20121207-arqsecretovaticano tomo iii

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TOMO III Brasil COORDENAÇÃO GERAL J OSÉ E DUARDO F RANCO

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  • T O M O I I I

    B r a s i l

    C O O R D E N A O G E R A L

    J O S E D U A R D O F R A N C O

  • Projecto financiado pela Fundao para a Cincia e a TecnologiaPrograma Operacional Cincia e Inovao 2010 (POCI 2010) do Quadro Comunitrio

    de Apoio III e Comparticipao pelo Fundo Comunitrio Europeu FEDER

    Nota ao ttulo Arquivo Secreto do Vaticano: No nome original, Archivio Segreto Vaticano.Em italiano, o termo vaticano conserva a sua funo de adjectivo, originariamente aplicado colina homnima de alm-Tibre. Admitindo que, para muitos leitores portugueses, tal funo desapareceu sob a corrente substantivao, optmos por ceder convenincia desta traduo, cientes embora da sua menor preciso.

  • COLECO ARQUIVOS SECRETOSDIRECTORES

    Annabela RitaFernando Cristvo

    TtuloArquivo Secreto do Vaticano

    Expanso Portuguesa DocumentaoTomo III: Brasil

    Coordenao Geral da edioJos Eduardo Franco

    Direitos Reservados Esfera do Caos Editores

    DesignDesignGlow

    Impresso e AcabamentoPapelmunde SMG Lda

    Depsito Legal328036/11

    ISBN978-989-680-032-1

    1 Edio: Junho de 2011

    ESFERA DO CAOS EDITORESCampo GrandeApartado 521991721-501 Lisboa

    [email protected]

  • T O M O III

    B r a s i lC O O R D E N A O C I E N T F I C A

    L U S M A C H A D O D E A B R E UJ O S C A R L O S L O P E S D E M I R A N D A

    C O O R D E N A O G E R A L

    J O S E D U A R D O F R A N C O

  • ORGANIGRAMA

    Arquivo Secreto do VaticanoNunciatura de Lisboa

    Expanso Portuguesa Documentao

    {Costa Ocidental de frica e Ilhas Atlnticas, Oriente e Brasil}

    Instituies Financiadoras e Coordenadoras | Primeira Fase: 1998-2000 Comisso Nacional para as Comemoraes dos Descobrimentos Portugueses

    Centro de Estudos Damio de Gis

    Instituies Financiadoras e Coordenadoras | Segunda Fase: 2005-2011 Fundao para a Cincia e a Tecnologia Centro de Estudos dos Povos e Culturas

    de Expresso Portuguesa Universidade Catlica Portuguesa CLEPUL, Centro de Literaturas e Culturas Lusfonas

    e Europeias Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Instituto Europeu de Cincias da Cultura Padre Manuel Antunes

    Coordenador do Projecto | Primeira Fase: Artur Teodoro de MatosCoordenador do Projecto | Segunda Fase: Jos Eduardo Franco

    Consultores CientficosArnaldo do Esprito Santo, Joo Francisco Marques,

    Lus Machado de Abreu, Manuel Saturino Gomes

    Equipa de InvestigaoCludia Castelo, Fernanda Santos, Maria Filomena Borja de Melo,

    Giulia Rossi Vairo, Jos Carlos Lopes de Miranda, Jos Eduardo Franco,Lus Pinheiro, Mrio Neves Santos, Paula Xavier

    Secretariado de Reviso Pr-EditorialJos Carlos Lopes de Miranda (coordenador)

    Cristiana Lucas, Fernanda Santos, Joo Teles e Cunha, Maria Lusa Gama, Marta Marecos Duarte, Paula Carreira, Susana Alves

    Reviso EditorialRicardo Ventura

  • PLANO DOS VOLUMES

    TOMO I

    Costa Ocidental de frica e Ilhas AtlnticasCoordenao Cientfica

    Arnaldo do Esprito SantoManuel Saturino Gomes

    TOMO II

    OrienteCoordenao Cientfica

    Joo Francisco MarquesJos Carlos Lopes de Miranda

    TOMO III

    BrasilCoordenao Cientfica

    Lus Machado de AbreuJos Carlos Lopes de Miranda

  • ndice

    TOMO IIIBRASILArchivio Segreto VaticanoArchivio della Nunziatura in Lisbona

    11

    Prefcio 13LUS MACHADO DE ABREU

    Introduo 15MARIA FILOMENA BORJA DE MELO

    Grficos 25

    Sumrios da Documentao 31

    ndice Remissivo Antroponmico 559 Toponmico 706

  • TOMO III

    BRASIL

    Archivio Segreto Vaticano

    Archivio della Nunziatura in Lisbona

  • 13

    Prefcio

    Continuam a ser numerosas as vozes vindas do passado que tm dificuldade em fazer-se ouvir. E no s pode ser muito importante, o que elas nos querem dizer, como as investigaes histricas e a construo das nossas representaes relativas ao que aconteceu s tm a ganhar com o conhecimento dessas narrativas, h muito emudecidas em sepulcral silncio.

    Pr a falar os arquivos ou, pelo menos, permitir que com facilidade nos aproxi-memos deles, mostrando o que tm para nos dizer, tarefa louvvel e merecedora de apoio, reconhecimento e aplauso. A edio do inventrio de documentos existentes nos Arquivos Secretos do Vaticano relativos Expanso Portuguesa no mundo, que agora se inicia com a publicao do Tomo Primeiro, constitudo por documentao referente ao Brasil, concretiza uma iniciativa altamente meritria da investigao nacional. Pretende-se, deste modo, tornar muito mais acessvel aos estudiosos esta riqussima fonte documental.

    Pelos Arquivos Secretos do Vaticano passa o registo de parte considervel da histria religiosa e da histria social e poltica de Portugal, ao longo dos sculos. Nos dois volumes em que se recolhe a documentao do Arquivo da Nunciatura de Lisboa referente ao Brasil, encontram-se inventariados dois mil setecentos e quarenta e oito documentos correspondentes ao perodo compreendido entre os anos de 1682 e 1831. Neste acervo predominam os documentos provenientes de dioceses brasileiras e de diferentes ordens religiosas envolvidas em actividades de missionao na imensidade do territrio brasileiro.

    vastssimo o leque de assuntos levados ao conhecimento da Nunciatura Apostlica de Lisboa, podendo ver-se neles o espelho de relaes do poder eclesis-tico com o civil, de questes internas s dioceses brasileiras e do seu relacionamento com dioceses da Metrpole e com dioceses do Padroado Portugus do Oriente, como as de Goa, Malaca e Macau. De entre as matrias versadas nesses documentos distin-guem-se as que respeitam nomeao de Bispos, s relaes do Padroado com a Sagrada Congregao de Propaganda Fide, e disciplina eclesistica. Mas no fal-tam tambm documentos que, tendo pouca ou mesmo nula relevncia eclesial, inte-ressam por contribuirem para melhor conhecimento dos actores sociais e respectivos costumes e prticas. Assim sucede com o documento de apresentao de cumpri-mentos ao Nncio e de envio de uma oferta de doces.

    Superabundam as denncias e acusaes de prticas contrrias f catlica e aos bons costumes. Contam-se, no primeiro caso, as referncias infiltrao de dou-trinas herticas, ao avano da maonaria e progressiva laicizao do territrio. As

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    denncias de infraco moral catlica e aos bons costumes percorrem uma escala extensa que vai, desde o envolvimento no trfico de escravos, extorses, comporta-mentos simonacos, cunhas para obteno de benefcios eclesisticos e cargos civis, at factos escandalosos ocorridos nos conventos. Aparecem igualmente, com fre-quncia, documentos em que se pede a secularizao de clrigos e religiosos, e outros em que se referem irregularidades cannicas na vida dos cabidos diocesanos, nomeadamente aquando da eleio do Vigrio Capitular.

    Se por muitos destes documentos passam testemunhos e lies de servio abne-gado, dedicao generosa e efectivo amor Igreja, noutros reflecte-se uma imagem de laxismo, interesse egosta e baixeza. Estes textos ajudam a aproximar do que realmente foi acontecendo escrita de uma histria narrativa da vida da Igreja no Brasil. uma histria feita de episdios e motivaes frequentemente silenciadas, mas de cuja recuperao novas luzes se podero vir a acender. E se com elas tiver de perder alguma inocncia a histria edificante j consagrada, por certo ganhar em verdade e consistncia o que por fora da leitura das fontes ficarmos a conhecer.

    Destas fontes no devemos esperar mais do que elas podem oferecer. Acrescen-tam um novo contributo, enriquecendo de modo significativo e ampliando o con-junto de informaes de que o investigador j dispunha por meio de outras fontes. Mas se certo que os temas assim inventariados no chegam para escrever a histria, sem eles a histria da Igreja no Brasil colonial ficaria muito limitada na sua intrn-seca complexidade e no conhecimento dos que foram os seus actores principais.

    Defeitos e vcios existem em todas as instituies que tm por membros seres humanos, por mais nobres e sublimes que sejam os ideais que as animam. Consti-tuda por homens, a Igreja no podia ser excepo.

    Quando olhamos para o vastssimo campo missionrio da Igreja portuguesa, campo repartido por terras de frica, sia, Amrica e Oceania e lhe estudamos a histria, desde o sculo XV, no podemos seno reconhecer e admirar a pujana do esprito apostlico e a sua continuidade, apesar das muitas dificuldades e resistncias oriundas, umas, dos contextos sociais e culturais onde se exercia a missionao, outras, da falta de recursos e de apoio, em algumas ocasies, por parte da retaguarda. A actividade missionria representa, por isso, um dos mais preciosos tesouros do patrimnio espiritual e cultural da Igreja em Portugal. E a evangelizao do Brasil, contribuio decisiva para a formao do catolicismo brasileiro e para unidade da grande nao da Amrica do Sul, continua a testemunhar o valor e vitalidade da aco missionria desenvolvida maioritariamente pelos missionrios portugueses.

    LUS MACHADO DE ABREU

    Centro de Lnguas e Culturas da Universidade de Aveiro

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  • 15

    Introduo

    A divulgao , sem dvida, o fim ltimo de qualquer percurso de investigao. No caso vertente mais ainda, pois o que aqui se apresenta no fruto de um projecto individual, mas sim de um trabalho de fundo, colectivo, que visa precisamente reve-lar comunidade cientfica um conjunto documental do maior interesse e, at agora, pouco acessvel.

    Da abundante documentao existente no Arquivo Secreto Vaticano, elegeu-se o fundo da Nunciatura Portuguesa como objecto prioritrio de trabalho e definiu-se como propsito o levantamento da documentao respeitante s colnias portugue-sas. Tendo sido opo metodolgica organizar os resultados de acordo com um crit-rio geogrfico, encontram-se neste volume as referncias aos documentos que dizem respeito mais directamente ao Brasil.

    Como critrio de apresentao, optou-se por fazer sumrios de contedos documentais numa sequncia que respeitasse a organizao das caixas e capilhas do fundo em que se encontram os documentos recenseados. Na cota arquivstica que fornecida para identificar o documento a que se reporta cada resumo, seguiram-se as normas estipuladas pelo Arquivo Secreto Vaticano: aps a identificao do arquivo e do fundo, as caixas so referidas pelo nmero que lhes foi atribudo no Arquivo e, em seguida, aparecem entre parntesis curvos os nmeros das capilhas. Os documentos deste conjunto no esto numerados originalmente, tendo os respectivos nmeros sido atribudos pelo investigador que elaborou o levantamento, de acordo com a sequncia em que surgem. Estes nmeros so fornecidos entre parntesis rectos, no incio de cada sumrio, precedendo a data. Nalguns casos estava omissa tambm a paginao no interior das capilhas ou a existente nem sempre respeitava a sequncia lgica dos contedos. Assim, foi tambm atribuio do investigador determinar qual ou quais os flios que poderiam constituir uma unidade, ou seja, um documento. Da o facto de muitos documentos serem compostos por pginas que no esto sequen-cialmente organizadas. Entre parntesis rectos podem estar referidos nomes, datas e outros dados que o investigador conseguiu inferir pelo conhecimento dos contextos e informaes colhidas noutros documentos, mas que no se encontram expressos no documento sumariado. Pontualmente, as dvidas so assinaladas por ponto de inter-rogao.

    Para determinar o mbito cronolgico, respeitou-se a conveno de no ultra-passar o ano de 1850, uma vez que se trata do estudo do Brasil portugus, e recuou--se at onde a documentao deste fundo permitia, o sculo XVII, sendo predomi-

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    nante a documentao oitocentista que, por esse motivo, ser a mais destacada neste artigo.

    A divulgao deste levantamento dever suscitar a ateno privilegiada dos estudiosos de temticas portuguesas e brasileiras do perodo em causa. Porm, mui-tos pensam ser possvel desprezar a documentao do fundo da Nunciatura, por no lhes interessar especificamente uma pesquisa de mbito religioso ou eclesistico. Estas linhas visam dar a conhecer o leque de possibilidades que esta documentao faculta, desmitificando possveis suposies errneas acerca do teor deste fundo e alertando para a diversidade de temticas que nele perpassam.

    Chegavam Nunciatura requerimentos, cartas, pedidos, os mais variados. Grosso modo, pode-se considerar que todos os assuntos, desde os de poltica inter-nacional at s questes pessoais mais ntimas, se encontram, de algum modo, na documentao da Nunciatura.

    Partindo, ento, do mbito mais vasto, para o mais especfico, vejamos. Do perodo crtico das Guerras Napolenicas, que envolveram Portugal e

    grande parte da Europa, decorre tambm a priso do Papa e todas as vicissitudes que a Igreja sofreu nessa fase de convulses polticas internacionais. Tudo est testemu-nhado neste fundo, atravs da correspondncia entre o Nncio e os representantes da hierarquia da Igreja. Estes manifestam as suas apreenses e vo passando notcias acerca do evoluir da situao, enquanto apelam orao dos fiis. Mas, atravs desta correspondncia, d-se conta tambm de que todo o Brasil, no obstante a distncia, partilhava as inquietaes da Europa e se mantinha em estreita ligao corte e aRoma, fazendo contnuas preces pela Famlia Real, pela Paz e pela causa do Papa1.

    Precisamente neste contexto, devido presso napolenica que ameaava a soberania nacional, a Corte portuguesa forada a transferir-se para o Brasil.

    Pela documentao da Nunciatura infere-se, de vrios modos, o impacto da chegada da Corte ao Rio de Janeiro. O primeiro desembarque em terras de Vera Cruz teve no lugar na Bahia, em Janeiro de 1808, e logo em Maro a Famlia Real e sua comitiva foram estabelecer-se no Rio de Janeiro. A documentao da Nunciatura vai acompanhando as vrias etapas deste percurso. No perodo crtico da viagem, fize-ram-se preces pblicas por todo o Brasil, rogando pela Famlia Real. Em 1809 pro-clamado pela Igreja o Jubileu do Brasil, destinado a festejar o sucesso da chegada e a dar um enquadramento oficial s efusivas manifestaes populares a que se referem os relatos da poca2. Paralelamente, desde o ano de 1808, encontra-se aqui

    1 A maior parte dos documentos da cx 39 (2) versa sobre estas questes, encontrando-se ainda outros documentos na capilha 4 da mesma caixa e vrios outros dispersos, em que os mesmos assuntos so referidos como os documentos 501, 829, 881, 882, 890, 899, 1143, 1186, 1187, 1824, 1886 e 2548.2 Veja-se, em especial a caixa 39 (3) para a organizao das preces pblicas e do Jubileu do Brasil. Em complemento, excertos de outras fontes que relatam as manifestes populares espontneas encontram-se reunidos por Oliveira Lima em D. Joo VI no Brasil, 4 edio, Rio de Janeiro, Topbooks, 2006, p. 65-68 e servem de apoio a este autor para o captulo que desen-volve sobre o assunto.

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    documentao abundante sobre a instalao e organizao da Capela Real do Rio de Janeiro, em todas as suas vertentes3, ou, a outro nvel, a criao, por decreto, da ofi-cina de impresso rgia4, bem como outras medidas que tiveram grande impacto na cidade5 e que tambm se revelaram estruturantes para o crescimento do Brasil.

    A chegada da Corte frequentemente associada s medidas de mbito econ-mico e poltico que prepararam a proclamao do Brasil como Reino independente. Estando o soberano entre os seus sbditos brasileiros, as vozes destes so mais depressa ouvidas. De facto, a presena do Prncipe Regente e da corte transformam rapidamente a organizao econmica e poltica do Brasil, elevado a reino logo em 1816. Encontram-se neste fundo informaes que se referem concretamente ceri-mnia de aco de graas havida nesta ocasio e tambm traduo e envio do documento de proclamao do Reino Unido de Portugal, Algarves e Brasil ao Papa, para aprovao6.

    A presena da Corte acelera tambm outro tipo de medidas tidas como necess-rias para a estabilidade e crescimento das populaes. O ano de 1808 foi um ano de campanhas em Minas Gerais para limitar a ameaa dos ndios antropfagos e pro-mover a fixao de colonos e ndios pacificados nas zonas anteriormente ocupadas por Botecudos7. Chegaram Nunciatura documentos sobre as medidas a tomar para dar incio a uma ofensiva contra os ndios antropfagos e sobre a regulamentao das relaes dos colonos com os ndios da regio, com referncia salvaguarda dos direitos e deveres dos ndios, dos fazendeiros e dos agricultores daquela capitania.Estes documentos no eram dirigidos em primeira mo ao Nncio, como a corres-pondncia do Prncipe Regente destinada ao Governador de Minas Gerais por exem-plo, que tambm se encontra nos papis da Nunciatura8.

    Considerando ainda os impactos da tranferncia da Corte para o Brasil, de referir que, logo em 1809, chegou ao Rio de Janeiro o Nncio9. De destacar que o

    3 Sobretudo nas caixas 26 (5) e 39 (4).4 Documento 886.5 Em complemento, cf. Nireu Cavalcanti, O Rio de Janeiro setecentista a vida e construo da cidade da invaso francesa at chegada da corte, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2004.6 Documentos 931 a 935. 7 Botocudo ou Botecudo uma denominao genrica, mais de mbito lingustico, que se aplica a diversas tribos. A respeito dos Botecudos interessante cotejar a documentao da Nuncia-tura com outra fonte coeva, o relato de Auguste de Saint-Hilaire. No dirio que publicou sob o ttulo Viagem pelas Provncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais, Belo Horizonte - Rio de Janeiro, Editora Itatiaia, 2000, manifestou particular interesse sobre estes ndios e fez-se mesmo acompanhar por um deles, na sua estadia no Brasil. Retomou em vrios captulos o tema, quer em geral, opinando sobre o debate corrente a respeito das campanhas militares para a pacifica-o destes ndios, quer descendo descrio de particularidades fsicas ou psicolgicas que observou no ndio que o acompanhava ou noutros botecudos que conheceu. 8 Documentos 915 e 916.9 V. documentos da caixa 39 (3). Encontram-se neste conjunto documental vrias cpias e minutas de missivas em que o Nncio anuncia a sua chegada ao Brasil ou, entre a correspon-dncia recebida, cartas de cumprimentos dos eclesisticos brasileiros.

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    primeiro Nncio a estabelecer-se a foi Monsenhor Loureno Caleppi, um hbil diplomata que, entre outras coisas, confiou ao seu secretrio, Lus de Rossi, a tarefa de organizar e compilar a documentao da Nunciatura, dando origem s suas memrias, cujos textos tambm aqui se encontram10.

    semelhana do que foi acontecendo a nvel poltico com a presena do monarca no Brasil, de igual modo, a chegada do Nncio exponenciou o dilogo com a Igreja local, at a perifrica, geograficamente, em relao a Roma e prpria Nun-ciatura de Lisboa. Alm do facto de o Prncipe Regente tutelar vrios domnios ecle-sisticos, a proximidade do Nncio tem um significativo relevo no quotidiano do Brasil.

    A documentao atesta que solicitada uma maior interveno, quer do Nn-cio, quer do Prncipe, nos assuntos sob alada respectiva, sabendo-se que muitos domnios que posteriormente passaram a ser apenas ou cvicos ou eclesisticos, estavam ento sujeitos a ambas a instncias, dando, por vezes, origem a desmandos e conflitos de jurisdio11. As grandes alteraes do status quo, como a j referida elevao do Brasil a Reino, as escolhas para determinados cargos eclesisticos e atas disposies sobre o matrimnio so disso exemplo.

    Alm deste tipo de documentao, chega Nunciatura um volume considervel de acusaes de irregularidades e revelaes de intrigas de todo o tipo no seio da Igreja e, em particular, nas comunidades de religiosos locais. A facilidade em aceder ao Nncio ter contribudo para incentivar muitas denncias que noutros tempos porventura seriam ignoradas. Mas as intrigas e escndalos no so exclusivos deste perodo e as Nunciaturas so, por inerncia de funes, os locais onde se concentram as principais informaes processuais sobre irregularidades em matria de religio.

    tambm a Nunciatura que envia Santa S os documentos relativos aos can-didatos ao sacerdcio ou a uma sede vacante, processos estes em que se encontram os mais diversos perfis humanos e percursos de vida, dos mais respeitveis aos maisdelinquentes12.

    Aberto o vasto campo das irregularidades no seio da Igreja, uma das situaes a ressaltar a de indivduos cuja ida para o Brasil no fora legalmente enquadrada,

    10 V. doc. 896 e 899. Existe tambm um conjunto de sumrios, elaborados pelo secretrio Rossi, relativos a documentos considerados relevantes sobre o Brasil e restantes domnios portugueses (aqui sob o nmero 883).11 A documentao da Nunciatura espelha muitos destes atropelos institucionais. Nos seus relatos, contemporneos desta documentao, Auguste de Saint-Hilaire, expressa grande pre-plexidade com o estado da Igreja no Brasil e, a este respeito, sintetiza a sua leitura do problema deste modo: sacerdotes exerciam jurisdio civil e leigos julgavam questes do clero relativas a direitos eclesisticos, op. cit., p. 164.12 Estes processos constituem uma grande parte da documentao da Nunciatura, mas vejam-se, a ttulo de exemplo, os itens da Caixa 8 (4) sobre um demorado e complexo processo de nomeao do bispo de Pernambuco; ou os documentos referentes a Frei Jos da Santssima Trindade, dispersos em vrias caixas e pastas; ou ainda o caso do Padre Mateus Sousa Reis Leal, que confessou ter falsificado os documentos de que necessitava para a respectiva ordenao (v. documentos 393, 686, 687, 690, 696).

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    procurando os acusados justificar a sua posio alegando, por exemplo, que a fuga de Portugal, sem licena superior, se devera ao receio das invases francesas13. Ainda mais complexo, o caso de um sacerdote francs, indivduo cujo percurso o levara do Oriente ao Brasil e levanta suspeitas s autoridades que receiam mesmo eventuais implicaes polticas da sua relao com outros estrangeiros no Brasil. Tendo tido conhecimento da deposio de Napoleo e da restaurao da dinastia Bourbon, o prprio que pretende de imediato regressar a Frana14.

    A este ou a outros nveis, a mobilidade do clero, secular e regular, uma cons-tante fonte de problemas abundantemente documentada.

    De salientar aqui o facto, cujo interesse se estende ao plano dos estudos de gnero, que a possibilidade oferecida pela documentao de comparar os compor-tamentos das comunidades religiosas femininas e masculinas. Convm referir que eram muito poucas as comunidades femininas15 no Brasil, o que explica a diminuta informao sobre elas. Por outro lado, o papel do clero na conduo das comunida-des, papel esse que as religiosas no desempenham de igual modo, implica um maior relevo dado queles. Mas a diferena fundamental que se evidencia, alm do volume de informao ser bastante superior para os conventos masculinos, que muitos religiosos acabavam por gozar de uma margem de liberdade de movimentos de que as religiosas no usufruam. Era relativamente fcil aos homens sair do convento ou parquia a que estavam vinculados por inerncia das funes sacerdotais, se fosse o caso. At os religiosos obtinham facilmente licenas superiores para se deslocarem a banhos, por motivos de sade, ou visitar a famlia em determinados contextos, licen-as essas que, no raras vezes, criavam as condies para a fuga e a apostasia16. Em caso de captura, manifestando arrependimento, podiam alcanar o perdo17. Cabe aqui sublinhar que, sendo recorrente a invocao dos motivos de sade para obter licenas de secularizao, esta documentao possibilita tambm um estudo de doen-as epidmicas, crnicas e outras, suas manifestaes, sintomatologia, processos de cura e modos correntes de descrio das mesmas. Nalguns casos, permite estabelecer a sua incidncia geogrfica, salvaguardando uma margem de erro ou dvida, nas

    13 H numerosos documentos sobre situaes de fuga ou deslocaes no autorizadas, desta-cando-se, a ttulo exemplificativo, os que se encontram na caixa 90 (2), relativos a Frei Manuel da Conceio Porto, e 80 (4), para Frei Joo de Santo Alberto.14 Trata-se de Cludio Ozanon; encontram-se vrios documentos dispersos sobre o seu historial, mas destacam-se os nos 401, 402, 426 e 433.15 Seguramente, em articulao com uma poltica populacionista, houve sempre uma grande restrio criao de locais de vida consagrada para mulheres, no Brasil, tendo muitas optado por viver em clausura domstica. Cf. Histria da Vida Privada no Brasil, coord. Fernando Novais,So Paulo, Companhia das Letras, 2005, vol. 1, p. 178 e seg. Para um testemunho da poca, veja-se o que diz Auguste de Saint Hilaire, op. cit., p. 224, sobre as religiosas sem voto de Minas Gerais. 16 V. documentos em vrias caixas como 78(1), 87 (1), 87 (2) e 88 (1).17 V. na caixa 79 (3) a vasta documentao sobre o caso paradigmtico de Frei Jos da Sants-sima Trindade.

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    situaes em que a meno doena claramente um recurso forjado para justificar um pedido de dispensa, a fim de se alcanar ou prolongar a almejada sada do con-vento.

    Quanto s religiosas, era ponto assente que, uma vez feitos os seus votos, deve-riam isolar-se completamente do saeculum. As religiosas, raramente formulavam pedidos para sair da clausura. Dificilmente conseguiam sequer licena para transitar entre conventos e eram-lhes quase sempre negadas as necessrias autorizaes para se secularizarem, mesmo que, in extremis, desejassem ir morrer na casa paterna. Alguns casos destacam-se pela extenso e complexidade dos processos que chegaram a suscitar a piedosa interveno do prprio bispo, para alm das obrigaes da sua alada, ou mesmo das autoridades civis, tentando interceder em favor de algumas religiosas18. As que insistem em sair do convento, temporria ou definitivamente, semelhana do que faziam os religiosos, vem quase sempre negadas as suas pretenses. Os processsos arrastam-se por longos anos, durante os quais algumas tentam fugas em que arriscam a prpria vida19.

    Cronologicamente, estes pedidos de dispensa da vida comunitria, quer para homens quer para mulheres, embora no sejam exclusivos do perodo de perma-nncia do Nncio no Rio de Janeiro, so muito mais abundantes nesta altura, cons-tituindo uma parcela significativa da documentao.

    A presena do Nncio parece desencadear um maior zelo religioso e trazer superfcie muitas situaes obscuras, anteriormente latentes ou dissimuladas, em matrias graves do foro eclesistico, ou mesmo civil, como o nepotismo, roubo, falsificao de documentos, apostasia e outras prevaricaes.

    A crise do clero no era o nico motivo de preocupao do Nncio. Nas missi-vas do Bispo do Par, este revela explicitamente as suas inquietaes sobre o papel da maonaria que, em seu entender, ameaava a Igreja e abria as portas para o atesmo. Estas inquietaes avolumam-se com o passar dos anos20.

    A despeito da crise interna e presses externas com que o Nncio se debate, esta documentao espelha tambm as vrias tarefas construtivas da Igreja, em particular o empenho pela missionao, para o que contribuem os numerosos religiosos recrutados no estrangeiro, principalmente em Itlia, e sobre os quais proliferam notcias relativas sua organizao no Brasil21.

    18 V., em particular, caixa 100 (2) e os demais documentos relativos aos casos de Maria Sodr eMaria Gertrudes de S. Jos.19 A correspondncia sobre as religiosas est praticamente circunscrita s caixas 31 (2), 98 (2) e 100 (2) onde se encontra a maior parte dos documentos que permitem reconstituir boa parte das sagas de Maria Constncia das Virgens Belas, Ana Lusa Emerenciana, Maria Joaquina Jesus e as j referidas na nota precedente, Maria Sodr e Maria Gerturdes, que so das mais docu-mentadas.20 V. documento 46, 54 e 909.21 Saint-Hilaire, que nos seus relatos se revela to apreensivo quanto ao desgoverno da Igreja do Brasil, propondo mesmo algumas vias para a morigerao dos costumes de leigos e sacerdotes, estabelece uma clara fronteira que, em sua opinio, diferenciaria o clero secular, que faz do

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    A formao do clero constitua outra especial preocupao da Igreja local e est bastante documentada, em particular no que respeita criao do Estudo de So Paulo e definio dos currculos de formao sacerdotal22.

    A orientao e regulamentao das prticas religiosas de todos os fiis outra temtica frequente nestes papis, sobretudo no que toca delicada questo das dispensas. Nos pedidos de dispensa, em geral, est subjacente, por um lado, o desejo dos requerentes em enquadrar a sua situao face Igreja e, por outro, o esforo desta para obstar a que a diversidade de prticas e costumes crie fissuras graves oumesmo irreversveis.

    Na documentao do Brasil muito relevante a questo das dispensas matri-moniais. So apresentados ao Nncio numerosos processos, fruto do interesse dos nubentes em manter um vnculo Igreja, regularizando a sua situao. H uma clara tendncia para a concesso destas dispensas, mesmo nos casos canonicamente mais complexos, respondendo a uma presso poltica decorrente da crnica necessidade de expanso populacional, que foi um problema constante no Brasil at poca em estudo, sobretudo devido imigrao maioritariamente masculina e consequente escassez de mulheres europeias com as quais estes colonos pudessem contrair matrimnio23. Para esta matria, interessante no s consultar os processos de dispensa matrimonial, como tambm os textos que explicitam as razes de Estado arespeito da fixao e crescimento da populao no Brasil24. Assim, a prolixa documentao sobre as dispensas matrimoniais proporciona perspectivas de anlise histrica, sociolgica e demogrfica que se estendem tambm s questes da miscigenao, das relaes de parentesco entre os nubentes, comportamentos conjugais pr-nupciais, etc.

    Outro tipo de dispensa o de suspenso do jejum e da abstinncia. Consequn-cia ou no da chegada da Corte ao Rio de Janeiro e de mais habitantes vindos da

    sacerdcio um meio de vida vista de todos e com a aprovao geral, e o clero regular, a quem reconhece grande mrito e sacrifcio em prol do Brasil, e em particular, no caso dos jesutas, no empenho em civilizar os ndios para subtra-los tirania de seus opressores, op. cit., p. 85-86. O mesmo autor testemunha o mrito dos jesutas como pacificadores dos indgenas, que con-quistavam pela persuaso, desde os tempos de Anchieta, Segunda viagem ao interior do Brasil, So Paulo, Livraria Editora Nacional, 1936, p.17. Na documentao da Nunciatura, como j se tem vindo a apontar, esta fronteira entre os paradigmas de vida do clero regular e secular no to definida.22 A maior parte destes documentos encontra-se na caixa 87 (1). A este respeito, de referir o curioso testemunho do Padre Manuel Aires do Casal que na Corografia Braslica ou relao historico-geogrfica do Reino do Brasil, Livraria Itatiaia Editora Limitada, Belo Horizonte, 1976, p. 110; descreve a cidade de So Paulo como um local calmo e aprazvel, reunindo as melhores condies para nela se instalarem os Estudos Superiores.23 Este um tpico clssico, por assim dizer, na historiografia sobre o Brasil, tendo como fonte primeira as Cartas do Brasil (1549-1560) do Padre Manuel da Nbrega, que versam o assunto. Na obra de referncia de Gilberto Freire, Casa Grande e Senzal, Lisboa, Livros do Brasil, 1933, p. 95 e seguintes (Cap. II), o tema da escassez quando no falta absoluta de mulheres (p.100) tratado em funo da questo inter-racial.24 V. caixa 9 (5).

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    22

    Europa25, os documentos referem constantemente uma escassez de alimentos, sobre-tudo de alimentos frescos alternativos carne, o que seria particularmente sensvel em perodos de jejum ritual, como a quaresma26. Este argumento interessante do ponto de vista do estudo das prticas alimentares e da dieta corrente, mas pode ter, qui, outra leitura: antes da chegada da corte, o jejum e abstinncia seriam escru-pulosamente respeitados pelos fiis do Brasil? Se o no fossem, a falta de hbito e de convico no cumprimento dessas prticas podia ser escamoteada pela obteno da dispensa. Esta hiptese corroborada pelo facto de que, para o Rio de Janeiro e em vrios anos, so concedidas dispensas generalizadas a toda populao. Sem dvida, ao abrigo das dispensas, estavam precavidas quaisquer suspeitas desagradveis numa matria que podia revelar falta de respeito pelas normativas catlicas e no era conveniente que o pecado da gula pudesse desacreditar os cristos do Brasil. ape-nas uma conjectura, mas uma conjectura que decorre da verificao do recurso sis-temtico a argumentos em favor das dispensas cuja fundamentao , aparente-mente, formal.

    De certo modo, tm vindo a ser afloradas possibilidades de explorao deste ncleo documental em reas e perspectivas que no so exclusivamente as da Hist-ria da Igreja, ou da Histria Religiosa, mas que delas decorrem ou com elas se encontram. H ainda outros campos de trabalho possveis que so completamente extrnsecos a estes domnios. Enunciam-se dois: primeiramente, a temtica das via-gens e, em seguida, as questes de lingustica.

    Considerando no s a viagem da Corte para o Brasil, mas tambm a meno a vrias outras viagens e a informao que amide se transmite a este respeito, assim como as referncias a entrega de cartas e encomendas, ou ao seu extravio, interes-sante analisar, a partir desta documentao ou tomando-a como complemento de outras fontes, como se viaja de Portugal para o Brasil ou dentro do Brasil, quanto tempo demoram as viagens, que percursos so escolhidos, que riscos se corriam, e muito mais27.

    25 O argumento utilizado num documento da Nunciatura aqui recenseado com o nmero 865.26 V. em particular os documentos da caixa 39 (3). Curiosamente, outros testumunhos da poca, ou mesmo anteriores, j desde o Padre Ferno Cardim, no seu Tratado da Terra e gentes do Brasil, referem sempre o Brasil como terra de abundncia e variedade. O Padre Manuel Aires do Casal, por exemplo, descreve, para cada provncia, as respectivas produes agro-pecurias, explicando algumas variantes que as espcies tm no Brasil relativamente Europa e mencio-nando uma ou outra dificuldade pontual na produo, mesmo no que respeita ao Rio de Janeiro, op. cit., p. 193 e seguintes; as informaes que d, certamente relativas aos anos ime-diatamente anteriores publicao da sua obra (1817), no reflectem qualquer tipo de escassez ou desequilbrio entre a oferta e a procura de gneros alimentares. 27 A par desta documentao h um conjunto significativo de fontes j publicadas sobre viagens ao Brasil. Destacam-se as da primeira metade do sculo XIX por estarem mais prximas, cro-nologicamente, da maior parte dos documentos da Nunciatura. So incontornveis os ttulos de Auguste de Saint-Hilaire, dois dos quais j citados supra (v. notas 7 e 21). Tambm John Maweobteve permisso rgia para visitar o interior do Brasil, deixando testemunho da viagem que empreendeu entre 1809 e 1811 em Viagens ao interior do Brasil principalmente aos distritos do ouro e dos diamantes, Rio de Janeiro, Zlio Valverde, 1944. As viagens de J. B. von Spix e C. F.

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    23

    Esta documentao suscita ainda interessantes questes de carcter lingusticoe do mbito da Histria da Lngua que no transparecem nos sumrios agora apre-sentados e s so passveis de estudo a partir da leitura dos textos na sua verso ori-ginal ou rigorosamente transcrita.

    Tratando-se de documentos todos eles anteriores a 1850, a sua escrita, alheia a um padro gramatical estruturante, denota evidentes marcas de oralidade, a despeito de se tratar de documentao, em boa parte, com carcter muito formal e mesmo de natureza oficial. H um grande nmero de textos escritos em portugus por autores estrangeiros, em particular pelos missionrios italianos e pelo prprio Nncio ou seu secretrio, que evidenciam, pela sintaxe ou pelo lxico, qual a lngua me dos seus autores. Outros h, sobretudo os requerimentos particulares como os pedidos de dispensa matrimonial que, sendo escritos em portugus por autctones do Brasil ou indivduos muito marcados pelos regionalismos do local, denotam fenmenos lin-gusticos que ainda hoje permanecem, como por exemplo a alterao do uso de determinadas preposies (sua chegada neste pas utilizando-se a preposio em, em vez de a, contrada com o pronome demonstrativo este); o mesmo em chegou no porto28. Uma outra marca que ainda sobrevive na pronncia de alguns locais do Brasil o acrescento de uma vogal, formando ditongo, em determinadas slabas, como por exemplo feichada29 (at com a grafia feixada), por fechada, deiz30 por dez, peis31 por ps, entre outros exemplos. Por outro lado, na grafia deixa 32 em vez de deixar clara a marca da oralidade, pois, ainda hoje, em mui-tos sotaques do Brasil, o r final no se ouve, sendo a vogal da ltima slaba pronun-ciada como se fosse acentuada, uma vez que a slaba tnica.

    Outras expressivas marcas de oralidade esto patentes nas grafias de maij 33, sem nasalao, em vez de me e a malia34, em vez de a malha, que traduzem uma alterao da dico dos fonemas li e lh que ainda hoje se verifica no modo de falar portugus de muitos ilhus, nomeadamente em Cabo Verde e na Madeira.

    A diversidade scio-cultural dos vrios autores dos documentos da Nunciatura transparece tambm no plano dos recursos lexicais. Casos h em que a pouca fami-liaridade da pessoa que escreve com a forma do termo que pretende utilizar o leva a

    P. von Martins decorreram entre 1817 e 1820 e resultaram na publicao de Viagem pelo Brasil, Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1938. Daniel Parish Kidder esteve no Brasil, com intuito missionrio, entre 1834 e 1840. Os relatos que deixou referem-se s suas vivncias, mas tam-bm se reportam a um perodo imediatamente anterior, fruto dos testemunhos que recolheu. Escreveu as Reminiscncias de viagens e permanncia no Brasil, Rio de Janeiro e Provncia de So Paulo, So Paulo, Liv. Martins Editora, 1951.28 Documento 2533.29 Documento 2616.30 Documento 2616.31 Documento 2485.32 Documento 2485.33 Documento 2485.34 Documento 2616.

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    transpor para o papel algo semelhante sonoridade que captou, escrevendo, por exemplo, Imintiimo, em lugar de Excelentssimo ou Eminentssimo, ou fora-ria como alforria35.

    Este ltimo exemplo serve tambm para ilustrar uma outra dificuldade de dic-o e escrita, talvez a mais persistente e complexa que se encontra na lngua portu-guesa, desde o sculo XIII, que a troca ou dificuldade em discriminar o uso de l e r quando em slabas ou palavras prximas. Este fenmeno pode ter vrias origens e, nesta documentao, h um factor agravante a considerar que a ausncia dos sons f, l e r nas lnguas tupi-guarani36. A dificuldade no uso de l e r tam-bm comum entre alguns indivduos de provenincia africana, por razes semelhan-tes que se prendem com as sonoridades das respectivas lnguas maternas. O que pode ocorrer nesta documentao no somente a troca das referidas letras, mas uma reinveno de certas palavras, que lhes ter conferindo uma forma cuja sonori-dade porventura mais fcil para quem as utiliza, tornando-as comummente adop-tada por determinados grupos de falantes. Vejam-se como exemplo as transforma-es complexas que sofre Florncio ao perder a sonoridade nasal, adquirir uma slaba, perder outra e receber um mpeto mais gutural na dico de r at chegar a Folorreo37.

    Em suma, perante o manancial de documentao da Nunciatura portuguesa e as possibilidades de anlise que permite, quer seguindo uma orientao linear, quer multidisciplinar, em profundidade ou em extenso, cruzando matrizes de saberes vrios, resta deixar espao ao investigador para escolher os seus prprios caminhos de trabalho, esperando que estas sugestes tenham desencadeado o interesse que merece a informao que aqui se apresenta.

    MARIA FILOMENA BORJA DE MELO

    Centro de Literaturas e Culturas Lusfonas e Europeias

    Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

    Instituto de Estudos Medievais

    Faculdade de Cincias Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa

    35 Estes exemplos foram extrados do documento 2060 escrito e assinado por mo de Florncio Barbosa, que se apresenta como ex-escravo alforriado.36 A questo lingustica tem sido estudada desde Gabriel Soares de Sousa e do Padre Ferno Cardim, no sculo XVI. Jean de Lry, que chegou ao Brasil em 1557, elaborou um vocabulrio para o dilogo em tupi-guarani (Colquio) publicado na edio da sua obra Viagem Terra do Brasil, So Paulo, Ed. da Universidade de So Paulo, 1972. Saint-Hilaire, Viagem pelas Provn-cias, faz um levantamento do vocabulrio elementar de cada tribo a que se refere na sua obra. 37 Florncio Barbosa escreve e assina por sua mo o documento 2060, utilizando esta forma.

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  • Grficos

    Apresenta-se a seguir, em forma grfica, a indicao estatstica da incidncia de determinados dados quantitativamente relevantes, selecionados a partir da documentao sumariada.

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  • ARQUIVO SECRETO DO VATICANO

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    DIOCESES

    ORDENS RELIGIOSAS

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    LNGUA DOS DOCUMENTOS

    PAPAS MAIS REFERIDOS

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    TIPOLOGIA DOCUMENTAL

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  • 31

    Sumrios da Documentao

    [1] 1692, Junho, 22, s.l.Sumrio de dois documentos, sendo o primeiro uma metdica recolha e relato

    de crimes, atentados e calnias de que foram vtimas as autoridades eclesisticas do Rio de Janeiro. O segundo diz respeito a uma carta da Sagrada Congregao dos Bispos e Regulares elaborada na data supra, com instrues [dirigidas a uma perso-nagem no identificada] para que escrevesse ao Nncio a solicitar determinadas informaes.

    Obs. Documento em italiano (primeiro documento) e em latim (segundo documento); este documento ter estado anexo ao documento da caixa 8 (3), fls. 15 a 18v.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FLS. 5 A 7.

    [2] [Ca. 1692-1693, s.l.]Memorial enviado ao Papa em nome do Rei [por autor no identificado]

    expondo as queixas sobre a conduta do Bispo do Rio de Janeiro, D. Jos Barros de Alarco, que abrangiam matrias como a cumplicidade com o trfico de escravos ndios, arbitrariedade nas nomeaes, negligncia nas ordenaes, corrupo na administrao de bens e ofcios do Padroado, prepotncia para com as ordens religiosas e desprezo pela populao da respectiva Diocese.

    Obs. Documento em italiano. ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FLS. 9 A 12.

    [3] 1692, Dezembro, 30, LisboaExposio dirigida Santa S pelo Nncio referindo os testemunhos indirec-

    tos de dois missionrios [no identificados] que estiveram no Rio de Janeiro, sobre a fama que corria a respeito da conduta do Bispo D. Jos Barros de Alarco.

    Obs. Documento em italiano.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FL. 13 A 13V.

    [4] 1693, Maro, 31, s.l.Exposio feita Santa S em nome do Bispo D. Jos Barros de Alarco, em

    defesa das acusaes de que era vtima. Estas acusaes so atribudas a uma retaliao por parte das autoridades civis locais de cujo mau governo o referido Bispo apresentara queixa ao Rei. O autor pede Sagrada Congregao Compe-tente para o caso uma interveno em seu favor, de acordo com a legislao cannica nesta matria. feita meno a uma relao anexa de crimes e calnias anteriormente praticados contra os prelados antecessores.

    Obs. Documento em italiano. O anexo referido poder ser o documento da caixa 8 (3), fls. 5 a 7.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FLS. 15 A 18V.

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    [5] [Ca. de 1692-95, s.l.]Requerimento em nome de D. Jos Barros de Alarco [Bispo do Rio de

    Janeiro, sobre quem pendiam diversas acusaes], pelo qual solicita Sagrada Congregao Competente para ser julgado pela Santa S ao abrigo do direito cannico. O autor queixa-se por no ter sido respeitada a imunidade eclesistica a que o Bispo tinha direito.

    ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FL. 21 A 21V.

    [6] [Ca. de 1692-95, s.l.]Cpia de uma carta [do Nncio] dirigida Santa S confidenciando que o

    Bispo do Rio de Janeiro suspeitava das indagaes em curso relativas sua pessoa,pelo que se lhe dirigira pessoalmente. O autor v nesta atitude uma tentativa do Bispo para averiguar a situao pelo que assegura no ter dado quaisquer indica-es a este respeito.

    Obs. Documento em italiano. O documento est incompleto, provavelmente por ser uma cpia.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FL. 23.

    [7] 1693, Maro, 3, RomaCarta enviada pela Sagrada Congregao Competente ao Nncio acompa-

    nhando o memorial relativo ao caso do Bispo D. Jos Barros de Alarco; pedido de provas para verificar a autenticidade das notcias recebidas sobre o referido Bispo.

    Obs. Documento em italiano. O teor deste documento idntico ao do documento da caixa 8 (3), fl. 30. O memorial a que o autor se refere poder ser o documento da caixa 8 (3), fls 9 a 12.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FLS. 25 A 26.

    [8] [Ca. 1697, Janeiro, 13, Roma]Parecer da Sagrada Congregao Competente dirigido ao Nncio sugerindo

    o envio de um Breve enviado ao Rei de Portugal para a reintegrao do Bispo D. Jos Barros de Alarco na Diocese do Rio de Janeiro aps ter sido verificada a inconsistncia das acusaes que haviam sido feitas. Recomenda-se ainda ao Nncio que faa presente ao Rei a necessidade de admoestar o dito Bispo para que se comporte diferentemente no respeitante administrao de bens e ao exerccio da sua autoridade.

    Obs. Documento em italiano.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FL. 27 A 27V.

    [9] 1693, Novembro, 11, [Roma]Carta enviada pela Secretaria da Congregao dos Bispos e Regulares para

    acompanhar quatro documentos enviados ao Nncio, relativos ao caso do Bispo D. Jos Barros de Alarco, da Diocese do Rio de Janeiro.

    Obs. Documento em italiano. Dos anexos mencionados, dois sero os documentos n.os 10 e 11 da caixa 8 (3), fl. 30 e 8 (3), fl. 32.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FLS. 29 E 34V.

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    [10] [1693, Maro, 3, Roma]Carta enviada pela Sagrada Congregao Competente ao Nncio acompa-

    nhando o memorial relativo ao caso do Bispo D. Jos Barros de Alarco; pedido de provas para verificar a autenticidade das notcias recebidas sobre o referido Bispo.

    Obs. Documento em italiano. O teor deste documento idntico ao do documento da caixa 8 (3), fls. 25 a 26. Esta pea poder ter sido enviada em anexo ao documento da caixa 8 (3), fls. 29 e 34v. O memorial a que o autor se refere ser, eventualmente, o documento n. 2.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FL. 30.

    [11] 1693, Maio, 19, LisboaCpia de uma carta do Nncio Congregao dos Bispos e Regulares com-

    prometendo-se a tentar obter mais informaes relativas ao caso do Bispo D. Jos Barros de Alarco, apesar das dificuldades que diz ter encontrado. Afirma clara-mente estar solidrio com o referido Bispo por ter indcios de que ele seria objecto de devassa judicial por parte das autoridades civis.

    Obs. Documento em italiano. Este documento poder ter sido enviado em anexo ao documento da caixa 8 (3), fls. 29 e 34v.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FL. 32.

    [12] 1695, Julho, 25, BahiaCpia de uma carta enviada por D. Joo, Arcebispo da Bahia, ao Nncio,

    acompanhando um relatrio que o autor mandara elaborar a respeito das acusa-es feitas ao Bispo do Rio de Janeiro.

    Obs. Documento em italiano. O anexo a que o autor se refere ser o docu-mento da caixa 8 (3), fls. 36 a 36v e 38 a 39.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FL. 35.

    [13] 1695, Julho, 22, BahiaConjunto constitudo por um relatrio das acusaes que publicamente eram

    feitas relativamente ao procedimento e conduta do Bispo do Rio de Janeiro [D. Jos Barros de Alarco], e depoimento de testemunhas das referidas acusaes.

    Obs. Documento em latim. Este documento ter sido enviado como anexo do documento da caixa 8 (3), fl. 35.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FLS. 36 A 36V E 38 A 39.

    [14] 1697, Janeiro, 16, [Roma]Carta do Cardeal Acciaioli ao Nncio corroborando o parecer da Sagrada

    Congregao Competente relativamente ao caso do Bispo do Rio de Janeiro, D. Jos Barros de Alarco, citando o relatrio elaborado pelo Arcebispo da Bahia. O autor frisa a necessidade de fazer com que D. Jos regresse Diocese, com bre-vidade, para que esta no fique longamente abandonada.

    Obs. Documento em italiano, contendo uma citao em latim. A data que figura no documento 1696, mas depreende-se, pelo contexto, que est errada, devendo ser 1697.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FLS. 41 A 42 E 42V.

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    [15] [Ca. de 1692-96, Roma]Parecer jurdico no qual o autor [no identificado] condena o afastamento

    da respectiva Diocese do Bispo do Rio de Janeiro [D. Jos Barros de Alarco], no decurso do seu processo. frisada a necessidade de serem criadas condies para que, prontamente, o referido Bispo regresse sua residncia. O autor considera tambm que a Igreja devia apresentar queixa ao Rei sobre o procedimento das autoridades civis do Brasil.

    Obs. Documento em italiano, contendo citaes de legislao cannica em latim.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FLS. 45 A 47V.

    [16] 1696, Novembro, 24, s.l.Cpia de uma carta enviada pelo Secretrio de Estado, Mendo de Fios

    Pereira, ao Nncio. Escusa-se o autor, em nome do Rei, por no poder aceder deciso da Santa S, de restituir o Bispo do Rio de Janeiro sua Diocese na ple-nitude da posse dos seus direitos e dignidade, nomeadamente da cngrua. Nota que o Arcebispo da Bahia, cujo parecer dera azo pretenso da Santa S, no fora ao Rio de Janeiro pessoalmente.

    Obs. Documento em italiano.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FLS. 49 A 50V.

    [17] 1696, Novembro, 29, LisboaCpia de uma carta do Nncio Santa S dando conta das suas diligncias

    junto da Corte para garantir o regresso do Bispo do Rio de Janeiro, D. Jos Barros de Alarco, sua Diocese e apresentando a carta com que o Secretrio de Estado respondera s suas instncias.

    Obs. Documento em italiano. A carta referida pelo autor poder ser o docu-mento da caixa 8 (3), fls. 49 a 50v.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FLS. 51 A 52V.

    [18] 1697, Fevereiro, 1, [Roma]Carta da Sagrada Congregao dos Bispos e Regulares ao Nncio, apresen-

    tando em anexo a resoluo da Sagrada Congregao Especialmente Deputada para o caso do Bispo de Rio de Janeiro [D. Jos Barros de Alarco].

    Obs. Documento em italiano. ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FL. 53.

    [19] 1695, Julho, 22, BahiaCarta do Arcebispo da Bahia ao Nncio. Refere uma missiva enviada no ano

    anterior em que lamentara no dispor a tempo da informao pedida ao Nncio pela Sagrada Congregao dos Bispos [relativamente ao Bispo de Rio de Janeiro, D. Jos Barros de Alarco], para si urgentemente remetida. Apresentava ento o resultado das diligncias que efectuara.

    Obs. Documento em latim. ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FL. 54.

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  • ARQUIVO SECRETO DO VATICANO

    35

    [20] 1695, Novembro, 14, LisboaCarta do Nncio Sagrada Congregao dos Bispos, remetendo as informa-

    es finalmente havidas do Arcebispo da Bahia sobre o caso do Bispo de Rio de Janeiro, bem como a verso latina da respectiva carta de apresentao.

    Obs. Documento em italiano. ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FL. 55.

    [21] 1697, Janeiro, 15, [Roma]Pedido de parecer e aprovao de um documento anexo dirigido [por autor

    no identificado] aos cardeais Acciaioli, Carpegna, Casanata e Marescotti.Obs. Documento em italiano. ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FL. 56.

    [22] 1696, Abril, 7, s.l.Apontamento de uma ordem havida do Papa e transmitida pela Sagrada

    Congregao Competente Secretaria de Estado para que escrevesse ao Nncio a respeito do Bispo de Rio de Janeiro [D. Jos Barros de Alarco].

    Obs. Documento em latim. ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FL. 58V.

    [23] 1697, Junho, 22, s.l.Carta do Bispo de Rio de Janeiro ao Nncio dando-lhe a devida satisfao

    por no lhe ter enviado a resposta esperada e por ter preferido mandar toda a documentao directamente para os seus procuradores em Roma para que a fizes-sem chegar Sagrada Congregao competente.

    ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FL. 60.

    [24] s.d., s.l.Nota de acompanhamento de uma cpia [destinada Nunciatura (?)] da

    petio enviada a Roma pelo Bispo de Rio de Janeiro aos seus procuradores, a quem recomendara a traduo e a redaco formal da mesma. Comunica ainda que escrevera a dar uma satisfao ao Nncio relativamente a este caso.

    Obs. A carta escrita ao Nncio, aqui mencionada, poder ser o documento da caixa 8 (3), fl. 60.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FL. 62.

    [25] [Ca. de 1755]Exposio da situao [de Manuel Antunes da Fonseca], preso e acusado de

    sublevar a populao, ofender o Proco e cometer vrios outros crimes no exerc-cio das suas funes [Ouvidor-Geral] da Capitania de Vila Boa de Gois.

    Obs. Documento em italiano.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FL. 77.

    [26] 1755, Maio, 31, Rio de Janeiro Carta do Bispo do Rio de Janeiro relatando os factos ocorridos em Gois

    onde o Ouvidor da Capitania, Manuel Antunes da Fonseca sublevara a populao,

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    36

    tendo sido ameaada a integridade fsica do Proco local, Joo Perestrelo de Vas-concelos Spnola.

    ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FLS. 78 A 79.

    [27] [Posterior a 1805, Mato Grosso]Requerimento apresentado ao Nncio pelo Cnego Jos Ribeiro de Almeida,

    da Catedral do Par, e Vigrio-Geral entretanto suspenso, pedindo para ser resti-tudo no seu primitivo cargo, pois fora enviado para o Mato Grosso em 1799 na sequncia de problemas havidos com o Governador Francisco de Sousa Coutinho.

    ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FL. 90.

    [28] 1799, Fevereiro, 28, Queluz Cpia de uma carta de D. Rodrigo de Sousa Coutinho dirigida a D. Fran-

    cisco de Sousa Coutinho sobre a ordem rgia de exilar no Mato Grosso o Vigrio--Geral de Gro-Par, Cnego Jos Ribeiro de Almeida.

    ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (3), FL. 91.

    [29] 1802, Abril, 25, Roma Carta do Cardeal Consalvi ao Cardeal Pacca [Nncio], dando indicaes

    relativas ao procedimento burocrtico para a renncia e sucesso do Bispo de Bragana, em que mencionado o Bispo de Pernambuco, nomeado para aquelaDiocese.

    Obs. Documento em italiano. Neste conjunto existem outras peas do pro-cesso de sucesso do Bispado de Bragana, mas foram tratados apenas os documentos em que era mencionado o envolvimento do Bispo de Pernam-buco neste caso.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (4), FL. 5.

    [30] 1803, Novembro, 22, [Lisboa]Rascunho de uma carta dirigida ao Secretrio de Estado [da Santa S pelo

    Secretrio da Nunciatura] lamentando as irregularidades no processo de nomea-o episcopal para Bragana e Pernambuco, indevidamente dadas por vacantes.

    Obs. Documento em italiano.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (4), FL. 15 A 15V.

    [31] 1806, Fevereiro, 4, [Lisboa] Rascunho da carta do Nncio ao Secretrio de Estado congratulando-se com

    a nomeao do Bispo de Pernambuco para Elvas e com a designao do Padre Jos Maria de Arajo, monge Jernimo, para a sucesso de Pernambuco.

    Obs. Documento em italiano. Uma nota indica que o documento original foi cifrado.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (4), FLS. 17 A 18.

    [32] 1804, Maio, 1, RomaCpia de carta dirigida ao Nncio em nome do Papa instando-o a demover o

    Bispo de Bragana da impugnao da sua anterior renncia, j devidamente anali-

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    sada e dada por autntica. Deve-se a urgncia da instncia necessidade de des-bloquear o processo de nomeao para aquela sede do Bispo de Pernambuco.

    Obs. Documento em italiano. Cf. obs. do documento da caixa 8 (4), fls. 22 a 23.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (4), FL. 20 A 20V.

    [33] 1804, Maio, 1, RomaCpia de carta dirigida ao Nncio em nome do Papa instando-o a demover o

    Bispo de Bragana da impugnao da sua anterior renncia, j devidamente anali-sada e dada por autntica. Deve-se a urgncia da instncia necessidade de des-bloquear o processo de nomeao para aquela sede do Bispo de Pernambuco.

    Obs. Documento em italiano. Este documento est cifrado mas o teor idntico ao do documento da caixa 8 (4), fls. 20 a 20v.

    ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (4), FLS. 22 A 23.

    [34] 1806, Abril, 1, RomaCarta do Cardeal Consalvi ao Nncio sobre o processo de renncia e suces-

    so do Bispo de Bragana. Esta renncia, feita cinco anos antes, dada por vlida,pelo que o Nncio deveria negociar com o Prncipe Regente a transferncia, para Bragana, do Bispo de Pernambuco, entretanto j nomeado para Elvas.

    Obs. Documento em italiano.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (4), FLS. 24 A 25V.

    [35] 1805, Outubro, 21, RomaCarta do Cardeal Consalvi ao Nncio sobre o processo de renncia e suces-

    so do Bispo de Bragana. Aps reiterar a validade daquela renncia, o autor sugere a resoluo do caso atravs da nomeao do Bispo de Pernambuco, na qualidade de Coadjutor daquele Bispo.

    Obs. Documento em italiano.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (4), FLS. 30 A 34.

    [36] 1804, Fevereiro, 18, [Lisboa]Rascunho de uma carta [do Nncio] ao Cardeal Secretrio de Estado

    expondo pormenorizadamente as vicissitudes que tinham conduzido situao de impasse em curso: em 15 de Maro de 1802, o Nncio precedente crera no poder dispensar-se de instruir o normal processo para dar um sucessor ao Bispo de Pernambuco nomeado entretanto pelo Prncipe Regente para o Bispado de Bragana.

    Obs. Documento em italiano.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (4), FLS. 52 A 54V.

    [37] 1805, Fevereiro, 7, LisboaRascunho de uma carta [do Nncio] ao Cardeal Secretrio de Estado sobre o

    processo de renncia e sucesso no Bispado de Bragana, reiterando as suas pro-postas de soluo para o impasse em curso, por ocasio da nomeao do novo representante de Portugal em Roma. O Nncio considera irregular o anterior-mente instrudo processo de nomeao, para Pernambuco, do Abade dos Jerni-

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    mos, enquanto o Bispo desta Diocese no fosse transferido pelo Papa para qual-quer outra sede.

    Obs. Documento em italiano.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (4), FLS. 56 A 59V.

    [38] 1815, Setembro, 13, LisboaRascunho de uma carta ao Cardeal Jlio Maria da Somaglia sobre o processo

    de renncia e sucesso no Bispado de Bragana e Miranda, informando o destinatrio de que os documentos recentes relativos ao caso se encontravam em poder do Prncipe Regente.

    Obs. Documento em italiano.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (4), FL. 78 A 78V.

    [39] 1814, Junho, 20, Rio de JaneiroCpia e traduo de uma proviso do Prncipe Regente D. Joo, respeitante ao

    Padre Lus Jos Carvalho, Vigrio de Vila Nova do Prncipe, comarca de Paranagu e Curitiba, que excomungara e sujeitara penitncia das varas seis soldados que tinham tomado parte na priso do Padre Jos Monteiro Batalha, processado por rapto e estupro. A proviso declara nulas as sentenas de excomunho.

    Obs. Documento em italiano.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (4), FLS. 107 A 108V.

    [40] 1802, Maro, 8, QueluzCarta do Visconde de Balsemo comunicando [ao Nncio] a aceitao da

    renncia de D. Antnio Lus da Veiga Cabral da Cmara, Bispo de Bragana e Miranda, e a consequente transferncia para esta sede do Bispo de Pernambuco, D. Jos Joaquim de Azeredo Coutinho, bem como a nomeao, para a Diocese de Pernambuco, do Beneditino Frei Jos de Santa Escolstica [e Oliveira].

    ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (4), FL. 113.

    [41] 1803, Setembro, 30, ParCpia de uma exposio [enviada ao Prncipe Regente] de recurso contra

    uma rogatria que ilibava Sebastio Freire da Fonseca, excomungado por ter sequestrado e maltratado o Proco [Matias de Sousa] da Freguesia onde residia[SantAna do] Igarap Miri. O referido Sebastio Fonseca fora dado como ino-cente pelas autoridades civis e considerado oprimido, por ter sido excomungado. O autor relata vrias etapas do processo e explica as suas posies neste caso, justificando nomeadamente as razes pelas quais reputa como nulo o acrdo dado. Cita os depoimentos de doze testemunhas que viram o Padre encarcerado e presenciaram a situao de conflito gerada.

    O autor fundamenta as suas deliberaes e a indignao relativamente s ile-galidades que aponta, recorrendo a vrios trechos da jurisprudncia eclesistica.

    Obs. Documento em portugus com excertos em latim.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FLS. 4 A 25V.

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    [42] 1803, Agosto, 30, ParCarta de D. Manuel, Bispo do Par, [dirigida ao Prncipe Regente] acompa-

    nhando a cpia de dois documentos respeitantes ao seu procedimento no caso de Sebastio Freire da Fonseca [excomungado por ter espancado o Proco Matias de Sousa, da Freguesia onde residia, SantAna do Igarap-Miri].

    A cpia do primeiro documento atesta que este Bispo respondera perante o Juzo da Coroa na sequncia da petio do recurso do referido Sebastio da Fon-seca, considerada ofensiva das regras cannicas.

    Na cpia do segundo documento, consta que os magistrados, analisando a sua resposta, elaboraram um libelo que o autor refuta como sendo totalmente contra a lei e o costume e ultrajante para a Coroa e para o clero.

    O autor considera ainda que os factos eram suficientes para, depois de sus-pensa a deciso do recurso, ser afastado o Governador e proceder-se contra os agressores mais audaciosos que haviam agido sob a sua proteco, acrescentando que a impunidade de outras situaes precedentes era ruinosa tanto para os inte-resses do Estado quanto para a reforma dos costumes.

    Obs. Documento em portugus com excertos em latim.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FLS. 29 A 70.

    [43] 1803, Junho, 8, ParExposio do Bispo do Par [D. Manuel de Almeida de Carvalho] sobre o

    processo de Sebastio Freire da Fonseca, madeireiro, acusado de ter prendido e espancado o Proco [Matias de Sousa] da Freguesia em que residia, SantAna do Igarap-Miri, que levara a sua casa a pretexto de ministrar os sacramentos. Na sequncia destes factos, o autor diz que declarara excomungado o referido Sebas-tio Freire da Fonseca, o qual fora depois para a clausura do Convento de Santo Antnio, num acto que o autor reputa de hipcrita. A, com o auxlio de um frade Capucho, advogado, elaborou um requerimento dirigido ao Governador-Geral do Estado, tendo este publicado um alvar concedendo o perdo rgio a Sebastio Freire da Fonseca e seus escravos, cuja pblica-forma, datada de 6 de Junho, est anexa. Igualmente anexos esto os documentos de excomunho emitidos pelo Bispo contra o referido Sebastio Freire a 2 de Junho do mesmo ano.

    ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FLS. 73 A 76, 77 A 79 E 81 A 84.

    [44] 1807, Outubro, 9, Par Segunda resposta apresentada pelo Bispo do Par [D. Manuel de Almeida de

    Carvalho] aos magistrados, sobre o acrdo e recurso relativos ao Padre Fran-cisco Alexandre Branco de Puga, natural do Arcebispado de Braga, que tinha sido preso e inibido do exerccio das Ordens.

    Obs. Documento em portugus com excertos em latim.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FLS. 85 A 87.

    [45] [Ca. de 1807 (?), Par]Exposio enviada ao Prncipe Regente, sobre o caso do Padre Francisco

    Alexandre Branco de Puga, natural do Arcebispado de Braga, apresentando os

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    fundamentos do acto do Bispo do Par; este tinha suspendido e expulsado o refe-rido sacerdote daquele Bispado, devido ao seu comportamento (que se considera pr at em causa se o indivduo em questo seria, de facto, sacerdote). O autor acusa tambm as autoridades civis envolvidas neste caso, nomeadamente os dois magistrados, o Procurador da Coroa e o Adjunto, que reputa de incompetentes no desempenho das suas funes.

    Obs. A paginao no respeita a sequncia do documento. Documento em portugus com excertos em latim.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FLS. 89 A 96.

    [46] 1809, Dezembro, 19, Par Carta do Bispo do Par [D. Manuel de Almeida de Carvalho] ao Nncio,

    acusando a recepo de trs missivas, uma com a cpia do requerimento enviado Corte em defesa daquela Igreja, outra relativa a uma questo de minorias, sendo a terceira a Pastoral do Jubileu, acompanhada do Beneplcito Rgio.

    O autor tece algumas consideraes sobre a infiltrao de doutrinas errneas na Corte, nomeadamente da Maonaria, e do consequente minar do que considera serem as estruturas da Igreja e do Imprio. Como consequncia desta situao, so apontados alguns factos verificados na Diocese em causa: desvio de fundos do Er-rio Rgio destinados s obras da Catedral; extravio das esmolas da Mitra; priso e maus tratos infligidos a um Padre; morte do Vigrio-Geral em circunstncias que o autor considera merecerem vingana.

    Finalmente expe alguns aspectos relacionados com o caso do Padre Fran-cisco Alexandre Branco de Puga e as presses feitas pelo prprio e pelas autori-dades civis, para que este pudesse exercer o sacerdcio naquele Bispado.

    Obs. A paginao do documento no respeita a sequncia do documento. O documento da caixa 8 (6), fls. 100 a 109 ter sido enviado juntamente com esta carta, segundo uma nota escrita posteriormente.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FLS. 97 A 97V, 99 A 99V E 110 A 110V.

    [47] 1809, Dezembro, 17, Par Carta [do Bispo do Par, D. Manuel de Almeida de Carvalho] ao Nncio,

    sobre o recurso do Presbtero bracarense Francisco Alexandre Branco de Puga,que havia sido suspenso do exerccio das ordens sacras na Diocese do Par. O autor exprime a sua indignao pela interveno dos magistrados civis no caso e pelo acrdo emitido, pois considera este assunto da exclusiva jurisdio ecle-sistica, uma vez que estava em causa a capacidade e dignidade do sacerdote.

    Num post-scriptum, o autor acrescenta algumas consideraes sobre a Junta Provisional que, em sua opinio, patenteava algumas ilegalidades e, pelos seus abusos, ameaava arruinar todas as colnias, entravando a aco da Igreja e dos seus prelados.

    Obs. Esta carta ter sido enviada juntamente com o documento da caixa 8 (6), fls 97-97v, 99-99v e 110-110v, segundo uma nota escrita poste-riormente. O teor deste documento idntico ao do documento da caixa 8 (6), fls. 121 a 126, sendo o presente acrescido de um breve post-scriptum.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FLS. 100 A 109.

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    [48] 1807, Setembro, 4, Par Carta do Bispo do Par [D. Manuel de Almeida de Carvalho], pedindo [ao

    Nncio] que intercedesse junto do Prncipe Regente para que este, por sua vez, interviesse nalguns casos verificados na Diocese do Par, nomeadamente no que respeitava a Francisco Alexandre Branco de Puga; o autor queixa-se de ser pres-sionado pelos magistrados para lhe conceder a faculdade de exercer as ordens sacras, o que recusa por o considerar um delinquente com ligaes Maonaria.

    Refere ainda o caso, que achava dever ser do conhecimento rgio, respei-tante ao Bacharel Joaquim Clemente da Silva Pombo. Este estivera preso por crime punvel com pena de morte, mas fora libertado e feito Juiz de Fora, tendo a respectiva carreira progredido at ao cargo, que ocupava ento, de Desembarga-dor e Ouvidor-Geral; segundo o autor, o percurso deste indivduo devera-se ao parentesco com Gaspar Feliciano de Morais, oficial da Secretaria dos Negcios do Reino e proteco do General D. Francisco de Sousa. O autor considerava-o manifestamente contra a religio, dizendo que por isso se queixara dele, Bispo, acusando-o de ter ultrajado a Junta da Coroa.

    So mencionados trs documentos relacionados com as situaes descritas, que o autor teria anexado.

    Conclui acrescentando que esperava a resoluo da causa do Hospital [dos Pobres do Par], contando para tal com o crdito do Padre Frei Francisco de Alba Pompeia, missionrio na cidade do Maranho.

    Obs. No esto apensas, nem possvel identificar neste conjunto as cpias dos trs documentos a que o autor se refere.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FLS. 111 A 113.

    [49] 1803, Outubro, 16, Par Carta do Bispo do Par, D. Manuel [de Almeida, ao Nncio], acompanhando

    o envio da cpia das respostas dadas pelo autor ao Juzo da Coroa.Obs. Este documento ter sido enviado juntamente com o documento da caixa 8 (6), fls. 115 a 120.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FL. 114.

    [50] 1807, Agosto, 12, Par Cpia da primeira resposta do Bispo do Par [D. Manuel de Almeida de Car-

    valho], aos magistrados, sobre o recurso interposto pelo Padre Francisco Alexan-dre Branco de Puga. A fim de explicar a conduta neste caso, o autor relata todo o historial relativo ao referido Francisco Puga.

    Obs. Este documento ter sido enviado como anexo ao documento 8 (6), fl. 114.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FLS. 115 A 120.

    [51] 1809, Dezembro, 17, Par Carta do [Bispo do Par, D. Manuel de Almeida de Carvalho] ao Nncio,

    sobre o recurso interposto pelo Presbtero bracarense Francisco Alexandre Branco de Puga, que havia sido suspenso do exerccio das Ordens na Diocese do Par. O autor exprime a sua indignao pela interveno dos magistrados civis no caso

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    e pelo acrdo emitido, pois considera este assunto da exclusiva jurisdio ecle-sistica, uma vez que estava em causa a capacidade e dignidade do sacerdote.

    Obs. O teor deste documento idntico ao documento da caixa 8 (6), fls. 100 a 109, ao qual foi acrescentado um post-scriptum.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FLS. 121 A 126.

    [52] 1803, Junho, 6, Par Resposta do Bispo do Par, D. Manuel [de Almeida de Carvalho], a vrias

    cartas [do Nncio] em que so aflorados superficialmente assuntos como a rela-o do Estado com a Igreja e o Hospital dos Pobres [do Par (?)].

    ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FLS. 130 A 131.

    [53] [1803 ?], s.l.Sntese das vrias etapas do caso do sequestro do Proco [Matias de Sousa,

    da Freguesia de SantAna do Igarap-Miri] por Sebastio Freire da Fonseca.Obs. Documento em italiano.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FL. 132.

    [54] [1808, Par] Cpia de uma carta do Bispo do Par, D. Manuel [de Almeida de Carvalho],

    apresentando ao Conde de Arcos as congratulaes pela chegada da Famlia Real ao Brasil; o autor faz ainda algumas queixas, de modo sumrio, sobre a crescente laicizao naquele territrio.

    ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FL. 133 A 133V.

    [55] [Cerca de 1808, Par (?)]Excerto de um relato dos incidentes ocasionados pelo General Narciso numa

    procisso do Corpo de Deus; segundo o autor, o referido General ter infringido todo o protocolo e desrespeitado a autoridade eclesistica e a prpria Igreja.

    Descrio dos factos que levaram priso, por ordem do General, do Meiri-nho, emissrio do Bispo na indagao das cartas demissrias de um Padre [Fran-cisco Alexandre Branco de Puga (?)] que substitura o Capelo do regimento.

    ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FL. 134 A 134V.

    [56] 1809, Fevereiro, 20, Rio de Janeiro Despacho do Desembargo do Pao autorizando que se remetessem os autos

    e se cumprissem as sentenas da Junta [no especificado o caso a que se referem os ditos autos e sentenas conflitos entre autoridades civis e eclesisticas noPar (?)].

    ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FL. 137.

    [57] [1807, Lisboa] Carta do Padre Joaquim Jos de Macedo acompanhando um conjunto de

    documentos procedentes do Par [sobre um conflito entre o autor e o Bispo do Par].

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    43

    Obs. Segundo o autor, os documentos 8 (6), fl.140 e 8 (6), fls. 150 a 151 tero sido remetidos juntamente com esta carta.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FL. 139.

    [58] 1807, Agosto, 6, Lisboa Carta do Padre Joaquim Jos de Macedo [da Diocese do Par], na qual o

    autor declara acatar a pena que lhe fora imposta [no especificada], em obedin-cia ao Nncio.

    Obs. Esta carta ter sido enviada juntamente com documento da caixa8 (6), fl. 139.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FL. 140.

    [59] [1807] Memorial elaborado pelo Padre Joaquim Jos de Macedo [da Diocese do

    Par], relatando [ao Nncio] as suas actividades e os factos que o levaram a ser acusado pelo seu Bispo; faz queixas do referido Bispo, apontando vrias atitudes prepotentes deste, no s em situaes em que o autor est directamente envol-vido, como tambm noutras circunstncias, nomeadamente no caso da priso do Padre Trovo, no sequestro e priso dos Barbadinhos italianos, em dissidncias com o General, Ministros e tribunal da Coroa, na recusa em dar os benefcios que seriam devidos ao Padre Dornelas pela negao da defesa ao Padre Pugas (sic), na priso e/ou suspenso dos Padres Medeiros e Nazianzeno, Manuel Benedito, Francisco Cardoso, Conde e outros, pelas acusaes torpes a alguns religiosos do Convento de Santo Antnio, como vingana do Guardio Frei Jos da Rainha Santa, no desterro do Padre Ribeiro e tentativa de desterro do Padre Raimundo, etc. Simultaneamente, acusa o Bispo de nepotismo. Neste contexto so feitas refe-rncias ao conflito entre o poder civil e o poder eclesistico no Par.

    Obs. Este documento ter sido enviada juntamente com o documento da caixa 8 (6), fl. 139.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FLS. 142 A 146V.

    [60] 1807, Julho, 20, Par Carta de Manuel de Jesus Maria Jos Macedo ao filho, o Padre Joaquim Jos

    de Macedo [da Diocese do Par], aconselhando-o a tomar as devidas precaues no regresso ao Par, tendo em conta o grave conflito que o opunha ao respectivo Bispo.

    Obs. Esta carta ter sido enviada juntamente com o documento da caixa 8 (6), fl. 139.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FLS. 148 A 149.

    [61] 1807, Julho, 21, Par Carta de Jos Francisco da Conceio Macedo, irmo do Padre Joaquim Jos

    de Macedo, informando-o da situao na Diocese do Par relativamente ao con-flito que opunha o Bispo dessa Diocese ao destinatrio, a outros clrigos e s autoridades civis.

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    44

    Obs. Esta carta ter sido enviada juntamente com o documento da caixa 8 (6), fl. 139.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FLS. 150 A 151.

    [62] 1809, Maio, 18, [Rio de Janeiro] Rascunho de uma carta [do Nncio] ao Bispo do Par [D. Manuel de

    Almeida de Carvalho], dando conta das providncias tomadas junto das autorida-des civis em defesa da causa desse Bispo relativamente questo da imunidade eclesistica.

    ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FL. 153 A 153V.

    [63] s.d., s.l.Rascunho de uma exposio [do Nncio ao Prncipe Regente] sobre o litgio

    entre o Bispo do Par e a justia civil, a respeito do caso do Padre Francisco Ale-xandre Branco de Puga.

    Obs. Documento em italiano. A paginao no respeita a sequncia do documento; possvel que o flio 158 (um post-scriptum) no pertena a este documento.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FLS. 154 A 157V E 158.

    [64] [Cerca de 1807 (?)]Carta do Conde das Galveias [ao Nncio] sobre diversos assuntos avulsos

    entre os quais h uma referncia defesa do Bispo do Par. O autor refere ainda uma troca de correspondncia com um tal Fryer.Obs. Documento em francs.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FL. 160 A 160V.

    [65] 1810, Julho, 10, Par Carta do Bispo do Par, D. Manuel [de Almeida de Carvalho] ao Nncio,

    sobre os conflitos entre os poderes civil e eclesistico, na Diocese de que o autor era titular.

    ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FL. 162 A 162V.

    [66] 1811, Junho, 15, BahiaCarta do Arcebispo da Bahia, Frei Jos, ao Nncio acusando a recepo de

    correspondncia precedente, com data de 29 de Abril, 12 e 20 de Maio de 1811. O autor agradece a informao relativa secularizao do Padre Carmelita

    Frei Manuel Valongo e ao Breve que iria ser enviado para que a religiosa Maria Sodr pudesse sair da clausura do convento da Soledade por motivos de sade; o autor considerava estes motivos srios e bem diferentes dos que tinham movido outra religiosa, Maria Constncia das Virgens Belas, que fora transferida para o convento do Desterro, naquela cidade.

    Tece algumas consideraes sobre os documentos que recebera, relativos ao conflito entre o Bispo do Par, um clrigo [Francisco Alexandre Branco de Puga (?)], e os magistrados pblicos.

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    45

    Finalmente refere-se recepo da cpia de uma carta sobre a questo do abuso da autoridade do Cabido da S de Olinda e declara que tinha boas informa-es tanto do Deo como do Provisor daquele Bispado, o Cnego Manuel Vieira de Lemos [Sampaio], apesar dos erros que este pudesse ter cometido.

    ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FLS. 164 A 165.

    [67] 1809, Maio, 9, Rio de Janeiro Exposio dirigida ao Prncipe Regente pelo Nncio defendendo a posio

    do Bispo do Par relativamente ao caso do Padre Francisco Alexandre Branco de Puga, natural do Arcebispado de Braga, que o referido Bispo suspendera. posta em causa a interveno da Junta do Governo, que exigira ao Bispo esclarecimen-tos sobre as suas atitudes face ao referido clrigo que lhe contestara a autoridade. Pretende-se que o Bispo esteja ao abrigo da alada do brao civil, neste caso con-siderado exclusivamente do foro eclesistico.

    ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA 8 (6), FLS. 166 A 168.

    [68] 1809, Maio, 24, Rio de Janeiro Carta [do Nncio ao Prncipe Regente] em defesa da posio do Bispo do

    Par face as autoridades civis com as quais este se envolvera em conflito por ter suspendido e expulsado daquela Diocese o Padre Francisco Alexandre Branco de Puga. O autor faz o ponto da situao e refere as providncias j tomadas men-cionando, em particular, a exposio que enviara a 9 de Maio do mesmo ano. Fundamenta a legitimidade da aco do Bispo citando a legislao.

    ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FLS. 173 A 175V.

    [69] 1809, Junho, 28, [Rio de Janeiro] Rascunho de uma carta [do Nncio] ao Conde de Aguiar [Secretrio de

    Estado], noticiando as diligncias que fizera, junto do Prncipe Regente, em defesa do Bispo do Par.

    Obs. Documento em italiano.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FL. 177 A 177V.

    [70] 1809, Junho, 28, [Rio de Janeiro] Carta do Conde de Aguiar [Secretrio de Estado], comunicando ao Nncio

    que haviam sido recebidos os requerimentos enviados ao Prncipe Regente com datas de 9 e 24 de Maio, assim como o Ofcio enviado ao Conde a 11 do mesmo ms, acompanhado de um impresso e outro Ofcio do prprio dia 28 de Junho, todos respeitantes ao caso do Bispo do Par e das sanes que sofrera em conse-quncia das atitudes para com o Presbtero secular Francisco Alexandre Branco de Pugas (sic). O autor informa que o Prncipe Regente mandara consultar o Desembargo do Pao a este respeito e se conformara com o parecer da Mesa, dado a 3 de Maio daquele ano.

    ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FL. 179 A 179V.

    [71] 1809, Junho, 28, Rio de Janeiro Carta [do Nncio] ao Conde de Aguiar, Ministro Assistente do Real Despa-

    cho, apresentando um protesto em defesa da causa do Bispo do Par, que se

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    encontrava privado da cngrua por ter sido sentenciado pelas autoridades cvisdevido recusa em revelar os motivos pelos quais suspendera um sacerdote[Francisco Alexandre Branco de Puga].

    Obs. Documento em italiano.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FL. 181 A 181V.

    [72] 1809, Julho, 3, Rio de Janeiro Carta [do Nncio] enviada ao Prncipe Regente, na sequncia de outras duas

    memrias de 9 e 24 de Maio. O autor apela ao Prncipe em defesa do Bispo do Par que, em sua opinio, no devia ser punido por no querer nem poder, por impedi-mento cannico, expor os motivos pelos quais afastara do respectivo Bispado um mau sacerdote de diocese alheia [Francisco Alexandre Branco de Puga].

    Obs. O documento desta carta contm vrias passagens idnticas e certa-mente extradas do documento da caixa 8 (6), fls. 185 a 186v.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FLS. 183 A 184V.

    [73] 1811, Fevereiro, 15, [Rio de Janeiro]Carta do Nncio solicitando ao Conde de Aguiar, Ministro Assistente ao

    Real Despacho, que apresentasse ao Prncipe Regente um novo pedido de cle-mncia para o Bispo do Par. O autor recorda todas as diligncias que j fizera no sentido de defender a causa deste Bispo e refora o facto de ele ter agido em con-formidade com a lei ao ter suspendido do exerccio das ordens um mau sacer-dote de diocese alheia [Francisco Alexandre Branco de Puga], no podendo, de acordo com as mesmas leis, expor publicamente os motivos que o tinham levado a tomar aquela atitude.

    Obs. O documento desta carta contm vrias passagens idnticas documento da caixa 8 (6), fls. 183 a 184v.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FLS. 185 A 186V.

    [74] 1811, Maio, 24, [Rio de Janeiro] Rascunho de post-scriptum [do Nncio] dirigido ao Arcebispo da Bahia,

    sobre a evoluo do processo do Bispo do Par que, segundo o autor, comeava a dar indcios de se retractar, no conflito em que se envolvera com as autoridadescvis. O autor diz que remete uma carta para o Bispo do Par, para que o Arce-bispo a leia e depois lha envie.

    Obs. Tratando-se de um rascunho, a carta referida no se encontra anexa. Muito provavelmente, a carta em questo seria idntica ao documento que se encontra neste conjunto na caixa 8 (6), fls. 199 a 199v.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FL. 187.

    [75] 1810, Fevereiro, 16, Par Carta do Bispo do Par ao Nncio dizendo que, por instncias do portador

    da carta, Manuel Jos de Oliveira Bastos, lhe pedia a proteco no conflito que o opunha s autoridades civis.

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    Obs. Uma nota, em italiano, faz referncia a um duplicado da carta do Bispo, datado de 19 de Fevereiro do mesmo ano; outra nota indica que foi recomen-dado a Jos Dantas Pereira, Chefe de Diviso, a 26 de Maro de 1811.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FL. 188.

    [76] 1811, Abril, 4, Rio de Janeiro Resposta do Conde de Aguiar a um pedido do Nncio, de 15 de Fevereiro

    do mesmo ano, informando-o de que iriam ser enviadas ordens s autoridades do Par para retirar o sequestro das temporalidades ao Bispo daquela localidade em consequncia de no ter cumprido a segunda carta rogatria expedida pela Junta da Justia a favor de Francisco Alexandre Branco de Puga, uma vez que o referido Bispo declarara entretanto a inteno de acatar as ordens dadas pelo poder civil, segundo uma carta de 21 de Novembro de 1810.

    Obs. Uma nota, em italiano, indica que esta carta foi respondida a 4 de Abril de 1811 segundo a minuta anexa (Cf. Documento da caixa 8 (6), fl. 191 a 191v).ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FL. 189 A 189V.

    [77] 1811, Abril, 4, [Rio de Janeiro] Minuta de uma missiva [do Nncio] para o Conde de Aguiar acusando a

    recepo da carta em que era dado conhecimento de que o Bispo do Par cedera face s autoridades civis, o que o autor interpreta como uma consequncia das presses materiais a que o referido Bispo fora sujeito.

    ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FL. 191 A 191V.

    [78] 1811, Abril, 4, [Rio de Janeiro] Rascunho de uma carta do Nncio ao Conde de Aguiar analisando alguns

    aspectos da questo da imunidade eclesistica a propsito do caso do Bispo do Par, submetido jurisdio civil, na sequncia dos conflitos de poder ocorridos na respectiva Diocese.

    ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FLS. 193 A 194V.

    [79] 1811, Abril, 6, [Rio de Janeiro] Rascunho de uma carta [do Nncio] ao Conde de Aguiar pedindo-lhe que

    acusasse a recepo de dois ofcios sobre o caso do Bispo do Par, que lhe haviam sido enviados em 4 de Abril desse ano, uma vez que recebera uma resposta muito breve que o levara a crer no terem sido tidos em conta aqueles ofcios.

    Obs. Documento em italiano.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FLS. 195 E 196.

    [80] 1811, Abril, 7, [Rio de Janeiro] Carta do Conde de Aguiar ao Nncio, confirmando a recepo de dois of-

    cios sobre o caso do Bispo do Par e do Presbtero Francisco Alexandre Branco de Puga e informando que tinha dado conhecimento do respectivo contedo ao Prncipe Regente.

    ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FL. 197.

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    [81] 1811, Maio, 22, Rio de Janeiro Cpia de uma carta do Nncio ao Bispo do Gro-Par, acusando a recepo

    da correspondncia datada de 10 de Julho de 1810. Menciona o envio de uma memria de 15 de Fevereiro de 1811 com o registo das diligncias burocrticas feitas junto da Corte em prol do destinatrio. O autor mostra-se surpreendido pelo facto de ter recebido notcias segundo as quais o referido Bispo havia acatado as ordens da autoridade civil, pondo fim sua pugna pela imunidade eclesistica.

    Obs. Tratando-se de uma cpia, no se encontra anexa a memria que o autor diz ter expedido simultaneamente.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 8 (6), FL. 199 A 199V.

    [82] [1828, s.l.] Excerto de um documento contendo algumas invectivas contra o Cabido de

    Olinda por no se decidir a eleger o Vigrio Capitular e ainda porque o autor con-sidera que existem vrias irregularidades nos procedimentos desse Cabido, nomeadamente a contestao legitimidade do Bispo de Pernambuco, D. Toms de Noronha, a perseguio a um padre que se queixou do chantre, as turbulncias no Seminrio e as denncias empoladas contra a regente do Recolhimento da Conceio.

    A fim de fundamentar as suas afirmaes, o autor remete para a leitura de duas provises rgias e um aviso dirigidos ao respectivo Cabido, para que proce-desse nomeao do Vigrio.

    Obs. A cpia das provises e do aviso que o autor refere constitui o docu-mento da caixa 9 (4), fls. 8 a 9.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 9 (4), FLS. 6 A 7V.

    [83] [Posterior a 1828, Outubro, s.l.]Cpia de duas provises rgias de 23 de Setembro e 30 de Outubro de 1820

    e de um aviso da Secretaria da Justia datado de 18 de Outubro de 1828 enviados ao Cabido da Bahia, todos no sentido de ordenar que se procedesse escolha do Vigrio Capitular.

    ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 9 (4), FLS. 8 A 9.

    [84] 1814, Dezembro, 26, Rio de Janeiro Rascunho de uma carta [do Nncio] ao Cardeal Secretrio de Estado da

    Santa S referindo que tomara conhecimento de trs Cartas Pastorais [assunto no especificado] do Arcebispo da Bahia, D. Francisco de S. Toms de Abreu Vieira, de 25 de Setembro, 4 e 7 de Novembro 1814, tendo a primeira sido publi-cada quando o referido Arcebispo era ainda Bispo de Malaca.

    Obs. Documento em italiano.ARCHIVIO SEGRETO VATICANO, ARCH. NUNZ. LISBONA, 9 (5), FL. 5.

    [85] 1814, Setembro, 17, [Rio de Janeiro] Rascunho de carta [do secretrio do Nncio (?)] ao Conde de Ag