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1ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE DEFESA CIVIL E ASSISTÊNCIA HUMANITÁRIA Relatório Final

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1ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE

DEFESA CIVIL E ASSISTÊNCIA

HUMANITÁRIA

Relatório Final

1ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE DEFESA

CIVIL E ASSISTÊNCIA HUMANITÁRIA

Relatório Final

Universidade Federal de Santa Catarina

Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres

CEPED UFSC

Florianópolis, 2012

1ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE DEFESA

CIVIL E ASSISTÊNCIA HUMANITÁRIA

Relatório Final

PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Excelentíssima Senhora Dilma Vana

Rousseff

MINISTRO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL

Excelentíssimo Senhor Fernando Bezerra

de Souza Coelho

SECRETÁRIO NACIONAL DE DEFESA CIVIL

Excelentíssimo Senhor Humberto de

Azevedo Viana Filho

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA

CATARINA

Magnífico Reitor da Universidade Federal

de Santa Catarina

Professora Roselane Neckel, Drª.

Diretor do Centro Tecnológico da

Universidade Federal de Santa Catarina

Professor Sebastião Roberto Soares, Dr.

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E

PESQUISAS SOBRE DESASTRES

Diretor Geral

Professor Antônio Edesio Jungles, Dr.

Diretor Técnico e de Ensino

Professor Marcos Baptista Lopez Dalmau,

Dr.

Diretor de Articulação Institucional

Professor Irapuan Paulino Leite, Msc.

FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E

EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

Superintendente Geral

Professor Pedro da Costa Araújo, Dr.

Catalogação na fonte por Graziela Bonin CRB – 14/1191.

Esta obra é distribuída por meio da Licença Creative Commons 3.0

Atribuição/Uso Não Comercial/Vedada a Criação de Obras Derivadas / 3.0 / Brasil.

Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres.

1ª Conferência nacional de defesa civil e assistência humanitária: relatório final / Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. - Florianópolis: CEPED UFSC, 2012. 181 p. : il. color. ; 30 cm. 1. Defesa civil. 2. Desastres. I. Universidade Federal de Santa Catarina. II. Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. III. Título.

CDU 351.862

APRESENTAÇÃO

Este documento apresenta o relatório das ações desenvolvidas no projeto 258-

Conferência Nacional de Defesa Civil, realizado por meio do acordo de cooperação

técnica entre a Secretaria Nacional de Defesa Civil (SEDEC) e Centro Universitário de

Estudos e Pesquisas sobre Desastres da Universidade Federal de Santa Catarina

(CEPED UFSC).

O projeto teve duração de dois anos, iniciando as atividades em dezembro de 2009

e finalizando em dezembro de 2011. Englobou as ações relacionadas à organização

da 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil (1ª CNDC) e outras ações incluídas no

projeto ao longo do seu desenvolvimento: realização do VII Fórum Nacional de

Defesa Civil, em Ponta Porã – Mato Grosso do Sul; Campanha Nacional de Defesa

Civil e Semana Nacional de Defesa Civil 2010 – 2011; Estudo (pesquisa) com análise

da Defesa Civil e projeções para sua organização de acordo com as propostas

votadas na 1ª CNDC; e realização de Simulados de Preparação para Desastres em

três regiões do Brasil.

As descrições das ações realizadas encontram-se individualmente apresentadas a

seguir.

EXECUÇÃO DO PROJETO

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES

Coordenação do Projeto

Professor Antônio Edésio Jungles, Dr.

Coordenação Executiva

Valter Almerindo dos Santos

Elaboração do Relatório Final

Graziela Bonin

Janaína Rocha Furtado

Pedro Paulo de Souza

Valter Almerindo dos Santos

Corpo Técnico

Janaína Rocha Furtado

Michelly Panicio

Pedro Paulo de Souza

Paulo Roberto dos Santos

Sarah Marcela Chinchilla Cartagena

Valter Almerindo dos Santos

Apoio

Eliane Alves Barreto

Paulo Roberto dos Santos

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Programação da 1ª CNDC ...................................................................... 18

Figura 2 - Planta do primeiro e segundo andar do Centro de Convenções Brasil 21,

locados para a 1ª CNDC ........................................................................................ 25

Figura 3 - Modelo do controle individual para votação eletrônica e das informações

disponibilizadas pela SIP ....................................................................................... 29

Figura 4 - Logo da Conferência ............................................................................. 36

Figura 5 - Cartaz de Divulgação Geral do Evento ................................................... 37

Figura 6 - Cartaz de Mobilização para as Conferências Municipais ........................ 37

Figura 7 - Folder para Conferências Municipais ..................................................... 38

Figura 8 - Cartaz para Divulgação da Conferência do Distrito Federal .................... 38

Figura 9 - Cartaz para Mobilização das Conferências Estaduais ............................ 39

Figura 10 - Interface Gráfica da Página da Conferência .......................................... 39

Figura 11 - Interface Gráfica para Acesso às Informações Administrativas ............. 40

Figura 12 - Sistema para Cadastro e Qualificação de Propostas Enviadas ............... 40

Figura 13 - Modelo Certificado .............................................................................. 41

Figura 14 - Bloco de Notas: ................................................................................... 41

Figura 15 - Camisetas ........................................................................................... 42

Figura 16 - Caneta ................................................................................................ 42

Figura 17 - Modelo Crachá .................................................................................... 42

Figura 18 - Modelo Logo para Sacola .................................................................... 42

Figura 19 - Selo da Conferência ............................................................................ 43

Figura 20 - DVD com Clipe do Evento.................................................................... 43

Figura 21 - DVD com Filmagens do Evento – material bruto sem edição ................ 44

Figura 22 - DVD de Fotos ...................................................................................... 44

Figura 23 - Foto Kit Material.................................................................................. 45

Figura 24 - Número de participantes credenciados de acordo com categoria ......... 49

Figura 25 - Participantes credenciados na etapa nacional da Conferência de acordo

com as Unidades Federativas ................................................................................. 49

Figura 26 - Credenciamento .................................................................................. 51

Figura 27 - Credenciamento .................................................................................. 51

Figura 28 - Entrada ............................................................................................... 52

Figura 29 - Abertura ............................................................................................. 52

Figura 30 - Painéis ................................................................................................ 53

Figura 31 - Grupos de Trabalho ............................................................................ 53

Figura 32 - Sala da organização ............................................................................ 54

Figura 33 - Plenária Final ...................................................................................... 54

Figura 34 – Plenária Final ....................................................................................... 55

Figura 35 - Participantes ....................................................................................... 55

Figura 36 - Programação VII Fórum Nacional de Defesa Civil ................................. 61

Figura 37 - Logomarca Geral do Fórum ................................................................. 65

Figura 38 - Logomarca VII Fórum .......................................................................... 65

Figura 39 - Folder Eletrônico Programação ............................................................ 66

Figura 40 - Cartaz do evento ................................................................................. 66

Figura 41 - Folder VII Fórum- Externo ................................................................... 66

Figura 42 - Folder VII Fórum- Interno .................................................................... 66

Figura 43 - Certificado .......................................................................................... 66

Figura 44 - Crachá ................................................................................................ 66

Figura 45 - Apresentação visual do site do evento ................................................. 66

Figura 46 - Banner ................................................................................................ 84

Figura 47 - Cartaz ................................................................................................. 82

Figura 48 - Caderno de anotações ......................................................................... 82

Figura 49 - Risque Rabisque.................................................................................. 82

Figura 50 - Camisa polo ........................................................................................ 82

Figura 51 - Camiseta azul ..................................................................................... 83

Figura 52 - Camiseta branca ................................................................................. 83

Figura 53 - Camiseta laranja ................................................................................. 83

Figura 54 - Caneta ................................................................................................ 83

Figura 55 - Carta ................................................................................................... 83

Figura 56 - Folder campanha ................................................................................ 84

Figura 57 - Selo da Campanha .............................................................................. 84

Figura 58 - Sacola campanha ................................................................................ 84

Figura 59 - Bonés .................................................................................................. 84

Figura 60 - Folder de divulgação Salvador e Recife .............................................. 106

Figura 61 - Folder de divulgação Maceió e Nova Friburgo .................................... 107

Figura 62 - Folder de divulgação Vitória e Blumenau ........................................... 107

Figura 63 - Folder de divulgação Novo Hamburgo e Petrópolis ............................ 108

Figura 64 - Folder de divulgação Contagem e São paulo ...................................... 108

Figura 65 – Número de ocorrências de desastres entre 2000 e 2010 ................... 120

Figura 66 - Gráfico evolução por forma de consignação dos recursos ao programa

1029 nos anos .................................................................................................... 129

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................11

2 CONFERÊNCIA NACIONAL DEFESA CIVIL .....................................................13

2.1 Síntese do Projeto ................................................................................13

2.2 Breve Descrição do Evento ....................................................................15

2.3 Objetivos .............................................................................................16

2.3.1 Objetivo Geral ..................................................................................... 19

2.4 Descrição de Ações do CEPED UFSC na 1ª CNDC .....................................20

2.5 Produtos .............................................................................................36

2.5.1 Produção e Comunicação Visual ............................................................... 36

2.5.2 Construção e Gestão do Site da Conferência ............................................ 39

2.5.3 Produção Gráfica ....................................................................................... 41

2.5.4 Foto e Filmagem (Capas De Dvd´S) ......................................................... 43

2.6 Análise dos Resultados .........................................................................45

2.7 Considerações Finais ................................................................................ 50

2.8 Fotos...................... ................................................................................. 51

3 VII FÓRUM NACIONAL DE DEFESA CIVIL ........................................................... 57

3.1 Contextualização e Justificativa ................................................................ 57

3.2 Objetivos........... ....................................................................................... 58

3.3 Público Alvo, Período e Inscrições ............................................................. 58

3.4 Execução das Ações ................................................................................. 59

3.4.1 Divulgação......... ......................................................................................... 59

3.4.2 Ações de Logística ...................................................................................... 59

3.4.3 Programação............. ................................................................................. 60

3.4.4 Submissão de Trabalhos e Trabalhos Apresentados .................................... 61

3.4.5 Apresentação de Painel ............................................................................... 62

3.4.6 Apresentação Oral ...................................................................................... 63

3.4.7 Cadastro das Comdecs ............................................................................... 64

3.4.8 Campanha Cidades Seguras- Texto EIRD .................................................... 64

3.4.9 Reunião dos Coordenadores Municipais de Defesa Civil .............................. 65

3.5 Produção Gráfica e Outros Produtos ........................................................... 65

3.6 Carta de Ponta Porã – Regulamento ............................................................. 67

4 CAMPANHA NACIONAL “CIDADES MAIS SEGURAS” – BIÊNIO 2010-2011 .......... 75

4.1 Contextualização e Justificativa ................................................................... 75

4.2 Execução das Ações ................................................................................... 80

4.3 Produção Gráfica e Outros Produtos ........................................................... 82

5 SIMULADOS DE PREPARAÇÃO A DESASTRES - SPD .......................................... 85

5.1 Contextualização e Justificativa ................................................................... 85

5.2 Objetivos.......... ......................................................................................... 85

5.3 Execução das Ações ................................................................................... 86

5.3.1 Metodologia Geral ...................................................................................... 87

5.3.2 Realização.............. .................................................................................... 91

5.3.2.1 Execução dos Exercícios por Região ........................................................ 92

5.3.3 Avaliação Geral dos Resultados .................................................................. 95

5.4 Produção Gráfica e Outros Produtos .......................................................... 106

5.5 Manual de Orientação para Os Gestores .................................................... 109

6 ESTUDO/PESQUISA ...................................................................................... 119

ANEXO A - RELATÓRIO INTERAÇÃO – CONFERÊNCIA NACIONAL DE DEFESA

CIVIL.............................. ................................................................................ 167

11 Introdução

1 INTRODUÇÃO

Em meados de 2009, o CEPED UFSC apoiou a Secretaria Nacional de Defesa Civil na

realização de um grande evento científico em Defesa Civil, o V Seminário

Internacional de Defesa Civil - V DEFENCIL. O evento reuniu em torno de 5 mil

pessoas com o objetivo de debater os temas relacionados à proteção civil, sendo

grande parte desses participantes representantes da sociedade civil. O evento se

configurou como uma das principais estratégias da SEDEC para mobilizar a

população brasileira a participar da 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e

Assistência Humanitária, 1ª CNDC, prevista para maio de 2010.

No final de dezembro de 2009, a SEDEC solicitou novamente o apoio do CEPED UFSC

para a organização da 1ª CNDC, via acordo de cooperação técnica, tendo em vista

que encontravam dificuldades na operacionalização do evento. Deu-se início ao

presente projeto, a partir do qual o CEPED UFSC deveria conduzir, juntamente com a

SEDEC, os trabalhos da 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil, iniciando com as

atividades de construção do Portal para divulgação até a elaboração do Relatório

Final, e todos os processos que envolveram a logística do evento.

O CEPED UFSC entende que é seu dever como universidade e como instituição de

pesquisa e extensão na área colaborar com o debate em Defesa Civil. Neste sentido,

contribuiu com a construção de uma política pública de Defesa Civil, atuando na

organização da 1ª CNDC.

Somada a estas ações, o projeto 258 - Conferência Nacional de Defesa Civil previu

ainda o desenvolvimento de outras atividades:

Realização do VII Fórum Nacional de Defesa Civil, em Ponta Porã: os Fóruns

Nacionais de Defesa Civil ocorrem anualmente com o objetivo de

12 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

compartilhar boas práticas de defesa civil entre os técnicos de defesa civil nas

três esferas de governo, com foco na gestão municipal;

Campanha Nacional de Defesa Civil e Semana Nacional de Defesa Civil 2010 –

2011: consiste no apoio às ações de divulgação da campanha anual de defesa

civil e suas ações durante a semana nacional de Defesa Civil;

Desenvolvimento de Estudo (pesquisa) com análise da Defesa Civil e

projeções para sua organização de acordo com as propostas votadas na 1ª

CNDC;

Realização de Simulados de Preparação para Desastres em três regiões do

Brasil.

As ações foram desenvolvidas durante os dois anos de projeto, dezembro de 2009 a

dezembro de 2011, alteradas e encaminhadas conforme as necessidades e

disponibilidade da contratante.

O debate junto às comunidades, a divulgação de informações, a discussão

acadêmica e a atuação conjunta por meio de eventos, campanhas, simulados, se

apresentaram como relevantes estratégias para sensibilizar a população com relação

aos riscos de desastres e para promover uma cultura de prevenção e proteção civil.

13 Conferência Nacional Defesa Civil

2 CONFERÊNCIA NACIONAL DEFESA CIVIL

2.1 Síntese do Projeto

Em meados de 2009, a Secretaria Nacional de Defesa Civil (SEDEC) decidiu

realizar a 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil. Uma análise prévia do contexto

da Defesa Civil no Brasil indicava os seguintes aspectos:

inexistência de uma cultura permanente de Defesa Civil com ênfase

na prevenção;

modelo de ação pautado numa perspectiva restrita ao resgate e

proteção;

aceitação de que o passivo dos desastres ficasse a cargo das pessoas

afetadas.

A insuficiência da formulação de uma política de atenção aos afetados por

desastres foi, então, determinante para a denominação da primeira Conferência: 1ª

Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária (1ª CNDC). Tendo

em vista um cenário de pouco conhecimento e discussão popular sobre os assuntos

pertinentes à Defesa Civil e aos desastres, tornou-se fundamental investir em ações

voltadas à sensibilização e mobilização social para a construção da Conferência.

Neste sentido, em novembro de 2009, o V Seminário Internacional de Defesa

Civil (V DEFENCIL) foi promovido pela SEDEC em conjunto com a Coordenadoria

Estadual de Defesa Civil de São Paulo, e realizado pelo Centro Universitário de

Estudos e Pesquisas sobre Desastres da Universidade Federal de Santa Catarina

(CEPED UFSC), com a finalidade de sensibilizar a sociedade para a Defesa Civil e para

14 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

a construção da Conferência, e, assim, compartilhar saberes e revelar novos atores

de Defesa Civil no país. O V DEFENCIL se configurou como uma ação prévia da

Defesa Civil Nacional para a realização da 1ª CNDC, envolvendo inúmeros parceiros

e atingindo um público de cerca de 5000 participantes.

Desde julho de 2009, quando o CEPED UFSC começou a participar das ações

preparatórias para a realização do DEFENCIL, até 14 de dezembro de 2009, quando

foi assinado o primeiro Plano de Trabalho com a SEDEC para apoio à realização da

1ª Conferência Nacional de Defesa Civil, o CEPED UFSC veio participando de todas as

ações visando a realização da Conferência, tais como: construção do site, criação e

confecção de material de divulgação, mobilização e realização de Teleconferências.

O primeiro Plano de Trabalho tinha como objetivo a participação do CEPED

UFSC no apoio à realização da Conferência, restrito a algumas ações operacionais,

apoio na realização do conteúdo, trabalhos de relatoria e elaboração do relatório

final.

Porém, a partir de 11 de fevereiro de 2010, com a assinatura do segundo

Plano de Trabalho entre a SEDEC e o CEPED UFSC, para apoio à realização da

Conferência, o CEPED UFSC passou a participar e desenvolver todas as ações de

infraestrutura e logística, bem como colaborou nos trabalhos de orientações às

realizações das etapas municipais e estaduais1.

A 1ª CNDC aconteceu entre 23 e 25 de março de 2010, no Centro de

Convenções Brasil 21, em Brasília. Reuniu em torno de mil e quinhentas pessoas

para debater e construir a Política Pública de Defesa Civil do Brasil, aprovando mais

de cem diretrizes nacionais.

1 Foram assinados três planos de trabalho entre UFSC e SEDEC com relação ao apoio do CEPED à 1ª CNDC. O

primeiro, firmado em 2009, tinha como objeto o desenvolvimento de ações voltadas à relatoria e orientações aos

15 Conferência Nacional Defesa Civil

2.2 Breve Descrição do Evento

Uma das primeiras ações para a construção da 1ª CNDC foi a composição da

Comissão Organizadora Nacional, sob coordenação geral da Secretária Nacional de

Defesa Civil, Ivone Maria Valente, e participação de mais 35 pessoas, representantes

de entidades nacionais, central de movimentos populares, Coordenadorias Estaduais

de Defesa Civil, Ministérios, e Poder Legislativo.

Esta Comissão construiu e aprovou documentos, tais como: minuta de

Decreto de Convocação2, Regimento Interno, Texto base orientador, passo a passo

para as conferências municipais, proposta de Regulamento, aprovação de proposta

de Relatoria para sistematização das propostas, proposta de Relatório Final, e

aprovação de cartazes e material de divulgação.

Após a publicação do Decreto da 1ª CNDC, o Regimento Interno consistiu em

um dos documentos mais importantes, pois ali estavam definidos os objetivos da

Conferência, tema, eixos temáticos, critérios de participação e votação, orientações

às conferências municipais, orientações para entrega de relatório, cronograma e

estimativa de participação para etapa nacional, dentre outros aspectos.

O Ministro da Integração Nacional designou os membros do Comitê

Executivo, nas funções de Coordenadora Geral: Secretária Nacional Ivone Maria

Valente; Secretário Executivo: Luís Felipe Lopes de Lima Lins; Relatora Geral: Maria

Inez Resende Cunha; Coordenadora de Comunicação: Cléia Lima Martins;

Coordenadora de Infraestrutura: Nívea Beatriz Cussi Sanchez; Coordenadora de

Mobilização: Daniela da Cunha Lopes, para prestar assistência técnica e apoio

operacional na execução das atividades da 1ª CNDC.

2 Os textos e documentos aqui citados constam no Relatório Final da Conferência, em <www.pro-

conferenciadefesacivil.org.br>. / <www.ceped.ufsc.br>.

16 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

A 1ª CNDC teve como tema “Defesa Civil e Assistência Humanitária: por uma

Ação Integral e Contínua”. As diretrizes debatidas nas conferências municipais e

Estaduais contemplaram os seguintes eixos temáticos:

1 - Desafios Para A Efetivação Da Defesa Civil No Séc. XXI: Estado, Sociedade,

Clima, Desigualdade e Desenvolvimento;

2 - Políticas Públicas de Atenção Integral ao Cidadão: O Paradigma da

Assistência Humanitária;

3 - Mobilização e Participação da Sociedade Na Prevenção e no Controle

Social Sobre a Efetivação da Política Pública de Defesa Civil.

2.3 Objetivos

A 1ª CNDC teve como objetivos:

I. Avaliar a situação da Defesa Civil, de acordo com os princípios e as diretrizes do

Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC, previstos no Decreto nº 5.376, de

17.02.2005;

II. Definir diretrizes para a reorganização do SINDEC e das ações de defesa civil com

ênfase nos princípios da Prevenção e da Assistência Humanitária como política de

Estado, como condição para o desenvolvimento social;

III. Definir diretrizes que possibilitem o fortalecimento da participação social no

planejamento, gestão e operação do SINDEC.

Previa-se um evento com a participação de aproximadamente mil delegados,

respeitando-se a proporcionalidade dos vários segmentos: no mínimo, 50%

representantes da sociedade civil; de, no máximo, 30% representantes do poder

público; e, no máximo, 20% representantes dos trabalhadores de Defesa Civil.

17 Conferência Nacional Defesa Civil

A Conferência deveria atingir os três níveis de governo: municipal, estadual e

federal, respeitando o seguinte cronograma:

Os relatórios das etapas municipais, contendo as diretrizes aprovadas e a

relação dos delegados eleitos e natos, respeitando a proporcionalidade do

segmento da sociedade, foram, então, encaminhados à SEDEC e à Coordenadoria

Estadual de Defesa Civil correspondente3. O processo se repetiu na etapa estadual.

A relação dos delegados eleitos e natos, bem como as diretrizes aprovadas na etapa

estadual foi apresentada em relatórios, e encaminhada à SEDEC.

Ao Comitê Executivo da Secretaria Geral coube receber estes relatórios,

encaminhar e listar nomes e número de delegados de cada Estado e municípios,

assim como acompanhar as etapas Municipais e Estaduais, conforme ocorriam. Já

ao Comitê Executivo da Relatoria coube a tarefa de sistematizar todas as propostas

de diretrizes encaminhadas à SEDEC.

Nos estados em que não haveria conferências estaduais, a Comissão

Organizadora Nacional faria a seleção dos delegados respeitando a

proporcionalidade deferida no Regimento Interno.

Para subsidiar as questões logísticas e operacionais do evento, assim como

organizar os debates e votações, programação e envio de moções, local e demais

aspectos logísticos e operacionais, a Comissão Organizadora Nacional preparou

uma proposta de Regulamento da 1ª CNDC. Este Regulamento foi aprovado pela

3 Para maiores informações sobre a 1ª CNDC, verificar o Relatório Final da Conferência.

Etapa municipal: antes da etapa estadual;

Etapa estadual: até dia 6 de março de 2010;

Etapa nacional: de 23 a 25 de março de 2010.

18 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

plenária da Conferência no dia 23 de março de 2010 (consta no Relatório Final da

Conferência), propondo a seguinte programação:

Figura 1 – Programação da 1ª CNDC

23 TERÇA-FEIRA

HORÁRIO ATIVIDADES LOCAL

14h00 às 17h00 Credenciamento Secretaria

17h00 às 18h00 Plenária de Abertura - Instalação da 1ª CNDC

Palavras do Presidente da República

Palavras do Ministro da Integração Nacional

Palavras da Secretária Nacional de Defesa Civil

Auditório

A partir das 18h00 Leitura e aprovação do Regulamento Auditório

24 QUARTA-FEIRA

HORÁRIO ATIVIDADES LOCAL

9h00 às 10h00

Painel I – Eixo I. Desafios para a efetivação da defesa civil no século XXI: Estado,

Sociedade, Clima, Desigualdade e Desenvolvimento.

Painelistas:

(1) Marcus Vinicius - UFBA

(2) Airton Bodstein de Barros - UFF

(3) Luiz Cavalcanti - INMET

Moderador: Francisco Gaetani - Ministério do Planejamento

Auditório Salão 1

Painel II – Eixo II. Políticas públicas de atenção integral ao cidadão: o paradigma da

Assistência Humanitária.

Painelistas:

(1) José Magalhães - Cáritas

(2) Guilherme Franco - Ministério da Saúde

(3) Rejane Lucena - COMDEC/Jaboatão dos Guararapes

Moderador: Armin Braum – SEDEC

Auditório Salão 2

Painel III – Eixo III. Mobilização e participação da sociedade na prevenção e no

controle social sobre a efetivação da política pública de Defesa Civil.

Painelistas:

(1) Cilene Victor da Silva

(2) Marcio José Dertoni - Petrobrás

Moderador: Gerson Luiz Almeida – SNAS/PR

Auditório Salão 3

19 Conferência Nacional Defesa Civil

HORÁRIO ATIVIDADES LOCAL

10h30 às 12h00 Instalação dos GTs, orientações e leitura das Propostas Salas

12h00 às 13h30 INTERVALO PARA ALMOÇO

13h30 às 19h30 Debates e Votações nos GTs Salas

25 QUINTA-FEIRA

HORÁRIO ATIVIDADES LOCAL

8h00 às 12h00 Conclusão dos debates e votações nos GTs Salas

12h00 às 15h00 INTERVALO PARA ALMOÇO

A partir das 15h00 Informes

Plenária Final - votações das diretrizes, moções e da Carta Nacional de Defesa Civil

Encerramento dos trabalhos

Auditório

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

2.3.1 Objetivo Geral

Gerenciar e prestar apoio técnico e logístico visando à realização da 1ª

CNDC – Etapa Nacional.

20 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

2.4 Descrição de Ações do Ceped Ufsc na 1ª CNDC

As ações para a realização da 1ª CNDC tiveram início em meados de 2009,

juntamente com o desenvolvimento do V DEFENCIL e finalizam com a entrega do

Relatório Final da Conferência e do presente relatório à Secretaria Nacional de

Defesa Civil.

1) Produção e Envio de Materiais de Divulgação e Comunicação Visual

A partir de outubro de 2009, o CEPED UFSC passou a desenvolver, juntamente

com a empresa contratada Limão Comunicação, material visual para divulgação da

1ª CNDC. Foram produzidos:

Logo e manual de utilização;

Cartaz de divulgação geral do evento;

Cartaz de mobilização para as conferências municipais;

Folder para conferências municipais;

Cartaz para divulgação da Conferência do Distrito Federal;

Cartaz para mobilização das conferências estaduais.

Os materiais de divulgação da Conferência foram enviados, juntamente com

os materiais de divulgação do V DEFENCIL, via correio e e-mail, para as

Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil, Prefeituras, Conselhos de todas as

Categorias Profissionais, Entidades Sociais e Sindicatos. Quando solicitados, estes

materiais também foram enviados às Coordenadorias Municipais de Defesa Civil.

21 Conferência Nacional Defesa Civil

2) Mobilização

Em 2009 e 2010, o CEPED UFSC realizou disparos de e-mail para 5.564

Prefeituras, 27 Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil e Distrito Federal, e outras

Instituições, a fim de mobilizar para a 1ª CNDC. Em 2009, os quatro disparos

objetivavam passar informações sobre a realização e processo da conferência, assim

como das teleconferências programadas. Em 2010, os dois disparos feitos

pretenderam, mais especificamente, informar sobre a transmissão online da Plenária

Final da Conferência. Esses disparos, em 2010, atingiram 26 estados brasileiros.

Assim, garantiu-se que as pessoas que não puderam estar presentes na Conferência

estivessem informadas de que havia a possibilidade de acompanhá-la à distância,

pela internet.

O CEPED UFSC também atuou como parceiro da SEDEC e ABEP (Associação

Brasileira de Ensino de Psicologia) na mobilização de psicólogos para participarem

da 1ª CNDC. Uma técnica do CEPED UFSC realizou uma viagem à Goiânia, em

outubro de 2009, para proferir uma palestra com esta finalidade.

3) Produção de Teleconferências

Em 18 de agosto de 2009, nas dependências do Laboratório de Educação a

Distância, da UFSC, em conexão com Brasília, foi realizada pela empresa Cabeça ao

Vento a videoconferência com a participação da Secretária Nacional de Defesa Civil,

Ivone Maria Valente, que informou dos andamentos dos trabalhos de mobilização da

sociedade para a 1ª CNDC, incluindo os preparativos do V DEFENCIL (V Seminário

Internacional de Defesa Civil), com duração de uma hora e vinte minutos.

Posteriormente, foi licitada a empresa Komodo Produção Audiovisual que

produziu as seguintes teleconferências:

22 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Em 15 de setembro de 2009, ocorreu a teleconferência on-line em

Florianópolis, com a presença da Secretária Nacional de Defesa Civil, apresentando o

plano de ação da SEDEC, orientação sobre as conferências municipais e estaduais, e

mobilização para o V DEFENCIL, como preparação para a Conferência Nacional de

Defesa Civil. Os convites para este evento foram feitos por e-mail, visando 5.506

prefeituras cadastradas, 27 coordenadores estaduais de defesa civil, 3 para a SEDEC,

e para 180 jornalistas. Como resultado, tivemos 791 acessos simultâneos, num total

de 2.013 acessos em 7 horas de evento, com a participação de 14 estados (RS, SP,

PB, CE, AC, RJ, MG, DF, BA, TO, PR, ES, PI e SC), enquanto 35 municípios

participaram do chat.

Em 16 de outubro de 2009, em Brasília, foi realizada outra teleconferência

on-line, em uma das reuniões da Comissão Organizadora da 1ª Conferência

Nacional de Defesa Civil, com ênfase na mobilização social nas ações de defesa civil,

chamamento para a Conferência, e divulgação da programação do V DEFENCIL. Com

duas horas de transmissão, teve-se a participação da Secretária Nacional de Defesa

Civil e membros da Comissão Organizadora. Como nas teleconferências anteriores,

foram disparados e-mails para 5.506 prefeituras e para as coordenadorias

estaduais, resultando em 353 acessos em duas horas.

Em 29 de outubro de 2009, em Florianópolis, foi realizada a última

teleconferência voltada à mobilização da sociedade para a realização da 1ª CNDC,

com depoimentos de como realizar uma conferência em nível municipal. Como nas

anteriores, houve a participação efetiva da Secretária Nacional de Defesa Civil e foi

precedida de disparo de e-mails para os endereços de costume, visando informar

da sua realização. Esta teleconferência teve duas horas de duração, com acessos

simultâneos, com a participação de 12 estados (ES-AL-BA-RJ-PE-SC-MG-GO-PR-

DF-SP-RS).

23 Conferência Nacional Defesa Civil

4) Acompanhamento e Orientação às Etapas Municipais e Estaduais

No decorrer de 2009 e 2010, até a realização da etapa nacional da 1ª CNDC,

o CEPED UFSC participou da orientação e acompanhamento, por meio de e-mail e

telefone, na realização das etapas municipais, estaduais e do Distrito Federal,

repassando informações, enviando materiais, quando necessário, e dirimindo

dúvidas porventura existentes.

5) Contatos e Informações aos Participantes

Os contatos e informações aos participantes da 1ª CNDC foram realizados

através dos telefones e e-mail do CEPED UFSC, e de um número gratuito 0800-61-

0021, disponibilizado pela Ouvidoria da SEDEC, cujo atendimento era prestado, em

horário comercial, por funcionários contratados pelo CEPED UFSC.

6) Construção, Manutenção e Gestão do Site da Conferência

Em 2009, o CEPED UFSC contratou a empresa Tiki Web Inteligente Ltda., para

criação, planejamento, desenvolvimento e manutenção do sítio da 1ª CNDC. Devido

a dificuldades e demora na solicitação de registro do domínio.gov, por iniciativa da

empresa foi registrado o sítio <www.pro-conferenciadefesacivil.org>. O CEPED

UFSC produziu os dois primeiros textos para o sítio e apoiou a formatação e layout

do mesmo. Além disso, realizou as atualizações necessárias, inserindo os

documentos e informações pertinentes. Em 2010, acompanhou e apoiou as

atualizações feitas pela SEDEC, negociando com o fornecedor pendências

contratuais para prestação do serviço e enviou sugestões à SEDEC para atualizar o

sítio pós-Conferência.

24 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

7) Apoio ao Conteúdo da 1ª CNDC

Além de ações voltadas à operação logística da 1ª CNDC, o CEPED/UFSC

desenvolveu diversas atividades de caráter conceitual e de conteúdo da Conferência:

Acompanhamento e análise do Regimento Interno, no que se refere à

compreensão das normativas e orientações dispostas no documento;

Apoio e acompanhamento na elaboração do Regulamento da

Conferência por parte da Relatoria;

Acompanhamento da produção do Texto Base da Conferência;

Produção de textos para o sítio da 1ª CNDC;

Produção de ofícios e demais textos para os disparos de e-mail

realizados.

8) Organização Logística e Operacional

a) Local:

A 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária foi

realizada no Centro de Eventos e Convenções BRASIL 21, situado no Setor

Hoteleiro Sul de Brasília, sendo locada uma área de 4.574 m2, com

auditório para 1.500 pessoas, 9 salas para realização de trabalhos em

grupos, sala da Comissão Organizadora, sala da Relatoria, sala da

Imprensa, sala da Secretaria, sala para convidados, sala para palestrantes,

sala para posto médico e sala de apoio. O CEPED UFSC foi responsável

pela locação e arranjo do espaço, conforme as necessidades da

organização do evento e programação. Segue a distribuição dos espaços

locados para a 1ª CNDC:

25 Conferência Nacional Defesa Civil

Figura 2 - Planta do primeiro e segundo andar do Centro de Convenções Brasil 21,

locados para a 1ª CNDC

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

b) Passagens, Hospedagens e Traslados:

As passagens e hospedagens foram contratadas pelo CEPED UFSC através

das Operadoras de Turismo, ITM – Agência de Viagens, e Metropolitana

Turismo, credenciadas pela FAPEU – Fundação de Apoio à Pesquisa e

Extensão Universitária da UFSC. As empresas receberam orientação para

utilizar os seguintes hotéis: Saint Peter, Naoum Express, San Marco,

Esplanada, Brasília Imperial, Planalto e Phenícia, os quais foram

De 1 a 6 – salas de

Grupos de Trabalho

De 7 a 9 – Auditório e

salas de Grupos de

Trabalho

10 – sala de Apoio

11 – Secretaria Executiva

12 – sala de Autoridades

1 – sala da Organização

De 2 a 4 – salas de Grupos

de Trabalho

5 – sala da Relatoria

6 – Posto Médico

7 – sala de Imprensa

8 – sala de Palestrantes

26 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

previamente visitados e negociados pela equipe do CEPED UFSC. Optou-se

por hotéis próximos ao Centro de Convenções Brasil 21.

A Secretaria Geral do Comitê Executivo da 1ª CNDC fornecia ao CEPED

UFSC que, por sua vez, repassava às empresas contratadas, as listas onde

constavam os dados relativos aos participantes para emissão dos bilhetes

aéreos e reserva dos hotéis. Como a Comissão Organizadora Nacional

atrasou o envio da relação nominal dos delegados, sobraram apenas seis

dias úteis para realização desta tarefa. Foram emitidas 1.513 passagens e

solicitadas hospedagens para, aproximadamente, 1.220 participantes.

Devido à proximidade dos hotéis ao local do evento, o CEPED UFSC

contratou com as empresas de turismo o serviço de traslado apenas para

aeroporto/hotel e hotel/aeroporto. Para os participantes do evento com

baixa mobilidade física ou com deficiência foi disponibilizado transporte

entre o hotel e o local do evento.

c) Alimentação:

Além das passagens e hospedagens, a SEDEC garantiu alimentação aos

participantes da 1ª CNDC. O CEPED UFSC contratou o serviço de café da

manhã, almoço e jantar junto aos respectivos hotéis onde os participantes

estavam hospedados. Os custos com extras nos hotéis foram de

responsabilidade dos participantes.

O coffee break, disponibilizado na abertura da Conferência, assim como a

distribuição de água e café durante as atividades foram fornecidos pela

empresa Lucca Restaurante.

27 Conferência Nacional Defesa Civil

d) Produção Gráfica de Material:

Com exceção do manual do participante, produzido pela Revista Com

Ciência Ambiental em parceria direta com a SEDEC, as demais peças foram

elaboradas pelo CEPED UFSC, por meio de impressão realizada pela

empresa contratada Copy Laser e produção visual da Limão Comunicação.

Foram produzidos os seguintes materiais:

1.800 sacolas de pano com logo do evento;

2.380 crachás para diferentes modalidades de participação;

1.980 certificados para delegados, palestrantes, participantes,

Comitê Executivo e Comissão Organizadora;

100 modelos para moção;

1.800 canetas;

1.800 blocos de notas;

1.800 camisetas brancas, azuis e laranjas, em diferentes

tamanhos;

300 vouchers de alimentação;

5.000 selos da Conferência.

e) Fotografia e Filmagem:

CEPED UFSC contratou e acompanhou a empresa KOMODO Produção

Audiovisual na realização dos registros fotográficos e filmagens durante

os três dias de programação da 1ª CNDC. Produziu-se um DVD com

1.089 fotos; um DVD, editado, com 15 minutos, contendo a Plenária de

abertura e um clip do evento; um DVD duplo, com cerca de seis horas de

28 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

duração, sem edição, mostrando a votação das propostas na Plenária

Final4.

f) Credenciamento e Controle de Acesso:

Os serviços de credenciamento, controle de acesso e emissão de

certificados, foram realizados através da empresa contratada INTERAÇÃO.

Realizou-se a montagem de seis pontos de atendimento personalizado e

10 (dez) totens de autoatendimento. As listas com nomes e números de

CPF foram encaminhadas previamente pelo CEPED UFSC à Interação,

conforme a Secretaria Geral repassava as informações. A Interação criou

um banco de dados baseado nas listas enviadas pela SEDEC, que permitia

credenciar automaticamente os participantes como delegados,

observadores, palestrantes, convidados e organização. Quaisquer

discrepâncias nas informações eram resolvidas pelo CEPED UFSC ou algum

membro da Secretaria Geral do Comitê Executivo da 1ª CNDC, durante o

credenciamento dos participantes. Os certificados foram impressos e

entregues aos participantes no último dia do evento5.

g) Controle de Votação:

Através da contratação dos serviços da empresa SIP, realizou-se o

controle de votação eletrônica da Plenária Final. As propostas eram

apresentadas em telões e os delegados votavam acionando um controle

automático individual, distribuído na entrada do auditório.

4 O CD com fotos e DVD estão anexados ao presente relatório.

5 O Banco de dados e Relatório entregue pela empresa Interação consta em anexo.

29 Conferência Nacional Defesa Civil

Ao final dos trabalhos foi gerado um relatório com o resultado das

votações6, com o percentual de aprovação e rejeição de cada proposta.

Além de acompanhar e orientar a SIP para realização da votação

eletrônica, O CEPED UFSC organizou e ajudou a distribuir os controles

automáticos individuais aos delegados, separando aqueles detentores de

peso diferenciado nos votos, conforme decisão do Regulamento, aprovado

pela plenária.

Figura 3 - Modelo do controle individual para votação eletrônica e das informações

disponibilizadas pela SIP

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

h) Recepção, Brigadistas e Intérpretes de Libras:

A empresa Apoio Eventos foi contratada pelo CEPED UFSC para

disponibilizar recepcionistas para credenciar e orientar os participantes

nas dependências do evento, e prestar apoio nas salas durante a

apresentação de painéis, plenários e Grupos de Trabalho; brigadistas para

6 O relatório enviado pela SIP acerca da votação eletrônica da Plenária Final da Conferência consta em CD anexo.

30 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

prevenção de incêndio; intérpretes de Libras para traduzir as falas visando

atender pessoas com deficiência auditiva ou baixa audição.

i) Cerimonial:

O cerimonial foi realizado pelo mestre de cerimônias Paulo Augusto,

contratado pelo CEPED UFSC para a Plenária de Abertura da 1ª CNDC.

j) Equipamentos de Sonorização, Iluminação e Multimídia:

Através da empresa ACAP, realizou-se a locação, montagem e

desmontagem dos equipamentos de sonorização, iluminação, informática,

multimídia e projeção, de modo a atender todas as salas nos três dias da

programação.

k) Limpeza e Serviços Gerais:

A limpeza do local foi realizada pela empresa Limpidus, contratada para

manutenção e limpeza dos espaços locados, realização de serviços gerais

e no auxílio ao transporte de materiais durante a montagem e

desmontagem do evento.

l) Segurança:

A segurança foi realizada pela empresa Grupo Griffo, que trabalhou com

quatro guardas, nos dias 23 e 24, e com sete, no dia 25 de março de

2010, para manutenção da ordem.

31 Conferência Nacional Defesa Civil

m) Decoração e Mobiliário:

Todos os espaços do Centro de Eventos e Convenções BRASIL 21

utilizados na realização da Conferência, foram decorados pela empresa

Blue Gardens, e os móveis especiais usados para a composição dos

Foyers e salas de apoio às autoridades e palestrantes foram locados pela

empresa Alug Log Locação de Equipamentos.

n) Gerador:

O fornecimento de energia complementar necessário para o sistema de

iluminação do palco do auditório, bem como o sistema alternativo para

atender possíveis quedas de energia, foi realizado pela empresa DCCO –

Distribuidora Cummins, por meio da locação de um grupo gerador.

o) Seguro:

O seguro dos participantes foi contratado junto à Seguradora MAPFRE.

p) Posto Médico:

O atendimento médico ficou inicialmente a cargo da SEDEC, que

conseguiu uma ambulância do Corpo de Bombeiros à disposição. Este

atendimento ficou restrito ao dia 23/03, por motivo de um acidente com

esta viatura. Dessa forma, durante o dia 24/03, este serviço não foi

fornecido, obrigando a organização do evento a deslocar uma viatura da

SEDEC para transportar ao Pronto Socorro dos Hospitais, os participantes

que necessitaram de atendimento médico.

32 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

A prestação deste serviço foi normalizada no dia 25/03 com a contratação

de uma ambulância da empresa WMED-UTI MÓVEL SERVIÇOS DE SAÚDE. A

equipe de profissionais passou a atender, então, na sala do Posto Médico,

deslocando pessoas ao Pronto Socorro somente nos casos estritamente

necessários.

9) Apoio à Relatoria

Viabilizou o fornecimento de material e equipamentos para a equipe

de relatoria: pen drives, papéis, computadores, entre outros;

Apoiou a formatação dos cadernos de propostas para os Grupos de

Trabalho;

Viabilizou 1.500 fotocópias dos cadernos de propostas dos 12 Grupos

de Trabalho definidos;

Propôs adequações do espaço físico do Centro de Eventos Brasil 21 às

necessidades da Relatoria;

Também forneceu relatórios, juntamente com a empresa de

credenciamento Interação, para a definição do peso dos votos do

segmento da sociedade civil para as atividades de votação,

identificando o número de pessoas credenciadas por tipo de

participação.

Acompanhou, no decorrer do evento, a entrega dos mapas de votação

pelos Grupos de Trabalho à Relatoria;

Acompanhou o processo de sistematização das propostas dos Grupos

de Trabalho para a Plenária Final;

33 Conferência Nacional Defesa Civil

Acompanhou e orientou, com a Relatoria, o processo de votação

eletrônica, onde as propostas a serem votadas na Plenária Final

precisavam ser cadastradas no sistema.

10) Sistema para Cadastro e Qualificação de Propostas Enviadas

A pedido da SEDEC, e com orientação da coordenação de Relatoria da 1ª

CNDC, o CEPED UFSC, juntamente com a Tiki Web Inteligente Ltda., construiu um

sistema virtual para cadastrar e qualificar as propostas das conferências municipais

e estaduais recebidas por meio dos relatórios enviados. As propostas eram

cadastradas segundo origem e eixo temático. Posteriormente, eram qualificadas por

tema e tipo de propostas (inédita, local ou compõe uma convergente). As propostas

qualificadas como “compõe uma convergente” e que possuíam similaridade, podiam

ser anexadas a uma nova proposta, criada pela Relatoria, denominada Convergente.

Todas as propostas eram codificadas de acordo com a origem, eixo, tema e número

de série. O sistema permitia acesso restrito e individual por meio de senha e login

aos relatores, além de possibilitar produzir e imprimir relatórios em diferentes

formatos (em Word, Excel, Html), de acordo com os indicadores escolhidos (tema,

eixo, tipo, origem, etc.).

11) Transmissão Online da Plenária Final da 1ª CNDC

A pedido da SEDEC, o CEPED UFSC viabilizou, em parceria com a Komodo

Produção Audiovisual, a transmissão online da Plenária Final da 1ª CNDC. No

processo de realização desta ação foi feito o registro em vídeo da Plenária de

Abertura, gravações de depoimentos de organizadores e participantes. Este material

foi editado e transmitido como introdução à Plenária Final, esta com duração de seis

horas de transmissão contínua. Dessa maneira, as pessoas que não estavam

34 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

presentes à Conferência puderam acompanhar a votação de todas as propostas da

Plenária Final. Além disso, puderam tecer comentários e observações no chat aberto

durante a transmissão. Foram contabilizados 2.886 acessos à transmissão on-line,

com pico de audiência de 227 acessos simultâneos.

Produziu-se um DVD da transmissão on-line da Plenária Final, com mais de

seis horas de duração, disponibilizado no sítio da 1ª CNDC e do CEPED UFSC.

12) Pesquisa sobre Comunicação e Percepção de Risco

Com o objetivo de levantar subsídios para a elaboração de um estudo

nacional sobre comunicação e percepção de riscos naturais, ambientais e

tecnológicos, foi aplicado entre os participantes da 1ª CNDC, pesquisa em fase de

pré-teste sobre comunicação e percepção de risco com multiplicadores e

formadores de opinião.

Responderam à pesquisa, 579 participantes.

13) Participação na Elaboração da Carta da 1ª Conferência Nacional de Defesa

Civil

Na Plenária Final da 1ª CNDC a Secretária Nacional de Defesa Civil, Ivone

Maria Valente, leu a Carta da 1ª CNDC, assinada pela Comissão Organizadora.

O CEPED UFSC participou da elaboração da Carta da 1ª Conferência Nacional

de Defesa Civil e Assistência Humanitária, na qual se salientou as principais

conquistas e enfoques da Conferência. O inteiro teor desta Carta faz parte do

Relatório Final da Conferência.

35 Conferência Nacional Defesa Civil

14) Produção e Organização do Relatório Final

O CEPED UFSC também participou, a partir de orientação da Relatoria e

definições da Comissão Organizadora Nacional, da elaboração do Relatório Final da

1ª CNDC. Entendia-se, na época, ser um importante documento para balizar as

ações do Grupo de Trabalho pós-Conferência. Este grupo teria a função de viabilizar

a execução e concretização das diretrizes eleitas pela 1ª CNDC como políticas

públicas de Defesa Civil. A proposta de formação do grupo decorreu de

compromisso firmado pelo Ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima,

durante a Plenária de Abertura da Conferência.

Ademais, o Relatório Final sistematizou todas as informações e documentos

da 1ª CNDC, principalmente as diretrizes votadas, tornando público este processo

democrático e servindo como base para as ações de Controle Social por parte da

sociedade brasileira. Cópias do Relatório Final foram enviadas a entidades do

Legislativo, Ministérios, Ministério Público, dentre outras instituições.

EQUIPE CEPED UFSC

Direção Geral – Professor Antônio Edésio Jungles.

Direção Executiva – Professor Marcos Dalmau/ Irapuan Paulino Leite

Coordenação de Logística do Projeto - Valter Almerindo dos Santos

Organização e Apoio ao Conteúdo e Relatoria – Janaina Rocha Furtado

Apoio às Orientações Gerais, Conteúdo e Relatoria – Pedro Paulo de Souza

Apoio à Relatoria – Sarah Marcela Chinchilla Cartagena

Passagens, Hospedagens e Alimentação – Michelly Panicio/ Josiane Queiroz

Financeiro – Paulo Roberto dos Santos/Eliane Barreto

36 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Serviços e Licitações - Luiz Eduardo C. de Lima

Secretaria CEPED UFSC – Elisa Cherem de Abreu/Dayana Paro

Estande CEPED UFSC – Graziela Bonin

Participação na Elaboração da Carta da 1ª CNDC – Prof. Antônio Edésio Jungles/

Antonio Victorino Avila/ Rita de Cássia Dutra

Participação na Elaboração do Relatório Final da Conferência – Antonio Victorino

Avila/ Sarah Marcela Chinchilla Cartagena

2.5 Produtos

2.5.1 Produção e Comunicação Visual

Figura 4 - Logo da Conferência

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

37 Conferência Nacional Defesa Civil

Figura 5 - Cartaz de Divulgação Geral do Evento

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

Figura 6 - Cartaz de Mobilização para as Conferências Municipais

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

38 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Figura 7 - Fôlder para Conferências Municipais

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

Figura 8 - Cartaz para Divulgação da Conferência do Distrito Federal

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

39 Conferência Nacional Defesa Civil

Figura 9 - Cartaz para Mobilização das Conferências Estaduais

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

2.5.2 Construção e Gestão do Site Da Conferência

Figura 10 - Interface Gráfica da Página da Conferência (<www.pro-

conferenciadefesacivil.org>.)

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

40 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Figura 11 - Interface Gráfica para Acesso às Informações Administrativas

(<www.pro-conferenciadefesacivil.org/sistema>.)

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

Figura 12 - Sistema para Cadastro e Qualificação de Propostas Enviadas

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

41 Conferência Nacional Defesa Civil

2.5.3 Produção Gráfica

Figura 13 - Modelo Certificado

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

Figura 14 - Bloco de Notas

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

42 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Figura 15 - Camisetas

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

Figura 16 – Caneta Figura 17 - Modelo Crachá

Fonte: CEPED UFSC, 2012. Fonte: CEPED UFSC, 2012.

Figura 18 - Modelo Logo para Sacola

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

43 Conferência Nacional Defesa Civil

Figura 19 - Selo da Conferência

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

2.5.4 Foto e Filmagem (capas de DVD´s)

Figura 20 - DVD com Clipe do Evento

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

44 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Figura 21 - DVD com Filmagens do Evento – material bruto sem edição

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

Figura 22 - DVD de Fotos

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

45 Conferência Nacional Defesa Civil

Figura 23 - Foto Kit Material

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

2.6 Análise dos Resultados

Uma análise apurada dos resultados das ações realizadas pelo CEPED UFSC na

1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária precisa considerar

prioritariamente o tempo hábil disponível, a partir da assinatura do 2º Plano de

Trabalho, 11 de fevereiro de 20107, quando passou a assumir toda a

operacionalização da logística do evento.

O CEPED UFSC realizou diversas ações além daquelas relacionadas,

contribuindo com conteúdo, textos e análise dos documentos produzidos pela

Comissão Organizadora Nacional, participando das reuniões e das atividades das

equipes do Comitê Executivo. Da mesma forma, a produção e sistematização das

7 Foram assinados três planos de trabalho entre UFSC e SEDEC para firmar a participação do CEPED UFSC na 1ª

CNDC. O último plano de trabalho, referente a 31,7% do valor total destinado ao desenvolvimento do projeto, foi

assinado em 01/03/2010. Este plano de trabalho tem como objeto: A complementação dos recursos, tendo em

vista a ampliação do numero de delegados, que passou de 1.000 para 1.500. “Realização da Etapa Nacional da 1ª

Conferencia Nacional de Defesa Civil – Organização e Logística para 1500 participantes, entre delegados e

convidados”.

46 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

informações para o relatório final resultaram em participação significativa do CEPED

UFSC no processo da Conferência.

Com relação à logística, o CEPED UFSC desenvolveu as ações pertinentes a

esta função, organizando a disponibilidade de local e serviços para a realização

efetiva do evento, assim como as passagens, hospedagens e alimentação dos

participantes. Tendo em vista o curto tempo entre a assinatura do plano de trabalho

e a data marcada para a etapa nacional da Conferência, menos de 27 dias úteis,

pode-se afirmar que o CEPED UFSC realizou com êxito todas as suas ações,

garantindo que o evento ocorresse na data prevista, de forma eficaz.

Para as diversas atividades desenvolvidas, o CEPED UFSC contratou 21

fornecedores que foram fundamentais para o atendimento a todas as demandas

apresentadas. O deslocamento dos delegados e demais participantes para a

Conferência configurou-se como uma das ações mais complexas do evento, uma

vez que o tempo disponível para a realização dessa tarefa foi exíguo, obrigando as

empresas de turismo selecionadas a montarem equipes especiais, com turnos de

trabalho também no período noturno. O aviso aos participantes das informações

relativas às passagens e hospedagens tornou-se tarefa penosa, principalmente

quando as informações fornecidas nas listagens apresentavam dados incorretos.

De modo geral, ressaltaram como aspectos positivos:

Mesmo com pouco tempo hábil, todas as ações previstas foram

realizadas, disponibilizando local, material e serviços para a realização

da 1ª CNDC.

O número de participantes atendidos no fornecimento de passagens e

hospedagens pode ser considerado satisfatório, tendo em vista as

1.434 pessoas credenciadas.

47 Conferência Nacional Defesa Civil

As prestadoras de serviços forneceram e desenvolveram seus trabalhos

dentro do tempo estipulado e de acordo com as demandas

apresentadas, resultando na qualidade do serviço na realização do

evento.

A montagem e a desmontagem do evento ocorreram dentro do tempo

previsto.

A qualidade do material gráfico e visual, assim como os produtos

entregues aos participantes, feitos de material reciclado, teve a

aprovação do Comitê Executivo.

O dimensionamento do espaço físico foi adequado às necessidades

requeridas pelo evento.

E como aspectos negativos:

Pouco tempo disponível para o planejamento e desenvolvimento das

ações.

Problemas operacionais com as agências de turismo contratadas, em

decorrência do atraso no repasse de informações pelo Comitê Executivo,

resultaram na demora da entrega do bilhete de passagem, inviabilizando

a participação de alguns delegados na Conferência.

Segundo a SEDEC, 1.179 municípios participaram desta etapa, equivalente a

21,18% do total de municípios brasileiros. Devemos considerar isto uma vitória para

todos que trabalharam na Conferência.

48 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

A partir do quadro abaixo se pode comparar a participação prevista com a

participação real na etapa nacional da 1ª CNDC, a partir dos dados disponibilizados

pelo credenciamento do evento.

Quadro 1 - Número de participantes previstos e credenciados na etapa nacional da

1ª CNDC

DISCRIMINAÇÃO PARTICIPANTES

PREVISTOS CREDENCIADOS

DELEGADOS - TOTAL 1.529 1.199

SOCIEDADE CIVIL - 50% 418 358

PODER PÚBLICO - 30% 236 231

DEFESA CIVIL - 20% 142 588

NATO MUNICIPAL – DEFESA

CIVIL 685

NATO ESTADUAL - DEFESA

CIVIL 12

COMISSÃO ORGANIZADORA 36 22

OBSERVADORES 100 97

CONVIDADOS 100 43

COMITÊ EXECUTIVO 40 32

PALESTRANTES 5 5

APOIO 20 18

ORGANIZAÇÃO 40 40

TOTAL 1.834 1.434

OBS.: O número de Delegados Natos - Municipal e Estadual, que aparecem na

coluna Previstos estão contidos no quantitativo de Delegados de Defesa Civil, na

coluna Credenciados.

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

Observa-se que 400 pessoas não participaram da etapa nacional da

Conferência em relação ao número previsto. A seguir, se pode verificar a

participação de acordo com a categoria de participação.

49 Conferência Nacional Defesa Civil

Figura 24 - Número de participantes credenciados de acordo com categoria

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

Verifica-se que a grande maioria dos delegados credenciados é do segmento

Defesa Civil, três vezes maior que os delegados do segmento Sociedade Civil. Para

cumprir os preceitos do Regimento Interno da Conferência, onde a Sociedade Civil

deveria compor 50% ou mais do número de delegados, a Plenária optou por dar

peso 3 (três) ao voto dos delegados do segmento Sociedade Civil.

A seguir, pode-se verificar a participação na etapa nacional da 1ª CNDC, de

acordo com as unidades Federativas.

Figura 25 - Participantes credenciados na etapa nacional da Conferência de acordo

com as Unidades Federativas

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

50 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Observa-se que os estados mais representados na etapa nacional da 1ª CNDC

são do Sudeste, com 32,43%, e do Nordeste, com 31,13%. A região Norte teve o

menor índice de participação, com apenas 5,39%.

2.7 Considerações Finais

Mais de 1.500 pessoas se envolveram com a Conferência e aprovaram as 104

diretrizes nacionais votadas em plenária para uma reformulação da política pública

em defesa civil8. Esta Conferência foi a primeira e, por isso, um marco na história da

Defesa Civil brasileira. Todos lutando por uma população mais protegida e segura

fizeram, em curto tempo, memória de conquistas imensuráveis.

Para o CEPED UFSC - Centro Universitário de Estudos e Pesquisa Sobre

Desastres foi uma honra participar deste processo democrático de construção de

políticas públicas para a Defesa Civil, como aconteceu na 1ª Conferência Nacional

de Defesa Civil e Assistência Humanitária. Na incumbência de produzir

conhecimentos e desenvolver tecnologias adequadas para melhor prevenir e

responder aos eventos adversos, compartilhar este momento com a sociedade

brasileira, contribuir para a realização deste espaço, possibilitou também a nossa

reflexão sobre o como e o quanto podemos fazer para construir comunidades mais

seguras, exercer o controle social sobre as decisões tomadas, e, fundamentalmente,

conhecer as demandas sociais, as quais devem orientar nossas ações no ensino,

pesquisa e extensão.

8 As Diretrizes aprovadas na 1ª CNDC constam no Relatório Final e no site da Conferência: www.pro-

conferenciadefesacivil.org.br

51 Conferência Nacional Defesa Civil

2.8 Fotos

Figura 26 - Credenciamento

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

Figura 27 - Credenciamento

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

52 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Figura 28 - Entrada

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

Figura 29 - Abertura

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

53 Conferência Nacional Defesa Civil

Figura 30 - Grupos de Trabalho

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

Figura 31 - Grupos de Trabalho

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

54 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Figura 32 - Sala da organização

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

Figura 33 - Plenária Final

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

55 Conferência Nacional Defesa Civil

Figura 34 – Plenária Final

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

Figura 35 – Participantes

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

56 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

57 VII Fórum Nacional de Defesa Civil

3 VII FÓRUM NACIONAL DE DEFESA CIVIL

3.1 Contextualização e Justificativa

Anualmente, a Secretaria Nacional de Defesa Civil - SEDEC promove o Fórum

Nacional de Defesa Civil, com a colaboração de um município do território brasileiro

eleito para sediar o evento. No ano de 2010, o VII Fórum Nacional de Defesa Civil

ocorreu em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, tendo como tema central a

Campanha da SEDEC “Cidades Mais Seguras”. Trata-se de um evento que prima pela

troca de experiências entre as coordenadorias municipais de Defesa Civil,

divulgação das boas práticas para redução de riscos de desastres e construção de

cidades mais seguras. Pela primeira vez, o Fórum Nacional ocorreu na região

centro-oeste, região de fronteira entre Brasil e Paraguai, que vem desenvolvendo

ações de qualidade na área, atuando na prevenção de desastres e colaborando para

uma cultura de defesa civil.

O VII Fórum Nacional de Defesa Civil teve a finalidade de fomentar ações locais

de Defesa Civil, estimulando os municípios para a prevenção de desastres.

Discussões sobre o que fazer para construir cidades protegidas, prática de

atividades referentes à garantia da segurança das populações que residem em áreas

de fronteira realizadas pela Defesa Civil nas escolas, fez parte da programação do

evento. Para possibilitar a troca de experiências e o compartilhamento das boas

práticas em Defesa Civil, foram convidados todos os municípios que vêm

desenvolvendo projetos nesta área para apresentar seus trabalhos.

58 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

3.2 Objetivos

O VII FÓRUM teve como objetivo geral estimular a reflexão de como garantir

proteção social e prevenção de desastres.

O evento teve como objetivos específicos:

Promover debates acerca da campanha “Cidades Seguras”;

Apresentar experiências exitosas em defesa civil, estimulando boas práticas

para cultura de cidades seguras;

Estimular discussões sobre defesa civil em regiões de fronteira, com base na

experiência do município de Ponta Porã, que sediou o evento;

Possibilitar a troca de experiências das Defesas Civis municipais por meio de

apresentações de trabalhos;

Fortalecer o município sede pelas ações em defesa civil.

3.3 Público Alvo, Período e Inscrições

O evento teve como público alvo Coordenadores Municipais e Estaduais de

Defesa Civil, outros agentes de Defesa Civil, representantes de comunidades e

interessados. O evento caracterizou-se por ser aberto ao público, com número

estimado de 600 participantes.

As inscrições gerais foram realizadas antecipadamente por meio do site do

evento, <www.forumdefesacivil.org>, 485 pessoas fizeram sua inscrição pelo site,

sendo a maior parte dos Estados de São Paulo (82), Santa Catarina (63), Rio de

59 VII Fórum Nacional de Defesa Civil

Janeiro (47), Mato Grosso do Sul (39) e Paraná (33). Também foram disponibilizadas

inscrições no local, Efetivamente, foram credenciadas 378 pessoas.

O evento foi realizado no município de Ponta Porã, no período de 22 a 24 de

setembro de 2010, no Centro de Convenções do Município.

3.4 Execução das Ações

3.4.1 Divulgação

Foi criada uma logomarca para o Fórum Nacional, a ser utilizada nos fóruns a partir

deste, mudando somente o nº de ordem.

Para divulgação do conteúdo programático, informações gerais do Fórum, inscrições

de participantes e de trabalhos, construído o portal, <www.forumdefesacivil.org>,

enviado e-mail marketing com comunicados, além do envio de folder eletrônico e

cartaz.

3.4.2 Ações de Logística

O município de Ponta Porã disponibilizou o Centro de Convenções e o serviço

médico para atendimento de urgência no local do evento. Além destes itens

providenciados pela Prefeitura local, contratamos ainda os seguintes serviços:

- Recepcionistas para o serviço de credenciamento, secretaria e orientações

(acolhimento);

- Montagem e desmontagem de stands e ambiente para a secretaria;

60 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

- Locação, instalação e operação dos equipamentos de som, imagem e

informática;

- Locação de móveis para composição de ambientes (sala de autoridades e

palestrantes, hall de entrada, foyer dos stands);

- Decoração dos ambientes;

- Limpeza;

- Filmagem das atividades ocorridas no evento;

- Transporte aéreo dos palestrantes e pessoal da organização até Campo

Grande, e transporte terrestre entre Campo Grande e Ponta Porá;

- Coffee break, café e água para os participantes, e alimentação para os

palestrantes e o pessoal da organização;

- Hospedagem para os palestrantes e o pessoal da organização.

3.4.3 Programação

A programação do VII Fórum foi elaborada pela SEDEC, em parceria com o CEPED

UFSC. As atividades estiveram concentradas nos últimos dois dias de evento, sendo

o primeiro dia destinado ao credenciamento e abertura. Segue as imagens da

programação, disponibilizada ao público participante.

61 VII Fórum Nacional de Defesa Civil

Figura 36 – Programação VII Fórum Nacional de Defesa Civil

Fonte: CEPED UFSC, 2010.

3.4.4 Submissão de Trabalhos e Trabalhos Apresentados

Com o objetivo de disseminar conhecimento e práticas desenvolvidas nos

municípios brasileiros, com temas relacionados à prevenção de desastres e

construção de cidades seguras, a Comissão Organizadora do evento convidou os

participantes a submeterem as suas propostas de trabalho.

A submissão de trabalhos, painel e apresentação oral, foi feita no sítio do evento,

onde o participante encontrava as normas de submissão de cada modalidade e as

datas de encerramento das inscrições. Todos os trabalhos recebidos foram

avaliados por comissão científica, sob a responsabilidade do CEPED UFSC.

Posteriormente, o participante foi informado, por e-mail, quanto ao aceite ou não

das suas propostas.

62 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Os trabalhos deviam enfatizar o relato de experiências e boas práticas em Defesa

Civil, com foco nas ações municipais para a construção de cidades mais seguras.

Não foi fixada quantidade limite de propostas por autor.

3.4.5 Apresentação de Painel

Foram recebidas e aprovadas doze propostas de painel para apresentação no

evento.

Quadro 2 – Propostas de painel

Ações Informativas Da CODECIR

Alguns Desastres Não Podemos Evitar, O Importante É Saber

Como Agir

As Enchentes No Estado De São Paulo Durante A Operação

Verão De 2000 a 2007

Da Origem À Prevenção: Inundações

Deslizamentos Na Operação Verão De 2000 a 2007 No

Estado De São Paulo

Errar É Humano Mas Para Nós Técnicos Em Defesa Civil É

Crime

Eventos Severos No Brasil De 2007 A 2010 - Um Estudo De

Caso

Mapeamento Das Áreas De Ocorrência De Culicídeos (Aedes

Aegypit E Aedes Albopictus) Nos Distritos De Ajapi,

63 VII Fórum Nacional de Defesa Civil

Assistência E Ferraz Do Município De Rio Claro, Em 2007

Através De Sistemas De Informação Geográfica

O Psicólogo Na Defesa Civil No Recife

Parceria Entre A Secretaria De Segurança E Defesa Civil Do

Município De Rio Claro E Universidade Estadual Paulista “Júlio

De Mesquita Filho” – Campus De Rio Claro

Produtos Controlados – Experiência Da Defesa Civil De Rio

Claro-SP

A Intervenção Do Psicólogo No Processo De Mobilização Das

Comunidades Para O Enfrentamento Das Situações De

Emergência E Desastres Pela Ótica Da Promoção Da Saúde

Fonte: CEPED UFSC, 2010.

3.4.6 Apresentação oral

A submissão de propostas de apresentação oral podia ser realizada nas áreas

temáticas dos 4 (quatro) Grupos de Trabalho disponíveis, sendo eles:

GT1: “Comdec e Nudec para uma gestão articulada, integral e contínua em Defesa

Civil”.

GT2: “Prevenção para redução de riscos de desastres”

GT3: “Mobilização social para ações de defesa civil”

GT4: “Defesa civil nas escolas, nas fronteiras, nas cidades”

Foram recebidas 57 propostas de apresentação oral, sendo: 7 para o GT1, 29 para o

GT2, 14 para o GT3, e 7 para o GT4. Foram aceitas 33 propostas (6 propostas dos

64 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

GTs 1, 3 e 4 e 15 propostas do Gt2) a serem apresentadas nos dias 23 e 24 de

setembro de 2010.

3.4.7 Cadastro das COMDECs

Com o objetivo de identificar o número de Coordenadorias Municipais de Defesa

Civil, formalmente decretadas no país, a SEDEC solicitou a construção de um

cadastro de COMDEC para ser inserido no site do evento. Até a data de 12 de julho

de 2010, 542 inscrições foram verificadas.

3.4.8 Campanha Cidades Seguras- texto EIRD

Tendo em vista que a temática do evento, “Cidades Mais Seguras”, refere-se à

campanha internacional para Redução de Riscos da Estratégia Internacional para

Redução de Desastres (EIRD), a SEDEC solicitou ao CEPED UFSC a tradução do

material informativo da campanha e sua veiculação no sítio do evento.

Na página inicial do sítio do evento, foi disponibilizado ao participante um link com

a logo da Campanha 2010/2011 da SEDEC, que também era Cidades Mais Seguras.

Ao clicar, era apresentado o texto dos dez passos para construir cidades mais

seguras – adaptado de “Desarrollando Ciudades Resilientes”, disponível em

<www.eird.org>.

65 VII Fórum Nacional de Defesa Civil

3.4.9 Reunião dos Coordenadores Municipais de Defesa Civil

No dia 24 de setembro de 2010, no período da manhã, realizou-se a reunião dos

Coordenadores Municipais de Defesa Civil, a qual ocorre anualmente nos Fóruns

Nacionais. O Coordenador de Defesa Civil de Ponta Porã, Mauro Camargo, elaborou

a pauta da reunião e a presidiu.

No decorrer da reunião, discutiu-se o regulamento para candidatura aos Fóruns

Nacionais e foi redigida a Carta de Ponta Porã (Capítulo 4), que inclui as

considerações e reivindicações dos Coordenadores com relação ao Sistema Nacional

de Defesa Civil e sua política. A carta de Ponta Porã, assim como as seis cartas dos

fóruns anteriores foram disponibilizadas na sessão “história”, no sítio do evento.

3.5 Produção Gráfica e Outros Produtos

Figura 37 - Logomarca Geral do Fórum Figura 38 - Logomarca VII

Fórum

Fonte: CEPED UFSC, 2010. Fonte: CEPED UFSC, 2010.

66 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Figura 39 - Folder Eletrônico Programação Figura 40 - Cartaz do evento

Fonte: CEPED UFSC, 2010. Fonte: CEPED UFSC, 2010.

Figura 41 - Folder VII Fórum- Externo Figura 42 - Folder VII

Fórum- Interno

Fonte: CEPED UFSC, 2010. Fonte: CEPED UFSC, 2010.

Figura 43 - Certificado Figura 44 - Crachá Figura 45 - Apresentação visual

do site do evento

Fonte: CEPED UFSC, 2010. Fonte: CEPED UFSC, 2010. Fonte: CEPED UFSC, 2010.

67 VII Fórum Nacional de Defesa Civil

3.6 Carta de Ponta Porã – Regulamento

MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL

SECRETARIA NACIONAL DE DEFESA CIVIL

DEPARTAMENTO DE MINIMIZAÇÃO DE DESASTRES

REGULAMENTO PARA REALIZAÇÃO E CANDIDATURAS MUNICIPAIS AO FÓRUM

NACIONAL DE DEFESA CIVIL

A programação de capacitação dos agentes de Defesa Civil da Secretaria Nacional de

Defesa Civil – SEDEC, órgão do Ministério da Integração Nacional, inclui a realização

do Fórum Nacional de Defesa Civil. Trata-se de um evento com abrangência

nacional, tendo como foco principal as ações municipais de defesa civil, a ser

realizado anualmente pela SEDEC em parceria com o município eleito, no Fórum

anterior, para sediar o evento.

Dessa forma, o município é responsável por viabilizar e operacionalizar o evento,

focando as ações locais e dando ênfase à minimização dos riscos de desastres.

Para o município, sediar o Fórum é o momento de fomentar a cultura e economia

local, assim como prestigiar as ações de defesa civil das suas comunidades,

garantindo a construção permanente de cidades mais seguras.

68 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

1. Objetivos

OBJETIVO GERAL:

Atualizar e capacitar agentes de Defesa Civil com foco nas ações municipais e

comunitárias.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Possibilitar debates e difusão de conhecimentos, estimulando ações

municipais de Defesa Civil e construção de cidades mais seguras;

Promover apresentações de trabalhos e experiências municipais relacionadas

à Defesa Civil;

Estimular as ações locais de prevenção e redução de riscos de desastres;

Fomentar parcerias, a cultura e a economia dos municípios sede do evento.

2. Temário

O Fórum Nacional de Defesa Civil terá a cada ano um tema específico, a ser definido

pela SEDEC de acordo com o seu planejamento anual.

3. Realização

O Fórum Nacional de Defesa Civil é uma ação promovida pela SEDEC em conjunto

com o município eleito no Fórum anterior.

69 VII Fórum Nacional de Defesa Civil

Cabem à SEDEC as seguintes responsabilidades:

Data:

Definir a data e duração do evento a cada ano conforme seu calendário anual.

Conteúdo:

Definir temário e programação do evento.

Definir palestrantes do evento.

Divulgação:

Produzir material gráfico e de divulgação.

Definir estratégias de divulgação.

Realizar a divulgação do evento em parceria com o município sede.

Produzir o site e conteúdo do site do evento.

Obs: A partir de 2010, o Fórum Nacional de Defesa Civil possui uma

identidade visual permanente. Assim sendo, os demais materiais visuais e

gráficos deverão sofrer apenas adaptações que identifiquem o ano, o local, o

tema, e o número do Fórum.

Participação:

Definir o formato de participação no evento, apresentações de trabalhos e

oferta de oficinas.

Definir formato e estrutura da inscrição no evento, bem como inscrição de

trabalhos.

Definir comissão para avaliar os trabalhos encaminhados.

70 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Organização:

Acompanhar as ações de operacionalização do evento realizadas pelo

município sede.

Transporte e Alimentação:

Viabilizar o deslocamento aéreo e alimentação dos palestrantes do evento e

organizadores.

Cabem ao município sede as seguintes responsabilidades:

O município sede do evento é quem deverá organizar e disponibilizar a

infraestrutura necessária para sua realização. O evento promovido pela Prefeitura,

em conjunto com a SEDEC, deve garantir, no mínimo:

Infraestrutura física e recursos humanos:

Local para a realização do Fórum de acordo com proposta de programação

definida pela SEDEC.

Identificar e selecionar os fornecedores para a realização do evento e

localização de bens ou serviços, tais como: recepção, decoração e mobiliário,

brigadistas, posto médico, credenciamento, limpeza, segurança, e outros.

Realizar parcerias locais quando necessário para a realização do evento,

integrando, quando possível, os outros setores do município.

Disponibilizar, em conjunto com a SEDEC, equipe para trabalhar em conjunto

no evento, antes e durante a sua realização:

71 VII Fórum Nacional de Defesa Civil

Programação Geral:

Organizar a reunião dos coordenadores municipais de defesa civil, na qual os

coordenadores devem construir a carta de intenções do Fórum. Nesta reunião

os municípios interessados lançam sua candidatura para sediar o Fórum no

ano seguinte.

Organizar o processo de votação do município que sediará o evento no

próximo ano, de acordo com as orientações deste documento.

Sugerir temários à SEDEC, de modo a colaborar com os debates e privilegiar

as demandas da sua localidade, no que se refere à proteção civil.

Programação Artístico-cultural:

Fica a cargo do município a inserção de atividades artísticas e culturais típicas

de sua região.

Divulgação:

Realizar a divulgação do evento na sua região, principalmente no Estado e

municípios próximos.

4. Coordenação

A Coordenação Geral do evento será da Secretaria Nacional de Defesa Civil,

juntamente com a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil, por meio de seu

Coordenador Municipal.

72 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

5. Candidatura e Votação

No último dia do evento, em paralelo à programação, deve-se realizar a reunião dos

coordenadores municipais de defesa civil, quando os municípios interessados em

sediar o próximo fórum lançam suas candidaturas.

5.1 Quem pode se candidatar:

Municípios do território brasileiro, por meio de sua Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil, com data de criação de, no mínimo um ano, e que desenvolvam ações

relevantes de proteção civil, cujos resultados efetivos possam ser demonstráveis.

5.2 Exigências de infraestrutura do município:

Ter malha rodoviária ou aeroviária acessível, com aeroporto no local ou

próximo (até 150 km) que opere com diferentes companhias aéreas.

Dispor de local para realizar o evento que suporte, no mínimo, 400 pessoas;

salas para realizar, no mínimo, três atividades paralelas; sala de apoio; e

banheiros. Este local deve ter fácil acesso pelas rodovias e ser próximo à rede

hoteleira.

Ter oferta de serviços para recepção, coffee break, segurança, transfer;

equipamentos audiovisuais, etc.

Possuir rede de hotéis com preços variados.

Ter uma equipe local para a organização do evento.

Estabelecer condições acessíveis de comunicação com a comissão

organizadora da SEDEC.

73 VII Fórum Nacional de Defesa Civil

5.3 Documentos necessários para apresentar candidatura:

Estes documentos serão apresentados ao público em reunião dos coordenadores

municipais de Defesa Civil.

O coordenador de defesa civil deve apresentar carta de assentimento da

prefeitura para realização do Fórum no município, devidamente assinada pelo

prefeito ou seu substituto legal.

Demonstrar, através de resultados, o desenvolvimento de ações relevantes

em Defesa Civil.

Comprovar ter condições e recursos de infraestrutura no município para

realização do Fórum, conforme as exigências acima descritas.

5.4 Votação:

A eleição do município sede do Fórum ocorrerá no último dia do Fórum

anterior, após o lançamento das candidaturas dos municípios interessados.

Terão direito a voto apenas coordenadores municipais de Defesa Civil.

Será município sede aquele que obtiver a maioria dos votos dos

coordenadores presentes em assembleia no momento da votação.

A Secretaria Nacional de Defesa Civil estará presente para garantir que as

exigências de candidatura tenham sido cumpridas, sem direito a voto. Em

caso de empate, a SEDEC exercitará o voto de minerva.

74 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Observações gerais:

Os recursos para realização dos Fóruns são de responsabilidade das

Coordenadorias Municipais de Defesa Civil, que poderão buscar apoio

técnico-financeiro em instituições públicas e privadas.

75 Campanha Nacional “Cidades mais Seguras” – Biênio 2010-2011

4 CAMPANHA NACIONAL “CIDADES MAIS SEGURAS” – BIÊNIO 2010-2011

4.1 Contextualização e Justificativa

Alinhada às diretrizes da Estratégia Internacional para Redução de Desastres (EIRD),

e sua Campanha Mundial de Redução de Desastres, a Secretaria Nacional de Defesa

Civil (Sedec), do Ministério da Integração Nacional, desenvolveu ações de

capacitação e promoção da cultura de riscos de desastres por meio da Campanha

Cidades Mais Seguras para o biênio 2010-2011.

A Campanha da EIRD, em inglês denominada Making Cities Resilient, My City is

Getting Ready, se pauta na crescente urbanização mundial e nos problemas

decorrentes de uma ocupação desordenada em contraponto à necessidade de

prever riscos e criar ferramentas de adaptação e de enfrentamento para construção

de cidades mais seguras. A campanha utiliza como definição de resiliência, a

habilidade de um sistema, comunidade ou sociedade expostos a riscos, a resistir,

absorver, acomodar-se e reagir aos efeitos de ameaças de maneira eficiente e em

tempo adequado, incluindo a preservação e reconstrução de suas estruturas e

serviços essenciais básicos.

No contexto brasileiro, a Campanha Cidades Mais Seguras pretende fortalecer a

cultura de riscos de desastres, em detrimento da cultura de desastres. A primeira

contempla uma visão mais ampla de causas e consequências, vulnerabilidades e

ameaças, prevenção e preparação, identificação e mapeamento de riscos; e a

segunda limita-se a uma abordagem passiva, notadamente de resposta a desastres

e assistência a afetados.

A Campanha teve como foco o desenvolvimento de comunidades urbanas

resilientes, sustentáveis e mais seguras, incentivando a crescente participação de

governos locais em ações para redução de riscos de desastres. Com o propósito de

76 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

fortalecer os governos locais por meio de políticas nacionais mais sólidas, com base

em intervenções em âmbito local como parte dos planos de desenvolvimento

urbano e regional.

A Sedec, incentivando o desenvolvimento de comunidades mais seguras através do

fortalecimento da cultura de riscos de desastres, promove o desenvolvimento de

ações locais pelos municípios, utilizando como ponto de referência os Dez Passos

Essenciais para Construir Cidades Mais Seguras:

1. Estabeleça mecanismos de organização e coordenação de ações com base na

participação de comunidades e sociedade civil organizada, por meio, por

exemplo, do estabelecimento de alianças locais. Incentive que os diversos

segmentos sociais compreendam seu papel na construção de cidades mais

seguras com vistas à redução de riscos e preparação para situações de

desastres.

2. Elabore documentos de orientação para redução do risco de

desastres e ofereça incentivos aos moradores de áreas de risco:

famílias de baixa renda, comunidades, comércio e setor público, para

que invistam na redução dos riscos que enfrentam.

3. Mantenha informação atualizada sobre as ameaças e vulnerabilidades

de sua cidade, conduza avaliações de risco e as utilize como base

para os planos e processos decisórios relativos ao desenvolvimento

urbano. Garanta que os cidadãos de sua cidade tenham acesso à

informação e aos planos para resiliência, criando espaço para discutir

sobre os mesmos.

4. Invista e mantenha uma infraestrutura para redução de risco, com

enfoque estrutural, como, por exemplo, obras de drenagens para

77 Campanha Nacional “Cidades mais Seguras” – Biênio 2010-2011

evitar inundações, e, conforme necessário, invista em ações de

adaptação às mudanças climáticas.

5. Avalie a segurança de todas as escolas e postos de saúde de sua

cidade, e modernize-os se necessário.

6. Aplique e faça cumprir regulamentos sobre construção e princípios

para planejamento do uso e ocupação do solo. Identifique áreas

seguras para os cidadãos de baixa renda e, quando possível,

modernize os assentamentos informais.

7. Invista na criação de programas educativos e de capacitação sobre a

redução de riscos de desastres, tanto nas escolas como nas

comunidades locais.

8. Projete os ecossistemas e as zonas naturais para atenuar

alagamentos, inundações, e outras ameaças às quais sua cidade seja

vulnerável. Adapte-se às mudanças climáticas recorrendo a boas

práticas de redução de risco.

9. Instale sistemas de alerta e desenvolva capacitações para gestão de

emergências em sua cidade, realizando, com regularidade, simulados

para preparação do público em geral, nos quais participem todos os

habitantes.

10. Depois de qualquer desastre, cuide para que as necessidades dos

sobreviventes sejam atendidas e se concentrem nos esforços de

reconstrução. Garanta o apoio necessário à população afetada e suas

organizações comunitárias, incluindo a reconstrução de suas

residências e seus meios de sustento.

78 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Quadro 3 – Maneiras de desenvolver e construir a participação na

Campanha Cidades mais Seguras Cinco acciones que desarrollará y

respaldará la campaña “Desarrollo de ciudades resilientes”

Cinco maneiras de desenvolver e respaldar a Campanha Cidades Mais Seguras

Convencer Como?

Aumentar o grau de compromisso

com a urbanização sustentável,

reduzindo o risco de desastres em

todas as esferas governamentais e

contribuindo, em todos os níveis, para

o processo de tomada de decisão.

Organizando mesas redondas e promovendo

diálogos sobre políticas públicas entre as

autoridades nacionais e locais em fóruns

nacionais, regionais e internacionais, liderados

pelos prefeitos, com o propósito de obter

“pactos” de compromisso nacionais e locais.

Estabelecer parcerias e

articulações Como?

Estabelecer alianças de trabalho entre

as autoridades locais e nacionais,

articulando atores locais, lideranças

comunitárias, sociedade civil,

universidades e organizações de

classe.

Apoiando iniciativas de colaboração entre os

diferentes atores, como alianças de governos

locais para a redução de riscos e incentivando

a formação de grupos de trabalho e

plataformas de cooperação.

Informar Como?

Incrementar o grau de informação e

mobilização sobre risco de desastres

urbanos, multiplicando conhecimento

sobre formas de atuação dos governos

locais e dos cidadãos na criação e

planejamento de estratégias para o

desenvolvimento urbano, como

Organizando audiências públicas; incentivando

espaços para diálogos; promovendo simulados

e outras atividades locais; formando parcerias

com os meios de comunicação;

compromtendo-se com escolas e hospitais; e

planejando outras atividades de sensibilização

79 Campanha Nacional “Cidades mais Seguras” – Biênio 2010-2011

construção de escolas e hospitais

mais seguros e fortalecimento dos

serviços prestados pelos governos

locais.

social.

Aprender Como?

Aumentar o grau de conhecimento e

melhorar o acesso às ferramentas,

tecnologia e oportunidades para o

desenvolvimento de capacidades para

os governos e atores locais.

Desenvolvendo – em colaboração com

pesquisadores, profissionais, centros de

capacitação e cidades que sirvam de referência

– um “Quadro de Ação de Hyogo” para as

autoridades locais, mediante um processo de

aprendizagem, capacitação, cooperação

técnica e orientação local sobre a forma de

implantar itens específicos do MAH em âmbito

local.

Medir o progresso Como?

Comunicar o progresso e o êxito

alcançado pelos governos locais na

execução dos Dez Passos Essenciais

para Construir Cidades Mais Seguras.

Integrando a geração dos informes globais

sobre a execução do MAH e comunicando e

compartilhando boas práticas e experiência.

Fonte: CEPED UFSC, 2010.

80 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

4.2 Execução das Ações

A Campanha Cidades Mais Seguras teve como foco a produção e distribuição de

materiais nos eventos realizados no biênio 2010 – 2011.

O CEPED UFSC executou as seguintes ações:

- Teleconferência;

- Estudo e criação da identidade visual para a Campanha;

- Produção do seguinte material:

Confecção de bolsas, bonés, camisetas e camisas polo, com a logomarca da

campanha;

Impressão de agenda, risque rabisque, bloco de anotação, selo e cartaz;

Estampa em caneta.

Este material foi distribuído nos seguintes eventos:

- VII Fórum Nacional de Defesa Civil realizado em Ponta Porã – MS, de 22 a 24

de setembro de 2010, com um público estimado de 500 pessoas;

- Semana Nacional de Redução de Desastres que aconteceu nos dias 03 a 09

de outubro de 2010, com solenidades realizadas em Brasília, envolvendo 200

pessoas;

- Encontro Nacional de Assistência Humanitária em Situações de Riscos de

Desastres, realizado em Jaboatão dos Guararapes – PE, de 08 a 10 de novembro de

2010, com 100 participantes;

- Cursos de Gestão Integrada em Defesa Civil, realizado em Fortaleza,

Palmas, Campo Grande e Curitiba, realizados em novembro de 2010, com um total

de 200 participantes;

81 Campanha Nacional “Cidades mais Seguras” – Biênio 2010-2011

- Seminário Internacional de Defesa Civil, realizado em Brasília de 11 a 13 de

abril de 2011, onde participaram aproximadamente 1.000 pessoas.

Os cartazes foram enviados para as Coordenadorias Estaduais e Municipais de

Defesa Civil. O Quadro abaixo apresenta a distribuição do material

Quadro 4 – Materiais Campanha Cidades mais Seguras

CAMPANHA "CIDADES MAIS SEGURAS"

Itens Licitados VII Fórum

Semana

Defesa

Civil

Cursos

Gestão

Integrada

Encontro

Jaboatão

SEDEC

CEDEC

COMDEC

Seminário

Internacional

Bolsas 2.000 500 200 200 100 1.000

Bonés 2.000 500 200 200 100 1.000

Canetas 2.000 500 200 200 100 1.000

Blocos de

Anotação 2.000 500 200 200 100

1.000

Selo

Campanha 20.000 700 840 18.460

Camisetas

azul/laranja 500 400 100

Camisetas

infantil 100 100

Camisas

Pólo 500 50 450

Cartaz

Campanha 10.000 10.000

Agenda 500 500

Risque

rabisque 100 100

Fonte: CEPED UFSC, 2010.

82 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

4.3 Produção Gráfica e Outros Produtos

Figura 46 – Banner Figura 47 - Cartaz

Fonte: CEPED UFSC, 2010. Fonte: CEPED UFSC, 2010.

Figura 48 - Caderno de anotações Figura 49 - Risque Rabisque

Fonte: CEPED UFSC, 2010. Fonte: CEPED UFSC, 2010.

83 Campanha Nacional “Cidades mais Seguras” – Biênio 2010-2011

Figura 50 - Camisa polo Figura 51 - Camiseta azul

Fonte: CEPED UFSC, 2010. Fonte: CEPED UFSC, 2010.

Figura 52 - Camiseta branca Figura 53- Camiseta laranja

Fonte: CEPED UFSC, 2010. Fonte: CEPED UFSC, 2010.

Figura 54 – Caneta Figura 55 – Carta

Fonte: CEPED UFSC, 2010. Fonte: CEPED UFSC, 2010.

84 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Figura 56 - Folder campanha Figura 57 - Selo da Campanha

Fonte: CEPED UFSC, 2010. Fonte: CEPED UFSC, 2010.

Figura 58- Sacola campanha

Fonte: CEPED UFSC, 2010.

Figura 59- Bonés

Fonte: CEPED UFSC, 2010.

85 Simulados de Preparação a Desastres - SPD

5 SIMULADOS DE PREPARAÇÃO A DESASTRES - SPD

5.1 Contextualização e justificativa

A frequência de eventos de desastres no Brasil relacionados a chuvas, nos meses de

verão, e a intensificação dos danos e prejuízos decorrentes levou a Secretaria

Nacional de Defesa Civil (SEDEC) a priorizar ações de preparação a desastres, com

foco em comunidades situadas em áreas de risco.

Nesta perspectiva, a SEDEC desenvolveu no ano de 2011 o projeto SPD – Simulado

de Preparação a Desastres, enfatizando as regiões mais suscetíveis aos desastres de

origem hidrometeorológica. Em parceria com a SEDEC, com o apoio logístico e

técnico das Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil e do Centro Universitário de

Estudos e Pesquisas sobre Desastres da Universidade Federal de Santa Catarina

(CEPED UFSC), as Coordenadorias Municipais de Defesa Civil da região Sul, Sudeste e

Nordeste organizaram exercícios simulados junto às comunidades prioritárias

selecionadas por eles.

Os exercícios simulados eram focados no processo de remoção de famílias, a partir

de um cenário de risco iminente de desastre.

5.2 Objetivos

Os objetivos do projeto permearam os seguintes aspectos:

I. Sensibilizar a sociedade civil residente em área de risco sobre a importância

de medidas preventivas para a redução dos desastres;

86 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

II. Consolidar procedimentos e conteúdos para atuação da comunidade e órgãos

envolvidos, em tempo hábil e de forma adequada, no momento da situação

adversa;

III. Preparar campanha em âmbito nacional sobre a importância da capacitação e

mobilização social na prevenção.

5.3 Execução das Ações

O projeto foi desenvolvido nas três regiões, realizando exercícios simulados em dez

municípios do Brasil. Tendo em vista a impossibilidade de a SEDEC realizar

exercícios simulados em todos os municípios vulneráveis a desastres no país, o

projeto enfatizou os municípios tidos como prioritários em uma lista de municípios

prioritários elaborada pelo Governo Federal.

De forma geral, o projeto pretendeu estimular todos os estados e municípios a

realizarem exercícios preparatórios de forma continuada, criando agendas de

atividades com as comunidades.

Deve-se salientar que o projeto não pretendeu avaliar de forma sistemática e

profunda a eficiência das equipes envolvidas ou das coordenadorias municipais de

defesa civil. A organização operacional dos simulados ficou a cargo das

coordenadorias municipais, as quais se envolveram de diferentes formas durante o

processo. Á SEDEC coube a responsabilidade de dar suporte aos municípios, por

meio de suporte técnico e materiais de apoio.

O acompanhamento e análise dos exercícios por técnicos da área possibilitaram,

ainda, construir um guia de orientações para preparação de exercícios simulados, o

qual se configurou como um dos produtos do projeto SPD. O guia servirá como

ferramenta para facilitar que outros municípios venham a desenvolver ações de

preparação a desastres com suas comunidades.

87 Simulados de Preparação a Desastres - SPD

Sensibilizar pessoas e incitar os municípios a se articularem para enfrentar os

eventos adversos foi o resultado obtido com o desenvolvimento do projeto, entre

outros efeitos.

5.3.1 Metodologia Geral

Organizando a realização dos exercícios simulados por regionais, o primeiro foco

de interesse da SEDEC foi a região Nordeste, devido a eminência do período crítico

de chuvas na região. Inicialmente, o projeto desenvolveu três exercícios simulados

simultâneos no Nordeste. Foi realizada, então, uma reunião de avaliação dos

simulados e apresentada a proposta do guia de orientações para elaboração de

exercícios simulados, no qual estariam sistematizados os principais procedimentos

a partir da experiência da região Nordeste. Posteriormente, a SEDEC ampliou a

realização de exercícios para outras regiões, apresentando o rascunho do guia para

que servisse de suporte para os municípios.

Por fim, o SPD atendeu 10 municípios, desconsiderando São Paulo que cancelou o

evento no dia anterior. No cronograma de execução é possível visualizar todas as

etapas do projeto. Seguem os municípios e estados atendidos por região:

Quadro 5 – Simulados Região Nordeste

Estado Município Data de realização

Pernambuco Recife 28/maio/2011

Bahia Salvador 28/maio/2011

Alagoas Maceió 28/maio/2011

Fonte: CEPED UFSC, 2010.

88 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Quadro 6 – Simulados Região Sudeste

Estado Município Data de realização

Rio de Janeiro Petrópolis 15/outubro/2011

Rio de Janeiro Nova Friburgo 15/outubro/2011

Minas Gerais Contagem 26/novembro/2011

São Paulo São Paulo 26/novembro/2011

Espírito Santo Vitória 26/novembro/2011

Fonte: CEPED UFSC, 2010.

Quadro 7 – Simulados Região Sul

Estado Município Data de realização

Paraná Antonina 12/novembro/2011

Rio Grande do Sul Novo Hamburgo 12/novembro/2011

Santa Catarina Blumenau 26/novembro/2011

Fonte: CEPED UFSC, 2010.

A SEDEC atuou como parceira oferecendo apoio por meio de técnicos

especializados, e promovendo a articulação entre as Coordenadorias Estaduais de

Defesa Civil e as Coordenadorias Municipais. Cabia a esta última a organização

operacional e a execução efetiva do exercício. Os municípios procederam conforme

as suas disponibilidades específicas de recursos, técnicos, apoio, articulação

interinstitucional e envolvimento com o projeto.

A metodologia geral optada pela SEDEC para desenvolver o projeto pode ser

apresentada em três etapas. Nas avaliações dos resultados é possível encontrar

outras informações sobre as metodologias específicas, utilizadas pelos municípios,

para realizar os exercícios com suas comunidades.

89 Simulados de Preparação a Desastres - SPD

Etapa I – Identificação do Cenário:

Nesta etapa, a SEDEC realizou reuniões com as Coordenadorias Estaduais e

Municipais de Defesa Civil para propor o desenvolvimento dos simulados. Durante

reunião era definida a responsabilidade da coordenadoria municipal em organizar e

coordenar o evento, ficando para a Coordenadoria Estadual a incumbência de apoiá-

los neste objetivo. A data do simulado era proposta pela SEDEC, que tinha o objetivo

de realizá-los simultaneamente, sempre quando possível.

Além disso, a Defesa Civil do município (COMDEC) definia, neste momento, a

comunidade a ser envolvida no exercício. A definição de cenário, o levantamento

das informações, a definição do sistema de alerta a ser utilizado também era

definido pela COMDEC. A SEDEC ofereceu um breve manual para o gestor (Item 5.5),

onde constavam as orientações básicas e como previam a sequência de eventos.

Também disponibilizou o rascunho do Guia de Orientação para elaboração de

exercícios, que estava em produção. Todos os eventos seguiram um formato

semelhante, por exemplo:

1) Tinham o foco em remover famílias em áreas de risco a partir de um alerta de

desastre;

2) Mobilizavam-se as famílias e combinava-se data e horário para inicio do

simulado, sinal de alerta e alarme a ser utilizado, sequência de atividades do

exercício, ponto de encontro, horário de término, etc.

3) Envolviam diferentes instituições no exercício;

4) Removiam as pessoas para o abrigo e neste local desenvolviam atividades;

5) Ocorreram em meio período e no fim de semana;

90 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Estas informações sobre a sequência de ações do exercício, formato, entre outros

aspectos, eram passadas nesta reunião com a SEDEC. Posteriormente, a SEDEC

informava ao CEPED UFSC os contatos dos responsáveis locais e solicitava o envio de

capas de chuva e camisetas que seriam entregues à COMDEC para distribuição aos

participantes.

O CEPED UFSC mantinha, então, os contatos para identificação de número de

participantes para envio do material, além de colocar-se à disposição para possível

apoio técnico na realização do exercício simulado. A SEDEC também mantinha os

contatos com a COMDEC para acompanhar o desenvolvimento da atividade.

Etapa II – Produção, confecção e envio dos produtos

A etapa de confecção de produtos ocorreu mais demoradamente quando da

realização dos primeiros simulados no Nordeste. Para esta ocasião, foram

produzidas logo e folder de divulgação, convite, manual para gestores, certificados

e camisetas. Todos os produtos foram confeccionados pelo CEPED UFSC, e revisados

e aprovados pela SEDEC.

Nos outros simulados regionais, os materiais foram adequados às informações

locais, mas utilizava-se o modelo produzido anteriormente. A SEDEC optou por não

utilizar a logo criada para o SPD, razão pela qual não foi aplicada nos materiais dos

demais simulados.

O CEPED UFSC solicitava aos municípios o número necessário de cada produto e

acertava o envio desses materiais. As capas de chuva e camisetas não recebiam

alteração conforme o simulado e eram enviadas juntamente com os folders e

certificados.

91 Simulados de Preparação a Desastres - SPD

Etapa III – Avaliação e consolidação do Simulado

A SEDEC e o CEPED UFSC acompanharam todos os exercícios realizados,

encaminhando técnicos para o local do evento. Ao CEPED UFSC coube a

responsabilidade de avaliar os exercícios. Para tanto, contratou especialistas que se

deslocaram às comunidades no momento do simulado. A partir dos relatórios

desses técnicos, foi composta a análise dos resultados e a descrição do exercício,

presentes neste relatório.

Após a realização dos primeiros simulados na região Nordeste, foi realizado reunião

de avaliação, com o objetivo de verificar as necessidades de adequação ao projeto.

Foi apresentado, na ocasião, o relatório da região Nordeste e a proposta do guia de

orientações.

5.3.2 Realização

Realização: Coordenadorias Municipais de Defesa Civil dos municípios selecionados.

Apoio logístico e Coordenação: Secretaria Nacional de Defesa Civil, do Ministério da

Integração Nacional e Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil.

Apoio técnico e relatoria: Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre

Desastres da Universidade Federal de Santa Catarina (CEPED UFSC).

92 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

5.3.2.1 Execução dos Exercícios por Região

Região Nordeste

Os exercícios simulados foram realizados em três comunidades nos Estados de

Alagoas, Bahia e Pernambuco.

Comunidade do Reginaldo, Maceió, Alagoas;

Comunidade Bosque Real, Salvador, Bahia;

Comunidade Córrego Sargento, Linha do Tiro Recife, Pernambuco.

Avaliadores por comunidade

Córrego Sargento, Linha do Tiro, Recife, PE - Avaliador: Marcos de Oliveira,

Cel BM;

Bosque Real, Salvador – BA - Avaliador: Aldo Baptista Neto, Maj. BM;

Vale do Reginaldo – Maceió – Alagoas - Avaliadora: Deise Fidelis, Geógrafa,

instrutora de SCO.

Região Sudeste

Os exercícios simulados foram realizados em comunidades nos Estados de São

Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro.

Comunidade do Bairro Village, Nova Friburgo, Rio de Janeiro;

Comunidade Morro da Oficina/Alto da Serra, Petrópolis, Rio de Janeiro;

Comunidade de Jardim Damaceno, Freguesia do Ó, São Paulo, São Paulo;

Comunidade de Vila do Itaú, Contagem, Minas Gerais;

Comunidade do Bairro Jaburu, Vitória, Espírito Santo.

93 Simulados de Preparação a Desastres - SPD

Avaliadores por comunidade

Bairro Village - Nova Friburgo – Rio de Janeiro - Avaliador: Alexandre Lucas Alves,

Coordenador da Defesa Civil de Belo Horizonte, Minas Gerais;

Morro da Oficina/Alto da Serra - Petrópolis – Rio de Janeiro - Avaliador: Major

André Có Silva;

Vila Itaú, Contagem, Minas Gerais - Avaliadora: Michely Márcia Martins – Geógrafa,

pesquisadora CEPED UFSC;

Jaburu, Vitória, Espírito Santo - Avaliador – Fabiano de Souza, Gerente de Resposta,

Secretaria de Defesa Civil de Santa Catarina.

Região Sul

Os exercícios simulados foram realizados em três comunidades, uma comunidade

em cada estado da região sul do país, conforme:

Comunidade do Bairro Canudos – Vila Getúlio Vargas, Nova Friburgo, Rio

Grande do Sul;

Comunidades de Portinho e Graciosa, Antonina, Paraná;

Comunidade Velha Pequena, Blumenau, Santa Catarina.

Avaliadores por comunidade

Bairro Canudos – Vila Getúlio Vargas, Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul -

Avaliador: Agnaldo Pereira de Souza, Tenente Coronel da policia Militar;

Portinho e Graciosa, Antonina, Paraná - Avaliador: Luis Fernando Santos

Carlos;

Velha Pequena, Blumenau, Santa Catarina - Avaliador: Luis Arthur Teixeira

Vieira.

94 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Os exercícios de simulado foram realizados em cada região pela Coordenadoria de

Defesa Civil Municipal, com exceção do simulado de São Paulo, Comunidade de

Jardim Damasceno, Freguesia do Ó, que foi cancelado pela Defesa Civil do município

um dia antes do evento. O argumento para tal decisão estava relacionado ao risco

de violência local. Não ocorreu outro simulado no estado no ano de 2011 vinculado

ao projeto SPD.

Os simulados tiveram basicamente a mesma metodologia, mudando apenas alguns

pontos que foram adaptados a cada comunidade. A princípio, era identificada a área

para a realização do exercício e feitas as mobilizações ressaltando a importância da

participação dos moradores no simulado. Foram entregues convites, folders de

orientação, camisetas, capas de chuva e passadas orientações aos moradores

selecionados sobre a metodologia do simulado.

Em paralelo, era realizada uma reunião final de apronte dos exercícios com a

participação de todos os órgãos envolvidos. Assim que a Coordenadoria de Defesa

Civil recebia o aviso de alerta de chuvas fortes iniciava-se a operação simulada. Os

profissionais transmitiam o aviso na região de inundação e deslizamentos na área

de risco, reuniam-se próximo ao local do simulado e deslocavam-se para a área de

risco a fim de iniciarem a simulação do abandono das casas e o deslocamento até

uma área segura - o abrigo onde os moradores seriam acolhidos.

Chegando ao abrigo os profissionais preenchiam um cadastro/registro das famílias,

através de fichas de identificação de perfil já padronizadas. Os moradores também

recebiam um kit com material de higiene.

Em seguida era realizada uma palestra de orientação sobre como agir em situações

de emergências, como prevenir acidentes e como portar-se dentro de abrigos. Na

finalização do exercício foram distribuídos certificados de participação aos

envolvidos.

95 Simulados de Preparação a Desastres - SPD

5.3.3 Avaliação Geral dos Resultados

A avaliação dos simulados foi realizada tanto pelo nível local, responsável pela

organização e execução do evento, como pelos avaliadores do Centro Universitário

de Estudos e Pesquisas sobre Desastres da Universidade Federal de Santa Catarina

(CEPED UFSC). Uma primeira avaliação ocorreu após os simulados da região

Nordeste, quando os resultados foram discutidos e consolidados para a construção

do Guia de Orientações para elaboração de Simulados de Preparação a Desastres.

Este relatório apresenta a avaliação técnica realizada pelos profissionais do Centro

Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres, CEPED UFSC. O foco da

avaliação foi orientado por dois eixos principais: primeiro, a realização do exercício

em si e, segundo, o plano de contingência utilizado. Optou-se por abordar em cada

eixo os aspectos gerais dos simulados realizados nas regiões.

Primeiro Eixo: Avaliação do Exercício Simulado

Quanto Ao Envolvimento Das Coordenadorias Municipais E Estaduais De

Defesa Civil

Os simulados foram diretamente coordenados pelas defesas civis municipais, com o

constante apoio das defesas civis estaduais. De modo geral, foi possível observar

muito empenho por parte das coordenadorias municipais para executar o exercício,

realizando reuniões e envolvendo diferentes instituições locais. Em alguns casos, o

Estado se fez mais presente que outros, disponibilizando diferentes recursos.

Entende-se que a articulação promovida pela SEDEC foi importante para estimular a

parceria entre órgãos, motivando-os para uma ação conjunta. Uma evidência mais

concreta deste envolvimento pôde-se verificar naqueles estados e municípios que

96 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

deram continuidade à proposta, realizando simulados em outras comunidades por

iniciativas próprias.

Quanto A Participação De Entidades Parceiras

Em todos os simulados houve a participação de agências vinculadas à Defesa Civil,

de modo que os exercícios viabilizaram, de certa forma, o estreitamento das

relações entre esses organismos no âmbito municipal. A qualidade desta

participação diverge de simulado para simulado, por diferentes razões:

1) Existência de um plano, guia ou roteiro de ações a serem adotados por cada

entidade. Quando havia um plano e as agências tinham conhecimento

integral da sua participação no exercício, a participação das mesmas se

apresentava mais efetiva, como foi o caso de Salvador, Blumenau, Antonina;

2) Os exercícios construídos a partir de reuniões de planejamento com as

diferentes agências simularam ocorrências mais complexas, inserindo no

roteiro situações agravantes, envolvendo, assim, a participação específica de

outras organizações. Este aspecto foi observado, por exemplo, nos exercícios

realizados em Vitória e Blumenau;

3) Geralmente, estiveram envolvidos com a Defesa Civil: Corpo de Bombeiros,

Policia Municipal e Militar, SAMU, Assistência Social, Secretaria Municipal de

Saúde. Alguns exercícios mobilizaram a Secretaria Municipal do Trabalho

(Salvador); outros mobilizaram a Marinha do Brasil (Antonina); as

organizações de radiamadores foram acionadas em diversos simulados;

4) É importante enfatizar aqueles que envolveram a participação contundente

dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil, em diversos municípios.

97 Simulados de Preparação a Desastres - SPD

Quanto A Mobilização Da Comunidade

A mobilização comunitária foi passo fundamental para garantir a participação da

comunidade nos exercícios realizados, objetivo do projeto. O número de famílias

envolvidas em cada exercício variou de município para município, de acordo com os

números relatados pelos observadores do CEPED UFSC; conforme quadro a seguir,

foram mobilizadas em torno de 1.174 pessoas das comunidades, nas três regiões

do país:

Quadro 8 – Número aproximado de pessoas das comunidades mobilizadas

Estado Município Número de pessoas da

comunidade mobilizadas

(números aproximados)

Pernambuco Recife 60

Bahia Salvador 60

Alagoas Maceió 50

Rio de Janeiro Petrópolis 40

Rio de Janeiro Nova Friburgo 250

Minas Gerais Contagem 80

São Paulo São Paulo -

Espírito Santo Vitória 64

Paraná Antonina 199

Rio Grande do Sul Novo Hamburgo 300

Santa Catarina Blumenau 71

Total 1.174

Fonte: CEPED UFSC, 2011.

98 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

As metodologias para realizar a mobilização foram muito semelhantes. Os

municípios selecionaram comunidades nas quais já desenvolviam trabalho prévio ou

já tinham contatos estabelecidos, o que facilitou o processo de mobilização para o

simulado. Grande parte deles optou como estratégia o desenvolvimento de reuniões

com o objetivo de explicar os objetivos dos exercícios e os procedimentos para

participação.

Algumas coordenadorias, além de identificar e mapear as famílias em áreas de risco,

mobilizaram apenas aquelas que seriam afetadas caso a ameaça de desastre se

confirmasse de acordo com o cenário descrito para o simulado. Houve

coordenadorias que dividiu a comunidade em setores e realizou a mobilização dessa

forma. Outras mobilizações foram feitas por grupos dos serviços de engenharia, de

assistência social e de saúde, os quais entregaram convites de casa em casa e

explicaram aos moradores selecionados a metodologia do simulado, como foi o

caso de Recife.

Outra estratégia identificada foi utilizar a NUDEC como ponto de partida da

mobilização, solicitando que os seus integrantes organizassem a participação da

sua comunidade. Em municípios em que não havia NUDECs o contato com as

lideranças comunitárias se apresentou bastante precário.

A remoção de representações significativas da comunidade sem necessariamente

envolver todos os moradores, reduziu o transtorno para a localidade, sem prejuízo

para a visibilidade e realismo do exercício.

A SEDEC enviou alguns recursos de comunicação, como folder e convites. Algumas

coordenadorias criaram outros instrumentos, como cartazes e carros de som para

reforçar a participação da comunidade. Alguns municípios elaboraram material

audiovisual para orientação, utilizado na reunião de preparação, apresentando

mapas e guias de procedimentos bastante claros à comunidade envolvida.

99 Simulados de Preparação a Desastres - SPD

Em alguns municípios, o local para a realização do exercício foi selecionado pelo

histórico de ocorrências e não por um plano de contingência no qual estivessem

detalhadas as ações de evacuação e abrigagem. Foi observada, também, a intensa

participação de mulheres com crianças de colo, demonstrando que muitas pessoas

acreditaram e se envolveram, mesmo em circunstâncias adversas.

Os municípios utilizaram recursos diversos para estimular a participação

comunitária: entrega de brindes, oferta de lanches e refeições, de serviços de saúde

ou assistência, entre outros. Houve município que ofertou, porém não divulgou, e

mesmo assim a comunidade esteve presente, como foi o caso de Contagem, em

Minas Gerais.

Quanto à Sequência de Eventos

A SEDEC, em material de orientações ao gestor, sugeriu em um roteiro básico de

condução do exercício que a atividade dos simulados ocorresse em meio período, o

que efetivamente ocorreu em grande parte.

Em Blumenau, por exemplo, algumas atividades já estavam sendo desenvolvidas no

dia anterior e o exercício simulou um cenário que se inicia na madrugada do dia

efetivo do exercício, às cinco horas da manhã.

Dessa forma, a sequência de atividades planejadas seguiu as recomendações, a

partir das tarefas básicas:

A Secretaria Nacional de Defesa Civil emite um aviso simulado de alerta,

através do CENAD, para a Coordenadoria Estadual e Municipal de Defesa Civil,

em função de chuvas intensas na região e risco de inundação e deslizamentos

na área de risco. Depois, a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil emitirá

um alerta simulado de risco para a comunidade selecionada.

100 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil emite para a comunidade

selecionada um alarme simulado de evacuação, através de visita de casa em

casa.

Profissionais da Defesa Civil e autoridades locais auxiliam a comunidade no

processo de evacuação

Profissionais da Defesa Civil e autoridades locais, utilizando ônibus,

transportam as pessoas do ponto de concentração até a área de abrigo (área

segura).

Credenciamento das pessoas da comunidade na área de abrigo pelos

profissionais da Defesa Civil e autoridades locais.

Realização de uma palestra de orientação.

Agradecimento e encerramento do exercício simulado

Quanto Ao Comando De Operações

Na grande maioria dos exercícios não foi utilizado o modelo de gestão do SCO para

coordenar as ações do simulado. Em Salvador, a CODESAL utilizou alguns

instrumentos do SCO para a coordenação do exercício, como a assunção formal do

comando, a utilização de um Posto de Comando Único, a implementação do

Comando Unificado, a integração das comunicações, dos recursos, das informações

e dos contatos com a mídia, entre outros.

Contudo, a coordenação do exercício no local da operação não foi formalmente

assumida em todos os municípios, estabelecendo um posto de comando e um

comando unificado formado.

No simulado realizado em Antonina, PR, foi implementada a ferramenta de

gerenciamento SCO, com o posto de comando. Além disso, foi utilizado simulado de

101 Simulados de Preparação a Desastres - SPD

mesa para demonstrar aos envolvidos e observadores o que estava ocorrendo. A

metodologia pode favorecer o planejamento dos simulados e, fundamentalmente, o

envolvimento dos atores no processo.

Na implementação do Posto de Comando, foi observado que um controle mais

rigoroso do acesso à instalação teria reduzido a interferência externa sobre os

coordenadores, principalmente da mídia e de convidados, permitindo uma atuação

mais tranquila. A falta de controle no acesso ao posto de comando e as demandas

excessivas da mídia presentes atrapalharam as atividades do coordenador do

exercício em alguns momentos, porém, sem prejuízo para a simulação.

No simulado de Blumenau também foi utilizada a ferramenta de SCO.

Os observadores, avaliadores e staff do exercício não estavam identificados com

ostensividade (coletes, por exemplo), dificultando em determinados momentos

definir o papel dos envolvidos durante a observação.

A opção de não utilizar a camiseta do simulado durante o exercício, mas sim a sua

distribuição ao final do evento, dificultou a diferenciação dos envolvidos da

comunidade em relação aos demais moradores e curiosos, prejudicando o controle

em alguns momentos.

Quanto Ao Tempo E Forma De Deslocamento Das Pessoas

Recife, PE

Utilizou-se o ônibus como meio de deslocamento da população ao abrigo na grande

maioria dos exercícios realizados. As pessoas seguiram as rotas de fuga

determinadas pela coordenação e as orientações feitas durante a mobilização.

Destaca-se como ponto positivo, a disposição de equipes da Guarda Municipal de

Recife para a execução do serviço de segurança patrimonial das casas desocupadas,

durante todo o exercício, para evitar qualquer problema nas residências

102 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

selecionadas (essas equipes permaneceram realizando a segurança da área de risco

durante todo o tempo do simulado). Salvador também teve este apoio e o do SAMU

para atendimento a problemas de saúde durante o processo de abandono; as ações

foram muito bem planejadas e executadas, assim como a retirada de um portador

de necessidade especial cadeirante, por equipe do Corpo de Bombeiros.

Em Petrópolis, Antonina e Contagem o deslocamento foi realizado a pé, tendo em

vista que havia pouca distância das habitações ao abrigo. Avalia-se, contudo, que

em situação de desastres as pessoas costumam carregar objetos pessoais, e que o

simulado deveria prever outra forma de deslocamento. Também para as pessoas

que necessitam de auxílio para mobilidade.

Quanto Às Atividades Desenvolvidas Nos Abrigos

A parceria da Secretaria de Assistência Social na execução dos exercícios simulados

foi muito importante para realizar o cadastramento das famílias na chegada ao

abrigo. Algumas coordenadorias já possuíam fichas padronizadas, outras criaram

fichas para serem utilizadas durante o exercício.

Diferentes atividades foram realizadas nestes espaços. Recife, por exemplo,

distribuiu kits de higiene.

O cuidado com as crianças foi observado em diferentes municípios, deslocando-as

para lugares mais adequados, com áreas de recreação e desenvolvimento de

atividades lúdicas.

Em alguns municípios foi oferecido refeição ou lanche aos participantes e

distribuição de material educativo. Em Petrópolis não foi desenvolvida nenhuma

atividade, apenas o cadastramento das pessoas.

103 Simulados de Preparação a Desastres - SPD

Quanto Ao Fechamento Das Atividades

O fechamento era frequentemente realizado com as palavras dos representes do

poder público e das coordenadorias ali presentes. Alguns municípios distribuíram

certificados de participação aos envolvidos e ofereceram refeição.

Outros exercícios priorizaram uma roda de conversa entre os participantes,

oportunizando que lideranças comunitárias se manifestassem quanto à realização

da atividade. Em Salvador os serviços oferecidos no abrigo permaneceram

disponíveis no período da tarde, fazendo com que outras pessoas da comunidade

também tivessem acesso às informações relacionadas ao simulado.

Quanto À Avaliação Do Processo

A grande maioria dos municípios não utilizou instrumento para a avaliação do

exercício. No Paraná foi cronometrado o tempo de deslocamento da comunidade ao

abrigo. Em quase todos os simulados foi observada a realização de avaliação

informal de reação do exercício, que geralmente ocorre imediatamente após o

exercício e antecede a análise crítica, normalmente mais demorada e em data

posterior. No Paraná optou-se por realizar a avaliação crítica dois dias após a

execução do exercício.

A separação entre a avaliação do simulado (do planejamento, preparação e

execução do exercício) e da qualidade do plano de contingência não estava evidente

e clara, nem no papel dos observadores externos nem no produto da avaliação em

forma de relatório.

104 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Avaliação Geral Dos Planos De Contingência – Segundo Eixo

Planejamento Prévio

Não havia Planos de Contingências prévios, específicos para as comunidades

nas quais foram realizados os exercícios simulados. Os Planos de

Contingência utilizados foram elaborados para execução da atividade.

Em alguns municípios, o local para a realização do exercício foi selecionado

pelo histórico de ocorrências e não por um plano de contingência no qual

estivessem detalhadas as ações de evacuação e abrigagem.

Preparação e Conhecimento Prévio do Plano

Como os planos foram elaborados para a execução do exercício, não havia

um histórico de preparação e divulgação dos planos e condutas a serem

adotados em caso de desastre pela comunidade e agências.

Em muitos municípios foi observada a divulgação do plano do exercício

simulado, divulgando os papéis e responsabilidades das agências envolvidas.

Notificação (alerta e alarme)

Alerta e alarme do nível nacional para a Defesa Civil Municipal foi efetivo para

os exercícios simulados.

No alerta às comunidades, o uso de carros de som, de lideranças

comunitárias para repassar a informação, e a própria atuação de técnicos de

Defesa Civil em visitas domiciliares, também foram efetivos. Em atividades

semelhantes, a combinação destes diferentes meios de comunicação com a

105 Simulados de Preparação a Desastres - SPD

comunidade tende a ser a estratégia mais adequada como alarme a

desastres.

No alarme às comunidades, já no dia do simulado, apesar da disponibilidade

e uso de vários instrumentos, a atuação dos técnicos de Defesa Civil,

visitando as famílias previamente mapeadas, mostrou-se mais eficaz.

Rotas de Fuga

As rotas de fuga utilizadas apresentaram diferentes entraves. Medidas

prévias de preparação das rotas poderiam minimizar os problemas

encontrados como, por exemplo, a sinalização prévia.

E, ainda, algumas das limitações encontradas nas rotas de fuga seriam

sanadas com a elaboração prévia de um Plano de Contingência específico

para cada localidade.

Todas as rotas de fuga previam o uso de veículos para o deslocamento das

pessoas ao abrigo, o que torna o abandono da região dependente de uma

logística que pode não estar disponível em uma situação real.

Abrigos

De modo geral, os abrigos atenderam às necessidades do exercício. Em

alguns municípios os abrigos estavam localizados em área de risco, próximo

às margens dos rios, o que deveria ser revisto pela COMDEC. Outros

selecionaram escolas quando havia a possibilidade de utilizar outros locais

como abrigo.

Em um cenário ampliado, com maior número de pessoas a serem removidas,

o que era possível em todos os cenários utilizados para os exercícios, alguns

abrigos selecionados não atenderiam a demanda.

106 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Importante considerar que, em caso de necessidade de permanência

prolongada, alguns abrigos utilizados não seriam adequados.

5.4 Produção Gráfica e Outros Produtos

Figura 60 – Folder de divulgação Salvador e Recife

Fonte: CEPED UFSC, 2011.

107 Simulados de Preparação a Desastres - SPD

Figura 61– Folder de divulgação Maceió e Nova Friburgo

Fonte: CEPED UFSC, 2011.

Figura 62 – Folder de divulgação Vitória e Blumenau

Fonte: CEPED UFSC, 2011.

108 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Figura 63 – Folder de divulgação Novo Hamburgo e Petrópolis

Fonte: CEPED UFSC, 2011.

Figura 64 – Folder de divulgação Contagem e São Paulo

Fonte: CEPED UFSC, 2011.

109 Simulados de Preparação a Desastres - SPD

5.5 Manual de Orientação para os Gestores

1. INTRODUÇÃO

Independentemente do sistema de alerta antecipado que concebemos, o

treinamento e a educação das populações é essencial para construir mecanismos de

enfrentamento aos desastres e aos riscos que estão expostas.

Um sistema de alerta antecipado deve ser implementado de acordo com a cultura

local, a tecnologia disponível, a linguagem e o nível de educação das populações

potencialmente afetadas. Por isso, é importante que as comunidades participem na

tomada de decisão acerca de qual sistema alerta e monitoramento utilizar, sendo,

também, capacitadas para o mesmo.

Sem investimentos na área de sensibilização das populações em relação aos riscos a

que estão sujeitas e nos trabalhos de comunicação desses riscos, falharemos, quer

estejamos a falar de chuvas fortes, enchentes, inundações ou mesmo outras

ameaças como secas, ventos fortes, incêndios florestais, epidemias, etc..

Assim, o público em geral, especialmente as populações mais vulneráveis, devem

ser envolvidas, antecipadamente, no desenvolvimento das medidas para a redução

dos riscos, pois não basta limitarmos nossa ação a dizer às populações o que

devem fazer em caso de risco, devemos envolver efetivamente as populações nas

soluções antes da ocorrência dos desastres, o que requer que o acento tônico da

boa administração pública seja posto na boa governança, na transparência e no

diálogo em todos os níveis da sociedade civil, possibilitando uma gestão integrada

dos riscos de desastres.

Em parceria com a Secretaria Nacional de Defesa Civil, do Ministério da Integração

Nacional, e com o apoio logístico e técnico das Coordenadorias Estaduais de Defesa

Civil de Alagoas, Bahia e Pernambuco e do Centro Universitário de Estudos e

110 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Pesquisas sobre Desastres da Universidade Federal de Santa Catarina (CEPED UFSC),

as Coordenadorias Municipais de Defesa Civil de Maceió (AL), Recife (PE) e Salvador

(BA) irão realizar um exercício Simulado de Preparação para Desastres (SPD).

O evento está programado para ocorrer nos dias 27 e 28 de maio de 2011,

simultaneamente em cada um dos municípios, com o intuito de capacitar as

comunidades residentes em área de risco para atuar preventivamente em situações

de desastre. Futuramente pretende-se consolidar procedimentos e conteúdos para a

criação de um sistema permanente de monitoramento, alerta e alarme (sistema de

alerta antecipado).

2. O QUE É UM SISTEMA DE ALERTA ANTECIPADO?

Um sistema de alerta antecipado centrado na comunidade consiste na transmissão

rápida de dados que ativem mecanismos de alarme em uma população previamente

treinada para reagir a um desastre.

3. QUAL O OBJETIVO DE UM SISTEMA DE ALERTA ANTECIPADO?

O objetivo dos sistemas de alerta antecipado centrados na população é capacitar as

pessoas e comunidades que enfrentam algum tipo de ameaça (tipo enchente ou

inundação) para que atuem com tempo suficiente e de modo adequado para reduzir

a possibilidade de que se produzam danos (humanos, materiais e ambientais) e

prejuízos (econômicos e sociais).

4. SITUAÇÃO

A ocorrência de chuvas fortes em regiões metropolitanas é frequente e tem

representado um problema cada vez maior devido à impermeabilização do solo e a

111 Simulados de Preparação a Desastres - SPD

ocupação irregular, que provoca enchentes e inundações rápidas com danos e

prejuízos diversos.

Tal problemática é fortemente sentida na região nordeste brasileiro, que sofre com

precipitações concentradas no meio do ano, especialmente a partir de maio.

Exatamente por isso, o Ministério da Integração Nacional (MI), através do

Departamento de Minimização de Desastres, da Secretaria Nacional de Defesa Civil

(SEDEC) estabeleceu uma parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina

(UFSC), através do Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres

(CEPED), para desenvolver um Projeto de desenvolvimento de um sistema de alerta

antecipado contra inundações, bem como, uma série de exercícios simulados de

evacuação comunitária nos Estados de Alagoas, Bahia e Pernambuco.

5. ESTRUTURAÇÃO DO PROJETO

A estruturação do projeto terá base em três requisitos fundamentais, a saber:

- O apoio nacional, estadual, municipal e local, de forma continuada e integral;

- A responsabilidade política para promoção de estratégias integradas de sistemas

de alerta antecipado (monitoramento, alerta e alarme) para ameaças decorrentes de

fenômenos hidrometeorológicos;

- A importância da dimensão humana e da ampla participação comunitária das

populações residentes em áreas de risco dentro do sistema de alerta antecipado.

Além disso, os treinamentos e a realização dos exercícios simulados de preparação

para desastres devem ser igualmente estruturados a partir de três componentes

distintos:

- A identificação técnica (avaliação) e monitoramento das ameaças;

112 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

- A preparação de um sistema de monitoramento de riscos e comunicação (alerta e

alarme); e

- A resposta ao alarme mediante a mobilização e evacuação das populações

residentes nas áreas de risco que precisam ser deslocadas para áreas seguras.

6. PROGRAMAÇÃO BÁSICA DO EXERCÍCIO SIMULADO

Independentemente do local onde será realizado o simulado, a Coordenadoria

Estadual e Municipal de Defesa Civil deverão programar-se com base no seguinte

modelo passo a passo:

1) Identificação de uma comunidade de risco para participação no simulado (até

16/05)

2) Entrega do convite para a comunidade selecionada (mobilização comunitária – até

20/05)

3) Distribuição de um kit de casa em casa para os participantes (folder de

orientação, camiseta e capa de chuva) e cadastramento das famílias participantes

(até 26/05)

4) A Secretaria Nacional de Defesa Civil vai emitir um aviso simulado de alerta para a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil em função de chuvas intensas na região e

risco de inundação e deslizamentos na área de risco. Depois a Coordenadoria

Municipal de Defesa Civil emitirá um alerta simulado de risco para a comunidade

selecionada através de torpedo SMS via celular ou carro de som (em 27/05).

5) A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil emite para a comunidade selecionada

um alarme simulado (não real) de evacuação através de visita de casa em casa e

carro de som ou similar (09h do dia 28/05).

113 Simulados de Preparação a Desastres - SPD

6) Profissionais da Defesa Civil e autoridades locais auxiliam a comunidade no

processo de evacuação (saída das casa e deslocamento até a ponto de concentração

– até às 10h do dia 28/05).

7) Profissionais da Defesa Civil e autoridades locais transportam as pessoas da

comunidade através, de ônibus, do ponto de concentração até a área de abrigo (área

segura).

8) Credenciamento das pessoas da comunidade na área de abrigo pelos

profissionais da Defesa Civil e autoridades locais.

9) Realização de uma palestra de orientação (até às 11h30 do dia 28/05).

10) Agradecimento e oferta de um almoço pelos organizadores e encerramento do

exercício simulado (12h do dia 28/05), seguido do retorno das pessoas à

comunidade.

7. ELEMENTOS PRINCIPAIS

Um sistema completo e eficaz de alerta antecipado compreende quatro elementos

interrelacionados (conhecimento dos riscos; serviços de monitoramento, alerta e

alarme; difusão e comunicação; e capacidade de resposta), que vão desde o

conhecimento das ameaças e vulnerabilidades (avaliação de riscos) de uma

determinada área até a preparação e capacidade de resposta ao desastre (evacuação

bem sucedida).

a) CONHECIMENTO DOS RISCOS

Os riscos se devem a uma combinação de ameaças e vulnerabilidades em uma área

determinada. A avaliação de risco requer a coleta e análise sistemática de

informações e deve levar em conta a natureza dinâmica das ameaças e

114 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

vulnerabilidades produzidas por processos de urbanização, mudanças no uso da

terra em zonas rurais, degradação ambiental e mudanças climáticas. As avaliações e

os mapas de riscos ajudam a motivar a população, estabelecendo prioridades para

as necessidades dos sistemas de alerta antecipado e servem de guia para os

preparativos de prevenção e resposta aos desastres.

b) SERVIÇOS DE MONITORAMENTO, ALERTA E ALARME

Os serviços de monitoramento, alerta e alarme contra desastres são um

componente fundamental do sistema. É necessário contar com uma base científica

sólida para antecipar e prevenir ameaças e com um sistema confiável de previsão,

alerta e alarme que funcione 24 horas por dia. O monitoramento contínuo das

ameaças é essencial para o desenvolvimento de avisos de alerta e alarme precisos e

adequados. Os serviços de alerta e alarme para as várias ameaças devem ser

coordenados, na medida do possível, aproveitando as redes de comunicação

formais (institucionais) e as redes de comunicação informais existentes na

comunidade.

c) DIFUSÃO E COMUNICAÇÃO

Os avisos de alerta e alarme devem chegar até as pessoas em perigo com

antecipação suficiente para permitir o preparo. A geração de respostas adequadas

que ajudem a salvar vidas e meios de subsistência às populações afetadas exigem

mensagens claras que forneçam informações simples e úteis, especialmente sobre o

que fazer diante do desastre. Talvez o maior desafio, durante as primeiras horas

após um desastre, seja garantir que a informação passada à imprensa e à população

seja clara e reflita as necessidades prioritárias das pessoas nas áreas afetadas.

Assim, aspectos da comunicação e a relação entre pessoas e organizações públicas

115 Simulados de Preparação a Desastres - SPD

de resposta com os meios de comunicação acabam por se converter em uma

variável fundamental para a gestão eficiente e eficaz do desastre como um todo. Por

isso, é necessário que se definam antecipadamente os sistemas de comunicação que

serão utilizados e quem serão os porta-vozes autorizados. A utilização de múltiplos

canais de comunicação é essencial para garantir que o alerta e alarme alcance tantas

pessoas quanto possível.

d) CAPACIDADE DE RESPOSTA

É de suma importância que as comunidades compreendam os riscos que correm,

respeitem os serviços de alerta e alarme e saibam como agir diante de emergências

e desastres. A esse respeito, os programas de educação e preparação desempenham

um papel fundamental. No entanto, mesmo assim, é essencial que hajam planos de

contingência para orientar a resposta aos desastres, planos estes construídos com

ampla participação comunitária, objeto de prática e submetidos à prova. As pessoas

que vivem em áreas de risco devem aprender a conviver com os riscos e estar muito

bem informadas sobre como agir diante de alertas antecipados sobre desastres,

como adotar comportamentos seguros, quais as melhores rotas de fuga e as

melhores maneiras de evitar danos e prejuízos.

8. ATORES DO PROCESSO

O planejamento e a implementação de um sistema eficaz de alerta antecipado

requer a contribuição e a coordenação de uma grande variedade de pessoas, grupos

e organizações. A seguir, você encontrará uma breve explicação sobre esses grupos,

suas funções e responsabilidades:

116 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

a) As comunidades: em particular, aquelas mais vulneráveis, que representam o

ponto fundamental dos sistemas de alerta antecipado para riscos e desastres. Faz-

se necessário que as comunidades participem ativamente de todos os aspectos do

planejamento e da implementação de tais sistemas, que conheçam as ameaças a

que estão expostas e que possam adotar medidas para reduzir ao mínimo a

possibilidade de sofrerem danos e prejuízos.

b) As autoridades locais: da mesma forma que as pessoas e as comunidades,

constituem o núcleo de um sistema eficaz de alerta antecipado para riscos e

desastres. Os governos estaduais e nacional devem apoiar as autoridades locais e

estas devem conhecer profundamente as ameaças a que estão expostas suas

comunidades e participar ativamente da criação e manutenção dos sistemas de

alerta antecipado. As autoridades locais devem conhecer também as informações e

recomendações básicas diante de um desastre e estar em condições de assessorar,

instruir e garantir a participação da população local a fim de ampliar a segurança

pública e reduzir a possibilidade de perdas e danos na comunidade.

c) Os governos nacionais: são os responsáveis pelas políticas públicas e

regulamentações que facilitam um sistema eficaz de alerta antecipado para riscos e

desastres. Também coordenam os sistemas de monitoramento, alerta e alarme que

preveem e emitem os alertas nacionais de ameaça. Os governos nacionais devem

atuar integrados com as estruturas internacionais, regionais e locais, para reforçar a

capacidade dos sistemas e encarregar-se de que os alertas e as respostas sejam

dirigidos a todos, especialmente às populações mais vulneráveis. Outra função

importante do governo nacional é a de apoiar e prestar ajuda às comunidades e

governos locais para que esses possam desenvolver suas capacidades operativas de

resposta a desastres.

117 Simulados de Preparação a Desastres - SPD

d) As organizações civis: auxiliam na conscientização entre as pessoas,

comunidades e organizações que participam do sistema de alerta antecipado.

Podem desempenhar um papel importante na promoção de sistemas de alerta

antecipado, de forma que os mesmos se mantenham na agenda dos governos e dos

encarregados pela formulação de políticas públicas.

e) O setor privado: geralmente atua em sistemas de alerta antecipado destinados a

suas próprias organizações, no entanto, possui um grande potencial ainda não

aproveitado em relação à administração de serviços especializados, conhecimentos

aplicados e oferta de donativos, bens e serviços.

f) A comunidade científica e acadêmica: também tem papel relevante quando

oferece apoio científico e técnico especializado para ajudar governos e comunidades

a desenvolver sistemas de alerta antecipado. Suas competências são fundamentais

na análise de riscos de ameaças naturais e na elaboração de serviços de tabulação

de dados, intercâmbio de informações, tradução de informações científicas em

mensagens compreensíveis e na difusão de alertas às pessoas em risco.

118 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

119 Estudo/Pesquisa

6 ESTUDO/PESQUISA

Contextualização e Justificativa

Os registros do relatório elaborado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças

Climáticas – IPCC, 9 da Organização das Nações Unidas – ONU, divulgado em

fevereiro de 2007, evidenciam que, no futuro próximo, eventos adversos serão mais

frequentes e agudos por força do aumento dos fatores de risco decorrentes de

mudanças ambientais e ocupação do espaço urbano.

Um conjunto de fatores está relacionado à produção dos riscos de desastres, entre

eles a redução gradativa dos recursos naturais e energéticos; o aumento do uso de

substâncias químicas, biológicas e nucleares; a má distribuição de renda; o inchaço

desordenado da população dos centros urbanos e a ampliação das áreas

metropolitanas; as deficiências estruturais e de infraestrutura; especialização,

organização e globalização do crime, entre outros.

De acordo com dados obtidos em pesquisas feitas pelo CEPED UFSC (PNGR, 2011), a

quantidade de desastres registrados no país vem aumentando significativamente.

Nas últimas duas décadas, o número de desastres registrado é tão grande quanto,

senão maior, que o registrado em quase quinhentos anos de história. O gráfico a

seguir evidencia o número de ocorrências registradas nos últimos dez anos no

Brasil.

9 IPCC. Disponível em: <www.ipcc.ch>. Acesso em: 25 abr. 2011.

120 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Figura 65 – Número de ocorrências de desastres entre 2000 - 2010

Fonte: CEPED UFSC, 2012.

É possível observar a diferença entre os números relativos aos primeiros anos da

década (aproximadamente 8 mil ocorrências registradas entre 2000 a 2005) e aos

últimos anos (aproximadamente 13.350 ocorrências registradas entre 2005 e 2010)

(PNGR, CEPED UFSC, 2011). Obviamente que além do aumento no numero de

ocorrências também aumentou o número de registros.

Das ocorrências informadas, por meio do preenchimento de Relatório de Danos,

AVADANs (Avaliação de Danos), NOPREDs (Notificação prévia de desastres), e

registros de jornais, 37% referem-se a estiagens, 28% a enxurradas, 17% a

enchentes ou inundações graduais e 18% a outros tipos de eventos adversos.

À vista do recrudescimento das ameaças, e da evidência que grande parte das

ocorrências incide sobre os contextos urbanos e provocam enormes danos

econômicos e sofrimento humano, não é de estranhar que o tema defesa civil esteja

integrado nas ações dos governos preocupados em buscar alternativas para

minimizar os riscos e tornar as cidades mais seguras. É fundamental, contudo, a

existência de condições legais e estruturais, plataformas, diretrizes e programas,

para que se possa gerenciar os riscos e minimizar as vulnerabilidades, em todos os

níveis de governo (municipal, estadual e federal), e de ação (comunitária).

0

500

1000

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

350

751

1367 1683 1671 2186 1436 2127 2106 2884 2613

121 Estudo/Pesquisa

Será que o país está preparado para enfrentar o número sempre crescente de

ocorrências de desastres?

Como se sabe, defesa civil engloba tudo o que, direta ou indiretamente, afeta o ser

humano na forma de desastre. Consequentemente, desastre não é somente o

resultado negativo de algum evento adverso, anunciado ou não. Desemprego,

analfabetismo, endemias, epidemias, acidentes de trânsito, acidentes com crianças

e idosos, enchentes, estiagens, desertificação do solo, fome, desnutrição, tráfico de

drogas e suas implicações, poluição das águas, incêndios florestais, desmatamento,

tudo isso e muito mais, são desastres.

Naturalmente, é impossível a um único órgão tratar de todas as questões de

proteção à sociedade. Por isso, quando se fala de defesa civil, fala-se de sistema,

com um órgão coordenando as ações dos diversos órgãos responsáveis pelas

funções de governo que visam à proteção do indivíduo e da sociedade.

Como os desastres tendem a se tornar cada vez mais complexos, recorrentes, e

onerosos, é forçoso reconhecer a necessidade de se tomar atitudes mais concretas

visando integrar os diversos órgãos do SINDEC no levantamento das áreas de risco,

diagnóstico e execução de obras que minimizem os efeitos negativos dos eventos

adversos.

Mas, a Secretaria Nacional de Defesa Civil – SEDEC, responsável pela articulação,

coordenação e supervisão técnica do SINDEC, tem dificuldade para exercer suas

atribuições, talvez porque seja apenas uma secretaria vinculada ao Ministério da

Integração Nacional, com pouca autonomia para implementar e, principalmente,

coordenar as ações abrangentes de proteção à população junto a outras instâncias

do poder público.

O fortalecimento institucional para o compromisso com a proteção civil possibilitará

a construção da corresponsabilidade entre os setores sociais. Entenda-se: sociedade

122 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

civil, poder público e iniciativa privada articulados em rede. A importância desta

articulação entre diversas esferas de atuação e do fortalecimento das organizações

locais de gestão de riscos tem sido tema das contribuições da Estratégia

Internacional para Redução de Riscos (EIRD), criada com o Marco de Ação de Hyogo

em 1995.

Com a finalidade de avaliar a estrutura e funcionamento do Sistema Nacional de

Defesa Civil, e as propostas decorrentes da 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil,

a Secretaria Nacional de Defesa Civil solicitou uma pesquisa ao Centro Universitário

de Estudos e Pesquisas sobre Desastres - CEPED UFSC.

Além de um breve diagnóstico, o documento a seguir apresenta um conjunto de

propostas que podem auxiliar no planejamento da SEDEC com relação à Redução de

Riscos de Desastres.

Objetivos

Desenvolver estudo que analise a estrutura e funcionamento da Defesa Civil,

à luz das propostas decorrentes da 1ª CNDC;

Elaborar propostas que contribuam com o planejamento da SEDEC com

relação à redução de riscos de desastres.

Desenvolvimento

A pesquisa foi realizada a partir de análise documental, utilizando-se os seguintes

documentos: Política Nacional de Defesa Civil, Manual de Defesa Civil, Relatório

Tribunal de Contas da União sobre a SEDEC, Texto base da 1ª Conferência Nacional

de Defesa Civil. Outros materiais como artigos, reportagens e relatórios sobre o

tema também foram aproveitados na análise, porém, de menor relevância.

123 Estudo/Pesquisa

Cabe salientar que o diagnóstico considerou as atividades e programas

desenvolvidos pela Secretaria Nacional de Defesa Civil até o final do ano 2010.

A primeira proposta de pesquisa foi apresentada à SEDEC em 2010 e não houve

encaminhamentos por parte da Contratante. Este relatório apresenta o estudo

desenvolvido na ocasião.

Resultados

PROPOSIÇÕES PARA AS MUDANÇAS NECESSÁRIAS NO SISTEMA NACIONAL DE DEFESA

CIVIL (SINDEC)

Breve diagnóstico do SINDEC:

O SINDEC nasce no período pós-2ª Grande Guerra. Suas prioridades foram e

continuam sendo a resposta a desastres e reconstrução pós-desastres. Sua

estrutura organizacional, orçamento, ações e cultura refletem, vivem essa doutrina e

suas estratégias prioritárias.

A composição do seu quadro de pessoal, principalmente na esfera estadual, é

constituída por militares graduados que foram condicionados a trabalhar dentro dos

princípios e estratégias historicamente estabelecidas, tendo resistências a mudanças

de orientação, no sentido da formulação de um planejamento prospectivo, e atuar

com prioridade na prevenção e mitigação de riscos de desastres. É provável,

contudo, que a resistência a mudanças decorra das limitações orçamentárias e, por

consequência, do quadro restrito de pessoal, sem uma carreira própria, sem

capacitação em outras qualificações, além das de atuar na resposta a desastres.

Sendo condicionados a fazer esse trabalho – que é fundamental e continuará a ser -,

preparam-se, nas suas corporações, em cursos de especialização e capacitações

124 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

mais operativas; os de comando, na parte de concepção, de estratégias de comando

e de operações, etc.

Embora novas interpretações venham aparecendo internacional e nacionalmente, e

que precisam ser incorporadas, é inegável a qualidade dos manuais metodológicos

e pedagógicos disponibilizados pela Secretaria Nacional de Defesa Civil,

conceituando os tipos de riscos (naturais, antrópicos e mistos), de desastres,

classificando e analisando os cenários de todas as grandes transformações

climáticas e outras, além de manuais com metodologias de como realizar operações

de preparação e resposta a todo e qualquer tipo de evento adverso.

No Manual de Planejamento em Defesa Civil estão presentes todas as dimensões

necessárias para um bom planejamento: o desenvolvimento institucional nas três

esferas de governo; a transversalidade interministerial e com outros organismos; a

implementação do SINDEC em nível municipal para todos os tipos de trabalho,

inclusive com metodologia básica para elaboração de plano de risco e de todas as

etapas que envolvem as atividades de defesa civil; a necessidade de implementação

de órgãos setoriais; a necessidade do desenvolvimento tecnológico para os estudos

de ameaças e para as atividades de preparação e resposta a desastres e outros; a

necessidade da formação e capacitação de recursos humanos num amplo espectro

de especializações; a necessidade de mudança cultural com propostas de

mobilização e atividades de prevenção; estruturação de sistemas de monitoração de

alerta e alarme; a motivação e articulação empresarial, formação de lideranças,

mobilização para ações de defesa civil; a proteção do meio ambiente; informações

para estudos epidemiológicos e a parte operacional para levantamento de

informações de campo para determinar se é necessário decretar o estado de

calamidade, e para formulação da avaliação de danos; e orçamentação dos recursos

necessários para a devida cobertura financeira dos danos e prejuízos, dentro dos

limites definidos pela legislação.

125 Estudo/Pesquisa

No Manual de Política Nacional de Defesa Civil constam ainda todas as metodologias

de: elaboração de planos diretores de defesa civil, tendo como ponto inicial a

prevenção de riscos de desastres e, na sua avaliação, a necessidade de estudo de

ameaças de desastres, do grau de vulnerabilidade; estudo de áreas de risco, com

avaliação e hierarquização dos riscos e a definição daquelas com maiores riscos e as

necessárias medidas estruturais e não estruturais, e todas as etapas seguintes de

preparação para emergência e desastres, resposta aos desastres e reconstrução.

Formula também as metodologias básicas necessárias para programas e projetos de

prevenção e de todas as demais etapas. Há nesse Manual uma parte somente para a

classificação de riscos naturais e os de natureza humana – social, epidemiológico,

tecnológico, ambiental e outros. Tem, evidentemente, um viés militarista na

concepção de desastre humano de natureza social, que, segundo ele, está associado

à doutrina e estratégia de guerra e de contenção de convulsões sociais, utilizado em

muitos momentos da história brasileira, e, em qualquer desastre que há, esse

conceito é aplicado.

Falta um fôlego maior na concepção de desastre de natureza humana com foco no

social, em especial no que se refere à prevenção, mas, por outro lado, reduzir

pobreza, desemprego, problemas de favelização, são questões de decisão política e

de planejamento dos ministérios com competência institucional definida na

Constituição para tais fins. E nisso os militares e civis que resistem em realizar

trabalhos para minimizar estes problemas têm uma grande parcela de razão: são

problemas estruturais frutos de profundas contradições históricas, que se agravam

nas crises, mas que se reproduzem no crescimento das sociedades em nível

mundial. A questão de fundo está na estrutura, na organização, na tecnologia, na

forma de exploração da força de trabalho e da natureza, nos objetivos, na forma e

conteúdos desiguais dessas sociedades, sendo a brasileira um exemplo

emblemático desse tipo de desenvolvimento.

126 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Todo o material disponível – conceitual, metodológico e didático – serviu, serve e

continuará servindo de base a coordenadores e agentes de defesa civil para refletir,

elaborar planos, programas, projetos, e participar de comando em operações.

No entanto, há limitações muito claras numa operação quando realizada somente

por corpo de bombeiros e pela polícia militar: não basta remover gente, cortar

árvore, limpar a área, colocar a sociedade dentro da normalidade possível. É

necessário que se conheça o comportamento das encostas, das rochas, das árvores,

dos rios, cachoeiras, o desmatamento, a área onde estão localizadas as habitações

precárias, as próprias casas e barracos, as pessoas que moram neles, como e de

que vivem, como devem ser ajudadas, como removê-las para lugar seguro,

construindo moradias também em lugares seguros, e urbanizando a nova

localidade. Tudo isso é trabalho para especialistas em Geologia, em Hidrologia, em

Engenharia Civil e Ambiental, em Sociologia, em Psicologia e de outras

especialidades. Ou seja, a complexidade de uma encosta, de uma área de

inundação, de um rio e sua bacia, de uma área de favela ou qualquer outra área

pobre não pode ser tratada apenas com uma operação de resposta a desastre e nem

pode e não deve ser tratada somente nesse momento. Prevenir para remediar, eis o

provérbio sábio que cabe como uma luva aqui e em toda a nova concepção de

Sistema de Defesa Civil.

De acordo com as informações constantes das análises realizadas pelo TCU, em

2010, por demanda do Congresso Nacional, pode-se deduzir que o que parece ter

faltado ao SINDEC foi menos material pedagógico e metodologia de elaboração de

planos, programas e projetos do que pessoal capacitado – e em número suficiente –

e determinação na Secretaria Nacional de Defesa Civil e nas coordenadorias

estaduais – salvo algumas exceções e, mesmo assim, limitadas – para elaborar os

planos de prevenção, monitoramento e preparação para mitigação de riscos de

desastres.

127 Estudo/Pesquisa

Se levarmos em conta também os dados orçamentários da Defesa Civil Nacional,

apresentado no relatório citado, poderemos concluir que a falta de um orçamento

que contemple verdadeiramente as necessidades das quatro etapas de defesa civil –

prevenção, preparação, resposta e desastre – não fazem parte da disposição

política, exceto na formação de fundo para calamidades públicas.

Os dados que mostraremos mais adiante revelam claramente esta situação aqui

resumida. As crises e contradições anteriormente mencionadas aparecem aqui numa

simples tabela ou gráfico orçamentário.

Nada do que está formulado no Quadro de Hyogo foge daquilo que contém os

manuais de Defesa Civil do SINDEC e na estruturação da própria SEDEC, exceto a

inclusão de terminologias novas, de concepção de planejamento com uma clara

posição de que deve ser prospectivo, permanente, e ter como prioritárias as etapas

de prevenção, incluindo aí ameaças e vulnerabilidades e estabelecer como princípios

e estratégias correspondentes a redução da pobreza e da destruição ambiental, ou

seja, o desenvolvimento ambiental e socialmente sustentável.

A Secretaria Nacional de Defesa Civil, organizada administrativamente segundo

esses princípios e estratégias, é composta por três departamentos:

O Departamento de Articulação e Gestão - DAG tem como atribuições

analisar e instruir os processos e formalizar convênios, contratos, termos de

cooperação técnica e instrumentos similares além de supervisionar e

promover o planejamento físico-financeiro e o acompanhamento da

execução orçamentária e financeira da Secretaria.

Departamento de Reabilitação e Reconstrução – DRR deve desenvolver e

implementar programas e projetos relacionados com as ações de respostas

aos desastres e de reconstrução, além de coordenar, em âmbito nacional, o

128 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

desenvolvimento das ações de resposta aos desastres e de reconstrução, em

apoio aos órgãos estaduais e municipais de defesa civil. Também compete ao

DRR realizar a análise técnica das propostas de convênios, contratos, ajustes

e outros instrumentos congêneres, relacionados com as atividades de

respostas aos desastres e de reconstrução.

Departamento de Minimização de Desastres - DMD, dentre outras, deve

desenvolver e implementar programas e projetos voltados à prevenção de

desastres e de preparação para emergências e desastres, particularmente os

relacionados com o desenvolvimento de recursos humanos em Defesa Civil.

Outra atividade de competência do DMD é a de promover, no âmbito do

SINDEC, o desenvolvimento de estudos relacionados com a avaliação de

riscos de desastres. (TCU, Relatório)

Seu orçamento e estrutura orçamentária, assim como os recursos disponibilizados

anualmente, sempre refletiram três aspectos fundamentais:

A. A falta de visão e de interesse político sobre a importância e a dimensão do

SINDEC e das suas tarefas que se espraiam – ou devem se espraiar – por todos

os municípios do território nacional. A ampliação de recursos para a

prevenção só ocorreu em 2008/2009, mesmo assim numa pequena proporção,

e os recursos para resposta a desastres só aumentaram por conta das

catástrofes de 2008/2009, em Santa Catarina, e de 2009, no Norte/Nordeste.

129 Estudo/Pesquisa

Quadro 9 - Evolução dos Recursos Orçamentários de Prevenção e de Resposta a

Desastres

2004 2007 2009

PREVENÇÃO 140.000,00 130.000,00 610.000,00

RESPOSTA A DESASTRES 140.000,00 280.000,00 1.700.000,00

Fonte: TCU, Relatório 2010.

B. As dotações iniciais de verbas sempre estiveram próximas de zero, sendo

ampliadas somente por medidas provisórias contingencialmente:

Figura 66 – Gráfico evolução por forma de consignação dos recursos ao programa

1029 nos anos

Fonte: TCU, Relatório 2010.

No ano de 2009, conforme o quadro abaixo mostra a disparidade entre o valor

consignado no Orçamento e o efetivamente gasto no final do exercício,

evidenciando a incapacidade da SEDEC de utilizar os recursos liberados, seja por

dotações orçamentárias seja por liberação de créditos extraordinários.

130 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Quadro 10 – Valores orçamentários e financeiros nos dois programas orçamentários

da Sedec em 2009

Créditos

Consignados

Valores pagos ou inscritos

em Restos a Pagar

Porcentual

1027-Prevenção e Preparação

p/Desastres

646.565.601 450.991.066 70%

1029-Resposta aos Desastres e

Reconstrução

1.747.148.826 1.399.787.310 80%

TOTAL 2.393.714.427 1.850.778.310 77%

Fonte: TCU – Relatório 2010.

O que revelam todos esses números?

Que o orçamento da Defesa Civil Nacional é insuficiente, particularmente no

que se refere ao Programa 1027 – Prevenção e Preparação para Desastres;

Que no Programa 1029 – Resposta aos Desastres e Reconstrução os recursos

são liberados somente depois de decretada situação de emergência e/ou

calamidade pública, por força das pressões de governadores e prefeitos e da

sociedade quando as suas áreas são acometidas de desastres;

Que mesmo insuficientes os recursos não são utilizados no todo em função

da carência de servidores;

Que ameaças e prevenções nunca foram e não são prioridades;

Que a SEDEC admite que apesar da vontade política para instalar os órgãos

de defesa civil em todos os municípios do Brasil, não teve força política para

concretizar tal ação.

O quadro de pessoal da Secretaria Nacional de Defesa Civil, segundo Relatório do

TCU citado, é inadequado em vários aspectos: é pequeno para a quantidade de

processos, projetos, laudos técnicos a serem elaborados e despachados; não há um

131 Estudo/Pesquisa

quadro próprio de pessoal com as qualificações específicas condizentes com as

funções que devem ser realizadas: o quadro de pessoal é composto de funcionários

de outras secretarias e de outros ministérios e existe até pessoal terceirizado; por

isso, os projetos e processos sofrem atrasos entre a chegada na Secretaria e seu

despacho final; (Ver TCU, Relatório 2010).

3.1 Deficiências no quadro de pessoal:

55. Ao se analisar a estrutura física da SEDEC, observou-se que o

número de servidores disponível, em especial no Departamento de

Resposta aos Desastres, responsável pela análise técnica dos

documentos encaminhados, é insuficiente para conclusão tempestiva

do processo de transferência obrigatória e possui vínculo precário

com o Ministério. A equipe técnica do DRR é composta por 19

servidores, sendo apenas nove com vínculo efetivo.

57. O Relatório de Gestão SEDEC 2008 ressaltou que a Secretaria

convive com o reduzido número de pessoas capacitadas com

habilidades específicas para atuarem em situações de riscos e

desastres, em virtude, principalmente, da inexistência de quadro de

pessoal permanente. Ao se referir à estrutura física e de pessoal da

Secretaria, o Relatório enfatizou que [...] até hoje “um quadro

adequado de pessoal técnico, permanente e especializado, tem se

apresentado como uma dificuldade intransponível. Atualmente, a

equipe é constituída, na maioria, por servidores com cargo de

confiança, servidores requisitados e funcionários terceirizados,

condições que dificultam o desempenho desejável que se espera para

atuar em situações críticas e cenários complexos, principalmente em

grandes desastres. (TCU, 2010).

Já no Relatório de Avaliação do Plano Plurianual de Investimentos de 2002, onde

foram detectados os problemas observados no período de 1998 a 2002, entre as

deficiências mencionadas, o relatório corrobora a insuficiência do quadro de

pessoal:

A força de trabalho (servidores níveis técnico e administrativo) é

insuficiente, dado o número de convênios celebrados com estados e

municípios. Há necessidade de engenheiros para análise de projetos

de engenharia, acompanhamento de obras, inspeção in loco e análise

132 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

de prestação de contas. O volume de trabalho é muitas vezes maior

que a força de trabalho atual.

Ainda segundo o TCU e informação da SEDEC, a maioria das obras não foi

fiscalizada durante a sua execução e, no ano de 2008, não foi feita nenhuma

inspeção;

O SEDEC informou (ao TCU) que devido ao número insuficiente de

servidores, não é possível realizar o acompanhamento durante a

execução de todas as obras provenientes de recursos de

transferência obrigatória. Em 2008, não foram realizadas inspeções.

Em 2009, foram realizadas apenas seis inspeções nos termos de

compromisso firmados com o Governo do Estado de Santa Catarina.

A partir das entrevistas, constatou-se que, em regra, é realizada

apenas a inspeção final quando da conclusão das obras, sendo

dispensadas as inspeções intermediárias.

O número insuficiente de servidores da SEDEC reflete-se também na

análise das prestações de contas. Observou-se que 62% dos recursos

transferidos pela SEDEC para reconstrução e resposta, com término

da vigência do plano de trabalho até 2008, encontram-se pendentes

de análise pelo MI.

[...]

71. Entre as principais impropriedades observadas quanto à

formalização dos autos, pode-se citar: a) processos com folhas

reservadas para inserção de documentos (parecer técnico); b)

processos com recomendações escritas para inserção de documentos

com data retroativa; c) processos com documentos apresentando

data futura; d) processos com plano de trabalho sem aprovação; e)

processos com planos de trabalho e termos de compromisso sem

data e/ou sem assinatura; f) processo com recursos liberados e sem

plano de trabalho, Avadan ou Nopred. Na capa de alguns processos

havia inclusive um bilhete orientando a colocação do parecer com

data anterior à da assinatura do termo de compromisso dá margem à

inserção no processo de pareceres técnicos após a assinatura de

termo de compromisso, que, por sua vez, implica na transferência de

recursos públicos sem análise tempestiva do plano de trabalho

apresentado pelo ente solicitante. (TCU, 2010).

133 Estudo/Pesquisa

Embora tenha havido avanços importantes na estruturação dos COMDECs em muitos

municípios de alguns estados, a situação não é menos grave, tanto nas

coordenadorias estaduais, quanto na implementação e consolidação das comissões

municipais:

Somente 10% dos municípios têm suas COMDECs estruturadas para dar

resposta satisfatória a desastres, não levando em conta a necessidade de

prevenção;

A disputa acirrada de poder pela direção dessas organizações entre

graduados da força militar e graduados do Corpo de Bombeiros é uma

constante;

A falta de poder político-institucional dessas organizações de Defesa Civil

nas estruturas estadual e municipal é um grave entrave e, a exemplo do que

ocorre na esfera federal, não há um orçamento próprio. A própria medida

provisória sobre a criação do Fundo Especial para Calamidades Públicas

sugere que estados e municípios se disponham voluntariamente a formar um

fundo conjunto com o governo federal. A atuação dos órgãos de defesa civil -

falando especificamente de Santa Catarina, mas sendo a orientação nacional,

deve ser válido também para outros estados, exceto na data -, até o desastre

de 2008, sempre foi na resposta ao desastre e na reconstrução dos seus

estragos; só depois disso é que houve um grande esforço de constituir,

organizar, capacitar e instalar junto às prefeituras comissões de defesa civil

num grande número de municípios em Santa Catarina, fazendo parte

portanto de atividades de prevenção. Mas nos municípios os problemas

parecem ainda maiores, por um conjunto muito grande de fatores,

ressaltando-se alguns deles: a falta de vontade política dos prefeitos; a falta

de instalação, equipamentos e pessoal qualificado para as atividades de

134 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

defesa civil; a falta de interesse na elaboração de Planos Municipais de

Redução de Riscos – PMRR, ou plano diretor de defesa civil; a inexistência

também de plano diretor da cidade, não tendo portanto lei que regule o uso

do solo urbano e periférico; o não cumprimento da legislação ambiental; a

inexistência de uma cultura institucional e social sobre o risco.

Este é o diagnóstico frio do quadro em que se encontra o SINDEC. A partir dele, das

proposições constantes do Quadro de Hyogo e das demandas da sociedade

organizada e do corpo de delegados dos COMDECs é que se farão as proposições de

reestruturação do SINDEC.

REESTRUTURAÇÃO DO SINDEC – DA ESFERA FEDERAL, À ESTADUAL E MUNICIPAL

Princípios e prioridades norteadores do Sistema Nacional de Proteção Humanitária e

Defesa Civil

Proposições da I Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária

(diversos estados).

Princípios norteadores da Defesa Civil: incluir os preceitos constitucionais:

Dignidade, cidadania, responsabilidade.

Incorporar as diretrizes da Carta de Assistência Humanitária.

Construção e institucionalização de uma Política Pública de Defesa Civil,

como Política de Estado, de forma democrática, participativa e articulada

entre Governo, Sociedade Civil e Trabalhadores das áreas afins, pautada

pelos seguintes princípios: ação integrada e contínua; organização sistêmica;

135 Estudo/Pesquisa

integração com as demais políticas públicas, ênfase na prevenção relacionada

às situações de riscos; e elaboração de proposta por categoria de desastre.

Construção de um Sistema Nacional de Assistência Humanitária de Defesa

Civil, no âmbito do SINDEC, que assegure o atendimento de forma célere,

intersetorial e desburocratizada às comunidades afetadas por desastres, com

informações sobre as demandas pós-desastres, oferecendo os recursos

necessários e cabíveis por tipo de desastre, garantindo assim o respeito aos

princípios da Integridade e da Dignidade da Pessoa Humana com equidade

em relação a suas necessidades.

Prioridades:

SEDEC ligada diretamente à Presidência da República.

Investimento permanente, por parte do poder público, para implementação

de medidas e ações preventivas, estruturais e não estruturais, para os

diversos tipos de desastres com prioridade para as áreas de riscos

intensificados com o objetivo especifico de redução de ações/obras

emergenciais, incluindo áreas rurais.

Políticas intersetoriais de prevenção.

Criação de uma rede nacional de radares para a ampliação e a melhoria do

Sistema de Monitoramento e alerta contra eventos extremos e com

obrigatoriedade de divulgação na mídia;

Construção da política nacional de defesa civil de forma integral e

intersetorial envolvendo as áreas de políticas sociais, infraestrutura e

desenvolvimento urbano e rural sustentáveis

136 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Segurança coletiva - legislação que discipline mecanismos de apoio a

pessoas em situação de risco iminente, num trabalho conjunto entre a Defesa

Civil, Assistência Social e órgão da infraestrutura urbana com o objetivo em

promover ações para a legislação que discipline mecanismos de apoio a

pessoas.

Priorizar a recuperação dos espaços degradados e a reconstrução

emergencial obedecendo a critérios técnicos adequados.

Na organização da Defesa Civil Nacional

A Secretaria Nacional de Defesa Civil deve estar subordinada diretamente ao

Gabinete da Casa Civil da Presidência da República para viabilizar e implementar as

Políticas de Estado e de Governo de Defesa Civil, e que um Comitê, formado por

pessoal altamente qualificado das instâncias internas do SINDEC e de seus órgãos

assessores, tenha o acesso necessário e com a devida urgência para suas

reivindicações. São vários os motivos, desde questões estratégicas nacionais e

internacionais até aspectos que parecem banais, como a necessidade de quadro

próprio de pessoal com qualificação necessária para analisar processos e projetos

de obras, conforme sugere o TCU no relatório citado. A Secretaria Nacional de

Defesa Civil precisa possuir status político condizente com a sua dimensão e ter a

força necessária para discutir, propor, elaborar programas conjuntos com outros

ministérios e dispor de recursos orçamentários à altura das necessidades cada vez

maiores em função da assunção de novas responsabilidades propostas pelo Quadro

de Hyogo, na Carta Humanitária, das demandas formuladas por coordenadores

estaduais e municipais, delegados das comissões de Defesa Civil e da sociedade

civil organizada, participantes da I Conferência Nacional de Defesa Civil e

Assistência Humanitária.

137 Estudo/Pesquisa

Organização:

Reorganização do SINDEC, a partir de revisão constitucional e lei

complementar;

Construção dos conselhos municipais, estaduais, do distrito federal e

nacional de defesa civil com a representação democrática das organizações

da sociedade civil;

Mobilização e participação da sociedade na prevenção e no controle social

sobre a efetivação da política pública de Defesa Civil;

Afirmação da Conferência Nacional de Defesa Civil como instância máxima de

deliberação das políticas para o setor. Realização bianual da Conferência

Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária, com ampla participação

da sociedade civil e de representantes das três esferas (federal, estadual e

municipal) visando avaliação e atualização das diretrizes aprovadas, fixando-

se termo para sua implementação.

Criação de lei federal que discipline princípios e normas relativas à Defesa

Civil com autonomia organizacional e orçamentária, inclusive obrigando os

Estados e Municípios incluir na sua estrutura a Defesa Civil com status de

Secretaria;

Criar um centro nacional de gerência de riscos e desastres, atuando na

prevenção, emergência, análise de desastres, articular a manutenção de

estoques estratégicos, distribuídos regionalmente;

SEDEC ligada diretamente à Presidência da República;

Estabelecer incentivos para que as prefeituras instalem e fortaleçam as

COMDECs;

138 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Criar conselhos deliberativos paritários (com 50% da sociedade civil) nos três

níveis de governo;

Estruturar a defesa civil municipal em secretaria municipal, com pessoal

concursado, plano de carreira, com profissionais de várias especializações

universitária e secundária;

Ampliação no Conselho Nacional dos Gestores Municipais da Defesa Civil,

originando a participação no Conselho Nacional de Defesa Civil de

representantes dos Gestores Municipais, da sociedade Civil organizada e dos

trabalhadores em Defesa Civil;

Ampliação do Sistema de Informações sobre Desastres no Brasil – SINDESB

com a criação de Sistema Estadual e Distrital de Informações sobre desastres,

interligado, para o registro de informações sobre estudos epidemiológicos,

relacionando as características intrínsecas dos desastres com os danos

humanos, materiais e ambientais e com os prejuízos econômicos e sociais

consequentes, em apoio aos processos de planejamento e gestão e à

elaboração e implementação de programas e projetos de Defesa Civil,

amplamente divulgada, em especial entre as populações mais expostas;

Estabelecer por lei federal as competências para composição do Conselho

Nacional de Defesa Civil- CONDEC, que deve ser obrigatoriamente paritária,

respeitando a proporcionalidade, de trabalhadores de Defesa Civil, Gestores

de Governos, e sociedade civil organizada, para atuação permanente nas

deliberações sobre propostas de projetos estruturantes de caráter preventivo,

constantes dos Planos Plurianuais, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei

Orçamentária Anual, elaborados pelos estados, municípios e distrito federal,

para inclusão nos PPAs, LDOs e LOAs dos ministérios setoriais competentes;

139 Estudo/Pesquisa

Participação das universidades no mapeamento e monitoramento das áreas

de riscos, bem como no levantamento e demarcação das áreas não

edificantes e edificantes com restrições;

Construção de um Sistema Nacional de Assistência Humanitária de Defesa

Civil, no âmbito do SINDEC, que assegure o atendimento de forma célere,

intersetorial e desburocratizada às comunidades afetadas por desastres, com

informações sobre as demandas pós-desastres, oferecendo os recursos

necessários e cabíveis por tipo de desastre, garantindo assim o respeito aos

princípios da Integridade e da Dignidade da Pessoa Humana com equidade

em relação a suas necessidades;

Criação de uma rede nacional em defesa civil, alimentada pelas COMDEC’s ou

órgão municipal correspondente, gerenciado pela SEDEC responsável pela

criação e atualização do banco de dados de bombeiros e voluntários de

defesa civil. Os voluntários devem ser cadastrados, capacitados, convocados

e coordenados;

Criação, implantação e regulamentação de corpos de bombeiros civis

voluntários e municipais com capacitação e treinamento para atuar nas ações

de prevenção, resposta a desastres, atendimento às emergências e combate a

incêndio;

Incentivo à criação, estruturação e fortalecimento dos NUDECs,

A estrutura organizacional da Defesa Civil Nacional deve ser ampliada para

incorporar temáticas, prioridades e exigências diversas propostas em Hyogo, Carta

Humanitária, Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, Kyoto, várias

convenções e conferências de cúpula internacionais, das quais o Brasil é signatário;

a Defesa Civil Nacional deve ter participação direta nas novas organizações

140 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

institucionais, entre as quais a relativa à Política Nacional sobre Mudanças

Climáticas, em cujo Comitê10 Interministerial, com a participação de outros

organismos e da sociedade civil, a Secretaria Nacional de Defesa Civil não foi

convidada a participar, sendo que a Lei que institui a Política Nacional de Mudanças

Climáticas trata não só de criar um sistema integrado de satélites para prever e

monitorar os eventos que ocorrem por causa das mudanças climáticas, como

também da mitigação e das vulnerabilidades decorrentes dessas mudanças em

todas as dimensões do território brasileiro, que são assuntos diretamente

pertinentes e da competência e alçada do Sistema de Defesa Civil Nacional.

A Defesa Civil Nacional deve sugerir e se inserir na elaboração e desenvolvimento de

um sistema de informação de meteorologia sobre mudanças climáticas, nos

mapeamentos macrorregionais, estaduais e municipais por satélite, e na

constituição de banco de dados relativos às ameaças, às vulnerabilidades, riscos e

desastres, metodologia, variáveis, indicadores, divulgação, difusão de informações e

seus gerenciamentos, propondo uma integração de subsistemas, os quais possam

constituir um sistema mais eficaz na previsão, no alerta e no alarme, como também

uma contribuição extraordinária no mapeamento das incidências de ameaças,

vulnerabilidades, riscos e desastres, segundo seus graus de intensidade,

ocorrências históricas e potencialidades futuras. A questão AMEAÇA faz parte do

Planejamento Nacional de Defesa Civil no seu capítulo VIII – MONITORAÇÃO, ALERTA

E ALARME -, onde já está definida a finalidade, os objetivos, os fenômenos a prever

e monitorar, a estrutura dos sistemas de monitoramento, o processo e os tipos de

informação a coletar e registrar num banco de dados. Não deixa de dar relevância à

necessidade da integração do sistema em nível global (planetário) e local (as áreas

10 “Os Ministros da Ciência e Tecnologia e do Meio Ambiente são, respectivamente, o Presidente e o Vice-

Presidente da Comissão. O Ministério da Ciência e Tecnologia exerce a função de Secretaria-Executiva da Comissão

e presta o apoio técnico e administrativo aos trabalhos do colegiado. A Comissão é integrada por representantes

dos Ministérios das Relações Exteriores; da Agricultura e do Abastecimento; dos Transportes; de Minas e Energia;

do Planejamento, Orçamento e Gestão; do Meio Ambiente; da Ciência e Tecnologia; do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio; e da Casa Civil da Presidência da República”.

141 Estudo/Pesquisa

de riscos de desastres intensificados). Diríamos que a preocupação deve ser muito

maior: toda a orla marítima, as regiões de desmatamento, desertificação,

queimadas, as bacias hidrográficas, as áreas de preservação ambiental, as reservas

indígenas, a grande Floresta Amazônica, a Mata Atlântica e o Cerrado. Institutos de

pesquisas e outros organismos internacionais e nacionais devem ser incorporados

ao Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres - CENAD. O estoque

mundial de informações sobre os movimentos dos grandes fenômenos planetários

deve ser colocado à disposição dos centros de pesquisas nacionais para que, em

conjunto com os órgãos do SINDEC, as áreas tidas como vulneráveis possam ser

trabalhadas, rastreadas, mapeadas e identificadas.

É de importância fundamental a estruturação de um sistema de monitoramento que

incorpore tecnologias altamente complexas e sua integração em todo o território

nacional, tendo como uma das finalidades precípuas as relacionadas com as

necessidades do Sistema de Defesa Civil, que são amplas e ultrapassam os estritos

monitoramentos dos fenômenos e áreas de risco. Além da amplitude já descrita no

parágrafo anterior, é necessário lembrar que uma questão fundamental é a

seguridade social – alimentar, saúde, transporte, habitacional e muitas outras –

tanto na prevenção quanto na resposta e na reconstrução pós-desastres. Como diz

o texto do Manual de Planejamento11,

gerar dados e informes, em tempo real, e processar informações

oportunas sobre o quadro evolutivo dos fenômenos potencialmente

adversos ou ameaças e sobre os cenários vulneráveis [...];Dilatar ao

máximo a fase de pré-impacto dos fenômenos adversos, permitindo

a divulgação rápida e oportuna das situações de alerta e de

alarme[...].

11 CASTRO, Antonio Luiz Coimbra de. Manual de planejamento em defesa civil. Brasilia (DF): Ministério da

Integração Nacional, Secretaria Nacional de Defesa Civil, 1999., p. 433.

142 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

é fundamental para salvar vidas, para evitar maiores danos e prejuízos. Basta

apenas relembrar do acontecimento de Pernambuco e Alagoas em 2010. É,

portanto, imprescindível a inclusão do SINDEC no Comitê de Política Nacional de

Mudanças Climáticas e sua participação direta na concepção, elaboração de

metodologias e de banco de dados do Sistema Integrado de Satélites e Digital Rede

Clima e nas várias equipes técnicas formadas em nível regional para que o sistema

funcione também a serviço da Defesa Civil;

Transversalidade. Por que é tão necessária e fundamental a formulação de

estratégias, planos, programas e projetos numa relação de transversalidade

interministerial? É porque a nova concepção de Sistema de Defesa Civil, seus

princípios, suas prioridades, segundo o Quadro de Hyogo e Carta Humanitária,

necessitam da formação de um processo de planejamento prospectivo e não

somente corretivo, com ações de respostas ao desastre e ações de reconstrução,

que continuarão sendo fundamentais, mas é preciso (porque é melhor e mais barato

prevenir do que remediar; porque são menores os danos humanos e materiais,

menos vítimas fatais, menos dor e sequelas físicas e psicológicas) começar pelo

começo, ou seja, priorizando a estruturação, organização, qualificação,

equipamento, orçamento para estabelecer sistemas integrados de ameaças naturais,

antrópicas e mistas, assim como formular e executar planos de prevenção com

ações de mitigação (minimização) estruturais (obras civis) e não estruturais, na

forma de sensibilização, mobilização, participação, educação para as mudanças

culturais de comportamento, atitudes e resistências ao entendimento e à prevenção

em relação às ameaças e riscos de desastres. Para isso, é necessário um

planejamento multidimensional, multissetorial, multidisciplinar e, portanto,

interministerial, e por isso a necessidade de que o planejamento prospectivo

incorpore algumas dimensões fundamentais que estão associadas aos princípios e

estratégias propostas pelo Quadro de Hyogo, que são necessidades básicas da

143 Estudo/Pesquisa

sociedade brasileira, a sua parte mais sofrida (redução da miséria e da pobreza, de

problemas ambientais, urbanos e rurais, ou seja, que se formule e se execute um

processo prospectivo, portanto, permanente, de um desenvolvimento que seja

social e ambientalmente sustentável) para a redução das vulnerabilidades nestas e

em outras dimensões da vida humana, para uma vida mais digna. Também aqui a

necessidade de ampliar o número e melhorar a qualificação do pessoal de todo o

Sistema de Defesa Civil e de adequar o seu orçamento a essas e tantas outras

necessidades12.

A questão da transversalidade está sempre presente nos processos de

planejamento, mas a sua eficácia é muitas vezes questionada, em virtude de uma

série de fatores que não convém e não é aqui o espaço para esta discussão. De

qualquer forma, é necessário superar alguns entraves, instituindo um grupo técnico

interministerial para discutir, propor e elaborar programas e projetos conjuntos com

a participação de cientistas e técnicos do SINDEC ou de organismos assessores

(CEPED), com inclusão destacada do assunto Defesa Civil nos orçamentos dos

ministérios parceiros, e cuja execução e financiamento dos programas e projetos

devem ser acompanhados por funcionários do quadro do SINDEC.

Ainda no nível nacional devem existir secretarias especiais ou núcleos de

levantamento e análise das ameaças, vulnerabilidades, riscos e ocorrências de

desastres macrorregionais para estabelecer estratégias, elaborar, desenvolver e

executar planos, programas, projetos e ações coibidoras, mitigadoras e

recuperadoras de áreas degradadas em associação com outros ministérios,

monitorar ameaças, atividades depredadoras, vulnerabilidades ambientais e sociais,

propor intervenções estruturais e não estruturais para amenizar ou reverter quadros

ambientais e sociais precarizados. Sobre esta questão apresentaremos uma série de

12 A questão orçamentária será discutida num item específico mais adiante, porém é necessário reforçar a sua

importância em cada dimensão que exige mudança em amplitude e qualidade das ações.

144 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

argumentos sobre cada uma das macrorregiões para dar sustentação à inclusão de

suas temáticas específicas como objetos próprios de análise e ações do SINDEC.

Compostos por equipes (flexíveis, dependendo da área de atuação).

Importante Papel dos CEPEDs como Centros de Estudos, Pesquisa e Estudos sobre

Desastres de universidades federais e partes integrantes do SINDEC, instalados em

vários estados, compostos por equipes (flexíveis, dependendo da área de atuação)

de professores altamente qualificados em suas respectivas áreas de conhecimento e

com muita experiência em pesquisa e atividades de campo, auxiliados por grupos

de estudantes de doutorado e mestrado e de outros profissionais já formados. O

CEPED de Santa Catarina, sediado em Florianópolis, vem atuando na formação de

pessoal da Defesa Civil nas esferas nacional, estadual e municipal, e está capacitado

para a elaboração de PMRR (elaborou o de Florianópolis e desenvolveu metodologia

padronizada para replicar em outros municípios; está elaborando metodologia de

banco de dados e realizando um levantamento nacional das ameaças,

vulnerabilidades, riscos, desastres, capacidade de respostas institucionais e sociais).

Sua atuação vem se fazendo nas três esferas institucionais do SINDEC e em todo o

território nacional, inclusive nos levantamentos de campo e ajuda durante e após os

desastres. Os CEPEDs podem ter suas funções ampliadas, por exemplo, com

participação na formulação democrática do processo de planejamento prospectivo

do qual falaremos mais adiante, dos planos e projetos junto aos grupos técnicos

interministeriais, nos grupos técnicos sobre a questão das mudanças climáticas, nos

levantamentos de informações e análises macrorregionais (com participação de

universidades e institutos de pesquisas regionais), ao invés de criar uma secretaria

macrorregional, nas pesquisas e elaboração de projetos sobre bacias hidrográficas,

orla marítima e áreas metropolitanas. É fundamental, portanto, a constituição de

uma rede de CEPEDs à escala macrorregional e uma coordenação nacional para

tratar de todas essas temáticas, mas centrando no que é essencial – ameaças,

145 Estudo/Pesquisa

vulnerabilidades, riscos e desastres, seus fatores e consequências e apontar no

sentido da criação de resiliências institucionais e sociais. Essa rede deveria ser

ampliada para a formação de uma rede universitária de pesquisa nessas temáticas e

regiões, sob a coordenação dos CEPEDs para elaborar os planos de riscos dos

municípios das respectivas microrregiões e outras atividades de formação ligadas

aos temas ameaça, vulnerabilidade, risco, desastre, resiliência, incluindo-as nas

estruturas curriculares e nas atividades de extensão.

O financiamento dessas atividades deve ter uma participação dos fundos de

pesquisas estaduais e nacionais que deveriam flexibilizar os seus conceitos sobre o

que é pesquisa para incluir os levantamentos e análises de risco como uma

atividade de pesquisa que deve ser priorizada.

Nos estados, os CEPEDs podem ter funções muito mais amplas, formando e

coordenando grupos de cientistas e técnicos das universidades, meso ou

microrregional, nos levantamentos de informações, estudos e formulação de planos

de redução de risco dos municípios; criação do Sistema de Informações, Análise,

Alerta e Alarme de Ameaças, com subsistemas macrorregionais e estaduais,

instalando estações de controle e monitoramento em todos os municípios, em

especial no monitoramento das bacias hidrográficas, orlas marítimas, das áreas de

produção agrícolas, áreas de preservação e das periferias urbanas mais vulneráveis,

conectado com todas as instâncias e organismos do sistema e com a sociedade;

criação de Núcleos de Bacias Hidrográficas, de Orla Marítima e Metropolitanos

interconectados e conectados com outros órgãos municipais, estaduais,

macrorregionais, transversais e os de assessoria de informação e de pesquisa.

Concepção não muito diferente, porém, mais concisa dos papéis dos CEPEDs já

havia sido formulada no Manual de Planejamento em Defesa Civil vol. III, conforme

se observa abaixo:

146 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

ESTRUTURA DO CEPED – (MANUAL DE PLANEJAMENTO EM DEFESA CIVIL

VOLUME III) Antônio Luiz Coimbra de Castro.

1 - Estrutura do Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres

É desejável que o Centro tenha uma estrutura bastante leve e que articule sua

ação, no âmbito da Universidade, desenvolvendo uma estrutura matricial

semelhante à estabelecida pelo SINDEC.

Nessas condições, os CEPEDs podem ter a seguinte estrutura:

Órgão Superior - Conselho Deliberativo do CEPED

Órgão Central - Secretaria Executiva do CEPED

Órgãos Setoriais de Articulação - Coordenadorias do CEPED das Faculdades,

Escolas e demais Unidades de Ensino

Órgão Superior - Conselho Deliberativo do CEPED

Presidido pelo Reitor da Universidade, tem como Secretário Executivo o Diretor

do Centro. O Colegiado é constituído por representantes de todas as

Faculdades, Escolas e Unidades de Ensino que atuam em articulação com o

Centro e da Defesa Civil Estadual.

Órgão Central - Secretaria Executiva do CEPED

A Secretaria pode funcionar com 4 (quatro) Diretorias ou Divisões:

D1 - Divisão de Apoio Administrativo e de Articulação

D2 - Divisão ou Diretoria de Ensino

D3 - Divisão ou Diretoria de Pesquisas

D4 - Divisão ou Diretoria de Extensão

147 Estudo/Pesquisa

Em princípio, o Diretor do CEPED acumula esta função com a de direção de

uma das Grandes Unidades de Ensino da Universidade.

Órgãos Setoriais de Articulação

As Coordenadorias de Articulação do CEPED, embora sejam subordinadas

administrativamente às Faculdades, Escolas e Grandes Unidades de Ensino da

Universidade, mantém estreitas vinculações técnicas com o Órgão Central do

CEPED, como previsto nas estruturas matriciais.

Falta ainda implantar e implementar muito daquilo que foi proposto no Manual:

Em nível nacional falta implantar os demais CEPEDs para alcançar o total

de 12, segundo meta constante no Manual de Planejamento;

Falta estruturar ou fazer funcionar o seu Conselho Deliberativo, com

representantes de todos os departamentos e universidades meso e

microrregionais, e de faculdades isoladas;

Falta estruturar e fazer funcionar a divisão ou diretoria de pesquisa e, com

isso, dar prioridade aos trabalhos de prevenção;

Falta avançar nos trabalhos de estabelecimento de um sistema integrado

de monitoramento de alerta e alarme em parceria com as instituições mais

diretamente especializadas nas questões tecnológicas de montagem do

sistema, mas sendo necessário elaborar metodologia de banco de dados e

montar uma rede de instituições de pesquisas para que elaborem e

desenvolvam projetos na temática de interesse da Defesa Civil Nacional,

de forma especializada e também de forma integrada, interdisciplinar,

intersetorial, multidimensional;

Há no Manual de Planejamento um diversificado número de temas e

148 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

roteiros de pesquisa, nas áreas de saúde, segurança, ameaças de

fenômenos adversos, de vulnerabilidades (sociais, ambientais, jurídicas e

outras), de riscos e de desastres, e que não deixa a desejar frente a

qualquer proposta internacional, temas sobre os quais a I Conferência de

Defesa Civil e Assistência Humanitária realizada pelo SINDEC brasileiro

nem sequer chega a tocar e que os CEPEDs deveriam tomar como temática

para iniciar suas atividades de pesquisa, necessitando para isso da

articulação interdepartamental nas respectivas universidades às quais

pertencem e com outras universidades que desejam participar de um

sistema de pesquisa dentro da ampla temática proposta;

No campo da formação e da capacitação, embora o CEPED UFSC tenha

iniciado um programa de capacitação de coordenadores nas COMDECs

municipais, falta muito ainda para abarcar o conjunto da proposta que o

Manual de Planejamento em Defesa Civil formulou, seja na formação

universitária (doutorado, mestrado, especialização), seja na extensão

universitária com cursos de curta duração, ou ainda nos cursos mais

específicos de capacitação para as diversas profissões que devem fazer

parte dos quadros de pessoal de Defesa Civil.

149 Estudo/Pesquisa

PROPOSTA PARA A NOVA ESTRUTURA INSTITUCIONAL E ORGANIZACIONAL DO

SISTEMA NACIONAL DE PROTEÇÃO HUMANITÁRIA E DEFESA CIVIL

A estruturação territorial do processo de planejamento: incorporar as divisões

macrorregionais, metropolitanas, bacias hidrográficas e orlas marítimas que

ultrapassam os territórios municipais, que necessitem uma análise mais abrangente

e ações estruturais e não estruturais que fogem à competência territorial,

capacidade técnica e orçamentária de um ou outro município;

Em nível macrorregional: há grandes diferenças na incidência de ameaças e nas

dimensões das vulnerabilidades entre as macrorregiões do País:

Norte e Centro-Oeste

Regiões fortemente marcadas pelos ciclos das águas e das estiagens, provocando

periodicamente inundações e secas e áreas desertificadas, mais ao norte e noroeste;

pela grilagem, desmatamentos e queimadas de enormes áreas, de matas ciliares, de

nascentes de rios; pelo envenenamento do solo, das florestas, de seres humanos e

animais e de rios, pela destruidora ação de empresas na exploração da madeira, na

criação do gado e no plantio de capim, de soja, de algodão, de cana de açúcar, bem

como na mineração, com envenenamento por mercúrio e outros componentes

químicos; pela tecnologia altamente desenvolvida empregada no desmatamento, na

lavragem e preparação do solo, na semeação, no espalhamento de agrotóxicos e na

colheita agrícola que desemprega multidões, que transforma vastas áreas em

monoculturas que compactam o solo, que deixa rastros de desertificação, que força

a concentração de terras e empurra as fronteiras agropecuária, madeireira e

mineradora para dentro da floresta amazônica e do cerrado. Tudo isso trouxe mais

150 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

conflitos, mortes, doenças para os povos indígenas, com perdas de terras, de

florestas, de fauna e flora de suas reservas, sendo jogados como esmoleiros,

vivendo na bebida, na prostituição, quando não na melancolia, e no artesanato e

venda de produtos retirados das plantas medicinais nas periferias urbanas, onde

são duramente segregados, discriminados. E, com eles, muitas outras comunidades

tornadas nativas pelos processos migratórios das décadas de l970/80 que se

embrenharam junto com as fronteiras de produção em direção ao noroeste

(Rondônia e Acre), ao norte (fronteira com Amazonas e sul do Pará) já tomando

grande parte da floresta amazônica e ao leste (Goiás e sul do Maranhão) destruindo

o ecossistema do Cerrado, deixando rastros de terras degradadas, processos

erosivos, bolsões de famílias dos Sem Terra às margens das rodovias e pequenas

cidades e comunidades onde moram boias-frias e restos das comunidades nativas,

todos sem terras, sem condições e sem opção do que produzir. As terras

discriminadas para fins de reforma agrária, ou são invadidas por grileiros ou são

terras inferiores e já degradadas. Esse é o caminho deixado para trás pelas

fronteiras de desmatamento, exploração da madeira, criação de gado, plantação de

soja.

As vulnerabilidades estão espalhadas pela vastidão de áreas com pequenas cidades

ou comunidades precarizadas, parte das terras desertificadas no rastro dos

desmatamentos pelo modo de ocupação e produção rural descrito acima; na

expulsão de comunidades indígenas, de caboclos, negros e pardos, nativos do meio

rural para as periferias urbanas, passando a sobreviver quase sempre em áreas

inundáveis e áreas degradadas; na grande quantidade de agrotóxicos usados na

agricultura e agentes químicos da mineração que são lançados nos rios que correm

por enormes distâncias colocando em perigo fauna e flora (pelas inundações); as

enormes queimadas que lançam fumaça pela vastidão do Centro-Oeste e parte do

Norte causando doenças no aparelho respiratório e cabeça, e uma série de outras

151 Estudo/Pesquisa

que sofrem as comunidades indígenas e outras relativamente nativas, assim como

animais, aves e pássaros, pelo efeito dos agrotóxicos e outros agentes químicos e

pela transmissão de doenças dos brancos em contato com os índios. Tudo isso

coloca em crescente perigo a biodiversidade da floresta amazônica – o “pulmão do

mundo” – que está talvez mais ferida, mais destruída – tanto ou mais que a floresta

da Malásia -, pois as macrorregiões Centro-Norte e Norte têm vulnerabilidades

singulares e centrais que devem ter estratégias, diretrizes, programas e projetos

que abordem este amplo espectro de situações-problemas.

São muitas as empresas e ONGs internacionais explorando a biodiversidade

regional, na relação indireta (através de atravessadores ou de associações e

cooperativas) com a comunidade nativa coletora de folhas, casca, frutos e raízes de

plantas medicinais, cosméticas, alimentícias (alimentos e bebidas). São muitas as

terras degradadas com as quais há enormes possibilidades de recuperação do solo

com o plantio consorciado de árvores nativas para madeira, árvores frutíferas,

oleaginosas e culturas agrícolas para alimentação. A EMBRAPA e outras

organizações e comunidades nativas, indígenas e outras, estão desenvolvendo

projetos, com ótimos resultados, no Acre, em Rondônia, no interior da Bahia, no sul

do Pará e no Amazonas. É necessário que os ministérios da Reforma Agrária, da

Agricultura, do Meio Ambiente e Defesa Civil Nacional, com a EMBRAPA, SUFRAMA,

cooperativas e associações e as comunidades nativas, trabalhadores sem terra e

comunidades assentadas em terras de reforma agrária, mas sem quase nada que

fazer, pois não dispõem de recursos, elaborem um amplo programa de recuperação

de todas as áreas degradadas, formando um cinturão verde do Acre, Rondônia,

Mato Grosso, Goiás, Amazonas e Pará, numa grande faixa que possa servir de

proteção à floresta amazônica e do Cerrado, para o plantio de oleaginosas para

produção de biodiesel, óleos comestíveis, cosméticos e medicinais, como também

de árvores frutíferas, culturas nativas, e de uma diversidade de culturas temporárias

152 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

alimentícias para alimentar aquela gente, exportando óleos e polpa de frutas para o

Brasil e para o exterior. Mirem-se no exemplo das multinacionais de cosméticos e

perfumes! Este seria um programa de redução das vulnerabilidades com

recuperação da natureza degradada, da biodiversidade da Amazônia e do Cerrado e

das comunidades que vivem à margem de tudo.

Quanto às ameaças, com certeza a maioria tem origem antrópica e bem conhecidas,

inclusive seus predadores, com nomes e endereços. A maioria dessas ameaças está

citada acima. As de ordem “natural”, são cíclicas de caráter estacional, ameaças

também muito conhecidas, mas não na sua origem e na magnitude de suas

flutuações. A grande seca que matou uma imensidão de peixes, há cerca de três

anos, ao longo da maioria dos pequenos rios e lagoas que fluem para os grandes

rios, é resultante desse movimento de estiagem no ciclo seca-enchente. As

flutuações que tendem a se intensificar nas duas últimas décadas estão,

evidentemente, associadas às grandes transformações destrutivas mostradas acima.

Quanto aos eventos meteorológicos, a região é diretamente marcada pelos

fenômenos de influência planetária - El Niño (diretamente ligado ao aquecimento

das águas oceânicas do Pacífico) e La Niña (associada ao esfriamento do Oceano

Pacífico) e as forças equatoriais com as ondas de calor e umidade da região

amazônica. El Niño e La Niña, com seus respectivos movimentos de calor e chuva,

frio e seca, segundo acompanhamento estatístico sazonal, durante todo o século

XX, apressando as suas flutuações e as intensificando, tendendo provocar grandes

inundações e grandes secas.

Nordeste

As secas e as inundações continuam se revezando desde pelo menos a grande seca

dos anos setenta do século XIX , que deslocou, com a participação do Estado

brasileiro, muitos milhares de pessoas, sem a mínima condição de adaptabilidade,

153 Estudo/Pesquisa

para a floresta amazônica coletar látex para a produção do “ouro branco”, a

borracha, que deveria ser exportada para as grandes empresas transnacionais e

satisfazer a demanda causada pela segunda grande guerra mundial. Por motivo da

fome, da miséria, da falta de terra e de condições para se manter no campo,

expulsão por fazendeiros de gado ou por usineiros da cana-de-açúcar, milhões

migram para as periferias das cidades do Sudeste, Sul e do próprio Nordeste,

amontoando-se em palafitas nos manguezais e outras áreas alagadas, nas favelas e

nas ruas. Nem seca nem inundação, nem fome nem miséria são problemas

prioritários (a menos como socorro na forma de esmola), nem nos trabalhos de

prevenção nem de resposta aos desastres, muito menos ainda como objeto de

políticas públicas. As vulnerabilidades do povo nordestino têm uma longa história,

não só pelas grandes secas, mas também pelas secas menos intensas muito

frequentes todos os anos, em algumas áreas.

O longo processo migratório com certeza espraiou a vulnerabilidade nordestina

para todos os centros e cantos do País, mas continua com força a migração

intrarregional, no sentido campo-cidade, campo-campo (as carradas de boias-frias

deslocadas para as periferias urbanas e destas para as plantações). O processo de

favelização no Nordeste não cessa de crescer e junto com ele o desemprego, o

subemprego, a informalidade, a marginalidade, o tráfico ou a prostituição infantil e

demais problemas à margem e por dentro da sociedade regional.

As ameaças de seca e de chuva são bem conhecidas pelo povo da região e, com

certeza, também pelos serviços de meteorologia nacional e regional. Mas não há um

serviço de meteorologia que coloque suas estações meteorológicas e outros

instrumentos de captação de informações em locais de risco e distantes das

comunidades vulneráveis. Se assim fosse, poderiam ser evitadas as mortes,

desabrigados e destruições materiais nos estados de Pernambuco e Alagoas,

ocorridos recentemente.

154 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Sudeste e Sul

A industrialização e urbanização intensa ao longo do século XX e deste, feitas de

forma concentrada nas grandes cidades que alcançaram o status de megalópolis em

poucas décadas, e socialmente desigual na apropriação da riqueza e da renda,

provocaram um processo acelerado de favelização dentro e nas periferias urbanas

como parte do processo correspondente de proletarização de grandes massas

urbanas e rurais e de uma massa ainda maior de excedentes populacionais que

vivem à margem do mercado regular de trabalho - na informalidade, na

prostituição, no tráfico de drogas, no jogo do bicho e outras formas mais ou menos

incluídas ou excluídas do modo de trabalho e de vida “regular”. Por conta desse

processo maior – a industrialização e a urbanização próprias desse tipo de formação

socioeconômica, e de suas crises profundas – é que se proliferam e se reproduzem

as desigualdades, discriminações e segregações sociais, cujas expressões acabadas

são a fome, a miséria, o pauperismo, a pobreza e todas as mazelas decorrentes -

sub-habitação, falta de saneamento básico, invasão, ou melhor, ocupação de áreas

de encostas e de inundação-alagamento, entre tantos outros traços marcantes, que

marcam e demarcam a vida da grande maioria do povo que vive ou sobrevive nessas

áreas favelizadas ou não.

As macrorregiões Sudeste e Sul são completamente diferentes das demais.

Moldadas pelas serras Geral e do Mar, formadoras de nascentes de rios,

conformando bacias a leste e a oeste dessas grandes colunas vertebrais,

constituindo microclimas, ecossistemas grandes e pequenos, formações

meteorológicas específicas, e altamente influenciadas pelas forças do El Niño e La

Niña, da zona equatorial, que chegam pelo norte e noroeste, e pelas forças das

frentes frias do sul via oeste, trazendo ventos fortes, frio, geada, trovoadas e

granizo, ou via leste, oceânica, também com muito vento e chuva, principalmente

quando, em confronto com as forças do norte, formam frentes estacionárias e

155 Estudo/Pesquisa

deságuam como “lestadas”, chuvas prolongadas e intensas.

É importante caracterizar esta configuração geomorfohidrológica - relevo, bacia

hidrográfica e vale úmido, continentalidade, maritimidade, vegetação densa e

extensa e área deserta ou desertificada – e as variações climáticas globais e

regionais, porque é nesse espaço constituído por muitas encostas e muitas áreas

inundáveis que foram formando as cidades ou para onde elas foram crescendo, sem

qualquer planejamento, é claro, e foi amontoando gente nativa com gente migrada

do meio rural e urbano, de regiões próximas ou mais distantes, de cada estado, de

outros estados das próprias regiões, ou de outras regiões do País. Segundo estudos

feitos no mundo e no Brasil, estariam aumentando a frequência e a intensidade dos

fenômenos meteorológicos. A partir de 1970, eventos adversos têm sido mais

frequentes e catastróficos, em decorrência dos processos de industrialização,

urbanização, agroindustrialização e intensificação da destruição da natureza em

quase todo o mundo ocidental e ocidentalizado, processos antrópicos que explicam

o porquê do aumento verificado. Segundo os mesmos estudos, as regiões Sudeste e

Sul são as mais vulneráveis, ainda que as forças negativas do El Niño e La Niña

tenham se intensificado.

As regiões Sul e Sudeste são o centro desse modelo de desenvolvimento e onde

estão concentradas parte da indústria e de outras atividades, com altas densidades

populacionais, que daí deriva em situações limites: congestionamento de veículos,

poluição atmosférica, das águas dos riachos, rios, lagoas, mar, do solo e das

florestas; saturação das redes de saneamento básico, de escoamento das águas

pluviais e fluviais; de acúmulo de gente sobrevivendo em favelas e outros tipos de

aglomeração, construção nas encostas e nas áreas inundáveis e alagáveis. As crises

ambiental e social são a expressão dessa situação de caos. Qualquer enxurrada ou

chuva mais prolongada, seja em São Paulo, Rio de Janeiro ou outra grande cidade o

quadro resultante é desesperador, com perdas de vidas humanas, bens materiais,

156 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

de desabrigados e outros transtornos traumáticos.

A rápida caracterização de cada macrorregião mostra situações semelhantes e

especificidades marcantes que indicam a necessidade de diagnósticos, estratégias,

programas e projetos bem delineados para as situações específicas de cada uma

delas, que deve contar também com as contribuições transversais dos vários

ministérios que tratam de problemáticas relacionadas com ameaças,

vulnerabilidades, riscos e desastres em cada região.

Áreas metropolitanas, bacias hidrográficas e orlas marítimas

Áreas metropolitanas

É senso comum que essas áreas conurbadas espraiam-se por vários municípios,

separados às vezes por um rio, um riacho, um morro, e sofrem as mesmas pressões

dos processos de urbanização, de industrialização e de imigração, da ocupação de

terras não adequadas à construção (habitacional, comercial, industrial e até mesmo

de estabelecimentos públicos), do saneamento básico, do serviço de abastecimento

de água, energia, meios de transporte, de saúde, etc. De um lado e do outro da

divisa problemas semelhantes desrespeitam a legislação ambiental, do uso do solo,

e os prefeitos acabam tentando resolver a questão individualmente, mesmo

existindo associação de municípios da área metropolitana, mesmo existindo

legislação e financiamento para obras comuns.

Acontece que os riscos de toda ordem proliferam, as vulnerabilidades aumentam, as

chuvas e outros fenômenos atmosféricos vêm causando estragos humanos e

materiais ao longo de décadas e décadas sem solução ou mitigação dos graves

problemas. É necessário um organismo que tenha força institucional em nível

federal, nas sociedades locais organizadas e populações sujeitas a riscos, focado na

157 Estudo/Pesquisa

prevenção mas também preparado para atuar nas respostas aos desastres, para

tentar amenizar o caos que quase sempre se instala numa região metropolitana, que

necessita de medidas conjuntas, transversalizadas, com orçamento adequado para

realizar obras que os municípios, de per si, não têm condições de executar.

Bacias hidrográficas

Em todos os casos conhecidos, uma bacia e até mesmo algumas microbacias são

intermunicipais; as suas nascentes ficam a muitos quilômetros do município e uma

enxurrada pode causar uma grande enchente num dia ensolarado. As mortes,

desabrigados e grandes perdas materiais poderiam ser evitadas se houvesse

monitoramento em barragens, cabeceiras e ao longo de rios caudalosos e sujeitos a

transbordamentos, quando da ocorrência de chuvas prolongadas e intensas. Mas as

vulnerabilidades são relativamente comuns nas áreas de inundação como também

nos municípios que se situam em áreas mais íngremes e sujeitas a deslizamentos.

Não basta tratar cada problema como se fosse específico de cada município, quando

o problema central é comum: trata-se de gerir a vazão de uma bacia, muitas vezes

com várias nascentes e rios que confluem para um rio central. Exemplos de

soluções para grandes bacias, em várias partes do mundo, são bem conhecidos,

como a do Vale do Tennessee, transformando o problema num planejamento

regional de desenvolvimento, solucionando não só os riscos de inundação, como

também os problemas econômicos e sociais numa região que era extremamente

pobre. A estratégia deve ser: problemas comuns, soluções conjuntas, atacando

todas as dimensões das ameaças, vulnerabilidades e riscos, e com um orçamento

que pode ser viabilizado por fontes internacionais e nacionais.

158 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Orla marítima

Os serviços de meteorologia nacionais continuam dizendo que as ressacas que vêm

destruindo as orlas marítimas são provocadas por acúmulos das águas do Atlântico

Sul por conta dos ciclones extratropicais e das marés astronômicas. Essas marés

altas são chamadas pelos pescadores de marés de lua, que no inverno tendem a ser

mais altas e, as muito altas, são chamadas de marés de sete anos, aquelas que

invadem as comunidades costeiras a um metro ou mais acima do nível médio do

mar. Os cientistas internacionais possuem informações de muitas décadas e vem

acompanhando as invasões pelo mar de amplas áreas costeiras, em várias ilhas do

Pacífico. Associam essa elevação do nível do mar ao degelo do Ártico e da

Groenlândia, ao efeito estufa, aos fenômenos El Niño e La Niña, e as oscilações dos

oceanos. Na orla marítima oceânica brasileira, a chamada erosão marinha causada

pelas ressacas e marés já vem acontecendo há muito tempo, desde o Norte até o Sul

do Brasil. Nos últimos dois, três anos a erosão vem castigando a costa catarinense,

em especial no sul da Ilha capital de Santa Catarina. Embora os fenômenos

atmosféricos e oceânicos possam estar se agravando, o que é fundamental e que

não se quer enxergar é que o Poder Público acoberta e mesmo incentiva o avanço

turístico. Hotéis, casas de comércio – bares e restaurantes -, casas de classes média

e alta, prédios, condomínios fechados invadem a orla marítima, destroem dunas e

restingas, e constroem muros, colocam sacos de areia, e instalam encanamentos

para escoamento da água da chuva em direção à praia.

159 Estudo/Pesquisa

ANÁLISE DA DEFESA CIVIL NO BRASIL

Pesquisas realizadas por cientistas de todo o mundo demonstram que o

desmatamento, as queimadas, a desertificação e todas as formas de poluição

urbana, emitem milhões de toneladas de gases de efeito estufa, provocando com

isso alterações climáticas que tendem a ser mais intensas e frequentes, flutuando

entre picos de ventos e chuvas fortes, e estiagens e secas. De acordo com a ONU,

nas duas últimas décadas, mais de 200 milhões de pessoas, em média, a cada ano,

foram afetadas por desastres, ou seja, mais que o total da população brasileira.

Neste período, os danos oriundos de desastres multiplicaram, não só em função do

recrudescimento das ameaças, como também pela vulnerabilidade das nossas

cidades. Sabe-se que países desenvolvidos são menos afetados por desastres do

que os países pobres, independentemente da magnitude do evento.

Apesar de o Brasil ter participado ativamente da Conferência Mundial sobre a

Redução de Desastres, realizada em Kobe, Hyogo, Japão, de 18 a 22 de janeiro de

2005, e ser um dos signatários do Quadro de Ação de Hyogo para 2005 a 2015:

Aumento da resiliência das nações frente aos desastres, decorridos cinco anos,

constata-se que pouco se fez para o cumprimento do convencionado.

Buscando alternativas, a SEDEC organizou uma série de encontros que culminou na I

Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária, em março de 2010.

Com uma participação extraordinária de municípios de todo o país, delegados de

todas as classes sociais aprovaram 104 diretrizes que certamente nortearão as

políticas de defesa civil nos próximos anos.

Antes disso, a Conferência Mundial sobre Redução dos Desastres, realizada em

2005, em Kobe, Hyogo, Japão, representou um ponto de inflexão na agenda

mundial em torno da redução de riscos de desastres, com a adoção do Quadro de

160 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Ação de Hyogo, apresentando três objetivos estratégicos fundamentais:

a) Integrar a consideração dos riscos de desastre nas políticas, planos e

programas de desenvolvimento sustentável em todos os níveis, com ênfase

na prevenção e mitigação dos desastres, na preparação para casos de

desastre, e redução da vulnerabilidade.

b) Criar e fortalecer as instituições, mecanismos e meios em todos os níveis, em

particular em nível da comunidade, que possam contribuir de maneira

sistemática para aumentar a resiliência frente às ameaças.

c) Na fase de reconstrução das comunidades danificadas, a incorporação

sistemática de critérios de redução de riscos no projeto e execução dos

programas preparatórios para as situações de emergência, de resposta e de

recuperação.

E identificando deficiências e desafios particulares nas cinco áreas seguintes:

a) Governança: quadros institucionais, jurídicos e normativos;

b) Identificação, avaliação e vigilância dos riscos e alerta prévio;

c) Gestão do conhecimento e a educação;

d) Redução dos fatores de risco subjacentes;

e) Preparação para uma resposta eficaz e uma recuperação efetiva.

Concordes com estas orientações e cientes dos sérios problemas institucionais

enfrentados pelo Sistema de Defesa Civil no Brasil, e sem desrespeitar as diretrizes

161 Estudo/Pesquisa

da I CNDC, propomos:

1. Alterar a designação Defesa Civil para Proteção Civil, para que cada vez

mais fique descaracterizado o viés de resposta nas ações de defesa civil

em nível nacional, que, basicamente, atua respondendo a algum evento

adverso, mesmo porque, no Orçamento Anual da Defesa Civil Nacional,

estão configurados poucos recursos destinados a ações preventivas de

defesa civil, ficando para outros ministérios – devido as suas

especificidades - a responsabilidade pela aplicação de recursos em ações

afins.

2. Criar a Secretaria Nacional de Proteção Civil – SENAP, subordinada à Casa

Civil da Presidência da República, com o propósito de implementar as

Políticas de Estado e de Governo de Proteção Civil.

3. Implantar plano integrado dos órgãos federais envolvidos em ações de

defesa civil.

O Decreto nº 7257, de 4/8/10, diz, em seu art. 3º, que o Sistema Nacional de

Defesa Civil – SINDEC tem como objetivo planejar, articular e coordenar as ações de

defesa civil em todo o território nacional, e, em seu § 2º, do art. 4º, diz que

compete à Secretaria Nacional de Defesa Civil do Ministério da Integração Nacional –

SEDEC a coordenação do SINDEC.

Portanto, a responsabilidade maior pela aplicação dos recursos voltados à

prevenção de desastres é da SEDEC, mesmo não sendo ela a repassadora direta

desses recursos.

No momento, não existem planos calcados na “identificação, mapeamento e

monitoramento de riscos, ameaças e vulnerabilidades locais, incluindo a capacitação

162 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

da sociedade” – art. 2º, inciso IX, do citado decreto, que orientem o uso dos

recursos de forma integrada. Assim, sugerimos que o SINDEC/SENAP

(SINDEC/SEDEC) promova a feitura de planos, orientados pelos levantamentos e

estudos efetuados, integrando os recursos e atividades de cada Ministério para as

ações de prevenção de defesa civil, contendo a identificação clara do que, quando,

quanto, e onde serão alocados os recursos, incluídos em uma plataforma

(plataforma - mecanismo de gestão e acompanhamento das informações técnicas,

orçamentárias e financeiras, de diversos órgãos atuando em ações específicas de

suas pastas em projetos desenvolvidos em comum).

Além das vantagens óbvias –

a) conhecimento de todos os recursos destinados à prevenção de desastres nos

demais Ministérios, hoje praticamente impossível de se conhecer;

b) atuação orquestrada das funções de governo (cidades, saúde, educação, justiça,

integração, meio ambiente, etc.) envolvidas com aspectos específicos de proteção

civil (proteção de encostas, desmatamento, desertificação, incêndios, secas,

drenagem, riscos de enchentes, localização de unidades de saúde e de ensino,

acidentes de trânsito, combate à pobreza, desenvolvimento regional, combate às

endemias e epidemias, etc., além da resposta e recuperação frente aos desastres),

enfim, tudo que de alguma forma possa afetar a vida das pessoas; e

c) aplicação de recursos nas áreas potencialmente mais críticas, sem desperdícios,

com base em estudos técnicos -,

os Ministérios não perderiam autonomia pois continuariam sendo os ordenadores

primários das despesas.

163 Estudo/Pesquisa

4. Ampliar o Centro Nacional de Alerta e Gestão de Desastres - CENAD,

subordinado à Secretaria Nacional de Proteção Civil – SENAP, com o

propósito de investigar, monitorar os fenômenos naturais, centralizar e

difundir informações e capacitar pessoas para o enfrentamento de eventos

adversos, e incentivar a implantação de Sistemas de Alerta Prévio em

localidades de alto risco.

5. Elaborar diagnóstico e zoneamento das áreas de risco em nível nacional

para subsidiar planos e programas que deverão ser operacionalizados por

mais de um ministério, sob a coordenação da SEDEC.

6. Implantar SCO – Sistema de Comando de Operações – em municípios com,

no mínimo 100.000 habitantes, nos estados e Distrito Federal.

7. Implantar o GADE – Grupo de Apoio a Desastres, “formado por equipe

multidisciplinar, mobilizável a qualquer tempo, para atuar nas diversas

fases do desastre em território nacional ou em outros países”, conforme

Decreto 7.257/10.

8. Providenciar a feitura de planos de contingência.

9. Responsabilizar – a exemplo da Lei de Responsabilidade Fiscal - as

autoridades constituídas que não cumprirem com suas obrigações de:

a) fazer cumprir os planos diretores das cidades;

b) salvaguardar os recursos ambientais, particularmente os localizados em áreas de

preservação permanente;

c) impedir a ocupação de áreas de risco, e, se ocupadas, realocar as pessoas em

áreas seguras;

d) impedir as queimadas, principalmente em áreas de florestas.

164 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

10. Extinguir as Coordenadorias Regionais de Defesa Civil – CORDEC’s. Em

contrapartida, envolver estados e municípios em estudos, elaboração e

execução de projetos para a solução de problemas comuns.

165 Conclusões

7 CONCLUSÕES

Faz parte do escopo do CEPED UFSC desenvolver atividades de pesquisa e extensão

na área dos desastres ambientais, com ênfase na gestão de riscos e de desastres.

As ações desenvolvidas no projeto 258 – Conferência Nacional de Defesa Civil

possibilitaram, entre outros aspectos, estreitar o envolvimento entre a Universidade

e a sociedade brasileira na discussão por uma política nacional de Defesa Civil e

Assistência Humanitária. Também consistiram como atividades importantes para

promover uma cultura de proteção civil ampliada.

Apesar de algumas dificuldades encontradas na operacionalização do evento e do

curto período em que o CEPED UFSC atuou na sua organização, a 1ª Conferência

Nacional de Defesa Civil, 1ª CNDC, reuniu mais de 1.500 pessoas no debate público

para consolidar uma proposta nacional de proteção civil.

O VII Fórum Nacional de Defesa Civil realizado em Ponta Porã deu continuidade, por

sua vez, ao debate de boas práticas em defesa civil no âmbito municipal, com

relação à gestão local dos riscos para a construção de cidades mais resilientes,

conforme a proposta de Campanha Nacional 2010-2011 da SEDEC. O evento teve

378 inscrições locais e mais de 450 pelo site.

A campanha brasileira abordou a mesma temática desenvolvida pela Estratégia

Internacional de Redução de Desastres. Incluiu a entrega de materiais e divulgação

de informações no decorrer na Semana Nacional de Defesa Civil e em outros eventos

programados.

Os simulados possibilitaram ir além dos debates e das atividades preventivas

habituais para uma prática de preparação aos desastres. Realizados em diferentes

municípios do país, atingindo os cincos regiões brasileiras, os simulados

objetivaram estimular as coordenadorias municipais de defesa civil para desenvolver

166 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

atividades semelhantes. Foram desenvolvidos 11 simulados em três regiões do país:

nordeste, sul e sudeste, sendo que São Paulo cancelou o evento. Os simulados

coordenados pelas defesas civis municipais mobilizaram em torno de 1200 pessoas

das comunidades, além de inúmeras pessoas das agências que atuam na proteção e

na resposta aos desastres.

O estudo realizado apresenta, por fim, um panorama do funcionamento da Defesa

Civil no Brasil até a gestão de 2010. Trata-se de uma análise inicial que apresenta,

também, sugestões para a organização da Defesa Civil em relação a algumas

propostas decorrentes da 1ª CNDC. O estudo realizado não foi aprofundado pelo

envolvimento do CEPED UFSC em outras ações do projeto. Contudo, a análise indica

quais os entraves nos processos organizacionais da Defesa Civil que dificultam a

gestão dos riscos e dos desastres em todo o território nacional.

O projeto 258- Conferência Nacional de Defesa Civil consistiu, então, no

desenvolvimento de um conjunto de ações de prevenção e de preparação a

desastres, as quais incluem eventos, campanhas e simulados. Fundamentalmente, o

projeto possibilitou a cooperação técnica com a universidade para a realização da 1ª

CNDC, com o objetivo de construir uma política Pública de Defesa Civil e Assistência

Humanitária.

O propósito primordial que reuniu estas ações foi a necessidade de minimizar os

riscos e as perdas relacionados a desastres no país, garantindo que as pessoas

sejam atendidas, protegidas e, fundamentalmente, escutadas, participando do

debate da Defesa Civil.

167 Anexo

ANEXO A - Relatório interação – Conferência Nacional de Defesa Civil

Relatório Interação

168 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

169 Anexo

170 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

171 Anexo

172 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

173 Anexo

174 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

175 Anexo

176 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

177 Anexo

178 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

179 Anexo

180 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

181 Anexo

182 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária: relatório final

Realização: