2 como enxergar bem sem Óculos sistema bates aplicado ao dia a dia - m. matheus de souza, dc

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  • Como Enxergar Bem sem culos M. Matheus de Souza, DC. DM.

    COMO ENXERGAR BEM SEM CULOS

    Sistema Bates aplicado ao dia a dia

    M. Matheus de Souza, DC. DM.

    Editora IBRAQUI

    So Paulo - SP

  • Como Enxergar Bem sem culos M. Matheus de Souza, DC. DM.

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    Ttulo: COMO ENXERGAR BEM SEM

    CULOS Autor: M. Matheus de Souza, DC. DM. Reviso gramatical:

    Sonia Maike

    Composio: Rival Computao Grfica Ilustraes: Daniel Lopes Capa: Primo Alex Gerbelli 2 edio 1999 Copyright - O do autor

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    ndices para catlogo sistemtico 1. Oftalmologia: Cincias mdicas 617.7 2. Olhos: Defeitos : Tratamentos : Cincias Mdicas 617.7 3. Olhos: Doenas : Tratamento: Cincias mdicas 617.7 4. Viso: Distrbios : Tratamento: Cincias mdicas 617.7 proibida a reproduo total ou parcial desta obra, em qualquer mdia, sem a prvia autorizao do autor. Editora IBRAQUI Rua das Camlias, 304 - Jardim Mirandpolis CEP 04048-060-So Paulo - SP - Brasil Tel/Fax: (OXX11) 5071.7898 E-mail: [email protected] www.conhecimento.com.br

    Souza, M. Matheus de Como enxergar bem sem culos : Sistema Bates aplicado ao

    dia a dia 1 M. Matheus de Souza.- So Paulo: Editora IBRAQUI, 1998

    Bibliografia.

    1. Oftalmologia - Obras de divulgao 2. Olhos - defeitos 3. Olhos - Doenas 4. Sistema Bates 5. Viso - Distrbios 1. Ttulo. II Ttulo: Sistema Bates aplicado no dia a dia. ISBN 85-85750-04-9

    98-1209 NLM-WM CDD-617.7

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    Sumrio Captulo 1 Histria e fundamentos 5 Experincia pessoal 16 Para quem este sistema? 19 Uma breve reviso 23 Descobrindo o seu problema 32 A dor de cabea e os olhos 36 Um recurso natural 38 Os maus hbitos 39 A base do sistema 43 O grande vilo (o cansao visual) 44 Os trs segredos da boa viso 47 Piscar 47 Viso focada 50 Mobilidade 52 A luz 55 Capitulo 2 Exerccios 57 Aprendendo a ler 59 Exerccio n 01 Relaxamento simples na cama: 63 Exerccio No 02 Focalizao: 64 Exerccio No 03 Leitura de cima para baixo 65 Exerccio No 04 Para tirar os culos 66 Exerccio No 05 Olhar solar 67 Exerccio No 06 Empalmao 69 Exerccio No 07 Grande volteio 71 Exerccio No 08 Leitura do Quadro-teste de Snellen 73 Exerccio No 09 Balanceio 74 Exerccio No 10 A leitura de tipos midos 75

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    Procedimentos teis 76 Capitulo 3 Tratamentos 79 Regras gerais 80 Cansao simples da vista 85 Tratamento para cansao simples da vista 88 Vista cansada ao dirigir veculo 89 Hipermetropia 92 Tratamento para hiperopia 95 Presbiopia 97 Tratamento para presbiopia 101 Miopia 106 Miopia incipiente 109 Miopia mdia 109 Miopia adiantada 110 Tratamento para miopia 111 Astigmatismo 114 Tratamento do astigmatismo 118 Estrabismo 123 Tratamento de estrabismo 127 Catarata 131 Tratamento da catarata 134 Glaucoma 136 Tratamento do glaucoma 138 Olhos inflamados 139 Apndice 141 Cansao simples da vista 144 Casos clnicos 144 Dores de cabea 146 Hipermetropia 150 Casos clnicos 151 Presbiopia 153 Caso clnico 153 Miopia 155 Casos clnicos 155 Astigmatismo 157 Casos clnicos 157 Estrabismo 158 Caso clnico 159 Olhos inflamados 160

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    Casos clnicos 160 Catarata 161 Bibliografia: 162

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    Introduo

    As idias simples costumam passar despercebidas e, quando as encontramos, temos uma certa dificuldade em aceit-las, tal a sua

    singeleza.

    Assim foi quando, na juventude, pela primeira vez travei contato com a Quiropatia, que viria a adotar como profisso. Seus conceitos eram to simples e claros que julgvamos no serem verdadeiros. Os anos de faculdade e a posterior prtica diria se encarregariam de atestar a eficincia do bom senso aplicado sade e sua manuteno. Assim tambm foi com relao capacidade de recuperao dos olhos, quando aos vinte e poucos anos uma miopia j teimava em se instalar em quem tinha na leitura um de seus maiores prazeres. Recebi na ocasio a terrvel sentena e a respectiva receita para o uso compulsrio de culos. Incmodos e nada estticos, eles tampouco eram prticos para quem gostava de praticar natao, atletismo, basquete, futebol e tantas outras atividades no to esportivas, como namorar e danar. Impertinentes, os culos transformaram-se num apndice como fonte de muitas frustraes da minha longa juventude. Felizmente, ainda estudante, um colega presenteou-me com um livro que descrevia o Sistema Bates.

    A princpio, a simplicidade do mtodo deixou-me em dvida. Como ocorre em vrias circunstncias na nossa profisso, o mrito do efeito era credenciado auto-sugesto ou a uma coincidncia (ficaria bem de qualquer maneira). Resolvi, no entanto, testar. Uma leitura atenta das conceituaes, mais o resultado rpido obtido pela prtica dos exerccios recomendados (joguei fora meus indesejveis culos em apenas duas semanas), passei a ser um divulgador do sistema entre meus pacientes, principalmente quando observei que a melhoria da viso era um fator importante na recuperao em indivduos que sofriam de algumas sndromes cervicais.

    Durante os ltimos 34 anos, tenho emprestado a pacientes e amigos, esses conceitos e exerccios, uma vez que raro encontrar uma obra em portugus. As que haviam esto esgotadas ou seus direitos autorais foram adquiridos para recolher os estoques existentes e no mais serem editadas. Tudo, possivelmente, por obra e graa de algum que na poca sentiu-se ameaado nos seus interesses comerciais.

    Recentemente, fiquei extremamente surpreso em uma de minhas aulas no curso de Quiropatia (1997). Ao perguntar quantos deles faziam uso do sistema Bates para orientar seus pacientes, manifestou-se um silncio total. Timidamente, um deles perguntou sobre o que eu estava falando.

    Uma platia de aproximadamente 60 profissionais (todos da rea da sade) e nenhuma informao a respeito. Percebi, ento, que o objetivo daqueles que na dcada de 60, haviam recolhido os livros existentes sobre o assunto, havia sido

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    atingido. Confiavam ento que a memria da populao curta e que quando um determinado assunto deixa de ser comentado e divulgado, lentamente cai no esquecimento.

    Este fato levou-me, por sugesto de amigos, a preparar a presente obra dedicada ao grande pblico e direcionada principalmente aos colegas terapeutas. Tero assim, mais uma ferramenta no seu arsenal de recursos para auxiliar, de maneira natural, as pessoas que os procuram buscando ajuda.

    O mtodo Bates consiste simplesmente em ensinar as pessoas a utilizarem seus olhos de uma forma relaxada e cmoda. O objetivo principal o de restabelecer os hbitos normais da viso quando estes forem perdidos devido a um esforo excessivo ou a um estado de tenso.

    Nosso grande inspirador, indubitavelmente, sempre foi o Dr. William Horatio Bates, porem o roteiro bsico de nossa prtica foi extrado dos escritos do Dr. Harold M. Peppard.

    A esses dois gigantes, rendemos no s a nossa homenagem, mas tambm a nossa eterna gratido.

    M. Matheus de Souza, DC. DM.

    So Paulo - 1998

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    Captulo 1

    HISTRIA E FUNDAMENTOS

    No passado, havia apenas duas respostas clssicas para os defeitos comuns da refrao (esses distrbios pticos que dificultam a viso clara e precisa): culos ou cirurgia, ou ambos. Infelizmente, em algumas reas, isso ocorre at nos dias de hoje. Quando os olhos sofrem algum contratempo, faz-se uma visita ao oftalmologista que via de regra prescreve um par de culos. Nada mais a fazer. Existe uma tendncia geral em considerar unia espcie de herana certos males como: miopia, hipermetropia, astigmatismo, estrabismo, catarata, glaucoma e, na idade madura, culos para ler. No entanto, a causa desses distrbios visuais, o motivo real, no se procura saber. Os culos auxiliam temporariamente os olhos a verem melhor e, eventualmente, alguma cirurgia pode ser feita para buscar um alvio mais prolongado, mas os "especialistas" no procuram ou no conhecem nada que cure os olhos. Nem tentam cur-los. Tentam, verdade, ajud-los, aplainar-lhes o caminho, mas no acreditam ou no sabem, que podem cur-los. Tal atitude em relao aos problemas mais comuns de refrao ainda se assemelha prtica comum de um sculo atrs.

    No comeo do sculo vinte, no entanto, o Dr. William Horatio Bates, de Nova York, um dos grandes especialistas do seu tempo, aprofundou-se nessa regio inexplorada e descobriu algumas coisas interessantes. Ao contrrio do pensamento dominante, descobriu que a viso, a exemplo de qualquer outra funo do organismo, tem a capacidade de se recuperar, de forma espontnea, na medida em que lhe so dadas certas condies ideais de repouso e havendo um pleno abastecimento neurolgico (teoria nascente nas escolas de Quiropatia e Osteopatia, ambas embasadas num vitalismo moderno e cientfico gerado pela Escola Fisiomdica em 1900 - Robert Boyd, D.O. Uma introduo Terapia Bio-CraniaI, Editora Ibraqui).

    No final de um dia extenuante no seu consultrio, Dr. Bates estava descansando aps uma srie de consultas difceis. Tirou os culos e apoiou o rosto fatigado nas suas mos em concha, cobrindo os olhos. Depois de descansar nessa posio aproximadamente dez minutos, sentindo-se reanimado pelo silncio e escurido, retirou as mos dos olhos e percebeu imediata-mente que, apesar de sem culos, as cores e os objetos da sala lhe pareciam mais brilhantes e ntidos, assim como a sensao de peso e desconforto nos olhos havia desaparecido. Foi a partir daquele instante, que observou que a qualidade da percepo visual poderia estar ligada a um fator de cansao e tenso muscular. Foi assim que ele concebeu a idia fundamental do seu mtodo para a recuperao da viso.

    Baseado nos escritos de D. D. Palmer (criador da Quiropatia), que teorizava sobre a manifestao trina que dominava a sade plena (Inteligncia Universal -Inteligncia Inata e Inteligncia Adquirida), passou a considerar antes de tudo,

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    que a viso uma arte enquanto capacidade simultaneamente inata e adquirida. Tal como ocorre com os demais sentidos - a audio, o tato, o paladar e o

    olfato - o crebro interpreta as informaes que lhe chegam do exterior. O que condiciona ou determina a verdade ou a falsidade da referida interpretao, no entanto, a qualidade e a intensidade da ateno que dedicamos quilo que estamos observando, saboreando, cheirando, sentindo ou ouvindo. A ateno o essencial: deve dirigir-se sempre para fora, numa nica direo, abarcando o objeto sem se distrair, permitindo assim que o crebro efetue uma interpretao correta. No caso concreto da vista, trata-se de estar mentalmente sereno, deixando que a percepo visual venha por si s.

    Exceto quando o olho est doente ou lesionado, quase todos os defeitos da vista podem ser causados pela ignorncia ou negligncia deste principio.

    A viso um dos cinco sentidos do ser humano, os olhos seus rgos, o ato de enxergar no entanto, e pura sensao.

    custa de muita pesquisa e longas experincias, o Dr Bates percebeu que muitos males da vista podiam ser curados; no apenas aliviados; uma vez que as falsas causas podiam, na maioria das vezes, ser removidas, permitindo que os olhos recuperassem a perfeita sade e normalidade como qualquer outra parte do corpo - salvo se existisse alguma condio de degenerescncia. O olho, contudo, raramente o ponto de partida de qualquer molstia degenerativa.

    Durante vrios anos observou cada vez com menos interesse a teoria de Helmholtz (Hermann Helmholtz, 1821 1894, publicou em 1856 o Manual de ptica Fisiolgica), que era ento, e ainda , a teoria aceita por muitos oftalmologistas.

    Tal teoria est fundamentada na premissa de que a mudana nas dimenses das lentes oculares que permite ao olho enxergar a diversas distncias. Em outras palavras, foca-se mudando o tamanho do cristalino (dilatando ou retraindo).

    Embora uma grande porcentagem dos distrbios visuais no pudesse (e ainda no pode) ser explicada pela teoria de Helmholtz, ela foi o nico mtodo de tratamento da vista por mais de um sculo.

    Por sua vez, o Dr. Bates lanou a teoria de que o olhar se adapta s vrias distncias, no pela mudana da forma da menina dos olhos, mas pela mudana nas dimenses do prprio globo ocular. Em outras palavras, o olhar se adapta a distncias variveis por meio dos msculos extrnsecos do globo ocular em suas diferentes presses sobre a menina dos olhos.

    O globo ocular movimentado por seis msculos- um de cada lado, um em cima, um por baixo e dois passando parcialmente em torno do meridiano do globo ocular, um na parte superior, outro na inferior. Os quatro primeiros so chamados "msculos retos" e os dois ltimos "msculos oblquos".

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    Quando o olho foca um objeto distante, o puxo ou a tenso nos quatro

    msculos retos aumenta e o globo ocular achatado, isto , fica mais curto da frente para trs e torna-se mais largo de um lado ao outro.

    Em compensao, se voc quiser ler ou olhar de perto, os msculos oblquos obedecem a esse desejo aumentando sua tenso, afinando o globo ocular que se torna mais comprido e menos largo.

    Enquanto os msculos se mantiverem ativos e eficientes, a funo ser executada perfeitamente e sem esforo. Se, por qualquer razo (como, por exemplo, o cansao da vista provocado por maus hbitos, exausto crnica, debilidade geral, abatimento prolongado e tudo quanto possa agravar a tenso nervosa) os msculos retos tornarem-se habitualmente retesos, produzir-se- a condio conhecida como hipermetropia ou hiperopia. Por outro lado, se os msculos oblquos se retesarem, produzir-se- ento a miopia ou vista curta. Se a tenso muscular ficar desigual, de forma a que um grupo de msculos aja com mais fora do que o oposto, os globos oculares sofrero presses desequilibradas e da surgir o astigmatismo.

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    Em outras palavras, quando a tenso muscular igual, o foco fica exatamente sobre a retina e a pessoa enxerga com perfeio.

    Se, por causa da tenso, o foco for tirado de sua posio natural e recair, quer frente, quer atrs da retina, a imagem ficar borrada e a viso ficar imperfeita.

    Com a evoluo da teoria nascida dessas descobertas, o Dr. Bates tomou os casos que no se amoldavam teoria de Helmholtz, constantemente encontrados em sua imensa prtica. Diagnosticou-os satisfatoriamente e tratou-os de acordo com sua prpria teoria. Os resultados foram, impressionantes.

    O experimento conduzido durante vrios anos, provou claramente para ele mesmo e para o grupo de oftalmologistas que se congregaram em torno dele, que os msculos extrnsecos do olho so os meios de acomodao e que, sendo assim, os culos no so auxiliares da viso, mas sim, prejudiciais, uma vez que, no removem a causa e podem agravar o distrbio, pois permitem que a vista se adapte de modo artificial sua deficincia.

    Os culos fazem o que. na realidade os msculos deveriam fazer, ou seja, ajustar o ponto focal. Ora, se dessa maneira os msculos no executam a sua funo, a exemplo de qualquer outro msculo do organismo, eles tendero a ficar atrofiados e rgidos. A sim, o problema passar a ser progressivo. A cada perodo de tempo, realiza-se um novo ajuste (novos culos), at atingir um estado crnico de degenerao muscular com prejuzos reais viso.

    Isso significa que enquanto os culos parecem aliviar temporariamente a viso afetada, no se mexe na causa da perturbao. Assim, o rgo correspondente, o olho, sujeita-se ao papel de um invlido de muletas.

    No entanto, com a prtica de uns poucos exerccios reconstrutores para reeducao dos msculos oculares, os olhos podem readquirir o seu funcionamento normal e correto e se tornaro perfeitamente fortes e sadios de novo.

    Os resultados dessas experincias foram escritos e publicados em jornais mdicos, poucos anos antes da grande guerra. Foram tambm apresentados a

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    colegas do Dr. Bates e suas sociedades, mas em vez de estimular o interesse e a pesquisa, sua teoria foi ignorada e ridicularizada.

    Os oftalmologistas no queriam trocar a velha e estabelecida hiptese por esta nova premissa to radical. Talvez alguns, at mesmo duvidassem que fosse possvel fazer um esforo para reeducar os olhos. Os culos trazem pronto alvio em muitos casos e isso era bastante bom. Os oftalmologistas no estavam interessados e como um bom nmero deles tinha envolvimento com a fabricao de lentes, tirar os culos das pessoas era, naturalmente, a ltima coisa que queriam fazer.

    A falta de reconhecimento do seu trabalho no desencorajou o Dr. Bates, mas impeliu-o a assegurar-se de fatos adicionais relativos ao funcionamento normal dos olhos. Estabeleceu uma clnica e comeou a pr os seus princpios prova. Foi mais do que recompensado em seus esforos. Desde o incio obteve resultados quase incrveis.

    Deviam mesmo ser espantosos, positivos e irrefutveis, para poder vencer os preconceitos e a critica que lhes opunham os adeptos da teoria de Helmholtz e os oculistas.

    Provou irrefutavelmente que os defeitos comuns da refrao esses distrbios pticos que em geral requerem o uso de culos podiam ser corrigidos e curados com a mudana de tenso nos msculos extrnsecos do olho. Tratou todas as modalidades de defeitos de refrao sem o uso de culos e, em centenas de casos, eliminou culos que vinham sendo usados durante anos e restabeleceu a viso normal.

    Havendo j provado satisfatoriamente a sua teoria, quis descobrir o que causava o mau funcionamento da vista e seus conseqentes distrbios.

    Entre continuas pesquisas chegou concluso que "forar" a vista no era, como usualmente se supunha, o resultado de uma vista defeituosa, mas sim que a causa responsvel por todos esses defeitos de refrao era o esforo. Provou vezes sem conta que o fixar (esse esforo para ver em lugar de deixar que os olhos vejam naturalmente), somado debilidade geral, ao temperamento nervoso e, principalmente, ao uso inadequado da vista por falta de conhecimento sobre como os olhos realmente enxergam, eram os responsveis. Dessa forma, pem os msculos pticos fora do seu funcionamento normal. O resultado a viso deficiente.

    Cada vez mais ele provava isso sociedade. Seu prximo passo foi descobrir como fazer uma vista retroceder aos hbitos originais e normais; resumir e aclarar uma maneira ou frmula de conduta que permitisse aos olhos voltarem uma normalidade saudvel e, assim, viso perfeita.

    Foi desenvolvida uma srie de recomendaes e exerccios para reeducao dos msculos pticos, visando reconduzi-los aos estados normais de repouso e movimento. Assim, pela educao, os maus hbitos seriam substitudos pelos bons.

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    Como seu trabalho comeasse a atrair a ateno pelos resultados obtidos, um grupo de estudantes reuniu-se em torno dele e aprendeu os princpios da viso normal sem o uso de culos. Esses alunos, apesar das presses recebidas principalmente dos profissionais ligados fabricao de culos, foram os grandes divulgadores do mtodo, editando livros e realizando em suas clnicas particulares, curas extraordinrias e produzindo um grande nmero de pacientes satisfeitos.

    Esse tratamento dos olhos sem o uso de culos tem sido aplicado a milhares de pessoas e cada tipo de defeito de refrao tem sido tratado com real sucesso. Embora ainda ignorado pela maioria dos profissionais especialistas, uma vez que a resistncia inicial ao mtodo fez com que ele fosse rotulado como tcnica alternativa, em vrias partes do mundo (Estados Unidos, Canad, Inglaterra, frica do Sul, Frana, Espanha, Alemanha, Portugal e Brasil) existem profissionais praticando e divulgando esse mtodo.

    Os princpios, sendo bsicos, aplicam-se a todos os olhos e a todos os defeitos de refrao em todas as idades. Numa criana que sofre da vista, o defeito leve e, via de regra, um tratamento rpido ser suficiente para restituir aos olhos a viso normal.

    No menos rpido ser o tratamento para pessoas de idade madura, ou mesmo j avanada, se o distrbio for combatido to logo aparea. O decurso de tempo desde o aparecimento do efeito e seus conseqentes maus hbitos, importam muito mais do que a idade do indivduo em quem ocorrem.

    bom repetir que o tratamento usado em todos os distrbios visuais para os quais prescrito o uso de culos e no nossa inteno aplic-lo na perda da viso causada por degenerescncia. Experincia pessoal

    Em 1961, ainda jovem, j ostentava um par de culos fortes para miopia quando tomei conhecimento do mtodo do Dr. Bates. Em poucas semanas joguei fora meus culos. Desde que me graduei em Quiropatia, no ano de 1964, e iniciei meu trabalho clnico, venho recomendando aos meus pacientes a aplicao dos exerccios corretivos e estimulando a compreenso da verdadeira causa dos problemas de viso. Tenho constatado que a pessoa que aprende a usar convenientemente os olhos, nunca mais precisar de culos e ver com clareza toda a sua vida. Graas ao notvel poder de resistncia dos olhos, podemos t-los jovens at os oitenta anos.

    Acompanhei, nesses anos, um grande nmero de indivduos de todas as idades desfazerem-se de seus culos e readquirirem a viso normal. Milhares de criaturas o fazem, com a orientao de profissionais que empregam esse novo sistema e outras pela leitura de prospectos e livros produzidos por seguidores dessa escola. Apesar disso, o mundo ainda est cheio de culos.

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    importante observar que a ignorncia do assunto existe em funo de grandes interesses financeiros. O acontecido no Brasil na dcada de 60, talvez d uma idia das foras ocultas que tentam dificultar o acesso a esse tipo de informao.

    Tomei conhecimento do mtodo atravs de um colega que presenteou-me com um exemplar do livro Veja Melhor sem culos do Dr Harold M. Peppard.

    Quando iniciei minha prtica clnica, adquiria de 10 a 20 exemplares por vez para presentear a cada paciente que se apresentava com culos e recomendava no s a sua leitura para entendimento, como disciplina na aplicao dos exerccios. Desnecessrio dizer que no era eu o nico a ter esse procedimento e por conseqncia, o livro estava sendo muito bem vendido e um nmero cada vez maior de indivduos abandonava o USO de culos.

    Fomos surpreendidos em 1967 com o desaparecimento sbito desse livro das livrarias.

    Aps um certo tempo, questionamos a editora e fomos informados que um grupo de pessoas, que possivelmente representava uma determinada associao de classe, havia comprado os direitos autorais e retirado do mercado os exemplares existentes. A desculpa era que seria reescrito, pois possua uma srie de erros que deveriam ser corrigidos. Nunca mais foi editado.

    Restou-nos apenas o expediente de rascunhar os princpios e exerccios do sistema e mimeograf-los para fornecer aos interessados, o que, sem dvida, pela apresentao pobre, baixava o ndice de credibilidade no assunto. Some-se a isso o fato da maioria dos especialistas da rea informarem no conhecer o assunto ou mesmo no recomendarem, pois deveria ser mais um desvario da ento muito criticada rea alternativa, fruto do movimento contra cultural que tinha nos hyppies sua expresso social.

    Nestes 34 anos de profisso, em meu consultrio tenho visto olhos estrbicos retificados, astigmatismo, hiperopia e miopia curados e centenas de culos jogados fora definitivamente. Diga-se de passagem que minha nica ao tem sido fornecer uma cpia deste rascunho e estimular as pessoas com problemas a terem disciplina na aplicao dos exerccios e na mudana de seus hbitos viciosos.

    Apenas com esse procedimento, adquiri absoluta convico e um grande entusiasmo neste mtodo que nos faz primeiro entender a causa do problema e depois nos d o caminho da recuperao de uma maneira extremamente simples.

    A melhor maneira de vencer um obstculo destruir a ignorncia que o cerca. A informao bem dada, indicar o caminho para se readquirir e conservar viso boa e normal, sem a ajuda de culos. Para quem este sistema?

    Quando adoecemos e temos o corpo fragilizado, via de regra, vamos para a cama. Instintivamente sabemos que o repouso d ao organismo o tempo

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    necessrio para que as defesas orgnicas sejam ativadas e a recuperao fsica seja alcanada. Todo o corpo descansa, menos os olhos. Esta a ocasio em que colocaremos nossa leitura em dia, assistiremos TV, ou iremos ao computador domstico para atualizar as informaes atrasadas, comunicarmos com a empresa para a qual trabalhamos ou, ainda, navegar na Internet. As crianas em idade escolar colocaro seus deveres em dia. O universitrio atualizar informaes sobre uma matria pendente. A vov aproveitar para fazer tric ou croch para os netos. A maioria das pessoas ir desrespeitar e agredir seus olhos. Assim todo o corpo ter chance de se recuperar, menos os olhos.

    Ao nos aproximarmos da casa dos quarenta anos e, s vezes antes, ao atingirmos a maturidade profissional, somos premidos por compromissos, os mais variados possveis, relativos prpria atividade profissional, necessidade de manter o emprego, nossa vida social, educao dos filhos, etc., e acabamos perdendo a descontrao tpica da juventude e, infelizmente, a capacidade da relaxao. Com isso, perdemos tambm a boa viso.

    Observem os animais - como tm os olhos relaxados at pressentirem o perigo e, mesmo em perigo, como eles so vivos e movimentam-se sem parar, so brilhantes e penetrantes.

    Reparem tambm como so penetrantes e flgidos os olhos de uma criana normal! Nada perdem.

    Observem quo raramente as pessoas habitualmente "relaxadas " usam culos - mesmo na idade madura e na velhice.

    A falta de relaxao a causa da maioria das vistas defeituosas. "Cansei de fixar a vista e no pude ver nada". Se fixar fortemente e por

    muito tempo a vista, essa afirmativa poder ser tragicamente verdadeira - o indivduo ficar cego. Fixar cansa a vista e o cansao a causa da viso imperfeita. No o resultado, como geralmente se supe mas a causa.

    O estado emocional do indivduo influi na viso, pois os olhos so como as copas de um trigal maduro, vibram sob qualquer brisa emocional ou mental que soprar.

    "Fiquei to descontrolado que no pude ver" uma expresso que se houve freqentemente e parece tola, mas na realidade, a constatao de um fato. A tenso da raiva perturbou o crebro e desfocou a vista.

    Quem no conhece: O olhar do apaixonado e sonhador. O olhar vermelho e carregado do raivoso e irado. O olhar culpado que denuncia o mentiroso. O olhar aberto do medroso e o esbugalhado do aterrorizado. O olhar esperto e rpido do curioso. O olhar atento do negociante O olhar terno do amigo. O olhar contrado do invejoso.

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    O olhar fixo e tenso dos desequilibrados Aproximadamente noventa porcento dos homens e mulheres de mais de

    quarenta e cinco anos usam culos, quer para ler, quer durante todo o tempo. O crescimento da percentagem de crianas com culos entre sete e quinze anos alarmante.

    Este sistema para todos, jovens e velhos, que usam culos e desejariam no ter motivo para us-los. Ele indicado tanto para aqueles que comearam a usar culos recentemente, quanto para aqueles que os vm usando h anos e esperam us-los at o termo de seus dias, perdendo-os, ora aqui, ora ali, quebrando-os e, provavelmente, tendo que troc-los por outros mais fortes a cada 2 ou 3 anos.

    Tambm indicado para os que, na casa dos quarenta ou cinqenta anos, precisamente quando comeam a compreender como devem viver, descobrem que j no conseguem ler confortavelmente seus jornais e que os nmeros no catlogo de telefone esto alm de suas possibilidades. Notem como elas seguram distncia o que vo ler, com o brao esticado! um sinal de alarme.

    Acima de tudo, ele indicado para as crianas. Obrigar uma criana a usar culos, sem que haja a manifestao de um problema degenerativo ou neurolgico bem diagnosticado, um dos grandes pecados do mundo. Deve-se ajudar essa pequena e indefesa criatura, no sobrecarreg-la com o uso desconfortvel e antiesttico de culos.

    Tambm dirigido queles que tm o infortnio de sofrerem de estrabismo. Centenas de casos de vesguice tm sido corrigidos seguindo-se os princpios expostos.

    No entanto, este sistema no apropriado para aqueles cuja vista adoeceu devido a distrbios orgnicos, tais como tumores, degenerescncia da retina, do nervo ptico ou dos centros visuais do crebro - todos esses casos pertencem aos oftalmologistas.

    Repetimos que este mtodo foi desenvolvido para corrigir todas as desordens visuais (problemas de refrao) contra as quais imposto o uso de culos. recomendado tambm, para o afortunado grupo que tem bons e belos olhos e quer conserv-los melhor. Uma breve reviso

    Antes de prosseguirmos, julgamos necessrio uma breve reviso, luz do Sistema Bates, de alguns aspectos anatmicos e fisiolgicos importantes para a compreenso dos procedimentos posteriormente recomendados.

    O olho um rgo composto de trs camadas membranosas: uma

    camada rija, inelstica, exterior, chamada esclertica; uma camada mdia, onde esto os vasos sanguneos, chamada coride; e uma terceira, ou interna, a retina.

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    Colocada em uma depresso ssea do crnio, a cavidade dos olhos tem formato largo frente e vai-se estreitando medida que se dirige para trs. A depresso imediatamente atrs do olho est cheia de matria gordurosa, fornecendo um leito acolchoado onde ele gira.

    Seis msculos movem o olho e prendem-se parte anterior da esclertica (a camada membranosa externa) e posterior de uma pequena abertura ssea no fundo da cavidade ou depresso. Quatro desses msculos, chamados msculos retos, passam diretamente por trs da abertura, um de cada lado do globo ocular e mais um em cima e outro embaixo. Os dois restantes, chamados msculos oblquos, passam parcialmente ao redor do globo ocular, partindo um de cima e outro de baixo. Atravessam um ilhs ou roldana ligamentosa antes de ir finalmente ao fundo da cavidade, onde prendem-se na abertura ssea ali existente, com os outros quatro.

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    Mantido em posio pela camada gordurosa, o olho pode mover-se para qualquer direo atravs dos quatro msculos retos. O papel dos msculos oblquos exercer presso em torno da parte mdia do globo ocular, dando-lhe a possibilidade de ver a vrias distncias pela maior ou menor tenso exercida sobre o olho. Quando os msculos retos se retesam, o globo ocular encurta e engrossa. Esta mudana faculta-nos a mudana de foco.

    A esclertica protege o olho de qualquer injria externa e d-lhe sua cor branca. Quatro quintos da esclertica so opacos e no permitem a entrada de luz. O um quinto restante uma rea translcida, chamada crnea, que est situada exatamente na parte centro-anterior do olho. Parece colorida por causa do pigmento que fica por trs, mas na realidade perfeitamente incolor.

    O coride, ou segunda camada, a zona dos vasos sangneos. um intrincado tecido de veias e artrias e uma linha de abastecimento da esclertica, que no tem vasos sangneos, e deve receber sua nutrio dos tecidos circunvizinhos. Essas veias e artrias do coride fazem para os olhos o mesmo que fazem para os demais rgos do corpo, isto , as artrias levam aos olhos o sangue to necessrio s suas funes e reparao dos tecidos e as veias removem o sangue depois de terem executado esse servio levando com ele os produtos nocivos que sobraram.

    A terceira camada, a retina - espcie de forro da segunda - o laboratrio interno onde executado o trabalho. Ela contm todos os elementos sensveis que transmitem as vibraes da luz aos nervos pticos, os quais, por sua vez, transportam essas impresses aos centros nervosos no crebro.

    O olho dividido em duas cmaras, partindo-se da frente para trs. Na

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    primeira fica o cristalino, com seu ligamento e seu msculo. De fato o cristalino que divide o olho em duas cmaras, tendo a da frente um quinto do tamanho da detrs. O cristalino biconvexo e suspenso por seus ligamentos na frente do olho, na juno da crnea e com a esclertica.

    Esta cmara exterior; ou pequeno compartimento, est cheia de um lquido claro como gua, chamado humor aquoso. Este fludo constantemente produzido e ser substitudo se eventualmente for perdido numa operao ou acidente. H duas minsculas passagens ou canais nesse compartimento que deixam escapar o humor aquoso. O equilbrio entre a produo do humor aquoso e o seu escapamento que controla a presso interna do olho. A presso dentro do olho necessria para manter sua forma perfeitamente esfrica e somente quando o olho uma esfera perfeita que se enxerga com nitidez. Por muitas razes essencial que tal presso no seja nem demasiado grande, nem pequena demais.

    Existe tambm, suspensa nessa cmara anterior, outra parte essencial da intrincada aparelhagem visual - a ris - cujo centro possui uma abertura - a pupila - que responde ao meio externo, dilatando-se ou contraindo-se para permitir a passagem da luz. Esta a janela pela qual o crebro pode enxergar.

    A ris, com sua pupila, tem para o olho a mesma funo que o diafragma da cmara fotogrfica. constituda de fibras musculares na forma de crculos e em raios que lhe permitem mudar o tamanho e a abertura, de modo a permitir a passagem apenas da quantidade conveniente de luz, conforme as necessidades visuais sob condies variveis.

    O forro interno da cmara posterior a retina. Por trs da retina fica a camada de pigmento que d cor ris. Sem esta camada, nossos olhos no teriam cor. A propsito, tambm ai, por trs da retina, que gerada a maior parte do pigmento da pele e dos cabelos.

    Esta delicada terceira camada do olho ligada segunda e mantida parcialmente em sua posio por um semifluido, substncia meio gelatinosa chamada humor vtreo. Este humor enche toda a cmara posterior e a outra substncia que contribui para manter o olho uma esfera perfeita. Sem o humor vtreo, o olho murcharia, como sucede a uma bola de borracha sem ar. Diferentemente do humor aquoso, uma vez perdido, o humor vtreo no pode ser substitudo.

    A presso dentro do olho constante, mantm-se pelo equilbrio entre a secreo e o escoamento do humor aquoso. Se a tenso ou presso dos quatro msculos retos for aumentada, o globo ocular, achatar-se- no sentido antero-posterior, isto , de diante para trs. o que acontece quando os olhos focalizam objetos distantes.

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    Se, por outro lado, aumentar a tenso nos msculos oblquos, o olho ser comprimido pelo centro e se alongar da frente para trs. o que sucede quando o olho foca pontos prximos, como na leitura.

    Quando o olho uma esfera perfeita e os raios de luz formam foco sobre a retina, produz-se uma imagem clara e v-se perfeitamente. Quando, por causa da tenso, os raios chegam a um foco antes ou depois da retina, a imagem vista borrada ou imprecisa.

    Os raios luminosos refrangem-se quando passam de um meio com certa densidade para outro meio de densidade diferente. Antes da luz atingir a retina ela deve passar pela crnea, pelo humor aquoso, pelo cristalino e pelo humor vtreo.

    Se observarmos uma mquina fotogrfica e notarmos as adaptaes distncia que proporcionam uma imagem ntida a seis e depois a quinze metros, veremos quo pouco o globo ocular precisa alterar sua conformao para manter um foco claro, especialmente se considerarmos sua extenso focal. O alcance focal de uma pequena cmara de quinze ou dezessete centmetros, ao passo que o do olho humano unicamente 3,5 centmetros. Algumas pequenas cmaras modernas, chamadas cmaras de foco universal, prevaleceram-se desse conhecimento obtido com o estudo do olho humano, e no precisam mais de prvios ajustes distncia.

    A intensidade varivel de luz estimula a retina muito mais do que afeta uma chapa sensvel dentro da cmara. A retina com freqncia comparada a uma chapa fotogrfica, mas h importantes diferenas. A retina se compe de dez camadas finas. Seria natural esperar-se que os elementos "que vem" - chamados bastes e cones - estivessem colocados em cima, constituindo a primeira camada, mas tal no se d. Esto na nona camada e a luz deve atravessar as primeiras oito camadas de sangue e vasos, fibras nervosas e outras delicadas camadas regulares de clulas, antes de alcanar o elemento ativo da viso na nona camada.

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    H uma grande exceo, que o "ponto amarelo" - fovea centralis - a pequenina mancha do tamanho de uma cabea de alfinete, sobre a qual falham as outras oito camadas, os bastes e os cones, expondo luz.

    H apenas uma parte da retina que no tem viso. Ao lado do nariz, em

    cada um dos olhos, perto da parte central posterior, o nervo ptico passa por trs camadas do olho. O ponto em que ele penetra no globo ocular cego e assim porque a retina no cobre essa rea.

    Como a parte externa de um olho encontra a parte interna do outro a fim de formar uma s imagem, quando os dois olhos se aplicam em ver alguma coisa nunca se percebe o ponto cego, embora quem tem s um olho possa perceb-lo.

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    A retina tem dois tipos diferentes de viso. O primeiro a viso central, que, positiva, clara, apenas possvel no centro do olho. uma rea excessivamente pequena da retina, nunca maior do que a cabea de um alfinete. O segundo a viso colateral ou viso apenas da forma, do movimento e da cor nos seus aspectos gerais. Este ocupa todo o resto da retina. Esta viso vai se reduzindo progressivamente, a partir do centro para fora, sendo realmente muito pobre na periferia. Os elementos nervosos que formam o nervo ptico, depois de deixarem o globo ocular, passam retaguarda para o interior da cavidade craniana. O nervo do olho direito no passa diretamente para o lado direito do crebro. Pouco depois de entrar na cavidade craniana divide-se em duas partes e as fibras do lado direito do olho direito passam para o lado direito do crebro e as fibras do lado esquerdo do olho direito passam para o lado esquerdo do crebro. Dessa forma, cada lado do crebro tem metade das fibras de cada olho.

    Milhes de fibras nervosas juntam-se nesses dois centros no crebro e fundem as duas imagens na nica imagem que estamos habituados a ver.

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    Quando o crebro est doente e essa funo prejudicada, produz-se dupla viso. O mesmo se d quando ocorre qualquer acidente com os msculos dos olhos, deixando-os incorretamente dirigidos, sem coordenao, em direes opostas. Isto no acontece nos casos crnicos, pois a mente se reajusta gradualmente condio e suprime uma das imagens.

    Da o sentido da viso ser muito complexo. uma apurada coordenao de todas as partes do mecanismo da vista: os olhos, o nervo ptico e os centros visuais do crebro. Tudo isso deve funcionar com perfeio para se poder ver normalmente.

    Descobrindo o seu problema

    De um grande nmero de pessoas que passam pelo meu consultrio, as que usam culos, na maioria das vezes, no necessitam tratamento dos olhos, mas sim de tratamento ou conselhos para algum outro tipo de problema ou estado patolgico que resulta em fraqueza. A maioria faz uso de culos, mas sem grandes resultados, j que os olhos no so a causa real do distrbio.

    Muitos tm como responsveis por suas perturbaes visuais. condies fsicas gerais de fraqueza que afetam ativa e visivelmente os olhos.

    Outros tm uma leve perturbao na vista e podem ficar completamente aliviados limitando o tratamento apenas ao entendimento e execuo dos procedimentos do Sistema Bates.

    Se no exame realizado por um mdico de confiana no for verificada nenhuma patologia degenerativo e nenhum problema diretamente ligado aos nervos visuais, o mais razovel dar uma chance aos olhos e tentar readquirir um bom estado de sade geral; o mais perfeito possvel. Este procedimento muito mais sensato do que colocar um par de cangalhas sobre o nariz e passar o resto da vida com essa muleta, gastando muitas horas do seu valioso tempo curvado, de joelhos, a procurar nos cantos os culos que voc perdeu "no sabe onde".

    Dores de cabea associadas leitura, alm de cansao visual podem ter sua origem no mal estado dos dentes, na manifestao de sinusite por excesso de catarro, ou ainda na priso de ventre. Como caracterstica haver um certo congestionamento na camada externa do olho, dando-lhe um aspecto ligeiramente vermelho. Estes sinais desaparecero rapidamente com os exerccios apropriados de relaxao e estmulos musculatura dos olhos. Logicamente h que se eliminar o catarro e pesquisar os dentes.

    Eliminadas as possibilidades de congestionamento ou inflamao nos rgos da face, dedique-se a melhorar a sade geral e do sistema muscular. Inicie com cuidados na alimentao e especial ateno funo intestinal. Se necessrio, uma hidroterapia de clon para tonificar e aumentar a eliminao.

    O estado txico devido m excreo, envenena os olhos e afeta seriamente o seu funcionamento. Para livrar-se dessas toxinas, preciso evacuar todos os dias.

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    A importncia do equilbrio do estado emocional e do sistema nervoso para o funcionamento da vista no pode ser menosprezada. Quando algum est altamente preocupado, com o crebro em ebulio, h sempre algo de fadiga visual como conseqncia, no s por causa da inevitvel tenso muscular resultante, mas porque o crebro perturbado, no capaz de interpretar normalmente os impulsos que lhe so enviados atravs do nervo ptico. Um grande medo, depresso ou tristeza, podem transformar a tal ponto os sistemas nervosos e emocional, que no possvel a algum usar os olhos naturalmente, salvo se lhe for ensinado como os olhos vem e o que se deve fazer em perodo depressivo para proteg-los.

    Nas crianas, esse efeito mais visvel. Quantas vezes ela capaz de ler uma histria ou usar os olhos horas seguidas em casa, sem dor de cabea, porque a, ela sente-se em segurana, feliz e tem a mente livre de ansiedade ou medo. Porm, nos primeiros dias de aula na escola, que as deixam ansiosas, ou mesmo num trabalho em casa, que lhe seja exigido algo que ela receia no poder fazer, ento sentir dor de cabea. O que ela precisa ateno e ajuda nos seus deveres escolares e no um par de culos. Ajude-a a adaptar-se na escola, ensine-a a compreender a lio e no se apresse em colocar culos nessa criana! Seu mal no so os olhos e sim o medo.

    Se algum est passando por uma profunda fase de ansiedade ou depresso, durante toda a noite, enquanto dormir, provavelmente ter os olhos fixos (as pessoas deprimidas assim o fazem) e durante as horas em que estiver acordado, estar retesando esses delicados e sensveis msculos pticos, tirando-os da normalidade. No se deve colocar culos e condenar os olhos a uma deformidade. Deixe que, eles "retrocedam" naturalmente.

    Apenas fechar os olhos para dormir no o suficiente para as pessoas ansiosas. Execute os exerccios simples que recomendamos no Captulo 3, pg. 41 "cansao simples da vista".

    Quando tiver seu estado de sade geral remediado e sentir que no est mais sob depresso emotiva extraordinria, ento ser tempo de pensar na vista propriamente dita. Mas, lembre-se que muitas pessoas que se sentem perfeitamente em condies de desempenhar suas atividades usuais, que aparentemente no sofrem de coisa alguma, nem de alterao de temperatura, esto, no entanto, num estado bem longe do normal e que a sua capacidade de aproveitar a vida em toda a sua plenitude visivelmente abaixo do normal.

    Se apressadamente algum lhe disser que sua fadiga habitual causada provavelmente por cansao visual e sugerir que voc deve usar culos sob prescrio de um oftalmologista, seguramente estar lhe prestando um grande desservio. Antes, porm, deveria lhe perguntar:

    O que voc come? Como est sua eliminao? Quantas horas voc dorme por dia?

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    O que o est preocupando? Gosta do seu trabalho? Sua vida emotiva est bem? Tem bom humor? Se tais perguntas foram respondidas honestamente, j se ter um excelente

    ponto de partida para a soluo dos seus problemas. Os seus olhos precisam no de lentes, mas sim de melhores condies.

    Seria impossvel superestimar a importncia do repouso para os olhos. Agora, com seu estado geral diagnosticado, talvez um simples caso de dieta

    e eliminao e seu estado mental e emocional ajustado, pergunte-se: qual mesmo o meu problema?

    Talvez seja apenas simples cansao da vista, coisa de que pode libertar-se com a maior facilidade.

    Tenha sempre em mente que seus olhos podem recuperar a sade to bem como qualquer outra parte do corpo. Voc deve fazer com eles, o que faria com outro rgo qualquer afetado - no sobrecarreg-lo - ou seja, permitir seu repouso e faz-lo voltar normalidade com exerccios suaves e constantes.

    As regras para uma viso normal so simplesmente as leis naturais seguidas, automaticamente, pelos olhos sadios. O Sistema Bates baseia-se nessas regras.

    Se voc no chegar a ser um praticante deste mtodo natural para recuperao da viso, poder, ao menos, encontrar alguma orientao. Os conhecimentos e exerccios nele contidos beneficiaro os olhos, estejam em que condies estiverem, uma vez que o presente mtodo consiste no retorno ao uso normal dos olhos. A dor de cabea e os olhos

    "A dor de cabea , com freqncia, considerada conseqncia de viso defeituosa."

    H mais de vinte condies no corpo humano que podem causar dor de cabea. Diagnosticar acertada-mente a causa de uma dor de cabea, muitas vezes, desafia a percia do mais hbil clnico.

    A despeito disso, clnicos, professores, amigos, colegas de trabalho e parentes sentem-se felizes em aconselhar algum que sofre dores de cabea, a usar culos. O fato de milhares de criaturas, que j os usam, continuarem a trazer no bolso um tubo de aspirinas ainda no lhes causou to forte impresso que as impedisse desse hbito pernicioso de usar culos para as dores de cabea.

    As crianas so as que mais sofrem com esse absurdo e ignorante ponto de vista, uma vez que os culos necessariamente interferem no desenvolvimento normal dos olhos infantis e os tornam viciosos. No havendo um problema real, neurolgico ou degenerativo bem diagnosticado, colocar culos numa criana significa danificar-lhe seriamente a vista.

    O que algum com dor de cabea mais precisa so os servios de um mdico

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    honrado. Desgraada-mente, muitos mdicos acham que a dor de cabea um sintoma enganoso e inclinam-se a "experimentar culos" em vez de se encarregarem da difcil tarefa de localizar a causa real do distrbio. Deve-se procurar portanto, um mdico que seja capaz e inteligente.

    Sem dvida, os olhos, eventualmente, causam dor de cabea, mas no tanto como se acredita. H um consenso de que eles raramente so a causa primria e, em cada caso em que so a causa, obtm-se alvio infalvel quando o paciente instrudo nos princpios da vista normal. Se a dor de cabea no diminuir com esse tratamento, pode-se ter absoluta certeza de que no so os olhos, mas qualquer outra parte da cabea ou do corpo, que est causando o sofrimento.

    Infelizmente, em alguns casos, os culos aliviam as dores de cabea o suficiente para convencer o doente de que os olhos so a causa real do mal.

    Qualquer oftalmologista pode ser positivo em seu diagnstico quanto a se o distrbio ou no proveniente dos olhos. No restante, a dor de cabea uma condio de difcil diagnstico. Afirmar que os olhos causam o mal um grande erro, muito comum entre os mdicos das diversas especialidades.

    O que pode provocar o desvio do caminho reto que os olhos, pela sua delicadeza, se ressentem de qualquer estado de fraqueza ou sofrimento ao serem usados e, assim, so responsabilizados pela doena, quando, na realidade, a dor de cabea sempre a causa da sensibilidade da vista.

    Quando um profissional apenas receita culos, no est fazendo nada alm do que faria um cidado comum ao tomar uma aspirina para abrandar a dor. Nesse caso o sintoma, no a causa, que est sendo tratado e o alivio do sintoma torna muito mais difcil localizar a causa do distrbio.

    Se tal noo fosse melhor conhecida e aceita, poder-se-ia colocar um paradeiro nesse hbito vicioso de se prescrever culos para crianas e adultos simplesmente porque tm dores de cabea. Um recurso natural

    Uma das belezas deste sistema mostrar que sempre h um recurso natural diante de um caso de distrbio visual.

    Quanto mais rapidamente compreende-se o uso vicioso que se faz da vista e recorre-se aos exerccios corretivos, mais cedo comeam a surgir os resultados, sendo necessrio apenas, dai em diante, continuar a usar corretamente os olhos.

    Pessoas que ainda no usaram culos ou usaram apenas pouco tempo, ou cujo distrbio de pequena gravidade embora, j venham usando culos h algum tempo, podero ter pronto alivio e em breve, a viso normal restituda.

    Os que tm distrbio grave, que tm tido "vista m" durante muitos anos, esses vencero mais lenta-mente. Cada dia do um passo frente na libertao de velhos hbitos e adquirem novos hbitos normais de maneira automtica, at se verem afinal livres da sua "doena".

    comum o individuo relutar em lanar fora os culos, receando que seus olhos ressintam e acabem na cegueira. Leiam com ateno no Cap. 2, pg. 32, o tpico: "para tirar os culos".

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    Aps 34 anos de observao dos efeitos deste mtodo, ainda no vi um s mau resultado. Ao contrrio, tenho acompanhado sempre uma mudana para melhor at mesmo nos casos em que o paciente tinha poucas esperanas.

    No h o que temer. O pior que pode acontecer voc ficar apenas meio curado devido sua falta de disciplina. Os maus hbitos

    Os olhos anormais no piscam freqentemente e fitam demoradamente um mesmo ponto. Isto um mau hbito contrado e uma das piores causas de cansao da vista.

    O olhar normal nunca parado, ele est em constante mobilidade. O movimento to leve que chega a ser imperceptvel. Assim como tudo que vemos no est imvel, mas tem sua peculiar vibrao, da mesma forma os olhos vibram. Julgue-os livres e fludicos. Se voc no conceder esse sentimento de abandono, de liberdade a seus olhos, eles no tero mobilidade e ficaro com o hbito vicioso da fixidez.

    O olhar normal no tenta ver uma vasta rea a um s tempo, uma linha inteira por exemplo, mas palavra por palavra; todavia, seu movimento to amplo que d a impresso de uma imensa rea. Quando voc procura ver toda uma rea ao mesmo tempo, est forando a vista. Relaxe, solte a vista e ver sem esforo.

    Use sua vista como faz quando escreve, no forando adiante, mas sim empregando os olhos em cada palavra que est sendo escrita. Este o processo de olhar para todas as coisas, cada detalhe a seu tempo, sem pressa de ver o seguinte.

    A verdade que voc no v com os olhos, mas com o crebro atravs dos olhos.

    A pupila do olho na realidade um orifcio vazio por onde passa a luz; a janela pela qual o crebro v. A retina, a camada mais profunda do olho, recebe as vibraes da luz que lhe chega pela pupila e a transfere atravs dos nervos pticos ao centro visual no crebro, ento voc v.

    Tudo o que tiver diante da vista est dentro da vista, mas voc somente poder ver se o crebro receber. A ausncia de relaxao no s estica os msculos e conduz o olho para fora do foco perfeito, mas atrapalha o funcionamento do crebro.

    Tudo o que influencia suas emoes tambm afeta seus olhos muito mais profundamente do que apenas os sinais bvios externos, tais como:

    Lgrimas de pesar Turvao de raiva Arregalar de espanto Sombreamento de tristeza "Luz que brilha nos olhos" quando se feliz. E porque no, se uma parte dos olhos o prolongamento direito do tecido

    cerebral? E o crebro, centro de todo o sistema nervoso, constantemente agitado pelas emoes.

    Nada que afete o estado geral pode deixar de agir nos seus olhos. De todos os enganos cometidos no estudo das condies visuais, o mais comum esperar que a vista funcione normalmente a despeito da sade do corpo.

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    Baixa vitalidade significa vista fraca. Uma infeco aguda, como uma gripe ou outro tipo de febre, ou qualquer estado de intoxicao violenta, quer dizer que seus olhos tambm esto doentes. E, no entanto, voc h de ler o dia todo para distrair as idias. Ler um dos mais rduos trabalhos que os olhos realizam e os pobres no tm descanso nem quando se est doente.

    Com freqncia, aps uma doena, achamos que devemos usar culos - a vista est nos faltando. Os olhos, por causa desse estado de fraqueza, provavelmente nunca se livraro dos culos; to grande o seu poder de adaptao que se ajustam aos culos e, dessa forma, se submetem ao uso vicioso.

    As pessoas muito doentes no devem ler nunca. E pessoas levemente doentes deveriam ler apenas durante perodos muito curtos, cerrando freqentemente as plpebras para breves minutos de repouso, piscando freqentemente, nunca fixando a vista, nunca fazendo esforo para ver.

    Pessoas extenuadas ou com esgotamento nervoso, jamais deveriam ler. H quem pretenda descansar lendo. descanso para as emoes, mas um

    fardo para os olhos. A viso obtida pela ativa e saliente contrao e expanso de msculos e pela atividade tanto das clulas visuais como das clulas do pensamento, alojadas no crebro. A absoro do assunto lido exige igualmente, consumo de energia nervosa. Nem o corpo, nem o crebro esto em condies de executar esse rduo labor. So os olhos que pagam.

    Isto se aplica especialmente s crianas. Seus olhos no esto bem desenvolvidos e so extremamente sensveis ao esforo. Quase todo mundo sabe que os olhos da criana devem ser poupados durante o sarampo, mas em muitas outras circunstncias esta precauo negligenciada. O resultado que centenas de criaturas passam o resto da vida com a vista defeituosa

    Pode-se ler na convalescena, mas os perodos de leitura devem ser curtos e os olhos devem repousar logo que se sintam fatigados. Tratando a vista com este processo simples e inteligente, ela se reabilitar normal-mente, com o resto do corpo.

    Leia com ateno o Captulo 2, pg.30: "Aprendendo a ler". Pessoas nervosas, ou que, por causa do temperamento ou de condies

    especficas aparentemente fora de controle, vo vida afora em contnua tenso, usualmente comeam a usar culos muito cedo. Quando os culos so colocados nessas criaturas, seus olhos pioram rapidamente, at que as lentes j no minoram o defeito e prejudicam a vista por acostum-la a maus hbitos. Essas pessoas precisam aprender a relaxar e a usar a si mesmas com menos esforo e com mais engenho. Elas precisam reaprender a usar os olhos apropriadamente. Podero ento avanar at o fim de suas vidas com a vista normal e com maior vigor e resistncia.

    A base do sistema

    1. Aceitar o fato de que seus olhos, como qualquer outra parte do seu corpo, so dotados de poder para completa recuperao sob conveniente direo. No so algo parte ou separado do resto de seu corpo.

    2. Reconhecer que a "vista cansada" a causa da perturbao visual e no o resultado. vista cansada no formao viciosa, no herana, mas simplesmente "vista cansada".

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    3. Compreender que relaxar a vista pode alivi-la de pesados esforos. Este o primeiro passo no caminho da recuperao da viso normal.

    4. Ter disciplina. Uma vez compreendidos os princpios anteriores, ter determinao ao aprender como usar corretamente os olhos. Reeducar-se atravs de exerccios que anulem os maus hbitos, restituindo aos msculos da vista coordenao e vigor.

    A necessidade de relaxao um tema muito explorado. Um grande nmero de livros tem sido escrito sobre este assunto. Existem provavelmente, tantos meios de se obter a relaxao como existem tipos humanos - divertimentos, dana, amor, leitura, msica, pintura, respirao profunda, exerccio fsico, trabalhos manuais, jardinagem, meditao transcendental, religio - e mais um sem nmero de maneiras para se relaxar. O recurso em si no tem importncia, o que tem valor que seja praticado habitualmente, que no seja ocasional mas habitual.

    Uma das melhores tcnicas de relaxamento o exerccio fornecido neste sistema, Captulo 2, pg.36, que chamamos de "o grande volteio".

    O grande vilo (o cansao visual)

    Quando a causa de um erro conhecida, fica mais fcil sua correo. No sistema antigo de Helmholtz, a causa atribuda conformao

    defeituosa do globo ocular. No mtodo de Bates, a causa atribuda ao cansao visual que afeta os

    msculos que movimentam os olhos. O cansao visual pode se manifestar de vrias maneiras e pode ser

    classificado em dois tipos bsicos: o agudo e o crnico. Agudo quando os olhos so usados, por exemplo, durante algum estado forte

    de intoxicao, (sarampo, angina, difteria, tonsilite, gripe, resfriado, pneumonia, qualquer molstia real). Quem "l para se distrair" e est na cama resfriado, abusa to impiedosamente dos olhos como faria se sasse para suas atividades costumeiras ardendo em febre. Pode ser que consiga escapar de estragar sua vista uma ou duas vezes, mas sempre um procedimento perigoso.

    A vista tambm pode ser acometida de cansao agudo, devido a um golpe de ar sobre a sua superfcie, calor excessivo, a exposio claridade em demasia, invaso de corpos estranhos, ou alguma droga custica que entre em contato com os olhos. O cansao agudo tambm pode ser causado por fadiga aps leitura demorada, durante um dia ou uma noite sem parar para descanso.

    Todas essas condies afetam as funes visuais, mas se os princpios da vista normal forem aplicados na ocasio do estado agudo, os olhos readquiriro completa normalidade.

    Crnico j o cansao mais insidioso e difcil de ser percebido. A maneira como os vrios graus de cansao crnico podem afetar os olhos vai ao infinito.

    As crianas na escola, muitas vezes cansam a vista com medo de um professor severo (real ou imaginariamente), ou por aplicarem-se demasiadamente a um curso difcil.

    Iluminao imprpria, escura ou clara em excesso, ou posio incorreta durante a leitura. So erros muito comuns entre os jovens e muito mais comuns nos adultos.

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    O tamanho das letras; quando muito midas, dificultam uma leitura fcil e normal.

    Quando o livro colocado mais perto ou debaixo dos olhos, como sucede tantas vezes, produz-se inevitavelmente o cansao.

    Os olhos esto intimamente ligados a outros pontos do crebro e qualquer irritao como dor de cabea, sinusite ou dentes cariados, produz o cansao da vista.

    A vida em atmosfera ou ambiente desagradvel produzir constante cansao da vista.

    Auto-intoxicao devido eliminao imperfeita (priso de ventre), um temperamento naturalmente excitvel.

    Fadiga crnica que faa com que os olhos sejam usados de maneira antinatural (postura adotada freqentemente por pessoas que pensam denotar com isso sua personalidade). Qualquer causa de hipertenso geral redundar em cansao da vista e em uso vicioso dos olhos.

    Uma combinao de duas ou mais causas encontrada freqentemente no diagnstico de distrbio visual. O olho , contudo, to maravilhosamente construdo que suportar adiantado grau de cansao durante anos, sem que a viso fique defeituosa. Quando o mal alcana um determinado ponto, invariavelmente o olho sucumbe ao esforo e a viso fica prejudicada.

    Quando o uso dos olhos normal, no necessrio se esforar para ver e o ato inteiramente automtico. Mas, logo que se faz qualquer esforo para ver, comea a operar- se o cansao. Lembre-se que os objetos (em qualquer lugar), as palavras numa pgina, ou uma paisagem, deveriam "apresentar-se" sem esforo a um olhar relaxado, no sendo de competncia do olhar busc-los.

    O cansao visual manifesta-se como fadiga nos olhos, dores de cabea, comicho nos olhos, inflamao das plpebras e, naturalmente, anuviamento e reduo da viso. Os trs segredos da boa viso

    Olhos normais e saudveis devem ser capazes de: piscar, ter a viso focada e possuir boa mobilidade.

    Piscar

    Este o primeiro segredo de uma boa viso. O ato de piscar natural (piscadela), um abrir e fechar ligeiro e fcil dos olhos que feito intermitentemente por todos os olhos normais. A mdia de piscadelas varia de individuo para indivduo e varia tambm de acordo com o uso que se d vista. Pisca-se mais, por exemplo, quando se fita alguma coisa brilhante do que quando se olha para algo de cor suave.

    Com freqncia, a diferena entre os olhos normais e os anormais que os normais tm maior tendncia a piscar sob uma dada situao. Se os olhos so perfeitamente normais, ho de piscar; a supresso do ato de piscar denuncia a tendncia a tomarem-se anormais.

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    A ao das plpebras no piscar proporcionada por outro msculo importante (o levantador da plpebra superior). essencial a ao deste msculo para os olhos e viso normais. Quando algum pisca, produzida uma pequena gotcula, a lgrima, que desce e envolve o globo ocular mantendo-o mido. Esse lquido, que mantm os olhos lubrificados, produzido por uma pequena glndula chamada glndula lacrimal, localizada sob a parte exterior da plpebra de cima.

    efetivada assim uma lavagem constante que tem muitas funes: Mantm os olhos higienizados pois, esse lquido um anti-sptico

    poderoso. Reflete a luz dando brilho aos olhos. Protege a crnea, a pequena poro translcida da frente do olho que

    no dotada de vasos sanguneos e necessita desse lquido Para manter-se mida. Evita assim, o surgimento de pequenas lceras na crnea.

    Evita que partculas de matria estranha cadas no olho, adiram e sejam acomodadas. O fluido lacrimal mantm-nas flutuando at a sua eliminao.

    Aquecem os olhos nos dias frios com o piscar constante. Os olhos podem sofrer muito com o frio.

    Com o ar seco ou sob vento forte, o lquido se perde com rapidez. O piscar freqente, quase continuamente, conforta e defende os olhos.

    No curto intervalo de duas piscadelas, os msculos da pupila tm a possibilidade momentnea de relaxar sua tenso.

    O piscar tambm permite ao olho mover-se levemente e, assim, possibilita aos msculos retos e oblquos uma cota de movimento essencial sua sade. O movimento necessrio sade de todo msculo.

    O movimento produzido pela piscadela estimula a circulao de fluido linftico em torno do olho.

    O piscar natural, sem esforo, no uma interrupo viso contnua. A Sensao de viso continua uma iluso produzida pelo olhar normal, autntica sem dvida mas, ainda assim, uma iluso. Quando uma imagem captada pela retina, uma outra produzida dentro da vista, com uma frao de segundo de atraso. A imagem permanece na retina por algum tempo alm do que a imagem de origem fica diante dos olhos. como a imagem de um objeto no espelho, a imagem permanece por um tempo (frao de segundo) aps o objeto ser retirado.

    Portanto, no necessrio que o olho esteja vendo ativamente o tempo todo para produzir a iluso de ver constantemente. Na verdade, nada no corpo trabalha mais do que a metade de uma frao de tempo. Assim, 50% (ou um pouco mais) do tempo consumido por cada rgo no reparo e substituio de seus prprios tecidos e na excreo de seus produtos metabolizados.

    A velocidade das impresses visuais entre trinta e quarenta imagens por segundo em mdia, por pessoa. Logo, pode-se verificar facilmente que o piscar no atrapalha a viso. possvel piscar to freqentemente que o olho se mantm fechado a metade do tempo e ainda assim h de ver tanto como se estivesse aberto o tempo todo.

    Na verdade, o ato contnuo de piscar aumenta o espao real de tempo em que pode-se ver ativamente, j que o deixar de piscar redunda em cansao da vista e

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    pode reduzir o nmero de imagens de trinta ou quarenta para vinte ou menos imagens por segundo. No h um s fato a indicar que o piscar interfira no olhar. E um movimento bonito, natural e construtivo e mantm em boas condies o olho e a viso. No confunda com o "tique" contnuo (pisca-pisca) que um espasmo das plpebras e uma contrao forada, involuntria, e geralmente envolve os msculos em torno do olho e os das plpebras e freqentemente est associado a alguma doena nervosa. A piscadela ou pestanejar um movimento ligeiro, fcil, delicado, quase imperceptvel das plpebras.

    Para vencer o hbito de olhar fixamente demais para os objetos, pisque conscientemente e repetidas vezes at readquirir o hbito de piscar inconsciente-mente. Viso focada

    O segundo segredo de uma viso normal manter os olhos e a inteno to bem coordenados que se tenha centrada a ateno apenas sobre uma pequena rea por vez num mesmo momento. Ao se olhar para um objeto deve-se localiz-lo com ateno, circunscrevendo-o a uma pequena rea, sem dispers-lo.

    Isso quer dizer que ao olhar para uma pgina impressa, voc no conseguir ver claramente toda essa pgina. Se, no entanto, focar sua ateno no canto superior direito, voc o ver com a mxima clareza, mas o restante da pgina, embora dentro do seu campo de viso, estar menos claro. Para ver claramente a ltima palavra de uma pgina, voc ter que desviar os olhos, de forma a posicion-los diretamente na tal palavra.

    O mesmo acontece quando se quer ler palavras prximas uma das outras. Para ver com clareza a primeira palavra de uma linha, voc dever olhar diretamente para ela e para ver a ltima palavra da mesma linha ser necessrio desviar a vista. A mesma coisa acontecer se voc quiser ver claramente a segunda palavra dessa linha; poder v-la bastante bem para ler, mas no a enxergar perfeitamente clara se estiver olhando para a primeira. Se voc insistir em ver desta maneira, a conseqncia ser o cansao. E o fato se verifica mesmo com os mnimos espaos.

    H uma razo para isso. A nica parte do olho que v perfeitamente claro, o centro da retina que no maior do que a cabea de um alfinete comum. Esse ponto de viso perfeita est colocado no olho como um pingo deitado exatamente no fundo de uma tigela cujas bordas decaem suavemente para o centro - como uma arena. S esse pontinho mnimo tem viso clara e forte. Imediatamente fora deste ponto, a viso sofre tremenda reduo em sua clareza. H, ao invs, uma viso confusa, colateral. E esta impreciso aumentara a proporo que se continuar a fugir do centro, at que, atingindo-se a borda externa, haver apenas a percepo confusa de forma, cor e movimento. No se ter mais viso direta, e sim um borro colateral.

    J que s esse minsculo ponto, chamado Mcula Ltea, tem viso perfeitamente ntida, apenas uma pequena rea poder ser vista claramente em dado momento. Mas o movimento de desvio to rpido que temos a iluso de ver uma vasta rea. As imagens caindo na Mcula Ltea, so transportadas rapidamente para os centros visuais do crebro, umas se sucedendo s outras com tal rapidez que se somam trinta ou quarenta e, s vezes, mais imagens por

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    segundo, formando um quadro completo dentro do crebro. Essa possibilidade de acumular no crebro sucessivas imagens e produzir

    assim a iluso de ver claramente um objeto inteiro ou uma rea considervel um fato fantstico e impressionante, mas tambm a causa de um grande erro. Acreditando que os prprios olhos podem ver claramente uma grande rea, passa-se assim, sem sentir, para um uso errado e vicioso de se empregar a vista sem a focar.

    Quando falamos "grande rea", queremos dizer, tentar ver duas ou mais palavras ao mesmo tempo. O olhar normal e sadio v habitualmente s uma pequena rea em dado tempo, com a inteno e os olhos coordenando-se perfeitamente sobre cada palavra ou ponto de observao, sem esforo ou impulso para ver mais, tal como se faz quando se est escrevendo.

    Na prtica de ver uma vasta rea ao mesmo tempo consome-se mais tempo e esforo do que o necessrio, perde-se a capacidade de focar perfeitamente e resta uma viso imprecisa da rea colateral. Neste ponto, torna-se ento necessrio exercitar a vista para focar apenas uma pequena rea e, assim, conseguir-se de novo a viso focada, sem a qual nenhum olhar pode ser claro e normal.

    Pode-se ler indefinidamente sem cansar ou prejudicar os olhos, se eles se mantiverem relaxados e a viso bem focalizada. Mas, se o poder visual de campo colateral da viso for usado, a vista estar se cansando e isso resultar em fadiga e perda de eficincia.

    O fato de os olhos s verem claramente uma rea muito pequena num dado momento, no pode ser desprezado. Na observncia desse fato reside a coordenao da inteno com as limitaes estruturais do olho, sem o que, no pode haver viso normal.

    Se voc, ao entender este fato da viso focada, no tentar enxergar uma grande rea, perceber que esse hbito valioso aumentar a eficincia dos seus olhos. Mobilidade

    O terceiro segredo benfico para se ter uma viso normal a mobilidade. Parece antagnico ao segundo segredo, que focalizar o olhar, mas na realidade no o . O olhar deve ser dirigido para um determinado ponto, mas deve, tambm, mudar constantemente o seu ponto focal.

    Se no mover, a vista ficar fixa e isso a pior e a mais comum das maneiras de fatig-la.

    A mobilidade dos olhos uma funo e, via de regra, se faz inconscientemente. A freqncia com que os olhos se movem varia de acordo com o tipo de uso solicitado; compare o ato de ler um livro ao de assistir um jogo de tnis. O livro estacionrio e os olhos no tendem a mover-se, a no ser de palavra em palavra, ao passo que a bola e os tenistas esto em constante movimento, obrigando os olhos a se moverem continuamente para os acompanhar.

    Mas, em qualquer caso, a mobilidade dos olhos deve ser a mais freqente possvel. O tempo requerido para que uma imagem seja gravada na retina - cerca de 1/150 de um segundo - permite uma grande freqncia de mobilidade, sem perda ou interrupo da viso.

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    A mobilidade faz-se voluntria e involuntariamente. A mobilidade voluntria o movimento dos olhos de um ponto a outro executado por fora da vontade. A involuntria contnua, automtica e muito delicada. Tal movimento no visvel e julga-se que corresponde em freqncia ao nmero de imagens produzidas pela retina.

    Quando a mobilidade voluntria fcil, freqentemente a involuntria normal, mas se um certo cansao for produzido pela mobilidade voluntria, a involuntria tornar-se- anormal tambm e aumentar o j existente cansao da vista.

    Em cada msculo h sempre um leve tremor, por isso a tmpera muscular no um fator constante mas uma sucesso de contraes produzindo a tenso muscular relativamente firme. Uma vez que os olhos so mantidos em posio pelos msculos e o foco obtido por meio desses msculos, os olhos esto naturalmente sujeitos a todas as condies que as funes musculares lhes impem.

    Portanto, os msculos visuais tm esse leve tremor que inerente ao funcionamento normal de todo msculo.

    Voc pode tornar-se cnscio desse movimento olhando para as estrelas, que parecem tremeluzir, o que verdadeiramente no se d, pois o fenmeno de radiao da luz de natureza constante. A iluso da cintilao , na realidade, a percepo dos raios visuais provocados por esse passeio do olho de um ponto a outro; em outras palavras, as pulsaes do tremor.

    Quando os olhos esto relaxados, a mobilidade voluntria freqente e o movimento curto. O olhar mais tenso pode executar um movimento mais amplo, mas produz cansao muscular. H necessidade de relaxamento muscular para que o olho tenha a mobilidade adequada e possa visualizar pequenas reas. Isto se aplica a todos os msculos do corpo - quanto mais sutil o movimento, mais bem adestrado e mais relaxado deve ser o msculo.

    A mobilidade normal absolutamente essencial vista normal. A perda da viso, com freqncia, diretamente proporcional perda de movimento.

    A luz

    Quando h quantidade suficiente de luz, os olhos normais podem ver sem esforo. Sem luz, so incapazes de ver e deveriam ficar em repouso.

    Quando a luz pouca, a pupila dilata a fim de permitir a entrada de mais luz, como a abertura do diafragma de uma mquina fotogrfica ou filmadora; quando a luz muito viva, a pupila se contrai para barrar o excesso de luz. O olho capaz de adaptar-se aos mais variados tipos de luz.

    A atividade da ris, mudando e mantendo o tamanho da pupila e o estmulo dos elementos visveis na retina, depende da luz. Dessa forma, importante que sejam favorveis os arranjos de iluminao.

    A luz solar benfica aos olhos, repousa e estimula os msculos ao mesmo tempo. Aqueles que vivem em ambientes fechados e no expem os olhos luz do sol, verificam que sua vista se torna gradualmente mais fraca. Os homens e animais que trabalham em minas, com luz artificial, tem a viso pauprrima se comparada aos que vivem luz do dia.

    necessrio, porm, saber como usar a luz solar. O abuso do sol pode

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    produzir srios danos aos olhos. Talvez os olhos estranhem ao enfrentarem pela primeira vez a luz forte do

    sol, saindo, por exemplo, da penumbra de um teatro ou cinema, para a claridade ofuscante da rua numa tarde ensolarada. Isto no significa, olhos fracos. Sente-se certo incmodo ou uma sensao de esforo porque a diminuio da pupila, o fechamento da abertura em sua tentativa de proteger o olho contra o sbito brilho, requer tempo considervel. Freqentemente so necessrios dois ou trs minutos para a mudana de uma luz forte para uma iluminao escassa, ou vice-versa. A brusca contrao do msculo da ris penosa. Mas, chegando luz demasiado forte, se mantiver os olhos baixos por dois ou trs minutos, enquanto se altera o tamanho da pupila, as plpebras e as pestanas protegero os olhos da luz excessiva, at completar-se a adaptao e, assim, pode-se sair da relativa obscuridade para a luz fulgurante sem o mnimo desconforto.

    Por outro lado, o alargamento da ris, relaxamento do msculo, no em absoluto penoso. Mesmo mergulhando subitamente na escurido, no h o menor desconforto. Por exemplo, quando se entra num salo de espetculos s escuras, princpio no se v porque o tamanho da pupila demasiado pequeno para to pouca luz e requer um certo tempo at que a pupila tome dimenses suficientes para permitir que maior quantidade de luz entre no olho. Mas no h desconforto. E, feito isso, estar-se- apto a ver com bastante clareza.

    Os olhos podem ter aumentada a sua tolerncia luz por controladas e freqentes exposies claridade. Na parte de exerccios, Captulo 2, pg.33, aprenda, de maneira segura, o que chamamos de "olhar solar".

    Captulo 2

    EXERCCIOS

    Neste captulo explicaremos todos os exerccios que compem o Mtodo Bates para recuperar e manter uma viso perfeita. Sero descritos o mais claramente possvel, independente da ordem em que devam ser realizados. No Captulo 3, TRATAMENTOS ser fornecida a ordem de execuo.

    Jamais devemos esquecer os trs segredos da boa viso: 1. Piscar freqentemente. 2. Focalizao central (dirigir a ateno dos olhos a um ponto especfico

    por vez). 3. Mover os olhos com freqncia. Estes procedimentos independem de hora ou local para serem executados.

    Devem ser introjetados de tal forma em nossa mente, que a sua execuo deve ocorrer de forma expontnea, sem esforo, livre e confortavelmente em cada segundo de nossa vida.

    Esclarecemos novamente que o presente mtodo aplica-se a todos os

    distrbios visuais para os quais prescrito o uso de culos e no nossa inteno aplic-lo nos distrbios provocados por degenerescncia. No entanto, mesmo estes podero usufruir de algum benefcio com os procedimentos descritos.

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    Aprendendo a ler

    A maior incidncia de cansao visual proporcionada pelos maus hbitos e vcios desenvolvidos na leitura. Achamos til iniciar este captulo com este tema.

    Para cada atividade do corpo h uma maneira normal de funcionamento, sendo todas as outras anormais. O mesmo se d com a funo de ler.

    Pensava-se que o tipo de letra pequena e mal impressa dos jornais, revistas e livros que era ruim para os olhos. Atualmente isso j no problema, temos melhor trabalho tipogrfico, em tipos de maior corpo, tinta mais preta, papel mais alvo, podendo-se ler com luz mais clara e, no entanto, o nmero de indivduos que padecem quando lem ou que devem limitar sua leitura por causa da fadiga dos olhos, cresce dia a dia.

    O que temos, na realidade, um enfoque errado do problema: ataca-se os efeitos do distrbio e no as causas. A resposta :

    "no precisamos de coisas melhores para ver, mas sim de uma melhor

    maneira de ver as coisas". Os erros ou maus hbitos mais comuns na leitura so: Segurar o livro muito longe ou muito perto dos olhos. Ficar com o corpo

    em posio incmoda ou forada; por exemplo, a cabea excessivamente inclinada para a frente ou os ombros e braos por demais tensos. Esse um hbito muito comum quando se quer combater o sono ocasionado pela leitura.

    Ler com pouca luz ou luz em excesso. Ler com luz trmula ou refletindo-se fortemente sobre objetos no focalizados mas dentro do campo de viso.

    Ler enquanto doente ou muito cansado. Ler com tenso nervosa provocada pela pressa, preocupao ou

    contrariedade. Ter sob a vista material mal impresso ou borrado. Procurar ler com os

    olhos semicerrados para poder ver melhor. Ler em papel cuja cor esteja em desarmonia com a tinta usada na

    impresso. Ler em papel fortemente lustroso. Tal papel provoca cansao da vista se

    no for convenientemente iluminado; a luz direta sobre ele causa um brilho excessivo que cansa os olhos.

    Ler quando no possvel manter o impresso razoavelmente estacionado, como num trem ou automvel.

    Para que voc comece logo a usar sua vista de um modo normal, apreciando e compreendendo o que se segue mais plenamente, leia este livro da seguinte forma: 1. Sente-se em posio vertical e relaxada. A posio do corpo deve ser to

    fcil que nenhum rgo ou tecido deve sofrer presso ou tenso indevida. 2. A cabea tambm deve ficar mais ou menos a prumo. Pode-se inclin-la

    levemente mas no ao ponto de tomb-la para a frente. Quando a cabea se inclina pesadamente para a frente, todos os tecidos do pescoo e dos ombros

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    sofrem um puxo anormal, a circulao da cabea processa-se irregularmente e produz-se o cansao da vista devido s interferncias nos centros nervosos que controlam as funes visuais.

    3. O livro deve ser mantido a uma distncia de 35 a 40 centmetros dos olhos e prximo ao peito, de modo que os braos possam apoiar-se de encontro ao corpo; a plpebra deve encobrir a maior parte do globo ocular, repelindo a luminosidade desnecessria e outras impresses visuais que s serviriam para distrair a ateno; o msculo da plpebra manter-se- relaxado. Com as plpebras apenas ligeiramente abertas, o piscar executado uma ou duas vezes para cada linha realiza-se em um mnimo de tempo, graas distncia extremamente curta que as plpebras devem percorrer. Isso no interrompe, de modo algum, a seqncia de impulsos que chegam ao crebro atravs do nervo ptico.

    4. A luz deve ser adequada, mas no demasiado forte. A iluminao geral do cmodo ser boa se houver uma luz direta, ligeiramente mais forte, incidindo sobre o livro. A luz deve ser colocada de lado e por trs, de forma que o reflexo, mesmo sobre as pginas do livro, no atinja os olhos. Luz refletida, globos luminosos expostos ou objetos brilhantes no devem ficar no campo visual, pois a fadiga da retina produz-se com qualquer luminosidade forte partindo de qualquer parte que no seja o ponto focalizado pela vista.

    5. Leia de maneira que cada palavra siga a anterior, tal qual como se escreve. No avance. Se numa s olhada se abranger uma sentena ou uma linha inteira, voando-se sobre a pgina, o resultado ser o cansao dos olhos. O aconselhvel ir guardando na memria o que foi lido e acrescentando cada palavra nova. Assim procedendo, mantm-se os olhos em cmodo e contnuo movimento, com o que se evitar todo esforo e cansao. Quem l, em mdia, um livro em uma hora ou duas, est abusando dos olhos e condenando-se a ter distrbios oculares mais cedo ou mais tarde. Deve-se ler palavra por palavra. Se no estiver interessado num pargrafo ou numa determinada parte do capitulo, pule esta parte inteira-mente, o hbito de "devorar um livro" sempre causar perturbaes porque a vista ser usada sem focalizao completa. Se esta prtica for contnua, acaba-se por perder a capacidade de produzir focalizao completa e o resultado ser uma viso turva ou borrada.

    Todas as funes do corpo so realizadas por meio dos impulsos nervosos.

    Quando feitas fcil e normalmente, a soma de energia despendida pequena. Quando o sistema nervoso fica debilitado, ou por doena ou pela falta de sono, a melhor poltica deixar ao mesmo tempo de ler, ou ler o mnimo possvel. Embora a leitura ainda seja um repouso, comparada maioria das atividades, nem por isso substitui o sono ou o descanso absoluto. Exerccio n 01 Relaxamento simples na cama:

    Uma vez que esteja com todo o corpo bem acomodado, de olhos fechados, tome conscincia da face e dos olhos, comande um relaxamento nessas regies e

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    depois na lngua. Repita o processo at sentir que os msculos esto livres e macios. Vire a cabea vagarosamente de um lado para o outro.

    Antes de ir para a cama e durante a noite, se voc no conseguir dormir, pratique o "Grande Volteio" (Ex. 07), at que lhe cheguem os bocejos e voc se sinta completamente relaxado. Faa assim tantas vezes quantas conseguir e por tanto tempo quanto no o incomode. Exerccio N 02 Focalizao:

    As pessoas inclinadas a olhar uma rea demasiado grande - e os olhos muito anormais assim procedem - beneficiariam a viso e proporcionariam conforto aos olhos se praticassem criteriosamente o seguinte exerccio: sem os culos, olhe uma palavra, depois olhe outra palavra trs palavras distante da primeira, ento volte atrs e repita o exerccio. Faa isso at que as duas palavras se tornem claras. Relaxe os msculos durante essa prtica.

    Um exerccio que consiga focalizar definitivamente cada palavra e, propositadamente, mover a vista at a prxima. Poucos minutos desta prtica por dia, transforma-la- num hbito inconsciente.

    Exerccio N 03 Leitura de cima para baixo:

    Como um exerccio de carter prtico, a leitura de cima para baixo desenvolve o hbito de mover os olhos e dar-lhes fixao central. Segure o livro de cabea para baixo a trinta e cinco centmetros de distncia. Comeando do canto direito inferior, leia da direita para a esquerda, leia cada palavra individualmente e, as palavras extensas que no possam ser lidas de um relance, leia-as slaba por silaba. Cada palavra deve ser lida com os olhos e no adivinhada pelo sentido. Dessa forma, cada palavra ser vista separadamente e a mobilidade ser contnua. Tal exerccio poderia ser feito durante semanas ou meses at a leitura de baixo para cima ser feita to facilmente como a leitura pelo processo comum. Quando voc puder faz-lo com tanta facilidade que se torne confortvel ler curtas histrias dessa maneira, poder deduzir que seus olhos esto funcionando perfeitamente.

    Se apenas um dos olhos estiver afetado, tape a vista boa com uma venda e exercite a vista afetada.

    Exerccio N 04 Para tirar o culos

    Se voc retirar os culos, poder ver somente um borro. Inconscientemente voc se esforar por ver. Adicione a isso, talvez, o pnico

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    subconsciente de que, sem os culos, enxerga muito pouco. Mas, em vez disso, esforce-se por ficar despreocupado depois de abandonar os culos, relaxando conscientemente o corpo, msculo por msculo - deixe-o vontade e mole como uma pea de seda macia. Em seguida, conscientemente, relaxe tambm a mente, deixe os pensamentos vagarem sem rumo certo.

    Relaxe o rosto afrouxando a lngua e todos os msculos ao redor da boca, permitindo que os cantos da boca subam e no desam. Feche os olhos - livre-os de prestar ateno a tudo quanto os rodeia e da tenso da menina dos olhos. Faa de conta que o globo ocular est livre e solto, d um sorriso e deixe-o espalhar-se por seus olhos fechados, pensando que no h absolutamente luz em seus olhos, que tudo de um negror de veludo.

    Ento, abra os olhos e olhe de novo. No se esforce por ver, deixe a paisagem, a palavra ou o objeto vir descansar em seus olhos, no saia em sua perseguio. Se voc j alcanou um belo grau de relax, ao, sua viso tambm j ter progredido um pouco. E sempre o esforo para ver que o impede de ver. Exerccio N 05 Olhar solar

    Um dos mais eficientes e simples processos de aumentar a capacidade de tolerncia expor os olhos aos raios do sol da seguinte maneira:

    1) Feche os olhos ligeiramente enquanto o rosto estiver virado diretamente para o sol.

    2) Mantendo os olhos cerrados, vire a cabea lentamente de um lado para o outro. Proceda assim durante quatro ou cinco minutos.

    3) Ento, quando os olhos estiverem bem relaxados com o calor do sol e o movimento da cabea, poder abri-los, mas apenas momentaneamente e quando a cabea estiver voltada para o lado. Os olhos no devem fitar diretamente o sol, mas podem fixar-se em suas proximidades. No faa esforo para enxergar e abra os olhos somente em curtos lapsos. Com a continuao deste exerccio e habituando-se vista mais forte, os olhos podem ser dirigidos mais e mais para o sol.

    Fazendo isto regularmente em dias seguidos e em tempo cada vez maior, os olhos ho de se tornar mais fortes e qualquer vista experimentar melhoras.

    Os olhos so admiravelmente equipados para se protegerem e funcionam sob condies luminosas as mais variadas. Quando se usa o mecanismo natural de proteo que acabamos de resumir, a luz causa prazer aos olhos e no incmodo.

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    Exerccio N 06 Empalmao

    Ponha-se em posio confortvel com algum anteparo onde possa apoiar os cotovelos.

    Cubra os olhos com a palma das mos. Essas devem ficar em concha e no tocar na vista, assentando-se as palmas nas mas do rosto e os dedos de uma das mos cruzando sobre os dedos da outra, interceptando completamente a luz e sem exercer a mnima presso contra os olhos (veja a ilustrao para a posio das mos sobre os olhos). Os olhos mantm-se suavemente fechados. Quando estiverem inteiramente relaxados, o fundo da vista ficar preto. O tempo requerido para isto se realizar varia de dois a dez minutos e, em alguns casos,

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    so necessrias algumas semanas de prtica antes de se atingir uma boa percepo do negror absoluto.

    No deve ser feita qualquer tentativa de ver o negror. No d ateno vista mas ocupe sua mente com pensamentos agradveis, tranqilos e a vista se encarregar de si mesma. O negror aparecer automaticamente quando o olhar e mente se relaxarem.

    A empalmao benfica em qualquer caso de cansao de vista como um meio de repousar os olhos o mximo possvel no menor lapso de tempo. Uma pessoa com catarata deveria pratic-la alguns minutos de hora em hora.

    Exerccio N 07 Grande volteio

    Ponha-se de p com os ps afastados cerca de quinze centmetros. Vire o corpo para a direita, levantando ao mesmo tempo o calcanhar do p esquerdo. Deve-se deixar cabea, aos olhos e aos braos a liberdade de acompanhar como quiserem o movimento do corpo. Agora, coloque de novo o calcanhar esquerdo no cho, volte o corpo para a esquerda, erguendo o calcanhar direito. Alternando esse movimento dos ps, o corpo e a cabea executar