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Centro Universitário Positivo - UnicenP Núcleo de Ciências Exatas e Tecnológicas – NCET Engenharia da Computação Tiago Machado Gabardo Reconhecimento Computacional da Língua Brasileira de Sinais Curitiba 2005

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Page 1: 2005 Libras Gabardo

Centro Universitário Positivo - UnicenP Núcleo de Ciências Exatas e Tecnológicas – NCET

Engenharia da Computação Tiago Machado Gabardo

Reconhecimento Computacional da Língua Brasileira de Sinais

Curitiba 2005

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Centro Universitário Positivo - UnicenP Núcleo de Ciências Exatas e Tecnológicas – NCET

Engenharia da Computação Tiago Machado Gabardo

Reconhecimento Computacional da Língua Brasileira de Sinais

Monografia apresentada à disciplina de Projeto Final, como requisito parcial à conclusão do Curso de Engenharia da Computação. Orientador: Prof. José Carlos da Cunha.

Curitiba 2005

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TERMO DE APROVAÇÃO

Tiago Machado Gabardo

Reconhecimento Computacional da Língua Brasileira de Sinais

Monografia aprovada como requisito parcial à conclusão do curso de Engenharia

da Computação do Centro Universitário Positivo, pela seguinte banca examinadora:

Prof. José Carlos da Cunha

Prof. Edson Pedro Ferlin

Prof. Valfredo Pilla Jr.

Curitiba, 01 de janeiro de 2006.

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AGRADECIMENTOS

Este trabalho não seria possível sem a ajuda direta ou indireta de algumas

pessoas a quem sinto a obrigação de agradecer.

Aos amigos do laboratório Alto Desempenho que muito contribuíram para a

elevação do meu conhecimento técnico durante a execução dos projetos.

Aos meus amigos, especialmente Gilberto e Rafael, por terem entendido a minha

ausência devido a este trabalho e a compromissos da graduação. Também pelos

momentos de alegria e descontração que serviram como um apoio para mim.

Ao meu orientador e amigo, professor Cunha, por ter dado a idéia e confiado este

projeto a mim. Também pela confiança na execução do mesmo e, por todas as

oportunidades de crescimento pessoal e profissional que me proporcionou com a

sugestão de projetos durante o curso.

Para minha irmã, Renata, que sempre ficou feliz pelas minha conquistas.

Para minha avó Rosa e tias Doroti, Tereza e Nelsi que tiveram um papel

fundamental na minha infância. Especialmente às minhas tias Nelvi e Cida, por terem,

desde a minha infância, participado ativamente da minha educação e vida escolar.

Também por me acolherem em Curitiba. Obrigado pela constante prontidão em ajudar

e por me tratarem como um verdadeiro filho.

Aos meus pais, Renato e Lidia, por nunca terem medido esforços para me

oferecer uma vida melhor e mais rica em oportunidades do que a que tiveram.

Obrigado por terem me ensinado o valor do esforço em tudo que faço e por nunca

terem permitido que eu desistisse de algo por causa das dificuldades encontradas. Não

consigo expressar a minha admiração e gratidão por todo o esforço que vocês tiveram

durante a minha educação e por terem devotado a mim grande parte de suas vidas

sem almejar nenhum retorno. Não conseguimos definir o amor em palavras, mas tenho

certeza que dele faz parte essa doação incondicional.

Finalmente, agradeço a Deus por ter me oferecido oportunidades que somente

pessoas privilegiadas têm. Entre elas, a chance de receber uma educação de primeira

linha e de nascer em meio a pessoas tão maravilhosas como as citadas acima.

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i

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................................III

LISTA DE TABELAS...................................................................................................................IV

LISTA DE EQUAÇÕES .............................................................................................................. V

LISTA DE SIGLAS.......................................................................................................................VI

LISTA DE SIGLAS.......................................................................................................................VI

LISTA DE SÍMBOLOS ...............................................................................................................VII

RESUMO ....................................................................................................................................VIII

ABSTRACT...................................................................................................................................IX

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................1

2 DESCRIÇÃO DO PROJETO..............................................................................................2

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...............................................................................................2

3.1 LÍNGUAS DE SINAIS ..................................................................................................2 3.2 RECONHECIMENTO COMPUTACIONAL DE GESTOS ......................................3 3.3 MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL....................................................................4 3.4 MEDIDAS DE VARIAÇÃO..........................................................................................5 3.5 DISTRIBUIÇÃO NORMAL ..........................................................................................5 3.6 TEOREMA CENTRAL DO L IMITE ............................................................................5 3.7 ACELERÔMETROS – TEORIA DE OPERAÇÃO...................................................6 3.8 SENSORES DE CURVATURA ..................................................................................7

4 ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA..............................................................................................8

4.1 ESPECIFICAÇÃO DO HARDWARE.........................................................................8 4.1.1 Acelerômetro – ADXL203 ...................................................................................8 4.1.2 Sensor de Curvatura – Flex Sensor ................................................................10 4.1.3 Microcontrolador.................................................................................................11 4.1.4 Transmissão de dados ......................................................................................12 4.1.5 Instalação dos sensores na luva......................................................................12

4.2 ESPECIFICAÇÃO DO SOFTWARE........................................................................13

5 VALIDAÇÃO DO PROJETO.............................................................................................15

6 CRONOGRAMA DO PROJETO ......................................................................................16

7 ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA....................................................................18

8 PROJETO DE HARDWARE.............................................................................................19

8.1 SENSORES DE CURVATURA ................................................................................19 8.2 ACELERÔMETRO .....................................................................................................19 8.3 BUFFER DE TENSÃO...............................................................................................20 8.4 MICROCONTROLADOR ..........................................................................................20 8.5 TRANSMISSÃO SERIAL ..........................................................................................20 8.6 TRANSMISSÃO USB ................................................................................................20 8.7 BUFFER DE COMUNICAÇÃO.................................................................................21 8.8 CIRCUITO DE ALIMENTAÇÃO...............................................................................21 8.9 SINAIS DE CONEXÃO..............................................................................................21

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ii

9 PROJETO DE SOFTWARE..............................................................................................23

9.1 FIRMWARE .................................................................................................................23 9.1.1 Fluxograma..........................................................................................................23 9.1.2 Diagrama de Estados ........................................................................................24

9.2 SOFTWARE DE CADASTRO ..................................................................................25 9.3 SOFTWARE DE ANÁLISE........................................................................................25

9.3.1 Análise Estatística ..............................................................................................25 9.4 DIAGRAMAS DE CASOS DE USO.........................................................................27 9.5 DIAGRAMA DE CLASSES .......................................................................................27 9.6 DIAGRAMAS DE SEQÜÊNCIA DO SOFTWARE DE CADASTRO...................30 9.7 DIAGRAMAS DE SEQÜÊNCIA DO SOFTWARE DE RECONHECIMENTO ..34 9.8 MODELO ENTIDADE RELACIONAMENTO .........................................................36 9.9 DICIONÁRIO DE DADOS.........................................................................................36 9.10 PROTÓTIPOS DE TELA...........................................................................................37

10 RESULTADOS................................................................................................................37

11 CONCLUSÃO..................................................................................................................40

12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................42

13 ANEXOS ..........................................................................................................................43

13.1 A.1 DIAGRAMA ESQUEMÁTICO DOS SENSORES E INTERFACEAMENTO 44 13.2 A.2 DIAGRAMA ESQUEMÁTICO DA INTERFACE DE COMUNICAÇÃO.......45 13.3 A.3 DIAGRAMA ESQUEMÁTICO DO MICROCONTROLADOR .......................46 13.4 A.4 PROJETO DA PLACA DE CIRCUITO IMPRESSO – CAMADA TOP........47 13.5 A. 5 PROJETO DA PLACA DE CIRCUITO IMPRESSO – CAMADA BOTTOM 48 13.6 A.6 MANUAL TÉCNICO............................................................................................49 13.7 A.7 MANUAL DO USUÁRIO.....................................................................................67 13.8 A.8 ARTIGO CIENTÍFICO.........................................................................................84 13.9 A.9 FOTO 1 DO PROTÓTIPO DA LUVA ...............................................................90 13.10 A.10 FOTO 2 DO PROTÓTIPO DA LUVA.........................................................91

14 GLOSSÁRIO ...................................................................................................................92

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iii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Visão geral do sistema ..............................................................................................2

Figura 2 - Sistema massa-mola .................................................................................................7

Figura 3 - Alfabeto da LIBRAS...................................................................................................8

Figura 4 - Circuito interno do ADXL203....................................................................................9

Figura 5 - Encapsulamento do acelerômetro .........................................................................10

Figura 6 - Dimensões do Flex Sensor.....................................................................................11

Figura 7 - Microcontrolador MSC1211Y5 ...............................................................................12

Figura 8 - Sensores posicionados no dorso da luva .............................................................13

Figura 9 – Diagrama em blocos do software .........................................................................14

Figura 10 - Fluxograma do Firmware ......................................................................................24

Figura 11 - Diagrama de estados do Firmware .....................................................................24

Figura 12 - Gráfico de Distribuição dos Valores do Polegar para a Letra A .....................26

Figura 13 - Diagrama de Casos de Uso do Software de Cadastro ....................................27

Figura 14 - Diagrama de Casos de Uso do Software de Reconhecimento ......................27

Figura 15 - Diagrama de Classes do Software de Cadastro...............................................28

Figura 16 - Diagrama de Classes do Software de Reconhecimento .................................29

Figura 17 - Seqüência de Início do Software de Cadastro ..................................................30

Figura 18 - Seqüência de Inclusão Software de Cadastro ..................................................31

Figura 19 - Seqüência de Alteração Software de Cadastro ................................................32

Figura 20 - Sequência de Exclusão Software de Cadastro.................................................33

Figura 21 - Seqüência de Exibição dos Sensores Software de Reconhecimento...........34

Figura 22 - Seqüência Análise dos Dados Software de Reconhecimento .......................35

Figura 23 - MER..........................................................................................................................36

Figura 24 – Tela de Cadastro ...................................................................................................37

Figura 25 - Tela Principal ..........................................................................................................37

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iv

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Estudo de Viabilidade Econômica ........................................................................18

Tabela 2 - Sinais do Anexo A.1 (Sensores e Interfaceamento).........................................22

Tabela 3 - Sinais do Anexo A.2 (Transmissão de dados) ...................................................22

Tabela 4 - Sinais do Anexo A.3 (Microncontrolador) ............................................................22

Tabela 5 - Dicionário de Dados................................................................................................36

Tabela 6 - Resultados do Reconhecimento ...........................................................................39

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v

LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 - Média Aritmética ....................................................................................................4

Equação 2 - Desvio Padrão ........................................................................................................5

Equação 3 - Equação de Hooke ................................................................................................6

Equação 4 - Segunda Lei de Newton .......................................................................................6

Equação 5 - Relação das equações de Hooke e Newton.....................................................6

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vi

LISTA DE SIGLAS

ADC - Analog Digital Converter. AC - Corrente Alternada. DC - Corrente Contínua. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais. MEMS - Micro Electro Mechanical System. RAM - Random Access Memory. USB - Universal Serial Bus.

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vii

LISTA DE SÍMBOLOS

B - Bytes. g - Força da gravidade. Hz - Hertz. K - Kilo. µ - Micro. n - Nano. O - Ohm. V - Volts. M - Mega.

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viii

RESUMO

Este trabalho descreve o desenvolvimento de um equipamento composto por

uma luva equipada com sensores, interligada a um microcomputador do tipo PC, onde

é executado um programa de reconhecimento da posição da mão do usuário. Este

software é especializado no reconhecimento do alfabeto da Língua Brasileira de Sinais

e pode ser usado como auxílio no aprendizado da LIBRAS e do Português por

deficientes auditivos, bem como por não deficientes que queiram aprender este idioma

de sinais.

A leitura da posição da mão é feita com dois tipos de sensores: sensores de

curvatura e movimento. Os dados destes sensores são transformados para forma

digital e enviados para o computador através de um microcontrolador. Para análise dos

dados no PC são usadas ferramentas estatísticas.

Com este método, conseguiu-se um reconhecimento correto de 85% de todo

o banco de dados.

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ix

ABSTRACT

This document shows the development of an equipment composed by a

glove equipped with sensors, that is connected to a computer where a software will

recognize the user’s position hand. This software is specialized in recognizing the

Brazilian Sign Language’s alphabet and could be used to help teaching the Brazilian

Sign Language and Portuguese to deaf people, and others that are interested in this

sign language.

The hand’s position is measured using two types of sensors: movement and

bend sensors. The data of the sensors are passed to digital form and sent to computer

by a microcontroler. Statistics tools are used to analise these data in the computer.

Using this method, it was reached 85% of correct recognition considering the

whole data bank.

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1

1 INTRODUÇÃO

Segundo dados do IBGE [1], aproximadamente 3,37% (5.7350.99 pessoas)

da população brasileira é composta por pessoas portadoras de algum tipo de

deficiência auditiva. Como pertencem a um grupo relativamente pequeno da

população, a maioria dos deficientes auditivos se encontra à margem da sociedade. Os

problemas de comunicação causados pela deficiência auditiva dificultam seriamente a

socialização do indivíduo, já que a comunicação é um fator importantíssimo em áreas

que demandam alto grau de interação social como, por exemplo, educação e mercado

de trabalho.

Nas escolas e centros especializados na educação de portadores de

necessidades especiais, são usados métodos pedagógicos específicos para pessoas

surdas com o objetivo de fazer com que desenvolvam ao máximo sua capacidade de

comunicação. Um dos grandes diferenciais no processo educacional dos surdos é o

aprendizado da LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), um idioma que faz a

representação de letras, palavras e expressões complexas através de sinais corpóreos.

Os sinais geralmente englobam expressões faciais e gestos com braços e mãos.

É possível que um surdo desenvolva a habilidade para se comunicar através

da fala, mas há consenso entre os especialistas [2] de que o aprendizado de LIBRAS é

uma forma mais natural de comunicação de uma pessoa deficiente auditiva, que ajuda

a desenvolver a habilidade espacial do cérebro sendo possível estabelecer uma

relação direta entre o mundo real e sua representação na linguagem de símbolos, o

que não ocorre com a fala, já que não existe o feedback auditivo.

Outra grande dificuldade lingüística que as pessoas surdas apresentam é em

relação ao aprendizado do português escrito. Pensa-se, freqüentemente, que uma

pessoa surda, por não apresentar nenhum problema relacionado à visão, não possui

dificuldade alguma em produzir ou compreender um texto escrito. Entretanto é fato

conhecido que nas instituições educacionais brasileiras, as dificuldades dos alunos

surdos na aquisição da escrita é enorme, sendo a Língua Portuguesa um desafio para

eles e seus professores.

No caso do surdo brasileiro, o problema que se coloca é o seguinte: pelo fato

de ser surdo, ele não adquire a língua oral, ou seja, o português falado de forma

espontânea e, assim, seu desempenho nessa modalidade da língua portuguesa é, em

geral, extremamente precário. Como as metodologias de ensino e aprendizagem da

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2

escrita no Brasil fazem apelo, na maioria dos casos, ao aspecto fônico do idioma

para ensinar as letras do alfabeto gráfico e, as palavras geralmente são apresentadas

descontextualizadas e sem ênfase no significado, o desempenho do surdo em

português escrito, que poderia ser excelente, acaba sendo precário ou quase nulo [2].

Argumenta-se que o português escrito pode ser plenamente adquirido pelo

surdo se a metodologia recorrer, principalmente, a estratégias visuais, essencialmente

à LIBRAS, não se enfatizando a relação letra-som, e se essas estratégias forem

similares àquelas utilizadas no ensino do segundo idioma ou língua estrangeira.

Com base nos argumentos apresentados acima e aliados ao fato de que a

LIBRAS fornece todo o aparato lingüístico-cognitivo necessário à utilização de

estratégias de interpretação e produção de textos escritos, propõe-se com este projeto,

desenvolver um tipo de interface homem-máquina constituída por uma luva sensoreada

e um software inteligente (operado em um computador) capazes de reconhecer as

letras do alfabeto da LIBRAS feitos por um usuário. Espera-se que este sistema possa

auxiliar deficientes auditivos na aprendizagem da língua portuguesa escrita e, também,

pessoas ouvintes no aprendizado de LIBRAS. Futuramente, caso o projeto se mostre

viável, existe a possibilidade de incrementar o hardware e software do projeto para que

seja possível o reconhecimento de gestos mais complexos que representem palavras e

expressões da Língua Brasileira de Sinais.

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3

2 DESCRIÇÃO DO PROJETO

A meta do projeto é produzir uma luva equipada com sensores resistivos de

curvatura e acelerômetros, para que seja possível mapear a posição da mão de um

usuário e enviar estes dados para um software que capaz de reconhecer os dados

como sinais do alfabeto da LIBRAS. Os parâmetros avaliados são a curvatura dos

dedos e sua relação entre si, bem como a posição da mão do usuário em relação ao

solo. Os sensores são instalados na luva com ajuda de velcros costurados na mesma e

nos sensores.

Os sensores são lidos por um microcontrolador e estes dados enviados ao

computador para que seja possível a análise dos mesmos. No computador, podem ser

aplicados métodos estatísticos e/ou de inteligência artificial para identificação da

posição relativa dos dedos e da mão e, conseqüentemente, o reconhecimento de um

possível sinal do alfabeto da LIBRAS. Até o presente momento somente métodos

estatísticos são usados para reconhecimento.

Pode-se ter uma visão geral do sistema na figura 1.

Figura 1 - Visão geral do sistema

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4

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Línguas de Sinais

As línguas de sinais apresentam-se numa modalidade diferente das línguas

orais-auditivas; são línguas espaço-visuais, ou seja, a realização dessas línguas não é

estabelecida através do canal oral-auditivo, mas através da visão e da utilização do

espaço. A diferença na modalidade determina o uso de mecanismos sintáticos

específicos diferentes dos utilizados nas línguas orais. As línguas de sinais são

sistemas lingüísticos independentes dos sistemas das línguas orais e não são

universais.

Pesquisas sobre idiomas de sinais vêm mostrando que estes são

comparáveis em complexidade e expressividade a quaisquer idiomas orais. Estas

línguas expressam idéias sutis, complexas e abstratas, permitindo que seus usuários

discutam sobre diversos assuntos como filosofia, literatura ou política, além de

esportes, trabalho, moda e a utilizem com funções estéticas para fazer poesias,

estórias, teatro e humor [3].

As línguas de sinais são naturais porque, assim como as línguas orais,

surgiram espontaneamente da interação entre pessoas e porque devido à sua estrutura

permitem a expressão de qualquer conceito - descritivo, emotivo, racional, literal,

metafórico, concreto, abstrato - enfim, permitem a expressão de qualquer significado

decorrente da necessidade comunicativa e expressiva do ser humano.

Por isso são complexas, porque são dotadas de todos os mecanismos

necessários aos objetivos mencionados, porém, econômicas e “lógicas” porque servem

para atingir todos esses objetivos de forma rápida e eficiente e até certo ponto de forma

automática. Isto porque, tratando-se muitas vezes de significados que demandam

operações complexas que devem ser transmitidas prontamente diante de diferentes

situações e contextos, seus usuários terão que utilizar os mecanismos estruturais que

elas oferecem de forma apropriada sem ter que pensar e elaborar longamente sobre

como atingir seus objetivos lingüísticos.

Como as línguas de sinais utilizam-se de um meio ou canal visual-espacial e

não oral auditivo, muitas vezes apresentam formas icônicas, isto é, formas lingüísticas

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5

que tentam copiar o referente real em suas características visuais. Esta iconicidade

mais evidente nas estruturas das línguas de sinais do que nas orais deve-se ao fato de

que o espaço parece ser mais concreto e palpável do que o tempo, dimensão utilizada

pelas línguas orais-auditivas quando constituem suas estruturas através de seqüências

sonoras que basicamente se transmitem temporalmente.

A LIBRAS é natural e dinâmica como as línguas orais-auditivas,

apresentando regras finitas que podem ser usadas para criar um número infinito de

expressões e símbolos, de acordo com a necessidade de seus usuários. Considera-se

que a LIBRAS é ou deve ser a língua materna dos surdos não porque é a língua natural

dos surdos, mas sim porque, tendo os surdos bloqueios para a aquisição espontânea

de qualquer língua natural oral, eles sim é que só vão ter acesso a uma língua materna

que não seja veiculada através do canal oral-auditivo.

A LIBRAS é a língua que possibilita aos surdos o desenvolvimento de toda

capacidade lingüística nata de todo o ser humano [3].

3.2 Reconhecimento Computacional de gestos

Desde o surgimento dos primeiros computadores, existe um esforço para

tornar a comunicação homem-máquina cada vez mais natural para os usuários destes

equipamentos. Em todo histórico da Computação, buscou-se facilitar a operação dos

computadores por meio de ferramentas implementadas em software e hardware, de

forma a aumentar a produtividade do uso do computador. Assim, o objetivo principal é

que o usuário possa extrair a máxima capacidade do equipamento, preocupando-se o

mínimo com detalhes técnicos.

Evoluções nesta área da computação mostram-se desafiadoras porque

geralmente demandam que novas formas de interação sejam fáceis de ser assimiladas

pelo usuário final e, ao mesmo tempo, mantenham toda a flexibilidade de

funcionamento da máquina. Estes objetivos contrastantes geralmente fazem surgir

soluções que exigem processamentos complexos, como por exemplo, o

reconhecimento de imagens.

Na maior parte das pesquisas relacionadas a este fim, procura-se fazer o

reconhecimento do comportamento corporal do usuário. Como exemplo, podemos citar

sistemas que utilizam reconhecimento de imagens, reconhecimento de voz e posições

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6

ou movimentos de partes do corpo humano. As áreas mais vistosas para

aplicações destas técnicas são a Realidade Virtual e Realidade Aumentada, porém, o

campo de aplicações é muito mais amplo.

Como a maioria destas novas interfaces procuram fazer uma análise do

comportamento do usuário em relação ao espaço e/ou tempo, surge a idéia e fazer o

reconhecimento computacional de gestos predeterminados. Desta forma, os idiomas de

sinais servem bem a esta abordagem porque são idiomas completos, com regras

muitas vezes complexas, porém, bem determinadas. Várias pesquisas que visam o

reconhecimento de linguagens de sinais já foram desenvolvidas e outras estão em

andamento. A maioria delas usa como ferramenta o reconhecimento de imagens;

outras usam algum tipo de equipamento ligado ao corpo do usuário. Logicamente, do

ponto de vista do usuário, o reconhecimento de gestos através de imagens é preferível

porque implica em um grau de liberdade muito maior aos movimentos corpóreos.

Porém, este tipo de técnica demanda um processamento computacional altamente

complexo porque deve extrair várias imagens em um pequeno intervalo de tempo e

também lidar com variações nas posições do corpo do usuário [4]. Outras técnicas

fazem uso de uma luva equipada com diversos sensores [5][6] para mapear a posição

da mão. Neste caso, o desafio é produzir uma luva que possa fornecer o maior número

possível de informações sobre o posicionamento da mão, comprometendo

minimamente a liberdade do usuário.

Para o reconhecimento de gestos ou linguagens de sinais é também

necessário um software capaz de obter as informações do hardware (câmeras e

sensores) e decidir se os dados representam um sinal válido e qual sinal eles

representam. Para isso, são usadas técnicas estatísticas e de inteligência artificial

como redes neurais. Outro componente fundamental para uma análise consistente dos

dados é um banco de dados com informações sobre os sinais que serão avaliados e

que seja estatisticamente válido. No caso específico da LIBRAS, existem esforços para

confecção de um banco de dados padrão para este fim [9]. É importante observar que

a construção de tal base de dados é uma tarefa complicada já que apresenta um

volume de dados grande devido às variações entre sinais executados por pessoas

diferentes.

O campo de pesquisas na área da interface homem-máquina oferece

grandes desafios e, ao mesmo tempo, um campo de aplicações enorme que vai desde

a operação remota de um dispositivo eletrônico até a aplicações em Engenharia da

Reabilitação e Lingüística, por exemplo.

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7

3.3 Medidas de Tendência Central

A maioria dos conjuntos de dados apresenta uma diferente tendência de se

agrupar ou concentrar em torno de um ponto central (ou “meio” do conjunto). Assim

sendo, para um conjunto de dados, em particular, geralmente se torna possível

selecionar um valor típico ou representativo para descrever todo o conjunto. Tal valor

descritivo é uma medida de localização ou tendência central. Há diferentes definições

de medidas de tendência central como, por exemplo, média, mediana, moda, ponto

médio, etc [7].

A medida de tendência central relevante para este trabalho é a média

aritmética (ou simplesmente “média”), que é obtida somando-se todos os valores do

conjunto de dados e dividindo-se o total pelo número de itens envolvidos. Na

implementação do software de reconhecimento estatístico, a média desempenha uma

função crucial juntamente com uma medida da variação dos dados.

A média é obtida pela Equação 1, onde n é o tamanho da amostra e xi é a i-

ésima observação da variável aleatória X.

Equação 1 - Média Aritmética

3.4 Medidas de Variação

As medidas de variação são de grande importância para a estatística porque

são ferramentas que fornecem meios para avaliação do comportamento dos dados. As

medidas de tendência central dão uma idéia sobre o conjunto de dados, mas não são

capazes de fornecer informações sobre como eles se distribuem. Usando-se alguma

medida de tendência central em conjunto com uma medida de variação pode-se extrair

este tipo de informação [8].

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8

A medida de variação mais importante é o Desvio Padrão – que avalia

como os dados flutuam em torno da média. É uma medida de variação dos valores em

relação à média. Assim, números relativamente próximos uns dos outros têm baixo

desvio padrão, enquanto números mais dispersos têm maior valor de desvio padrão.

O desvio padrão ? pode ser calculado pela Equação 2, onde n é o tamanho

da amostra, x é o valor do dado corrente e X a média [7].

Equação 2 - Desvio Padrão

3.5 Distribuição Normal

A distribuição normal é especialmente importante na estatística porque

inúmeros fenômenos podem ser aproximados por meio dela e também porque oferece

base para a inferência estatística e processos de decisão que usam o teorema central

do limite [8]. A distribuição normal possui várias propriedades importantes: apresenta

gráfico em forma de sino, suas medidas de tendência central são todas idênticas e sua

dispersão média é igual a 1,33 desvio padrão [7].

Muitos conjuntos de dados apresentam uma distribuição normal ou, pelo

menos, podem ter seus valores aproximados por uma distribuição normal. Assim,

usando os conceitos de média e desvio padrão em uma distribuição normal, pode-se

criar um sistema de decisão que leve em conta a probabilidade de um determinado

dado pertencer a um conjunto específico de valores.

Como esta é uma distribuição muito usada, foram criados tabelas e métodos

para facilitar o cálculo de probabilidade.

Page 23: 2005 Libras Gabardo

9

3.6 Teorema Central do Limite

O teorema central do limite é outro tópico importantíssimo no estudo da

estatística. Este teorema explica que à medida que o tamanho de uma amostra de

dados aumenta, a distribuição amostral das médias amostrais tende para uma

distribuição normal. Em outras palavras, se extraímos amostras de mesmo tamanho da

mesma população, calculamos suas médias e construímos um histograma dessas

médias, esse histograma tende para a forma de um sino de uma distribuição normal e a

média das médias amostrais será a média populacional. E isto é verdade

independentemente da forma de distribuição da população original [7].

3.7 Acelerômetros – Teoria de Operação.

Um acelerômetro é um transdutor que converte uma aceleração aplicada

sobre ele em uma grandeza elétrica.

O princípio básico de funcionamento dos acelerômetros é a lei de Hooke, que

diz que o deslocamento de uma mola é proporcional à força aplicada na mesma.

Podemos formalizar esta definição usando a equação de Hooke, onde L é o

deslocamento e K uma constante inerente à mola (Equação 3).

Equação 3 - Equação de Hooke

Outro princípio físico envolvido é a Segunda Lei de Newton, que relaciona

força com massa e aceleração através da Equação 4.

Equação 4 - Segunda Lei de Newton

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10

Igualando as equações 1 e 2 obtém-se a Equação 5.

Equação 5 - Relação das equações de Hooke e Newton

Desta maneira, o problema de medir a aceleração, torna-se um problema de

medir o deslocamento de uma massa conhecida.

Os acelerômetros existentes no mercado fazem uso de um sistema de

“massa e mola” diminuto fabricado com a tecnologia de micromáquinas de superfície

(ou MEMS - Micro Electro Mechanical System). Esta tecnologia permite a fabricação de

dispositivos eletromecânicos de dimensões microscópicas [10]. A figura 2 exemplifica o

princípio de funcionamento do acelerômetro. Nela pode-se identificar a massa que

deve ser considerada nos cálculos da aceleração e, as placas capacitivas fixas e

móvel.

Quando o dispositivo é sujeito à aceleração, a distância entre as placas

capacitivas muda. Como a massa do braço móvel é conhecida, o deslocamento pode

ser medido verificando-se a capacitância entre as placas. Como mostrado na equação

5, conhecendo-se o deslocamento do braço móvel, é possível calcular a aceleração

sofrida.

Existem acelerômetros de diversos tamanhos e diversas faixas de força e

aceleração. Para uma noção mais intuitiva de aceleração, os fabricantes especificam a

faixa de operação e resistência de seus acelerômetros em “g” (força da gravidade

terrestre - aproximadamente 9,8 m/s2).

Figura 2 - Sistema massa -mola

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11

3.8 Sensores de curvatura

Sensores de curvatura são sensores especializados na mensuração do

ângulo de deslocamento de algum objeto em relação a outro. Existem vários tipos de

sensores de curvatura [6]: indutivos, mecânicos, ópticos e resistivos. Sensores

resistivos podem usar como materiais principais, borrachas condutivas ou um tipo

especial de tinta condutiva. Estes sensores têm uma resistência elétrica determinada

que se modifica linearmente (dentro de um limite especificado pelo fabricante)

conforme é curvado.

Os sensores de curvatura mais comuns e baratos são os sensores resistivos

e por este motivo serão usados neste trabalho.

Page 26: 2005 Libras Gabardo

12

4 ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA

O sistema proposto deve reconhecer as letras do alfabeto da LIBRAS e ter

um acerto de aproximadamente 70%. O reconhecimento abrange somente as letras de

“a” até “z” do alfabeto datilológico mostradas na figura 3. O sistema não faz o

reconhecimento que qualquer outro caracter ou sinal.

4.1 Especificação do Hardware

O hardware envolvido no projeto é composto principalmente por dois tipos de

sensores e um microcontrolador com conversor analógico digital embutido.

Os sensores utilizados incluem um acelerômetro com dois eixos que será

usado para análise da inclinação da mão do usuário bem como seu movimento

horizontal e, um sensor resistivo que indica a curvatura de cada dedo da mão. O

microcontrolador é usado para aquisição e envio dos dados provenientes dos sensores

para o computador.

Figura 3 - Alfabeto da LIBRAS

Page 27: 2005 Libras Gabardo

13

4.1.1 Acelerômetro – ADXL203

O acelerômetro utilizado neste projeto foi o ADXL203 fabricado pela Analog

Devices [11]. As principais características deste dispositivo são listadas abaixo:

??Dois eixos de operação.

??Sensibilidade de 1V/g.

??Resolução de 1mg.

??Freqüência de operação selecionável por capacitor externo.

??Faixa de operação de ±1,7g.

??Resposta é um sinal analógico.

??Circuito interno de condicionamento do sinal.

??Encapsulamento de tamanho reduzido.

Um dos eixos do acelerômetro é usado para medir a posição da mão do

usuário da luva em relação ao solo e outro eixo para identifcar os padrões de

movimento de algumas letras; portanto, a aceleração aplicada sobre ele será a força da

gravidade e a aceleração de movimentos da mão que não deverão ser grandes. Isso

permite que um acelerômetro com uma faixa de operação restrita (±1,7g) seja usado.

O ADXL203 possui ainda um circuito interno para o condicionamento do sinal

proveniente das placas capacitivas mostradas na figura 4.

Figura 4 - Circuito interno do ADXL203

Page 28: 2005 Libras Gabardo

14

Analisando o circuito percebemos que as placas fixas são polarizadas

com ondas quadradas em antifase, de modo que a cada ciclo a corrente que percorre o

capacitor muda de sentido. A excitação tem freqüência de 100KHz e é de grande

amplitude, o que resulta em baixa sensibilidade a ruído proveniente de dispositivos

eletrônicos.

Se a massa estiver centralizada, ambos os lados do capacitor diferencial têm

capacitâncias iguais, e a tensão CA na massa é zero. No entanto, se a massa não está

centralizada devido a uma aceleração, o capacitor diferencial torna-se desbalanceado.

A forma de onda da massa é uma onda quadrada cuja amplitude é proporcional ao

deslocamento e, portanto, à aceleração. A fase da tensão da massa em relação à

excitação determina a polaridade da aceleração.

A saída da massa é conectada a um amplificador não inversor, que amplifica

o sinal de saída de 100KHz.

A saída é demodulada em um demodulador síncrono que amostra a saída do

amplificador, uma vez que a tensão neste esteja estabilizada. Uma vez que o

demodulador é sincronizado em fase com a excitação, a polaridade do sinal de saída

indica corretamente a polaridade da aceleração aplicada.

Este acelerômetro possui também um pino de autoteste. Quando este pino é

ativado, um sinal conhecido é aplicado ao sensor, criando um campo elétrico que força

um deslocamento do braço móvel. Isto gera um sinal conhecido na saída, que pode ser

monitorado permitindo verificar se o sinal na saída é o esperado, testando desta forma

a integridade do acelerômetro. A figura 5 apresenta as dimensões do acelerômetro

utilizado (em milímetros).

Figura 5 - Encapsulamento do acelerômetro

Page 29: 2005 Libras Gabardo

15

4.1.2 Sensor de Curvatura – Flex Sensor

Para mapear a posição dos dedos da mão, foram usados sensores de

curvatura fabricados com um tipo de tinta condutiva alocada sobre um substrato

flexível. Eles foram instalados no dorso de cada dedo da mão.

Quando o sensor não está flexionado, apresenta uma resistência de

aproximadamente 80K? . À medida que se flexiona o sensor, a resistência aumenta

para aproximadamente 300 K? em 180º de curvatura.

Este tipo de sensor é produzido pela empresa Spectra Symbol [12] e seu

nome comercial é Flex Sensor. Suas dimensões são explicitadas na figura 6.

Figura 6 - Dimensões do Flex Sensor

Page 30: 2005 Libras Gabardo

16

4.1.3 Microcontrolador

O microcontrolador é o elemento responsável pela aquisição e tratamento

dos dados provenientes dos sensores. Ele também faz a comunicação com o

computador através de uma interface serial.

Para que o microcontrolador possa manipular os dados dos sensores, é

necessário que estes estejam no formato digital. Para tanto, é usado um conversor

analógico-digital.

Com vista na racionalização do espaço necessário para montagem do

hardware, optou-se pela utilização de um microcontrolador com conversor A/D

embutido. Este microcontrolador é o MSC1211Y5 fabricado pela Texas Instruments

[13]. As principais características do dispositivo são listadas abaixo:

??Núcleo da família 8051.

??Memória flash de 32 KB interna ao chip.

??Memória flash configurável entre memória de dados e programa.

??Conversor A/D com oito entradas multiplexadas.

??Conversor A/D de até 24 bits (limitados pela taxa de conversão).

??Conversor A/D com calibração automática de offset e ganho.

??Buffer interno.

??Sensor de temperatura interno.

??Gerador de tensão de referência interno com precisão de 2%.

??Porta serial padrão RS232.

??Tensão de alimentação de 2,7V até 5,25V.

??Programação serial ou paralela.

Um diagrama em blocos da estrutura interna do MSC1211Y5 é mostrado na figura 7.

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17

Figura 7 - Microcontrolador MSC1211Y5

4.1.4 Transmissão de dados

A transmissão de dados do hardware para o microcomputador se dá pela

interface serial ou USB, dependendo unicamente da seleção do usuário.

Para transmissões feitas pela porta USB é usado o dispositivo TUSB3410

fabricado pela Texas Instruments que faz a conversão de uma transmissão serial para

USB. O fabricante fornece junto com este dispositivo, um driver para ser instalado no

computador. Este driver permite que a porta USB, à qual está ligado o TUSB3410, seja

tratada como um simples porta serial.

Com o uso deste componente, é possível disponibilizar uma interface USB

para o usuário, sem as complicações de um tratamento especial por software e

hardware da interface USB.

4.1.5 Instalação dos sensores na luva

O primeiro protótipo da luva foi confeccionado de lycra para melhor

adaptação à mão do usuário. Os sensores são anexados à luva com velcros para que

seja possível removê-los na lavagem da luva.

Page 32: 2005 Libras Gabardo

18

Um esquema do primeiro protótipo da luva é mostrado na figura 8.

Figura 8 - Sensores posicionados no dorso da luva

4.2 Especificação do software

O software deste projeto está divido em duas partes: firmware e programa de

análise. O firmware é responsável pela configuração do microcontrolador, operação do

conversor analógico digital e transmissão dos dados para o computador. O mesmo foi

desenvolvido em linguagem C usando o software ?Keil da empresa ?Vision [14]. (Para

carregar o código do programa no microcontrolador será usado o software TI

Downloader, fornecido gratuitamente pela Texas Instuments).

O software de análise tem a função de estabelecer a comunicação do

computador com o microcontrolador, usando a interface serial RS232 ou USB, manter

uma base de dados que contenha informações sobre a língua de sinais, analisar os

dados provenientes dos sensores e decidir se a configuração dos dedos da mão

representa algum sinal válido do alfabeto de LIBRAS. O software foi escrito na

linguagem C++, com a ferramenta C++ Builder 6.0 da Borland. O banco de dados é o

Paradox. A figura 9 é um diagrama em alto nível dos módulos do software.

Page 33: 2005 Libras Gabardo

19

O uso do software é simples. A interface com o usuário é de forma

gráfica não sendo necessários conhecimentos técnicos avançados para operá-lo. Um

usuário que saiba operar um computador não encontrará grandes problemas na

operação do software após um pequeno treinamento ou leitura do manual do sistema.

Figura 9 – Diagrama em blocos do software

Page 34: 2005 Libras Gabardo

20

5 VALIDAÇÃO DO PROJETO

O funcionamento do sistema foi avaliado em testes usando todos os valores

do banco de dados coletados dos usuários. Depois de implementada a classe de

reconhecimento e a geração de relatórios todos os valores do banco de dados foram

processados na classe de reconhecimento e os resultados anotados para posterior

geração do relatório.

O relatório exibe todas as entradas do banco de dados e o reconhecimento

feito pelo software para cada entrada. Como o banco de dados pode conter muitas

entradas, este esquema de representação pode se tornar insignificante. Por isso, no

final do arquivo é mostrada uma representação percentual dos resultados. São exibidos

o resultado total de erros e os erros individuais para cada letra. Assim é possível

verificar o funcionamento do sistema como um todo e as letras críticas para o

reconhecimento, podendo-se verificar quais posições da mão o sistema tem mais

dificuldade para identificar.

Page 35: 2005 Libras Gabardo

21

6 CRONOGRAMA DO PROJETO

Dezembro/04:

?? Pesquisas sobre LIBRAS e componentes de hardware.

?? Levantamento do alfabeto de sinais.

?? Conversa com especialistas em LIBRAS.

Janeiro/05:

?? Estudos sobre o funcionamento do microcontrolador.

?? Estudo da arquitetura interna.

?? Estudo do processo de gravação.

?? Confecção da placa de circuito impresso.

?? Montagem do circuito em proto-board.

Fevereiro/05:

?? Desenvolvimento de códigos de testes para o microcontrolador.

?? Desenvolvimento de códigos para operação do conversor A/D.

?? Desenvolvimento de códigos para operação da porta serial.

?? Programação de rotinas em C++ para leitura da porta serial do PC.

Março/05:

?? Testes com os sensores de curvatura e projeto da disposição dos sensores na

luva.

?? Desenvolvimento de um protocolo para comunicação entre microcontrolador e o

microcomputador.

Abril/05:

?? Aquisição da luva, instalação dos sensores e interligação do microcontrolador

com os sensores e o PC.

Maio/05:

?? Estudos de técnicas de software.

?? Estudar quais técnicas de software se adequam melhor ao reconhecimento dos

dados.

Junho/05:

?? Projeto do software.

?? Levantamento de requisitos.

?? Diagramas.

Page 36: 2005 Libras Gabardo

22

?? Documentação geral do software.

Julho/05:

?? Início da implementação do software e construção da base de dados.

Agosto/05:

?? Desenvolvimento do Software.

Setembro/05:

?? Realização dos testes.

?? Levantamento estatístico dos resultados obtidos.

Outubro/05:

?? Documentação das conclusões e resultados finais.

Novembro/05:

?? Elaboração do manual técnico e do usuário.

?? Elaboração do artigo científico.

?? Revisão da monografia.

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23

7 ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA

Tabela 1 - Estudo de Viabilidade Econômica

Componentes Quantidade Preço Total (R$) *

MSC1211Y5 1 US$ 20,95 57,61

TLC084 2 US$ 1,05 5,77

ADXL203 1 US$ 12,00 33,00

Flex Sensor 7 US$ 10,00 192,50

Par de Luvas de Lycra 1 R$ 20,00 20,00

TUSB3410 1 US$ 2,50 6,87

Componentes eletrônicos (resistores,

capacitores, cristais, fios, solda, etc).

x R$ 30,00 30,00

Cabo USB 1 R$ 10,00 10,00

Cabo Serial 1 R$ 10,00 10,00

MAX232 1 US$ 0,50 1,37

UCC283-5 1 US$ 0,50 1,37

* Dólar cotado em R$ 2,75 368,49

Obs: Não computado o custo da mão de obra.

Page 38: 2005 Libras Gabardo

24

8 PROJETO DE HARDWARE

O hardware envolvido no projeto tem a função de transformar os movimentos

feitos pela mão de um usuário em sinais elétricos que possam ser tratados, convertidos

para sinais digitais e enviados ao computador para análise do software.

Para um melhor entendimento do funcionamento desta parte do projeto,

divide-se a explicação do hardware em sensores, microcontrolador e transmissão de

dados. Os diagramas esquemáticos completos de cada parte estão em anexo, bem

como a lista de componentes usados Anexo A.4. O Anexo A.1 mostras as conexões

dos sensores; o Anexo A.2, as ligações do microcontrolador e a última folha, Anexo A.3

exibe as ligações dos drivers de comunicação.

8.1 Sensores de Curvatura

Após a instalação de todos os sensores de curvatura na luva, foram feitos

testes com cada um destes para levantar com precisão qual o valor de resistência

máxima e mínima que apresentavam de acordo com a flexão a que eram submetidos.

Verificou-se que em repouso (curvatura de 0º) os sensores tinham uma resistência de

aproximadamente 80K? ; quando totalmente curvados (mão completamente fechada),

apresentavam uma resistência por volta de 300K? .

A ligação dos sensores de curvatura foi feita por meio de um divisor de

tensão. Com esta configuração, os valores de tensão mínimos e máximos que atuarão

sobre os sensores de curvatura são de 1,023V e 2,5V, respectivamente. A variação de

tensão é diretamente proporcional ao valor da resistência do Flex Sensor.

8.2 Acelerômetro

Os eixos do acelerômetro apresentam internamente um resistor de 32K?

ligado a sua saída, permitindo que sejam implementados filtros passa baixa (com

valores de corte definido pelo projetista) apenas com a ligação de um capacitor

externo. Este filtro pode ser usado para limitar a banda de resposta do acelerômetro.

Page 39: 2005 Libras Gabardo

25

Para o eixo que será usado como inclinômetro a banda de resposta pode ser

reduzida porque a intenção é medir a posição da mão e reconhecer se esta se

encontra na posição correta para execução dos sinais. No caso específico das letras da

LIBRAS, o movimento vertical da mão não é usado com freqüência e não será repetido

por mais de uma vez a cada segundo. Para o eixo horizontal Y, é necessário uma

resposta mais precisa e rápida já que movimentos neste eixo são de grande

importância para o reconhecimento correto do sinal. Para algumas letras a

configuração da mão é idêntica, o único parâmetro variante é o movimento horizontal, o

que justifica uma maior banda passante.

8.3 Buffer de Tensão

Para ligar os sensores com o conversor analógico digital do microcontrolador

foi usado um buffer de tensão feito com um amplificador operacional unipolar (TLC084).

Este buffer foi usado apenas para garantir que as entradas do conversor analógico

digital não interferissem nas medidas de tensão sobre os sensores. Os principais

parâmetros observados na escolha do amplificador foram: resposta em freqüência (10

MHz), alimentação unipolar, resistência de entrada (1 T? ), slew-rate (16 V/?s), corrente

elétrica máxima de saída (1,9 mA) e CMRR (110 dB).

8.4 Microcontrolador

No Anexo A.2, o esquema de ligação do microcontrolador MSC1211Y5 é

mostrado. Para cada pino de alimentação digital foi ligado um capacitor cerâmico de

100nF em paralelo com o pino. Estes capacitores foram usados para filtrar possíveis

variações na alimentação, o que poderia influenciar na execução do firmware ou até

mesmo danificar o dispositivo.

Este microcontrolador possui dois modos de operação: modo de

programação e modo de execução. A escolha entre estes dois modos é feita pelo

estado lógico aplicado aos pinos PSEN e ALE. Se forem aplicados nestes pinos nível

lógico baixo e alto respectivamente, após um reset o dispositivo entrará em modo de

programação e estará pronto para gravar o código de programa na memória flash.

Page 40: 2005 Libras Gabardo

26

Caso o nível lógico nestes pinos seja aberto, o dispositivo entrará em modo de

execução após o reset.

8.5 Transmissão Serial

Para transmissão serial dos dados entre o microcontrolador e o computador

é necessário adequar as tensões de trabalho entre ambos, já que a porta serial do

computador trabalha com tensões de +8V e -8V e o microcontrolador com 0V e 5V.

Para este fim foi usado o circuito integrado MAX232 da Texas Instruments.

8.6 Transmissão USB

Para transmissão dos dados via porta USB foi usado o conversor TUSB3410

da Texas Instruments. Este dispositivo é composto por um microcontrolador da família

8052 que é especializado na conversão de dados seriais para o padrão de

comunicação USB. Será usada a versão 1.1 da USB com velocidade de 1,5 Mb/s.

Como este circuito integrado opera com tensão de 3,3V e a alimentação foi

feita pelo próprio barramento USB (5V), foi usado o regulador UCC283-3 fabricado pela

Texas Instruments.

Quando conectado ao computador, o dispositivo é reconhecido como TI USB

e usa um driver específico fornecido pelo fabricante.

8.7 Buffer de Comunicação

Como foram usados dois padrões (serial e USB) para transmissão dos

dados, foi necessário isolar os dispositivos de conversão (MAX232 e TUSB3410) para

que a operação de um não interfira na operação do outro. Para isso foi usado o buffer

74LS244 em conjunto com dois transistores BC548 operando como portas inversoras.

Quando o circuito estiver ligado à porta USB do computador, a alimentação

de 5V do barramento USB estará ativa. Isso fará com que os transistores enviem os

Page 41: 2005 Libras Gabardo

27

sinais lógicos de controle adequados para o buffer, que ativará a parte da

comunicação USB e colocará as saídas realtivas ao MAX232 em tri-state. Quando não

houver alimentação de 5V do barramento USB, o buffer habilitará as suas saídas para

o driver MAX232, colocando as saídas relativas ao TUSB3410 em tri-state, liberando a

comunicação serial. Desse modo, a seleção da forma de comunicação do hardware

com o computador se dará de forma automática, liberando o usuário desta

responsabilidade.

8.8 Circuito de Alimentação

A alimentação de todo o hardware é feita através de uma fonte estabilizada

que forneça tensões contínuas entre 7V e 9V. Esta tensão é limitada em 5V pelo

regulador UCC283-5 da Texas Instruments. Este regulador foi escolhido porque

apresenta uma regulagem de alta precisão.

8.9 Sinais de Conexão

As tabelas 1, 2 e 3 apresentam uma descrição dos sinais que fazem a

interligação das diferentes folhas do diagrama esquemático. Os sinais que interligam

diferentes folhas têm o mesmo nome nas duas folhas.

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28

Tabela 2 - Sinais do Anexo A.1 (Sensores e Interfaceamento)

Sinal Tipo Descrição Ligado com

AIN0 Saída Tensão dos sensores Anexo 2

AIN1 Saída Tensão dos sensores Anexo 2

AIN2 Saída Tensão dos sensores Anexo 2

AIN3 Saída Tensão dos sensores Anexo 2

AIN4 Saída Tensão dos sensores Anexo 2

AIN5 Saída Tensão dos sensores Anexo 2

AIN6 Saída Tensão dos sensores Anexo 2

Tabela 3 - Sinais do Anexo A.2 (Transmissão de dados)

Sinal Tipo Descrição Ligado com

RX_uC Saída Dados de saída da Porta serial Anexo 3

TX_uC Entrada Dados de entrada da Porta

Serial

Anexo 3

Tabela 4 - Sinais do Anexo A.3 (Microncontrolador)

Sinal Tipo Descrição Ligado com

AIN0 Entrada Entrada do conversor A/D Anexo 1

AIN1 Entrada Entrada do conversor A/D Anexo 1

AIN2 Entrada Entrada do conversor A/D Anexo 1

AIN3 Entrada Entrada do conversor A/D Anexo 1

AIN4 Entrada Entrada do conversor A/D Anexo 1

AIN5 Entrada Entrada do conversor A/D Anexo 1

AIN6 Entrada Entrada do conversor A/D Anexo 1

RX_uC Entrada Dados de entrada da Porta

serial

Anexo 2

TX_uC Saída Dados de saída da Porta Serial Anexo 2

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29

9 PROJETO DE SOFTWARE

A parte de software deste projeto abrange o firmware, que faz a configuração

e operação do microcontrolador, o software de cadastro das letras e o software de

análise, que contém os algoritmos para reconhecimento dos sinais.

O software de cadastro das letras foi separado do software de análise devido

ao fato de que a operação de cadastros de letras e usuários pode comprometer todo o

banco de dados e, conseqüentemente, todo o reconhecimento do sistema. Desta

forma, a operação de cadastro deve ser supervisionada por uma pessoa que tenha um

maior conhecimento sobre o sistema e que também conheça a LIBRAS. Assim, pode-

se disponibilizar o software de reconhecimento para usuários leigos e o software de

manipulação dos dados quando houver um conhecimento do sistema mais

aprofundado por parte do usuário.

9.1 Firmware

O programa que opera no microcontrolador inicia seu funcionamento

configurando todos os periféricos que serão usados. Primeiramente, é feita a

configuração da porta serial para uma velocidade de transmissão e recepção de

115200 bps. Após a configuração da porta serial, o conversor analógico digital é

configurado. A taxa de conversão é configurada para 200 Hz (o que permite dados com

uma largura de até 24 bits) e é escolhida a tensão de referência interna de 2,5V.

Geralmente, a tensão de referência interna é escolhida porque o MSC1211Y5 possui

um gerador de referência de alta precisão e estabilidade. Depois de configurado o

conversor analógico digital, é feita uma calibração automática do conversor para anular

as tensões de offset de entrada e escolher um ganho adequado para o amplificador

interno. Depois disso, a interrupção da porta serial é habilitada e o programa entra em

um laço infinito aguardando por um comando do computador.

Quando algum comando é recebido do computador, a tarefa requisitada é

executada e o programa coloca novamente o microcontrolador em espera por um novo

comando. O programa do microcontrolador está preparado para receber os seguintes

comandos: início de conversão dos dados dos sensores, envio de dados dos sensores,

Page 44: 2005 Libras Gabardo

30

e calibração do conversor A/D. Este último comando é necessário porque alguns

minutos depois do início da operação do microcontrolador a temperatura deste

dispositivo muda, fato que pode interferir na correta leitura dos sensores.

Nas próximas seções são apresentados o fluxograma do firmware e o seu

diagrama de estados.

9.1.1 Fluxograma

t – Transmissão, c – Conversão, a – Calibração.

Figura 10 - Fluxograma do Firmware

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31

9.1.2 Diagrama de Estados

Figura 11 - Diagrama de estados do Firmware

9.2 Software de Cadastro

O software de cadastro tem a função principal de cadastrar usuários do

sistema e as informações sobre os caracteres do alfabeto da LIBRAS. Para o cadastro

dos caracteres o software estabelece automaticamente a comunicação com o hardware

e mostra os dados dos sensores em tempo real usando a interface gráfica. A letra que

deverá ser repetida pelo usuário da luva durante o cadastro aparece em uma foto no

meio da tela do programa. Quando o usuário tiver feito o sinal correto daquela letra, os

dados dos sensores são armazenados no banco de dados.

9.3 Software de Análise

O software de análise é executado em um computador e tem a função de

estabelecer a comunicação com o hardware, comandar o funcionamento do

microcontrolador, analisar os dados recebidos com base em um banco de dados que

contém informações sobre os caracteres da LIBRAS.

Page 46: 2005 Libras Gabardo

32

A conexão com o hardware é feita de forma automática. Quando receber

o comando do usuário para conectar-se ao hardware, o programa avaliará quais portas

seriais estão disponíveis para uso e tentará estabelecer comunicação com todas para

descobrir em qual delas está conectada a luva. Quando a comunicação for

estabelecida, a análise dos dados é iniciada.

Nas próximas seções são mostrados os diagramas dos principais módulos

do software.

9.3.1 Análise Estatística

A análise dos sinais é feita usando os dados individuais de cada usuário ou

os dados de todos os usuários do sistema.

No início da execução da análise, os dados serão lidos do banco de dados e

transferidos para a memória do computador. Estes dados são compostos pela média

dos valores dos sensores para cada letra do alfabeto e seu desvio padrão. Com as

informações da média e desvio padrão pode-se, com o teorema central do limite,

decidir se um dado sinal é um caracter válido da LIBRAS. O gráfico apresentado na

figura 12 pode auxiliar no entendimento deste processo. Este gráfico foi levantado com

valores reais do sistema e corresponde às medidas do dedo polegar para a letra “a”.

Pelo gráfico, podemos perceber que os dados estão dispostos em uma

distribuição normal de probabilidade. O eixo Y mostra os valores lidos do sensor

instalado sobre o polegar e o eixo X contém estes mesmos valores porém,

padronizados para que fosse possível usar as tabelas de cálculo da área sob a curva.

Foram usadas 30 amostras do sensor para que a disposição do gráfico fosse

visivelmente normal [7].

A média dos valores é de aproximadamente 1,64 e o desvio padrão 0,0387.

Um intervalo de dois desvios padrão foi criado para a área de decisão. Este intervalo é

delimitado pelas retas verticais de –0,9 e 0,9. Através destes valores padronizados e

das tabelas de cálculo de área, verifica-se que a área sob este intervalo corresponde a

63% da área total, ou seja, levando em consideração este conjunto de dados, podemos

afirmar que uma amostra selecionada aleatoriamente tem 63% de chance de estar

localizada dentro deste intervalo definido.

Page 47: 2005 Libras Gabardo

33

O algoritmo de reconhecimento usa este mesmo princípio para todas as

letras. Cada letra é formada por sete sinais diferentes que possuem seus respectivos

valores de média e desvio padrão. Para cada conjunto de dados (sete números

correspondentes a cada sensor) lidos da luva, é feita uma avaliação para verificar em

qual letra cada dedo se encaixa de acordo com sua posição.

Figura 12 - Gráfico de Distribuição dos Valores do Polegar para a Letra A

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34

9.4 Diagramas de Casos de Uso

Figura 13 - Diagrama de Casos de Uso do Software de Cadastro

Figura 14 - Diagrama de Casos de Uso do Software de Reconhecimento

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35

9.5 Diagrama de Classes

Figura 15 - Diagrama de Classes do Software de Cadastro

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36

Figura 16 - Diagrama de Classes do Software de Reconhecimento

Page 51: 2005 Libras Gabardo

37

9.6 Diagramas de Seqüência do Software de Cadastro

Figura 17 - Seqüência de Início do Software de Cadastro

Page 52: 2005 Libras Gabardo

38

Figura 18 - Seqüência de Inclusão Software de Cadastro

Page 53: 2005 Libras Gabardo

39

Figura 19 - Seqüência de Alteração Software de Cadastro

Page 54: 2005 Libras Gabardo

40

Figura 20 - Sequência de Exclusão Software de Cadastro

Page 55: 2005 Libras Gabardo

41

9.7 Diagramas de seqüência do Software de Reconhecimento

Figura 21 - Seqüência de Exibição dos Sensores Software de Reconhecimento

Page 56: 2005 Libras Gabardo

42

Figura 22 - Seqüência Análise dos Dados Software de Reconhecimento

Page 57: 2005 Libras Gabardo

43

9.8 Modelo Entidade Relacionamento

Figura 23 - MER

9.9 Dicionário de Dados

Tabela 5 - Dicionário de Dados

Tabela Campo Tipo Descrição

Codigo Auto Incremento Chave Primária Usuário

Nome String Nome do usuário

Letra Caracter Chave Primária

M_Polegar Real Média da curvatura

do dedo polegar

Amostras

S_Polegar Real Desvio padrão da

curvatura o polegar

Page 58: 2005 Libras Gabardo

44

9.10 Protótipos de Tela

Figura 24 – Tela de Cadastro

Figura 25 - Tela Principal

Page 59: 2005 Libras Gabardo

45

10 RESULTADOS

A colocação dos sensores na luva foi feita de forma artesanal através de

velcros costurados na mesma e nos sensores. A luva apresentou um funcionamento

satisfatório apesar de sua fragilidade e problemas com desprendimento dos sensores

que geralmente não são percebidos de imediato pelo usuário e conseqüentemente

afetam o funcionamento do sistema.

Os sensores apresentaram um bom desempenho não tendo sido notados

qualquer alteração do funcionamento dos mesmos em relação ao uso e fadiga do

material.

O hardware se mostrou eficiente na leitura dos sensores e na transmissão

dos dados para o computador. O conversor analógico digital foi configurado para uma

taxa de amostragem de 200Hz e a transmissão serial ajustada para 115200 bps. Isto

possibilitou que fossem lidos oito vezes todos os sete sensores durante um segundo.

O software de reconhecimento usou como base a análise estatística, mais

especificamente os conceitos de média, desvio padrão, distribuição normal e o teorema

central do limite. Durante os testes verificou-se empiricamente que o reconhecimento

apresentava melhor desempenho quando o intervalo de decisão era aumentado

somando-se uma constante ao desvio padrão. Para os testes, todas as amostras de

letras presentes no banco de dados foram submetidas à classe de reconhecimento. No

total foram analisados 780 registros, ou seja, 30 amostras para cada uma das 26 letras.

Durante o teste foram anotados todas as entradas de dados na classe de

reconhecimento e o resultado indicado pela classe. A partir da comparação destes

dados foi gerado um relatório com os valores percentuais dos erros de reconhecimento.

Considerando o número total de erros para todo o banco de dados, obteve-se uma taxa

de acerto de 85%.

Os resultados total e de cada letra são mostrados na tabela 6.

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Tabela 6 - Resultados do Reconhecimento

LETRA ERRO (%) LETRA ERRO (%) A 3 N 20 B 0 O 10 C 10 P 16 D 6 Q 10 E 6 R 13 F 10 S 13 G 3 T 40 H 6 U 50 I 10 V 86 J 16 W 10 K 0 X 16 L 13 Y 0 M 6 Z 26

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11 CONCLUSÃO

De acordo com a proposta de funcionamento apresentada, o sistema de

reconhecimento mostrou um desempenho superior ao esperado. Apesar de a

colocação dos sensores na luva ter sido feita de forma artesanal, esta se mostrou

estável a despeito da fadiga do material durante todo o desenvolvimento e teste do

projeto. Em relação ao conforto e grau de liberdade do usuário da luva verificou-se que

melhorias ainda devem ser feitas a fim aumentar o tempo de tolerância de uso da luva,

já que, os velcros podem machucar a mão do usuário (principalmente as articulações)

em um longo período de uso. Durante novos desenvolvimentos desse sistema é

possível que se chegue à conclusão que outras modificações precisem ser feitas na

luva ou na colocação dos sensores, porém, só será possível afirmar isto com o

desenvolvimento de novas técnicas de reconhecimento.

Analisando os erros do software, vemos que estes se concentram nas letras

mais semelhantes e principalmente nas letras que são diferenciadas apenas pela

abertura relativa dos dedos, sugerindo a melhoria do sistema de reconhecimento tanto

por hardware como por software.

Como novas técnicas de reconhecimento provavelmente exigirão a aquisição

de um grande conjunto de dados, fica claro que a confecção da luva deve ser

melhorada com o objetivo de deixá-la mais resistente ao esforço e conseqüentemente

mais confiável durante todo este processo. Também podem ser feitas melhorias em

relação ao aumento do número de sensores (tanto de curvatura como de movimentos)

com o objetivo de refinar o reconhecimento da posição da mão do usuário em relação

ao espaço e ao seu corpo.

O hardware de aquisição se mostrou eficaz tanto para conversão dos dados

de natureza analógica para digital como para a transmissão desses dados para o

computador, sendo provavelmente o módulo do sistema que menos sofrerá alterações

em possíveis melhorias que venham a ser desenvolvidas. Uma das melhorias que

poderá causar modificações no hardware é a adição de novos sensores na luva,

fazendo com que o microcontrolador tenha que ser trocado ou as entradas do seu

conversor analógico-digital multiplexadas devido ao fato de só existirem oito entradas

disponíveis. Dependendo do número de sensores e componentes adicionados será

também necessário fazer novos testes para aferição da velocidade do sistema de

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aquisição para verificar se a alteração não compromete o desempenho do sistema

como um todo.

Em relação ao reconhecimento estatístico implementado em software foi

visto que este oferece um bom desempenho comparado ao esforço computacional e a

relativa facilidade de implementação. Apesar disso, ainda é um esquema muito simples

e pouco robusto para esta aplicação. Provavelmente, a estatística possa ser aplicada

com uma eficiência muito maior quando usada em conjunto com outros algoritmos que

usem redes neurais ou lógica fuzzy, por exemplo.

Outro problema detectado durante os testes do sistema foi a impossibilidade

de reconhecimento do momento da troca entre dois sinais. A troca de sinais é um

evento crítico para um reconhecimento mais refinado dos caracteres e também, devido

às variações produzidas nos sensores durante esses momentos, uma fonte de erros

para o software de reconhecimento. Tentou-se corrigir este problema regulando a

temporização de leitura dos sensores, porém o resultado foi insatisfatório. Ainda na

tentativa de verificar este evento no sistema, foi feita uma análise dos sinais dos

sensores no domínio da freqüência, o que também não gerou bons resultados devido à

baixa freqüência de variação destes.

Também será de grande ajuda a implementação de funções secundárias

para a continuação do desenvolvimento do software. Tais funções teriam a

responsabilidade de gerar relatórios, gráficos e outras formas de auxílio à análise do

desenvolvedor devido a grande quantidade de dados que deve ser analisada e

interpretada.

Finalmente, em conversa com profissionais especializados no ensino da

LIBRAS a pessoas surdas, conclui-se que o sistema em questão pode auxiliar na

educação de deficientes auditivos se fizer reconhecimento de gestos mais complexos

como palavras e expressões completas e também atuar como um elemento motivador

no processo educacional dos surdos.

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14 GLOSSÁRIO

Dactilológico – Alfabeto em que as letras são representadas por sinais

manuais.