2 ação política na internet brasileira

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Ação política na internet brasileira Cláudio Luis de Camargo Penteado; Marcelo Burgos Pimentel dos Santos; Rafael Aguiar de Paula Araújo; Sidney Jar da Silva Perspectivas em Ciência da Informação, v.16, n.1, p.111-132, jan./mar. 2011 111 Ação política na internet brasileira Cláudio Luis de Camargo Penteado Doutor em Ciência Política, Professor do Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do ABC (UFABC) Marcelo Burgos Pimentel dos Santos Doutorando em Ciência Políticas na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) Rafael Aguiar de Paula Araújo Doutor em Ciência Política, Professor Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e da Escola de Sociologia e Política Sidney Jard da Silva Doutor em Ciência Política, Professor do Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do ABC (UFABC) O artigo analisa a produção acadêmica sobre as diversas formas de ação política na Internet brasileira. A partir da conceituação de ação política e sua adaptação para a web, o texto mostra as diferentes formas de participação política criadas e desenvolvidas no novo ambiente informacional, destacando a Internet como uma arena pública e um mecanismo para mobilização civil. Palavras-chave: Tipologia; Ação política; Internet; NTICs; Brasil. Political Action in Brazilian Internet This article analyzes the academic literature on different forms of political action in Brazilian Internet. Analyzing the conceptualization of political action and its adaptation to the www, this work shows different ways of political participation developed by this new informational

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artigo que discute a ação política na internet

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  • Ao poltica na internet brasileira Cludio Luis de Camargo Penteado; Marcelo Burgos Pimentel dos Santos; Rafael Aguiar de

    Paula Arajo; Sidney Jar da Silva

    Perspectivas em Cincia da Informao, v.16, n.1, p.111-132, jan./mar. 2011 111

    Ao poltica na internet brasileira

    Cludio Luis de Camargo Penteado

    Doutor em Cincia Poltica, Professor do Centro de Engenharia, Modelagem e Cincias Sociais Aplicadas da Universidade Federal do ABC (UFABC)

    Marcelo Burgos Pimentel dos Santos

    Doutorando em Cincia Polticas na Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo (PUC/SP)

    Rafael Aguiar de Paula Arajo

    Doutor em Cincia Poltica, Professor Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo (PUC/SP) e da Escola de Sociologia e Poltica

    Sidney Jard da Silva

    Doutor em Cincia Poltica, Professor do Centro de Engenharia, Modelagem e Cincias Sociais Aplicadas da Universidade Federal do ABC (UFABC)

    O artigo analisa a produo acadmica sobre as diversas formas de ao poltica na Internet brasileira. A partir da conceituao de ao poltica e sua adaptao para a web, o texto mostra as diferentes formas de participao poltica criadas e desenvolvidas no novo ambiente informacional, destacando a Internet como uma arena pblica e um mecanismo para mobilizao civil.

    Palavras-chave: Tipologia; Ao poltica; Internet; NTICs; Brasil.

    Political Action in Brazilian Internet

    This article analyzes the academic literature on different forms of political action in Brazilian Internet. Analyzing the conceptualization of political action and its adaptation to the www, this work shows different ways of political participation developed by this new informational

  • Ao poltica na internet brasileira Cludio Luis de Camargo Penteado; Marcelo Burgos Pimentel dos Santos; Rafael Aguiar de

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    environment. It also highlights the Internet as a public arena and a mechanism for civil mobilization.

    Keywords: Typology; Political action; Internet; NTICs; Brazil.

    Recebido em 08.09.2010 Aceito em 10.01.2011

    1 Introduo

    O desenvolvimento das Novas Tecnologias de Informao e Comunicao (NTICs) incorporou diversas mudanas nos processos sociais, inserindo novas modalidades e prticas humanas que, atreladas s ferramentas de comunicao, produzem novas relaes sociais. No campo poltico, concomitante com as prticas tradicionais, outras prticas e configuraes esto surgindo, que amparadas nas NTICs, inserem novas formas de ao poltica.

    Nessa nova conjuntura social, a Internet e seus dispositivos ganharam importante destaque, formatando novos mecanismos de interao via rede mundial de computadores, a world wide web (WWW). As caractersticas dessa rede impem novas dinmicas e possibilidades, com destaques para: a) velocidade na transmisso das informaes; b) interatividade; e c) arquitetura de rede. Assim, a Internet, com suas caractersticas, introduz uma lgica comunicativa inovadora, produzindo novas modalidades de prticas polticas, assim como integra novos atores polticos em sua dinmica.

    Cabe ainda ressaltar duas importantes peculiaridades da Internet: a possibilidade de interatividade entre o emissor das mensagens e sua audincia e, ainda, a capacidade dos usurios da rede produzirem contedo. Essas caractersticas permitem que pessoas comuns possam entrar em contato direto com os representantes polticos (principalmente por e-mail), comentar as notcias publicadas (opo disponvel nas verses on-line dos principais jornais e revistas), participar de chats com jornalistas e especialistas, participar de grupos de discusso e criar suas prprias pginas pessoais, para divulgar suas ideias ou posies, como o caso dos blogs.

    As transformaes, introduzidas pela Internet no jogo poltico, trouxeram duas posies principais. De um lado os (ciber) otimistas que, empolgados pelas possibilidades da rede, acreditam que possvel democratizar o acesso informao e promover uma maior participao popular, inclusive, na vida poltica. Por outro lado, os (ciber) pessimistas defendem que a Internet somente cria novas formas de dominao e controle, que ao invs de promover a maior participao popular, ajuda a aumentar o fosso de excluso social e poltica.

    Contudo, como qualquer ferramenta, a Internet e seus dispositivos dependem do uso que as pessoas fazem deles. O potencial poltico e informacional fica limitado: (1) pelo nmero ainda reduzido de pessoas

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    com acesso rede e pela capacidade cognitiva dos usurios; (2) pela falta de cultura poltica participativa; e (3) pela lgica do espetculo que domina os processos comunicacionais atuais, que no favorece a expanso ou qualidade do debate poltico, muito menos na prxis poltica.

    Este artigo tem o objetivo de identificar as formas de ao poltica na Internet no Brasil, propondo uma tipologia dessas aes, ferramenta importante para o desenvolvimento de futuros estudos, assim como traz exemplos prticos para ilustrar as transformaes que o uso da Internet traz tambm para a poltica contempornea.

    2 Tipos de ao poltica na Internet

    Ao falar em ao poltica na Internet, busca-se entender as diferentes formas de exerccio da poltica, no ficando limitada noo da esfera estatal e institucional, mas, ampliando a concepo das diversas relaes de poder criados e desenvolvidos na web1.

    Um dos primeiros autores a sistematizar a importncia da Internet e o consequente poder que ela tem foi Pierre Levy (1999). Com uma viso otimista sobre a expanso das NTICs, o autor sinaliza que o desenvolvimento tecnolgico possibilitou a formao do que ele vai chamar de cibercultura a partir de aes de jovens conectados rede mundial de computadores, produzindo novas formas de experincias coletivas e um saber virtual coletivo (LEVY, 1999).

    Ao pensar sobre as relaes de poder no ciberespao, aqui entendido como um campo de comunicao interativa e comunitria, o autor indica que a cibercultura resultado de um movimento social que promove a conjugao eficaz das inteligncias e das imaginaes humanas (LEVY, 1999, p. 199). O ciberespao insere uma nova lgica comunicativa alternativa s mdias de massa tradicionais, pois permitem que os indivduos utilizem o espao para encontrar as informaes que desejam, assim como, tambm, difundir sua verso dos fatos. Ainda para esse autor, o ciberespao, por suas caractersticas tcnicas, no possui territrio fsico, o que enfraquece o poder do Estado-nao, o qual solidificado no controle do territrio. A atuao no espao virtual desterritorializado da Internet rompe com as fronteiras e controles do Estado, criando novos conflitos regulatrios (regulamentao das transaes financeiras, direitos autorais, propaganda poltica, etc).

    Mesmo tendo uma posio favorvel quanto ao potencial democrtico das NTICs, principalmente da internet, o autor alerta que no se deve confundir o uso das ferramentas do ciberespao com a democracia. O uso da rede para divulgao de propagandas governamentais, anncio dos endereos de lderes polticos, organizao de referendos e outras formas instrumentais, so apenas mecanismos de atualizao das antigas prticas polticas, que em nada mantm relao com a cibercultura. Levy (1999) defende que a cibercultura pode

    1 A ideia de poder est relacionada com o exerccio da dominao, isto , a probabilidade de encontrar

    obedincia a uma ordem (WEBER, 1999, p. 33).

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    desenvolver uma nova concepo de democracia, que vai alm do uso tcnico das ferramentas, e criar novas prticas democrticas, estruturadas dentro do potencial de inteligncia coletiva, como, por exemplo, a auto-organizao das comunidades por meio de comunicao interativa ou a avaliao direta das polticas pblicas pelos cidados, por meio do ciberespao. Em sua perspectiva otimista, indica que a poltica, na Internet, resultaria de uma transformao cultural que, por meio dessa cultura interativa e participativa, ampliaria a democracia.

    Em uma viso sociolgica, Manuel Castells desenvolve importantes reflexes sobre a Internet. O autor espanhol sinaliza que estamos assistindo o nascimento de uma nova cultura: a cultura da virtualidade real. Segundo Castells (1999a), o desenvolvimento das NTICs possibilita que o virtual, produzido e transmitido no meio miditico, seja compreendido como real pela audincia, isto , as mensagens produzidas no campo miditico ganham o status de realidade para uma grande parcela da populao.

    Castells (1999a), assim como Pierre Levy, tambm sinaliza que o Estado-nao est com sua capacidade de interveno comprometida pela desterritorializao gerada pelo desenvolvimento das NTICs, criando novas demandas e prticas que se organizam e se desenvolvem por meio de fluxos. Nessa nova formatao, novas formas de articulao polticas vo surgir por meio do uso dessas ferramentas, em destaque a Internet, restando aos Estados saberem adequar-se nova realidade globalizada e informacional.

    O autor sinaliza o surgimento de uma poltica informacional, estruturada pelo uso intensivo dos meios de comunicao. A poltica informacional de Castells (1999b) cria novas regras para o jogo poltico, atuando dentro do contexto da sociedade em rede. Nessa nova conjuntura, a mdia eletrnica (em especial a Internet) se torna um espao privilegiado da poltica. Para Castells (1999b, p. 367), sem a mdia, no h meios de adquirir ou exercer poder.

    A poltica desenvolvida no espao da mdia faz com que seu campo simblico se torne uma rea de batalha da poltica contempornea, na qual as foras polticas buscam construir suas representaes e defender seus interesses. Essa nova caracterstica faz com que a poltica (informacional) ganhe caracterstica de espetacularizao, ou, nos prprios termos de Castells, a poltica do showbiz, calcada pelo uso do espetculo poltico, em detrimento do debate poltico. O autor destaca que esse novo formato propicia o desenvolvimento de uma poltica do escndalo2, o que acaba por enfraquecer a imagem da poltica, principalmente dos polticos e dos partidos polticos, como uma atividade cidad, favorecendo a personalizao da poltica, caracterstica comum na poltica sul-americana.

    Castells (1999b) afirma que a comunicao eletrnica pode aprimorar formas de participao poltica e comunicao horizontal entre os cidados e, por outro lado, pode, tambm, fortalecer a poltica do

    2 Para saber mais, ler Thompson (2002).

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    showbiz e exaltar a individualizao da poltica e da sociedade. Situaes essas que colocam em cheque a noo de democracia liberal clssica, apontando para a formatao de um novo formato de democracia: a democracia informacional, estruturada nos fluxos de comunicao da sociedade em rede.

    No Brasil, o tema Internet e poltica vm atraindo muitos pesquisadores, principalmente os mais jovens. Gomes e Maia (2008), em suas reflexes sobre comunicao e democracia, identificam 3 matrizes tericas que orientam os estudos nesse campo. A primeira a abordagem da tradio liberal, que tem como preocupao central a autonomia privada dos cidados, agrupando em sua agenda reforo e defesa dos direitos individuais. Nessa abordagem, prevalece uma linha de investigao que privilegia a avaliao do papel dos meios de comunicao, na defesa dos direitos e liberdades dos indivduos (direito de expresso, vigilncia do Estado etc).

    A segunda matriz terica est ancorada nos pressupostos da tradio republicana, a qual tem como tema central a garantia e o exerccio da cidadania. A preocupao encontra-se em descobrir meios para garantir o controle da sociedade civil sobre o Estado. Os estudos so voltados para as oportunidades de participao poltica e engajamento na vida coletiva: a criao de um ethos participativo e a participao e o engajamento poltico.

    A ltima linha terica os autores a identificam como abordagem deliberacionista. Essa linha comeou a ganhar corpo nos anos 90, como uma alternativa aos modelos liberal e republicano. Com forte influncia da teoria discursiva de Habermas, a preocupao central dessa abordagem garantir a existncia de uma arena discursiva que funciona como esfera intermediria entre o Estado e a sociedade (GOMES; MAIA, 2008, p. 16). Nesse sentido, as pesquisas dentro desta matriz tm como finalidade verificar se os cidados tm a capacidade e oportunidade de deliberar racionalmente e publicamente sobre decises coletivas.

    Gomes e Maia (2008) sinalizam que, por si s, a Internet no pode ser considerada uma ferramenta de promoo da democracia ou em esfera pblica virtual, por dois aspectos: (1) os dispositivos de comunicao, que permitem novas modalidades de comunicao descentralizadas, tambm podem favorecer formas antidemocrticas de ao poltica; e (2) o fortalecimento da democracia no passa apenas por estruturas comunicativas eficientes, mas, tambm, pelo engajamento dos cidados nos debates pblicos.

    Esses autores concluem que as ferramentas tecnolgicas, assim como a Internet e seus dispositivos de comunicao, disponibilizam para os atores polticos, instrumentos de comunicao poltica, mas os seus resultados dependem dos usos que so feitos de seus canais de comunicao. A ao poltica est diretamente relacionada com o potencial do ator poltico, no somente com o mecanismo de comunicao. Diante desse quadro, sustentam que necessrio manobrar socialmente as ferramentas da rede para que suas

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    possibilidades se transformem em oportunidades democrticas (GOMES; MAIA, 2008, p. 325).

    Atentos advertncia de Gomes e Maia (2008), de considerar a Internet como uma ferramenta com potencial poltico, no qual os atores sociais podem utilizar seus recursos para desenvolver diferentes aes polticas e no como um campo de realizao democrtico, abaixo ser exposta uma tipologia de classificao das formas de ao poltica existentes na e pela Internet.

    A tipologia foi construda visando atender s 3 grandes matrizes tericas que estudam a relao entre poltica e Internet: a matriz liberal, republicana e deliberativa. Desta forma, a classificao procura acolher essas abordagens, agrupando em 5 tipos de ao poltica: a) informaes polticas; b) governo eletrnico; c) esfera pblica; d) (ciber)ativismo; e e) comunicao poltica.

    3 Por uma tipologia da ao poltica na Internet

    3.1 Informaes polticas

    A Internet, por suas caractersticas tecnolgicas, caracterizada pela fluidez e polissemia no fluxo das informaes. O potencial comunicativo da web possibilita a rpida circulao de informaes, bem como possibilita que os usurios produzam suas prprias informaes, quebrando o sistema unidirecional verticalizado tpico da comunicao de massa. Outro elemento comunicacional importante a possibilidade de interao entre o produtor da informao e o receptor, o que estabelece novas modalidades de comunicao mais participativas. por meio da informao que os cidados obtm conhecimento sobre os acontecimentos e formam sua opinio, que vo orientar sua conduta poltica. Os cidados tambm podem utilizar as avaliaes, anlises e crticas reproduzidas nos veculos de informao. Essas leituras so importantes elementos que podem exercer influncia na formao da opinio pblica, principalmente porque servem de atalhos informacionais, pelos quais os cidados comuns, que geralmente no tm muito conhecimento sobre temas polticos, possam conseguir interpretar a realidade poltica e orientar suas prticas. So exemplos de ao poltica na internet, por meio de informaes polticas:

    Portais de Internet: sites que disponibilizam informaes da poltica nacional e internacional de diversas fontes de notcias, inclusive com a produo de contedo prprio de informaes. As informaes polticas concorrem com notcias de assuntos gerais na pgina principal dos portais, mas, geralmente, possuem sees especficas dentro do portal. As notcias polticas que se encaixam aos critrios de noticiabilidade do jornalismo ganham visibilidade dentro dos portais. Os portais destacam-se no Brasil, por atrair um grande nmero de internautas. Essa caracterstica permite que as informaes polticas divulgadas, principalmente em suas pginas principais, tenham maior acessibilidade.

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    Exemplos de portais brasileiros:

    Globo.com: Portal ligado s Organizaes Globo, principal grupo de mdia brasileiro: Disponvel em: . Acesso em: 03 out. 2008.

    Internet Group (iG): Portal do grupo BrasilTelecom. Notabilizou-se, por prover acesso discado internet de forma gratuita: Disponvel em: . Acesso em: 04 out. 2008.

    MSN Brasil: Portal ligado ao grupo Microsoft: Disponvel em: . Acesso em: 05 out. 2008.

    Terra: Portal ligado ao grupo espanhol Telefnica: Disponvel em: . Acesso em: 05 out. 2008.

    UOL: Portal ligado ao Grupo Folha (importante grupo de mdia brasileiro) - Portugal Telecon: Disponvel em: . Acesso em: 06 out. 2008.

    Yahoo: Portal ligado empresa norte-americana YAHOO!: Disponvel em: . Acesso em: 06 out. 2008.

    Sites da mdia tradicional: homepages de empresas da imprensa tradicional. Esses sites se caracterizam por reproduzir o contedo publicado em suas verses originais (algumas apresentam restries de acesso a algumas informaes), alm de disponibilizar a possibilidade de consultar arquivos. O formato e o contedo seguem a linha editorial j existente da empresa. Assim como os portais, as principais empresas de comunicao operam dentro da lgica miditica, destacando as informaes com maior apelo junto ao leitor/ audincia. Sites de mdia tradicionais mais famosos garantem um maior nmero de acesso, assim como garantem maior credibilidade. importante destacar que no Brasil, existem empresas de alcance nacional, regional e local e, essa diferenciao, reflete no tipo de informaes polticas divulgadas, uma vez que empresas de alcance nacional tendem a dar maior destaque s notcias polticas nacionais e internacionais, enquanto que as empresas locais geralmente reproduzem material de outras agncias em relao aos assuntos da poltica nacional e internacional, dando maior destaque para a cobertura dos assuntos da poltica local.

    Exemplos:

    Grupo Abril: responsvel pela principal revista semanal brasileira Veja (Veja.com): Disponvel em: . Acesso em: 10 out. 2008.

    Grupo Estado: responsvel por um dos jornais de maior circulao no pas, ligado ao Portal Terra O Estado de So

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    Paulo (Estadao.com): Disponvel em: . Acesso em: 11 out. 2008.

    Grupo Folha: responsvel pelo jornal de maior circulao no pas, ligado ao Portal UOL Folha de So Paulo (Folha Online): Disponvel em: . Acesso em: 12 out. 2008.

    Rede Globo: Rede de comunicao mais poderosa e importante no Brasil, localizado no Portal Globo.com: Disponvel em: . Acesso em: 13 out. 2008.

    Sites de Poltica: voltados exclusivamente para a divulgao de informaes polticas e debate sobre os temas abordados. Geralmente, esses sites possuem um posicionamento poltico que influencia na disponibilizao de informaes. Como os temas polticos no despertam a ateno do brasileiro comum, esses sites tm pouca acessibilidade. Por outro lado, por agregarem posicionamentos polticos, esses espaos tm um pblico fiel. Ao contrrio do que acontece nos EUA, os sites brasileiros de poltica no tem grande influncia no debate poltico e na agenda da mdia. Exemplos:

    Poltica para Polticos: site apartidrio voltado para quem tm

    funes pblicas. Disponvel em: . Acesso em: 25 out. 2008.

    Congresso em Foco: site voltado para os assuntos e notcias do Congresso Nacional. Disponvel em: . Acesso em: 25 out. 2008.

    ABC Politiko: site com informaes e anlises sobre a poltica brasileira Disponvel em: . Acesso em: 27 out. 2008.

    Blogs de Poltica: em umformato mais simples e interativo, os blogs de poltica so espaos para a divulgao de informaes polticas, geralmente produzidas em outras fontes, mas, tambm, podem conter notcias postadas pelo prprio blog. comum a circulao de informaes dos bastidores da poltica e repercusso de assuntos polmicos. O destaque so os fruns de debate, nos quais os leitores podem comentar as notcias produzidas. No Brasil, os blogs de poltica mais acessados so os escritos por jornalistas j conhecidos da grande mdia, que utilizam o formato para ter mais liberdade na atividade (Penteado; Santos; Arajo, 2008). Esses blogs seguem o estilo do jornalismo tradicional, principalmente na formatao dos textos. Mas, tambm existem blogs de poltica escritos por cidados comuns, alguns annimos, assim como coletivos de blogs, que repercutem informaes polticas. Os blogs mais

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    acessados no Brasil esto vinculados s empresas de mdia tradicional ou a um grande Portal. Exemplos:

    Blog dos Blogs: escrito pelo jornalista Tales Faria, editor-chefe do Jornal do Brasil, localizado no portal do iG. Disponvel em: . Acesso em: 02 nov. 2008.

    Blog do Noblat: principal blog de poltica brasileiro, escrito pelo jornalista Ricardo Noblat. Localizado no site do Jornal O Globo. Disponvel em: . Acesso em: 02 nov. 2008.

    Josias de Souza: escrito pelo jornalista Josias de Souza, colunista da Folha de So Paulo. Localizado nos blogs da Folha. Disponvel em: . Acesso em: 04 nov. 2008.

    Luis Nassif Online: escrito pelo jornalista Luis Nassif. Localizado no Portal do iG. Disponvel em: . Acesso em: 05 nov. 2008.

    Blog Reinaldo Azevedo: escrito pelo jornalista Reinaldo de Azevedo, colunista da Revista Veja. Localizado no site veja.com. Disponvel em: . Acesso em: 11 nov. 2008.

    3.2 Governo eletrnico

    Abrange diversas aes governamentais que utilizam meios eletrnicos (que vo alm da Internet) para a realizao de diversas tarefas. A rea envolve diversas linhas de pesquisa que possuem diferentes leituras e interpretaes sobre a definio de governo eletrnico ou e-gov. Para efeito desta pesquisa, adotamos a concepo de Gouveia (2004), que entende como o uso das tecnologias de comunicao e informao pela administrao pblica para o gerenciamento de tarefas, organizao e prestao de servios ao cidado, bem como para a realizao de suas atividades fins, de forma a potencializar a operacionalizao de polticas pblicas de forma eficaz, eficiente e com menor custo. So funes do governo eletrnico: prestao eletrnica de informaes e servios; regulamentao das redes de informao, governana, certificao e tributao; prestao de contas pblicas, transparncia e monitoramento da execuo oramentria; ensino distncia; difuso cultural; e-procurement (aquisio de bens e servios pela Internet, exemplo: prego eletrnico), de forma a garantir maior publicidade nas contrataes e compras do poder pblico; e estmulo ao e-commerce, principalmente para as pequenas e mdias empresas

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    (FERNANDES, 2000). O governo eletrnico na web est associado promoo de atividades institucionais de rgos pblicos, garantindo maior transparncia nos processos, disponibilizando informaes da administrao pblica, incrementando as facilidades para os cidados utilizarem os servios pblicos e criando espaos para debate sobre assuntos de interesse pblico, como o oramento ou novas legislaes. Outra funo verificada no governo eletrnico a comunicao poltica, com a divulgao de informaes de interesse da administrao pblica, que vai desde a agenda das autoridades e dos rgos pblicos, at a publicidade de novas legislaes e polticas pblicas. So exemplos de ao poltica na Internet, por meio do governo eletrnico:

    a) Portais do Governo Federal: sites ligados aos rgos da administrao pblica federal, vinculados aos poderes Executivo, Legislativo e Judicirio. Os rgos do poder Executivo vo desde o Portal oficial do Governo Brasileiro, passando pelos Ministrios e chegando at as autarquias. No Legislativo, na esfera federal, so os sites do Senado e da Cmara dos Deputados3. E, em relao ao Judicirio, so os sites do Supremo Tribunal Federal, Conselho Nacional de Justia, Superior Tribuna de Justia e Tribunais Regionais Federais4. Exemplos:

    Portal do Governo Brasileiro: site oficial da Repblica Federativa do Brasil. Disponvel em: . Acesso em: 08 nov. 2008.

    Portal do Ministrio de Cincia e Tecnologia. Disponvel em: . Acesso em: 08 nov. 2008.

    Portal Anatel: site da Agncia Nacional de Telecomunicaes, responsvel pela regulao do setor. Disponvel em: . Acesso em: 09 nov. 2008.

    Portal da Cmara dos Deputados. Disponvel em: . Acesso em: 09 nov. 2008.

    Senado Federal. Disponvel em: . Acesso em: 09 nov. 2008.

    STF: site do Supremo Tribunal Federal. Disponvel em: . Acesso em: 12 nov. 2008.

    CNJ: site do Conselho Nacional de Justia. Disponvel em: . Acesso em: 12 nov. 2008.

    b)Portais dos Governos Estaduais: sites ligados aos rgos da administrao pblica estadual, atrelados aos poderes Executivo, Legislativo e Judicirio, em escala estadual. Reproduo no mbito

    3 Aqui possvel seguir ao vivo o funcionamento tanto do Senado Federal como da Cmara dos

    Deputados, assistindo aos debates, discursos na tribuna e acompanhando CPIs, ... 4 No Brasil, possvel fazer o acompanhamento on line de processos em tramitao na Justia.

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    regional dos sites oficiais dos trs poderes. Cabe aqui destacar que no Brasil, por haver enormes desigualdades regionais, pode-se perceber uma grande variao da diferena da prestao de servios e mesmo da qualidade tcnica dos portais de estado para estado. De acordo com o regime federativo brasileiro, diversas atribuies pblicas so de responsabilidade da esfera estatal, com destaque para a Segurana Pblica. Exemplos:

    Portal do Governo do Estado de So Paulo: Disponvel em:

    . Acesso em: 13 nov. 2008.

    Portal Oficial do Governo do Estado do Amazonas: Disponvel em: . Acesso em: 13 nov. 2008.

    Assembleia Legislativa do Estado de So Paulo: Disponvel em: . Acesso em: 13 nov. 2008.

    Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro: Disponvel em: . Acesso em: 13 nov. 2008.

    Tribunal de Justia do Estado de So Paulo: Disponvel em: . Acesso em: 13 nov. 2008.

    SSP Secretaria do Estado de Segurana Pblica do Estado de So Paulo: Disponvel em: . Acesso em: 13 nov. 2008.

    c)Portais dos Governos Municipais: sites ligados aos rgos da administrao pblica municipal, vinculados aos poderes Executivo e Legislativo. No Brasil, ainda existem diversos municpios que no contam com sites oficiais, tanto do poder Executivo como Legislativo. As principais cidades possuem sites com diversos servios para os cidados, existindo grande variao de cidade para cidade. O destaque fica para a utilizao dos sites principalmente para a divulgao do turismo e arrecadao de impostos. Mas, de forma geral, os sites municipais servem para a reproduo de informaes como endereos, telefones e horrios. Exemplos:

    Portal da Prefeitura da Cidade de So Paulo: Disponvel em: . Acesso em: 18 nov. 2008.

    Portal Salvador: site oficial do municpio de Salvador/BA. Disponvel em: . Acesso em: 18 nov. 2008.

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    d)Sites de rgos pblicos: diversos rgos da administrao pblica esto disponibilizando diversos servios por meio da Internet, de forma a agilizar e desburocratizar seus processos administrativos. Por exemplo, podemos citar o caso da Agncia de fomento para pesquisa do Estado de So Paulo, a FAPESP, que realiza todos os procedimentos de concesso de benefcios a pesquisadores (bolsas, auxlios, dirias, etc) por meio eletrnico, atravs de um sistema chamado Sage. No mbito federal, destaque para o site do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq), no qual est disponibilizada a Plataforma Lattes, onde os pesquisadores brasileiros registram seu currculo acadmico, servindo de fonte de dados padro para a vida acadmica. Por fim, cabe destacar o programa ReceitaNet, desenvolvido pela Secretaria da Receita Federal em 1996, para facilitar e agilizar o processo de declarao de imposto de renda anual. Exemplos:

    CNPq: Disponvel em: . Acesso em: 20 ago. 2008; e Plataforma Lattes: Disponvel em: . Acesso em: 20 ago. 2008.

    FAPESP: Disponvel em: . Acesso em: 20 ago. 2008; e Sage: Disponvel em: . Acesso em: 20 ago. 2008.

    Receita Federal: Disponvel em: . Acesso em: 20 ago. 2008.

    Receitanet: Disponvel em: . Acesso em: 21 ago. 2008

    3.3 Esfera pblica

    associada viso deliberacionista de democracia, que v na prtica do debate poltico um mecanismo de promoo da democracia, onde os cidados participam ativamente da discusso dos assuntos polticos. A Internet tem a possibilidade de criar mecanismos de viabilidade da constituio de uma esfera pblica de discusso poltica. Esse tema tem grande presena na obra de Gomes e Maia (2008), que sustentam que a Internet reduz os custos da participao poltica e permite a interao de diversos parceiros atravs dos mecanismos de comunicao da rede. Segundo os autores, suas ferramentas possibilitam a criao de plataformas de participao poltica para alm dos meios tradicionais, no Brasil. Contudo, advertem que ela no pode ser considerada como uma esfera pblica no sentido habermasiano, no sentido de promoo de um debate entre argumentos racionais, mas pode criar outro sentido de esfera pblica, de maneira a criar espaos para a discusso pblica. Gomes e Maia (2008) argumentam que a Internet se consolida como uma importante arena conversacional, na qual podem ser geradas discusses polticas, onde diferentes pessoas possam participar/ interagir, atravs dos mecanismos tcnicos, rompendo com a

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    questo do compartilhamento do espao e estabelecendo conexes em forma de rede. A Internet tem a possibilidade de expandir os fruns de debates pblicos, entretanto, o acesso a esses fruns limitado, tanto por parte daqueles que no tem acesso a Internet ou no sabem lidar com essa tecnologia, bem como de cidados que no tem interesse em participar (a principal barreira para a promoo da democracia via web, segundo os autores). Outra preocupao diz respeito qualidade do debate nos espaos de discusso pblica da rede, uma vez que os participantes dessas discusses expressam suas opinies pessoais sem vincular a apresentao de argumentos racionais, negando os princpios da prtica argumentativa, o que pode levar ao desenvolvimento de prticas antidemocrticas, mas que tambm se configuram como formas de ao poltica. So exemplos de ao poltica na Internet por meio da constituio de esfera pblica:

    a)Grupos ou listas de discusso: diversas pessoas se organizam, formando grupos de discusso, seja por meio de um provedor comum ou por uma lista de e-mails, para discutirem variados assuntos, entre eles, temas polticos. Essas discusses geralmente so fechadas em grupos pequenos, o que restringe a abrangncia do debate e sua repercusso. Podem-se notar dois tipos de comportamento: um mais comum, no qual todos comungam de posies polticas semelhantes e o debate serve para reforar seus posicionamentos; o outro comportamento est voltado para o enfrentamento de posies antagnicas que, caso sejam muito acirradas, levam, invariavelmente, ao fim do grupo. Exemplos:

    LES grupo de discusso sobre questes lsbicas: site de

    discusso poltica sobre aes ligadas ao grupo de lsbicas no Brasil. Disponvel em: . Acesso em: 24 ago. 2008.

    Frutos do Brasil Juventude em debate: grupo localizado no Google Groups, com 111 membros. Disponvel em: . Acesso em: 24 ago. 2008.

    Cidadania Brasil: grupo localizado no Yahoo! Grupos, com 2967 membros. Disponvel em: . Acesso em: 24 ago. 2008.

    b)Chats: diversos portais brasileiros e internacionais disponibilizam o servio de chats, muitos deles so temticos, o que, de certa forma, seleciona os participantes. Nos chats, diversos usurios usam o formato para expressar seu ponto de vista, o que promove um debate entre posies diferenciadas e com pontos de vista muitas vezes conflitante. Normalmente, as discusses nos chats so limitadas a um breve perodo de tempo, o que restringe a entrada de novos participantes e novas

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    informaes. No Brasil, os chats com temas polticos so raros (prevalece chats de assuntos de entretenimento e paquera), o que demonstra a apatia poltica do cidado brasileiro, limitando o potencial discursivo e interativo desse mecanismo. Normalmente, no perodo eleitoral ou de um escndalo poltico, os chats discutem mais temas polticos, ampliando o debate e criando novos espaos de ao poltica. Exemplos:

    Chat com o candidato Almeida Lima (prefeitura de Aracaj, 2008) - Disponvel em: . Acesso em: 20 jul. 2008.

    Notcia sobre Chat com os candidatos a prefeito de Joinvile (2008) - Disponvel em: . Acesso em: 20 jul. 2008.

    Psicologia na poltica tema de chat no Portal Amaznia - Disponvel em: . Acesso em: 17 jul. 2008.

    Documento com transcrio sobre Chat de poltica: Disponvel em: . Acesso em: 17 jul. 2008.

    Notcia sobre Chat para discutir a crise financeira mundial - Disponvel em: . Acesso em: 22 jul. 2008.

    c)Comunidades virtuais: agrupam usurios com identidade social comum, na qual discutem assuntos de interesse de todos. Nesses locais, dificilmente existir um amplo debate com posies contraditrias. Seus fruns so formados por pessoas que compartilham o mesmo ideal ou viso poltica, o que restringe o debate poltico. No Brasil, o destaque fica por conta da comunidade do Orkut que, segundo pesquisa de Barros Filho, Coutinho e Safatle (2007), chegou a criar 118 comunidades relacionadas com os principais candidatos a presidncia em 2006 (Lula e Alckmin), favorveis e contrrias, agregando mais de mil integrantes em algumas comunidades. No total das comunidades investigadas, foram mais de 1.531.000 integrantes no perodo eleitoral, o equivalente a 1,5% dos eleitores que votaram no 2. turno. Os mesmos autores informam que a dinmica dessas comunidades eram mais utilizadas como fonte de afirmao a uma postura previamente definida, do que para a prtica de debate poltico ou mesmo esclarecimento sobre programas de governo, funcionando, muitas vezes, para expresso de ataques pessoais figura dos candidatos, inclusive com manifestaes preconceituosas e disseminao de boatos. Exemplos:

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    Comunidade do Orkut: Repdio a ignorncia poltica 58.044 membros Disponvel em: . Acesso em: 24 out. 2008.

    Comunidade do Orkut: Eu odeio a poltica do Brasil 14.971 membros Disponvel em: . Acesso em: 24 out. 2008.

    Comunidade do Orkut: Eu gosto de poltica!!! - 12.305 membros Disponvel em: . Acesso em: 24 out. 2008.

    Comunidade de Direitos Humanos: Disponvel em: . Acesso em: 24 out. 2008.

    d)Blogs: com formatao mais simples e de fcil operao, o destaque fica por conta da formao de fruns de debate a partir das informaes postadas na seo principal do site. Em outro artigo (PENTEADO; SANTOS; ARAJO, 2008), apresenta-se que os blogs de poltica variam sua atuao de acordo com o perfil do blogueiro, o que tambm repercute nos fruns. Os mais populares so os blogs escritos por jornalistas da grande mdia, que utilizam o espao para divulgar informaes de bastidores e apresentar suas anlises. Esses blogs so mais acessados e tm maior credibilidade, o que possibilita um debate mais amplo, com a presena de leitores com diferentes posies polticas. Em outra pesquisa, sobre a cobertura dos blogs na eleio presidncia de 2006 (PENTEADO; SANTOS; ARAJO, 2007), verificou-se que o debate nos fruns dos blogs estudados ficou marcado pela baixa qualidade da argumentao e pela troca de ofensas entre os participantes, inclusive tendo sido verificado a excluso de comentrios devido a seu contedo. Os fruns de blogs de poltica escritos por polticos, acadmicos ou pessoas annimas (independentes) se configuram pela existncia de concordncia, na grande maioria dos casos, com o posicionamento do autor, o que limita o debate. Exemplos: exemplos de blogs sobre poltica j foram listados acima (blogs de poltica como informao poltica), revelando a dupla potencialidade dos blogs: informao poltica e espao de discusso poltica (esfera pblica de debate).

    3.4 (Ciber)ativismo

    A Internet, por sua arquitetura em rede, possibilita o uso de seus canais para a ao poltica de associaes cvicas. Segundo Gomes e Maia (2008), as NTICs permitem que grupos cvicos atuem sobre a sociedade civil de forma a promover habilidades polticas e cultivar virtudes cvicas por parte dos cidados. A tecnologia de comunicao da web serve de

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    suporte para criar redes de articulao, divulgao e mobilizao poltica de cidados em diversas partes do globo. Assim, diversos grupos de interesse poltico utilizam o potencial da Internet para realizar variadas formas de ao poltica, criando conexes entre os participantes. So exemplos de ao poltica de (ciber)ativismo:

    Sites de Associaes Cvicas: diversas entidades cvicas utilizam

    sites para divulgar suas propostas, informaes sobre seu funcionamento, endereos e telefones de contatos, cadastro de participantes e membros, divulgao de eventos e atividades, mobilizao e debate. Sua acessibilidade est relacionada com a prpria imagem da entidade, geralmente construda fora da web. Pode ser uma importante ferramenta para a divulgao e publicidade. Seu alcance est restrito a um pblico de pessoas que se identificam com as atividades desenvolvidas pela entidade. Exemplos:

    Voto Consciente: associao cvica apartidria voltada para

    acompanhar a atuao dos parlamentares. Disponvel em: . Acesso em: 18 out. 2008.

    Transparncia Brasil: associao cvica voltada para o combate corrupo, atravs da visibilidade dos gastos pblicos. Disponvel em: . Acesso em: 18 out. 2008.

    Instituto Paulo Freire: associao cvica voltada para a promoo da cidadania. Disponvel em: . Acesso em: 18 out. 2008.

    a) Sites de Movimentos Sociais: funciona nos moldes dos sites de associaes cvicas, atraindo para seu endereo pessoas com simpatia pelas causas defendidas. Os mais acessados so movimentos com melhor articulao e maior visibilidade. Os sites tambm podem funcionar como uma ferramenta de organizao e gesto em rede, principalmente para movimentos que atuam em diferentes localidades, como o caso dos movimentos sociais ambientais. Cada movimento social possui uma particularidade, variando de acordo com seu campo de atuao, o que tambm pode influenciar na formao de seu site. Os sites so importantes ferramentas para divulgao da causa defendida e ganhar visibilidade, uma vez que a maioria dos movimentos sociais encontra pouco espao para a divulgao de suas ideias, propostas e aes na mdia tradicional. Utiliza-se de diversas ferramentas: chats, e-mails, listas de discusso, vdeos, etc. Exemplos:

    Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST): luta pela reforma agrria. Disponvel em:

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    . Acesso em: 28 out. 2008.

    Afrobras: movimento social de defesa dos direitos dos afrodescendentes, que luta pela incluso social atravs da educao. Disponvel em: . Acesso em: 28 out. 2008.

    SOS Mata Atlntica: movimento ambientalista de preservao e conservao da mata atlntica. Disponvel em: . Acesso em: 28 out. 2008.

    Movimento Sindical: divulgao e organizao sindical. Disponvel em: . Acesso em: 28 out. 2008.

    b) Blogs de Ativismo: pela facilidade e agilidade do formato, os

    blogs esto ganhando espao como instrumento de ativismo no ciberespao. Grupos de ativistas utilizam o template para realizar debates e promover aes. Geralmente os blogs de ativismo so voltados para objetos especficos, segmentando seu pblico e os acessos. So caracterizados por defenderem posies consideradas mais radicais. Podem utilizar o blog como espao de discusso e articulao para o desenvolvimento de aes polticas. Sua credibilidade est limitada s pessoas que defendem a mesma causa. Por utilizarem o ciberespao como ponto de encontro, suas aes polticas esto associadas s intervenes que muitas vezes acontecem dentro do universo digital das NTICs. Exemplos:

    Srgio Amadeu: defesa dos softwares livres. Disponvel em: . Acesso em: 24 out. 2008.

    Manual prtico de delinquncia juvenil: blog jovem de ativismo contra-cultural. Disponvel em: . Acesso em: 24 out. 2008.

    Mundo em Movimentos: blogs sobre movimentos sociais. Disponvel em: . Acesso em: 24 out. 2008.

    Bodega Cultural: Disponvel em: . Acesso em: 24 out. 2008.

    Herdeiro do Caos: blog de ciberativismo. Disponvel em: . Acesso em: 24 out. 2008.

    c) Sites de Mdia Independente: forma de comunicao alternativa s grandes empresas de mdia que dominam a produo, circulao e divulgao das informaes polticas. Apoiando-se no potencial libertrio de comunicao da rede, os sites de mdia independente produzem e

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    divulgam em seus espaos informaes que, na maioria das vezes, no tem visibilidade nos canais de mdia da grande imprensa. Os sites se caracterizam por deixar seus espaos livres para a participao de qualquer usurio que queira divulgar um contedo. Caracterizam-se por ter posies crticas frente ao mainstream, atraindo pessoas que compartilham desse ponto de vista, o que limita a sua acessibilidade. Utiliza-se de diferentes formatos, com destaque para vdeos, artigos e chats de discusso. Exemplos:

    Mdia sem Mscaras: site conservador que aborda temas de discusso poltica. Disponvel em: . Acesso em: 29 out. 2008.

    Central de Mdia Independente: rede de produtores e produtoras de mdia independente. Disponvel em: . Acesso em: 29 out. 2008.

    Observatrio da Imprensa: site que faz anlise crtica da grande mdia. Disponvel em: . Acesso em: 29 out. 2008.

    d) Lista de e-mail: uso da ferramenta de e-mail para divulgao de aes cvicas, promoo e articulao de aes de grupos de ativismo. Outra forma de ativismo, muito comum na Internet, o abaixo assinado eletrnico que, por meio de circulao em listas de e-mail, atinge um grande nmero de usurios, ampliando a participao e repercusso. Alguns abaixo assinados contm assinaturas de pessoas famosas, o que aumenta sua visibilidade. Esse tipo de ativismo diminui os custos de participao direta dos envolvidos. Exemplos:

    Em dezembro de 2006, milhares de e-mails travaram os servidores do Congresso, tendo papel preponderante no retrocesso do aumento de 91% no salrio dos parlamentares. Disponvel em: . Acesso em: 18 fev. 2009.

    Em novembro de 2008, aps receber mais de 6.000 e-mails, o senador Eduardo Azeredo retirou da pauta o projeto que tentava impor controle Internet. Disponvel em: . Acesso em: 08 fev. 2009.

    Em maro de 2005, milhares de e-mails invadiram o site do Congresso (E-Mail: [email protected]), fazendo com que o deputado Severino Cavalcanti retrocedesse em sua proposta de barrar pesquisas com as clulas-tronco. Disponvel em:

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    . Acesso em: 08 fev. 2009.

    e)Hacker: atividade realizada na internet de forma ilcita e annima. Os ativistas hackers defendem: a livre informao na rede, o acesso ilimitado e total aos computadores, desconfiana em relao s autoridades, luta contra o poder institudo e o faa voc mesmo. Essa prtica atrai jovens que dominam o ambiente virtual da internet e utilizam seu conhecimento para promover aes contra alguns smbolos do capitalismo (grandes empresas), instituies pblicas, etc. Os hackers caracterizam suas aes por invaso dos domnios das instituies na internet, alterando sua configurao, inclusive, deixando recados. No Brasil, os hackers com atuao poltica tm pouca visibilidade, dificilmente suas aes ganham repercusso. Por atuarem normalmente margem da legislao e, tambm, por serem annimos, muito difcil identificar-los. Exemplos:

    The Hackers Brasil: criado pelo hacker Thbrleo. Disponvel em: . Acesso em: 10 fev. 2009.

    Governo federal sobre ataque de hackers (notcia): Disponvel em: . Acesso em: 10 fev. 2009.

    Invaso de hackers faz Citibank Brasil recolher cartes (notcia publicada na FSP 08/02/09). Disponvel em: . Acesso em: 10 fev. 2009.

    3.5 Comunicao Poltica

    Os dispositivos de comunicao da Internet criam novos espaos de comunicao e interao para a prtica poltica e a comunicao entre os atores polticos e a sociedade. A facilidade, agilidade, praticidade, interatividade e baixo custo, possibilitam que a Internet seja um espao privilegiado de comunicao, expandindo as possibilidades de interao, assim como criando novas modalidades de mediao. Conforme apontado nas categorias anteriores, a apatia poltica acaba por ser um fator limitador do uso desses espaos, que ficam restritos, geralmente, a um pblico de pessoas j interessadas nos assuntos polticos. So exemplos de ao poltica de comunicao poltica:

    Sites de candidatos: homepages dos candidatos aos cargos pblicos eleitorais. No Brasil, de acordo com a atual legislao, os websites dos candidatos somente podem funcionar no perodo oficial de campanha. Esses sites possuem domnio especfico (.can) e so controlados pela Justia Eleitoral. O uso da Internet nas campanhas eleitorais ainda est

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    embrionrio; por exemplo, nas eleies da capital paulistana de 2008, a Internet atuou como um extensor das campanhas tradicionais. Sua grande inovao foi a confluncia de mdias disponibilizadas nos sites dos candidatos, com vdeos, jingles, banners etc. O uso da web no configurou um novo formato de campanha, mas sim a reproduo, no mundo virtual, do modelo eleitoral, baseado na construo de personagens na disputa pela audincia do eleitorado (Penteado et. al, 2008). O acesso est restrito aos simpatizantes e membros da campanha. Tambm pode funcionar como ferramenta de articulao e mobilizao da militncia. Exemplos5:

    Soninha: site da candidata nas eleies municipais de So

    Paulo, em 2008: Disponvel em: . Acesso em: 23 set. 2008.

    Gilberto Kassab: site do ento prefeito, candidato reeleio em So Paulo, em 2008: Disponvel em: . Acesso em: 23 set. 2008.

    Geraldo Alckmin: site do candidato nas eleies municipais de So Paulo, em 2008: Disponvel em: . Acesso em: 23 set. 2008.

    a) Sites/ blogs de polticos: fora do perodo eleitoral, os polticos

    podem criar uma homepage pessoal ou mesmo um blog, para manter um contato permanente com os eleitores e sua base eleitoral. Por ter custo baixo e ser de fcil operao, os sites pessoais acabam por se transformar em mais um canal de comunicao. No Brasil, de forma geral, os sites e blogs de polticos so pouco desenvolvidos, reproduzindo em suas pginas informaes gerais e contatos do poltico, sem saber utilizar as novas ferramentas tecnolgicas para criar novos formatos de interao. Exemplos:

    Jos Dirceu: Blog dentro do site do poltico e ex-ministro Jos Dirceu que, atualmente, est com os direitos polticos cassados: Disponvel em: . Acesso em: 23 fev. 2009.

    Csar Maia: autointitulado ex-blog do poltico Csar Maia; agora suas notcias so enviadas diretamente por e-mail, a partir de cadastro: Disponvel em: . Acesso em: 23 fev. 2009.

    Soninha: Blog da poltica paulista Soninha: Disponvel em: . Acesso em: 23 fev. 2009.

    b) Sites/ blogs de partidos polticos: os partidos polticos tambm utilizam a Internet como espao de comunicao poltica, podendo adotar dois formatos: homepages e blogs, ou mesmo os dois, sendo que diversos

    5 Por determinao do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rgo que organiza e fiscaliza as eleies no

    Brasil, esses sites deveriam e foram retirados do ar, ao trmino da campanha.

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    partidos colocam seus blogs dentro dos sites oficiais. Os sites e blogs partidrios oferecem aos usurios informaes gerais sobre o partido, contato dos seus membros, documentos, propostas, canais de interao, artigos, etc. No Brasil, observa-se que os partidos mais fortes possuem melhores sites, disponibilizando mais e melhores servios, como o caso do PT, que tem a Rdio PT, ou o Partido Democrata, que tambm tem a Rdio 25. Exemplos de sites de partidos polticos no Brasil:

    PSDB: Disponvel em: . Acesso em: 28

    out. 2008. PT: Disponvel em: . Acesso em: 28 out.

    2008. PMDB: Disponvel em: . Acesso em: 28

    out. 2008. Blog do Partido Democrata no Brasil: Disponvel em:

    . Acesso em: 28 out. 2008.

    4 Consideraes finais

    Uma anlise da ao poltica na Internet brasileira possibilita observar que, apesar de existirem diversas possibilidades de usos e articulaes por meio dos dispositivos da web, seu emprego ainda limitado e pouco criativo, repetindo, por meio eletrnico, antigas formas de atuao poltica, no sabendo utilizar as potencialidades do meio, principalmente em relao interatividade.

    Por ser uma rea nova de pesquisa, existe a necessidade de criar novas ferramentas metodolgicas que auxiliem os pesquisadores em suas investigaes, assim como suscitar novas questes e desafios. Desta forma, espera-se que a tipologia apresentada acima, consiga contribuir para novas pesquisas na rea, assim como para o aperfeioamento da mesma, com a insero de novas modalidades no contempladas no modelo.

    Para concluir, ressalta-se a importncia da Internet como espao de atuao que, por sua arquitetura, permite a entrada de novos atores e novas demandas, rompendo os limites tradicionais da poltica. No se pretende adotar uma postura otimista e nem pessimista quanto ao uso da internet na promoo de aes polticas. O que pretendeu-se sinalizar, a partir da pesquisa apresentada, que existe uma tendncia para o uso cada vez maior da web, bem como o surgimento de novas prxis, que precisam ser investigadas com mais ateno.

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