1oo1 a importância de se valorar os impactos ambientais

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 CAMPUS MARACANAÚ  Prof. Humberto Jr. Data____/____/_____ ECONOMIA AMBIENT AL A IMPORTÂNCIA DE SE VALORAR OS IMPACTOS AMBIENTAIS K a r i n e Cri st i a n e F e rr e ir a P au l o H en ri qu e C arloni Fleur y C ur a do E dna de A r aúj o Andr ade RESUMO O pr e sen tetr ab alh o t ratadousodaval o r açã o am b i e nt al pe laecon om ia co m o for m a de m en sur arosi m pa ctos am bi en t aiscausad os,pr inci pa l m en t e,pe l a evo l uçã o oco rridanasin striasena p pr ia ag ri cu ltura. C o m as m ud an ças con t e m p o rân e a s,na s e sferas t e cn o l ó g i ca s,po t i ca ,eco n ô m i ca ,cul t ur a l e social, a qu estãoambiental pa ssou aassumir uma m ag nitudeim pe nsá vel duasdécadas. Osi m pa ctosambientaist êm si do, talvez, o ob j etode m ai or di scussão en t reesses gr up os.O quesepreten de m ostrar,éa expa nsão industrialno B rasile resto do m undo na era at ua lenvol vendo també m m e caniza ção ag rícolaedesenvol vi m ent o em vári o ssetor es ger an doi m pa ct os na na t ureza.Essesim pa ctos po de m serm ensur ad os atravésde cri t érios e co n ô m i co s, a t r avé s dai n se r çã o d a an á lise econ ô m ica n a g e stã o a m b i en t a l. Palavras-chave : Valoração-a!"e#$al - %es$ão a!"e#$al & E'$er#al"(a(es - I)ac$os a!"e#$a"s & Eco#o"a* INTRODU+,O 1

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A IMPORTÂNCIA DE SE VALORAR OS IMPACTOS AMBIENTAIS

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Prova

CAMPUS MARACANA Prof. Humberto Jr.Data____/____/_____ ECONOMIA AMBIENTAL

A IMPORTNCIA DE SE VALORAR OS IMPACTOS AMBIENTAIS

Karine Cristiane FerreiraPaulo Henrique Carloni Fleury CuradoEdna de Arajo Andrade

RESUMO

O presente trabalho trata do uso da valorao ambiental pela economia como forma de mensurar os impactos ambientais causados, principalmente, pela evoluo ocorrida nas indstrias e na prpria agricultura. Com as mudanas contemporneas, nas esferas tecnolgicas, poltica, econmica, cultural e social, a questo ambiental passou a assumir uma magnitude impensvel h duas dcadas. Os impactos ambientais tm sido, talvez, o objeto de maior discusso entre esses grupos. O que se pretende mostrar, a expanso industrial no Brasil e resto do mundo na era atual envolvendo tambm mecanizao agrcola e desenvolvimento em vrios setores gerando impactos na natureza. Esses impactos podem ser mensurados atravs de critrios econmicos, atravs da insero da anlise econmica na gesto ambiental.

Palavras-chave: Valorao-ambiental - Gesto ambiental Externalidades - Impactos

ambientais Economia.

INTRODUO

O planeta Terra surgiu a aproximadamente 4,5 bilhes de anos. Neste tempo foram destrudas, reorganizadas, criadas e moldadas todas as paisagens das quais se tem conhecimento nos dias atuais. Com o surgimento do homem e a sua evoluo, mudanas foram necessrias e inevitveis. Porm as maiores se tornaram mais evidentes aps o sculo XIX, quando a populao mundial finalmente ultrapassou a marca de 1 bilho de habitantes.

A necessidade em aumentar a produo de alimentos implica em um aumento muito maior do uso de insumos bsicos e energia, tendendo assim a uma maior exausto dos recursos naturais oferecidos pelo planeta (Figura 1).Figura 1 : Consumo de energia por habitante nos diferentes estgios de desenvolvimento da humanidade.

Fonte: Teixeira, Toledo, Fairchild & Taioli (2000).

As limitaes da anlise ambiental, considerando o aumento contnuo do uso de terras para a produo de alimentos, aliado mecanizao agrcola e ao processo de industrializao, so questes que motivaram e ainda motivam a preocupao de inmeros pesquisadores, ambientalistas e da sociedade em geral. Os impactos ambientais tm sido, talvez, o objeto de maior discusso entre esses grupos.

Durante os ltimos sculos, o homem utilizou o meio-ambiente indiscriminadamente e sem se preocupar com sua recuperao, desmatando, poluindo a gua, o ar e o solo, aterrando, drenando, perfurando minas, abrindo estradas e construindo cidades com ou sem planejamento ou qualquer outra preocupao ambiental. Essa dependncia do homem pela natureza, que constitui o centro

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dos negcios agrcolas, vem desafiando-o a produzir cada vez mais, de uma forma racional e

observando o uso apropriado dos recursos naturais, agora sabidamente finitos.

Analisando os quatro primeiros sculos de ocupao humana, no caso do Brasil especificamente, o desenvolvimento do pas se fazia s custas da degradao ambiental, principalmente atravs da derrubada das florestas para explorao de madeiras nobres como o Cedro, Pau-Brasil, Aroeira, Mogno, ou ainda para aumentar a rea de explorao agrcola e pecuria. O desenvolvimento agropecurio exigia assim, a destruio da natureza, o que passou a ser inclusive incentivado pelas prprias polticas governamentais.

Com a evoluo da indstria e a chamada Revoluo Verde ocorrida a partir da dcada de 60, a agricultura que at ento era utilizada de forma rudimentar, passou por um processo tecnolgico abrangendo a rea da qumica, da mecnica e da biologia. A utilizao de maquinrio pesado, como tratores e implementos cada vez maiores e com maior fora de trabalho, a utilizao de herbicidas seletivos ou no para vrios fins prticos e apenas uma finalidade econmica: a de diminuir custos (tempo, mo-de-obra, capital). Esse avano da agricultura convencional, trouxe profundas seqelas como:

- altos custos sociais, econmicos e ambientais;

- contaminao e envenenamento do solo, gua e ar;

- aumento dos custos de produo para recuperar o solo, necessrio em decorrncia da introduo no meio ambiente de novos elementos e produtos causadores de desequilbrios como inseticidas, pesticidas, fertilizantes e sais;

- poluio alimentar.

O que se pretende mostrar com esta abordagem da evoluo industrial e agrcola, que houve, em certo perodo de desenvolvimento, no s do Brasil, mas do mundo, uma grande expanso no nmero de indstrias, um crescente processo de mecanizao agrcola e, conseqentemente, dos impactos negativos gerados na natureza. Quer-se tambm demonstrar que por mais que o homem tente, ele no demonstra condies possveis de destruir o planeta, mas provvel que o faa com a natureza, aqui tambm conhecida como ecossistema, e que poder em um curto perodo de

tempo tornar a Terra um planeta inspito para os seres vivos. Portanto esta abordagem se faz por

um prisma que consegue absorver maior ateno, sendo o caso do enfoque econmico.

Esses impactos gerados so passveis de mensurao atravs da economia. A insero da anlise econmica na gesto ambiental tende a ser hoje uma realidade, sendo vivel ressaltar a importncia da anlise econmica no campo ambiental. Assim sendo, far-se- um breve relato sobre a importncia da gesto ambiental, destacando a importncia da valorao dos impactos ambientais.

GESTO AMBIENTAL

A gesto ambiental extensivamente entendida como a conservao racional dos recursos naturais e a proteo contra a degradao ambiental que deve contar fortemente com a participao governamental. A racionalidade da interveno estatal bem explicitada em Tisdell (1991). As razes para a interveno incluem melhorias na eficincia econmica, na distribuio de renda, nos problemas relacionados ao risco, incerteza e sustentabilidade.

Lerda & Sabatini (1996, p. 24), consideram que (...) constituyen polticas ambientales [ou gesto ambiental] todas las medidas gubernamentales destinadas a proteger el hbitat y los recursos naturales, as como controlar la contaminacin. Entre ellas se incluye la fijacin de normas y estndares, as como la fiscalizacin y las sanciones a su no cumplimiento, el establecimiento de reas de preservacin y conservacin, la definicin de procedimientos para la evaluacin del impacto ambiental de los proyectos, y la creacin de una institucionalidad para la formulacin y ejecucin de las polticas [inclusive as que incorporam os mecanismos de mercado].

A gesto ambiental uma iniciativa pblica que vai alm da busca pela eficincia econmica. A degradao ambiental seja na forma de explorao de recursos naturais sem manejo, seja de poluio excessiva do solo, ar e da gua, por exemplo, geralmente ocorre porque os agentes do dano ignoram os custos da degradao para a sociedade. H, pois, uma divergncia de interesses que no consegue ser resolvida no livre mercado per se. Justifica-se, portanto, a proposio da ao governamental na rea ambiental para tentar fazer com que os custos ambientais as

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externalidades do uso do meio ambiente pelos agentes sejam internalizados nas funes de oferta e de demanda. Essa interveno estatal, todavia, no depende do tipo de instrumento a ser utilizado. Esse tipo depende das caractersticas do bem ambiental a ser protegido e dos critrios de viabilidade, eficcia, eficincia, custo, motivao e adaptabilidade, entre outros. Deve-se destacar, todavia, que Tisdell (1991, p. 66) considera que nem o mercado nem o governo so capazes de fazer com que um timo social na conservao ambiental seja plenamente alcanado.

A literatura especializada costuma dividir as polticas governamentais (gesto governamental) disponveis para o meio ambiente em : comando de controle (CC) e instrumentos econmicos (IEs). Apesar de existirem outras classificaes, abordar-se- a primeira. Os instrumentos de

comando de controle so, de forma resumida, aqueles que se apiam na fiscalizao direta e

sano para o no cumprimento das normas e padres estabelecidos. Dentre os instrumentos mais

usuais, destacam-se:

- Estudos de Impacto Ambiental (EIA): (...) consiste num conjunto de atividades, pesquisas

e tarefas tcnicas, realizado com a finalidade de dar a conhecimento as principais conseqncias ambientais de um projeto, de modo a atender aos regulamentos de proteo do meio ambiente e, efetivamente, auxiliar a deciso sobre a implantao desse projeto (MOREIRA, 1993, p.2).

- Licenciamentos: Autorizao a ser concedida pela Autoridade Ambiental para explorao econmica de reas de relevante interesse ambiental em propriedades privadas. Pode estabelecer padres de uso e explorao de recursos naturais, bem como a reabilitao ecolgica de reas a serem exploradas (MOTTA & REIS, 1994, p. 561). uma exigncia de carter preventivo que deve ocorrer envolvendo trs tipos de licenas: licena prvia, licena de instalao e licena de operao (FRANCISCO, 1998, p. 32).

- Zoneamentos: consiste em regular o uso em reas privadas ou de domnio pblico/privado de recursos naturais, mediante a declarao por lei de reservas ecolgicas ou reas de preservao permanente, pelo menos em certa proporo da rea total, como forma de proteger nascentes de rios, vegetao em encostas etc. Os zoneamentos permitem que unidades de conservao sejam criadas de forma que haja restries sobre o tipo de atividade econmica a ser permitida a explorao. (MOTTA & REIS, 1994, p.561).

Controles diretos: consistem em regulaes que limitam nveis de emisses de poluentes

ou, ainda, especificaes obrigatrias para equipamentos ou processos produtivos.

Quanto aos instrumentos econmicos, buscam alcanar as metas ambientais sobre uma base de incentivos e desincentivos (sistema de preos) para os agentes econmicos. Essas ferramentas visam distribuir eqitativamente os custos ambientais, criando procedimentos cuja tnica seja o equilbrio entre a preservao dos recursos ambientais e o crescimento econmico. Os mais utilizados so:

- Taxao: a taxao, como instrumento econmico de gesto ambiental, consiste em impor ao agente econmico um custo sobre o uso de um bem ambiental. Neste caso, a autoridade ambiental faz com que os custos ambientais da atividade econmica sejam considerados pelo agente poluidor, resultando numa diminuio do nvel de degradao ambiental.

- Subsdios: este instrumento tem a funo de ajudar os poluidores a suportar os custos de controle da poluio naqueles ramos da economia em que haveria dificuldades para que as externalidades fossem internalizadas. Nesse sentido, os subsdios seriam limitados a perodos e transaes bem definidas e implantados sob a condio de no causarem grandes distores nos mercados e nos investimentos (OECD, 1997, p. 17)1.

- Licenas comercializveis de poluio: consiste em determinar um nvel mximo de poluio/degradao desejado para uma determinada regio e, a partir da, leiloar as licenas entre os interessados empoluir. Assim, cada unidade de licena representaria uma certa quantidade de poluio que o agente pode emitir e o seu total seria o mximo admissvel para a regio em questo (BELLIA, 1996, p. 204). Tambm consiste em distribuir aos poluidores, segundo algum critrio, certificados transacionveis para poluir.

- Depsitos reembolsveis: consiste em colocar uma sobretaxa no preo de um produto

potencialmente poluidor de forma que, quando a poluio evitada atravs do retorno de

1Os subsdios, segundo Baumol & Oates (1979, p. 218), podem assumir duas formas: (i) pagamentos especficos

por unidade de reduo de emisses poluidoras e (ii) subsdios para pagamentos dos custos dos equipamentos de

controle de poluentes.

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tal produto ou parte de seus resduos para um sistema de coleta, o pagamento da sobretaxa

seja feita ao consumidor de forma direta ou indireta2.

A importncia de se valorar os impactos

A ateno da Economia para os problemas ambientais acentuou-se com o aumento da poluio nas economias industrializadas. A Economia Ambiental ou Economia do Meio Ambiente o ramo da Cincia Econmica que se ocupa dessa anlise e mensurao, nela sobressaindo-se a verso neoclssica. Como enfatiza Daz (1999, p. 35), a Economia do Meio Ambiente umafilha

legtima da Economia do Bem-Estar, porquanto ela (a primeira) foi pioneira na incorporao de

conceitos como bens pblicos e externalidades, de importncia decisiva no processo de

conhecimento, medio e modificao do bem-estar social em todas as suas manifestaes.

Conforme dito anteriormente, a externalidade constitui uma das principais preocupaes da Economia Ambiental, demandando uma digresso para melhor explica-la no contexto da teoria microeconmica, como um dos mais importantes elementos de anlise dos impactos ambientais.

Externalidade , segundo Pindyck & Rubinfeld (2002, p. 632), a ao pela qual um produtor ou um consumidor influencia outros produtores ou consumidores, mas no sofre as conseqncias disso sobre o preo de mercado.

As externalidades sone gativas quando as aes de uma parte impem custos outra e, podem

ser consideradaspositiva s, quando as aes de uma parte beneficiam a outra.

Apesar de considerada como parte integrante da Economia do Bem-Estar, tratar-se- a Economia Ambiental como cincia responsvel pelo levantamento e valorao dos impactos ambientais, no levando em conta, portanto, as suas demais incumbncias como, por exemplo, a avaliao de polticas ambientais.

2 Esse instrumento comumente utilizado em produtos com ciclos de uso tais como embalagens de refrigerantes,

baterias e mesmo pneus de carro, de forma que a reciclagem e a reutilizao sejam incentivadas, reduzindo-se, assim,

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Vive-se hoje um perodo no qual a conscincia dos conflitos entre atividades e meio ambiente est explodindo. Considerando que os recursos naturais so passveis de uma futura exausto e, cada vez mais o homem tende a explora-los, torna-se necessrio produzi-los em quantidade compatvel com a da preservao do meio ambiente. O gerenciamento ambiental necessrio para garantir que a degradao ambiental e a conseqente decadncia da qualidade de vida, tanto nas cidades como no campo, parem de ocorrer (CARNEIRO et al., p. 1993).

A questo ambiental assume hoje uma magnitude impensada h duas dcadas. O problema se

tornou mundial, e a presso ambiental hoje uma realidade bastante visvel (KRAUSE, 1996).

No momento em que o sistema econmico criado pelo homem no mais compatvel com o sistema ecolgico oferecido pela natureza, existe a necessidade de uma nova adaptao das relaes entre o homem e a natureza. Surge dessa maneira a proposta da avaliao econmica do meio ambiente, que no tem como objetivo darpr eo a um certo tipo de meio ambiente e sim mostrar o valor econmico que ele pode oferecer e o prejuzo irrecupervel que pode haver caso seja destrudo (FIGUEROA, 1996).

Torna-se fundamental, a partir de ento, definir uma escala da economia em relao ao ambiente natural, pois a biosfera, da qual a economia um subsistema (Figura 2), no cresce. Sendo a biosfera finita, parece lgico que o subsistema econmico no pode romper e degradar o ambiente natural indefinidamente. E, sendo a biosfera a fonte de todos os materiais que alimentam a economia e o lugar de despejo de seus rejeitos, a economia tem de manter um tamanho que seus ecossistemas possam sustentar (MERICO, 1996)3. seus impactos adversos no meio ambiente e ao mesmo tempo poupando recursos naturais.

Figura 2: Biosfera Finita em Relao ao Crescente Subsistema EconmicoFigura 2: Biosfera Finita em Relao ao Crescente Subsistema EconmicoCaso o subsistema econmico ultrapasse a capacidade de sustentao dos ecossistemas, os processos de manuteno da vida podem se romper. Como essa externalidade no pode ser internalizada4, uma alternativa a incorporao desta externalidade nos preos dos produtos e servios.

A imposio de limites biofsicos sustentveis que determinar uma escala adequada para a economia e evitar o rompimento desses ecossistemas. A capacidade de sustentao destes ser garantida quando forem seguidos os seguintes pressupostos:

1) no retirar dos ecossistemas mais que sua capacidade de regenerao;

2) no lanar aos ecossistemas mais que sua capacidade de absoro (MERICO, 1996).

3 Para Pearce & Turner (1991), se algo proporcionado a preo zero, sua demanda ser maior do que se tivesse um

preo positivo. A grande demanda pode ultrapassar a capacidade do ecossistema de sustent-las.

4 Segundo Acselrad (1995), existem dois tipos de dificuldades a respeito da internalizao de custos ambientais: (i)

dificuldades aparentemente tcnicas de valorar processos ecolgicos incertos e heterogneos e (ii) dificuldades de identificar as fontes de legitimidade para fundamentar os valores econmicos de tais processos e faze-los valer nos mecanismos decisrios ou no mercado.

Vive-se hoje um perodo no qual a conscincia dos conflitos entre atividades e meio ambiente est explodindo. Considerando que os recursos naturais so passveis de uma futura exausto e, cada vez mais o homem tende a explora-los, torna-se necessrio produzi-los em quantidade compatvel com a da preservao do meio ambiente. O gerenciamento ambiental necessrio para garantir que a degradao ambiental e a conseqente decadncia da qualidade de vida, tanto nas cidades como no campo, parem de ocorrer (CARNEIRO et al., p. 1993).

A questo ambiental assume hoje uma magnitude impensada h duas dcadas. O problema se

tornou mundial, e a presso ambiental hoje uma realidade bastante visvel (KRAUSE, 1996).

No momento em que o sistema econmico criado pelo homem no mais compatvel com o sistema ecolgico oferecido pela natureza, existe a necessidade de uma nova adaptao das relaes entre o homem e a natureza. Surge dessa maneira a proposta da avaliao econmica do meio ambiente, que no tem como objetivo darpr eo a um certo tipo de meio ambiente e sim mostrar o valor econmico que ele pode oferecer e o prejuzo irrecupervel que pode haver caso seja destrudo (FIGUEROA, 1996).

Torna-se fundamental, a partir de ento, definir uma escala da economia em relao ao ambiente natural, pois a biosfera, da qual a economia um subsistema (Figura 2), no cresce. Sendo a biosfera finita, parece lgico que o subsistema econmico no pode romper e degradar o ambiente natural indefinidamente. E, sendo a biosfera a fonte de todos os materiais que alimentam a economia e o lugar de despejo de seus rejeitos, a economia tem de manter um tamanho que seus ecossistemas possam sustentar (MERICO, 1996)3.

seus impactos adversos no meio ambiente e ao mesmo tempo poupando recursos naturais.

Caso o subsistema econmico ultrapasse a capacidade de sustentao dos ecossistemas, os processos de manuteno da vida podem se romper. Como essa externalidade no pode ser internalizada4, uma alternativa a incorporao desta externalidade nos preos dos produtos e servios.

A imposio de limites biofsicos sustentveis que determinar uma escala adequada para a economia e evitar o rompimento desses ecossistemas. A capacidade de sustentao destes ser garantida quando forem seguidos os seguintes pressupostos:

1) no retirar dos ecossistemas mais que sua capacidade de regenerao;

2) no lanar aos ecossistemas mais que sua capacidade de absoro (MERICO, 1996).

Para Pearce & Turner (1991), se algo proporcionado a preo zero, sua demanda ser maior do que se tivesse um

preo positivo. A grande demanda pode ultrapassar a capacidade do ecossistema de sustent-las.

4 Segundo Acselrad (1995), existem dois tipos de dificuldades a respeito da internalizao de custos ambientais: (i)

dificuldades aparentemente tcnicas de valorar processos ecolgicos incertos e heterogneos e (ii) dificuldades de identificar as fontes de legitimidade para fundamentar os valores econmicos de tais processos e faze-los valer nos mecanismos decisrios ou no mercado.Os mtodos de valorao ambiental so importantes pois alm de dimensionar os impactos ambientais internalizando-os economia, tambm evidenciam custos e benefcios da expanso da atividade humana. Ter uma idia do valor do ambiente natural e inclui-lo na anlise econmica , pelo menos, uma tentativa de corrigir as tendncias negativas do livre mercado.

Para Pearce & Turner (1991) existem trs relaes de valores ambientais adotados nas sociedades

industrializadas (figura 3).

Segundo Merico (1996), duas categorias de mtodos de valorao ambiental podem ser

distinguidas:

- Mtodos Diretos: diretamente ligados aos preos de mercado ou produtividade, e so

baseados nas relaes fsicas que descrevem causa e efeito.

Valorao dos danos e externalidades ambientais em casos de acidentes com impacto ambiental e disposio final de resduos

Antnio de Oliveira Aleixo Jr e Joanna Diniz Pagy

Ex-alunos da ps-graduao em Engenharia Ambiental do Ietec

RESUMO

Atualmente nota-se uma crescente busca pela transformao dos recursos naturais em valor monetrio, pois existe ainda uma falta de clareza por parte das empresas sobre os valores dos recursos naturais, sendo considerados por muitos como filosficos e incalculveis.

Devido a danos ocorridos com disposio inadequada de resduos, estamos propondo estudar e valorar os danos nos trs nveis naturais (ar, solo, gua) e no nvel antrpico, atravs de unidades bem definidas, para propor valores e custos mais reais sobre os impactos ambientais causados.

1. INTRODUO

A globalizao um fenmeno que se desenvolve e se intensifica. Este processo modifica realidades conhecidas e conceitos estabelecidos. O grande desafio da humanidade do sec. XXI, modificar o conceito desenvolvimentista de progresso, urge a necessidades a de redefinir paradigmas na relao tecida entre a sociedade humana e seu meio ambiente.

O ambiente natural fornece a base necessria para que as atividades econmicas possam ser desenvolvidas, propiciando ao homem o acesso livre a uma enorme variedade de bens e servios.

Os processos produtivos, viga mestra do processo econmico resultam em externalidades negativas, principalmente ambientais.

Essas externalidades negativas so definidas por Paulani e Braga (2000, p.81) como custos decorrentes da atividade econmica e que no so valorados pelo mercado [...] como a poluio dos rios, do ar, reduo das floretas nativas, etc.

O dano ambiental ou ecolgico surge da violao a um direito juridicamente protegido, ferindo a garantia constitucional que assegura coletividade um meio ambiente equilibrado.A degradao ambiental e a conseqente queda na qualidade de vida foram os fatores que mobilizaram a comunidade internacional contra a crise do ambiente humano (WCED, 1988).

A anlise de mtodos de valorao econmica ambiental, suas caractersticas e aplicaes so componentes da economia de meio ambiente. fundamental, portanto, o estudo e o aprimoramento das tcnicas de valorao; a avaliao dos fatores que influenciam seus usos, conjuntos ou isolados, e de suas limitaes prticas de uso para que elas possam ser corretamente aplicadas e compreendidas.

O presente estudo parte do seguinte questionamento:

Como a valorao ambiental pode ser realizada com base em determinados mtodos?

De maneira generalizada objetiva-se analisar determinados mtodos de valorao.

Cada mtodo apresenta vantagens e desvantagens. O desafio maior para todas as correntes de pensamento identificar suas limitaes e procurar avanos na compreenso dos fenmenos naturais e do entendimento econmico, orientados pelo objetivo maior que o desenvolvimento sustentvel. Um estudo deste tipo justifica-se, principalmente na atualidade, pelo fato de que a sociedade como um todo discute e debate a busca do desenvolvimento sustentvel e a valorao dos recursos naturais.

2. REVISAO BIBLIOGRFICA

2.1 Algumas Leis Ambientais

A rigidez nas leis ambientais brasileiras so outra prova de que os recursos naturais representam um valor real, para a sociedade e a sua preservao vista com bastante seriedade , no s pelas autoridades brasileiras, mas para internacionais tambm.

Embora no exista uma poltica especfica para lixo eletrnico, que possa orientar com clareza o a disposicao final destes equipamentos, as Leis Ambientais Leis Federais dos Crimes Ambientais e do Gerenciamento de Recursos Hdricos alcanam todas as atividades produtivas. Dentre as Leis constantes do Direito Ambiental Brasileiro, segundo Machado (2001), no que diz respeito atividade ferroviria e a disposio final de resduos, destacam-se as Leis a seguir:

O dano ambiental, a degradao ambiental est definida no artigo 3 da Lei n 6.938/1981 e a alterao adversa das caractersticas do meio ambiente, de tal maneira que prejudique a sade, a segurana e o bem-estar da populao, crie condies prejudiciais s atividades sociais, afete desfavoravelmente a biota, prejudique condies estticas ou sanitrias do meio ambiente ou, por fim, lance rejeitos ou energia em desacordo com os padres ambientais estabelecidos. Em alguns casos o dano ambiental, de natureza difusa, atingindo uma coletividade de pessoas, sendo de difcil constatao e avaliao. O impacto pode ser produzido hoje e os efeitos do dano s aparecem aps vrios anos ou geraes.

2.3. Mtodos de valorao econmica ambiental

O principal componente da economia do meio ambiente o estudo da valorao dos recursos naturais e de seus mtodos. Esta questo se deve principalmente ao fato de que nos processos produtivos ocorrem externalidades negativas, principalmente ambientais.

Essas externalidades negativas so definidas por Paulani e Braga (2000, p.81) como custos decorrentes da atividade econmica e que no so valorados pelo mercado [...] como a poluio dos rios, do ar, reduo das florestas nativas, etc. Assim, surge a economia do meio ambiente e seu grande desafio de criar mtodos de valorao ambiental, a fim de contribuir para o desenvolvimento sustentvel e torna o meio ambientemais palpvel para empresrios, que inclui: crescimento da produo, justia distributiva e preservao ambiental. Importante salientar que o desenvolvimento sustentvel no significa, segundo Romeiro (2003) a busca por um ecossistema esttico, mas sim em equilbrio, sendo assim um processo dinmico de interaes entre as diversas espcies nele contidas.

A capacidade do planeta de suportar os impactos dos processos produtivos deve ser levada em considerao por todos e cabem aos cientistas, dentre eles os prprios economistas, proporem mtodos e formas de buscar a preservao ambiental. Romeiro (2003, p. 17) afirma que o progresso cientfico e tecnolgico na avaliao dos impactos ambientais e sua contabilizao monetria so elementos importantes nesse processo de educao e conscientizao ecolgica.

Para cumprir com os objetivos propostos neste trabalho foi escolhido o mtodo dedutivo, que trata dos diferentes mtodos para valorao ambiental de acordo com o grau de detalhamento de cada um deles em cada caso.

Este trabalho procura apresentar uma forma de valorar o recurso ambiental, bem como detalhar os componentes deste valor.

Para May et. al. (2003) e Gonalves (2006), o valor econmico total de um recurso ambiental compreende a soma dos valores de uso e do valor de existncia do recurso ambiental, este ltimo tambm conhecido como valor de no uso. Os valores de uso compreendem a soma dos valores de uso direto, uso indireto e valores de opo.

Assim, o valor econmico total pode ser dado pela equao: VET = VU + VNU

Onde VET Valor Econmico Total, VU Valor de Uso e VNU Valor de No Uso. Lembrando que o valor de uso desagregado em valor de uso direto, valor de uso indireto e valor de opo, portanto:

VU = VUD + VUI + VO

Valor de uso direto aquele derivado da utilizao ou consumo direto do recurso, sendo que o mesmo recurso ambiental pode ter vrios usos distintos e, sendo assim vrios valores de uso direto.

Valor de uso indireto consiste no valor que advm das funes ecolgicas do recurso ambiental. o bem-estar proporcionado pelo recurso ambiental de forma indireta (por exemplo: a qualidade da gua, o ar puro, dentre outros).

Valor de opo relaciona-se com a quantia que os indivduos estariam dispostos a pagar para manter o recurso ambiental para o uso no futuro, ou seja, deixando de usar no presente para us-lo no futuro.

Valor de no uso ou valor de existncia est relacionado com a satisfao pessoal em saber que o recurso est l, sem que o indivduo tenha vantagem direta ou indireta dessa presena, sendo assim diferente do valor de uso, que representa o valor que as pessoas obtm a partir do uso do objeto.

Assim sendo, para a valorao econmica deve-se tomar o cuidado de no adicionar valores mais de uma vez, ou ainda, no somar valores que no seriam possveis se outro uso do recurso tiver sido considerado.

Fig. 1 Tipos de valores ambientais

Os estudos recentes da economia do meio ambiente produziram uma srie de mtodos de valorao econmica dos recursos ambientais, bem como de suas perdas. Neste estudo iremos aplicar a composio de diversos mtodos utilizados para valorao ambiental, sendo os seguintes:

Mtodo de Preos Hednicos (MPH);

Mtodo de Custos de Reposio (MCR);

Produtividade Marginal e Mtodo de Dose Resposta (MDR)

Mtodo da Curva de Possibilidade de Produo (CPP);

Mtodo da confrontao do Benefcio Marginal Social e do Custo Marginal Social (BMgS x CMgS).

2.3.1 Mtodo de preos hednicos (MPH)

Considerado um mtodo indireto de valorao econmica ambiental, permite, segundo Ortiz (2003) a estimao de um preo implcito das caractersticas ambientais de bens que so comercializados no mercado.

Pearce (1993) apud Nogueira et. al. (1998) afirma que este mtodo tem aplicao apenas nos casos em que essas caractersticas possam ser capitalizadas nos preos de residncias ou imveis. Para isso necessrio obter dados de preos dos imveis e todas as suas caractersticas que sejam relevantes na formao deste preo de mercado, sendo que, dentre estas caractersticas, as questes ambientais, como, por exemplo, a poluio atmosfrica, devem ser tambm consideradas.

Motta (1990) explica que o diferencial de preos das residncias localizadas nos lugares onde a poluio no existe, ou muito baixa, e aquelas em locais altamente poludos, pode permitir estimar a disposio para pagar pela reduo desta poluio.

Maia et. al. (2004) apresenta uma funo de preos hednicos de uma residncia (i) da seguinte forma:

P(i) = P(Ri, Sei, Ai)

Onde P(i): preo da residncia; Ri: caractersticas estruturais (cmodos, rea); Sei: caractersticas scio-econmicas da regio (ndices, sociais, etnias) e Ai: caractersticas ambientais (poluio, proximidade de parques, arborizao). Ou seja, somente caractersticas que apresentem alta correlao com o preo da propriedade.

Desta forma a valorao econmica ambiental seria dada pela variao do preo do imvel devido a uma unidade adicional (marginal) da caracterstica ambiental.

2.3.2 - Mtodo de custos de reposio (MCR)

Trata-se de um mtodo que se utiliza de preos de mercado do bem e/ou servio que est sendo afetado.

Para Ortiz (2003, p.90) consiste em estimar o custo de repor ou restaurar o recurso ambiental danificado, de maneira a restabelecer a qualidade ambiental inicial. Este mtodo usa o custo de reposio ou restaurao como uma aproximao da variao da medida de bemestar relacionada ao recurso ambiental.

Maia et. al. (2004) afirma que este mtodo nos fornece uma idia dos prejuzos econmicos causados pela alterao na proviso de determinado recurso natural.

Nogueira et. al. (1998, p.17) elucida que a operacionalizao deste mtodo feita pela agregao dos gastos efetuados na reparao dos efeitos negativos provocados por algum distrbio na qualidade ambiental de um recurso utilizado.

2.3.3 - Mtodo de produtividade marginal e mtodo de dose resposta (MDR)

Optou-se, neste estudo, por apresentar estes dois mtodos em conjunto pelo fato de ambos possurem caractersticas intrnsecas equivalentes, sendo at mesmo complementares.

Sinisgalli (2005) observa que o recurso natural afeta diretamente a funo de produo de um determinado bem ou servio. Por isso este mtodo tambm pode ser conhecido por Mtodo de Funo Produo, ou seja, estimar como a produtividade marginal pode ser impactada pela diminuio ou degradao do recurso natural utilizado nesta produo.

Esta idia vem contra o pensamento clssico que considerava o fator recursos naturais (RN) fixo, ou seja, no sofrendo variaes e portanto no afetando a variao da produo.

Ortiz (2003, p.91) afirma que este mtodo visa achar uma ligao entre uma mudana no provimento de um recurso ambiental e a variao na produo de um bem ou servio de mercado que necessite deste recurso.

Nogueira et. al. (1998) complementa que este mtodo enfatiza a relao tcnica entre a aplicao de uma dose de poluio e a resposta na reduo da quantidade produzida de um determinado produto.

2.3.4 - Mtodo da curva de possibilidade de produo (CPP)

Trata-se de uma extenso dos mtodos de produtividade marginal e dose resposta, com uma aplicabilidade mais objetiva, proposta por este artigo.

A curva de possibilidade de produo consiste segundo Vasconcellos e Garcia (2005, p. 4) na expresso da capacidade mxima de produo da sociedade, supondo pleno emprego dos recursos ou fatores de produo de que se dispe em dado momento no tempo. Trata-se de um conceito terico que demonstra como a escassez de recursos impe limite para a capacidade de produo.

Portanto a economia de qualquer regio, pas ou mesmo de uma empresa possui um limite mximo conhecido como produo potencial ou potencial produtivo, quando todos os fatores de produo no apresentam capacidade ociosa.

2.3.5 - Mtodo da confrontao do benefcio marginal social e do custo marginal social (BMgS X CMgS)

Assim como o anterior, este mtodo parte de um aprimoramento do mtodo de produtividade marginal e dose resposta, pois demonstra a confrontao entre o custo marginal social (CMgS) e o benefcio marginal social (BMgS) das perdas oriundas da utilizao dos recursos naturais.

Para Nogueira el al. (1998, p. 12) ...as variaes na qualidade de um recurso ambiental so mensuradas pelo lado dos benefcios ou dos custos resultantes dessas mesmas variaes.

Comune (1993) explica que deve-se determinar se o custo da alterao ambiental maior ou menor que o benefcio advindo desta alterao, sendo esta uma importante questo que a teoria econmica pode colaborar na soluo.

Alm de apresentar a confrontao entre CMgS e BMgS, este mtodo ainda prope apresentar o reflexo no benefcio total que a sociedade obtm na utilizao dos recursos naturais. Portanto usa-se o conceito de marginal a fim de demonstrar a partir de que ponto o benefcio total passa a ser influenciado e como ocorre essa influncia.

2.4 A composio dos preos

A composio de mtodos importante pelo fato de demonstrar que no existe um mtodo nico a ser empregado na anlise e valorao de perdas ambientais, mas uma complementao entre eles dependendo do caso que esteja sendo analisado.

As especificidades de cada caso devem ser analisadas para que se possam ser escolhidos os mtodos e determinar suas aplicabilidades.

A composio correta poderia resultar em um sistema de valorao ambiental nico, que congregaria os diversos mtodos adotados para um mesmo caso especfico. Esta mensurao poderia ser realizada conforme o modelo abaixo:

VTC = (M1 + M2 + M3...+ Mn)

Onde, VTC: Valorao Total Composta e M1, M2, M3 ...Mn: mtodos de valorao aplicados ao caso estudado

Ou seja, a valorao total composta de mtodos seria a soma de todos os danos calculados em relao a cada metodologia.

3. METODOLOGIA

A pesquisa uma atividade voltada investigao de um fato ou realidade por meio de processos cientficos.

Minayo, 2003, entende a pesquisa como atividade bsica da cincia na sua indagao e a construo da realidade. Embora seja uma pratica terica, a pesquisa vincular pensamento e aes.

Os dados levantados na pesquisa nortearo a proposio de soluo.

O presente trabalho utiliza a pesquisa denominada exploratria que tem por finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos que possibilitaro a formulao mais precisa dos problemas e hipteses.

Este tipo de pesquisa realizado especialmente quando o tema escolhido pouco explorado ou quase desconhecido, como o caso deste trabalho.

Ao proceder a investigao inicial se fez necessrio o levantamento bibliogrfico onde foram levantados em explicar um determinado problema com a bibliografia disponvel.

Este trabalho apresenta citaes de temas como economia ambiental, valor, dano ambiental, valorao do dano ambiental e lixo eletrnico

Posteriormente, estudamos como elaborar o custo do risco ambiental, os aspectos de relevncia nas escolhas dos mtodos de valorao a serem utilizados em cada acidente, suas aplicabilidades e limitaes. Concentramos esforos em buscar e analisar os pontos positivos das metodologias j existentes e sua relevncia na preservao ambiental.

Diante dessa realidade, o estudo de caso a tcnica mais precisa e aconselhvel para seu desenvolvimento.

Os resultados obtidos por meio da pesquisa bibliogrfica consultada que se tornaram possveis elaborao e execuo da segunda parte da pesquisa adotada descrita a seguir:

b) visita ao local de interesse;

c) contatos pessoais no local;

d) levantamento dos problemas ou situaes sob forma de perguntas.

Na segunda fase do trabalho, desenvolvemos uma pesquisa descritiva, que em suas diversas formas, trabalha os dada ou fatos levantados contextualizados com aquela realidade.

Este forma de pesquisa permite a observao, registro, anlise e a correlao dos fatos e suas conexes a outros fenmenos.

Os dados obtidos passam por uma tabulao de modo a permitir seu estudo, sendo que ser realizada a escolha de 05 mtodos de valorao ambiental para proceder a composio de preos para atribuir valor ao dano ambiental dos dois estudos de caso.

4. RESULTADOS

Aps realizao do levantamento bibliogrfico, foram verificados diversos tipos de mensuraes para danos ambientais, para esclarecer e definirmos os custos em reais (R$) dos danos unitrios por tipo de atividade ou ecossistema afetado.

O custo do risco ambiental foi elaborado baseado em uma planilha de aspectos e impactos ambientais, tomando o cuidado de definir para cada linha uma unidade de medida e sua converso monetria, de acordo com os estudos j realizados nesta rea, alm de decises judiciais a cerca de acidentes com danos ambientais e a Lei 9605/98 (Lei de Crimes Ambientais).

Estudo de Caso Disposio Inadequada de Equipamentos Eletrnicos

Foram verificados que para cada tonelada de lixo eletrnico liberam-se as seguintes substancias qumicas (metais pesados) que causam dano ambiental:

Brio, Berlio, Cdmio, Cobalto, Cromo, Mangans

As mesmas provocam contaminao de solos, rios e lenois subterrneos e efeitos mais srios da contaminao ambiental:

( Bioacumulao pelos organismos vivos;

( Fauna e flora concentram metais em nveis milhares de vezes maiores que os presentes no ambiente;

( Atingem todos os nveis trficos.

Alumnio: plantas tm suas funes vitais afetadas

Ocorrncia de mal de Alzheimer.

Arsnio: Acumula-se no fgado, rins, trato gastrointestinal, bao, pulmes, ossos, unhas

efeitos crnicos: cncer de pele e dos pulmes, anormalidades cromossmicas e efeitos teratognicos (deformao fetal)

Cdmio: Acumula-se nos rins, fgado, pulmes, pncreas, testculos e corao

possui meia-vida de 30 anos nos rins

causa intoxicao crnica

descalcificao ssea, leso renal, enfisema pulmonar

efeitos teratognicos e carcinognicos (cncer).

Brio: No se acumula, efeitos no corao, constrio dos vasos sanguneos, elevao da presso arterial e efeitos no sistema nervoso central (SNC).

Cobre: Intoxicaes como leses no fgado.

Chumbo: Mais txico dos elementos!

acumula-se nos ossos, cabelos, unhas, crebro, fgado e rins

em baixas concentraes causa dores de cabea e anemia

exerce ao txica na biossntese do sangue, no sistema nervoso, no sistema renal e no fgado

constitui-se veneno cumulativo de intoxicaes crnicas que provocam alteraes gastrointestinais, neuromusculares, hematolgicas podendo levar morte.

Mercrio: atravessa facilmente as membranas celulares, sendo prontamente absorvido pelos pulmes;

precipitao protenas (modifica as configuraes das protenas) sendo grave suficiente para causar um colapso circulatrio no paciente, levando a morte

altamente txico ao homem, sendo que doses de 3g a 30g so fatais

efeito acumulativo e provoca leses cerebrais

efeitos de evenenamento no sistema nervoso central e teratognicos.

Cromo: armazena-se nos pulmes, pele, msculos e tecido adiposo

pode provocar anemia, alteraes hepticas e renais, alm de cncer do pulmo

Nquel: carcinognico, atua diretamente na mutao gentica

Zinco: efeito mais txico sobre os peixes e algas (conhecido)

Prata:

cumulativo: 10g como Nitrato de Prata letal ao homem.

Segundo relatrio da ONU, o Brasil produz 0,5 kg de lixo eletrnico por habitante por ano.

Assim, podemos considerar que de acordo com a gerao mdia de resduos da populao (1 kg por dia), temos no Brasil a gerao estimada de 90.000 Toneladas de lixo eletrnico por ano.

INCLUDEPICTURE "http://www.ietec.com.br/bolttools/files/a3.jpg" \* MERGEFORMATINET

Com base nesta informao, considerando a disposio em rea inadequada (solo livre, sem cobertura e prximo a curso dgua, realizou-se o cruzamento de dados para valorao no mtodo.

Os valores identificados para a disposio inadequada do lixo eletrnico foi de:

Mtodo de Preos Hednicos (MPH): O valor dos imveis sofreram queda devido ao dano ambiental provocado pois a rea esta contaminada com metais pesados. O uso do solo e gua na regio ficar comprometido. Assim, temos uma queda de aproximadamente 40% no valor dos imveis da regio, considerando um valor mdio de R$ 2.000,00 o m2, temos o seguinte valor:

Total (MPH): R$ 2.000,00 x 0,40 = Valor de perda (MPH): R$ 800,00 m2

Mtodo de Custos de Reposio (MCR): Os valores gastos com reposio para remoo de metais pesados de sola so elevados, entretanto faremos aqui o valor de mercado utilizado para remoo de diversos tipos de metais por m2:

Valor de mercado, segundo consultorias atuantes no Pas: R$ 14.000,00 m3

Total (MCR): R$ 14.000,00 m3

Produtividade Marginal e Mtodo de Dose Resposta (MDR): Podemos considerar a rea de estudo como preservada, sendo utilizada como aterro controlado. Assim, em relao ao uso do recurso natural estaremos minimizando a capacidade do meio ambiente de fornecer os servios ambientais ecossistmicos. Consideramos este valor hipottico de R$ 10.000,00 m2

Total (MDR): R$ 10.000,00 m2

Mtodo da Curva de Possibilidade de Produo (CPP): Como neste caso no temos perda de produo podemos considerar a perda do material no reciclvel. Assim, temos:

Composio do material do lixo eletrnico:

40% Plstico

37% Metal

5% Dispositivo Eletrnico

1% Borracha

17% Outros Materiais

Para o total de lixo gerado no Brasil:

Resduos gerados: 90.000 / ano * (valor do kg plstico* % plstico + valor do kg de metal * % metal + valor do kg de eletrnicos * % eletrnicos + valor kg de borracha * % borracha)

Temos portanto (CPP): 90.000*0,40*0,25 + 90.000*0,37*1,20 + 90.000*0,05*20,00 + 90.000*0,001*0,15)

(CPP): 9.000.000 + 39.900.000 + 90.000.000 + 13.500

Valor CPP: R$ 138.913.500,00

Mtodo da confrontao do Benefcio Marginal Social e do Custo Marginal Social (BMgS x CMgS): Dano social referente a disposio inadequada foi considerada como hipottica no valor de R$ 10.000,00 por pessoa

Total (BMgS x CMgS): R$ 10.000,00 por pessoa

VTC = MPH + MCR + MPR + CPP + CMgS =>

Valorao Total Composta (VTC): R$ 800,00*m2 + R$ 14.000,00*m3 + R$ 10.000,00 * m2 + R$ 138.913.500,00+ R$ 10.000,00* numero pessoas atingidas.

Valorao Total Composta (VTC): MAIOR que R$ 139.000.000,00

5. CONCLUSO

Podemos concluir que a composio de mtodos bem objetiva em relao a valorao de danos ambientais podendo ser utilizada em diversas situaes ou at como medida preventiva de prticas ambientais, entretanto verifica-se a necessidade de um estudo mais profundo e detalhado em relao a diferentes ecossistemas, e deve-se levar em conta sua raridade ou especificidade no sistema como um todo e devem ainda passar pela aplicao prtica para demonstrar sua eficcia.

A prtica um primeiro passo na busca da valorao de danos ambientais e externalidades e pode servir de subsidio para pesquisas posteriores demonstrando assim que um mesmo dano ambiental pode ser valorado por diferentes mtodos, o que torna necessrio uma forma de agregar e ponderar tais mensuraes, a fim de contribuir para uma anlise mais abrangente e objetiva.

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