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  • 7/22/2019 1Apesar do ttulo, o trabalho faz citaes importates

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    Ministrio da Sade

    FIOCRUZFundao Oswaldo Cruz

    Escola Nacional de Sade PblicaCentro de Pesquisas Aggeu Magalhes

    PREVALNCIA DE OSTEOPOROSE , FRATURAS

    VERTEBRAIS, INGESTO DE CLCIO, E

    DEFICINCIA DE VITAMINA D EM MULHERES NA

    PS-MENOPAUSA

    FRANCISCO ALFREDO BANDEIRA E FARIAS

    TESE APRESENTADA PARA OBTENO DO TTULO DE

    DOUTOR EM CINCIAS AREA DE SADE PBLICA

    LINHA DE INVESTIGAO: EPIDEMIOLOGIA E CONTROLE

    DE DOENAS CRNICO-DEGENERATIVAS

    Recife, Maro de 2003

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    Ministrio da Sade

    FIOCRUZFundao Oswaldo Cruz

    Escola Nacional de Sade PblicaCentro de Pesquisas Aggeu Magalhes

    PREVALNCIA DE OSTEOPOROSE, FRATURAS

    VERTEBRAIS, INGESTO DE CLCIO, EDEFICINCIA DE VITAMINA D EM MULHERES NA

    PS-MENOPAUSA

    AUTOR: FRANCISCO ALFREDO BANDEIRA E FARIAS

    TESE APRESENTADA PARA OBTENO DO TTULO DE

    DOUTOR EM CINCIAS AREA DE SADE PBLICA

    LINHA DE INVESTIGAO: EPIDEMIOLOGIA E CONTROLE

    DE DOENAS CRNICO-DEGENERATIVAS

    Orientador: Prof. Dr. Eduardo Freese de Carvalho

    Palavras-chave: Osteoporose, fraturas vertebrais, ingesto de clcio,vitamina D.

    Osteoporosis, vertebral fractures, calcium intake, vitamin D

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    FARIAS, Francisco Alfredo Bandeira

    Prevalncia de osteoporose, fraturas vertebrais,ingesto de clcio, e deficincia de vitamina D emmulheres na ps-menopausa. / Francisco Alfredo Bandeirae Farias Recife, maro de 2003.xxv, 164 f.Tese (Doutorado) Escola Nacional de Sade Pblica /Centro de Pesquisas Aggeu Magalhes - FIOCRUZ1. Osteoporose. 2.Fraturas vertebrais. 3.Ingesto declcio. 4.Vitamina D

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    Dedicatria

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    Dedico este trabalho

    Aos meus pais Antnio e Dirce.

    Aos meus tios Henry e Dsan.

    minha esposa, Cristina, meus filhos, Leonardo, Maria Paula eFrancisco Victor.

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    Agradecimentos

    Aos Drs. Henrique Cruz, Luiz Fernando Maciel e FranciscoBarreto, Mestres e amigos, pela influncia marcante e permanentena minha carreira profissional.

    Ao Professor Eduardo Freese pela orientao paciente e valiosa.

    Aos Professores John Bilezikian da Universidade Columbia emNova York e Michael Kleerekoper da Universidade Wayne emDetroit, por suas importantes contribuies na elaborao destetrabalho.

    Ao Professor Wainer Souza por sua orientao na anliseestatstica.

    Aos colegas e amigos, Carlos Marinho, Gesa Macedo, GustavoCaldas, Eustcio Vieira, Luiz Griz, pelo apoio constante, estmuloe solidariedade.

    Ao Dr. Alexandre Bezerra de Carvalho pela dedicao comodiretor do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhes, e pelo apoio eincentivo na elaborao deste projeto.

    Aos colegas do Hospital Agamenon Magalhes e do Centro deOsteoporose, Maria Elba Bandeira, Conceio Chaves, KeylaCamargo, Milena Moutelik, Marcela Barbosa, pela solidariedade.

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    LISTA DE ABREVIATURAS

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    LISTA DE ABREVIATURAS

    Apo-E Apoprotena E

    DMO Densidade mineral sseaDBP- D binding protein

    EPOS European Prospective Osteoporosis Study

    EVOS - European Vertebral Osteoporosis Study

    FSH Folicle stimulating hormone

    GH Growth hormone

    HMGCoA-r Hidroxi-metil-glutaril-coenzima A-redutase

    IECA Inibidores da enzima conversora da angiotensina

    IGF-1 Insulin-like growth factor 1

    IMC ndice de massa corprea

    NHANES III (third National Health and Nutrition Examination

    Survey)

    NIH National Institute of Health

    OMS Organizao Mundial da Sade

    OPG osteoprotegerina

    PTH Paratormnio

    RANK Receptor activator nuclear factor-k

    RANKL- Receptor activator nuclear factor-k ligand

    RIA radioimmunoassay

    UVB Ultra violet B

    25OHD - 25-hidroxivitamina D

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    SUMRIO

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    SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS.........................................................................................xiii

    LISTA DE GRFICOS........................................................................................xv

    LISTA DE QUADROS........................................................................................xix

    RESUMO...........................................................................................................xxii

    ABSTRACT......................................................................................................xxiv

    1 INTRODUO.........................................................................................1

    1.1- Epidemiologia da osteoporose e fraturas................................................1

    1.2- Importncia da ingesto de clcio na integridade ssea......................20

    1.3- Deficincia / insuficincia de vitamina D................................................30

    1.4- Outros fatores que influenciam a massa ssea......................................46

    1.4.1- Aspectos genticos da remodelao ssea........................................46

    1.4.2- Susceptibilidade gentica para osteoporose......................................50

    1.4.3-Exerccios fsicos....................................................................................56

    1.4.4- Drogas usadas para doenas no sseas que afetam positivamente

    a massa ssea..................................................................................................58

    2- OBJETIVOS..............................................................................62

    3- SUJEITOS E MTODOS.....................................................................64

    3.1-Tipo do estudo, local e populao..........................................................64

    3.2- Procedimentos..........................................................................................65

    3.2.1- Determinao da densidade mineral ssea.........................................65

    3.2.2- Determinao da vitamina D................................................................. 66

    3.2.3- Avaliao radiolgica.............................................................................67

    3.3- Instrumento e variveis.............................................................................69

    3.4- Anlise estatstica.....................................................................................71

    4 RESULTADOS.......................................................................................73

    4.1-Caractersticas gerais da amostra............................................................73

    x

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    4.2- Prevalncia de osteoporose.....................................................................75

    4.3- Exerccios fsicos e tipos de atividades fsicas praticadas

    regularmente.....................................................................................................82

    4.4- Renda familiar............................................................................................85

    4.5- Ingesto de clcio......................................................................................88

    4.6-Distribuio dos pacientes de acordo com o uso de antidepressivos,

    diurticos tiazdicos, inibidores da enzima conversora da angiotensina,

    estatinas, L-Tiroxina, bisfosfonatos, e

    estrognios........................................................................................................91

    4.7- Caractersticas das pacientes que determinaram as concentraes

    sricas de vitamina D.......................................................................................95

    4.8- Prevalncia de deficincia de vitamina D, de acordo com os nveis

    sricos de 25 hidroxivitamina-D, por grupo etrio......................................102

    4.9- Densidade mineral ssea e prevalncia de fraturas vertebrais, de

    acordo com osnveis sricos de 25-hidroxivitamina-D..............................104

    4.10- Caractersticas das pacientes avaliadas por radiografias de coluna

    vertebral...........................................................................................................107

    4.11- Prevalncia de fraturas vertebrais.......................................................111

    5- DISCUSSO............................................................................120

    6- CONCLUSES......................................................................................133

    7- REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS................................................136

    8-ANEXOS....................................................................................................163

    8.1-Questionrio..............................................................................................163

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    LISTA DE FIGURAS

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    LISTA DE FIGURAS:

    Figura 1.1- Uma perspectiva global da deficincia de vitamina D

    em pacientes com hiperparatiroidismo primrio, de acordo com a

    apresentao clnica.

    Figura 1.2- genes envolvidos na remodelao ssea (sistema

    RANKL/OPG).

    Figura 1.3- Biosntese do colesterol como substrato para a ao

    das estatinas e dos bisfosfonatos.

    Figura 1.4- Frmula para o clculo do escore t.

    Figura 1.5- Classificao das deformidades vertebrais.

    xiii

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    LISTA DE GRFICOS

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    LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1.1- Risco de fraturas vertebrais (OR) em mulheres ps-

    menopausa, de acordo com a DMO na coluna lombar (ajustado

    para idade e fratura vertebral prvia).

    Grfico 1.2 - Incidncia de fraturas vertebrais (por 100.000/ano)

    em mulheres ps-menopausa, de acordo com diferentes critrios

    diagnsticos.

    Grfico 1.3- Percentual de pacientes que apresentaram fraturasno vertebrais de acordo com a presena de deformidade

    vertebral no incio.

    Grfico 1.4- Prevalncia de deficincia de vitamina D (25OH-D 7.5 mgde prednisona/dia, por mais de 3 meses)

    Hiperparatiroidismo primrio Monitorizao do tratamento para osteoporose

    (Bilezikian, 2000)

    Ainda controverso, de acordo com os critrios da OMS,

    quais os stios mais importantes a considerar na determinao da

    densidade ssea, pois parece haver variao entre populaes na

    prevalncia de osteoporose dependendo do stio esqueltico

    avaliado (Nelson et al.,1998). Vale salientar que em todo o mundo

    os dados de prevalncia, com base nesses mais recentes critrios

    so limitados (Melton,1997, Zimmerman et al., 1999, Ho et

    al.,1999). Tambm parece haver idades diferentes para se atingir

    o pico de massa ssea nos vrios stios esquelticos, enfatizando

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    a necessidade de que cada pas ou regio tenha seus prprios

    dados de prevalncia . Os stios perifricos tm limitaes em

    relao a monitorizao da resposta teraputica, pois o osso

    esponjoso (trabecular), predominante nos stios centrais,

    responde melhor e mais rpido terapia. Tambm a perda ssea

    no perodo ps-menopausa inicial essencialmente trabecular, e

    se um stio esqueltico perifrico for determinado nesta fase

    poder ser absolutamente normal, portanto discordante com

    relao aos stios centrais. Por outro lado, em mulheres idosas

    mais provvel que a massa ssea esteja reduzida em todos os

    stios j que a perda cortical (mais tardia) j se processou. Miller e

    colaboradores (Miller et al., 1999), identificaram indivduos commaior probabilidade de apresentarem osteopenia ou osteoporose

    em stios centrais mesmo com stios perifricos normais (quadro

    1.2).

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    Quadro 1.2- Indicaes para avaliao da densidademineral ssea em stios centrais, aps triagem

    normal em stios perifricos

    Mulheres ps menopausa sem reposio hormonal Histria materna de fratura de colo do fmur Histria pessoal de fratura Fumo, alta estatura (>172 cm), baixo peso (< 58 kg) Uso de glicocorticides, anticonvulsivantes, e agonistas do

    GnRH Doenas associadas perda ssea como: hipertiroidismo,

    hiperparatiroidismo, sindrome de mal absoro, pstransplante, prolactinomas, imobilizao.

    Elevao dos marcadores bioqumicos da remodelaossea.

    (Bilezikian, 2000)

    Nos Estados Unidos, estimativas recentes indicam que

    aproximadamente 18% dos custos anuais com osteoporose, ou

    seja 2.5 bilhes de dlares, so gastos com as fraturas vertebrais

    mulheres da raa branca, porm de forma preocupante, outros 7

    % so gastos com mulheres de outras raas e homens

    (Ray,1995). Neste sentido o recente estudo NHANES III ( third

    National Health and Nutritional Examination Survey) mostrou

    uma prevalncia de osteoporose no colo do fmur de 20%, em

    indivduos acima de 50 anos , nos Estados Unidos, para mulheres

    da raa branca e hispnicas, e de 7% para mulheres da raa

    negra e homens.Estes dados mostram uma alta ocorrncia de

    osteoporose, de acordo com os critrios da OMS, e que este

    problema se aplica tambm para os homens (Looker et al.,1997).

    Dados recentes coletados em nosso grupo (Torres et al., 1998;

    Bandeira et al., 2000) em mulheres encaminhadas para

    determinao da densidade ssea, mostrou uma alta prevalncia

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    de osteoporose nas pacientes acima de 50 anos. Na avaliao de

    mais de 1400 pacientes a prevalncia foi de 40% de acordo com

    os critrios da OMS. Quando comparamos os resultados obtidos

    em 600 pacientes avaliados na Wayne State University em Detroit

    , Michigan, EUA (Nelson et al., 1998), observamos, neste estudo,

    uma prevalncia de 52%. Isto demonstra que o problema da

    osteoporose assume o mesmo significado em nosso meio , com

    uma alta prevalncia, e portanto a necessidade de mais dados

    sobre fatores de risco associados em nossa populao.

    Nossos dados tambm enfatizam a importncia da escolha

    melhor dos stios de determinao da densidade ssea , visto que

    o trocnter mostrouser o local demaior discordncia diagnstica.Cerca de 21% dos pacientes com osteoporose na coluna lombar

    apresentaram valores normais para o trocnter, sendo portanto a

    coluna lombar e o colo do fmur (ou o fmur total) os stios mais

    precisos.

    Em virtude do alto custo de estudos populacionais envolvendo

    densitometria ssea, a prevalncia de osteoporose tambm tem

    sido avaliada, nas mulheres que so encaminhadas para

    determinao da densidade mineral ssea, durante exames

    preventivos da menopausa.

    Em um estudo realizado em 6160 mulheres italianas na ps-

    menopausa, (Varenna et al., 1999) foi verificada uma prevalncia

    varivel de acordo com o grau de instruo (escolaridade), sendo

    que as menos instrudas apresentaram uma prevalncia de

    27.8%, e as mais instrudas exibiram uma prevalncia de 18.3%.

    Tambm a prevalncia de osteoporose tem sido observada em

    pacientes encaminhadas aos servios de ateno primria a

    sade. O estudo NORA (National Osteoporosis Risk Assessment)

    vem sendo realizado nos Estados Unidos, a partir de 1997, com

    cerca de 200.000 mulheres ambulatoriais ps-menopausa

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    avaliadas por DXA em stios perifricos (antebrao e calcneo).

    Foram includas mulheres com idade igual ou maior que 50 anos

    que no tinham realizado densitometria ssea nos ltimos 12

    meses, e que foram atendidas por mdicos generalistas. Nos

    primeiros 8 meses de seguimento de 92.539 mulheres avaliadas

    com questionrio de fraturas clnicas, 52.050 responderam, e

    destas 1067 (2%) relataram fraturas. A densidade mineral ssea

    perifrica basal fortemente pde prever a ocorrncia de fraturas

    (Siris et al., 1998).

    O risco de fraturas aumenta progressivamente com a

    diminuio da densidade mineral ssea, sendo que para cada

    desvio-padro de diminuio na DMO em relao ao adulto jovem(pico de massa ssea) o risco de fraturas aumenta em 1.5 a 3

    vezes. Por ocasio da menopausa natural aos 50 anos uma DMO

    mostrando escore t menor que 1 no colo do fmur, indica um

    risco de 30% para a ocorrncia de fratura do colo do fmur

    (Cooper et al., 1992).

    Estimativas, em estudos populacionais, dos Estados Unidos

    mostram que cerca de 40% das mulheres de raa branca e 13%

    dos homens com 50 anos ou mais desenvolvero pelo menos uma

    fratura, clinicamente aparente, relacionada osteoporose (Melton,

    1992; Cooper, 1997), e levando-se em considerao outros stios

    esquelticos alm da coluna, colo do fmur e rdio distal, o risco

    eleva-se para 70%.

    A incidncia de fraturas na comunidade bi-modal, com dois

    picos um na juventude e outro na senectude. Nos jovens as

    fraturas de ossos longos predominam e esto associadas a

    trauma de intensidade considervel. A partir dos 35 anos de idade

    as fraturas em geral passam a ocorrer progressivamente mais

    freqente em mulheres, sendo que o colo do fmur e o rdio distal

    so os stios esquelticos mais propensos, considerando fraturas

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    clinicamente aparentes (Cooper e Melton , 1992). Portanto, a

    incidncia de fraturas aumenta com a idade, mais alta em

    mulheres do que em homens, e se associam a pequenos traumas

    em stios esquelticos com predominncia de osso trabecular.

    A incidncia de faturas de colo do fmur aumenta de forma

    marcante com o envelhecimento, e apresenta uma relao sexo

    feminino/masculino de 2:1 (Cooper e Melton, 1992; Stewart et al.,

    2000). Durante a vida a DMO no colo do fmur diminui cerca de

    58% nas mulheres e 38% nos homens, e na regio

    intertrocantrica em 53% nas mulheres e 35% nos homens, sendo

    que a maioria dessas fraturas ocorre em consequncia de quedas

    consideradas leves, ou seja, com o indivduo caindo simplesmenteda posio de p (ortosttica). As fraturas de colo do fmur

    tambm exibem variao geogrfica e sazonal na sua incidncia,

    e tendem a ocorrer com mais freqncia durante o inverno nas

    regies de clima temperado (Cooper C, 1997), em virtude de maior

    deficincia de vitamina D como tambm diminuio da

    coordenao muscular por hipotermia. Portanto a combinao de

    perda progressiva de massa ssea associado a uma maior

    propenso quedas torna o paciente idoso extremamente

    vulnervel fraturas de colo do fmur. A variao geogrfica na

    incidncia de fraturas de colo do fmur torna-se evidente mesmo

    entre os pases do continente europeu, em que a diferena chega

    a sete vezes. Isto sugere a interferncia de fatores ambientais

    como fumo, grau de atividade fsica, consumo de lcool, ndice de

    massa corprea, os quais no conseguem explicar totalmente tais

    diferenas (Johnell et al., 1992).

    As fraturas vertebrais constituem as mais comuns complicaes

    da osteoporose, porm so as menos estudadas at hoje, e os

    dados sobre sua ocorrncia so escassos e limitados. A

    elucidao da epidemiologia das fraturas vertebrais tem sido mais

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    10

    complicada, e uma das mais importantes razes para isto se deve

    ao carter assintomtico da maioria destas fraturas, como tambm

    at a pouco tempo os estudos epidemiolgicos eram realizados

    para a verificao da ocorrncia de fraturas clnicas apenas

    (Goligher et al., 2000), sendo portanto escassos e conflitantes os

    dados na literatura (Grfico 1.2).

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    Grfico 1.2 - Incidncia de fraturas vertebrais (por100.000/ano) em mulheres ps menopausa, de

    acordo com diferentes criterios diagnsticos.

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    2500

    3000

    3500

    55-59 60-64 65-69 70-74 75-79 80-84 >85

    Morf-Ho

    ColapUS

    Clin/USA

    Incidncia /100.000/ano

    idade(Melton, 1992)

    (VanderKlift, 2002)

    Diante do exposto anteriormente, h necessidade de estudos

    epidemiolgicos de incidncia ou prevalncia utilizando-se

    mtodos que avaliem as fraturas (deformidades) morfomtricas, e

    s muito recentemente que foram publicados os primeiros

    grandes estudos europeus de incidncia de fraturas vertebrais

    (Van Der Klift et al., 2002; EPOS, 2002). Estes estudos precisam

    ser conduzidos em outras regies, com uma definio clara do

    mtodo empregado, j que tais fraturas ou deformidades, apesar

    de na maioria das vezes no apresentarem sintomas, oferecem

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    12

    um risco substancial no s para novas fraturas com

    consequncias clnicas, como tambm para a sade geral dos

    idosos.

    Vrios mtodos tm sido desenvolvidos para acessar as

    deformidades vertebrais por radiografias da coluna dorso-lombar,

    com excelente comparabilidade entre eles (Black, 1999). No

    Estudo Europeu de Osteoporose Vertebral (EVOS) (ONeill et al.,

    1996),15.570 mulheres e homens entre 50 e 79 anos de idade

    foram recrutados atravs de registros populacionais, em 36

    pases. A prevalncia de fraturas morfomtricas foi de 12%. A

    prevalncia aumentou em ambos os sexos com a idade, com

    maior relevncia para as mulheres, e tambm foi verificadovariao geogrfica, com a maior prevalncia nos pases

    escandinavos. Aqui tambm parte desta variao geogrfica pode

    ser explicada pelo grau de atividade fsica e ndice de massa

    corprea. Os estudos iniciais realizados nos Estados Unidos e

    Inglaterra foram desenhados para a verificao de incidncia de

    fraturas clnicas (Melton et al., 1992), cujo resultado difere

    substancialmente dos estudos desenhados para verificao da

    incidncia de fraturas morfomtricas. As fraturas clnicas exibem

    um aumento progressivo na sua incidncia, com a idade,

    chegando a ser 30 vezes maior em mulheres acima de 85 anos

    em comparao com mulheres entre 50 e 55 anos. A coorte de

    Rotterdam, iniciado em 1996 (Van Der Klift et al., 2002) como um

    estudo prospectivo populacional em homens e mulheres com

    idade igual ou maior que 55 anos, tem como objetivo investigar a

    incidncia de fraturas vertebrais com o passar do tempo, assim

    como avaliar fatores relacionados a sua incidncia. Todos os

    10.275 habitantes de Osmmoord, um distrito de Rotterdam,

    Holanda, foram convidados a participar. Destes, 7983 (4878

    mulheres) participaram. A coorte focaliza doenas neurolgicas,

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    cardiovasculares, oftalmolgicas e do aparelho locomotor.

    Radiografias basais e no seguimento foram disponveis em 1527

    homens e 2022 mulheres. A incidncia geral foi de 14.7

    fraturas/1000 pessoas-ano em mulheres, e de 5.9 fraturas/1000

    pessoas-ano nos homens. A incidncia de fraturas morfomtricas,

    em 6 anos e meio, foi cerca de 5 vezes maior em mulheres entre

    55 e 60 anos de idade do que a incidncia de fraturas clnicas na

    mesma faixa etria verificada no estudo norte-americano (De Laet,

    2000). A incidncia de fraturas morfomtricas tambm aumentou

    com a idade, porm a curva de progresso menos acentuada do

    que aquela da incidncia de fraturas clnicas (grfico 1.2). Nas

    mulheres, sem deformidades vertebrais no inicio do estudo, entre55 e 65 anos a incidncia foi de 7.9 fraturas/1000 pessoas-ano,

    enquanto que entre 65 e 75 anos, de 11.4 fraturas/1000 pessoas-

    ano, e nas pacientes acima de 75 anos foi de 11.2 fraturas/1000

    pessoas-ano. Nas pacientes, com idade acima de 65 anos, que j

    apresentavam alguma deformidade vertebral (fraturas prevalentes)

    no incio do estudo a incidncia de novas fraturas foi 7 vezes

    maior.

    Na coorte de San Francisco (EUA) entitulada Estudo de

    Fraturas Osteoporticas, mulheres ps menopausadas com idade

    igual ou superior a 65 anos apresentaram uma prevalncia de

    20% de deformidades vertebrais, considerando mais de 3DP de

    reduo da altura vertebral (Black et al., 1999). Apenas 1/3 das

    fraturas vertebrais apresentam manifestaes clnicas, e h uma

    forte associao entre nmero e grau de deformidades vertebrais

    e a ocorrncia de dor lombar e perda da estatura (Ismail et

    al.,1999).

    As fraturas vertebrais usualmente eram avaliadas, atravs da

    interpretao subjetiva de radiografias da coluna dorso-lombar, em

    um determinado ponto (prevalncia), ou de radiografias seriadas

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    realizadas com o tempo (incidncia). Mais recentemente novas

    tcnicas foram desenvolvidas no sentido de medir as alturas dos

    corpos vertebrais (morfometria vertebral), e assim definir

    deformidades vertebrais objetivamente. Vrios mtodos tm sido

    propostos para definio de deformidades vertebrais atravs da

    anlise radiogrfica (Genant et al., 1988; Minne et al., 1988;

    Eastell et al., 1991; Genant et al., 1993; McCloskey et al., 1993;).

    Um dos mais utilizados avalia diferenas percentuais nas alturas

    anterior, mdia e posterior de cada corpo vertebral. Uma vrtebra

    em que alguma altura diminuiu alm de um percentual

    especificado previamente (usualmente 20% de diminuio) ,

    definida como deformidade. Outros adicionam medida da alturaem percentual, uma diminuio de pelo menos 3 mm, ou utilizam

    um referencial da populao normal expressando o resultado em

    desvios-padro (usualmente uma reduo de 3DP ou maior

    indica deformidade). Minnie e colaboradores tambm

    desenvolveram um mtodo baseado na medida das alturas dos

    corpos vertebrais em que uma diminuio inferior ao 3o. percentil

    para populao referencial indica deformidade, sendo que cada

    vrtebra recebe um escore (de acordo com o grau de

    deformidade). Com a soma dos escores de cada vrtebra obtem-

    se o ndice de deformidade vertebral, e com a soma dos escores

    das treze vrtebras, o ndice de deformidade espinhal.

    N o Estudo de Fraturas Osteoporticas, mencionado

    anteriormente, 7238 mulheres foram avaliadas no sentido de

    comparao dos vrios mtodos de diagnstico de deformidades

    vertebrais, com relao aos fatores clnicos de progresso da

    osteoporose como diminuio da estatura, dor lombar, grupo

    etrio, e densidade mineral ssea no incio do estudo. Todos os

    mtodos citados anteriormente tiveram uma relao similar com os

    fatores de progresso. O mtodo de percentual fixo, por ser mais

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    simples e no necessitar dados referenciais, torna-se mais prtico,

    utilizando-se 20-25% de reduo na altura vertebral como

    deformidade grau I. Este tambm minimiza o tamanho da amostra

    requerida para estudos clnicos, quando comparado com os outros

    mtodos (Black et al., 1999).

    Apesar de apenas um tero das fraturas vertebrais causarem

    sintomas, todas as fraturas, seja sintomtica ou assintomtica

    (radiologicamente identificada), associam-se a uma maior

    morbidade e mortalidade, incluindo maior risco de fraturas no

    vertebrais (grfico 1.3), doenas pulmonares e cncer (Ismail et

    al., 1998; Kado et al., 1999), assim como dor lombar,

    incapacidade funcional e inatividade fsica. Outras condies norelacionadas ao prognstico do comprometimento espinhal, como

    depresso, comprometimento da percepo da sade geral,

    diminuio da capacidade mental, e alteraes no entrosamento

    social tambm so mais comuns na presena de deformidades

    vertebrais.

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    Grfico 1.3- Percentual de pacientes queapresentaram fraturas no vertebrais de acordo com a

    presena de deformidade vertebral no incio

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos

    Com deformidade vertebral no inicio do estudo

    Sem deformidade vertebral no inicio do est

    (Black, 1999)

    (Estudo de Fraturas Osteoporoticas)

    %

    Em outro estudo, mulheres com osteoporose e fratura vertebral

    recente tiveram comprometimento significativo na qualidade de

    vida quando medida pelo Nottingham Health Profile quando

    comparadas as pacientes com osteoporose e sem fraturas. A

    presena de cifose dorsal se correlacionou significativamente com

    a diminuio da mobilidade fsica (Cortet et al., 1999). Todos

    estes fatores refletem claramente o impacto negativo que as

    fraturas vertebrais exercem sobre a sade do idoso (Oleksik et al.,

    2000) . Tambm as fraturas vertebrais associam-se a um maior

    risco de novas fraturas vertebrais com perda da altura e cifose

    dorsal, assim como aumenta o risco de fraturas no vertebrais,

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    18

    Embora no existam dados em nosso pas , nos Estados

    Unidos e na Europa, o risco de fraturas relacionadas com o

    envelhecimento substancial. Considerando-se a expectativa de

    vida atual o risco de ocorrer uma fratura de colo de fmur para

    mulheres de 15% e para homens de 5%.Embora uma parcela

    considervel das informaes sobre fraturas vertebrais no seja

    precisa, pois na maioria so assintomticas, estas tm sido

    estimadas ocorrerem entre 20 e 30% nas mulheres aos 70 anos.

    Considerando-se tambm a alta prevalncia de osteoporose em

    nosso meio, importante obtermos mais informaes sobre a

    ocorrncia de fraturas osteoporticas em nossa populao.

    O impacto das fraturas osteoporticas reflete na mortalidadepois umafratura de colo do fmur reduz a expectativa de vida em

    12 %, e pode se associar a uma taxa de mortalidade , nos

    primeiros seis meses, de 20 % (Riggs et al.,1986). Os pacientes

    que so internados em hospital por conta de fraturas vertebrais,

    tm um risco significativo de desenvolver novas fraturas,

    principalmente nos primeiros quatro anos (Johnnell et al.,1998).

    O risco de fraturas maior em mulheres com baixa massa

    ssea do que em homens, e este risco aumenta medida que o

    indivduo envelhece, em ambos os sexos, paralelamente queda

    na densidade mineral ssea (Melhus et al., 1999). Por outro lado

    pacientes com um tipo de fratura relacionada com o

    envelhecimento, geralmente j tem ou apresenta um grande risco

    de t-la em outro local.

    Pacientes com fraturas de colo de fmur tm uma chance de 3

    a 10 vezes maior de j ter tido uma fratura vertebral e 2 vezes

    mais de ter tido uma fratura de Colles (Cummings et al.,1995). As

    fraturas vertebrais ocorrem mais cedo juntamente com as fraturas

    de Colles, pois refletem perda ssea predominantemente

    trabecular que caracteristicamente se apresenta logo aps a

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    menopausa e no hipogonadismo masculino, seguindo-se posterior

    perda cortical. Os corpos vertebrais tm osso trabecular, o tero

    distal do rdio tem 70% de osso trabecular, e o colo do fmur tem

    75% de osso cortical.

    Embora existam evidncias que pessoas idosas tenham maior

    risco dequeda, o maior problema relacionado a fraturas e

    envelhecimento, a diminuio da densidade ssea, sendo

    importante a identificao de fatores de risco relacionados a esta

    diminuio.

    A ocorrncia de quedas pode ser reduzida enfatizando-se

    programas educacionais dirigidos para os idosos, atividade fsica

    adequada para melhoria da fora muscular, e diminuio do usode sedativos. Porm o mais eficaz a preveno da perda ssea

    com ingesto adequada de clcio e vitamina D, a reposio

    estrognica da menopausa naquelas pacientes elegveis, ou o uso

    de medicamentos como os bisfosfonatos e o raloxifeno. Essas

    dificuldades podem ser minimizadas pela identificao dos

    subgrupos, na populao, de maior risco para fraturas

    osteoporticas. Por isso o nosso objetivo determinar no apenas

    a prevalncia de osteoporose em mulheres ps-menopausa com

    idade acima de 50 anos , mas tambm a prevalncia de fraturas

    vertebrais morfomtricas.

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    1.2- Importncia da ingesto de clcio na integridade ssea

    O clcio exerce importantes funes no organismo,

    principalmente como o segundo mensageiro transmitindo os sinais

    entre a membrana plasmtica e as estruturas intracelulares para

    que haja a ao de vrios hormnios. O clcio extracelular

    tambm importante como mediador das etapas de coagulao

    do sangue, das molculas de adeso, e da adequada formao

    ssea. Na ltima dcada foi possvel a identificao do receptor

    especfico para o on clcio, o qual acopla-se protena G de

    forma semelhante aos receptores dos hormnios proticos, e est

    presente na clula paratiroideana, no tbulo renal e na clula C datiride. Possui uma poro trans membrana em forma de

    serpentina, e uma grande poro extracelular e, quando se liga ao

    clcio, induz a um aumento do clcio intracelular que, por sua vez,

    inibe a secreo de PTH. No tbulo renal regula a excreo

    urinria de clcio, e na clula C serve como mediador da liberao

    de calcitonina na presena de hipercalcemia (Brown et al., 1993).

    Mais de 99% do clcio corporal encontram-se nos ossos e dentes,

    e serve no apenas para dar a competncia mecnica do

    esqueleto, como tambm como reservatrio para manter as

    concentraes extracelulares. Portanto o clcio difere de outros

    nutrientes por manter um estoque considervel, bem maior que as

    necessidades do organismo, porm este reservatrio

    extremamente importante para a funo de sustentao. Por isto,

    a deficincia de clcio pode passar despercebida por um longo

    perodo de tempo at que se descubra a perda ssea.

    Os animais carnvoros tendem a ingerir uma grande

    quantidade de clcio regularmente, por conta da ingesto de osso,

    assim como os animais herbvoros j que as folhas, de uma

    maneira geral tm razovel quantidade de clcio. Por outro lado

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    animais que se alimentam, predominante de sementes, como

    algumas aves, ingerem pequenas quantidades de clcio. De fato a

    associao de ooforectomia com dieta pobre em clcio induz uma

    perda ssea rpida em cabras com conseqente diminuio da

    competncia mecnica do esqueleto, constituindo-se assim um

    modelo animal para osteoporose (Leung et al., 2001). Ao longo do

    tempo, o advento da agricultura e da indstria de alimentos, com

    conseqente aumento na produo de gros, resultou em uma

    diminuio na ingesto de clcio e aumento na ingesto de

    fsforo, e com isto uma maior propenso a doenas crnico-

    degenerativas como osteoporose, hipertenso, cncer de clon

    etc. (Eaton et al., 1991; Heaney et al., 1994).A homeostase do clcio mantida por um complexo sistema

    hormonal, no sentido de conservar os nveis extracelulares em

    uma faixa estreita de normalidade, atravs da regulao da

    absoro, redistribuio e excreo. De 45-50% do clcio

    circulante est ligado a protenas, principalmente albumina, 5

    10% est ligado em complexos com citrato, fosfato e bicarbonato,

    e 45% encontra-se na forma livre ou ionizada.

    O balano de clcio geralmente positivo durante a fase de

    crescimento linear, tornando-se neutro na vida adulta, e negativo

    com o passar da idade. Isto pode ocorrer por baixa ingesto,

    diminuio da absoro, ou perdas, que isoladamente ou em

    conjunto levam perda ssea. Com o envelhecimento ambos

    ingesto e absoro diminuem, assim como h maior perda ssea

    em relao formao, ou seja todos so fatores que contribuem

    para um balano negativo de clcio.(Heaney, 1993). O clcio da

    dieta absorvido primordialmente por transporte ativo, pela ao

    da vitamina D (1,25-dihidroxicolecalciferol), envolvendo a sntese

    da protena ligante do clcio. Em uma dieta normal a rica em

    clcio, a perda fecal pode ser at de 90% do clcio ingerido, e isto

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    corresponde ao clcio no absorvido como tambm a excreo

    pelas clulas intestinais (endgeno). Em uma dieta pobre em

    clcio, a maior parte do clcio excretado nas fezes de origem

    endgena. A perda cutnea, atravs do suor, pode ser importante

    em indivduos que praticam exerccios extenuantes, e pode

    corresponder a mais de 30% das perdas urinrias, inclusive

    levando a perda de massa ssea por temporada em alguns atletas

    (Charles et al.,1991; Klesges et al., 1996).

    A absoro intestinal de clcio pode ser influenciada por vrios

    fatores dietticos (Heaney et al., 1988; Heaney, 1990; Heaney,

    1991). Os fitatos e oxalatos se ligam ao clcio formando

    complexos, e , desta forma diminuem sua absoro. Alimentosricos em fitatos, como produtos da soja tambm reduzem a

    absoro intestinal do clcio quando comparados a produtos da

    soja pobres em fitatos. Vegetais que contm clcio associado a

    grande quantidade de oxalato (exemplo: espinafre) no

    apresentam boa disponibilidade de absoro. Por outro lado,

    couve-folha, por ter clcio e pouca quantidade de oxalato, oferece

    uma boa disponibilidade absortiva (Quadro 1.3).

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    Quadro 1.3-Alimentos ricos em clcio

    Yogurte (1 xcara)......................280mg Leite (1 xcara)...........................280mg Queijo gruyere (30g)..................280mg Queijo tofu firme (1/2 xcara)....250mg Queijo mussarela (30g)..............220mg Queijo ricota (50g).....................160mg Espinafre cozido (1/2 xcara).....130mg Couve folha(50g).......................130mg

    A ingesto aumentada de sdio aumenta a excreo urinria de

    clcio por interferir com a sua reabsoro no ramo ascendente da

    ala de Henle, onde cerca de 90% do clcio filtrado reabsorvido.

    A ingesto aumentada de protenas tambm pode induzir a uma

    maior excreo urinria de clcio, por aumento da filtraoglomerular, como tambm por diminuir a absoro no tbulo distal

    em conseqncia da maior carga de cidos que acompanha uma

    dieta rica em protenas (Teegarden et al., 1998; Barzel et al.,

    1998). A relao ideal clcio/protena da dieta 20 mg de

    clcio/1g de protena. Tambm uma dieta rica em fsforo, pode

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    Estas reas de osso perdido, das quais foram liberadas variveis

    quantidades de clcio para o espao extracelular, so chamadas

    de espao de remodelao, e se a remodelao ssea aumenta

    significativamente, o espao de remodelao tambm aumenta

    com conseqente diminuio do contedo mineral sseo. A

    remodelao ssea transitria (bone remodeling transient)

    corresponde a mudanas autolimitadas na massa ssea

    detectvel pela densitometria (DXA), ou por mtodos que avaliam

    o balano de clcio . Isto ocorre sempre que o esqueleto sofre

    uma mudana na atividade de remodelao ssea (turn-over) de

    um estado para outro. O rumo que a remodelao transitria

    (ganho ou perda ssea mensurvel) toma dependefundamentalmente se o turn-over diminui ou aumenta. Uma

    adequada ingesto de clcio, assim como as drogas que

    suprimem a remodelao, como os bisfosfonatos, resultam em

    uma remodelao transitria positiva. As modificaes na massa

    ssea mensurvel so denominadas de transitrias porque a

    taxa de ganho ou perda, induzida por um determinado tipo de

    tratamento, nos primeiros 6-12 meses usualmente no se

    sustenta, e de fato, aps um perodo inicial de ganho de massa

    ssea, pode se seguir um perodo de ganho mais lento, nenhum

    ganho, ou perda lenta. Por isto para se avaliar os efeitos do

    tratamento para osteoporose na massa ssea necessrio um

    perodo de tempo longo o suficiente para se caracterizar o estado

    de equilbrio que provm da remodelao transitria (Heaney et

    al., 1997).

    O desenvolvimento sseo na infncia e adolescncia depende

    de vrios fatores, incluindo hereditariedade, fatores nutricionais, e

    tambm ambientais tais como atividade fsica (Specker et al.,

    1999, Uusi-Rasi et al., 1999).

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    27

    A puberdade exerce um profundo efeito no desenvolvimento

    sseo, o qual ser maior quanto mais adequada for a ingesto de

    clcio (Kardinaal et al., 1999). O ganho de massa ssea durante o

    terceiro e quarto estgios puberais pode chegar a 50% , e no final

    da puberdade o pico de massa ssea geralmente atingido

    (Rubin et al.,1999). fundamental a presena dos hormnios

    sexuais no tempo adequado visto que indivduos com puberdade

    atrasada podem diminuir significativamente e definitivamente seu

    pico de massa ssea (Filkestein J,1997). Porm para atingir tal

    efeito com a maior plenitude necessrio uma ingesto de

    aproximadamente 1200-1300 mg de clcio elementar por dia

    durante a adolescncia, no sentido de possibilitar um balano declcio positivo e acrscimo de aproximadamente 400 mg por dia

    no esqueleto em rpido desenvolvimento (Matkovic et al., 1992;

    Weaver et al., 1999).

    A partir dos 40 anos, principalmente em mulheres, comea a

    ocorrer um lento e pequeno declnio na massa ssea,

    provavelmente pela lenta e progressiva diminuio da atividade

    ovariana. No perodo ps-menopausa inicial a perda ssea se

    acelera e a mulher pode chegar a perder at 18 % da massa

    ssea nos primeiros cinco anos (Kessenich,1996), sendo que,

    neste perodo, uma ingesto adequada de clcio pode minimizar

    tal perda, assim como a presena de baixo peso pode aceler-la

    (Ravn et al., 1999).

    Uma baixa ingesto de clcio usualmente se acompanha de

    baixa ingesto de vitamina D, j que o leite constitui-se na

    principal fonte dos dois nutrientes. Nos indivduos idosos a ingesta

    de clcio e vitamina D passam a ter papel fundamental na

    integridade ssea e na sade geral (Aptel et al., 1999), visto que o

    envelhecimento leva a uma diminuio na absoro intestinal de

    clcio assim como na produo cutnea de vitamina D. Nesses

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    0,5% no colo do fmur e 2,1% na coluna lombar,e no grupo

    placebo diminuiu 0,7% no colo do fmur, e aumentou 1,2% na

    coluna lombar. As diferenas foram estatisticamente significativas.

    A incidncia de fraturas osteoporticas nos trs anos de

    seguimento foi 60% menor no grupo que usou clcio e vitamina D

    (Dawson-Hughes et al., 1997).

    Portanto a orientao para uma ingesto adequada de clcio

    tem grande importncia para a sade pblica, visto que a maioria

    das mulheres ainda consome quantidades consideradas

    inadequadas, ou seja bem abaixo do limiar de maximizao do

    balano de clcio. Um aumento no consumo de clcio por essas

    mulheres certamente resultaria em uma significativa reduo norisco de fraturas, com conseqente melhoria da qualidade de vida,

    assim como reduo nos custos com a assistncia no tratamento

    de tais fraturas.

    Uma nutrio apropriada muito importante para a sade, e

    hbitos alimentares saudveis devem ser instituidos o mais cedo

    possvel, e sempre reforados durante toda a vida. O clcio deve

    servir como uma avenida que abre o caminho para nutrio

    correta e boa sade. Encorajar a ingesto de derivados do leite

    com pouca gordura, assim como outros alimentos ricos em clcio,

    leva a uma melhoria na qualidade global da dieta por trazer

    benefcios adicionais queles obtidos com aumento da ingesto

    clcio isoladamente.

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    1.3- Deficincia / insuficincia de vitamina D

    Durante a exposio ao sol, os raios ultra-violeta (UVB 290-315

    nm) transformam, na pele, o 7-dehidrocolesterol (provitamina D3)

    em pr-vitamina D3 e ento em vitamina D3, o qual passa para a

    corrente sangunea e se liga a protena ligante da vitamina D

    (DBP- D Binding Protein). Muitos fatores influenciam a produo

    cutnea de vitamina D alm do prprio envelhecimento, como: a

    melanina por ser um protetor solar natural - as pessoas de pele

    escura necessitam de mais tempo de exposio ao sol para

    produzir quantidades adequadas de vitamina D. O uso de

    protetores solares mesmo os de potencia mais baixas como o de

    numero 8, podem diminuir a produo cutnea de vitamina D emat 90% (Holick et al.,1996).

    Nos pases de latitude mais distante da linha equatorial, em

    que o ngulo de penetrao do sol mais alto no inverno fazendo

    com que os raios solares penetrem na atmosfera terrestre mais

    obliquamente , a produo cutnea de vitamina D cai

    significativamente entre os meses de outubro e maro, e no vero

    , a quantidade de raios ultravioleta que atinge a terra s

    suficiente para produzir vitamina D, entre 7 horas da manh e 4

    horas da tarde.

    Nos pases de latitude prxima linha equatorial os raios

    (ultravioleta) do sol penetram a camada estratosfrica de oznio

    da Terra suficientemente para permitir a produo cutnea de

    vitamina D durante todo o ano. Porm vale salientar que o

    envelhecimento por si s leva a uma diminuio na capacidade da

    pele em produzir vitamina D, por causa da diminuio da

    quantidade de 7-dehidrocolesterol. Um indivduo de 70 anos s

    consegue produzir, expondo-se mesma quantidade de raios

    ultravioleta solares, cerca de 20% da quantidade produzida por um

    indivduo jovem (Holick et al.,1989).

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    32

    A deficincia subclnica (insuficincia) de vitamina D, tambm

    comum em indivduos com doenas sistmicas, sendo encontrada

    em aproximadamente 60% dos pacientes, aos 60 anos, internados

    em Hospital Geral (Thomas et al., 1998). Isto sugere que a maioria

    dos indivduos no ingere as quantidades recomendadas

    diariamente para prevenir deficincia , de acordo com o Food and

    Nutrition Board of the Institute of Medicine (Quadro 1.5).

    Quadro 1.5-Recomendaes para ingesto devitamina D, de acordo com a idade*

    Idade Ingesta diria de Vitamina D2 ou D3

    19 a 50 anos ------------------------------------------------ 200 UI

    51 a 70 anos ------------------------------------------------ 400 UI

    maior que 70 anos ----------------------------------------- 600 UI

    (Food and Nutritional Board, 1989)

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    33

    Por outro lado essas quantidades podem no ser suficientes

    para evitar alguma deficincia de vitamina D e diminuio dos

    nveis sricos, pois nos indivduos idosos ou hospitalizados a fonte

    oral passa a ser ,praticamente, a nica a supri-la.

    A determinao da 25-OH-D srica fornece informaes

    seguras sobre a existncia de deficincia de vitamina D, pois

    sendo a forma circulante mais abundante, seus nveis dependem

    da produo cutnea e da ingesto. Os nveis sricos normais de

    25-OH-D variam de 10 a 55 ng/ml, de acordo com os kits

    comercialmente disponveis, porm tais valores no refletem a

    deficincia oculta ou insuficincia de vitamina D, ou seja o valor

    mnimo a partir do qual h elevao do PTH, aumento daremodelao ssea, e perda mineral ssea, sem que haja sinais

    ou sintomas de osteomalacia.

    Alguns dados iniciais sugeriam que para as necessidades

    metablicas serem atendidas satisfatoriamente seria necessrio,

    especialmente em indivduos idosos, pelo menos 20 ng/ml, j que

    abaixo disto haveria elevao do PTH, e aumento da remodelao

    ssea (Rosen,1994). Quando estes indivduos receberam

    suplemento de vitamina D elevando o 25-OH-D para valores acima

    de 20ng/ml, os nveis de PTH diminuiram em aproximadamente

    40% e a massa ssea aumentou.

    Claramente no h consenso em relao aos nveis sricos

    ideais de 25OHD, sendo que na literatura existem dados que

    apontam 20, 25, 30, e at 37 ng/ml como nvel mnimo necessrio

    (Lips P et al., 2001; Haden et al., 1999; Chapuy et al., 1997;

    Thomas et al., 2000). Nveis menores que 15 ng/ml so

    considerados representativos de deficincia significativa. Em

    pacientes atendidos em clnica de osteoprorose, os nveis de PTH

    aumentam claramente quando os nveis sricos de 25-

    hidroxivitamina D baixam de 25 ng/ml, e h aumento significativo

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    34

    da remodelao ssea e perda de massa ssea com nveis at

    menores que 30 ng/ml (Wagman e Marcus, 2002).

    Portanto a quantidade de vitamina D normal tem sido definida

    como aquela em que no h elevao do paratormnio, e este

    no diminui com a suplementao de vitamina D (Chapuy et al.,

    1997; Malabanan et al., 1998).

    Os pacientes com hiperparatiroidismo primrio constituem

    tambm um bom exemplo de como a deficincia / insuficincia de

    vitamina D pode aumentar a remodelao ssea e

    conseqentemente a perda ssea.

    Ns demonstramos previamente que pacientes jovens com

    hiperparatiroidismo severo associado ostete fibrosa cstica,usualmente apresentam ganho intenso de massa ssea seguindo-

    se cura cirrgica ps paratiroidectomia, o qual acontece j no

    primeiro ano ps-operatrio (Kulak et al., 1998; Bandeira et al.,

    2000). Durante este perodo, que tambm corresponde ao perodo

    de fome ssea, os pacientes necessitam grandes quantidades

    de suplementao de clcio e vitamina D.

    Em uma populao de pacientes com hiperparatiroidismo

    assintomtico, Silverberg e colaboradores encontraram

    insuficincia de vitamina D (25-hidroxivitamina D srica < 20

    ng/ml) em 53% dos pacientes, e estes pacientes apresentaram

    nveis mais altos de PTH srico, de fosfatase alcalina srica, e de

    marcadores de reabsoro ssea, assim como nveis mais baixos

    de fsforo srico, quando comparados aos pacientes com nveis

    de 25-hidroxivitamina D maiores que 20 ng/ml (Silverberg et al.,

    1999).

    Em pacientes com hiperparatiroidismo primrio assintomtico os

    nveis de 25-hidroxivitamina D tambm se correlacionam com o

    peso do adenoma da paratiride, assim como com parmetros

    bioqumicos de atividade da doena (Rao et al., 2000).

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    Na ndia e China, mais precisamente em Nova Delhi e Pequim,

    onde os raios solares incidem uniformemente e regularmente

    durante boa parte do ano, o hiperperatiroidismo primrio

    manifesta-se quase sempre por achados de ostete fibrosa cstica,

    associando-se a deficincia de vitamina D na maioria dos casos

    (figura 1.1). Nestes pases deficincia de vitamina D comporta-se

    como uma endemia e os pacientes com hiperparatiroidismo

    primrio tm nveis sricos de 25-hidroxivitamina D muito baixos

    (mdia de 8.7 ng/ml na ndia e 8.8 ng/ml na China).

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    Figura 1.1- Uma perspectiva global da deficincia devitamina D em pacientes com hiperparatiroidismoprimrio, de acordo com a apresentao clnica(Bandeira et al., 2002; Bilezikian et al., 2000; Harinarayan et al., 1995)

    BrasilRecifeAssintomticos25OHD 30 2.9 ng/ml

    23% < 20 ng/mlUrolitase25OHD 20.7 1.8 ng/ml66% < 20ng/mlDoena severa (OF)25OHD 16.7 1.1 ng/ml100% < 20ng/ml

    USANewYorkAssintomticos25OHD 22 1153% < 20 ng/ml

    ChinaPequimDoena severa (OF)25OHD 8.8 7.2 ng/ml100% < 20 ng/ml

    IndiaNew DelhiDoena severa (OF)25OHD 8.7 6.2 ng/ml100% < 20 ng/ml

    Bandeira e colaboradores recentemente estudaram um grupode pacientes com hiperparatitoidismo primrio assintomtico, e

    compararam os nvies sricos de 25-hidroxivitamina D com

    pacientes sintomticos que apresentavam nefrolitase em

    atividade sem doena ssea evidente, e com queles com ostete

    fibrosa cstica, em relao a parmetros bioqumicos e densidade

    mineral ssea (Bandeira et al., 2002). Dos pacientes

    assintomticos 29% , e 70% dos pacientes com nefrolitase, sem

    doena ssea evidente, tinham 25OH-D srica abaixo de 25

    ng/ml. A maioria destes pacientes e todas as pacientes

    assintomticas eram mulheres na ps-menopausa.Todos os

    pacientes com ostete fibrosa cstica tinham nveis de 25OH-D

    menores que 20 ng/ml. Estes pacientes tambm tinham nveis de

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    37

    PTH intacto srico, clcio srico, e N-telopeptideo urinrio

    significativamente maiores do que os pacientes assintomticos e

    do que os pacientes com nefrolitase sem doena ssea evidente.

    Alguns dados, em outros pases , sugerem que a ocorrncia de

    nveis baixos de 25-OH-D em indivduos idosos mais frequente

    do que se imaginava, chegando a 80% em mulheres aos 80 anos

    que vivem em casas especficas para idosos na Holanda (Lips et

    al., 1988). No estudo de Thomas e cols , citado anteriormente,

    mesmo nos pacientes que vinham usando comprimidos de multi-

    vitaminas contendo 400 UI de vitamina D, cerca de 46 % tinham

    baixos nveis de 25-OH-D.

    Em Sydney, Austrlia, um estudo realizado em homens acimade 60 anos, incluindo 41 com fraturas de colo do fmur, 41

    hospitalizados por outras causas, e 41 ambulatoriais, mostrou que

    a mdia dos nveis sricos de 25OH-D foram significativamente

    menores nos pacientes com fraturas de colo do fmur (18.2 ng/ml)

    do que naqueles internados por outras causas (24.4 ng/ml), ou

    nos pacientes ambulatoriais (26.4 ng/ml). Deficincia de vitamina

    D subclnica (definida como nveis sricos de 25OH-D abaixo 20

    ng/ml), ocorreu em 63% dos pacientes com fraturas de colo do

    fmur, comparado a 25% dos pacientes ambulatoriais (odds

    ratio=3.9; IC= 1.74-8.78; p= 0.0007). Quando analisado com

    outros fatores de risco para osteoporose como: idade, peso

    corporal, co-morbidades, ingesto de lcool, fumo, e uso de

    corticide, a deficincia subclnica de vitamina D foi o fator mais

    significativo em prever o risco de fraturas de colo do fmur

    (Diamond et al., 1998).

    Em Wolverhampton, Inglaterra, um estudo seccional

    comparou 98 pacientes da comunidade ndio-asitica, que eram

    acompanhados em clnicas reumatolgicas, com 36 indivduos

    controle. Os grupos eram pareados para sexo, idade e ndice de

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    massa corporal. A maioria dos pacientes era vegetariana e tinha

    uma dieta pobre em clcio. A mdia de 25OH-D srica foi de 6.6

    ng/ml nos pacientes das clnicas, e de 8.2 ng/ml nos pacientes

    controle.A prevalncia de deficincia severa de vitamina D (25OH-

    D abaixo de 8 ng/ml) foi de 78% e 58% respectivamente nos dois

    grupos. Os nveis sricos mdios de paratormnio no foram

    significativamente diferentes (53 vs 50 pg/ml), como tambm a

    prevalncia de hiperparatiroidismo secundrio deficincia severa

    de vitamina D (22% vs 33%). A cor da pele, dificultando a

    penetrao dos raios solares, trajes tpicos cobrindo grande parte

    das reas do corpo, em uma regio com baixa incidncia de sol,

    todos contribuem para a grande freqncia de deficincia severade vitamina D nesses indivduos (Serham et al., 1999).

    Em uma populao de idosos de baixa renda, no

    institucionalizados, em Boston, Estados Unidos, com idade entre

    64 e 100 anos, Harris e cols, avaliaram os nveis sricos de 25OH-

    D em 308 participantes do Boston low income elderly

    osteoporosis study. Vinte e oito pacientes (21% de 136) da raa

    negra, e 12 (11% de 110) da raa branca, tinham nveis

    considerados muito baixos (< 10 ng/ml). Setenta e trs porcento

    dos pacientes da raa negra e 35% dos pacientes da raa branca

    tinham nveis de 25OH-D menores que 20 ng/ml. Nos pacientes

    de origem asitica ou latina, os nveis foram similares aos dos

    pacientes da raa branca. Os nveis sricos de PTH foram

    consideravelmente maiores nos pacientes com deficincia de

    vitamina D, particularmente nos pacientes negros (Harris et al.,

    2000).

    Na Basilia, Sua, Theiler, e cols, avaliaram a prevalncia de

    deficincia de vitamina D em indivduos idosos institucionalizados

    em enfermaria geritrica (106 mulheres com mdia de idade de 78

    anos, e 87 homens com mdia de idade de 78 anos), durante o

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    perodo de inverno, e comparou com 312 pacientes idosos

    ambulatoriais (109 mulheres com mdia de idade de 74 anos, e

    203 homens com mdia de idade de 76 anos) durante o perodo

    de vero. Deficincia de vitamina D (definida como nveis sricos

    de 25OH-D < 12 ng/ml) ocorreu em 86% dos pacientes

    institucionalizados (durante o inverno) e em 15% dos pacientes

    ambulatoriais (durante o vero). Os nveis de N-telopeptdeo

    urinrio, como marcador bioqumico da remodelao ssea, foram

    significativamente maiores nos pacientes institucionalizados

    (mulheres:131.9 nmol/mmol Cr, homens: 76.3 nmol/mmol Cr), do

    que nos pacientes ambulatoriais (mulheres: 66.8 nmol/mmol Cr,

    homens: 45.8 nmol/mmol Cr), mostrando o maior grau dereabsoro ssea associado deficincia de vitamina D (Theiler

    et al., 1999).

    Em um estudo realizado em indivduos idosos saudveis

    (idade entre 60 e 79 anos) na Frana, uma alta prevalncia de

    deficincia de vitamina D foi observada utilizando-se vrios pontos

    de corte com relao aos nveis sricos de 25OH-D, assim como a

    presena e o grau de hiperparatiroidismo secundrio (Souberbielle

    JC, et al, 2001). Foram obtidas amostras sanguneas de jejum em

    140 homens e 140 mulheres saudveis, para determinao do

    PTH, 25OH-D, C-telopeptdeo. Deficincia significativa de

    vitamina D (nveis sricos de 25OH-D igual ou menores que 12

    ng/ml) foi encontrada em 167 de 280 (59.6%). Considerando

    nveis sricos de 25OH-D abaixo de 15 ng/ml, como ponto de

    corte, 213 de 280 (76%) tinham deficincia de vitamina D. Quando

    o ponto de corte foi elevado para 20 ng/ml, 258 de 280 (90%)

    tinham deficincia de vitamina D. As concentraes sricas de

    PTH obtidas em todo o grupo de 280 indivduos variaram de 13 a

    64 pg/ml (ensaio IRMA para o PTH intacto), e de 10 a 44 pg ml

    (ensaio IRMA para o PTH bio-intacto). Nos indivduos com

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    negativamente com os nveis de 25OH-D. Aps 6 meses de

    tratamento com clcio (500mg/dia) e vitamina D3 (400-600 UI/dia),

    os nveis de 25OH-D elevaram-se em 30%, e os nveis de PTH

    caram em 20%. O mais curioso, e de certa forma no esperado,

    foi a ausncia de correlao entre os nveis sricos de 25OH-D,

    como tambm a prevalncia de deficincia/ insuficincia de

    vitamina D com a latitude dos vrios paises. Pelo contrrio, foi

    observada uma relao positiva entre os nveis de 25OH-D e a

    latitude norte, ou seja, os pases com menos incidncia de raios

    solares (grafico 1.5). Os nveis de 25OH-D foram

    significativamente menores no sul da Espanha (regio

    considerada ensolarada, e seus habitantes ficam mais tempoexpostos ao sol, porm no h suplementao de vitamina D nos

    alimentos) do que na Escandinvia, onde os

    alimentos,especialmente o leite, so fortificados com vitamina D, e

    isto refora a idia de que, pelo menos em pacientes idosos, a

    abundncia de raios solares no previne a deficincia/insuficincia

    de vitamina D, e que a suplementao oral faz-se necessrio.

    A pele mais pigmentada dos povos do sul da Europa tambm

    contribui para nveis mais baixos de 25OH-D, e de fato, resultados

    similares ao do estudo MORE foram verificados em outro estudo

    que avaliou o estado nutricional de idosos em 11 paises da

    Europa. Insuficincia de vitamina D foi mais prevalente na

    Espanha e Itlia, e menos prevalente na Dinamarca e Noruega

    (Wielen van der et al., 1995).

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    Grfico 1.4-Prevalncia de deficincia de vitamina D(25OH-D < 20 ng/ml) em vrios pases com

    diferentes latitudes*

    0 10 20 30 40 50 60

    NORUEGA

    SUECIA

    ALEM

    HOL

    ESP

    SLOV

    CAN

    USA

    Latitude

    25-47

    44-54

    46

    37-42

    52

    48-53

    57-62

    59-70

    %(Lips P, 2001)

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    43

    Grfico 1.5-Mdia de 25OH-D, no soro, emdiferentes regies (latitude)*

    0 5 10 15 20 25 30 35 40

    Sud asia

    Norte Eur

    Sul Eur

    Norte AmAmerica do Norte

    (25 54)

    Sul da Europa(32 47)

    NortedaEuropa(56 70)

    Sudesteasiatico(1)

    *(Lips P, 2001)Latitude Norte emgraus

    ng/ml

    A deficincia / insuficincia de vitamina D pode ser mais

    prevalente em indivduos com vrios graus de limitaes fsicas,

    como tambm em indivduos da raa negra. Semba e

    colaboradores avaliaram os pacientes do Estudo da Sade e

    envelhecimento (Womens Health and Aging Study ), que foram

    selecionados do arquivo pertencente ao sistema Medicare na rea

    de Baltimore, Estados Unidos. A amostra foi randmica e

    estratificada por grupo etrio, sendo que 1002 pacientes

    concordaram em participar do estudo. As limitaes fsicas foram

    categorizadas de acordo com a capacidade de realizao de

    atividades rotineiras do dia-a-dia: 1) relacionada tolerncia aos

    exerccios fsicos, 2) funo das extremidades superiores, 3)

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    funes que requerem mais complexidade na sua execuo, e 4)

    funes bsicas de cuidados pessoais. Nas mulheres com

    categoria de limitaes fsicas de 2 ou mais, 344 de 682 (50.4%)

    tinham 25OHD srica abaixo de 20ng/ml, e nas mulheres com

    categoria de 0 a 1, 165 de 371 (44.5%). Utilizando um ponto de

    corte de 10 ng/ml, nas pacientes categorizadas em at 1, a

    prevalncia de deficincia de vitamina D foi de 5.3%, enquanto

    que nas pacientes categorizadas em 4, foi de 14%. Houve uma

    relao linear entre os nveis de PTH e 25OHD nos dois grupos de

    pacientes, e a anlise com modelos de regresso logstica

    mostrou que a idade e a raa negra foram fatores contribuintes

    para a deficincia de vitamina D. Por outro lado um baixo nveleducacional se associou significativamente insuficincia de

    vitamina D , no grupo de mulheres com maiores limitaes.

    Esses dados demonstram que a deficincia / insuficincia de

    vitamina D, uma situao passvel de preveno, um problema

    importante de sade pblica entre mulheres idosas que vivem na

    comunidade. Como as mulheres com deficincia de vitamina D

    tm maior risco de perda ssea e fraturas, a suplementao de

    clcio e vitamina D deve ser enfatizada e encorajada, por ser uma

    forma de tratamento de baixo custo e de grande valia na

    preveno de fraturas nos idosos (Semba et al., 2000).

    Recentemente alguns estudos tm relatado a freqncia de

    insuficincia de vitamina D em pases ensolarados s margens do

    Mediterrneo (Alagol et al., 2000, Ganag-Yared et al., 2000). No

    Lbano, por exemplo, onde a incidncia de raios solares tambm

    alta, por ter um clima rido e semirido com pouca chuva durante

    todo o ano, mulheres entre 30 e 50 anos de idade tm alta

    prevalncia de deficincia de vitamina D (70% tm nveis de

    25OH-D abaixo de 12 ng/ml, e quando se consideram as mulheres

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    1.4- Outros fatores que influenciam a massa ssea

    1.4.1- Aspectos genticos da remodelao ssea

    O controle gentico da remodelao sseatem sido alvo de

    extensa investigao nos ltimos anos, e isto possvel atravs

    de estudos em doenas genticas raras, assim como em modelos

    de camundongos transgnicos.

    Um grande nmero de fatores regula a atividade dos

    osteoblastos e osteoclastos de uma forma complexa, e envolve

    os hormnios reguladores do metabolismo do clcio como o PTH,

    a vitamina D, a calcitonina, os hormnios tiroideanos, os produtos

    da resposta imuneetc.

    O sistema OPG/RANKL tem sido identificado como umcomponente importante desta regulao (figura 1.2). A

    osteoprotegerina (OPG), um membro da superfamlia do receptor

    do TNF (fator de necrose tumoral), foi identificada no final dos

    anos noventa. O RANKL (ligante do ativador do receptor do fator

    nuclear kB), que atua como um fator de diferenciao dos

    osteoclastos, foi descoberto na procura por um ligante natural para

    a OPG. O RANK produzido pelas clulas da linhagem

    osteoclstica e pelos linfcitos T, e estimulado por todos os

    agentes que estimulam a reabsoro ssea, como PTH, 1,25-

    dihidroxivitamina-D, e prostaglandina E . Estas substncias

    induzem a expresso do fator de diferenciao dos osteoclastos

    na superfcie das clulas do stroma da medula ssea, como uma

    protena trans-membrana, o qual se liga ao RANK na superfcie

    dos precursores dos osteoclastos. Portanto, RANKL ativa seu

    receptor especfico RANK nas clulas dendrticas e nos

    osteoclastos, tendo importncia fundamental na formao,

    diferenciao e sobrevida dos osteoclastos.

    A OPG foi identificada inicialmente em clulas intestinais de

    ratos, sendo necessrio criao de modelos de camundongos

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    ssea, porm acomete indivduos jovens e evolui com severas

    deformidades esquelticas (Whyte et al., 2002).

    A demonstrao desses defeitos genticos na codificao da

    OPG em doenas esquelticas associadas intensa remodelao

    ssea, com descontrole da diferenciao e funo osteoclstica,

    representa um grande avano no entendimento dos mecanismos

    moleculares da regulao da remodelao ssea.

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    1.4.2- Susceptibilidade gentica para osteoporose

    Os fatores genticos so importantes reguladores da densidade

    mineral ssea , e, representam cerca de 80% do pico de massa

    ssea atingido aps a puberdade. Outros fatores que podem

    influenciar a massa ssea como ndice de massa corporal, idade

    da menarca, idade da menopausa, tm sido relacionados a um

    componente gentico forte, assim como a geometria do fmur com

    predisposio a fraturas (Gueguen et al., 2001; Snieder et al.,

    1998; Slemenda et al., 1996).

    A magnitude da influencia gentica tambm tem sido estudada

    em gmeos com relao a fatores hormonais que determinam a

    formao e degradao ssea, assim como excreo urinaria declcio. Em gmeos (98% mulheres) adultos, as porcentagens

    atribudas influncia gentica nos valores de PTH, 25OH-D, 1,25

    (OH)2-D e protena ligadora da vitamina D, foram calculadas em

    60%, 43%, 65%, 62%, respectivamente. Por outro lado, as

    mesmas porcentagens para os valores de fosfatase alcalina steo-

    especfica, osteocalcina, deoxipiridinolina urinria, e relao

    clcio-creatinina (na urina), foram calculadas em 74%, 29%, 58%,

    e 52% respectivamente (Hunter et al., 2001).

    Embora os dados relacionando a influencia gentica na perda

    ssea ps-menopausa sejam conflitantes, existem evidencias

    ligando a predisposio a fraturas, a um componente gentico,

    independente da densidade mineral ssea, como, por exemplo,

    uma historia familiar de fraturas de colo do fmur. Em estudos

    realizados em gmeos, o componente gentico para fratura,

    considerado isoladamente, corresponde a 35% (Togerson et al.,

    1996; Cummings et al., 1995; Deng et al., 2000).

    Alguns dos defeitos genticos relacionados anteriormente em

    doenas raras monognicas, podem tambm contribuir para a

    regulao da densidade mineral ssea na populao geral.

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    51

    Polimorfismos no gene do fator transformador de crescimento beta

    (TGF-) tm sido relacionado a osteoporose e fraturas, assim

    como a regio cromossmica 11q12-13 que contm o gene da

    LRP-5 tem sido associada a densidade mineral ssea em

    mulheres (Yamada et al., 1998; Koller et al., 1999).

    Em estudos de procura genmica para se identificar regies

    cromossmicas que contm genes que regulam traos

    quantitativos como massa ssea e geometria esqueltica (lcus

    com traos quantitativos ou quantitative trait loci QTL), tm se

    relacionado s regies no cromossomo 1q21-23 densidade

    mineral ssea em colo do fmur, e no cromossomo 6p11-12

    DMO na coluna lombar. Tambm o mesmo lcus associado osteoporose/pseudoglioma de retina no cromossomo 11q12-13,

    tem sido relacionado perda de massa ssea com agregao

    familiar (Koller et al., 2000).

    Mltiplos locus tm sido identificados em associao com vrios

    aspectos da geometria do fmur proximal, como no cromosoma 5q

    para o comprimento do eixo do colo do fmur, no cromosoma 4q

    para o eixo do colo do fmur e largura do fmur, e no cromosoma

    17q com a largura da cabea femoral (Koller et al., 2001).

    Vrios genes candidatos tm sido objeto de estudos no sentido

    de relacion-los a massa ssea, e correspondem a linfocinas,

    fatores de crescimento, os que codificam componentes da matriz

    ssea, e os que codificam receptores dos hormnios reguladores

    do metabolismo do clcio (quadro 1.6).

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    Quadro 1.6-Principais genes candidatos adeterminantes dadensidademineral ssea*

    12q22-q23IGF-1IGF1

    19q13.2TGF TGFB1

    7q22.1Colgenotipo1,2COLIA2

    17q21.3-q22.1Colgenotipo1,1COLIA1

    14q23ER 2()ESR2

    6q25.1ER 1()ESR1

    12q12-q14VDRVDR

    CromossomoProtenaGene

    *(Peacock, 2002)

    Polimorfismos na regio 3 do gene que codifica o receptor da

    vitamina D (VDR) se associam a nveis sricos de osteocalcina e a

    massa ssea em gmeos, e esta associao pode tambm

    depender da ingesto de clcio e vitamina D (Cooper et al., 1996;

    Ferrari et al., 1998). Tais defeitos identificados por enzimas de

    restrio especficas (BsmI, ApaI, TaqI) entre os exons 8 e 9 tm

    sido relacionados a fraturas nos pacientes da coorte Estudo de

    fraturas osteoporoticas (Ensrud et al., 1999).

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    Um outro tipo de polimorfismo localizado no exon 2 do gene do

    receptor da vitamina D, cria um novo sitio de inicio da regio

    reguladora, levando a produo de duas isoformas do VDR (Arai

    et al., 1997), e est relacionado densidade mineral ssea em

    mulheres japonesas. Nestes indivduos um outro polimorfismo

    identificado na regio promotora do gene do VDR, no sitio de

    ligao do fator de transcrio Cdx-2, tambm tem sido associado

    a DMO (Arai et al., 2001).

    Os genes que codificam o colgeno tipo I (COLIA 1 e COLIA 2)

    tm sido freqentemente estudados nas suas relaes com a

    osteoporose. Polimorfismo presente no stio de ligao do fator de

    transcrio Sp1 no primeiro intron do COLIA1 ocorre com maisfreqncia em mulheres com osteoporose do que nas mulheres

    controle, como tambm tem sido associado a densidade mineral

    ssea na infncia, a perda ssea ps- menopausa, geometria do

    fmur proximal, e resposta a terapia com etidronato ( Sainz et al.,

    1999; Mann et al., 2001; Harris et al., 2000; Qureshi et al., 2001;

    Qureshi et al., 2002).

    A presena do alelo s leva a uma maior produo da cadeia

    alfa-1 do colgeno, pelos osteoblastos, mesmos em indivduos

    heterozigticos Ss. O aumento na relao cadeia alfa 1 / cadeia

    alfa 2 leva a uma reduo na competncia mecnica e na

    mineralizao ssea, quando comparado a individuos SS

    homozigticos, sendo imputado como um marcador para fraturas

    osteoporoticas independente da DMO (McGuigan et al., 2001;

    Garcia-Giralt et al., 2002).

    O gene que codifica o receptor estrognico alfa (Er) tambm

    representa um importante candidato na patognese da

    osteoporose. Polimorfismos identificados pelas enzimas de

    restrio do tipo PvuII e XbaI, afetando o primeiro intron,

    caracterizam os seguintes alelos XX, Xx, xx, PP, Pp, pp, sendo

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    que, em adolescentes do sexo masculino, o alelo xx associa-se a

    uma maior DMO quando comparado a indivduos Xx , assim como

    o alelo PP associa-se a uma maior estatura final (Lorentzon ML, et

    al, 1999). Tambm esses polimorfismos tm sido associados

    positivamente a DMO em mulheres adultas, e a idade da

    menopausa (Weel et al., 1999; Albagha et al., 2001).

    Alguns polimorfismos tambm tm sido relatados no gene que

    codifica o fator transformador de crescimento beta-1 (TGF-1),

    associando-se a baixa massa ssea e fraturas, embora o

    mecanismo pelo qual esses polimorfismos influenciam a funo do

    gene ainda no est esclarecido. Uma substituio da leucina por

    prolina na protena codificadora do peptdeo sinalizador, assimcomo outro polimorfismo no stio de clivagem no exon 5, tm sido

    associado osteoporose (Langdahl et al., 1997; Yamada et al.,

    1998).

    Polimorfismos que afetam o gene codificador da interleucina-6

    (Il-6) tm sido implicados a uma menor remodelao ssea

    (Ferrari et al., 2001), assim como aqueles que afetam o gene

    codificador da apoprotena E (ApoE), caracterizando o alelo

    ApoE4, se associam menor massa ssea e fraturas

    osteoporticas. Determinados alelos da Apo E podem interferir

    com a hidroxilao da osteocalcina vitamina K dependente

    (Shiraki et al., 1997; Cauley et al., 1999).

    importante salientar que, como para todos os estudos

    envolvendo material gentico humano, questes ticas

    importantes devem ser consideradas, principalmente na

    regulamentao de bancos (armazenamento para pesquisas

    futuras) de tecidos ou soro humanos, respeitando a privacidade do

    paciente (Peacock et al., 2002).

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    A importncia de se identificar genes que conferem

    susceptibilidade forma mais comum de osteoporose, reside no

    fato de poder levar, no futuro, ao desenvolvimento de testes ou

    marcadores genticos que auxiliem no diagnstico e na avaliao

    de risco para o desenvolvimento de osteoporose. No momento

    isso tem sido possvel para algumas doenas monognicas como

    doena de Alzheimer, e cncer de mama, porm sendo a

    osteoporose ps-menopausa uma doena polignica, a interao

    entre fatores genticos e ambientais o que predomina.

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    1.4.3-Exerccios fsicos

    A relao entre fora muscular e massa ssea tem sido

    descritah algum tempo, porm s mais recentemente vem sendo

    mais estudada, especialmente em atletas. Existe uma clara

    associao entre a massa muscular obtida com exerccios fsicos

    regulares, e densidade mineral ssea em mulheres jovens (Snow-

    Harter, 1990), como tambm a atividade fsica exercida antes da

    puberdade interfere na densidade mineral ssea avaliada na vida

    adulta em ginastas do sexo feminino (Bass et al., 1998).

    Em jogadores de tnis, apenas os ossos do membro dominante

    demonstram aumento significativo na densidade mineral ssea

    (Jones et al., 1997), e, em danarinas e ginastas, como tambmem jogadores de hockey, maiores incrementos na massa ssea

    ocorrem nos membros inferiores, sendo mais evidente nas

    pores distais (Nordstrom et al., 1998; Nickols-Richardson et al.,

    1999).

    Adolescentes do sexo feminino, que iniciam atividades fsicas

    regulares antes da menarca, apresentam melhores benefcios em

    termos de ganho de massa ssea, em comparao com as

    meninas que iniciam aps a menarca (Kannus et al., 1995).

    Por outro lado, nos estados de convvio com a ausncia da forca

    da gravidade, como ocorre nos vos espaciais prolongados, a

    perda ssea ocorre independentemente da ingesto de clcio

    (Smith et al., 1998).

    Estudos prospectivos tm demonstrado que a atividade fsica

    durante a infncia contribui de forma significativa para o acmulo

    de massa ssea e consequentemente o seu pico no final da

    adolescncia (Slemenda et al., 1991; Cooper et al., 1995).

    Ainda existem controvrsias com relao o real benefcio da

    atividade fsica regular no esqueleto dos adultos no atletas, como

    ocorre em atletas e nas crianas e adolescentes, e isto se deve ao

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    fato de no haver uniformidade entre os estudos na maneira de

    quantificar-se o grau de atividade fsica .

    Estudos controlados tm mostrado efeitos modestos porm

    significativos na massa ssea, em mulheres pr e ps-

    menopausa, de vrios tipos de programa de exerccios desde

    aqueles com predominncia de levantamento de pesos, at

    aqueles que envolvem exerccios aerbicos (Gleeson et al., 1990;

    Friedlander et al., 1995; Lohman et al., 1995).

    Em indivduos idosos, a importncia maior da recomendao

    de atividades fsicas regulares reside na preveno de quedas

    atravs da obteno de uma maior massa muscular. Vale salientar

    que a aderncia do paciente idoso a prtica regular de exercciosfsicos ainda pequena, ficando abaixo de 30% (Marcus, 1999).

    Em vista disso que procuramos verificar a prevalncia de

    osteoporose de acordo com a prtica de exerccios fsicos.

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    1.4.4- Drogas usadas para doenas no sseas que afetam

    positivamente a massa ssea

    Os diurticos tiazdicos reduzem a excreo urinria de clcio,

    e seu uso tem sido associado a aumento da massa ssea, embora

    os dados em relao preveno de fraturas no sejam

    uniformes. Por outro lado recentemente alguns defeitos genticos

    no co-transportador sdio-cloro tubular renal (NCCT) tm

    relacionado hipocalciria, hipotenso arterial e maior densidade

    mineral ssea, como tambm hipertenso arterial, hipercalciria e

    diminuio da massa ssea (Cruz, 2001).

    Alguns estudos relatam uma menor incidncia de fraturas de

    colo do fmur em pacientes usurios regulares de tiazdicos,comparando-se com os que no usam, principalmente em

    indivduos idosos (La Croix et al., 1990).

    Os efeitos dos inibidores da hidroximetil-glutaril-

    coenzima A redutase (Estatinas), comearam a serem observados

    medida que se identificaram os mecanismos de ao dos

    bisfosfonatos na prenilao de protenas G (Ras e Rho)

    envolvidas na sntese do colesterol (Luckman et al., 1998). Tal

    prenilao ocorre em uma etapa posterior ao bloqueio da

    HMGCoA-r pelas estatinas, sendo, portanto passvel de bloqueio

    com estas drogas (figura 1.3). Por outro lado, a administrao de

    estatinas em ratos induz a um aumento significativo da formao

    ssea (Whang et al., 2000; Wilkie et al., 2000).

    Esses dados reforam a idia que as estatinas inibem a

    reabsoro e aumentam a formao ssea, contudo os estudos

    relacionando-as a reduo do risco de fraturas so conflitantes

    (Bauer et al., 1999; La Croix et al., 2000; Van Staa et al., 2001)

    Em um estudo realizado em homens idosos veteranos (mdia

    de idade de 69 anos) em New Jersey, Estados Unidos, foi

    demonstrado uma associao positiva entre o uso de inibidores da

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    angiotensina convertase (IECA) e ganho de massa ssea em

    coluna lombar quando comparados aos indivduos que no

    usavam a droga (Zimering et al., 2001). O mecanismo desta

    atenuao da perda ssea atribuda aos IECA ainda

    desconhecido, porm estes compostos pertencem a uma classe

    de drogas que, como as estatinas, tm se mostrado exercer

    efeitos alm daqueles que beneficiam o sistema cardiovascular

    (HOPE investigators, 2000).

    Figura 1.3-Biosntese do Colesterol como substratoparaa aodas estatinas e dos bisfosfonatos (BP)

    (Luckman et al., 1998)

    HMGHMG--CoACoAredutaseredutase

    EsqualenoEsqualenosintasesintase

    Acetil

    CoA

    HMG-

    CoA Mevalonato

    Farnesil

    pirofosfato Esqualeno Cholesterol

    Protenasfarnesiladas

    E,EE-Geranilgeranilpirofosfato

    Protenasgeranilgeraniladas Ubiquinones

    Protena

    Ras

    Farnesil-

    transferase

    BPBP

    Protena Rho

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    Portanto, como justificativa deste estudo, enfatizamos a

    necessidade de um melhor conhecimento sobre a epidemiologia

    da osteoporose em nosso meio, particularmente com relao

    deficincia de vitamina D e fraturas vertebrais. relevante

    tambm ampliarmos e disponibilizarmos informaes sobre a

    ingesto de clcio cujos componentes principais so o leite e

    derivados.

    Isso se torna importante medida que como identificado na

    reviso bibliogrfica, os pases desenvolvidos, ao contrrio do

    Brasil, apresentam uma abundncia de informaes

    epidemiolgicas sobre os vrios aspectos da osteoporose, os

    quais tm importncia fundamental na orientao das formulaesde polticas de sade pblica.

    Em vista disto, este estudo visa responder as seguintes

    questes: a)Qual a prevalncia de osteoporose em mulheres na

    ps-menopausa que so atendidas para avaliao mdica

    rotineira? b)Qual a prevalncia de baixa ingesto de clcio,

    deficincia de vitamina D, e fraturas vertebrais nestas pacientes?

    Qual a relao da osteoporose com a prtica de exerccios fsicos,

    e com o uso de medicamentos com o potencial de proteo da

    massa ssea?

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    OBJETIVOS

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    2- OBJETIVOS:

    2.1- Verificar a prevalncia de osteoporose e fraturas vertebrais

    em mulheres na ps-menopausa, com idade acima de 50 anos,

    atendidas em ambulatrio para avaliao mdica rotineira .

    2.2- Verificar a prevalncia de baixa ingesto de clcio e

    deficincia de vitamina D.

    2.3- Verificar a prevalncia de osteoporose relacionada

    deficincia de vitamina D.

    2.4- Relacionar a osteoporose com a renda familiar, a prtica de

    exerccios fsicos, e com o uso de medicamentos com o potencial

    protetor da massa ssea.

    2.5- Verificar a utilizao de drogas clssicas, como os

    bisfosfonatos e os estrgenos, no tratamento da osteoporose.

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    3- SUJEITOS E MTODOS:

    3.1- Tipo de estudo, local e populao

    Em consonncia com os objetivos desenvolvemos um estudo

    epidemiolgico visando determinar a prevalncia de osteoporose

    em mulheres na ps-menopausa, com idade acima de 50 anos,

    atendidas em ambulatrio para avaliao mdica rotineira.

    Foram estudadas 627 mulheres com idade acima de 50 anos, de

    demanda espontnea da clinica ambulatorial da Unidade de

    Endocrinologia do Hospital Agamenon Magalhes, SUS-PE e do

    Centro de Osteoporose de Pernambuco, que compareceram para

    avaliao mdica rotineira no perodo de Maio de 1999 a

    Novembro de 2000. Estas pacientes eram provenientes da cidadedo Recife e regio metropolitana. Os critrios de incluso foram

    preenchidos por 627 pacientes. Todas as pacientes foram

    analisadas para verificao da prevalncia de osteoporose e baixa

    ingesto de clcio,e destas, 91 pacientes foram analisadas para

    deficincia de vitamina D, e 174 para prevalncia de fraturas.

    Estes nmeros seriam adequados se considerssemos clculo

    amostral.

    Foram utilizados como critrios de excluso: pacientes em uso

    de drogas que sabidamente levam a perda ssea, como

    glicocorticides e anticonvulsivantes, ou que apresentavam

    doenas que afetam o metabolismo sseo contribuindo para

    osteoporose, como mieloma mltiplo, doenas renais ou

    hepticas, doenas malabsortivas, doena de Paget,

    hiperparatiroidismo