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4+Editorial4+Editorial

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QUESTÃO DE FOCO

Ricardo Pinto

Há uma estória que diz que, quando a NA-SA iniciou o lançamento de astronautas, des-cobriram que as canetas não funcionavam com gravidade zero. Para resolver o problema, con-trataram uma famosa empresa de consultoria internacional. Depois de uma década de tra-balho e tendo dispendido US$ 12 milhões, eles conseguiram desenvolver uma caneta que es-crevia com gravidade zero, de ponta cabeça, debaixo d’água, em qualquer superfície, in-clusive cristal, e em diversas temperaturas, desde 0°C a até mais de 300°C. Já os russos, na época, utilizaram lápis.

Este caso, enviado pelo colega Walter Ven-tura Jr., dá-nos a verdadeira dimensão da arma-dilha em que costumamos cair rotineiramente: focarmos nossos pensamentos e ações no pro-blema que temos a resolver e não na solução que temos que encontrar.

Normalmente, aproveitando o exemplo, seguimos a seguinte linha de raciocínio: 1°) Qual o problema? As canetas não funcionam na ausência de gravidade. 2°) Como resolver o problema? Oras, criando uma caneta especial que funcione no espaço. Certo? Erradíssimo!

Este é o procedimento padrão de quem está com o foco centrado no problema, ou seja, o problema em si é que está sendo o centro de

convergência de sua atenção. Então, qual deve-ria ser nossa linha de pensamento para não cair-mos nesta armadilha? Como agirmos para ter o foco na solução e não no problema?

Continuemos no exemplo: 1°) Qual o pro-blema? As canetas não funcionam na ausência de gravidade. 2°) Por quê? Porque em ambiente sem gravidade a tinta não flui. 3°) Qual é nossa necessidade? Escrever em ambiente de gravida-de zero. 4°) Qual a solução para esta necessi-dade? Não usar dispositivos que dependam da gravidade, como é o caso do lápis.

Agora deu para entender porque, neste caso, os russos suplantaram os americanos? E quantas e quantas vezes não nos deparamos com situa-ções de erro de foco? Por exemplo, quando que-remos diminuir o custo de produção e cortamos gastos com itens ligados à produtividade. Ao final, descobrimos que diminuímos a produtivi-dade e, contrariamente ao nosso desejo inicial, aumentamos nosso custo.

É por isso que, cada vez mais, as empresas buscam para seus quadros profissionais flexí-veis, que saibam trabalhar com recursos, pra-zos e barreiras culturais e organizacionais de forma customizada, mas sempre e imprescindi-velmente com o foco na solução e no resultado a ser obtido.

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5+Expediente

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Diretora FinanceiraPatrícia Nogueira Díaz Alves [email protected]

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CTP e ImpressãoGráfi ca SilvamartsISSN 1679-5288

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RedaçãoDiana Nascimento [email protected] Natália Cherubin [email protected]

Fotografi aMikeli SilvaRogério Pinto

Projeto Gráfi coRogério Pintofone: 11 [email protected]

Diagramação Fernando Almeida [email protected]

AdministraçãoCamila [email protected] Custódiofi [email protected] Carolina [email protected]

Departamento de MarketingMikeli Silva [email protected]

RPANews é lida mensalmente por aproximadamente 35.000 execu-tivos, profi ssionais e empresários ligados à agroindústria da cana-de--açúcar do Brasil.

CONSELHO EDITORIALAilton Antônio Casagrande Alexandre Ismael Elias Antônio Carlos Fernandes Antônio Celso Cavalcanti Antônio Vicente Golfeto Celso Procknor Eduardo José Alves HilárioEgyno Trento Filho Geraldo Majela de Andrade Silva Guilherme Menezes de Faria Henrique Vianna de Amorim João Carlos de Figueiredo Ferraz José Pessoa de Queiroz Bisneto José Velloso Dias Cardoso Leonardo Mina VianaLuiz Custódio da Cotta Martins Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo Luiz Chaves Ximenes Filho Manoel Carlos Azevedo Ortolan Marcos Guimarães Landell Marco Antonio da Fonseca VianaMaurilio Biagi Filho Osvaldo Alonso Paulo Adalberto Zanetti Ricardo Pinto Rogério António Pereira

Assinatura anual (12 edições): R$ 150,00 - Número avulso: R$ 15,00. Pedidos devem ser enviados ao en-dereço abaixo, acompanhados de cheque nominal à RICARDO PINTO E ASSOCIADOS CONSULTORIA AGRO INDUSTRIAL LTDA RPANews não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. Matérias não solicitadas, fotografi as e artes não serão devol-vidas. É autorizada a reprodução das matérias, desde que citada a fonte

www.revistarpanews.com.br

edição 161Ano 13Junho de 2014

“O absurdo é a razão lúcida que constata os seus limites.”Albert Camus

“O homem que sofre antes de ser necessário, sofre mais do que o necessário.”Sêneca

“O que está fora da vista perturba mais a mente dos homens do que aquilo que pode ser visto.”Júlio César

“Raramente pensamos no que temos, mas sempre no que nos falta.”Arthur Schopenhauer

“A máquina não isola o homem dos grandes problemas da natureza, mas insere-o mais profundamente neles.”Antoine de Saint-Exupéry

Índice

Por dentro da usina

Aspas

Atualidades Jurídicas

34

33

38

Dicas e novidades 36

Executivo 39

Dropes

Especial 6 Contornando a cintilação ionosférica

TecnologiaAgrícola 16 Adubação biológica de cana reduz

custos

Conjuntura

Tecnologia Industrial

26

22

28

30

Modelo brasileiro de produção de etanol vira tema de livro

Peça-chave para a produção de etanol 2G

Redução nas vendas marcou Agrishow 2014

Doce sinergia

Tá nervoso? Vá para o canavial!

Fórum 14 Até quando as usinas e grupos de usinas suportarão ter prejuízos?

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especial

6+Especial – Cintilação

Ao olhar pela paisagem da janela do carro durante uma viagem pelas estradas do Centro-Sul do País não é muito difícil se deparar com tratores e colhedoras de cana-de-açú-car trabalhando quase sem a intervenção de pessoas. O que permite isso são os pilotos automáticos, uma das tecnolo-gias de Agricultura de Precisão (AP) que visa, com o pro-cessamento de informações detalhadas e georreferenciadas, definir estratégias de manejo mais eficientes e o uso mais racional de insumos.

Os pilotos automáticos, as barras de luz e a aplicação de fertilizantes e herbicidas em taxa fixa ou variada são algu-mas das ferramentas de AP mais comumente utilizadas den-tro do setor sucroenergético, que ainda sofre limitações no uso destas tecnologias não só pelo alto número de máquinas utilizadas nos canaviais, como também pela complexidade das operações e da cultura da cana em si.

Além das dificuldades com relação ao elevado custo de aquisição e implantação dos equipamentos de AP, a falta de informação e treinamento adequado - que impactam direta-mente na adoção das tecnologias -, existem ainda os proble-

mas que podem ocorrer por conta de causas naturais, como é o caso do fenômeno chamado cintilação ionosférica, que acaba por interferir significativamente na qualidade do sinal recebido pelas antenas dos equipamentos utilizados na AP.

O QUE É CINTILAÇÃO IONOSFÉRICA?

A atmosfera terrestre pode ser dividida em troposfera e ionosfera para estudos sobre os efeitos causados nos sinais GNSS (Global Navigation Satellite System, sigla mais abran-gente para os sistemas GPS e similares) transmitidos pelos satélites. A ionosfera tem forte influência na propagação dos sinais GNSS, podendo causar efeitos degenerativos nos sinais transmitidos. A formação desta região está associada aos raios solares incidentes na atmosfera terrestre e seu com-portamento depende da hora local, latitude, estações do ano e do nível de atividade solar.

Existem irregularidades na ionosfera que também afetam a propagação dos sinais GNSS, como é o caso da cintilação ionosférica, que pode ser descrita como uma mudança rá-

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pida na fase e amplitude do sinal GNSS, causada por irregularidades da densidade dos elétrons ao longo do caminho percorrido pelo sinal. A cintilação pode en-fraquecer ou até mesmo causar a perda total do sinal GNSS recebido pelos receptores.

O engenheiro, cartógrafo e mestre em Ciências Cartográficas com ênfase em Posicionamento por Saté-lites da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Mar-co Aurélio Moraes de Mendonça, faz uma analogia. “O produtor rural pode ter os mais modernos equipa-mentos e tecnologias do mercado e não ter uma boa produção porque as condições meteorológicas ainda exercem um papel fundamental nos números finais da produção. A diferença para o equipamento utilizado no posicionamento por satélites é que as condições meteorológicas são chamadas de ‘Clima Espacial’, e ao invés de nos atentarmos à ocorrência de precipita-ção, granizo ou temperaturas, nos importamos com as condições da camada atmosférica chamada de Ionos-fera, onde, entre outros fenômenos, ocorre também a chamada Cintilação Ionosférica.”

Ainda segundo Mendonça, os fabricantes de re-ceptores GNSS estão a par da situação que não afeta somente a AP, mas também aplicações de extração de petróleo, navegação aérea, marítima e georreferencia-mento de imóveis rurais entre outras. “Dessa forma, é importante que o usuário com a intenção de adquirir um sistema de posicionamento por satélites para AP questione o fabricante sobre os esforços que vem sendo feitos nesse sentido.”

Fábio Magnani Paro, consultor da ASF (Agricultu-re Solutions Finder) Consultoria Agrícola, explica que os problemas de interferências causados pela cintilação vem sendo avisadas e estudadas desde 2002, porém pouca importância se deu pelos evidentes e comprova-dos benefícios das tecnologias. “Em 2010, 2011 e 2013 os problemas começaram a ocorrer de maneira muito intensa pelas previstas e avisadas tempestades solares que se confirmam sobre o Brasil (essas tempestades sempre existiram e sempre existirão - fenômeno muito conhecido e ocasionado por elas é a aurora boreal no norte e austral no sul) esse ano e também no próximo ano. Em 2016, segundo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e Unesp, deveremos ter uma queda desses eventos.

A figura 1, extraída do trabalho de mestrado de Mendonça mostra, em azul mais escuro, as regiões mais afetadas por cintilação ionosférica do País. Vê-se que compreende boa parte dos estados do Paraná, Mato

Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Sul da Bahia, entre outros. “Nessas regiões a probabili-dade da interrupção dos serviços por conta da atividade na ionosfera é ainda maior que na parte em azul claro ou branca”, explica o pesquisador.

A SOLUÇÃO EXISTE?A cintilação não tem hora certa para começar e nem

para acabar, tornando-se importante motivo de parada de máquinas nos canaviais. De acordo com Ricardo Pinto, só-cio-diretor da RPA Consultoria, as usinas e fornecedores de cana, para não perder tempo devido à cintilação, voltaram a fazer o sistema manual ou mesmo linhas-guia quando o RTK está funcionando para depois fazerem manualmen-te o alinhamento entre as linhas-guia, uma evolução bem cara do antigo “bigode”.

Há sistemas que ficam funcionando alguns minutos após a perda de sinal RTK, mas o tempo parado por cinti-lação tem atingido horas e horas, o que reduz ou elimina a efetividade destes sistemas. “Qual o caminho para solu-cionar este impacto?”, questiona Ricardo.

Paro responde que algumas medidas podem ser consi-deradas, adotadas e avaliadas pelo setor como:- adquirir equipamentos para o médio prazo com maior

número possível de recepção de sinais de satélites do GNSS (Navstar - GPS norte americano, Glonass russo, Galileo europeu para 2020, Beidou chinês para 2020);

- equacionamento do uso de antenas fixas entre as empre-sas para melhor cobertura, o que já está em andamento;

- pesquisa, homologação, liberação e uso de algoritmos que visam melhorar e corrigir os problemas entre saté-

7+Especial – Cintilação

Figura 1: Regiões brasileiras afetadas em intensidade pela cintilação ionosférica

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lite - bases fi xas – rovers;- diminuir as distâncias entre antenas nas

empresas com aumento de rovers e/ou fi xas nas operações agrícolas;

- acompanhar sistematicamente as previ-sões de tempestades e se ocorrerão cin-tilações (o INPE já tem esse serviço gra-tuito online);

- criação de uma agência reguladora (não fi scalizadora) administrada pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-pecuária), INPE, institutos de pesquisas, universidades e iniciativa privada para direcionar, divulgar e orientar as ações de pesquisa e de organização de uma malha de antenas interconectadas para mitiga-ção, troca de informações e experiências.

“O assunto é muito importante e esta-mos em um momento desmotivador (crise setorial severa e picos de tempestades sola-res). Não sou especialista no assunto, mas me parece que o Brasil não é a bola da vez só com Copa do Mundo e Olimpíadas, o Sol resolveu nos dar uma atenção especial também”, brinca Paro.

Mendonça diz que atualmente os fabri-cantes têm recorrido a substitutos do sinal local. Há soluções no mercado disponíveis pelas principais empresas que, em momen-tos de cintilação, recorrem às correções en-viadas por satélites especializados para esse

tipo de serviço. Esse tipo de artifício não resolve o problema, mas pode minimizá-lo dependendo da intensidade da interferên-cia do sinal.

Outro método que vem sendo utiliza-do, que vale para propriedades grandes, é o uso de bases móveis de RTK. Em distân-cias maiores que 10 km ou 15 km, já há condições para que a ionosfera se torne um fator determinante na qualidade do funcio-namento do equipamento. Nesse caso, ba-ses móveis são enviadas para a região da frente de operação, diminuindo a distân-cia e consequentemente a probabilidade de interrupção. Novamente, ainda não é um método defi nitivo, mas ajuda a diminuir a necessidade de interrupção das atividades.

“Vale frisar que o usuário da tecnologia deve sempre manter o receptor e sua base RTK atualizados e em boas condições. Mui-tas vezes o software que roda internamente nos receptores (chamado de fi rmware) pode estar desatualizado e sem as últimas novi-dades desenvolvidas pelo fabricante, que podem minimizar o problema. Além disso, por mais incrível que pareça, um cabo de conexão entre o receptor e a antena, que es-teja de alguma forma muito desgastado, po-de causar nos equipamentos o mesmo efeito da cintilação”, alerta Mendonça.

Para o usuário que encontra frequente-

PARA QUEM ENCONTRA FREQUENTEMENTE PROBLEMAS DE INTERRUPÇÃO DO SERVIÇO, O SEGUINTE CHECK-LIST PODE SER ÚTIL:

- No Brasil, a cintilação ionosférica ocorre majoritariamente entre os meses de setembro e abril, após o pôr do Sol até o amanhecer, podendo durar entre alguns minutos e algumas horas. Qualquer interrupção fora dessas condições pode ser um indício de outro problema;

- Deve-se verifi car periodicamente as condições das bases RTK, como condição dos cabos, temperatura do equipamento, condições de limpeza etc;

- Deve-se consultar o revendedor ou fabricante sobre atualizações de fi rmware para o seu equipamento. Alguns fabricantes chegam a lançar atualizações várias vezes ao ano. O processo de atualização é simples e pode ser aprendido e aplicado por qualquer pessoa com conhecimento básico em informática.

8+Especial – Cintilação

O piloto automático é uma das tecnologias que sofre por conta dacintilação ionosférica

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10+Especial – Cintilação

mente problemas de interrupção do serviço, o seguinte check-list pode ser útil:- no Brasil, a cintilação ionosférica ocorre majorita-

riamente entre os meses de setembro e abril, após o pôr do Sol até o amanhecer, podendo durar entre alguns minutos e algumas horas. Qualquer interrup-ção fora dessas condições pode ser um indício de outro problema;

- deve-se verificar periodicamente as condições das bases RTK, como condição dos cabos, temperatura do equipamento, condições de limpeza, etc;

- deve-se consultar o revendedor ou fabricante sobre atualizações de firmware para o seu equipamento. Al-guns fabricantes chegam a lançar atualizações várias vezes ao ano. O processo de atualização é simples e pode ser aprendido e aplicado por qualquer pessoa com conhecimento básico em informática.

“Há ainda disponíveis no mercado, estações de mo-nitoramento de cintilação ionosférica. Basicamente, elas funcionam mostrando a qualidade do sinal advindo dos satélites. Dessa forma, quando não há certeza se realmente há alguma falha no equipamento, ou inter-ferência atmosférica, esse tipo de equipamento pode

mostrar a raiz do problema. Essa solução é utilizada, por exemplo, pela Petrobras, Força Aérea, e outros órgãos que desejam ter conhecimento sobre os possí-veis erros causados por interferências da ionosfera”, adiciona Mendonça.

André Pregnaca, técnico de Agricultura de Pre-cisão na Cia Agrícola Quatá, conta que vem fazendo alguns testes com o sinal RTX, disponibilizado pela Trimble, e tem obtido bons resultados.

“Em um teste realizado em quatro semanas foi detectado cintilação nos dez primeiros dias, porém tivemos 50% a menos de parada se comparado com o uso do RTK. Nos últimos 20 dias a cintilação ou não era sentida ou durava em torno de 20 a 30 minutos. A precisão desse sistema tem sido de 3,8 cm e sua repe-tibilidade ainda é um pouco duvidosa. No entanto, não constatei nada que o prejudicasse. Hoje esse sistema custa em torno de US$ 1.300 por máquina/ano. Minha solicitação junto a Trimble e CNH, é que esse sinal entre automático no momento da cintilação do RTK e se tiver algum custo de aquisição, que seja um custo fixo e reduzido. Para que isso seja concretizado, é ne-cessário a união do setor e de levantamentos do pre-

Campanelli: “No último ano usamos em uma série de equipamentos o sinal pago chamado RTX, que apesar de ter uma precisão pior que o RTK está apresentando uma ótima performance referente a cinti-lação”

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12+Especial – Cintilação

juízo das paradas por cintilação e apresentação junto a Trimble EUA. Lembrando que a Trimble EUA ainda não dá a devida importância ao setor sucroenergético brasileiro. Precisamos de números do nosso segmento para apresentar à eles.”

Victor Paschoal Cosentino Campanelli da Agro--Pastoril Paschoal Campanelli S/A, referência em uso de agricultura de precisão, diz que tem certeza que to-dos os fabricantes têm trabalhado bastante nos últimos anos buscando soluções para mitigar este problema, porém ainda sem muito sucesso.

“Tenho um estreito contato com a equipe da Trim-ble, posso dizer que eles estão trabalhando com afinco no problema (para o sinal RTK) e ainda não tiveram melhoras expressivas. No último ano usamos, em uma série de equipamentos, o sinal pago chamado RTX que, apesar de ter uma precisão pior que o RTK, está apresentando uma ótima performance referente a cin-tilação. Não tivemos sequer um minuto de cintilação. A precisão deste sinal é de aproximadamente 5 cm, o que atende a quase todas as atividades relacionadas ao GPS. Mas, pessoalmente, eu ainda aposto e espe-ro que os fabricantes encontrem uma solução para o uso do RTK, que ainda é mais preciso que o RTX”, revela Campanelli.

A empresa AGR Agricultura de Precisão criou um sistema novo chamado Terra Star, composto por bases fixas que ajudam na medição da cintilação e na correção deste sinal. De acordo com Tárcio Andrade, comercial da AGR, o produto deverá estar disponível comercialmente a partir de junho. “Já estamos fazendo testes em campo e os resultados têm sido promissores.”

COMPETITIVIDADE E SUSTENTABILIDADE

Nas palavras do professor José Paulo Molin, do de-partamento de Agricultura de Precisão da Esalq/USP (Es-cola de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo), é fácil imaginar que um pequeno produ-tor conheça em detalhes cada trecho de sua roça. Porém, quando as escalas se tornam mais expressivas é pouco provável que haja esse tipo de detalhamento aplicado na produção. Dessa maneira, são aplicadas técnicas e tecno-logias de gerenciamento da produção agrícola de maneira a tratar quase que individualmente cada pequena parcela de uma grande lavoura. Esse objetivo pode ser atingido com tecnologias modernas baseadas em sensores locais e posicionamento por satélites.

Segundo Mendonça, no que diz respeito ao uso do pi-loto automático, mesmo com as periódicas interrupções no serviço, ainda há benefícios que não seriam atingidos de nenhuma outra maneira como:- melhor aproveitamento da área de plantio, pois o para-

lelismo da sulcação é realizado em nível centimétrico;- redução no uso de combustível, pois faz-se desnecessá-

rio, por exemplo, o uso de banquetas no plantio;- possibilidade de planejamento das linhas de plantio em

escritório, e perfeita reprodução em campo;- evita o pisoteio e danos à soqueira da cana durante a

colheita pelo trajeto ser conhecido e reproduzido no-vamente em nível centimétrico.

Para Mendonça, todos esses fatores geram um au-mento de produtividade entre 15% e 25%, dependendo do grau de automação.

“A importância da AP para os produtores rurais se resume em duas palavras: competitividade e sustentabi-lidade. De maneira geral, assumindo como verdadeiro o fato de que há variabilidade no solo em uma grande pro-priedade, faz-se imprescindível a aplicação da AP no pa-radigma de produção rural. O produtor que busca aumento na produção deve tratar sua propriedade não através de médias, e sim, cada vez mais com informações de varia-bilidade espacial e temporal, sendo os mapas as principais ferramentas para tal”, conclui.

De acordo com Ricardo Pinto, sócio-diretor da RPA Consultoria, as usinas e fornecedores de cana, para não perder tempo devido à cintilação, voltaram a fazer o sistema manual ou mesmo linhas-guia, quando o RTK está funcionando, para depois fazerem manualmente o alinhamento entre as linhas-guia

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Júlio Henrique Vinha – Analista Financeiro Sênior da empresa Macquarie Group

CONSOLIDAÇÃO E FECHAMENTO DE PARQUES INDUSTRIAIS“Em crise há pelo menos quatro anos, o setor sucroalcooleiro vem definhando e não traz mais segurança para os empresá-rios permanecerem investindo. O endividamento vem cres-cendo nos últimos anos, contudo, não temos o mesmo em relação à produção nem em ampliação do parque industrial. Além disso, as empresas não conseguem ter rentabilidade com o etanol e no preço do açúcar não há expectativas de aumento de preço no mercado internacional. Como a receita não ajuda, temos o custo de produção subindo, levando junto a margem de lucro das indústrias sucroalcooleiras. Portan-to, o mercado deve se consolidar cada vez mais em poucos grupos ou mesmo o fechamento de parques industriais e alocação dos canaviais para grupos que ainda têm uma base financeira forte, principalmente de origem de outros seto-res, para baixar a ociosidade dos seus parques industriais e ineficiência no campo.”

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POLÍTICA DE PREÇOS PARA COMBUSTÍVEIS“A situação está muito complicada porque não temos um horizonte de preço, e não conseguimos fazer uma política de inves-timento e crescimento se não tivermos um horizonte de preços. O etanol tem a tra-va do preço da gasolina e o governo está usando isso para controlar a inflação. Isso também influencia o preço do açúcar por-que, como o Brasil é o maior exportador de açúcar do mundo, o preço do etanol influencia em nossa produção de açúcar e no mercado mundial também. Se não ti-vermos uma política de preços para com-bustíveis, a situação ficará cada vez mais complicada.”

RESERVAS FINANCEIRAS“Se continuar o mesmo “Status Quo” atu-al, vai depender exclusivamente das reser-vas financeiras das usinas e dos eventu-ais auxílios bancários. Existem usinas no Brasil bem capitalizadas que aguentarão, digamos, mais três ou quatro safras; outras já pereceram.”

DETALHES OPERACIONAIS“Não sou ingênuo de achar que a atual política não é prejudicial ao setor. Entre-tanto, temos usinas que estão tendo lucro e não pertencem a grandes grupos. Acho que teremos melhores usinas em um fu-turo próximo, que se preocuparão com detalhes operacionais e cuidarão de seus custos como se cuida das unhas (cortando toda semana).”

REVISÃO DE PREÇOS E POLÍTICA PÚBLICA“Não dá mais. Estamos em uma condição bem ruim, com endividamento alto, custos que subiram ao lon-go das últimas safras. Tivemos algumas coisas im-portantes que, agravado por condição de clima, pode trazer uma safra de baixa produtividade e mais cus-tos ainda para o produto final. Precisamos ter uma revisão importante de preços. A grande questão está na mão do governo em relação ao etanol, pre-cisamos de mudança na política pública de etanol para que possamos atravessar por essa fase e depois tentarmos uma recuperação.”

MELHORAS NO FUTURO“Para muitos grupos a coisa já passou bem dos limi-tes. Olhando em termos gerais, estamos no fundo do poço, mas a tendência é melhorar daqui para frente. O açúcar deve entrar em um ciclo de alta, não ex-plosiva, mas de alta sustentável. Os anos de 2015 e 2016, até por conta de todas as previsões agrícolas que fazem para o Brasil, devem ser bons para o açú-car e isso não depende do governo. O que depende do governo é energia e etanol. No etanol, por conta da situação do setor e da Petrobrás, alguma coisa deve acontecer, no mínimo, depois das eleições: volta da Cide, aumento de mistura, convergência lenta e gradual dos preços internos e internacionais. Na parte de energia, dada a gravidade que estamos passando, uma coisa é não ter alternativa e o Brasil é o país com mais alternativas de fontes energéti-cas, é possível ter uma matriz de energia riquíssima, variada e limpa e só não tem por falta de política adequada. Acho que vem política boa para energia, com leilões separados por fontes e região, serão re-conhecidas as externalidades positivas da cogeração de energia de biomassa. Se eu estou muito pessimis-ta com o presente, no médio e longo prazo há sinais de que as coisas possam melhorar.”

Antônio Alberto Stuchi – diretor executivo de Produção da Raízen

Luiz Nitsch - Diretor na Sigma Consultoria Automotiva

Rogério Nicola – Diretor da Solinftec Norte e Nordeste

Paulo de Araújo Rodrigues – diretor do Condomínio Agrícola Santa Izabel

Alexandre Figliolino – diretor Comercial de Açúcar e Etanol do Itaú BBA

fórum

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tecnologia agrícola

16+Tec. Agr. Adubação Biológica

Estudo da Unesp mostra que além da redução de custos com adubação, a técnica pode trazer

maior produtividade à lavoura de cana a partir do segundo corte

Novas tecnologias e técnicas para trazer não só o aumento de produtividade à lavoura como também reduzir custos e impactos ao meio ambiente têm sido foco de pesquisas e desenvolvimentos nos últimos anos no setor sucroenergé-tico. Uma dessas técnicas, em desenvolvimento pela Unesp (Universidade Es-tadual de São Paulo) de Jaboticabal desde 2011, prevê uma adubação biológica que promove o restabelecimento do equilíbrio natural do solo.

A adubação biológica surgiu devido a necessidade de se obter recursos que aumentem as taxas de produtividade usando práticas sustentáveis, garantindo assim a preservação do ambiente e a lucratividade.

De acordo com Marcos Omir Marques, professor Adjunto III da FCAV (Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias) da Unesp, campus de Jaboti-cabal e Hélio Francisco da Silva Neto, engenheiro agrônomo, doutorando em Agronomia (Produção Vegetal) também pela FCAV/Unesp, o adubo biológico utilizado é um produto que tem como base nutrientes e substratos balanceados que alimentam os microrganismos do conteúdo ruminal bovino (esterco) em Compostagem Líquida Contínua (CLC).

“Esta Compostagem Líquida Contínua tem como funções alimentar a ati-vidade biológica ruminal com nutrientes e substrato, regular a produção do bioestimulante vegetal mantendo a fermentação contínua e evitar a fermenta-ção alcoólica, ácida ou láctea da composição. A solução líquida produzida é aplicada na cultura”, explicam os pesquisadores.

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A proposta é restabelecer o equilíbrio do solo e produzir nutrientes necessários para o crescimento saudável da cana-de-açúcar. “O estudo apresentou resultados favoráveis de ATR [Açúcar Total Recupe-

rado] e menores custos de produção”, afirmam.Em média, a utilização de adubo biológico promo-

veu aumento de 20% a 25% da produção de tonelada de cana por hectare (TCH). Na Figura 1 é apresentada

Figura 1: Produtividade de cana-soca (cana de segundo corte) e TCH obtida com utilização do adubo biológico para os diversos níveis

de adubação (0 até 100% da adubação recomendada)

Segundo pesquisadores da Unesp, a utilização do adubo bio-lógico promoveu aumento de 20% a 25% da produção de to-nelada de cana por hectare

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18+Tec. Agr. Adubação Biológica

Canaviais que sofreram aplicação do adubo biológico em seu primeiro e segundo cortes

a produtividade de cana-soca (cana de segundo corte) obtida pelos diferentes níveis de adubação com a utilização ou não do adubo biológico. Em relação à lucratividade, a adoção desta técnica, em média, proporcionou uma receita líquida até 35% maior do que o sistema de adubação mineral convencional, co-mo mostra a Figura 2.

NÃO SUBSTITUI, MAS REDUZApesar da chamada adubação mineral, na qual se utiliza ni-

trogênio, fósforo e potássio, ser a mais comumente realizada pe-las usinas e trazer consequências negativas ao solo e à atmosfera, como a emissão de gases nocivos, segundo os pesquisadores, ela não poderia ser substituída pela biológica.

No entanto, ela possibilita a associação com diversas fon-tes de adubo como, por exemplo, a vinhaça, torta de filtro e até mesmo a adubação mineral. “Na Figura 3 podemos observar o efeito sinérgico existente entre a adubação biológica e as dife-rentes fontes de adubação utilizadas nos canaviais. Vale ressal-tar que os benefícios apresentados não se restringem apenas à produção de cana, pois a utilização da vinhaça, torta de filtro e do adubo biológico é permitida para a certificação dos canaviais em agricultura orgânica”, afirmam Marques e Neto.

A adubação biológica não substitui, mas reduz a dependên-cia de adubos químicos. Segundo Marques e Neto, os resultados indicam que o uso do adubo biológico, possibilita (na média) redução de 25% da adubação química.

“Este comportamento pode ser observado na Figura 4, onde a aplicação do adubo biológico proporciona aumento da produção de cana, sendo que a maior produtividade não foi encontrada no nível de 100% da adubação e sim no nível de 75% da adubação recomendada.”

MICROGEO OFERECE TECNOLOGIA COMERCIALA Microgeo, empresa familiar de Limeira, SP, oferece a tecnologia patenteada de mesmo nome, Microgeo, que permite ao agricultor e pecuarista estabelecerem e manterem sua própria produção do adubo biológico através da Compostagem Líquida Contínua (CLC).Misturado com água e esterco bovino, o Microgeo transforma-se num poderoso biofertilizante usado na adubação biológica do solo e foliar, com qualidade, eficácia e baixo custo. “A pressão de custos é inerente à atividade agrícola. O custo do dólar nos insumos reduz a margem do produtor e a ação da adubação biológica vem melhorar a eficiência da produção agrícola, no caso, a cana-de-açúcar”, comentou o engenheiro agrônomo Paulo D´Andréa, diretor P&D da Microgeo.Segundo ele, o produto não tem contra-indicações, podendo ser pulverizado em mistura com outros insumos agrícolas e permitindo ao agricultor e pecuarista ter a fabricação própria do adubo biológico, possibilitando:- domínio da biotecnologia de produção;- produção contínua do adubo biológico;- pronto para uso, preservando as

qualidades biológicas do adubo;- economia de tempo, transporte e

utilização de embalagens.A empresa está construindo uma nova fábrica em Limeira, sede da companhia nacional, para ampliar a capacidade produtiva de 4 mil t ao ano para 10 mil t anuais a partir do segundo semestre de 2014. A companhia começou a desenvolver os adubos biológicos em 1994 e patenteou em 2000 seu processo de compostagem, mas só passou a vender o produto em escala comercial a partir de 2006.

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Figura 4: Produtividade de cana-soca (cana de segundo corte) e TCH obtida com utilização do adubo biológico para os diversos níveis

de adubação (0 até 100% da adubação recomendada)

Figura 3: Produtividade de cana-soca (cana de segundo corte) e TCH obtida pelas

diferentes fontes de adubação com o uso do adubo biológico

F1 – sem adubação, apenas calagemF2 – torta de fi ltro + vinhaça

F3 – torta de fi ltro + vinhaça + 50% adubação fosfatadaF4 – torta de fi ltro + vinhaça + 100% adubação fosfatada

F5 – adubação mineral recomendada para a cultura

Figura 2: Receita Líquida por hectare obtida pelos níveis de adubação

(0 até 100% da adubação recomendada) com o uso ou não do adubo biológico, em

cana-planta

APLICAÇÃOA aplicação do produto pode ser realizada sem qualquer res-

trição de temperatura, luminosidade e umidade. Pode ser apli-cada inclusive com chuva, orvalho e até mesmo durante a noite.

“Com o intuito de otimizar o processo operacional, o adubo biológico pode ser aplicado em conjunto com fertilizante líqui-do químico, orgânico e micronutrientes; defensivos químicos ou biológicos e redutores de pH; vinhaça, fertirrigação e torta de filtro. A restrição seria com o uso do adubo biológico junto com bactericidas”, explicam os pesquisadores.

Algumas usinas ou produtores já aderiram a técnica em seus canaviais. Outros produtores de diferentes culturas, em várias regiões do País, também aproveitam os benefícios do uso do

adubo biológico. Os pesquisadores, no entanto, enfatizam que os resultados

apresentados foram obtidos nos primeiros anos de cultivo da cana e assim, podem ser considerados preliminares, uma vez que o ci-clo da cultura da cana-de-açúcar engloba de cinco a seis anos.

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tecnologia industrial

22+Tec. Ind. Peça chave

Se depender das promissoras expectativas, o eta-nol 2G será um dos combustíveis mais competitivos nos próximos anos. Os motivos para isso seriam o baixo custo da matéria-prima – palha e bagaço de cana -, e um incremento de até 45% na produção das usinas brasileiras. De acordo com especialistas, essa nova tecnologia pode ser uma das alternativas para minimizar os impactos da crise no setor.

No início de 2009, a Clariant inaugurou uma planta piloto com capacidade anual de até duas to-neladas de etanol celulósico em seu centro de pes-quisas em Munique. Em julho de 2010, foi tomada a decisão de construir uma fábrica de demonstração na cidade de Straubing, na Alemanha. A fábrica iniciou oficialmente suas operações em julho de 2012, em-pregando cerca de 4.500 toneladas de palha de trigo, resíduos de espiga de milho e outros materiais lig-nocelulósicos para produzir aproximadamente 1.000 toneladas de etanol celulósico por ano.

Em maio de 2013, a companhia anunciou o iní-cio da realização de testes com o bagaço e a palha de milho no Brasil, depois de trabalhar com a palha de trigo nos primeiros meses de operação. “Essa diversificação demonstra que o processo é flexível em relação a diferentes matérias-primas e, por isso, pode ser usado em mercados estratégicos ao redor do mundo, na Europa, América do Norte, América Latina e Ásia. O alto grau de eficiência do processo, independente da matéria-prima utilizada, é alcança-do, em grande medida, com o uso de enzimas alta-mente otimizadas e específicas às matérias-primas”, ressalta Markus Rarbach, diretor de Biocombustíveis

& Derivados da Clariant.No Brasil, a primeira empresa deste tipo de com-

bustível foi construída pela GranBio, em Alagoas, e está em processo de ajustes junto à ANP - que demora de 30 a 60 dias - para só então ser inaugu-rada. A usina, que custou R$ 350 milhões, terá ca-pacidade de produzir 82 milhões de litros de etanol 2G e promete incrementar em 45% a fabricação do biocombustível.

A Raízen está fazendo testes de produção de eta-nol 2G e tem planos de implantar em suas unidades do Brasil plantas industriais para fabricar 40 milhões de litros anuais. Em entrevista para o Jornal Valor Econômico, em novembro de 2013, Pedro Mizuta-ni, vice-presidente da Raízen Energia, disse que o projeto da Raízen para etanol celulósico também usará tecnologia do Centro de Tecnologia Canaviei-ra (CTC), na qual a companhia tem participação. “Queremos sair na frente na produção em escala comercial do etanol celulósico no Brasil”, afirmou o executivo para o Valor Econômico.

Já o conceito de produção de etanol 2G do CTC é diferente dos demais, pois se baseia na integração total do 2G com a usina atual, com o uso sinérgico de equipamentos, utilidades e correntes contendo açú-car. “Com isso acreditamos que o processo do CTC terá um custo menor e um menor risco de entrada. Estamos finalizando a construção da nossa planta experimental na usina São Manoel (na cidade de São Manuel, interior de São Paulo) toda montada com equipamentos e soluções de engenharia de tamanho já existente no mercado, onde demonstraremos tanto

Enzimas que antes eram consideradas um entrave financeiro para o processo já apresentam menores custos e melhor performance

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23+Tec. Ind. Peça chave

o processo como as soluções de engenharia e ainda serão resolvidos muitos dos problemas que só aparecem nas escalas maiores. Esta planta começará a produzir resultados ainda neste ano e, se necessário, continuará a ope-rar por tempo suficiente para fornecer dados para o projeto da planta definitiva, em escala comercial. Esperamos ter este projeto já em 2016 simultaneamente com a comercializa-ção do processo. Acreditamos que este con-ceito inovador atrairá parceiros que queiram colocar as suas soluções no nosso processo”, salienta Jayme Finguerut, assessor técnico da presidência do CTC.

FABRICAÇÃO DE ETANOL

O processo de produção de etanol 1G é obtido a partir da fermentação do caldo da ca-na-de-açúcar, rico em glicose. Nesse processo são dispensados a palha e o bagaço (compos-tos de celulose), que representam cerca de dois terços da planta.

Na produção de etanol 2G, a celulose (longa cadeia formada por carboidratos) é convertida em glicose. O grande desafio às usinas era realizar essa conversão a um cus-to semelhante ao da produção do etanol de primeira geração.

Isso mesmo: era, pois um dos principais pontos para a viabilidade do etanol 2G era a redução do custo de aplicação de enzimas que atuam na conversão da celulose.

A Novozymes, que irá fornecer enzimas para a produção de etanol 2G para as plan-tas da Granbio e CTC, disponibiliza, há três anos, essas enzimas via importação dos EUA. Segundo Ricardo Blandy, líder de Operações em Biomassa para a América Latina, há pre-visão de produzir essas enzimas no País. “A construção de nossa unidade produtora de enzimas terá início em 2015 e começará a operar em 2017”, diz.

Marcos Silveira Buckeridge, professor do Instituto de Biociências da USP e coor-denador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol, comenta sobre a produção de enzimas voltadas para a produ-ção de etanol 2G. “No Brasil estamos ainda em fase de estudos e há algumas empresas brasileiras pequenas que pretendem produzir e já estão trabalhando para isto. Mas as gran-des produtoras são estrangeiras.”

Além da Novozymes, a DSM, a DuPont e a Clariant produzem enzimas para a fabrica-

ção de etanol 2G. No futuro outras empresas poderão ter as enzimas em seu portfólio de produtos, pois isso depende de desenvolvi-mento e amadurecimento de mercado para o investimento da produção no Brasil.

Vale mencionar que as enzimas comer-ciais, em sua maioria, foram desenvolvidas inicialmente para o etanol de segunda gera-ção em condições diferentes daquelas do Bra-sil, principalmente nos EUA, onde houve e há verbas para pesquisa nas empresas. “Porém, elas têm recebido atualizações e inovações significativas que as tornam mais eficientes também para as nossas condições. Os dois principais produtores de enzimas para a se-gunda geração do mundo já oferecem os seus produtos aqui, mas ainda importados e não há clareza sobre o tamanho do mercado e quem serão os principais usuários, o que torna difícil o estabelecimento de um mercado interno. Para ser produzida aqui há a neces-sidade de ter claramente uma expectativa de mercado ”, explica Finguerut.

Ele lembra ainda que, no Brasil, apesar de termos um tesouro inigualável de biodi-versidade, ou seja, teríamos a possibilidade de encontrar e usar novos organismos que usam novas enzimas para quebrar a fibra e também apesar de termos iniciado há mui-tos anos o desenvolvimento da engenharia de processos biotecnológicos, ainda não te-mos suficiente desenvolvimento da pesquisa

e desenvolvimento de processos industriais de produção de enzimas. “Temos uma boa base acadêmica, porém estas pesquisas não têm chegado à escala de produção, tendo em vista o modelo corrente de uso dos recursos públicos (principalmente) de pesquisa, o que aliás muito recentemente tem mudado, com mais investimentos em pesquisas de risco fei-tas por e nas empresas. O desenvolvimento do mercado brasileiro de enzimas, que tem potencial para ser um dos maiores do mundo, deverá ligar a inovação nesta área”, afirma.

PEÇA CHAVEAs enzimas são a peça chave para a pro-

dução de etanol 2G. “A enzima atua princi-palmente na celulose da palha e bagaço, que-brando-a e disponibilizando o açúcar para as leveduras usarem na fermentação. Resumin-do, ela transforma celulose em glicose, que posteriormente é transformada em etanol na fermentação. A levedura por si só não conse-gue atacar a cadeia de celulose”, explicam os pesquisadores do CTBE (Laboratório Nacio-nal de Ciência e Tecnologia do Etanol) José Geraldo da Cruz Pradella, Edvaldo Rodrigo de Morais e Vera Lucia Reis de Gouveia.

Rarbach comenta que a quebra de ligno-celulose há muito tempo tem sido assunto de grande interesse na pesquisa e na indústria. “Devido à sua estrutura estável, sua quebra ainda é difícil”, afirma.

A Clariant desenvolveu um processo pa-ra a produção de etanol celulósico: o pro-cesso sunliquid. A matéria-prima como, por exemplo, o bagaço de cana-de-açúcar, pri-meiramente é triturada antes de passar pelo tratamento, o que torna mais fácil aos bioca-talizadores, adicionados na etapa seguinte, acessarem as cadeias de celulose e hemice-lulose. O pré-tratamento é realizado em uma espécie de panela de pressão com vapor quen-te de água. Em seguida, é feita a conversão para uma solução de açúcar, ou sacarifica-ção, com base em um processo biotecnoló-gico conhecido como hidrólise enzimática. A matéria-prima pré-tratada é misturada com enzimas (biocatalizadores), que decompõem as longas cadeias de moléculas de açúcar que formam a celulose e a hemicelulose em monômeros individuais de açúcar. Para al-cançar alta produtividade através de tempos de reação reduzidos ao máximo, as enzimas usadas são altamente otimizadas para cada matéria-prima individual e para as condi-

Para Rarbach, o alto grau de eficiência do processo, independente da matéria-prima utilizada, é alcançado, em grande medida, com o uso de enzimas altamente otimizadas e específicas às matérias-primas

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24+Tec. Ind. Peça chave

ções do processo selecionado. Durante a etapa seguinte, a fermentação,

os micro-organismos fermentam os monôme-ros de açúcar para criar o etanol. Outra carac-terística fundamental do processo sunliquid é que, ao contrário dos processos convencio-nais de etanol celulósico, o açúcar C6 (glu-cose) na celulose e os açúcares C5 (xilose) da hemicelulose são convertidos em etanol simultaneamente em uma reação “one-pot”.

Na etapa final, o etanol deve ser extraído da mistura de reação. Até agora, o método clássico era usar uma coluna de destilação. Como isso requer uma enorme admissão de energia, a Clariant desenvolveu um processo de purificação, baseado na tecnologia de ad-sorção, que utiliza apenas cerca da metade da energia para finalmente obter o álcool puro. Toda a energia do processo é obtida a par-tir dos resíduos, principalmente da fração de lignina não fermentável, o que significa que nenhuma fonte energética adicional é neces-sária; isto, por sua vez, influencia positiva-mente o equilíbrio de CO2.

VIABILIDADESobre o custo das enzimas, os pesquisa-

dores revelam que a informação que as em-presas produtoras dão é que as enzimas já possuem um preço competitivo. “Mas tra-balhos desenvolvidos no CTBE envolvendo o Programa Industrial e o Programa de Ava-liação Tecnológica, mostram que a eficiência de produção da enzima, principalmente da produtividade, isto é, a quantidade de enzima ativa produzida por volume de equipamento

por tempo, pode ser um gargalo no proces-so. O preço é um dado que dificilmente te-mos acesso. Algumas informações externas ao CTBE dizem que a enzima deve custar menos que 10% do preço de venda do etanol para que o processo seja viável”, observam os pesquisadores do CTBE.

Buckeridge comenta que nos últimos cin-co anos houve no Brasil uma grande proli-feração de pesquisas com enzimas que dige-rem a biomassa de cana-de-açúcar. “Vários grupos de pesquisa descobriram diversas en-zimas novas e muitos deles já controlam a produção delas isoladamente, utilizando or-ganismos geneticamente modificados. Muitas das enzimas descobertas já foram caracteri-zadas de várias formas, isto é, já sabemos em que pH e temperatura elas agem melhor sobre a biomassa, de forma que esta infor-mação já poderia ser utilizada para desen-volver processos industriais. Estas enzimas vêm principalmente de fungos e bactérias. O grande problema agora é entender como as várias enzimas que quebram diferentes liga-ções químicas nos polissacarídeos da biomas-sa trabalham em conjunto. Este ainda é um grande problema científico a resolver”, frisa.

Citando uma abordagem mais sofistica-da, Buckeridge diz que um grupo de Ribeirão Preto vem trabalhando em “engenharia de enzimas”. “Este grupo redesenhou algumas proteínas enzimáticas e fundiu diferentes en-zimas formando estruturas não existentes na natureza. Estas chamadas quimeras podem, às vezes, ser melhores do que as originais. Es-tes estudos estão em andamento e têm alguns

resultados promissores.”, revela.Ele afirma ainda que seu grupo de traba-

lho encontrou uma série de enzimas presentes no genoma da própria cana, as quais são res-ponsáveis por um processo endógeno de de-gradação da biomassa. Algumas delas já estão começando a ser caracterizadas e a estratégia será ativá-las no próprio corpo da cana, na tentativa de que a biomassa fique preparada antes da colheita para posterior hidrólise na indústria. “Com isto, esperamos poder baixar o custo do uso de enzimas no processo, pois será mais fácil e mais rápido hidrolizar a bio-massa previamente amolecida pelas enzimas da própria planta. Descobrimos e patentea-mos uma substância que, quando absorvida pelas plantas de cana durante o desenvolvi-mento, aumenta a capacidade de ação de co-quetéis enzimáticos comerciais em 30%. Isto tem o potencial de baixar o custo da enzima no processo”, declara.

CUSTO É OU NÃO BARREIRA?

Apesar dos grandes aumentos de perfor-mance, as enzimas para etanol celulósico, na escala de produção em que se encontram, ain-da são caras para produzir e para vender, se-gundo Finguerut. “De fato elas podem repre-sentar uma barreira significativa se os custos decorrentes do uso das enzimas não baixarem na medida em que a produção de etanol celu-lósico aumentar. Isso acontece em vista do fa-to que atualmente as enzimas específicas para esta aplicação ainda não terem evoluído junto com o mercado e também porque a maioria

Planta da Clariant, na Alemanha

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25+Tec. Ind. Peça chave

dos grandes produtores tem como modelo de produção grandes instalações centraliza-das, produzindo um produto de alta potên-cia e estabilizado para resistir ao transporte e armazenamento, o que aumenta os custos. Assim, pode não ser possível aguardar a evo-lução deste mercado para iniciar a produção viável deste tipo de etanol, sendo necessário desenvolver outros modelos de comercializa-ção e de uso de enzimas, o que o CTC vem desenvolvendo”, frisa.

Segundo Blandy, o preço das enzimas não é barreira para a produção de etanol 2G. “As fábricas da Granbio e da Raízen produ-zirão o etanol 2G a um custo muito viável e inferior ao custo de produção de etanol 1G”, afirma.

Ele compara o custo de produção do eta-nol de primeira e segunda geração: “O etanol 1G apresenta custo de produção entre R$ 1,00 e R$ 1,10 o litro. Já o etanol 2G possui custo de produção entre R$ 0,80 a R$ 0,90 o litro, em média”, esclarece.

Diante disso, uma pergunta pertinente é: o surgimento de novas enzimas pode baratear o custo de produção do etanol 2G?

Para Buckeridge isso pode acontecer. “A busca deve continuar, mas como o mundo in-teiro tem buscado e testado novas enzimas, já há na literatura e na indústria uma enor-me quantidade de enzimas conhecidas. Com isto, a probabilidade de encontrar algo que faça uma grande diferença é bem menor do que era há cinco anos. Por isto, se quisermos baixar os custos teremos que lançar mão de estratégias mais sofisticadas como a produção de enzimas quiméricas, a ativação de enzimas da própria planta e interferência no sistema de montagem da parede celular. Estas duas últimas estratégicas consistem em modificar a planta para que as enzimas trabalhem me-lhor. Estamos entrando na era da engenharia biológica de plantas e já estamos iniciando os trabalhos com a cana neste sentido”, adianta.

Os pesquisadores Pradella, Morais e Vera Lúcia também concordam. “Todas as institui-ções de pesquisas envolvidas no desenvolvi-mento de enzimas buscam diminuir o custo de produção do etanol 2G de modo a torná-lo mais competitivo. Outro aspecto relevante do ponto de vista econômico é a minimização do uso da enzima durante a fase de hidrólise. Es-ta questão tem sido pesquisada no sentido de melhoramento dos pré-tratamentos visando minimização da recalcitrância da biomassa, uso do reciclo de enzimas, uso de adjuvantes

durante a hidrólise e o desenvolvimento de complexos enzimáticos com alta atividade específica”, apontam.

Diante da evolução das enzimas para pro-dução de etanol 2G, Finguerut comenta que, basicamente, os produtores, por meio de pes-quisas de ponta em Biotecnologia e Biopro-cessos, colocaram no chamado “coquetel” enzimático novas enzimas que conferem ou-tras atividades que melhoram a performan-ce, ou seja, se pode utilizar menos enzimas para mais material a ser convertido, ou usar maiores concentrações de produto a ser con-vertido, além de melhorar a estabilidade das enzimas mesmo em condições mais difíceis de operação como temperaturas maiores e diferentes pHs e presença de inibidores. “Também foi possível aumentar a produção de enzimas na sua fabricação e colocar mais atividade no mesmo coquetel vendido”, diz.

As enzimas produzidas pela Novozymes exemplificam bem o processo de redução de custos dessa matéria-prima. A primeira gera-ção de enzimas da empresa data de 2009, em

escala piloto. A segunda geração de enzimas, já em escala industrial, foi lançada em 2011 e a terceira geração, também em escala co-mercial data de 2012. “Estamos caminhando para a quarta geração, a ser lançada em 2015. Aumentamos a potência do coquetel enzimá-tico a cada geração. Desde a nossa primeira geração para cá, melhoramos a performance, em volume, em 50% e a redução de custo em 30%, aproximadamente”, contabiliza Blandy.

Ele salienta que o processo de pesquisa de enzimas é contínuo. “A cada dois anos pre-tendemos lançar uma nova geração de enzi-mas para que o etanol 2G seja cada vez mais barato do que o etanol 1G. Quanto menor o custo de produção, maior será a aderência de pessoas ao etanol e usaremos a cana para maior produção de açúcar e, consequente-mente, de alimentos”, ressalta.

O executivo faz questão de destacar que o etanol 2G é realidade e já está acontecen-do. “Prova disso são as duas plantas comer-ciais que entrarão em operação ainda este ano no Brasil e as cinco plantas já existentes nos EUA. O etanol 2G é mais viável e barato que o etanol 1G. O Brasil precisa aumentar a sua produtividade e precisa do etanol 2G. A frota flex precisa desse álcool para que possamos depender cada vez menos das importações de gasolina da Petrobras”, argumenta Blandy.

Para Rarbach, no Brasil, onde a cana de açúcar já é utilizada na produção de bioeta-nol há vários anos, mesmo após a dedução das quantidades usadas para gerar energia em usinas existentes, cerca de 12 milhões de toneladas a mais de etanol celulósico pode-riam ser produzidas. “Isso equivale a cerca de 50% da produção atual de etanol no Brasil. Entendemos também que o etanol 2G é uma alternativa importante para atender a deman-da crescente por combustíveis renováveis e mais limpos, aliada ao desafio da estagnação da produção, devido, entre outras razões, a fa-tores como menores colheitas, maiores custos de produção, obrigações ambientais para ace-lerar a mecanização da colheita, questões de câmbio e clima adverso. O etanol celulósico produzido a partir da palha e do bagaço da cana é uma possibilidade para enfrentar esse desafio e aumentar a produção com a mesma área de cultivo. O maior benefício do etanol celulósico é que, considerando apenas o ba-gaço, é possível obter uma produção de eta-nol 50% maior com a mesma área cultivada. O uso da palha da cana oferece um potencial ainda maior,” finaliza.

Segundo Finguerut, a planta experimen-tal de produção de etanol 2G do CTC, lo-calizada na usina São Manoel (na cidade de São Manuel, interior de São Paulo), montada com equipamentos e soluções de engenharia já existentes no mercado, começará a produzir resultados ainda neste ano

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conjuntura

26+Conj. Modelo brasileiro

O histórico da regulamentação e desre-gulamentação do setor sucroenergético, o advento da mecanização e seus impactos no mercado de trabalho, a entrada de capital es-trangeiro e as mudanças na questão ambien-tal e social do setor são temas que, apesar de parecerem corriqueiros para a cadeia sucroal-cooleira nacional, são de muito interesse para quem é de fora.

Esse foi um dos motivos que levaram Márcia Azanha Ferraz Dias de Moraes, pro-fessora do Departamento de Economia, Ad-ministração e Sociologia (LES), da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP) em parceria com David Zilber-man, pesquisador da University of California, Berkeley, EUA, a desenvolver um livro que analisasse a experiência brasileira na produ-ção de etanol de cana-de-açúcar.

De acordo com a professora, Zilberman

foi fundamental para a produção do livro. “Ele já havia visto algumas palestras minhas em congressos internacionais e se interes-sou pelo tema. E, quando veio nos visitar na Esalq, leu minha tese e tivemos a ideia de fazer um livro a partir da minha tese, mas com novos capítulos”, afirma a professora que tem trabalhado com o tema desde sua tese de doutorado em 1999.

“Na tese eu estudei a desregulamenta-ção do setor sucroalcooleiro no Brasil. Tenho um livro em português que faz uma análi-se histórica da ação governamental com a regulamentação e depois, com a desregula-mentação. Esta análise parou exatamente no momento em que houve esta desregulamen-tação”, explica.

O livro Production of ethanol from su-garcane in Brazil, from State Intervention to a Free Market (Produção de etanol a partir da cana-de-açúcar no Brasil, da intervenção do Estado ao livre comércio), publicado pe-la editora Springer e traduzido para a língua inglesa com apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Pau-lo), é resultado das conversas entre Márcia e Zilberman sobre a origem do Proálcool, o papel do governo militar e a forte interven-ção no setor existente na época.

A produção de etanol de cana-de-açú-car no Brasil sempre esteve atrelada à inter-

A professora da Esalq tem trabalhado com a questão da desregulamentação do setor sucroenergético no Brasil desde 1999

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venção estatal. Particularmente, a regulamentação do setor, a partir de 1975, com o advento do Proálcool, resultou em uma forte regu-lamentação dos elos desta cadeia produtiva. “Até o final da década de 1990, a regulamentação era intensa e o Estado ditava as regras. Havia cota de produção, fixação de preço e regras de venda de cana--de-açúcar. No entanto, a partir do início do século 21, o Estado sai de cena e a movimentação do setor passa a ser regida pelas regras de livre mercado. Os preços passam a ser livres, muda-se a dinâmica de comercialização de cana, do açúcar e do etanol, nasce o modelo Consecana”, conta Márcia.

Segundo a professora da Esalq, a análise está focada na desregu-lação do processo, que ocorreu a partir do final da década de 1990, os desafios enfrentados pelas partes interessadas em um ambiente de livre mercado e as novas regras e mudanças desde 2000. O livro também traz uma avaliação abrangente do interesse internacional em alternativas ao petróleo, nas novas agendas ambientais e sociais e as crises financeiras e, finalmente, como os autores enxergam o futuro dos biocombustíveis no Brasil.

“O último capítulo fala sobre a relação do etanol e da gasoli-na. Não analisamos somente a questão do hidratado no Brasil, mas também no mercado internacional, que é cheio de vai e vem. Temos incentivos, mas quando começamos a dominar o mercado as regras mudam e as barreiras surgem nas exportações. “A questão que faze-

mos é: Será que o interesse na redução de emissões de carbono dos países desenvolvidos é genuíno?”, questiona a professora.

De acordo com ela, vários países demonstram interesse em conhecer o modelo de produção de biocombustível e o pionei-rismo do Brasil. A demanda da comunidade internacional para conhecer plantas e rotas de produção, as pesquisas, as vanta-gens econômicas, sociais e ambientais e a questão legislativa envolvendo esse mercado têm aumentado consideravelmente.

“Nosso programa de biocombustível está às vésperas de completar quarenta anos, e o etanol de cana-de-açúcar tem van-tagens econômicas e ambientais em relação aos biocombustíveis produzidos a partir de outras matérias-primas, como, por exem-plo, o etanol de milho americano, o que aumenta ainda mais o interesse internacional pela experiência brasileira. Esperamos que o livro, publicado no idioma Inglês, possa contribuir para os interessados no tema”, lembra Márcia.

O livro está disponível apenas em língua inglesa e pode ser encontrado no site da Amazon (www.amazon.com) e pelo site da editora Springer (www.springer.com/economics/environmental/book/978-3-319-03139-2). “ Estamos disponibilizando em lín-gua inglesa porque percebemos um grande interesse de outros países no assunto. Se houver a demanda no Brasil, poderemos, quem sabe, lançá-lo em português também”, finaliza Márcia.

A infecção bacteriana presente no processo fermentativo diminui o rendimento na produção de etanol, devido ao consumo dos açúcares pelas bactérias. Além disso, pode promover a formação de goma, floculação do fermento, inibição do crescimento e queda da viabilidade das leveduras, causando prejuízos ao processo. Outro aspecto negativo é a queda na eficiência fermentativa.

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Ao andar por suas ruas e ao conversar com os fabricantes era visível que, apesar da alta movimentação durante o feriado (1º de maio, dia do trabalho), a Agrishow (21ª edição da Feira de Tecnologia Agrícola em Ação), rea-lizada entre os dias 28 de abril e 2 de maio, em Ribeirão Preto, SP, não seria tão boa como nos últimos anos. Havia certo clima de desâ-nimo, principalmente nas empresas voltadas à tecnologias para o setor sucroenergético.

Os dados finais, até o fechamento desta edição, não haviam sido divulgados pela orga-nizadora do evento, mas dados prévios cole-tados até o último dia da feira mostraram que a Agrishow 2014 reuniu 161 mil visitantes e teve um faturamento entre R$ 2,6 bilhões a R$ 2,7 bilhões, quase o mesmo número re-gistrado em 2013.

De acordo com Maurílio Biagi Filho, pre-sidente do evento, os dados são compatíveis

com a realidade observada pelos fabri-cantes de máquinas agrícolas, que regis-traram queda na quantidade de equipa-mentos vendidos durante a feira, puxada pela crise no setor sucroalcooleiro.

“O setor canavieiro puxou a quanti-dade de máquinas vendidas para baixo, mas o faturamento foi um pouco maior. Não fosse esse problema, teríamos uma venda maior que a registrada”, disse Bia-gi Filho, que durante o lançamento da edição afirmou esperar um crescimento de 10% em relação a 2013.

Ainda segundo ele, a estiagem entre 2013 e 2014 também foi responsável pelo baixo crescimento. “O motivo para isso é 80% do setor de cana, que passa por uma fase atípica, mas há ainda as condi-ções de clima, que fizeram muita gente perder colheitas.”

Mais de 160 mil pessoas passaram pela Agrishow este ano, que contou com melhor estrutura

conjuntura

28+Conj. Agrishow

Expectativa dos organizadores era crescimento de 10% em relação a 2013, mas os fabricantes de máquinas afirmam que houve uma retração no volume de negócios

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SETOR SUCROENERGÉTICO, O CULPADO

Para as grandes fabricantes de co-lhedoras e tratores houve uma retração no volume de negócios. E a culpa seria a crise do setor sucroenergético. Segun-do Leonel Oliveira, gerente de vendas da Massey Ferguson, a crise mostrou pers-pectivas de que os negócios não seriam iguais aos outros anos”, afirmou. A fa-bricante registrou, até o penúltimo dia de Agrishow, uma queda de 11% no número de máquinas vendidas.

Paulo Beraldi, diretor Comercial da Valtra, afirmou que o mercado de venda de tratores para o setor sucroenergético caiu 24% no primeiro trimestre para a marca. “Essa queda de mercado de trato-res pesados deve-se basicamente a quebra do setor sucroenergético. Qualquer movi-

mento do setor canavieiro tem consequ-ência direta sobre a nossa produção. Não é a primeira vez que isso acontece. A agri-cultura é cíclica e acreditamos que a crise é pontual e que nenhum país do mundo vai ter a competitividade em custos que a cana-de-açúcar tem no Brasil”, afirmou durante coletiva de imprensa da Valtra.

No maquinário específico para o cor-te e colheita de cana, a New Holland teve uma redução de 40% na quantidade de equipamentos vendidos, segundo o ge-rente comercial Carlos Rodrigues. “Os investimentos para renovação de frota no setor canavieiro estão sendo prorroga-dos, apesar da necessidade no campo”, comentou ao Portal G1.

Mesmo com a queda na venda de máquinas, o movimento financeiro ain-da foi alto e manteve o ritmo registrado em 2013, segundo os fabricantes. O se-tor de grãos, o alto valor agregado dos novos equipamentos e os investimentos dos pequenos agricultores incrementaram as finanças.

O presidente da Agrishow, Maurílio Biagi Filho, diz que crise canavieira puxou as vendas para baixo

Beraldi: Qualquer movimento do setor canavieiro tem consequência direta sobre a nossa produção. Não é a primeira vez que isso acontece. A agricultura é cíclica e acreditamos que a crise é pontual e que nenhum país do mundo vai ter a competitividade em custos que a cana-de-açúcar tem no Brasil

Confira a galeria de fotos da Agrishow 2014 no novo site da RPANews:

www.revistarpanews.com.br

29+Conj. Agrishow

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conjuntura

30+Conj. Doce Sinergia

A Copersucar e a Cargill anunciaram no dia 27 de abril um acordo para unir suas atividades globais de comercia-lização de açúcar em uma joint venture, que originará, co-mercializará e atuará no trading de açúcar bruto e branco. Com a joint venture, cada empresa terá uma participação igual de 50%.

A Copersucar comercializa 8,5 milhões de toneladas de açúcar por ano, com exportações de 6,8 milhões na última temporada, ou cerca de um quarto dos embarques realizados pelo Brasil, o maior produtor e exportador da commodity.

Com 47 usinas associadas, a Copersucar deve encerrar esta safra com faturamento de R$ 25 bilhões, incluindo a receita da Eco-Energy, trading americana de comercializa-ção de etanol, da qual o grupo é controlador.

Já a Cargill, cujo faturamento global é de US$ 137 bi-lhões, negocia entre 8 milhões e 10 milhões de toneladas de açúcar, segundo analistas de mercado.

Considerada como uma das maiores empresas do mun-do com capital fechado, a Cargill opera no Brasil o Termi-nal de Exportação de Açúcar a Granel (Teag), no complexo portuário de Santos, em conjunto com outras empresas.

Atuando no Brasil desde 1965, a empresa é uma das maiores indústrias de alimentos do país. Com sede em São Paulo, a Cargill está presente em 16 Estados brasileiros por meio de unidades industriais e escritórios em cerca de 150 municípios, e com mais de 9 mil funcionários.

Entre as áreas de atuação global, a empresa é uma das líderes na comercialização e processamento de grãos e oleaginosas, entre outros produtos como o açúcar.

Ambas estão entre as maiores comercializadoras de açúcar, tendo como principais concorrentes a Sucden, Louis Dreyfus e a ED&F Man.

Em comunicado divulgado para a imprensa, a Cargill informou que a joint venture consolidará a capacidade de ambas as empresas, visando aumentar a eficiência, a qualidade e os serviços na cadeia produtiva de açúcar, além de alavancar um profundo conhecimento do mer-cado mundial para beneficiar seus clientes.

Ainda, segundo o comunicado, os clientes se bene-ficiarão da forte complementaridade da Copersucar e da Cargill. A infraestrutura global combinada às cadeias de suprimentos de ambas as companhias permitirá que a joint venture leve uma ampla gama de variedades de açúcar, de diferentes origens, diretamente do porto ao seu destino, de forma ágil e eficiente, atendendo as exigên-cias específicas de clientes ao redor do mundo.

Petzold: “A parceria é muito boa e tem um futuro brilhante. As outras tradings tremeram na base com essa joint venture. Trata-se de empresas grandes e que sabem o que estão fazendo”

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Não fazem parte dessa transação os negócios de etanol e os ativos fixos das duas empresas, como terminais e usinas. Essas atividades con-tinuarão sendo negócios separados, individualmente controlados pela Cargill e Copersucar.

A formação dessa nova joint venture depende de aprovação das auto-ridades regulatórias, esperada para o segundo semestre de 2014.

PRESENÇA GLOBALA nova joint venture se beneficiará da presença global e pela oferta

em larga escala das usinas sócias da Copersucar no Brasil e complemen-tada pela originação em países e regiões como Tailândia, Índia, América Central e Austrália. Adicionalmente, a joint venture também se beneficiará com a reconhecida competência das duas empresas na gestão logística e no acesso à elevação em terminais portuários no Brasil.

Luis Roberto Pogetti, presidente do Conselho de Administração da Copersucar, comentou: “Com a nova empresa, a Copersucar reforça sua estratégia de consolidar sua presença global no mercado de açúcar. A Co-persucar também reforça seu modelo de negócios diferenciado, baseado na oferta em larga escala, capacidade logística e integração de todos os elos da cadeia, dos produtores aos clientes.”

Olivier Kerr, vice-presidente corporativo da Cargill, acrescentou: “Acreditamos que a sólida capacidade analítica de nossas equipes de trading e comercialização combinada com a presença global dessa no-va joint venture oferecerá aos nossos clientes um entendimento único do mercado global.”

A nova empresa será uma joint venture independen-te de suas duas controladoras com um novo nome, a ser anunciado quando a transação for concluída. As ativida-

Grande comercializadora

Com 47 usinas associadas, a Copersucar comercializou na safra 2013/14 cerca de 8,5 milhões de toneladas de açúcar. Deste total, 6,8 milhões de toneladas foram exportadas. A empresa deve encerrar esta safra com faturamento de R$ 25 bilhões, incluindo a receita da Eco-Energy, trading americana de comercialização de etanol, da qual o grupo é controlador

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32+Conj. Doce Sinergia

des de trading serão sediadas em Genebra, na Suíça. A joint venture terá escritórios em Hong Kong, São Paulo, Miami, Delhi, Moscou, Jacarta, Xangai, Bangkok e Dubai. Além disso, a joint venture terá uma efetiva presença global, com mais escritórios de representação ao redor do mundo.

Ivo Sarjanovic, que atualmente lidera o negócio global de açúcar da Cargill, será indicado como Chief Executive Officer (CEO), assim que a nova empresa for constituída. Soren Hoed Jensen, atual diretor executivo comercial da Copersucar, será o Chief Operating Officer (COO) da nova joint venture. Já Stefano Tonti, atual controller glo-bal dos negócios de trading e açúcar da Cargill, será o Chief Finan-cial Officer (CFO). Luis Roberto Pogetti, presidente do Conselho de Administração da Copersucar, será o primeiro presidente rotativo do Conselho de Administração da nova sociedade.

REPERCUSSÃO NO MERCADOPara Fernando Perri, consultor em Gestão de Usinas e em Negócios

de Açúcar e Etanol, a joint venture visa buscar sinergia nas melhores competências de cada uma. “O maior produtor nacional com um dos maiores players globais em açúcar do mundo. A somatória destas com-petências deverá gerar resultados positivos, seja em redução de custos comerciais e logísticos, como na agregação de valor ao produto que é uma commodity, por segurança e contratos de longo prazo. Outro ponto que considero importante para os dois players envolvidos é o domínio das informações nacionais e globais. É um diferencial muito importante num mercado de commodities e sem dúvida, o domínio da informação pode ser um grande gerador de valor ao negócio”, analisa.

De acordo com Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo, diretor comer-cial da Usina Alta Mogiana, a ideia é diminuir a concorrência tanto na originação quanto na venda do açúcar no destino, consequentemente aumentando as margens de ambas. “Outros benefícios incluem o maior domínio das informações de oferta e demanda, sinergias logísticas e comerciais”, complementa.

Antônio Petzold, consultor de Estratégia de Negócios da Archer Consulting lembra que a Copersucar já vem se tornando internacional. “Ela tem se associado com empresas para operar profissionalmente na área de frete. A joint venture irá auxiliar a Copersucar a ter maior

visibilidade no destino. A Cargill tem escritórios no mundo inteiro para colocar o açúcar no mercado”, observa.

Petzold conta que a Copersucar implantou padrões de tipo e qualidade de açúcar que são copiados. “A Copersucar não vende apenas, mas leva solução para o cliente. Fornece açúcar na quantidade certa e com logística fantástica, possui terminal de açúcar ensacado e atendimento diferenciado na área de exportação. Enxerga a cadeia de suprimentos como um todo. A preocupação da usina associada é produzir açú-car e etanol. A comercialização, a logística, a distribuição e o hedge ficavam por conta da Copersucar.”

Mesmo a saída de algumas usinas da Copersucar parece não tirar o brilho do que está por vir. Junqueira observa que as usinas saíram por vários motivos, não necessariamente iguais a todas que se desligaram, como concordatas (caso da Aralco), busca por mais flexibilidade comercial (grupo Batatais), etc.

“Quem se desligou está buscando mais flexibilidade na gestão da usina. Mas a usina que não tiver competência em ris-co e em logística não terá sucesso. Só justifica sair da Coper-sucar se a usina tiver profissionais capacitados, pois a trading faz um bom serviço para as associadas. Mas não é boa essa saída de usinas, o mercado especula. Só o tempo para dizer se as usinas que saíram terão sucesso ou não”, alega Petzold.

Na visão de Perri, será criada uma nova empresa, com fi-nalidade de atuar no mercado global de açúcar. “Neste enten-dimento, precisamos dimensionar o papel da nova empresa no negócio e qual será a amplitude da substituição das atividades anteriormente realizadas individualmente por cada empresa. Acredito que quanto maior a sinergia maior será a amplitude, pois o potencial da joint venture a ser explorado é imenso. Com a operação, a Copersucar busca uma maior segurança operacional com maiores margens, seja através da redução de custos ou agregação de valor.” Ele acredita ainda que a nova empresa terá como foco a inteligência de mercado de açúcar e não em processos físicos ou de gestão de ativos, que podem ser utilizados das mais diversas formas de contratação, já que os negócios incluindo etanol e os terminais da Copersucar não entraram na joint venture.

“A parceria é muito boa e tem um futuro brilhante. As outras tradings tremeram na base com essa joint venture. Trata-se de empresas grandes e que sabem o que estão fa-zendo”, resume Petzold.

Diante da saída de usinas e agora, com a negociação com a Cargill, pode haver brechas para a criação de uma nova em-presa comercializadora de açúcar e etanol. “Toda movimen-tação de mercado como esta, normalmente, gera reações de outros players. Tivemos um grande movimento de tradings até alguns anos investindo em ativos no setor como LDC, Bunge, Noble e Glencore, mas sem dúvida, poderemos ver novos movimentos visando competir neste novo mercado, principalmente se existir um grande sucesso na joint venture. Portanto, acredito que a união da cadeia produtiva em bus-ca de sinergia com redução de custos e agregação de valor é sempre viável neste mercado, sejam os participantes gran-des consumidores, tradings, usinas ou produtores de cana”, conclui Perri.

Maior concorrênciaA Copersucar e

a Cargill estão entre as maiores comercia-lizadoras de açúcar,

tendo como principais concorrentes a Sucden,

Louis Dreyfus e a ED&F Man

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ALCOESTE RECEBE PROGRAMA DEAPLICAÇÃO RESPONSÁVEL

Desenvolvido pela Dow AgroSciences em parceria com a Unesp (Universidade Es-tadual Paulista) de Botucatu, o Programa de Aplicação Responsável (PAR), busca disse-minar as boas práticas agrícolas em todas as regiões do País. Segundo a coordenadora de Boas Práticas Agrícolas da Dow AgroSciences, Ana Cristina Pinheiro, o programa tem como principal objetivo incentivar práticas mais sustentáveis no agronegócio: “O nosso maior foco é divulgar as boas práticas agrícolas no campo, assim como tornar acessíveis os métodos e tecnologias disponíveis no mercado aos profissionais ligados à aplicação.”

De portas abertas para parcerias que agregam conhecimento e proporcionam atualiza-ção aos colaboradores, a Alcoeste recebeu o Programa de Aplicação Responsável no dia 30 de abril. Durante três horas, 22 funcionários participaram do treinamento e receberam material de apoio sobre: tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas, uso correto de EPI, tríplice lavagem, manutenção e calibração do equipamento de pulverização.

Devido à importância da cultura de cana-de-açúcar para o país, a Dow em parceria com a Unesp, desenvolveu este treinamento específico para os técnicos e funcionários de usinas, e a Alcoeste foi uma das empresas escolhida para receber a equipe de instrutores.

MOAGEM DE CANA DA ADECOAGRO CAI,

MAS PRODUÇÃO DE ENERGIA

CRESCE 606%Devido a atrasos e interrupções na

moagem de cana de algumas de suas usinas, a Adecoagro registrou no pri-meiro trimestre um processamento de cana de 45,1 milhões de t, 31% abaixo do registrado em igual período do ano passado, quando a empresa processou 65,7 milhões de t da matéria-prima. No entanto, a empresa conseguiu acelerar a produção de energia para aproveitar os preços recordes pagos no mercado livre.

Segundo informou a companhia em seu relatório de resultados do primeiro trimestre, a produção de energia cres-ceu 606% no período, a 15,2 mil MW/h. “A cogeração da Usina Angelica foi li-gada em 7 de março para queimar o bagaço deixado da safra passada. Os preços da energia no mercado spot em fevereiro atingiram R$ 822 o MW/h, devido ao baixo níveis dos reservató-rios das hidrelétricas no Brasil”, afir-mou a empresa em nota.

ODEBRECHT FARÁ AJUSTE NA ÁREA DE ETANOL

O presidente do grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, afirmou que a companhia estuda desmobilizar algumas de suas usinas de cana-de-açúcar para extrair mais va-lor dos negócios no segmento sucroalcooleiro, concentrados na subsidiária Odebrecht Agroindustrial.

O empresário disse que a diferença entre o volume processado de cana e a capa-cidade instalada das usinas da empresa é superior a 10 milhões de t e que um ajuste deverá ser realizado em busca de um melhor equilíbrio.

A moagem efetiva de cana das nove unidades do grupo foi de 22,5 milhões de t na safra 2013/14, encerrada em 31 de março. Isso significou uma ociosidade de 12,5 milhões de t frente à capacidade industrial instalada, da ordem de 35 milhões de t. “Estamos estudando como faremos esse ajuste. Mas não estou dizendo que vamos vender o negócio”, enfatizou o empresário.

Ele afirmou, ainda, que não sabe que usinas poderão deixar de operar - se as de São Paulo, as de Goiás ou a de Mato Grosso do Sul. Mas afirmou que uma primeira medida já está sendo tomada, que é a desaceleração do ritmo de aumento de canaviais. “Estamos expandindo áreas de cana num ritmo menor.”

O empresário disse não saber ainda quando esse replanejamento do braço sucro-alcooleiro estará concluído. Tudo vai depender de como o governo vai se posicionar diante das demandas do segmento. “Sou um otimista. Alguma medida deve ser tomada.”

ACABA A GREVE DA USINA SANTA ADÉLIA DE

JABOTICABALDepois de 32 dias, finalmente acabou a

greve dos funcionários da indústria e da ofici-na automotiva da Usina Santa Adélia, no mu-nicípio de Jaboticabal, no dia dois de maio. O movimento, que tinha se iniciado no dia primeiro de abril, fez com que a moagem des-ta unidade do Grupo Santa Adélia, que ainda possui as unidades de Pereira Barreto (no mu-nicípio de mesmo nome) e Pioneiros (em Sud Menucci), ficasse atrasada todo este tempo. Somente a unidade de Jaboticabal se achava em greve.

O motivo foi a fixação do turno dos traba-lhadores da indústria, que fez com que estes perdessem a hora extra da refeição. Os traba-lhadores da oficina automotiva, que já tinham recebido esta alteração no passado, aproveita-ram para apoiar o movimento grevista.

34+Por dentro

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GRUPO SÃO MARTINHO ADQUIRE O CONTROLE DA USINA

SANTA CRUZ Depois de entrar no capital da Usina Santa Cruz em outubro

de 2011, com uma participação de 32,5%, o Grupo São Martinho, um dos maiores do segmento sucroalcooleiro no País, assumiu o controle da unidade, localizada em Américo Brasiliense, SP. A São Martinho agregará uma participação adicional de 56,05% e, como atualmente já tem 36,09%, ficará com 92,14% da nova controlada.

A participação adicional de 56,05% foi avaliada em R$ 315,8 milhões - R$ 277,5 milhões referentes ao valor da usina e R$ 38,3 milhões a uma fatia de 56,05% da fazenda de 2 mil ha que abriga a planta industrial e uma área de plantio de cana. A transação foi feita com o acionista majoritário da Santa Cruz, a Luiz Ometto Participações, holding controlada por Luiz Cera Ometto, que tam-bém é vice-presidente do conselho da São Martinho.

Com o braço agropecuário, a São Martinho firmou um contrato de arrendamento por 20 anos. Pelo acordo, serão for-necidas nesse período 1,4 milhão de t de cana-de-açúcar por safra para a Santa Cruz, o equivalente a 30% da demanda da usina pela matéria-prima. Com a nova tacada, a São Martinho espera alcançar uma sinergia anual da ordem de R$ 40 milhões.

A partir do fechamento da operação, que deverá acontecer até agosto próximo, a São Martinho vai elevar seu processa-mento de cana das atuais 17 milhões de t por safra para cerca de 20 milhões de t. Nessa mesma lógica, a produção de açúcar do grupo poderá aumentar de 1,133 milhão para 1,353 milhão de t. A de etanol anidro, biocombustível misturado à gasoli-na, passará de 383 milhões para 446 milhões de l, enquanto a de hidratado, usado diretamente nos tanques dos veículos, sairá de 269 milhões para 295 milhões de l. Já a produção de energia elétrica deverá crescer para 673 mil MW/h por ano.

COSAN MANTÉM FOCO EM REDUÇÃO DE DÍVIDA E

ALAVANCAGEM FINANCEIRAO grupo Cosan, que tem negócios nas áreas de energia e in-

fraestrutura, vai continuar focado na redução da alavancagem fi-nanceira e a tendência é de queda do índice até o fim do ano, sem levar em conta fatores exógenos, indicou a direção da companhia. “O caminho é desalavancar ou reduzir o custo da dívida”, disse o vice-presidente de finanças e diretor de RI da Cosan, Marcelo Martins, em teleconferência com analistas.

A tendência é de que o grupo encerre 2014 com alavancagem medida pela relação dívida líquida/Ebitda (resultado antes de ju-ros, impostos, depreciação e amortização) perto de 2 vezes. No fim de março, o endividamento pro-forma líquido era de R$ 9,6 bilhões, frente a R$ 10,3 bilhões em 31 de dezembro - 2,4 vezes o Ebitda anualizado. A direção indicou ainda que não pretende

acessar o mercado de bônus. Se decidir pelo refinanciamento de parte da dívida, escolheria a via bancária.

A Cosan registrou lucro atribuído aos sócios da controla-dora (base para distribuir dividendos) de R$ 256 milhões no trimestre, ante ganhos de R$ 27 milhões um ano atrás. A me-lhora do resultado veio com um aumento de R$ 129,2 milhões na linha de equivalência patrimonial, devido aos resultados da Raízen; alta de R$ 71,3 milhões no resultado financeiro, por variação cambial e amortização de custo; além de redução de R$ 54,5 milhões do lucro antes de juros e impostos aos não controladores.

A receita líquida cresceu 8,4% no período, para R$ 2,16 bilhões. O Ebitda somou R$ 1,03 bilhão, com alta de 12,6% sobre um ano antes. Conforme Martins, a Raízen Combustíveis, uma joint venture com a Shell, cresceu acima do mercado na-cional no trimestre, segundo dados da agência reguladora ANP.

35+Por dentro

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MITSUBISHI AVANÇA NAS METAS DO INOVAR-AUTO E DEVE AMPLIAR

OFERTA DE MOTORES FLEX “Apesar do Inovar-Auto não promover nesta primeira etapa o

uso mais eficiente do etanol em relação à gasolina, as exigências do programa governamental estão mudando algumas características do mercado automotivo, como ilustra bem o caso da Mitsubishi,” afirma o Consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indús-tria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc. O comentário se refere a medidas de nacionalização progressiva dos componentes e motores anunciados pela montadora.

Szwarc enfatiza que seria interessante ver a Mitsubishi avançar além das metas do Inovar-Auto e apresentar ao mercado veículos que tenham melhor desempenho quando abastecidos com etanol. Para ele, isso significa superar a média do mercado, que normal-mente é referenciada em torno de 70% em relação a gasolina.

De acordo com a Automotive Business, há informa-ções de que 20% das peças utilizadas nos motores da mar-ca hoje são produzidas pela Mitsubishi no Brasil. A meta se-ria aumentar esse número para 50% até o fim do próximo ano. Dessa forma, conforme as regras do Inovar-Auto, medida adotada

pelo Governo Federal com o objetivo de estimular o investi-mento na indústria automobilística nacional, seria atendido o programa de eficiência energética do governo e garantida também à redução de IPI com o emprego de peças produzi-das no País.

Na fábrica da companhia localizada em Catalão, GO, é montado o motor de 2 l que equipa o ASX nacional e que, a partir de agosto, estará também no Lancer produzido no Bra-sil. Trata-se de um propulsor moderno à gasolina com bloco e cabeçote de alumínio, comando de válvulas variável e 160 cv de potência. Já existe também um projeto para torná-lo flex.

A planta de Goiás abriga algumas linhas de motores, in-clusive a montagem final e hot test de todos os propulsores flex (2.0 L da TR4, 2.4 flex da Triton e 3.5 V6 flex da Triton e Dakar).

Mitsubishi L200equipada com o

motor 2.4 Flex

FROTA FLEX BRASILEIRA MOTIVA CHINESA JAC MOTORS A INVESTIR

EM CARRO BICOMBUSTÍVELA tecnologia flex-fuel presente em cerca de 21 milhões de au-

tomóveis, mais de 60% da frota de veículos leves que circula no Brasil, segue ampliando sua participação no mercado automobi-lístico nacional. A empresa mais recente a demonstrar sintonia com as expectativas do consumidor brasileiro oferecendo versões bicombustíveis é a multinacional chinesa JAC Motors.

Lançados no Brasil no início de abril, os modelos J3 S e J3 S Turin, além de utilizarem tanto o etanol quanto a gasolina, vem equipados com o propulsor Jet Flex, que elimina o reservatório de partida a frio. A tecnologia, produzida em parceria com a mul-tinacional americana Delphi, permite que o aquecimento do com-bustível ocorra dentro dos bicos injetores.

As versões bicombustíveis cada vez mais vão dividir o espaço nas lojas com os demais veículos da marca movidos a gasolina. A expectativa da JAC é que nos próximos meses mais modelos ganhem motores flex, como o portátil J2 e a minivan J6, corres-pondendo a 50% das vendas da linha.

“Os modelos são mais baratos e acreditamos que os novos flex responderão por metade das vendas”, afirmou o presidente da JAC Mo-tors do Brasil, Sérgio Habib.

J3S é o primeiro modelo bicombustível da JAC

Motors do Brasil

NOVO APLICATIVO DA JOHN DEERE GARANTE MAIS

DESEMPENHO NO CAMPOA John Deere desenvolveu o Go Harvest, aplicativo

para smartphones, que possibilita ao produtor analisar e elevar a performance da colheita, por meio de uma série de recursos e informações em todos os modelos de colhedoras da marca. O dispositivo está disponível para as plataformas Android e IOS gratuitamente em sete idiomas.

O recurso permite aos operadores aperfeiçoar as fun-ções da máquina de acordo com a safra ou tipo de cultura. “O aplicativo orienta a melhor regulagem do equipamento, por meio de perguntas e respostas, e interage com o ope-rador sugerindo a regulagem necessária”, explica Gustavo Barden, gerente de marketing de Produtos da John Deere do Brasil.

Para utilizar o Go Harvest, não há necessidade de co-bertura de sinal, ele funciona perfeitamente em áreas sem alcance de internet. “O aplicativo não substitui o manual de instruções da máquina, porém é uma forma mais intui-tiva de realizar os ajustes”, afirma Barden.

Com a janela de colheita cada vez menor, o aplicativo proporciona um guia rápido de referência para que o agri-cultor encontre com facilidade as melhores recomendações possíveis. Ele traz uma seção de notas que permite ao ope-rador usufruir o desempenho máximo da colhedora, além de auxiliar na alteração de configurações, quando as con-dições em campo são diferentes das ideais, e documentar as mudanças feitas durante a colheita.

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FMC LEVA PEÇA INFANTIL PARA MINAS GERAIS

Depois das oficinas destinadas aos educadores da rede pública, a FMC Agricultural Solutions, agroquímica multinacional, com-pleta o projeto de responsabilidade ambiental “Árvore da Vida” com apresentações teatrais gratuitas para o público infantil. Em Araxá, as apresentações infantis ocorreram no dia 12 de maio, em quatro sessões, em parceria com a Ecomagri Comércio e Exporta-ção. Já em Patrocínio, os espetáculos ocorreram em cinco sessões nos dias 15 e 16 de maio, em parceria com a Coopa (Cooperativa de Patrocínio). O projeto é aprovado pelo governo do estado de Minas Gerais, com recursos da Lei Estadual de Incentivo à Cultura e com apoio das prefeituras municipais.

A peça infantil oferece conhecimento, de forma lúdica, sobre como é possível inserir boas práticas agrícolas na rotina da comu-nidade rural. Com uma linguagem simples, o espetáculo, de au-toria de Bruno Fantini e produzido pela Companhia de Teatro Sia Santa, trata da jornada de insetos que buscam informações para salvar uma grande árvore e o seu ecossistema. O conteúdo relata a descoberta do 8° hábito de atuação responsável: meio ambiente, uma grande novidade nas boas práticas agrícolas, fazendo alusão ao espetáculo “Plantando o 7”, anteriormente criado e apresentado pela FMC, que fala sobre os sete hábitos de atuação sustentável.

“O objetivo do projeto é levar conhecimento, informação e atualização para crianças e professores. As crianças são multipli-cadoras de conhecimento dentro de suas casas e os educadores atuam diretamente na formação de cidadãos nas salas de aula. Valorizamos muito a participação e o envolvimento desses dois públicos”, destaca a gerente de comunicação da FMC, Fernanda Teixeira. “Pelo teatro, encontramos a melhor forma de beneficiar comunidades, disseminando boas práticas agrícolas com cultura e entretenimento”, completa.

GEO ENERGÉTICA AMPLIA PLANTA INDUSTRIAL DE TAMBOARA

A GEO Energética inicia neste mês de maio as obras de ampliação da sua planta industrial em Tamboara, no Noroeste do Paraná. Com capacidade instalada para gerar 4 MW de energia elétrica, a unidade será ampliada em mais 8 MW, em duas etapas, para gerar um total de 12 MW de energia. Neste ano, serão investidos R$ 16 milhões nas obras, sendo parte de recursos próprios e parte de recursos da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos). A GEO já possui projetos para outras duas futuras ampliações: 16 MW e 40 MW.

As obras de ampliação serão realizadas em duas etapas. A primei-ra etapa deve entrar em operação em janeiro de 2015, aumentando a capacidade instalada da planta para 7 MW. Em seguida, inicia-se a segunda etapa da ampliação, com a construção de um novo biorrea-tor vertical. A segunda etapa deverá ser concluída no final de 2015, quando a planta da GEO Energética atingir a capacidade de produzir 12 MW de energia com cinco grandes biorreatores (dois horizontais e três verticais).

Atualmente, a planta da GEO tem capacidade para processar até 300 t de resíduos sólidos e 1.000 m³ de vinhaça/dia. A partir da re-ciclagem desse material, a empresa produz biogás, energia elétrica, biometano, adubos orgânicos e vapor. Hoje, a GEO é líder nacional na produção de biogás obtido a partir dos resíduos da indústria su-croalcooleira.

Além de ampliar sua planta industrial, a GEO vai avançar muito em pesquisas neste ano. A empresa acaba de obter um financiamento da Finep para investimentos em novas pesquisas para aperfeiçoa-mento dos processos de biodigestão de diferentes biomassas, me-lhoria do processo de purificação do biogás, com a remoção do H2S e a redução dos níveis de umidade, aceleração do processo de con-centração do biogás para a transformação em biometano e o uso do biometano em motores veiculares para substituição do diesel fóssil.

LIXO PARA A TGM É FONTE DE ENERGIA LIMPA E GERA EMPREGOS

Transformar o lixo em energia limpa é um desafio no Brasil, mas é uma realidade para a TGM em outros países. Devido ao cres-cimento acelerado da população, a produção de resíduos sólidos se tornou um grave problema para as administrações públicas, para a sociedade e para o País. Com base nesta preocupação, a TGM que atualmente é responsável em produzir pelas suas turbinas mais de 10 GW de energia, abastecendo milhares de residências e in-dústrias do mundo, levanta a bandeira e mostra seu potencial em transformar lixo em energia limpa.

De acordo com o diretor da TGM, Antonio Gilberto Gallati, todo o lixo produzido na cidade é capaz de gerar parte da ener-gia consumida pelo município, ou seja, entra lixo e sai energia elétrica. “A tecnologia TGM em transformar resíduos sólidos em energia limpa, além de limpar a cidade, gera renda, empre-gos e colabora na solução dos problemas ambientais”, alertou.

Gallati reforçou ainda que as cidades brasileiras têm esse po-tencial nas mãos (ao se referir à energia limpa) e que isso aju-daria muito nas comunidades locais, principalmente na redu-ção de custos de energia de outras fontes convencionais. Para exemplificar, uma cidade com população de 500 mil habitantes, produz lixo suficiente para gerar 15.000 kW de energia elétrica, que corresponde a cerca de 10% a 15% de seu consumo total de energia. Segundo Gallati, o Brasil tem condições e facilidades de produzir, no mínimo, 3 GW de energia elétrica a partir de lixo, assim como eliminar vários riscos e gastos na saúde pública, além de gerar empre-gos de qualidade e impulsionar um sério trabalho ambiental e social.

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38+Atualidades Jurídicas

Atualidades Jurídicas

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DIREITO AMBIENTALCOMEÇA PRAZO DE UM ANO PARA

PROPRIETÁRIOS FAZEREM O CADASTRO AMBIENTAL RURAL

As regras que faltavam para os proprietários rurais fazerem o Ca-dastro Ambiental Rural (CAR) foram publicadas em uma edição extra do Diário Ofi cial da União, no dia 05 de maio de 2014. O prazo de um ano para todos os proprietários realizarem o seu cadastro passou a contar a partir do dia seguinte.

O Código Florestal, aprovado em 2012, determina que aqueles que tiverem áreas de preservação permanente (APP) e/ou Reserva Legal abaixo dos mínimos obrigatórios devem aderir aos Programas de Re-gularização Ambiental (PRA) dos Estados e do Distrito Federal (PRA). Era esta a peça que faltava para o CAR entrar em vigor.

O Decreto 8.235/2014 estabelece as regras para os Estados e o Distrito Federal iniciarem seus programas de regularização ambiental.

De acordo com a redação do decreto, os proprietários devem ins-crever seus imóveis rurais por meio do Sistema de Cadastro Ambiental Rural (Sicar), o programa de computador criado pelo governo federal que emitirá o recibo de inscrição. Com todos os dados do imóvel, o próprio Sicar vai apontar se há ou não necessidade de recuperação de APP e Reserva Legal. É com base nisso que cada proprietário vai ela-borar os seus planos de recuperação.

O decreto diz ainda que tanto a inscrição no CAR quanto a ela-boração do plano de recuperação independem de contratação de um técnico responsável – o que pode reduzir os custos para a regularização ambiental das propriedades. O prazo para a recuperação da Reserva Legal, nos casos necessários, é de até 20 anos.

DIREITO DO TRABALHOREPOUSO NOTURNO EM CAMINHÃO NÃO EQUIVALE A SOBREAVISO OU

PRONTIDÃOO pernoite dentro do caminhão não equivale a sobreaviso ou pron-

tidão, pois o motorista não está aguardando ordens e nem vigiando carga, já que estará dormindo. Com esse entendimento, o Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais afastou a condenação im-posta a uma transportadora pelo juízo de 1º Grau.

Na decisão, o juiz entendeu que, ao dormir no caminhão, o reclamante fi cava de prontidão. Consequentemente, condenou a transportadora ao pagamento de dois terços do salário-hora no período noturno. Insatisfeita, a empresa recorreu e conseguiu re-verter a decisão.

O relator do recurso, seguindo o mesmo entendimento adotado em outras oportunidades, destacou que não há como aplicar, por analogia, o disposto nos parágrafos 2º e 3º do artigo 244 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). O desembargador conside-ra como sobreaviso o tempo em que o empregado permanece em sua residência aguardando ser chamado para o serviço a qualquer momento. E considera prontidão o período em que o empregado fi ca nas dependências da estrada, aguardando ordens. Para o de-sembargador, nenhuma dessas situações se aplica ao motorista que pernoita na cabine do caminhão, pois o profi ssional não está aguardando ordens neste período. No caso do motorista, isso não ocorre, já que ele está dormindo. Isso impede também que vigie a

carga, sendo considerado que a vigília é incompatível com o sono.Também foi lembrado que o inciso III do artigo 235-D da CLT

autorizou expressamente que “o repouso diário do motorista obriga-toriamente com o veículo estacionado” seja feito na cabine leito do veículo. Portanto, com base nesse contexto, a Turma de julgadores, por maioria de votos, decidiu julgar favoravelmente o recurso para excluir a condenação relativa às horas de prontidão e refl exos.

DIREITO EMPRESARIALUSO DO CERTIFICADO DIGITAL TORNA-SE OBRIGATÓRIO PARA

EMPRESAS CONTRIBUINTES DO ICMS

A Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo emitiu a Portaria CAT n° 134 de 18 de dezembro de 2013, que alterou a Portaria CAT n° 92 de 1998, tratando da implantação e uniformização de procedi-mentos relativos ao sistema eletrônico de serviços dos Postos Fiscais Administrativos do Estado.

A Portaria, que trata da Certifi cação Digital estabeleceu que, a partir do dia 1° de abril de 2014, tornou-se obrigatória a utilização de Certifi cado Digital (e-CNPJ ou e-CPF) para a transmissão de so-licitações de inscrição, alteração e baixa de contribuintes do ICMS (Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços) realizadas no site da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Até então, a transmissão de referidas solicitações podia ser feita com o acesso por meio de login e senha previamente cadastrados.

Ainda, o detentor do e-CNPJ ou do e-CPF poderá outorgar pro-curação eletrônica, inclusive com prazo de validade indeterminado, a outro e-CNPJ ou e-CPF para a prática dos atos cadastrais, sendo o outorgante responsável pelos atos praticados pelo outorgado.

Por fi m, ao estabelecer que a norma seja aplicada aos contribuin-tes do ICMS, a Portaria também faz ressalvas, dispensando desta obrigação o MEI (Microempreendedor Individual), o Produtor Rural não credenciado no e-CredRural e o contribuinte sujeito às normas do Simples Nacional.

DIREITO TRIBUTÁRIO

STJ ENTENDE QUE HORA EXTRA DEVE SER TRIBUTADA

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que incide contri-buição previdenciária sobre horas extras e adicional noturno e de periculosidade, pois as verbas possuem caráter salarial, e não inde-nizatório. O entendimento deverá ser utilizado pelas instâncias infe-riores em casos idênticos.

Na decisão, foi acolhida a tese defendida pela Procuradoria-Ge-ral da Fazenda Nacional (PGFN). O procurador afi rmou que tratar as verbas como indenizatórias signifi caria pressupor que os trabalhado-res que as recebem sofrem danos todos os dias, além disso, afastar a cobrança os prejudicaria, já que impactaria o benefício previdenciário a ser recebido futuramente.

Recentemente, o STJ analisou a incidência de contribuição previ-denciária sobre outras verbas trabalhistas. Para o Tribunal, não devem ser tributados o auxílio-doença, o aviso prévio indenizado e o terço constitucional de férias. Entram no cálculo, entretanto, os salários maternidade e paternidade.

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executivo

39+Executivo

O executivo não desanima: “Sempre acreditei no setor, mesmo nas crises como as de 94, 98, 2005 e esta que estamos passando, sendo umas das piores. Sempre plantei e investi na cana, hoje posso dizer que a cana faz parte da minha vida”

PEDRO TESTONIdade48 anos

NaturalidadeJandaia do Sul, PR

Estado CivilCasado há 22 e tem dois filhos

FormaçãoTécnico em Contabilidade

CargoProdutor de cana e proprietário da Teston Implementos para Transporte

HobbiesViajar com a família e amigos para a casa que tem à beira do Rio Paraná e olhar seus canaviais

Filosofia de vida“O meu lema é a simplicidade. O que tenho é importante, mas o mais importante é como consegui. E foi com muito trabalho, coragem e honestidade.”

Um pouco diferente do que diz a música da dupla sertaneja Ataíde e Alexandre intitulada “Tá nervoso? Vai pescá!” (sic), quando o exe-cutivo do mês está nervoso, apesar de adorar pescar com os amigos nas horas vagas, ele recupera a sua serenidade andando pelos seus canaviais. Pedro Teston é produtor de cana no Paraná e gosta tanto, mas tanto da cana-de-açúcar que se tornou proprietário de uma em-presa fabricante de equipamentos voltados especificamente para o setor canavieiro, a Teston Implementos para Transporte.

A agricultura entrou em sua vida de forma natural. Isto porque, Teston é filho, neto e bisneto de agricultores e desde cedo aprendeu a dar valor à terra. “Primeiro comecei ajudando meu pai e com o tempo fui me tornando agricultor. Sempre fui independente, come-cei a plantar feijão em áreas que sobravam ou em áreas que eram de difícil acesso. Depois, com o trator do meu pai, comecei a fazer serviços para os outros agricultores e a arrendar terras para o plantio de soja, milho, algodão, trigo e na sequência pude adquirir a primei-ra colhedora de soja em sociedade com meu irmão João”, relembra.

Naquela mesma época era fundada a Cooperativa de Cana-de--açúcar do Vale do Ivaí (Cooperval), uma iniciativa de produtores no qual o seu pai, Narciso Teston, estava envolvido. E foi assim que a cana entrou de vez na vida de Teston. “Ainda hoje eu e minha fa-

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40+Executivo

Pedro Teston em passeio de barco pelo Rio Paraná

mília somos membros atuantes da Cooperval.”Após alguns anos como arrendatário e produtor de cana, em 1987 o executivo

iniciou uma sociedade com seu irmão Paulo. Além de cana, os irmãos plantavam hortaliças e frutas, e depois especializaram-se na prestação de serviços e plantio de cana-de-açúcar na região de Marumbi e Jandaia do Sul, PR. “Após uma crise na agricultura, saímos de Marumbi e viemos para o Noroeste do Paraná para tra-balharmos na Usina Cocamar, localizada em São Tome”, conta.

Depois de quatro anos trabalhando fora de casa, os irmãos se mudaram para Cianorte, PR, onde vivem até hoje. Durante todo este tempo, Teston conta que além de continuar a arrendar terras, ele e sua família adquiriram suas próprias terras na região de Marumbi, Cianorte e no Mato Grosso. “Abrimos a duras penas, em MT, uma fazenda de 1,4 mil ha nos anos de 2003/2005 que hoje está arrendada para soja.”

CRISE E OPORTUNIDADESNa safra 2013, Teston conta que produziu em torno de 140 mil t de cana e a

perspectiva é que a safra deste ano tenha perdas devido as geadas que atingiram o Estado do Paraná, a falta de chuvas, a dificuldade para investimentos devido ao baixo preço da cana e o aumento do custo de produção (adubo, herbicidas, combus-tível e mão de obra). “Temos enfrentado baixa produtividade devido a problemas climáticos, preços muito baixos, falta de variedades mais produtivas e falta de po-líticas voltadas para o setor. Nós tentamos fazer uma programação e um planeja-mento para reduzir ao máximo os custos. Isso pode minimizar os efeitos da crise, mas diante dos indícios não será fácil.”

É na crise que o executivo encontra as oportunidades. Foi durante uma das crises na sua produção que ele decidiu, junto com seu irmão, abrir a Teston. No início, a empresa, que apenas prestava serviços, passou a ser produtora de novas tecnologias em implementos rodoviários voltados para o setor canavieiro.

“Devido a problemas enfrentados no campo decidimos começar a produzir tec-nologias. Como prestadores de serviço, a nossa experiência nos levou a desenvolver máquinas que podem otimizar e reduzir custos na colheita. Assim, surgiu a ideia de fazermos o primeiro equipamento: o transbordo gigante, que diminui os custos de produção e a compactação do solo. Hoje temos uma linha de transbordos de al-ta capacidade, pranchas carregadoras e projetos para aumentar os rendimentos da colheita mecanizada de cana”, salienta Teston.

Mesmo com a indústria a empresa ainda presta serviços para oito usinas. A Teston tem 45 colhedoras de cana e mais de 100 tratores trabalhando nestas usi-nas. “Plantamos 1,6 mil ha de cana para as usinas: Companhia Melhoramentos de

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Cianorte, Cooperval de Jandaia do Sul, Renuka - Unidade de Cambuí e Usina Santa Terezinha- Unidade São Tomé, todas no Paraná”, revela.

Apesar de enfrentar dificuldades por conta das sucessivas crises, do fechamento de várias usinas, da falta de crédito para investimento em novas máquinas, da alta do dólar e, como consequência, a alta dos preços dos materiais como aço e pneus, o executivo se mantém confiante e continua investindo em novas tecnologias. Ele re-velou a entrada da empresa no mercado de colhedoras de cana-de-açúcar. O projeto deverá atender a necessidade de redução de custos na colheita e entrará em fase de testes em breve. “A perspectiva é que com o diferencial dos nossos produtos pos-samos diminuir os custos de produção e aumentar os lucros na colheita de cana.”

DE BEM COM A VIDASimplicidade. Essa é a palavra que rege a vida do executivo Pedro Teston. “O

meu lema é a simplicidade. O que tenho é importante, mas o mais importante é como consegui. Foi com muito trabalho, coragem e honestidade. Sou uma pessoa simples, de gostos simples e adoro gente, gosto muito de uma boa prosa e de contar histórias, principalmente para crianças. Sou um bom contador de histórias”, diz.

O executivo, que é casado com Roseane há 22 anos e tem dois filhos moços, o Pedro Henrique, 21, e Lucas, 20, diz que sua vida é muito corrida. Viaja muito a trabalho e como se divide em várias áreas, conta que acaba tendo pouco tempo para o lazer. Mas deixa os finais de semana para se dedicar as coisas que gosta.

“Adoro ficar rodeado de amigos e família, passo minhas horas de lazer no cam-po ou na beira de um rio, nem tanto para pescar, mas para ficar em meio a natureza. Gosto muito de navegar e viajar. Hoje tenho mais condições e venho conhecendo vários lugares maravilhosos. O Nordeste brasileiro é lindo e recentemente conheci a Índia e Dubai. Foi uma experiência extraordinária. Agora pretendo ir à Europa co-nhecer o Velho Mundo”, afirma o executivo.

Hoje seu maior hobby é viajar para Porto Rico, PR, onde ele tem uma casa à beira do Rio Paraná. Lá, ele recebe seus amigos e familiares. “Descanso e me di-virto muito. Mas, por incrível que pareça, quando estou com problemas, nervoso ou tenso com algo, saio para ver o meu canavial. Isso me acalma. Adoro ver meus canaviais”, conta Teston.

Ele nunca desanima do setor e nem da vida. “Meu desejo é viver bem e ser feliz com minha família, ver minha empresa crescer ainda mais e meus filhos darem con-tinuidade ao meu trabalho e serem felizes como eu sou. Sempre acreditei no setor, mesmo nas crises. Sempre plantei e investi na cana, hoje posso dizer que a cana faz parte da minha vida”, conclui.

Teston e sua família adquiriram terras próprias na região de Marumbi, Cianorte e no Mato Grosso

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AUSTRÁLIA ALERTA QUE EL NIÑO PODERÁ COMEÇAR EM JULHO

A Austrália emitiu um alerta de que o fenômeno meteorológico El Niño irá se desenvolver já em julho próximo, trazendo potencial seca para toda a região da Ásia voltada ao Oceano Pacífico, bem como chuvas mais pesadas que o habitual para a América do Sul.

O Oceano Pacífico tropical se aqueceu de forma constante nos últimos meses, conforme apontou o Bureau de Meteorologia da Austrália, citando grandes anomalias abaixo da superfície do oce-ano e temperaturas de superfície cada vez mais quentes. Modelos sugerem que a probabilidade de um evento é de pelo menos 70%, segundo o serviço de meteorologia do governo.

El Niños podem perturbar os mercados agrícolas em todo o mundo, além de reduzir a incidência de furacões no Oceano Atlân-tico. Meteorologistas dos EUA para as Nações Unidas já alertaram que um evento pode acontecer neste ano, e o ABN Amro Group NV disse que a confirmação de um El Niño poderia desencadear suporte para os preços de café, açúcar e cacau.

SETOR DA CANA-DE-AÇÚCAR ENCOLHE NO BRASIL

O jornal norte-americano The Wall Street Journal publicou uma matéria, na primeira semana de maio, alertando para a queda na pro-dução de açúcar no Brasil. Esta seria a terceira consecutiva tempo-rada com declínio no número de refinarias, o que funcionaria como um alerta para problemas no setor. O País ainda é o maior produtor de cana-de-açúcar e o maior exportador de açúcar do mundo.

Segundo Plinio Nastari, presidente da consultoria Datagro, a queda seria explicada pela pior seca das últimas décadas e pela política de energia do governo. A Petrobras subsidia os preços da gasolina, tornando mais difícil para o etanol competir. Os subsídios seriam parte do esforço do governo para combater a inflação, então é improvável que a medida seja eliminada este ano, especialmente por causa das eleições presidenciais em outubro.

DÍVIDAS SUPERAM FATURAMENTO NO SETOR SUCROALCOOLEIROSegundo a presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-

-açúcar), Elizabeth Farina, o endividamento do setor é alto, tanto que na média chega a ser do tamanho do faturamento. Entretanto, avaliação do Itaú BBA mostra, que na safra 2013/2014, a receita caiu e as dívidas tiveram alta de 8%, sendo assim, o endividamento já supera o índice de recursos gerados pelo segmento canavieiro.

A presidente da UNICA explica que as dívidas são a grande limitação dos investimentos no setor e desencadeiam problemas com capital de giro nas usinas. Neste contexto, é crescente o nú-mero de usinas que entram em recuperação judicial ou encerram suas atividades.

COMISSÃO DO CONGRESSO APROVA AUMENTO DO TETO DA

MISTURA DE ETANOL NA GASOLINA

Uma comissão mista do Congresso Nacional aprovou a ele-vação para 27,5% do limite máximo do percentual de etanol anidro que pode ser misturado à gasolina, em um primeiro passo para mudar a lei que poderia beneficiar especialmente as usinas de cana.

A efetivação de um teto mais alto do que o atual, de 25%, garantiria uma demanda adicional para a indústria de etanol, além de potencialmente aliviar a necessidade de importação de gaso-lina pela Petrobras, que tem comprado combustíveis no exterior para atender ao mercado interno, complementando sua produção.

Atualmente, a mistura de etanol na gasolina está no teto de 25% estabelecido pela lei --o limite mínimo, de 18%, não será alterado, de acordo com relatório, de autoria do deputado Gabriel Guimarães (PT-MG), incluído no texto da medida provisória 638.

A alteração na MP foi aprovada em comissão mista específica para analisar a matéria. Ela ainda terá de passar pelos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado, uma vez que o texto relati-vo à mistura de etanol não estava incluído na medida provisória enviada pelo governo.

O aumento da mistura é uma reivindicação do setor de açúcar e etanol, que tem lidado nos últimos tempos com excedentes do adoçante no mundo e limites para repasses de custos ao etanol hidratado (concorrente da gasolina), considerando que os preços dos combustíveis são controlados pelo governo, numa tentativa de se evitar descontrole da inflação.

UNICA REDUZ À METADE VALOR DA CONTRIBUIÇÃO FEITA PELAS

USINAS DE SPA Unica aprovou em assembleia a redução pela metade do

valor das contribuições associativas para as indústrias instaladas no Estado de São Paulo. O novo valor será de R$ 0,06 por tonela-da de cana processada na safra 2013/14, ante o valor de R$ 0,13 por tonelada que vinha sendo cobrado até então.

Para as indústrias instaladas fora de São Paulo, o valor cai de R$ 0,06 para R$ 0,045 por tonelada.

Em nota, a entidade informou que a redução foi justificada pela necessidade de adequação das contribuições à realidade eco-nômico-financeira das indústrias sucroenergéticas.

Segundo a Unica, desde 2008 o setor vem sofrendo grande perda de competitividade em razão de políticas públicas adota-das para o setor de combustíveis, que incluem a redução da carga tributária sobre os derivados de petróleo comercializados no país e a comercialização de gasolina subsidiada.

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