2006 sieg lavadores foz (ribeiro et al)
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SIMPÓSIO IBÉRICO DO ENSINO DA GEOLOGIA XIV SIMPOSIO SOBRE ENSEÑANZA DE LA GEOLOGÍA XXVI CURSO DE ACTUALIZAÇÃO DE PROFESSORES DE GEOCIÊNCIAS
Geologia da Faixa Litoral entre
Lavadores e o Castelo do Queijo
Mª dos Anjos Ribeiro (1) Manuela Marques (1) Clara Vasconcelos (1)
Deolinda Flores (1)
(1) Departamento de Geologia da Universidade do Porto, Porto.
E1 – GEOLOGIA DA FAIXA LITORAL ENTRE LAVADORES E O CASTELO DO QUEIJO
AVEIRO 2006 7 LIVRO GUIA DE CAMPO
SIMPÓSIO IBÉRICO DO ENSINO DA GEOLOGIA XIV SIMPOSIO SOBRE ENSEÑANZA DE LA GEOLOGÍA
XXVI CURSO DE ACTUALIZAÇÃO DE PROFESSORES DE GEOCIÊNCIAS
Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.
1. Localização do itinerário
O itinerário proposto localiza-se na orla litoral do Grande Porto e compreende dois
percursos distintos, o primeiro ao longo da Praia de Lavadores, situada a sul da foz do
Rio Douro, em Vila Nova de Gaia, e o segundo a norte da foz do mesmo rio, na orla
litoral da cidade do Porto, entre o molhe de Felgueiras e o Forte de S. Francisco
Xavier, vulgarmente conhecido como Castelo do Queijo (Figura 1).
Os dois locais são de fácil acesso por automóvel, ou utilizando os transportes
públicos urbanos, nomeadamente o autocarros nº 93 para Lavadores, e os nº 21, 200
e 502 (entre outros) para a praia do Castelo do Queijo, todos eles com origem no
centro da cidade do Porto.
Os percursos serão percorridos a pé, sem dificuldade, efectuando-se sobre
afloramentos graníticos em Lavadores, e ao longo da praia no Complexo Metamórfico
da Foz do Douro. Chama-se a atenção para o facto de alguns aspectos geológicos,
particularmente os mais interessante, só poderem ser observados na baixa-mar.
Percurso 1
Percurso 2
Figura 1 – Localização dos percursos 1 e 2, na Foz do Rio Douro e na Praia de Lavadores.
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2. Introdução geral à geologia do itinerário
A geologia desta zona é dominada pela presença de uma estreita faixa de rochas
metamórficas intruídas por granitos variscos muito bem representados em Lavadores
e no Castelo do Queijo (Figura 2). Estes granitos pertencem ao grupo dos granitos tardi-
variscos, com uma idade do Estefaniano inferior.
Para o granito de Lavadores foi determinada uma idade de instalação de 298 ± 12.3
Ma (Martins et al., 2001) embora, em trabalhos anteriores, tenham sido obtidas idades
um pouco mais antigas, nomeadamente 346±14Ma para a biotite de Lavadores
(Mendes, 1967/1968) e 314 ± 11Ma para o Granito de Lavadores por análise isotópica
Rb-Sr rocha total (Silva, 1995).
Estes granitos tardi-variscos são granitos porfiróides de grão médio a grosseiro,
biotíticos, embora possam apresentar alguma moscovite, com cristais bem
desenvolvidos (megacristais) róseos e/ou brancos de feldspato potássico e encraves
de diferentes tipos e composições (Matos Alves, 1966; Silva, 2001). Estes aspectos
texturais são mais evidentes no granito de Lavadores, embora alguns deles possam
também ser observados no granito do Castelo do Queijo. No seu conjunto este granitos
definem um alinhamento paralelo à zona de cisalhamento Porto-Tomar, que terá
condicionado a sua instalação (Chaminé et al., 2003).
Nos dois locais, os granitos são atravessados por um grande número de diaclases
subverticais, com direcções médias N30ºE a N40ºE e N120ºE a N130ºE, as quais
condicionam a morfologia granítica da região, quer em Lavadores quer no Castelo do
Queijo.
O contacto destes granitos com as rochas metamórficas encaixantes, gnaisses,
anfibolitos e micaxistos, pode ser observado em ambos os percursos.
Figura 2 – Mapa geológico simplificado (Martins et al, 2003). Legenda: 1 – Depósitos do Quaternário; 2 – Granito da Madalena; 3 – Granito de Lavadores; 4 – Granito do Castelo do Queijo; 5 – Granito do Porto; 6 – Complexo Xisto-Grauváquico; 7 – Unidade dos Gnaisses da Foz do Douro; 8 - Falhas.
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Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.
A faixa metamórfica está bem desenvolvida a norte da Foz do Rio Douro, entre o
molhe de Felgueiras (Foz do Douro) e a praia do Castelo do Queijo, sendo representada
por rochas metassedimentares espacialmente associadas a ortognaisses e a
anfibolitos que, no seu conjunto, constituem o “Complexo Metamórfico da Foz do
Douro” (CMFD) (Borges et al., 1985, 1987; Noronha, 1994; Noronha & Leterrier, 1995,
2000; Marques et al., 2000). Estas rochas foram incluídas em duas unidades
tectonoestratigráficas distintas (Carta Geotécnica do Porto, 1994; Noronha, 1994), a
Unidade de Lordelo do Ouro (ULO) e a Unidade dos Gnaisses da Foz do Douro
(UGFD) (Figura 3).
A ULO contacta a Leste, por acidente tectónico, com o granito do Porto (γ’3) e a
Oeste com a UGFD. Constitui uma estreita faixa de rochas metassedimentares
dobradas cujas foliações são discordantes das foliações presentes nos ortognaisses
associados (Borges et al., 1985; Ribeiro e Pereira, 1992).
A UGFD é representada por diferentes ortognaisses, por vezes intensamente
deformados, devido à presença de corredores de cisalhamento. Com base em critérios
texturais, mineralógicos e estruturais foi possível distinguir, nesta unidade, vários tipos
de gnaisses, nomeadamente, gnaisses biotíticos de composição tonalítica e gnaisses
leucocratas, gnaisses leucocratas de tendência ocelada e gnaisses leucocratas
ocelados (Borges et al., 1985, 1987).
Associados às rochas gnaissicas da UGFD e aos metassedimentos da ULO
ocorrem anfibolitos de origem magmática com afinidade toleítica (Bravo e Abrunhosa,
1978). Cobertura Sedimentar at - aterros recentes a - aluviões Q - depósitos marinhos PQ - depósitos fluviais
Rochas metamórficas (CMFD) LO - Unidade de Lordelo do Ouro (micaxistos, milonitos, anfibolitos) FD – Unidade dos Gnaisses da Foz do Douro (ortognaisses biotíticos e o celados, gnaisses miloníticos, anfibolitos)
Figura 3 – Mapa geológico-estrutural da faixa metamórfica da Foz do Douro (segundo a Carta Geológica da
Carta Geotécnica do Porto, 1994).
Estudos de geocronologia efectuados sobre as rochas gnáissicas (método do U/Pb
em zircões) atribuem uma idade de 575 + 5 Ma aos gnaisses biotíticos e de 607 + 17
Ma aos gnaisses leucocratas de tendência ocelada (Noronha e Leterrier 1995;
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Leterrier e Noronha, 1998; Noronha & Leterrier, 2000). Os dados geoquímicos obtidos
pelos mesmos autores indicam, ainda, uma origem profunda com contribuição mantélica
para os gnaisses biotíticos, e uma origem francamente crustal para os gnaisses
leucocratas de tendência ocelada. Os anfibolitos, por sua vez, apresentam
composições químicas compatíveis com basaltos do tipo MORB (Mid-Ocean Ridge
Basalts), e são anteriores a todas as fácies gnaissicas.
3. Objectivos gerais do itinerário
O itinerário geológico proposto tem como objectivos principais a análise de
aspectos estruturais e texturais em rochas magmáticas graníticas e em rochas
metamórficas de diferentes tipos, bem como a análise e discussão do significado das
suas relações geométricas no terreno. Atendendo à heterogeneidade e complexidade
geológica da zona, destacam-se os seguintes objectivos específicos para cada sector:
1. Granito de Lavadores e zona envolvente (Percurso 1) - Observar estruturas e texturas magmáticas em granitos;
- Observar e interpretar estruturas primárias e secundárias em granitos;
- Descrever e analisar os aspectos relativos aos encraves e interpretar o seu
significado;
- Analisar as relações geométricas entre granitos e rochas metamórficas;
- Observar e interpretar os diferentes aspectos geomorfológicos.
2. Complexo Metamórfico da Foz do Douro (Percurso 2) - Reconhecer litologias e estruturas em rochas metamórficas;
- Analisar os contactos geológicos entre diferentes tipos de rochas
(magmáticas e/ou metamórficas);
- Observar e analisar estruturas tectónicas, nomeadamente, dobras,
cisalhamentos, falhas e diáclases;
- Utilizar a bússola para determinação da orientação espacial de estruturas
geológicas;
- Analisar a influência da litologia e da estrutura na morfologia.
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4. Trabalho prévio com os alunos Para ambos os percursos é necessário uma preparação prévia dos alunos
relativamente aos seguintes aspectos:
- Litologias mais frequentes em rochas graníticas e metamórficas, nomeadamente
com base na análise macroscópica de amostras recolhidas no local;
- Parâmetros de caracterização e classificação macroscópica de rochas, em
particular parâmetros texturais e mineralógicos;
- Noções básicas sobre deformação dúctil e frágil e tipo de estruturas resultantes;
- A bússola como instrumento para medição de orientações espaciais de
estruturas geológicas;
- Processos de alteração e erosão das rochas e morfologias associadas;
- Enquadramento geológico da zona no contexto geotectónico da Península
Ibérica.
5. Descrição das paragens
5.1. Percurso 1. Praia de Lavadores
Localização O percurso inicia-se na Praia de Lavadores, em frente ao restaurante Casa
Branca, e prossegue para sul ao longo do litoral, sobre os afloramentos graníticos
(Figura 4).
P1 P2
P3
Figura 4 – Localização das paragens do percurso 1, na Praia de Lavadores.
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PARAGEM 1. Em frente ao Restaurante Casa Branca
Localização Esta paragem situa-se sobre os rochedos na zona em frente ao restaurante Casa
Branca.
Descrição geológica Litologia
O granito de Lavadores é um granito porfiróide, com matriz de grão médio a
grosseiro, biotítico (biotite primária), podendo apresentar alguma moscovite e
abundantes megacristais de felspato potássico (Figura 5A).
Nos megacristais, a incidência da luz solar permite verificar a existência de um
plano que divide o megacristal em duas zonas com diferente orientação cristalográfica
– plano de macla (macla de Karlsbad) (Figura 5B). Os megacristais apresentam outra
característica importante, a presença de orlas de crescimento tardio relativamente à
cristalização da matriz envolvente, muitas vezes evidenciadas por «linhas
concêntricas» de concentração de biotite (Figura 5D). Verifica-se que a quantidade de
megacristais é muito variável, havendo zonas em que se observa grande
concentração destes, em detrimento de outras em que ocorrem de modo mais
disperso (Figura 5C).
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B
D
A
CC
Figura 5 – Aspectos texturais e mineralógicos do granito de Lavadores. Legenda: A - granito porfiróide,
com matriz de grão médio a grosseiro, biotítico, com megacristais de feldspato potássico; B - megacristal de feldspato potássico com plano de macla (macla de Karlsbad) evidente; C - zonas em que se observa grande concentração de megacristais de feldspato potássico; D - orlas de crescimento tardio relativamente à cristalização da matriz envolvente, evidenciada por concentração de biotite.
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Este granito é, ainda, caracterizado pela presença de numerosos encraves
mesocratas e melanocratas, em geral microgranulares, por vezes com alguma
tendência porfiróide. Estes encraves têm dimensões variáveis, contactos bruscos e
formas mais ou menos ovaladas. Em alguns locais do afloramento, os encraves
ocorrem em concentrações, por vezes alinhadas (corredores de encraves ou enxames
de encraves) que parecem representar, no seu conjunto, estruturas magmáticas
relacionadas com a instalação e o fluxo do magma (Figura 6A).
Estes aspectos poderão ser explicados por cristalização, mais ou menos
simultânea, de dois magmas imiscíveis e com diferentes viscosidades,
correspondendo um deles a um magma granítico, e o outro, a um magma
possivelmente de composição tonalítica (Silva, 2001).
Existem também xenólitos, ou seja, encraves que representam fragmentos das
rochas encaixantes. Estes são, em geral, foliados (o encaixante compreende gnaisses,
micaxistos e anfibolitos ou xistos anfibólicos), e mais abundantes nos bordos do
maciço granítico (Figura 6B). Verifica-se que alguns dos encraves apresentam
megacristais de feldspato potássico, alguns deles desenvolvendo-se sobre o contacto
entre o encrave e o granito envolvente (Figura 6C). Noutros casos, observa-se uma
feldspatização mais intensa na envolvente do encrave (Figura 6D).
A
B
C D
Figura 6 – Aspectos relativos aos encraves do Granito de Lavadores. Legenda: A - corredor de encraves; B - encraves de diferente natureza, o de maiores dimensões é um xenólito com foliação evidente e englobando micaxistos e gnaisses (rochas do encaixante); C - megacristal de feldspato potássico sobre o contacto entre um encrave microgranular e o granito envolvente; D - orlas de feldspatização envolvendo um encrave microgranular.
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Estrutura do maciço
O maciço granítico apresenta-se com uma coloração amarelada, individualizando-
se na paisagem blocos de grandes dimensões (Figura 7A). Em superfícies mais
recentes, a rocha apresenta uma coloração rosada devido à presença do feldspato
potássico (Figura 7B). À escala do maciço verifica-se que o granito é isotrópico, não
evidenciando uma orientação preferencial. Todavia não é homogéneo, uma vez que
mostra heterogeneidade na distribuição e abundância dos megacristais e dos
encraves.
Para além destes aspectos, são também observáveis estruturas típicas de fluxo
magmático, caracterizadas pelo alinhamento de bandas escuras essencialmente
constituídas por biotite (Figura 7C).
Em várias zonas do maciço são visíveis filões aplito-pegmatítcos e quartzosos,
sub-horizontais e verticais centimétricos, que se instalaram em fracturas numa fase
tardia em que o maciço já tinha comportamento frágil (Figura 7D).
O maciço granítico apresenta um diaclasamento bastante regular, agrupado em
três famílias principais, duas sub-verticais (N30ºE a N40ºE e N120ºE a N130ºE) e uma
sub-horizontal (Figura 7E).
Geomorfologia O sistema de fracturação associado à acção química e mecânica da água,
originaram uma morfologia típica deste tipo de rochas, permitindo a formação de
grandes blocos com disjunção esferoidal (esfoliação) associada às superfícies de
diaclasamento.
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Figura 7 – Aspectos relativos à estrutura do Maciço Granítico de Lavadores. Legenda: A - aspecto da
coloração amarelada e da individualização de blocos de grandes dimensões condicionados pela fracturação do maciço; B - cor cinzento róseo do granito quando não alterado; C - estruturas de fluxo magmático, marcadas por biotite; D - filões sub-horizontais; E - diaclasamento sub-vertical.
E
B
C
A
D
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Junto ao mar existem algumas plataformas de granito resultantes da acção erosiva
das ondas – plataforma de abrasão actual (Ferreira et al., 1995) correspondendo à
zona inter-marés. Observando a superfície dos blocos graníticos que se estendem
para norte, ao longo da costa, é possível interpretar a superfície de abrasão anterior,
agora em desmantelamento (Figuras 8A e B). Observam-se, também, estruturas
circulares, mais ou menos profundas, que se designam de marmitas - marmitas de
gigante (Figura 8C).
É ainda possível observar aspectos que reflectem a predominância do tipo de
meteorização:
- esssencialmente física, na plataforma de abrasão actual, onde é possível
observar filonetes e megacristais de feldspato e encraves em relevo, devido à sua
maior resistência à abrasão (erosão diferencial);
- essencialmente química, acima da zona de inter-marés, e concentrada em zonas
onde a água tem papel importante, nomeadamente nas marmitas e nas diaclases,
resultando numa meteorização química mais intensa dos minerais mais alteráveis, ou
seja, dos encraves e dos feldspatos.
A
B C
Figura 8 – Aspectos relativos à geomorfologia (Chaves et al., 2003). Legenda: A - aspecto da plataforma de abrasão actual no granito, com “marcas de ondulação” resultantes da acção erosiva das ondas – plataforma correspondendo à zona inter-marés; B - superfície dos blocos graníticos que se estendem ao longo da costa correspondente à superfície de abrasão mais antiga, agora em desmantelamento; C - alinhamento de marmitas de gigante.
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Objectivos específicos
- Observar e interpretar as texturas e estruturas do granito;
- Reconhecer as litologias presentes;
- Interpretar os contactos entre o granito e os encraves;
- Interpretar a relação dos filões e filonetes com o granito e com a sua fracturação;
- Reconhecer formas de erosão em granitos.
Recomendações didácticas - Chamar a atenção dos alunos para os parâmetros e critérios de caracterização
macroscópica de rochas, nomeadamente os conceitos de textura, estrutura e
composição mineralógica;
- Referir a importância e significado da escala de observação e descrição em
trabalho de campo: a litologia descreve-se e analisa-se à escala macroscópica
(escala de afloramento), a geomorfologia e estrutura do maciço deve ser
analisada à escala megascópica (integração entre distintos afloramentos);
- Alertar para a perigosidade de subir a alguns dos blocos graníticos,
nomeadamente os que apresentam a superfície com algas, por serem muito
escorregadias;
- Dividir os participantes por grupos de trabalho de 3 a 4 elementos, para facilitar a
concretização das actividades e evitar situações de perigo.
Actividades propostas (ver Anexo) - Fazer uma descrição litológica (textura e mineralogia) do granito;
- Caracterizar o tipo de encraves presentes;
- Fazer um esboço que evidencie a relação entre os megacristais de feldspato e
os encraves e estabelecer a sua idade relativa.
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PARAGEM 2. Uns metros a sul do Restaurante Casa Branca
Localização Esta paragem situa-se sobre os rochedos na zona inter-marés, uns metros a sul do
restaurante Casa Branca.
Descrição geológica Neste local é possível observar o contacto brusco, e bem marcado, entre o granito
porfiróide de Lavadores e as rochas metamórficas encaixantes. Junto ao contacto, o
granito apresenta uma grande abundância de encraves, alguns deles xenólitos, com
foliação evidente. As rochas metamórficas encaixantes compreendem diferentes
litologias, nomeadamente metassedimentos quartzo-pelíticos dobrados, anfibolitos e
gnaisses mais ou menos leucocratas. As rochas gnáissicas são de origem ígnea
(ortognaisses) uma vez que apresentam relações de intrusão relativamente aos
metassedimentos e aos anfibolitos. Por sua vez, estes são intrusivos, também, nos
metassedimentos. A foliação gnáissica é coerente com o dobramento apresentado
pelos metassedimentos (Figura 9). Todas as litologias antes referidas e os respectivos
contactos mútuos, são cortados por um filão aplitopegmatítico (Figura 9).
Filão
1
A
4
B
C 4 3
4
5 E D
4
5
Figura 9 – Aspectos do encaixante do granito de Lavadores. Legenda: A - representação esquemática
das litologias presentes (Chaves, 2003): 1 - granito de Lavadores; 2 - filões aplito-pegmatíticos; 3 - gnaisses; 4 – metassedimentos; 5 - anfibolitos; B a E - fotografias com as litologias anteriores identificadas.
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Objectivos específicos - Reconhecer as litologias encaixantes do maciço granítico de Lavadores;
- Observar e descrever as relações de contacto mútuo entre as diferentes
litologias do encaixante;
- Reconhecer critérios que permitam a caracterização dos gnaisses como
ortognaisses;
- Interpretar as relações de cronologia relativa entre os diferentes litótipos
descritos.
Recomendações didácticas - Referir os critérios de caracterização dos contactos geológicos (bruscos ou
graduais; concordantes ou discordantes), e a sua importância em termos de
cronologia relativa;
- Chamar a atenção para os processos de génese dos gnaisses (paragnaisses e
ortognaisses) e quais os seus possíveis protólitos (respectivamente rochas
sedimentares pelíticas e rochas graníticas).
Actividades propostas (ver Anexo) - Fazer um esboço que evidencie as relações de terreno entre os tipos de rocha
presentes no afloramento;
- Caracterizar os contactos geológicos observados (bruscos ou graduais;
concordantes ou discordantes);
- Estabelecer a sequência cronológica dos diferentes tipos de rochas observadas
neste afloramento.
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PARAGEM 3. Pedras Amarelas
Localização Esta paragem situa-se sobre os rochedos localizados na Praia das Pedras
Amarelas.
Descrição geológica As Pedras Amarelas recebem esta designação, porque enquanto o maciço
granítico, a norte, apresenta uma patine rosa avermelhada, as rochas deste sector
apresentam uma patine negra amarelada e a superfície rochosa evidencia em
densidade de fracturação muito superior à que se observa no Maciço de Lavadores.
Neste afloramento é possível observar algumas relações de contacto com o
granito de Lavadores. Observam-se algumas pequenas apófises graníticas com
megacristais, intrusivas numa rocha leucocrata com foliação marcada pela orientação
da biotite. Esta foliação é discordante relativamente ao contacto do granito, e tem
orientação geral de N110ºE a N115ºE, embora apresente alguma variação. Esta
litologia equivale aos gnaisses observados na paragem anterior, mas aqui são a
litologia predominante.
A fracturação destas rochas é totalmente diferente da do granito de Lavadores.
Aqui, o diaclasamento é muito mais penetrativo (muito mais denso), não se
observando a disjunção em bolas. As diaclases apresentam uma orientação
N60ºE;70ºNW e N110ºE a N120ºE;65º-70ºNE. Esta última orientação de
diaclasamento é subconcordante com a foliação antes referida.
Em condições de maré baixa é possível observar que no interior destes gnaisses
existem encraves de anfibolitos e de metassedimentos.
Objectivos específicos - Observar e descrever a estrutura do maciço gnaissico;
- Reconhecer critérios que permitam a caracterização dos gnaisses como
ortognaisses;
- Interpretar as relações de cronologia relativa entre os diferentes litótipos
descritos.
Recomendações didácticas - Relembrar os processos de génese dos gnaisses já abordados na paragem
anterior.
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Actividades propostas (ver Anexo) - Confirmar critérios que permitem caracterizar os gnaisses como ortognaisses;
- Comparar a morfologia dos gnaisses com a dos granitos, relacionando-a com a
estrutura do maciço.
5.2. Percurso 2. Complexo Metamórfico da Foz do Douro
Localização Este percurso será efectuado na orla litoral da cidade do Porto, entre a Praia dos
Ingleses e o Forte de S. Francisco Xavier (Castelo do Queijo), sobre o Complexo
Metamórfico da Foz do Douro e o Granito do Castelo do Queijo. Embora o itinerário
seja totalmente percorrido a pé, foram seleccionados alguns pontos de paragem com
relevante interesse didáctico, os quais se assinalam na Figura 10.
P
P
P
P
P
E1 – GEOLOGIA DA FAIXA LITORAL ENTRE LAVADORES E O CASTELO DO QUEIJO
Figura 10 – Esboço geológico do Complexo Metamórfico da Foz do Douro (segundo Borges et al., 1985, 1987; Marques et al., 2000), com a localização das paragens.
AVEIRO 2006 21 LIVRO GUIA DE CAMPO
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PARAGEM 1. Sul da Praia dos Ingleses
Localização Esta paragem situa-se na zona sul do Complexo Metamórfico da Foz do Douro, em
frente ao restaurante Varanda do Sol, entre a Praia do Ourigo e a Praia dos Ingleses.
Descrição geológica
Na Unidade dos Gnaisses da Foz do Douro, este é o único local onde se pode
observar o gnaisse leucocrata de tendência ocelada. Trata-se de um ortognaisse
leucocrata, de grão médio a grosseiro, pobre em biotite, com cristais mais
desenvolvidos de feldspato que, localmente, conferem à rocha um carácter ocelado.
Apresenta uma foliação, por vezes dobrada, e forte deformação devida a
cisalhamento.
Na superfície do afloramento são visíveis zonas intensamente alteradas, de cor
castanha-amarelada devida à concentração de óxidos de ferro resultantes da
alteração de lentículas e filonetes de pirite, em preenchimento de fracturas.
A textura e estrutura destas rochas conferem-lhe um aspecto "apinhoado" típico,
que associado ao tipo de alteração permitem distinguir este gnaisse das restantes
facies gnaissicas da Unidade dos Gnaisses da Foz do Douro (Figura 11).
A
B
Figura 11 – Gnaisse leucocrata de tendência ocelada. A - afloramento onde se destacam o aspecto
"apinhoado" típico e zonas alteradas com cor acastanhada; B - pormenor de um cristal de feldspato.
Em algumas zonas do afloramento, são visíveis filões de uma rocha leucocrata de
grão fino, intensamente deformados e com uma foliação discordante da foliação dos
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gnaisses (Figura 12). Em baixa-mar é, ainda, possível observar formas de erosão devidas à acção
dinâmica das ondas, nomeadamente marmitas e cavernas, estas apenas presentes
neste local (Vieira da Silva, 2001).
gnaisse
filão
contacto do filão com o gnaisse
Figura 12 – Filões leucocratas deformados discordantes da foliação dos gnaisses.
Objectivos específicos - Observar e interpretar as texturas e estruturas do gnaisse;
- Definir as relações cronológicas entre os filões deformados e o gnaisse.
Recomendações didácticas - Clarificar o conceito de gnaisse ocelado: gnaisse apresentando uma textura
caracterizada pela presença de cristais, ou aglomerados de cristais, de forma
lenticular definida pelo contorno da foliação externa;
- Abordar a noção de cisalhamento dúctil: deformação em corredores ou faixas
originadas por tensões oblíquas. σ1
σ1
Actividades propostas (ver Anexo) - Descrever os aspectos macroscópicos que permitem classificar a rocha como
gnaisse;
- Fazer um esboço que represente a relação entre os filões deformados e o
gnaisse com indicação da idade relativa entre as duas rochas.
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Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.
PARAGEM 2. Praia dos Ingleses
Localização Esta paragem localiza-se a norte da Paragem 1, na zona referenciada no mapa da
Figura 10 como Praia dos Ingleses.
Descrição geológica Neste local afloram diferentes litologias englobadas no Complexo Metamórfico da
Foz do Douro, nomeadamente gnaisses biotíticos, gnaisses leucocratas, anfibolitos e
metassedimentos. Para além destas rochas ocorrem, ainda, pegmatitos, filões de
quartzo e uma brecha ígnea associada à instalação do granito do Castelo do Queijo.
As estruturas e relações geométricas entre as diferentes litologias permitem, pelo
menos em parte, estabelecer uma hierarquização temporal entre algumas destas
rochas.
Os gnaisses biotíticos são representados por uma rocha mesocrata de grão fino,
com fraca blastese de plagioclase e deformação evidente. Trata-se de um ortognaisse
de composição tonalítica, sem feldspato potássico e rico em biotite e plagioclase, por
vezes com diferenciações leucocratas.
Estas rochas apresentam uma foliação sub-vertical com direcção regional N120ºE
que, em alguns locais, evidencia um dobramento associado a cisalhamento direito. Em
zonas muito restritas é possível observar o contacto discordante entre a foliação dos
gnaisses biotíticos e os metassedimentos dobrados, atestando o carácter intrusivo dos
gnaisses (Figura 13).
foliação do gnaisse biotítico
metassedimentos gnaisse biotítico
gnaisse leucocrata
metassedimentos dobrados
A
B
Figura 13 – Gnaisse biotítico e rochas metassedimentares associadas. Legenda: A – aspecto em afloramento: B – pormenor evidenciando a orientação discordante da foliação dos gnaisses biotíticos com os metassedimentos dobrados.
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Os gnaisses leucocratas mostram uma foliação mal definida e ocorrem sob a
forma de corpos estirados paralelamente à orientação geral da faixa metamórfica.
Neste afloramento podemos também observar a relação da foliação dos gnaisses
biotíticos com pegmatitos deformados e filões de quartzo mais recentes (Figura 14).
BA
gnaisse biotítico
gnaisse biotítico
quartzo
pegmatito
Figura 14 – Filões de pegmatito e quatzo discordantes da foliação do gnaisse biotítico. A - pegmatito; B -
quartzo.
No extremo norte do afloramento, ocorre uma brecha ígnea relacionada com a
instalação dos granitos do Castelo do Queijo, a qual é constituída por fragmentos de
rochas pertencentes ao complexo metamórfico, com orientação, forma e dimensões
variadas, aglutinados por um "cimento" granítico (Figuras 15A e B). Incluídos nesta
brecha ocorrem, também, encraves microgranulares (Figura 15C). Em toda esta zona
são visíveis concentrações anómalas de megacristais de feldspato potássico.
fragmento de
gnaisse
fragmento de
gnaisse
A
B
C
encraves
Figura 15 – Vários aspectos da brecha ígnea. Legenda: A - bloco de brecha caído na praia onde se destacam fragmentos de rochas metamórficas distribuídos aleatoriamente, bem como numerosos encraves (só visível em baixa-mar); B - pormenor de um fragmento de gnaisse biotítico com orientação diferente da que apresenta nos afloramentos do mesmo local; C - encrave microgranular incluído na brecha com megacristais de feldspato potássico, que também estão presentes fora do encrave.
E1 – GEOLOGIA DA FAIXA LITORAL ENTRE LAVADORES E O CASTELO DO QUEIJO
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Muitos dos aspectos aqui observados, em particular as estruturas dos
metassedimentos, dos gnaisses biotíticos e dos gnaisses leucocratas, bem como as
suas relações espaciais, são visíveis em toda a faixa que se estende para norte deste
afloramento até à Praia do Homem do Leme (Figura 16).
A
B
Figura 16 – Diferentes aspectos do Complexo Metamórfico entre a praia de Gondarém e a praia do Homem do Leme. Legenda: A - aspecto em afloramento dos gnaisses e metassedimentos na praia do Molhe; B - sigmoide no gnaisse biotítico e sentido do cisalhamento.
Objectivos específicos - Reconhecer as diferentes litologias presentes;
- Analisar e interpretar as relações geométricas entre os diferentes tipos de rochas
numa perspectiva cronológica.
Recomendações didácticas - Chamar a atenção para o conceito de brecha ígnea: agregado caótico de
fragmentos de rochas (do contexto regional) aglutinado por material ígneo,
nomeadamente granítico.
Actividades propostas (ver Anexo) - Com base nas relações geométricas observadas, estabelecer uma sequência
cronológica relativa para os diferentes tipos de rochas visíveis no afloramento.
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PARAGEM 3. Praia de Gondarém
Localização Esta paragem fica situada imediatamente a sul do local referenciado na Figura 10
como Praia de Gondarém.
Descrição geológica Neste local aflora um extenso corpo rochoso de cor negra que se destaca
nitidamente das rochas envolventes (Figura 17).
anfibolito
gnaisse
gnaisse
gnaisse
Figura 17 – Aspecto do anfibolito da Praia de Gondarém, à escala megascópica.
Trata-se de um anfibolito de grão fino, com aspecto homogéneo à escala
megascópica. Em zonas mais alteradas é visível uma foliação que, à escala
macroscópica, se verifica ser definida pelo alinhamento de cristais de anfíbola. De
norte para sul do afloramento, a foliação roda de N160ºE para N60ºE, como resultado
de um dobramento de eixo mergulhante 60º para N310ºE. Na zona central do
afloramento, e em relação com o dobramento referido, podem observar-se bonitas
dobras métricas, quer no anfibolito, quer nos gnaisses associados (Figura 18).
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anfibolito
gnaisse
pegmatito
metassedimentos
Figura 18 – Dobras métricas no anfibolito e rochas associadas.
Objectivos específicos - Distinguir o anfibolito das restantes litologias presentes;
- Analisar as características do anfibolito em diferentes escalas de observação;
- Reconhecer estruturas dobradas e medir as suas orientações.
Recomendações didácticas - É importante chamar de novo a atenção para a observação das rochas em
diferentes escalas e quais as características que podem ser descritas a cada
uma delas.
Actividades propostas (ver Anexo) - Descrever as características estruturais e texturais do anfibolito recorrendo a
diferentes escalas de observação;
- Utilizar a bússola para medir a orientação das estruturas dobradas.
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PARAGEM 4. Estação de Zoologia Marítima
Localização Esta paragem situa-se a norte da Praia do Homem do Leme, próximo do edifício
da Estação de Zoologia Marítima (Figura 10).
Descrição geológica A norte da Praia do Homem do Leme desenvolve-se uma extensa mancha de
gnaisse leucocrata ocelado que se estende até à Praia do Castelo do Queijo. Este
gnaisse só foi identificado nesta zona e apresenta características texturais que
permitem a sua individualização relativamente às restantes fácies gnaissicas da
Unidade dos Gnaisses da Foz do Douro.
Em todo o afloramento a rocha evidencia ocelos de feldspato potássico+quartzo
com dimensão centimétrica. Apresenta uma foliação de orientação geral N120ºE,
localmente dobrada, e um cisalhamento dúctil direito que, em muitos casos, transpõe a
foliação (Figura19).
A
B
C
B
Figura 19 – Gnaisse leucocrata ocelado. Legenda: A - aspecto do gnaisse em afloramento (praia do Castelo do Queijo); B - aspecto dos ocelos C - pormenor dos ocelos com indicação da orientação e sentido de movimento (direito) do cisalhamento.
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Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.
Espacialmente associados a esta rocha ocorrem metassedimentos com
características semelhantes às observadas nas restantes paragens. Em frente ao
edifício da Estação de Zoologia Marítima, as relações geométricas entre estas rochas
e o gnaisse leucocrata ocelado são muito claras, evidenciando o carácter intrusivo dos
gnaisses (Figura 20).
metassedimentos
gnaisse
gnaisse
metassedimentos
Figura 20 – Contacto do gnaisse leucocrata ocelado com os metassedimentos. Legenda: A – afloramento em frente do edifício da Estação de Zoologia Marítima; B - pormenor do contacto discordante do gnaisse com os metassedimentos
Ao longo do percurso até à praia do Castelo do Queijo podem ainda observar-se
alguns aspectos de erosão dos gnaisses, nomeadamente marmitas de erosão marinha
devidas ao movimento turbilionar da água (Figura 21).
Figura 21 – Marmitas de erosão marinha sobre a plataforma de erosão actual, nos gnaisses leucocratas
ocelados.
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Objectivos específicos - Observar as características estruturais e texturais dos gnaisses ocelados;
- Analisar as relações geométricas entre os gnaisses ocelados e os
metassedimentos;
- Reconhecer marmitas de erosão marinha nos gnaisses.
Recomendações didácticas - Alertar os alunos para as diferenças texturais e estruturais entre o gnaisse
leucocrata de tendência ocelada (Paragem 1) e o gnaisse leucocrata ocelado
desta paragem.
Actividades propostas (ver Anexo) - Fazer um esboço que ilustre o movimento do cisalhamento utilizando como
referência os ocelos.
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PARAGEM 5. Praia do Castelo do Queijo
Localização Esta paragem inicia-se no local referenciado na Figura 10 como Praia do Castelo
do Queijo e prolonga-se, no sentido norte, até ao Castelo do Queijo (Forte de
S.Francisco Xavier).
Descrição geológica Para além de aspectos texturais e estruturais do gnaisse leucocrata ocelado, e da
relação espacial entre esta rocha e os metassedimentos, em tudo semelhantes ao
descrito para a paragem anterior, é possível observar, na zona central da Praia do
Castelo do Queijo, o contacto discordante do granito do Castelo do Queijo com os
metassedimentos, aqui com uma foliação de direcção E-W (Figura 22).
A
metassedimentos granito
B
granito
metassedimentos
Figura 22 – Contacto dos metassedimentos com o granito do Castelo do Queijo. Legenda: A - aspecto do
afloramento da praia do Castelo do Queijo; B - pormenor onde se observa o contacto discordante do granito com a foliação dos metassedimentos.
A variação brusca da orientação da foliação neste sector da praia (N120º E.para E-
W), parece apontar para a presença de uma importante fractura nesta zona,
eventualmente uma banda de cizalhamento.
Neste local é ainda de destacar a influência da estrutura na morfologia das
diferentes litologias. Enquanto no granito a morfologia é dominada por grandes blocos
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condicionados pelo diaclasamento da rocha (caos de blocos), nos gnaisses é a
foliação que condiciona a morfologia sendo claramente visíveis na paisagem
corredores de erosão orientados segundo a direcção da foliação (Figura 23).
A
B Figura 23 – Aspectos geomorfológicos dos gnaisses e granitos na praia do Castelo do Queijo. Legenda:
A - gnaisse leucocrata ocelado; B - granito do Castelo do Queijo.
Para norte, em direcção ao Forte de S. Francisco Xavier (Castelo do Queijo),
podem observar-se diferentes aspectos texturais e estruturais do granito. Trata-se de
uma rocha com tendência porfiróide, de grão médio a grosseiro, biotítico, que por
vezes evidencia a presença de encraves microgranulares de rochas melanocratas
tonalíticas (Teixeira, 1970; Noronha, 2000).
Ao microscópio apresenta quartzo, feldspatos (normalmente oligoclase, microclina
pertítica e rara albite). A biotite é a mica mais abundante (Assunção, 1962; Noronha,
1994, 2000), mostrando uma orientação aleatória na maior parte do maciço embora,
localmente, tenda a orientar-se segundo a direcção N130Eº, orientação esta que se
torna mais nítida e persistente nas imediações do contacto com os metassedimentos.
Este granito é afectado por uma deformação frágil pós-cristalina, claramente visível em
lâmina delgada (Borges et al., 1985, 1987; Marques et al., 1994; Noronha, 1994).
A rocha apresenta um diaclasamento sub-vertical bastante regular, distribuído por
duas famílias com orientação N30ºE e N130ºE, e uma terceira família sub-horizontal,
que na parte norte do Forte de S. Francisco Xavier originou um dispositivo em
escadaria.
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Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.
Junto à fachada ocidental do forte afloram filões de uma rocha leucocrata de grão
fino, porfirítica (pórfiros graníticos), com orientação segundo a direcção N60ºE (Figura
24).
A B
Figura 24 – Filão de rocha porfirítica no granito do Castelo do Queijo. Legenda: A – aspecto do filão em afloramento; B - pormenor da textura porfirítica.
Objectivos específicos - Analisar as relações geométricas entre as diferentes rochas presentes;
- Reconhecer a influência da estrutura na morfologia;
- Fazer a síntese geral dos percursos.
Recomendações didácticas - Comparar as características mineralógicas e texturais do Granito de Lavadores e
do Castelo do Queijo.
Actividades propostas (ver Anexo) - Ordenar cronologicamente, dos mais antigos (1) para os mais recentes (5), os
diferentes tipos de rocha observados no decurso do itinerário, e que a seguir se
listam.
Granito do Castelo do Queijo
Gnaisses Metassedimentos Anfibolitos
Filões de pórfiroGranito de Lavadores
Granito do Castelo do Queijo
Gnaisses Metassedimentos Anfibolitos
Filões de pórfiroGranito de Lavadores
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6. Referências bibliográficas
Assunção, C. F. T., 1962. Rochas Graníticas do Minho e Douro. Novos elementos para o seu conhecimento. Mem. Serv. Geol. Portg., Nova Série, 10: 33-65. Borges, F. S., Noronha, F. & Marques, M., 1985. Excursão Geológica no Complexo Gnáissico da Foz do Douro. In: Livro-guia das excursões geológicas da IX Reunião de Geologia do Oeste Peninsular, Universidade do Porto. Borges, F. S., Noronha, F. & Marques, M., 1987. Metamorphic terrains of Foz do Douro. In: Ribeiro, A., Dias, R., Pereira, E., Merino, H., Borges, F. S., Noronha, F. & Marques, M., Coords, Guide-book for the Miranda do Douro-Porto Excursion. Conference on Deformation and Plate Tectonics, Oviedo, p. 11-19. Bravo, M. S. & Abrunhosa, M. J., 1978. Sobre a petrografia, composição e origem dos anfibolitos da Foz do Douro (Porto-Portugal). Publ. Mus. Labor. Miner. Geol. Fac. Ciênc. Univ. Porto, 4ª Sér., 95: 7-26. Carta Geotécnica do Porto, 1994. Câmara Municipal do Porto, COBA, FCUP. 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Miner. Geol. Fac. Ciênc. Univ. Porto, 4: 411-415. Leterrier, J. & Noronha, F., 1998. Evidências de um plutonismo calcoalcalino Cadomiano e de um magmatismo tipo MORB no Complexo Metamórfico da Foz do Douro (Porto). In: Azerêdo, A., Coord, Actas do V Congresso Nacional de Geologia (Resumos alargados), Lisboa, 1998. Comun. Inst. Geol. Min./Soc. Geol. Portugal, 84, 1: B146-B149. Marques, M., Flores, D., Pinto de Jesus, A. & Guerner Dias, A., Coords, 1994. Geologia dos Arredores do Porto. In: Livro-guia da excursão geológica do XIV Curso de Actualização de Professores de Geociências, p. 1-10. Braga. Marques, M., Noronha, F., Flores, D. & Rodrigues, B., 2000. Geologia da faixa costeira Lavadores-Porto. In: Livro-guia da excursão geológica do XX Curso de Actualização de Professores de Geociências, Departamento de Geologia, Faculdade de Ciências, Universidade do Porto/Associação Portuguesa de Geólogos, Porto. Martins, H.C.B., Sant’Ovaia, H., Eusébio, N.B. & Noronha, F., 2003. 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Mineralogia, petrologia e geoquímica de encraves de rochas graníticas de algumas regiões Portuguesas. Tese de doutoramento, Univ. Coimnbra, 288pp. Silva, M.M.V.G., 2001. Origens de diferentes tipos de encraves que ocorrem em granitóides. Colóquio “Geoquímica e Petrogénese de Rochas Granitóides”, Coord. A.M. Neiva, memória da Academia das Ciências, Lisboa: 97-119. Teixeira, C., 1970. Aspectos geológicos da orla litoral do Porto e de V. N. Gaia. Naturalia, 10, 1: 13-29. Vieira da Silva, J. C. B., 2001. Complexo Metamórfico da Foz do Douro: Contributos Científico-Didácticos. Departamento de Geologia, Faculdade de Ciências, Universidade do Porto. (Tese de Mestrado).
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Anexo Apoio científico para auxiliar no desenvolvimento
das actividades propostas
Percurso 1. Praia de Lavadores
PARAGEM 1. Em frente ao Restaurante Casa Branca
Actividades propostas - Fazer uma descrição litológica (textura e mineralogia) do granito.
O granito tem textura granular, com megacristais de dimensão variada (1 cm a 10 cm), e matriz com grão
médio a grosseiro. Com base nestas características, o granito deve ser descrito como porfiróide, de grão
médio a grosseiro.
Macroscopicamente é possível identificar biotite (ou mica preta), quartzo, e feldspato (feldspato
potássico de cor rósea em megacristais e na matriz, e plagioclase de cor branca). Trata-se de um granito
biotítico.
matriz
megacristais
feldspato potássico
quartzo
biotite
plagioclase
- Caracterizar o tipo de encraves presentes.
Os encraves mais frequentes têm coloração mais escura que o granito e textura evidenciando
granularidade fina ou microcristalina, por vezes com alguns megacristais de feldspato (A). Têm contactos
bruscos com o granito, formas em geral ovaladas ou alongadas, e dimensões muito variadas desde
poucos centímetros a mais de 20 cm. Ocorrem dispersos por todo o maciço, mas com concentração
preferencial em algumas zonas.
Nas proximidades do bordo do maciço granítico, ocorre com mais frequência um outro tipo de
encraves, com orientação interna nítida e, por vezes, com zonas de diferente composição, evidenciando
características de rochas metamórficas (B). Estes encraves apresentam formas mais irregulares (não
ovaladas). São resultante de fragmentos da ou das rochas encaixantes do granito, e designam-se por
xenólitos. Foram envolvidos no magma durante o processo de instalação do maciço, sendo esta
interpretação suportada nas características litológicas dos encraves e na sua comparação com as
litologias do encaixante.
A B
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- Fazer um esboço que evidencie a relação entre os megacristais de feldspato e os encraves e estabelecer a sua cronologia relativa.
Como é visível na Figura 6C, existem aspectos evidenciando o crescimento de feldspato sobre a
linha de contacto entre os encraves e o granito, o que demonstra a prévia existência das duas litologias
lado a lado. Ou seja, os megacristais são posteriores.
granito
encrave
megacristal
mais recente mais antigos
PARAGEM 2. Uns metros a sul do Restaurante Casa Branca
Actividades propostas
- Fazer um esboço que evidencie as relações de terreno entre os tipos de rocha presentes no afloramento.
No afloramento são observáveis diferentes litologias: granito biotítico (o mesmo descrito na paragem
anterior), anfibolitos, gnaisses e rochas metassedimentares (rochas xistentas) com dobramento evidente
e ainda filões aplito-pegmatícos. Ver esquema da figura 9A.
- Caracterizar os contactos geológicos observados.
Os contactos observados entre as diferentes litologias são sempre bruscos (não se observam
contactos graduais).
O granito biotítico contacta com diversas litologias, nomeadamente com os metassedimentos, com os
gnaisses e com os anfibolitos. Este facto indica, desde logo, um contacto em descontinuidade,
interpretação que é reforçada pelo carácter discordante do contacto entre o granito e os
metassedimentos, uma vez que o contacto corta a foliação dobrada dos metassedimentos (Figura 9A).
Os contactos entre os gnaisses e os metassedimentos são concordantes com a foliação gnáissica e
com o alinhamento dos planos axiais do dobramento dos metassedimentos. Os anfibolitos definem corpos
alongados paralelamente ao alinhamento dos gnaisses e metassedimentos. Estes factos favorecem a
interpretação de que estas litologias (metassedimentos, anfibolitos e gnaisses) sofreram uma deformação
conjunta, que ocorreu anteriormente à instalação do maciço granítico.
O filão aplito-pegmatítico tem contactos discordantes com todas as outras litologias (Figuras 7D e
9E).
- Estabelecer a sequência cronológica dos diferentes tipos de rochas observadas neste afloramento.
A sequência cronológica é estabelecida tendo em conta a geometria dos contactos mútuos e a
composição e estrutura interna dos diferentes litótipos. Do mais antigo para o mais recente teremos:
E1 – GEOLOGIA DA FAIXA LITORAL ENTRE LAVADORES E O CASTELO DO QUEIJO
mais antigo mais recente
metssedimentos anfibolitos granitos sbiotítico aplito-pegmatitos gnaisses
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XXVI CURSO DE ACTUALIZAÇÃO DE PROFESSORES DE GEOCIÊNCIAS
Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.
PARAGEM 3. Pedras Amarelas
Actividades propostas
- Confirmar critérios que permitem caracterizar os gnaisses como ortognaisses.
Os gnaisses apresentam encraves de rochas xistentas com foliação e com dobramentos evidentes e
alguns encraves de metassedimentos com anfibolitos. Estes materiais representam encraves do
encaixante numa rocha magmática intrusiva de composição granítica que seria o protólito destes gnaisses
leucocratas. Tratando-se de rochas gnáissicas de origem ígnea são designados por ortognaisses.
- Descrever as estruturas do maciço gnáissico.
O maciço gnáissico apresenta foliação não uniforme. Existem zonas onde é pouco nítida e com
orientação por vezes difusa, mas no geral a orientação é N110ºE a N115ºE. Existe uma direcção de
diaclasamento muito penetrativa que é paralela a esta foliação (N110ºE a N120ºE;65º-70ºNE) e uma outra
quase perpendicular com orientação N60ºE;70ºNW.
- Comparar a morfologia dos gnaisses com a dos granitos, relacionando-a com a estrutura do maciço.
O diaclasamento nos gnaisses é mais penetrativo do que no granito, e como uma das orientações de
diaclasamento é paralela à foliação (N110ºE a N120ºE), esta vai condicionar a morfologia e a alteração do
afloramento. No granito o diaclasamento define três famílias ortogonais (duas verticais e uma horizontal)
permitindo a individualização de bolas.
Percurso 2. Complexo Metamórfico da Foz do Douro
PARAGEM 1. Sul da Praia dos Ingleses
Actividades propostas - Descrever os aspectos macroscópicos que permitem classificar a rocha como
gnaisse.
Segundo a subcomissão para a classificação das rochas metamórficas (SCMR) do IUGS, um gnaisse
é uma rocha de grão médio a grosseiro, essencialmente constituída por feldspato e quartzo, com uma
foliação pouco desenvolvida ou, se bem desenvolvida, ocorrendo em domínios espaçados à escala
macroscópica (≤1cm). Apresenta normalmente uma estrutura bandada que reflecte uma variação
composicional e/ou estrutural.
Neste afloramento a rocha tem de grão médio a grosseiro, é essencialmente constituída por quartzo
e feldspato, e apresenta uma foliação penetrativa à escala macroscópica, razões pelas quais foi
classificada como um gnaisse.
- Fazer um esboço que represente a relação entre os filões deformados e o gnaisse, com indicação da idade relativa entre as duas rochas.
Na Figura 12 é visível um contacto brusco e discordante entre a foliação do filão (rocha de grão fino)
e a foliação do gnaisse, o que evidencia a presença de uma deformação sobreposta à foliação do gnaisse
LIVRO GUIA DE CAMPO 38 AVEIRO 2006
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e, por conseguinte, que o filão é posterior ao gnaisse.
E1 – GEOLOGIA DA FAIXA LITORAL ENTRE LAVADORES E O CASTELO DO QUEIJO
folia
ção
gnais
sedo
contacto paralelo à foliação do filão
folia
ção
gnais
sedo
contacto paralelo à foliação do filãognaisse rocha mais antiga
filão deformarocha mais rec
do ente
PARAGEM 2. Praia dos Ingleses
Actividades propostas
- Com base nas relações geométricas observadas, estabelecer uma sequência cronológica relativa para os diferentes tipos de rochas visíveis no afloramento.
A sequência cronológica pode ser estabelecida com base na geometria dos contactos observados
entre as rochas presentes, nomeadamente entre os metassedimentos e o gnaisse biotítico (Figura 13) e
entre este e os pegmatitos e filões de quartzo (Figura 14), ou atendendo à composição e estrutura interna
da rocha, no caso da brecha ígnea (Figura 15). Neste afloramento, do mais antigo para o mais recente,
teremos:
metssedimentos gnaisses biotíticos pegmatitos filões de quartzo brecha ígnea
mais recentemais antigo
PARAGEM 3. Praia de Gondarém
Actividades propostas
- Descrever as características estruturais e texturais do anfibolito recorrendo a diferentes escalas de observação.
À escala megascópica, o anfibolito da Praia de Gondarém é negro, homogéneo, destacando-se
claramente das rochas envolventes. A sua orientação geral muda de direcção, de norte para sul do
afloramento, indicando a presença de uma dobra de grandes dimensões. No seio do anfibolito, e
seguindo a sua orientação geral, destacam-se filonetes de cor mais clara. A esta escala a foliação é difícil
de reconhecer, só sendo visível em zonas alteradas.
À escala macroscópica a rocha mostra grão fino, uma cor esverdeada e uma foliação definida pelo
alinhamento de cristais de anfíbola facilmente identificáveis à lupa e, em locais com maior alteração, a
olho nú. Apresenta dobras métricas e centimétricas com eixos mergulhantes para NW.
- Utilizar a bússola para medir a orientação das estruturas dobradas.
A bússola é utilizada para determinar a orientação espacial (atitudes) de planos (por exemplo
estratificações, foliações, diaclases e falhas) ou de rectas (tais como lineações e eixos de dobras).
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Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.
A atitude de um plano é definida pela direcção (ângulo que a recta horizontal do plano faz com o
norte) e inclinação (ângulo da linha de maior declive do plano com a sua projecção horizontal). A notação
utilizada para representar a atitude de um plano compreende dois valores, o primeiro correspondente à
direcção do plano, e o segundo ao ângulo de inclinação e quadrante geográfico para o qual o plano
inclina. No esquema, o plano tem a atitude N120ºE;76ºSW.
direcção
recta de maior declive
76º
inclinação
N120º
direcção
recta de maior declive
76º
inclinação
N120º
Para medir com a bússola a atitude de um plano, deve proceder-se do seguinte modo:
Determinação da direcção A A
B
1. colocar a bússola encostada à recta
horizontal do plano (A) e rodá-la para a posição
horizontal (B);
2. sem retirar a bússola da sua posição, rodar
o mostrador graduado até fazer coincidir a
agulha magnética com a seta que indica o
norte;
3. anotar o menor valor angular indicado pelos pontos de referência do mostrador graduado.
Determinação da inclinação
1. rodar o mostrador graduado de modo a que a escala do clinómetro (incluída no corpo da bússola)
fique com os valores 90º orientados paralelamente aos lados da bússola (C);
inclinação
recta de maior declive
projecção horizontalda recta de maior declive
inclinação
recta de maior declive
projecção horizontalda recta de maior decliveD
C
2. colocar a bússola na posição vertical e paralela à
recta de maior declive do plano (D);
3. anotar o valor do ângulo indicado no clinómetro e o
sentido de inclinação (quadrante geográfico).
A atitude de uma recta, por sua vez, é definida pelo ângulo de inclinação (ou mergulho) da recta
(ângulo que a recta faz com a sua projecção horizontal) e pelo azimute da inclinação (ângulo da projecção
horizontal da recta com o norte), sendo representada pela seguinte notação: 30º;N300ºE, onde 30º é o
ângulo de inclinação e N300ºE (ou N60ºW) o azimute da recta (ver esquema).
LIVRO GUIA DE CAMPO 40 AVEIRO 2006
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mergulho30º
azimuteN60ºW ou N310ºE
eixo da dobra
Nmergulho
30ºazimute
N60ºW ou N310ºE
eixo da dobra
N
Para medir com a bússola a inclinação de uma recta, utiliza-se o procedimento descrito para a
determinação da inclinação de um plano. Neste caso, todavia, a bússola é colocada na posição vertical
sobre a recta cuja inclinação se pretende medir. Para facilitar a medição é normal materializar a recta
(lineação ou eixo de uma dobra, por exemplo) com um lápis ou qualquer outro objecto semelhante.
O azimute é determinado com a bússola horizontal e colocada paralelamente à projecção horizontal
(imaginada) da recta. Nessa posição roda-se o mostrador graduado até fazer coincidir a agulha magnética
com a seta que indica o norte, e regista-se o valor correspondente à direcção de mergulho da recta.
PARAGEM 4. Estação de Zoologia Marítima
Actividades propostas
- Fazer um esboço que ilustre o movimento do cisalhamento utilizando como referência os ocelos.
Os cisalhamentos dúcteis correspondem a faixas de deformação produzidas pela aplicação de
tensões oblíquas. Em materiais anisotrópcos, nomeadamente em rochas com foliação ou com cristais
mais desenvolvidos, a deformação no interior das faixas conduz ao desenvolvimento de formas
sigmoidais, cuja geometria permite determinar o sentido do movimento do cisalhamento (direito ou
esquerdo). No caso do gnaisse leucocrata ocelado, a forma dos ocelos indica um movimento direito
(sentido de rotação da esquerda para a direita) como o representado na Figura 19 e no esquema
seguinte.
sentido de movimento
do cisalhamento
ocelos
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PARAGEM 5. Praia do Castelo do Queijo
Actividades propostas
- Ordenar cronologicamente, dos mais antigos (1) para os mais recentes (5), os diferentes tipos de rocha observados no decurso do itinerário, e que a seguir se listam.
Tendo em consideração as relações geométricas observadas entre os diferentes tipos de rochas
desde Lavadores até ao Castelo do Queijo, e as sequências cronológicas estabelecidas na paragem 2 de
Lavadores e na paragem 2 do Complexo Metamórfico da Foz do Douro, podemos ordenar
cronologicamente, dos mais antigos para os mais recentes, os principais litótipos presentes em todo o
itinerário, como se segue:
Granito do Castelo do Queijo
Gnaisses
Metassedimentos
Anfibolitos
Filões de pórfiro
Granito de Lavadores
1
2
3
4
5
mais antigos
mais recentes
Granito do Castelo do Queijo
Gnaisses
Metassedimentos
Anfibolitos
Filões de pórfiro
Granito de Lavadores
Granito do Castelo do Queijo
Gnaisses
Metassedimentos
Anfibolitos
Filões de pórfiro
Granito de Lavadores
1
2
3
4
5
mais antigos
mais recentes
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