado (16h30) a revista “Aldeias Teatro” e à noite (21h30) o espectáculo musical “Portugal Ó-I-Ó-Ai”. No domingo há mais teatro à tarde (16h30) com as peças “Revolta dos Micróbios” e “O Principezinho”. À noite (21h30) o espec-táculo “Poesia em movimento” vai conju-gar no mesmo palco a música, a dança e a poesia. A animação musical nocturna vai ser também uma constante na esplanada do Poizo do Bezouro ao longo desses dias.

A Feira e Festa da Ascensão começam a 8 de Maio e nesse mesmo dia são inaugu-radas duas exposições de fotografia pelas 19h00. No cine-teatro, José António Caba-ço mostra o seu trabalho, designado “Nu-vens com rosto”, enquanto na casa junto ao picadeiro Ascensão, no Largo 25 de Abril, vão estar imagens dos Fotógrafos Amado-res do Ribatejo. “Ribatejo, o outro lado da cor é o tema”.

Ainda na quarta-feira, 8 de Maio, Rui Tanoeiro lança o seu livro e CD intitulado “É este o meu fado”, no cine-teatro, a partir das 19h30, com a participação especial de João Chora, Bruno Mira, Dora Maria, Pe-dro e Raul Caldeira. As Funny Girls actu-am às 21h30 no Palco Arraial e o salão dos bombeiros recebe uma noite de fados e as actuações dos grupos de danças da Carre-gueira e da AVEJICC. Pelas 22h30, no Pal-co Ascensão, actua o grupo musical Gritos Mudos, de tributo aos Xutos & Pontapés. À meia-noite há largada de toiros e o pro-grama encerra com a actuação do grupo Declinius + DJ Dreamcatcher.

Quinta-Feira de Ascensão é o dia gran-de, marcado desde logo pela emblemática entrada de toiros que está prevista para as 12h00. Mas o dia começa cedo, pelas 07h30, com a tradicional apanha da espiga que tem concentração marcada para o Largo da Re-pública. Pelas 10h30, realiza-se uma euca-ristia alusiva à data e bênção dos dons da terra e dos animais, junto à Igreja Matriz.

À noite, pelas 21h30, exibe-se o Grupo de Danças e Cantares da Chamusca e do Ribatejo no Palco Arraial e, pelas 22h00, o

fadista João Chora sobe ao Palco Ascensão com um vasto naipe de convidados. O dia encerra com a música dos conhecidos FH5 no Palco da Juventude.

O popular Quim Barreiros é o cabeça de cartaz de sexta-feira, 10 de Maio, actuan-do pelas 22h30. Mas uma hora antes será o folclore a reinar com as exibições dos ran-chos do Pinheiro Grande e da Parreira. Pela meia-noite há mais uma largada de toiros e a noite musical fica depois por conta do grupo Alive, de tributo aos Pearl Jam, e do DJ Marko Lopez.

No sábado, 11 de Maio, a manhã é con-sagrada ao desporto com o passeio hípico da Ascensão (09h00) e o torneio de basque-tebol Nuno Semedo, pelas 09h30, no pavi-lhão gimnodesportivo da Escola EB2/3+S. O cine-teatro recebe nessa tarde, pelas 17h00, os grupos Acordatecla e Laranjinhas e a prata da casa vai estar em foco novamen-te pelas 18h00, no Palco Tradição, com as actuações do Grupo de Danças e Cantares da SRV e do Grupo Etnográfico do Paúl da Trava (ambos de Vale de Cavalos). No Palco Arraial, a partir das 21h30, actuam os ranchos adulto e infantil da Carregueira no

Corrida de Ascensão marca programa taurino

O feriado municipal da Chamusca é

também marcado pela tradicional

corrida de toiros, pelas 17h00,

na praça da vila, este ano com os

cavaleiros Rui Salvador, João Moura

Caetano e Marcos Bastinhas. A

pegar os seis toiros Manuel Veiga

vão estar os forcados amadores da

Chamusca e de Coruche.

No sábado, 11 de Maio, pelas

15h00 as actividades taurinas

voltam à cena com a Prova da

Vaca no Largo 25 de Abril e duas

horas mais tarde a praça de toiros

abre novamente portas para um

programa de variedades taurinas

com os cavaleiros Tiago Lucas,

Maria Valente, Francisco Parreira

e Alexandre Gomes. Os quatro

novilhos Prudêncio serão pegados

pelos Forcados Amadores da

Chamusca.

As largadas de toiros são outro dos

pontos de interesse para quem gosta

de actividades ligadas à festa brava,

estando programadas para as noites

de quarta, sexta e sábado, sempre

pela meia-noite. No domingo, 12

de Maio, pelas 16h30, há uma

entrada taurina onde vão participar

o Grupo de Forcados Femininos

de Benavente, jogos de cabrestos,

campinos e três reses bravas.

Palco Arraial, antecedendo a actuação dos consagrados Quinta do Bill, marcada para as 22h30. A noite acaba com a música de Pedro Galinha.

O último dia da Ascensão conta diversas provas desportivas em modalidades como a pesca, BTT, trial e futebol e na área cultu-ral é dedicado à prata da casa, com desta-que para o espectáculo de música e poesia popular “Minha terra, minha gente”, pelas 21h30, e para o concerto do fadista João Manuel Ferreira pelas 22h30.

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02 MAIO 2013 ESPECIAL ASCEnSão 3

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Revendedor Autorizado : PEDRO PORTO

Rua dos Aliados, n.º13E • 2080-116 Almeirim

Telf. 243 509 326 • Telm. 919 372 [email protected]

Pinéus Bike Team um grupo informal com paixão pelas bicicletasGrupo está a tratar da sua legalização como associação desportiva

O grupo coloriu a apresentação dos circuitos cicláveis

O Grupo Pinéus Bike Team foi o

convidado de honra na apresentação

dos Circuitos Cicláveis do Concelho da

Chamusca, que se realizou no dia 21

de Abril, na Biblioteca Municipal da

Chamusca. Foram seis os percursos

apresentados.

Os seis percursos, marcados e

desenvolvidos pelo Gabinete de Desporto

da Câmara Municipal da Chamusca,

dividem-se em várias zonas do concelho,

com extensões e dificuldades para vários

escalões de destreza física e técnica. Uns

destinam-se a atletas já com elevada

preparação, outros podem ser utilizados

por toda a família. Têm todos uma

grande vertente turística, com paisagens

algumas vezes deslumbrantes.

A seguir à apresentação dos percursos

realizou-se um passeio de bicicleta pela

ruas da vila, com o equipamento dos

“Pinéus” a alegrar o pelotão. Passeio

que teve como objectivo sensibilizar

todos os participantes para uma vida

activa e saudável.

com a abertura do secretariado. Há para distribuir prémios para os primeiros clas-sificados da geral masculinos e femininos, por escalões e por equipas. As inscrições po-dem ser efectuadas até ao dia 5 de Junho, em pineusbiketeam.blogspot.pt.

O grupo Pinéus Bike Team

tem como principal objectivo

a prática do desporto, em

particular BTT, tentando

proporcionar momentos de

lazer activo, para além de

promover e divulgar, através da

utilização da bicicleta, a vila de

Ulme situada no concelho da

Chamusca

A equipa Pinéus Bike Team nasceu há cerca de um ano em Ulme e o grupo de jovens que levou por diante o projecto fez questão de manter viva, na designação de “Pinéus”, a alcunha pela qual as gentes da vi-la são apelidadas pelas populações vizinhas.

O grupo é ainda informal. “Esperamos ter a sua legalização como associação pron-ta muito em breve”, disse a O MIRANTE Marco Santos, um dos mais entusiastas ele-mentos do grupo. A ideia da sua formação nasceu da vontade de um grupo de amigos que se juntava aos fins de semana para dar uns passeios de bicicleta. “No início éramos dois ou três, depois começaram a surgir mais interessados e resolvemos avançar para a criação da equipa”.

Foi uma questão de tornar as coisas mais

sérias. “Já participávamos em algumas acti-vidades um pouco por todo o distrito, cada um tinha o seu equipamento que às vezes não dizia nada à terra, por isso uma das primeiras coisas que levámos por diante foi arranjar um equipamento próprio para todo o grupo. Entre os elementos do grupo arranjámos uma parte da verba necessária e depois conseguimos o patrocínio de al-gumas empresas e encontrámos formas de estrear este equipamento que envergamos com dignidade”, disse Marco Santos.

O grupo Pinéus Bike Team tem como principal objectivo a prática do desporto, em particular BTT, tentando proporcionar momentos de lazer activo, para além de promover e divulgar, através da utilização da bicicleta, a vila de Ulme situada no con-celho da Chamusca.

Nesse sentido, o grupo participa no maior número possível de passeios e maratonas que decorrem principalmente no distrito de Santarém. Organiza anualmente um passeio/maratona de BTT que já está a ser reconhecido como um dos melhores na re-gião. “Já fizemos três maratonas e agora em Junho vamos organizar uma prova de resis-tência de BTT, onde esperamos uma gran-de participação”, garante Marco Santos.

Por outro lado, o grupo está a colaborar com a Sociedade Recreativa de Ulme e de-mais organizações e entidades na realização de eventos relacionados com a modalidade. “Nas provas que organizámos tivemos sem-pre a colaboração da sociedade e por isso os lucros que tivemos reverteram para ela”.

Em Ulme promovem treinos no sentido de incentivar a prática deste desporto e de captar novos praticantes para a equipa. “E trazer também as pessoas da vila a colaborar nas nossas organizações. Temos tido uma excelente adesão e temos ouvido elogios de quem nos visita nos dias das nossas provas”.

PROVA DE RESISTÊNCIA BTT EM JUNHOA equipa Pinéus Bike Team leva a efei-

to, no dia 10 de Junho, a sua 1ª prova de Resistência BTT. Serão três horas a peda-lar num circuito perfeitamente assinalado e com bons acesso para o público. O atle-ta vencedor será o que fizer mais voltas ao circuito, que como é natural terá dificulda-des acrescidas.

A prova desenrola-se a partir das 7h30

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ESPECIAL ASCEnSão 02 MAIO 20134

“A Chamusca tem feito bastante pela cultura ribatejana”António Matias Coelho, professor

e estudioso das tradições da nossa

região, explica a importância que

manifestações festivas como a

Semana da Ascensão têm para

a valorização das tradições e

para o reforço da identidade de

uma comunidade. “No concelho

da Chamusca tem-se dado um

relevo especial ao lado cultural

da vida. Tem-se entendido que

a valorização destes rituais não

deve ser apenas uma questão

meramente simbólica, folclórica

ou turística”, diz.

João Calhaz

A Quinta-Feira de Ascensão continua a

ser feriado em vários concelhos do Ribate-

jo mas a data parece ser cada vez menos

celebrada, salvo algumas excepções como

na Chamusca. O que pensa disso?

Isso acontece porque se foram perdendo as memórias que estão associadas à sua origem. Aliás, o decreto que legalizou o feriado muni-cipal da Chamusca explicava porque concedia a esse município e a mais alguns o direito de celebrarem esse dia. Tinha a ver com as tra-dições rurais ligadas ao amadurecimento das searas e à apanha da espiga. É um conjunto de rituais muito próprios do mundo rural e muito particularmente desta zona do país.

Com o andar dos tempos as coisas fo-

ram mudando.

Entretanto os anos passaram, a vida mu-dou. Por acaso este ano o Ribatejo tem mais trigais, mas durante anos houve poucos, isto foi invadido pelo girassol no tempo dos sub-sídios e, mais recentemente, pelo milho. O Ribatejo rico é hoje um mar de milho. Além disso, hoje a agricultura é feita sobretudo por máquinas e uma das características das máquinas é que não têm tradições e não apa-nham a espiga.

Na Chamusca ainda se mantém essa

tradição.

É natural que as tradições se vão perden-do, a não ser que haja um esforço, como o que a Chamusca fez em devido tempo, para as valorizar e para as promover. Para que, estando elas fatalmente condenadas ao desa-parecimento, porque nada é eterno, se possa

pelo menos retardar o seu definhamento. No concelho da Chamusca o apanhar da espiga não é uma manifestação para a fotografia ou para turista ver. É uma manifestação genu-ína e popular mantida por pessoas que vão apanhar a espiga porque os pais apanhavam, porque os avós apanhavam e porque lhe atri-buem significado. Acreditam que o apanhar da espiga tem um valor benéfico, que lhes garante um ano de felicidade, de paz.

Em que medida este tipo de manifesta-

ções é fundamental para a preservação e

reforço da identidade de uma comunidade?

Sobretudo num mundo cada vez mais glo-balizado, se não valorizamos as coisas que nos distinguem um dia destes somos todos iguais. A apanha da espiga é uma afirmação da nossa identidade rural.

O povo da Chamusca dá mais importân-

cia às datas simbólicas e a certos rituais do

que as populações de outros concelhos?

No concelho da Chamusca tem-se dado um relevo especial ao lado cultural da vida. Tem--se entendido que a valorização destes rituais não deve ser apenas uma questão meramen-te simbólica, folclórica ou turística, mas sim uma forma de as pessoas se reverem nessa simbologia, de assumirem isso como seu e de serem a garantia que essas manifestações vão prosseguir.

As escolas podem ter um papel impor-

tante no recordar dessas datas marcantes

de uma comunidade.

E têm. No concelho da Chamusca, as es-colas e jardins-de-infância têm feito um tra-balho notável com os alunos para dar conti-nuidade a essas tradições.

Tem a noção de como é que os seus alu-

nos vivem a Semana da Ascensão?

A própria escola assume que na Semana da Ascensão é desaconselhável marcar tes-tes de avaliação. Há uma certa tolerância, especialmente na sexta-feira, pois na quinta--feira é feriado.

E a Ascensão na Chamusca não se resu-

me à apanha da espiga...

Sim. Na Chamusca a Ascensão é um con-junto de manifestações da qual a apanha da espiga é a primeira de todas e eu diria a mais importante. Mas é apenas uma. Nos últimos 25 anos, devido sobretudo à intervenção do município da Chamusca, as celebrações da Ascensão foram revitalizadas, quer na com-ponente das tradições rurais como na das tra-dições taurinas, que são uma outra compo-nente. E o que se fez neste quarto de século de promoção da Quinta-Feira de Ascensão transformou-a - hoje já nem tanto, por cau-sa da crise - numa grande festa do Ribatejo, frequentada por muita gente que já não tem qualquer relação com o campo, que não co-nhece ou não valoriza as tradições que deram origem à festividade.

Outras componentes menos tradicio-

nais da festa passaram a ser mais valo-

rizadas?

Essas pessoas, e os meus alunos também, se calhar valorizam mais a parte dos concer-

tos, da cerveja, das brincadeiras com os toi-ros, mas, sobretudo, a parte talvez menos recomendável da festa, que é a da cerveja e das bebedeiras. O estar em Ascensão, que foi uma feliz designação que se arranjou, in-felizmente para muitos jovens significa hoje estar com uns copos a mais.

O que mexe mais consigo nessa festa

da Chamusca?

É o lado rural da festa. Nasci no campo, em Salvaterra de Magos, sou filho de agricul-tores, fui criado neste universo. A minha mãe ainda hoje apanha a espiga, tal como eu. Não há Quinta-Feira de Ascensão sem apanha da espiga. Faz parte do meu estar na vida. O que mexe mais comigo na Quinta-Feira da Ascen-são é o louvor da natureza. Acontece 40 dias depois da Páscoa, quando a natureza está madura e se exibe em toda a sua pujança. É o tempo dos dias bonitos, do tempo quente

Um ribatejano de gema que vive no “lado certo” do Tejo

António Matias Coelho considera-se um ribatejano de gema. Nasceu em 11 de Ju-lho de 1957 em Salvaterra de Magos, onde viveu a infância e parte da juventude. Já formado em História, residiu na Chamus-ca, onde continua a leccionar, vivendo já há uns bons anos na Golegã. É também assessor cultural da Câmara Municipal de Constância. Durante toda a sua vida só saiu da região que o viu nascer quando estudou em Lisboa e no Porto e quando deu aulas durante dois anos na Madeira.

Casado, pai de uma filha e já avô, tem uma visão curiosa do Ribatejo, que expli-ca quando o questionamos após dizer que

actualmente vive “do lado certo do rio” Tejo, referindo-se à margem norte. “Pas-sou-se sempre tudo do lado de cá do Tejo, pelos séculos fora. O outro lado é o lado esquecido, sempre foi. As grandes vias de comunicação do país, desde a Idade Mé-dia, passaram sempre a norte do Tejo. E a Chamusca é especialmente esquecida. Almeirim, Benavente e Salvaterra têm auto-estrada. Alpiarça tem uma auto-es-trada perto. A Chamusca não tem nada. Tem uma ponte que foi melhorada mas que é um funil”.

E acentua: “O Ribatejo é composto pela lezíria, pelo bairro e pela charneca. A lezíria é a parte rica, o bairro é a zona que diria remediada e depois há a charneca, que é o mundo dos pobres. Zona pedregosa, onde as distâncias são grandes, que ficou para

os eucaliptos, para os fogos, para a deser-tificação humana”. Um panorama que, na sua óptica, é difícil reverter. “Estas coisas têm sempre tendência a agravar-se. Não temos visto que se faça seja o que for pa-ra contrariar isto. É uma espécie de ciclo vicioso de onde é muito difícil sair”.

Matias Coelho refere que essas circuns-tâncias estão na origem de ter ido residir para a Golegã. “Sou uma vítima, entre as-pas, disto. Preferia viver na Chamusca e não vivo lá há quase 30 anos porque não consegui arranjar casa. Empurraram-me para o lado certo da vida, para o lado cer-to do Tejo”, afirma, reconhecendo que o facto de a Chamusca ter mantido esse lado mais pobre, mais fechado, teve a vantagem de conservar melhor as tradições. “A mu-dança nesses meios é mais lenta”, alega.

Do que se compõe o ramo da espigaEmbora as pessoas apanhem a

espiga de forma espontânea, porque

o que interessa é fazer um ramalhete

vistoso, há uma forma “canónica”

de se fazer o ramo da espiga,

explica Matias Coelho. O ramo é

composto de três espigas de trigo

(que representam o pão, a fartura,

o alimento), três malmequeres

amarelos ou brancos (que

representam a riqueza - o amarelo

simboliza o ouro e o branco a prata),

três papoilas (que representam o

amor e a vida), um raminho de

oliveira em flor (que simboliza a

paz), um esgalho de videira com o

cacho em formação (que representa

o vinho e a alegria), um pé de

alecrim, um pé de rosmaninho (que

representam a saúde e a força).

foto O MIRANTE

Na Chamusca a Ascensão é um

conjunto de manifestações da qual

a apanha da espiga é a primeira de

todas e eu diria a mais importante.

Mas é apenas uma. Nos últimos

25 anos, devido sobretudo à

intervenção do município da

Chamusca, as celebrações da

Ascensão foram revitalizadas

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02 MAIO 2013 ESPECIAL ASCEnSão 5

sem ser tórrido. Apanhar a espiga representa essa ligação quase umbilical à terra.

O que distingue a Semana da Ascensão na Chamusca de outras festas ribatejanas de cariz tradicional?

A alma, a matriz é o que a distingue. A apanha da espiga e também a tradição tau-rina são a essência última da matriz rural da Chamusca. E por isso é que são preciosas. É qualquer coisa que persistiu para além do de-saparecimento do que lhe esteve na origem. Porque num tempo em que quase não há camponeses, ou pelo menos já não há cam-poneses como no tempo em que essas coisas se faziam, a tradição ainda vive.

“O RIBATEJO NÃO MORREU”A Câmara da Chamusca provou nos

últimos anos que não é necessário gastar rios de dinheiro para manter viva a tra-dição. As autarquias devem continuar a empenhar-se neste tipo de actividades ou devem passar mais a responsabilidade pa-ra a chamada sociedade civil?

Penso que as autarquias não podem fazer tudo. Nem devem. Mas podem fazer alguma coisa e têm essa obrigação, porque os muni-cípios são órgãos que representam as popu-lações e a sua identidade e têm responsabili-dades ao nível da cultura e dos valores locais. O essencial é a defesa e valorização dessas tradições, para permitir depois à sociedade civil fazer o preenchimento do resto. Os mu-nicípios são os guardiões desse sentimento profundo das gentes, da sua matriz cultural.

Acha que tem havido sensibilidade por parte dos autarcas ribatejanos para essas questões?

Há autarcas que fizeram esforços notáveis nesse sentido e há péssimos exemplos de au-tarcas que pura e simplesmente se demitem dessa função, que não fazem nada. Não vou

dizer quem são, mas as pessoas sabem. E de-pois há ainda pior, que são aqueles que fazem o contrário do que deviam fazer. Porque às vezes mais vale estar quieto. Mas diria que, em termos gerais, há municípios que têm fei-to bastante pela cultura do Ribatejo. A Cha-

musca é um deles.São festas como a da Semana da As-

censão que ajudam a manter viva a alma ribatejana, apesar de o Ribatejo adminis-trativamente já não existir e cada vez es-tar mais dividido?

Mas o Ribatejo existe, porque existe den-tro de nós. Se me perguntarem o que é que sou, respondo que não sou de nenhuma NUT ou CCDR nem pertenço ao QREN não sei do quê. Sou português primeiro e ribatejano a seguir. O Ribatejo não morreu apesar das re-formas administrativas, porque os ribatejanos se sentem ribatejanos. A cultura ribatejana é muito rica e variada. A tradição dos cavalos na Golegã, dos toiros na Chamusca, da Boa Viagem em Constância, do Colete Encarna-do em Vila Franca, do Barrete Verde em Al-cochete, da Feira de Maio na Azambuja, dos Santos no Cartaxo, dos Tabuleiros em Tomar, entre outras, fazem a alma do Ribatejo e ele só acaba quando não houver ninguém em Portugal que se diga ribatejano.

O significado da AscensãoA Ascensão significa a subida de Jesus

Cristo ao céu. “O que a tradição cristã

nos transmitiu é que Cristo morreu

na Sexta-Feira Santa, ressuscitou

ao terceiro dia e depois manteve-

se na terra 40 dias, durante os quais

apareceu aos apóstolos e depois, à

vista deles, elevou-se aos céus. No

calendário católico a Ascensão, que é

sempre à quinta-feira por ser 40 dias

contados após o Domingo de Páscoa,

é o momento em que se celebra a

consumação da missão do Deus vivo

na terra. O filho de Deus que se faz

homem, que vive a sua vida, que faz

a sua pregação, que morre, que vence

a morte ressuscitando e que depois

volta ao céu, de onde veio. Esta é

a explicação religiosa”, diz Matias

Coelho.

E acrescenta: “Não foi a tradição rural

que ‘cavalgou’ a tradição católica no

que toca à tradição da apanha da

espiga nesse dia, mas o contrário. Foi

a festa religiosa que se colou a uma

tradição que já existia, associada à

maturação das plantas e que já se fazia

no tempo dos romanos anteriores ao

cristianismo”.

foto O MIRANTE

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ESPECIAL ASCENSÃO 02 MAIO 20136

Um novo ciclo na vida da Banda Filarmónica Carregueirense “Victória” O maestro Bruno Moedas substituiu António Augusto e revolucionou todo o repertório e organização da banda A comemorar 83 anos de

vida, a Banda da Sociedade

Filarmónica de Instrução e Recreio

Carregueirense “Victória” está

numa fase de reestruturação e

desenvolvimento, após ter vivido

momentos conturbados.

A “Filarmónica Victória”, fundada em

1930 na Carregueira, freguesia do concelho

da Chamusca, vai comemorar os seus 83 anos

de vida nos dias 1 e 2 de Junho, num fim-de-

-semana de festa. Depois de um período algo

conturbado em que chegou a ver os seus ins-

trumentos serem vendidos em leilão, a socie-

dade recuperou e está mais viva do que nunca.

Na altura mais complicada os componen-

tes da banda nunca perderam a cabeça. Os

instrumentos, apesar de adquiridos por um

comprador em leilão, nunca chegaram a sair

da sede da colectividade. Os músicos, o maes-

tro de então e os dirigentes mobilizaram-se e

com a ajuda da população, da Câmara da Cha-

musca e da Junta de Freguesia da Carregueira,

conseguiram juntar o dinheiro necessário para

recuperar os instrumentos. “A banda nunca fe-

chou portas, sempre respondeu às solicitações

para actuar”, disse a O MIRANTE o dirigente

José Maria Oliveira.

A colectividade conseguiu “endireitar-se”

e continuar a praticar cultura na Carreguei-

ra, no concelho e um pouco por todo o país e

mesmo pelo estrangeiro. No final do ano pas-

sado sofreu outro abalo, com a saída do ma-

estro António Augusto, que dirigia a banda

há cerca de trinta anos. Os dirigentes foram

obrigados a procurar um novo maestro e en-

contraram dentro de casa o sucessor, Bruno

Moedas, que se formou como músico na Banda

da Carregueira, passou pelo conservatório e é

actualmente membro da Banda do Exército.

O novo maestro aceitou o repto e iniciou

um novo ciclo na vida da filarmónica que

passa por uma reestruturação total do reper-

tório da banda e da escola de música que lhe

está subjacente. “Tem sido um trabalho ex-

traordinário, registou-se o regresso de muitos

músicos que por motivos pessoais se tinham

afastado. Estamos a fazer uma modernização

total do repertório, sem deixarmos de actuar

quase todas as semanas. Tem sido um traba-

lho de ‘doidos’, mas a vontade dos músicos, do

mais novo ao mais velho, é entusiasmante e

já conseguimos atingir um nível excepcional”,

garante Bruno Moedas.

A entrada de Bruno Moedas para a direcção

musical da Banda Filarmónica teve também o

condão de trazer consigo a esposa, que é uma

jovem professora universitária de musicologia

que se predispôs reorganizar e estruturar a es-

cola de música da colectividade. “Sem pedir

um cêntimo em troca do seu trabalho”, disse

José Maria Oliveira.

A banda continua a ser o ex-libris da fre-

guesia da Carregueira e mesmo do concelho

da Chamusca. “Levamos o nome da terra e

do concelho a todo o país e não tenho dúvi-

das que o fazemos com grande dignidade”,

disse o dirigente.

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02 MAIO 2013 ESPECIAL ASCEnSão 7

Uma professora universitária na organização da escola de música

Luzia Rocha é esposa do maestro Bruno Moedas e pre-dispôs-se a acompanhar o marido nesta aventura de dirigir a Banda Filarmónica Carregueirense “Victória”. “Quando convidaram o Bruno e ele aceitou, aceitei também cola-borar de forma informal, sem receber nada em troca, na reorganização da escola da música, que estava muito de-sorganizada. Tratei de arregaçar as mangas, tracei um plano, formei turmas, classes e defini horários para que tudo funcionasse efectivamente como uma escola”, expli-cou a professora.

“Nunca me passou pela ideia tirar algum lucro do meu trabalho. A minha formação na música começou na Ban-da Filarmónica da minha terra, Outeiro Grande, Torres Novas. Ali toquei e fui maestrina durante muitos anos, saí para ir para a universidade, onde agora sou professora. Sei das dificuldades por que passam estas organizações para conseguirem levar por diante o seu trabalho e é por isso que não quero receber nada em troca a não ser a amizade de toda a gente”, diz.

Com a chegada de Luzia Rocha ao comando da escola registou-se um aumento exponencial de alunos. “Foi re-almente algo que eu não esperava. Em cinco meses o nú-mero de alunos triplicou, temos quase meia centena de alunos. Temos as classes mais novas, entre os quatro e os seis anos, e o ensino de adultos. Digo que temos porque há outros professores na escola. Eu dou mais a parte teó-rica, depois temos um professor para cada instrumento, são jovens que também são músicos na banda, que tam-bém trabalham por carolice”.

Para Luzia Rocha e para os dirigentes da sociedade o au-mento do número de alunos na escola de música foi uma agradável surpresa. “Fiquei surpreendida com o apareci-mento de tanta gente e também com as aptidões que têm. São pessoas muito intuitivas e têm também uma grande vontade de aprender a ler as pautas e de saber o que se está a fazer. É um trabalho cada vez mais aliciante”, garante.

À pergunta de como é que não exige uma compensa-ção monetária para o seu trabalho, Luzia Rocha respon-de com a sua experiência na banda onde foi maestrina. “Isto não é a minha profissão. Sou musicóloga, dou aulas de Musicologia na universidade. Mas aprendi música na banda da minha aldeia, toquei saxofone durante quase 20 anos e fui maestrina durante alguns anos. Ainda acredito que as filarmónicas são o conservatório que o povo pode ter. A música faz muita diferença num ser humano. Não tenho dúvidas de que uma pessoa que sabe música é uma melhor pessoa. Sei que nos dias que correm as famílias não têm dinheiro para dar essa formação aos filhos nos conservatórios e nas bandas têm essa formação de borla. Pagam apenas uma quota de sócio de um euro por mês”.

“Somos uma grande família”

Ainda frequenta a esco-la de música, mas já veste a farda da Banda Filarmónica “Victória”, chama-se Pedro Afonso, tem 10 anos e vive na Carregueira. Toca bom-bardino, um instrumento de sopro que diz ter gostado de tocar desde que entrou para a escola de música.

“Tocar na Banda da Car-regueira é super extraordi-nário. Nesta banda existe um ambiente que não sei se será muito comum noutros lados. Somos uma grande fa-mília. Na escola de música

aprendemos a tocar e a ser disciplinados. A professora é muito exigente. Às vezes é mazinha, mas é uma ami-ga muito querida”, diz en-tusiasmado Pedro Afonso.

O jovem veio para a es-cola de música por influên-cia do pai e do professor da escola primária. “Quando andava no primeiro ano o professor influenciou-me a vir para aqui. Vim, gostei e agora estou agradecido por me terem influenciado. Adoro o que faço e a moder-nização do repertório que está a ser levado a cabo pe-lo maestro Bruno Moedas é excepcional”.

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ESPECIAL ASCEnSão 02 MAIO 20138

“Ainda tenho muito para aprender”

É um dos elementos mais novos a fardar-se na Banda “Victória”, chama-se Joana Lúcia, tem oito anos, e é des-pachada a falar como é des-pachada a tocar clarinete. Frequenta ainda a escola de música. “Ainda tenho muito para aprender e a professora e o monitor são as pessoas indicadas para me ensinar”.

Joana Lúcia anda há ape-nas um ano na escola de música, mas é o que se pode chamar de menina-prodígio. Começou por tocar flauta, mas uma avaria nesse instru-mento levou-a a mudar para o clarinete. “Um dia estava a tocar flauta e ela avariou. Fiquei desiludida e o maes-tro perguntou-me se queria esperar pelo arranjo da flau-ta ou passar para outro ins-trumento. Parada é que eu não queria estar e passei para o clarinete, depois já não o quis deixar”.

“Via vir a minha prima

para a música e ficava triste por não vir. Um dia confes-sei essa tristeza à minha tia, que telefonou logo à minha mãe para ela me deixar vir. Foi assim que vim. Fiquei e agora já não quero mais dei-xar. A professora e o moni-

tor da escola de música são muito bons. O ambiente na banda é de grande amiza-de. Os mais velhos ajudam os mais novos e nós temos um grande respeito por to-dos eles”, disse com graça Joana Lúcia.

A presidente que toca saxofone

Anabela da Luísa é uma mulher de armas, toca saxo-fone e é presidente da direc-ção da sociedade. Há 40 anos começou a tocar clarinete na Banda da Carregueira, em 1985 mudou de instrumen-to. “Mudei de instrumento, mas não mudei o meu amor pela música, pela banda da minha terra. A banda é a mi-nha segunda família. O meu sogro foi um dos fundadores, foi aqui que conheci o meu marido e foi para aqui que vieram os meus três filhos. Somos a geração mais antiga da banda”, diz com orgulho.

Apesar disso Anabela da Luísa não esconde as dificul-dades que é gerir uma casa daquelas. “Gerir esta casa não é fácil, mas a fé move montanhas e com a ajuda de todos os músicos, maes-tro, professora, monitores, dirigentes e amigos da banda consegue-se sempre levar a

água ao nosso moinho. Mas não é fácil”.

Sobre a mudança de ma-estro diz: “Foi uma mudança radical, é tudo peças novas, é um trabalho muito árduo de todos nós, músicos e ma-estro. O Bruno é um jovem

com muita vontade e muito valor, está a fazer um exce-lente trabalho quer na área musical, quer na união de todos os músicos. Os mais velhos aceitam sem rebuço as suas exigências e ajudam a integrar os mais novos”.

Artur Varela voltou após ausência prolongada

Artur Varela entrou para a Banda da Carre-gueira com oito anos, manteve-se ali até aos 18 anos, altura em que saiu para fazer a sua vida noutras paragens. É músico profissional, é um dos elementos da Banda da GNR. “Agora vol-tei a viver na Carregueira e voltei logo para a banda. Aliás nunca a deixei, esteve sempre no meu coração. Quem por aqui passa e vive este ambiente de amizade sincera nunca o esquece”.

Toca clarinete, pois foi o instrumento que à partida o fascinou. “Iniciei-me na música na Carregueira, depois fui para o Conservatório para Tomar, passei por Santarém e acabei o curso no Conservatório em Linda-a-Velha. Sou músico na Banda da GNR e por gosto colabo-ro também com a Banda da Carregueira”, dis-se Artur Varela.

Para Artur Varela, a Banda da Carregueira é extraordinária, “tem um grupo de músicos amadores com uma vontade enorme de apren-der e chegar ao lado dos profissionais. Vive-se aqui um ambiente extraordinário, é uma mega família que se ajuda nos bons e maus momen-tos. A mudança de maestro foi benéfica, não porque o antigo não fosse excelente mas sim porque a mudança traz sempre coisas novas”.

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02 MAIO 2013 ESPECIAL ASCENSÃO 9

No âmbito das comemorações do 39º aniversário da “Revolu-ção dos Cravos”, realizou-se no dia 25 de Abril, na Carregueira, o lançamento do livro “Versos Intemporais”. A obra é da autoria de Duarte Arsénio e a sessão de apresentação encheu o salão da Sociedade “Os Unidos”.

A obra, publicada pela editora Chiado, é constituída por um conjunto de poemas escritos por Duarte Arsénio, um homem que dedica muito tempo à comunidade. Nesta altura, para além da sua profissão de electricista, é presidente do Centro de Bem Estar Social da Carregueira e eleito pelo Bloco de Esquerda na Assem-bleia Municipal da Chamusca. E como disse Horácio Ruivo, que prefaciou e apresentou a obra, “é um livro que agita consciências, próprio de um homem que luta pelas suas convicções”.

A prova da afectividade e da componente humana de Duarte Arsénio ficou bem vincada quando o poeta se levantou para invo-car o seu primo em primeiro grau, o jornalista desportivo Carlos Arsénio, falecido em 2012. “Faço questão de oferecer este centro de mesa de cravos vermelhos à viúva do meu primo Carlos Arsénio, para que seja depositado na sua campa no cemitério da Carreguei-ra. É a forma mais simples que encontrei para homenagear outro Arsénio que mesmo a viver longe nunca esqueceu a sua terra”.

Esta é a segunda obra de Duarte Arsénio, que aos 55 anos ga-rante: “Não quero ficar calado quero continuar a lutar para que os mais desprotegidos possam ter uma vida melhor. Nos meus poe-mas debruço-me sobre muitas coisas que es-tão a ser retiradas às pessoas, é como que um grito de protesto e um agitar de consci-ências. Os portugueses não podem ficar quie-tos e calados quando Portugal se afunda ca-da vez mais”.

A cerimónia de apresentação do livro contou com anima-ção musical que este-ve a cargo de Bruno Mira e Rui Tanoeiro, enquanto alguns ami-gos recitaram poemas do livro.

Duarte Arsénio lançou livro de poemas “Versus Intemporais”

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02 MAIO 2013O MIRANTE | SOCIEDADE | 27

DIMINUÇÃO. Alterações sociais profundas ocorridas nos últimos 40 anos estão na origem do problema

foto O MIRANTE

Celebrar o Dia da Mãe num tempo em que nascem cada vez menos crianças Toda a gente conhece o problema mas tardam medidas efi cazes para o resolverTemos a quarta taxa de natalidade

mais baixa da Europa e nos

últimos anos tem-se registado a

tendência para termos mais mortes

que nascimentos.

Vai ser cada vez mais difícil celebrar

o Dia da Mãe em Portugal a manter-se a di-

minuição de nascimentos dos últimos anos.

Segundo dados divulgados pela Comissão Eu-

ropeia, o nosso país tinha em 2011 a quarta

taxa de natalidade mais baixa da União Eu-

ropeia, com 1,35 nados-vivos por mulher. A

média na União Europeia (UE) no mesmo

ano foi de 1,57. A tendência é para que a si-

tuação se venha a agravar.

O relatório mostra que, em 2002, Portugal

tinha uma taxa de natalidade ligeiramente

acima da UE: 1,47 contra 1,46, tendência que

se inverteu em quatro anos, uma vez que em

2006 já era de 1,36 contra 1,54 nados-vivos

por mulher. Em 2009, nasceram em média

em Portugal 1,32 bebés por mulher e 1,59

na UE, em 2010 os números foram, respec-

tivamente de 1,36 contra 1,6 e, no ano se-

guinte, 1,35 em Portugal e 1,57 na UE. Em

2011, as mais baixas taxas de natalidade fo-

ram registadas na Hungria (1,23 nados-vivos

por mulher), Roménia (1,25) e Polónia (1,3),

seguindo-se Portugal e Chipre. As mais altas

verificaram-se na Irlanda (2,5) e França (2).

A natalidade é o número de nascimentos

ocorridos numa região durante um determi-

nado tempo. A taxa de natalidade exprime

o número de nados-vivos em relação a um

grupo médio de 1000 habitantes.

Os dados são preocupantes. Não vai deixar

de haver mães mas a sua diminuição acen-

tua-se e não parece haver grande empenho

da parte de quem tem capacidade para al-

terar as políticas de incremento à natalida-

de num sentido positivo. Alterações sociais

profundas ocorridas nos últimos quarenta

anos estão na origem do problema. Em 2011

Portugal registou mais mortes do que nasci-

mentos, numa diferença de quase seis mil.

Foram assinalados 102848 óbitos e 96856 na-

dos vivos. Os números são retirados das Esta-

tísticas Demográficas do Instituto Nacional

de Estatística divulgadas há poucas semanas.

Nesse ano, a natalidade atingiu o valor

mais baixo de que há registo, tendo-se ob-

servado 96.856 nados vivos, menos 4,5%

face a 2010, referem as estatísticas, que fa-

zem uma análise global da situação demo-

gráfica no país, na última década, adianta

o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Também morreram menos 3106 pessoas

do que em 2010. A maioria dos óbitos em

2011 (66,8%) diz respeito a pessoas com 75

ou mais anos. Ainda por cima, a mortali-

dade infantil aumentou ligeiramente, em

2011, para os 3,1 óbitos por mil nados vivos,

quando em 2010, ano em que foi atingido

o valor mais baixo de sempre, era de 2,5

óbitos, nota o INE. A proporção de óbitos

de crianças com menos de um ano foi de

0,3%, contra 0,2% em 2010.

O Dia da Mãe em Portugal celebra-se ac-

tualmente no primeiro Domingo do mês de

Maio em homenagem a Virgem Maria, mãe

de Cristo. A Igreja católica está atenta ao

problema. No início do mês os bispos reu-

nidos, através do porta-voz da Conferência

Episcopal Portuguesa (CEP), reclamaram do

Governo incentivos fiscais para combater a

crise da natalidade, a promoção o emprego

juvenil e medidas que permitam a concilia-

ção de trabalho e vida familiar. Segundo o

padre Manuel Morujão, “a crise que atra-

vessamos também é reflexo da crise demo-

gráfica”.

Poucos dias antes o Governo anunciou

que, para ajudar as famílias que desejem

ter filhos ou mais filhos, pretende recorrer

a verbas europeias para promoção do traba-

lho parcial. O objectivo, segundo o Ministro

Pedro Mota Soares, é dar mais tempo às mu-

lheres e aos homens para poderem ser pais.

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