1ª turma recursal juiz(a) federal dr(a). boaventura … · benefício de auxílio-doença...

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1ª Turma Recursal JUIZ(a) FEDERAL DR(a). BOAVENTURA JOAO ANDRADE Nro. Boletim 2014.000102 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061 26/06/2014 Expediente do dia FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS 91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL 1 - 0000778-37.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000778-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SILEZIA DA PENHA RONCETE GRIGIO (ADVOGADO: ES018488 - RENACHEILA DOS SANTOS SOARES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.). Processo nº. 0000778-37.2012.4.02.5050/01– Juízo de Origem: 3º JEF de Vitória Recorrente: SILEZIA DA PENHA RONCETE GRIGIO Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Relator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE LABORAL TOTAL E DEFINITIVA VERIFICADA. PROVIMENTO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. Sumário da controvérsia: a demandante em primeiro grau pretende a restabelecimento do benefício de auxílio-doença previdenciário (NB 547.827.839-0), desde a data da cessação administrativa, a dizer, 07.12.2011 (fl. 56), com posterior conversão em aposentadoria por invalidez. Sentença (fls. 223-224): julgou improcedente o pedido de concessão de aposentadoria por invalidez e pagamento a título de auxílio-doença retroativo ao período de 07.12.2011 a 24.01.2013, por considerar que: i) no período de 26.04.2012 a 13.01.2013 não foi comprovada incapacidade para o trabalho; ii) no período de 14.01.2013 a 24.01.2013 ficou comprovada incapacidade para o trabalho, porém, não faz jus ao pagamento retroativo, porque somente formulou requerimento administrativo em 25.01.2013; e iii) no que tange ao período posterior a 25.01.2013, não há necessidade de tutela judicial, porque a segurada já está recebendo o auxílio-doença por força de decisão administrativa. Razões da recorrente (fls. 227-277): a) mesmo tendo demonstrado de forma documental a gravidade de seu estado de saúde e sua incapacidade total e definitiva para o trabalho, teve sua pretensão julgada improcedente pelo juízo a quo; b) é portadora de Síndrome Palmo Plantar (com deformação dos dedos dos pés, fortes dores e mal-estar), hipertensão arterial sistêmica, distúrbio de ansiedade e transtorno afetivo bipolar - episódio atual maníaco com sintomas psicóticos (CID 10 F 31.2), o que a incapacita total e definitivamente para o trabalho; c) faz tratamento psiquiátrico desde 22.10.2002, conforme fls. 23-30; d) utiliza inúmeros medicamentos controlados (tarja preta); entretando, muitas vezes fica sem dormir por até 36 (trinta e seis) horas; e) seus problemas de saúde demandam tratamento com os seguintes especialistas: cardiologista, ginecologista, oftalmologista, urologista, gastroenterologista e psiquiatra; f) requereu administrativamente auxílio-doença previdenciário em 05.09.2011 (fl. 54), quando seu quadro de saúde se agravou a ponto de não permitir que continuasse exercendo suas atividades laborativas; g) está afastada do emprego desde 15.08.2011 (fl. 55); h) permaneceu em gozo de benefício de auxílio-doença previdenciário até 07.12.2011, sendo-lhe indeferido o pedido de prorrogação (fl. 56); i) ao retornar ao trabalho, encontrava-se depressiva e apresentando mudanças bruscas de humor, a ponto de agredir os colegas e clientes. Nessas circunstâncias, o empregador optou por conceder-lhe férias no período de 07.01.2012 a 05.02.2012 (fl. 57); j) em declaração emitida em 15.03.2011 o empregador afirmou a inviabilidade de seu retorno ao trabalho (fl. 69). Pretende seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido de restabelecimento do auxílio-doença previdenciário, com posterior conversão em aposentadoria por invalidez. Contrarrazões nas fls. 281-285. A controvérsia diz com a existência ou não de incapacidade para o trabalho, encontrando-se preenchidos os demais requisitos (fls. 333-334). Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fática ensejadora da causa de pedir recursal, no quadro a seguir: Histórico previdenciário: Houve percepção de auxílio-doença previdenciário nos seguintes períodos: 05.09.2009 a 30.11.2009; 31.08.2011 a 07.12.2011; 25.01.2013 a 31.12.2013; 03.02.2014 a 13.06.2014 (fls. 333-334). Histórico contributivo: Verificado no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS e compartilhado entre as Relatorias. Histórico clínico:

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  • 1 Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). BOAVENTURA JOAO ANDRADE

    Nro. Boletim 2014.000102 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061

    26/06/2014Expediente do dia

    FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATRIOS/INFORMAES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

    91001 - RECURSO/SENTENA CVEL

    1 - 0000778-37.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000778-9/01) (PROCESSO ELETRNICO) SILEZIA DA PENHA RONCETEGRIGIO (ADVOGADO: ES018488 - RENACHEILA DOS SANTOS SOARES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: JOS GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).Processo n. 0000778-37.2012.4.02.5050/01 Juzo de Origem: 3 JEF de VitriaRecorrente: SILEZIA DA PENHA RONCETE GRIGIORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOO ANDRADE

    VOTO-EMENTAPREVIDENCIRIO. AUXLIO-DOENA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE LABORAL TOTAL EDEFINITIVA VERIFICADA. PROVIMENTO. SENTENA PARCIALMENTE REFORMADA.

    Sumrio da controvrsia: a demandante em primeiro grau pretende a restabelecimento do benefcio de auxlio-doenaprevidencirio (NB 547.827.839-0), desde a data da cessao administrativa, a dizer, 07.12.2011 (fl. 56), com posteriorconverso em aposentadoria por invalidez.Sentena (fls. 223-224): julgou improcedente o pedido de concesso de aposentadoria por invalidez e pagamento a ttulo deauxlio-doena retroativo ao perodo de 07.12.2011 a 24.01.2013, por considerar que: i) no perodo de 26.04.2012 a13.01.2013 no foi comprovada incapacidade para o trabalho; ii) no perodo de 14.01.2013 a 24.01.2013 ficou comprovadaincapacidade para o trabalho, porm, no faz jus ao pagamento retroativo, porque somente formulou requerimentoadministrativo em 25.01.2013; e iii) no que tange ao perodo posterior a 25.01.2013, no h necessidade de tutela judicial,porque a segurada j est recebendo o auxlio-doena por fora de deciso administrativa.

    Razes da recorrente (fls. 227-277): a) mesmo tendo demonstrado de forma documental a gravidade de seu estado desade e sua incapacidade total e definitiva para o trabalho, teve sua pretenso julgada improcedente pelo juzo a quo; b) portadora de Sndrome Palmo Plantar (com deformao dos dedos dos ps, fortes dores e mal-estar), hipertenso arterialsistmica, distrbio de ansiedade e transtorno afetivo bipolar - episdio atual manaco com sintomas psicticos (CID 10 F31.2), o que a incapacita total e definitivamente para o trabalho; c) faz tratamento psiquitrico desde 22.10.2002, conformefls. 23-30; d) utiliza inmeros medicamentos controlados (tarja preta); entretando, muitas vezes fica sem dormir por at 36(trinta e seis) horas; e) seus problemas de sade demandam tratamento com os seguintes especialistas: cardiologista,ginecologista, oftalmologista, urologista, gastroenterologista e psiquiatra; f) requereu administrativamente auxlio-doenaprevidencirio em 05.09.2011 (fl. 54), quando seu quadro de sade se agravou a ponto de no permitir que continuasseexercendo suas atividades laborativas; g) est afastada do emprego desde 15.08.2011 (fl. 55); h) permaneceu em gozo debenefcio de auxlio-doena previdencirio at 07.12.2011, sendo-lhe indeferido o pedido de prorrogao (fl. 56); i) aoretornar ao trabalho, encontrava-se depressiva e apresentando mudanas bruscas de humor, a ponto de agredir os colegase clientes. Nessas circunstncias, o empregador optou por conceder-lhe frias no perodo de 07.01.2012 a 05.02.2012 (fl.57); j) em declarao emitida em 15.03.2011 o empregador afirmou a inviabilidade de seu retorno ao trabalho (fl. 69).Pretende seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido de restabelecimento do auxlio-doenaprevidencirio, com posterior converso em aposentadoria por invalidez.

    Contrarrazes nas fls. 281-285.A controvrsia diz com a existncia ou no de incapacidade para o trabalho, encontrando-se preenchidos os demaisrequisitos (fls. 333-334).Antes de ingressar na anlise de mrito, convm explicitar aspectos relevantes para a figurao da situao fticaensejadora da causa de pedir recursal, no quadro a seguir:Histrico previdencirio:Houve percepo de auxlio-doena previdencirio nos seguintes perodos: 05.09.2009 a 30.11.2009; 31.08.2011 a07.12.2011; 25.01.2013 a 31.12.2013; 03.02.2014 a 13.06.2014 (fls. 333-334).

    Histrico contributivo:Verificado no Cadastro Nacional de Informaes Sociais - CNIS e compartilhado entre as Relatorias.

    Histrico clnico:

  • Declarao da empresa empregadora Orion Comrcio, Importao e Exportao LTDA. fl. 55, em 26.09.2011, informaque a recorrente encontrava-se afastada de suas atividades laborais habituais desde 15.08.2011;

    Aviso de frias fl. 57, em 07.12.2011, informa gozo de frias no perodo de 07.01.2012 a 05.02.2012;

    Laudo mdico particular fl. 30, em 24.01.2012 refere paciente com Sndrome Palmo Plantar que piora com distrbiopsicolgico e manuseio de produtos qumicos. Atesta paciente em tratamento;

    Declarao mdico particular fl. 31, em 26.01.2012, refere paciente portadora de hipertenso arterial sistmica e distrbiode ansiedade. Em tratamento cardiolgico e psiquitrico;

    Relatrio de exame histopatolgico fl. 97, em 24.04.2012, revela hiptese de desidrose palmar;

    Encaminhamento ao alergista com urgncia fl. 93, em 06.03.2012;

    Declarao da empregadora Orion Comrcio, Importao e Exportao LTDA. fl. 69, em 15.03.2012, com o seguinte teor:declaramos para os fins que se fizerem necessrios, em especial junto ao INSS que a funcionria SILZIA DA PENHARONCETE GRIGIO, portadora de RG n 478.290 SSP-ES e CPF-MF n 329.024.092-49 gozou de frias no perodo de08/12.2011 (to logo foi negado o auxlio-doena pelo INSS) a 06/01/2012 e de 07/01/2012 A 05/02/2012, no entanto amesma continua sem nenhuma condio de exercer qualquer atividade laborativa, e, por se tratar de funcionria antigamantivemos parte dos vencimentos, bem como o plano de sade pois a mesma no possui qualquer outra renda eentendemos que o tratamento no poder ser interrompido e o custo com medicamentos, passagens etc. muito alto;

    Receiturios mdicos s fls. 43, 84 e 92, em 26.01.2012, 20.4.2012, 08.03.2012, respectivamente, indicam uso de losartam50 mg (hipertenso arterial) e hidroclorotiazida 25 mg (hipertenso arterial; vertizine d (tontura); meloxican 15mg (dores nasarticulaes);

    Teste de contato fl. 91, em 30.03.2012, revela paciente alrgica a sulfato de nquel. Sugere evitar o uso de acessriosmetlicos e apliques em roupa, bijuterias, ferramentas e utenslios de metal, jias, moedas etc.;

    Declaraes de mdicos particulares s fls. 98 e 134, em 15.05.2012 e 02.08.2012, respectivamente, referem paciente emtratamento em Desidrose Palmo Plantar decorrente de transtorno bipolar. Doena dermatolgica confirmada pelohistopatolgico. Informa piora ao manuseio de produto qumico, papel e plstico;

    Laudo mdico particular fl. 133, em 09.08.2012, referencia paciente portadora de hipertenso arterial sistmica ehiperlipidemia (valores anormalmente elevados de gorduras no sangue). Informa que o sistema nervoso influi notratamento;

    Laudos mdicos particulares s fls. 155, 293-294 e 305, em 27.11.2012, 07.12.2012, 09.08.2013, respectivamente,informam paciente em tratamento no Hospital Casa Praia da Costa desde 23.11.2012. Histrico de depresso recorrente ediversos transtornos clnicos. Apresenta apatia, depresso, desnimo, baixa auto-estima e dificuldade para realizar tarefassimples do dia a dia. Atesta incapacidade para o trabalho e sugere o afastamento, avaliao e percia. CID 10 F33.1 e CID10 F41.2. Em uso de trazodona 100mg (depresso), setralina 50 mg (depresso), cymbalta 30mg (depresso e dores),clonazepan 2 mg (insnia e ansiedade), lamotrigina 50 mg (humor), queropaz 25 mg (insnia), midazolan 15mg (insnia) erespidon 1 mg (nervosismo, ansiedade insnia);

    Laudo mdico particular fl. 159, em 28.01.2013, atesta que a paciente sofreu queda da prpria altura com trauma empunho esquerdo (12.01.2013); a radiografia sugere fratura incompleta da semilunar; encontra-se em tratando com luvagessada, necessitando de mais quatro semanas provavelmente;

    Laudo mdico particular fl. 160, em 31.01.2013, refere paciente internada em 14 de janeiro de 2013 com quadrocompatvel com CID F31.5 (transtorno afetivo bipolar, episdio atual depressivo grave com sintomas psicticos). Consignahistria de depresso recorrente e ansiedade, apresentando tristeza, depresso, desnimo e incapacidade de executartarefas simples do dia a dia, deficincia cognitiva, comprometimento da memria de fixao e evocao, anedonia (perdada capacidade de sentir prazer, prprio dos estados gravemente depressivos), hipopragmatismo (diminuio ou incapacidade de realizar conduta volitivas e psicomotoras minimamente complexas, como cuidar da higiene), hipobulia(diminuio e a total incapacidade do potencial volitivo). Prescrito antipressivos e ansiolticos com alvio apenas parcial.Consigna indicao de frequentar a Casa Praia da Costa (Instituto Brasileiro de Psiquiatria e Neurocincias) desde23.11.2012; no entanto houve agravamento do quadro sintomatolgico, sendo necessria a internao naquela data.Apresenta melhora parcial dos sintomas, mas ainda instvel. Atesta incapacidade para vida laboral;

    Medicao prescrita na data da alta (14.02.2013) fl. 163: depakene ou torval 500mg (humor), sertralina 100mg oufluoxetina 20mg (insnia), midazolan 15mg (ansiedade ou angstia), clonazepam 2mg (ansiedade ou agstia), risperidona2mg (nervosismo e estabilizar o humor), prometazina 25mg (tremores e corpo duro) e bupropiona 150mg (depresso);

    Exame de ressonncia magntica do crnio fl. 216, em 18.07.2013, revela foco de gliose na substncia brancaperiventricular direita inespecfico. Conforme documento de fl. 217, a gliose pode ocorrer com maior frquncia em pessoasportadoras de transtornos psiquitricos, como o transtorno bipolar e depresses crnicas; comum apresentar alguma

  • pertubao pr-existente ou consequncia das glioses;

    Laudos mdicos particulares s fls. 44, 47-48, 80, em 07.11.2011, 30.01.2012, 01.09.2012 e 23.04.2012, respectivamente,informam paciente em tratamento psiquitrico na Clnica Mdica Glria; portadora de CID F 31.2 (Transtorno afetivo bipolar,episdio atual manaco com sintomas psicticos); em uso de carbolition 300mg, sertralina 100mg, alprazolam 2mg e 0,5mg;

    Histrico clnico na Casa Praia da Costa s fls. 293-310, correspondente ao perodo de 23.11.2012 a 28.11.2013, sugereagravamento da doena a partir de 11.01.2013, por estar falando muito e interrompendo com frequncia o relato dosdemais. Em 14.01.2013, informou que parou de beber h 01 (um) ano; relata irritabilidade e esquecimento sobre afazeres ecompromissos cotidianos, est sem trabalhar desde junho de 2012, mas continua sendo funcionria; abandonou o servio,pois no suportava entrar l, as pessoas no podiam olha para mim... me dava vontade de voar neles, ... tem dia que dvontade de matar um... quase 20 anos trabalhando com o mesmo grupo (sic); h dias em que toma todos os remdios,mas no dorme nada, como se tivesse usado energtico; seu filho ameaou algem-la.Esteve internada no perodo de 14de janeiro a 13 de fevereiro;

    Laudos mdicos particulares s fls. 312 e 315, em 24.01.2014 e 18.03.2014, respectivamente, informam necessidade demanter todo o tratamento clinico necessrio, com ortopedista, reumatologista, neurologista, geriatra, cardiologista e otorrino;sugere fequentar hospital dia e fazer caminhadas; orienta no dirigir veculos automotores, comparecer acompanhada asconsultas, andar acompanhada na rua e recomenda que a medicao fique com familiares e que lhe seja dada apenas nosdevidos horrios.

    Laudo de percia mdica administrativa: (x) sim fls. 188-197 ( ) no

    - Observaes: Laudo da percia mdica administrativa informa:

    - Em 30.09.2009 (fl. 188): segurada com quadro de depresso e ansiedade, incapaz temporariamente para o trabalho;

    - Em 28.09.2011 (fl. 190): foi considerada como Data de Incio da Doena - DID com base no histrico clnico e emdocumentos apresentados em 10.07.2009 e Data de Incio da Incapacidade - DII em 16.08.2011. Apresentou crisepsiquitrica necessitando de novo afastamento temporariamente do trabalho. CID F31.2 (transtorno afetivo bipolar, episdioatual manaco com sintomas psicticos);

    - Em 08.02.2013 (fl. 197): relato da segurada de que desde agosto de 1989 iniciou tratamento de transtorno bipolar. Estafastada desde junho de 2012, sem compensao do quadro. Iniciou hospital dia em novembro de 2012, mas semresultado positivo. Encontra-se internada desde 14/01/2013. Sofreu queda no dia 10/01/2012 e fraturou o punho esquerdoLaudo CRM 8578 - Casa Praia da Costa - internada em 14/01/2013 com quadro compatvel com CID F315. Histria dedepresso recorrente e ansiedade. Apresentando tristeza, depresso, desnimo e incapacidade de executar tarefas simplesdo dia a dia, deficincia cognitiva, comprometimento da memria de fixao e evocao, anedonia, hipopragmatismo,hipopulica. Prescritos antidepressivos e ansiolticos com alvio apenas parcial. Foi indicado e estava frequentando hospitaldia desde 23/11/12. Entretanto houve agravamento sintomatolgico, sendo necessria internao na data supracitada.Concluiu pela inaptido para o trabalho. Concluiu: segurada inapta para perodo de recuperao de transtorno bipolar eminternao hospitalar, alm de incapacidade por fratura do punho esquerdo. F31 (transtorno afetivo bipolar);

    - Em 08.12.2009, 07.12.2011, 18.01.2012, 16.03.2012, 12.07.2012, 16.11.2012, 11.12.2012 (fls. 189, 191, 192, 194, 195 e196, respectivamente): segurada apta para o trabalho por falta de elementos tcnicos mdico-periciais que justifiquem aconcesso de benefcio, doena psiquitrica crnica em fase estabilizada. CID 10 F41.2 (transtorno misto ansioso edepressivo) e CID f 31.02 (transtorno afetivo bipolar, episdio manaco com sintomas psicticos).

    Condies pessoais:Idade: 51 anos (fl. 21)Grau de instruo: no informadoProfisso/ocupao/rea de atuao: gerente de importao (fl. 55)

    Reabilitao profissional:( ) sim (x ) no

    - Observaes:

    Conforme a primeira percia do Juzo realizada por mdico especialista em psiquiatria em 26.04.2012 (fls. 106-109), no foiverificada doena mental estruturada (quesito n 1 fl. 106), concluso esta baseada em exame clnico psiquitrico, j queno existe exame complementar em psicopatologia (quesito n 4 fl. 106). A periciada no apresentou atestados mdicosou laudos de exames complementares (quesito n 5 fl. 106). Informou o perito que a segurada tinha aptido fsica nomomento do exame, capaz de atingir a mdia de rendimento alcanada, em condies normais, pelos trabalhadores damesma categoria profissional (quesito n 8 fl. 106). Informou que no existiam sinais ou sintomas pertencentes ao corpopropriamente dito tais como doenas gerais, tumores e epilepsias (quesito n 19 fl. 107); e que nenhum dos sentidosbsicos estariam comprometidos, tais como memria, inteligncia, capacidade dedutiva e conscincia (quesito n 20 fl.

  • 107), bem como o nvel de conscincia, orientao, ateno, memria, senso de percepo, pensamento, juzo derealidade, vida afetiva ou inteligncia (quesito n 35 fl. 109).Impugnado o laudo s fls. 112-132, foi designada e realizada nova percia do Juzo em 18.09.2012, agora por mdico clnicogeral e especialista em medicina do trabalho (fl. 146-147). Na oportunidade, foram constatados desidrose palmar e plantar etranstorno bipolar (quesito n 1 fl. 146), cujas caractersticas antomo-funcionais e fisiopatolgicas so sudorese profusa edescamao de mos e ps (quesito n 2 fl. 146). Foram apresentados como exames complementares teste alrgico,bipsia e histopatolgico (quesito n 4 fl. 146). Informou ainda, tratar-se de doena de origem adquirida (quesito n 7 fl.146). No foi possvel afirmar a existncia ou no de incapacidade laborativa (quesito n 14 fl. 147). Foi sugeridaavaliao na especialidade de psiquiatria (quesito n 6 fl. 146).Na terceira percia mdica do Juzo, realizada por mdico especialista em psiquiatria na data 01.03.2013 (fls. 165-170),foram verificados transtorno afetivo bipolar - episdio atual depressivo grave com sintomas psicticos (CID 10 F31.5),sndrome palmo plantar com hiptese de reao alrgica a nquel e hipertenso arterial sistmica (quesito 1 fl. 168). Emsuas consideraes iniciais, informou a perita que a segurada apresenta-se vigil, com prejuzo moderado da orientao notempo e no espao, senso de realidade e juzo prejudicado, alucinaes auditivas, cognio prejudicada, humor deprimido,agitao psicomotora; presena de leses descamativas em mos e ps, mais acentuadas em regio plantar esquerda (fl.166). Quanto s caractersticas antomo-funcionais e fisipatolgicas das patologias, referiu-se apenas s relativas aotranstorno bipolar por serem as que revelam situao incapacitante. Informou que o transtorno bipolar consiste emtranstorno mental que afeta o humor, a energia e a atividade da pessoa, podendo levar a um estado de exaltao oudepresso, com alterao comportamental, inclusive com sintomas psicticos e autodestrutivos (quesito 2 fl. 168). Foramapresentados exames complementares sem que outros fossem solicitados (quesitos 4 e 5 fl. 168). Informou o perito que aorigem da doena constitucional do indivduo, com componente hereditrio e potencializado por fatores ambientais(quesito 7 fl. 168). Avaliou que a periciada encontrava-se temporariamente incapaz para o trabalho, por apresentar graverebaixamento do humor e da atividade, comprometimento do senso de orientao, com prejuzo cognitivo, no tendo nomomento, condies de interao segura com o ambiente e com as pessoas (quesitos ns 9 e 14 fls. 168-169). Quanto Data de Incio da Incapacidade DII, considerou que os laudos mdicos recentes e a percia da instituio previdenciriaapontam para a data da internao (14/01/2013) com um agravamento que caracteriza incapacidade laborativa (quesito 12 fl. 169). Recomendou manuteno do tratamento j realizado (quesito 16 fl. 169). Concluiu que a periciada: apresentahistria de doena mental e outras doenas sistmicas associadas, alegando incapacidade para o trabalho, inclusive jreconhecida pela instituio previdenciria. Ao exame encontro evidncias da doena e da condio de incapacidadelaborativa, principalmente pelo quadro psiquitrico. Diante do exposto, apresento parecer que a pericianda esttemporariamente incapaz para a sua atividade laborativa (fl. 170).Inicialmente, cabe registrar que no foi oportunizada impugnao ao segundo laudo pericial do Juzo (fls. 146-147), o que,no entanto, mostrou-se suprido com a designao de terceira percia, novamente por mdico especialista em psiquiatria (fl.150). Em relao a esta terceira percia, pode-se extrair prejuzo recorrente que no foi intimada para se manifestaracerca do laudo de fls. 165-170, conforme se extrai da fl. 177, luz da garantia do contraditrio.V-se no contexto ftico-recursal que a recorrente sofre de transtorno bipolar - com episdio atual depressivo grave comsintomas psicticos, sndrome palmo plantar que piora com a reao alrgica a nquel e com o estresse e hipertensoarterial. A terceira anlise pericial do Juzo (fls. 165-170) focou-se no transtorno bipolar e constatou a existncia deincapacidade temporria para o exerccio da atividade laborativa habitual, apontando como a DII 14.01.2013, data dainternao. Contudo, o magistrado sentenciante julgou improcedente a pretenso autoral por considerar que: i) no perodode 26.04.2012 a 13.01.2013 no foi comprovada incapacidade para o trabalho; ii) no perodo de 14.01.2013 a 24.01.2013ficou comprovada incapacidade para o trabalho, porm no faz jus ao pagamento retroativo, porque somente formulourequerimento administrativo em 25.01.2013; e iii) no que tange ao perodo posterior a 25.01.2013, no h necessidade detutela judicial, porque a segurada j est recebendo o auxlio-doena em razo da deciso administrativa j realada.Frise-se, isoladamente consideradas decerto as patologias apresentadas pela recorrente no consubstanciam fatorimpediente do exerccio de atividade laboral. No entanto, analisadas dentro de uma perspectiva holstica e transdisciplinar,denotam incapacidade total e definitiva para o trabalho; na medida em que o extenso quadro clnico evidencia a presenade comorbidades associadas capazes de impedir qualquer pessoa, nas circunstncias, de trabalhar, segundo, por exemplo,a Classificao Internacional de Funcionalidades, Incapacidade e Sade CIF. Demais disso, considerados, notadamente,o longo histrico clnico apresentado, as caractersticas das afeces, o prognstico de insucesso verificado e a idade darecorrente (51 anos - fl. 21), no apontam para a possibilidade de recuperao da recorrente, de modo a viabilizar suareadaptao ou reabilitao com retorno a sua ocupao ou a outra em condies semelhantes aos demais trabalhadores,sem risco efetivo de agravamento do quadro clnico. Some-se a isso o fato de que a documentao mdica apresentadapela recorrente revela dificuldade de interao no s com o meio profissional, mas tambm com os prprios familiares (fls.295 conflitos com a filha e com colegas de trabalho; e fl. 298 conflito com companheira de quarto).Ao ensejo, oportuno registrar entendimento da Turma Nacional de Uniformizao TNU de que: a possibilidade dereabilitao profissional no deve ser analisada exclusivamente sob o ponto de vista clnico e fsico. Em tese, havendoincapacidade parcial para o trabalho, circunstncias de natureza socioeconmica, profissional e cultural devem ser levadasem conta para aferir se existe, na prtica, real possibilidade de reingresso no mercado de trabalho. Vale conferir o arestojurisprudencial, verbis:VOTO-EMENTA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE PARCIAL PARA O TRABALHO. ANLISE DASCONDIES PESSOAIS PARA DESCARTAR POSSIBILIDADE DE REABILITAO PROFISSIONAL. 1. A sentena julgouprocedente o pedido para condenar o INSS a restabelecer o benefcio de aposentadoria por invalidez desde a suacessao, em 14.10.2008. O acrdo recorrido reformou a sentena por considerar que, embora no haja dvidas acercada incapacidade parcial do autor, atestada por meio de percia mdica judicial, este possui pouco mais de 40 anos jovem,portanto , podendo ser qualificado para outra profisso aps a reabilitao de sua sade. Todavia, o julgado ignorou aapreciao das condies pessoais para efeito de descartar a possibilidade de reabilitao profissional. 2. O incidente deuniformizao no embute pretenso direta a reexame de prova, mas apenas arguio de divergncia jurisprudencial em

  • torno de critrio jurdico para valorao da prova. No cabe TNU decidir se, no caso concreto, as condies pessoais dorequerente so suficientes para caracterizar a impossibilidade de reingresso no mercado de trabalho, mas apenas definir,em tese, se tais condies precisam ser levadas em conta na aferio da possibilidade de reabilitao profissional. 3. Apossibilidade de reabilitao profissional no deve ser analisada exclusivamente sob o ponto de vista clnico e fsico. Emtese, havendo incapacidade parcial para o trabalho, circunstncias de natureza socioeconmica, profissional e cultural,devem ser levadas em conta para aferir se existe, na prtica, real possibilidade de reingresso no mercado de trabalho. 4.Ao ignorar tais questes, trazidas nas provas relacionadas nos autos, a exemplo do extrato do Cadastro Nacional deInformaes Sociais (fl. 13), no qual consta o analfabetismo como nvel de escolaridade do segurado; e do extrato deInformaes do Benefcio (fl. 12), que indica a condio de desempregado do autor, o acrdo recorrido divergiu doentendimento consolidado na TNU. 5. Incidente conhecido e parcialmente provido para: (a) reafirmar a tese de que apossibilidade de reabilitao profissional no deve ser analisada exclusivamente sob o ponto de vista clnico e fsico; (b)anular o acrdo recorrido; (c) determinar a devoluo dos autos Turma Recursal de origem para que retome ojulgamento do recurso inominado interposto em face da sentena, com adequao tese jurdica ora firmada.(PEDIDO 00168413020084013200, JUIZ FEDERAL HERCULANO MARTINS NACIF, DJ 05/11/2012.)

    No mesmo sentido, a jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia:AGRAVO REGIMENTAL. PREVIDENCIRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. NO VINCULAO AO LAUDOPERICIAL. OUTROS ELEMENTOS CONSTANTES DOS AUTOS. PRINCPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO.INCAPACIDADE DEFINITIVA. CUMPRIMENTO DE REQUISITO LEGAL. SMULA N 7/STJ. 1. A jurisprudncia doSuperior Tribunal de Justia firme no sentido de que o magistrado no est adstrito ao laudo, devendo considerar tambmaspectos scio-econmicos, profissionais e culturais do segurado a fim de aferir-lhe a possibilidade ou no, de retorno aotrabalho, ou de sua insero no mercado de trabalho, mesmo porque a invalidez laborativa no meramente o resultado deuma disfuno orgnica, mas uma somatria das condies de sade e pessoais de cada indivduo. 2. Havendo a Corteregional concludo pela presena das condies necessrias concesso do benefcio, com base em outros elementosconstantes dos autos, suficientes formao de sua convico, modificar tal entendimento, importaria em desafiar aorientao fixada pela Smula n 7 do Superior Tribunal de Justia. 3. Agravo regimental a que se nega provimento.

    ..EMEN: (AGARESP 201101977807, MARCO AURLIO BELLIZZE, STJ - QUINTA TURMA, DJE DATA:01/03/2012..DTPB:.)De outra parte, o no acolhimento previdencirio em situaes como a presente, importa, na prtica, apenas responder demanda sob exame, mas no solucionar e pacificar a questo trazida ao Poder Judicirio; na medida em que certamentea recorrente reiniciar a lide com a mesma causa de pedir. Ademais, a aposentadoria por invalidez implica avaliaoperidica das condies clnicas do segurado (art. 71 da Lei n 8.212/1991). Assim colocado, faz jus a segurada aorecebimento de aposentadoria por invalidez.Quanto ao pleito de restabelecimento do auxlio-doena previdencirio (NB 547.827.839-0) desde a data de cessao, adizer, 07.12.2011, h de se considerar que o quadro de sade da recorrente sabidamente cclico. Logo, no possvelpresumir, vista do documento de fl. 55 (de 26.09.2011), que veicula manifestao do empregador e no de mdico perito,de que, poca, a recorrente ainda se encontrava temporariamente incapaz para o trabalho. Assim, no existindo nosautos outro documento contemporneo cessao, do qual se possa inferir que a incapacidade no sofreu soluo decontinuidade. Por oportuno, registre-se: a doena, por si s, no garante o benefcio. A contingncia amparada pela Lei aincapacidade.Merece reparo, portanto, a sentena recorrida.Nessas condies, conheo do recurso e a ele dou parcial provimento para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social INSS ao pagamento do benefcio previdencirio de aposentadoria por invalidez em favor da recorrente, com Data de Inciodo Benefcio - DIB em 14.01.2013, a dizer, na DII fixada pelo perito do Juzo (quesito n 12 fl. 169), uma vez que docontexto ftico-probatrio exsurge que a recorrente, j naquela poca, encontrava total e definitivamente incapaz para otrabalho.Sem custas ou condenao em honorrios advocatcios, ante o disposto no caput do art. 55 da Lei n 9.099/1995 c/c o art.1 da Lei n 10.259/2001.

    ACRDO

    Decide a 1 Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seo Judiciria do Estado do Esprito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

    Vitria, 18 de junho de 2014.

    Boaventura Joo AndradeJuiz Federal 1 RelatorAssinado Eletronicamente

    jesxlil /jesgecs

    2 - 0000737-97.2008.4.02.5054/02 (2008.50.54.000737-2/02) JORGE DE SOUZA (ADVOGADO: ES012916 - MARIA DEFTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.).

  • Processo n. 0000737-972008.4.02.5054/02 Juzo de Origem: 1 VF de ColatinaRecorrente: JORGE DE SOUZARecorrido:UNIORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOO ANDRADE

    VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. TRIBUTRIO. REPETIO DE INDBITO. IMPOSTO DE RENDA. COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA. INOCORRNCIA DE PRESCRIO. RECURSO PROVIDO. SENTENA REFORMADA.

    Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor da demanda em primeiro grau s fls. 109-121, em razo de sentenas fls. 105-108 que reconheceu a incidncia da prescrio, com base no art. 269, inciso IV, do Cdigo de Processo Civil.Sustenta que o termo inicial da prescrio a data da aposentadoria e que a demanda foi ajuizamento dentro do prazo decinco anos. Aduz que no h prescrio sobre o fundo de direito. Pretende seja conhecido e provido o recurso, julgando-seprocedente o pedido inicial.Contrarrazes as s fls. 123-138.Matria pacificada pela jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia e da Turma Nacional de Uniformizao dos JuizadosEspeciais no sentido de que no incide imposto de renda sobre os benefcios de previdncia privada auferidos a partir dejaneiro de 1996 at o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficirios (excludos os aportes daspatrocinadoras) sob a gide da Lei n 7.713/1988, ou seja, entre 01.01.1989 e 31.12.1995 ou entre 01.01.1989 e a data deincio da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996. PEDILEF 200685005020159, Relatora Juza Federal JacquelineMichels Bilhalva, DJ de 09.02.2009.No que se refere prescrio, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinrio n 566.621/RS,pacificou o entendimento de que, nas aes de repetio ou compensao de indbito tributrio ajuizadas aps o decursoda vacatio legis de 120 dias prevista na Lei Complementar n 118/2005, o prazo prescricional de cinco anos, a despeito dadata do pagamento indevido. Assim, se a ao tiver sido proposta depois de 09.06.2005, a consagrada tese dos cinco maiscinco no pode ser aplicada para regular a prescrio.De par com isso, no h olvidar que o termo inicial da prescrio o ms em que o beneficirio efetivamente passou aperceber o benefcio correspondente aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei9.250/1995 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996 (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,PRIMEIRA TURMA, julgado em 20.05.2010, DJe 14.06.2010).8. Como o recorrido aposentou-se em 03.02.2004 (fl. 104) e a presente ao foi ajuizada em 15.12.2008 (fl. 02), no estprescrita a pretenso de repetio das retenes do imposto de renda sobre o benefcio, porquanto ajuizada dentro doprazo prescricional de cinco anos.9. Nesse passo, os requisitos para o reconhecimento do pedido so: (1) que tenham ocorrido contribuies no perodo dejaneiro de 1989 a dezembro de 1995, e no se afigura indispensvel caso a caso a exibio de toda a documentaocomprobatria, eis que a aferio completa do valor do alegado bis in idem tributrio poder ser feita na fase de execuoda sentena e (2) que o autor esteja aposentado. No caso sob exame, os documentos apresentados demonstram opreenchimento dos dois requisitos, quais sejam: contribuies no perodo de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 (fls.93-96) e aposentadoria em 03.02.2004 (fl. 104).10. A apurao do indbito observar o seguinte:11. As contribuies efetuadas pela parte autora no perodo compreendido entre janeiro de 1989 at dezembro de 1995devero ser atualizadas monetariamente pelos ndices constantes do Manual de Orientao de Procedimentos para osClculos da Justia Federal, aprovado pela Resoluo n 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justia Federal.12. O valor apurado, consistente no crdito da parte autora, dever ser deduzido do montante recebido a ttulo decomplementao de aposentadoria por ano-base, de acordo com as Declaraes Anuais de Ajuste do IRPF dos exercciosimediatamente seguintes aposentadoria do demandante, devidamente atualizado, data do encontro de contas, pelosmesmos ndices determinados no item anterior, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exerccio, de modo afixar-se o valor a ser restitudo, quantia esta que dever ser corrigida pela Taxa SELIC, com a excluso de outro ndice decorreo monetria ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Seo, julgado em25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).13. Como guia de aplicao da frmula de apurao do indbito anoto o exemplo elaborado pelo Juiz Federal MARCOSROBERTO ARAJO DOS SANTOS, do E. Tribunal Regional Federal da 4 Regio, no julgamento em ReexameNecessrio do processo n 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009):Suponha-se que o crdito relativo s contribuies vertidas entre 1989 e 1995 corresponda a R$ 150.000,00, e que obeneficirio aposentou-se em 1 de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepo da aposentadoria complementar.Suponha-se, tambm, que o valor total do benefcio suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, esteltimo valor deve ser totalmente deduzido. Ento, o imposto devido naquele ano zero. Logo, o valor de IR que foiefetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente restitudo. Resta, ainda,um crdito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operao. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997correspondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido ser zero e, por conseqncia, oIR efetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente restitudo. Resta,ainda, um crdito de R$ 50.000,00.14. Em prosseguimento, importante frisar que a operao mencionada acima deve ser repetida sucessivamente, at oesgotamento do crdito. Na hiptese em que, aps restiturem-se todos os valores, ainda restar crdito, a deduo do saldocredor pode ser efetuada diretamente na base de clculo das declaraes de imposto de renda referentes aos futurosexerccios financeiros, atualizada pelos ndices da tabela de Precatrios da Justia Federal at a data do acerto anual.Assim, o beneficirio no pagar IR sobre o complemento de benefcio at o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou oque tiver sido pago ser objeto de repetio.

  • 15. Pelo exposto, dou provimento ao recurso, para reformar a sentena e reconhecer a no incidncia do imposto de rendado imposto de renda sobre os benefcios de previdncia privada at o limite do que foi recolhido exclusivamente pela parteautora (excludos os aportes das patrocinadoras) sob a gide da Lei n 7.713/1988, ou seja, entre 01.01.1989 e 31.12.1995ou entre 01.01.1989 e a data de incio da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996, e CONDENAR A UNIO restituio/ compensao do respectivo indbito, de acordo com a sistemtica estabelecida nesta ementa e instrues quese seguem.16. A UNIO dever efetuar, no prazo de 60 (sessenta) dias, a reviso administrativa das declaraes anuais do imposto derenda pessoa fsica da parte autora, para excluir da base de clculo do imposto devido parcela relativa ao crdito dacontribuinte, na forma fixada por esta ementa, ciente o autor que dever providenciar junto sua patrocinadora a soma dasimportncias por ele vertidas referentes ao perodo pleiteado judicialmente.17. Efetuada a reviso na forma do pargrafo anterior, dever a R informar ao Juzo o valor total da restituio a serrequisitado, o qual no poder ultrapassar o valor de alada dos Juizados Especiais Federais (sessenta salrios mnimos),aferido por ocasio da propositura da ao.18. Aps a reviso das declaraes anuais do imposto de renda e da apurao do valor da restituio devida, no caso deainda haver saldo de crdito em favor do contribuinte, fica o autor autorizado a deduzir o saldo na base de clculo doimposto devido nos exerccios financeiros seguintes, at o esgotamento do saldo credor.19. Sem custas e sem condenao em honorrios advocatcios, tendo em vista o disposto no art. 55, da Lei n 9.099/1995conjugado com o art. 1 da Lei n 10.259/2001.

    ACRDO

    Decide a 1 Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seo Judiciria do Estado do Esprito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, unanimidade, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

    Vitria, 18 de junho de 2014.

    Boaventura Joo AndradeJuiz Federal - 1 RelatorAssinado eletronicamente

    jesgabd

    3 - 0009020-74.2008.4.02.5001/01 (2008.50.01.009020-0/01) (PROCESSO ELETRNICO) UNIAO FEDERAL (PROCDOR:GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO.) x JOS CARLOS PIZZOLATO (ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FTIMADOMENEGHETTI.).Processo n 0009020-74.2008.4.02.5001/01 Juzo de Origem: 2 JEF de VitriaEmbargante: UNIOEmbargado: JOS CARLOS PIZZOLATORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOO ANDRADE

    VOTO-EMENTA

    EMBARGOS DE DECLARAO. TRIBUTRIO. REPETIO DE INDBITO. IMPOSTO DE RENDA. PREVIDNCIACOMPLEMENTAR. CRITRIOS DE APURAO. OMISSO. RECURSO PROVIDO.

    Estes embargos de declarao foram opostos pela Unio s fls. 158-162, em razo de acrdo (fls. 154-155) que negouprovimento ao recurso, mantendo a sentena de primeiro grau, a qual julgou parcialmente procedente o pedido paradeclarar a inexigibilidade do imposto de renda incidente sobre o benefcio de complementao ou suplementao deaposentadoria auferida pela parte autora, na proporo correspondente s suas contribuies recolhidas ao plano deprevidncia privada pelo perodo de meses em que ocorreu a tributao prvia, na forma da Lei n 7.713/1989.

    Sustenta omisso quanto aos critrios de apurao do indbito. Pretende sejam conhecidos e providos os embargos dedeclarao, sanando-se a omisso apontada.

    Os embargos de declarao, como sabemos, constituem recurso de motivao vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei n 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradio, omisso ou

  • dvida, esta ltima desde que configure dvida objetiva. In casu, pela leitura da arguio do(a) embargante, verifica-seque esta aponta a existncia de omisso no julgado.

    Assiste razo embargante. A apurao do indbito observar o seguinte:As contribuies efetuadas pela parte autora no perodo compreendido entre janeiro de 1989 at dezembro de 1995devero ser atualizadas monetariamente pelos ndices constantes do Manual de Orientao de Procedimentos para osClculos da Justia Federal, aprovado pela Resoluo n 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justia Federal.O valor apurado, consistente no crdito da parte autora, dever ser deduzido do montante recebido a ttulo decomplementao de aposentadoria por ano-base, de acordo com as Declaraes Anuais de Ajuste do IRPF dos exercciosimediatamente seguintes aposentadoria do demandante, devidamente atualizado, data do encontro de contas, pelosmesmos ndices determinados no item anterior, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exerccio, de modo afixar-se o valor a ser restitudo, quantia esta que dever ser corrigida pela Taxa SELIC, com a excluso de outro ndice decorreo monetria ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Seo, julgado em25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).Como guia de aplicao da frmula de apurao do indbito anoto o exemplo elaborado pelo Juiz Federal MARCOSROBERTO ARAJO DOS SANTOS, do E. Tribunal Regional Federal da 4 Regio, no julgamento em ReexameNecessrio do processo n 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009):Suponha-se que o crdito relativo s contribuies vertidas entre 1989 e 1995 corresponda a R$ 150.000,00, e que obeneficirio aposentou-se em 1 de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepo da aposentadoria complementar.Suponha-se, tambm, que o valor total do benefcio suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, esteltimo valor deve ser totalmente deduzido. Ento, o imposto devido naquele ano zero. Logo, o valor de IR que foiefetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente restitudo. Resta, ainda,um crdito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operao. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997correspondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido ser zero e, por conseqncia, oIR efetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente restitudo. Resta,ainda, um crdito de R$ 50.000,00.Em prosseguimento, importante frisar que a operao mencionada acima deve ser repetida sucessivamente, at oesgotamento do crdito. Na hiptese em que, aps restiturem-se todos os valores, ainda restar crdito, a deduo do saldocredor pode ser efetuada diretamente na base de clculo das declaraes de imposto de renda referentes aos futurosexerccios financeiros, atualizada pelos ndices da tabela de Precatrios da Justia Federal at a data do acerto anual.Assim, o beneficirio no pagar IR sobre o complemento de benefcio at o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou oque tiver sido pago ser objeto de repetio.A UNIO dever efetuar, no prazo de 60 (sessenta) dias, a reviso administrativa das declaraes anuais do imposto derenda pessoa fsica da parte autora, para excluir da base de clculo do imposto devido parcela relativa ao crdito dacontribuinte, na forma fixada por esta ementa, ciente o autor que dever providenciar junto sua patrocinadora a soma dasimportncias por ele vertidas referentes ao perodo pleiteado judicialmente.Efetuada a reviso na forma do pargrafo anterior, dever a R informar ao Juzo o valor total da restituio a serrequisitado, o qual no poder ultrapassar o valor de alada dos Juizados Especiais Federais (sessenta salrios mnimos),aferido por ocasio da propositura da ao.Aps a reviso das declaraes anuais do imposto de renda e da apurao do valor da restituio devida, no caso de aindahaver saldo de crdito em favor do contribuinte, fica o autor autorizado a deduzir o saldo na base de clculo do impostodevido nos exerccios financeiros seguintes, at o esgotamento do saldo credor.Embargos de declarao conhecidos e providos.

    ACRDO

    Decide a 1 Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seo Judiciria do Estado do Esprito Santo conhecer osembargos de declarao e a eles dar provimento, unanimidade, na forma da ementa supra que fica fazendo parteintegrante do julgado.

    Vitria, 18 de junho de 2014.

    Boaventura Joo AndradeJuiz Federal 1 RelatorAssinado eletronicamente

  • jesgabd

    4 - 0000794-24.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000794-9/01) LUIZ DA CONCEICAO (ADVOGADO: ES007025 -ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DAFONSECA FERNANDES GOMES.).Processo n. 0000794-24.2008.4.02.5052/01 Juzo de Origem: 1 VF So MateusRecorrente: LUIZ DA CONCEIORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOO ANDRADE

    VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIRIO. AUXLIO-DOENA. REQUISITOS LEGAIS NO PREENCHIDOS.RECURSO IMPROVIDO. SENTENA MANTIDA.

    Sumrio da controvrsia: o demandante em primeiro grau pretende a concesso de auxlio-doena previdencirio desde adata do requerimento administrativo, a dizer, 04.09.2008, bem como indenizao por dano moral.Sentena (fls. 47-48): julgou improcedente o pedido por considerar que, a despeito de constatada pelo perito do Juzo aexistncia de incapacidade laborativa, no restou comprovada a qualidade de segurado.

    Razes do recorrente (fls. 49-50): a) a doena que o acomete possui evoluo lenta e gradual; e b) a patologia existiadesde a cessao de seu ltimo benefcio auxlio-doena previdencirio.

    As contrarrazes foram apresentadas fl. 52-verso.A controvrsia diz com a existncia ou no da qualidade de segurado.Antes de ingressar na anlise de mrito, convm explicitar aspectos relevantes para a figurao da situao fticaensejadora da causa de pedir recursal, esquematizados no quadro a seguir:Histrico previdencirio:Percepo de auxlio-doena previdencirio no perodo de 14.12.2004 a 04.06.2005 e 12.05.2006 a 28.02.2007 (fls. 61-62).

    Histrico contributivo:Verificado no Cadastro Nacional de Informaes Sociais - CNIS (fls. 58-60)

    Histrico clnico:Laudo mdico particular fl. 07, em 03.09.2008, refere, no que legvel, gonartrose do joelho; indica realizao deressonncia magntica do joelho esquerdo; atesta limitao funcional para subir escadas e ortostatismo prolongado;encaminha ao INSS para avaliao (CID: M199 - artrose no especificada)

    Laudo de percia mdica administrativa: ( ) sim (X) no

    Condies pessoais:Idade: 60 anos (fl. 06)Grau de instruo: 4 srie (fl. 30)Profisso/ocupao: pedreiro armador e comerciante (fl. 30)

    Reabilitao profissional:( ) sim (X) no

    Conforme a percia do Juzo realizada em 18.11.2009 por mdico clnico geral e especialista em obstetrcia e medicinaocupacional (fls. 30-34), foi constatada hipertenso arterial; patologia de origem hereditria, na maior parte dos casos, e deevoluo lenta e gradual (quesitos do Juzo ns 01 e 02 fl. 31). Afirmou o expert que o periciado encontra-se

  • temporariamente incapacitado para o exerccio de seu trabalho ou atividade habitualmente exercida, necessitandopermanecer afastado por um perodo de 30 (trinta) dias devido aos nveis pressricos, com retorno imediato ao labor(quesito do Juzo n 04 fl. 31). Esclareceu que os nveis pressricos altos, ainda que decorrentes do inadequado uso damedicao, expem o periciado a risco de morte, pelo que recomenda a no realizao de esforo fsico (quesito do Juzon 05 fl. 32). Apontou como data de incio da incapacidade a data da realizao da percia do Juzo, visto que foi aquele omomento em que constatada a elevao da presso arterial (quesito do Juzo n 06 fl. 32). Questionado se o periciadopoderia exercer alguma atividade dentro de sua realidade funcional, mesmo sofrendo da doena apresentada, atestou serpossvel o exerccio da atividade de comerciante (quesito do Juzo n 07 fl. 32). Sobre a documentao acostada aosautos, consignou que consta nos autos um laudo mdico, fl. 07, que informa limitao funcional do joelho, limitao estano constatada na percia realizada (quesito do Juzo n 10 fl. 32). Em suas consideraes, elucidou que a hipertenso,quando descompensada, incapacitante durante o perodo em que se encontra elevada, mas pelo fato do periciado nofazer uso regular do medicamento, no h como se avaliar se h nveis altos de presso arterial, ou se h somente a faltado medicamento na presente data (fl. 30).Consoante disposio contida no caput do art. 59 da Lei n 8.213/1991 (Lei de Benefcios da Previdncia Social LBPS), obenefcio previdencirio de auxlio-doena ser devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o perodo decarncia exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) diasconsecutivos, ou seja, a concesso do versado benefcio somente ser cabvel quando preenchidos cumulativamente osseguintes requisitos: (i) qualidade de segurado; (ii) cumprimento do perodo de carncia (12 meses, na forma do art. 25,

    inciso I, da LBPS, observado o disposto no pargrafo nico do art. 24 ) e (iii) supervenincia de incapacidade para oexerccio de qualquer atividade garantidora da subsistncia, observada a regra inserta no pargrafo nico do art. 59 .

    No presente caso, o perito do Juzo constatou a existncia de incapacidade laborativa por um perodo de 30 (trinta) dias emdecorrncia de hipertenso arterial, apontando como data de incio da incapacidade a data de realizao da percia do Juzo(18.11.2009), ocasio em que o recorrente no mais dispunha da qualidade de segurado.Registre-se: j na data do requerimento administrativo (04.09.2008 - fl. 07), o recorrente no mais detinha a qualidade desegurado, uma vez que, conforme bem observado na sentena, seu ltimo vnculo empregatcio foi encerrado em junho de2005, tendo recebido posteriormente alguns benefcios previdencirios, sendo que o ltimo foi cessado em 28.02.2007,como dispe o CNIS de fls. 39-41, no havendo que se falar, outrossim, em uma das hipteses de gozo de perodo de

    graa previstas no art. 15 da Lei n 8.213/1991, ou, ainda, na incidncia da dilatao de prazo prevista no art. 15, 1, daLei 8.213/1991, na medida em que esta s se mostra possvel desde que o segurado tenha vertido mais de 120contribuies sem interrupo que acarrete a perda da qualidade de segurado, o que no se verifica in casu.De outra parte, inexiste nos autos documento que comprove que a incapacidade laborativa ensejadora do ltimo benefciode auxlio-doena percebido no sofreu soluo de continuidade.Por fim, diante das razes expostas, prejudicada a apreciao do pleito de indenizao por dano moral.No merece reparo, portanto, a sentena recorrida.Nessas condies, conheo do recurso e a ele nego provimento.Sem condenao em custas e honorrios advocatcios ante o deferimento da Gratuidade de Justia fl. 21, nos termos doart. 55 da Lei n 9.099/1995 c/c o art. 1 da Lei n 10.259/2001.

    ACRDO

    Decide a 1 Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seo Judiciria do Estado do Esprito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

    Vitria, 18 de junho de 2014.

    Boaventura Joo AndradeJuiz Federal 1 RelatorAssinado Eletronicamente

  • JESXKEB /jesgecs

    5 - 0002244-37.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002244-7/01) (PROCESSO ELETRNICO) ANTONIO CARLOS DEMATTOS SIQUEIRA (ADVOGADO: ES013542 - LIDIANE ZUMACH LEMOS PEREIRA, ES008453 - DULCINEIA ZUMACHLEMOS PEREIRA.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.).Processo n 0002244-37.2010.4.02.5050/01 Juzo de Origem: 1 JEF de VitriaEmbargante: UNIOEmbargado: ANTNIO CARLOS DE MATTOS SIQUEIRARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOO ANDRADE

    VOTO-EMENTA

    EMBARGOS DE DECLARAO. IMPOSTO DE RENDA. FRIAS NO GOZADAS. OGMO. OMISSO. INEXISTNCIA.INSURGNCIA CONTRA O MRITO DO DECISUM. RECURSO IMPROVIDO.

    Estes embargos de declarao foram opostos pela UNIO s fls. 136-139, em razo de acrdo proferido pela TurmaRecursal (fls. 129-132), que deu provimento ao recurso interposto, reformando a sentena de primeiro grau, para declarar ainexistncia relao jurdica que obrigue o autor a recolher imposto de renda sobre o valor recebido a ttulo de frias nogozadas, determinando que o OGMO/ES se abstenha de fazer a reteno do imposto sobre tais verbas, bem como paracondenar a Unio a restituir o valor indevidamente retido nos ltimos cinco anos, corrigidos pela SELIC.

    Sustenta necessidade de avaliar a situao especfica do autor, apurando se diante da prova documental estariademonstrada ou no a situao ftica relatada na inicial. Alega, noutro ponto, caso seja reconhecido algum valor a serdevolvido ao autor, seja deduzido o imposto a restituir informado nas respectivas declaraes anuais de ajuste, devendo osautos, por ocasio da execuo do julgado, ser remetidos Unio para fins de apurao do valor a ser restitudo. Pretendesejam conhecidos e providos os embargos de declarao, sanando-se as omisses apontadas.

    Os embargos de declarao, como sabemos, constituem recurso de motivao vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei n 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradio, omisso oudvida, esta ltima desde que configure dvida objetiva.

    Inexiste omisso no acrdo impugnado. Todos os pontos necessrios ao julgamento da causa foram analisados nadeciso colegiada. Confira-se:

    (...) No caso em apreo, diante da concluso obtida pelo juiz a quo, ouso discordar, pois, o direito a frias constitui direitofundamental do trabalhador (art. 7, XVII, CF), estabelecendo a Constituio da Repblica a igualdade de direitos entre otrabalhador com vnculo empregatcio permanente e o trabalhador avulso (art. 7, XXXIV, CF).

    Assim, a circunstncia de o trabalhador avulso porturio exercer o trabalho nos perodos que desejar, no lhe retira o direitos frias. As peculiaridades do trabalho avulso porturio permitem concluir que as disposies da CLT no lhes soaplicveis no que tange, apenas, a faculdade do empregador determinar a poca prpria do gozo das frias (art. 136, CLT),bem como ao pagamento dobrado por sua ausncia de concesso (art. 137, CLT). Com efeito, cabe ao prprio avulsoavaliar a oportunidade e convenincia de exercer o benefcio, diante da ausncia de um tomador de servios fixo.

  • Portanto, fora as excees mencionadas (arts. 136 e 137 da CLT), o gozo de frias pelo porturio permanece em suaintegralidade, valendo-se de sua natureza de direito fundamental. Caso as parcelas recebidas pela parte autora referentess frias no sejam gozadas no perodo concessivo ou durante a vigncia do contrato de trabalho, modifica-se sua naturezasalarial para indenizatria. Aplica-se, por analogia, o entendimento da smula n 125 do STJ, restando cabvel a restituiodo indbito. (...)

    Consigne-se, a via dos embargos declaratrios no deve ser utilizada para substituir ou modificar o julgado, ou seja, no sepode deduzir como pretenso o pedido de reforma da deciso embargada.

    Embargos de declarao conhecidos e desprovidos.

    ACRDO

    Decide a 1 Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seo Judiciria do Estado do Esprito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declarao, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante dopresente julgado.

    Vitria, 18 de junho de 2014.

    Boaventura Joo AndradeJuiz Federal - 1 RelatorAssinado eletronicamente

    jesgabd

    6 - 0001904-51.2007.4.02.5001/01 (2007.50.01.001904-4/01) UNIAO FEDERAL (PROCDOR: MARINA RIBEIRO FLEURY.)x MARIA MADALENA SAITER ZORZAL (ADVOGADO: ES010941 - RODRIGO AZEVEDO LESSA, ES010982 - MARTAROSE VIMERCATI SCODINO.).Processo n. 0001904-51.2007.4.02.5001/01 Juzo de Origem: 1 JEF de VitriaRecorrente: UNIORecorrido:MARIA MADALENA SAITER ZORZALRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOO ANDRADE

    VOTO-EMENTA

    TRIBUTRIO. REPETIO DE INDBITO. IMPOSTO DE RENDA. COMPLEMENTO DE APOSENTADORIA. BIS IN IDEM.PRESCRIO PARCIAL. RECURSO PROVIDO. SENTENA REFORMADA.

    Trata-se de recurso inominado interposto pela r da demanda em primeiro grau s fls. 123-127, em razo de sentena (fls.117-122) que julgou procedente o pedido de no incidncia do imposto de renda sobre os benefcios de previdncia privadaat o limite do que foi recolhido exclusivamente pela parte autora sob a gide da Lei n 7.713/1988, bem como a restituiodo respectivo indbito. Sustenta a incidncia da prescrio quinquenal. Pretende assim, a reforma do julgado.

  • Contrarrazes s fls. 130-158.Matria pacificada pela jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia e da Turma Nacional de Uniformizao dos JuizadosEspeciais no sentido de que no incide imposto de renda sobre os benefcios de previdncia privada auferidos a partir dejaneiro de 1996 at o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficirios (excludos os aportes daspatrocinadoras) sob a gide da Lei n 7.713/1988, ou seja, entre 01.01.1989 e 31.12.1995 ou entre 01.01.1989 e a data deincio da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996. PEDILEF 200685005020159, Relatora Juza Federal JacquelineMichels Bilhalva, DJ de 09.02.2009.No que se refere prescrio, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinrio n 566.621/RS,pacificou o entendimento de que, nas aes de repetio ou compensao de indbito tributrio ajuizadas aps o decursoda vacatio legis de 120 dias prevista na Lei Complementar n 118/2005, o prazo prescricional de cinco anos, a despeito dadata do pagamento indevido. Assim, se a ao tiver sido proposta depois de 09.06.2005, a consagrada tese dos cinco maiscinco no pode ser aplicada para regular a prescrio.De par com isso, no h olvidar que o termo inicial da prescrio o ms em que o beneficirio efetivamente passou aperceber o benefcio correspondente aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei9.250/1995 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996 (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,PRIMEIRA TURMA, julgado em 20.05.2010, DJe 14.06.2010).Como a recorrida aposentou-se em 05.02.2001 (fl. 23) e a presente ao foi ajuizada em 07.03.2007 (fl. 02), estparcialmente prescrita a pretenso de obter o ressarcimento das retenes do imposto de renda sobre o benefcio ocorridasanteriormente a 07.03.2002.Isso porque, a reteno do imposto de renda sobre a aposentadoria mensal, ou seja, renova-se todo ms, portanto, aprescrio parcial, incidente to somente sobre o quinqunio anterior ao ajuizamento da demanda e no sobre o fundo dedireito, nos termos da Smula n 85 do STJ.Assim, no presente caso, a restituio dever abranger apenas os valores referentes ao imposto de renda que incidiu sobreas parcelas de complementao de aposentadoria que tenham sido recebidas aps 07.03.2002.Pelo exposto, conheo do recurso e a ele dou provimento para reconhecer a prescrio das parcelas objeto de restituioanteriores a 07.03.2002, nos termos art. 269, inciso IV, do CPC.Sem custas ou condenao em honorrios advocatcios, ante o disposto no caput do art. 55 da Lei n 9.099/1995 c/c o art.1 da Lei n 10.259/2001.

    ACRDO

    Decide a 1 Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seo Judiciria do Estado do Esprito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, unanimidade, na forma da ementa que passa a integrar o julgado.

    Vitria, 18 de junho de 2014.

    Boaventura Joo AndradeJuiz Federal - 1 RelatorAssinado eletronicamente

    Jesgabd

    7 - 0002240-97.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002240-0/01) (PROCESSO ELETRNICO) NILSON JOSE SIQUEIRA(ADVOGADO: ES013542 - LIDIANE ZUMACH LEMOS PEREIRA, ES008453 - DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA.) x

  • UNIAO FEDERAL (PROCDOR: JULIANA ALMENARA ANDAKU.).Processo n 0002240-97.2010.4.02.5050 /01 Juzo de Origem: 1 JEF de VitriaEmbargante: UNIOEmbargado: NILSON JOS SIQUEIRARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOO ANDRADE

    VOTO-EMENTA

    EMBARGOS DE DECLARAO. IMPOSTO DE RENDA. FRIAS NO GOZADAS. OGMO. OMISSO. INEXISTNCIA.INSURGNCIA CONTRA O MRITO DO DECISUM. RECURSO IMPROVIDO.

    Estes embargos de declarao foram opostos pela UNIO s fls. 143-145, em razo de acrdo proferido pela TurmaRecursal (fls. 136-139), que deu provimento ao recurso interposto, reformando a sentena de primeiro grau, para declarar ainexistncia relao jurdica que obrigue o autor a recolher imposto de renda sobre o valor recebido a ttulo de frias nogozadas, determinando que o OGMO/ES se abstenha de fazer a reteno do imposto sobre tais verbas, bem como paracondenar a Unio a restituir o valor indevidamente retido nos ltimos cinco anos, corrigidos pela SELIC.

    Sustenta que a condenao no pode prevalecer, porquanto tendo o autor gozado suas frias no perodo concessivo oudurante a vigncia do contrato de trabalho a natureza salarial da verba no foi alterada para indenizatria. Pretende sejamconhecidos e providos os embargos de declarao para afastar o pedido de repetio de indbito, em razo de o autor tergozado suas frias durante o perodo concessivo.

    Os embargos de declarao, como sabemos, constituem recurso de motivao vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei n 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradio, omisso oudvida, esta ltima desde que configure dvida objetiva.

    Inexiste nulidade ou omisso no acrdo impugnado. Todos os pontos necessrios ao julgamento da causa foramanalisados na deciso colegiada. Confira-se:

    (...) No caso em apreo, diante da concluso obtida pelo juiz a quo, ouso discordar, pois, o direito a frias constitui direitofundamental do trabalhador (art. 7, XVII, CF), estabelecendo a Constituio da Repblica a igualdade de direitos entre otrabalhador com vnculo empregatcio permanente e o trabalhador avulso (art. 7, XXXIV, CF).

    Assim, a circunstncia de o trabalhador avulso porturio exercer o trabalho nos perodos que desejar, no lhe retira o direitos frias. As peculiaridades do trabalho avulso porturio permitem concluir que as disposies da CLT no lhes soaplicveis no que tange, apenas, a faculdade do empregador determinar a poca prpria do gozo das frias (art. 136, CLT),bem como ao pagamento dobrado por sua ausncia de concesso (art. 137, CLT). Com efeito, cabe ao prprio avulsoavaliar a oportunidade e convenincia de exercer o benefcio, diante da ausncia de um tomador de servios fixo.

    Portanto, fora as excees mencionadas (arts. 136 e 137 da CLT), o gozo de frias pelo porturio permanece em suaintegralidade, valendo-se de sua natureza de direito fundamental. Caso as parcelas recebidas pela parte autora referentess frias no sejam gozadas no perodo concessivo ou durante a vigncia do contrato de trabalho, modifica-se sua naturezasalarial para indenizatria. Aplica-se, por analogia, o entendimento da smula n 125 do STJ, restando cabvel a restituiodo indbito. (...)

    Consigne-se, a via dos embargos declaratrios no deve ser utilizada para substituir ou modificar o julgado, ou seja, no sepode deduzir como pretenso o pedido de reforma da deciso embargada.

    Embargos de declarao conhecidos e desprovidos.

    ACRDO

    Decide a 1 Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seo Judiciria do Estado do Esprito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declarao, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante dopresente julgado.

    Vitria, 18 de junho de 2014.

    Boaventura Joo AndradeJuiz Federal - 1 RelatorAssinado eletronicamente

  • jesgabd

    8 - 0000996-31.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000996-1/01) (PROCESSO ELETRNICO) UNIAO FEDERAL (PROCDOR:ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x ALEXANDRE DE BARROS DILASCIO (ADVOGADO: ES010945 - DOUGLAS MATOSOLORENZON.).Processo n. 0000996-31.2013.4.02.5050/01 Juzo de Origem: 2 JEF de VitriaEmbargantes: ALEXANDRE DE BARROS DILASCIO e UNIOEmbargados: OS MESMOSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOO ANDRADE

    VOTO - E M E N T AEMBARGOS DE DECLARAO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR. AUXLIO-CRECHE OU PR-ESCOLAR.EQUIPARAO. ISONOMIA. NO OCORRNCIA. AUSNCIA DE OMISSO. ERRO MATERIAL VERIFICADO.EMBARGOS DO AUTOR DESPROVDOS. EMBARGOS DA UNIO PROVIDOS.

    Trata-se de embargos de declarao opostos pelo autor e pela r da demanda em primeiro grau s fls. 98-99 e 100-101,respectivamente, em razo de acrdo proferido por esta Turma Recursal (fls. 93-95).

    Alega o autor, em resumo, que o julgado foi contraditrio, pois deixou de impor condenao em honorrios advocatcios desucumbncia por no ter havido participao de advogado constitudo nesta causa. Argumenta que, conforme se verifica sfls. 82-85, de fato houve a constituio de advogado para apresentao de contrarrazes. Dessa forma, requer seja sanadoo apontado vcio e imposta condenao em honorrios advocatcios de sucumbncia.

    Por seu turno, sustenta a Unio que o acrdo embargado foi omisso, porquanto versou sobre matria distinta daquelatrazida nos autos, a dizer, tratou da incidncia ou no do imposto de renda sobre o auxlio-creche ou pr-escolar, quando,em realidade, pretenso autoral cinge-se equiparao dos valores recebidos pela parte autora a ttulo de auxlio-creche oupr-escolar queles percebidos sob o mesmo ttulo pelos servidores dos Tribunais Superiores. Dessa forma, requer sejasanado o apontado vcio.

    Os embargos de declarao, como sabemos, constituem recurso de motivao vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei n 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradio, omisso oudvida, esta ltima desde que configure dvida objetiva. In casu, pela leitura da arguio dos embargantes, verifica-seque estes apontam a existncia de contradio e omisso no julgado.

    Nada obstante, verifica-se a ocorrncia de erro material.

    Com efeito, extrai-se da petio inicial (fl. 10) que a pretenso autoral consiste em obter a condenao da Unio nopagamento das diferenas entre o benefcio de auxlio pr-escolar concedido parte autora e o valor pago sob o mesmottulo aos servidores dos Tribunais Superiores. Por meio da sentena de fls. 56-61 julgou-se procedente o pedido,condenando-se a Unio no pagamento do valor, a ser apurado na fase de execuo, referente diferena entre o valorrecebido pela parte autora e os maiores valores pagos aos servidores lotados nos Tribunais Superiores, no perodo indicadona petio inicial, referente ao benefcio de auxlio-creche, respeitada a prescrio quinquenal e o teto dos JuizadosEspeciais Federais, nos termos do art. 269, inciso I, do Cdigo de Processo Civil. Da o recurso inominado da Unio s fls.66-76, pugnando pela reforma da sentena no que tange determinao para que a r pague a ttulo de auxlio pr-escolara diferena entre o valor recebido pelo autor e aqueles pagos aos servidores lotados nos Tribunais Superiores (fl. 67).

    Ocorre que s fls. 93-95 foi proferido acrdo por esta Turma Recursal, negando provimento ao recurso inominado da

  • Unio ao entendimento de no incidir imposto de renda sobre o auxlio-creche ou pr-escolar.

    Nessas condies, mister proceder-se retificao do julgado para substitu-lo por novo voto pertinente matria objetodos autos, com o seguinte teor:

    1. Este recurso inominado foi interposto pela r da demanda em primeiro grau s fls. 66-76, em razo de sentena (fls.56-61) que julgou procedente o pedido para condenar a Unio no pagamento do valor, a ser apurado na fase de execuo,referente diferena entre o valor recebido pela parte autora e os maiores valores pagos aos servidores lotados nosTribunais Superiores, no perodo indicado na petio inicial, referente ao benefcio de auxlio-creche, respeitada aprescrio qinqenal e o teto dos Juizados Especiais Federais, nos termos do art. 269, inciso I, do Cdigo de ProcessoCivil.2. Sustenta, preliminarmente, a incompetncia absoluta do Juizado Especial Federal, porquanto se pretende, por viaoblqua, a declarao de nulidade de ato administrativo federal, o que encontra bice no art. 3, 1, inciso III, da Lei n10.259/2001. No mrito, aduz, em resumo, que os atos legais e regulamentares expedidos pelos rgos do Poder JudicirioFederal, dos quais resultou a atribuio de valores inferiores queles conferidos aos servidores do STF e TribunaisSuperiores a ttulo de auxlio-creche ou pr-escolar, guardam consonncia com a legislao aplicvel, traduzindo tpicoexerccio do poder discricionrio da Administrao Pblica de regular a matria. Invoca, dentre outros, o princpio dalegalidade (arts. 37 e 5, inciso II, da Constituio da Repblica), a autonomia financeira do Poder Judicirio (art. 99, caput e1, idem), os arts. 2, 61, 1, inciso I, a e 169 da CR e a Smula 339 do STF, que veda o aumento de vencimentos deservidores pblicos sob fundamento de isonomia. Alega, ademais, que inexiste no ordenamento jurdico brasileiroobrigatoriedade de se assegurar isonomia de vencimentos para cargos de atribuies iguais ou assemelhadas do mesmopoder (art. 37, inciso XIII e 39, 1 da CR). A unificao de valores , em realidade, uma poltica da Administrao e no umdireito subjetivo do servidor. E, ainda: o 4 do art. 40 da Lei n 8.112/1990 assegura isonomia de vencimentos para cargosde atribuies iguais ou assemelhadas, ressalvadas as vantagens relativas natureza ou ao local de trabalho, exceo aque se subsume o auxlio-creche ou pr-escolar, verba de cunho indenizatrio. Postula, ultrapassada a preliminar deincompetncia absoluta do JEF, seja reformada a sentena para julgar improcedente a pretenso autoral. Subsidiariamente,pugna pelo prequestionamento dos princpios constitucionais ventilados no recurso.3.As contrarrazes foram apresentadas s fls. 82-84.4.Desde logo, rejeito a preliminar de incompetncia absoluta dos Juizados Especiais Federais, porquanto no se cuida dedemanda que tem por objeto a declarao de nulidade de ato administrativo federal, mas sim a fixao de sua abrangncia,razo pela qual no encontra bice na previso do art. 3, 1, inciso III, da Lei n 10.259/2001.5.Passo ao mrito. Extrai-se das razes do recurso que a tnica do exame recai, preponderantemente, sobre a eficcia doprincpio da isonomia, especificamente se possvel, na perspectiva legal e jurdica a equiparao do patamar pecuniriopago a ttulo de auxlio-creche ou pr-escolar aos servidores dos rgos do Poder Judicirio Federal de primeiro e segundograus quele alado pelos servidores do STF e Tribunais Superiores em cargos correspondentes.6.Como se sabe, o princpio em voga tem, de direito, a extenso e compostura que a ordem jurdica houver lhe atribudo,seja pela Constituio pice do sistema poltico-normativo -, seja pela legislao infraconstitucional com ela consonante.7.De incio, cabe pontuar que referido princpio guarda assento constitucional no caput do art. 5: Todos so iguais perantea lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no pas ainviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade (...). (grifei)8.Dessume-se que o legislador constituinte colocou em relevo dois aspectos do princpio da isonomia, quais os deigualdade formal e de igualdade material. Aquela primeira decorre da afirmao todos so iguais perante a lei, e deve serentendida como igualdade na aplicao do direito, assumindo particular relevncia no mbito da aplicao igual da lei (do

    direito) pelos rgos da administrao e pelos tribunais . Esta ltima, por sua vez, acha-se ligada expresso semdistino de qualquer natureza, compreendida no sentido de que a lei dever respeitar o contedo discriminativo positivo,ou affirmatives actions, inerente s categorias paradigmaticamente confrontadas, no podendo ser fonte de discriminaoinjustificada e desproporcional ou estabelecer critrios de igualdade/desigualdade sem razo. Trata-se, em outras palavras,do clssico conceito aristotlico de igualdade que reclama tratamento igual aos iguais e desigual aos desiguais.9.Na lio doutrinria, a desigualdade se produz quando:a norma distingue de forma no razovel ou arbitrria um tratamento especfico a pessoas diversas. Para que asdiferenciaes normativas possam ser consideradas no discriminatrias, torna-se indispensvel que exista umajustificativa objetiva e razovel, de acordo com critrios e juzos valorativos genericamente aceitos, cuja existncia deveaplicar-se finalidade e efeitos da medida considerada, devendo estar presente por isso uma razovel relao deproporcionalidade entre os meios empregados e a finalidade perseguida, sempre em conformidade com os direitos e

    garantias constitucionalmente protegidos. (grifei)

    10.Por outro lado, a observncia da igualdade se d quando indivduos ou situaes iguais no so arbitrariamente tratadoscomo desiguais.11.No tocante aos servidores pblicos, especificamente, e naquilo que interessa ao feito, a Constituio prev, verbis:Art. 39 (...)

    1 A fixao dos padres de vencimento e dos demais componentes do sistema remuneratrio observar:

    I a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira;

    II os requisitos para a investidura;

    III as peculiaridades dos cargos.

  • 12.O texto anterior do 1, entretanto, dispunha:1 - A Lei assegurar, aos servidores da administrao direta, isonomia de vencimentos para cargos de atribuies iguaisou assemelhados do mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes Executivo, Legislativo e Judicirio, ressalvadas asvantagens de carter individual e as relativas natureza ou ao local de trabalho.

    13.Percebe-se, ao ngulo estritamente gramatical, que aps a alterao promovida pela Emenda Constitucional n 19, de4.6.1998, restou suprimida a garantia a priori de isonomia entre os servidores da administrao direta para cargos deatribuies iguais ou assemelhados do mesmo Poder.14.Contudo, conquanto modificada a redao original do 1 do art. 39 da CR, no se afigura judicioso concluir pelaautomtica excluso da garantia de isonomia aos servidores pblicos, seja pela teleologia que informa a hermenuticaconstitucional, da qual o Prembulo da Constituio consubstancia exemplo frisante, seja porque remanesce comocoordenada bsica apta a orientar as questes atinentes ao princpio da isonomia o caput do art. 5, o qual, conformeassentado anteriormente, assume particular relevncia no mbito da aplicao da lei (do direito) pelos rgos daAdministrao e pelos Tribunais.15. digno de registro, ademais, que o teor do 1 do art. 39 da CR, tal como se achava em sua antiga redao, continua

    vigente na legislao infraconstitucional. Cuida-se do 4 do art. 41 da Lei n 8.112/1990 , preceptivo que somentecorrobora o acerto da interpretao sistemtica conferida ao texto atual.16.Ingressando na anlise estrita da legislao acerca da matria em debate, tem-se o Decreto n 977/1993, que dispesobre a assistncia pr-escolar destinada aos dependentes dos servidores pblicos da Administrao Pblica Federaldireta, autrquica e fundacional e assim preconiza:Art. 1 A assistncia pr-escolar ser prestada aos dependentes dos servidores pblicos da Administrao Pblica Federaldireta, autrquica e fundacional, nos termos do presente decreto.Art. 2 Os rgos e entidades da Administrao Pblica Federal direta, autrquica e fundacional devero adotar planos deassistncia pr-escolar, destinados aos dependentes dos servidores, contemplando as formas de assistncia a seremutilizadas: berrio, maternal, ou assemelhados, jardim de infncia e pr-escola, quantitativo de beneficirios, previso decustos e cotas-partes dos servidores beneficiados.Pargrafo nico. A Secretaria da Administrao Federal da Presidncia da Repblica baixar ato normalizando osprocedimentos a serem obedecidos pelos rgos e entidades na elaborao dos respectivos planos de assistnciapr-escolar.Art. 3 A assistncia pr-escolar de que trata este decreto tem por objetivo oferecer aos servidores, durante a jornada detrabalho, condies de atendimento aos seus dependentes, que propiciem:I - educao anterior ao 1 grau, com vistas ao desenvolvimento de sua personalidade e a sua integrao ao ambientesocial;II - condies para crescerem saudveis, mediante assistncia mdica, alimentao e recreao adequadas;III - proteo sade, atravs da utilizao de mtodos prprios de vigilncia sanitria e profilaxia;IV - assistncia afetiva, estmulos psicomotores e desenvolvimento de programas educativos especficos para cada faixaetria;V - condies para que se desenvolvam de acordo com suas caractersticas individuais, oferecendo-lhes ambientefavorvel ao desenvolvimento da liberdade de expresso e da capacidade de pensar com independncia.Art. 4 A assistncia pr-escolar alcanar os dependentes na faixa etria compreendida desde o nascimento at seis anosde idade, em perodo integral ou parcial, a critrio do servidor.1 Consideram-se como dependentes para efeito da assistncia pr-escolar o filho e o menor sob tutela do servidor, que seencontrem na faixa etria estabelecida no caput deste artigo.2 Tratando-se de dependentes excepcionais, ser considerada como limite para atendimento a idade mental,correspondente fixada no caput deste artigo, comprovada mediante laudo mdico.17.Registre-se: em 15 de dezembro de 2006, sobreveio a Lei n 11.416 que, ao dispor sobre as carreiras dos servidores doPoder Judicirio da Unio, previu novos benefcios a serem concedidos aqueles servidores, por exemplo o adicional dequalificao AQ (art. 14); no entanto, nada disps acerca do auxlio pr-escolar.18.Nessa contextura, continuou a cargo do prprio Poder Judicirio dispor sobre os valores pagos a este ttulo aos seusservidores, inclusive no mbito do Poder Judicirio da Unio, na forma do art. 99 da CR, in verbis:Art. 99. Ao Poder Judicirio assegurada autonomia administrativa e financeira.

    1 - Os tribunais elaboraro suas propostas oramentrias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demaisPoderes na lei de diretrizes oramentrias.

    [...]

    19.Por seu turno, a Lei n 11.798/2008, que dispe sobre a composio e competncia do Conselho da Justia Federal,preconiza em seu art. 5, no que interessa:Art. 5. Ao Conselho da Justia Federal compete:

    examinar e encaminhar ao Superior Tribunal de Justia:

    a) proposta de criao ou extino de cargos e fixao de vencimentos e vantagens dos juzes e servidores da JustiaFederal de primeiro e segundo graus;

    20.Desse modo, utilizando-se desse poder regulamentar, o Conselho da Justia Federal - CJF, por meio da Portaria n 87,

  • de 21 de dezembro de 2007, assim disciplinou a questo:O PRESIDENTE DO CONSELHO DA JUSTIA FEDERAL, no uso de suas atribuies legais, tendo em vista o dispostonos arts. 9 e 13 da Resoluo n 588, de 29 de novembro de 2007, e nos autos do Processo n 2003160183, resolve:

    Art. 1 Fixar, para o exerccio de 2008, em R$ 280,00 (duzentos e oitenta reais) o valor mensal do auxlio pr-escolar a serpago aos servidores do Conselho da Justia Federal e aos servidores e magistrados da Justia Federal de primeiro esegundo graus. (grifei)

    21.Passo seguinte, em 29 de janeiro de 2010, adveio a Portaria n 05, do Conselho da Justia Federal, resolvendo, verbis:Art. 1 Fixar em R$ 450,00 (quatrocentos e cinquenta reais) o valor do auxlio pr-escolar a ser pago aos servidores doConselho e da Justia Federal de primeiro e segundo graus a partir de 1 de janeiro de 2010, observada a disponibilidadeoramentria.

    22.Posteriormente, a Portaria Conjunta n 5, de 05 de dezembro de 2011 unificou os valores per capita mensais eestabeleceu uma poltica conjunta de reajuste do auxlio-alimentao e da assistncia pr-escolar, nos seguintes termos:Art. 1 O valor mensal do auxlio-alimentao a ser pago no mbito dos rgos signatrios desta portaria fixado em R$710,00 (setecentos e dez reais), a partir de 20 de dezembro de 2011.

    Art. 2 O valor-teto mensal para a assistncia pr-escolar a ser pago no mbito dos rgos signatrios desta portaria fixado em R$ 561,00 (quinhentos e sessenta e um reais) por dependente, a partir de 1 de janeiro de 2012. (grifei)

    Art. 3 A concesso dos benefcios a que se refere esta portaria e o valor da participao dos beneficirios no custeio daassistncia pr-escolar (cota-parte) observaro a regulamentao prpria expedida no mbito de cada rgo.

    Art. 4 A atualizao dos valores dos benefcios objeto desta portaria ser feita por meio de portaria conjunta dos rgos orasignatrios, tendo por base a variao acumulada de ndices oficiais, os valores adotados em outros rgos pblicosfederais e as disponibilidades oramentrias.

    Art. 5 Esta Portaria entra em vigor na data da sua publicao, revogadas as disposies em contrrio.

    23.Atualmente, o tema encontra-se disciplinado na Portaria Conjunta n 1, de 27 de maro de 2014, nos seguintes termos:OS PRESIDENTES DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIA, DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA E DOCONSELHO DA JUSTIA FEDERAL, DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO E DO CONSELHO SUPERIOR DAJUSTIA DO TRABALHO, DO SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR E DO TRIBUNAL DE JUSTIA DO DISTRITO FEDERALE DOS TERRITRIOS, no uso de suas atribuies:

    CONSIDERANDO o disposto no art. 91 da Lei n. 12.919, de 24 de dezembro de 2013 - Lei de Diretrizes Oramentrias,RESOLVEM:

    Art. 1 Os valores per capita mensais do auxlio-alimentao e da assistncia pr-escolar, no mbito dos rgos signatriosdesta.

    (...) a contar de 1 de janeiro de 2014, sero, respectivamente, de R$ 751,96 (setecentos e cinquenta e um reais e noventae seis centavos) e de R$ 594,15 (quinhentos e noventa e quatro reais e quinze centavos).

    Pargrafo nico. A implantao dos novos valores observar a disponibilidade oramentria dos rgos.

    Art. 2 Esta Portaria entra em vigor na data da sua publicao.

    24.O encadeamento lgico-normativo acima realado denota que a fixao dos valores em patamares distintos daqueles estabelecidos, por exemplo, pelo STF nas Resolues ns 316/2005 , 368/2008 , 412/2009 e 432/2010 , pautou-se na

    discricionariedade conferida ao Conselho da Justia Federal pelos dispositivos constitucionais e infraconstitucionais jmencionados, sempre balizada pela existncia de disponibilidade oramentria. Some-se a isso o fato de que as diferenasapuradas em juzo comparativo mostram-se mnimas, no evidenciando ausncia de razoabilidade significativa a ensejar oajuste postulado. Superadas essas questes, resta saber se esses atos normativos do CJF harmonizam-se com a garantiaconstitucional da isonomia.25.Vejamos. O pressuposto lgico ou motivo que embasa a concesso do auxlio-creche ou pr-escolar recebido pelosservidores pblicos consiste em restituio de despesa feita com creche pelo servidor em benefcio do rgo em queexerce suas atividades, que, valendo-se da prerrogativa de no constituir local apropriado para abrigar os filhos daqueledurante a fase pr-escolar, prefere reembols-lo dessa despesa para mant-lo a seu servio. Assim, o reembolso(assistncia indireta) restitui a verba empregada para custear gastos com creches e estabelecimentos anlogos, despesasque deveriam, em princpio, ser suportadas pelo empregador, por meio da disponibilizao do servio em espcie constituindo verba indenizatria que no se confunde com remunerao. Nessa linha: RESP 267301 / SC - DJ: 29.04.2002 p. 219.26.Nesse diapaso, podem coexistir validamente, no mbito do mesmo Poder, diferenciaes regionalizadas quanto aosvalores a serem recebidos a ttulo de auxlio-creche ou pr-escolar desde que bem delineados cada um dos critrios dedesigualao, de modo que se possa extrair, de sua correlao lgica com o valor nominal atribudo ao benefcio, ummnimo de razoabilidade e proporcionalidade, notadamente quando tais valores so paradigmaticamente confrontados, o

  • que, de fato, verifica-se ter ocorrido in casu no perodo da adoo da desigualao combatida.27.De outra parte, cumpre registrar a ausncia de comprovao pela parte recorrida de que os valores fixados pelo CJF attulo de auxlio-creche ou pr-escolar no cumpriram o seu mister no perodo postulado, revelando-se, por exemplo, emdescompasso com o preo pago com mensalidades de creches e pr-escolas no mercado local; nus que de fato lheincumbia, nos termos do art. 333, inciso I, do Cdigo de Processo Civil.28.Por tudo isso, infere-se que a desigualdade conjuntural verificada na quantificao dos valores a ttulo de auxlio-crecheou pr-escolar dentre os rgos do Poder Judicirio da Unio no perodo pretrito reclamado no contrasta com a garantiaconstitucional da isonomia espcie: a uma, porque no arbitrria, mas sim estabelecida nos limites da legalidade, namedida em que o administrador foi legalmente autorizado pelo ordenamento jurdico a quantificar os valores, desde quedentro de um juzo de proporcionalidade e razoabilidade; a duas, porque o tempo decorrido desde o recebimento dosvalores dspares milita em desfavor da postulao deduzida.

    29.Ressalta-se, por fim, que no se trata da aplicao do enunciado da Smula n 339 do Supremo Tribunal Federal , aoqual no se subsume verbas de natureza indenizatria como a presente as quais se exaurem na finalidade especfica -mas sim, de juzo sem embargos de posies em contrrio guiado pela razoabilidade, adequao e proporcionalidade,de par com as questes inerentes gesto oramentria.30.Sobre tema correlato j se manifestou a Turma Nacional de Uniformizao TNU em precedente aplicvel, mutatismutandis, ao caso em tela e cuja ementa a seguir transcrevo:ADMINISTRATIVO. SERVIDORES PBLICOS DA JUSTIA FEDERAL. AUXLIO-ALIMENTAO. IMPOSSIBILIDADE DEEQUIPARAO COM SERVIDORES DOS TRIBUNAIS SUPERIORES, DO CNJ E DO TJDF. ISONOMIA. 1. O acrdorecorrido reconheceu direito de servidor pblico federal da Justia Federal de 1 e 2 graus em receber auxlio-alimentaocom o mesmo valor auferido pelos servidores dos tribunais superiores, do Conselho Nacional de Justia e do Tribunal deJustia do Distrito Federal e Territrios. O fundamento central da deciso foi a isonomia entre servidores ocupantes demesmo cargo. 2. O acrdo paradigma da 4 Turma Recursal do Rio Grande do Sul, em contrapartida, considerou que aisonomia assegurada pelo art. 41, 4, da Lei n 8.112/90 refere-se to somente aos vencimentos, no tendo pertinnciacom a indenizao de alimentao determinada por mera norma administrativa e custeada pelo rgo ou entidade em queo servidor estiver em exerccio. 3. Est demonstrada divergncia jurisprudencial em relao a questo de direito material. Oacrdo paradigma teve a autenticidade demonstrada com a indicao da URL que permite acesso na internet fonte dojulgamento. 4. O art. 41, 4, da Lei n 8.112/90 somente garante isonomia de vencimentos, de forma que no serve defundamento para estabelecer equiparao de auxlio-alimentao, verba com natureza indenizatria. 5. O art. 37, XIII, daConstituio Federal probe a vinculao ou equiparao de quaisquer espcies remuneratrias para o efeito deremunerao de pessoal do servio pblico. 6. A Smula n 339 do STF enuncia que No cabe ao Poder Judicirio, queno tem funo legislativa, aumentar vencimentos de servidores pblicos sob fundamento de isonomia. Oauxlio-alimentao no tem natureza de vencimentos, mas as razes da smula so mesmo assim aplicveis para repelir areviso do valor dessa vantagem com fundamento na isonomia. Em matria de vantagens de servidores pblicos, cumpreao legislador, e no ao Poder Judicirio, dar-lhe concretizao. 7. O Supremo Tribunal Federal recentemente decidiu emagravo regimental em recurso extraordinrio interposto contra acrdo da Turma Recursal do Rio Grande do Norte serimpossvel majorar o valor de auxlio-alimentao sob fundamento de isonomia com servidores de outro rgo: EMENTA:AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINRIO. ADMINISTRATIVO. SERVIDORES PBLICOS. REAJUSTEDE AUXLIO-ALIMENTAO. IMPOSSIBILIDADE DE EQUIPARAO DE VENCIMENTOS POR DECISO JUDICIALSOB O FUNDAMENTO DO PRINCPIO CONSTITUCIONAL DA ISONOMIA: SMULA N. 339 DO SUPREMO TRIBUNALFEDERAL. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO (RE-AgR 670974, Segunda Turma, Rel.CRMEN LCIA, DJ 10/10/2012). 8. Uniformizado o entendimento de que no cabe ao Poder Judicirio majorar o valor deauxlio-alimentao dos servidores da Justia Federal de 1 e 2 graus com base no fundamento de isonomia com o valorauferido pelos servidores dos tribunais superiores, do Conselho Nacional de Justia ou do Tribunal de Justia do DistritoFederal e Territrios. 9. Incidente provido para reformar o acrdo recorrido, julgando improcedente a pretenso da parteautora. 10. O Presidente da TNU poder determinar que todos os processos que versarem sobre esta mesma questo dedireito material sejam automaticamente devolvidos para as respectivas Turmas Recursais de origem, antes mesmo dadistribuio do incidente de uniformizao, para que confirmem ou adequem o acrdo recorrido. Aplicao do art. 7, VII,a, do regimento interno da TNU, com a alterao aprovada pelo Conselho da Justia Federal em 24/10/2011.Acordam osmembros da Turma Nacional de Uniformizao dos Juizados Especiais Federais dar provimento ao incidente de

    uniformizao. (PEDILEF 05028447220124058501, JUIZ FEDERAL ROGRIO MOREIRA ALVES, DOU 14/06/2013 pg.85/112.) (grifei)31.Nessas condies, conheo do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenao da Unio ao pagamentodas diferenas pleiteadas.32.Sem custas e condenao em honorrios advocatcios ante o disposto no caput do art. 55 da Lei n 9.099/1995 c/c o art.1 da Lei n 10.259/2001.Por tais razes, conheo dos embargos de declarao opostos pelo autor e a eles nego provimento. Por sua vez, conheodos embargos de declarao opostos pela r e a eles dou provimento.

    A C R D O

    Decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seo Judiciria do Estado do Estado do Esprito Santoconhecer dos embargos de declarao do autor e a eles negar provimento; e conhecer dos embargos de declarao da r ea eles dar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

    Vitria, 18 de junho de 2014.

  • Boaventura Joo AndradeJuiz Federal 1 RelatorAssinado eletronicamente

    jesgecs

    9 - 0002672-24.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.002672-7/01) (PROCESSO ELETRNICO) FUNDAO NACIONAL DESADE (PROCDOR: Dalton Santos Morais.) x ANTONIO CARLOS DA COSTA SANTOS (ADVOGADO: ES010751 -MARCELO MATEDI ALVES, ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA.).Processo n 0002672-24.2007.4.02.5050/01 Juzo de Origem: 2 JEF de VitriaEmbargante: FUNASAEmbargado: ANTONIO CARLOS DA COSTA SANTOSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOO ANDRADE

    VOTO-EMENTA

    EMBARGOS DE DECLARAO. TRIBUTRIO. REPETIO DE INDBITO. CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA.TERO CONSTITUCIONAL DE FRIAS. LEI COMPLEMENTAR N 118/2005. PRESCRIO PARCIAL. INCIDNCIA.RECURSO PROVIDO.

    Estes embargos de declarao foram opostos pela r da demanda em primeiro grau s fls. 120-124, em razo do acrdo(fls. 105-106) que negou provimento ao recurso interposto pela embargante e acolheu a tese segundo a qual para apropositura da ao de repetio de indbito, no caso de tributo sujeito a lanamento por homologao, o prazoprescricional de dez anos a contar do fato gerador, se a homologao for tcita, e de cinco anos a contar dahomologao, se esta for expressa.

    Sustenta que o julgado no est em consonncia com o art. 1 do Decreto n 20.910/1932 que regulou a prescrioquinquenal em demandas contra o Poder Pblico, nem como o art. 3 da Lei Complementar n 118/2005, o qual prev prazoprescricional de cinco anos. Requer sejam sanados os vcios.

    Embora os embargos de declarao, nos termos do art. 535 do Cdigo de Processo Civil, limitem-se a suprir omisses,aportar clareza ou retificar eventuais contradies existentes no bojo da deciso recorrida, tenho que o caso em apreoveicula exceo passvel de apreciao por esta via por se tratar de questo de ordem pblica.

    E assim entendo porque existem defeitos atpicos que, na falta de outro expediente hbil ou por medida de saudveleconomia, emendam-se mediante os declaratrios.O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinrio n 566.621/RS, assentou que nas aes derepetio ou compensao de indbito tributrio ajuizadas aps o decurso da vacatio legis de 120 dias prevista na LeiComplementar n 118/2005, o prazo prescricional de cinco anos, a despeito da data do pagamento indevido.Assim, se a ao tiver sido proposta depois de 09.06.2005, a consagrada tese dos cinco mais cinco no pode ser aplicadapara regular a prescrio. Considerando que neste caso a demanda foi ajuizada em 30.04.2007 (fl. 01) esto prescritas asparcelas anteriores a 30.04.2002.Embargos de declarao conhecidos e providos.

    ACRDO

    Decide a 1 Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seo Judiciria do Estado do Esprito Santo conhecer osembargos de declarao e a eles dar provimento, unanimidade, na forma da ementa supra que fica fazendo parteintegrante do julgado.

    Vitria, 18 de junho de 2014.

  • Boaventura Joo AndradeJuiz Federal 1 RelatorAssinado eletronicamente

    jesgabd

  • 10 - 0006801-96.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006801-8/01) (PROCESSO ELETR