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Foz Águas 5 CADERNO PEDAGÓGICO nas escolas versão piloto caderno FOZ.indd 1 16-Oct-14 10:50:21 AM

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Foz Águas 5

CADERNO PEDAGÓGICO

nas escolas

versão piloto

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ApresentaçãoO Projeto Foz Águas 5 nas Escolas é fruto de dois anos de pesquisas e diagnósticos sobre as características sociais, econômicas, culturais, territoriais, vocacionais e comportamentais de 21 bairros da Zona Oeste do Rio de Janeiro, local denominado na administração pública municipal como Área de Planejamento 5 - AP5.

Desde 2012, a concessionária Foz Águas 5 presta o serviço de coleta e tratamento de esgoto e, por um período de 30 anos, prestará o serviço de saneamento básico a mais de 2 milhões de pessoas.

A AP5 é um território que sofreu um processo de ocupação totalmente desordenado, marcado pela ocupação de lugares não urbanizados e, portanto, sem acesso a serviços públicos e privados, incluindo saneamento básico. Com isso, o que se vê é um cenário de problemas sistêmicos e crônicos de falta de informação, atendimento e acesso aos recursos e serviços públicos por parte da população.

A pesquisa diagnóstica de 2013, encomendada pela Foz Águas 5 junto à Fiocruz revelou que 54% da população da AP5 das pessoas reconhecem que o conhecimento sobre o tema saneamento básico não é sufi ciente, desvalorizando assim a prestação do serviço de coleta e tratamento de esgoto. No entanto 80,2% das pessoas entrevistadas revelaram ter tido doenças relacionadas à falta de saneamento básico com destaque para a diarreia que ocupou 61,4% dos casos.

Assim como esse, há muitos outros exemplos captados pela pesquisa que corroboram com esse quadro de falta de informação, a qual difi culta sobremaneira a participação da população do sistema de

saneamento básico local, transformando-os em agentes agressores do meio ambiente, e cerceando-os de uma vida mais saudável e da possibilidade de viverem numa região mais organizada e desenvolvida.

Dessa forma, o Projeto Foz Águas 5 nas Escolas busca, mais que orientar os alunos e professores para as questões de saneamento básico, saúde e desenvolvimento sustentável local, estimulá-los a construir soluções alternativas para transformar essa dura realidade, reunindo-os em torno de uma metodologia colaborativa e construtivista, que ajuda-os a vislumbrar soluções, sem entregar respostas prontas.

Com esse propósito, a Foz Águas 5 conquistou parceria com a UNESCO e com a Secretaria Municipal de Educação (SME) para multiplicar soluções pedagógicas que proporcionem novas formas de apreensão da questão hídrica e do saneamento para o engajamento comunitário.

Para dar suporte e facilitar a comunicação e troca de experiências, o projeto oferece uma plataforma tecnológica capaz de fazer análise de desempenho, gerar indicadores e apontar escolas que precisam de mais ajuda para se capacitarem.

Assim a Foz Águas 5 com esse projeto contribui para o desenvolvimento local, permitindo que milhares de alunos se capacitem, interajam, multipliquem e disseminem seus conhecimentos.

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INTRODUÇÃOO Projeto Foz Águas 5 nas Escolas foi elaborado com o objetivo de difundir conceitos de uso sustentável dos recursos hídricos e boas práticas de educação sanitária, através da produção colaborativa de conteúdos e jogos didáticos que possam contribuir com o processo de ensino-aprendizado realizado pelos educadores e coordenadores participantes do projeto.

A sua realização consiste na capacitação de professores da rede municipal de ensino Rio de Janeiro em elaboração de jogos didáticos, com a fi nalidade de atender às demandas de desenvolvimento local tendo como foco as temáticas de Recursos Hídricos, Saneamento Básico e Saúde. Assim como estimular novas práticas pedagógicas que poderão fazer parte das atividades curriculares das escolas.

Nesta primeiro ciclo implantaremos o projeto piloto, e por isso, solicitamos a vocês, educadores e coordenadores pedagógicos, que contribuam com sugestões e críticas sobre os conteúdos e apresentação visual do caderno, de forma que possamos aprimorar este material e benefi ciar a demais escolas da zona oeste que, posteriormente, serão atendidas pelo projeto.

Neste sentido a sua participação torna-se fundamental, pois contamos com você nesse processo de co-criação do caderno pedagógico.

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METODOLOGIA

DETALHAMENTO DO PROJETO

Ao invés de se preocupar somente com a explicação dos fenômenos sociais depois de ocorridos, a utilização da pesquisa-ação como metodologia na educação ambiental promove a aquisição do conhecimento e da consciência crítica pelo grupo que vivencia o processo de ensino-aprendizagem, para que ele possa assumir, de forma cada vez mais lúcida e autônoma, seu papel de protagonista e ator social.

A capacitação dos educadores utilizará a pesquisa-ação como fundamentação teórica para a realização de suas atividades educativas, por considerar que esta metodologia é capaz de propor a transformação participativa, de modo que os sujeitos atuem na produção de novos conhecimentos a partir da junção entre pesquisa e prática.

Para isso, sua realização contará com a utilização de ferramentas de diálogo: brainstorm; técnicas de criação de jogos colaborativos; exposição refl exiva; word café; espiral de ideias; constelação educacional; Agenda 21; priorização colaborativa; narrativa da jornada do herói; dinâmicas; construção de textos colaborativos.

O projeto Foz Águas 5 nas Escolas é uma iniciativa da Foz Águas 5 em parceria com a UNESCO e a Secretaria Municipal de Educação para capacitar professores na construção de jogos pedagógicos com o tema Recursos Hídricos. Sua fi nalidade é promover a capacitação em novas práticas de ensino-aprendizagem a partir da capacitação em desenvolvimento de jogos didáticos. Com essa iniciativa esperamos colaborar com suporte metodológico que possa inspirar novas práticas pedagógicas que utilizem a mecânica dos jogos para o desenvolvimento do conhecimento colaborativo de soluções sustentáveis para a escola e a sua comunidade.

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FormaçãoO processo formativo contará com metodologia participativa que visa promover a refl exão crítica sobre os temas trabalhados, além de possibilitar a construção coletiva de jogos cooperativos que permitam a multiplicação dos saberes apresentados de forma lúdica e criativa. As formações serão realizadas durante cinco encontros, com a carga horária de 23 horas. No total, serão atendidos 1000 educadores em seis ciclos; cada ciclo conta com 160 educadores de 40 escolas, divididos em oito turmas de 20 em cada sala.

Realização do jogo na escolaCom o jogo fi nalizado e impresso, é hora de jogar com os educandos. Lembre-se que é importante se preparar para utilizar o jogo, além de fazer com que ele seja divertido e envolva os educandos. Durante esta etapa será importante sistematizar os resultados e desafi os existentes durante o desenvolvimento das atividades do jogo.

Resultado do projeto de desenvolvimento localComo resultado fi nal do jogo, todas as escolas construirão com os educandos uma atividade de fomento ao desenvolvimento local. O formato das ações será decidido pelos educandos e poderá se utilizar de diversas linguagens, como: esquetes de teatro, apresentações, maquetes, campanhas de conscientização, eventos, exposição, palestra, exibição de fi lmes. As ações realizadas serão registradas na plataforma pelos professores, por meio de relatos e fotos.

CONHEÇA DE FORMA DETALHADA AS ETAPAS DO PROJETO:

FormaçãoRealização do jogo

Resultado das ações dos alunos

Criação do blog

Elaboração do Projeto Premiação

Execução do Projeto

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Criação do blogAo completar a segunda etapa é o momento de fazer o upload das informações desenvolvidas até aqui. O educador poderá editar os textos já desenvolvidos, criar novos e customizar o blog. Quando estiver pronto, será gerada uma página com o endereço para divulgar a ações de cada escola participante.

Elaboração do projetoNesta etapa, cada escola irá elaborar um projeto baseado na melhor ação de desenvolvimento local proposta pelos educandos. A fi nalidade desta etapa é possibilitar que os projetos possam ser fi nanciados e realizados com recurso e estrutura de forma a ampliar e fortalecer as iniciativas criativas e viáveis. Para isso, cada etapa de preenchimento do projeto da escola será orientada e auxiliada pela equipe da Foz Águas 5.

PremiaçãoPara participar da premiação, todas as etapas devem estar registradas na plataforma on-line. A cada atualização sobre as ações dos educandos, a escola acumula pontos. Os critérios de pontuação serão detalhados na plataforma, etapa por etapa.Das escolas com maior número de pontos acumulados ao fi nal da etapa de elaboração do projeto, uma comissão avaliadora selecionará três projetos que receberão o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Os critérios de seleção dos projetos vencedores serão: viabilidade do projeto, relevância na abordagem do tema, inovação e criatividade, abrangência e visibilidade no território, entre outros.

Execução do projeto premiadoO recurso deverá ser investido na realização do projeto, que será desenvolvido e produzido pelos professores da escola, em conjunto com os educandos. Seu objetivo é dar visibilidade e materializar os projetos desenvolvidos pelos alunos durante o jogo.

CONHEÇA DE FORMA DETALHADA AS ETAPAS DO PROJETO:

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CAPÍTULO ICaminho das águas ...................................................................................................... 9

CAPÍTULO IIImpactos ambientais .................................................................................................. 38

CAPÍTULO IIISaúde e meio ambiente .............................................................................................. 56

CAPÍTULO VISaneamento básico .................................................................................................... 69

CAPÍTULO VSustentabilidade e tecnologias sociais......................................................................89

CAPÍTULO VIJogos didáticos .........................................................................................................105

Sumário

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Capitulo iCapitulo ii

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A água é um recurso natural renovável, porém fi nito, essencial à vida e ao equilíbrio ecológico do planeta. Ela tem grande importância para o homem, seja nas dimensões social, ecológica, cultural, econômica e também na dimensão mística. Vamos compreender a relação do seu ciclo com o funcionamento das sociedades, bem como os cuidados necessários para a sua renovação em quantidade e qualidade. Iremos conhecer também as políticas de gerenciamento dos recursos hídricos, e as orientações para a preservação deste recurso tão valioso.

Caminho das Águas

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Você já pensou como a água é essencial em nosso dia a dia? Como ela é importante para diferentes comunidades? Como ela tem tantos signifi cados? Qual o seu valor para as diferentes culturas, tradições e práticas espirituais?

Regime de chuvas/umidade do ar/habitats aquáticos.

Social/abastecimento das cidades/turismo/geração de energia/indústria/agricultura e pecuária.

Culturas da pesca/indígenas/tradição de lavadeiras/puxada de rede/cultura de banho/festas religiosas.

Religioso/batizados/deuses, deusas/entidades/yemanjá/yara.

Veja, no quadro a seguir, as diferentes importâncias da água para os seres humanos:

Vamos reFLetir

Cultural

MísticoEcológico

Econômico/Social

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Veja a seguir as explicações sobre a sua composição.

Pode ser encontrada em três estados: sólido, líquido e gasoso.

A passagem da água do estado líquido para o gasoso pode ocorrer por meio de dois processos: a ebulição e a evaporação.

A água passa por cinco processos de transformação na natureza. Para que a transformação de um estado para outro ocorra, é necessário que a água seja submetida a determinadas condições de temperatura e pressão.

Os diferentes estados são:

Você sabe como a água se forma?

Mudanças nos estados da água

Vaporização

1. A ebulição ocorre quando a água chega à temperatura de 100 ºC no nível do mar. Um bom exemplo é quando fervemos a água no fogão. Quando a água começa a borbulhar, é porque ela está fervendo e, portanto, entrando em estado de ebulição, ou seja, transformando-se em vapor de água. 2. Já no processo de evaporação, a água passa do estado líquido para o gasoso de forma lenta. Quando estendemos a roupa molhada no varal, num dia ensolarado, a água vai, lentamente, passando do estado líquido para o gasoso, saindo do tecido da roupa e se dissipando na atmosfera na forma de vapor d’água.

HH

OO

2

2

Água pura é (H2O) uma substância cujas moléculas são formadas por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio.

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Ocorre quando a água passa do estado sólido para o líquido. Quando o gelo é retirado do congelador, a temperatura da água vai aumentando. Quando ela ultrapassa a marca de 0 ºC - ponto de fusão, começa a derreter, transformando-se em água líquida.

Quando a água passa do estado físico gasoso para o sólido e vice-versa, sem passar pelo estado líquido. É a transformação mais rara na natureza. Geralmente, este processo de transformação é realizado em laboratórios. O ponto de sublimação é defi nido como o ponto em que a pressão de vapor da substância se iguala à pressão externa aplicada, seja ela

Mudança da água do estado gasoso para o líquido. Este processo é muito comum na formação das chuvas, quando o vapor de água é transformado em água líquida após uma queda de temperatura. Também podemos observar este processo nas gotículas de água que se formam na parte interna da tampa da panela quando estamos cozinhando alimentos ou fervendo água.

A água passa do estado líquido para o sólido. Essa transformação ocorre quando a água atinge a temperatura de 0 ºC. Um bom exemplo é quando pegamos a água em temperatura ambiente e a colocamos no congelador. Quando a água chega a 0 ºC ela muda do estado líquido para o sólido – o gelo.

Solidifi cação

HO

O2Condensação

Sublimação

Fusão

a pressão atmosférica a 760 mm Hg ou uma pressão induzida em aparelhos de sublimação; esse ponto de transformação depende de determinadas circunstâncias e substâncias. Um bom exemplo de sublimação, em temperatura e pressão atmosférica ambiente, é o gelo seco. Quando colocamos um pedaço de gelo seco num copo d’água, imediatamente observa-se o aborbulhamento e a liberação de grande quantidade de vapor d’água - fumaça branca -, que é o processo de transformação da água do estado sólido, o gelo seco, para o gasoso, o vapor d’água.

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Provavelmente, você conhece ou já ouviu falar em diferentes tipos de água como: água potável; mineral; doce; salobra; salgada; etc.

Água potável reúne características que a colocam na condição própria para o consumo do ser humano. Portanto, a água potável deve estar livre de qualquer tipo de contaminação. São exemplos de potável: a água tratada e disponível à população na maioria das cidades, as das fontes naturais e de boa parte dos riachos e mananciais não poluídos.

Distinção das Águas

Lençol freático

Água mineral

Água doce

Água salobra Água salgada

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Água mineral é proveniente de fontes naturais ou de fontes artifi cialmente captadas; possui composição química ou propriedades físicas ou físico-químicas distintas das águas comuns, com características que lhe conferem uma ação medicamentosa. Toda água mineral, por mais pura que seja, possui certa quantidade de sais, como bicarbonatos de sódio, de cálcio e de magnésio, de compostos de enxofre e gases dissolvidos.

Água doce é a que corre dos rios para o mar, vinda das chuvas e de nascentes que minam do subsolo. A água doce se encontra na superfície em rios, lagos, lagoas, ou acumulada na forma de gelo, principalmente nos glaciares. Ou também em subsuperfície ou subterrânea, no lençol freático, nos poros das rochas e do solo, bem como em reservatórios mais subterrâneos, como os aquíferos confi nados.

Água salobra é mais salgada que a água dos rios, porém é menos salgada que a água do mar. É encontrada, geralmente, em áreas de transição entre as águas doces e as águas marinhas, como lagunas ou estuários. Estuários, por sua vez, podem ser defi nidos como áreas ou zonas de desaguadouro de rios no oceano, e estão infl uenciados por toda uma dinâmica sujeita aos efeitos das marés.

Água salgada, encontrada principalmente em mares e oceanos, representa 97,5% da água presente no planeta Terra. É a grande responsável pela manutenção do clima no planeta.

No meio ambiente podemos encontrar as águas estocadas, armazenadas, ou fl uindo, escoando, drenando em condições superfi ciais, subsuperfi ciais ou subterrâneas. No que diz respeito às duas últimas condições, água subsuperfi cial e subterrânea, pode-se dizer que lençol freático ou aquífero livre freático se refere justamente ao trecho do perfi l de solo ou da camada de rocha permeável situada entre a zona de saturação, que é o limite inferior encharcado pela água, e a zona de aeração - limite superior onde os poros e/ou fi ssuras e fraturas estão preenchidos em parte por água, em parte por ar. Há também o aquífero confi nado, ou artesiano, que está completamente saturado de água subterrânea e cujos limites inferior e superior são compostos por estratos impermeáveis.

Destaque

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Há, portanto, diferentes tipos de comportamento dos aquíferos, que estão relacionados com as características das rochas e com suas capacidades de armazenar ou fl uir mais ou menos água em seus perfi s.

Para compreender melhor a formação do lençol freático, precisamos compreender as suas etapas e processos.

É a água que se encontra sob a superfície da Terra, preenchendo os espaços vazios existentes nas rochas, com suas fi ssuras e fraturas - rachaduras, quebras, descontinuidades e condutos.

São unidades geológicas - rochas porosas, rochas fraturadas, materiais inconsolidados - sufi cientemente permeáveis, que permitem a circulação, o armazenamento e a extração de água subterrânea ou subsuperfi cial, por meio de técnicas convencionais. Os aquíferos possuem uma grande capacidade de armazenamento de água, mas permitem a sua saída de forma lenta.

Lençol freático O que é água subterrânea?

O que é um aquífero?

1 - A água infi ltrada percola através dos vazios do solo.

2 - Dirige-se às camadas mais profundas do perfi l do solo.

3 - Contribui para o abastecimento dos reservatórios subsuperfi ciais rasos, ou seja, lençol freático ou aquíferos livres freáticos.

4 - Também pode abastecer os reservatórios subterrâneos profundos, os aquíferos confi nados.

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Os ciclos da água em ambiente natural e urbano.Vamos conhecer um pouco mais sobre o ciclo da água [1], suas etapas e os processos pelos quais ela passa.

I) O ciclo da água inicia-se com a incidência dos raios solares (irradiação) sobre a Terra.

II) Evaporação: o calor provoca a evaporação da água dos oceanos, dos rios e dos lagos. Também há evaporação de parte da água presente no solo.

III) Transpiração: a transferência da água da superfície terrestre para a atmosfera também ocorre pela transpiração das plantas e animais.

IV) Sublimação: a passagem direta da água da fase sólida para a de vapor.

V) Condensação: a condensação que evapora é transportada pelas massas de ar para regiões mais altas da atmosfera. Lá em cima, em baixas temperaturas, o vapor se condensa e se liquefaz, formando-se as nuvens.

VI) Precipitação: acontece quando a nuvem fi ca carregada com pequenas gotas, que se reúnem formando gotas maiores, tornando-se mais pesadas. E aí caem sobre o solo. Podem cair em forma de granizo, chuva ou neve.

VII) Escoamento: a água se precipita pelo planeta em diferentes destinos. Uma parte cai diretamente nos reservatórios de água, como rios, lagos e oceanos. Outra parte cai sobre o solo. Nesse caso, a água segue dois percursos diferentes: uma quantidade escoa sobre a superfície, alimentando lagos, rios e riachos que, por sua vez, deságuam no mar; outra parte infi ltra-se no solo e nas rochas, através de seus poros e fi ssuras, alimentando as reservas subterrâneas de água, chamadas de lençóis freáticos. E a cobertura fl orestal exerce um papel importante no processo de absorção da água pelo solo.

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O ciclo da água em área urbana

I – Ao término do ciclo natural, a água é captada.

II – A água, depois de captada, segue para a estação de tratamento.

III – A rede de abastecimento realiza a distribuição da água para os imóveis.

IV – A água utilizada – esgoto - deve seguir para as redes coletoras de esgoto.

O que é um canal de drenagem?É a estrutura, ou feição, capaz de escoar e drenar a água da chuva para um determinado ponto da bacia, seja esse ponto um outro canal de drenagem, ou um lago, ou até mesmo o mar. Os canais podem ser naturais – córregos -, ou artifi ciais, por meio de galeria de água pluvial - tubulação. Para que a drenagem ocorra, é necessário que a água possa fl uir de lugares mais altos para pontos mais baixos. Portanto, para se construir uma rede de drenagem, faz-se necessária a realização de estudos para verifi car o curso do(s) rio(s) e seu tipo de drenagem.

Estações de Tratamento de água

Canal de drenagem

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O ciclo em área urbana com Estações de Tratamento de Esgoto (ETE)

Após a distribuição da água para as casas:

I – A água utilizada – esgoto - é captada pela rede de esgoto.

II – O esgoto segue para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE).

III – O esgoto tratado – efl uente - é lançado nos rios para desaguar na bacia.

O ciclo em área urbana com Estações de Tratamento de Esgoto (ETE)

Após a distribuição da água para as casas:

I – A água utilizada – esgoto - é captada pela rede de esgoto.

II – O esgoto segue para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE).

III – O esgoto tratado – efl uente - é lançado nos rios para desaguar na bacia.

Captação de esgoto

Efl uente

Estações de Tratamento de Esgoto

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Bacias hidrográfi casSegundo a descrição do Ministério do Meio Ambiente, “bacia hidrográfi ca é toda a área drenada por um determinado curso d’água e seus tributários, delimitada pelos pontos mais altos do relevo. Esses pontos mais altos são chamados de divisores de águas”. (MMA, 2010)

É importante compreender que uma bacia hidrográfi ca é uma área de captação que recebe e canaliza a água e é também por onde ela fl ui. Uma bacia hidrográfi ca é delimitada por divisores de água - áreas mais altas que separam as águas provenientes da chuva. Neste contexto, as bacias hidrográfi cas consistem numa porção da superfície terrestre drenada por um rio principal, seus afl uentes e subafl uentes. É o movimento das águas superfi ciais e subsuperfi ciais no continente, que obedece a um desenho da própria natureza e defi nido pelo relevo. Sempre saem do ponto mais alto em suas nascentes, seguindo para o ponto mais baixo até a foz para desaguar ou num outro rio, ou no mar. Alguns rios e, consequentemente, suas bacias, cruzam municípios e estados diferentes; por isso, se nossos vizinhos não cuidarem dos nossos recursos, tudo estará comprometido. O rio Guandu, por exemplo, é o responsável pelo abastecimento de cerca de 80% da população do Grande Rio, porém o rio Guandu recebe 60% de suas águas do rio Paraíba do Sul, que banha os estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Portanto, é fundamental que durante os percursos dos rios eles sejam preservados.

As bacias são responsáveis pelo abastecimento de todo o país, dos estados e municípios, e estão divididas politicamente por regiões hidrográfi cas. Para compreender melhor, vamos saber quais são as bacias responsáveis pela drenagem, ou seja, pelo escoamento de água de outras regiões do Brasil até a Zona Oeste.

Vale

subafl uente

afl uente

Vale

divisor de águas

v

v

v

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O que é uma região hidrográfi ca?Conhecer as bacias hidrográfi cas a partir de seus limites municipais e estaduais é fundamental para que possamos compreender as dimensões sociais, culturais, ambientais e políticas que envolvem a temática dos recursos hídricos.

Segundo a legislação (Resolução nº 32, de 15 de Outubro de 2003), considera-se como região hidrográfi ca o espaço territorial brasileiro compreendido por uma bacia, grupo de bacias ou sub-bacias hidrográfi cas contíguas, com características naturais, sociais e econômicas homogêneas ou similares, com vistas a orientar o planejamento e gerenciamento dos recursos hídricos.

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Região SudesteSegundo a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), a Região Hidrográfi ca Atlântico Sudeste é conhecida nacionalmente pelo elevado contingente populacional e pela importância econômica de sua indústria. O grande desenvolvimento da região, entretanto, é motivo de problemas em relação à disponibilidade de água. A área de cobertura dessa região hidrográfi ca corresponde a parte dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Paraná e todo o estado do Rio de Janeiro. É constituída pelas bacias dos rios que deságuam no Atlântico Sudeste, limitada ao norte pela bacia hidrográfi ca do rio Doce, a oeste pelas regiões hidrográfi cas do São Francisco e do Paraná, e ao sul pela bacia hidrográfi ca do rio Ribeira. No âmbito estadual, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos, vinculado ao Instituto Estadual de Meio Ambiente (INEA), elaborou o Plano Estadual de Recursos Hídricos com vistas ao gerenciamento integrado e planejado dos recursos hídricos do estado. Sendo assim, o estado do Rio de Janeiro é também dividido em Regiões Hidrográfi cas, conforme ilustra a fi gura a seguir. Vamos, pois, conhecer quais são as regiões hidrográfi cas que fazem parte do limite estadual. São elas:

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Regiões Hidrográfi cas

RH I – RH da Ilha Grande

RH II – RH do Guandu

RH III – RH Médio Paraíba do Sul

RH IV – RH Piabanha

RH V – RH Baía de Guanabara

RH VI – RH Lagos São João

RH VII – RH Rio Dois Rios

RH VIII – RH Macaé e das Ostras

RH IX – RH Baixo Paraíba do Sul

RH X – RH Itabapoana

A Região Hidrográfi ca do Guandu (RH II), que abrange boa parte da Zona Oeste do município do Rio de Janeiro, é composta pelas seguintes bacias hidrográfi cas: Bacia do Santana, Bacia do São Pedro, Bacia do Macaco, Bacia do Ribeirão das Lajes, Bacia do Guandu (Canal São Francisco), Bacia do Rio da Guarda, Bacias Contribuintes à Represa de Ribeirão das Lajes, Bacia do Canal do Guandu, Bacias Contribuintes ao Litoral de Mangaratiba e de Itacurussá, Bacia do Mazomba, Bacia do Piraquê/Cabuçu, Bacia do Canal do Itá, Bacia do Ponto, Bacia do Portinho, Bacias da Restinga de Marambaia, Bacia do Piraí.

Com relação à RH II Guandu, na parte do município do Rio há predominância de planícies com infl uências fl uviais e fl uviomarinhas, onde se inicia a baixada da Guanabara a leste. Apresenta também serras isoladas, e tem como principal divisor oriental a vertente oeste do maciço da Pedra Branca, e também a parte sudoeste do maciço de Gericinó-Mendanha. No que tange ao comportamento hídrico, é uma região onde a taxa de evapotranspiração costuma ser maior que a de precipitação, que varia de acordo com as estações do ano, onde, no verão, há incidência de chuvas, e no inverno a região é

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seca. A precipitação média dessa RH é 1000 mm/ano. O rio Guandu é formado pelo rio Ribeirão das Lajes e pela vazão dos rios Piraí e Paraíba do Sul, que são conduzidos por sistemas de captura e bombeados na elevatória de Santa Cecília para o reservatório de Santana que, por fi m, forma o rio Guandu. No que diz respeito à qualidade das águas que compõem a RH II, nesse sistema há estações de tratamento de água geridas pela CEDAE. A maior ameaça à qualidade da água dessa região deve-se às atividades humanas exercidas na própria bacia do rio Guandu. (INEA, 2011).

Quanto à Região Hidrográfi ca V da Baía de Guanabara, na parte do município do Rio de Janeiro, há também um predomínio de planícies fl uviais e fl uviomarinhas. Mas observa-se, também, grande infl uência do relevo montanhoso e escarpado dos maciços da Tijuca e da Pedra Branca. No comportamento hídrico da RH V observa-se que não ocorre défi cit hídrico nas porções dos maciços da Tijuca e da Pedra Branca, notadamente por conta das chuvas orográfi cas comuns ao longo do ano. A precipitação anual média é de 1.650 mm. Por outro lado, nas áreas de planície da zona norte do município, cujas bacias drenam para a Baía de Guanabara, observa-se um défi cit hídrico durante a estação de inverno. Nessas baixadas, a precipitação média é de 1.200 mm/ano. Os índices de qualidade da água da RH V são prejudicados em função da área ser densamente ocupada e por possuir uma inadequada gestão de esgotos sanitários e de resíduos sólidos urbanos (INEA, 2011).

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Impacto da urbanização na impermeabilização do solo e infi ltração da águaÀ medida que o próprio homem modifi ca o equilíbrio natural dos caminhos dos cursos d’água, realizando a drenagem por meio de canalizações e tubulações, desmata e ocupa o solo indevidamente e as consequências são voltadas contra seu próprio bem-estar e suas economias. A camada superfi cial do solo, em seu ciclo natural, é composta por matéria orgânica decomposta, por bactérias e fungos – húmus - e raízes, que são responsáveis por desagregar o solo e facilitar o acesso da vida animal na abertura de caminhos subterrâneos. Isso permite que ocorra uma grande capacidade de infi ltração de água

infi ltração no solo

área natural área urbana

escoamento para linha de água

no solo, absorvendo com facilidade as águas da chuva e evitando o acúmulo de água superfi cial. Desta forma, podemos concluir que o desmatamento é um dos fatores que diminui a capacidade de infi ltração e aumenta o volume de escoamento de água da chuva superfi cial. Este fator ocorre devido ao aumento da população e, consequentemente, das áreas urbanas, responsáveis pela diminuição das fl orestas e áreas preservadas e dando lugar às construções residenciais, comerciais, industriais, praças e estradas.

área urbana

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Por que isso ocorre?A bacia hidrográfi ca que recebe contribuições principalmente das águas da chuva pode ter a sua área com formatos variados como, por exemplo, arredondadas, alongadas ou largas, conforme ilustra a fi gura a seguir.

A mesma quantidade de chuva pode gerar a inundação de uma bacia hidrográfi ca ou não, a depender do seu tamanho ou formato, bem como da energia potencial de escoamento das águas e de sua capacidade de infi ltração. Por isso, a ocorrência de inundações depende de fatores naturais e alterações provocadas pelo homem.

A depender da intensidade de ocupação urbana desordenada, somada aos fatores naturais, pode-se ampliar a possibilidade de ocorrência de enchentes e alagamentos. Por isso, numerosas iniciativas de manutenção e preservação das bacias são realizadas, como, por exemplo, as atividades do Comitê da Bacia do Rio Guandu que atua na Zona Oeste do município do Rio.

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Vamos reFLetirNum tempo em que as mudanças climáticas afetam cada vez mais, direta e indiretamente, as nossas vidas, é importante pensarmos em formas e atitudes que nos transformem em agentes dessa realidade. Nesse contexto, um exemplo real e concreto é a importância da arborização dos espaços urbanos. Além das árvores proporcionarem bem estar visual, auxiliam no equilíbrio do microclima local, amenizando o calor, reduzindo a poluição do ar e funcionando como anteparo para a redução da poluição sonora. A presença de árvores promove também o aumento da retenção natural das águas, sendo uma excelente aliada na interceptação da água da chuva. Quão verde está seu bairro? Você pode contribuir para melhorar a arborização da sua rua?

Vamos reFLetir

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Serviços ambientaisVocê sabe o que são os serviços ambientais?

Serviços ambientais são processos gerados pela própria natureza através dos ciclos e processos ecológicos, que mantêm os ecossistemas saudáveis e possibilitam a vida na Terra. Esses serviços são responsáveis pela manutenção da biodiversidade, e permitem a provisão de bens que são consumidos pelo homem, como madeira, fi bra, peixes, remédios, sementes e combustíveis naturais. Além disso, regulam as condições ambientais - como a purifi cação da água -, trazem benefícios culturais para as pessoas e dão suporte para a formação do solo e a polinização das sementes.

Conheça os serviços ambientais prestados pela água

Infi ltração no solo: Precipitação em formato de chuvas:

Reciclagem de nutrientes:

A água limpa, seja em qual estado se apresentar, traz uma conexão positiva entre os ecossistemas, o bem-estar humano e a economia. A dinâmica que envolve o ciclo da água é responsável pela regulação do clima e dos fl uxos hidrológicos, pela ciclagem e reciclagem de nutrientes e pela manutenção da vida dos seres vivos.

a infi ltração é o processo pelo qual a água penetra nas camadas superfi ciais do solo, percola através dos vazios pela ação da gravidade até atingir uma camada impermeável, formando um lençol d’água.

possibilita a manutenção de todo o ciclo hidrológico que, por sua vez, permite o desenvolvimento de todas as formas de vida.

auxilia na contínua transferência de nutrientes do solo para as plantas, pois participa das reações químicas necessárias para transformar os elementos e nutrientes do solo em formas acessíveis às plantas.

Vejamos alguns exemplos dos serviços ambientais naturalmente prestados pela água:

Reciclagem de nutrientes:

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Indicadores:(Dados da Agência Nacional das Águas, ONU e UNICEF)

97%2%

1%água potável

água salgadanos oceanos

em icebergs

ONDE ESTÁ A ÁGUA?

PARA ONDE A ÁGUA VAI NO BRASIL?

21% 18% 69%municipal industrial agricultura e pecuária

de pessoas sofrerão por falta de água em 2025

5.3BILHÕES

2/3da Terraé coberto por água. Isso é igual a 1,5 milhão por quilômetro cúbico.

- A produção de alimentos mundial responde por 70,2% do consumo de água que vem dos mananciais;

- Um bilhão e 200 milhões de pessoas (35% da população mundial) não têm acesso a água tratada;

- Quase metade da população mundial viverá em áreas com grande escassez de água até 2030;

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A água é um tema abundante na Zona Oeste do Rio de Janeiro, região situada entre dois grandes maciços: Pedra Branca e Gericinó-Mendanha; e este é um bem precioso para a região. Para que a sociedade local possa atuar para a manutenção dos recursos hídricos de suas regiões, foi criada a lei federal n° 9433/97 que defi niu a integração dos Comitês de Bacias Hidrográfi cas ao Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Este Sistema institui e estabelece que cada estado deve elaborar as suas diretrizes de atuação. A atuação do Comitê da Bacia Hidrográfi ca do Guandu compreende

Contexto Zona OesteContexto Zona Oestea bacia hidrográfi ca do rio Guandu, incluídas as nascentes do Ribeirão das Lajes, as águas desviadas dos rios Paraíba do Sul e Piraí, os afl uentes ao Ribeirão das Lajes, ao rio Guandu e ao Canal de São Francisco, até a sua desembocadura na Baía de Sepetiba, bem como as bacias hidrográfi cas dos rios da Guarda e Guandu Mirim. No estado do Rio de Janeiro, o Comitê é um órgão colegiado, vinculado ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CERHI, com atribuições consultivas, normativas e deliberativas, de nível regional, integrante do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SEGRHI, nos termos da Lei Estadual nº 3.239/99.

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Os Comitês de Bacias Hidrográfi cas (CBH) são entidades colegiadas com atribuições normativa, deliberativa e consultiva. São organismos políticos de integração e de tomada de decisão, com incumbência de planejar a utilização das águas e garantir a conservação e a recuperação dos territórios da bacia. Os Comitês são considerados como “Parlamentos das Águas”, sendo criados com objetivos e competências relacionados aos recursos hídricos, de forma integrada e descentralizada e com a participação da sociedade para um efetivo controle social.

Os Comitês de Bacias são espaços onde acontecem as discussões e deliberações para o atendimento aos programas e ações estabelecidos nos Planos de Bacias com os recursos fi nanceiros provenientes da cobrança pelo uso da água, assim como estudos, projetos e obras para a melhoria das condições da bacia hidrográfi ca. Promovem a participação, o debate e a articulação da atuação das diversas entidades e instituições envolvidas direta ou indiretamente na gestão das águas. Suas atribuições se referem à solução de confl itos relacionados aos usos concorrentes dos recursos hídricos de sua área de atuação, bem como à promoção e acompanhamento da implantação dos Instrumentos de Gestão previstos na Política Estadual das Águas, visando assegurar água de boa qualidade, e em quantidade, para atender às demandas das atuais e das futuras gerações.

O que são Comitês de Bacias?

O que fazem?

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Região Hidrográfi ca do Guandu (RH II)

Bacias Hidrográfi cas da Zona Oeste do Rio de Janeiro inseridas na RH II: Bacia do Piraqué ou Cabuçu, Bacia do Guandu ou Canal de São Francisco, Bacia do Canal do Itá, Bacia do Ponto, Bacia do Portinho, Bacias da Restinga de Marambaia e Bacia do Canal do Guandu.

Vamos conhecer quais são as bacias da nossa região que precisam ser protegidas e preservadas

Os comitês são fundamentais para articular os diversos interesses territoriais de municípios e estados. Seu grande desafi o é mediar os interesses do uso, dos impactos ambientais e a conservação em cada região.

Comitês de Bacias Hidrográfi cas: divisões municipais e estaduais

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Se você perceber paredes mofadas ou molhadas, terreno molhado, piso fofo ou ruído de escapamento de água, é porque provavelmente existe vazamento na sua instalação hidráulica, que pode causar uma perda de Antes de utilizar água, é necessário pensar nos impactos negativos

que o uso sem economia, o mau uso, pode causar ao meio ambiente e à economia do país. Veja alguns dados sobre esse descarte:

Qual é o seu papel?

Lavagem de louça

Torneira aberta continuamente: gasto de 240 litros ao longo de 30 min.

Abrindo e fechando durante a lavagem: gasto de 70 litros ao longo de 30 min.

Chuveiro

Gasto de 3 a 6 litros de água por minuto.

Banho de 20 minutos: 120 litros de água.

Banho ideal de 5 minutos: 30 litros de água.

Lavar calçadas com mangueira

Gasto de 240 a 500 litros durante 30 min.

Recomenda-se não varrer a sujeira com água potável e, ao invés disso, usar a água de lavagem de roupa, por exemplo.

2a7litros por dia.mil

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Escovar os dentes durante 3 minutosTorneira aberta continuamente: gasto de 5 a 10 litros por minuto.

Abrindo e fechando durante a escovação: gasto de 2 litros

A água pode escapar pelo ladrão - cano por onde escorre o excesso de água que entra na caixa, por torneiras mal fechadas ou por furos nos canos. O desperdício de água pelo ladrão de uma casa pode chegar a

Descarga

Gasto de 7 a 10 litros por descarga.

Recomenda-se manter a válvula de descarga regulada.

10litros por dia.mil

Torneira mal fechada

Uma torneira pingando desperdiça 46 litros por dia.

Uma torneira fl uindo em fi lete desperdiça de 180 a 750 litros por dia.

Uma torneira correndo normalmente, de 8,5 mil a 12,5 mil litros por dia.

Uma torneira jorrando em jato: 25 mil a 45 mil litros por dia.

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Diversão e ConhecimentoConheça o projeto “Water mark”, que busca oferecer ao espectador um olhar imersivo sobre a problemática da água no mundo. São cenas surpreendentes! <http://thecreatorsproject.vice.com/blog/making-of-watermark-an-immersive-look-at-water;> FLOW - vencedor de diversos prêmios, Flow foi apresentado na ONU como parte do 60º Aniversário da Declaração dos Direitos Humanos. O fi lme mostra todos os problemas originados na sociedade a partir da perspectiva do consumo de água, elemento básico para a vida humana. Arte e conhecimento: <http://www.hypeness.com.br/2011/05/arte-com-tinta-fl utuando-na-agua-de-ebru-sanati/>

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Referência Bibliográfi caBRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano. Ciranda das Águas. Brasília, 2011.

CAESB. Como economizar água e reduzir as despesas; material educativo. Distrito Federal.

GOMES, Antônio Humberto Porto; TROLLES, Janete de Oliveira; NASCMENTO, Elson Antônio do. Artigo - XIII Congresso Brasileiro Águas Subterrâneas.

INEA. O Estado do Ambiente: indicadores ambientais do Rio de Janeiro. Júlia Bastos & Patrícia Napoleão (Org.). Rio de Janeiro: SEA; INEA, 2011. 160 p. TUCCI, C. E. M.; CLARKE, R.T. Impacto das mudanças da cobertura vegetal no escoamento. Revisão. RBRH - Revista Brasileira de Recursos Hídricos, ABRH. ISSN 1414-381X. Porto Alegre: v. 2, n. 1, jan./jun., 1997. p. 135-152.

WUNDER, Sven; BÖRNER, Jan; RÜGNITZ, Marcos; PEREIRA, Tito; PEREIRA, Lígia.Pagamentos por serviços ambientais: perspectivas para a Amazônia Legal. MMA, 2008.

Sites:<http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/bitstream/handle/mec/5033/open/fi le/index.html>

<http://fi nep.gov.br>

<http://www.tecnicasderegadio.info/index.php/drenagem/cap20-drenagem>

<http://www12.senado.gov.br/codigofl orestal/infografi cos/servicos-ambientais>

<http://www.onu.org.br/quase-metade-da-populacao-mundial-vivera-em-areas-com-grande-escassez-de-agua-ate-2030-alerta-onu/>

<http://www.barramentos.ufc.br/Hometiciana/Arquivos/Graduacao/Apostila_Hidrologia_grad/Cap_6_Infi ltracao.pdf>

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Capitulo i iCapitulo i ii

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Impactos ambientais

Os impactos ambientais, em sua grande maioria, são causados por ações e processos de desenvolvimento relacionados às mudanças e intervenções humanas no meio ambiente. Para compreendermos como esse conceito melhor se aplica, vamos utilizar dois exemplos de grande importância: a poluição hídrica e os resíduos sólidos.

A atual condição de escassez ou de desequilíbrio na oferta de recursos hídricos é gerada por diferentes fatores: represamento e assoreamento de rios, desmatamento da mata ciliar - mata localizada às margens de rios e lagos -, processo desordenado de ocupação territorial, crescente aumento no consumo de água decorrente do uso na agricultura, na indústria e do aumento das populações urbanas. Em proporções diferenciadas, tais ações provocam impactos negativos para a vida no planeta.

Outro fator a ser levado em consideração é a busca constante e crescente pelo chamado “desenvolvimento econômico”, que tem estabelecido mudanças no estilo de vida e nos padrões de consumo da sociedade por meio da produção industrial em larga escala e do uso insustentável dos recursos naturais, aí incluída a água. Uma das mais graves consequências desse processo de crescimento desordenado é o aumento da produção de resíduos sólidos.

Por isso, é fundamental compreender a relação entre a conservação dos recursos hídricos, o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida.

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Já pensou sobre o impacto que os seres humanos causam pelo simples fato de existirem?

Quanto custa aos ecossistemas o desenvolvimento econômico, tecnológico e social, nos moldes que temos hoje?

Precisamos agir de modo sustentável para garantir qualidade de vida para as próximas gerações?

Vamos reFLetir

5,5

18.00017.100

499

5.280LITROS

LITROS

LITROS

LITROS

LITROS

QUEIJO 1KG MANTEIGA 1KG CERVEJA 1L BANANA 1KG CARNE DE BOI 1KG

fonte: Sabesp

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Que mundo queremos para os nossos fi lhos?Escrita em 1855, a famosa carta do cacique Seattle, da tribo Suquamish, Estado de Washington, para o presidente dos Estados Unidos:

“O homem branco deve tratar os animais como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo que possa ser de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso que um bisão que (nós - peles vermelhas) matamos apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, os homens morreriam de solidão espiritual porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo quanto fere a terra, fere também os fi lhos da terra.”

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A contaminação ou poluição da água é ocasionada por qualquer matéria ou energia que provoque alteração nas propriedades físico-químicas da água, as quais, geralmente, são nocivas aos organismos vivos.

O principal agente causador desta poluição é o ser humano, tendo em vista os usos inadequados que ele faz da água: descarte de esgoto, de agrotóxicos e resíduos industriais, sem tratamento, em rios, mares e oceanos. Como consequência dessa degradação ambiental, temos a diminuição da oferta de água em quantidade e qualidade.

Os principais elementos causadores da poluição da água:

Resíduos tóxicos oriundos de descarte industrial e agrícola - agrotóxicos.

Óleo e graxa residencial ou industrial.

Esgoto doméstico, industrial e rural.

Água de lastro, decorrente da navegação.

Descarte inadequado de resíduos sólidos domésticos, hospitalares e de micropoluentes orgânicos industriais.

Mineração: atividades de petróleo e gás, garimpo de ouro, etc.

POLUIÇÃO HÍDRICA

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Poluição térmica da água

É causada, principalmente, pelo lançamento de grandes quantidades de água aquecida nos rios e mares. O aquecimento da água, proveniente do processo de refrigeração de refi narias, siderúrgicas e usinas termoelétricas, não afeta a sua potabilidade, mas causa a diminuição do oxigênio (O2) presente na água, prejudicando a vida aquática. Animais como trutas e salmões são ainda mais afetados por este tipo de poluição, pois não sobrevivem à variação térmica.

Poluição biológica da águaÉ causada pela presença de micro-organismos patogênicos na água, provenientes de esgotos industriais e domésticos. Estes micro-organismos, como bactérias, vírus, protozoários e vermes, causam numerosas doenças aos seres vivos. Águas de nascentes e poços podem se contaminar através do solo, devido à proximidade de esgotos e fossas. O solo não retém as bactérias, apenas as partículas; por isso, a água pode estar contaminada mesmo estando visualmente cristalina.

Poluição sedimentar da água

Atualmente, corresponde à principal massa de poluentes. É causada pelo acúmulo de sedimentos e resíduos na água. Tais resíduos, provenientes de indústrias, esgotos domésticos e processos erosivos, impedem a entrada de luminosidade na água. A falta de luminosidade na água prejudica o processo de fotossíntese das plantas aquáticas e atrapalha a visualização da comida pelos animais.

Poluição radioativa da água

É causada pelo lançamento de resíduos radioativos na atmosfera e no solo, provenientes de usinas nucleares e hospitais. A contaminação por material radioativo é altamente nociva aos seres vivos.

Poluição química da águaÉ causada pela contaminação da água por produtos químicos nocivos, principalmente por rejeitos agrícolas como fertilizantes e herbicidas. Os efeitos deste tipo de contaminação não são percebidos em curto prazo e, por causarem deformações e morte aos seres vivos, são altamente prejudiciais.

Existem ainda outros tipos de poluições hídricas, tais como:

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Cada litro de óleo descartado no ambiente pode contaminar milhares de litros de água. O descarte inadequado do óleo de cozinha provoca diversos prejuízos econômicos e ambientais, pois entope encanamentos e contamina rios e lençóis freáticos, prejudicando e difi cultando também o processo de tratamento do esgoto.

O óleo cria uma película dentro das tubulações das redes de esgoto e, com o passar do tempo, endurece, criando obstruções. Essas obstruções causam extravasamento de esgoto e prejudicam o trabalho realizado nas estações de tratamento de esgotos (ETE).

saiba mais

Destaque

É importante saber que, apesar de poluentes, os detergentes, fertilizantes, inseticidas, petróleo e óleos são compostos biodegradáveis, ou seja, ao fi nal de um tempo são decompostos pela ação de bactérias que, em alguns casos, pode demorar centenas ou milhares de anos. Já os metais pesados, e alguns tipos de agrotóxicos, são persistentes, ou seja, fi cam muito tempo na natureza e contaminam, além da água, moluscos, crustáceos, peixes e outros alimentos. Ambos os grupos podem ser considerados poluentes químicos.

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Segundo dados da Comissão Mundial de Águas, os 500 maiores rios do planeta estão poluídos. O crescimento desordenado das cidades, a falta de tratamento de esgoto e o descarte de poluentes industriais tornam a tarefa de despoluir um rio urbano quase impossível. O tratamento da água poluída exige alto investimento em infraestrutura, leva um longo tempo e demanda cooperação entre governo, empresas e sociedade no árduo trabalho de recuperação das águas.

Uma outra questão, apresentada no relatório das Nações Unidas, é o crescimento demográfi co projetado para áreas urbanas, pois se os esforços continuarem no ritmo atual os aprimoramentos nas instalações da cobertura do saneamento básico aumentarão em apenas 2%, passando, de 80% em 2004 para 82% em 2015 - equivalente a apenas 81 milhões de pessoas atendidas. (WHO; UNICEF, 2006)

Realizar um trabalho de tratamento de despoluição é uma tarefa complexa, mas o exemplo do rio Reno, na Europa Ocidental, nos mostra que é possível. O rio Reno nasce nos Alpes Suíços e deságua na Holanda; tem 1.320 quilômetros de extensão e passa por França, Alemanha, Luxemburgo e Bélgica. Até a década de 1970, era intensamente poluído por resíduos das indústrias e da agricultura.

Soluções para o impacto ambiental: é possível despoluir rios urbanos?

O processo de despoluição do Reno exigiu a cooperação dos diversos países por onde passa e teve início em 1976, quando foi assinado o primeiro acordo contra a poluição química do rio. Mas somente após a ocorrência de um incêndio em um depósito de produtos químicos na Suíça, em 1986, é que um plano de ação foi elaborado, e o despejo de resíduos no rio teve fi m. Hoje, o Reno está recuperado e é um importante local de lazer para os europeus.

RIO

REN

O

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foto rio renno antes e depois

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Com a atual Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), a água passou a ser considerada um bem público, limitado e dotado de valor econômico, cujo uso prioritário é o consumo humano e cuja gestão deve ser descentralizada e proporcionar o uso múltiplo das águas. Conforme estabelecido na Lei Federal 9.433, de janeiro de 1997, os objetivos desta política são os de assegurar, à atual e às futuras

De quem é a responsabilidade?gerações, a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável; a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.

Para atender às determinações da Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), em julho de 2000, a Lei 9.984 criou a Agência Nacional de Águas (ANA). Está sob a sua responsabilidade disciplinar a implementação, a operacionalização, o controle e a avaliação dos instrumentos de gestão criados pela PNRH. Dessa forma, seu espectro de regulação ultrapassa os limites das bacias hidrográfi cas com rios de domínio da União, pois alcança aspectos institucionais relacionados à regulação dos recursos hídricos no âmbito nacional.

Para conhecer mais sobre a Agência Nacional de Recursos Hídricos entre no site: http://www2.ana.gov.br/

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RESÍDUOS SÓLIDOSOs resíduos sólidos são todos os restos sólidos ou semissólidos das atividades humanas ou não humanas, que embora possam não apresentar utilidade para a atividade fi m de onde foram gerados, podem virar insumos para outras atividades.

Hoje em dia não devemos usar mais o termo lixo, por ser uma palavra que não ajuda a diferenciar aquilo que pode ser aproveitado daquilo que não pode ser aproveitado.

Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305)A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) instituiu a responsabilidade compartilhada entre fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e municípios quanto ao ciclo de vida dos produtos, ou seja, todos são solidariamente responsáveis pelos resíduos sólidos que geram. Todos têm novas responsabilidades com a implantação da lei: sociedade, governo, empresas e catadores.

Sua fi nalidade é mudar as relações de produção, uso, descarte e reciclagem dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) gerados pela sociedade. Atualmente, no Brasil, são gerados, por dia, cerca 183 mil toneladas de RSU, sendo 94 ton/dia de matéria orgânica.

Com aterro sanitário

Sem aterro sanitárioFonte: PNSB/IBGE 2008

milhões de habitantes (58% da população urbana)

27,7%

93,8dos RSU coletados são destinados a Aterros Sanitários.

Devemos diferenciar, usando as palavras resíduos e rejeitos. Resíduo é aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado. Rejeito é qualquer material considerado inútil, após esgotadas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis.

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Qual a diferença entre

“Lixão” e

o Aterro Sanitário?

LixãoAntes da PNRS

Resíduos úmidosResíduos secos

Coleta indiferenciada(resíduos misturados)

Desperdício de material que poderia ser aproveitado - maior consumo de matéria-prima, energia, água e poluição atmosférica do processo produtivo.

Matéria orgânica gerando chorume e biogás sem tratamento - contaminação do solo e da água com contaminantes perigosos e aumento da carga orgânica, gerando eutrofi zação dos meios aquáticos. Emissão de metano sem controle, contribuindo para o efeito estufa.

disposição inadequada em lixões, rios, etc.

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Aterro SanitárioDepois da PNRS

Resíduos secos Resíduos úmidos

Coleta seletiva

Diminuição da extração de matéria-prima e do consumo de água e energia.Diminuição do risco de contaminantes perigosos no solo e água. Diminuição de emissão de gases gerados nos processos produtivos.

Geração de composto com nutrientes agrícolas - tratamento de chorume produzido, diminuindo o risco de contaminação da água e do solo.

Tratamento biodigestão, compostagem, etc.

Reutilização, reciclagem, integração com processo

produtivo

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PopulaçãoAntes: não separação do lixo reciclável nas residências; falta de informação; falhas no atendimento da coleta municipal; pouca reivindicação junto às autoridades.

Depois: consumidor fará separação mais criteriosa nas residências; campanhas educativas mobilizarão moradores; coleta seletiva melhorará para recolher mais resíduos; cidadão exercerá seus direitos junto aos governantes.

Poder público

Antes: falta de prioridade para coleta adequada de resíduos sólidos; existência de lixões na maioria dos municípios; resíduo orgânico sem aproveitamento; coleta seletiva cara e inefi ciente.

Depois: municípios farão plano de metas sobre resíduos com a participação de catadores; os lixões precisam ser erradicados em quatro anos; prefeituras passam a fazer a compostagem; é obrigatório controlar custos e medir a qualidade dos serviços.

Conheça o que muda com a lei, antes e depois.

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CatadoresAntes: exploração por atravessadores e riscos à saúde; informalidade; problemas de qualidade e quantidade dos materiais; falta de qualifi cação e visão de mercado.

Depois: catadores reduzem riscos à saúde e aumentam renda em cooperativas; cooperativas são contratadas pelos municípios para coleta e reciclagem; aumenta a quantidade e melhora a qualidade da matéria-prima reciclada; trabalhadores são treinados e capacitados para ampliar a produção.

Empresas Antes: inexistência de lei nacional para nortear os investimentos das empresas; falta de incentivos fi nanceiros; baixo retorno de produtos eletroeletrônicos pós-consumo; desperdício econômico sem a reciclagem.

Depois: marco legal estimulará ações empresariais; novos instrumentos fi nanceiros impulsionarão a reciclagem; mais produtos retornarão à indústria após o uso pelo consumidor; reciclagem avançará e gerará mais negócios com impacto na geração de renda.

Para que estas mudanças ocorram, é necessário que toda a sociedade esteja envolvida no processo de construção e implantação de novas soluções para o descarte dos Resíduos Sólidos Urbanos. Portanto, a população precisa enfrentar o desafi o de incorporar uma nova

postura de consumo e descarte dos materiais, as empresas precisam estruturar a logística reversa dos materiais produzidos, os municípios devem desenvolver seus aterros com qualidade e efi ciência, além de ampliar a atenção e a responsabilidade social quanto ao trabalho realizado pelos catadores.

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Contexto Zona OesteA poluição hídrica e a degradação ambiental são responsáveis por numerosos impactos negativos na qualidade de vida da Zona Oeste. A pesca artesanal e o turismo, por exemplo, importantes atividades econômicas de Sepetiba e Guaratiba até a década de 70, passaram por um processo de decadência que atingiu moradores, pescadores e comerciantes da região.

A partir da década de 60, são implantados distritos industriais nas regiões de Campo Grande e Santa Cruz, gerando resíduos industriais lançados no ambiente sem tratamento, o que contribuiu ainda mais para a degradação ambiental da região.

Segundo dados do IBGE, do censo de 1991 a 2000, isto é, em menos de dez anos, houve um aumento de 46% em novas habitações em Campo Grande, Guaratiba e Santa Cruz.

Um estudo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro mostra que várias espécies da Baía de Sepetiba foram contaminadas por metais pesados, como cádmio, chumbo e alumínio, colocando a sobrevivência da vida marinha em risco, assim como a saúde daqueles que dela dependem para sobreviver.

A crescente poluição da Baía de Sepetiba provocou o contínuo desaparecimento de peixes como pescadinha, robalo e tainha. Pescadores presenciaram o declínio da biodiversidade e, como consequência, viram-se obrigados a buscar outras atividades para garantia do seu sustento. Segundo o pescador Ivo Soares: “quando o pescador não consegue nada no mar, ele vira peão de obra. É ótimo para as empresas, mas tirar um pescador do mar é como tirar um peixe de dentro da água. “

Outro setor produtivo atingido pela poluição da região de Guaratiba, foi a rede de bares e restaurantes que recebia turistas e clientes atraídos pelas belezas e pelos frutos do mar. Houve desvalorização e esvaziamento da área; muitos restaurantes fecharam as portas, impactando não só os pescadores mas toda a economia local, que dependia do pescado e do turismo. Outras regiões da Zona Oeste também têm sido afetadas por impactos ambientais. Anualmente, nas estações chuvosas, casos graves de deslizamentos e inundações vêm afetando os moradores dos bairros de Campo Grande, Realengo e Santa Cruz, causando perda de vidas e bens materiais. Tais ocorrências são causadas principalmente pela ocupação territorial desordenada do espaço urbano, pela construção de moradias em áreas alagáveis, em margens de rios e pela impermeabilização do solo.

No período de chuvas, além do aumento natural do volume de água, as inundações são agravadas pelo despejo inadequado de todo o tipo de resíduos - dejetos humanos, restos de alimentos, embalagens, plástico, madeira, alumínio e vidro - nos cursos d´água.

Por isso, a relação direta entre os recursos hídricos e os resíduos sólidos são temas prioritários para o desenvolvimento econômico, social e ambiental da sua região.

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RRRPara promover a despoluição dos rios, diminuir a geração de resíduos e melhorar

o controle sanitário, é necessário trazer para si a responsabilidade de fazer o descarte correto dos resíduos e divulgar na sua comunidade os conhecimentos relacionados a essa mudança de postura.

Você já ouviu falar dos 3 R’s?

Reduza● Diminua o consumo de produtos embalados, compre a granel e use sacolas de tecido.

● Vá pelo menos uma vez por semana ao mercado e compre somente o necessário, liste as coisas que são realmente necessárias.

Reutilize● Transforme coisas velhas em novas com um pouco de criatividade e materiais que tem em casa.

● Escolha produtos com embalagens retornáveis.

Recicle● Separar o lixo para coleta seletiva diminui a poluição do solo.

● Incluir as lixeiras de coleta seletiva e explicar como se faz a separação.

Qual é o seu papel?

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INICIATIVAS Afi nal, todos os caminhos levam aos rios. Por isso, eles precisam ser preservados e bem cuidados. Para inspirar a atitude cidadã, aqui vão alguns dos projetos sobre a diminuição de impacto ambiental, controle e gestão de resíduos sólidos.

PROGRAMA RECICLA RIO - Desde 2010, o programa busca valorizar a gestão dos resíduos e fortalecer as parcerias locais entre agentes públicos, privados e comunitários. Com isso, os participantes cuidarão para manter um ambiente equilibrado e saudável, e também valorizar a cadeia produtiva da reciclagem do Estado do Rio de Janeiro.Para saber mais acesse: http://www.rj.gov.br/web/sea/exibeConteudo?article-id=574909

COLETA SELETIVA SOLIDÁRIA - Promove a implantação de programas municipais de coletiva seletiva, por meio do planejamento participativo e da educação ambiental. Como as conquistas são feitas em conjunto, para que a coleta seletiva se torne realidade é preciso valorizar, incluir e trabalhar junto com os catadores e catadoras de materiais recicláveis.

Para saber mais acesse: http://www.coletaseletivasolidaria.com.br/

Pratique a reciclagem, sempre!

Referência Bibliográfi caUniversidade Estadual do Norte Fluminense http://www.uenf.br/uenf/centros/cct/qambiental/ag_tipoluicao.html)

http://www.infoescola.com/ecologia/defi nicao-de-residuos-solidos/

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Capitulo i I iCapitulo i I ii

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Saúde e meio ambiente

O planeta está doente! O processo desordenado de crescimento populacional e a migração das pessoas das áreas rurais para as áreas urbanas geraram numerosos problemas de insufi ciência dos serviços básicos de saneamento. E, desta forma, trouxeram grandes impactos à saúde da população que vive em ambiente urbano.

Segundo o relatório das Nações Unidas, cerca de 10% do total de doenças ao redor do mundo poderia ser prevenidos por meio de aprimoramentos nos serviços de manutenção do meio ambiente relacionados à água potável, ao saneamento e à recuperação de áreas degradadas.

Por isso, iremos refl etir, neste tópico, sobre as relações entre meio ambiente, recursos hídricos e saúde humana. Vamos abordar o contexto histórico e o desenvolvimento da relação da saúde com o meio ambiente, os riscos decorrentes da utilização de água poluída e a sua relação direta com a qualidade de vida da população.

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Historicamente, a busca por água foi determinante para a sobrevivência humana e para o desenvolvimento das civilizações, e fundamental em alguns aspectos como a agricultura, o transporte e o consumo humano, garantindo assim saúde e a manutenção da vida.

A disponibilidade abundante de água foi fundamental para que as antigas sociedades nômades pudessem se fi xar em uma determinada região. Esta nova forma de ocupação do território só foi possível com a domesticação da água, ou seja, o aprimoramento de técnicas de armazenamento para consumo e desenvolvimento da agricultura, pois permitia a irrigação das plantações. Por isso, a disponibilidade de água foi um dos principais fatores de desenvolvimento das grandes civilizações.

O crescimento populacional, em sociedades que se fi xaram em um determinado território, trouxe novos desafi os para a manutenção da qualidade da vida humana, principalmente aqueles relacionados à saúde. Por exemplo, o acúmulo de resíduos e rejeitos nas ruas e casas - fezes humanas e de animais, teve grande relevância ao gerar novas necessidades de adequação da sociedade.

Ao longo da história, cada uma das civilizações desenvolveu diferentes técnicas para irrigação de plantações, abastecimento de água e afastamento dos rejeitos. Mas a criação de estratégias para solucionar os problemas sanitários dependia do nível de evolução social e tecnológica das sociedades. Na antiga sociedade egípcia, a higiene tinha papel fundamental e, por isso, foram desenvolvidos sistemas de drenagem e eram comuns as casa de banho.

Na Índia, por exemplo, foram descobertas ruínas de uma civilização que existiu a cerca de 4.000 anos, onde foram encontrados banheiros, redes de esgoto nas construções e drenagem nas ruas.

Contexto histórico

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Mas, assim como aconteceram evoluções nos processos de saneamento e nas práticas de higiene das populações, também ocorreram retrocessos, pois os avanços tecnológicos caíam em desuso juntamente com a queda das civilizações que os criaram.

Durante a Idade Média, segundo Guimarães, Carvalho e Silva:

“Embora as civilizações antigas tenham desenvolvido vários tipos de sistemas hidráulicos, a sociedade medieval parece ter abandonado esses conhecimentos. O abastecimento de água do período era irrisório, e a falta de locais para coletar o líquido usado causava graves problemas: as tinturarias e curtumes instalavam-se nas margens dos rios, poluindo-os; como não havia esgotos, cada família jogava seus detritos nas ruas, onde permaneciam até que a chuva os levasse; e as nascentes e os poços eram muitas vezes contaminados pela água suja.”

curiosidade

graves problemas: as tinturarias e curtumes instalavam-

onde permaneciam até que a chuva os levasse; e as nascentes e os poços eram muitas vezes contaminados

Em 1789, havia no Rio de Janeiro apenas quatro médicos.

Somente a partir de 1857, com a criação do microscópio, Louis Pasteur e outros

cientistas descobrem que doenças infecciosas eram causadas por micro-

organismos patogênicos. Essa descoberta revolucionou a medicina

e criou novos campos da ciência, como: microbiologia, bacteriologia, a micologia, a parasitologia, a

virologia e a imunologia.

Sem água não há saúde!

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Este mesmo cenário também aconteceu no Brasil colonial, pois devido à falta de desenvolvimento tecnológico e de infraestrutura ocorreram inúmeras doenças e mortes de milhares pessoas neste período. Algumas delas relacionadas diretamente ao uso de água poluída e sem tratamento.

A saúde só começou a entrar na pauta dos interesses públicos e privados a partir de 1808, com a chegada da família real portuguesa ao Brasil e a fundação do “Império Ultramarino”. O então governo instituiu medidas de controle sanitário, regulação de produtos de consumo, cuidados com a água e saneamento, combate à propagação de doenças epidêmicas, como também a admissão de profi ssionais de saúde. Muitos desses avanços estavam relacionados com a tentativa de exterminar epidemias. As medidas eram deterministas e não preventivas, como se busca atualmente. Deste momento em diante, podemos destacar relevantes marcos para a saúde humana e ambiental, bem como a diminuição da taxa de mortalidade no Brasil.

No ocidente, foi somente no século XIX que o progresso científi co permitiu a descoberta de micro-organismos nocivos em águas contaminadas e passou-se a compreender a relação do uso de água poluída com a propagação de graves epidemias, como a cólera e a febre tifoide. Desta forma, o avanço científi co demonstrou e disseminou a importância da água limpa para a saúde e a qualidade de vida.

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LINHA DO TEMPO DA SAÚDE NO BRASIL

A chegada da família real portuguesa traz também medidas de controle sanitário, cuidados com a água, saneamento e combate à propagação de doenças epidêmicas.

Criação do Código de Posturas da Câmara Municipal do Rio de Janeiro: regulamento sanitário, apelidado de “código de torturas”. O Código estabelece medidas sanitárias, como normas para cemitérios e para a venda de alimentos, e torna obrigatória a vacinação infantil contra a varíola. A obrigatoriedade da vacina foi mal recebida pela população, que, sem informação, acreditava que a vacinação podia até causar a morte.

Grande epidemia de febre amarela atinge todo o país, principalmente o Rio de Janeiro. Após este surto a febre amarela torna-se comum em todo país, atingindo constantemente algumas regiões. Mas, naquela época, até mesmo os médicos não sabiam que a doença era transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti.

Primeira epidemia de cólera atinge o país; causada por uma bactéria intestinal, o vibrião colérico, ou Vibrio cholerae, estima-se que esta epidemia tenha vitimado duzentas mil pessoas, especialmente entre os mais pobres. A água contaminada é a principal forma de veiculação da doença.

A instituição da Polícia Sanitária comandada por Oswaldo Cruz adota práticas “militares” no combate à epidemia, com a imposição de medidas de vigilância e higiene. As brigadas mata-mosquitos tinham poder de polícia e podiam invadir e isolar residências suspeitas de abrigarem focos de mosquito. Apesar da descrença de outros médicos quanto ao fato de ser o mosquito o transmissor da doença, o número de casos caiu.

1808

1832 1850 18551889

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Nomeação de Oswaldo Cruz como diretor geral de saúde pública. Oswaldo Cruz teve papel essencial nas reformas sanitaristas, no fi nal do século XIX e início do século XX no Brasil. Combateu primeiramente a febre amarela com as brigadas mata-mosquitos. Em seguida, atuou no ataque à peste bubônica promovendo a desratização da cidade, criando uma campanha em que o governo pagava à população por ratos mortos. Enfrentou ainda a varíola com a vacinação obrigatória. Apesar da sua importante contribuição para o avanço da vigilância sanitária, a forma autoritária com que Oswaldo Cruz impôs medidas para o controle de doenças foi, à época, muito criticada pela população.

A Revolta da Vacina: a população revolta-se contra as medidas autoritárias do governo, como as medidas de higienização e vigilância sanitária e a vacinação obrigatória. Tais medidas eram conhecidas por seus opositores como “despotismo sanitário”. Ao longo de duas semanas, o Rio de Janeiro transformou-se em um campo de batalha; barricadas populares foram armadas por toda a cidade para reprimir o levante popular, cerca de trinta pessoas foram mortas e centenas enviadas para a prisão e o exílio no Acre.

Reforma Carlos Chagas e a criação do Departamento Nacional de Saúde Pública. Carlos Chagas: médico sanitarista e pesquisador responsável pela descoberta do protozoário Trypanosoma cruzi, transmissor da doença de Chagas.

Criação do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro: tinha como atribuição realizar a vigilância sanitária devido à contaminação de águas que, por sua vez, afetava a saúde da população. Além disto, tinha com foco o combate da malária, da doença de Chagas, da peste bubônica e da febre amarela.

Carta de Goiânia, considerada como um divisor de águas em termos de política sanitária no país: documento criado no Encontro de Vigilância Sanitária de Goiás, que reivindicava a defi nição de uma Política Nacional de Vigilância Sanitária como parte da Política Nacional de Saúde.

A partir desse período, o governo federal e as principais instituições envolvidas nas questões de saúde e vigilância sanitária passaram a entender que as medidas preventivas eram mais efi cazes do que o simples combate às epidemias. Passaram a contribuir para a prevenção, por meio de medidas educativas para a saúde, incentivo às pesquisas sobre o combate às endemias e epidemias, bem como o início da compreensão da relação do ambiente com a saúde humana e animal.

19021904

19201953

1985

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Os problemas epidêmicos de saúde só existem quando o ambiente não está em equilíbrio, ou seja, poluído. Quando as águas de um riacho que atravessa uma comunidade estão contaminadas, podem ocasionar problemas graves de saúde aos habitantes como, por exemplo, doenças por parasitas, vírus e bactérias.

Além da água, o descarte inadequado de resíduos também pode gerar doenças, mau cheiro e um ambiente desagradável para viver.

A relação da água com a saúde

8033 10das doenças.das mortes. da perda média do

tempo de trabalho de cada pessoa.

Utilizar água contaminada para lavar alimentos, beber ou tomar banho pode gerar graves riscos à saúde. Quatro entre cinco doenças comuns nos países em desenvolvimento são causadas por água poluída ou por falta de saneamento básico, e tais doenças provocam, nesses países, em média, 25 mil mortes por dia, sendo 60% delas de crianças.

%% %Em países em desenvolvimento a água de má qualidade é responsavél por:

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7Segundo relatório da Organização das Nações Unidas, a prevenção contra doenças relacionadas ao saneamento básico e à água poderia economizar cerca de

bilhões de dolares por ano em

gastos com os sistemas de saúde. E o valor das

mortes evitadas, com base em um rendimento futuro com descontos, acrescentaria outros US$ 3.6 bilhões por ano. (Hutton et al., 2007)

Quais são os cuidados e os tipos de doenças relacionadas à água poluída?Para auxiliar, informar, educar e, sobretudo, proteger a população sobre como tornar o ambiente onde vive mais sadio e que ofereça menos riscos à saúde individual e coletiva, os técnicos em saúde ambiental atuam diretamente no controle sanitário, cabendo-lhes detectar, prevenir e corrigir riscos ambientais para a saúde, atuais e potenciais, que possam ser originados por:

Fenômenos naturais ou por atividade humana. Crescimento desordenado dos aglomerados populacionais. Mau funcionamento de serviços, estabelecimentos e locais de utilização pública.

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Confi ra abaixo as principais doenças relacionadas à água poluída

ParasitasEsquistossomose: o contágio se dá por meio do contato com águas que contêm larvas provenientes do caramujo hospedeiro.

Ascaridíase: o contágio se dá por meio do consumo de água que contém o parasito Ascaris lumbricoides.

Giardíase: o contágio se dá através do consumo de água que contém o parasito Giardia lamblya.

VírusHepatite viral tipo A e poliomielite: O contágio se dá pelo contato - consumo ou banho - com água contendo urina e fezes humanas.

BactériasMeningoencefalite: o contágio se dá pelo contato - consumo ou banho - com águas contaminadas.

Cólera: o contágio se dá pelo consumo de água contaminada por fezes ou vômito de algum indivíduo contaminado.

Leptospirose: é uma infecção aguda causada por uma bactéria do gênero Leptospira. O contágio ocorre principalmente pelo contato dos seres humanos com água contaminada pela urina de ratos infectados. Os sintomas são diarreia, náuseas, calafrios, febre alta, desidratação, manchas no corpo.

Febre tifoide: o contágio se dá pela ingestão de água ou alimentos contaminados - a contaminação de alimentos ocorre ao serem lavados em água contaminada.

Para evitar o contágio de doenças relacionadas ao uso de água contaminada deve-se estar atento às medidas de higiene, como: ferver a água antes de consumir, lavar os alimentos, vacinar os animais, fechar bem a lixeira e a caixa d’água. Outra medida importante é evitar o contato com águas de enchentes, devido ao risco de contaminação por leptospirose.

Destaque

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Para cada R$ 1,00 (um real) que se investe em saneamento básico economiza-se R$ 4,00 (quatro reais) em saúde pública.

Qual é o seu papel?Veja algumas medidas importantes que você pode tomar para melhorar a qualidade da água na sua casa. É possível purifi car a água de várias maneiras:

1) Utilize um fi ltro para purifi car a água antes de bebê-la. Os fi ltros de barro são mais econômicos e altamente efi cazes. Mas lembre-se de lavar e/ou trocar a vela do fi ltro periodicamente.

2) Ferva a água: ferver a água por 15 minutos matará 99% dos organismos vivos e também removerá grande parte dos compostos químicos presentes na água. Com uma simples panela no fogão, você elimina bactérias e obtêm uma água segura para o consumo.

3) Use tabletes químicos de iodo ou cloro para purifi cação: ao utilizar tabletes químicos, é necessário colocar a medida exata de acordo com as instruções do produto. Matam as bactérias, mas alteram o sabor da água.

4) Limpe a caixa d’água da sua casa. A limpeza deve ser feita a cada seis meses; utilize apenas água sanitária, nunca use sabão. A caixa d’água deve fi car bem fechada, para que não entrem sujeira e insetos, principalmente o mosquito da dengue.

Fique atento!

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Quer buscar mais informações sobre a atuação dos profi ssionais da Saúde Ambiental e também artigos acadêmicos, fi lmes ou revistas sobre o tema?

Visite os seguintes endereçosFIOCRUZ: <https://portal.fi ocruz.br/>

MINISTÉRIO DA SAÚDE: <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/videos/video/0>

ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE: <http://www.paho.org/bra/>

WATER AID: <http://www.wateraid.org/uk>

Doenças endêmicas: são consideradas endêmicas as doenças localizadas em uma determinada região, em um espaço limitado, chamado de “faixa endêmica”. Ou seja, endemia está relacionada a uma doença localizada, de causa local. Exemplo: a malária na Amazônia Legal Brasileira.

GLOSSÁRIODoenças epidêmicas: são consideradas epidêmicas as doenças infecciosas e transmissíveis em uma comunidade ou região. A sua principal característica é o potencial de proliferação acelerada entre as pessoas de outras regiões, originando um surto epidêmico. Exemplo: gripe aviária.

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FABER, Marcos. A importância dos rios para as primeiras civilizações. Coleção História Ilustrada, v. 2.

GUIMARÃES; CARVALHO e SILVA. Disponível em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/deng/leonardo/downloads/APOSTILA/Apostila%20IT%20179/Cap%201.pdf><http://www.aprendebrasil.com.br/especiais/revoltadavacina/epidemias.asp>

KODAMA, Kaori. Os impactos da epidemia de cólera no Rio de Janeiro (1855-56) na população escrava: considerações sobre a mortalidade através dos registros da Santa Casa de Misericórdia. Casa de Oswaldo Cruz – FIOCRUZ. Disponível em:<http://www.escravidaoeliberdade.com.br/site/images/Textos5/kodama%20kaori.pdf>

MATTOS, R.A. Os sentidos da integralidade: algumas refl exões acerca de valores que merecem ser defendidos. In: Pinheiro, R & Mattos. R.A.

MORAES, Ismar Araujo de. A história da saúde pública/vigilância sanitária no Brasil. Disponível em: <http://www.proac.uff.br/visa/sites/default/fi les/historia.pdf>

SCLIAR Moacir. O Rio de Janeiro em pé de guerra. Disponível em <http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/o_rio_de_janeiro_em_pe_de_guerra_imprimir.html >

UFJF – apostila de microbiologia. Prof. Dra. Vânia Lúcia da Silva.

Sites:Como purifi car a água:<http://pt.wikihow.com/Purifi car-%C3%81gua>

Sobre leptospirose:<http://drauziovarella.com.br/letras/l/leptospirose/>

Referência Bibliográfi ca

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Capitulo i VCapitulo i Vi

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SaneamentobásicoNeste tópico, abordaremos os conhecimentos relativos às dimensões do saneamento básico e suas relações históricas com o desenvolvimento urbano e o da civilização moderna, além de apresentar de forma detalhada o funcionamento de uma estação de tratamento do esgoto (ETE).

A origem do conceito “saneamento básico” vem da palavra sanear – do latim sanu: curar, sanar, sarar, consertar, reparar, solucionar. Portanto, saneamento é o conjunto de medidas para preservar as condições do meio ambiente, assegurar a higiene, prevenir doenças e melhorar as condições de saúde.

A estrutura do saneamento básico é composta por um conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais: abastecimento de água potável; manejo de água pluvial; coleta e tratamento de esgoto; limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.

Por isso, vamos entender por que a falta de saneamento pode gerar a contaminação da água e do solo e, como consequência, transmitir doenças aos seres humanos.

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Vamos reFLetirQue serviços constituem o saneamento básico, em sua opinião? Qual a importância do saneamento para a melhoria da qualidade de vida na sua comunidade?

limpeza urbanae manejo dos sólidos

Estação de abastecimento de água potável

Estação de Tratamento esgoto sanitário

drenagem e manejo de águas pluviais urbanas

ralo ou boca de lobo

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As civilizações antigas, em função das condições de vida, preocupavam-se mais com ações de natureza sanitária relativas ao suprimento de água e à disposição dos rios. Com o desenvolvimento das sociedades, a urbanização e o adensamento populacional promoveram um grande aumento na geração de rejeitos líquidos e sólidos, assim como na impermeabilização dos solos, fatores esses que resultaram em novas situações de perigo à saúde humana e a exigir a criação de sistemas de esgotamento sanitário.

A forma como as sociedades têm percebido a relação saúde/doença e lidado com sua prática sanitária e hábitos de higiene nunca foi estática e, por isso, tem sofrido mudanças ao longo da história.

Na antiga civilização romana, por exemplo, não havia banheiro dentro das casas, mas as pessoas tinham o hábito de frequentar casas de banho e banheiros públicos. As latrinas coletivas eram esculpidas em pedra e dispostas lado a lado, com um canal de água corrente que constantemente levava os dejetos para os rios. Nestes banheiros públicos, as pessoas se reuniam para discutir e debater.

Na Idade Média, com a ascensão do cristianismo, das ideias de pecado e de renúncia ao prazer, o corpo passou a ser considerado instrumento para o pecado, e os cuidados com ele passaram a ser malvistos. Assim, as casas de banho e banheiros públicos coletivos caíram em completo desuso. Banhos eram esporádicos, e penicos eram usados para eliminar fezes e urina, que eram esvaziados jogando os dejetos pelas janelas.

Não foi diferente durante o Período Colonial, no Brasil, pois nos antigos casarões não havia encanamentos e banheiros. A prática do banho era eventual e, quando realizada, se dava dentro dos quartos, com auxílio de jarras, bacias e sabão de cinzas. E era também dentro dos quartos que se usavam os urinóis, uma espécie de penico. Tampouco havia coleta do lixo ou redes de esgoto nas cidades, por isso os dejetos eram recolhidos em grandes tambores para serem jogados nos rios pelos escravos.

Contexto histórico

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De acordo com o Professor Carlos Fernandes, da UFCG, foi em 1596 que o inglês John Harrington, “entrou para a história do saneamento quando idealizou e convenceu sua protetora, a Rainha Elizabeth I, a instalar no palácio, um recinto interno e fechado com vaso cloacal, a primeira latrina”.

O sistema do vaso sanitário foi desenvolvido e criado no fi nal do século XVI, porém só passou a ser difundido nas cidades europeias dois séculos depois, com o advento da Revolução Industrial e a produção em larga escala. O crescimento demográfi co e a formação das cidades modernas exigiram novas soluções para o descarte dos rejeitos humanos das casas; com isso, criou-se um sistema de encanamentos. Foi neste contexto que o engenheiro inglês Joseph Bramah criou a bacia sanitária com descarga hídrica, possibilitando que os dejetos fossem afastados por sucção.

Já parou para pensar que se não fossem o vaso sanitário e o sistema de encanamentos, o mundo não teria avançado?

Desenho original do sistema criado por John Harrington

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O grande fedor de Londres

No século XIX, com a concentração cada vez maior de pessoas nos espaços urbanos e a ampla difusão da descarga, grandes quantidades de dejetos sem tratamento foram sendo descartados no rio Tâmisa, o mais importante afl uente de Londres, na Inglaterra.

Em 1858, ocorreu o episódio que fi cou conhecido como o Grande Fedor de Londres, pois o forte mau cheiro exalado pelo rio Tâmisa em um dia de verão fez com que o parlamento fechasse. Após décadas de descartes inadequados, o rio estava extremamente poluído, e já não havia mais fauna - peixes, aves, etc. Nesse período, o rio Tâmisa era considerado o rio mais sujo da Europa. Em 1869, a situação começou a mudar, pois foi construída a primeira usina de fi ltragem, e o rio, pela primeira vez, passou por um processo de despoluição.

Quase um século depois, o rio se encontrava novamente com níveis de poluição altíssimos e um novo processo de despoluição teve início. A partir de 1964, ao longo de uma década, foi construído um sistema de estações de tratamento de esgoto que removeu e tratou quase a totalidade dos esgotos lançados no rio. Com isso, a fauna voltou e até hoje se observa peixes e aves em toda a extensão do rio Tâmisa.

Com a criação da Estação de Tratamento de Esgoto do Rio de Janeiro, em 1860, a capital do Império, o Rio de Janeiro, tornou-se a quinta cidade do mundo a possuir uma estação de tratamento de esgotos.

A chaminé da Estação de Tratamento de Esgoto (Cia. City Improvements) que começou a funcionar, esta no bairro da Glória, no Rio de Janeiro, nas década de 1860 e jogava o esgoto no mar depois de “tratado” com a tecnologia da época.

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Saneamento é saúde

Tem-se notícia de que existiam coletores de esgoto em Nippur (Babilônia) desde 3.750 A.C.

O primeiro sistema público de abastecimento de água, o aqueduto de Jerwan, foi construído na Assíria em 691 A.C.

São provenientes do antigo Egito, datados de 3.000 a.C., os primeiros registros do ato de se banhar individualmente. Os egípcios realizavam rituais sagrados na água e tomavam ao menos três banhos por dia, dedicados a divindades. Os banhos frequentes não eram apenas pela higiene, os egipcios acreditavam que a água purifi cava a alma.

Atualmente, a busca por saneamento básico para todos - universalização do saneamento básico - insere-se na conquista por direitos humanos, já que ter saneamento básico signifi ca promover a saúde pública preventiva, diminuir os índices de mortalidade infantil, aumentar a expectativa e qualidade de vida das pessoas.

É importante recordar que o saneamento básico compreende os seguintes serviços: abastecimento de água potável; manejo de água pluvial; coleta e tratamento de esgoto; limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.

Ainda hoje o “banheiro” não está acessível para toda a população mundial. Inclusive no Brasil, segundo PNAD (2012), em 2012, 1,5 milhões de domicílios não tinham nenhum tipo de esgotamento sanitário, como banheiro ou sanitário. Dados do Ministério das Cidades mostram que, no país, a distribuição de água potável alcança apenas 81% da população e apenas 46,2% dos brasileiros têm todos os serviços de saneamento básico. Outro dado preocupante é referente ao esgoto, onde do total do esgoto gerado no país, apenas 37,9% recebem algum tipo de tratamento.

“Saneamento ambiental – série de medidas destinadas a controlar, reduzir

ou eliminar a contaminação do ambiente para garantir melhor

qualidade de vida para os seres vivos, e especialmente para

o homem.”

(Saneamento. In: GLOSSÁRIO DE

ECOLOGIA, 1997)

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Para compreender o contexto atual, precisamos conhecer a Lei no 11.445, de 2007, que estabelece o direito ao saneamento básico a todos os brasileiros, ao mesmo tempo que estabelece as diretrizes nacionais para a política federal de saneamento básico.

Agora, vamos conhecer os quatro eixos do saneamento básico:

Conheça os serviços e infraestruturas do saneamento básico

estação de tratamento de água

estação de tratamento de esgoto

ralo ou boca de lobo

1) Abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação, tratamento, até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição.

2) Esgotamento sanitário: realizado a partir de três ações - coleta, afastamento e tratamento antes da devolução do esgoto tratada para o meio ambiente. Constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição fi nal adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento fi nal no meio ambiente.

3) Limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino fi nal do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas.

4) Drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição fi nal das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas.

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Como vimos, um dos serviços que compõem o saneamento básico é o de coleta e tratamento do esgoto.

O volume de esgoto produzido aumenta proporcionalmente ao crescimento populacional, pois quanto maior a quantidade de água consumida, maior o volume de esgoto gerado. A água utilizada na escovação de dentes, no banho e no acionamento da descarga, por exemplo, vai para o esgoto.

Destaque: Cerca de 80% do total da água consumida numa residência vai para o esgoto.

O consumo de água e a geração de esgoto

O esgoto, então, nada mais é do que água “usada”. Nessa água estão presentes diversos agentes poluentes, como: sólidos, micro-organismos patogênicos, sabão, dentre outros. A presença de matéria orgânica - como as fezes humanas - é um importante elemento contaminante da água.

Assim, pode-se afi rmar que, atualmente, um dos principais problemas de poluição hídrica nos grandes centros urbanos é o despejo de esgoto sem tratamento nos rios e riachos. Essa grande carga de matéria orgânica descartada provoca a redução da quantidade de oxigênio dissolvido na água, causando forte desequilíbrio nesses ecossistemas e difi cultando o processo natural de depuração desse recurso. Por isso, a importância e urgência de coletar, transportar e tratar adequadamente os dejetos gerados pelas atividades humanas nos ambientes urbanos.

Dessa forma, é imprescindível refl etirmos e agirmos sobre a situação atual, uma vez que mais de 60% dos esgotos produzidos hoje no país não recebem nenhum tipo de tratamento. E, sem tratamento e destinação adequados, contaminam o solo e as águas superfi ciais e subterrâneas, transformando-os em agentes de disseminação de doenças.

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É a ação ou processo de tornar pura, ou pelo menos utilizável, a água poluída. Inclui a depuração das águas destinadas à alimentação, às indústrias e dos esgotos.

A depuração das águas destinadas ao consumo doméstico pode ser feita por simples ebulição ou fi ltração, a depender do estado da água.

Empregam-se também processos químicos como, por exemplo, tratar a água com ozônio ou pela utilização do hipoclorito de cálcio. As águas dos esgotos devem ser depuradas antes de serem lançadas nos cursos d’água ou no mar, o mesmo devendo acontecer com as águas utilizadas na indústria e com as águas residuais das tinturarias, da criação de gado, das saboarias, etc., para eliminar ou minimizar o efeito dos poluentes.

(Depuração das águas. In: Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-09-04]. Disponível em: <URL: http://www.infopedia.pt/$depuracao-das-aguas>.)

Depuração das águas

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Como vimos anteriormente, o sistema de esgotamento sanitário é o conjunto de obras e instalações que tem como objetivos a coleta, o afastamento, o tratamento e a disposição adequada dos esgotos tratados.

Existem diferentes formas de realizar o tratamento do esgoto de acordo com o grau de remoção de poluentes que se deseja alcançar, podendo ser: preliminar, primário, secundário e terciário.

A depender do grau de remoção de poluentes, o tratamento pode retirar da água as seguintes impurezas:

Como funciona o sistema de esgotamento sanitário?

Sólidos em suspensão.

Matéria orgânica.

Nutrientes.

Organismos patogênicos (patogênicos são os organismos capazes de causar doenças).

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Como ocorre este processo?O sistema de esgotamento sanitário pode ser desenvolvido de forma individual ou coletiva. Em cidades densamente povoadas, o sistema coletivo é o mais utilizado, por meio da construção de Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) conectadas à rede de esgoto.

Etapas do Sistema de Esgotamento Sanitário:

1 - Saída do esgoto das residências: para que o tratamento do esgoto aconteça é necessário que a residência esteja conectada a uma rede de esgoto.

2 - Afastamento: as tubulações são responsáveis pelo escoamento do esgoto até a estação de tratamento (ETE). Quando não existe energia gravitacional (declividade no terreno) sufi ciente para levar o esgoto às ETE, são construídas estações elevatórias que bombeiam o esgoto para áreas mais altas recuperando nível para dar continuidade ao escoamento do esgoto. Ou seja, a elevatória é necessária quando o terreno não tem uma variação de declividade que acompanha a declividade da rede, necessária porque o esgoto fl ui do nível mais alto para o mais baixo, aprofundando a rede à medida que a rede vai se estendendo

estação elevatória

ralo

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3 - Tratamento preliminar: remoção dos sólidos grosseiros por meio de gradeamento e areia (por meio das caixas de areia).

4 - Tratamento primário: remoção dos sólidos não grosseiros em suspensão. Por meio do decantador primário os esgotos fl uem vagarosamente, permitindo que os sólidos em suspensão sedimentem-se gradualmente no fundo; os óleos e graxas sobem para a superfície do decantador, onde são coletados e removidos.

5 - Tratamento secundário: remoção de matéria orgânica, sólidos não sedimentáveis e parte dos patogênicos e nutrientes. Nesta etapa, são acelerados os mecanismos de depuração (degradação) que ocorrem naturalmente nos corpos receptores. A essência do tratamento secundário de esgotos domésticos é a inclusão de uma etapa biológica, em que a remoção (estabilização) da matéria orgânica é efetuada por reações bioquímicas, realizadas por micro-organismos aeróbios ou anaeróbios. Existem vários métodos de tratamento secundário, sendo que os principais são: lagoas de estabilização, lodos ativados, fi ltros biológicos, tratamento anaeróbio, disposição sobre o solo.

Obs.: microrganismos aeróbios e anaeróbios - Segundo a bióloga Paula Louredo , “a respiração aeróbia é um tipo de respiração que só ocorre quando há oxigênio. Todos os organismos que conseguem realizar esse tipo de respiração são chamados de seres aeróbios ou aeróbicos. Esse tipo de respiração ocorre nas células de todos os animais, sejam eles vertebrados ou invertebrados. Já a respiração anaeróbia, também chamada de respiração anaeróbica, ou também de fermentação, ocorre apenas na ausência de oxigênio. Organismos como fungos e bactérias, por exemplo, realizam a respiração na falta do oxigênio.”

6 - Tratamento terciário: poluentes removidos - nutrientes, patogênicos, compostos não biodegradáveis, metais pesados, sólidos inorgânicos dissolvidos, sólidos em suspensão remanescentes. Métodos mais comuns de tratamento terciário: lagoas de maturação, desinfecção, processos de remoção de nutrientes, fi ltração fi nal.

gradeamento

caixa de areia

tratamento terciário

tratamento secundário

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O grau de tratamento que um efl uente deve receber está relacionado com os impactos e os usos previstos para o corpo receptor, ou seja, o corpo hídrico que recebe o lançamento de um efl uente.

De acordo com a área, com os recursos fi nanceiros disponíveis e com o grau de efi ciência que se deseja obter, um ou outro processo de tratamento pode ser mais adequado.

Benefícios decorrentes do tratamento de esgoto:

Melhoria das condições sanitárias locais.

Conservação dos recursos naturais.

Eliminação de focos de poluição e contaminação.

Redução das doenças ocasionadas pela água contaminada.

Redução dos recursos aplicados no tratamento de doenças, uma vez que grande parte delas está relacionada com a falta de uma solução adequada de esgotamento sanitário.

Diminuição dos custos no tratamento de água para abastecimento.

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Dúvidas frequentes sobre o saneamento básicoQual a diferença entre a fossa séptica e o sistema de tratamento de esgoto?

As fossas sépticas são unidades individuais de tratamento de esgotos domésticos, nas quais são feitas as separações e transformações de matéria sólida contida no esgoto. Nas fossas, os esgotos sofrem a ação das bactérias e, durante o processo, o lodo é depositado no fundo. A fase líquida segue para o sumidouro ou para as valas e os sólidos fi cam retidos no fundo da fossa.

Apesar de ser uma maneira simples de tratar o esgoto doméstico, o sistema de fossa séptica não faz o completo tratamento da água antes de devolvê-la para o ambiente como o faz o sistema de tratamento de esgoto, além de não promover a purifi cação necessária para uma região densamente povoada, como é o caso das comunidades da Zona Oeste.

Qual a diferença entra a Rede Coletora de Esgoto e a Rede de Drenagem Pluvial.

Conhecer a diferença entre a rede coletora de esgoto e a rede de drenagem pluvial é fundamental para garantir a boa utilização de ambos os sistemas. Então, vamos olhá-las mais de perto:

1 - A rede de drenagem pluvial é composta por redes coletoras, galerias e canais conectados entre si, que drenam a água da chuva. São dois os tipos de rede de drenagem: as redes artifi ciais - aquelas construídas nas cidades, e as formas naturais - formadas por lagos, riachos e rios. No Rio de Janeiro, a rede de drenagem é responsável por viabilizar o escoamento da água da chuva para as Baías da Guanabara ou de Sepetiba.

2 - A rede coletora de esgoto, ou simplesmente rede de esgoto, como é popularmente chamada, é o sistema que coleta os dejetos e as águas usadas nas casas, vindos de banheiros, pias e lavanderias e, através de uma rede subterrânea de tubos, os conduz até à Estação de Tratamento. Esta rede é formada por várias estruturas e tem início nas calçadas das casas. Neste local é colocada a caixa de inspeção ou TIL (tubo de inspeção e limpeza. É a partir daí que o morador faz sua ligação com a rede. A caixa de inspeção ou TIL está ligada à rede coletora, que passa nas ruas.

Atenção: conectar a rede de drenagem na rede de esgoto pode causar o retorno do esgoto para as casas. Além disso, a tubulação da rede de esgoto não comporta o volume de água ocasionado pela chuva.

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Indicadores globais

Dados da ONU Brasil (http://www.onu.org.br/rio20/temas-agua/acesso em 15/09/2014)

de pessoas ainda não têm sanemento básico, tais como banheiros ou latrinas.

crianças morrem por dia de doenças diarréicas, que poderiam ser evitadas por meio de saneamento adequado e melhor higiene, totalizando 1,5 milhão de crianças mortas a cada ano. .

da população ainda não tem coleta de esgoto e somente

do esgoto recolhido são tratados.

de pessoas não têm acesso à água potável.

2.55

52 38

783

BILHÕES

MIL

%%

MILHÕES

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Os perigos relacionados à água correspondem a 90% de todos os perigos naturais, e sua frequência e intensidade estão, em regra, aumentando. Aproximadamente, 373 desastres naturais mataram mais de 296,8 mil pessoas em 2010, afetando quase 208 milhões de outras pessoas e gerando prejuízos da ordem de US$110 bilhões (UN, 2011).

Entre 1970 e 2010, a população mundial aumentou 87% - de 3,7 bilhões para 6,9 bilhões e, durante esse mesmo período, a média da população anualmente exposta às enchentes aumentou 112% - de 33,3 milhões para 70,4 milhões. (UNISDR, 2011).

Uma comparação das estimativas mais recentes, de 2008, com as de 2000, indica uma deterioração na cobertura da água e no saneamento das áreas urbanas. Em ambos os casos, isso signifi ca um aumento de 20% no número de pessoas vivendo nas cidades e sem acesso às instalações básicas (AQUAFED, 2010).

Segundo as Nações Unidas, apenas 4 bilhões e meio de pessoas têm acesso a banheiros. Um bilhão de pessoas fazem suas necessidades fi siológicas a céu aberto.

O Brasil aparece como um dos 10 piores países do mundo quando o assunto é a falta de banheiros.

Dados do Ministério das Cidades mostram que, no país, a distribuição de água não alcança 81,1% da população e apenas 46,2% dos brasileiros têm esgoto coletado. Do total do esgoto gerado no país, apenas 37,9% recebem algum tipo de tratamento.

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Qual é o seu papel?Somos responsáveis pela preservação ambiental. Por isso, é fundamental pensarmos juntos ações estratégicas para auxiliar a despoluição de mares, rios e lagos, assim como realizar ações de educação e sensibilização das comunidades de que fazemos parte. Vamos conhecer algumas atitudes que precisam ser mudadas para possibilitar a manutenção da qualidade da água.

Práticas responsáveis

1 – Utilizar a vassoura, ao invés de mangueira, para limpar o quintal e descartar resíduos, tais como folhas e galhos, evita o desperdício de água e o entupimento das caixas de drenagem (bueiros e valões).

2 – Usar detergente biodegradável em pequena quantidade causa menor poluição dos recursos hídricos.

3 – Realizar a separação dos resíduos sólidos recicláveis - plástico, madeira, papelão, vidro, etc. - dos resíduos orgânicos, e buscar serviços de coleta seletiva.

4 – Armazenar o óleo de cozinha utilizado no preparo dos alimentos em uma garrafa para o descarte adequado. Os óleos, graxas e gorduras têm enorme potencial de contaminação das águas.

5 – Ligar para o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) das empresas que produzem pilhas, baterias e produtos químicos ou tóxicos, para saber se elas publicam o Balanço Ambiental, que

deve conter informações sobre o destino das baterias, tratamento de efl uentes e de emissões atmosféricas, entre outras medidas preventivas de responsabilidade integral dos produtores.

6 – Ações responsáveis que contribuem para o funcionamento das redes de coleta de esgoto:

• O vaso sanitário e a rede de esgoto devem ser utilizados apenas para descartar a água “usada”. As tubulações são entupidas constantemente por fi os de cabelo, fi o dental, absorventes e preservativos.

• O cabelo é um grande vilão da rede de esgoto, que frequentemente causa entupimento das tubulações e atrapalha o escoamento dos dejetos.

• Vaso sanitário não é lata de lixo.

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Links importantesÁguas Brasil: http://www.aguabrasil.icict.fi ocruz.br/

Agência Nacional das Águas: http://www2.ana.gov.br/Paginas/default.aspx

Wateraid, organização humanitária que luta pelo acesso mundial à água e a saneamento básico: http://www.wateraid.org/uk.

ONU/Objetivos do milênio: http://www.objetivosdomilenio.org.br/.

Referência Bibliográfi cahttp://fenasan.com.br/arquivos/apresentacoes10/1008_15h30_dante.pdf

Documentário History Channel:https://www.youtube.com/watch?v=DM9dvgfJA0c

Cômites de Bacias:http://www.inea.rj.gov.br/Portal/Agendas/GESTAODEAGUAS/RECURSOSHIDRICOS/Comitedebacias/index.htmhttp://www.achetudoeregiao.com.br/animais/rio_guandu.htmhttp://www.ouvidoriageral.ba.gov.br/2013/07/11/entenda-a-diferenca-entre-rede-de-esgoto-x-rede-de-drenagem/http://meioambiente.culturamix.com/agricultura/rede-de-drenagem

Publicação sobre despoluição de rios: http://www.dw.de/top-5-despolui%C3%A7%C3%A3o-de-rios/a-16668345

Sobre o saneamento no Brasil Colonial:

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http://www.paratiando.com/vida2.htmlAlgranti, Leila M, Famílias e vida doméstica, in História da Vida Privada no Brasil, Volume 1, Companhia. das Letras, SP, 1997Priore, Mary del, Ritos da vida privada, in História da Vida Privada no Brasil, Volume 1, Companhia das Letras, SP, 1997

Sobre a invenção do vaso sanitário:http://www.dec.ufcg.edu.br/biografi as/JohnHarn.html

Processos de tratamento de esgotos : guia do profi ssional em treinamento : nível 1 / Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (org.). – Brasília : Ministério das Cidades, 2008.http://nucase.desa.ufmg.br/wp-content/uploads/2013/07/ES-PTE.1.pdf

GONÇALVES, Ricardo Franci; SILVA, Giovana Martinelli da. Níveis de tratametno de esgoto. Universidade Federal do Espírito Santo, Programa de Pós-graduação em Engenharia Ambiental. <www.ct.ufes.br/ppgea/.../Sistema_de_esgotos_4_>

BIANCHINI, Zélia. Cobertura de saneamento básico no Brasil segundo Censo Demográfi co, PNAD e PNSB, IBGE, 2013.fi le:///C:/Users/Imagine%20Filmes/Downloads/Z%C3%A9lia-Bianchini.pdf

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Capitulo VCapitulo Vi

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Sustentabilidade e tecnologias sociais

Compreender o conceito de desenvolvimento sustentável, bem como o papel das tecnologias sociais, é o foco deste tópico. Para contextualizar essas temáticas, vamos entender como as nossas escolhas e atitudes podem possibilitar a manutenção da qualidade de vida, além de conhecer metodologias inovadoras que podem promover a transformação da sociedade e ajudar a minimizar os impactos ambientais causados pelas ações humanas.

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Vamos reFLetirJá parou para pensar como nós afetamos o meio ambiente, a economia e o nosso próprio bolso através dos nossos hábitos de consumo?

Por que os produtos são extremamente frágeis e descartáveis hoje em dia?

Qual a quantidade de água que jogamos fora quando desperdiçamos alimentos?

O que deve ser feito com os resíduos industriais?

Pensar sobre o ciclo de produção e consumo faz parte da nossa responsabilidade enquanto cidadãos, pois a nossa mudança de comportamento infl uencia as indústrias, o agronegócio e outros setores produtivos. Por isso, as nossas escolhas representam as mudanças necessárias para a manutenção da vida.

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Desde o início dos grandes movimentos ambientalistas, eventos e debates científi cos relacionados às questões ambientais, como a Eco 92 e, mais recentemente, a Rio +20, a palavra/conceito sustentabilidade aparece como sinônimo de mudança de comportamento, indicativo de ideias inovadoras, sinônimo de equilíbrio e transformações planetárias. Atualmente, tornou-se um conceito conhecido por grande parte da população, quando diferentes grupos sociais, empresas, governo e imprensa reproduzem o seu sentido sob formas e escalas variadas, de acordo com suas conveniências e objetivos.

Para muitos teóricos, podemos pensar em sustentabilidade como a capacidade do ser humano existir no mundo e desenvolver a sociedade preservando os recursos naturais em quantidade e qualidade sufi cientes para a o desenvolvimento das futuras gerações.

Em poucas palavras, discutir SUSTENTABILIDADE nos faz refl etir sobre o futuro que desejamos para as próximas gerações.

O que é sustentabilidade?

Para entender o que pensam importantes teóricos em relação ao conceito “sustentabilidade”, pesquise a respeito de:

Leonardo Boff e seu pensamento sobre sustentabilidade e a “tendência dos ecossistemas ao equilíbrio dinâmico, sustentado pela teia de interdependências e complementaridades que vigora nos ecossistemas”. Disponível em: <http://www.leonardoboff.com/site/lboff.htm.>

Ignacy Sachs e sua visão de sustentabilidade considerando as dimensões ecológica/ambiental/territorial; econômica/política; social/cultural. Segundo o autor, para pensar e realizar ações relacionadas à sustentabilidade, os grupos sociais e os indivíduos precisam considerar outros aspectos além da questão ambiental. Resenha sobre o livro de Sachs “As Dimensões da Sustentabilidade”, disponível em: <http://www.anppas.org.br/encontro5/cd/artigos/GT10-597-570-20100903202725.pdf.>

saiba mais

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Você já ouvir falar sobre produção e consumo sustentável?

Consumo sustentávelSignifi ca comprar aquilo que é realmente necessário, aumentando a vida útil dos produtos tanto quanto possível. Consumimos de maneira sustentável quando nossas escolhas de compra são conscientes e responsáveis, com plena ciência das consequências ambientais e sociais dessas opções – positivas ou negativas.

Produção sustentávelÉ uma proposta para produzir por meio de processos alternativos que minimizem os impactos ambientais e sociais, diminuindo a emissão de gases, prolongando a vida útil de produtos e reaproveitando insumos da reciclagem.

Signifi ca comprar aquilo que é realmente necessário, aumentando a vida útil dos produtos tanto quanto possível. Consumimos de maneira sustentável quando nossas escolhas de compra são conscientes e responsáveis, com plena ciência das consequências ambientais e sociais dessas opções – positivas ou negativas.

É uma proposta para produzir por meio de processos alternativos que minimizem os impactos ambientais e sociais, diminuindo a emissão de gases, prolongando a vida útil de produtos e reaproveitando

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Sustentabilidade e a águaA construção de sociedades sustentáveis está diretamente ligada à forma como o homem se relaciona com os recursos naturais mais importantes para a manutenção da vida na terra, dentre eles a água.

Considerando que a água está presente em todos os processos produtivos e atividades humanas, além de ser reguladora dos ecossistemas e componente essencial da vida no planeta, falar de sustentabilidade nos obriga a visitar essa temática de forma profunda e responsável.

A situação mundial da água e seu uso estão diretamente relacionados à produção de bens e serviços e particularmente à produção de alimentos - a agricultura responde por 70% da água utilizada pelo homem. O crescimento da população mundial e o aumento dos hábitos degradantes de consumo adotados pela sociedade humana estão levando o planeta a uma crise nas suas reservas hídricas.

FIQUE SABENDO

A ONU ANUNCIOU NO DIA 22 DE MARÇO DE 2014, DIA

MUNDIAL DA ÁGUA, QUE A POPULAÇÃO MUNDIAL

PRECISARÁ DE 40% A MAIS DE ÁGUA EM 2030.

Está curioso para saber por quê? O aumento do agronegócio, das indústrias, do consumo de energia e dos demais empreendimentos que são

construídos em prol do “desenvolvimento econômico” estão diretamente relacionados com os estilos de

vida e de consumo que as nações/populações adotaram desde meados da década de 80.

Um fator agravante desse quadro diz respeito à forma desigual da distribuição desses

recursos hídricos, passíveis de uso ao redor do mundo. Em países africanos como

Burkina Faso, Uganda e Mali e asiáticos, como o Paquistão e Bangladesh, em

comunidades de regiões rurais e de baixo desenvolvimento econômico,

pessoas necessitam caminhar horas para encontrar água potável para a sobrevivência da própria família.

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Para fi car por dentro!Você sabe o que são os refugiados ambientais?

É uma terminologia criada há pouco tempo, utilizada pela ONU/ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) para nomear as pessoas que foram impactadas por grandes desastres ambientais, mudanças climáticas, enchentes, poluição dos rios e falta de água. Elas são chamadas de refugiados, pois, na maioria das vezes, para ter condições mínimas de sobrevivência, precisam migrar do seu local de origem para outras regiões distantes.

Antes da criação deste conceito, eram consideradas refugiadas apenas as pessoas obrigadas a deixarem seu país devido a perseguições por motivos políticos, religiosos, ou por discriminação sexual. Hoje, este conceito foi ampliado e engloba, por exemplo, a situação de pessoas coagidas a deixarem o lugar em que vivem diante da inundação da região para construção de uma hidroelétrica.

O problema atual da escassez de água no mundo é grave e caminha a passos largos para uma piora, mas isso não está relacionado apenas às condições climáticas. A crise mundial que atinge diversas populações é caracterizada em três tipos: escassez física, escassez econômica e uso exagerado do recurso hídrico.

A escassez de causa física acontece quando os recursos hídricos não são sufi cientes para atender à demanda da população, o que ocorre em regiões áridas como Emirados Árabes e Israel, por exemplo.

A escassez causada por questões econômicas, ocorre devido à má distribuição dos recursos, o que é o caso do Nordeste brasileiro e do continente africano.

A terceira delas, a escassez hídrica, é causada por uso exagerado e desordenado do recurso, responsável por crises de abastecimento e de baixa qualidade das águas em lugares como Estados Unidos, Espanha e Japão.

Escassez hídrica é também um problema econômico

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saiba maisA água é um recurso renovável?

Embora vivamos no planeta “Água”, e a água seja um recurso renovável, é natural que suponhamos que esteja disponível para os seres humanos de forma ilimitada. No entanto, como o consumo tem excedido a capacidade da natureza de renovação desse recurso, atualmente verifi ca-se um cenário de crise hídrica, não só pela falta de água doce, principalmente nos grandes centros urbanos, como também pela diminuição da qualidade desse recurso, sobretudo devido à poluição por esgotos domésticos e industriais.

A implantação de sistemas de tratamento de esgoto é fundamental para que ocorra a despoluição dos recursos hídricos, mas para que isso realmente aconteça é necessário que governos, empresas e sociedade civil se engajem.

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atualmente verifi ca-se um cenário de crise hídrica, não só pela falta de água doce, principalmente nos grandes centros urbanos, como também pela diminuição da qualidade desse recurso, sobretudo devido à poluição por esgotos domésticos e industriais.

A implantação de sistemas de tratamento de esgoto

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O que é tecnologia social?Tecnologia social é o conjunto de produtos, técnicas ou metodologias, replicáveis, desenvolvidos na interação com a comunidade e que representam efetivas soluções de transformação social.

As tecnologias sociais surgiram como caminhos alternativos para auxiliar as sociedades na busca pelo desenvolvimento sustentável. É a partir desse pensamento que as tecnologias sociais e as boas práticas têm sido desenvolvidas, visando sempre o bem comum.

Mas você pode estar se perguntando:

“Qual a relação das tecnologias sociais com a comunidade?” Embora o conceito de tecnologia social seja novo, as ações e atitudes a ele relacionadas são ancestrais. Nesse sentido, trabalhar em comunidade signifi ca desenvolver e implementar uma metodologia e/ou tecnologia que permita o desenvolvimento social, gerando resultados que transformem a realidade local.

Para que um sonho se transforme em realidade, é preciso que todos trabalhem juntos e, de preferência, que as ações sugeridas se efetivem e sejam absorvidas e introjetadas na cultura local.tecnologia social

tecnologiatecnologiatecnologiatecnologiatecnologia

Para que um sonho se transforme em realidade, é preciso que todos trabalhem juntos e, de preferência,

tecnologia social

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Exemplos de tecnologias sociaisA seguir, descreveremos rapidamente algumas tecnologias sociais que deram certo e que podem ser replicadas e compartilhadas na sua região, na sua cidade e até mesmo pelo mundo. Essas tecnologias foram selecionadas por se tratarem de estratégias simples, de baixo custo e que agregam valor de sustentabilidade às estruturas criadas.

Captar as águas das chuvas era um hábito muito comum entre as antigas gerações, principalmente aquelas que não possuíam água em abundância durante todos os meses do ano.

A captação da água da chuva pode ser utilizada para fi ns domésticos, tais como descargas em vasos sanitários, torneiras de jardins, lavagens de roupas, de calçadas, automóveis, produção de alimentos e até para o consumo humano, desde que receba o devido tratamento.

A fossa séptica biodigestora é uma excelente alternativa de saneamento básico para a zona rural e cabe no bolso de todos. Além disso, esse sistema incentiva os interessados em montar uma horta urbana, pois a fi ltragem produzida pela fossa produz um excelente biofertilizante orgânico.

Sistema caseiro de captação de águas das chuvas

Fossa séptica biodigestora

Elas foram sugeridas pela ONU, pela EMBRAPA e pelo Ministério do Meio Ambiente como alternativas para melhorar a qualidade de vida e, em alguns casos, a própria sobrevivência de comunidades.

produção de alimentos e até para o consumo humano, desde que receba o devido

social

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A água represada é uma das mais potentes fontes de energia, e esse conceito é utilizado na construção de hidrelétricas. Mas sabe-se que essa tecnologia, e portanto a energia por ela gerada, impacta o curso dos rios e todos os ecossistemas sob sua área de infl uência. Como alternativa “mais limpa” de geração de energia há a energia solar. O aquecedor solar de baixo custo faz com que as pessoas criem em suas casas o próprio sistema de aquecimento, por meio da energia que vem da luz e do calor do sol.

Os tijolos ecológicos são produzidos por um método de construção modular, feitos de solo e cimento. Estes tijolos são menos prejudiciais ao meio ambiente do que o tijolo convencional, uma vez que para a sua produção não há a etapa do cozimento, ou seja, não há queima de carvão no processo produtivo, como no caso dos tijolos convencionais produzidos nas olarias.

Aquecedor solar de baixo custo Fábrica de tijolos ecológicos

solo cimento água tijolo ecológico

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Tecnologia social de apoio à agricultura familiar, inspirada na experiência de pequenos produtores agrícolas que optaram por fazer uma agricultura sustentável, sem uso de agrotóxicos e fertilizantes, consorciando espécies frutíferas nativas e hortaliças.

Esse arranjo produtivo, em geral, conta com a participação de numerosos integrantes que optam por produzir alimentos de forma colaborativa, compartilhando metodologias, experiências, recursos e, muitas vezes, o próprio terreno.

O resultado é a geração de emprego e renda de forma sustentável e sem comprometer a saúde dos seres humanos e de todo o ambiente à volta, especialmente os solos e os corpos hídricos. A experiência em agroecologia para o contexto urbano deve servir de inspiração para criar uma horta em casa ou no seu bairro, podendo ser vertical ou horizontal.

Você conhece algum bairro que já tenha a sua própria horta? E o seu bairro, tem uma?

Cascas de frutas, restos de verduras, legumes, até iogurte… tudo isso pode virar adubo. O nome desse processo é chamado de compostagem e pode ser feito em espaços domésticos.

É possível transformar restos orgânicos que seriam descartados, e “oferecer” ao solo um material rico em nutrientes, no caso de uma horta ou mesmo para as plantas do seu jardim. Além disso, a compostagem ajuda a reduzir a quantidade de resíduos sólidos que são descartados diariamente para os aterros e lixões do Brasil.

Produção agroecológica integrada e sustentável

Compostagem

humos

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Tecnologia social

humos

“Conexão Cheiro Verde - Modelo de Comércio Justo”: Um exemplo a ser seguido.

Os resíduos que deveriam ser descartados por um supermercado na cidade de Cuiabá, Mato Grosso, foram transformados em adubo pelo Instituto Centro de Vida (ICV) e utilizados na produção de hortaliças orgânicas. Essas hortaliças são vendidas no mesmo supermercado que faz a doação dos resíduos. Toda a renda adquirida nas vendas é revertida para as famílias do projeto Conexão Cheiro Verde. Tudo isso é possível por meio de uma parceria entre o ICV e a Rede de Supermercados Modelo.

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Andar de bicicleta gasta calorias, melhora o seu condicionamento físico e cardiovascular e poupa os recursos naturais.

Carona solidária: dar carona aos amigos ou pegar carona pode ser divertido, ampliar sua rede de relacionamentos e é sustentável.

Nós somos responsáveis pelo lugar em que vivemos e devemos trabalhar para cuidar e mantê-lo saudável.

Denuncie práticas que agridem o meio ambiente.

Crie projetos sociais no seu bairro: podem ser ofi cinas de reciclagem, hortas comunitárias e ciclo de palestras sobre meio ambiente e sustentabilidade nas escolas.

Divulgue a importância de preservar a natureza e seus benefícios: é importante ensinar as crianças a construírem um mundo sustentável, pois o futuro do planeta depende disso.

Plante árvores: escolha as espécies nativas e que estão em risco de extinção. As árvores são de grande importância para manter o ar saudável e limpo.

Não jogue lixo nas ruas: lugar de lixo é no lixo.

Qual é o seu papel?

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Diversão e conhecimentoConheça o trabalho do fotógrafo de paisagens e ambientalista Edward Burtynsky:<http://www.edwardburtynsky.com/>

Conheça o projeto “Water mark”, que busca oferecer ao espectador um olhar imersivo sobre a problemática da água no mundo. São cenas surpreendentes!<http://thecreatorsproject.vice.com/blog/making-of-watermark-an-immersive-look-at-water>

Assista e compartilhe com seus alunos o fi lme “Home”, refl exões sobre as transformações pelas quais passam o planeta Terra e as interferências dos cidadãos neste processo.<https://www.youtube.com/watch?v=jqxENMKaeCU&feature=related><http://news.nationalgeographic.com/news/archives/water-crisis/>

Links importantesRede de Tecnologia Social:<http://www.rts.org.br/>

Ecofaxina: <http://www.institutoecofaxina.org.br/p/agenda-de-acoes-voluntarias-e-eventos.html>

“Objetivos do milênio”: <http://www.objetivosdomilenio.org.br/>

Barefoot College: <http://www.barefootcollege.org/>

Neerjal:<http://www.neerjaal.org/Default.aspx>

Vídeos sobre projetos de sucesso que ajudaram a mudar a vida de comunidades: <https://www.sundance.org/storiesofchange/>

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Saúde e renda no campo: saiba como reaplicar o sistema inovador de fossas sé pticas biodigestoras. (Cartilha sobre construção de fossa biodigestora).

SOUZA, Luís. Água: se não cuidar, pode acabar. Revista Nova Escola /Especial Meio Ambiente, 05/2010. <http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/educacao/agua-nao-cuidar-pode-acabar-589849.shtml?func=2 >. Acesso em: 29 set. 2014.

OLIVEIRA, Maria José Galleno de Souza. Refugiados ambientais: uma nova categoria de pessoas na ordem jurídica internacional. 2010. <http://www.reid.org.br/arquivos/00000177-11-maria.pdf.>. Acesso em: 20 jul. de 2014.

<http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/producao-e-consumo-sustentavel/conceitos/producao-sustentavel>

Referência Bibliográfi ca

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Capitulo VIi

Capitulo VIi

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Jogos didáticosNeste tópico iremos abordar a utilização de jogos didáticos para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. A escolha desta estratégia pedagógica tem como fi nalidade apresentar aos educadores ferramentas capazes de: promover a interação entre educadores, educandos e conteúdo, motivar a construção do senso crítico e facilitar a absorção do conhecimento de forma lúdica. Para isso, vamos conhecer o processo de desenvolvimento de um jogo didático, a sua lógica de funcionamento e as possibilidades de sistematização do conhecimento em diversos formatos.

Segundo Gros (2003), “o jogo didático para ter fi ns educacionais precisa ter objetivos de aprendizagem bem defi nidos e ensinar conteúdos das disciplinas aos usuários, ou então, promover o desenvolvimento de estratégias ou habilidades importantes para ampliar a capacidade cognitiva e intelectual dos alunos.”

Neste sentido, a utilização de jogos didáticos como metodologia pedagógica possibilita a apreensão de conteúdos a partir de uma abordagem diferenciada que permite ao educador conduzir o processo de ensino-aprendizagem com elementos lúdicos, divertidos e dinâmicos, e o envolvimento dos educandos na realização de novas descobertas e apreensão do conhecimento de forma colaborativa.

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Vamos reFLetirComo construir um ambiente estimulante que possibilite engajar os educandos no processo de ensino-aprendizagem?

É possível transmitir conhecimento com a utilização de jogos?

Podemos utilizar a metodologia dos jogos para avaliar ou problematizar questões do cotidiano?

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Você sabe o que defi ne um jogo didático?

A utilização de jogos educacionais traz diversos benefícios ao processo de ensino aprendizagem, dentre eles:

O jogo didático é uma estratégia de associação de conceitos sistematizados, que se utiliza de narrativas, questões ou atividades para atingir objetivos e metas pedagógicas.

Nesta perspectiva, segundo Kishimoto (1996), “o jogo não é o fi m, mas o eixo que conduz a um conteúdo didático específi co, resultando em um empréstimo da ação lúdica para a aquisição de informações”.

Efeito motivador: demonstram ter alta capacidade para divertir e entreter as pessoas, ao mesmo tempo em que incentivam o aprendizado.

Facilitador do aprendizado: têm a capacidade de facilitar o aprendizado em vários campos de conhecimento.

Desenvolvimento de habilidades cognitivas: promovem o desenvolvimento intelectual, uma vez que para vencer os desafi os o jogador precisa elaborar estratégias e entender como os diferentes elementos do jogo se relacionam.

Aprendizado por descoberta: desenvolvem a capacidade de explorar, experimentar e colaborar.

Experiência de novas identidades: oferecem aos estudantes oportunidades de novas experiências de imersão em outros mundos e de vivenciar diferentes identidades.

Socialização: podem servir como agentes de socialização à medida que aproximam os alunos jogadores, competitiva ou cooperativamente.

(fonte: Savi e Ubricht, 2008)

Ou seja, a sua estrutura permite a criação de zonas de desenvolvimento social e intelectual em grupo, a partir de uma postura mais ativa na busca pelo conhecimento de forma criativa e integrada.

Desta forma, é possível desenvolver jogos que estabeleçam espaços de discussão específi cos e utilizem a lógica colaborativa entre os participantes, trazendo benefícios para as relações interpessoais e para o ensino-aprendizagem.

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Para quais fi nalidades podemos criar um jogo didático?

O jogo didático tem como objetivo proporcionar a interação, a motivação e a descoberta, assim como determinadas aprendizagens. Portanto, é necessário estabelecer quais estratégias pedagógicas serão utilizadas durante a elaboração do jogo. Cada escolha metodológica pode possibilitar diferentes resultados, ou seja, pode ter objetivos avaliativos, problematizadores e/ou autoinstrutivos.

Vamos entender qual o objetivo de cada escolha metodológica:

1) Problematizar fatosTem como objetivo apresentar situações de implicação pessoal, em que o participante é levado a se posicionar a partir da questão apresentada. Um exemplo bem objetivo é o jogo “verdade ou consequência” que, por meio de perguntas e respostas, cria um espaço de exposição e diálogo. Vejamos, a seguir, algumas questões que promovem a problematização dos fatos.

Questões utilizadas em jogos que podem ser usados como referência:

a) O que você levaria para uma ilha deserta?

b) Se o mundo fosse acabar hoje, quem você salvaria?

2) Avaliar conhecimento

Seu objetivo é verifi car os conhecimentos prévios dos alunos sobre os conteúdos abordados no jogo.

Jogos que podem ser usados como referência:

a) Jogo do milhão (SBT).

b) Perguntados (aplicativo para smartphone).

Observação: caso o jogo aborde conhecimento inédito para o participante, é necessário que os conteúdos sejam apresentados previamente.

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3) AutoinstrutivoDeve possibilitar que a aquisição e a avaliação do conhecimento aconteçam durante o jogo. O participante deve ter a oportunidade de conhecer, pesquisar e identifi car a solução do problema apresentado; para isso, o jogo deve fornecer o conteúdo para que as propostas de solução sejam criadas.

Jogos que podem ser usados como referência:

a) Detetive: trata-se de um jogo com o objetivo de desvendar a solução de um determinado crime. Ao longo do jogo são apresentadas cartas sobre o crime, para que o jogador cruze informações e formule hipóteses permitindo, desta forma, que o participante desvende o mistério.

b) Banco imobiliário: o participante passa a representar um personagem que, na medida em que se joga, são apresentadas possibilidades e orientações que podem se realizar ou não.

Levando em consideração as fi nalidades que se deseja alcançar com a realização do jogo didático em sala de aula, o educador fará sua escolha metodológica. Mas independentemente do método escolhido, para que se alcance o resultado esperado de ensino-aprendizagem é necessário equilibrar diversão e aprendizagem. Pois, segundo Pereira (2009) “um bom jogo educativo terá o seu sucesso tanto quanto ele conseguir equilibrar a questão pedagógica com o estímulo e o desafi o aos jogadores.”(PEREIRA et al., 2009, p. 5).

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O que devemos levar em conta para criar um jogo?

Desenvolver jogos didáticos é uma prática que possibilita sistematizar conteúdos curriculares para favorecer a construção do conhecimento pelo aluno de forma lúdica e divertida.

Segundo Pereira (2009) “dominar os referenciais teóricos do conteúdo implícito no jogo, ser capaz de relacioná-los a situações concretas e atuais, pesquisar e avaliar recursos didáticos favoráveis às situações de ensino-aprendizagem são requisitos básicos para o desenvolvimento de um bom jogo educativo.” (PEREIRA et al., 2009, p. 6)

Etapas para a criação do jogo didático:

Para isso é fundamental pesquisar e conhecer outros jogos, para que sejam fornecidos exemplos e ideias para o desenvolvimento do próprio jogo utilizando as estratégias de tabuleiros e as suas regras como referencial para adaptá-las à proposta de ensino-aprendizagem específi ca.

Defi nir o tema e a trama, ou seja, a problematização e o enredo.

Defi nir os objetivos do jogo e os passos para alcançá-lo.

Defi nir a linguagem estabelecida pelo jogo: história com personagens, questões e/ou atividades.

Estipular as missões, com as regras e as metas defi nidas.

Mapear os desafi os a serem enfrentados: tempo para responder a pergunta ou cumprir a tarefa, por exemplo.

Defi nir o tempo para jogar uma rodada completa e suas recompensas.

Elaborar um aspecto visual para o jogo, como parte da motivação para a participação dos jogadores.1

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Pesquisa e elaboração Relacionar, de forma divertida, os conteúdos apresentados no caderno pedagógico com a realidade local, de forma divertida.

Acessar o público de interesse - 10 a 11 anos de idade, levando em consideração o perfi l de cada aluno.

Pesquisar previamente modelos de jogos colaborativos.

Buscar identifi cação de padrões e modelos com exemplos de outros jogos, para aproximar-se da realidade do grupo jogador.

Jogar e colaborar é:

Unir pessoas. Confi ar em si e nos outros.

Ganhar ou perder não é o que realmente importa.O processo é mais importante que o resultado fi nal.Ter vontade de “querer jogar mais”.

Aceitar o ritmo e o perfi l de cada jogador.

Os jogos cooperativos ou colaborativos são utilizados atualmente como uma estratégia de ferramenta didática e de sociabilidade nas escolas, nas universidades, nas empresas e demais espaços onde o trabalho em equipe é, na maioria das vezes, praticado, mas não da melhor forma possível. Descobriu-se que jogar faz bem e estimula a criatividade, não importando a faixa etária e a heterogeneidade do grupo.

O jogo colaborativo deve promover a interação, a autoestima, a solidariedade e a comunicação, contribuindo para uma conduta que favoreça “o jogar” e “o brincar” com o outro, e não contra o outro.

Dicas importantes para criar um jogo

Estratégia pedagógica

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Papel do educadorO uso de jogos didáticos no ensino representa, muitas vezes, uma mudança de postura do professor em relação ao ensinar, ao permitir que este distribua o seu papel de transmissor do conhecimento, relativizando-o com a prioridade da construção do saber.

O jogo é uma estratégia que pode ser utilizada como facilitadora da aprendizagem de conceitos abstratos e mais complexos, favorecendo a motivação interna, o raciocínio, a argumentação, a interação entre alunos e entre professores e alunos. Ele desenvolve, além da cognição, a construção de representações mentais, a afetividade, as funções sensórias e motoras e a área social, ou seja, as relações entre os alunos e a percepção das regras. (KISHIMOTO, 1996).

Desta forma, o ato de jogar estabelece, de forma lúdica, uma série de mecanismos de expressão e resposta defi nidos por regras. Esta delimitação altera o papel do educador e do educando, permitindo o desenvolvimento de uma nova relação com o processo de ensino-aprendizagem e contribui para dinamizar e estimular o trabalho realizado em sala de aula.

PRÁTICAS

CONHECIMENTOS

SABERES

COMPARTILHAMENTO DE:

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Orientações importantesPromova dinâmicas de sensibilização entre os jogadores.

Pense em um problema para encontrar soluções.

Exemplos: falta de água, falta de acesso aos mecanismos público-privados, falta de cooperação comunitária.

Estimule os jogadores a pensarem em desejos e necessidades de mudança, em ter um desejo ou necessidade.

Para refl etir

Jogos didáticos colaborativos

Diferentemente dos jogos que possuem o objetivo estrito de competir, os jogos cooperativos ou colaborativos têm o objetivo de despertar a consciência de cooperação e estimular o trabalho em equipe, o lazer e também a expressão corporal. Na prática dos jogos colaborativos o outro jogador não é um adversário e sim um parceiro, trazendo para a refl exão a importância da cooperação para se chegar a um bem ou a uma meta comum. Em se tratando da preservação, conservação e educação ambiental esse princípio é premissa importante. Afi nal, a mudança acontece a partir do trabalho em equipe, a favor de um objetivo em que todos estejam de acordo e se benefi ciem positivamente dele.

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APOSTILA SOBRE JOGOS COLABORATIVOS. Secretaria de Educação, Prefeitura Municipal de Santos, 2005.<http://pt.slideshare.net/lobinha2008/apostila-de-jogos-cooperativos-presentation>

BEGOÑA, Gros.The impact of digital games in education. First Monday, v. 8, n. 7, jul.2003. Disponível em:

CALISTO, André; BARBOSA, David; Barbosa; SILVA, Carla. Uma análise comparativa entre jogos educativos visando a criação de um jogo para educação ambiental.<http://www.ccae.ufpb.br/sbie2010/anais/Artigos_Completos_fi les/75252_1.pdf>

ENGEL, Guido Irineu. Pesquisa-ação. Revista Educar, n. 16. Curitiba: Editora da UFPR, 2000. p. 181-191.

FERREIRA, Juliana M. Hidalgo; OLIVEROS, Marcilio Colombo; CÂMARA, Amanda T.; CAZUZA, Elio P.; LABRE, Iane O. de A.; RIBEIRO, Jeane K.; SILVA, Jucimério da; JULIÃO, Wendell da S. Elaboração de jogos didáticos no PIBID em dupla perspectiva: formação docente e ensino de Física. <http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/viiienpec/resumos/R0624-2.pdf>

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Referência Bibliográfi ca

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PROJETO COOPERAÇÃO:<http://www.projetocooperacao.com.br/2009/04/14/a-pedagogia-da-cooperao-construindo-um-mundo-onde-todos-podem-venser/>

SAVI, R; UBRICHT, VANIA, R. Jogos digitais educacionais: benefícios e desafi os. Revista Novas Tecnologias na Educação. CINTED (Centro Interdisciplinar de Novas Tecnologias na Educação). V. 6, fascículo 2, 21008. UFRGS, 2008.

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Coordenação Executiva: Foz Águas 5Equipe de Sustentabilidade, Relações Sociais e ComunicaçãoMilena MoraesAline Lima BrandãoAndreia FernandesErick RodriguesJorgenete CarvalhoTamires Chalegre

Coordenação Técnica: UNESCOLuis Lima (Ofi cial de Meio Ambiente)

Consultor responsávelEduardo Ramos Strucchi

ProduçãoLivia Morais RevisãoSura Chaja Blank Ilustração e diagramaçãoRaphael Durão - Storm Design Pesquisa Ana Luiza AbreuMauro Pereira

ApoioEdson Cardoso Sabrina LimaBernadete Almeida

AgradecimentosFelipe Noronha de Andrade (PUC-RIO)Matheus Souza (COPPE - UFRJ)

Créditos icones extrasFarm designed by Jane Pellicciotto from the Noun ProjectCultivating designed by Ealancheliyan s from the Noun ProjectFruit Picking designed by Luis Prado from the Noun ProjectShopping Cart designed by Márcio Duarte from the Noun ProjectTrash Can designed by Björn Wisnewski from the Noun ProjectCompost Bin designed by Gemma Garner from the Noun ProjectWorm designed by Ana María Lora Macias from the Noun ProjectOil designed by Christopher Classens from the Noun ProjectHazardous Waste designed by chiccabubble from the Noun ProjectOutfall designed by Dan Hetteix from the Noun ProjectOil designed by Fernando Vasconcelos from the Noun ProjectIndian designed by Simon Child from the Noun ProjectFat Free designed by Fernando Vasconcelos from the Noun ProjectEgyptian designed by Nithin Viswanathan from the Noun ProjectOwl designed by Nithin Viswanathan from the Noun ProjectEgyptian designed by Andre Brenes from the Noun ProjectEgyptian designed by Nithin Viswanathan from the Noun ProjectShip designed by Jerry Wang from the Noun Project

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Anotações

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