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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO UNIVERSITRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES ESPECIALIZAO EM PLANEJAMENTO E GESTO EM DEFESA CIVIL

EDMILDO MORENO SOBRAL

DEFESA CIVIL E A COMUNIDADE: IMPACTOS PSEXPLOSO DE FBRICA DE FOGOS DE ARTIFCIO NA CIDADE DE SANTO ANTNIO DE JESUS-BA

FLORIANPOLIS SC 2005

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO UNIVERSITRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES ESPECIALIZAO EM PLANEJAMENTO E GESTO EM DEFESA CIVIL

EDMILDO MORENO SOBRAL

DEFESA CIVIL E A COMUNIDADE: IMPACTOS PSEXPLOSO DE FBRICA DE FOGOS DE ARTIFCIO NA CIDADE DE SANTO ANTONIO DE JESUS-BA

Monografia apresentada para obteno do ttulo de especialista no Curso de Ps-Graduao Lato Sensu em Planejamento e Gesto em Defesa Civil, da Universidade Federal de Santa Catarina. Orientador: Prof. Dr. Massato Kobiama.

FLORIANPOLIS SC 2005

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EDMILDO MORENO SOBRAL

DEFESA CIVIL E A COMUNIDADE: IMPACTOS PSEXPLOSO DE FBRICA DE FOGOS DE ARTIFCIO NA CIDADE DE SANTO ANTNIO DE JESUS-BA

Esta Monografia foi julgada adequada para obteno do Ttulo de Especialista em Planejamento e Gesto da Defesa Civil e aprovada em sua forma final pelo Programa de Ps-Graduao Lato Sensu da Universidade Federal de Santa Catarina.

Banca Examinadora:

________________________________________ Prof. Massato Kobiama, Dr.

________________________________________ Prof. Flvia Regina Ramos, Dr

________________________________________ Prof. Srgio Jos Bezerra

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Para minha me (em memria) e meu pai... Para minha esposa e meus filhos.

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A mente que se abre a uma nova idia jamais voltar ao seu tamanho original.(A. Einstein)

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RESUMO

A necessidade de um rgo que tenha como objetivo primordial zelar pelo bom andamento da vida das populaes, principalmente nos momentos em que acontecerem desastres que comprometem o bom funcionamento da cotidianidade social. Mas, diante da premissa de que o Estado, principalmente nas catstrofes, no pode suprir todas as necessidades dos seus cidados, o governo e comunidade devem agir em conjunto, visando, alm do socorro dos atingidos, o mais breve restabelecimento das condies anteriores ao evento desastroso. O carter preventivo das aes se faz necessria no Brasil, mas percebido timidamente nas aes planejadas pelo governo.Executam-se aes pontuais e os projetos no so elaborados com a participao comunitria e defesa civil atua apenas como rgo de resposta quase sempre pouco eficiente. Apesar dos entraves que a legislao impe ao sistema nacional de defesa civil as mudanas ocorridas na Bahia em termos de preveno demonstram que sem a participao popular no haver avanos nas aes de segurana global da populao e o que se pretende inserir uma conceituao de proteo civil ampla sem as amarras da criao da Defesa Civil durante os conflitos blicos e que perduram at hoje.

Palavras-chave: preveno; comunidade, sociedade; defesa civil.

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LISTA DE ABREVIAES

DC CEPED CONDEC CORDEC

Defesa Civil Centros Universitrios de Ensino e Pesquisa Conselho Nacional de Defesa Civil Coordenadoria Regional de Defesa Civil

COMDEC Comisso Municipal de Defesa Civil CODESUL Conselho de Desenvolvimento e Integrao Sul GEACAP ONG OIPC PETI SEDEC SINDEC SINDESB UNDRO Grupo Especial para Assunto de Calamidades Pblicas Organizao No Governamental Organizao Internacional de Proteo Civil Programa de Erradicao do Trabalho Infantil Secretaria Especial de Defesa Civil Sistema Nacional de Defesa Civil Sistemas de Informaes sobre Desastres no Brasil Oficina das Naes Unidas para Coordenao do Socorro em Casos de Desastres

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SUMRIO

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INTRODUO................................................................................................ 1.1 Contextualizao do Tema.......................................................................... 1.2 Objetivos...................................................................................................... 1.2.1 Objetivo Geral........................................................................................... 1.2.2 Objetivos Especficos................................................................................ 1.3 Justificativa.................................................................................................. 1.4 Metodologia..................................................................................................

09 09 11 11 11 11 12 14 14 15 17 21 22 24

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FUNDAMENTAO TERICA................................................................... 2.1 NASCIMENTO DA DEFESA CIVIL NO MUNDO .................................. 2.2 A REGULAMENTAO DA DEFESA CIVIL NO BRASIL................... 2.2.1 A Estruturao do Sistema de Defesa Civil ............................................. 2.2.2 A Defesa Civil e sua competncia no mbito Estadual ............................ 2.3 DEFESA CIVIL E O ENVOLVIMENTO COMUNITRIO...................... 2.3.1 Impactos ps acidente com exploso em fbrica de fogos........................

2.3.2 Consideraes sobre as condicionantes que emperram o 26 desenvolvimento da conscincia coletiva na preveno de desastres ................ 2.3.3 Resistncia participao Comunitria..................................................... 2.3.4 Vulnerabilidade e mudana de cenrio ..................................................... 2.4 TREINAMENTO EM DEFESA CIVIL....................................................... 3 4 27 29 32

2.4.1 Defesa Civil e a Gesto dos Riscos............................................................ 33 ESTUDO DE CASO: A DEFESA CIVIL E AS AES DO GOVERNO 35 DO ESTADO NA CIDADE DE SANTO ANTNIO DE JESUS................ CONSIDERAES FINAIS........................................................................... REFERNCIAS................................................................................................ ANEXOS............................................................................................................ 37 39 40

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1 INTRODUO

1.1 Contextualizao do Tema

Este trabalho tem como objeto de anlise a Defesa Civil no contexto brasileiro, mostrando as suas aes, o envolvimento popular e os possveis motivos que contribuem para que a parceria entre este rgo e a sociedade civil no acontea de modo sistematizado e contnuo. apresentado primeiramente o nascimento da Defesa Civil no mundo e a sua regulamentao enquanto rgo gerido e mantido pelo governo brasileiro. A sua estruturao interna e hierrquica foi alada em decretos-lei que normatizou e agregou a sociedade civil na composio de agentes constituintes desse rgo. No Brasil, a Defesa Civil tem um carter de atendimento s ocorrncias, tendo as suas aes pautadas em normas especficas para cada tipo de demanda. Hoje, a Defesa Civil busca uma parceria mais efetiva com a sociedade civil e tem investido em campanhas para que exista uma cooperao nos momentos que se fizerem necessrio a participao da Defesa Civil. Para isso so necessrios, programas de treinamentos para a populao mostrando como devem comportar-se diante das calamidades pblicas, as normas que devem ser seguidas para um melhor atendimento as populaes vitimadas e at mesmo para prevenir possveis acidentes ou eventos naturais que possam comprometer a segurana das pessoas. A concepo da defesa civil com uma conotao militar e centralizada se torna incompatvel com as novas necessidades da sociedade e com a ampliao do conceito em defesa civil: defesa da vida e dos bens da populao, do meio ambiente no seu sentido mais

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amplo. Por ser centralizador fica distante de onde ocorrem os desastres. burocrtico, submetido a injunes polticas, apia -se claramente em mecanismo de controle social. Concentra-se em eventos vistos isoladamente quando o desastre sempre um processo social complexo, resultante entre outros da deficincia de infra-estrutura, da ausncia de capital social de uma gesto pblica pouco eficiente agindo, sobretudo nas aes de socorro minimizando a importncia da preveno e da reconstruo. Atualmente no estado da Bahia h uma imensa preocupao no que tange ao disciplinamento do fabrico de fogos de artifcio visando proteger e conscientizar as comunidades envolvidas vez que, de um modo geral, as ocorrncias de acidentes e exploses interferem na vida destas, no apenas dos fabricantes como tambm das famlias vizinhas que esto obrigadas a conviver junto ao perigo ocasionado pelo manuseio de produtos explosivos criando situaes problemticas enfrentadas em diversos municpios. Santo Antnio de Jesus no recncavo baiano a 185 km de Salvador, com rea territorial de 252km com clima mido a submido e seco a submido e coordenadas geogrficas de 1258de Latitude Sul e 3916 de Longitude Oeste a cidade de maior densidade populacional da referida regio com uma populao estimada de 85.536 hab. sendo considerada plo comercial e o maior centro de fabricao e distribuio de fogos de artifcio, aglutinando a produo de outros doze municpios que desenvolvem essa atividade h mais de um sculo.A forma de produo sempre foi artesanal envolvendo numerosas famlias da zona urbana e rural dos vrios municpios do recncavo. A cidade de Santo Antnio de Jesus est inserida um plo comercial situado s margens da BR 101, fato que contribuiu para um crescimento desordenado principalmente na periferia com uma populao oriunda da zona rural, analfabetas em sua grande maioria, e com algum conhecimento do fabrico artesanal de fogos, motivo facilitador para absoro

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de mo-de-obra barata inclusive a infantil, tornando-se assim o gerador de renda para uma mdia de 5.000 famlias.A maioria das famlias envolvidas no processo produtivo recebe a matria prima e trabalham em suas prprias casas recebendo pagamento por unidades produzidas o que contribui para o envolvimento de todos da famlia inclusive as crianas acima de 3 anos, essas pessoas no tem conscincia dos riscos a que esto expostas e mesmo os que a tem , minimizam-na pela necessidade de sobrevivncia. Aps a ocorrncia de pequenos acidentes que resultaram em amputaes de dedos e mos de trabalhadores envolvidos na atividade em suas prprias residncias, os fornecedores de matria prima (grandes fabricantes) comearam a instalar pequenas fabricas, mas, sem as mnimas condies de segurana o que contribui para a ocorrncia de acidentes de maior porte inclusive com bitos. Com o aumento da produo e do consumo no perodo dos festejos juninos e festas de final de ano, houve tambm um aumento no numero de unidades produtivas fbricas clandestinas que registraram um dos maiores acidentes ocorridos em fbrica de fogos no pas, em dezembro de 1998 com um total de 64 vtimas fatais e seqelas em mais 12 pessoas inclusive crianas. A histria prova que uma comunidade jamais ser a mesma aps um desastre de grande porte, as mudanas ocorrem tanto na sua estrutura econmica quanto social, no entanto a mensurao sempre dos prejuzos econmicos, havendo a necessidade de uma abordagem sociolgica para avaliao das mudanas sociais aps ocorrncias desastrosas. Esses impactos sero referidos com referencia ao papel da Defesa Civil do estado da Bahia e suas aes no municpio aps a ocorrncia em estudo.

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1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral Descrever as mudanas que ocorreram no municpio de Santo Antnio de Jesus no estado da Bahia, aps acidente com exploso em fbrica clandestina de fogos de artifcio.

1.2.2 Objetivos Especficos Identificar as aes tomadas pela comunidade aps a ocorrncia da exploso;

Analisar as aes realizadas pelo governo da Bahia e a sociedade local na modificao das relaes de trabalho e sistemas de segurana na fabricao de fogos.

1.3 Justificativa

Este estudo pretende mostrar que aps um acidente de grande porte, com mortos e feridos, ocorreu um movimento social relevante visando superar as dificuldades geradas pela situao. Houve uma democratizao nos processos para o enfrentamento das situaes de risco proveniente da fabricao de fogos. A participao da comunidade ocorreu em todas as etapas do processo para tomada de decises, desenvolvimento de aes e descentralizao de recursos e o poder pblico estadual e municipal passaram a atuar de forma suplementar naquilo que a comunidade no pde resolver sozinha. Pretendo ainda mostrar que a percepo de risco foi assimilada pela populao o que contribuiu para uma mudana de foco e enfrentamento do problema, pois, a atividade

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clandestina no fabrico de fogos uma das nicas opes de trabalho e renda para um grande extrato populacional e o fim da produo causaria distrbios sociais mais impactantes que o prprio acidente que vitimou 64 pessoas. Os Governos Estadual e Municipal, com a participao dos Movimentos Sociais organizados tais como: Igreja, Lyons Clube, CDL, SEBRAE,etc perceberam que a soluo para os acidentes no estaria na extino das fabricas clandestinas de fogos, pois a maior parte da populao da cidade vive economicamente em funo delas direta ou indiretamente a mais de um sculo.A soluo encontrada foi no sentido da regularizao das fabricas fazendo com que todas as normas de segurana fossem cumpridas Portanto, foram desenvolvidos estudos e implantao de mudanas atravs de novas relaes sociais e de trabalho, com implantao de fbricas para produzirem respeitando todas as normas de segurana, bem como foi criado na cidade e no Brasil, pelo Governo do Estado, o primeiro Curso Tcnico em Industria com habilitao em Pirotecnia (fogos de artifcio).

1.4 Metodologia

O procedimento tcnico para a realizao do trabalho foi iniciada com a seleo bibliogrfica, posteriormente foi realizada uma leitura analtica com a intencionalidade de agregar subsdios lgicos e tcnicos para a fundamentao terica do presente trabalho. A fundamentao do trabalho foi baseada em documentos publicados por rgos governamentais e contribuies relevantes dos autores citados na bibliografia para alicerar e dar suporte terico da referida monografia, aps leituras comparativas e conceitos doutrinrios de Defesa Civil contextualizada para um referido tema numa dada regio/municpio.

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Pesquisa na internet, sobre o desastre ocorrido, inclusive buscando-se dados e reportagens mais recentes com relao ao fato, para subsidiar a aplicao de questionrios entre representantes de movimentos sociais, familiares de vitimas acerca das aes desenvolvidas at o presente.

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2 FUNDAMENTAO TERICA

2.1 NASCIMENTO DA DEFESA CIVIL NO MUNDO

Com o aparecimento do homem sobre a face da terra, iniciou-se uma rdua luta pela sobrevivncia, sempre ameaada pelas adversidades, obrigando-se a desenvolver artifcios de defesa para enfrentar animais ferozes, a fome, os incndios, as secas, as inundaes e o ataque de inimigos.

Magnficos exemplos so encontrados nas civilizaes antigas, onde os recursos para garantir a continuidade da espcie, eram buscados no prprio meio em que viviam, como o caso da habitao no alto das elevaes, em palafitas nos vales dos grandes rios, entre outros.

Com o passar do tempo, foram surgindo as vilas e as cidades e os procedimentos de defesa foram progressivamente sendo aperfeioados. Nas guerras realizadas na mais remota antiguidade, os exrcitos estavam preparados para o combate, mas a proteo da populao civil no empenhada na luta, era relegada a segundo plano. Para fazer frente aos fenmenos naturais adversos, no havia sistemas organizados pelo poder pblico, as reaes da defesa eram ocasionais. Somente mais tarde, j na Idade Mdia, que os franceses organizaram um sistema de combate ao fogo, que era o pior inimigo das grandes cidades.

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A rpida evoluo das sociedades humanas, o vertiginoso progresso na rea tecnolgica, industrial e de urbanizao, contriburam para as crescentes e insaciveis necessidades do homem, tornando o mundo moderno palco de outras adversidades, como os incndios em edifcios, poluio do ar e dos rios, acidentes de trnsito, radioatividade, etc.

As calamidades que antes eram raras tornaram-se hoje uma realidade diria, o que veio despertar sentimentos de solidariedade; a vida, a integridade fsica e o bem-estar de cada um surgiram como bens de valor imensurvel, necessitando serem protegidos por uma rede de defesa.

Com o passar do tempo as populaes foram alertadas quanto necessidade de organizarem um sistema de defesa mais amplo, no s para a proteo contra efeitos decorrentes de eventos catastrficos oriundos da natureza, como tambm os resultantes de situaes de guerra. Surgiu ento o sentimento de responsabilidade pblica, conscientizando os governantes que ao Estado cabe o dever de proteger os cidados contra os fenmenos adversos.

Contudo, somente aps o incio da Segunda Guerra Mundial, que se evidenciou a necessidade de estruturao da Defesa Civil como responsabilidade governamental, uma vez comprovada a eficincia dos sistemas organizados para atender as populaes dos grandes centros industriais e populacionais dos pases envolvidos no conflito, a despeito dos incndios, escombros, milhares de mortos e feridos, milhes de desabrigados, como conseqncia dos repetidos bombardeios.

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Como exemplo, bastaria citar a grandiosa reao havida em Hiroshima-Japo, aps a exploso da bomba atmica, quando de um total de 300.000 pessoas, 100.000 foram evacuadas, 75.000 morreram e 75.000 ficaram feridas, e j no 10 dia as indstrias estavam trabalhando com 70% de sua capacidade.

2.2 A REGULAMENTAO DA DEFESA CIVIL NO BRASIL

O Brasil criou o seu sistema de Defesa Civil, aps a Segunda Guerra Mundial, em fevereiro de 1942, logo depois do ataque japons base de Pearl Harbour, o Governo brasileiro, baixou Decreto-Lei criando o Servio de Defesa Passiva Antiarea, sob a superviso do Ministrio da Aeronutica. Mediante outros diplomas legais, ocorreram modificaes e, por fim, em 1943, a mudana da denominao para Servio de Defesa Civil.

Terminado o conflito mundial, com a euforia da paz, houve um relaxamento, culminando com a extino do servio em 1946. Posteriormente o Estado Maior das Foras Armadas e a Escola Superior de Guerra elaboraram trabalhos justificando e propondo a criao do Sistema Nacional de Defesa Civil, os quais, por vrios motivos, no vingaram.

Durante as situaes catastrficas que se abateram no pas, principalmente as secas no Nordeste e as inundaes no restante do pas. A interveno governamental se fazia sentir apenas para amenizar o sofrimento das populaes atingidas.

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Em 1966, no Estado do Rio de Janeiro, ocorreram inundaes, deslizamentos de encostas e desabamentos, causando 1.200 mortos e 46.000 desabrigados, o que levou o Governo do ento Estado da Guanabara a baixar Decreto criando a Comisso Estadual de Defesa Civil, pioneira no Brasil.

Posteriormente, com a elaborao da Constituio do Brasil, promulgada em 24 de janeiro de 1967, o Governo demonstrou interesse pelo assunto quando estabeleceu no captulo II, artigo 8, item XII, que compete Unio organizar a defesa permanente contra calamidades pblicas, especialmente a seca e as inundaes.

No mesmo ano, por meio do Decreto-lei n. 200, de 25 de fevereiro, em seu artigo 39, o Governo Federal atribuiu ao Ministrio do Interior a responsabilidade de assistncia s populaes atingidas pelas calamidades pblicas.

Em 05 de maro de 1969, por intermdio do aviso n. 0067, o Ministrio do Interior conclama os governadores dos estados brasileiros, no sentido de criarem um Sistema Estadual de Defesa Civil.

Em 22 de maio de 1969, com base no artigo 1 do Decreto n. 64.568, foi criado um grupo de trabalho incumbido de elaborar o Plano Permanente de Defesa Contra as Calamidades Pblicas, que concluiu pela necessidade de ser institudo o Grupo Especial para Assunto de Calamidades Pblicas - GEACAP, subordinado ao Ministrio do Interior.

Em 13 de outubro de 1969, por meio do decreto-lei n. 950, foi institudo no Ministrio do Interior o Fundo Especial para Calamidades Pblicas, fixando a dotao de recursos e outras providncias. A regulamentao do fundo efetivou-se por intermdio do Decreto n. 66.204, de 13 de fevereiro de 1970 e previa o atendimento s populaes

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atingidas por calamidades, quando reconhecida pelo Governo Federal, para aquisio de medicamentos, alimentos, agasalhos e pagamento de transportes, reembolso de despesas com preservao de vidas humanas, efetivadas por entidades pblicas ou privadas, prestadoras de socorro na rea de flagelo; e 5% para treinamento e aperfeioamento de pessoal para calamidades pblicas.

Com o decreto-lei n. 83.839 de 13 de agosto de 1979, foi criada a Secretaria Especial de Defesa Civil - SEDEC, vinculada ao Ministrio do Interior, com a finalidade de orientar e coordenar em todo Territrio Nacional as medidas relativas preveno, assistncia e recuperao quando da ocorrncia de fenmenos adversos de quaisquer ordens.

Nos momentos de nascimento at anterior a Constituio de 1988, a Defesa Civil tinha um carter restrito as aes do Estado, todas as responsabilidades ficavam a cargo da Unio, sendo a participao das populaes restritivas, figurando somente como as vtimas de desastres.

Em 16 de dezembro de 1988, por meio do Decreto n. 97.274, foi organizado o Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC, com o objetivo de planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades (Art. 21, inciso XVIII da Constituio/88), integrando a atuao dos rgos e entidade de planejamento, coordenao e execuo das medidas de assistncia s populaes atingidas por fatores anormais adversos, assim como de preveno ou recuperao de danos em Situao de Emergncia ou em Estado de Calamidade Pblica.

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2.2.1 A Estruturao Do Sistema Nacional De Defesa Civil

A Defesa Civil est organizada sob forma de sistema, integrando aes de Governo e da prpria comunidade. Estando no alto da pirmide hierrquica a SEDEC - Secretaria Especial de Defesa Civil, rgo subordinado ao Ministrio de Integrao Nacional, sua principal funo coordenar em todo o territrio Nacional as aes de Defesa Civil.

A partir do incio da dcada de 1990, fundamentando-se na legislao federal, houve avanos na organizao institucional das estruturas de Defesa Civil nos Estados e municpios. Assim, o sistema passou por uma atualizao e foi reorganizado.

Observa-se ademais que o Sistema Nacional de Defesa Civil, no perodo de 11 anos, de 1990 a 2001 pertenceu a 7 diferentes Pastas Ministeriais, com diferentes estruturas e denominaes, reformas administrativas tais que afetam a continuidade de qualquer poltica setorial ou nacional.

A ltima grande reformulao da Defesa Civil ocorreu em 17 de fevereiro de 2005 atravs do decreto 5376, quando foi criado o Conselho Nacional de Defesa Civil presidido pelo Secretrio Nacional de Defesa Civil, e composto por representantes de 23 Ministrios: Casa Civil, Gabinete de Segurana Institucional, Secretarias: de Coordenao Poltica, de Comunicao de Governo, Gesto Estratgica alm dos Comandos da Marinha, do Exrcito e da Aeronutica. Alm disso, prev a participao da sociedade do terceiro setor (ONGs), das Universidades e outras instituies. Essa abertura de participao ainda precisa ser absorvida pelos diferentes atores. Entretanto, j um grande passo na

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modernizao da proteo do cidado contra os desastres.Conforme pode ser visto pelo artigo 10 incisos XIII e XXII a seguir mostrados:

Art. 10 Secretaria Nacional de Defesa Civil, na qualidade de rgo central do SINDEC compete:

..........

XII Incentivar a implantao de Centros Universitrios de Ensino e Pesquisa sobre Desastres- CEPED ou ncleos multidisciplinares destinados pesquisa, extenso e capacitao de recursos humanos com vistas ao gerenciamento e execuo de atividades de defesa civil...............

XXII- Implantar e implementar os Sistemas de Informaes sobre Desastres no Brasil SINDESB, o Sistema de Monitorizao de Desastres, o Sistema de Alerta e Alarme de Desastres, o Sistema de Resposta aos Desastres, O sistema de Auxlio e Atendimento Populao e o Sistema de Preveno e de Reconstruo, no mbito do SINDEC, e incentivar a criao e interligao de centros de operaes nos seus trs nveis.. Apesar da recente evoluo da legislao,em especial o decreto 5376 quando diz: Art.15. Aos rgos setoriais, em nvel federal, por intermdio de suas secretarias, entidades e rgos vinculados, e em articulao com o rgo central do SINDEC, alm de outras atividades de acordo com as respectivas competncias legais, caber:.............

VII ao Ministrio da Educao, cooperar com o programa de desenvolvimento de recursos humanos e difundir, por intermdio das redes de ensino formal e informal, contedos didticos relativos preveno de desastres e defesa civil e, por intermdio das universidades federais, realizar e difundir pesquisas sismolgicas de interesse do SINDEC; VII - ao Ministrio da Cultura, promover o desenvolvimento do senso de percepo de risco na populao brasileira e contribuir para

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o incremento de mudana cultural relacionada com a reduo dos desastres; ......... XXIII ao Ministrio das Cidades, gerir a aplicao de recursos em polticas de desenvolvimento urbano voltadas para a recuperao e a reconstruo de moradias para a populao de baixa renda afetada por desastres e em obras e servios de saneamento em reas de risco. Nota-se que muito ainda h que se realizar. Em especial no inciso VII supra sobre contedo didtico que est somente vinculado ao ministrio da Educao. de bom alvitre que seja descentralizado dentro das unidades da Federao e mesmo entre os Municpios face a grande diversidade de ameaas em todo o pas a depender da localizao geogrfica.

Com relao aos incisos VIII e XXII merecem maiores anlises tendo-se em vista a interpenetrao de funes de alguns desses rgos. Numa busca pela palavra sustentabilidade no decreto encontrou-se zero citaes. H uma tnica muito forte nos aspectos de emergncia e recuperao. Embora seja at definida a prioridade para aes de preveno, por exemplo, no artigo 10 inciso XXIV quando estabelece: dar prioridade ao apoio s aes preventivas e as demais relacionadas com a minimizao de desastres a palavra preveno est quase sempre associada a recuperao.

Outros pontos importantes: a ausncia da comunidade (exceto os voluntrios, mesmo assim sem carter decisrio) e pouca nfase nos aspectos de educao da populao.

O CONDEC - Conselho Nacional de Defesa Civil, baixa as normas e diretrizes que norteia as aes nos Estados e posteriormente aparece o CEDEC Coordenadoria Estadual de Defesa Civil que por sua vez coordena em todo o territrio estadual as aes de Defesa

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Civil. A CORDEC Coordenadoria Regional de Defesa Civil, se apresenta como um elo de ligao entre a CEDEC e as COMDEC Comisso Municipal de Defesa Civil que coordena nos municpios as aes de Defesa Civil, figurando como a primeira linha de defesa da comunidade ameaada por desastre.

Alm dos rgos pblicos para a regulamentao da Defesa Civil, existe alianas regionais que tem como funo garantir uma melhor qualidade no atendimento das populaes diante das catstrofes. Um exemplo dessa aliana no Brasil o CODESUL Conselho de Desenvolvimento e Integrao Sul que formado pelos Estados do Paran, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, cujos Governadores so seus membros. Foi criado para facilitar o intercmbio entre os Estados do Sul.

Os objetivos nascidos dessa unio foram: a congregao de esforos na rea de defesa civil entre os Estados membros; o estabelecimento de procedimentos comuns no campo de defesa civil, na preveno de eventos adversos naturais e provocados; estabelecer procedimentos comuns no campo de defesa civil, no controle do transporte rodovirio de produtos perigosos; estimular o constante intercmbio entre as instituies de Defesa Civil dos estados membros e dos pases do MERCOSUL, principalmente no campo da pesquisa e das operaes de defesa civil; promover a integrao de informaes e de comunicaes; identificar, buscar e otimizar recursos humanos, materiais e financeiros necessrios ao cumprimento das metas estabelecidas pelo Conselho.

Hoje, o CODESUL estuda a possibilidade de incluso de novos parceiros para a realizao de operaes conjuntas de pesquisas, tendo as universidades e faculdades estaduais como membros para suscitar tais estudos e os pases do MERCOSUL para um

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intercmbio de informaes e instrumentos na preveno e aes diante das calamidades e desastres.

2.2.2 A Defesa Civil E Sua Competncia No mbito Estadual

A Defesa Civil, de acordo com o Decreto n 40.151, de 16 de junho de 1995, "compreende o conjunto de aes preventivas, de socorro, assistenciais e recuperativas destinadas a evitar ou minimizar os desastres, preservar o moral da populao e restabelecer a normalidade social". O trabalho de Defesa Civil se desenvolve em quatro fases:

1. A fase preventiva desenvolvida nos perodos de normalidade, consistindo na elaborao de planos, exerccios simulados, organizao da comunidade, etc., visando o desenvolvimento e aperfeioamento do sistema de autodefesa, conforme os riscos de cada regio ou municpio;

2. A fase do socorro compreende os trabalhos que so concentrados nos efeitos da ocorrncia desastrosa atravs do emprego de profissionais do Sistema Estadual de Defesa Civil, conforme planos pr-estabelecidos;

3. A fase Assistencial, os trabalhos desta fase ocorrem concomitantemente, ou logo aps, a ocorrncia do desastre. Constituem-se, basicamente, no repasse de estoque estratgico necessrio sobrevivncia da populao vitimada;

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4. A recuperativa, esta a fase do reparo dos danos, objetivando a volta a normalidade da rea atingida.

Assim, o Sistema Estadual de Defesa Civil constitui-se no instrumento de coordenao de esforos de todos os rgos estaduais com os demais segmentos pblicos, privados e com a comunidade em geral.

Desse modo a reduo de desastres, seja atravs da minimizao (compreendendo a preveno e os programas de preparao para emergncia e desastres), seja oferecendo resposta aos desastres e/ou providenciando a reconstruo da rea atingida, constitui-se no principal objetivo da Defesa Civil.

O mesmo Decreto (40.151), em seu artigo 3, define os objetivos do Sistema Estadual de Defesa Civil:

I - planejar e promover a defesa permanente contra desastres;

II - atuar na iminncia e em situaes de emergncia;

III - prevenir ou minimizar danos, socorrer e assistir populaes atingidas e recuperar reas afetadas por desastres.

Somente com um trabalho organizado, realizado em conjunto por tcnicos, polticos e a populao em geral, possvel prevenir as ocorrncias de desastres, com o objetivo primordial de salvar vidas humanas, conforme prescreve a resoluo 44/236 da ONU.

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2.3 A DEFESA CIVIL E O ENVOLVIMENTO COMUNITRIO

A atuao da Defesa Civil est centrada na adoo de medidas que viabilize o bom funcionamento da sociedade, tanto nas situaes de normalidade, quanto de anormalidade Situao de Emergncia ou Estado de Calamidade Pblica. Evitando ou minimizando as conseqncias danosas, restabelecendo a moral da populao e o bem-estar social.

No Brasil, no existe uma cultura de conscientizao sobre a importncia da Defesa Civil, que permeei todos os estratos da populao. As aes diante dos desastres ficam por conta do Estado.

O Sistema de Defesa Civil calcado no principio de que o Estado, principalmente nas catstrofes, no pode suprir todas as necessidades de seus cidados. A Constituio da Repblica, no capitulo da "Segurana Pblica" art. 144, 5 determina: Aos corpos de bombeiros militares (...) incumbe a execuo de atividades de defesa civil". Claro est, como foi afirmado de inicio, que somente um organismo do Estado jamais poder atender a todos, em todos os aspectos, durante um desastre. Nestas ocasies, todos os esforos devem se unir, governo e comunidade devem agir em conjunto, visando, alm do socorro dos atingidos, ao mais breve restabelecimento das condies anteriores ao evento desastroso. O voluntariado exerce papel fundamental em qualquer das esferas em que a Defesa Civil seja apreciada.

Em virtude da magnitude dos eventos desastrosos, o atendimento s calamidades dificilmente pode ser levado a efeito unicamente pela ao dos componentes das organizaes oficiais, designadas para tal finalidade; o que torna imprescindvel a

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participao comunitria nas diferentes fases, sobretudo na de socorro e na assistencial, a fim de complementar a ao governamental. Como exemplo, podemos citar o trabalho de resgates das vtimas, realizados pelo grupo de brasileiros de Defesa Civil, enviados ao Mxico, aps os abalos ssmicos de setembro de 1985.

A desorganizao social se apresenta como o maior problema durante uma calamidade que surge, principalmente, devido a falta de coordenao dos servios de socorro e assistncia.

Na maioria das vezes as calamidades provocam feridas profundas no moral das populaes atingidas. A separao dos indivduos de suas famlias, a perda de parentes.

Nesses momentos, em um estado de tenso muito grande, percebe-se a impossibilidade das pessoas em realizar atividades simples por conta da falta de preparo para agir diante desse quadro de calamidade. As aes mais complexas, necessrias nesses eventos de calamidade ou desastre so inviabilizadas diante do pnico, aliada a falta de instrumentalizao da sociedade, em carter preventivo ou de ajuda.

A despeito da importncia da Defesa Civil, alm do preceito constitucional aludido (art. 144, 5), a esfera legal s se preocupou, at o momento, em dar base para a criao do Sistema de Defesa Civil e normatizar suas funes quanto ao aspecto burocrtico e administrativo, sem se ocupar de suas atividades operacionais.

A sociedade civil no foi, ainda, convocada para fazer parte das aes da Defesa Civil de modo que somente o Estado e os rgos reguladores da administrao pblica, ligados ao Conselho Nacional de Defesa Civil esboam uma responsabilidade diante da preveno e atendimento s populaes vitimadas.

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Segundo Cerri:

Sabe-se que a Defesa Civil responsabilidade de todos, Governo e comunidade, e sabe-se tambm que para tanto necessrio um alto grau de conscientizao, por isso norteia suas atividades no sentido de que todos participem; sintam-se parte integrante do Sistema, afinal a defesa civil somos todos ns (Cerri, 1993, p.23). Diante desse pressuposto possvel perceber a importncia da integrao entre a sociedade e a Defesa Civil para uma completa adequao das comunidades, dando condies populao para enfrentar com espontaneidade e criatividade as calamidades.

Para que a populao se mobilize em toda a sua magnitude necessrio uma significativa mudana cultural na sociedade. imprescindvel que todos os cidados sejam conscientizados que a Defesa Civil no atribuio exclusiva do Estado. De fato, todos os membros da sociedade fazem parte do SINDEC - Sistema nacional de Defesa Civil um direito estabelecido na Poltica Nacional de Defesa Civil, aprovada no ano de 2005.

2.3.1 Impactos Ps-Acidente Com Exploso Em Fbrica De Fogos

Aps o acidente ocorrido na cidade de Santo Antonio de Jesus, a sociedade civil impactada pela ocorrncia, passou a perceber de forma tnue a vulnerabilidade em relao segurana e sade no municpio. Pois, mesmo sabendo que a atividade clandestina na fabricao de fogos existe a mais de um sculo em toda regio e de forma mais acentuada e constante na referida cidade e que sempre ocorreram mortes e mutilaes em conseqncia

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de exploses em pequenos e mdias fbricas, a percepo da populao era a de que os riscos so inerentes atividade e que as mortes eram normais ou fatalidades.

Depois da ocorrncia da grande exploso de 1988, com 17 vtimas fatais no primeiro momento e 47 feridos gravemente, a populao percebeu a fragilidade dos rgos de sade onde o nico hospital no dispunha de leitos para queimados nem pessoal especializado para o primeiro atendimento aos afetados que posteriormente vieram a falecer, to pouco ateno bsica em sade mental aos familiares das vtimas A cidade com uma populao superior a 80.000 hab. no dispe de uma unidade de Bombeiros, mesmo sabendo-se que a fabricao de fogos de artifcio atividade que ocupa mo de obra do maior contingente populacional.

s vezes tenta-se negar a omisso, mas as aes preventivas desencadeadas pelos componentes do Sistema Nacional de Defesa Civil so relegadas a segundo plano dando-se mais nfase as aes de resposta mesmo que de forma deficitria, pois pessoas expostas a situaes de risco e em especial no caso enfocado, no tem capacidade de perceber o risco ou melhor, a luta pela sobrevivncia faz com que o risco seja minimizado. E, a ausncia de uma poltica de preveno com uma presena maior do Estado e envolvimento comunitrio faz com que os cenrios para os prximos desastres estejam sempre prontos, j que os prejuzos sociais no so mensurados, pois a resposta s tem preocupao com os danos materiais e prejuzos econmicos.

Mesmo aps a exploso a atividade no cessou, pois a tomada de conscincia atingiu apenas extratos da sociedade, incluindo-se a Igreja, Sindicatos, Ministrio Publico, Sebrae e Governo do Estado atravs da Secretaria do Trabalho ao Social e Esporte/Defesa Civil e Secretarias de Industria e Comercio e Educao. No entanto apesar

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de uma mudana de postura frente a atividade clandestina, o Governo construiu um complexo de galpes para instalao de fbricas, inseriu o municpio no Programa de erradicao do trabalho infantil e construiu a primeira escola de pirotecnia do pais.

Mas o que ainda no alcanou a devida funo de carter preventivo com maior envolvimento comunitrio foi o sistema de defesa civil em nvel municipal, apesar dos esforos do rgo estadual de Defesa Civil, mas a tarefa parece rdua em funo da imagem firmada no consciente coletivo de que a ao primordial da Defesa Civil atender desabrigados ou afetados por desastres atravs da distribuio de cestas bsicas e agasalhos imagem que ir perdurar por muito tempo, pois as aes ditas preventivas encetadas pelo rgo a nvel federal quase sempre configura-se em palestras, seminrios e encontros quase sempre restritos a grupos atuantes em aes de defesa civil, sem atingirem o grande pblico, muito menos os formadores de opinio tanto do aparelho de Estado como da sociedade civil.

Partindo desse pressuposto que no Estado da Bahia as aes de Defesa Civil, no se restringem aos rgos de segurana ou instituies voltadas ao tema, ao contrrio esto sendo ampliadas e inseridas no contexto da sociedade em suas diversas instancias.

A tomada de conscincia veio corroborar a verdade de que nenhuma sociedade ser mais a mesma aps a ocorrncia de um desastre de grande porte, e que mudanas ocorrero para melhor-la ou torn-la mais vulnervel, felizmente as mudanas ocorridas alteraram as perspectivas, e esto surgindo alternativas para que a populao e os rgos pblicos interfiram dentro de uma tica processual para reduo dos riscos.

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2.3.2 Consideraes Sobre As Condicionantes Que Emperam O Desenvolvimento Da Conscincia Coletiva Na Preveno De Desastres

O povo brasileiro tem um legado cultural de desrespeito autoridade e as regras de modo geral. Os ditames reguladores da vida social no so aceitos. As normas de segurana e as medidas preventivas so esquecidas convenientemente e como conseqncia, vrias vidas humanas so ceifadas e muitos eventos calamitosos acontecem. O exemplo claro foi a tragdia da fbrica de fogos em Santo Antnio de Jesus.

O famoso jeitinho brasileiro", que utilizado para alcanar determinados objetivos ou para desrespeitar regras, at mesmo aquelas em que o no cumprimento invariavelmente implica em perdas humanas.

Muitas construes residenciais ou comerciais no obedecem as normas previstas no cdigo da obra, sendo realizadas quase sempre na calada da noite, quando a fiscalizao praticamente inexistente, e posteriormente tentam obter a anistia dos rgos pblicos responsveis por tais obras.

Outro entrave que dificulta a conscincia civil na preveno dos desastres o individualismo que privilegia benefcios individuais em detrimento coletividade. As aes de determinados grupos, muitas vezes com aval dos rgos responsveis pela fiscalizao, prejudicam uma comunidade inteira.

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Mas diante de uma cultura que privilegia as aes individuais e que a "lei de Gerson" impera, existe a inviabilizao da conscincia coletiva acerca das medidas preventivas para a diminuio dos desastres.

2.3.3 Resistncia Participao Comunitria

A tentativa de um processo participativo que num primeiro momento causou um grande impacto sobre a habilidade dos cidados em responderem aos desafios de forma organizada, enquanto comunidade, e na capacidade de trabalharem de forma conjunta para melhorar a produtividade com menor risco melhorando a qualidade de vida foi tentada estabelecer uma participao real mas o que ocorreu foi apenas uma simulao de participao pois no houve levantamento de opinies, nem um desenho de modelo organizacional para facilitar e estimular a participao ativa e contnua.No houve respeito por aspectos como a histria e cultura da populao envolvida com a atividade sem formas de participao de laboratrio, e sim uma tentativa de construir uma modalidade de experincia de projeto sem considerar os valores de perfil da sociedade.

Houve destinao de recursos para capacitao de mo de obra, no entanto, os recursos destinados para construo de unidades de produo no se destinaram aos menos favorecidos, foram convertidos em benefcios para grupos de produtores com maior poder aquisitivo e houve um aprofundamento das diferenas e conflitos preexistentes entre subgrupos de interessados com diferentes prioridades e interesses capitaneados pelo COFENIX, que num primeiro momento gerou expectativas impossveis de serem

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cumpridas, o que possibilitou aos fabricantes mais endinheirados e mais organizados uma apropriao do complexo de fbricas de fogos e a excluso dos trabalhadores de baixa renda.

A participao comunitria no foi includa em todas etapas do projeto ficando apenas no papel e gerando frustraes na comunidade e partir da percebe-se claramente que a participao comunitria um processo que implica profundas modificaes sociais, com tal espera-se que gere resistncias e que ao ferir interesses instalados desenvolvem-se estratgias de impedimento.Dentre os trabalhadores no fabrico de fogos no surgiu uma liderana e o pessoal das organizaes civis que propuseram um empreendimento de projeto por vias participativas demonstraram ter uma concepo depreciativa sobre asa capacidades das comunidades pobres, argumentando que elas sero incapazes de se integrarem aos processos de planejamento, gesto, controle e avaliao, que no podem contribuir, principalmente devido a sua baixa escolaridade e surgindo um lder oriundo da comunidade este seria primitivo cheio de tradies atrasadas e seu saber acumulado seria um peso.

Quando se parte de uma concepo desta ordem, colocando-se em prtica a conhecida lei sociolgica: a profecia que se auto-realiza desconfia-se das comunidades em todas as etapas do processo; limitar-se-o as opes reais para que elas participem; intentar-se- dissimuladamente substituir a participao por ordens de cima para baixo para fazer com que as coisas funcionem. Assim, a sub-valorizao ser percebida

rapidamente pela comunidade e isso criar uma distncia entre ela e os encarregados de promover a sua participao que, por todas essas condies estar fadada ao fracasso. Depois com freqncia, aparecer a desculpa racional das elites ilustradas que conduziram a experincia, argumentando que as comunidades no tinham interesse em

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participar e que, por isso, a experincia no funcionou. Na realidade, essas elites criaram muitos desestmulos para que as comunidades perdesse o interesse nesse sentido.

O caso de Santo Antnio de Jesus, onde elites instaladas no COFENIX, apropriaram-se de recursos e dos galpes construdos para o fabrico de fogos, o que esperava-se era um melhor padro de segurana para os trabalhadores cooperativados e a comunidade, bem como a capacitao de um maior numero de pessoas, fracassaram diante de um poderoso obstculo ao avano da participao comunitria encontrada nas reiteradas tentativas de coopt-la para servir a determinados grupos. bem verdade que essa tendncia de manipulao da comunidade uma prtica em paises em desenvolvimento e o clientelismo uma das formas favoritas que a manipulao adota. Ali, o discurso oferece amplas promessas de participao, visando obter apoios temporrios.Logo as realidades so muito pobres em participao efetiva, inclusive nas tentativas manipuladoras trata-se de relegar os lideres comunitrios autnticos e de impedir que surjam lderes genunos e procura-se criar lderes a dedo que venham a ser um ponto de apoio para o projeto manipulador, e quando a comunidade percebe quais so as reais intenes, produz-se a um enorme efeito de frustrao com graves resultados.

Os impactos de mudana social em uma comunidade afetada s surtir efeitos a partir do momento que se apoiar a realizao de experincias inovadoras nesse campo, pois a participao significa uma experimentao social complexa, pois trabalha com variveis multi-facetrias culturais, ambientais,organizacionais, econmicas, financeiras, polticas, demogrficas,etc. aberta ao desenvolvimento de inovaes em todas as suas etapas, que logo podem ser aproveitadas coletivamente.

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A Defesa Civil no Estado da Bahia trabalha na busca da criao de uma grande aliana estratgica em trono da participao dos diversos atores sociais, como os municpios, organizaes no governamentais, universidades, associaes de bairro, e outras entidades no intuito de encontrar um ponto central a ser seguido que a gerao da conscincia pblica acerca das vantagens da participao para a reduo de desastres e melhoria das condies de vida.

2.3.4 Vulnerabilidade E Mudana De Cenrio

A vulnerabilidade um ponto fundamental no enfrentamento dos desastres e por existirem muitas vulnerabilidades e para cada ameaa algumas delas so mais importantes que as demais. E basicamente h vulnerabilidade por ausncia de desenvolvimento e vulnerabilidade devido a um desenvolvimento no sustentvel.

Exemplos de vulnerabilidades por ausncia de desenvolvimento so: concentrao da populao nas cidades pobreza (estrutural e conjuntural) concentrao de populao em reas de riscos, marginalidade e violncia, aglomerao e precariedade das habitaes, corrupo, desemprego, evaso escolar, m distribuio da renda e falta de investimento em segurana.

A extenso da problemtica de risco e reduo da vulnerabilidade to grande e as mudanas de cenrio so tantas que acaba gerando uma condio em que se induz incerteza e acaba resultando em dois posicionamentos opostos:

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H tanta coisa a se fazer que acaba gerando uma paralisia: nada possvel ou;

Deve-se tomar alguma deciso alguma coisa deve ser feita no importa o que se faa ou se decida.

O governo da Bahia tem a clara percepo que para sair dessa situao h formas racionais de se abordar a questo do risco. Nem todas podem ser realizadas de repente. Assim, dentro de um conceito realstico em longo prazo sero implementadas as seguintes alternativas para mudanas:

Incorporar a perspectiva da gesto de riscos como eixo transversal nas polticas publicas nacionais estaduais e municipais;

Avaliar o impacto scio-ambiental nos projetos de desenvolvimento;

Incluir a perspectiva da gesto de risco no perodo da recuperao;

Melhorar a preparao e resposta frente aos casos de desastres em relao aos riscos existentes na atualidade;

Aprofundar os conhecimentos sobre a gravidade e a magnitude das ameaas a vulnerabilidade e o impacto dos desastres;

Profissionalizao do Recurso Humano;

Elaborar e aplicar uma poltica que promova e elevao da renda dos setores mais vulnerveis.

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Tudo isso deve gerar a mais importante alterao que a mudana cultural. Atravs da qual esperam-se conseguir todas as demais. Por outro lado as demais alternativas de mudana acabam gerando a mudana da cultura. um processo de interao mutuo.

A curto e mdio prazo a proposta de atuao na reduo da vulnerabilidade promovendo-se alterao das condies estruturais efetuando mudanas das feies fsicas fornecendo treinamento de pessoal tcnico; promovendo a educao da populao nos aspectos dos desastres elaborando estudos e treinamento de percepo dos primeiros sinais evoluo e termino das ameaas.

O que se prope ainda que a capacitao da populao seja promovida atravs de cursos oficinas divulgao pela mdia e tcnicas de dinmica de grupo como forma de promover rpida reduo da vulnerabilidade e elevao da eficcia de resposta. E para sua maior eficcia devem ser planejados de acordo com os tipos de ameaas com a cultura e linguagem da populao e com as disponibilidades de pessoal e instrumentos.

O ideal para o pas ter uma poltica nacional multissetorial compreendendo todos os aspectos desde a resposta at a preveno e envolvendo todos os agentes: da comunidade e do setor privado designando responsabilidades diferentes para aes de emergncia e de desenvolvimento e o que desejvel e j est em andamento no Estado da Bahia o seu mapeamento em termos de: ameaas vulnerabilidade e pessoal qualificado.

A necessidade de implementar aes preventivas em relao a desastres de qualquer natureza encarada pelo governo do Estado atravs da Defesa Civil no como

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uma despesa e sim como investimento social para melhoria das condies de vida e reduo das vulnerabilidades.

2.4 TREINAMENTO EM DEFESA CIVIL

fato que as calamidades no so somente "Atos de Deus", e que constantemente se vem agravadas pelos erros, pela falta de preveno e, sobretudo pelo despreparo do ser humano. Uma pesquisa realizada, pela Coordenadoria Sub-regional Defesa Civil do Vale do Ribeira - So Paulo, no perodo de janeiro de 1985 a agosto de 1986, revelou que 189 agricultores da regio, envenenaram-se de forma aguda com agrotxicos, simplesmente por no terem sido convenientemente treinados para utiliz-los.

Objetivando eliminar algumas dessas causas, encontra-se em diversas naes, organizaes desenvolvendo sistematicamente treinamentos na rea de proteo civil que comumente chamada pelos brasileiros por Defesa Civil. Dentre elas, destacam-se a Organizao Internacional de Proteo Civil (OIPC), e a Oficina das Naes Unidas para Coordenao do Socorro em Casos de Desastres (UNDRO).

A Defesa Civil tomou o mpeto e estruturou-se, como uma responsabilidade governamental, aps a 2a Guerra Mundial, devido a tenso social que vivia as populaes das cidades.

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O programa de treinamentos a nvel mundial possuem caractersticas comuns, em quase todos percebe-se uma preocupao com o preparo de pessoas para o desempenho de papis de chefe ou de lder em Organizao Especializada em Administrao de Desastres.

Mesmo nos pases desenvolvidos ou em desenvolvimento, que convivem constantemente com catstrofes, os programas de treinamentos possuem caractersticas comuns dedicando boa parte do treinamento ao ensino de tcnicas de primeiros socorros, resgates, salvamentos, assistncia social e outras equivalentes.

Outro aspecto que merece ateno, nos treinamentos, o referente legislao, doutrina, modo de constituio e funcionamento de Organizaes de Defesa Civil.

Os recursos materiais merecem ateno especial, enfatizado o desenvolvimento e utilizao desses recursos, com dupla finalidade: aumentar a capacidade de se prever as calamidades e diminuir os danos causados ao ser humano. Nos Estados Unidos a "Emergency information Research Alternatives, Inc", localizada no Estado de Maryland, desenvolve um programa intitulado "usando a tecnologia do amanh para dirigir as emergncias de hoje", que ensina como o computador pode ser usado para prever e coordenar as aes nas calamidades.

Durante os cursos tambm enfatizada a necessidade de elaborao de planos prvios para situaes de calamidades, tais como o plano de evacuao, abrigo, atendimento mdico, entre outros e finalmente, nos treinamentos dado destaque para as tcnicas de conscientizao, participao comunitria, bem como para a importncia da programao, desenvolvimento e avaliao de exerccios prticos, tal como treinamento para evacuao das reas atingidas.

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2.4.1 Defesa Civil E A Gesto Dos Riscos

O governo da Bahia atravs da Coordenadoria de Defesa Civil considera a gesto integral dos riscos oriundos de desastres naturais e tecnolgicos uma tarefa de grande alcance assim como de importncia estratgica para o desenvolvimento regional. Por conseguinte esta tarefa est sendo realizada considerando uma abordagem de Planejamento estratgico para a interveno nos fatores de risco com o objetivo de orientar as aes de defesa civil nos aspectos scio-cultural tcnico financeiro e normativo e na busca dos seguintes resultados: Proposta tcnica contendo os aspectos conceituais componentes e atribuies do futuro sistema de gesto dirigido a minimizao dos riscos de desastres no Estado da Bahia na qual sero explicitados as caractersticas de um modelo de gesto para o enfrentamento dos desastres de origem natural e tecnolgico no estado: a estrutura, os papeis, articulao funcional dos diferentes componentes os aspectos normativos o fluxo de informaes.

Implementao e funcionamento das Redes de Cooperao ao nvel local regional nacional e internacional; definio dos termos de referencia para a implementao de um programa estadual de treinamento e capacitao assim como de conscientizao, orientao dos agentes envolvidos visando implementar os sistemas de informao e gesto.

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3 ESTUDO DE CASO: A DEFESA CIVIL E AS AES DO GOVERNO DO ESTADO NA CIDADE DE SANTO ANTNIO DE JESUS

A Coordenao Estadual de Defesa Civil participou de audincias pblicas promovidas pelo Ministrio Pblico tendo por objetivo a reviso do Decreto Estadual n 6.465 de 09/06/1997 que aprova a regulamentao do fabrico comrcio e uso de fogos de artifcio no Estado da Bahia.

Desenvolveu aes em parceria com a Secretaria da Industria Comrcio e Minerao para a construo do Condomnio Fnix que abrigou preliminarmente 04 fabricas de fogos de artifcio.

Objetivando discutir e traar diretrizes acerca de normas preventivas e educativas em relao ao comrcio e uso de fogos promoveu um Frum Estadual sobre fogos de artifcios para as Comisses Municipais de Defesa Civil e, capacitou tcnicos para atuarem em shows pirotcnicos atravs de curso de reciclagem de BLASTER; lanou e distribuiu a cartilha Fogos de Artifcio na Bahia contendo orientaes e normas de segurana para a comercializao de fogos de artifcio.

Na gerao de emprego e renda atravs das polticas de apoio ao trabalhador no municpio foram desenvolvidas as seguintes aes:

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Projeto Fnix

Dispondo da maior mo-de-obra capacitada para a fabricao de produtos pirotcnicos em todo o Estado, Santo Antnio de Jesus caminha a passos largos para a completa regularizao da indstria de fogos. O Projeto Fnix orienta os produtores, que so submetidos a cursos profissionalizantes e treinamentos para total segurana no fabrico de fogos. Hoje h 120 pequenos produtores em busca da regularizao, dentre eles, 45 j regularizados em 12 pequenas indstrias em processo de instalao. O Projeto Fnix estabeleceu parceria com a Prefeitura e o governo do Estado, que aprovou o empreendimento e construir o Condomnio da Indstria de Fogos, obedecendo s normas de segurana e gerando mais de 700 empregos diretos. O municpio tambm poder sediar em breve unidade de uma das maiores indstrias de fogos de todo o mundo, uma indstria espanhola que dispe de alta tecnologia na rea. a completa revitalizao da indstria de fogos da Bahia.

Realizao de cursos de qualificao profissional para 3.910 trabalhadores e pequenos empreendedores. pequenos empreendedores; Concesso de financiamento para 84 micros e

Qualificao de trabalhadores familiares das pessoas vitimadas pela exploso nas ocupaes de pedreiro e instalador polivalente; Implantao do Programa de Erradicao do Trabalho Infantil PETI beneficiando inicialmente 1.200 crianas e adolescentes na faixa etria de 7 a 15 anos atendendo 534 famlias.

Na rea da sade em parceria com o Governo Federal est em fase de concluso o Hospital Regional de Santo Antnio de Jesus com proposta de alterao do projeto

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original, pois, sua concepo foi anterior tragdia e, portanto no priorizaram uma rea especializada no atendimento a queimados. Os Grandes hospitais de Salvador aumentaram o nmero de leitos para queimados, bem como capacitou equipes para atendimento a emergncias a queimados.

Dentro da proposta de capacitao e formao de mo-de-obra especializada o Governo do Estado atravs da Secretria de Educao em convnio com o Ministrio da Educao criou o primeiro curso tcnico em pirotecnia no Brasil, e a escola precisar de autorizao do Exrcito Brasileiro para o seu pleno funcionamento.

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4 CONSIDERAES FINAIS

As calamidades verificadas no pas, com certa regularidade so as secas no Nordeste, as inundaes na regio Sudeste, geadas, chuva de granizo e vendavais, no Sul do Brasil, acidentes com produtos txicos e os incndios. A despeito da perda de inmeras vidas e incalculveis prejuzos financeiros, o nosso pas no tem tradio de trabalhos voltados para situaes calamitosas.

Muito ainda deve ser feito no sentido de organizao, mobilizao e desenvolvimento do ser humano para a preveno aos eventos desastrosos, de modo que a fria avassaladora desses, no prive total ou parcialmente a comunidade do atendimento de suas necessidades. Nesse grande esforo, objetivando minimizar as conseqncias e efeitos adversos, salvar vidas, socorrer, assistir e restabelecer o bem social torna-se relevante um trabalho de capacitao da populao para lidar com esses eventos.

Para que as aes de Defesa Civil, gerem impactos, e mudana de comportamento das populaes em relao a desastres de qualquer natureza necessrio fazer com que o tema transcenda a discusso dos especialistas e se converta numa ao de agenda pblica, dada as suas implicaes de toda ordem. Necessita-se de uma tarefa intensiva, com os meios massivos de comunicao sobre a matria, assim como manter a discusso com informaes detalhadas sobre todos os aspectos; potencial, dificuldades esperadas, experincias internacionais, ensino das experincias j realizadas e em andamento.

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Sendo que, o Brasil hoje, resume os treinamentos s palestras, conferncias e seminrios, sendo que neles tem sido enfatizado a sensibilizao de alunos da rede oficial de ensino, bem como de autoridades pblicas, instituies e a populao em geral, tentando despert-los para a necessidade de participao comunitria, preveno de acidentes e de estruturao de organizaes com a misso especfica de administrar calamidades.

Pode-se afirmar com toda certeza que nenhuma sociedade ser mais a mesma aps a ocorrncia de um desastre de grande porte, pois os impactos que num primeiro momento de tragdia tomam a seguir desdobramentos que visam beneficiar no s a comunidade local e sim a toda uma regio estado nao ou universo de naes, pois novas tecnologias so descobertas.

Novas legislaes so aplicadas e uma nova conscincia de percepo dos riscos e vulnerabilidades atingem um universo maior da populao.

Percebe-se que no possvel avanar na mudana de comportamento da populao e conscientiz-la sobre os variveis campos de atuao da Defesa Civil, pois a mesma ainda baseada nas primeiras organizaes que nasceram para lutar contra os efeitos de conflitos blicos e que estiveram vinculadas a instituies militares se desenvolveram sobre a base do modelo militar de catstrofe e de interveno baseados nos trs pressupostos: Caos, Comando e Controle. A partir do momento em que o planejamento das aes sejam baseados no princpio de Coordenao e no de Comando, haver uma maior participao comunitria, pois a estrutura social existente a forma mais eficaz de solucionar os problemas que geram emergncias, basta que esteja preparada e capacitada continuamente.

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A tragdia de Santo Antnio de Jesus provou que a fabricao de fogos no mata, o que mata a vulnerabilidade dos locais de trabalho e a incapacidade de percepo do risco por parte dos trabalhadores, o que mata a busca do lucro e a falta de cumprimento das normas de segurana bem como o descaso assassino com este grupo de trabalhadores,descaso esse que uma exclusividade de um sistema social perverso, que s solidrio e clama por mudanas quando ocorrem acidentes de grandes propores com um nmero elevado de vitima fatais, portanto cabe ao Sistema Nacional de Defesa Civil, atuar de forma preventiva, e no apenas nas aes de resposta pouco eficientes apenas na comoo quando das ocorrncias calamitosas e deixando o cenrio sempre pronto para um novo desastre.

A ocorrncia de desastres no Brasil no se d por falta de legislao e sim pela no aplicabilidade das leis existentes, bem como pelo no aperfeioamento das mesmas, fazendo-se necessrio a aprovao da proposio legislativa em anexo bem como execuo das propostas anexas.

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REFERNCIAS

CARDOSO, Fernando Henrique. O modelo poltico brasileiro e outros ensaios. So Paulo: Difuso europia do livro, 1973. CARVALHO, Horcio Martins de. Introduo a teoria do Planejamento. So Paulo: Brasiliense, 1978. CERRI, Leandro Eugnio Silva. Riscos Geolgicos Associados a Escorregamentos: uma proposta para a Preveno de Acidentes. So Paulo: Tese (Doutorado em Geocincias). Instituto de Geocincias e Cincias Exatas da Universidade Estadual Paulista (UNESP), 1993. FILHO, Olavo Sant'anna. Desenvolvimento do papel do lder ou administrador de emergncia. Braslia: Casa Militar, 1986. FUNDAO LUIS EDUARDO MAGALHES. Diagnstico preliminar para uma Proposta de Apoio a Reformulao da Defesa Civil na Bahia. Salvador, 2004. GOVERNO DO ESTADO DE SO PAULO. Manual de Defesa Civil: Sistema Organizao e Funcionamento, 3a Ed., Vol. I, So Paulo: CEDEC, 1991. GOVERNO DO ESTADO DE SO PAULO. Instabilidade da Serra do Mar no Estado de So Paulo: Situaes de Risco. Texto: Aes Necessrias, Vol. I, So Paulo: SCT/SMA, s.d (apostila), s/d. KLIKSBER G. BERNARDO. Como por em prtica a Participao? Algumas questes Estratgicas (Fundao). Luis Eduardo Magalhes. Cadernos Flem VIII. Gesto Pblica e Participao, 2004. MARCONDES, Clodomir Ramos. Defesa Civil: Orientao Legal, Aes nas Emergncias. So Paulo: IMESP, s/d. MINISTRIO DA INTEGRAO NACIONAL. Manual de Desastres Humanos: Desastres humanos de natureza tecnolgica. V2, l parte Secretaria Nacional de Defesa Civil. Braslia: MI, 2003. REN, Ariel Dotti. O meio ambiente e a relao com o meio social. So Paulo: Brasiliense, 1995. SOBRAL, EDMILDO MORENO. A defesa civil e suas atuaes no contexto brasileiro. Monografia apresentada para obteno do ttulo de especialista no curso de Ps Graduao Lato Sensu em gesto organizacional pblica, da UNEB. Salvador, Fev. 2003.

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ANEXOS

ANEXO 1

PROJETO DE LEI DO SENADO N 219, DE 1997.

Altera a Lei n 1.079, de 10 de abril de 1950, que "Define os crimes de responsabilidade e regula o respectivo processo de julgamento" e o Decreto-Lei n 201, de 27 de fevereiro de 1967, que "Dispe sobre a responsabilidade dos prefeitos e vereadores, e d outras providncias". O Congresso Nacional decreta: Art. 1o - D-se ao art. 9o da Lei n 1.079, de 10 de abril de 1950, a seguinte redao: "Art. 9 - So crimes de responsabilidade contra a probidade na administrao: 1) ..................................................................................................................................... 8) omitir ou retardar a tomada de medidas oportunas e eficazes, na esfera de suas atribuies, concorrendo para o agravamento de desastres, apesar de alertado, na forma da lei por rgo ou entidade do sistema de defesa civil." Art. 2o - D-se ao art. 1o do Decreto-Lei n 201, de 27 de fevereiro de 1967, a seguinte redao: "Art. 1o - So crimes de responsabilidade dos prefeitos municipais, sujeitos ao julgamento do Poder Judicirio, independentemente do pronunciamento da Cmara dos Vereadores: I - ....................................................................................................................................... XVI - omitir ou retardar a tomada de medidas oportunas e eficazes, na esfera de suas atribuies, concorrendo para o agravamento de desastres, apesar de alertado, na forma da lei, por rgo ou entidade do sistema de defesa civil". Art. 3o - Esta lei entra em vigor na data de sua publicao. Art. 4o - Revogam-se as disposies em contrrio.

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JUSTIFICAO

A experincia tem demonstrado que desastres de grande repercusso poderiam ter sido evitados ou minorados se o poder pblico no tivesse omitido ou retardado providncias oportunas e vitais. Como exemplo, muitas mortes desnecessrias ocorrem em incndios e inundaes em reas no adequadas ocupao humana, em deslizamentos de encostas inseguras. Milhares de pessoas ficam desabrigados. Muitas vezes a autoridade pblica estava alertada, com antecedncia, para as situaes de risco existentes. Esses fatos lamentveis tm ocorrido, porque levantamentos de reas de risco no foram realizados, a ocupao humana dessas reas no foi Impedida, planos de evacuao de emergncia no foram estabelecidos. Em sntese, sistemas de Defesa Civil deixaram de ser ativados ou nem mesmo foram pensados, e o planejamento da Defesa Civil foi desprezado ou matizado de forma inadequada. comum, aps o desastre, a permanncia do mesmo quadro de omisso e m gesto da autoridade, deixando o "palco" pronto para a prxima tragdia. Com o retomo do fenmeno "El Nio" este ano, como tem sido previsto, podemos esperar, principalmente na estao vero-outono, um aumento brusco da precipitao pluviomtrica em toda a Regio Sul de nosso Pas, particularmente da parte meridional do Estado de So Paulo para o sul, com eventuais e localizadas inundaes potencialmente desastrosas. Podemos esperar, tambm, nessas regies, interrupo de estradas, isolamento de populaes, deslizamentos e soterramentos, centenas ou milhares de desabrigados. No Nordeste, por sua vez teremos a seca mais severo atingindo um grande contingente populacional que voltar a precisar de carros-pipa e alimentos. Em todos os casos, os mais atingidos sero os cidados mais humildes, sofridos e necessitados. preciso nos prepararmos para evitar Uma crnica repetio. O presente projeto visa responsabilizar e estabelecer sanes para a autoridade pblica que, por omisso ou m gesto, concorrer para o agravamento desnecessrio de desastres e, dessa forma, reverter o quadro de abandono e fraco desempenho da Defesa Civil em nosso Pas.

Sala das sesses,

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ANEXO 214/08/2004 - 11h24 Cidade baiana ter centro para formao de "fogueteiros" Publicidade da Folha Online

Um convnio entre o Ministrio da Educao e a Secretaria de Educao do Estado da Bahia permitir a construo de um centro de educao profissional na cidade de Santo Antnio de Jesus, a 200 Km de Salvador. O centro ser o primeiro do Brasil a oferecer o curso de tcnico em indstria, com habilitao em pirotecnia (fogos de artifcio). O MEC investir R$ 1,7 milho por meio do Programa de Expanso da Educao Profissional. "Optar pela oferta de um curso tcnico em pirotecnia na cidade foi exatamente pensar na realidade da comunidade local, considerada hoje um plo significativo e importante para a produo de fogos", justificou a secretria estadual de Educao, Anaci Bento Paim. A cidade de Santo Antnio de Jesus fica numa regio muito conhecida pela indstria de fogos. O trabalho de fabricao e comercializao de fogos de artifcio, foguetes e estalinhos envolve mais de cinco mil pessoas e uma tradio, muitas vezes, perigosa. Moradores, donos de pequenas fbricas que funcionam em fundos de quintal, arriscam a vida na manipulao da plvora. Para criar o curso, a escola precisar receber autorizao do Exrcito brasileiro. Em 1998, uma fbrica de quintal explodiu, matando 78 pessoas. Apesar dos problemas, a cidade j est comemorando a criao do Centro de Educao Profissional de Santo Antnio de Jesus, que vai contar com 300 vagas gratuitas para jovens que queiram aprender a trabalhar com fogos, ou para trabalhadores que j estejam atuando na rea. A escola tem a inaugurao prevista para o ano que vem. "Quanto mais voc qualifica a populao para desenvolver uma atividade tcnica, mais cria oportunidades de acesso ao emprego, oportunidades ao empreendedorismo e tambm a condio de desenvolver um trabalho srio, que possa garantir servios de melhor qualidade para a populao", ressaltou Anaci. Para o fogueteiro Joo Ferreira da Silva, de 27 anos, essa ser a oportunidade que estava faltando. Ele trabalha com fogos de artifcio desde os 10 anos de idade, quando aprendeu com o pai nos fundos de sua prpria casa. "Meu pai fazia foguetes h mais de 50 anos e j ensinou aos filhos mais velhos e depois para mim", contou. Fonte: Agncia Brasil.

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ANEXO 3Brincar com fogo, nunca mais! Programa de apoio tecnolgico do sebrae transforma cidade em referncia nacional da produo de fogos de artifcio com qualidade e segurana. Jos Pacheco, textos e fotos. Fonte : http://www.sebrae.com.br/revistasebrae/04/materias_03.htm Junho/2005.

Uma exploso causou a morte de 64 pessoas e virou manchete do noticirio nacional no dia 11 de dezembro de 1998. A tragdia no aconteceu no Oriente Mdio, nem foi conseqncia de um ato terrorista. O fatdico acontecimento ocorreu em Santo Antnio de Jesus, no interior da Bahia, a 180km de Salvador. Um acidente transformou em cinzas uma fbrica clandestina de fogos de artifcio, vitimando seus operrios. A tragdia estava anunciada. Na cidade baiana, h mais de 100 anos, so produzidos, clandestinamente, fogos de artifcio. Uma atividade que vinha sendo praticada sem respeitar qualquer norma de segurana e realizada da forma mais rudimentar. Um barraco de taipa, o fundo de um quintal, qualquer lugar, enfim, servia para manusear a plvora e produzir os fogos. Apesar do iminente perigo, a produo clandestina gerava emprego e renda para o municpio. Estima-se que 10% da populao de 80 mil habitantes de Santo Antnio de Jesus sobrevive com os ganhos da atividade. O peso econmico contrabalanava os riscos do negcio, desmotivando medidas que evitassem a tragdia latente.

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O infortnio do dia 11 de dezembro, no entanto, mudou a histria da cidade. O impacto da catstrofe reverberou na conscincia da populao e dos poderes pblicos. Em meio s chamas e ao desespero de chorar as 64 mortes, houve a conscientizao para a necessidade de transformar o modo de produzir fogos de artifcio e dar continuidade, de forma segura, a uma das tradies do municpio. Das cinzas surgiu a idia da implantao do Condomnio Fnix (COFNIX). Inspirado na mitolgica ave que renasce das cinzas, o Cofnix surgiu para transformar Santo Antnio de Jesus numa referncia nacional na produo de fogos de artifcio com qualidade e segurana. O empreendimento nasceu com o objetivo de disciplinar, regulamentar, legalizar e, principalmente, revitalizar o setor pirotcnico, dentro de rgidas normas de segurana. "Sonho que se sonha junto realidade", j dizia o baiano Raul Seixas. Resultado de um esforo coletivo que reuniu o Sebrae, a Prefeitura Municipal, o Governo do Estado, alm de outras entidades pblicas e privadas da regio, o sonho que sucedeu o pesadelo j comea a virar realidade. Investimentos e normas de segurana Depois de um investimento de R$1,9 milho na compra de terreno, construo civil, desenvolvimento tecnolgico e consultorias, o Cofnix est pronto. Numa rea de 445 mil metros quadrados, s margens da rodovia que liga Santo Antnio de Jesus Nazar, foi montada uma estrutura com 187 galpes para abrigar quatro empresas: Cosme e Damio, Constelao, Bahia e Brunch do Brasil, alm de um centro de compras e distribuio, creche e refeitrio. O modelo condominial inovador. Possibilita a reduo de 60% dos custos, diminuindo a carga tributria e despesas operacionais. A rudimentar forma de produo secular e seus iminentes riscos foram substitudos por um modelo que segue as mais modernas normas de segurana. De acordo com as orientaes do Exrcito, do Corpo de Bombeiros e do Ministrio do Trabalho, para manejo de cargas perigosas, os galpes do Cofnix tm entre si uma distncia mnima de 50 metros e neles trabalham, no mximo, 10 operrios. A iniciativa baseou-se nas experincias bem-sucedidas de Santo Antnio do Monte, em Minas Gerais. Segundo o vice-presidente do Cofnix, Ralton Cardoso, a tecnologia mineira foi aperfeioada e adequada s necessidades e costumes da populao local. "Assim foi criado um modelo de desenvolvimento em produo de fogos jamais visto em todo o pas." As normas de segurana foram obedecidas e at ampliadas, quando comparadas aos outros centros de produo ordenada. A distncia entre os galpes, 50 metros, aumenta a segurana, evitando, assim, uma exploso em cadeia. O piso betuminoso dos galpes diminui o atrito com os calados dos operrios. A fiscalizao absoluta, com cadastramento de pessoal e intensa comunicao entre as unidades administrativas do condomnio. Alm disso, h um laboratrio qumico para analisar a qualidade do material usado na fabricao de fogos e dos produtos acabados, assim como promover trabalhos de pesquisa relacionados ao setor. Para adaptar os operrios nova fase de produo, o Sebrae realizou todo o processo de treinamento e recapacitao. "Cerca de 1,6 mil pessoas j trocaram a precria forma artesanal por um novo mtodo com base na eficincia e na tecnologia", diz Andr Barbosa, gerente da agncia Sebrae em Santo Antnio de Jesus. Foram promovidos 113 treinamentos, em conjunto com a Secretaria Estadual do Trabalho e Ao Social

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(SETRAS), e 20 palestras de esclarecimento pblico, assessorando ainda na elaborao dos planos de negcio e dos projetos para financiamento pelo Banco do Nordeste. Assim, o Cofnix tornou-se uma realidade. Para Ralton Cardoso, o empreendimento o modelo mais eficiente e seguro de fabricar fogos no Brasil. "Uma conquista da comunidade e de todas as instituies privadas e governamentais que, juntas, criaram condies para que o projeto se tornasse realidade." O Cofnix j comeou a gerar emprego e renda para a populao de Santo Antnio de Jesus. A primeira das quatro fbricas que compem o condomnio j entrou em operao. Ex-produtor clandestino e um dos nove scios do Artesanato de Fogos Cosme e Damio, Milton Andrade, 48 anos, conta, com satisfao, a mudana que sofreu o processo de produo dos fogos. "O trabalho era feito com apreenso e medo", diz, destacando que os riscos das condies de trabalho prejudicavam a produtividade. Tradio familiar Hoje, na Cosme e Damio, o ambiente de trabalho tranqilo, resultando no aumento da produtividade, que foi de 100%. "Se um operrio produzia, semanalmente, na clandestinidade, 100kg de cobrinhas, hoje produz 200", informa Andrade. Fazer fogos uma tradio na famlia dele. O ofcio passou de pai para filho. Ele conhecia as vtimas da tragdia do dia 11 de dezembro. "No Cofnix, temos uma grande margem de segurana que no existia quando se produzia de maneira ilegal, totalmente desprotegido". Milton Andrade j participou de vrios cursos de recapacitao e treinamento, ficando satisfeito com o resultado. Espera que em trs anos a fbrica esteja plena carga. A produo da Cosme e Damio dos chamados fogos midos: cobrinhas, bombas e traques. Trabalham atualmente na empresa 64 pessoas, com previso de aumento para 102. Os operrios, todos com carteira assinada, ganham um salrio mnimo mais 15% de periculosidade. Quando atuavam na clandestinidade, no recebiam mais do que R$100, sem nenhuma cobertura previdenciria. Alm disso, trabalham devidamente fardados e utilizando equipamentos de segurana. Segundo o gerente do Sebrae, Andr Barbosa, a Cosme e Damio j uma das 15 empresas que mais geram empregos no municpio. As outras trs fbricas que integram o Cofnix entram em operao at o final de junho deste ano. O condomnio vem incentivando outras iniciativas individuais na regularizao da produo de fogos, demonstrando que a fabricao clandestina comea a se tornar uma pgina virada na histria da cidade, que vem passando por intensas transformaes desde a implantao do Cofnix. Hoje, a populao tem mais conscincia dos riscos da atividade clandestina. O trabalho infantil, bastante explorado no fabrico irregular, est sendo combatido por meio de iniciativas como o Programa de Erradicao do Trabalho Infantil (PETI), promovido pelo Sebrae em parceria com Unicef, Setras e diversas outras instituies de cunho social. O Peti j atende a 1.200 crianas entre 7 e 14 anos, proporcionando-lhes bolsa de estudos e toda a instruo necessria para a formao de novos cidados, conscientes dos riscos na atividade pirotcnica. Outra ao social desenvolvida com sucesso o projeto Adornasce, unidade de produo de artesanato e adorno mineral, que atende a associaes de moradores nos bairros onde h uma grande concentrao de fabricantes de fogos. A iniciativa busca criar alternativas de gerao de emprego e renda com a comercializao de peas artesanais que pelo design moderno, tornam-se produtos de fcil comercializao. O projeto conta com o apoio do Sebrae, do Sindicato do Comrcio de Santo Antnio de Jesus e da Secretaria Estadual da Indstria, Comrcio e Minerao.