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SIMPÓSIO IBÉRICO DO ENSINO DA GEOLOGIA XIV SIMPOSIO SOBRE ENSEÑANZA DE LA GEOLOGÍA XXVI CURSO DE ACTUALIZAÇÃO DE PROFESSORES DE GEOCIÊNCIAS

Geologia da Faixa Litoral entre

Lavadores e o Castelo do Queijo

Mª dos Anjos Ribeiro (1) Manuela Marques (1) Clara Vasconcelos (1)

Deolinda Flores (1)

(1) Departamento de Geologia da Universidade do Porto, Porto.

E1 – GEOLOGIA DA FAIXA LITORAL ENTRE LAVADORES E O CASTELO DO QUEIJO

AVEIRO 2006 7 LIVRO GUIA DE CAMPO

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SIMPÓSIO IBÉRICO DO ENSINO DA GEOLOGIA XIV SIMPOSIO SOBRE ENSEÑANZA DE LA GEOLOGÍA

XXVI CURSO DE ACTUALIZAÇÃO DE PROFESSORES DE GEOCIÊNCIAS

Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.

1. Localização do itinerário

O itinerário proposto localiza-se na orla litoral do Grande Porto e compreende dois

percursos distintos, o primeiro ao longo da Praia de Lavadores, situada a sul da foz do

Rio Douro, em Vila Nova de Gaia, e o segundo a norte da foz do mesmo rio, na orla

litoral da cidade do Porto, entre o molhe de Felgueiras e o Forte de S. Francisco

Xavier, vulgarmente conhecido como Castelo do Queijo (Figura 1).

Os dois locais são de fácil acesso por automóvel, ou utilizando os transportes

públicos urbanos, nomeadamente o autocarros nº 93 para Lavadores, e os nº 21, 200

e 502 (entre outros) para a praia do Castelo do Queijo, todos eles com origem no

centro da cidade do Porto.

Os percursos serão percorridos a pé, sem dificuldade, efectuando-se sobre

afloramentos graníticos em Lavadores, e ao longo da praia no Complexo Metamórfico

da Foz do Douro. Chama-se a atenção para o facto de alguns aspectos geológicos,

particularmente os mais interessante, só poderem ser observados na baixa-mar.

Percurso 1

Percurso 2

Figura 1 – Localização dos percursos 1 e 2, na Foz do Rio Douro e na Praia de Lavadores.

LIVRO GUIA DE CAMPO 8 AVEIRO 2006

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2. Introdução geral à geologia do itinerário

A geologia desta zona é dominada pela presença de uma estreita faixa de rochas

metamórficas intruídas por granitos variscos muito bem representados em Lavadores

e no Castelo do Queijo (Figura 2). Estes granitos pertencem ao grupo dos granitos tardi-

variscos, com uma idade do Estefaniano inferior.

Para o granito de Lavadores foi determinada uma idade de instalação de 298 ± 12.3

Ma (Martins et al., 2001) embora, em trabalhos anteriores, tenham sido obtidas idades

um pouco mais antigas, nomeadamente 346±14Ma para a biotite de Lavadores

(Mendes, 1967/1968) e 314 ± 11Ma para o Granito de Lavadores por análise isotópica

Rb-Sr rocha total (Silva, 1995).

Estes granitos tardi-variscos são granitos porfiróides de grão médio a grosseiro,

biotíticos, embora possam apresentar alguma moscovite, com cristais bem

desenvolvidos (megacristais) róseos e/ou brancos de feldspato potássico e encraves

de diferentes tipos e composições (Matos Alves, 1966; Silva, 2001). Estes aspectos

texturais são mais evidentes no granito de Lavadores, embora alguns deles possam

também ser observados no granito do Castelo do Queijo. No seu conjunto este granitos

definem um alinhamento paralelo à zona de cisalhamento Porto-Tomar, que terá

condicionado a sua instalação (Chaminé et al., 2003).

Nos dois locais, os granitos são atravessados por um grande número de diaclases

subverticais, com direcções médias N30ºE a N40ºE e N120ºE a N130ºE, as quais

condicionam a morfologia granítica da região, quer em Lavadores quer no Castelo do

Queijo.

O contacto destes granitos com as rochas metamórficas encaixantes, gnaisses,

anfibolitos e micaxistos, pode ser observado em ambos os percursos.

Figura 2 – Mapa geológico simplificado (Martins et al, 2003). Legenda: 1 – Depósitos do Quaternário; 2 – Granito da Madalena; 3 – Granito de Lavadores; 4 – Granito do Castelo do Queijo; 5 – Granito do Porto; 6 – Complexo Xisto-Grauváquico; 7 – Unidade dos Gnaisses da Foz do Douro; 8 - Falhas.

E1 – GEOLOGIA DA FAIXA LITORAL ENTRE LAVADORES E O CASTELO DO QUEIJO

AVEIRO 2006 9 LIVRO GUIA DE CAMPO

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XXVI CURSO DE ACTUALIZAÇÃO DE PROFESSORES DE GEOCIÊNCIAS

Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.

A faixa metamórfica está bem desenvolvida a norte da Foz do Rio Douro, entre o

molhe de Felgueiras (Foz do Douro) e a praia do Castelo do Queijo, sendo representada

por rochas metassedimentares espacialmente associadas a ortognaisses e a

anfibolitos que, no seu conjunto, constituem o “Complexo Metamórfico da Foz do

Douro” (CMFD) (Borges et al., 1985, 1987; Noronha, 1994; Noronha & Leterrier, 1995,

2000; Marques et al., 2000). Estas rochas foram incluídas em duas unidades

tectonoestratigráficas distintas (Carta Geotécnica do Porto, 1994; Noronha, 1994), a

Unidade de Lordelo do Ouro (ULO) e a Unidade dos Gnaisses da Foz do Douro

(UGFD) (Figura 3).

A ULO contacta a Leste, por acidente tectónico, com o granito do Porto (γ’3) e a

Oeste com a UGFD. Constitui uma estreita faixa de rochas metassedimentares

dobradas cujas foliações são discordantes das foliações presentes nos ortognaisses

associados (Borges et al., 1985; Ribeiro e Pereira, 1992).

A UGFD é representada por diferentes ortognaisses, por vezes intensamente

deformados, devido à presença de corredores de cisalhamento. Com base em critérios

texturais, mineralógicos e estruturais foi possível distinguir, nesta unidade, vários tipos

de gnaisses, nomeadamente, gnaisses biotíticos de composição tonalítica e gnaisses

leucocratas, gnaisses leucocratas de tendência ocelada e gnaisses leucocratas

ocelados (Borges et al., 1985, 1987).

Associados às rochas gnaissicas da UGFD e aos metassedimentos da ULO

ocorrem anfibolitos de origem magmática com afinidade toleítica (Bravo e Abrunhosa,

1978). Cobertura Sedimentar at - aterros recentes a - aluviões Q - depósitos marinhos PQ - depósitos fluviais

Rochas metamórficas (CMFD) LO - Unidade de Lordelo do Ouro (micaxistos, milonitos, anfibolitos) FD – Unidade dos Gnaisses da Foz do Douro (ortognaisses biotíticos e o celados, gnaisses miloníticos, anfibolitos)

Figura 3 – Mapa geológico-estrutural da faixa metamórfica da Foz do Douro (segundo a Carta Geológica da

Carta Geotécnica do Porto, 1994).

Estudos de geocronologia efectuados sobre as rochas gnáissicas (método do U/Pb

em zircões) atribuem uma idade de 575 + 5 Ma aos gnaisses biotíticos e de 607 + 17

Ma aos gnaisses leucocratas de tendência ocelada (Noronha e Leterrier 1995;

LIVRO GUIA DE CAMPO 10 AVEIRO 2006

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Leterrier e Noronha, 1998; Noronha & Leterrier, 2000). Os dados geoquímicos obtidos

pelos mesmos autores indicam, ainda, uma origem profunda com contribuição mantélica

para os gnaisses biotíticos, e uma origem francamente crustal para os gnaisses

leucocratas de tendência ocelada. Os anfibolitos, por sua vez, apresentam

composições químicas compatíveis com basaltos do tipo MORB (Mid-Ocean Ridge

Basalts), e são anteriores a todas as fácies gnaissicas.

3. Objectivos gerais do itinerário

O itinerário geológico proposto tem como objectivos principais a análise de

aspectos estruturais e texturais em rochas magmáticas graníticas e em rochas

metamórficas de diferentes tipos, bem como a análise e discussão do significado das

suas relações geométricas no terreno. Atendendo à heterogeneidade e complexidade

geológica da zona, destacam-se os seguintes objectivos específicos para cada sector:

1. Granito de Lavadores e zona envolvente (Percurso 1) - Observar estruturas e texturas magmáticas em granitos;

- Observar e interpretar estruturas primárias e secundárias em granitos;

- Descrever e analisar os aspectos relativos aos encraves e interpretar o seu

significado;

- Analisar as relações geométricas entre granitos e rochas metamórficas;

- Observar e interpretar os diferentes aspectos geomorfológicos.

2. Complexo Metamórfico da Foz do Douro (Percurso 2) - Reconhecer litologias e estruturas em rochas metamórficas;

- Analisar os contactos geológicos entre diferentes tipos de rochas

(magmáticas e/ou metamórficas);

- Observar e analisar estruturas tectónicas, nomeadamente, dobras,

cisalhamentos, falhas e diáclases;

- Utilizar a bússola para determinação da orientação espacial de estruturas

geológicas;

- Analisar a influência da litologia e da estrutura na morfologia.

E1 – GEOLOGIA DA FAIXA LITORAL ENTRE LAVADORES E O CASTELO DO QUEIJO

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Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.

4. Trabalho prévio com os alunos Para ambos os percursos é necessário uma preparação prévia dos alunos

relativamente aos seguintes aspectos:

- Litologias mais frequentes em rochas graníticas e metamórficas, nomeadamente

com base na análise macroscópica de amostras recolhidas no local;

- Parâmetros de caracterização e classificação macroscópica de rochas, em

particular parâmetros texturais e mineralógicos;

- Noções básicas sobre deformação dúctil e frágil e tipo de estruturas resultantes;

- A bússola como instrumento para medição de orientações espaciais de

estruturas geológicas;

- Processos de alteração e erosão das rochas e morfologias associadas;

- Enquadramento geológico da zona no contexto geotectónico da Península

Ibérica.

5. Descrição das paragens

5.1. Percurso 1. Praia de Lavadores

Localização O percurso inicia-se na Praia de Lavadores, em frente ao restaurante Casa

Branca, e prossegue para sul ao longo do litoral, sobre os afloramentos graníticos

(Figura 4).

P1 P2

P3

Figura 4 – Localização das paragens do percurso 1, na Praia de Lavadores.

LIVRO GUIA DE CAMPO 12 AVEIRO 2006

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PARAGEM 1. Em frente ao Restaurante Casa Branca

Localização Esta paragem situa-se sobre os rochedos na zona em frente ao restaurante Casa

Branca.

Descrição geológica Litologia

O granito de Lavadores é um granito porfiróide, com matriz de grão médio a

grosseiro, biotítico (biotite primária), podendo apresentar alguma moscovite e

abundantes megacristais de felspato potássico (Figura 5A).

Nos megacristais, a incidência da luz solar permite verificar a existência de um

plano que divide o megacristal em duas zonas com diferente orientação cristalográfica

– plano de macla (macla de Karlsbad) (Figura 5B). Os megacristais apresentam outra

característica importante, a presença de orlas de crescimento tardio relativamente à

cristalização da matriz envolvente, muitas vezes evidenciadas por «linhas

concêntricas» de concentração de biotite (Figura 5D). Verifica-se que a quantidade de

megacristais é muito variável, havendo zonas em que se observa grande

concentração destes, em detrimento de outras em que ocorrem de modo mais

disperso (Figura 5C).

E1 – GEOLOGIA DA FAIXA LITORAL ENTRE LAVADORES E O CASTELO DO QUEIJO

B

D

A

CC

Figura 5 – Aspectos texturais e mineralógicos do granito de Lavadores. Legenda: A - granito porfiróide,

com matriz de grão médio a grosseiro, biotítico, com megacristais de feldspato potássico; B - megacristal de feldspato potássico com plano de macla (macla de Karlsbad) evidente; C - zonas em que se observa grande concentração de megacristais de feldspato potássico; D - orlas de crescimento tardio relativamente à cristalização da matriz envolvente, evidenciada por concentração de biotite.

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Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.

Este granito é, ainda, caracterizado pela presença de numerosos encraves

mesocratas e melanocratas, em geral microgranulares, por vezes com alguma

tendência porfiróide. Estes encraves têm dimensões variáveis, contactos bruscos e

formas mais ou menos ovaladas. Em alguns locais do afloramento, os encraves

ocorrem em concentrações, por vezes alinhadas (corredores de encraves ou enxames

de encraves) que parecem representar, no seu conjunto, estruturas magmáticas

relacionadas com a instalação e o fluxo do magma (Figura 6A).

Estes aspectos poderão ser explicados por cristalização, mais ou menos

simultânea, de dois magmas imiscíveis e com diferentes viscosidades,

correspondendo um deles a um magma granítico, e o outro, a um magma

possivelmente de composição tonalítica (Silva, 2001).

Existem também xenólitos, ou seja, encraves que representam fragmentos das

rochas encaixantes. Estes são, em geral, foliados (o encaixante compreende gnaisses,

micaxistos e anfibolitos ou xistos anfibólicos), e mais abundantes nos bordos do

maciço granítico (Figura 6B). Verifica-se que alguns dos encraves apresentam

megacristais de feldspato potássico, alguns deles desenvolvendo-se sobre o contacto

entre o encrave e o granito envolvente (Figura 6C). Noutros casos, observa-se uma

feldspatização mais intensa na envolvente do encrave (Figura 6D).

A

B

C D

Figura 6 – Aspectos relativos aos encraves do Granito de Lavadores. Legenda: A - corredor de encraves; B - encraves de diferente natureza, o de maiores dimensões é um xenólito com foliação evidente e englobando micaxistos e gnaisses (rochas do encaixante); C - megacristal de feldspato potássico sobre o contacto entre um encrave microgranular e o granito envolvente; D - orlas de feldspatização envolvendo um encrave microgranular.

LIVRO GUIA DE CAMPO 14 AVEIRO 2006

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Estrutura do maciço

O maciço granítico apresenta-se com uma coloração amarelada, individualizando-

se na paisagem blocos de grandes dimensões (Figura 7A). Em superfícies mais

recentes, a rocha apresenta uma coloração rosada devido à presença do feldspato

potássico (Figura 7B). À escala do maciço verifica-se que o granito é isotrópico, não

evidenciando uma orientação preferencial. Todavia não é homogéneo, uma vez que

mostra heterogeneidade na distribuição e abundância dos megacristais e dos

encraves.

Para além destes aspectos, são também observáveis estruturas típicas de fluxo

magmático, caracterizadas pelo alinhamento de bandas escuras essencialmente

constituídas por biotite (Figura 7C).

Em várias zonas do maciço são visíveis filões aplito-pegmatítcos e quartzosos,

sub-horizontais e verticais centimétricos, que se instalaram em fracturas numa fase

tardia em que o maciço já tinha comportamento frágil (Figura 7D).

O maciço granítico apresenta um diaclasamento bastante regular, agrupado em

três famílias principais, duas sub-verticais (N30ºE a N40ºE e N120ºE a N130ºE) e uma

sub-horizontal (Figura 7E).

Geomorfologia O sistema de fracturação associado à acção química e mecânica da água,

originaram uma morfologia típica deste tipo de rochas, permitindo a formação de

grandes blocos com disjunção esferoidal (esfoliação) associada às superfícies de

diaclasamento.

E1 – GEOLOGIA DA FAIXA LITORAL ENTRE LAVADORES E O CASTELO DO QUEIJO

Figura 7 – Aspectos relativos à estrutura do Maciço Granítico de Lavadores. Legenda: A - aspecto da

coloração amarelada e da individualização de blocos de grandes dimensões condicionados pela fracturação do maciço; B - cor cinzento róseo do granito quando não alterado; C - estruturas de fluxo magmático, marcadas por biotite; D - filões sub-horizontais; E - diaclasamento sub-vertical.

E

B

C

A

D

AVEIRO 2006 15 LIVRO GUIA DE CAMPO

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Junto ao mar existem algumas plataformas de granito resultantes da acção erosiva

das ondas – plataforma de abrasão actual (Ferreira et al., 1995) correspondendo à

zona inter-marés. Observando a superfície dos blocos graníticos que se estendem

para norte, ao longo da costa, é possível interpretar a superfície de abrasão anterior,

agora em desmantelamento (Figuras 8A e B). Observam-se, também, estruturas

circulares, mais ou menos profundas, que se designam de marmitas - marmitas de

gigante (Figura 8C).

É ainda possível observar aspectos que reflectem a predominância do tipo de

meteorização:

- esssencialmente física, na plataforma de abrasão actual, onde é possível

observar filonetes e megacristais de feldspato e encraves em relevo, devido à sua

maior resistência à abrasão (erosão diferencial);

- essencialmente química, acima da zona de inter-marés, e concentrada em zonas

onde a água tem papel importante, nomeadamente nas marmitas e nas diaclases,

resultando numa meteorização química mais intensa dos minerais mais alteráveis, ou

seja, dos encraves e dos feldspatos.

A

B C

Figura 8 – Aspectos relativos à geomorfologia (Chaves et al., 2003). Legenda: A - aspecto da plataforma de abrasão actual no granito, com “marcas de ondulação” resultantes da acção erosiva das ondas – plataforma correspondendo à zona inter-marés; B - superfície dos blocos graníticos que se estendem ao longo da costa correspondente à superfície de abrasão mais antiga, agora em desmantelamento; C - alinhamento de marmitas de gigante.

LIVRO GUIA DE CAMPO 16 AVEIRO 2006

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Objectivos específicos

- Observar e interpretar as texturas e estruturas do granito;

- Reconhecer as litologias presentes;

- Interpretar os contactos entre o granito e os encraves;

- Interpretar a relação dos filões e filonetes com o granito e com a sua fracturação;

- Reconhecer formas de erosão em granitos.

Recomendações didácticas - Chamar a atenção dos alunos para os parâmetros e critérios de caracterização

macroscópica de rochas, nomeadamente os conceitos de textura, estrutura e

composição mineralógica;

- Referir a importância e significado da escala de observação e descrição em

trabalho de campo: a litologia descreve-se e analisa-se à escala macroscópica

(escala de afloramento), a geomorfologia e estrutura do maciço deve ser

analisada à escala megascópica (integração entre distintos afloramentos);

- Alertar para a perigosidade de subir a alguns dos blocos graníticos,

nomeadamente os que apresentam a superfície com algas, por serem muito

escorregadias;

- Dividir os participantes por grupos de trabalho de 3 a 4 elementos, para facilitar a

concretização das actividades e evitar situações de perigo.

Actividades propostas (ver Anexo) - Fazer uma descrição litológica (textura e mineralogia) do granito;

- Caracterizar o tipo de encraves presentes;

- Fazer um esboço que evidencie a relação entre os megacristais de feldspato e

os encraves e estabelecer a sua idade relativa.

E1 – GEOLOGIA DA FAIXA LITORAL ENTRE LAVADORES E O CASTELO DO QUEIJO

AVEIRO 2006 17 LIVRO GUIA DE CAMPO

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PARAGEM 2. Uns metros a sul do Restaurante Casa Branca

Localização Esta paragem situa-se sobre os rochedos na zona inter-marés, uns metros a sul do

restaurante Casa Branca.

Descrição geológica Neste local é possível observar o contacto brusco, e bem marcado, entre o granito

porfiróide de Lavadores e as rochas metamórficas encaixantes. Junto ao contacto, o

granito apresenta uma grande abundância de encraves, alguns deles xenólitos, com

foliação evidente. As rochas metamórficas encaixantes compreendem diferentes

litologias, nomeadamente metassedimentos quartzo-pelíticos dobrados, anfibolitos e

gnaisses mais ou menos leucocratas. As rochas gnáissicas são de origem ígnea

(ortognaisses) uma vez que apresentam relações de intrusão relativamente aos

metassedimentos e aos anfibolitos. Por sua vez, estes são intrusivos, também, nos

metassedimentos. A foliação gnáissica é coerente com o dobramento apresentado

pelos metassedimentos (Figura 9). Todas as litologias antes referidas e os respectivos

contactos mútuos, são cortados por um filão aplitopegmatítico (Figura 9).

Filão

1

A

4

B

C 4 3

4

5 E D

4

5

Figura 9 – Aspectos do encaixante do granito de Lavadores. Legenda: A - representação esquemática

das litologias presentes (Chaves, 2003): 1 - granito de Lavadores; 2 - filões aplito-pegmatíticos; 3 - gnaisses; 4 – metassedimentos; 5 - anfibolitos; B a E - fotografias com as litologias anteriores identificadas.

LIVRO GUIA DE CAMPO 18 AVEIRO 2006

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Objectivos específicos - Reconhecer as litologias encaixantes do maciço granítico de Lavadores;

- Observar e descrever as relações de contacto mútuo entre as diferentes

litologias do encaixante;

- Reconhecer critérios que permitam a caracterização dos gnaisses como

ortognaisses;

- Interpretar as relações de cronologia relativa entre os diferentes litótipos

descritos.

Recomendações didácticas - Referir os critérios de caracterização dos contactos geológicos (bruscos ou

graduais; concordantes ou discordantes), e a sua importância em termos de

cronologia relativa;

- Chamar a atenção para os processos de génese dos gnaisses (paragnaisses e

ortognaisses) e quais os seus possíveis protólitos (respectivamente rochas

sedimentares pelíticas e rochas graníticas).

Actividades propostas (ver Anexo) - Fazer um esboço que evidencie as relações de terreno entre os tipos de rocha

presentes no afloramento;

- Caracterizar os contactos geológicos observados (bruscos ou graduais;

concordantes ou discordantes);

- Estabelecer a sequência cronológica dos diferentes tipos de rochas observadas

neste afloramento.

E1 – GEOLOGIA DA FAIXA LITORAL ENTRE LAVADORES E O CASTELO DO QUEIJO AVEIRO 2006 19 LIVRO GUIA DE CAMPO

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PARAGEM 3. Pedras Amarelas

Localização Esta paragem situa-se sobre os rochedos localizados na Praia das Pedras

Amarelas.

Descrição geológica As Pedras Amarelas recebem esta designação, porque enquanto o maciço

granítico, a norte, apresenta uma patine rosa avermelhada, as rochas deste sector

apresentam uma patine negra amarelada e a superfície rochosa evidencia em

densidade de fracturação muito superior à que se observa no Maciço de Lavadores.

Neste afloramento é possível observar algumas relações de contacto com o

granito de Lavadores. Observam-se algumas pequenas apófises graníticas com

megacristais, intrusivas numa rocha leucocrata com foliação marcada pela orientação

da biotite. Esta foliação é discordante relativamente ao contacto do granito, e tem

orientação geral de N110ºE a N115ºE, embora apresente alguma variação. Esta

litologia equivale aos gnaisses observados na paragem anterior, mas aqui são a

litologia predominante.

A fracturação destas rochas é totalmente diferente da do granito de Lavadores.

Aqui, o diaclasamento é muito mais penetrativo (muito mais denso), não se

observando a disjunção em bolas. As diaclases apresentam uma orientação

N60ºE;70ºNW e N110ºE a N120ºE;65º-70ºNE. Esta última orientação de

diaclasamento é subconcordante com a foliação antes referida.

Em condições de maré baixa é possível observar que no interior destes gnaisses

existem encraves de anfibolitos e de metassedimentos.

Objectivos específicos - Observar e descrever a estrutura do maciço gnaissico;

- Reconhecer critérios que permitam a caracterização dos gnaisses como

ortognaisses;

- Interpretar as relações de cronologia relativa entre os diferentes litótipos

descritos.

Recomendações didácticas - Relembrar os processos de génese dos gnaisses já abordados na paragem

anterior.

LIVRO GUIA DE CAMPO 20 AVEIRO 2006

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Actividades propostas (ver Anexo) - Confirmar critérios que permitem caracterizar os gnaisses como ortognaisses;

- Comparar a morfologia dos gnaisses com a dos granitos, relacionando-a com a

estrutura do maciço.

5.2. Percurso 2. Complexo Metamórfico da Foz do Douro

Localização Este percurso será efectuado na orla litoral da cidade do Porto, entre a Praia dos

Ingleses e o Forte de S. Francisco Xavier (Castelo do Queijo), sobre o Complexo

Metamórfico da Foz do Douro e o Granito do Castelo do Queijo. Embora o itinerário

seja totalmente percorrido a pé, foram seleccionados alguns pontos de paragem com

relevante interesse didáctico, os quais se assinalam na Figura 10.

P

P

P

P

P

E1 – GEOLOGIA DA FAIXA LITORAL ENTRE LAVADORES E O CASTELO DO QUEIJO

Figura 10 – Esboço geológico do Complexo Metamórfico da Foz do Douro (segundo Borges et al., 1985, 1987; Marques et al., 2000), com a localização das paragens.

AVEIRO 2006 21 LIVRO GUIA DE CAMPO

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Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.

PARAGEM 1. Sul da Praia dos Ingleses

Localização Esta paragem situa-se na zona sul do Complexo Metamórfico da Foz do Douro, em

frente ao restaurante Varanda do Sol, entre a Praia do Ourigo e a Praia dos Ingleses.

Descrição geológica

Na Unidade dos Gnaisses da Foz do Douro, este é o único local onde se pode

observar o gnaisse leucocrata de tendência ocelada. Trata-se de um ortognaisse

leucocrata, de grão médio a grosseiro, pobre em biotite, com cristais mais

desenvolvidos de feldspato que, localmente, conferem à rocha um carácter ocelado.

Apresenta uma foliação, por vezes dobrada, e forte deformação devida a

cisalhamento.

Na superfície do afloramento são visíveis zonas intensamente alteradas, de cor

castanha-amarelada devida à concentração de óxidos de ferro resultantes da

alteração de lentículas e filonetes de pirite, em preenchimento de fracturas.

A textura e estrutura destas rochas conferem-lhe um aspecto "apinhoado" típico,

que associado ao tipo de alteração permitem distinguir este gnaisse das restantes

facies gnaissicas da Unidade dos Gnaisses da Foz do Douro (Figura 11).

A

B

Figura 11 – Gnaisse leucocrata de tendência ocelada. A - afloramento onde se destacam o aspecto

"apinhoado" típico e zonas alteradas com cor acastanhada; B - pormenor de um cristal de feldspato.

Em algumas zonas do afloramento, são visíveis filões de uma rocha leucocrata de

grão fino, intensamente deformados e com uma foliação discordante da foliação dos

LIVRO GUIA DE CAMPO 22 AVEIRO 2006

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gnaisses (Figura 12). Em baixa-mar é, ainda, possível observar formas de erosão devidas à acção

dinâmica das ondas, nomeadamente marmitas e cavernas, estas apenas presentes

neste local (Vieira da Silva, 2001).

gnaisse

filão

contacto do filão com o gnaisse

Figura 12 – Filões leucocratas deformados discordantes da foliação dos gnaisses.

Objectivos específicos - Observar e interpretar as texturas e estruturas do gnaisse;

- Definir as relações cronológicas entre os filões deformados e o gnaisse.

Recomendações didácticas - Clarificar o conceito de gnaisse ocelado: gnaisse apresentando uma textura

caracterizada pela presença de cristais, ou aglomerados de cristais, de forma

lenticular definida pelo contorno da foliação externa;

- Abordar a noção de cisalhamento dúctil: deformação em corredores ou faixas

originadas por tensões oblíquas. σ1

σ1

Actividades propostas (ver Anexo) - Descrever os aspectos macroscópicos que permitem classificar a rocha como

gnaisse;

- Fazer um esboço que represente a relação entre os filões deformados e o

gnaisse com indicação da idade relativa entre as duas rochas.

E1 – GEOLOGIA DA FAIXA LITORAL ENTRE LAVADORES E O CASTELO DO QUEIJO AVEIRO 2006 23 LIVRO GUIA DE CAMPO

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Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.

PARAGEM 2. Praia dos Ingleses

Localização Esta paragem localiza-se a norte da Paragem 1, na zona referenciada no mapa da

Figura 10 como Praia dos Ingleses.

Descrição geológica Neste local afloram diferentes litologias englobadas no Complexo Metamórfico da

Foz do Douro, nomeadamente gnaisses biotíticos, gnaisses leucocratas, anfibolitos e

metassedimentos. Para além destas rochas ocorrem, ainda, pegmatitos, filões de

quartzo e uma brecha ígnea associada à instalação do granito do Castelo do Queijo.

As estruturas e relações geométricas entre as diferentes litologias permitem, pelo

menos em parte, estabelecer uma hierarquização temporal entre algumas destas

rochas.

Os gnaisses biotíticos são representados por uma rocha mesocrata de grão fino,

com fraca blastese de plagioclase e deformação evidente. Trata-se de um ortognaisse

de composição tonalítica, sem feldspato potássico e rico em biotite e plagioclase, por

vezes com diferenciações leucocratas.

Estas rochas apresentam uma foliação sub-vertical com direcção regional N120ºE

que, em alguns locais, evidencia um dobramento associado a cisalhamento direito. Em

zonas muito restritas é possível observar o contacto discordante entre a foliação dos

gnaisses biotíticos e os metassedimentos dobrados, atestando o carácter intrusivo dos

gnaisses (Figura 13).

foliação do gnaisse biotítico

metassedimentos gnaisse biotítico

gnaisse leucocrata

metassedimentos dobrados

A

B

Figura 13 – Gnaisse biotítico e rochas metassedimentares associadas. Legenda: A – aspecto em afloramento: B – pormenor evidenciando a orientação discordante da foliação dos gnaisses biotíticos com os metassedimentos dobrados.

LIVRO GUIA DE CAMPO 24 AVEIRO 2006

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Os gnaisses leucocratas mostram uma foliação mal definida e ocorrem sob a

forma de corpos estirados paralelamente à orientação geral da faixa metamórfica.

Neste afloramento podemos também observar a relação da foliação dos gnaisses

biotíticos com pegmatitos deformados e filões de quartzo mais recentes (Figura 14).

BA

gnaisse biotítico

gnaisse biotítico

quartzo

pegmatito

Figura 14 – Filões de pegmatito e quatzo discordantes da foliação do gnaisse biotítico. A - pegmatito; B -

quartzo.

No extremo norte do afloramento, ocorre uma brecha ígnea relacionada com a

instalação dos granitos do Castelo do Queijo, a qual é constituída por fragmentos de

rochas pertencentes ao complexo metamórfico, com orientação, forma e dimensões

variadas, aglutinados por um "cimento" granítico (Figuras 15A e B). Incluídos nesta

brecha ocorrem, também, encraves microgranulares (Figura 15C). Em toda esta zona

são visíveis concentrações anómalas de megacristais de feldspato potássico.

fragmento de

gnaisse

fragmento de

gnaisse

A

B

C

encraves

Figura 15 – Vários aspectos da brecha ígnea. Legenda: A - bloco de brecha caído na praia onde se destacam fragmentos de rochas metamórficas distribuídos aleatoriamente, bem como numerosos encraves (só visível em baixa-mar); B - pormenor de um fragmento de gnaisse biotítico com orientação diferente da que apresenta nos afloramentos do mesmo local; C - encrave microgranular incluído na brecha com megacristais de feldspato potássico, que também estão presentes fora do encrave.

E1 – GEOLOGIA DA FAIXA LITORAL ENTRE LAVADORES E O CASTELO DO QUEIJO

AVEIRO 2006 25 LIVRO GUIA DE CAMPO

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Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.

Muitos dos aspectos aqui observados, em particular as estruturas dos

metassedimentos, dos gnaisses biotíticos e dos gnaisses leucocratas, bem como as

suas relações espaciais, são visíveis em toda a faixa que se estende para norte deste

afloramento até à Praia do Homem do Leme (Figura 16).

A

B

Figura 16 – Diferentes aspectos do Complexo Metamórfico entre a praia de Gondarém e a praia do Homem do Leme. Legenda: A - aspecto em afloramento dos gnaisses e metassedimentos na praia do Molhe; B - sigmoide no gnaisse biotítico e sentido do cisalhamento.

Objectivos específicos - Reconhecer as diferentes litologias presentes;

- Analisar e interpretar as relações geométricas entre os diferentes tipos de rochas

numa perspectiva cronológica.

Recomendações didácticas - Chamar a atenção para o conceito de brecha ígnea: agregado caótico de

fragmentos de rochas (do contexto regional) aglutinado por material ígneo,

nomeadamente granítico.

Actividades propostas (ver Anexo) - Com base nas relações geométricas observadas, estabelecer uma sequência

cronológica relativa para os diferentes tipos de rochas visíveis no afloramento.

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PARAGEM 3. Praia de Gondarém

Localização Esta paragem fica situada imediatamente a sul do local referenciado na Figura 10

como Praia de Gondarém.

Descrição geológica Neste local aflora um extenso corpo rochoso de cor negra que se destaca

nitidamente das rochas envolventes (Figura 17).

anfibolito

gnaisse

gnaisse

gnaisse

Figura 17 – Aspecto do anfibolito da Praia de Gondarém, à escala megascópica.

Trata-se de um anfibolito de grão fino, com aspecto homogéneo à escala

megascópica. Em zonas mais alteradas é visível uma foliação que, à escala

macroscópica, se verifica ser definida pelo alinhamento de cristais de anfíbola. De

norte para sul do afloramento, a foliação roda de N160ºE para N60ºE, como resultado

de um dobramento de eixo mergulhante 60º para N310ºE. Na zona central do

afloramento, e em relação com o dobramento referido, podem observar-se bonitas

dobras métricas, quer no anfibolito, quer nos gnaisses associados (Figura 18).

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anfibolito

gnaisse

pegmatito

metassedimentos

Figura 18 – Dobras métricas no anfibolito e rochas associadas.

Objectivos específicos - Distinguir o anfibolito das restantes litologias presentes;

- Analisar as características do anfibolito em diferentes escalas de observação;

- Reconhecer estruturas dobradas e medir as suas orientações.

Recomendações didácticas - É importante chamar de novo a atenção para a observação das rochas em

diferentes escalas e quais as características que podem ser descritas a cada

uma delas.

Actividades propostas (ver Anexo) - Descrever as características estruturais e texturais do anfibolito recorrendo a

diferentes escalas de observação;

- Utilizar a bússola para medir a orientação das estruturas dobradas.

LIVRO GUIA DE CAMPO 28 AVEIRO 2006

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PARAGEM 4. Estação de Zoologia Marítima

Localização Esta paragem situa-se a norte da Praia do Homem do Leme, próximo do edifício

da Estação de Zoologia Marítima (Figura 10).

Descrição geológica A norte da Praia do Homem do Leme desenvolve-se uma extensa mancha de

gnaisse leucocrata ocelado que se estende até à Praia do Castelo do Queijo. Este

gnaisse só foi identificado nesta zona e apresenta características texturais que

permitem a sua individualização relativamente às restantes fácies gnaissicas da

Unidade dos Gnaisses da Foz do Douro.

Em todo o afloramento a rocha evidencia ocelos de feldspato potássico+quartzo

com dimensão centimétrica. Apresenta uma foliação de orientação geral N120ºE,

localmente dobrada, e um cisalhamento dúctil direito que, em muitos casos, transpõe a

foliação (Figura19).

A

B

C

B

Figura 19 – Gnaisse leucocrata ocelado. Legenda: A - aspecto do gnaisse em afloramento (praia do Castelo do Queijo); B - aspecto dos ocelos C - pormenor dos ocelos com indicação da orientação e sentido de movimento (direito) do cisalhamento.

E1 – GEOLOGIA DA FAIXA LITORAL ENTRE LAVADORES E O CASTELO DO QUEIJO

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Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.

Espacialmente associados a esta rocha ocorrem metassedimentos com

características semelhantes às observadas nas restantes paragens. Em frente ao

edifício da Estação de Zoologia Marítima, as relações geométricas entre estas rochas

e o gnaisse leucocrata ocelado são muito claras, evidenciando o carácter intrusivo dos

gnaisses (Figura 20).

metassedimentos

gnaisse

gnaisse

metassedimentos

Figura 20 – Contacto do gnaisse leucocrata ocelado com os metassedimentos. Legenda: A – afloramento em frente do edifício da Estação de Zoologia Marítima; B - pormenor do contacto discordante do gnaisse com os metassedimentos

Ao longo do percurso até à praia do Castelo do Queijo podem ainda observar-se

alguns aspectos de erosão dos gnaisses, nomeadamente marmitas de erosão marinha

devidas ao movimento turbilionar da água (Figura 21).

Figura 21 – Marmitas de erosão marinha sobre a plataforma de erosão actual, nos gnaisses leucocratas

ocelados.

LIVRO GUIA DE CAMPO 30 AVEIRO 2006

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Objectivos específicos - Observar as características estruturais e texturais dos gnaisses ocelados;

- Analisar as relações geométricas entre os gnaisses ocelados e os

metassedimentos;

- Reconhecer marmitas de erosão marinha nos gnaisses.

Recomendações didácticas - Alertar os alunos para as diferenças texturais e estruturais entre o gnaisse

leucocrata de tendência ocelada (Paragem 1) e o gnaisse leucocrata ocelado

desta paragem.

Actividades propostas (ver Anexo) - Fazer um esboço que ilustre o movimento do cisalhamento utilizando como

referência os ocelos.

E1 – GEOLOGIA DA FAIXA LITORAL ENTRE LAVADORES E O CASTELO DO QUEIJO

AVEIRO 2006 31 LIVRO GUIA DE CAMPO

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PARAGEM 5. Praia do Castelo do Queijo

Localização Esta paragem inicia-se no local referenciado na Figura 10 como Praia do Castelo

do Queijo e prolonga-se, no sentido norte, até ao Castelo do Queijo (Forte de

S.Francisco Xavier).

Descrição geológica Para além de aspectos texturais e estruturais do gnaisse leucocrata ocelado, e da

relação espacial entre esta rocha e os metassedimentos, em tudo semelhantes ao

descrito para a paragem anterior, é possível observar, na zona central da Praia do

Castelo do Queijo, o contacto discordante do granito do Castelo do Queijo com os

metassedimentos, aqui com uma foliação de direcção E-W (Figura 22).

A

metassedimentos granito

B

granito

metassedimentos

Figura 22 – Contacto dos metassedimentos com o granito do Castelo do Queijo. Legenda: A - aspecto do

afloramento da praia do Castelo do Queijo; B - pormenor onde se observa o contacto discordante do granito com a foliação dos metassedimentos.

A variação brusca da orientação da foliação neste sector da praia (N120º E.para E-

W), parece apontar para a presença de uma importante fractura nesta zona,

eventualmente uma banda de cizalhamento.

Neste local é ainda de destacar a influência da estrutura na morfologia das

diferentes litologias. Enquanto no granito a morfologia é dominada por grandes blocos

LIVRO GUIA DE CAMPO 32 AVEIRO 2006

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condicionados pelo diaclasamento da rocha (caos de blocos), nos gnaisses é a

foliação que condiciona a morfologia sendo claramente visíveis na paisagem

corredores de erosão orientados segundo a direcção da foliação (Figura 23).

A

B Figura 23 – Aspectos geomorfológicos dos gnaisses e granitos na praia do Castelo do Queijo. Legenda:

A - gnaisse leucocrata ocelado; B - granito do Castelo do Queijo.

Para norte, em direcção ao Forte de S. Francisco Xavier (Castelo do Queijo),

podem observar-se diferentes aspectos texturais e estruturais do granito. Trata-se de

uma rocha com tendência porfiróide, de grão médio a grosseiro, biotítico, que por

vezes evidencia a presença de encraves microgranulares de rochas melanocratas

tonalíticas (Teixeira, 1970; Noronha, 2000).

Ao microscópio apresenta quartzo, feldspatos (normalmente oligoclase, microclina

pertítica e rara albite). A biotite é a mica mais abundante (Assunção, 1962; Noronha,

1994, 2000), mostrando uma orientação aleatória na maior parte do maciço embora,

localmente, tenda a orientar-se segundo a direcção N130Eº, orientação esta que se

torna mais nítida e persistente nas imediações do contacto com os metassedimentos.

Este granito é afectado por uma deformação frágil pós-cristalina, claramente visível em

lâmina delgada (Borges et al., 1985, 1987; Marques et al., 1994; Noronha, 1994).

A rocha apresenta um diaclasamento sub-vertical bastante regular, distribuído por

duas famílias com orientação N30ºE e N130ºE, e uma terceira família sub-horizontal,

que na parte norte do Forte de S. Francisco Xavier originou um dispositivo em

escadaria.

E1 – GEOLOGIA DA FAIXA LITORAL ENTRE LAVADORES E O CASTELO DO QUEIJO

AVEIRO 2006 33 LIVRO GUIA DE CAMPO

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Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.

Junto à fachada ocidental do forte afloram filões de uma rocha leucocrata de grão

fino, porfirítica (pórfiros graníticos), com orientação segundo a direcção N60ºE (Figura

24).

A B

Figura 24 – Filão de rocha porfirítica no granito do Castelo do Queijo. Legenda: A – aspecto do filão em afloramento; B - pormenor da textura porfirítica.

Objectivos específicos - Analisar as relações geométricas entre as diferentes rochas presentes;

- Reconhecer a influência da estrutura na morfologia;

- Fazer a síntese geral dos percursos.

Recomendações didácticas - Comparar as características mineralógicas e texturais do Granito de Lavadores e

do Castelo do Queijo.

Actividades propostas (ver Anexo) - Ordenar cronologicamente, dos mais antigos (1) para os mais recentes (5), os

diferentes tipos de rocha observados no decurso do itinerário, e que a seguir se

listam.

Granito do Castelo do Queijo

Gnaisses Metassedimentos Anfibolitos

Filões de pórfiroGranito de Lavadores

Granito do Castelo do Queijo

Gnaisses Metassedimentos Anfibolitos

Filões de pórfiroGranito de Lavadores

LIVRO GUIA DE CAMPO 34 AVEIRO 2006

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6. Referências bibliográficas

Assunção, C. F. T., 1962. Rochas Graníticas do Minho e Douro. Novos elementos para o seu conhecimento. Mem. Serv. Geol. Portg., Nova Série, 10: 33-65. Borges, F. S., Noronha, F. & Marques, M., 1985. Excursão Geológica no Complexo Gnáissico da Foz do Douro. In: Livro-guia das excursões geológicas da IX Reunião de Geologia do Oeste Peninsular, Universidade do Porto. Borges, F. S., Noronha, F. & Marques, M., 1987. Metamorphic terrains of Foz do Douro. In: Ribeiro, A., Dias, R., Pereira, E., Merino, H., Borges, F. S., Noronha, F. & Marques, M., Coords, Guide-book for the Miranda do Douro-Porto Excursion. Conference on Deformation and Plate Tectonics, Oviedo, p. 11-19. Bravo, M. S. & Abrunhosa, M. J., 1978. Sobre a petrografia, composição e origem dos anfibolitos da Foz do Douro (Porto-Portugal). Publ. Mus. Labor. Miner. Geol. Fac. Ciênc. Univ. Porto, 4ª Sér., 95: 7-26. Carta Geotécnica do Porto, 1994. Câmara Municipal do Porto, COBA, FCUP. 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E1 – GEOLOGIA DA FAIXA LITORAL ENTRE LAVADORES E O CASTELO DO QUEIJO

AVEIRO 2006 35 LIVRO GUIA DE CAMPO

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XXVI CURSO DE ACTUALIZAÇÃO DE PROFESSORES DE GEOCIÊNCIAS

Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.

Anexo Apoio científico para auxiliar no desenvolvimento

das actividades propostas

Percurso 1. Praia de Lavadores

PARAGEM 1. Em frente ao Restaurante Casa Branca

Actividades propostas - Fazer uma descrição litológica (textura e mineralogia) do granito.

O granito tem textura granular, com megacristais de dimensão variada (1 cm a 10 cm), e matriz com grão

médio a grosseiro. Com base nestas características, o granito deve ser descrito como porfiróide, de grão

médio a grosseiro.

Macroscopicamente é possível identificar biotite (ou mica preta), quartzo, e feldspato (feldspato

potássico de cor rósea em megacristais e na matriz, e plagioclase de cor branca). Trata-se de um granito

biotítico.

matriz

megacristais

feldspato potássico

quartzo

biotite

plagioclase

- Caracterizar o tipo de encraves presentes.

Os encraves mais frequentes têm coloração mais escura que o granito e textura evidenciando

granularidade fina ou microcristalina, por vezes com alguns megacristais de feldspato (A). Têm contactos

bruscos com o granito, formas em geral ovaladas ou alongadas, e dimensões muito variadas desde

poucos centímetros a mais de 20 cm. Ocorrem dispersos por todo o maciço, mas com concentração

preferencial em algumas zonas.

Nas proximidades do bordo do maciço granítico, ocorre com mais frequência um outro tipo de

encraves, com orientação interna nítida e, por vezes, com zonas de diferente composição, evidenciando

características de rochas metamórficas (B). Estes encraves apresentam formas mais irregulares (não

ovaladas). São resultante de fragmentos da ou das rochas encaixantes do granito, e designam-se por

xenólitos. Foram envolvidos no magma durante o processo de instalação do maciço, sendo esta

interpretação suportada nas características litológicas dos encraves e na sua comparação com as

litologias do encaixante.

A B

LIVRO GUIA DE CAMPO 36 AVEIRO 2006

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SIMPÓSIO IBÉRICO DO ENSINO DA GEOLOGIA XIV SIMPOSIO SOBRE ENSEÑANZA DE LA GEOLOGÍA XXVI CURSO DE ACTUALIZAÇÃO DE PROFESSORES DE GEOCIÊNCIAS

- Fazer um esboço que evidencie a relação entre os megacristais de feldspato e os encraves e estabelecer a sua cronologia relativa.

Como é visível na Figura 6C, existem aspectos evidenciando o crescimento de feldspato sobre a

linha de contacto entre os encraves e o granito, o que demonstra a prévia existência das duas litologias

lado a lado. Ou seja, os megacristais são posteriores.

granito

encrave

megacristal

mais recente mais antigos

PARAGEM 2. Uns metros a sul do Restaurante Casa Branca

Actividades propostas

- Fazer um esboço que evidencie as relações de terreno entre os tipos de rocha presentes no afloramento.

No afloramento são observáveis diferentes litologias: granito biotítico (o mesmo descrito na paragem

anterior), anfibolitos, gnaisses e rochas metassedimentares (rochas xistentas) com dobramento evidente

e ainda filões aplito-pegmatícos. Ver esquema da figura 9A.

- Caracterizar os contactos geológicos observados.

Os contactos observados entre as diferentes litologias são sempre bruscos (não se observam

contactos graduais).

O granito biotítico contacta com diversas litologias, nomeadamente com os metassedimentos, com os

gnaisses e com os anfibolitos. Este facto indica, desde logo, um contacto em descontinuidade,

interpretação que é reforçada pelo carácter discordante do contacto entre o granito e os

metassedimentos, uma vez que o contacto corta a foliação dobrada dos metassedimentos (Figura 9A).

Os contactos entre os gnaisses e os metassedimentos são concordantes com a foliação gnáissica e

com o alinhamento dos planos axiais do dobramento dos metassedimentos. Os anfibolitos definem corpos

alongados paralelamente ao alinhamento dos gnaisses e metassedimentos. Estes factos favorecem a

interpretação de que estas litologias (metassedimentos, anfibolitos e gnaisses) sofreram uma deformação

conjunta, que ocorreu anteriormente à instalação do maciço granítico.

O filão aplito-pegmatítico tem contactos discordantes com todas as outras litologias (Figuras 7D e

9E).

- Estabelecer a sequência cronológica dos diferentes tipos de rochas observadas neste afloramento.

A sequência cronológica é estabelecida tendo em conta a geometria dos contactos mútuos e a

composição e estrutura interna dos diferentes litótipos. Do mais antigo para o mais recente teremos:

E1 – GEOLOGIA DA FAIXA LITORAL ENTRE LAVADORES E O CASTELO DO QUEIJO

mais antigo mais recente

metssedimentos anfibolitos granitos sbiotítico aplito-pegmatitos gnaisses

AVEIRO 2006 37 LIVRO GUIA DE CAMPO

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Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.

PARAGEM 3. Pedras Amarelas

Actividades propostas

- Confirmar critérios que permitem caracterizar os gnaisses como ortognaisses.

Os gnaisses apresentam encraves de rochas xistentas com foliação e com dobramentos evidentes e

alguns encraves de metassedimentos com anfibolitos. Estes materiais representam encraves do

encaixante numa rocha magmática intrusiva de composição granítica que seria o protólito destes gnaisses

leucocratas. Tratando-se de rochas gnáissicas de origem ígnea são designados por ortognaisses.

- Descrever as estruturas do maciço gnáissico.

O maciço gnáissico apresenta foliação não uniforme. Existem zonas onde é pouco nítida e com

orientação por vezes difusa, mas no geral a orientação é N110ºE a N115ºE. Existe uma direcção de

diaclasamento muito penetrativa que é paralela a esta foliação (N110ºE a N120ºE;65º-70ºNE) e uma outra

quase perpendicular com orientação N60ºE;70ºNW.

- Comparar a morfologia dos gnaisses com a dos granitos, relacionando-a com a estrutura do maciço.

O diaclasamento nos gnaisses é mais penetrativo do que no granito, e como uma das orientações de

diaclasamento é paralela à foliação (N110ºE a N120ºE), esta vai condicionar a morfologia e a alteração do

afloramento. No granito o diaclasamento define três famílias ortogonais (duas verticais e uma horizontal)

permitindo a individualização de bolas.

Percurso 2. Complexo Metamórfico da Foz do Douro

PARAGEM 1. Sul da Praia dos Ingleses

Actividades propostas - Descrever os aspectos macroscópicos que permitem classificar a rocha como

gnaisse.

Segundo a subcomissão para a classificação das rochas metamórficas (SCMR) do IUGS, um gnaisse

é uma rocha de grão médio a grosseiro, essencialmente constituída por feldspato e quartzo, com uma

foliação pouco desenvolvida ou, se bem desenvolvida, ocorrendo em domínios espaçados à escala

macroscópica (≤1cm). Apresenta normalmente uma estrutura bandada que reflecte uma variação

composicional e/ou estrutural.

Neste afloramento a rocha tem de grão médio a grosseiro, é essencialmente constituída por quartzo

e feldspato, e apresenta uma foliação penetrativa à escala macroscópica, razões pelas quais foi

classificada como um gnaisse.

- Fazer um esboço que represente a relação entre os filões deformados e o gnaisse, com indicação da idade relativa entre as duas rochas.

Na Figura 12 é visível um contacto brusco e discordante entre a foliação do filão (rocha de grão fino)

e a foliação do gnaisse, o que evidencia a presença de uma deformação sobreposta à foliação do gnaisse

LIVRO GUIA DE CAMPO 38 AVEIRO 2006

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e, por conseguinte, que o filão é posterior ao gnaisse.

E1 – GEOLOGIA DA FAIXA LITORAL ENTRE LAVADORES E O CASTELO DO QUEIJO

folia

ção

gnais

sedo

contacto paralelo à foliação do filão

folia

ção

gnais

sedo

contacto paralelo à foliação do filãognaisse rocha mais antiga

filão deformarocha mais rec

do ente

PARAGEM 2. Praia dos Ingleses

Actividades propostas

- Com base nas relações geométricas observadas, estabelecer uma sequência cronológica relativa para os diferentes tipos de rochas visíveis no afloramento.

A sequência cronológica pode ser estabelecida com base na geometria dos contactos observados

entre as rochas presentes, nomeadamente entre os metassedimentos e o gnaisse biotítico (Figura 13) e

entre este e os pegmatitos e filões de quartzo (Figura 14), ou atendendo à composição e estrutura interna

da rocha, no caso da brecha ígnea (Figura 15). Neste afloramento, do mais antigo para o mais recente,

teremos:

metssedimentos gnaisses biotíticos pegmatitos filões de quartzo brecha ígnea

mais recentemais antigo

PARAGEM 3. Praia de Gondarém

Actividades propostas

- Descrever as características estruturais e texturais do anfibolito recorrendo a diferentes escalas de observação.

À escala megascópica, o anfibolito da Praia de Gondarém é negro, homogéneo, destacando-se

claramente das rochas envolventes. A sua orientação geral muda de direcção, de norte para sul do

afloramento, indicando a presença de uma dobra de grandes dimensões. No seio do anfibolito, e

seguindo a sua orientação geral, destacam-se filonetes de cor mais clara. A esta escala a foliação é difícil

de reconhecer, só sendo visível em zonas alteradas.

À escala macroscópica a rocha mostra grão fino, uma cor esverdeada e uma foliação definida pelo

alinhamento de cristais de anfíbola facilmente identificáveis à lupa e, em locais com maior alteração, a

olho nú. Apresenta dobras métricas e centimétricas com eixos mergulhantes para NW.

- Utilizar a bússola para medir a orientação das estruturas dobradas.

A bússola é utilizada para determinar a orientação espacial (atitudes) de planos (por exemplo

estratificações, foliações, diaclases e falhas) ou de rectas (tais como lineações e eixos de dobras).

AVEIRO 2006 39 LIVRO GUIA DE CAMPO

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Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.

A atitude de um plano é definida pela direcção (ângulo que a recta horizontal do plano faz com o

norte) e inclinação (ângulo da linha de maior declive do plano com a sua projecção horizontal). A notação

utilizada para representar a atitude de um plano compreende dois valores, o primeiro correspondente à

direcção do plano, e o segundo ao ângulo de inclinação e quadrante geográfico para o qual o plano

inclina. No esquema, o plano tem a atitude N120ºE;76ºSW.

direcção

recta de maior declive

76º

inclinação

N120º

direcção

recta de maior declive

76º

inclinação

N120º

Para medir com a bússola a atitude de um plano, deve proceder-se do seguinte modo:

Determinação da direcção A A

B

1. colocar a bússola encostada à recta

horizontal do plano (A) e rodá-la para a posição

horizontal (B);

2. sem retirar a bússola da sua posição, rodar

o mostrador graduado até fazer coincidir a

agulha magnética com a seta que indica o

norte;

3. anotar o menor valor angular indicado pelos pontos de referência do mostrador graduado.

Determinação da inclinação

1. rodar o mostrador graduado de modo a que a escala do clinómetro (incluída no corpo da bússola)

fique com os valores 90º orientados paralelamente aos lados da bússola (C);

inclinação

recta de maior declive

projecção horizontalda recta de maior declive

inclinação

recta de maior declive

projecção horizontalda recta de maior decliveD

C

2. colocar a bússola na posição vertical e paralela à

recta de maior declive do plano (D);

3. anotar o valor do ângulo indicado no clinómetro e o

sentido de inclinação (quadrante geográfico).

A atitude de uma recta, por sua vez, é definida pelo ângulo de inclinação (ou mergulho) da recta

(ângulo que a recta faz com a sua projecção horizontal) e pelo azimute da inclinação (ângulo da projecção

horizontal da recta com o norte), sendo representada pela seguinte notação: 30º;N300ºE, onde 30º é o

ângulo de inclinação e N300ºE (ou N60ºW) o azimute da recta (ver esquema).

LIVRO GUIA DE CAMPO 40 AVEIRO 2006

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mergulho30º

azimuteN60ºW ou N310ºE

eixo da dobra

Nmergulho

30ºazimute

N60ºW ou N310ºE

eixo da dobra

N

Para medir com a bússola a inclinação de uma recta, utiliza-se o procedimento descrito para a

determinação da inclinação de um plano. Neste caso, todavia, a bússola é colocada na posição vertical

sobre a recta cuja inclinação se pretende medir. Para facilitar a medição é normal materializar a recta

(lineação ou eixo de uma dobra, por exemplo) com um lápis ou qualquer outro objecto semelhante.

O azimute é determinado com a bússola horizontal e colocada paralelamente à projecção horizontal

(imaginada) da recta. Nessa posição roda-se o mostrador graduado até fazer coincidir a agulha magnética

com a seta que indica o norte, e regista-se o valor correspondente à direcção de mergulho da recta.

PARAGEM 4. Estação de Zoologia Marítima

Actividades propostas

- Fazer um esboço que ilustre o movimento do cisalhamento utilizando como referência os ocelos.

Os cisalhamentos dúcteis correspondem a faixas de deformação produzidas pela aplicação de

tensões oblíquas. Em materiais anisotrópcos, nomeadamente em rochas com foliação ou com cristais

mais desenvolvidos, a deformação no interior das faixas conduz ao desenvolvimento de formas

sigmoidais, cuja geometria permite determinar o sentido do movimento do cisalhamento (direito ou

esquerdo). No caso do gnaisse leucocrata ocelado, a forma dos ocelos indica um movimento direito

(sentido de rotação da esquerda para a direita) como o representado na Figura 19 e no esquema

seguinte.

sentido de movimento

do cisalhamento

ocelos

E1 – GEOLOGIA DA FAIXA LITORAL ENTRE LAVADORES E O CASTELO DO QUEIJO

AVEIRO 2006 41 LIVRO GUIA DE CAMPO

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Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.

PARAGEM 5. Praia do Castelo do Queijo

Actividades propostas

- Ordenar cronologicamente, dos mais antigos (1) para os mais recentes (5), os diferentes tipos de rocha observados no decurso do itinerário, e que a seguir se listam.

Tendo em consideração as relações geométricas observadas entre os diferentes tipos de rochas

desde Lavadores até ao Castelo do Queijo, e as sequências cronológicas estabelecidas na paragem 2 de

Lavadores e na paragem 2 do Complexo Metamórfico da Foz do Douro, podemos ordenar

cronologicamente, dos mais antigos para os mais recentes, os principais litótipos presentes em todo o

itinerário, como se segue:

Granito do Castelo do Queijo

Gnaisses

Metassedimentos

Anfibolitos

Filões de pórfiro

Granito de Lavadores

1

2

3

4

5

mais antigos

mais recentes

Granito do Castelo do Queijo

Gnaisses

Metassedimentos

Anfibolitos

Filões de pórfiro

Granito de Lavadores

Granito do Castelo do Queijo

Gnaisses

Metassedimentos

Anfibolitos

Filões de pórfiro

Granito de Lavadores

1

2

3

4

5

mais antigos

mais recentes

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