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ALFA 8 Literatura – Setor 1502 181
línGuA portuGuesA
setor 1502
Prof.: ____________________________________
aula 59 ............. AD h............. TM h ............. TC h...........182
aula 60 ............. AD h............. TM h ............. TC h...........182
aula 61 ............. AD h............. TM h ............. TC h...........187
aula 62 ............. AD h............. TM h ............. TC h...........187
aula 63 ............. AD h............. TM h ............. TC h...........192
aula 64 ............. AD h............. TM h ............. TC h...........192
literatura
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182 Literatura – Setor 1502 ALFA 8
AulAs 59 e 60 ModernisMo – 3o teMpo
Bicho em si, de Lygia Clark, 1962.L
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Na década de 1960, a artista brasileira Lygia Clark (1920-1988) inicia uma série de esculturas intitulada Os bichos: obras formadas por placas de metal unidas por dobradiças articuláveis, que deveriam ser manipuladas pelos expectadores de maneira livre, de modo a criar novas conjunções e formatos. Com isso, é abolida a passividade do re-ceptor diante da obra de arte. De maneira análoga, grandes escritores da chamada “terceira geração modernista” se voltaram contra a ideia de que a linguagem artística pudesse ser recebida de ma-neira superficial, inconsciente. Assim, a invenção linguística de Guimarães Rosa, o intimismo de Clarice Lispector e a “palavra-pedra” de João Cabral de Melo Neto despertam-nos para a nossa própria relação com as palavras.
Autores
Guimarães rosa
regionalismo universalista
Espaço regional: sertão de Minas Gerais.Temas universais: criação de fábulas e alegorias
sobre temas metafísicos como amor, vida/morte, Deus/Diabo, realidade/mito, etc.
Invenção linguística
Prosa poética
João Guimarães Rosa (1908-1967).
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Paisagem típica das veredas, região norte de Minas Gerais.
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obras de destaque
Sagarana (1946)
Grande sertão: veredas (1956)
Corpo de baile (1956)
Primeiras estórias (1962)
Clarice Lispector
Intimismo
Fluxo de consciência
Epifania: revelação súbita e profunda do sentido da vida
Narrativas que envolvem a classe média urbana do Rio de Janeiro
Clarice Lispector (1920-1977).
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obras de destaque
Perto do coração selvagem (1944)
Laços de família (1960)
A paixão segundo G.H. (1961)
A hora da estrela (1977)
João Cabral de Melo Neto
Antilirismo: recusa do sentimentalismo
Racionalismo
Metalinguagem: abordagem da “palavra-pedra”
Poesia participante: denúncia da miséria provo-cada pela seca nordestina
obras de destaque
Morte e vida severina (1956)
A educação pela pedra (1966)
João Cabral de Melo Neto (1920-1999).
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Tem horas em que penso que a gente carecia, de repente, de acordar de alguma espécie de en-canto. As pessoas, e as coisas, não são de verdade! E de que é que, a miúde, a gente adverte incertas saudades? Será que, nós todos, as nossas almas já vendemos? Bobéia minha. E como é que havia de ser possível? Hem?!*
ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006.
* Foi mantida a ortografia original do autor.
E por um instante a vida sadia que levara até agora pareceu-lhe um modo moralmente louco de viver. [...] Porque a vida era periclitante. Ela amava o mundo, amava o que fora criado, – amava com nojo. Do mesmo modo como sempre fora fascinada pelas ostras, com aquele vago sentimento de asco que a aproximação da verdade lhe provocava, avisando-a.
LISPECTOR, Clarice. Amor. In: Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
Catar feijão
Catar feijão se limita com escrever:jogam-se os grãos na água do alguidare as palavras na da folha de papel;e depois, joga-se fora o que boiar.Certo, toda palavra boiará no papel,água congelada, por chumbo seu verbo:pois para catar esse feijão, soprar nele,e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
Ora, nesse catar feijão entra um risco:o de que entre os grãos pesados entreum grão qualquer, pedra ou indigesto,um grão imastigável, de quebrar dente.Certo não, quando ao catar palavras:a pedra dá à frase seu grão mais vivo:obstrui a leitura fluviante, fluvial,açula a atenção, isca-a com o risco.
MELO NETO, João Cabral de. In: Obra completa [A educação pela pedra]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003.
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exercícios
1 (UFRGS-RS) Leia o trecho abaixo de Grande sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.
— Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. Alvejei mira em árvores no quintal,
no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto; desde mal em minha mocidade. Daí, vieram me chamar.
Causa dum bezerro: um bezerro branco, erroso, os olhos de nem ser – se viu –; e com máscara de cachorro. Me disseram;
eu não quis avistar. Mesmo que, por defeito como nasceu, arrebitado de beiços, esse figurava rindo feito pessoa. Cara de
gente, cara de cão: determinaram – era o demo. Povo prascóvio. Mataram. Dono dele nem sei quem for. Vieram emprestar
minhas armas, cedi. Não tenho abusões. O senhor ri certas risadas... Olhe: quando é tiro de verdade, primeiro a cachorrada
pega a latir, instantaneamente – depois, então, se vai ver se deu mortos. O senhor tolere, isto é o sertão.
Assinale a afirmativa correta em relação ao trecho.
a) “Nonada” remete a uma situação anterior, pressuposta no início do romance, sobre a qual o narrador e o
ouvinte estariam conversando.
b) As palavras do narrador indicam que o “senhor” compreendeu adequadamente o ocorrido.
c) A interpretação do interlocutor sobre os tiros está equivocada, pois aquilo que ele pensou não poderia
ocorrer no sertão.
d) O aparecimento do bezerro com máscara de cachorro não causa estranhamento entre os sertanejos.
e) Para o narrador, os tiros sempre indicam que houve morte de homens.
2 (Enem)
Quem é pobre, pouco se apega, é um giro-o-giro no vago dos gerais, que nem os pássaros de rios e lagoas. O senhor
vê: o Zé-Zim, o melhor meeiro meu aqui, risonho e habilidoso. Pergunto: — Zé-Zim. por que é que você não cria galinhas-
-d’angola, como todo o mundo faz? — Quero criar nada não... – me deu resposta: — Eu gosto muito de mudar... [...] Belo
um dia, ele tora. Ninguém discrepa. Eu, tantas, mesmo digo. Eu dou proteção. [...] Essa não faltou também à minha mãe,
quando eu era menino, no sertãozinho de minha terra. [...] Gente melhor do lugar eram todos dessa família Guedes, Jidião
Guedes; quando saíram de lá, nos trouxeram junto, minha mãe e eu. Ficamos existindo em território baixio da Sirga, da
outra banda, ali onde o de-Janeiro vai no São Francisco, o senhor sabe. ROSA. J. G. Grande sertão: veredas.
Rio de Janeiro: José Olympio. Fragmento.
Na passagem citada, Riobaldo expõe uma situação decorrente de uma desigualdade social típica das áreas
rurais brasileiras marcadas pela concentração de terras e pela relação de dependência entre agregados e
fazendeiros. No texto, destaca-se essa relação porque o personagem-narrador:
a) relata a seu interlocutor a história de Zé-Zim, demonstrando sua pouca disposição em ajudar seus agre-
gados, uma vez que superou essa condição graças à sua força de trabalho.
b) descreve o processo de transformação de um meeiro – espécie de agregado – em proprietário de terra.
c) denuncia a falta de compromisso e a desocupação dos moradores, que pouco se envolvem no trabalho
da terra.
d) mostra como a condição material da vida do sertanejo é dificultada pela sua dupla condição de homem livre
e, ao mesmo tempo, dependente.
e) mantém o distanciamento narrativo condizente com sua posição social, de proprietário de terras.
3 (Mack-SP)
Domingo ela acordava mais cedo para ficar mais tempo sem fazer nada.
O pior momento de sua vida era nesse dia ao fim da tarde: caía em meditação inquieta, o vazio do seco domingo.
Suspirava. Tinha saudade de quando era pequena – farofa seca – e pensava que fora feliz. Na verdade por pior a infância
é sempre encantada, que susto. Nunca se queixava de nada, sabia que as coisas são assim mesmo e – quem organizou
a terra dos homens? [...] Juro que não posso fazer nada por ela. Afianço-vos que se eu pudesse melhoraria as coisas. Eu
bem sei que dizer que a datilógrafa tem o corpo cariado é um dizer de brutalidade pior que qualquer palavrão.Clarice Lispector, A hora da estrela.
Assinale a alternativa correta.
a) Um narrador de terceira pessoa, observador, descreve, “de fora”, a figura feminina; essa distância justifica
o seguinte comentário: “Juro que não posso fazer nada por ela [...] se eu pudesse melhoraria as coisas”.
b) O relato põe em evidência traços caracterizadores da personagem: o rancor (“meditação inquieta, o vazio
do seco domingo”) e a frustração (“Tinha saudade”).
c) O tempo da narração coincide com o tempo dos acontecimentos vivenciados pela personagem, como
prova o uso do imperfeito (acordava) e do pronome “esse” (nesse).
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d) Há segmentos que expressam a fusão das vozes no fluxo narrativo, como, por exemplo, “que susto”.e) Embora o narrador deixe no relato índices de sua rejeição às atitudes da personagem – a referência à
preguiça, por exemplo –, evita tratá-la de forma desrespeitosa, como prova o uso do pronome “vos”.
4 (UFTM-MG)Olímpico de Jesus trabalhava de operário numa metalúrgica e ela nem notou que ele não se chamava de “operário” e sim
de “metalúrgico”. Macabéa ficava contente com a posição social dele porque também tinha orgulho de ser datilógrafa, embora ganhasse menos que o salário mínimo. Mas ela e Olímpico eram alguém no mundo. “Metalúrgico e datilógrafa” formavam um casal de classe. A tarefa de Olímpico tinha o gosto que se sente quando se fuma um cigarro acendendo-o do lado errado, na ponta da cortiça. O trabalho consistia em pegar barras de metal que vinham deslizando de cima da máquina para colocá--las embaixo, sobre uma placa deslizante. Nunca se perguntara por que colocava a barra embaixo. A vida não lhe era má e ele até economizava um pouco de dinheiro: dormia de graça numa guarita em obras de demolição por camaradagem do vigia.
Clarice Lispector, A hora da estrela.
De acordo com as informações textuais, Macabéa e Olímpico têm em comum o fato de que ambos:a) aparentam estar despreocupados com seu futuro financeiro.b) desejam ardentemente mudar de condição social.c) demonstram ter grande ambição e espírito aventureiro. d) são um tanto alienados com relação às condições em que vivem. e) realizam um trabalho altamente qualificado, mas são mal pagos.
TexTos para a quesTão 5
TexTo I
O meu nome é Severino,não tenho outro de pia.Como há muitos Severinos,que é santo de romaria,deram então de me chamarSeverino de Maria;como há muitos Severinoscom mães chamadas Maria,fiquei sendo o da Maria,do finado Zacarias,mas isso ainda diz pouco:há muitos na freguesia,por causa de um coronelque se chamou Zacariase que foi o mais antigosenhor desta sesmaria.Como então dizer quem falaora a Vossas Senhorias?
MELO NETO, João Cabral de. Obras completas. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994. Fragmento.
TexTo II
João Cabral, que já emprestara sua voz ao rio, transfere-a, aqui, ao retirante Severino, que, como o Capibaribe, também segue no caminho do Recife. A autoapresentação do personagem, na fala inicial do texto, nos mostra um Severino que, quanto mais se define, menos se individualiza, pois seus traços biográficos são sempre partilhados por
outros homens.SECCHIN, A. C. João Cabral: a poesia do menos.
Rio de Janeiro: Topbooks, 1999. Fragmento.
5 (Enem) Com base no trecho de Morte e vida severina (texto I) e na análise crítica (texto II), observa-se que a
relação entre o texto poético e o contexto social a que ele faz referência aponta para um problema social
expresso literariamente pela pergunta “Como então dizer quem fala / ora a Vossas Senhorias?”. A resposta à
pergunta expressa no poema é dada por meio da:
a) descrição minuciosa dos traços biográficos do personagem-narrador.
b) construção da figura do retirante nordestino como um homem resignado com a sua situação.
c) representação, na figura do personagem-narrador, de outros Severinos que compartilham sua condição.
d) apresentação do personagem-narrador como uma projeção do próprio poeta em sua crise existencial.
e) descrição de Severino, que, apesar de humilde, orgulha-se de ser descendente do coronel Zacarias.
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orientAção de estudo
AulA 59
Leia os itens “apresentação” e “guimarães rosa”
até o subitem “sagarana”, cap. 15.
Faça os exercícios 5 e 6, série 11.
AulA 60
Leia os itens “Clarice Lispector” e “João Cabral
de melo neto”, cap. 15.
Faça os exercícios 2, 4, 12 e 13, série 11.
Livro-texto 3 — Literatura II
Caderno de Exercícios 2 — Unidade III
tarefa Mínima tarefa complementar
AulA 59
Leia o subitem “Leitura”, relativo a um trecho
do romance Grande sertão: veredas,
de guimarães rosa.
Faça os exercícios 7 e 8, série 11.
AulA 60
Faça os exercícios 1, 3, 9 a 11, série 11.
AnotAçÕes
6 (Fuvest-SP)
Mas não senti diferençaentre o Agreste e a Caatinga,e entre a Caatinga e aqui a Mataa diferença é a mais mínima.Está apenas em que a terraé por aqui mais macia;está apenas no pavio,ou melhor, na lamparina:pois é igual o queroseneque em toda parte ilumina,e quer nesta terra gordaquer na serra, de caliça,a vida arde sempre coma mesma chama mortiça.
João Cabral de Melo Neto, Morte e vida severina.
Neste excerto, o retirante, já chegado à Zona da Mata, reflete sobre suas experiências, reconhecendo uma diferença e uma semelhança entre as regiões que conhecera ao longo de sua viagem. Considerando o excerto no contexto da obra a que pertence, explique sucintamente em que consistem a diferença e a semelhança reconhecidas pelo retirante.
o retirante reconhece que as diferenças entre as regiões inóspitas do sertão (“caatinga”) e do agreste e a fértil e abundante
Zona da mata residem na geografia, no âmbito físico: a terra da Zona da mata é “mais macia”. mas há semelhanças na orga-
nização social, que, nas três regiões, faz a vida arder “sempre com a mesma chama mortiça”. a metáfora da lamparina traduz
essa relação perfeitamente: a diferença é o exterior (“pavio”, “lamparina”), que remete ao meio físico, e a semelhança está no
interior (“querosene”), que se associa à organização social.
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Obra sem título, de Nuno Ramos, 1989.
Romance reportagem / romance histórico – Ignácio de Loyola Brandão – Zero (1974)
Realismo fantástico / Surrealismo – Murilo Rubião – O pirotécnico Zacarias (conto) (1974)
2 Autores
rubem Fonseca
Literatura brutalista / Neorrealismo violento
Histórias urbanas – violência e exclusão social nos grandes centros
Romances policiais em que os investigadores são dotados de humanidade, com vícios e defeitos
Frases curtas, diretas e sem abrandamento
obras de destaque
O caso Morel (1973)
O cobrador (contos) (1979)
A grande arte (1983)
Bufo e Spallanzani (1986)
Agosto (1990)
Rubem Fonseca (1925-).
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AulAs 61 e 62 prosA brAsileirA conteMporâneA
Nuno Ramos é um artista paulistano de forte expressão no Brasil e no exterior. Seu trabalho uti-liza materiais de diferentes cores, volumes e textu-ras e transita por diferentes suportes e instalações. Além de premiado como artista plástico, também escreve poemas, contos e romances. Seu trabalho é um exemplo claro do rompimento das fronteiras entre os gêneros e da investigação psicológica que dominam a literatura e a arte brasileiras das últi-mas décadas, marcadas pela pluralidade cada vez maior de tendências e estilos.
1 A prosA brAsiLeirA A pArtir
dos ANos 1960
Crônica – Rubem Braga / Paulo Mendes Cam-pos / Fernando Sabino / Carlos Drummond de Andrade / Luis Fernando Verissimo
Conto – Dalton Trevisan – O vampiro de Curi-tiba (1965)
Romance regionalista – Antonio Callado – Quarup (1967)
Autobiografia / Relatos de viagens e refle-xões – Pedro Nava – Baú de ossos – (1972)
Romance intimista – Lygia Fagundes Telles – As meninas (1973)
Não interessa dizer como foi que um bancário desempregado como eu conheceu uma mulher como Paula, mas eu vou contar. Ela me atropelou com o carrão dela e me levou para o Miguel Couto e disse no caminho, a culpa foi minha eu estava falando no telefone celular e me distraí, meu marido odeia que eu dirija. Chegando ao hospital eu falei para todo mundo que a culpa era minha.
FONSECA, Rubem. O anão. In: O buraco na parede: contos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
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raduan Nassar
Obra engajada – promoção da consciência polí-tica contra o autoritarismo
Retrato do peso da tradição cristã, do patriarca-do e do trabalho sobre o indivíduo
As relações sociais reproduzem as imposições da sociedade
obras de destaque
Lavoura arcaica (romance) (1975)
Um copo de cólera (novela) (1978)
Menina a caminho (contos) (1994)
Raduan Nassar (1935-).
Crônicas, textos de humor e sátiras de costumes
Textos marcados pela erudição, pelo lirismo e pela emoção
Autoironia e humor generoso
Linguagem como mecanismo para o surgimen-to de situações cômicas
obras de destaque
Ed Mort (1979)
Sexo na cabeça (1980)
O analista de Bagé (1981)
Comédias da vida privada (1994)
Comédias da vida pública (1995)
Gula – O clube dos anjos (1998)
Os espiões (romance) (2009)
Em algum lugar do paraíso (2011)
E eu vi de repente seus olhos molharem, e foi então que ele me abraçou, e eu senti nos seus braços o peso dos braços encharcados da família inteira.
NASSAR, Raduan. Lavoura arcaica. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
Enquanto se afasta, suas pernas vão se cruzando como as de uma bailarina magricela e suja debaixo de um solão quente e vermelho.
NASSAR, Raduan. Menina a caminho. In: Menina a caminho e outros textos. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
Luis Fernando Verissimo
Luis Fernando Verissimo (1936-).
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Quando Gregório Souza acordou certa manhã de uma noite mal dormida cheia de sonhos perturba-dores, olhou seus pés que emergiam da outra extremi-dade da coberta curta e viu que tinha se transformado em Franz Kafka. Na verdade, levou algum tempo para descobrir quem era. Começou certificando-se que aqueles pés, decididamente, não eram os dele. Examinou-os com interesse e deduziu que eram pés da Europa Central, possivelmente checos.
VERISSIMO, Luis Fernando. Metamorfose. In: Os 100 melhores contos de humor da literatura universal / Flávio Moreira da Costa. (Org)
Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.
Chico buarque
Personagens construídos como reflexo do Brasil em que vivem
Integração entre o universo interior das perso-nagens e o caos urbano que as envolve
Imobilidade e impossibilidade de reagir ao mundo
Descrições ricas em cheiros, texturas e sensa-ções físicas
Chico Buarque (1944-).
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ALFA 8 Literatura – Setor 1502 189
obras de destaque
Estorvo (1991)
Benjamim (1995)
Budapeste (2003)
Leite derramado (2009)
Cristovão tezza
Personagens inadequadas e desajustadas da en-grenagem social
O indivíduo como reflexo do olhar e da aprova-ção do outro
Curitiba como o cenário para as paixões, as an-gustias e os paradoxos dos homens
Humor e ironia
obras de destaque
A suavidade do vento (1991)
O fantasma da infância (1994)
Uma noite em Curitiba (1995)
Breve espaço entre a cor e a sombra (1998)
O fotógrafo (2004)
O filho eterno (2007)
Cristovão Tezza (1952-).
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Em meados de 1962 Benjamim Zambraia visitou os alicerces do grandioso prédio que se fundava em terreno anteriormente ocupado por um casario. Ana-lisou a maquete e escolheu na planta um apartamen-to de sala e dois quartos no décimo andar, com as três janelas voltadas para a Pedra. Era um apartamento de fundos, mais barato do que os que davam para o largo do Elefante e as palmeiras do parque adjacente, mas o preço não influiu na opção de Benjamim.
HOLLANDA, Chico Buarque de. Benjamim. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
Milton Hatoum
Manaus como principal cenário de sua narrativa
Experiências e memórias pessoais associadas ao contexto sociocultural da Amazônia
Abordagem de conflitos familiares como conse-quência da transformação da realidade urbana
Ligação com a narrativa oral popular – histórias narradas a partir de outras histórias
obras de destaque
Relato de um certo Oriente (1990)
Dois irmãos (2000)
Cinzas do Norte (2005)
Órfãos do Eldorado (2008)
A cidade ilhada (contos) (2009)
Um solitário à espreita (crônicas) (2013)
Milton Hatoum (1952-).
Ramira recuou, assustada, e sumiu no quarto. Por alguns momentos Mundo ficou murmurando; depois, o rosto cansado se voltou para as costuras da saleta e para o teto. Sentou na esteira, encostou no tabique, a cabeça descaída. A boca tremia, ele tentava dizer qualquer coi-sa, os olhos fechados. Larguei a sacola perto da esteira e fiquei por ali, temendo que ele tentasse escapar.
HATOUM, Milton. Cinzas do Norte. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
No momento em que enfim se volta para a cama, não há mais ninguém no quarto – só ele, a mulher, a criança no colo dela. Ele não consegue olhar para o filho. Sim – a alma ainda está cabeceando atrás de uma solução, já que não pode voltar cinco minutos no tempo. Mas ninguém está condenado a ser o que é, ele descobre, como quem vê a pedra filosofal: eu não preciso deste filho, ele chegou a pensar, e o pensamento como que foi deixando-o novamente em pé, ainda que ele avançasse passo a passo trôpego para a sombra. Eu também não preciso desta mulher, ele quase acrescenta, num diálogo mental sem interlocutor: como sempre, está sozinho.
TEZZA, Cristovão. O filho eterno. Rio de Janeiro: Record, 2009.
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190 Literatura – Setor 1502 ALFA 8
exercícios
TexTo para as quesTões 1 e 2
Que se chama solidão
Chão da infância. Algumas lembranças me pare-cem fixadas nesse chão movediço, as minhas pajens. Minha mãe fazendo seus cálculos na ponta do lápis ou mexendo o tacho de goiabada ou ao piano; tocando suas valsas. E tia Laura, a viúva eterna que foi morar na nossa casa e que repetia que meu pai era um ho-mem instável. Eu não sabia o que queria dizer instável mas sabia que ele gostava de fumar charutos e gostava de jogar. A tia um dia explicou, esse tipo de homem não consegue parar muito tempo no mesmo lugar e por isso estava sempre sendo removido de uma cidade para outra como promotor. Ou delegado. Então minha mãe fazia os tais cálculos de futuro, dava aquele suspiro e ia tocar piano. E depois, arrumar as malas.
— Escutei que a gente vai se mudar outra vez, vai mesmo? perguntou minha pajem Maricota. Estávamos no quintal chupando os gomos de cana que ela ia des-cascando. Não respondi e ela fez outra pergunta: Sua tia vive falando que agora é tarde porque a Inês é morta, quem é essa tal de Inês?
Sacudi a cabeça, não sabia. Você é burra, Maricota resmungou cuspinhando o bagaço. [...]
— Corta mais cana, pedi e ela levantou-se enfure-cida: Pensa que sou sua escrava, pensa? A escravidão já acabou!, ficou resmungando enquanto começou a pro-curar em redor, estava sempre procurando alguma coisa e eu saía atrás procurando também, a diferença é que ela sabia o que estava procurando, uma manga madura? Jabuticaba? Eu já tinha perguntado ao meu pai o que era isso, escravidão. Mas ele soprou a fumaça para o céu (dessa vez fumava um cigarro de palha) e começou a recitar uma poesia que falava num navio cheio de negros presos em correntes e que ficavam chamando por Deus. Deus, eu repeti quando ele parou de recitar. Fiz que sim com a cabeça e fui saindo, Agora já sei.
Lygia Fagundes Telles, Invenção e memória.
1 (Unifesp) De acordo com o texto, entende-se que o chão da infância da narradora é marcado:a) pela incômoda viuvez da tia. b) pela ausência do pai. c) pelo convívio com família e pajens. d) pelo medo da escravidão. e) pela indiferença das pajens.
2 (Unifesp) No trecho, é possível identificar uma marca característica do projeto literário da autora e da ficção do período. Trata-se de:a) realismo fantástico. b) documentária urbano-social. c) regionalista. d) metafísica. e) intimista e psicológica.
3 (Enem) Para falar e escrever bem, é preciso, além de conhecer o padrão formal da Língua Portugue-sa, saber adequar o uso da linguagem ao contexto discursivo. Para exemplificar este fato, seu profes-sor de Língua Portuguesa convida-o a ler o texto Aí, Galera, de Luís Fernando Veríssimo. No texto, o autor brinca com situações de discurso oral que fogem à expectativa do ouvinte.
Aí, Galera
Jogadores de futebol podem ser vítimas de este- reotipação. Por exemplo, você pode imaginar um joga-dor de futebol dizendo “estereotipação”?
E, no entanto, por que não?— Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.— Minha saudação aos aficionados do clube e aos
demais esportistas, aqui presentes ou no recesso dos seus lares.
— Como é?— Aí, galera.— Quais são as instruções do técnico?— Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho
de contenção coordenada, com energia otimizada, na zona de preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico, concatenarmos um contragolpe agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos da desestruturação momentânea do siste-ma oposto, surpreendido pela reversão inesperada do fluxo da ação.
— Ahn?— É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá
eles sem calça.— Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?— Posso dirigir uma mensagem de caráter senti-
mental, algo banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas?
— Pode.— Uma saudação para a minha progenitora.— Como é?— Alô, mamãe!— Estou vendo que você é um, um...— Um jogador que confunde o entrevistador, pois
não corresponde à expectativa de que o atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação?
— Estereoquê?— Um chato?— Isso.
Correio Braziliense, 13 maio 1998.
O texto retrata duas situações relacionadas que fogem à expectativa do público. São elas:a) a saudação do jogador aos fãs do clube, no iní-
cio da entrevista, e a saudação final dirigida à sua mãe.
b) a linguagem muito formal do jogador, inade-quada à situação da entrevista, e um jogador que fala, com desenvoltura, de modo muito rebuscado.
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c) o uso da expressão “galera”, por parte do en-trevistador, e da expressão “progenitora”, por parte do jogador.
d) o desconhecimento, por parte do entrevistador, da palavra “estereotipação”, e a fala do jogador em “é pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça”.
e) o fato de os jogadores de futebol serem vítimas de estereotipação e o jogador entrevistado não corresponder ao estereótipo.
TexTo para as quesTões 4 e 5
É impossível colocar em série exata os fatos da infância porque há aqueles que já acontecem perma-nentes, que vêm para ficar e doer, que nunca mais são esquecidos, que são sempre trazidos tempo afora, como se fossem dagora.
É a carga. Há os outros, miúdos fatos, incolores e quase sem som − que mal se deram, a memória os atira nos abismos do esquecimento. Mesmo próximos eles vi-ram logo passado remoto. Surgem às vezes, na lembrança, como se fossem uma incongruência. Só aparentemente sem razão, porque não há associação de ideias que seja iló-gica. O que assim parece, em verdade, liga-se e harmoni-za-se no subconsciente pelas raízes subterrâneas − raízes lógicas! − de que emergem os pequenos caules isolados − aparentemente ilógicos! Só aparentemente! − às vezes chegados à memória vindos do esquecimento, que é outra função ativa dessa mesma memória.
Pedro Nava, Baú de ossos.
4 (Fuvest-SP) Ao analisar os processos da memória, o autor manifesta a convicção de que:a) os fatos que não são lembrados com constância
cairão para sempre nos abismos do esqueci-mento.
b) é mais dolorosa a lembrança de fatos que pa-reciam para sempre esquecidos do que a dos fatos que não saem da memória.
c) os fatos que pareciam inteiramente esquecidos podem de repente surgir na memória com o aspecto de uma associação imprópria.
d) é mais prazerosa a memória assídua de fatos da infância do que a memória de fatos ocorridos mais recentemente.
e) os fatos que, quando vividos, pareciam extrava-gantes costumam ser depois lembrados como inteiramente lógicos.
5 (Fuvest-SP) A expressão “O que assim parece” tem, no contexto, o sentido de:a) o que aparenta ser uma pura lembrança. b) o que aparenta ser uma associação de ideias. c) o que parece harmonizado no subconsciente. d) o que parece uma incongruência. e) o que aparece como se fosse lógico.
6 Leia o texto a seguir. Não adianta ficar aqui parado. Eu não posso me es-
conder eternamente de um homem que não sei quem é. Preciso saber se ele pretende continuar me perseguindo.
Quando esse homem cansar de tocar a campainha e for embora, me levantarei da cama e irei atrás. Já terá caído a tarde, e ele dará por encerrado o expediente, decidindo voltar a pé para casa. Estará cansado, estará ficando corcunda, e lastimará mais um dia de trabalho inútil. Morará numa casa de vila não longe daqui, mas assim que lhe puser os pés, será de manhã. Pela janela o verei recém-chegado, e já se despedindo da mulher grávida.
HOLLANDA, Chico Buarque de. Estorvo. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
Em determinado momento da narrativa, o prota-gonista de Estorvo, de Chico Buarque, refere-se sobre sentir-se constantemente perseguido e, de alguma maneira, consegue transformar esse senti-mento. Explique como essa transformação ocorre, a partir da leitura do fragmento.
a personagem passa de perseguida a perseguidora e se
imagina seguindo o suposto homem que insiste em bater
à sua porta todos os dias. ao percebê-lo cansado e deses-
timulado pelo trabalho, morando em um lugar distante e
com uma mulher grávida, seu sentimento de perseguição
diminui, uma vez que ocorre certa humanização da figura
que, até então, se revelava ameaçadora.
orientAção de estudo
AulA 61
Leia o item “panorama cultural”, cap. 16.
Faça os exercícios 1 e 2, série 12.
AulA 62
Faça os exercícios 5 e 6, série 12.
Livro-texto 3 — Literatura II
Caderno de Exercícios 2 — Unidade III
tarefa Mínima
tarefa complementar
AulA 61
Leia o item “a fcção brasileira contemporânea”,
cap. 16.
Faça os exercícios 3 e 4, série 12.
AulA 62
Faça os exercícios 7 e 8, série 12.
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192 Literatura – Setor 1502 ALFA 8
Capa do filme Lixo extraordinário, de Lucy Walker, com Vik Muniz.
poesiA CoNCretA
Os poetas Haroldo de Campos, Décio Pignatari e Augusto de Campos.
Poesia verbi-voco-visual
Síntese ideogrâmica
Relações gráfico-fonéticas
Abolição do verso tradicional
principais autores
Haroldo de Campos
Augusto de Campos
Décio Pignatari
Velocidade, de Ronaldo Azeredo, 1957.
AulAs 63 e 64 dA poesiA concretA Aos Anos 1990
O paulistano Vik Muniz é um dos artistas
brasileiros mais consagrados da atualidade. Uma
das peculiaridades de seu trabalho é a utilização
de materiais inusitados tais como lixo, geleia,
chocolate em pó, etc., em imagens que reme-
tem tanto à tradição da arte ocidental, quanto
ao universo da denúncia social, e, também, ao
universo da arte pop. Tal postura incorpora a
pluralidade de aspectos da vida contemporânea
e a sua transformação em arte. Trata-se de um
impulso que também é muito forte na tradição
poética brasileira desde os anos 1960: o desejo
de incorporação da realidade juntamente com a
plena consciência dos processos criativos, sem
deixar de lado o diálogo inovador com a tradição
artística nacional e internacional. Isso se mostra
tanto no Concretismo (um dos mais influentes
movimentos da segunda metade do século XX)
quanto em poetas posteriores.
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ALFA 8 Literatura – Setor 1502 193
poesia marginal – anos 1970
Ecletismo de estilos e de temas
Postura crítica, contrária à ditadura militar
Linguagem coloquial
Seja marginal seja herói, de Hélio Oiticica, 1968.
Arnaldo Antunes
Subversão da sintaxe
Associações inusitadas
Artista multicultural: exploração de várias mí-dias diferentes
Arnaldo Antunes (1960-).
Onze horas
Hoje comprei um bloco novo. Pensei: a você o bloco, a você meu oco. Ao lápis a mão e os pensamentos em coro Me sugeriam rimas e sons mortos. Para, coisa. Se oculta, rosto. Cessa estes ecos porcos, Esta imundície coxa, este braço torto Reabre o tapume verde do poço, Salta dentro, ao negrume tosco E se nada resta afoga-se no lodo Para que sobre o resto do nada, o sono. (Sussurro:) Euvocê.
CÉSAR, Ana Cristina. Inéditos e dispersos. São Paulo: Brasiliense, 1985.
paulo Leminski
Paulo Leminski (1944-1989).
Razão de ser
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?LEMINSKI, Paulo. Melhores poemas. São Paulo: Global, 2006.
que o mar venha com sua ondabranca sobre a mancha escura aque chamamos pedra e a cubracom sua língua até o mar parado aque chamamos lago do outro ladoenfim que o mar alcance a água
ANTUNES, Arnaldo. Et eu tu. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.
Humor trocadilhesco
Metalinguagem
Temas reflexivos
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194 Literatura – Setor 1502 ALFA 8
exercícios
TexTos para a quesTão 1
TexTo I
Augusto de Campos. In: Poesia concreta. São Paulo: Editora Abril.
TexTo II
O bicho
Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem.
BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. p. 201-202.
1 (UEG-GO) Os poemas de Augusto de Campos e de Manuel Bandeira tematizam: a) a miséria, que, muitas vezes, tem como contraponto a riqueza de muitos.b) a questão da fome e da violência que se verifica nos grandes centros urbanos.c) o descaso social com relação aos menores abandonados e às crianças de rua.d) o desemprego, que ocorre sempre quando a demanda é maior do que a oferta.
ue
g-g
o
A maior riqueza do homem é a sua incompletude.Nesse ponto sou abastado.Palavras que me aceitam como sou – eu não aceito.Não aguento ser apenas um sujeito que abreportas, que puxa válvulas, que olha o relógio, quecompra pão às 6 horas da tarde, que vai lá fora,que aponta lápis, que vê a uva etc. etc.Perdoai.Mas eu preciso ser Outros.Eu penso renovar o homem usando borboletas.
Manoel de Barros. Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010.
Manoel de barros
Manoel de Barros (1916-).
Poesia das coisas simples
Imagens do pantanal mato-grossense
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ALFA 8 Literatura – Setor 1502 195
2 (ITA-SP) Considere o poema abaixo, de Ronaldo Azeredo:
Esse texto
I. explora a organização visual das palavras sobre a página.
II. põe ênfase apenas na forma, e não no conteú-do da mensagem.
III. pode ser lido não apenas na sequência hori-zontal das linhas.
IV. não apresenta preocupação social.
Estão corretas:
a) I e II.b) I,II e III.c) I, III e IV.d) II e IV.e) todas.
3 (PUC-PR – Adaptada)
podem ficar com a realidadeesse baixo astralem que tudo entra pelo cano
eu quero viver de verdadeeu fico com o cinema americano
Paulo Leminski
Assinale a alternativa que identifica o recurso mais explorado pelo texto:a) intertextualidade.b) ironia.c) crítica ao isolamento do homem contemporâ-
neo na sociedade da informação.d) fuga à realidade.e) desejo de viver intensamente.
4 (PUC-RJ)
Soneto 92 – Ambíguo
Quem quer a exatidão não é poeta.Poetas têm o dom da ambiguidade.A imagem pode ser falsa ou verdade,depende só de como se interpreta.
ita
-sp
O matemático é uma linha reta.Filósofos duvidam da unidade.Católicos têm fé numa Trindade.Mas o poeta nunca se completa.
Quer no “duplipensar” do autor inglês,quer seja o “VIVA VAIA” do concretoou triplo trocadilho, a dois por três,
Palavra de poeta não tem teto,tem piso, onde rasteja este freguêsdo pé perverso, meu pé predileto.
Glauco Mattoso. Disponível em: <http://glaucomattoso.sites.uol.com.br/index.html>.
Glossário
“VIVA VAIA”: título de uma obra do poeta Augusto de Campos.
Por que se pode afirmar que o “Soneto 92 – Am-bíguo” é um poema contemporâneo?
embora formalmente o texto do poeta paulistano glauco
mattoso seja um soneto italiano perfeito, notam-se nele
características de um texto moderno, tais como a ironia, o
tom coloquial e prosaico e o diálogo explícito com outros
momentos literários por meio do recurso à citação (“ViVa
Vaia” é um livro do poeta concreto augusto de Campos).
5 (Ufes)
A obra acima se intitula Pluvial, de 1959, e pertence ao livro Poesia (1949/1979), de Augusto de Cam-pos. Dela NÃO se pode afirmar que:a) lança mão da paronomásia (sons parecidos e
significados diferentes).b) pode ser lida e vista vertical (chuva que cai) e
horizontalmente (rio que corre).c) aponta para o projeto estético concretista da
“arte pela arte”.d) rompe com a estrutura frásica do verso tradi-
cional.e) utiliza os espaços brancos da página de forma
significativa.
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196 Literatura – Setor 1502 ALFA 8
orientAção de estudo
AulA 63
Leia os itens “poesia contemporânea”
até “6. poema processo”, cap. 16.
Faça os exercícios 9, 10 e 17, série 12.
AulA 64
Leia os itens “7. tropicalismo (1967)” até
“9. esses poetas (década de 1990)”, cap. 16.
Faça os exercícios 11, 15 e 18, série 12.
Livro-texto 3 — Literatura II
Caderno de Exercícios 2 — Unidade III
tarefa Mínima tarefa complementar
AulA 63
Faça os exercícios 12 a 14, série 12.
AulA 64
Faça os exercícios 16, 19 e 20, série 12.
AnotAçÕes
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