2011-07-11 -01- cap. 00 - elementos pre-textuais ... · amigo fÆbio de melo resende (billy the...

151
REDE NORDESTE DE BIOTECNOLOGIA RENORBIO PROGRAMA DE PS-GRADUA˙ˆO EM BIOTECNOLOGIA DOUTORADO EM BIOTECNOLOGIA DESENVOLVIMENTO DE BIODETERGENTES UTILIZANDO BIOSSURFACTANTES COMO MATRIA-PRIMA Silvanito Alves Barbosa Sªo Cristvªo-SE, 2011

Upload: others

Post on 06-Jan-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

REDE NORDESTE DE BIOTECNOLOGIA � RENORBIO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA

DOUTORADO EM BIOTECNOLOGIA

DESENVOLVIMENTO DE BIODETERGENTES UTILIZANDO

BIOSSURFACTANTES COMO MATÉRIA-PRIMA

Silvanito Alves Barbosa

São Cristóvão-SE, 2011

id8519682 pdfMachine by Broadgun Software - a great PDF writer! - a great PDF creator! - http://www.pdfmachine.com http://www.broadgun.com

Page 2: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

ii

SILVANITO ALVES BARBOSA

DESENVOLVIMENTO DE BIODETERGENTES UTILIZANDO

BIOSSURFACTANTES COMO MATÉRIA-PRIMA

Tese de Doutorado apresentada à Rede Nordeste de

Biotecnologia, na área de concentração em

Biotecnologia Industrial, na linha de pesquisa de

Bioprocessos no Ponto Focal de Sergipe na

Universidade Federal de Sergipe como um dos pré-

requisitos para a obtenção do grau de Doutor em

Biotecnologia.

Orientador: Prof. Dr. Roberto Rodrigues de Souza/UFS

Coorientadora: Profª Drª. Francine Padilha/UNIT

São Cristóvão-SE, 2011

Page 3: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

B238d

Barbosa, Silvanito Alves Desenvolvimento de biodetergentes utilizando biossurfactantes

como matéria-prima / Silvanito Alves Barbosa. � São Cristóvão, 2011.

XXII, 128 f. : il.

Tese (Doutorado em Biotecnologia) � Núcleo de Pós- Graduação do RENORBIO, Programa de Pós-Graduação em

Biotecnologia, Universidade Federal de Sergipe, 2011. Orientador: Prof. Dr. Roberto Rodrigues de Souza.

1. Biotecnologia. 2. Biodetergentes. 3. Biossurfactantes.

4.Biodegradáveis. I. Título.

CDU 606:62

id8542521 pdfMachine by Broadgun Software - a great PDF writer! - a great PDF creator! - http://www.pdfmachine.com http://www.broadgun.com

Page 4: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

iii

id8581536 pdfMachine by Broadgun Software - a great PDF writer! - a great PDF creator! - http://www.pdfmachine.com http://www.broadgun.com

Page 5: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

iv

À memória de meus inesquecíveis

pais � ANTÔNIO BARBOSA NETO e

MARIA DEUSA ALVES BARBOSA �

por terem me dado o mais importante de

todos os princípios para a formação do

homem - A EDUCAÇÃO. E à memória de

meu inesquecível tio � ADERBAL

CORREA BARBOSA � que na

simplicidade de um sertanejo sábio, foi um

dos maiores estudiosos e escritores sobre a

vida do nosso conterrâneo que é

considerado um dos maiores juristas e

romancistas que este país já teve �

TOBIAS BARRETO DE MENEZES.

Page 6: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

v

AGRADECIMENTOS

Agradeço mais uma vez a DEUS que na sua misericórdia me presenteou com o dom

da vida e me concedeu saúde, força de vontade e perspicácia ao longo da minha existência

para conseguir os meus objetivos.

A minha querida esposa Selma por ter-me mostrado nestes últimos anos que a

verdadeira essência do amor está presente também em sentimentos como o perdão. Amo-te.

Aos meus filhos Silverman e Samilly por ser uma das razões da minha incansável

batalha galgando sempre um futuro melhor para todos e pela oportunidade que Deus me deu

de servir de exemplo para eles naquilo que sempre defendi.

Aos meus irmãos Silvinho, Sérgio, Silmar, Saulo, Toinho, Kátia e Edna por serem

testemunhas dos esforços realizados e por terem participado e me ajudado, seja através de

ações ou de orientações, para um bom desempenho nas atividades e na vida.

Aos meus sogros Sr. Zé e Dona Maria que nos gestos e atitudes simples me ajudam a

refletir sobre a vida.

Aos demais parentes e aos verdadeiros amigos que sempre estiveram presentes e

contribuíram na formação do meu caráter. Em especial ao amigo Macson Rodrigues que junto

aos seus familiares, me recebeu gentilmente em sua residência durante a realização em Recife

da disciplina técnicas físico-químicas aplicadas à biotecnologia.

Ao Prof. Dr. Roberto Rodrigues de Souza pela amizade e por ter me dado a

oportunidade de ser seu orientando. À Profª. Drª Francine pela coorientação e presteza ao

substituir o Prof. Roberto durante sua ausência por motivo de viagem.

À Profª. Drª. Maria Alice Zarur Coelho do Departamento de Engenharia Química da

Escola de Química da UFRJ por ter fornecido a cepa da Yarrowia lipolytica. À Profª Dra. Rita

de Cássia Trindade do Departamento de Biologia da UFS que nos forneceu a cepa da

Page 7: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

vi

Pseudomonas aeruginosa. À Profª Drª Montserrat Fortuny Heredia da UNIT e à Profª Drª

Cristina Quintela da UFBA pelo uso do tensiômetro. À Profª Drª Gisélia Cardoso pelo uso do

laboratório de caracterização e desenvolvimento de materiais da UFS. Ao aluno de graduação

Douglas pela presteza. À empresa Serquímica pelo uso do laboratório e do reômetro e ao

técnico Rubens pela ajuda no uso do equipamento.

Ao Prof. Dr. Elias Basile Tambourgi da Universidade Estadual de Campinas / FEQ /

DESQ, à Profa. Drª. Cleide Mara Faria Soares da Universidade Tiradentes UNIT / ITP, ao

Prof. Dr. Adriano Antunes de Souza Araújo da Universidade Federal de Sergipe UFS / DFS,

pela valiosa contribuição prestada como membros da banca examinadora.

À Rede Nordeste de Biotecnologia - RENORBIO - por ter participado de um dos

maiores, e por que não dizer, melhores programas de Biotecnologia do Brasil, motivo de

orgulho e engrandecimento da nossa região. Aos colegas e professores da Renorbio do Ponto

Focal de Sergipe, especialmente a todos que fizeram parte da primeira turma/2006 do

Programa. Aos colegas e professores da Renorbio de todos os outros Pontos Focais, onde

tivemos o prazer e oportunidade de aprender e trocar conhecimento, bem como pela amizade

construída ao longo do curso.

À Universidade Federal de Sergipe e ao Departamento de Engenharia Química por ter

me concedido horário especial para estudos. A todos os colegas da UFS, em especial ao

amigo Fábio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos

trabalhos.

À direção e coordenação das escolas estaduais onde leciono Prof. Hamilton Alves

Rocha e Profª Olga Barreto pela compreensão, principalmente na ausência devido às viagens

para cursar disciplinas e participação em eventos.

Para finalizar, meu muito obrigado a todos, pois sem o espírito de coletividade nunca

chegaremos a lugar algum.

Page 8: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

vii

Advertência

Amigo! Deixa de lado a vaidade,

O pretenso saber, a fantasia,

Não te iludas com vã sabedoria,

Porque ficarás longe da Verdade.

Não deixes de amar a simplicidade,

Se só existe aqui a hipocrisia

Busca na reflexão de cada dia

Cobrir-te com o manto da humildade.

Quem grande saber tem, não faz alarde,

Transforma-te antes que seja mui tarde,

Vivas a Vida como um homem forte.

Nota bem: nossa origem não sabemos,

Nem o que somos e para onde iremos

Ao partirmos daqui depois da morte!

(Aderbal C. Barbosa - 1973)

Page 9: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

viii

SUMÁRIO

Página

LISTA DE TABELAS ............................................................................................ xi

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................. xiii

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS .......................................................... xvii

RESUMO ................................................................................................................. xx

ABSTRACT ............................................................................................................. xxi

RESUMEN .............................................................................................................. xxii

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 01

2 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................... 07

2.1 Surfactantes Versus Biossurfactantes .......................................................... 08

2.1.1 Conceito, Vantagens e Classificação....................................................... 08

2.1.2 Propriedades e Aplicações...................................................................... 19

2.2 Produção de Biossurfactantes ..................................................................... 25

2.2.1 Produção de Biossurfactantes por Yarrowia lipolytica .......................... 30

2.2.2 Produção de Biossurfactantes por Pseudomonas aeruginosa ................ 33

2.3 Sabão, Detergente e Biodetergente ............................................................. 41

3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 54

3.1 Produção de Biossurfactante por Yarrowia lipolytica ............................... 54

Page 10: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

ix

3.1.1 Preparo do Inóculo da Yarrowia lipolytica ............................................ 55

3.2 Produção de Biossurfactante por Pseudomonas aeruginosa .................... 56

3.2.1 Preparo do Inóculo da Pseudomonas aeruginosa .................................. 56

3.3 Determinação de Glicose ............................................................................. 57

3.4 Determinação do Biossurfactante Produzido � Liposan .......................... 58

3.5 Determinação de Glicerol ............................................................................ 58

3.6 Determinação do Biossurfactante Produzido � Ramnolipídeo ................ 59

3.7 Construção das Curvas de Crescimento .................................................... 60

3.8 Construção das Curvas de Calibração ....................................................... 60

3.9 Determinação da Biomassa Seca ................................................................ 61

3.10 Determinação do Índice de Emulsificação (E24) ...................................... 61

3.11 Determinação da Tensão Superficial ........................................................ 62

3.12 Determinação da Concentração Micelar Crítica (CMC) ....................... 62

3.13 Extração dos Biossurfactantes .................................................................. 63

3.14 Determinação da Viscosidade ou Reometria ........................................... 63

3.15 Análise Exploratória ................................................................................. 64

3.16 Preparo das Emulsões Água/Óleo ............................................................ 65

3.17 Análise Térmica .......................................................................................... 66

3.18 Formulação dos Biodetergentes ................................................................. 66

3.19 Determinação do Poder Espumante .......................................................... 68

3.20 Determinação da Ação de Detergência ..................................................... 69

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 71

4.1 Produção do Biossurfactante ...................................................................... 72

Page 11: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

x

4.1.1 Influência da Aeração no Crescimento Celular ...................................... 73

4.1.2 Influência da Aeração na Produção do Biossurfactante ......................... 76

4.1.3 Otimização da Produção do Biossurfactante .......................................... 78

4.1.4 Determinação da Concentração Micelar Crítica (CMC) ........................ 90

4.2 Formulação e Produção dos Biodetergentes ............................................... 92

4.2.1 Análises dos Biodetergentes .................................................................... 94

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES ....................................................................... 103

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 108

APÊNDICES ........................................................................................................... 125

Page 12: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

xi

LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 2.1 Principais grupos de surfactantes de origem natural e sintética ........... 13

Tabela 2.2 Classes de biossurfactantes e microrganismos envolvidos .................. 15

Tabela 2.3 Levantamento de alguns estudos de produção de ramnolipídeos por

cepas de Pseudomonas aeruginosa ........................................................................... 38

Tabela 3.1 Matriz exploratória para produção de biossurfactante .......................... 64

Tabela 3.2 Características físicas do petróleo em estudo ........................................ 65

Tabela 4.1 Resultados dos índices (E24) usando hexano e tolueno para o

biossurfactante produzido por Yarrowia lipolytica .................................................. 77

Tabela 4.2 Resultados dos índices (E24) usando hexano e tolueno para o

biossurfactante produzido por Pseudomonas aeruginosa ........................................ 77

Tabela 4.3 Resultados da tensão superficial usando água e meio base para o

biossurfactante produzido por Yarrowia lipolytica .................................................. 77

Tabela 4.4 Resultados da tensão superficial usando água e meio base para o

biossurfactante produzido por Pseudomonas aeruginosa ........................................ 77

Tabela 4.5 Resultados do consumo de glicose, da produção de biossurfactante, da

produção da biomassa, da tensão superficial final e dos índices de emulsificação

em hexano e em tolueno obtidos após 120 horas de cultivo de Yarrowia lipolytica

IMUFRJ 50682 .......................................................................................................... 80

Page 13: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

xii

Tabela 4.6 Resultados do consumo de glicerol, da produção de biossurfactante, da

produção da biomassa, da tensão superficial final e dos índices de emulsificação

em hexano e em tolueno obtidos após 120 horas de cultivo de Pseudomonas

aeruginosa INCQS 0588092 .................................................................................. 81

Tabela 4.7 Resultados das análises realizadas no viscosímetro Fann modelo 35 A 95

Page 14: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

xiii

LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 2.1 Estrutura química de alguns biossurfactantes .................................... 16

Figura 2.2 Estrutura química do liposan de fórmula molecular (FM): C8H14O2S2

massa molecular (MM): 206,33 g/mol e nomenclatura IUPAC: 5-(dithiolan-3-il)

ácido pentanóico ....................................................................................................... 17

Figura 2.3 Estrutura química do ramnolipídeo de fórmula molecular (FM): C32

H58O13 massa molecular (MM): 650,80 g/mol e nomenclatura IUPAC: 3-[3-[4,5-

dihidroxi � 6 � metil � 3 - (3, 4, 5 � trihidroxi � 6 � metiloxan -2 - il)oxioxan � 2 -

il]oxydecanoiloxi] ácido decanóico .......................................................................... 17

Figura 2.4 Estrutura química do estearato de sódio de fórmula molecular (FM):

C18H 35 NaO2 e massa molecular (MM): 306,46 g/mol e nomenclatura IUPAC:

octadecanoato de sódio ............................................................................................. 42

Figura 2.5 Reação de saponificação onde os radicais R1, R2 e R3 representam

cadeias carbônicas longas, características de ácidos graxos ..................................... 42

Figura 2.6 Estrutura do alquilbenzeno sulfonato de sódio de cadeia ramificada e a

estrutura do propeno .............................................................................................. 44

Figura 2.7 Estrutura do alquilbenzeno sulfonato de sódio de cadeia linear ......... 45

Page 15: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

xiv

Figura 4.1 Curvas de crescimento da Yarrowia lipolytica IMUFRJ 50682 em

meio sintético com as mesmas concentrações de fonte de carbono e nutrientes, a

temperatura ambiente 28°C, pH 6,0, agitação 100 rpm em meios sem e com

aeração de 2 vvm ...................................................................................................... 73

Figura 4.2 Curvas de crescimento da Pseudomonas aeruginosa INCQS 0588092

em meio sintético com as mesmas concentrações de fonte de carbono e nutrientes,

a temperatura ambiente 28°C, pH 7,0, agitação 100 rpm em meios sem e com

aeração de 2 vvm ...................................................................................................... 75

Figura 4.3 Resultados dos índices de emulsificação com tolueno (E24T) para

Yarrowia lipolytica do branco ao ensaio 4 ............................................................... 83

Figura 4.4 Resultados dos índices de emulsificação com tolueno (E24T) para

Yarrowia lipolytica do ensaio 5 ao 9 ........................................................................ 83

Figura 4.5 Resultados dos índices de emulsificação com hexano (E24H) para

Yarrowia lipolytica do branco ao ensaio 5 ............................................................... 84

Figura 4.6 Resultados dos índices de emulsificação com hexano (E24H) para

Yarrowia lipolytica do ensaio 6 ao ensaio 10 ........................................................... 84

Figura 4.7 Resultados dos índices de emulsificação com tolueno (E24T) para

Pseudomonas aeruginosa do branco ao ensaio 4 ..................................................... 85

Figura 4.8 Resultados dos índices de emulsificação com tolueno (E24T) para

Pseudomonas aeruginosa do ensaio 5 ao 9 .............................................................. 85

Figura 4.9 Resultados dos índices de emulsificação com hexano (E24H) para

Pseudomonas aeruginosa do branco ao ensaio 5 ..................................................... 86

Figura 4.10 Resultados dos índices de emulsificação com hexano (E24H) para

Pseudomonas aeruginosa do ensaio 6 ao ensaio 10 ................................................. 86

Page 16: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

xv

Figura 4.11 Curva do consumo de glicose durante 120 horas de fermentação para

a Yarrowia lipolytica .................................................................................................

88

Figura 4.12 Curva do consumo de glicerol durante 120 horas de fermentação para

a Pseudomonas aeruginosa ....................................................................................... 88

Figura 4.13 Curva de produção de liposan durante 120 horas de fermentação para

a Yarrowia lipolytica .................................................................................................

89

Figura 4.14 Curva de produção de ramnolipídeo durante 120 horas de

fermentação para a Pseudomonas aeruginosa ...........................................................

89

Figura 4.15 Determinação da Concentração Micelar Critica (CMC) do liposan

produzido por Yarrowia lipolytica IMUFRJ 50682 por fermentação submersa

utilizando como substrato a glicose, em função da tensão superficial, utilizando-se

diluições sucessivas do fermentado livre de células ................................................. 91

Figura 4.16 Determinação da Concentração Micelar Critica (CMC) do

ramnolipídeo produzido por Pseudomonas aeruginosa INCQS 0588092 por

fermentação submersa utilizando como substrato o glicerol, em função da tensão

superficial, utilizando-se diluições sucessivas do fermentado livre de células ........ 91

Figura 4.17 Aspecto visual do detergente sintético comercial e dos biodetergentes

1 e 2. a) Detergente sintético comercial; b) Biodetergente 1; c) Biodetergente 2 .... 94

Figura 4.18 Curvas de aquecimento dos biodetergentes em água produzida e em

água destilada ............................................................................................................ 97

Figura 4.19 Curvas de resfriamento dos biodetergentes em água produzida e em

água destilada ............................................................................................................ 97

Figura 4.20. Resultado da produção da espuma formada utilizando água destilada

e água com dureza de 60 ppm comparando o detergente sintético comercial com

os dois biodetergentes produzidos .............................................................................

98

Page 17: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

xvi

Figura 4.21 Avaliação visual do poder espumante dos biodetergentes e um

detergente sintético, nas condições: a) Água e corante; b) Água, corante e 2 mL de

detergente sintético comercial; c) Água, corante e 2 mL do biodetergente 1; d)

Água, corante e 2 mL do biodetergente 2 ................................................................. 99

Figura 4.22. Resultado da lavagem do número de pratos efetivamente limpos

comparando o detergente sintético comercial com os dois biodetergentes

produzidos ..................................................................................................................

100

Figura 4.23 Lavagem por agitação dos tecidos: a) Tecidos + sujidades + 25 mL de

água destilada; b) Tecidos + sujidades + 25 mL de água destilada + 2 mL de

detergente sintético comercial; c) Tecidos + sujidades + 25 mL de água destilada +

2 mL do biodetergente 1; d) Tecidos + sujidades + 25 mL de água destilada + 2

mL do biodetergente 2 .............................................................................................. 102

Figura 4.24 Avaliação visual da capacidade de remoção das sujidades após

lavagem por agitação e secagem à temperatura ambiente dos tecidos de algodão ... 102

Page 18: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

xvii

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

API - Instituto de Petróleo Americano

ASTM - Sociedade Americana para Testes e Materiais

BSA - Soro Albumina Bovina

BSW - Porcentagem de Água e Sedimentos

CMC - Concentração Micelar Crítica

C/N - Relação Carbono/Nitrogênio

CSTR - Reator Contínuo do Tipo Tanque Bem Agitado

DNA - Ácido Desoxirribonucléico

DQO - Demanda Química de Oxigênio

DSC - Calorimetria Exploratória Diferencial

E24 - Índice de Emulsificação Avaliado Após 24 Horas

Page 19: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

xviii

E24 H - Índice de Emulsificação no Hexano Avaliado Após 24 Horas

E24 T - Índice de Emulsificação no Tolueno Avaliado Após 24 Horas

IUPAC - União Internacional de Química Pura e Aplicada

LASNa - Dodecilbenzenosulfonato de Sódio

LESS - Lauril Éter Sulfato de Sódio

LIP D - Liposan dissolvido em água destilada

LIP P - Liposan dissolvido em água produzida

MEOR - Recuperação Avançada do Petróleo Microbiologicamente

NBR - Norma Brasileira

pH - potencial Hidrogeniônico

ppm - parte por milhão

PCR - Reação em Cadeia da Polimerase

Page 20: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

xix

QP - Produtividade Volumétrica

RAM D - Ramnolipídeo dissolvido em água destilada

RAM P - Ramnolipídeo dissolvido em água produzida

rpm - rotação por minuto

SDS - Dodecil Sulfato de Sódio

Tg - Transição Vítrea

TSF - Tensão Superficial Final

vvm - volume de ar por volume do meio

YP/S - Coeficiente de Rendimento do Produto Formado em Relação ao

Consumo de Substrato

YPD - Meio de Cultura Contendo Extrato de Levedura; Peptona

Bacteriológica e D-Glucose

YPDA - Meio de Cultura Contendo Extrato de Levedura; Peptona

Bacteriológica; D-Glucose e Ágar

Page 21: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

xx

RESUMO

A maioria dos surfactantes disponíveis comercialmente é sintetizada a partir de

derivados do petróleo, representando assim uma importante fonte de poluição, causando

efeitos biológicos adversos a organismos aquáticos. Na indústria de detergentes, apesar das

várias marcas disponíveis no mercado serem consideradas biodegradáveis e amparadas pela

legislação em vigor, sabe-se que na verdade os componentes ativos são tensoativos obtidos

por via química e não bioquímica, ou seja, o que houve foi apenas a mudança do principal

componente ativo alquilbenzeno sulfonato de sódio de cadeia ramificada pelo de cadeia

linear, o que de fato facilitou a degradação da molécula por microrganismos, mas não tanto

quanto ao comparado com os surfactantes naturais. Com intuito de solucionar tais inconvenientes, neste trabalho apresentaremos um processo de desenvolvimento de dois biodetergentes, a partir de biossurfactantes que atendam ao apelo ambiental e que disponibilize no mercado novos produtos alternativos aos já existentes, utilizando uma nova

tecnologia que possa estar inserida na promessa de desenvolvimento industrial sustentável que

prima, sobretudo, pelo uso de tecnologias limpas. A presente invenção conjuga as principais

propriedades do sabão e do detergente sintético proporcionando uma alternativa ao uso destes

últimos, pois, agrega do sabão as características de maior biodegradabilidade e do detergente

sintético a vantagem de agir de forma ainda eficiente mesmo quando utilizado em águas

duras. Inicialmente produziram-se dois biossurfactantes denominados de liposan e ramnolipídeo obtidos a partir da fermentação aeróbia, utilizando-se uma cepa da levedura Yarrowia lipolytica IMUFRJ 50682 e outra cepa da bactéria Pseudomonas aeruginosa INCQS 0588092, respectivamente. Após a análise exploratória das diferentes condições

experimentais, concluiu-se que o pH 7,0, a temperatura de 35°C e agitação de 150 rpm,

foram os fatores que mais influenciaram na produção dos dois biossurfactantes. As condições

experimentais foram analisadas quanto à tensão superficial, o índice E24, a produção de

biomassa, a produção do biossurfactante e o consumo do substrato. Após a separação e

extração do liposan e do ramnolipídeo, realizou-se a modificação das duas moléculas através

de uma reação química e formulou-se os biodetergentes adicionando-se os agentes coadjuvantes e completando-se o volume final com água destilada. A eficiência dos

biodetergentes foi avaliada comparando as viscosidades de uma amostra de óleo bruto com uma emulsão água produzida/óleo contendo os biodetergentes, onde se verificou uma redução

da viscosidade em torno de 8% para o biodetergente 1 derivado do liposan e 36% para o biodetergente 2 derivado do ramnolipídeo. Observou-se através da análise de DSC que os

biodetergentes desenvolvidos não apresentaram transformações físico-químicas quando

dissolvidos em amostras de água destilada e comparadas com água produzida, concluindo-se que ambos apresentaram boa estabilidade térmica e que não foi detectada nenhuma interação

química, na faixa de temperatura estudada, entre os biodetergentes e os sais presentes em

grande quantidade na água produzida, mostrando assim também uma boa tolerância à força

iônica. Em relação à capacidade de produzir espuma e de remover sujidades em tecidos e em louças, os dois biodetergentes produzidos apresentaram poder espumante e ação detergente

semelhante quando comparado ao sintético comercial. Desta forma, pode-se concluir que os biodetergentes produzidos apresentaram boa capacidade tensoativa e de emulsificação

comparado aos surfactantes químicos sintéticos, podendo ser utilizados em substituição aos

mesmos pelas vantagens apresentadas.

PALAVRAS-CHAVE: Biodetergente; biossurfactante; biodegradável; Yarrowia lipolytica e Pseudomonas aeruginosa.

Page 22: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

xxi

ABSTRACT

The majority of surfactants commercially available is synthesized from petroleum, thus representing an important source of pollution, causing adverse biological effects to the aquatics organisms. In the detergent industries, despite of many trades available in the market are called as biodegradable and under the legislation actual, it's known that in real the actives components are tensoactives obtained by chemical and not by biochemical route. In other words, what occurred was only a change of the main active component alkylbenzene sodium sulphonate branched chain for one of linear chain, what in fact facilitated the molecular degradation by microorganisms, but not as much as compared to the natural surfactants. Arming to salve those problems, in this work we will show a development process of two bio-detergents from biosurfactants that follow environmental appeal and available new alternatives products in the market, using a new technology which may be inserted promise of sustainable industrial development that give attention, specially, to the use of clean technologies. The purpose of this invention is to combine the main soap and synthetic detergent�s features providing an alternative to using of the latter, therefore it adds from the soap its higher biodegradability�s features and from the synthetic detergent its advantage on

acting in a still efficient way, even when utilized in hard waters. Initially, were produced two biosurfactants called as liposan and rhamnolipid obtained from aerobic fermentation, using a Yarrowia lipolytica IMUFRJ 50682 yeast strain and another Pseudomonas aeruginosa INCQS 0588092 bacterium straim, respectively. After the analysis of the different experimental conditions, it was concluded that the pH 7.0, at temperature of 35°C with rotation of 150 rpm, were the main factor that influenced on the production of both biosurfactants. The response variables used were surface tension, the index E24, the production of biomass, biosurfactant production and consumption of substrate. After the separation and extraction of the liposan and the rhamnolipid, it was held the modification of the two molecules by a chemical reaction and the biodetergents were formulated adding the adjuvant agents and completing the final volume with distilled water. The efficiency of the biodetergents was evaluated comparing the viscosities from a sample of crude oil with a produced water emulsion/oil containing the biodetergents, where it was verified a reduction on the viscosity, about 8% for the biodetergent 1 derived from the liposan and 36% for the biodetergent 2 derived from the rhamnolipid. It was observed from the analysis of the DSC that the developed biodetergents didn�t show any physico-chemical change when dissolved in samples of distilled water and compared to the produced water, concluding that both show good thermal stability and it wasn�t detected any chemical interaction, on the studied thermal

range, between the biodetergents and the present salts in great quantity in the produced water, showing also a good tolerance to ionic strength. Regarding the capacity to produce foam and remove dirt in tissues and dishes both produced biodetergents showed foaming power and detergent action similar when compared to the synthetic detergent commercial. Therefore, it�s concluded that the produced biodetergents show good surfactant and emulsification

capacity compared to the chemical synthetic surfactants, maybe being used in substitution themselves for the presented advantages.

KEYWORDS: Biodetergent; biosurfactant; biodegradable; Yarrowia lipolytica and Pseudomonas aeruginosa.

Page 23: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

xxii

RESUMEN

La mayoría de los surfactantes disponibles comercialmente es sintetizada a partir de

derivados del petróleo, representando una importante fuente de contaminación, causando

efectos biológicos adversos a organismos acuáticos. En la industria de detergentes, a pesar de

que varias de las marcas disponibles en el mercado son consideradas biodegradables y están

amparadas por la legislación en vigor, se sabe que en realidad los componentes activos son tensoactivos obtenidos por vía química y no bioquímica, o sea, lo que hubo fue apenas una

sustitución del principal componente activo alquilbenceno sulfonato de sodio de cadena

ramificada por el de cadena lineal, lo que de hecho facilitó la degradación de la molécula por

microorganismos, pero no tanto, en comparación con los surfactantes naturales. Con la

intención de solucionar tales inconvenientes, en este trabajo presentaremos un proceso de

desarrollo de dos biodetergentes, a partir de biosurfactantes que atiendan al apelo ambiental y que disponibilicen en el mercado nuevos productos alternativos a los ya existentes, utilizando una nueva tecnología que pueda incluirse en la promesa de desarrollo industrial sustentable donde lo primordial es el uso de tecnologías limpias. La presente invención conjuga las

principales propiedades del jabón y del detergente sintético proporcionando una alternativa al

uso de este último, pues reúne del jabón las características de mayor biodegradabilidade y del

detergente sintético la ventaja de actuar de forma más eficiente incluso cuando utilizado en

aguas duras. Inicialmente se produjeron dos biosurfactantes denominados liposan y ramnolípido obtenidos a partir de la fermentación aerobia, utilizando una cepa de la levadura

Yarrowia lipolytica IMUFRJ 50682 y otra cepa de la bacteria Pseudomonas aeruginosa INCQS 0588092, respectivamente. Después del análisis exploratória de las diversas

condiciones experimentales, se concluyó que el pH 7,0, a una temperatura de 35°C y

agitación de 150 rpm, fueron los factores que más influyeron en la producción de los dos

biosurfactantes. Las condiciones experimentales fueron analizados por la tensión superficial, el índice de E24, la producción de biomasa, la producción de biosurfactante y el consumo de sustrato. Después de la separación y extracción del liposan y del ramnolípido, se realizó la

modificación de las dos moléculas a través de una reacción química y se formularon los

biodetergentes agregándose los agentes secundarios y completándose el volumen final con

agua destilada. La eficiencia de los biodetergentes fue evaluada comparando las viscosidades de una muestra de petróleo bruto con una emulsión agua producida/petróleo conteniendo los biodetergentes, donde se verificó una reducción de la viscosidad en torno de 8% para el

biodetergente 1 derivado del liposan y de 36% para el biodetergente 2 derivado del ramnolípido. Se observó a través del análisis de DSC que los biodetergentes desarrollados no presentaron transformaciones físico-químicas cuando disueltos en muestras de agua destilada

y comparadas con agua producida, concluyéndose que ambos presentaron buena estabilidad

térmica y que no fue detectada ninguna interacción química, en la franja de temperatura estudiada, entre los biodetergentes y las sales presentes en gran cantidad en el agua producida, mostrando así también una buena tolerancia a la fuerza iónica. En relación a la capacidad de

producir espuma e de remover suciedades en tejidos y en vajilla, los dos biodetergentes producidos presentaron poder espumante y acción detergente semejante, comparados con el

sintético comercial. De esta forma, se puede concluir que los biodetergentes producidos

presentaron buena capacidad tensoactiva y de emulsificación comparados con los surfactantes

químicos sintéticos, pudiendo ser utilizados en sustitución de los mismos por las ventajas

presentadas. PALABRAS-CLAVE: Biodetergente; biosurfactante; biodegradable; Yarrowia lipolytica y Pseudomonas aeruginosa.

Page 24: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

id8626527 pdfMachine by Broadgun Software - a great PDF writer! - a great PDF creator! - http://www.pdfmachine.com http://www.broadgun.com

Page 25: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 1 � Introdução

2

1. INTRODUÇÃO

A biotecnologia é baseada na busca e descoberta de recursos biológicos

industrialmente exploráveis. Uma abordagem clássica das etapas do processo de busca e

descoberta desta técnica passa resumidamente pela coleta de material biológico adequado,

seguida da seleção e triagem de materiais com os atributos desejados, seleção final do melhor

candidato a partir de uma lista reduzida de opções e culmina com o desenvolvimento de um

produto comercial ou processo industrial (Bull et al., 2000).

Segundo Tem Kate (1999), a biotecnologia é reconhecida como uma das tecnologias

capacitadoras para o século XXI, ente às suas características de inovação radical, impacto

atual e potencial frente a problemas globais, tais como: doenças, desnutrição e poluição

ambiental. Para Bull et al. (1998) é a promessa de desenvolvimento industrial sustentável,

seja na utilização de recursos renováveis, tecnologias limpas ou na redução do aquecimento

global.

Dentro deste contexto, nos últimos anos, novas pesquisas foram conduzidas levando

ao desenvolvimento dos chamados tensoativos biodegradáveis, mas sabe-se ainda que a

grande maioria dos surfactantes disponíveis comercialmente é sintetizada a partir de derivados

do petróleo e que estes representam uma importante fonte de poluição, causando efeitos

biológicos adversos a organismos aquáticos. Estudos têm demonstrado os distúrbios

ecológicos causados por altas concentrações de surfactantes em corpos receptores e em

estações de tratamento de efluentes (Sandbacka et al., 2000). Em efluentes não tratados,

diferentes classes de surfactantes podem estar presentes em concentrações suficientes para

causar problemas de toxicidade a estes organismos (Zagato & Goldstein, 1991).

Page 26: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 1 � Introdução

3

De acordo com Nitschke & Pastore (2002), cresceu bastante a preocupação ambiental

entre os consumidores envolvendo essas questões, que combinado com novas legislações de

controle do meio ambiente levaram a procura por surfactantes naturais ou biossurfactantes

que pudessem substituir os produtos existentes.

Na indústria de detergentes, apesar das várias marcas disponíveis no mercado serem

consideradas biodegradáveis e amparadas pela legislação em vigor, sabe-se que na verdade os

componentes ativos são tensoativos obtidos por via química e não bioquímica, ou seja, o que

houve foi apenas a mudança do principal componente ativo alquilbenzeno sulfonato de sódio

de cadeia ramificada pelo de cadeia linear, o que de fato facilitou a degradação da molécula

por microrganismos, mas não tanto quanto ao comparado com os surfactantes naturais.

Nos últimos anos tem-se aumentado o interesse em identificar e isolar novos

microrganismos produtores de moléculas tensoativas que apresentem boas características

surfactantes como baixa concentração micelar crítica (CMC), baixa toxicidade, alta atividade

de emulsificação, dentre outras.

A maioria dos biossurfactantes microbianos relatados na literatura é de origem

bacteriana. As bactérias produtoras mais reportadas são dos gêneros: Pseudomonas sp.,

Acinetobacter sp., Bacillus sp. e Arthrobacter sp. (Gouveia et al., 2003).

O principal uso dos biossurfactantes ainda é na indústria do petróleo, mas são também

muito usados nas indústrias cosméticas, na limpeza industrial e em produtos químicos

agrícolas, para diluir e dispersar fertilizantes e pesticidas, além de elevar a penetração dos

compostos ativos nas plantas (Banat et al., 2000).

Segundo Banat (1995), a composição e as características dos biossurfactantes

produzidos por microrganismos são influenciadas pela natureza das fontes de carbono e

nitrogênio utilizadas, assim como pela presença de outros nutrientes no meio de produção.

Além disso, outros fatores como aeração, pH, temperatura e agitação são extremamente

Page 27: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 1 � Introdução

4

importantes na quantidade e na qualidade do biossurfactante produzido. Assim, para a

obtenção de grande quantidade de biossurfactante é importante o estudo das necessidades

nutricionais e das condições do processo.

Do ponto de vista econômico, os biossurfactantes ainda não são capazes de competir

com os surfactantes químicos no mercado, principalmente devido ao seu alto custo. Para

aperfeiçoar a produção microbiana de biossurfactantes é fundamental a obtenção de altos

rendimentos e produtividade nos processos, que podem ser atingidos através de uma

formulação adequada do meio de cultivo, processos de produção mais eficientes, uso de

resíduos agroindustriais como substratos e melhoramento genético da cepa produtora (Banat

et al., 2000).

Ambientalmente os biossurfactantes além de serem menos tóxicos e mais

biodegradáveis, apresentam maior resistência às variações de temperatura, pH e a condições

de elevada salinidade quando comparados aos surfactantes sintéticos (Bognolo, 1999). Outra

vantagem no uso dos biossurfactantes se deve ao fato de serem compostos que não são

derivados do petróleo, fator este importante à medida que os preços do petróleo aumentam no

mercado (Nitschke & Pastore, 2002).

Neste trabalho estudou-se a biotecnologia aplicada à área industrial e seu objetivo

geral foi produzir biodetergentes a partir de biossurfactantes obtidos por via biológica, através

da fermentação submersa, para que possam ser utilizados nos diversos setores industriais e/ou

de serviços como alternativo ao uso dos tensoativos sintéticos. Para tal, utilizou-se duas cepas

de microrganismos, a levedura Yarrowia lipolytica e a bactéria Pseudomonas aeruginosa.

Desta forma, os objetivos específicos foram:

Produzir biossurfactantes utilizando cepas de Yarrowia lipolytica e

Pseudomonas aeruginosa;

Page 28: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 1 � Introdução

5

Estudar a influência da aeração na produção de biossurfactantes;

Determinar as melhores condições operacionais de pH, temperatura e agitação

para o processo de produção dos biossurfactantes;

Avaliar as características dos biossurfactantes produzidos através de

parâmetros como tensão superficial, índice de emulsificação (E24) e concentração

micelar crítica (CMC);

Acompanhar o processo de produção dos biossurfactantes através da produção

de biomassa, do consumo de substrato e da concentração de produtos;

Formular e produzir biodetergentes a partir de biossurfactantes modificados

por reação química;

Aplicar os biodetergentes em emulsão água produzida/óleo para avaliar sua

eficiência na redução da viscosidade e sua resistência à força iônica na água

produzida;

Avaliar o poder espumante e a capacidade de remoção de sujidades dos

biodetergentes em tecidos e louças, comparando-os ao detergente químico sintético.

Assim, serão apresentadas neste trabalho as etapas de produção de biossurfactantes

modificados por reação química e que foram usados como matéria-prima na formulação de

dois biodetergentes juntamente com outros componentes, partindo-se do pressuposto que eles

são tão eficientes quanto os detergentes sintéticos.

Para confirmar esta hipótese, testou-se a capacidade de redução da viscosidade em

emulsões água produzida/óleo, sua tolerância à força iônica, bem como à sua capacidade de

produzir espuma e remover sujidades em tecidos e em louças mesmo em águas duras. Os

Page 29: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 1 � Introdução

6

resultados foram comparados e avaliados em relação ao desempenho de um detergente

sintético comercial.

Na sequência serão apresentados os seguintes capítulos: o Capítulo 2, com a revisão da

literatura envolvendo produção de biossurfactantes e suas diversas aplicações, citando

também as diferenças e semelhanças entre sabão, detergente e biodetergente; o Capítulo 3

apresenta a metodologia utilizada no trabalho; no Capítulo 4 são apresentados os resultados

obtidos no trabalho e suas discussões; e, finalmente o Capítulo 5 onde são apresentadas as

conclusões finais e as sugestões para trabalhos futuros.

Page 30: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

CAPÍTULO 2

REVISÃO DA LITERATURA

id8661690 pdfMachine by Broadgun Software - a great PDF writer! - a great PDF creator! - http://www.pdfmachine.com http://www.broadgun.com

Page 31: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

8

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 SURFACTANTES VERSUS BIOSSURFACTANTES

2.1.1 Conceito, Vantagens e Classificação

De acordo com Mulligan (2005), os surfactantes são compostos anfifílicos que

reduzem a energia livre do sistema pela substituição das moléculas de mais alta energia

situado na interface. Em outras palavras, um surfactante é um composto caracterizado pela

capacidade de alterar as propriedades superficiais e interfaciais de um líquido. O termo

interface denota o limite entre duas fases imiscíveis, enquanto o termo superfície indica que

uma das fases é gasosa. Outras propriedades fundamentais dos surfactantes é a tendência de

formar agregados chamados micelas que, geralmente, formam-se a baixas concentrações em

água, além de ser responsável pela redução da tensão interfacial e superficial da mesma.

Para Nitschke & Pastore (2002), os surfactantes são moléculas anfipáticas constituídas

de uma porção hidrofóbica e uma porção hidrofílica, onde sua porção apolar é frequentemente

uma cadeia de hidrocarbonetos enquanto a porção polar pode ser iônica (aniônica ou

catiônica), não-iônica ou anfotérica. Em função da presença de grupos hidrofílicos e

hidrofóbicos na mesma molécula, os surfactantes tendem a se distribuir nas interfaces entre

fases fluidas com diferentes graus de polaridade (óleo/água e água/óleo).

De acordo Mulligan (2005), estas propriedades tornam os surfactantes adequados para

uma ampla gama de aplicações industriais envolvendo: detergência, emulsificação,

lubrificação, capacidade espumante, capacidade molhante, solubilização e dispersão de fases.

Eles são usados para estas aplicações devido a sua capacidade de diminuir as tensões

superficiais, aumentar a solubilidade e a molhabilidade além de potencializar o poder

Page 32: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

9

detergente e espumante. Devido a presença do surfactante, menor trabalho é requerido para

trazer uma molécula para a superfície e a tensão superficial é reduzida.

Tensão superficial é a propriedade que um líquido possui de manter as moléculas

unidas na sua superfície, assemelhando-se a uma membrana elétrica. Esta propriedade é

consequência das forças intermoleculares. No interior do líquido, cada molécula é atraída por

outras moléculas em todas as direções do espaço, enquanto que as moléculas superficiais só

estão submetidas à tensão das moléculas que têm por baixo. A tensão superficial pode ser

definida como a força que atua sobre a superfície por unidade de comprimento da área

perpendicular à força. A tensão superficial da água é muito forte, devido às pontes de

hidrogênio intermoleculares, e é responsável pela formação de gotas, borbulhas e meniscos

(curvaturas dos líquidos nas colunas que o suportam). A tensão superficial nas interfaces

água/óleo e ar/água pode ser facilmente medida utilizando-se um tensiômetro. A tensão da

água destilada é 72 mN/m, e a adição do surfactante reduz esse valor para 30 mN/m. Quando

um surfactante é adicionado a um sistema ar/água e água/óleo em concentrações crescentes,

observa-se uma redução na tensão superficial até um valor crítico, a partir do qual as

moléculas de surfactantes se associam formando estruturas supra moleculares como micelas,

bicamadas e vesícula. Esse valor é conhecido como concentração micelar crítica (CMC) e é

usado comumente para medir a eficiência do surfactante (Desai & Banat, 1997).

Os biossurfactantes são um grupo heterogêneo de moléculas tensoativas produzidas

por microrganismos. Estas moléculas também reduzem a tensão superficial, concentração

micelar crítica (CMC) e tensão interfacial tanto de soluções aquosas quanto de misturas de

hidrocarbonetos. Estas propriedades criam emulsões nas quais a formação de micelas ocorre

na região onde hidrocarbonetos podem se solubilizar em água, e a água em hidrocarbonetos.

Eles apresentam várias vantagens sobre os surfactantes sintéticos. Sua biodegradabilidade é

um de seus recursos mais importantes porque impede problemas de acumulação e toxicidade

Page 33: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

10

nos ecosistemas naturais, uma vez que a habilidade dos biossurfactantes de emulsionar

misturas de água e hidrocarboneto potencializa a degradação destes no ambiente. Também

possui maior estabilidade mesmo quando sujeito às grandes variações de temperatura, pH e

força iônica, podendo ser utilizado em ambientes com condições mais extremas. (Banat,

2000).

Os biossurfactantes também apresentam a vantagem de poderem ser sintetizados a

partir de substratos renováveis e possuírem grande diversidade química, possibilitando

aplicações específicas para cada caso particular. Em termos de vantagem na eficiência,

compostos que não são derivados do petróleo, modificam a estrutura química e as

propriedades físicas, através da engenharia genética, desenvolvendo produtos para

necessidades específicas (Cameotra & Makar, 1998).

De acordo com Banat (2000) as bactérias juntamente com as arqueobactérias são as

maiores responsáveis pela produção destes compostos. Estes microrganismos têm sido

isolados do solo, água marinha, sedimentos do mar e áreas contaminadas por óleos. Diversas

evidências indicam que biossurfactantes são produzidos, em alguns casos, em grande

quantidade nestes ambientes. Uma delas é a presença de espuma e emulsões em áreas de

derramamento de óleos em oceanos, bem como seu efeito positivo no aumento da recuperação

terciária do petróleo.

Os primeiros relatos envolvendo a utilização de biossurfactantes datam de 1949

quando os cientistas Jarvis & Johnson detectaram as atividades antibiótica e hemolítica de um

ramnolipídeo, e quando Arima et al. (1968), descobriram a existência de um novo composto

biologicamente ativo produzido por Bacillus subtilis, o qual foi denominado surfactina devido

a sua grande atividade superficial, tendo, posteriormente, sua estrutura elucidada. Após um

príodo, foi registrada a produção de biossurfactante em meios hidrofóbicos, o que levou a

estudos de sua aplicação em tratamento de resíduos de petróleo, recuperação de petróleo,

Page 34: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

11

biorremediação e dispersão no derramamento de óleos. A capacidade do biossurfactante

emulsificar misturas de hidrocarboneto/água tem sido muito bem documentada, uma vez que

esta propriedade é demonstrada pelo aumento significativo de degradação de hidrocarbonetos

e por isso é utilizado na biorremediação de solos e mananciais contaminados (Crapez et al.,

2002).

De acordo com Cameotra & Makkar (1998) os biossurfactantes podem ser utilizados

in situ para emulsificar e aumentar a solubilidade de contaminantes hidrofóbicos e desta

maneira, facilitam o acesso dos microrganismos naturalmente presentes no ambiente para que

ocorra a degradação dos compostos hidrofóbicos.

Segundo Martins (2001), o crescimento de microrganismos em uma interface de água

e óleo favorece o aparecimento de um biofilme, cuja formação envolve as seguintes etapas:

primeiramente os microrganismos aderem à superfície de grandes gotas de óleo devido à

hidrofobicidade das células, em seguida as células aderidas formam uma camada delgada na

interface óleo/água, extraindo os compostos insolúveis em água da fase oleosa e utilizando os

sais minerais da fase aquosa. Quando as células revestem as gotas de óleo produzindo

biossurfactantes, a tensão interfacial disponível é reduzida para o crescimento microbiano.

Após consumado o composto oleoso contido no sistema, as gotas desaparecem e os

microrganismos colonizam outras gotas.

Praticamente todos os surfactantes químicos utilizados na indústria são sintetizados a

partir do petróleo, o que os torna ecologicamente nocivos. Em primeiro lugar, por serem

originados a partir de uma fonte não renovável, e em segundo lugar, devido a fatores como

toxicidade do surfactante aos microrganismos presentes no ambiente, diminuindo assim as

taxas de biodegradação de possíveis contaminantes por estes microrganismos (Christofi &

Ivshna, 2002).

Page 35: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

12

O grande obstáculo que torna os biossurfactantes incapazes de competir

comercialmente com os surfactantes químicos é o seu alto custo de produção, o que estimula

o desenvolvimento de novas pesquisas para reduzir estes valores (Patel & Desai, 1997).

Os surfactantes sintéticos são estruturas relativamente recentes, apresentam

propriedades que proporcionaram avanços nos mais diversos ramos industriais, porém a sua

substituição pelos surfactantes biológicos apresenta vantagens por serem menos tóxicos,

menos alergênicos, biodegradáveis, o que reflete num menor impacto ambiental (Turkovskaya

et al., 1999).

Bognolo (1999) mostra algumas vantagens dos surfactantes naturais em relação aos

sintéticos:

Atividade de superfície e interface: os biossurfactantes são mais efetivos e

eficientes que, por exemplo, sulfonatos aniônicos, já que reduzem a tensão superficial

mais rapidamente. Os biossurfactantes de alta massa molecular adsorvem na interface

óleo/água através de múltiplos pontos de ancoragem, aumentando a estabilidade das

cadeias em uma única fase, o que produz uma efetiva estabilidade estérica. A grande

área interfacial coberta pela molécula adsorvida e a multiplicidade de pontos de

ancoragem asseguram que não ocorra dessorção durante a colisão de partículas, e

aumentam grandemente a estabilidade das emulsões;

Tolerância à temperatura: alguns biossurfactantes e sua atividade superficial

não são afetados, mesmo a altas temperaturas (90°C);

Tolerância à força iônica: os biossurfactantes não precipitam em soluções

salinas de até 10%, enquanto que soluções de 2-3% de sal são suficientes para

desativar os surfactantes químicos;

Page 36: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

13

Biodegradabilidade: os biossurfactantes são facilmente degradados na água ou

no solo; emulsões feitas com biossurfactantes podem ser facilmente quebradas por

adição de enzimas, como, por exemplo, a depolimerase, que pode quebrar a emulsão

de hidrocarbonetos em óleo.

A Tabela 2.1 mostra que os biossurfactantes constituem uma das principais classes de

surfactantes naturais, sendo classificados de acordo com a sua composição química e sua

origem microbiana, apresentando diferentes estruturas químicas, principalmente aqueles

produzidos por microrganismos na presença de hidrocarbonetos (Lang & Wullbrandt, 1999), e

propriedades surfactantes podendo ser produzidos total ou parcialmente extracelulares por

bactérias, bolores e leveduras (Bicca et al., 1999). Essas diferenças fazem com que um grupo

de surfactantes tenha vantagem em uma aplicação específica e outros sejam mais apropriados

em outras aplicações. As principais classes incluem glicolipídios, lipopeptídios e

lipoproteínas, fosfolipídios e ácidos graxos, surfactantes poliméricos e surfactantes

particulados (Desai & Desai, 1993).

Tabela 2.1. Principais grupos de surfactantes de origem natural e sintética.

Naturais Sintéticos

Alquil poliglicosídeos Alcanolaminas

Biossurfactantes Alquil e aril éter carboxilatos

Amidas de ácidos graxos Alquil aril sulfatos

Aminas de ácidos graxos Alquil aril éter sulfatos

Glucamidas Alquil etoxilados

Lecitinas Alquil sulfonatos

Derivados de proteínas Alquil fenol etoxilados

Saponinas Aminoóxidos

Sorbitol e ésteres de sorbitan Betaínas

Ésteres de sacarose Co-polímeros de óxido de Etil/Propileno

Sulfatos de álcoois graxos naturais Ácidos graxos etoxilados

Fonte: NITSCHKE & PASTORE, 2002.

Page 37: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

14

De acordo com Nitschke & Pastore (2002) os biossurfactantes possuem uma estrutura

comum: uma porção lipofílica usualmente composta por cadeia hidrocarbônica de um ou mais

ácidos graxos, que podem ser saturados, insaturados, hidroxilados ou ramificados, ligados a

uma porção hidrofílica, que pode ser um éster, um grupo hidróxi, fosfato, carboxilato ou

carboidrato. A maioria dos biossurfactantes são neutros ou aniônicos, variando desde

pequenos ácidos graxos até grandes polímeros, conforme podem serem vistos na Tabela 2.2 e

na Figura 2.1.

Os lipossacarídeos são emulsificantes extracelulares hidrossolúveis, de alto peso

molecular, produzidos por bactérias capazes de metabolizar hidrocarbonetos como

Acinetobacter calcoaceticus. Os lipopeptídeos são produzidos pelo microrganismo Bacillus

subtilis, sendo a surfactina o biossurfactante mais utilizado. Dentre os ácidos graxos e lipídios

neutros, os principais são ácido ustilágico, ácidos corinomicólicos, ácidos lipoteicóico e

proteínas hidrofóbicas (Colla & Costa, 2003).

Os glicolipídeos dividem-se em trealoses, soforolipídeos e ramnolipídeos em geral

envolvidos na assimilação de hidrocarbonetos de baixa polaridade por microrganismos (Colla

& Costa, 2003). Dentre os glicolipídeos, os mais estudados são os ramnolipídeos, produzidos

por Pseudomonas aeruginosa (Gouveia et al., 2003).

Os ramnolipídeos produzidos por Pseudomonas spp. possuem a capacidade de

diminuir a tensão interfacial da água contra n-hexadecano para 1 mN/m e a tensão superficial

para 25 a 30 mN/m (Castro, 2005). Além disso, estabilizam emulsões e são geralmente

atóxicos e biodegradáveis (Banat, 2000; Gouveia et al., 2003).

Os biossurfactantes poliméricos são constituídos por diversos grupos químicos

diferentes como, por exemplo, o emulsan, no qual ácidos graxos estão ligados a um esqueleto

de heteropolissacarídeos, ou o liposan de Yarrowia lipolytica, constituído por carboidratos e

proteínas (Nitschke & Pastore, 2002).

Page 38: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

15

Tabela 2.2 Classes de biossurfactantes e microrganismos envolvidos.

Tipo de Biossurfactante Microrganismos

Glicolipídeos

Rhamnolipídeos

Soforolipídeos

Trehalolipídeos

Pseudomonas aeruginosa

Torulopsis bombicola, T. apicola

Rhodococcus erythropolis, Mycobacterium

sp

Lipopeptídeos e lipoproteínas

Peptídeo-lipídeo

Viscosina

Serrawetina

Surfactina

Subtilisina

Gramicidina

Polimixina

Bacillus licheniformis

Pseudomonas fluorescens

Serratia marcescens

Bacillus subtilis

Bacillus subtilis

Bacillus brevis

Bacillus polymyxa

Ácidos graxos, lipídeos neutros e

fosfolipídeos

Ácidos graxos

Lipídeos neutros

Fosfolipídeos

Corynebacterium lepus

Nocardia erythropolis

Thiobacillus thiooxidans

Surfactantes poliméricos

Emulsan

Biodispersan

Liposan

Carboidrato-lipideo-proteína

Manana-lipídeo-proteína

Acinetobacter calcoaceticus

Acinetobacter calcoaceticus

Candida lipolytica

Pseudomonas fluorescens

Candida tropicalis

Surfactantes particulados

Vesículas

Células

Acinetobacter calcoaceticus

Varias bactérias

Fonte: DESAI & BANAT, 1997 apud Nitschke, 2004.

Page 39: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

16

Figura 2.1 Estrutura química de alguns biossurfactantes.

Fonte: NITSCHKE & PASTORE, 2002.

Os surfactantes lipoprotéicos são talvez os mais conhecidos por suas atividades

antibióticas, sendo melhor caracterizados aqueles produzidos por Bacillus sp, incluindo

surfactina, iturina, fengicina, liquenisina, micosubtilisina e bacilomicina. Esse tipo de

composto se caracteriza pela existência de peptídeos ligados a ácidos graxos, sendo que a

porção protéica da molécula pode ser neutra ou aniônica, e os aminoácidos estão

frequentemente dispostos em uma estrutura cíclica (Barros et al., 2007).

A surfactina é conhecida por ter excepcional atividade superficial, reduzindo a tensão

superficial da água (20°C) de 72 para 27 mN/m em concentrações menores de 20 ìmol/L,

além de apresentar diversas funções biológicas e grande importância industrial, o que tem

Page 40: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

17

aumentado consideravelmente o interesse biotecnológico em sua produção, além de atrair

cada vez mais a atenção da indústria farmacêutica (Barros et al., 2007).

As moléculas dos dois biossurfactantes produzidos neste trabalho podem ser

visualizadas nas Figuras 2.2 e 2.3, que corresponde à molécula de liposan produzida pela

Yarrowia lipolytica e a molécula de ramnolipídeo produzida pela Pseudomonas aeruginosa,

respectivamente.

Figura 2.2. Estrutura química do liposan de Fórmula Molecular (FM): C8H14O2S2 Massa

Molecular (MM): 206,33 g/mol e nomenclatura IUPAC: 5-(dithiolan-3-il) ácido pentanóico.

Figura 2.3. Estrutura química do ramnolipídeo de Fórmula Molecular (FM): C32H58O13

Massa Molecular (MM): 650,80 g/mol e nomenclatura IUPAC: 3-[3-[4,5-dihidroxi-6-metil-3-

(3,4,5-trihidroxi-6-metiloxan-2-il)oxioxan-2-il]oxydecanoiloxi] ácido decanóico.

Page 41: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

18

Segundo Rosenberg & Ron (1999) os biossurfactantes podem ser classificados

conforme a sua massa molecular:

Alta Massa Molecular: Os glicolipídios que são mais conhecidos são formados

por carboidratos e ácidos graxos alifáticos cadeia longa e os lipopeptídeos.

Baixa Massa Molecular: Polissacarídeos, proteínas, lipopolissacarídeos,

lipoproteínas ou mistura complexa desses biopolímeros.

Page 42: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

19

2.1.2 Propriedades e Aplicações

O potencial de aplicação de compostos de superfície ativa, produzidos a partir de

microrganismos, é baseado nas propriedades de emulsificação, separação, umedecimento,

solubilização, inibição de corrosão, redução de viscosidade de líquidos e redução da tensão

superficial. Essas propriedades fornecem potencial de aplicação nas indústrias de alimentos,

agrícola, construção, bebidas, papel, metal, têxtil, farmacêutica, cosmética e de petróleo.

(Nitschke & Pastore, 2002; Mulligan et al., 2001; Bognolo, 1999; Fiechter, 1992).

Uma propriedade de muitos biossurfactantes é a atividade antimicrobiana. Cameotra &

Makkar (2004) relatam que certos lipopeptídeos podem agir como substâncias antivirais,

antibióticos, agentes antitumorais, imunorreguladores, toxinas específicas e inibidores

enzimáticos. Outros usos médicos dos biossurfactantes incluem o papel de agentes

antiaderentes para patógenos, sendo útil para tratar muitas doenças, bem como uso terapêutico

e pró-biótico (Singh & Cameotra, 2004).

Para Nitschke & Pastore (2002), o maior mercado para os biossurfactantes é a

indústria petrolífera, onde são utilizados na produção de petróleo ou incorporados em

formulações de óleos lubrificantes. Outras aplicações incluem biorremediação e dispersão no

derramamento de óleos, remoção e mobilização de resíduos de óleo em tanques de estocagem,

e a recuperação melhorada de petróleo. Porém, atualmente, as aplicações se distribuem entre

os mais diversos setores industriais. A recuperação melhorada do petróleo consiste em uma

tecnologia de recuperação terciária do petróleo que utiliza microrganismos ou produtos de seu

metabolismo para a recuperação de óleo residual.

O principal uso comercial dos biossurfactantes está na biorremediação, por causa de

sua capacidade em estabilizar emulsões. Isto faz com que ocorra um aumento na solubilidade

e na disponibilidade de contaminantes hidrofóbicos, aumentando o potencial para

biodegradação. Um dos usos para os biossurfactantes que tem recebido constante atenção é

Page 43: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

20

conhecido por MEOR (Microbial-Enhanced Oil Recovery), cujo processo envolve a

introdução de microrganismos em reservatórios de óleo cru para melhorar a extração da borra

oleosa e recuperar frações de hidrocarbonetos. Este método também está sendo proposto e

testado em algumas partes do mundo, para combater a poluição ambiental gerada por

derramamentos acidentais de óleo. Este processo previne a persistência do óleo no ambiente,

sendo estes responsáveis pela depleção do oxigênio e intoxicação da vida marinha. Acidentes

com petróleo têm sido muito frequentes, portanto tem-se nesta área um vasto campo para a

aplicação dos biossurfactantes (Dyke et al., 1991).

A indústria petrolífera é o maior mercado para os biossurfactantes, onde são utilizados

diretamente na produção dos derivados do petróleo ou são incorporados nas formulações de

óleos lubrificantes (Dyke et al., 1991). Outro uso está relacionado com o potencial de

recuperação de derivados de petróleo na limpeza de tanques, preparo de misturas óleo-álcool

para combustíveis e dispersão de óleos derramados em ecossistemas aquáticos (Lima, 1996).

Os biossurfactantes também podem ser empregados em uma série de aplicações

distintas, desde a estabilização de nanopartículas ao tratamento de queimaduras, como

exemplos Xie et al. (2006) mostraram como os ramnolipídeos podem ser utilizados para a

estabilização de nanopartículas de prata, evitando sua agregação por interações eletrostáticas.

Stipcevic et al. (2006) realizaram testes com ratos e as queimaduras foram tratadas com

solução de ramnolipídeos a 0,1 % onde verificaram o fechamento dos ferimentos com 35 dias,

enquanto os que não foram tratados com os biossurfactantes ainda apresentavam ferimentos

abertos com mais de 35 dias.

Atualmente, muitas pesquisas estão sendo desenvolvidas no sentido de aproveitar as

características favoráveis dos agentes tensoativos de interagir com os fluidos, de maneira a

proporcionar melhores condições de deslocamento e, consequentemente, melhorar a produção

Page 44: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

21

de petróleo. Surfactantes químicos ainda continuam sendo os compostos químicos mais

usados nos processos de recuperação avançada por injeção.

Liu et al. (2006) realizaram testes de emulsificação, medidas de tensão interfacial

óleo/água, e medidas de potencial zeta para estudar a sinergia entre álcalis e tensoativos a fim

de emulsionar óleo pesado em salmoura. Analisaram quatro tensoativos aniônicos � sulfato de

éter alquila � (S1, S2, S3 e S4) e três álcalis (Na2CO3, NaHCO3 e NaOH) para o estudo de

emulsificação do óleo na sal moura. O tensoativo S4 apresentou menor tensão interfacial e o

álcali Na2CO3 apresentou melhor dispersão na mistura. Eles concluíram que o tensoativo

adicionado e produzido in situ da reação de álcali e ácidos do óleo resulta numa tensão

interfacial dinâmica ultra-baixa e alto potencial zeta, possibilitando uma emulsificação do

óleo sob perturbações interfaciais leves.

Somasundaran & Zhang (2006) estudaram a adsorção de tensoativos em minerais e o

efeito da molhabilidade. Utilizaram um tensoativo aniônico e alumina. Concluíram desse

trabalho que a composição mineral da rocha-reservatório, assim como a composição dos

fluidos de reservatório e condições do fluido injetado (salinidade, pH e temperatura), é de

fundamental importância na determinação da interação entre os minerais do reservatório e os

reagentes externos adicionados e seus efeitos nas propriedades interfaciais sólido-líquido,

como carga de superfície e molhabilidade. Concluíram também que algumas interações

podem causar precipitação e mudança na molhabilidade.

Curbelo (2006) estudou o comportamento da adsorção de tensoativos não-iônicos (B,

C, D e E) e iônicos (F, G e H) e seus efeitos na recuperação avançada de petróleo. Foram

estudados alguns fatores, tais como: valor da CMC, concentrações de tensoativos injetados,

eficiência de varrido e de deslocamento, viscosidades das soluções e temperatura de turbidez.

Os resultados mostraram que o tensoativo G, aniônico, obteve maior fração de recuperação,

Page 45: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

22

71%. Já o tensoativo H, catiônico, obteve o resultado menos satisfatório, apresentando apenas

5,6% de ganho na recuperação de petróleo.

Zhao et al. (2007) estudaram a tensão interfacial dinâmica entre óleo cru e sistemas

tensoativos. Os sistemas tensoativos usados foram o Hex-MNS, Oct-MNS, Dec-MNS, Dodec-

MNS e o Tetradec-MNS, onde MNS representa o sulfato de hexil-metilnaftaleno. Com

exceção do Hex-MNS, os demais apresentaram diminuição da interação interfacial, e estas

soluções podem reduzir as tensões interfaciais a valores ultra-baixos a uma vasta

concentração de tensoativo e escalas de salinidade. Estes autores verificaram, também, que

existem sinergismo e antagonismo entre o tensoativo adicionado e o sal inorgânico. Para o

tensoativo com a parte lipofílica mais forte, predominou o sinergismo; enquanto que para o

tensoativo com parte lipofílica mais fraca, o status dominante era o antagonismo. Com o

aumento da salinidade, as concentrações requeridas de tensoativo aumentam. Dentre os

tensoativos, o Tetradec-MNS mostrou-se mais eficaz na redução da tensão interfacial entre o

óleo e a água sem álcali e os outros aditivos.

Paulino (2007) estudou a recuperação avançada de petróleo utilizando um sistema

microemulsionado. Pelos parâmetros analisados determinou-se microemulsões a serem

submetidas à etapa de recuperação, com composição: 25% de água, 5% de querosene, 46,7%

de n-butanol como co-tensoativo e 23,3% de tensoativo BS ou SCO - tensoativos aniônicos.

Os plugs utilizados, arenitos das formações Açu e Botucatu, foram avaliados em ensaios de

porosidade e permeabilidade, e posteriormente submetidos às etapas de saturação com água

do mar e petróleo. Em seguida foi realizada uma recuperação convencional, com água do mar

e uma posterior recuperação avançada, com as microemulsões selecionadas. O arenito

Botucatu apresentou os melhores parâmetros físicos para a recuperação; a microemulsão

composta pelo tensoativo BS foi a que obteve maior eficiência de deslocamento 26,9%.

Page 46: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

23

Apesar dos surfactantes químicos ainda serem mais aplicados e utilizados que os

biossurfactantes nas indústrias químicas de forma geral, as pesquisas estão caminhando para

uma inversão do uso no futuro próximo pelas razões já discutidas neste trabalho.

Santa Anna et al. (2002) testaram a toxicidade do ramnolipídeo produzido por

Pseudomonas aeruginosa PA1 e compararam com a de um surfactante quimicamente

sintetizado. Concluíram que este surfactante químico, com uma característica aniônica

idêntica a dos ramnolipídeos produzidos, apresentou toxicidade dez vezes maior que a do

biossurfactante produzido.

Noordman et al. (2002) determinaram a influência de ramnolipídeos na degradação de

hexadecano por uma cepa de Pseudomonas aeruginosa. Concluíram que a presença do

biossurfactante aumentou a assimilação deste substrato pelas células, aumentando sua

degradação em um nível superior quando comparado a qualquer outro surfactante sintetizado

quimicamente e utilizado neste trabalho nas mesmas concentrações.

Investigando a remoção de petróleo de amostras de solo com o uso de ramnolipídeos e

de um surfactante sintético (SDS � dodecil sulfato de sódio), Urum et al. (2004) observaram

que a remoção de petróleo das amostras usando os dois tipos de surfactantes foi considerada

dentro da mesma faixa de reprodutibilidade experimental. Desta forma, os autores

recomendaram o uso dos ramnolipídeos pelo fato de apresentarem maior biodegradabilidade e

menor toxicidade.

Nazina et al. (2007) estudaram o uso de processos biotecnológicos através de ensaios

pilotos na recuperação melhorada de petróleo em água produzida no campo de petróleo de

Dagang na China. Injetaram no reservatório de petróleo diferentes fontes de oxigênio numa

mistura de água/ar contendo peróxido de hidrogênio e sais de nitrogênio e fósforo resultando

no aumento de bactérias aeróbicas e aneoróbicas acompanhado da produção de

biossurfactantes e diminuição da tensão superficial da água produzida.

Page 47: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

24

Wang et al. (2008) realizaram um experimento de campo para monitorar mudanças

nas bactérias exógenas e investigar a diversidade de bactérias nativas durante um teste de

campo de recuperação melhorada de petróleo (MEOR). Em dois poços foram injetadas três

linhagens exógenas e em seguida fechadas para permitir o crescimento microbiano e o seu

metabolismo. Após um período de espera as bombas foram religadas e as amostras foram

coletadas. Analisando as populações destas amostras por desnaturação de gradiente de gel de

eletroforese com PCR amplificado, os resultados mostraram que as cepas exógenas foram

recuperadas na água produzida e cepas autóctenes também puderam ser detectadas. Após as

bombas serem religadas o rendimento médio do petróleo aumentou de 1,58 para 4,52

toneladas por dia. Este trabalho apresentou uma estratégia bem sucedida para investigar que

as mudanças nos microrganismos utilizados aumentaram a recuperação de petróleo e

melhorou a viabilidade técnica da tecnologia na recuperação melhorada MEOR.

She et al. (2010) isolaram três microrganismos bacterianos selvagens (XDS1, XDS2,

XDS3) a partir de um reservatório de petróleo no campo petrolífero de Daqing (China) e

mostraram que os mesmos são capazes de produzir biossurfactantes e abaixar a tensão

superficial e a viscosidade do óleo bruto, e ao mesmo tempo foram capazes de degradar

hidrocarbonetos em componentes mais leves melhorando suas características de fluxo e

aumentando a recuperação de óleo entre 4,89 a 6,96%.

Zhang et al. (2010) usaram uma técnica de recuperação terciária de petróleo (MEOR),

aplicado em um reservatório de óleo no campo petrolífero de Daqing (China). O objetivo

deste estudo foi monitorar a sobrevivência de injeção de bactérias e revelar a resposta das

comunidades microbianas em teste de campo para avaliar a ação microbiana através da

injeção de cepas selecionadas e diferentes nutrientes. Os resultados mostraram que o

reservatório foi alvo fácil de ativar as bactérias produtoras de biopolímero como se fosse um

ambiente de laboratório.

Page 48: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

25

2.2 PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTES

Para Banat (1995) os processos de fermentação, são, de forma geral e em síntese, uma

mistura de um selecionado microrganismo a um específico substrato por certo tempo a uma

determinada temperatura e pH, para que o microrganismo em determinadas condições

degrade o substrato e se reproduza à custa daquele, pelo uso das fontes de carbono e

nitrogênio em especial, chegando-se a um produto final ou a uma cultura iniciadora. A

conversão microbiana pode ser uni ou multiestágio e pode ser obtido um ou diversos produtos

finais, sendo o processo de separação adotado o ponto chave.

Na produção de biossurfactantes a quantidade e a qualidade produzida pelas diversas

espécies de microrganismos são influenciadas tanto pela fonte de carbono quanto pelas

concentrações de ferro, manganês e fósforo no meio, além das condições de cultivo, como

pH, temperatura e agitação.

Os parâmetros utilizados para medir a eficiência dos biossurfactantes são: tensão

superficial, tensão interfacial, emulsificação e concentração micelar crítica (Desai & Banat,

1997).

Zhang & Miller (1995) apud Benincasa et al., (2004), relatam que a concentração

necessária de biossurfactante para se atingir a CMC está tipicamente entre 1 a 200 mg/L.

Estudos são realizados para definir a melhor relação entre carbono, nitrogênio, fósforo e ferro

para se obter alta produção de ramnolipídeos.

Após total consumo de nitrogênio no meio, o microrganismo dirige o seu metabolismo

celular para a produção de biossurfactantes que aumenta após a fase exponencial de

crescimento (Benincasa et al., 2004).

Segundo Fiechter (1992) para serem competitivos no mercado, a produção de

biossurfactantes devem seguir dois pré-requisitos: a) Aumento do conhecimento e da

Page 49: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

26

habilidade em manipular o metabolismo de microrganismos produtores, de tal forma que o

substrato de baixo custo seja utilizado; b) Aperfeiçoamento de tecnologias de processos que

facilitem a recuperação do produto.

Adamczak & Bednarski (2000) avaliaram a influência do meio de composição e da

aeração na síntese de biossurfactante por Candida Antarctica. Usando o óleo de soja como

fonte de carbono a maior produção de biossurfactante foi de 45,5 g/L e alcançada quando a

levedura foi cultivada em meio com uma taxa de aeração de 1 vvm. Entretanto, quando se

alterou a aeração para 2 vvm, houve uma produção intensa de espuma e a produção de

biossurfactante decaiu 84%. Já utilizando somente a glicose como fonte de carbono, na taxa

de aeração de 1 vvm alcançou-se uma produção de biossurfactante de 1,1 g/L, enquanto que

com uma taxa de aeração de 2 vvm, apesar da formação de espuma, a produção foi de 3,1 g/L

de biossurfactante. A formação de espuma não é um fator desejado na produção, uma vez que

retira do meio reacional parte do biossurfactante, biomassa e lipídeos.

O efeito do pH em relação à produção de biossurfactante por Candida antarctica foi

estudado utilizando-se tampão fosfato em diferentes pHs (4-8). Todos os tampões utilizados

resultaram em uma diminuição do rendimento da produção do biossurfactante, quando

comparados com a água destilada (Kitamoto et al., 2001).

Benincasa et al. (2001) isolaram uma cepa em solo contaminado com petróleo a partir

de um resíduo do processamento de óleo de girassol. Na produção em batelada em um

fermentador, foi observado que o aumento no fornecimento de oxigênio elevou a

concentração final obtida de ramnolipídeos. Também foi reportado o efeito de uma

realimentação (batelada alimentada) das fontes de carbono e nitrogênio. Houve um pequeno

aumento na concentração de biomassa acompanhado de um aumento significativo na

produção de ramnolipídeos. A produtividade obtida foi de 0,2 g/L.h com uma concentração

final de 15,9 g/L.

Page 50: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

27

Guilmanov et al. (2002) investigaram o efeito da aeração, por meio de experimentos

em frascos agitados na produção de soforolipídeos por Candida bombicola. O maior

rendimento foi obtido com a taxa de aeração entre 50 e 80 mmol O2/L h-1.

Zinjarde & Pant (2002) estudaram a influência do pH inicial na produção do

biossurfactante por Yarrowia lipolytica. Observaram que a maior produção foi obtida em pH

inicial igual a 8,0, que corresponde ao pH natural da água do mar.

Em relação à produção de biossurfactante, estudando a bactéria Kocuria rhizophila,

Ubéda (2004) constatou que a produção deste não está associada ao crescimento celular e que

a atividade de emulsificação e a produção de massa seca foram influenciadas pela temperatura

de incubação, pelo pH inicial do meio de fermentação e pela concentração da fonte de

nitrogêno orgânico e inorgânico.

A acidez do meio de produção foi um parâmetro correlacionado com a eficiência da

síntese de glicolipídeos por Candida antarctica e Candida apicola. Mantendo o pH em 5,5

obteve-se maior produção de glicolipídeos. Contudo, quando não se ajustou o pH no meio de

cultura, obteve-se um efeito negativo na eficiência de síntese (Bednarski et al., 2004). Um

efeito similar foi observado na produção de glicolipídeos por Candida antarctica, através de

batelada alimentada. O melhor rendimento da produção foi com controle do pH, mantendo-se

em 4, sendo significativamente melhorada quando comparada com a fermentação sem o

controle do pH (Luna et al., 2005).

Kronemberger et al. (2008) estudou o crescimento celular e a dependência da

produção de oxigênio através de um dispositivo de oxigenação não dispersiva e constatou que

há relação direta entre eles e que há influência da aeração no aumento da concentração da

biomassa.

Page 51: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

28

Silva et al. (2009) investigou a produção de ramnolipídeos usando diferentes fontes

de nitrogênio (NaNO3, (NH4)2SO4 e NH2CONH2), utilizou-se neste trabalho a uréia numa

concentração de 0,82g/L, mantendo-se a relação de 60:1 de C:N (m/m).

A atividade de emulsificação do biossurfactante produzido pelas leveduras Candida

tropicalis e Debaryomyces polymorphus não foi alterada, em uma faixa de pH entre 4 e 11

(Sing & Desai, 1989). Já a produção do bioemulsificante produzido pela levedura

Rhodotorula glutinis durante fermentação em batelada alimentada, foi significativamente

influenciada tanto pela temperatura como pelo pH, sendo as condições ótimas obtidas para a

produção à temperatura de 30 ºC e pH 4.

Investigando um processo contínuo para a produção de biossurfactantes por

Pseudomonas aeruginosa a partir de glicose, Guerra-Santos et al. (1984) propuseram uma

relação carbono/nitrogênio ótima e igual a 18 com o uso de nitrato como fonte de nitrogênio.

A concentração máxima de ferro, FeSO4 7.H2O, recomendada pelos autores foi de 27,5 ìg/g

de glicose, e foi observado que uma razão carbono/fosfato abaixo de 16 maximiza a produção

de ramnolipídeos, sendo necessário certo excesso de fosfato para a formação de

ramnolipídeos. A otimização elaborada neste estudo levou a um aumento de quase 10 vezes

na concentração final de biossurfactante produzido, chegando a 1,5 g/L de ramnolipídeos no

processo contínuo.

O efeito da temperatura na produção de manosileritritol por resting cell e em

condições de crescimento celular por Candida antarctica foi estudado. Em ambos os casos, a

maior produção foi observada a 25 ºC, sendo que por resting cell a produção de

biossurfactante ocorreu em uma faixa ampla de temperatura. O efeito da aeração também foi

testado utilizando diferentes volumes de meio (20-60 mL) em um erlenmeyer de 300 mL. O

melhor rendimento foi obtido em um volume de 30 mL, que indica uma relação Vm/Vf = 0,1,

demonstrando a forte influência da aeração neste sistema (Kitamoto et al., 1992).

Page 52: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

29

A maioria das fermentações realizadas para produção de biossurfactante ocorre em

uma faixa de temperatura de 25 a 30 °C. Existem vários trabalhos na literatura que estudam a

influência desse parâmetro. Casas & Ochoa (1999) mostraram que as quantidades de

soforolipídeo obtidas por Candida bombicola em ambas as temperaturas (25 e 30 ºC) foram

próximas. A fermentação realizada a 25 ºC apresentou crescimento menor de biomassa e

maior taxa de consumo de glicose em comparação à fermentação realizada a 30 ºC.

Com o objetivo de ampliar o processo de produção do bioemulsificante por Candida

lipolytica, da escala de frascos para a escala de biorreator, Albuquerque et al. (2006)

estudaram os efeitos da agitação e da temperatura na produção de biossurfactante frente a

diferentes óleos. Verificou-se que o aumento da temperatura exerceu um efeito negativo

significativo sobre as atividades de emulsificação para as emulsões água em hexadecano e

água em óleo de milho e, que o aumento da velocidade de agitação produziu um efeito

positivo sobre a atividade de emulsificação de água em óleo de canola. As melhores

condições de operação para a produção do biossurfactante foram temperatura de 28 ºC e

agitação de 300 rpm .

Robert et al. (1989) realizaram fermentações com Pseudomonas aeruginosa 44T1,

utilizando 2% de glicerol e observaram uma queda da tensão superficial de 30 mN/m no meio

fermentado livre de células e cuja CMC obtida foi de 20 mg/L de ramnolipídeos.

Monteiro et al. (2007), trabalhando com uma cepa de Pseudomonas aeruginosa,

obtiveram um valor de CMC de 13,9 mg/L de biossurfactante em fermentação submersa.

Para Abidi et al. (2008) a hiper-produção de enzimas proteolíticas extracelulares, a sua

estabilidade no armazenamento e termoestabilidade, bem como sua compatibilidade com

detergentes comerciais e seu bom desempenho com a maioria dos detergentes testados, são

características que comprovam a sua aplicação na indústria de saneantes. Estas enzimas

Page 53: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

30

podem ser exploradas comercialmente pela sua utilização para formulação de detergentes

industriais.

Bund & Singhal (2002) estudaram o uso de celulases em detergentes para avaliar sua

capacidade de manter as cores claras, uma superfície lisa e suavidade nos tecidos de algodão.

Compararam a estabilidade dos biodetergentes produzidos, em temperaturas de 30, 50 e 85°C

por até 120 minutos, quando adicionada às enzimas celulases modificadas com anidrido

maleico e N-Bromosuccinimida, com detergentes sem adição da enzima.

2.2.1 Produção de Biossurfactantes por Yarrowia lipolytica

Yarrowia lipolytica é uma levedura aeróbia também conhecida como Candida

lipolytica. É um microrganismo unicelular, eucariótico e pertencente ao reino Fungi da classe

dos Ascomicetos, subclasse Hemiascomicetos. Inicialmente classificada como Candida

lipolytica e depois reclassificada como Endomycopsis lipolytica, Saccharomycopsis lipolytica

e, por último, Yarrowia lipolytica (Barth & Gaillardin, 1997). Pode ser facilmente isolada de

ambientes ricos em lipídeos e proteínas, e no meio ambiente em águas com elevadas

concentrações de sais, como águas do mar hipersalinas (Amaral et al., 2006; Ismail et al.,

2001; Vasdinyei & Deak, 2003).

Em relação à fisiologia, genética e biologia molecular, essa levedura é bastante

diferente dos modelos celulares mais estudados Saccharomyces cerevisiae e

Schizosaccharomyces pombe que são consideradas leveduras �convencionais�. Sendo assim,

ela pertence ao grupo das leveduras chamadas �não-convencionais�, desse grupo é a espécie

mais estudada (Barth & Gaillardin, 1997).

De acordo com a teoria da evolução, acredita-se que alguns microrganismos que

vivem em meios aquosos onde a fonte de carbono é hidrofóbica e, portanto, se encontra

Page 54: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

31

dispersa no meio, sob a forma de gotas, tenham sofrido mutação e desenvolvido mecanismos

para facilitar o acesso a esse substrato.

Para Kim et al. (2000), duas hipóteses têm sido formuladas para explicar o transporte

desses substratos hidrofóbicos para dentro da célula, uma delas é a produção de

biossurfactantes e a outra é a interação dos substratos com a superfície celular da levedura, na

qual há um aumento nas propriedades apolares, tornando-as mais hidrofóbica. O contato

direto entre as gotas de óleo e as células parece ser o mecanismo pelo qual a maior parte do

substrato é transportada. Desta forma, a assimilação de substratos hidrofóbicos pode ocorrer

através de adsorção direta das gotas hidrofóbicas à superfície celular ou pode ser mediada por

um surfactante. No caso de adsorção direta, muitos mecanismos podem estar envolvidos,

como interações hidrofóbicas, interações de Lewis (ácido ou base), interações eletrostáticas ou

de van der Waals.

Cirigliano & Carman (1984) mostraram que a levedura Yarrowia lipolytica foi capaz

de crescer em diferentes fontes de carbono, tais como: hexadecano, parafina, óleo de soja,

óleo de oliva, óleo de milho e óleo de algodão.

A Yarrowia lipolytica é particularmente adaptada a substratos hidrofóbicos, sendo

isolada de meios contendo normalmente fonte de carbono lipídica. A literatura tem reportado

a utilização de diferentes substratos hidrofóbicos por Yarrowia lipolytica, mostrando a

versatilidade desta espécie.

Estudando a evolução de leveduras, Dujon (2004) determinaram a sequência genômica

de vários microrganismos, incluindo todo o cromossomo seis de Yarrowia lipolytica. Assim,

possibilitou estudos de vários genes responsáveis pela expressão de proteínas, enzimas e até

mesmo das moléculas de biossurfactantes produzidas por Yarrowia lipolytica com interesse

industrial, aumentando a expressão de seus produtos metabólicos via engenharia genética.

Atualmente ela representa uma espécie aceitável para técnicas de biologia molecular e

Page 55: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

32

engenharia genética. A gama de substratos utilizados por Yarrowia lipolytica inclui alcanos,

ácidos graxos, ácidos orgânicos, proteínas e alguns açúcares (principalmente glicose).

Segundo Fickers et al. (2005), o catabolismo de substratos hidrofóbicos, tais como

alcanos, ácidos graxos e triglicerídeos nas leveduras, como é o caso da Yarrowia lipolytica, é

bastante complexo e envolve várias vias metabólicas que ocorrem em diferentes

compartimentos celulares. As vias metabólicas envolvidas na síntese de precursores para

produção de biossurfactante são diversas e dependem da natureza da principal fonte de

carbono utilizada no meio de cultivo.

De acordo com alguns trabalhos da literatura, Yarrowia lipolytica é capaz de produzir

moléculas com propriedades tensoativas. Estes trabalhos apresentam uma ampla diversidade

entre as fontes de carbono utilizadas para produção de biossurfactante.

Comparando a produção de compostos tensoativos a partir da levedura Candida

lipolytica em meio contendo n-alcanos e glicose como fontes de carbono, Pareilleux (1979)

concluiu que houve produção de bioemulsificante apenas no meio hidrofóbico, estando em

consonância com os estudos realizados por Kim & Rehm (1982).

Zinjarde & Pant (2002), mostraram que a biossíntese de surfactante por Yarrowia

lipolytica NCIM 3589 utilizando como fonte de carbono substratos solúveis (glicose, glicerol,

acetato de sódio e álcool) também não é viável, porém, em meio contendo óleo cru e alcanos

(C10 � C18) detectou-se a produção de bioemulsificante.

Alguns estudos também descrevem a importância da combinação entre um substrato

insolúvel em água e um carboidrato, como constituintes do meio de cultura. De acordo com

Hommel et al. (1994), apesar da produção de biossurfactantes ocorrer na presença de fontes

de carbonos solúveis em água, como os açúcares, vários estudos mostram que as maiores

produções de biossurfactantes são obtidas quando substratos hidrofóbicos são adicionados.

Page 56: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

33

Ao contrário dos trabalhos apresentados anteriormente, Sarubbo et al. (2001)

produziram biossurfactante utilizando glicose como fonte de carbono a partir da levedura

Candida lipolytica IA 1055, o qual apresentou uma alta atividade de emulsificação.

Amaral et al. (2006) e Fontes (2008) utilizaram também como fonte de carbono a

glicose para a síntese do biossurfactante, a partir de Yarrowia lipolytica IMUFRJ 50682, e

obtiveram bons resultados de emulsificação, eles trabalharam com a mesma cepa e

comprovaram a produção de biossurfactante, utilizando as mesmas concentrações

especificadas e mantendo-se a relação de C:N igual a 3,125. Estes autores seguiram os

estudos de Sarubbo et al. (2001) que a partir da levedura Candida lipolytica IA 1055,

conseguiram produzir biossurfactante com alta atividade de emulsificação utilizando também

glicose como fonte de carbono.

Estes autores mostraram que não é necessária a presença de hidrocarbonetos para

indução da biossíntese de surfactantes. Fato este corroborado em estudos realizados por

Barbosa et al. (2007), que também utilizando a mesma cepa e o mesmo meio de cultura

induzido por óleo de babaçu, mostrou que a mesma adaptou-se mal, pois produziu

biossurfactante em quantidades pequenas, concluindo que o aumento da produção está

relacionado à redução do volume de óleo de babaçu adicionado, agindo assim o óleo como

inibidor do processo neste caso.

2.2.2 Produção de Biossurfactantes por Pseudomonas aeruginosa

Pseudomonas aeruginosa é uma bactéria Gram-negativa, aeróbia, baciliforme e

também conhecida como Pseudomonas pyocyanea. É um microrganismo unicelular,

procariótico e pertencente ao reino Monera. Seu ambiente de origem é o solo, mas é capaz de

viver mesmo em ambientes hostis. Produzidos por uma variedade de microrganismos, os

biossurfactantes são secretados extracelularmente ou anexados a partes da célula,

Page 57: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

34

predominantemente durante crescimento em substratos imiscíveis com a água. Mutantes de

Pseudomonas aeruginosa que não produziam biossurfactantes apresentaram pequeno

crescimento em n-parafina e hexadecano e a adição de ramnolipídeos ao meio restaurou o

crescimento destas bactérias. Do ponto de vista fisiológico, a produção de uma quantidade

grande de uma substância polimérica seria um desperdício, se não apresentasse nenhuma

função (Desai & Banat, 1997).

Através do maior conhecimento das rotas metabólicas de produção, os genes que

codificam as enzimas envolvidas podem ser expressos em hospedeiros para permitir o uso de

substratos mais baratos e facilitar a recuperação do produto, além de substituir produtores

patogênicos, como as bactérias da espécie Pseudomonas aeruginosa. Uma contribuição

adicional para se alcançar excelentes produtividades e rendimentos pode ser fornecida pela

engenharia genética com as cepas produtoras através da técnica do DNA recombinante.

A produção máxima de ramnolipídeos é normalmente verificada no fim da fase

exponencial de crescimento, sendo descrita por alguns autores como uma produção não

associada ao crescimento (Venkata Ramana, 1991).

Reiling et al. (1986) desenvolveram um processo em escala piloto para a produção

contínua de ramnolipídeos por Pseudomonas aeruginosa. O volume reacional utilizado era de

23 litros e foi obtida uma produtividade de 147 mg/L.h, correspondendo a uma produção

diária de 80 gramas de biossurfactante.

Gruber et al. (1993) reportaram a necessidade na limitação nas concentrações de

nitrogênio e ferro para a produção de ramnolipídeos por Pseudomonas aeruginosa. Utilizando

um reator do tipo CSTR, com reciclo de células e um contactor de membranas para a

oxigenação e retirada de gás carbônico, foi obtida produtividade volumétrica de até 545

mg/L.h de ramnolipídeos a partir de glicose, com produtividade específica de 41 mg/g.h

quando usada taxa de diluição igual a 0,18 h-1.

Page 58: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

35

Haba et al. (2000) investigaram a possibilidade da produção de ramnolipídeos a partir

de resíduos de óleos de fritura, já que o uso deste tipo de substrato de baixo custo é um dos

pré-requisitos para a produção economicamente competitiva de biossurfactantes e o

reaproveitamento deste resíduo se enquadra dentro de uma visão ambientalmente correta.

Assim, foi constatado que o aumento da concentração inicial da fonte de nitrogênio, nitrato,

causou um aumento na concentração de biomassa e na produção de ramnolipídeos. A maior

produtividade foi obtida com uma relação carbono/nitrogênio igual a 8, atingindo 2,7 g/L,

expressos em ramnose.

Santos et al. (2002) investigaram a produção de ramnolipídeos pela cepa PA1 de

Pseudomonas aeruginosa. Utilizando glicerol como substrato, foi obtido um aumento de 62%

na produtividade volumétrica com o aumento da concentração inicial de células de 0,32 para

3,0 g/L, atingindo 23,2 mg/L.h. No que diz respeito a relação C/N, os melhores resultados

foram obtidos com valores mais altos, corroborando os demais resultados reportados na

literatura que indicam um aumento na produtividade em condições limitantes de nitrogênio.

Quanto à fonte de carbono, os resultados indicaram o uso do glicerol. O uso desse substrato

levou à produção de 3,34 g/L do biossurfactante expressos em ramnose, enquanto que a

utilização de etanol, óleo de oliva ou de soja, resultou em valores de 2,02; 1,61 e 1,59 g/L,

respectivamente, em iguais condições de fermentação.

Santa Anna et al. (2002) também estudaram a produção de ramnolipídeos por

Pseudomonas aeruginosa PA1. A comparação entre a utilização de n-hexadecano, óleo

parafínico, óleo de babaçu e glicerol, como fontes de carbono, confirmou o fato de o glicerol

ser uma fonte mais facilmente assimilável pelos microrganismos, resultando em maior

produtividade. Com o uso de 1,0% de glicerol, a fase estacionária da fermentação foi atingida

após 40 horas. Nesse ponto, houve um significativo aumento na produção de ramnolipídeos,

revelando o comportamento típico de um metabólito secundário. Como fontes de nitrogênio,

Page 59: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

36

foram testados o nitrato de sódio, o sulfato de amônio e a uréia. Os experimentos revelaram

que o uso do nitrato de sódio foi mais efetivo na produção de ramnolipídeos por Pseudomonas

aeruginosa PA1. O uso de nitrato de sódio (C/N = 60/1) causou um aumento na produção de

ramnolipídios de 3,16 g/L, no final de sete dias de fermentação. A concentração micelar

crítica (CMC) obtida de 19 mg/L está de acordo com outros valores relatados na literatura e as

tensões dessas propriedades ativas moleculares indicam boas perspectivas para aplicação em

indústria, quando comparados com os valores da CMC de tensoativos químicos aniônicos.

Atualmente, com a busca incessante pelo uso de substratos de baixo custo para a

produção de biossurfactantes, diversos trabalhos foram publicados sobre a produção de

ramnolipídeos a partir de diversos óleos, tais como: os de soja (Rahman et al., 2002, Raza et

al., 2007, Cha et al., 2007); o de oliva (Wei et al., 2005) e o de castanha do Pará (Costa et al.,

2006). Nestes trabalhos, as fermentações foram conduzidas em frascos agitados com

pequenos volumes e com o uso de diferentes cepas de Pseudomonas aeruginosa, com exceção

de Raza et al. (2007), que utilizaram uma cepa de Pseudomonas putida submetida à

mutagênese com raios gama.

Vários estudos dão ênfase ao isolamento de microrganismos degradadores de óleos

combustíveis, lubrificantes, óleos vegetais de várias origens, resíduos de indústrias de óleos e

outras atividades agroindustriais (Maneerat, 2005; Bento et al., 2005; Christofi & Ivschina,

2002). Estes microrganismos desenvolvem mecanismos diversos para solubilizar os

compostos orgânicos hidrofóbicos presentes nestes substratos, dentre eles, a produção de

biossurfactantes, disponibilizando-os para serem utilizados como fonte de carbono (Nitschke

et al., 2004).

A produção de biossurfactantes por microrganismos é extensivamente relatada,

principalmente os pertencentes aos gêneros Pseudomonas e Bacillus, a partir de fontes

renováveis como óleo vegetal, resíduos de indústria de óleo (Haba et al., 2000), água

Page 60: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

37

residuais de agroindústrias (Nitschke et al., 2005), gordura animal, efluentes de indústrias de

óleo de oliva, óleo queimado, soro de leite e efluentes ricos em amido (Maneerat, 2005). Entre

os substratos não lipídicos, destacam-se o glicerol, a glicose e o manitol (Wu et al., 2008;

Monteiro et al., 2007; Déziel et al., 1999).

Segundo a literatura, um dos fatores que influenciam diretamente na produtividade de

ramnolipídeos é a relação carbono-nitrogênio (C/N), entretanto, não existem muitos estudos

envolvendo esta variável. Valores de relação C/N de 18 (Guerra-Santos et al., 1984), 10

(Abouseoud et al., 2008), 20 (Raza et al., 2007) e 55 (Monteiro, 2007) são reportados na

literatura. Essa grande variação pode ser resultado de diversos fatores, como da cepa de

Pseudomonas aeruginosa utilizada, tipo de fonte de carbono e nitrogênio. Alguns autores

demonstram haver uma linearidade entre aumento da relação C/N e produção de

ramnolipídeos, enquanto outros citam a existência de uma relação inversa, ou seja, um

aumento da produtividade de ramnolipídeos com a diminuição da relação C/N (Arino et al.,

1996; Guerra-Santos et al., 1984).

A única constante em todos os casos é que após se atingir um valor de C/N ótimo, a

produção de ramnolipídeos decresce abruptamente. No estudo de Mulligan & Gibbs (1989),

os autores fazem a correlação entre a produção de ramnolipídios por Pseudomonas

aeruginosa e a atividade das enzimas envolvidas no metabolismo de nitrogênio, utilizando

fontes orgânicas e inorgânicas deste elemento. Os resultados demonstraram que a produção de

ramnolipídeos é ativada sob condições de limitação de nitrogênio.

A Tabela 2.3 apresenta um levantamento de alguns estudos relatados na literatura

sobre a produção de ramnolipídeos por Pseudomonas sp.

Page 61: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

38

Tabela 2.3. Levantamento de alguns estudos de produção de ramnolipídeos por cepas de Pseudomonas aeruginosa.

Cepa Fonte de carbono

(g/L)

Fonte de

nitrogênio

(g/L)

Tempo de

fermentação

(dias)

Ramnolipídeos

(g/L) Referências

Pseudomonas aeruginosa Glicose

(18)

NaNO3

(2,5)

nd 1,5 Guerra-Santos et al.,

1986

Pseudomonas aeruginosa

57RP

Manitol

(20)

NaNO3

(2,0)

14 2,3 Déziel et al., 1999

Pseudomonas aeruginosa

UG2

Óleo de milho

(12,75)

(NH4)2SO4

(1,74)

16 4,38 Mata-Sandoval et al.,

1999

Pseudomonas aeruginosa

LB1

Água de prcessamento de oleo

de girasol (30)

NaNO3

(5)

3 7,0 Benincasa & Accorsini,

2008

Pseudomonas aeruginosa

47T2

Óleo derivado de processos de

fritura (40)

NaNO3

(5)

4 8,1 Haba et al., 2003

Pseudomonas aeruginosa

KY 4025

n-Parafina

(100)

(NH4)2SO4

(4)

2 8,5 Itoh et al., 1971

Pseudomonas aeruginosa

EM1

Glicose

(30,5)

NaNO3

(4,9)

7 8,6 Wu et al., 2008

id8700924 pdfMachine by Broadgun Software - a great PDF writer! - a great PDF creator! - http://www.pdfmachine.com http://www.broadgun.com

Page 62: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

39

Tabela 2.3. Levantamento de alguns estudos de produção de ramnolipídeos por cepas de Pseudomonas aeruginosa. (continuação)

Cepa Fonte de carbono

(g/L)

Fonte de

nitrogênio

(g/L)

Tempo de

fermentação

(dias)

Ramnolipídeos

(g/L) Referências

Pseudomonas aeruginosa

AT10

Ácidos graxos livres derivados

de óleo de soja (50)

NaNO3

(5)

4 9,5 Abalos et al., 2001

Pseudomonas aeruginosa

LB1

Soapstock (subproduto obtido do

refino do óleo de soja bruto) (20)

nd 6 11,7 Nitschke et al.,

2005

Pseudomonas aeruginosa

UFPEDA 614

Glicerol

(30)

(NH4)2SO4

(1)

9 12,4 Monteiro et al., 2007

Pseudomonas aeruginosa

LB1

Soapstock (subproduto obtido do

refino do óleo de soja bruto) (20)

NaNO3

(4)

3 15,8 Benincasa et al., 2001

Pseudomonas aeruginosa

GL1

Glicerol

(30)

NaNO3

(6,5)

8 17,9 Arino et al., 1996

Pseudomonas aeruginosa

AT10

Ácidos graxos

(50)

NaNO3

(4,6)

4 18,7 Abalos et al., 2002

Pseudomonas aeruginosa

UFPEDA 614

Glicerol

(120)

(NH4)2SO4

(1)

12 46,0 Camilios Neto et al.,

2008

nd não determinado.

Page 63: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

40

Em relação à fonte de nitrogênio utilizada (conforme Tabela 2.3) as fontes inorgânicas

de nitrogênio (sulfato de amônio e nitratos) são as mais utilizadas, por serem reportadas como

melhores que as fontes orgânicas como extrato de levedura (Wu et al., 2008; Guerra-Santos et

al., 1984).

Na Tabela 2.3, observa-se também que não existe uma correlação direta entre a

quantidade de nitrato de sódio presente no meio e a produção de ramnolipídeos. Por exemplo,

valores de 6,5, 4,9 e 4,0 g/L de nitrato de sódio (utilizados por Wu et al., 2008; Costa et al.,

2006 e Arino et al., 1996) produziram 18,5, 8,6 e 9 g/L de ramnolipídeos, respectivamente.

As fontes de carbono utilizadas para promover a síntese de ramnolipídeos por cepas de

Pseudomonas aeruginosa podem ser divididas em dois principais tipos (Tabela 2.3): lipídicas

e glicídicas, sendo que cada um destes tipos irá influenciar na quantidade final de

ramnolipídeos e na composição da mistura de homólogos produzidos pelo microrganismo

(Nitschke et al., 2005).

Os ramnolipídeos produzidos por Pseudomonas aeruginosa são capazes de diminuir

tanto a tensão interfacial da água contra o hexadecano para 1 mN/m (Guerra-Santos et al.,

1986), quanto a tensão superficial da água (72 mN/m) para valores entre 25-30 mN/m (Desai

& Banat, 1997).

As propriedades podem variar em função dos diferentes homólogos produzidos,

tornando-os mais ou menos eficientes, dependendo da aplicação desejada. Por exemplo,

biossurfactantes que diminuem a tensão superficial com menores valores de CMC são

preferíveis sob um ponto de vista econômico; entretanto, para estudos de biorremediação

utilizando consórcios microbianos, alguns destes biossurfactantes podem exercer efeitos

tóxicos aos microrganismos quando se acumulam em valores muito acima de sua CMC

(Whang et al., 2008), ou podem tornar indisponíveis os substratos hidrofóbicos, devido ao seu

aprisionamento nas micelas.

id8731188 pdfMachine by Broadgun Software - a great PDF writer! - a great PDF creator! - http://www.pdfmachine.com http://www.broadgun.com

Page 64: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

41

Vários trabalhos vêm sendo publicados na literatura acerca do uso de ramnolipídeos,

tanto no estudo da degradação de compostos originários do petróleo quanto na lavagem e

solubilização dos mesmos. Em termos de lavagem, os ramnolipídeos foram utilizados com

sucesso na remoção de óleo de cascalho contaminado no acidente com o navio Exxon Valdez

no Alasca (Desai & Banat, 1997).

Recentemente também foram utilizados em estudos feitos durante o derramamento de

petróleo no golfo do México, iniciado em abril de 2010 com a explosão e o afundamento de

uma plataforma da British Petroleum (BP), que resultou no derramamento de mais de quatro

milhões de barris, contidos completamente apenas em setembro do mesmo ano.

2.3 SABÃO, DETERGENTE E BIODETERGENTE

Para Biermann et al. (1987) o sabão é definido como sendo uma substância obtida pela

reação de gorduras ou óleos com hidróxido de sódio ou de potássio. O produto desta reação é

um sal que por definição química é o resultado da reação de um ácido com uma base.

Os sais são substâncias que possuem, pelo menos, uma ligação com caráter

tipicamente iônico. As ligações iônicas são caracterizadas quando os elementos ligantes

apresentam acentuada diferença de eletronegatividade dando origem a uma forte polarização,

já que se forma um dipolo elétrico.

Desta forma dizemos que os sabões, por serem sais, apresentam pelo menos um ponto

de forte polarização em sua molécula. As Figuras 2.4 e 2.5 apresentam a molécula de um

sabão e a reação de saponificação de uma gordura, respectivamente. Nesta reação observa-se

que o produto resultante e a polaridade são característica da molécula de sabão.

Page 65: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

42

Figura 2.4. Estrutura química do estearato de sódio de Fórmula Molecular (FM): C18H 35

NaO2 e Massa Molecular (MM): 306,46 g/mol e nomenclatura IUPAC: octadecanoato de

sódio.

Figura 2.5. Reação de Saponificação onde os radicais R1, R2 e R3 representam cadeias

carbônicas longas, características de ácidos graxos.

O sal formado pela reação de saponificação possui característica básica, pois deriva de

uma reação entre uma base forte e um ácido fraco, também conhecido como ácido graxo. Por

esse motivo o sabão não atua muito bem em meios ácidos, nos quais ocorrerão reações que

impedirão uma boa limpeza. O grupo funcional que caracteriza o sabão é o carboxilato (�

COO-Na+).

O sabão é um produto biodegradável, o que significa dizer que é uma substância que

pode ser degradada por ação de microrganismos. Essa possibilidade de degradação das

moléculas formadoras do sabão muitas vezes é confundida com o fato do produto ser poluente

ou não.

Destacamos que o fato de um produto ser biodegradável não indica que o mesmo não

causa danos ao ecossistema, mas sim, que ele é decomposto por microrganismos (geralmente

bactérias aeróbicas), aos quais serve de alimento. Dependendo do meio, a degradabilidade das

Page 66: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

43

moléculas de sabão ocorre em curto espaço de tempo. A não existência de ramificações nas

estruturas das cadeias carbonadas facilita amplamente a degradação realizada pelos

microrganismos (Biermann et al., 1987).

Para Costabile (1993) os detergentes são, assim como os sabões, substâncias que

reduzem a tensão superficial de um líquido, sendo assim, estes compostos são, também,

considerados tensoativos. Os detergentes são produtos sintéticos produzidos a partir de

derivados do petróleo. Os principais grupos funcionais que caracterizam os detergentes são: �

SO3-Na+ e o �OSO3

-Na+. Estes compostos começaram a ser produzidos comercialmente a

partir da Segunda Guerra Mundial devido à escassez de óleos e gorduras necessárias para a

fabricação de sabões. Nos Estados Unidos, já no ano de 1953, o consumo de detergentes

superava o de sabões.

Os primeiros detergentes produzidos apresentavam problemas com relação à

degradação no meio ambiente, tornando-se altamente poluidores, pois permaneciam nas águas

de rios e lagos por um período muito longo. Neste caso, devido a permanente agitação das

águas, causavam a formação de muita espuma, cobrindo a superfície de rios, estações de

tratamento e redes de esgoto. Nesse período, a base para a fabricação dos detergentes era o

propeno (ver Figura 2.6), um gás incolor obtido, principalmente, do �cracking� da nafta,

portanto um produto derivado da destilação do petróleo.

A utilização deste composto na fabricação de detergentes originava tensoativos com

cadeias ramificadas e, portanto, de difícil degradação pelas bactérias. Assim sendo, os

problemas causados por estes detergentes estavam relacionados às estruturas de suas

moléculas. Na Figura 2.6, observa-se a estrutura de um tipo de detergente largamente

utilizado nos Estados Unidos no período anterior a 1965 (Costabile, 1993).

Page 67: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

44

Figura 2.6. Estrutura do alquilbenzeno sulfonato de sódio de cadeia ramificada e a estrutura

do propeno.

Compostos como alquilbenzeno sulfonato de sódio, apresentado na Figura 2.6, foram

proibidos em todos os países industrializados a partir de 1965. Observe a existência de

radicais metilas (-CH3) que partem da cadeia principal e formam as ramificações. É

justamente a existência destas que dificulta a degradação da molécula. Devido a esse fato,

esse tipo de detergente foi com o passar do tempo, sendo substituído por outros que possuíam

maior degradabilidade.

No Brasil, produtos como o representado na Figura 2.6 continuaram à venda por

tempo maior que nos países industrializados. A legislação brasileira envolvendo controle de

poluição causada por detergentes nos cursos de água só foi promulgada no dia 15 de Janeiro

de 1976, onze anos após a proibição da utilização destes produtos na Europa e nos Estados

Unidos. A legislação contida na Portaria número 13 da Secretaria Especial do Meio Ambiente

proibia a existência de espumas sintéticas em águas de todas as classes. No dia 5 de Janeiro de

1977 o Ministério da Saúde decretou um prazo de quatro anos para que as empresas de

produtos de limpeza fabricassem apenas produtos biodegradáveis, ou seja, até o início do ano

de 1981 (Costabile, 1993).

Segundo Costabile (1993) esse decreto foi amplamente criticado pelas indústrias

produtoras de detergentes na época, em geral multinacionais que, em seus países de origem,

produziam detergentes biodegradáveis. Os principais fabricantes de produtos de limpeza do

Page 68: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

45

Brasil na época, como a Orniex, Gessy-Lever, Henkel e Colgate-Palmolive, chegaram a pedir

ao governo mais quatro anos para se adequarem ao novo sistema produtivo.

Até o final de 1980, dos detergentes produzidos e consumidos no Brasil, 80% ainda

eram não biodegradáveis, mas desde 1960 os detergentes começaram a ser produzido com a

estrutura mostrada na Figura 2.7.

Figura 2.7. Estrutura do alquilbenzeno sulfonato de sódio de cadeia linear.

Esse tipo de composto possui cadeia carbônica linear similar aos tipos de cadeias

encontradas nas moléculas dos sabões. Observe que nesse tipo de detergente não aparecem

ramificações, o que facilita a degradação da molécula por microrganismos. A legislação

brasileira atual proíbe tanto a produção como a comercialização de detergentes não

biodegradáveis, evitando, assim, este tipo de poluição (Costabile, 1993).

Para Behler et al. (1991) tanto sabões quanto detergentes pertencem a um mesmo

grupo de substâncias químicas conhecidos como tensoativos. Assim, os dois produtos são

redutores de tensão superficial e possuem a característica comum de, quando em solução e

submetidos à agitação, produzirem espuma. Por esse motivo, ambos são utilizados para

limpeza.

Quanto às características de estrutura molecular, as similaridades se repetem, ou seja,

tanto sabões quanto detergentes possuem, pelo menos, um ponto de polaridade na molécula

Page 69: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

46

(estruturas mostradas nas Figuras 2.4 a 2.7), o que os coloca em outra classificação química

comum - ambos são sais.

O fato de possuírem característica polar e apolar na mesma molécula, ambas as

estruturas possuem, como parte apolar da molécula, grandes cadeias carbonadas com mais de

oito carbonos.

Cox & Matheson (1985) afirmam que as diferenças encontradas entre os sabões e

detergentes situam-se, principalmente, em sua forma de atuar em águas duras e águas ácidas.

Os detergentes, nessas águas, não perdem sua ação tensoativa, enquanto que os sabões, nesses

casos, reduzem grandemente e até podem perder seu poder de limpeza.

Os sais formados pelas reações dos detergentes com os íons cálcio e magnésio,

encontrados em águas duras, não são completamente insolúveis em água, o que permite ao

tensoativo sua permanência na solução e sua possibilidade de ação. Em presença de águas

ácidas, os detergentes são menos afetados, pois possuem também caráter ácido e, novamente,

o produto formado não é completamente insolúvel em água, permanecendo, devido ao

equilíbrio das reações químicas, em solução e mantendo sua ação de limpeza.

Outra desvantagem dos sabões está no fato de terem menor poder tensoativo e,

consequentemente menor poder de limpeza que os detergentes. Em contrapartida os sabões,

por possuírem gorduras não saponificáveis, agridem menos a pele. Os detergentes quando

utilizados para a lavagem de louças, retiram, inclusive, a gordura natural presente nas mãos de

quem o utiliza, causando o ressecamento da pele e a maior susceptibilidade a irritações da

mesma.

A grande vantagem na utilização do sabão se baseia no fato deste ser sempre

biodegradável e de ser produzido a partir de matéria-prima renovável, os óleos e as gorduras,

fato este não verificado nos detergentes (Cox & Matheson, 1985).

Page 70: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

47

De acordo com Neves (1987), formular detergentes líquidos para lavagem manual de

louças requer componentes que, além de promoverem detergência, alto poder espumante e

viscosidade, garantam baixa irritabilidade à pele. Embora as propriedades de detergência e

suavidade pareçam ser contraditórias, é possível conciliá-las através da escolha dos

tensoativos e outros componentes que reduzam o potencial de irritação, sem afetar o

desempenho do produto final. Segundo este autor, o tensoativo ainda mais comumente

empregado nestas formulações é o dodecilbenzeno sulfonato de sódio, citado na literatura

como possuidor de excelentes propriedades de detergência e poder espumante, porém

apresenta baixa solubilidade em água, quando na presença de eletrólitos e sob menores

temperaturas, e alto grau de irritabilidade à pele. Por outro lado, o lauril éter sulfato de sódio é

extensivamente citado na literatura como um produto de baixo potencial de irritabilidade à

pele, alto poder espumante e excelente solubilidade em água.

Detergência é o processo de remoção de uma substância indesejável, ou seja, da

sujeira de uma superfície sólida, geralmente com a aplicação de uma força mecânica, na

presença de uma substância química tensoativa com poder de diminuir a adesão da sujeira ao

substrato. O processo se completa quando a sujeira é mantida em suspensão e removida

através de um enxágue. A sujeira sobre a superfície da louça é basicamente de origem

alimentícia. Os resíduos mais facilmente removíveis são aqueles solúveis em água como sais

e açúcar. Para os demais, com baixa solubilidade em água, ocorre a adsorção do tensoativo na

interface da sujeira com a superfície da louça permitindo o seu molhamento com consequente

remoção desta sujeira na forma líquida emulsionada ou sólida dispersa (Neves, 1987).

Uma formulação típica de detergente líquido para lavagem manual de louças é

composta por agentes de limpeza, estabilizantes de espuma, espessantes, conservantes,

essências, corantes e aditivos promocionais. O consumidor mostra grande expectativa com

relação ao desempenho de lavagem de louças, principalmente para os atributos de alto poder

Page 71: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

48

espumante, facilidade de remoção da sujeira, aspecto da formulação e suavidade para a pele

(Heitland & Marsen, 1987).

Segundo Neves (1987), dentre os principais problemas encontrados no

desenvolvimento de formulações de detergentes, pode-se destacar os seguintes:

- pH alcalino;

- Ponto de turvação elevado;

- Precipitação;

- Viscosidade baixa;

- Alteração da cor original; e,

- Pouca espuma.

O pH alcalino ocorre sempre devido a um excesso de base, geralmente hidróxido de

sódio ou aminas, no produto. Para resolver esse tipo de problema, pode-se adicionar ácido

cítrico em quantidade suficiente para atingir o pH desejado, ou o próprio ácido sulfônico,

sendo que o custo é maior.

Para evitar que o problema ocorra com frequência, deve-se calcular o índice de

neutralização (IN) do ácido sulfônico, expresso em g NaOH/100g de ácido sulfônico, e

calcular a concentração da soda cáustica a ser utilizada. E a partir desses dois dados calcula-se

estequiometricamente as quantidades desejadas evitando-se grandes variações de pH.

Quando se adiciona a amida de coco depois dessa neutralização, o pH volta a ficar

alcalino devido as aminas livres que a amida contém. Nesse caso o formulador deve reduzir a

quantidade de base para que ao adicionar a amida o pH não fique alcalino.

O ponto de turvação elevado na grande maioria das vezes é causado por um excesso

de sal (NaCl, Na2SO4, MgSO4), que diminui a solubilidade dos tensoativos aumentando a

viscosidade. Contudo o sistema possui um limite de saturação e caso esse limite seja

Page 72: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

49

ultrapassado, o eletrólito causa a desestabilização das micelas, acarretando perda de

viscosidade e turvação, com posterior precipitação.

Para corrigir esse problema, deve-se aumentar a quantidade de tensoativo no sistema

e/ou diminuir a porcentagem de sal, ou ainda, adicionar hidrótopos à formulação.

A precipitação pode ocorrer pelo ponto de turvação elevado, citado anteriormente ou

ainda, devido a presença de íons metálicos (Fe+3, Ca+2, Mg+2) na água utilizada no preparo das

formulações, que poderão precipitar seus sais, caso o produto de solubilidade dos mesmos

ultrapasse o limite, ou ainda devido a incompatibilidades com os tensoativos utilizados na

formulação. A utilização de água deionizada e sequestrantes podem evitar esse tipo de

problema.

A viscosidade do detergente é um dos principais apelos de marketing utilizados neste

segmento de mercado, visto que o consumidor entende que, quanto mais viscoso for o

detergente, maior sua �concentração� e consequentemente maior o seu rendimento,

proporcionando uma maior economia do produto.

O mecanismo de espessamento do detergente através de sais funciona da seguinte

maneira: quando se adiciona o sal, o mesmo interage com a água e com as micelas dos

tensoativos, formando uma espécie de enlaçamento que dificulta a mobilidade das moléculas,

resultando no efeito visual que enxergamos que é o do aumento de viscosidade.

O espessamento depende diretamente da estrutura micelar dos tensoativos, da

formulação e da sua interação com o eletrólito e a água. Os produtos que reduzem a

solubilidade das micelas funcionam como espessantes, enquanto aqueles que aumentam sua

solubilidade reduzem a viscosidade do sistema.

Para aumentar a viscosidade, pode-se aumentar a concentração de tensoativos que

apresente boa resposta a eletrólitos e/ou utilizar misturas de diferentes tensoativos que

poderão contribuir sinergicamente para o aumento de viscosidade do meio.

Page 73: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

50

A alteração da cor original está relacionada com a qualidade do corante e com íons

oxidantes, como o ferro (Fe+3), presentes na água utilizada na formulação, que oxida o corante

e altera a cor do produto. Esse problema pode ser resolvido procedendo da seguinte maneira:

trabalhando com corantes de qualidade; utilizando água deionizada na formulação; utilizando

sequestrantes e utilizando filtros solares químicos, que aumentam a estabilidade do produto

frente aos raios ultravioleta do sol.

Como descrito no mecanismo de formação da espuma, é fundamental para formação

da mesma um tensoativo com características espumantes. No caso do detergente, a maioria

dos tensoativos utilizados, apresenta excelente formação de espuma. Logo, num detergente

lava-louça, pode-se dizer que a formação de espuma é diretamente proporcional à quantidade

de tensoativos, visto que não é adicionados agentes antiespumantes em sua formulação, como

ocorre no detergente em pó para roupas, por exemplo.

Então para resolver tal problema, é necessário apenas aumentar a concentração de

tensoativos (LASNa, LESS) e de estabilizadores de espuma (Amida de Coco).

De acordo com a literatura já citada, muitos microrganismos como bactérias e fungos

produzem, quando estimulados, certas substâncias que agem como detergentes naturais. No

que se refere à definição de biodetergentes esses produtos biológicos conhecidos como

biossurfactantes, são considerados por muitos autores como sendo o próprio biodetergente.

Na literatura, alguns autores definem também biodetergente como sendo o resultado

da adição de enzimas produzidas por estes microrganismos a formulações de detergentes

sintéticos. Entre esses organismos estão cepas dos gêneros Candida, Pseudomonas, Bacillus e

outros.

Neste trabalho estamos denominando de biodetergente o produto resultante da reação

química do biossurfactante produzido com o hidróxido de sódio, quando adicionado a ele

Page 74: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

51

agentes coadjuvantes. Neste caso o princípio ativo do biodetergente é o próprio

biossurfactante modificado na reação química.

George et al. (1997) estudaram o processo de produção de proteases por Bacillus

amyloliquefaciens e compararam a fermentação em estado sólido com a fermentação

submersa em um fermentador de vinte litros. Concluíram que a fermentação submersa

apresentou uma produção de proteases três vezes maior devido à facilidade e simplicidade de

operação, melhorando assim a ação do biodetergente obtido.

Para Fujii et al. (1999) os biossurfactantes produzidos por microrganismos têm

atraído o interesse de novos e funcionais materiais ecológicos, já que têm propriedades

especiais como uma grande variedade de possíveis estruturas de alta biodegradabilidade,

baixa toxicidade e atividade biológica. Eles estudaram as atividades de superfície e

detergência de biossurfactantes policarboxílicos como substitutos para o sabão de ácido

graxo, como também o biossurfactante produzido por Corynebacterium lepus considerado do

mesmo tipo e discutiram também a interação hidrofóbica entre as cadeias de alquila na

formação de uma monocamada e a conformação possível de moléculas na monocamada de

ácidos na interface ar/água.

Bund & Singhal (2002) mostraram que o biodetergente produzido contendo celulases

modificadas apresentaram estabilidade térmica claramente melhor do que os detergentes

comerciais avaliados sem adição das mesmas, além de melhorar as propriedades dos tecidos

avaliados.

Para Wilhelm et al. (2007), o biossurfactante ramnolipídeo produzido

extracelularmente pela bactéria Pseudomonas aeruginosa PAO1 já é o próprio biodetergente.

O papel do ramnolipídeo no ciclo de vida da Pseudomonas aeruginosa PAO1 e sua

patogenicidade não foram completamente compreendidos, mas ele é conhecido por afetar a

composição da membrana externa, motilidade celular e na formação do biofilme.

Page 75: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

52

Abidi et al. (2008) relataram que a produção de proteases alcalinas pelo fungo Botrytis

cinerea está relacionada com as várias aplicações industriais, especialmente para produção de

biodetergentes. A produção de enzimas foi maximizada por meio da otimização da

composição do meio de cultura de baixo custo. As melhores condições de fermentação na

produção de proteases foram: temperatura de 28°C, agitação de 150 rpm e um pH inicial em

torno de 6,5. Misturas de extratos de triptona e leveduras foram consideradas como boas

fontes de nitrogênio enquanto o amido, e especialmente o melaço foram adequados para as

enzimas de produção.

As maiores atividades de proteases foram obtidas em meio suplementado com algas

selecionadas (algas Spirulina), cloreto de potásio e oligo-elementos. Assim, a produção de

proteases, e não de crescimento associado, parece ser modulado por sistema induzido. A

atividade final de proteases atingiu um valor 6,2 vezes maior que nas condições iniciais.

Hirata et al. (2009) investigaram a possibilidade de uso industrial do soforolipídeo

(SLs) que é um tipo de biossurfactante da família dos glicolipídios largamente produzidos

pela levedura não patogênica denominada de Candida bombicola. Eles examinaram a

atividade interfacial, citotoxicidade e biodegradabilidade do (SLs) e compararam essas

propriedades com as de dois biossurfactantes tipo lipopeptídeo (surfactina e arthrofactin), com

as propriedades do laurato de sódio (sabão, SP) e com as propriedades de quatro tipos de

surfactantes quimicamente sintetizados, incluindo dois blocos de copolímero surfactantes não

iônicos (BPs), lauril éter de polioxietileno (AE) e dodecil sulfato de sódio (SDS). Concluíram

que o (SLs) apresentou baixa formação de espuma, propriedades de detergência comparável

com os (BPs) disponíveis comercialmente, baixa citoxicidade e excelente biodegradabilidade.

Haddar et al. (2010) descreveram a caracterização da protease bruta produzida

extracelularmente por Bacillus mojavensis A21 e avaliaram sua ação em detergentes e na

degradação de penas de galinha por hidrólise. A faixa de pH ótimo e a temperatura para

Page 76: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 2 � Revisão da Literatura

53

atividade proteolítica foram 8,0-11,0 e 60°C, respectivamente. A protease bruta apresentou

extrema estabilidade para tensoativos não-iônicos (5% Tween 80 e 5% Triton X-100) e

aniônicos (1% SDS) e relativa estabilidade para agentes oxidantes. Este mostrou uma

excelente estabilidade e compatibilidade com vários detergentes sólidos (7 mg/ml) e líquidos

(1% v/v) em temperaturas de 30-50°C. Na presença de detergentes sólidos, a preparação da

enzima manteve 100% de sua atividade inicial após pré-incubação por uma hora a 40°C, com

Axion e Ariel, seguido por Nadhif (87%), dixan (85%) e Det Nova (82%). Com detergentes

líquidos, a preparação da enzima manteve 100% de sua atividade original após pré-incubação

por uma hora a 40°C com dixan Nadhif. Concluíram que a preparação enzimática por Bacillus

mojavensis A21 apresentaram propriedades promissoras podendo ser considerado um

candidato em potencial para uso futuro em processos biotecnológicos, particularmente na

formulação de detergentes e no processamento de resíduos de aves.

Page 77: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

CAPÍTULO 3

MATERIAL E MÉTODOS

id8763527 pdfMachine by Broadgun Software - a great PDF writer! - a great PDF creator! - http://www.pdfmachine.com http://www.broadgun.com

Page 78: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 3 � Materiais e Métodos

55

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTE POR Yarrowia lipolytica

A cepa utilizada (IMUFRJ 50682) da levedura Yarrowia lipolytica foi fornecida por

um banco de cepas pertencente à Escola de Química da Universidade Federal do Rio de

Janeiro e fora mantida em meio YPDA (m/v: extrato de levedura 1%; peptona bacteriológica

0,64%; D-glicose, 2%; ágar, 3%) conforme descrito na literatura (Cirigliano & Carman,

1985).

A cepa foi mantida em tubos de ensaio inclinados e em placas de petri contendo o

meio de cultura citado em pH 7,0 a 4ºC, previamente esterilizados a 121ºC por 15 minutos em

autoclave.

3.1.1 Preparo do Inóculo da Yarrowia lipolytica

O meio de cultura foi preparado em dois frascos de fermentação de 500 mL contendo

300 mL de meio YPD (extrato de levedura 10 g/L; peptona bacteriológica 6,4 g/L; D-glicose

20 g/L como fonte de carbono) em pH 6,0 previamente esterilizados em autoclave a 121ºC

por 15 minutos.

Um dos frascos contendo um pré-filtro foi borbulhado ar e agitado a 100 rpm durante

todo o período de incubação à temperatura de 28°C. O microrganismo foi inoculado num

frasco erlenmeyer de 250 mL, contendo 50 mL de meio caldo nutriente e foi incubado por 24

h.

Page 79: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 3 � Materiais e Métodos

56

Após este período, transferiu-se 1,5 mL do meio contendo a linhagem IMUFRJ 50682

para cada frasco, contendo 300 mL de meio caldo nutriente previamente esterilizado, durante

120 horas nas condições de 100 rpm, 28°C e com aeração de 2 vvm em uma das amostras.

3.2 PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTE POR Pseudomonas aeruginosa

A cepa utilizada (INCQS 0588092) da bactéria Pseudomonas aeruginosa foi fornecida

por um banco de cepas pertencente ao Departamento de Biologia da Universidade Federal de

Sergipe sendo preservada em glicerol a 10% em ultra freezer a -80 °C. O pré-inóculo foi

preparado de acordo com Duarte (2003) e cultivado em placa com meio MPK (m/v: triptona

1%; proteose peptona 1%; K2HPO4 0,15%; MgSO4.7H2O 0,15% e Triptona Soy Ágar). A

cepa foi mantida em tubos de ensaio inclinados e em placas de petri contendo o meio de

cultura citado em pH 7,0 a 4ºC, previamente esterilizados a 121ºC por 15 minutos.

3.2.1 Preparo do Inóculo da Pseudomonas aeruginosa

Para a produção de ramnolipídeos, foram utilizados meios de cultivo compostos por:

MgSO4.7H2O, 1,08 g/L; NaCl, 0,09 g/L; CaCl2, 0,036 g/L; FeSO4.7H2O, 0,018 g/L;

Na2HPO4, 3,96 g/L; K2HPO4, 2,52 g/L; glicerol 49,2 g/L (Merck, 97% m/m) como fonte de

carbono e a uréia como fonte de nitrogênio numa concentração de 0,82 g/L, mantendo-se uma

relação de 60:1 de C:N (m/m).

O meio de cultura foi preparado em dois frascos de fermentação de 500 mL contendo

300 mL de meio (MgSO4.7H2O, 1,08 g/L; NaCl, 0,09 g/L; CaCl2, 0,036 g/L; FeSO4.7H2O,

0,018 g/L; Na2HPO4, 3,96 g/L; K2HPO4, 2,52 g/L; glicerol, 49,2 g/L e uréia, 0,82 g/L) em pH

7,0 previamente esterilizados em autoclave a 121ºC por 15 minutos.

Page 80: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 3 � Materiais e Métodos

57

O ar foi borbulhado em um dos frascos que tem um filtro e a agitação foi mantida a

100 rpm e a temperatura de 28°C durante todo o período de incubação. O microrganismo foi

inoculado em um frasco erlenmeyer de 250 mL, contendo 50 mL de meio caldo nutriente e foi

incubado por 24 h.

Posteriormente transferiu-se 1,5 mL do inóculo contendo a linhagem INCQS 0588092

para cada frasco, contendo 300 mL de meio caldo nutriente previamente esterilizado,

incubando-os nas condições especificadas (100 rpm, 28°C) durante 120 horas e com aeração

de 2 vvm no frasco aerado.

3.3 DETERMINAÇÃO DE GLICOSE

A concentração de glicose presente no meio de cultivo foi medida pelo método da

glicose oxidase utilizando um kit enzimático para análise colorimétrica de glicose

(HUMANGmbH - Germany).

O cálculo de concentração de glicose foi realizado através da Equação 01.

(01)

Onde:

Aa = Absorbância da amostra;

Ap = Absorbância do padrão;

[glicose] = Concentração de glicose na amostra (mg/dL).

Converteu-se a concentração de glicose de mg/dL para concentração em g/L pela

Equação 02.

Page 81: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 3 � Materiais e Métodos

58

(02)

Onde:

[glicose em mg/dL] = Concentração de glicose na amostra (mg/dL);

[glicose em g/L] = Concentração de glicose na amostra (g/L).

3.4 DETERMINAÇÃO DO BIOSSURFACTANTE PRODUZIDO - LIPOSAN

A quantificação indireta de liposan foi realizada pela determinação do teor de

proteínas presente no sobrenadante proveniente das reações enzimáticas, para tal utilizou-se o

método de Lowry (1951) que é uma técnica bastante conhecida e utilizada para quantificação

de proteína.

Para obtenção da curva padrão utilizou-se uma solução estoque de proteína padrão

(soro albumina bovina - BSA) de concentração 1000 mg/L. Correlacionou-se os valores de

absorbância obtidos a partir da leitura de soluções com concentrações conhecidas, variando-se

a concentração de BSA entre 10 e 100 mg /L de proteína na solução.

3.5 DETERMINAÇÃO DE GLICEROL

A concentração de glicerol presente no meio de cultivo foi quantificada por método

enzimático-colorimétrico para triglicerídeos (Kit LABORLAB para triglicerídeos) e o

objetivo foi acompanhar o consumo do mesmo durante a fermentação.

Page 82: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 3 � Materiais e Métodos

59

O cálculo da concentração de glicerol foi realizado através da Equação 03.

[glicerol] = 2,26 x (Aa/Ap) (03)

Onde:

Aa = Absorbância da amostra;

Ap = Absorbância do padrão;

[glicerol] = Concentração de glicerol na amostra (mmol/L)

Converteu-se a concentração de glicerol de mmol/L para concentração em g/L pela

Equação 04.

(04)

Onde:

mM = Concentração em mmol/L de glicerol;

MM = Massa molar do glicerol;

[glicerol em g/L] = Concentração de glicerol na amostra (g/L).

3.6 DETERMINAÇÃO DO BIOSSURFACTANTE PRODUZIDO - RAMNOLIPÍDEO

A quantificação indireta de ramnolipídeos foi realizada pela medida de açúcares totais

pelo método de Dubois et al. (1956).

A curva de ramnose foi construída utilizando-se uma solução estoque de ramnose

padrão com 1000 mg/L. A partir desta solução foram preparadas diluições correspondentes às

Page 83: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 3 � Materiais e Métodos

60

concentrações em mg/L de: 10, 20, 40, 60, 80 e 100 em balões volumétricos de 10 mL. A

seguir, 1 mL de cada diluição foi adicionado em tubos e a dosagem de açúcares totais,

expressa em ramnose, foi realizada conforme descrita anteriormente.

3.7 CONSTRUÇÃO DAS CURVAS DE CRESCIMENTO

As curvas de crescimento foram obtidas durante um tempo de fermentação de 120

horas, pois se observou que este intervalo atende a faixa de crescimento para os dois

microrganismos estudados. As medidas foram feitas por densidade ótica em

espectrofotômetro utilizando como branco o meio de cultura estéril da amostra em questão.

Os dados provenientes dos experimentos foram usados na confecção das curvas de

crescimento expressa em concentração versus tempo.

3.8 CONSTRUÇÃO DAS CURVAS DE CALIBRAÇÃO

Os dados provenientes dos experimentos foram usados na confecção das curvas de

calibração expressa em absorbância versus concentração e os resultados podem ser

visualizados no apêndice deste trabalho (Figuras A01 a A06).

Page 84: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 3 � Materiais e Métodos

61

3.9 DETERMINAÇÃO DA BIOMASSA SECA

Para determinação da biomassa seca, centrifugou-se três alíquotas de 10 mL do meio

de cultura fermentado, durante 10 minutos numa rotação de 3000 rpm.

O sobrenadante foi retirado e ao tubo foi adicionada água destilada e submetida à nova

centrifugação nas mesmas condições. O sobrenadante foi removido e as células foram

resuspensas em vórtex e transferidas para formas de alumínio previamente taradas.

As amostras adicionadas às formas de alumínio foram colocadas para secar em estufa

a 100ºC por 24 horas até massa constante. Assim, pela diferença da massa, expressou-se a

média da biomassa seca em termos de concentração em g/L (Freire et al., 1997).

3.10 DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE EMULSIFICAÇÃO (E24)

Para a avaliação do índice de emulsificação (E24) foi utilizado o método descrito por

Cooper & Goldenberg (1987), segundo o qual é adicionado ao mosto livre das células

compostos hidrofóbicos (tolueno e hexano) na proporção de 4:6 (amostra/solvente) a tubos de

ensaio. Os tubos foram homogeneizados em vórtex, em velocidade máxima, por dois minutos

e deixados em repouso à temperatura ambiente por 24h. O índice foi calculado medindo-se a

altura da camada de emulsão formada (ACe), dividindo-a pela altura total (AT) e multiplicando

o resultado por 100.

O cálculo do índice de emulsificação foi realizado através da Equação 05.

(05)

Page 85: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 3 � Materiais e Métodos

62

Onde:

E24 � Índice de Emulsificação

ACe � Altura da Camada de Emulsão;

AT � Altura Total.

3.11 DETERMINAÇÃO DA TENSÃO SUPERFICIAL

As medidas de tensão superficial foram realizadas no sobrenadante, livre das células,

utilizando-se o tensiômetro de anel e placa da marca Dataphysics e modelo DCAT11. Nos

experimentos realizados através do método da placa (com placa de platina-irídio), uma

alíquota de 20 mL da amostra foi transferida para o recipiente de análise.

3.12 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO MICELAR CRÍTICA (CMC)

A CMC foi calculada diluindo o meio de cultura isento de células com igual volume

de água destilada, segundo técnica descrita por Sheppard & Mulligan (1987).

As medidas de tensão superficial foram determinadas até que os valores obtidos se

aproximassem da tensão superficial da água destilada.

Page 86: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 3 � Materiais e Métodos

63

3.13 EXTRAÇÃO DOS BIOSSURFACTANTES

De acordo com Cirigliano & Carmam (1985) um volume de 200 mL do mosto foi

centrifugado a 8000 rpm por 30 minutos para a remoção da biomassa. O sobrenadante, livre

das células, foi filtrado a pressão reduzida com papel de filtro quantitativo faixa azul (8 ìm)

para remover células excedentes. O filtrado foi transferido para um funil de separação, ao qual

foi adicionada uma mistura de 600 mL de clorofórmio/metanol numa proporção de 2:1 (v/v),

sendo a proporção de solvente orgânico utilizado em relação ao volume de sobrenadante de

3:1 (v/v).

Adicionou-se ao sobrenadante uma solução de KCl 15% (m/v), para auxiliar na quebra

da emulsão que se formou ao misturar o sobrenadante contendo os biossurfactantes e os

solventes orgânicos. Após a extração, a mistura de solventes orgânicos foi evaporada em um

rotaevaporador e seca em estufa a 45°C até peso constante, obtendo-se ao final uma mistura

bruta contendo o biossurfactante de coloração branco amarelada.

3.14 DETERMINAÇÃO DA VISCOSIDADE OU REOMETRIA

Os experimentos foram realizados em viscosímetro Fann modelo 35 A. No cálculo da

viscosidade usou-se a Equação 06 fornecida pelo manual do fabricante do equipamento.

(06)

Onde:

µ � Viscosidade (cP);

Page 87: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 3 � Materiais e Métodos

64

S � Fator de velocidade (valor encontrado em Tabela fornecida pelo fabricante de

acordo com a rotação em que foi realizada a medida);

L � Leitura feita no viscosímetro;

f � Constante da mola do equipamento;

C � Fator da combinação Rotor-Bob (valor encontrado em Tabela fornecida pelo

fabricante de acordo com o tipo de rotor utilizado na medida).

3.15 ANÁLISE EXPLORATÓRIA

Para estabelecer as melhores condições de produção de biossurfactantes pelos dois

microrganismos estudados, foi construída uma matriz exploratória avaliando pH, temperatura

e agitação (Tabela 3.1).

Tabela 3.1. Matriz exploratória para produção de biossurfactante.

Ensaio pH Temperatura (°C) Agitação (rpm)

1 6,0 30 100

2 8,0 30 100

3 6,0 40 100

4 8,0 40 100

5 6,0 30 200

6 8,0 30 200

7 6,0 40 200

8 8,0 40 200

9 7,0 35 150

10 7,0 35 150

11 70 35 150

Page 88: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 3 � Materiais e Métodos

65

Como variáveis respostas avaliaram-se o índice de emulsificação do meio, a tensão

superficial, o consumo de substratos, a produção de biomassa e de biossurfactantes.

Os experimentos foram realizados em shaker de forma concomitante para os dois

microrganismos estudados, aproveitando assim as mesmas condições de processo.

3.16 PREPARO DAS EMULSÕES ÁGUA/ÓLEO

A amostra de petróleo foi cedida pela Petrobrás e suas características físicas

encontram-se na Tabela 3.2.

Tabela 3.2. Características físicas do petróleo em estudo.

Massa específica g/cm3 (ASTM D 5002) 0,9602

Grau API, a 60°F, (ASTM D 5002) 15,29

Teor de Água (%) (Karl Fischer) 19,5

Água por Centrifugação � BSW (%) 3,80

Salinidade da Água (mg/L) 10525,00

Sólidos (%) - NBR 14697 3,25

Saturados (%) 41,6

Aromáticos (%) 21,4

Resinas (%) 24,62

Asfaltenos (%) 5,4%

Viscosidade a 50,0°F (cP) 840

Ponto de Fluidez (°C) 16

Fonte: Laboratório da Petrobrás.

Inicialmente prepararou-se duas soluções de 2,0 g de cada biodetergente em 15 mL de

água produzida. Transferiu-se estas soluções para um becker e adicionou-se uma amostra de

petróleo bruto até completar uma massa total de 360 g, obtendo-se assim duas emulsões de

Page 89: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 3 � Materiais e Métodos

66

água/óleo contendo os dois biodetergentes obtidos. As emulsões foram submetidas à agitação

de 1000 ± 50 rpm durante 8 minutos, utilizando um agitador Fisatom 713 D. A preparação das

emulsões ocorreu à temperatura ambiente.

3.17 ANÁLISE TÉRMICA

A análise térmica das amostras dos biodetergentes com água destilada e com água

produzida foram realizadas utilizando a Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) no

Laboratório de Caracterização e Desenvolvimento de Materiais da UFS utilizando o Pyris 6

DSC da Perkin Elmer, a uma razão de aquecimento de 10°C/min, com faixa de temperatura

de -20°C a 80°C, sob fluxo de nitrogênio até 40 mL/min e objetivando-se avaliar possíveis

existência de reações químicas dos biodetergentes com componentes da água produzida.

As análises foram realizadas com a seguinte programação: aquecimento da

temperatura ambiente até 80°C, com isoterma de 1 minuto e em seguida resfriamento até a

temperatura de -20°C com isoterma de 1 minuto e reaquecimento até 80°C. As amostras

foram colocadas em porta-amostras de alumínio herméticas com massa da amostra variando

entre 8 a 15 mg (Skoog et al., 2006).

3.18 FORMULAÇÃO DOS BIODETERGENTES

As matérias-primas, composições e procedimentos para a obtenção dos biodetergentes

foram:

Page 90: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 3 � Materiais e Métodos

67

- Para o Biodetergente 1 derivado do Liposan

1) Pesou-se 1g do biossurfactante produzido e adicionou-se 5 mL de água destilada

para dissolução;

2) Em seguida adicionou-se mais 5 mL de água destilada e dissolveu-se 0,200 g de

hidróxido de sódio p.a. completando-se o volume até 15 mL sempre agitando;

3) Deixou-se o sistema em repouso por 6 horas para que se completasse a reação;

4) Adicionou-se 1,0 g de dietanolamida de ácido graxo mais 10 mL de água sempre

agitando;

5) Acrescentou-se 1,0 g de cloreto de sódio;

6) Dissolveu-se 0,1 mL de formol;

7) Completou-se o volume para 50 mL e agitou-se; e,

8) Deixou-se em repouso durante 24 horas.

- Para o Biodetergente 2 derivado do Ramnolipídeo:

1) Pesou-se 1 g do biossurfactante produzido e adicionou-se 5 mL de água destilada

para dissolução;

2) Em seguida adicionou-se mais 5 mL de água destilada e dissolveu-se 0,061 g de

hidróxido de sódio p.a. completando-se o volume até 15 mL sempre agitando;

3) Deixou-se o sistema em repouso por 6 horas para que se completasse a reação;

4) Adicionou-se 1,0 g de dietanolamida de ácido graxo mais 10 mL de água sempre

agitando;

5) Acrescentou-se 1,0 g de cloreto de sódio;

6) Dissolveu-se 0,1 mL de formol;

7) Completou-se o volume para 50 mL e agitou-se; e,

8) Deixou-se em repouso durante 24 horas.

Page 91: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 3 � Materiais e Métodos

68

3.19 DETERMINAÇÃO DO PODER ESPUMANTE

Quanto aos testes laboratoriais, a literatura não aborda métodos oficiais para

detergentes, com exceção as avaliações de poder espumante e irritabilidade dérmica. Os

demais são realizados em condições estabelecidas por cada fabricante ou pesquisador do

assunto. Desta forma, descreveremos abaixo os métodos adotados neste trabalho.

Foram determinadas as propriedades do tensoativo com pH na faixa de 6,5-8,0 e à

temperatura de 25°C.

Na literatura, o equipamento usado para a análise do poder espumante de detergente é

denominado Ross-Miles, que consiste em avaliar a capacidade espumante das formulações

partindo-se de uma solução aquosa 5,0 g/L do detergente na ausência e na presença de 60 ppm

de dureza de água adicionada na forma de cálcio e magnésio e expressa como CaCO3. Neste

método mede-se a altura de espuma inicial e após 5 minutos através do equipamento.

Neste trabalho, como não dispusemos do equipamento referido, adaptou-se e avaliou-

se o poder espumante de duas formas:

1) Comparando a produção de espuma em uma esponja contendo uma quantidade de

0,5 g de cada biodetergente em 50 mL de água destilada e em outra esponja contendo

0,5 g de cada biodetergente em 50 mL de água com dureza de 60 ppm de cálcio e

magnésio expressa como CaCO3. Para se ter um parâmetro, fez-se o mesmo teste com

um detergente sintético comercial, ou seja, colocando-se 0,5 g do detergente em 50

mL de água destilada e em outra esponja 0,5 g do detergente em 50 mL de água com

dureza de 60 ppm de cálcio e magnésio expressa em CaCO3. Ao final, avaliou-se em

qual situação houve maior produção de espuma medindo-se a altura da mesma em

uma proveta de 50 mL;

Page 92: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 3 � Materiais e Métodos

69

2) Comparando a altura da espuma formada em erlenmeyers de 125 mL de capacidade

após agitação de 150 rpm em mesa agitadora contendo os seguintes produtos: no

primeiro erlenmeyer, 25 mL de água destilada mais 0,5 mL de corante; no segundo

erlenmeyer, 25 mL de água destilada mais 0,5 mL de corante mais 2 mL de um

detergente sintético comercial; no terceiro erlenmeyer, 25 mL de água destilada mais

0,5 mL de corante mais 2 mL do biodetergente 1; no quarto erlenmeyer, 25 mL de

água destilada mais 0,5 mL de corante mais 2 mL do biodetergente 2. Ao fim de 30

minutos foi verificado qual erlenmeyer apresentou uma maior altura de espuma.

3.20 DETERMINAÇÃO DA AÇÃO DE DETERGÊNCIA

A detergência foi avaliada de duas formas:

1) Pela lavagem de pratos em água corrente, colocando-se 2,5 mL de detergente e 25

mL de água na esponja e 10 mL de água em cada prato sujo com 2 g de uma pasta

preparada pela mistura de 80g de feijão; 160g de arroz cozido, 40g de óleo de soja

e 300g de água. Foi medido a número de pratos lavados até o final da espuma na

esponja. Os pratos devem estar visualmente limpos após o enxágue (Sanctis,

2001).

2) Pela simulação de uma lavagem de tecidos de algodão branco cortados com

medidas de 15 x 15 cm, dobrado duas vezes e impregnados com as seguintes

sujidades: três tecidos com 1 g de iogurte achocolatado; três tecidos com 1 g de

molho de tomate e três tecidos com 0,5 g de café solúvel, todos diluídos em 1 mL

de água. Após a impregnação com as sujidades, os tecidos foram dobrados mais

Page 93: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 3 � Materiais e Métodos

70

uma vez e colocados dentro de erlenmeyers de 125 mL de capacidade contendo os

seguintes produtos: na primeira coluna três erlenmeyers contendo 25 mL de água;

na segunda coluna três erlenmeyers contendo 25 mL de água mais 2 mL de um

detergente sintético comercial; na terceira coluna três erlenmeyers contendo 25 mL

de água mais 2 mL do biodetergente 1 e na quarta coluna três erlenmeyers contendo

25 mL de água mais 2 mL do biodetergente 2. Os 12 erlenmeyers foram colocados

sobre agitação de 150 rpm em mesa agitadora durante 90 minutos e após este tempo

os tecidos foram retirados e colocados para secar à temperatura ambiente. Após a

secagem a eficiência da remoção das sujidades foi comparada visualmente e a ação

detergente avaliada de acordo com Abidi et al. (2008) com adaptações.

Page 94: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

CAPÍTULO 4

RESULTADOS E DISCUSSÃO

id8824227 pdfMachine by Broadgun Software - a great PDF writer! - a great PDF creator! - http://www.pdfmachine.com http://www.broadgun.com

Page 95: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

72

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo Nitschke & Pastore (2002) a possibilidade de modificação da estrutura

química e das propriedades físicas dos biossurfactantes através de manipulações genéticas,

biológicas ou químicas permite o desenvolvimento de bioprodutos para necesidades

específicas.

Neste trabalho, estudou-se as melhores condições de processo para se produzir

inicialmente os biossurfactantes que serão utilizados posteriormente como matéria-prima na

fabricação dos biodetergentes.

Logo, visando uma melhor compreensão do processo de obtenção da matéria-prima

para a produção do bioproduto, inicialmente verificou-se a influência da aeração na produção

dos biossurfactantes e em seguida estudou-se alguns fatores que influenciam na produtividade

dos mesmos, tais como: pH, temperatura e agitação.

Finalmente após concentração e separação das células do meio, foi realizada a

produção do bioproduto através da reação química com hidróxido de sódio e os

biossurfactantes produzidos, visando obter um bioproduto com melhor ação detergente e

emulsificante dos componentes ativos que serão utilizados na formulação e desenvolvimento

dos biodetergentes a serem produzidos.

4.1 PRODUÇÃO DO BIOSSURFACTANTE

Na perspectiva de utilizar um bioproduto (biossurfactante) como matéria-prima na

formulação de um novo biodetergente, foi realizado experimentos visando à obtenção de

Page 96: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

73

dados que possibilitem a construção da curva de crescimento de cada microrganismo utilizado

em algumas condições operacionais e a quantidade do bioproduto obtido em cada situação.

4.1.1 Influência da Aeração no Crescimento Celular

O acompanhamento da curva de crescimento da levedura Yarrowia lipolytica IMUFRJ

50682 torna-se importante porque com os dados obtidos pode-se avaliar a influência da

aeração no desenvolvimento do microrganismo através da determinação da concentração da

biomassa seca conforme Figura 4.1, visando verificar se havia uma relação direta entre a

produção da biomassa com a produção do biossurfactante.

Figura 4.1. Curva de crescimento da Yarrowia lipolytica IMUFRJ 50682 em meio sintético

com as mesmas concentrações de fonte de carbono e nutrientes, a temperatura ambiente 28°C,

pH 6,0, agitação 100 rpm em meios sem e com aeração de 2 vvm.

Page 97: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

74

Na Figura 4.1 observa-se que o tempo de duração da fase lag ocorreu em torno de

30 horas. Esta fase de adaptação longa do microrganismo deve-se ao fato deste não conseguir

assimilar e/ou processar estes componentes com rapidez para o seu crescimento, logo,

provoca um grande desperdício de tempo em se projetando a produção para a escala

industrial.

O início do crescimento exponencial ocorreu em torno de 30 horas, já a fase

estacionária inicia por volta de 80 horas, tanto para o processo com e sem aeração, já em

relação ao crescimento celular observou-se uma grande diferença da amostra aerada em

comparação a não aerada, confirmando a natureza aeróbica da Yarrowia lipolytica, estando

em consonância com a literatura, a exemplo de Barth & Gaillardin (1997) e Adamczak &

Bednarski (2000).

De acordo com Schmidell (2001) a aeração e agitação são dois fatores importantes que

influenciam na produção de biossurfactantes, pois facilitam a transferência de oxigênio da

fase gasosa para a fase aquosa. Assim, com a finalidade de se ter uma maior produção

possível, tomou-se como referência os resultados obtidos por Adamczak & Bednarski (2000)

e definiu-se as condições operacionais do processo como sendo a fonte de carbono a glicose e

aeração de 2 vvm.

Na amostra sem aeração foi obtida uma concentração de biomassa seca de 0,684 ±

0,004 g/L, enquanto que para a amostra com aeração foi obtida uma concentração de 2,066

g/L ± 0,008 que corresponde a uma concentração de biomassa cerca de três vezes maior no

processo aerado. Destacamos que os trabalhos citados na revisão da literatura para a cepa em

estudo têm mostrado a influência de diferentes substratos hidrofóbicos no aumento da

concentração da biomassa, porém este estudo foi realizado utilizando somente substrato

hidrossolúvel, mantendo-se as mesmas condições de processo.

Page 98: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

75

A curva de crescimento da bactéria Pseudomonas aeruginosa INCQS 0588092 é

mostrada na Figura 4.2 e também se avaliou a influência da aeração na produção de

biossurfactante.

Figura 4.2. Curva de crescimento da Pseudomonas aeruginosa INCQS 0588092 em meio

sintético com as mesmas concentrações de fonte de carbono e nutrientes, a temperatura

ambiente 28°C, pH 7,0, agitação 100 rpm em meios sem e com aeração de 2 vvm.

Observa-se na Figura 4.2 que a fase lag da Pseudomonas aeruginosa foi maior que

quando comparada a da Yarrowia lipolytica em aproximadamente 20 horas, o que inviabiliza

ainda mais economicamente o processo projetando-o para a escala industrial, tendo em vista

também a longa etapa de adaptação deste microrganismo. O crescimento exponencial tem

uma duração de 40 horas e o início da fase estacionária a partir de 90 horas de fermentação.

Page 99: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

76

Com base nos dados obtidos e apresentados na Figura 4.2, verificou-se que há uma

grande diferença no crescimento celular da amostra aerada em relação a não aerada,

confirmando também a natureza aeróbica da Pseudomonas aeruginosa, estando de acordo

com a literatura, conforme Desai & Banat (1997) e Kronemberger et al. (2008).

Neste experimento, na amostra sem aeração encontrou-se uma concentração de

biomassa de 0,518 g/L ± 0,005, enquanto que na amostra com aeração a concentração foi de

0,976 g/L ± 0,003, que corresponde a uma concentração de biomassa cerca de duas vezes

maior.

Neste experimento, verificou-se que a aeração foi responsável pelo aumento do

crescimento celular tanto para a Yarrowia lipolytica IMUFRJ 50682 como para a

Pseudomonas aeruginosa INCQS 0588092, entretanto este aumento não é observado da

mesma forma na produção do biossurfactante, que será mostrado posteriormente através das

análises do índice de emulsificação e da tensão superficial. Isto mostra que será importante

um estudo das condições ótimas de produção ou a busca de um microrganismo que minimize

os custos de produção, entretanto, como este não era o foco deste estudo, mas sim a obtenção

de um biodetergente, nossas atenções foram direcionadas neste sentido.

4.1.2 Influência da Aeração na Produção do Biossurfactante

O acompanhamento da produção do biossurfactante foi realizado através da

determinação do índice de emulsificação (E24) e da tensão superficial do caldo fermentado

obtido isento das células.

Os dados obtidos para as amostras sem e com aeração dos dois microrganismos

(Yarrowia lipolytica IMUFRJ 50682 e Pseudomonas aeruginosa INCQS 0588092) em estudo

podem ser vistos nas Tabelas 4.1 e 4.2 para o índice de emulsificação e nas Tabelas 4.3 e 4.4

para a tensão superficial.

Page 100: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

77

Tabela 4.1. Resultados dos índices (E24) usando hexano e tolueno para o biossurfactante

produzido por Yarrowia lipolytica.

Índice de Emulsificação E24

com Hexano (%)

Índice de Emulsificação

E24 com Tolueno (%)

Amostra sem Aeração 18,25 10,71

Amostra com Aeração 22,65 13,64

Tabela 4.2. Resultados dos índices (E24) usando hexano e tolueno para o biossurfactante

produzido por Pseudomonas aeruginosa.

Índice de Emulsificação

E24 com Hexano (%)

Índice de Emulsificação

E24 com Tolueno (%)

Amostra sem Aeração 9,35 22,54

Amostra com Aeração 12,85 24,06

Tabela 4.3. Resultados da tensão superficial usando água e meio base para o biossurfactante

produzido por Yarrowia lipolytica.

Tensão Superficial (mN/m) ± DP

Água miliq. 72,356 ± 0,020

Meio Base 52,578 ± 0,032

Amostra sem Aeração 28, 564 ± 0,012

Amostra com Aeração 28, 357 ± 0,010

Tabela 4.4. Resultados da tensão superficial usando água e meio base para o biossurfactante

produzido por Pseudomonas aeruginosa.

Tensão Superficial (mN/m) ± DP

Água miliq. 71,984 ± 0,022

Meio Base 66,425 ± 0,026

Amostra sem Aeração 34,530 ± 0,015

Amostra com Aeração 32,450 ± 0,014

Page 101: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

78

Analisando os resultados dos índices de emulsificação (E24), pode-se constatar que nos

dois microrganismos as amostras com aeração apresentaram índices superiores tanto no

hexano quanto no tolueno. Porém, observou-se que para a Yarrowia lipolytica os índices

foram maiores no hexano, enquanto que para a Pseudomonas aeruginosa os índices foram

superiores no tolueno. Esta diferença se deve a maior afinidade emulsificante do

biossurfactante produzido com a molécula de cada hidrocarboneto utilizado. Este fato está

associado à fórmula estrutural das duas substâncias, pois enquanto a cadeia do hexano é

aberta e linear, a do tolueno é fechada, aromática e com uma ramificação.

Nestes experimentos observou-se que a aeração influenciou de forma significativa no

crescimento celular, mas não foi obtida a mesma proporção no aumento da emulsificação e

nem na diminuição da tensão superficial, consequentemente na produção dos biossurfactantes.

4.1.3 Otimização da Produção do Biossurfactante

Segundo a literatura, o uso do planejamento de experimentos para determinar as

condições operacionais como temperatura, agitação e pH, além da aeração, são fundamentais

para o sucesso da ampliação de escala de produção de biossurfactantes, capazes de torná-los

economicamente competitivos em relação aos surfactantes químicos.

A faixa de operação das variáveis a serem estudadas tomou como referência as

melhores condições de trabalhos existente na literatura para os mesmos microrganismos,

mesmo sendo os substratos (fontes de carbono) diferentes, assim obteve-se que para a

Yarrowia lipolytica a maior produção do biossurfactante era obtida segundo Zinjarde & Pant

(2002) para um pH inicial igual a 8,0 e temperatura de 30 ºC.

No que se refere à temperatura e pH ótimos para promover a produção de

ramnolipídeos, existem algumas variações, decorrentes principalmente da cepa de

Pseudomonas utilizada no estudo, mas em geral os valores reportados na literatura variam

Page 102: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

79

entre pH 6,0 e 7,0 (Guerra-Santos et al., 1986; Bonilla et al,. 2005), e temperaturas entre 28 e

37º C (Déziel et al., 2000, Mata-Sandoval et al., 1999; Desai & Banat, 1997; Arino et al.,

1996).

Assim, neste trabalho realizou-se uma análise exploratória visando avaliar os efeitos

do pH, da temperatura e da agitação no crescimento celular e consequentemente na produção

do biossurfactante, com a aeração sendo propiciada apenas pelo processo de agitação. Nestes

experimentos, mostrados nas Tabelas 4.5 e 4.6, foram acompanhados os valores das seguintes

variáveis: índice de emulsificação com tolueno (E24T); índice de emulsificação com hexano

(E24H); tensão superficial final (TSF); biomassa produzida; produção de biossurfactante e

consumo de substrato.

Page 103: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

80

Tabela 4.5. Resultados do consumo de glicose, da produção de biossurfactante, da produção da biomassa, da tensão superficial final e dos índices de

emulsificação em hexano e em tolueno obtidos após 120 horas de cultivo de Yarrowia lipolytica IMUFRJ 50682.

Ensaio

Fatores Respostas

pH Temp.

(°C)

Agitação

(rpm)

E24T

(%)

E24H

(%)

TSF

(mN/m)

Biomassa

(g/L)

Liposan

(g/L)

Cons.

Glicose (%)

1 6,0 30 100 8,0 ± 1,8 17,6 ± 2,6 17,28 ± 1,08 1,5 ± 0,3 2,5 ± 0,5 30,0 ± 2,1

2 8,0 30 100 5,0 ± 2,1 15,6 ± 2,4 23,13 ± 0,85 0,4 ± 0,1 0,4 ± 0,1 22,3 ± 1,1

3 6,0 40 100 8,0 ± 1,4 39,4 ± 3,3 18,10 ± 0,65 1,2 ± 0,4 2,2 ± 0,4 33,4 ± 2,5

4 8,0 40 100 5,0 ± 0,8 16,1 ± 1,8 23,70 ± 0,81 0,2 ± 0,1 0,3 ± 0,1 18,0 ± 2,4

5 6,0 30 200 4,5 ± 0,6 28,1 ± 2,7 19,79 ± 0,67 1,4 ± 0,4 1,7 ± 0,3 31,7 ± 3,4

6 8,0 30 200 4,8 ± 1,1 21,9 ± 2,5 22,21 ± 0,83 0,2 ± 0,1 0,6 ± 0,2 14,0 ± 1,8

7 6,0 40 200 17,5 ± 2,2 15,6 ± 1,9 17,89 ± 0,88 1,6 ± 0,5 1,7 ± 0,4 36,4 ± 3,7

8 8,0 40 200 16,0 ± 1,9 16,1 ± 1,6 24,74 ± 1,22 0,3 ± 0,1 0,2 ± 0,1 19,0 ± 2,6

9 7,0 35 150 20,0 ± 1,5 43,1 ± 3,4 17,80 ± 0,90 2,1 ± 0,4 3,6 ± 0,5 44,0 ± 4,2

10 7,0 35 150 22,0 ± 2,1 35,6 ± 2,8 17,34 ± 1,38 1,8 ± 0,3 3,4 ± 0,5 53,2 ± 5,2

11 7,0 35 150 23,0 ± 2,4 43,8 ± 3,0 17,53 ± 1,21 1,9 ± 0,3 3,8 ± 0,6 46,5 ± 4,5

Page 104: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

81

Tabela 4.6. Resultados do consumo de glicerol, da produção de biossurfactante, da produção da biomassa, da tensão superficial final e dos índices de

emulsificação em hexano e em tolueno obtidos após 120 horas de cultivo de Pseudomonas aeruginosa INCQS 0588092.

Ensaio

Fatores Respostas

pH Temp.

(°C)

Agitação

(rpm)

E24T

(%)

E24H

(%)

TSF

(mN/m)

Biomassa

(g/L)

Ramnolipídeo

(g/L)

Cons.

Glicerol (%)

1 6,0 30 100 4,2 ± 1,1 5,7 ± 1,5 18,03 ± 0,81 0,4 ± 0,2 5,1 ± 0,6 40,0 ± 2,6

2 8,0 30 100 3,9 ± 0,8 3,2 ± 1,1 32,88 ± 0,85 0,5 ± 0,2 3,6 ± 0,4 22,0 ± 1,5

3 6,0 40 100 3,5 ± 0,6 3,5 ± 1,2 18,40 ± 0,62 0,3 ± 0,1 4,8 ± 0,5 36,0 ± 3,4

4 8,0 40 100 9,5 ± 1,6 4,8 ± 1,6 23,45 ± 0,75 0,6 ± 0,3 2,4 ± 0,3 18,0 ± 2,2

5 6,0 30 200 3,6 ± 0,7 4,6 ± 1,3 16,85 ± 0,61 1,2 ± 0,4 4,3 ± 0,4 33,0 ± 3,1

6 8,0 30 200 4,4 ± 1,0 4,1 ± 1,1 25,40 ± 0,55 0,8 ± 0,2 3,1 ± 0,3 14,0 ± 1,6

7 6,0 40 200 3,8 ± 0,9 4,8 ± 1,4 17,40 ± 0,78 0,7 ± 0,3 6,2 ± 0,6 44,0 ± 4,3

8 8,0 40 200 3,9 ± 0,8 3,2 ± 0,8 24,82 ± 0,70 0,1 ± 0,1 2,1 ± 0,3 15,0 ± 1,9

9 7,0 35 150 29,8 ± 2,8 11,4 ± 1,9 17,56 ± 1,00 1,1 ± 0,3 10,2 ± 0,7 80,0 ± 6,8

10 7,0 35 150 20,4 ± 2,2 12,6 ± 2,0 18,12 ± 1,49 1,4 ± 0,4 9,8 ± 0,6 79,4 ± 5,7

11 7,0 35 150 23,5 ± 2,3 14,3 ± 2,2 17,78 ± 0,71 1,3 ± 0,3 9,4 ± 0,7 75,6 ± 5,1

Page 105: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

82

Analisando os resultados das Tabelas 4.5 e 4.6, pode-se observar que os ensaios 9, 10

e 11 favoreceram o crescimento da Yarrowia lipolytica IMUFRJ 50682 e da Pseudomonas

aeruginosa INCQS 0588092, pois apresentaram maiores índices de emulsificação tanto no

tolueno quanto no hexano, menores tensões superficiais, maiores crescimento da biomassa,

maiores produções de biossurfactantes e maiores consumos de substratos.

Portanto, pode-se notar que o pH 7,0 a temperatura de 35°C e agitação de 150 rpm,

foram os fatores que mais influenciaram na produção dos dois biossurfactantes produzidos. O

consumo de glicose e glicerol foi proporcional à produção tanto do liposan quanto do

ramnolipídeo, indicando uma boa produtividade nos processos.

A formação de espuma é um grande indício na produção de biossurfactante, com esta

altura da espuma foi possível determinar o índice de emulsificação na presença do hexano e

do tolueno, conforme descrito na metodologia, para cada microrganismo estudado. As Figuras

4.3 a 4.6 mostram visualmente a espuma para Yarrowia lipolytica, onde é possível ver que o

ensaio 9 foi o que apresentou maior índice, sendo um valor igual a 20,0% com o tolueno

(Figura 4.4) e de 43,1% com o hexano (Figura 4.6). Já nas Figuras 4.7 a 4.10 temos os dados

para Pseudomonas aeruginosa na qual o ensaio 9 também foi o que apresentou melhores

resultados, obtendo-se 29,8% e 14,3% para o índice de emulsificação com o tolueno (Figura

4.8) e hexano (Figura 4.10), respectivamente.

Page 106: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

83

Figura 4.3. Resultados dos índices de emulsificação com tolueno (E24T) para Yarrowia

lipolytica do branco ao ensaio 4.

Figura 4.4. Resultados dos índices de emulsificação com tolueno (E24T) para Yarrowia

lipolytica do ensaio 5 ao 9.

Page 107: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

84

Figura 4.5. Resultados dos índices de emulsificação com hexano (E24H) para Yarrowia

lipolytica do branco ao ensaio 5.

Figura 4.6. Resultados dos índices de emulsificação com hexano (E24H) para Yarrowia

lipolytica do ensaio 6 ao 10.

Page 108: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

85

Figura 4.7. Resultados dos índices de emulsificação com tolueno (E24T) para Pseudomonas

aeruginosa do branco ao ensaio 4.

Figura 4.8. Resultados dos índices de emulsificação com tolueno (E24T) para Pseudomonas

aeruginosa do ensaio 5 ao 9.

Page 109: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

86

Figura 4.9. Resultados dos índices de emulsificação com hexano (E24H) para Pseudomonas

aeruginosa do branco ao ensaio 5.

Figura 4.10. Resultados dos índices de emulsificação com hexano (E24H) para Pseudomonas

aeruginosa do ensaio 6 ao 10.

Page 110: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

87

A partir da identificação das melhores condições de produção dos biossurfactantes,

obtida através da análise exploratória dos experimentos, foram realizadas novas fermentações

nas condições ótimas (pH = 7,0; temperatura = 35°C e agitação = 150 rpm) para os dois

microrganismos (Yarrowia lipolytica e Pseudomonas aeruginosa) com a finalidade de se ter a

curva de consumo do substrato (fonte de carbono), sendo a glicose para a Yarrowia lipolytica

e o glicerol para a Pseudomonas aeruginosa , conforme mostram as Figuras 4.11 e 4.12,

respectivamente.

As análises durante o processo de fermentação foram realizadas a cada 20 horas e em

seguida foram retiradas as células por centrifugação e o caldo fermentado foi utilizado para

determinar a concentração do substrato e a produção do biossurfactante, bem como

determinar a concentração micelar crítica (CMC).

O consumo de glicose (Figura 4.11) apresentou um decréscimo exponencial no

intervalo de tempo entre 20 e 60 horas de fermentação, depois deste tempo observou-se um

menor decréscimo tendendo a uma estabilização até o final da fermentação.

Na Figura 4.12 observa-se que o consumo de glicerol apresentou um decréscimo

exponencial no intervalo de tempo entre 40 a 80 horas, após este tempo houve uma

estabilização até o final da fermentação.

A concentração do liposan (biossurfactante obtido a partir da Yarrowia lipolytica)

apresentou um crescimento exponencial no intervalo entre 20 e 60 horas, depois deste tempo

tem-se um crescimento com uma taxa de produção reduzindo ao longo do tempo até o final da

fermentação, conforme pode ser observada na Figura 4.13. O ramnolipídeo (biossurfactante

obtido a partir da Pseudomonas aeruginosa) também apresentou um crescimento exponencial

no intervalo entre 40 e 60 horas, reduzindo a taxa de produção após este tempo e em 100

horas de fermentação há uma estabilização que permanece constante até o final do processo,

mostrado na Figura 4.14.

Page 111: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

88

Figura 4.11. Curva do consumo de glicose durante 120 horas de fermentação para a Yarrowia

lipolytica.

Figura 4.12. Curva do consumo de glicerol durante 120 horas de fermentação para a

Pseudomonas aeruginosa.

Page 112: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

89

Figura 4.13. Curva de produção de liposan durante 120 horas de fermentação para a

Yarrowia lipolytica.

Figura 4.14. Curva de produção de ramnolipídeo durante 120 horas de fermentação para a

Pseudomonas aeruginosa.

Page 113: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

90

Neste processo observa-se que para os dois microrganismos há uma consonância entre

o consumo do substrato e a produção do biossurfactante, mostrando que na medida em que a

cepa consome o substrato gera o bioproduto que fica no caldo fermentado uma vez que a

produção é extracelular.

4.1.4 Determinação da Concentração Micelar Crítica (CMC)

O objetivo deste estudo foi determinar a propriedade tensoativa dos biossurfactantes

produzidos (liposan obtido a partir da Yarrowia lipolytica e ramnolipídeo obtido a partir da

Pseudomonas aeruginosa) tendo como substrato a glicose e o glicerol, respectivamente. Para

este processo foram realizadas medidas de tensão superficial em diversas concentrações até o

valor desta variável se aproximar do valor da água destilada.

A Figura 4.15 apresenta as tensões superficiais em função da concentração de liposan

presente nas diversas soluções do meio fermentado livre de células, onde se obteve uma

tensão superficial do meio ao final da fermentação igual a 28,6 mN/m que ocorre com a

concentração de liposan pouco acima de 10 mg/L. Logo, como esta concentração é o ponto de

inflexão da curva, segundo a metodologia descrita na literatura esta foi considerada a

concentração micelar crítica.

Já o resultado da análise das propriedades tensoativas do ramnolipídeo produzido pode

ser visto na Figura 4.16, onde se obteve uma tensão superficial do meio ao final da

fermentação de 34,5 mN/m para uma concentração do biossurfactante ligeiramente acima de

20 mg/L, que é o ponto de inflexão e foi considerada sua concentração micelar crítica.

Page 114: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

91

Figura 4.15. Determinação da concentração micelar crítica (CMC) do liposan

produzido por Yarrowia lipolytica IMUFRJ 50682 por fermentação submersa utilizando como

substrato a glicose, em função da tensão superficial, utilizando-se diluições sucessivas do

fermentado livre de células.

Figura 4.16. Determinação da concentração micelar crítica (CMC) do ramnolipídeo

produzido por Pseudomonas aeruginosa INCQS 0588092 por fermentação submersa

utilizando como substrato o glicerol, em função da tensão superficial, utilizando-se diluições

sucessivas do fermentado livre de células.

Page 115: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

92

4.2 FORMULAÇÃO E PRODUÇÃO DOS BIODETERGENTES

A característica ácida dos dois biossurfactantes produzidos - liposan e ramnoplipídeo -

se deve à presença do hidrogênio ionizável do grupo carboxílico presente nas suas estruturas

moleculares, conforme mostrado nas Figuras 2.2 e 2.3. Com base na estrutura das moléculas,

esta pesquisa teve como um dos objetivos substituir esses hidrogênios por um íon ou grupo

iônico, obtendo-se novos tipos de compostos capazes de poder aumentar a capacidade

tensoativa e o poder de detergência do biodetergente.

Esta proposta tinha como foco adotar um procedimento semelhante ao que acontece na

reação de saponificação, logo, neste trabalho produziu-se o princípio ativo dos biodetergentes

através de uma reação de neutralização dos biossurfactantes - liposan e ramnolipídeo - com o

hidróxido de sódio, formando-se um sal orgânico contendo o grupo carboxilato de sódio (�

COO-Na+) responsável pela natureza polar da molécula e que por sua vez está ligado ao

restante da cadeia carbonada que é apolar. O outro produto da reação foi a formação da

molécula da água. Nas Reações 4.1 e 4.2 são apresentadas os reagentes e produtos destes

processos de obtenção dos dois biodetergentes.

Reação 4.1. Reação do liposan com o hidróxido de sódio gerando biossurfactante modificado

(sal do biossurfactante) e água.

Page 116: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

93

Reação 4.2. Reação do ramnoplipídeo com o hidróxido de sódio gerando biossurfactante

modificado (sal do biossurfactante) e água.

Com os sais orgânicos obtidos, passou-se para a etapa de formulação dos

biodetergentes adicionando-se as substâncias coadjuvantes e completando-se o volume final

com água destilada conforme descrito na metodologia. Assim, partiu-se da base de cálculo de

uma concentração de 2% do princípio ativo do biosurfactante em relação ao volume final de

50 mL do biodetergente a ser produzido, ou seja, 1 g de cada biossurfactante foi usado na

reação. Logo, seguindo as mesmas proporções utilizadas para um detergente tradicional,

foram realizados os cálculos para determinar a quantidade de hidróxido de sódio necessário

para as reações, considerando suas estequiometrias.

Com bases nestes dados realizou-se as formulações dos biodetergentes, mostrados na

Figura 4.17 juntamente com um detergente sintético comercial, sendo a formulação 1 para o

biodetergente 1 derivado do liposan que é o biossurfactante obtido a partir da Yarrowia

lipolytica e tendo como substrato a glicose, e a formulação 2 para o biodetergente 2 derivado

do ramnolipídeo que é o biossurfactante obtido a partir da Pseudomonas aeruginosa e tendo

como substrato o glicerol.

Page 117: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

94

Figura 4.17. Aspecto visual do detergente sintético comercial e dos biodetergentes 1 e 2.

(a - Detergente sintético comercial; b - Biodetergente 1; c - Biodetergente 2).

4.2.1 Análises dos Biodetergentes

A caracterização dos biodetergentes produzidos foi feita através da determinação da

viscosidade, da calorimetria, do poder espumante e da ação de detergência, sempre

comparando com um detergente sintético comercial.

Os resultados das medidas de viscosidades da emulsão água produzida/óleo, preparada

com os biodetergentes 1 e 2, foram obtidos utilizando um viscosímetro FANN 35 A e a

determinação realizada a uma temperatura de 30°C, mostrados na Tabela 4.7. Ressaltamos

que neste estudo se utilizou o óleo como agente comparativo por não termos encontrado

dados de biodetergentes na literatura e assim realizar a comparação num sistema mais severo

possível.

a) b) c)

Page 118: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

95

Tabela 4.7. Resultados das análises realizadas no viscosímetro Fann modelo 35 A.

Leitura do Rotor (rpm)

3 6

S 100 50

Leitura (L) do petróleo bruto 71 109

Leitura (L) da emulsão I A/O 65 100

Leitura (L) da emulsão II A/O 48 64

f 1 1

C 1 1

Viscosidade do petróleo bruto (cP) 7100 5450

Viscosidade da emulsão I A/O (cP) 6500 5000

Viscosidade da emulsão II A/O (cP) 4800 3200

De acordo com a Tabela 4.7, comparando o valor da viscosidade do petróleo bruto

com a viscosidade da emulsão preparada com o biodetergente 1, observa-se que houve uma

redução na viscosidade em torno de 8,3% para as leituras realizadas com rotação de três e seis

rpm. Já para o biodetergente 2, houve uma redução na viscosidade em torno de 32,39% para a

leitura realizada com rotação de três rpm e 41,28% para a leitura realizada com rotação de seis

rpm. Estas reduções das viscosidades devem-se a presença dos biodetergentes nas emulsões, o

qual tem como uma de suas finalidades reduzirem a tensão interfacial que favorece a

interação da água com o óleo e/ou qualquer outra gordura.

As Figuras 4.18 e 4.19 apresentam as curvas DSC de aquecimento e resfriamento,

respectivamente, de massas hidratadas dos biodetergentes produzidos em água destilada e em

água produzida. Nestes experimentos utilizou-se a água produzida por esta conter teores de

óleo e salinidade elevados, e assim atuarem os bioprodutos em condições reais de operação,

ou seja, em condições extremas de temperatura e força iônica com objetivo de avaliar o

comportamento dos mesmos.

Page 119: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

96

As curvas DSC a seguir representadas, demonstram o comportamento dos

biodetergentes produzidos em relação à variação térmica, podendo-se observar que nas curvas

de aquecimento (Figura 4.18) o biodetergente 2, denominado de RAM, apresentou

comportamento distinto de quando dissolvido em água destilada (RAM D) em relação à água

produzida (RAM P), sendo que na curva vinculada ao RAM D pode-se observar um pico

entre 0 e -15 °C atribuído a fusão de cristais de água e uma Tg à aproximadamente 45°C,

referente a fase amorfa do biodetergente, enquanto que na curva vinculada ao RAM P não se

observa a fusão de cristais de água e pode-se observar uma Tg aproximadamente à 60°C

atribuída a fase amorfa do biodetergente.

Esta variação de temperatura de ocorrência da Tg bem como a inexistência de picos

vinculados a fusão de cristais de água pode ser atribuído a efeitos tonoscópicos e crioscópicos

respectivamente, causados pela concentração de sais na água produzida.

O biodetergente 1 em água produzida (LIP P) e em água destilada (LIP D), não

apresentou fusão de cristais de água, mas na curva vinculada ao LIP D pode-se observar uma

Tg à aproximadamente 75°C vinculada a fase amorfa do biodetergente, o fato de não se

observar essa Tg para o LIP P, pode ser atribuída à ação tonoscópica dos sais presentes na

água produzida que podem ter elevado a Tg a uma temperatura fora da faixa de estudo.

Já nas curvas de resfriamento (Figura 4.19) não se observou nenhum comportamento

expressivo que pudesse ser vinculado a mudanças de fases dos biodetergentes, sendo que

todas as amostras tiveram comportamentos semelhantes, mostrando o melhor comportamento

dos biodetergentes para baixas temperaturas nas condições estudadas.

Page 120: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

97

Figura 4.18. Curvas de aquecimento dos biodetergentes em água produzida e em água

destilada.

Figura 4.19. Curvas de resfriamento dos biodetergentes em água produzida e em água

destilada.

Page 121: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

98

Na avaliação de um detergente para lavagem manual de louças o consumidor, na

maioria das vezes, iguala a eficiência da limpeza com a capacidade espumante da formulação

e, então, julga a qualidade do produto pela quantidade de espuma gerada, pela sua textura e

pela sua persistência durante o processo de lavagem de louças.

Neste sentido, visando obter um produto que possa ser aceito pelos consumidores,

inicialmente realizou-se uma avaliação do poder espumante dos biodetergentes. Nesta

primeira fase comparou-se a produção de espuma entre os dois biodetergentes produzidos e o

detergente sintético comercial, utilizando água destilada e água com dureza igual 60 ppm de

CaCO3. Após estes ensaios observou-se que não houve diferença significativa na produção de

espuma entre os tipos de condições submetidas, mostrando que os biodetergentes, assim como

os detergentes comerciais, não perdem facilmente o poder espumante como acontece com os

sabões, conforme Figura 4.20.

Figura 4.20. Resultado da produção da espuma formada utilizando água destilada e água com

dureza de 60 ppm comparando o detergente sintético comercial com os dois biodetergentes

produzidos.

Page 122: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

99

A ação espumante dos biodetergentes produzidos foi avaliada utilizando um segundo

método que consistiu na adição de corante na água destilada, conforme mostrado na Figura

4.21. O uso do corante foi para facilitar a visualização da espuma formada. Nesta Figura,

observa-se que não houve formação de espuma no erlenmeyer a contendo apenas água

destilada e corante, entretanto, nos demais houve a formação de espuma, sendo a maior altura

obtida para os erlenmeyers b e d. Já o erlenmeyer c apresentou uma menor produção de

espuma comparada aos outros dois. Isto mostra que os biodetergentes elaborados possuem

potencial para competir com o comercial e assim substituir produtos de limpezas não

degradáveis por biodegradáveis.

Figura 4.21. Avaliação visual do poder espumante dos biodetergentes e um detergente

sintético, nas condições: a) Água e corante; b) Água, corante e 2 mL de detergente sintético

comercial; c) Água, corante e 2 mL do biodetergente 1; d) Água, corante e 2 mL do

biodetergente 2.

a b c d

Page 123: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

100

Na avaliação da detergência em laboratório são reportados vários métodos, entretanto,

não existe um padronizado e universalmente aceito que possua forte correlação com a prática

de lavagem. Logo, normalmente os testes são realizados selecionando um método de lavagem

que simule o processo doméstico, como o teste da lavagem de pratos em condições

padronizadas de tipo e de quantidade de sujeira, concentração de detergente, temperatura,

dureza da água e procedimento de lavagem.

Estas recomendações serviram como premissa para o desenvolvimento da metodologia

utilizada neste trabalho, a qual teve por objetivo a comparação entre as formulações

preparadas e um detergente sintético comercial. Nesta metodologia de avaliação, quanto

maior o número de pratos lavados limpos, melhor é a detergência proporcionada pela

formulação.

Os resultados mostraram que durante a lavagem através da persistência da espuma na

esponja e do número de pratos lavados efetivamente limpos, não houve diferença entre o

detergente sintético comercial e os dois biodetergentes avaliados, pois em todos os testes o

número de pratos lavados e limpos foi o mesmo e igual a sete, conforme Figura 4.22.

Figura 4.22. Resultado da lavagem do número de pratos efetivamente limpos comparando o

detergente sintético comercial com os dois biodetergentes produzidos.

Page 124: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

101

O segundo método utilizado para a análise de detergência foi realizado em tecidos de

algodão branco e o procedimento consistiu na simulação de uma lavagem por agitação com

três tipos de sujidades diferentes, que neste estudo foram utilizadas: na fileira 1 iogurte

achocolatado; na fileira 2 molho de tomate e na fileira 3 café solúvel. Os tecidos de medidas

15 x 15 cm, foram dobrados e todos impregnados com as sujidades em quantidades iguais e

colocados em erlenmeyers de 125 mL de capacidade em mesa agitadora, numa rotação de 150

rpm durante 90 minutos e contendo a mesma quantidade de água (25 mL), do detergente

sintético comercial e dos biodetergentes produzidos, conforme mostrado na Figura 4.23.

Após o tempo de lavagem por agitação, os tecidos foram retirados e colocados abertos

para secar a temperatura ambiente, mostrados na Figura 4.24. Nesta, comparou-se a eficiência

da remoção das sujidades dos erlenmeyers contendo os dois biodetergentes com os

erlenmeyers contendo o detergente sintético comercial.

Os resultados mostraram que os tecidos lavados com os dois biodetergentes

apresentaram capacidade de remoção de sujidades igual ou mesmo superior ao detergente

sintético comercial, mostrando assim um excelente poder de detergência, considerando que

não houve fricção dos tecidos nem enxágue com água corrente, o que dificulta ainda mais a

remoção das sujidades.

Page 125: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 4 � Resultados e Discussão

102

Figura 4.23. Lavagem por agitação dos tecidos: a) Tecidos + sujidades + 25 mL de água

destilada; b) Tecidos + sujidades + 25 mL de água destilada + 2 mL de detergente sintético

comercial; c) Tecidos + sujidades + 25 mL de água destilada + 2 mL do biodetergente 1; d)

Tecidos + sujidades + 25 mL de água destilada + 2 mL do biodetergente 2.

Figura 4.24. Avaliação visual da capacidade de remoção das sujidades após lavagem por

agitação e secagem à temperatura ambiente dos tecidos de algodão.

a b c d

a b c d

1

2

3

Page 126: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

CAPÍTULO 5

CONCLUSÕES E SUGESTÕES

id8847175 pdfMachine by Broadgun Software - a great PDF writer! - a great PDF creator! - http://www.pdfmachine.com http://www.broadgun.com

Page 127: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 5 � Conclusões e Sugestões

104

5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Com base nos dados obtidos nesse trabalho, em relação à produção e ao estudo da

influência da aeração na produção de biossurfactantes, pode-se concluir que:

- A levedura Yarrowia lipolytica IMUFRJ 50682 e a bactéria Pseudomonas

aeruginosa INCQS 0588092 foram capazes de se desenvolver e sintetizar biossurfactantes nas

condições operacionais selecionadas para a realização dos experimentos.

- A aeração teve influência direta no aumento da biomassa quando comparado com a

amostra não aerada, apresentando uma concentração cerca de três vezes maior.

- A aeração não influenciou de forma incisiva no aumento do índice de emulsificação

(E24) e nem na diminuição da tensão superficial.

A análise exploratória dos experimentos permitiu avaliar o efeito das variáveis

temperatura, agitação e pH sobre a produção de biossurfactantes, logo, as melhores condições

operacionais do estudo para produção de biossurfactante tanto para a Yarrowia lipolytica

IMUFRJ 50682 como para a Pseudomonas aeruginosa INCQS 0588092 foi o ponto central,

ou seja, no pH 7,0; na temperatura 35°C e na agitação de 150 rpm.

A análise exploratória das condições operacionais na produção dos biossurfactantes

pelos dois microrganismos (Yarrowia lipolytica IMUFRJ 50682 e Pseudomonas aeruginosa

INCQS 0588092) nos possibilitou obter um índice de emulsificação (E24) em tolueno num

valor médio de 21,7% e 24,6% e para o hexano foram 40,8% e 12,8%, respectivamente.

Page 128: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 5 � Conclusões e Sugestões

105

A tensão superficial que se obteve foi de 17,56 mN/m para a Yarrowia lipolytica e de

17,82 mN/m Pseudomonas aeruginosa, já para a produção de biomassa obteve-se um valor

médio final de 1,93 g/L e 1,26 g/L, respectivamente.

A produção de biossurfactante foi de 3,6 g/L para o liposan (obtido da Yarrowia

lipolytica) e de 9,8 g/L para o ramnolipídeo (obtido da Pseudomonas aeruginosa). Em relação

ao consumo do substrato obteve-se um valor de 47,9% para a glicose pela Yarrowia lipolytica

IMUFRJ 50682 e de 78,3% para o glicerol pela Pseudomonas aeruginosa INCQS 0588092.

A concentração micelar crítica (CMC) dos biossurfactantes produzidos, nas condições

estudadas foi de 10 mg/L para a Yarrowia lipolytica IMUFRJ 50682 e observou-se que esta

concentração corresponde a uma tensão de 29,8 mN/m. Já para a Pseudomonas aeruginosa

INCQS 0588092 obteve-se uma concentração de 20 mg/L correspondente a uma tensão de

36,8 mN/m.

Os biodetergentes que foram formulados neste trabalho apresentaram um bom

desempenho, conseguindo reduzir a viscosidade da emulsão água/óleo preparada com o

biodetergente 1 (usando o liposan) em 8,3% e 32,39% para o biodetergente 2 (usando o

ramnolipídeo), ambos em relação à viscosidade do petróleo bruto.

O estudo da análise térmica obtida através de DSC demonstrou que para a faixa de

temperatura estudada, os dois biodetergentes desenvolvidos apresentaram estabilidade térmica

e boa resistência à força iônica, pois não foi detectada nenhuma interação química entre eles e

os sais presentes na água produzida.

O poder espumante dos biodetergentes mostrou que a presença de 60 ppm de CaCO3

de dureza na água não influenciou significativamente neste parâmetro, mostrando que os

biodetergentes, assim como os detergentes comerciais, não perdem facilmente o poder

espumante como acontece com os sabões e que a produção de espuma do biodetergente 2 foi

igual à produção do detergente sintético comercial e superior à produção do biodetergente 1.

Page 129: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 5 � Conclusões e Sugestões

106

Os resultados de avaliação do poder de detergência mostraram que durante a lavagem

de pratos não houve diferença entre o detergente sintético comercial e os dois biodetergentes

desenvolvidos. Já na avaliação feita com a lavagem dos tecidos, os dois biodetergentes

apresentaram capacidade de remoção de sujidades igual ou superior ao detergente sintético

comercial.

Como nenhum trabalho esgota totalmente qualquer assunto, torna-se necesssário

sempre realizar o aprofundamento do tema, que geralmente ocorre com a realização de novos

e/ou ampliação de estudos. Neste sentido, estamos sugerindo a seguir algumas perspectivas

para trabalhos futuros que poderão contribuir para tornar viável o processo do ponto de vista

técnico, econômico e ambiental dos biodetergentes desenvolvidos.

Neste sentido, apresentam-se algumas sugestões a seguir:

- melhorar a adaptação do microrganismo ao meio.

- realizar um melhoramento genético da cepa.

- identificar qual variável mais influencia na produção dos biossurfactantes.

- utilizar novos nutrientes para melhorar os rendimentos de produção.

- realizar a análise técnica e econômica da produção dos biossurfactantes e comparar

com os surfactantes químicos.

- reduzir os custos usando resíduos agroindustriais como substratos alternativos na

produção dos biossurfactantes.

- realizar outros testes com os biodetergentes produzidos, tais como, os testes

dermatológicos e de ponto de turvação.

- realizar estudos que possibilitem a ampliação do processo para escalas maiores em

nível de escala piloto ou mesmo industrial.

Page 130: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Capítulo 5 � Conclusões e Sugestões

107

O desenvolvimento de novos produtos biodegradáveis foi o norte deste trabalho, uma

vez que atualmente a demanda por estes produtos torna-se cada dia mais forte, passando a

compor a exigência de um novo fruto. Esse estudo procurou apontar uma alternativa de

biodetergente que atenda as exigências do mercado atualmente. No entanto, devido à

complexidade e magnitude do problema, a continuidade dos estudos ainda se faz necessária

para que essa demanda seja suprida e, assim, possa contribuir de forma determinante ao apelo

ambiental e consequentemente melhorar significativamente a qualidade de vida da população.

Page 131: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS

id8887018 pdfMachine by Broadgun Software - a great PDF writer! - a great PDF creator! - http://www.pdfmachine.com http://www.broadgun.com

Page 132: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Referências Bibliográficas

109

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABALOS, A.; PINAZO, A.; INFANTE, M.R.; CASALS, M. GARCIA, F.; MANRESA, A.

Physicochemical and antimicrobial properties of new rhamnolipids produced by

Pseudomonas aeruginosa AT10 from soybean oil refinary wastes. Langmuir, v. 17, p.

1367- 1371, 2001.

ABALOS, A.; MAXIMO, F.; MANRESA, M. A.; BASTIDA, J. Utilization of response

surface methodology to optimize the culture media for the production of rhamnolipids

by Pseudomonas aeruginosa AT10. Journal of Chemical Technology And Biotechnology, v.

77, p. 777-784, 2002.

ABIDI, F.; LIMAN, F.; NEJIB, M. M. Production of alkaline proteases by Botrytis cinerea

using economic raw materials: Assay as biodetergente. Process Biochemistry 43 1202�

1208, 2008.

ABOUSEOUD, M.; MAACHI, R.; AMRANE, A.; BOUDERGUA, S.; NABI, A. Evaluation

of different carbon and nitrogen sources in production of biosurfactant by Pseudomonas

fluorescens. Desalination, v. 223 p. 143�151, 2008.

ADAMCZAK, M.; BEDNARSKI, W. Influence of medium composition and aeration on

the synthesis of biosurfactant produced by Candida Antarctica. Biotechnology Letters, v.

22, p. 313�316, 2000.

ALBUQUERQUE, C. D. C.; FILETI, A. M. F.; CAMPOS�TAKAKI, G. M.; X Encontro

Nacional de Microbiologia Ambiental, Goiânia, Brasil, 2006.

AMARAL, P.F.F.; SILVA, J.M.; LEHOCKY, M.; BARROS-TIMMONS, A.M.V.;

COELHO, M.A.Z.; MARRUCHO, I.M.; COUTINHO, J.A.P. Production and

Page 133: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Referências Bibliográficas

110

Characterization of a Bioemulsifier from Yarrowia Lipolytica, Process Biochemistry, 41,

2006.

ARINO S.; MARCHAL R.; VANDECASTEELE; �Identification and production of a

rhamnolipidic biosurfactant by a Pseudomonas species�. Appl. Microbiol. Biotechnology,

n. 45, pp.162-168, 1996.

BANAT, I. M.; Biosurfactants production and possible uses in microbial enhanced oil

recovery and oil pollution remediation: A review. Bioresource Technology vol. 51, p.1-12,

1995.

BANAT, I. M.; MAKKAR, R. S.; CAMEOTRA, S. S. Potencial commercial applications

of microbial surfactants. Applied Microbiology and Biotechnology, v. 53, p. 495-508, 2000.

BARBOSA, S. A.; LIMA, A. A. B.; MARQUES, J. J.; SOUZA, M. J. B.; SOUZA, R. R..

Produção de Biossurfactante em Meio Sintético por Yarrowia lipolytica (Candida

lipolytica). 2007. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).

BARROS, F. B. C. Estudo das variáveis de processo e ampliação de escala na produção

de biossurfactantes por Bacillus subtilis em manipueira. Dissertação (Mestrado em

Ciências de Alimentos). UNICAMP, Campinas, 2007.

BARTH, G. e GAILLARD, C. Physiology and genetics of the dimorphic fungus Yarrowia

lipolytica. FEMS Microbiology Reviews, v. 19, pp. 219-237, 1997.

BEDNARSKI, W.; ADAMCZAK, M.; TOMASIK, J.; PLASZCZYK, M. Application of oil

refinery waste in the biosynthesis of glycolipids by yeast. Bioresource Technoogy,

Oct;95(1):15-8, 2004.

BEHLER, A., HENSEN, H., RATHS, H.C., TESMAN, H., �New Thickening Agents for

Surfactants�, Henkel Referate 27, 31, 1991.

Page 134: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Referências Bibliográficas

111

BENINCASA, M., CONTIERO, J., MANRESA, M. A. et al., �Rhamnolipid production by

Pseudomonas aeruginosa LBI growing on soapstock as the sole carbon source�, Journal

of Food Engineering 54, pp. 283-288, 2001.

BENINCASA, M.; ABALOS, A.; OLIVEIRA, I; MANRESA, A. Chemical structure,

surface properties and biological activities of the biossurfactante produced by

Pseudomonas aeruginosa LBI from soapstock. Antonie van Leeuwenhoek, Amsterdã v.85,

p 1-8, 2004.

BENINCASA, M.; ACCORSINI, F. R. Pseudomonas aeruginosa LBI production as an

integrated process using the wastes from sunflower-oil refining as a substrate.

Bioresource Technology. v. 99, p. 3843�3849, 2008.

BENTO, F.M., CAMARGO, F.A.O., OKEKE, B.C., FRANKENBERGER, W.T.

Comparative bioremediation of soils contaminated with diesel oil by natural

attenuation, biostimulation and bioaugmentation. Bioresource Technology v. 96, p. 1049�

1055, 2005.

BICCA, F. C.; FLECK, L. C.; AYUB, M. A. Z. Production of biosurfactant by

hydrocarbon degrading Rhodococcus ruber and Rhodococcus erythropolis. Revista de

Microbiologia. v. 30, p. 231�236, 1999.

BIERMANN, M. et.al., Synthesis of Surfactants, em �Surfactants in Consumer

Products�, editado por J. Fable; Springer-Verlag Editora; 23 � 132; 1987.

BOGNOLO, G. Biosurfactants as emulsifying agents for hydrocarbons. Colloids Surfaces

A: Physicochemistry Engineering Aspects 152, 41-52,1999.

BONILLA, M; OLIVARO, C.; CORONA, M.; VAZQUEZ, M.; SOUBES, M Production

and characterization of a new bioemulsifier from Pseudomonas putida ML2. Journal of

Applied Microbiology, v. 98, p. 456-463, 2005.

Page 135: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Referências Bibliográficas

112

BULL, A. T.; MARRS, B.L. & KURANE, R. Biotechnology for clean industrial products

and processes. p. 1�200. In: Towards industrial sustainability. Organisation for Economic

Cooperation and Development, Paris, 1998.

BULL, A. T.; WARD, A. C. & GOODFELLOW, M. Search and discovery strategies for

biotechnology: the paradigm shift. Microbiology and Molecular Biology Reviews, 64(3):

573�606, 2000.

BUND, R. K. & SINGHAL, R. S. Chemical Modification of Cellulase by Maleic

Anhydride and N-Bromosuccinimide for Improved Detergent Stability. Journal of

Surfactants and Detergents, Vol. 5, No. 1, 2002.

CAMEOTRA, S. S.; MAKKAR, R. S.; Synthesis of biosurfactants in extreme conditions.

Applied Microbiology and Biotechnology, 50: 520-529, 1998.

CAMEOTRA, S. S.; MAKKAR, R. S. Recent applications of biosurfactants as biological

and immunological molecules. Current Opinion in Microbiology. v. 7, p. 262�266, 2004.

CAMILIOS NETO, D.; MEIRA, J. A.; ARAÚJO, J.M.; MITCHELL, D.A.; KRIEGER, N.

Optimization of the production of rhamnolipids by Pseudomonas aeruginosa UFPEDA

614 in solid-state culture. Applied Microbiology Biotechnology, v. 81, p. 441�448, 2008.

CASAS, J.; OCHOA, F. G. Sophorolipid production by Candida bombicola: medium

composition and culture methods. Journal of Bioscience and Bioengineering.88(5):488�

494; 1999.

CASTRO, C. J. T. L. Avaliação da produção de Ramnolipídios por bactérias isoladas de

poços de petróleo. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia). Universidade Federal de

Pernambuco, Recife, 2005.

CHA, M., LEE, N., KIM, M. et al., �Heterologous production of Pseudomonas aeruginosa

EMS1 biosurfactant in Pseudomonas putida�, Bioresour. Technol.

doi:10.1016/j.biortech.2007.05.035, 2007.

Page 136: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Referências Bibliográficas

113

CIRIGLIANO, M. C. & CARMAN, G M. Isolation of bioemulsifier from Candida

lipolytica. Applied and Environmental Microbiology, v. 48(4), pp. 747-750, 1984.

CIRIGLIANO, M.C.; CARMAN, G.M. Purification and Characterization of Liposan, a

Bioemulsifier from Candida lipolytica. Applied and Environmental Microbiology. p 846 �

850, 1985.

COLLA, L. M.; COSTA, J. A. V. Obtenção e Aplicação de Biossurfactantes. Revista

Vetor, Rio Grande. vol. 13. p. 85-103, 2003.

COOPER, D. G.; GOLDENBERG, B. G. Surface-active agents from two Bacillus species.

Applied and Enviromental Microbiology, v. 53, n. 2, p. 224-229, 1987.

COSTABILE, J.A. Tensoativos Resolvendo Problemas Ecológicos (Química Nacional

QUIMASA) - Cosmetic & Toiletries - Jan./Fev. 1993.

COSTA, S. G. V. A. O., NITSCHKE, M., HADDAD, R. et al., �Production of

Pseudomonas aeruginosa LBI rhamnolipids following growth on Brazilian native oils�,

Process Biochemistry 41, pp. 483-488, 2006.

COX, M. F. & MATHESON, K. L., �Interations Between Linear Alkylbenzene Sulfonates

and Water Hardness Ions - (II) Reducing Hardness Sensitivity By the Additon of Micelle

Promotion Agents�, JAOCS, 62: 1396, 1985.

CRAPEZ, M.A.C.; BORGES, A.L.N.; BISPO, M.G.S.; PEREIRA, D.C.; Biorremediação:

Tratamento para derrames de petróleo, Ciência Hoje, Vol 30, N 179, 2002.

CHRISTOFI, N; IVSHNA, I. B. Microbial surfactants and their use in field studies of soil

remediation. Journal of Applied Microbiology, v.93, p. 915-929, 2002.

CURBELO, F. D. S. Recuperação avançada de petróleo utilizando tensoativos. 169f. Tese

de doutorado. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química, Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, 2006.

Page 137: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Referências Bibliográficas

114

DESAI, J. D & BANAT, I. M. Microbial Production of Surfactants and Their

Commercial Potential. Microbiology and Molecular Biology Reviews, v. 61, n. 1, p. 47�64,

1997.

DESAI, J.D.; DESAI, A.J. Production of Biosurfactants. In: Kosaric, N. Biosurfactants:

Production, properties, applications. New York: Ed. Marcel Dekker, p. 65-97, 1993.

DÉZIEL, E.; LÉPINE, F.; DENNIE, D.; BOISMENU, D. ; MAMER, O.A.; VILLEMUR, R.

Liquid chromatography/mass spectrometry analysis of mixtures of rhamnolipids

produced by Pseudomonas aeruginosa strain 57RP grown on mannitol or naphthalene.

Biochimica et Biophysica Acta, v. 1440, p. 244-252, 1999.

DÉZIEL, E.; LÉPINE, F.; MILOT, S.; VILLEMUR, R. Mass spectrometry monitoring of

rhamnolipids from a growing culture of Pseudomonas aeruginosa strain 57RP.

Biochimica et Biophysica Acta, v. 1485, p. 145-152, 2000.

DUBOIS, M.; GILLES, K.A.; HAMILTON, J.K.; REBERS, P.A.; SMITH, F. Colorimetric

Method of Sugars and Related Substances. Analitical Chemistry, v. 28, p. 350-356, 1956.

DUJON, E.P. Genome evolution in yeast. Nature, v. 430, pp. 35-43, 2004.

DYKE, M. I.; LEE, H.; TREVORS, J. T. Applications of Microbial Surfactants.

Biotechnology Advances. v. 9, p. 241-252. 1991.

FICKERS, P.; BENETTI P. H.; WACHE, Y.; MARTY, A.; MAUERSBERGER, S.; SMIT,

M.S. e NICAUD, J. M. Hydrophobic substrate utilization by the yeast Yarrowia lipolytica,

and its potential applications. FEMS Yeast Research, v. 5, pp. 527�543, 2005.

FIECHTER A. Biosurfactants: moving towards industrial application. Trends in Food

Science and Technology. v. 31, p. 283-293, 1992.

FONTES, G. C.; AMARAL, P. F. F.; COELHO, M. A. Z. Produção de Biossurfactante por

Levedura. Química Nova, 2008.

Page 138: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Referências Bibliográficas

115

FREIRE, D.M.; TELES, E.M.F.; BON, E.P.S.; LIPPEL SAN�T ANNA, G. Lipase

production by Penicillium restrictum in a bench-scale fermenter: Effect of carbon and

nitrogen nutrition, agitation, and aeration. Applied Bichemistry and Biotechnology, v.63-

65, p.409-421, 1997.

FUJII, T.; YUASA, R.; KAWASE, T. Biodetergent IV. Monolayers of corynomycolic

acids at the air-water interface. Colloid Polym Sci 277:334±339, 1999.

GEORGE, S.; RAJU, V.; SUBRAMANIAN, T.V.; JAYARAMAN, K. Comparative study

of protease production in solid substrate fermentation versus submerged fermentation.

Bioprocess Engineering 16, p. 381�382, 1997.

GOUVEIA, E. R.; LIMA, D. P. A.; DUARTE, M. S.; LIMA, G. M. S.; ARAÚJO, J. M.

Bactérias Produtoras de Biossurfactantes: Produção de biossurfactantes por bactérias

isoladas de poços de petróleo. Revista Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento. ed. 30. p.

39-45, 2003.

GRUBER, T., CHMIEL, H., KAPPELI, O. et al., �Integrated process for continuous

rhamnolipid biosynthesis�. In: Kosaric, N. (ed), Biosurfactants (Surfactants Science Series)

48, chapter 5, pp. 157-173, 1993.

GUERRA-SANTOS, L., KAPPELI, O., FIECHTER, A., �Pseudomonas aeruginosa

Biosurfactant Production in Continuous Culture with Glucose as Carbon Source�,

Applied and Environmental Microbiology v. 48, n. 2, pp. 301- 305, 1984.

GUERRA-SANTOS, L., KAPPELI, O., FIECHTER, A., �Dependence of Pseudomonas

aeruginosa biosurfactant production in continuous culture biosurfactant production on

nutritional and environmental factors�, Appl. Biotechonol., n. 24, pp. 443-448, 1986.

Page 139: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Referências Bibliográficas

116

GUILMANOV, V.; BALLISTRERI, A.; IMPALLOMENI, G.; GROSS, R. A. Oxygen

transfer rate and sophorose lipid production by Candida bombicola. Biotechnology and

Bioengineering, v. 77, p. 489, 2002.

HABA, E., ESPUNY, M. J., BUSQUETS, M. et al., �Screening and production of

rhamnolipids by Pseudomonas aeruginosa 47T2 NCIB 40044 from waste frying oils�,

Journal of Applied Microbiology 88, pp. 379-387, 2000.

HABA, E.; ABALOS, A.; JÁUREGUI, O.; ESPUNY, M.J.; MANRESA, A. Use of liquid

chromatography�mass spectroscopy for studying the composition and properties of

rhamnolipids produced by different strains of Pseudomonas aeruginosa. Journal of

Surfactants and Detergents, v. 6 (2), p. 155-162, 2003.

HADDAR, A.; SELLAMI-KAMOUN, A.; FAKHFAKH-ZOUARI, N.; HMIDET, N.;

NASRI, M. Characterization of detergent stable and feather degrading serine proteases

from Bacillus mojavensis A21. Biochemical Engineering Journal 51, 53�63, 2010.

HEITLAND, H.; MARSEN, H., Dishwashing and Hard Surface Cleaners for Household

and Institutional Purposes, em Surfactants in Consumer Products. Editado por J. Fable,

Springer - Verlag Ed., 306 - 321, 1987.

HIRATA, Y.; RYU, M.; ODA, Y.; IGARASHI, K.; NAGATSUKA, A.; FURUTA, T.;

SUGIURA, M. Novel characteristics of sophorolipids, yeast glycolipid biosurfactants, as

biodegradable low-foaming surfactants. Journal of Bioscience and Bioengineering VOL.

108 No. 2, 142�146, 2009.

HOMMEL, R. K.; WEBER, L.; WEISS, A.; HIMMELREICH, U.; RIKE, O.; KLEBER,

H.P. Production of sophorose lipid by Candida (Torulopsis ) apicola grown on glucose.

Journal of Biotechnology, v. 33(15), pp. 147-155, 1994.

ISMAIL, S. A. S.; DEAK, T.; EL-RAHMAN, H. A. ABD.; YASSIEN, M. A. M.;

BEUCHAT, L. R. Effectiveness of immersion treatments with acids, trisodium

Page 140: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Referências Bibliográficas

117

phosphate, and herb decoctions in reducing populations of Yarrowia lipolytica and

naturally occurring aerobic microorganisms on raw chicken. International Journal of

Food Microbiology, v. 64(28), pp. 13-19, 2001.

ITOH A.; HONDA H.; TOMATO F.; SUZUKI T., �Rhamnolipid produced by

Pseudomonas aeruginosa grown on n-paraffin�. Journal Antibiot., n. 24, pp. 855-859,

1971.

KIM, Y. B. e REHM, H. J. Studies on a mixed culture of Candida parapsilosis and

different bacilli on alkane. Applied Microbiology and Biotechnology, v. 14(12), pp. 112-

119, 1982.

KIM, T.H.; OH, Y.-S. e KIM, S.J. The possible involvement of the cell surface in aliphatic

hydrocarbon utilization by an oil degrading yeast Yarrowia lipolytica 180. Journal of

Microbiology and Biotechnology, v. 10, pp. 333�337, 2000.

KITAMOTO, D.; FUZISHIRO, T.; YANAGISHITA, H.; NAKANE, T.; NAKAHARA, T.

Production of mannosylerythritol lipids as biosurfactants by resting cells of Candida

antartica. Biotechnol Lett.;14:305�310; 1992.

KITAMOTO, D.; IKEGAMI, T.; SUZUKI, G. T.; SASAKI, A.; TAKEYAMA, Y.;

IDEMOTO, Y.; KOURA, Y.; YANAGISHITA, H. Microbial conversion of n-alkanes into

glycolipid biosurfactants, mannosylerythritol lipids, by Pseudozyma (Candida

antarctica). Biotechnol Lett 23:1709�1714, 2001.

KRONEMBERGER, F. A.; SANTA ANNA, L. M. M.; FERNANDES, A. C. L. B.;

MENEZES, R. R.; BORGES, C. P.; FREIRE, D. M. G. Oxygen-controlled Biosurfactant

Production in a Bench Scale Bioreactor Appl Biochem Biotechnol v. 147. P. 33-45, 2008.

LANG, S.; WULLBRANDT. Rhamnose lipids- biosynthesis, microbial production and

application potential. Applied Microbiology and Biotechnology. v. 51, p. 22-32, 1999.

Page 141: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Referências Bibliográficas

118

LIMA, A. S. Produção, estabilidade e isolamento de bioemulsificante obtido a partir da

fermentação de óleo-diesel comercial por Saccharomyces lipolytica. Tese de Mestrado em

Engenharia de Alimentos � Universidade Estadual de Campinas. Campinas/SP, 1996.

LIU, Q.; DONG, M.; YUE, X.; HOU, J. Synergy of alkali and surfactant in emulsification

of heavy oil in brine. Colloids and Surfaces A: Physicochemical and Engineering Aspects. v.

273, p. 219-228, 2006.

LOWRY, O. H.; ROSEBROUGH, N. J.; FARR, A. L. e RANDALL, R. J. Protein

measurement with the Folin phenol reagent. Journal of Biol. Chem., v. 193, p. 265-275.

1951.

LUNA, J. M.; RUFINO, R. D.; GUSMÃO, C. A. B.; SARUBBO, L. A.; CAMPOS�

TAKAKI, G. M.; XV Simpósio Nacional de Bioprocessos, Recife, Brasil, 2005.

MATA�SANDOVAL, J.C.; KARNS, J.; TORRENTS, A. High-performance liquid

chromatography of rhamnolipid mixtures produced by Pseudomonas aeruginosa UG2

on corn oil. Journal of Chromatography A., v. 864, p. 211-220, 1999.

MANEERAT, S. Production of biosurfactants using substrates from renewable-esources.

Songklanakarin Journal of Scientific Technology, v. 27(3), p. 675-683, 2005.

MARTINS, T. S. Produção e purificação de lipases de Yarrowia lipolytica IMUFRJ

50682. Dissertação de mestrado. Rio de Janeiro: 2001. Centro de Ciências da Saúde,

Universidade Federal do Rio de Janeiro.

MONTEIRO, S.A.; SASSAKI, G.L.; DE SOUZA, L.M.; MEIRA, J.A.; ARAUJO, J.M.;

MITCHELL, D.A.; RAMOS, L.P.; KRIEGER, N. Molecular and structural

characterization of the biosurfactant produced by Pseudomonas aeruginosa DAUPE 614.

Chemistry and Physics of Lipids, v. 147, p. 1-13, 2007.

Page 142: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Referências Bibliográficas

119

MONTEIRO, S. A. Caracterização molecular e estrutural de biossurfactantes produzidos

por Pseudomonas aeruginosa UFPEDA 614. Tese (Doutorado em Química) - Departamento

de Química, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007.

MULLIGAN, C. N., MAHMOURIDES, G., GIBBS, B. F., �The influence of phosphate

metabolism on biosurfactant production by Pseudomonas aeruginosa�, Journal of

Biotechnology 12, pp. 199-210, 1989.

MULLIGAN, C. N.; YONG, R. N.; GIBBS, B. F. Surfactant-enhanced remediation of

contaminated soil: a review. Engineering Geology. v. 60, p. 371-380, 2001.

MULLIGAN, C.N. Environmental applications for biosurfactants. Environmental

Pollution, Oxford, v. 133, p.183-198, 2005.

NAZINA, T. N.; GRIGOR�YAN, A. A.; SHESTAKOVA, N. M.; BABICH, T. L.; IVOILOV,

V. S.; FENG, Q.; NI, F.; WANG, J.; SHE, Y.; XIANG, T.; LUO, Z.; BELYAEV, S. S.;

IVANOV, M. V. Microbiological Investigations of High-Temperature Horizons of the

Kongdian Petroleum Reservoir in Connection with Field Trial of a iotechnology for

Enhancement of Oil Recovery. Microbiology, Vol. 76, No. 3, pp. 329�339, 2007.

NEVES, J. F. Curso de Tecnologia de Sabão (UFRRJ), 1987.

NOORDMAN, W. H.; WACHTER, J. H. J.; DE BOER, G. J. et al.. �The enhancement by

surfactants of hexadecane degradation by Pseudomonas aeruginosa varies with substrate

availability�, Journal of Biotechnology 94, pp. 195-212, 2002.

NITSCHKE, M.; PASTORE, G. M. Biossurfactantes: Propriedades e Aplicações. Química

Nova, Vol. 25, nº 5, 772-776, 2002.

NITSCHKE, M.; FERRAZ, C.; PASTORE, G.M. Selection of microorganisms for

biosurfactant production using agroindustrial wastes. Brazilian Journal of Microbiology,

v. 35, p. 81-85, 2004.

NITSCHKE, M.; COSTA, S. G. V. A. O.; HADDAD, R.; GONÇALVES, L.A.G.; EBERLIN,

Page 143: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Referências Bibliográficas

120

M. N.; CONTIERO, J. Oil wastes as unconventional substrates for rhamnolipid

biosurfactant production by Pseudomonas aeruginosa LBI. Biotechnology Progress, v. 21,

p. 1562-1566, 2005.

PAREILLEUX, A. Hydrocarbon assimilation by Candida lipolytica: Formation of a

biosurfactant; Effects on respiratory activity and growth. Applied Microbiology and

Biotechnology, v. 8, n. 1-2, 1979.

PATEL, R. M.; DESAI, A. J. Biosurfactant production by Pseudomonas aeruginosa GS3

from molasses. Letters in Applied Microbiology, v. 25, p. 91-94, 1997.

PAULINO, L. C. Estudo de Sistemas micoemulsionados utilizando água do mar na

recuperação avançada de petróleo. 123f. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Química, Universidade Federal deo Rio Grande do Norte, 2007.

RAHMAN, K. S. M., RAHMAN, T. J., MCCLEAN, S. et al., �Rhamnolipid Biosurfactant

Production by Strains of Pseudomonas aeruginosa Using Low-Cost Raw Materials�,

Biotechnol. Prog. 18, pp. 1277-1281, 2002b.

RAZA, Z. A., KHAN, M. S., KHALID, Z. M., �Evaluation of distant carbon sources in

biosurfactant production by a gamma ray-induced Pseudomonas putida mutant�,

Process Biochemistry 42, pp. 686-692, 2007.

REILING, H. E., THANEI-WYSS, U., GUERRA-SANTOS, L. H. et al., �Pilot plant

production of rhamnolipid biosurfactant by Pseudomonas aeruginosa�, Applied and

Environmental Microbiology v. 51, n. 5, pp. 985-989, 1986.

ROBERT M., MERCADE M., BOSCH M., PARRA J.L., ESPUNY M., MANSERA M.,

�Effect of the carbon source on biosurfactant production by Pseudomonas aeruginosa

44T1�. Biotechnol. Letters, n. 11, PP. 871-874, 1989.

ROSEMBERG, E.; RON, E. Z. High and low molecular mass microbial surfactants.

Applied Microbiology & Biotechnology, Berlin, v.52, n.2, p. 154-162, 1999.

Page 144: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Referências Bibliográficas

121

SANCTIS, D. S. Formulando detergentes com baixa irritabilidade. Artigo Técnico

DT001. Oxiteno S.A. Indústria e Comércio, 2001.

SANDBACKA, M., CHRISTIANSON, I. & ISOMAA, B. The acute toxicity of surfactants

on fish cells, Daphnia magna and fish � A comparative study. Toxicol. Vitro, 14: 61-68,

2000.

SANTA ANNA, L.M.; SEBASTIAN, G.V. ; MENEZES, E.P.; ALVES, T.L.M.; SANTOS,

A.S.; PEREIRA, N.; FREIRE, D.M.G. Production of biosurfactants from Pseudomonas

aeruginosa PA1 Isolated in Oil Environments. Brazilian Journal of Chemical Engineering,

São Paulo, vol. 19, n. 2, p. 159 - 166, 2002.

SANTOS, A. S., SAMPAIO, A. W., VASQUEZ, G. S. et al., �Evaluation of different

carbon and nitrogen sources in production of rhamnolipids by a strain of Pseudomonas

aeruginosa�, Applied Biochemistry and Biotechnology v. 100, n. 1-3, pp. 1025-1036, 2002.

SARUBBO, L. A.; MARÇAL, M. C.; NEVES, M. L. C.; SILVA, M. P.; PORTO, A. L. F.

CAMPOS-TAKAKI, G. M. Bioemulsifier production in batch culture using glucose as

carbon source by Candida lipolytica. Applied Biochemistry and Biotechnology, v. 95, 2001.

SCHMIDELL, W.; LIMA, U. A.; AQUARONE, E.; BORZANI, W. Agitação e aeração em

biorreatores. Biotecnologia Industrial: Engenharia Bioquímica. Eds. Edgard Blucher Ltda:

São Paulo, cap 14, 2001.

SHE, Y. H.; ZHANG, F.; XIA, J.J.; KONG, S. Q.; WANG, Z. L.; SHU, F.C.; HU, J. M.

Investigation of Biosurfactant-Producing Indigenous Microorganisms that Enhance

Residue Oil Recovery in an Oil Reservoir After Polymer Flooding. Appl Biochem

Biotechnol, 2010.

SHEPPARD, J.D.; MULLIGAN, C.N. The production of surfactin by Bacilus subtilis

grown on peat hydrolysate. Applied Microbiology Biotechnology, v.27, p.110-116, 1987.

Page 145: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Referências Bibliográficas

122

SILVA D. M. C.; ARAÚJO J. M. de; PESSÔA S. G. dos S.; SOUTO-MAIOR A. M.;

SPINELLI A. C. O. C., Avaliação da eficiência de produção de ramnolipídeos a partir de

diferentes fontes de nitrogênio por Pseudomonas aeruginosa isolada de poço de petróleo.

Universidade Federal de Pernambuco. Laboratório de Processos Biotecnológicos. XVII

Simpósio Nacional de Bioprocessos, Natal, RN, 2009.

SINGH, M.; DESAI, J. D. Hydrocarbon emulsification by Candida tropicalis and

Debaryomyces polymorphus. Indian J. Experimental Biol. v. 27, pp. 224-226, 1989.

SINGH, P.; CAMEOTRA, S. S. Potential applications of microbial surfactants in

biomedical sciences. TRENDS in Biotechnology. v. 22, n. 3, p. 142�146, 2004.

SKOOG, D. A.; HOLLER, F. J.; NIEMAN, T. A. Princípios de análise instrumental. 5. ed.

Porto Alegre, RS: Bookman, p. 836, 2006.

SOMASUNDARAN, P.; ZHANG, L. Adsorption of surfactants on minerals for

wettability control in improved oil recovery processes. Journal of Petroleum Scince and

Engineering. V. 52, p. 198-212, 2006.

STIPCEVIC, T., PILJAC, A., PILJAC, G., �Enhanced healing of full-thickness burn

wounds using di-rhamnolipid�, Burns 32, pp. 24-34, 2006.

TEN KATE, K. Biotechnology in fields other than healthcare and agriculture, p. 228�

261. In ten Kate, K. & Laird, S. A. (eds.), The commercial use of biodiversity. Earthscan

Publications Ltd., London, U.K, 1999.

TURKOVSKAYA, O. V.; DMITRIEVA, T. V.; MURATOVA, A. Y. A Biosurfactant-

Producing Pseudomonas aeruginosa Strain. Applied Biochemistry and Microbiology. v. 37,

n. 1, p. 71-75, 1999.

ÚBEDA, B. T. Estudo da produção de biossurfactante pela bactéria Kocuria rhizophila.

Dissertação de Mestrado, Faculdade de Engenharia de Alimentos/UNICAMP, Campinas, SP,

Brasil, 2004.

Page 146: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Referências Bibliográficas

123

URUM, K., PEKDEMIR, T., ÇOPUR, M., �Surfactants treatment of crude oil

contaminated soils�, Journal of Colloid and Interface Science 276, pp. 456-464, 2004.

VASDINYEI, R. & DEAK, T. Characterization of yeast isolates originating from

Hungarian dairy products using traditional and molecular identification techniques.

International Journal of Food Microbiology, v. 86, pp. 123� 130, 2003.

VENKATA RAMANA, K., CHARYULU, N. C. L. N., KARANTH N. G., �A mathematical

model for the production of biosurfactants by Pseudomonas aeruginosa CFTR-6:

production of biomass�, Journal Chem. Tech. Biotechnol. v. 51, n. 4, pp. 525-538, 1991.

WANG, J.; MA, T.; ZHAO, L.; LV, J.; LI, G.; ZHANG, H.; ZHAO, B.; LIANG, F.; LIU, R..

Monitoring exogenous and indigenous bacteria by PCR-DGGE technology during the

process of microbial enhanced oil recovery. J Ind Microbiol Biotechnol 35:619�628, 2008.

WEI, Y., CHOU, C., CHANG, J., �Rhamnolipid production by indigenous Pseudomonas

aeruginosa J4 originating from petrochemical wastewater�, Biochemical Engineering

Journal 27, pp. 146-154, 2005.

WHANG, L.M.; LIU , P.W.G.; MA, C.C.; CHENG, S.S. Application of biosurfactants,

rhamnolipid, and surfactin, for enhanced biodegradation of diesel-contaminated water

and soil. Journal of Hazardous Materials, v. 151, p. 155�163, 2008.

WILHELM, S.; GDYNIA, A.; TIELEN, P.; ROSENAU, F.; JAEGER, K-E. The

Autotransporter Esterase EstA of Pseudomonas aeruginosa is Required for Rhamnolipid

Production, Cell Motility, and Biofilm Formation. Journal of Bacteriology, p. 6695�6703

Vol. 189, No. 18, 2007.

WU. J.Y.; YEH, K.L.; LU, W.B.; LIN, C.L.; CHANG, J.S. Rhamnolipid production with

indigenous Pseudomonas aeruginosa EM1 isolated from oil-contaminated site.

Bioresource Technology, v. 99, p. 1157-1164, 2008.

Page 147: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Referências Bibliográficas

124

XIE, Y., YE, R., LIU, H., �Synthesis of silver nanoparticles in reverse micelles stabilized

by natural biosurfactant�. Colloids and Surfaces A: Physicochem. Eng. Aspects 279, pp.

175-178, 2006.

ZAGATTO, P. A. & GOLDSTEIN, E. G. Toxicidade em águas do Estado de São Paulo.

Revista CETESB de Tecnologia: Ambiente, 5: 13-20. 1991.

ZHANG, Y.; MILLER, R.M. Effect of rhamnolipid (biosurfactant) structure on

solubilization and biodegradation of n-alkanes. Applied And Environmental Microbiology,

v. 61 (6), p. 2247�2251, 1995.

ZHANG, F.; SHE, Y. H.; MA, S. S.; HU, J. M.; BANAT, I. M.; HOU, D. J. Response of

microbial community structure to microbial plugging in a mesothermic petroleum

reservoir in China. Appl Microbiol Biotechnol 88:1413�1422, 2010.

ZHAO, Z.; BI, C.; QIAO, W; LI, Z.; CHENG, L. Dynamic interfacial tension behavior of

the novel surfactant solutions and Daqing crude oil. Colloids and Surfaces A:

Physicochemical and Engineering Aspects. v. 294, p. 191-202, 2007.

ZINJARDE, S. S. e PANT, A. Emulsifier from a tropical marine yeast, Yarrowia lipolytica

NCIM 3589. Journal of Basic Microbiology, v. 42, pp. 67�73, 2002.

Page 148: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

APÊNDICES

id8915363 pdfMachine by Broadgun Software - a great PDF writer! - a great PDF creator! - http://www.pdfmachine.com http://www.broadgun.com

Page 149: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Apêndices

126

Figura A01. Curva de calibração em biomassa seca da

amostra sem aeração da Yarrowia lipolytica.

Figura A02. Curva de calibração em biomassa seca da

amostra com aeração da Yarrowia lipolytica.

Page 150: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Apêndices

127

Figura A03. Curva de calibração em biomassa seca da

amostra sem aeração da Pseudomonas aeruginosa.

Figura A04. Curva de calibração em biomassa seca da

amostra com aeração da Pseudomonas aeruginosa.

Page 151: 2011-07-11 -01- Cap. 00 - Elementos Pre-Textuais ... · amigo FÆbio de Melo Resende (Billy the Kid), pela amizade e ajuda no desenvolvimento dos trabalhos. À direçªo e coordenaçªo

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Apêndices

128

Figura A05. Curva de calibração de proteína expressa

em BSA para determinação indireta de liposan.

Figura A06. Curva de calibração de ramnose expressa

para determinação indireta de ramnolipídeo.