2013 01 27 - desarmando as criancinhas-artigo de olavo de carvalho

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 09/05/13 Desarmando as cri anci nhas w ww.olavodecarv alho.or g/semana/130127dc.html 1/3  Desarmando as criancinhas Olavo de Carv alho  Di ári o do Comérc io,  27 de janeiro d e 201 3 Carmel, Pennsylvania, uma menininha de cinco anos foi suspensa da escola po r t er ameaçado atirar na colega co m um re vólver de plástico cor-de-rosa que dispara... bolinhas de sabão. Na iminência de passar das palavras aos atos, a perigosa criaturinha foi rovidencialmente desarmada pelas autoridades com petentes e submet ida à penali dade prev ista no sábi o regulamento escolar. É a prova de que os EUA melhor fariam se proibissem logo todos os brinquedos em forma de armas, quer disparem bolinhas de sabão, tufos de pelúcia ou bilhetinhos de "Eu te amo", e obrigassem todas as crianças a brincar de casinha, ind ependentemente dos sex os, para que não culti ve m o desejo maligno de algum dia atirar num bandido antes que o bandido atire nelas. Mas a grande nação do norte não atingiu ainda aquele estágio  superior de civilização que permitiu ao nosso País, mediante essa medida profilática e a drástica repressão do comércio de armas entre adultos, ter apenas 4,5 v ezes mais assassinatos an uais a  bala do que a truculenta soci edade gringa , embora tenha também cem milh ões de habitantes a menos e trinta v ezes menos armas legais em circulação. Eu mesmo sou exe mplo viv o do perigo ex tremo de deixar as crianças brincarem com armas. Passei a infância tentando ser Roy Rogers ou Hopalong Cassidy e, ao crescer, tornei-me um assassino intelectual de idiotas, um dano que poderia ter sido ev itado se no meu tempo, em v ez de uma ind ecente facili dade de acesso a rev ól ve res e esping ardas de plástico, existissem os Te letubbies, os Menudo s e sr. L uiz Mo tt. Este s, infeli zmente, só apareceram por volta da década de 90 do século XX, quando minha alma já estava corrompida. Mas às vezes as criancinhas, essa parte especialmente temível da espécie humana, frustram as melhores intenções dos desarmamentistas e descobrem meios incomuns e patológicos de  Notebook Samsung Intel®  R$1.298,00 Walmart Só hoje! Oportunidade única. Grandes Ofertas.

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Artigo de Olavo de Carvalho

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  • 09/05/13 Desarmando as criancinhas

    www.olavodecarvalho.org/semana/130127dc.html 1/3

    Desarmando as criancinhas

    Olavo de Carvalho

    Dirio do Comrcio, 27 de janeiro de 2013

    Carmel, Pennsylvania, uma menininha de cinco anos foi suspensa

    da escola por ter ameaado atirar na colega com um revlver de

    plstico cor-de-rosa que dispara... bolinhas de sabo.

    Na iminncia de passar das palavras aos atos, a perigosa

    criaturinha foi rovidencialmente desarmada pelas autoridades

    competentes e submetida penalidade prevista no sbio

    regulamento escolar.

    a prova de que os EUA melhor fariam se proibissem logo todos

    os brinquedos em forma de armas, quer disparem bolinhas de

    sabo, tufos de pelcia ou bilhetinhos de "Eu te amo", e

    obrigassem todas as crianas a brincar de casinha,

    independentemente dos sexos, para que no cultivem o desejo

    maligno de algum dia atirar num bandido antes que o bandido

    atire nelas.

    Mas a grande nao do norte no atingiu ainda aquele estgio

    superior de civilizao que permitiu ao nosso Pas, mediante essa

    medida profiltica e a drstica represso do comrcio de armas

    entre adultos, ter apenas 4,5 vezes mais assassinatos anuais a

    bala do que a truculenta sociedade gringa, embora tenha tambm

    cem milhes de habitantes a menos e trinta vezes menos armas

    legais em circulao.

    Eu mesmo sou exemplo vivo do perigo extremo de deixar as

    crianas brincarem com armas. Passei a infncia tentando ser

    Roy Rogers ou Hopalong Cassidy e, ao crescer, tornei-me um

    assassino intelectual de idiotas, um dano que poderia ter sido

    evitado se no meu tempo, em vez de uma indecente facilidade de

    acesso a revlveres e espingardas de plstico, existissem os

    Teletubbies, os Menudos e sr. Luiz Mott. Estes, infelizmente, s

    apareceram por volta da dcada de 90 do sculo XX, quando

    minha alma j estava corrompida.

    Mas s vezes as criancinhas, essa parte especialmente temvel da

    espcie humana, frustram as melhores intenes dos

    desarmamentistas e descobrem meios incomuns e patolgicos de

    se dedicar prtica da violncia mortfera. Numa escola de

    Notebook

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  • 09/05/13 Desarmando as criancinhas

    www.olavodecarvalho.org/semana/130127dc.html 2/3

    se dedicar prtica da violncia mortfera. Numa escola de

    Maryland, dois meninos sofreram a mesma punio da garotinha

    da Pennsilvanya porque, sem armas de plstico ou de madeira ao

    seu alcance, mas empenhados assim mesmo em brincar de polcia

    e ladro, trocavam tiros com pistolas imaginrias formadas com o

    indicador e o polegar, este imitando o co do revlver, aquele o

    cano. Em situao to inusitada, o educador, no podendo

    apreender equipamentos blicos inexistentes nem cortar os

    dedinhos assassinos, s tem um caminho a seguir: investigar

    cientificamente de onde os meninos tiraram a ideia extravagante

    de que polcias e ladres troquem tiros, e em seguida submet-los

    a rigoroso treinamento de sensitividade para que entendam que

    essas duas classes de profissionais jamais se entregam a

    semelhante exerccio.

    A novamente os nossos vizinhos do norte muito teriam a

    aprender com a experincia brasileira. Por aqui no tiramos as

    armas somente das mos das crianas, mas da sua mente,

    dirigindo sua ateno desde a mais tenra idade para prticas mais

    saudveis como a masturbao solitria ou coletiva e a

    interbolinao de ambos os sexos.

    Infelizmente, a dureza implacvel do universo reacionrio tem

    impedido que to salutar medida surta os efeitos esperados. As

    foras do alm coligam-se para frustrar as iniciativas mais belas

    dos nossos governantes iluminados e intelectuais progressistas.

    Numa verdadeira conspirao voltada a desmoralizar em especial

    a nossa mdia, to merecedora do nosso respeito e considerao,

    que com desvelo maternal nos adverte diariamente para a

    crescente epidemia de violncia assassina nos EUA, o nmero

    total de homicdios naquele pas vem caindo despudoradamente

    nas ltimas trs dcadas, passando de 9,8 por cem mil habitantes

    em 1981 para menos da metade (4,7) em 2011, malgrado o

    aumento prodigioso do nmero de armas legais em posse da

    populao civil.

    No nosso Pas, ao contrrio, com um controle de armas cada vez

    mais severo, a proibio total de brinquedos em forma de armas e

    as sucessivas campanhas de entregas voluntrias de revlveres,

    pistolas, rifles e espingardas ao governo, o nmero de homicdios

    duplicou no mesmo perodo, chegando a uns 36 por cem mil

    habitantes em 2010. Oh, mundo injusto!

    Ainda assim, continuam existindo na repblica americana mentes

    lcidas e corajosas, como a do presidente Barack Hussein Obama,

    que prometem eliminar, mediante a proibio das armas, os oito

    mil homicdios anuais que ali se verificam. verdade que, no

    mesmo perodo de um ano, segundo as estatsticas oficiais,

    quatrocentos mil cidados e cidads dos EUA salvam suas vidas

    reagindo a bala contra serial killers, assaltantes, estupradores etc.

    Desgraadamente as almas de pedra dos reacionrios e scios da

    National Rifle Association ainda se recusam a entender que para

    impedir oito mil assassinatos vale a pena fomentar outros 392

    mil.

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