18 - outras formas de processamento

10
PROCESSAMENTO DE BATATA: FÉCULA, FLOCOS, PRODUTOS DE EXTRUSÃO Magali Leonel 1 INTRODUÇÃO A batata, tubérculo de origem andina, apresenta uma produção anual em torno de 300 milhões de toneladas, tendo como grandes produtores mundiais a China, Rússia, Índia, Estados Unidos, Polônia e Ucrânia, ocupando o Brasil a 20ª posição. A cultura da batata representa um importante gerador de divisas para o agronegócio brasileiro, com os estados de Minas Gerais (29%), São Paulo (25%) e Paraná (24%) responsáveis por 78% da produção nacional. No ano de 2004 foram produzidas 2,8 milhões de toneladas de batata em 135,5 mil hectares no Brasil. A batata é um alimento basicamente energético, rico em proteína, sendo também importante fonte de minerais. Apresenta cerca de 20% de matéria seca, sendo que dependendo do cultivar, condições de cultivo, época de colheita, terá sua composição alterada o que influenciará sua qualidade para processamento. A indústria da batata é um segmento muito forte e competitivo na Europa e Estados Unidos, países onde o consumo per capita é alto nas suas diferentes formas industrializadas – chips, french fries (palito), amido, entre outras. Já no Brasil, a maior parte dos consumidores ainda adquire a batata na sua forma in natura, mas, nos últimos vinte anos, as agroindústrias vêm se instalando nos grandes centros urbanos com o objetivo de abastecer, sobretudo, o mercado fast food na forma, principalmente, de batata palha e chips. Indústrias de french fries, farinha e purê existem no país, mas estes mercados ainda são poucos significativos internamente. Muitas são as formas de processamento de batata ainda pouco exploradas no Brasil, dentre elas a produção de fécula, flocos, farinhas e a grande quantidade de produtos extrusados como: amidos pré-gelatinizados, farinhas instantâneas, snacks, sopas, macarrões, biscoitos, etc. 1 Pesquisadora Doutora- UNESP/CERAT- Faz. Exp. Lageado s/n, C.P. 237, Botucatu-SP, CEP18603-970. www.cerat.unesp.br, e-mail:[email protected]

Upload: valdir

Post on 02-Oct-2015

216 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

  • PROCESSAMENTO DE BATATA: FCULA, FLOCOS, PRODUTOS DE EXTRUSO

    Magali Leonel1

    INTRODUO A batata, tubrculo de origem andina, apresenta uma produo anual em

    torno de 300 milhes de toneladas, tendo como grandes produtores mundiais a

    China, Rssia, ndia, Estados Unidos, Polnia e Ucrnia, ocupando o Brasil a 20

    posio. A cultura da batata representa um importante gerador de divisas para o

    agronegcio brasileiro, com os estados de Minas Gerais (29%), So Paulo (25%) e

    Paran (24%) responsveis por 78% da produo nacional. No ano de 2004 foram

    produzidas 2,8 milhes de toneladas de batata em 135,5 mil hectares no Brasil.

    A batata um alimento basicamente energtico, rico em protena, sendo

    tambm importante fonte de minerais. Apresenta cerca de 20% de matria seca,

    sendo que dependendo do cultivar, condies de cultivo, poca de colheita, ter sua

    composio alterada o que influenciar sua qualidade para processamento.

    A indstria da batata um segmento muito forte e competitivo na Europa e

    Estados Unidos, pases onde o consumo per capita alto nas suas diferentes

    formas industrializadas chips, french fries (palito), amido, entre outras. J no Brasil,

    a maior parte dos consumidores ainda adquire a batata na sua forma in natura, mas,

    nos ltimos vinte anos, as agroindstrias vm se instalando nos grandes centros

    urbanos com o objetivo de abastecer, sobretudo, o mercado fast food na forma,

    principalmente, de batata palha e chips. Indstrias de french fries, farinha e pur

    existem no pas, mas estes mercados ainda so poucos significativos internamente.

    Muitas so as formas de processamento de batata ainda pouco exploradas no

    Brasil, dentre elas a produo de fcula, flocos, farinhas e a grande quantidade de

    produtos extrusados como: amidos pr-gelatinizados, farinhas instantneas, snacks,

    sopas, macarres, biscoitos, etc.

    1 Pesquisadora Doutora- UNESP/CERAT- Faz. Exp. Lageado s/n, C.P. 237, Botucatu-SP, CEP18603-970. www.cerat.unesp.br, e-mail:[email protected]

  • FCULA DE BATATA O amido constitui o mais abundante carboidrato de reserva das plantas

    superiores, presentes nos tecidos sob forma de grnulos intracelulares. Pela

    legislao brasileira (BRASIL, 1978), esses polissacardeos de reserva dos vegetais

    so designados amido ou fcula, se provenientes de partes areas ou subterrneas

    das plantas, respectivamente. As cinco principais espcies consideradas fonte de

    amido comercial so o milho, trigo, arroz, batata e mandioca.

    No mundo so produzidos cerca de 48,5 milhes de toneladas de amido

    sendo os EUA responsveis pela maior produo de amido de milho (24,6 milhes

    de toneladas, 62,4%) e a Unio Europia a maior produtora de amido de batata (1,8

    milhes de toneladas, 69,2%) e trigo (2,8 milhes de toneladas, 68,3%).

    Em torno de mil produtos acabados, incluindo amidos e derivados, provm da

    industrializao de amido e so destinados a usos alimentares e no alimentares,

    em mercados de especificaes e tamanhos diversos. Esses mercados podem ser

    classificados, em funo do tipo de utilizao industrial, em quatro setores:

    agroalimentar, papeleiro, qumico e txtil. Vrios outros setores requerem tambm o

    uso de amido, mas em propores menores, tais como as indstrias metalrgica,

    petroleira, de construo, etc. (FRANCO et al., 2001).

    Os polmeros formadores do grnulo de amido so a amilose, polissacardeo

    linear de (14)--D-glucose e a amilopectina, molcula ramificada, onde cadeias de de (14)--D-glucana so conectadas por ligaes (16). O amido deve muito de sua funcionalidade a estas duas macromolculas, assim como a organizao fsica

    das mesmas dentro da estrutura granular (BILIADERIS, 1991).Os teores de amilose

    e amilopectina variam com a fonte botnica. O amido de batata apresenta em mdia

    cerca de 20% de amilose e 80% de amilopectina, contudo, o estdio de

    desenvolvimento da planta um dos fatores que pode influenciar esta porcentagem.

    GEDDES et al. (1965) observaram um aumento significativo do teor de amilose em

    amido extrado de batata em estdio de tuberizao mais avanado.

    Outro parmetro importante na avaliao de amidos o tamanho e a forma

    dos grnulos que so caractersticos da planta de origem, e constituem-se num

    fator tecnolgico de importncia, uma vez que definem a abertura das malhas das

    peneiras de extrao e purificao, podendo influenciar o rendimento industrial e a

    aplicao tecnolgica do amido. Alm disso, o tamanho e a distribuio dos grnulos

  • esto entre os fatores que mais acentuadamente afetam o comportamento desses

    (RASPER, 1971).

    SINGH & SINGH (2001), analisaram a forma e tamanho de grnulos de amido

    de cultivares de batata (Solanum tuberosum) utilizando a microscopia eletrnica de

    varredura (SEM) e observaram diferenas significativas para estes parmetros entre

    as cultivares. Quanto forma, esta variou de oval para regular ou cuboidal, com

    dimetros mdios variveis de 15-20m e 20-45m, respectivamente, para grnulos pequenos e grandes (Figura 01).

    Figura 01: Fotomicrografia de grnulos de amido de batata.

    Com relao s propriedades de pasta do amido de batata este apresenta

    pico agudo de viscosidade com acentuada queda de viscosidade antes de atingir

    95C, revelando baixa estabilidade da pasta a quente sob agitao. Apresenta baixa

    temperatura de pasta (64,8C) e baixa tendncia a retrogradao (Figura 2). Estas

    caractersticas fazem com a fcula de batata seja utilizada como espessante em

    sopas desidratadas e molhos, como agente ligante em salsichas e lingias, pudins

    e sobremesas, etc.

    A fcula de batata comercializada no Brasil importada, tendo como

    principais consumidores a Yoki, Bauducco, Pilsbury e Nissin, sendo comercializada

    de forma direta ou utilizada nos diferentes segmentos da indstria alimentcia.

  • Newport Scientific Pty Ltd0

    200

    400

    600

    40

    60

    80

    100

    0 0 6 12 18 24 3030Tempo (min.)

    Vis

    cosi

    dade

    (RV

    U)

    Temperatura (C

    )batata

    Figura 02: Perfil de viscosidade do amido de batata (Rapid Visco Analyzer).

    FLOCOS DE BATATA Batata em flocos um termo utilizado para designar pur de batata em flocos,

    desidratado em secadores de tambor. Este processo conhecido por mais de 50

    anos e foi introduzido nos Estados Unidos pela Alemanha aps a Primeira Guerra

    Mundial.

    O pur de batatas reconstitudo com gua ou leite quente e se assemelha

    ao pur preparado com batatas frescas. Flocos de boa qualidade devem ter como

    matria-prima uma variedade de batatas que fornea um pur de boa textura

    quando confeccionada a partir de batatas recentemente cozidas.

    Para a preparao de batatas em flocos deve-se dispor de tubrculos de

    forma uniforme, com mais de 25 mm e sem pores verdes. A colorao da polpa

    deve ser branca ou creme, contendo mais de 20 % de massa seca e menos de 0,5

    % de acares redutores. Batatas que possuam um teor de slidos secos inferiores

  • a 20% no so apropriadas ao processo definido ao seu baixo rendimento de

    produto seco (flocos) e a sua grande quantidade de gua que requer processos de

    secagem mais intensos e, portanto, tornando-se inviveis economicamente. Um

    teor mais elevado de aucares redutores pode ocasionar reaes de escurecimento

    no enzimtico durante o processo de secagem, acarretando em um produto com

    uma colorao indesejada. O pur de batata pode ser elaborado, ainda, a partir de

    sobras de outros processos industriais que envolvam o consumo de batatas.

    O pur de batatas em flocos no possui uma legislao especfica de

    regulamentao. Assim, utiliza-se a Resoluo CNNPA n12, de 1978 (Anvisa), para

    ps para preparo de alimentos.

    Processo de produo dos flocos de batata 2:

    Aps a colheita, as batatas so limpas antes de chegar a indstria, devido a

    sua grande quantidade de sujidades. Isso facilita o seu processamento, alm de

    diminuir a carga microbiana. A recepo feita em um local separado da parte limpa

    da fbrica para evitar contaminaes cruzadas. Aps esta etapa realizada a

    seleo em esteira das batatas que tem como objetivo descartar batatas

    deformadas ou com danos de qualquer natureza, descoloridas ou manchadas, para

    no influenciarem na qualidade do produto final . As batatas, ainda com casca,

    devem ser lavadas para eliminao de terra e de outros corpos estranhos, visando a

    diminuio da contaminao microbiolgica. Esta operao unitria preliminar pode

    ser feita em diversos equipamentos, sendo que o tambor rotatrio muito utilizado.

    A lavagem deve ser feita com gua limpa, preferencialmente tratada e corrente. O

    descascamento visa a remoo da pelcula externa da batata, a qual indesejada

    no produto final. Um mtodo muito utilizado o descascamento por abraso, pois

    de simples operao e de baixo custo de instalao. A segunda lavagem feita

    aps a remoo da casca e dos "olhos" das batatas para eliminar as sujidades que

    restaram da etapa de retoque, garantindo assim qualidade do pur no que se refere

    a ausncia de corpos estranhos. Outro objetivo dessa lavagem aplicar uma

    soluo de 0,5% de Na2SO3 para prevenir o escurecimento antes do corte. O corte

    das batatas(0,25cm de espessura) tem o objetivo de melhorar a troca de calor nos

    estgios de pr-cozimento e cozimento. O pr-cozimento feito nas batatas 2 http://www.ufrgs.br/Alimentus

  • previamente cortadas, sendo imersas em gua a 71oC durante 20 minutos. Isso

    causar a gelatinizao de boa parte do amido livre da batata. Essa etapa, alm de

    branquear, fornece ao produto final uma textura pastosa, farincea ou cremosa,

    dependendo da variao do tempo e temperatura do banho. O processo feito

    atravs de banhos com gua a temperatura de 24o C durante 15 minutos. Tal

    processo reduz cerca de 60% do amido livre restante, isso permite que as lminas

    do produto, ao serem retiradas do tambor de secagem, tenham maior resistncia

    quebra, auxiliando no processo de formao dos flocos sem prejudicar a textura do

    pur reconstitudo. O cozimento final das batatas responsvel pela sua

    consistncia amolecida, que ir facilitar a triturao e a secagem posterior no

    tambor. O processo feito usando vapor (atmosfrico) diretamente sobre as batatas

    e o tempo pode variar entre 14 a 40 minutos, devido a variao do teor de slidos

    das batatas. A primeira etapa de moagem feita num espremedor (ricer) devendo

    ser realizada logo aps o cozimento das batatas. A incorporao dos aditivos feita

    durante a moagem para melhorar a textura e a estabilidade de sabor e aroma. A

    secagem do pur realizada em secadores de tambor simples (drum dryer). O pur

    distribudo sobre toda a superfcie do tambor atravs de um rolo que gira em

    sentido contrrio ao do tambor. Outros rolos menores aplicam gradativamente o pur

    at se obter uma camada uniforme com a espessura desejada. Essa camada

    aderente encontra uma faca que a destaca e ento levada por um condutor de

    rosca sem-fim at o moinho de martelos. Nessa etapa, tambm chamada de

    flocagem, os flocos so triturados, promovendo boa textura e solubilidade ao

    produto. Os flocos devem ser acondicionados em embalagens que impeam

    absoro de umidade, exposio luz e possibilidade de esmagamento dos flocos.

    PRODUTOS EXTRUSADOS A tecnologia de extrusao em virtude da sua versatilidade operacional e suas

    mltiplas funes, tem encontrado um vasto campo de aplicaes, seja na rea

    alimentar para consumo humano ou animal, seja na rea industrial.

    Na rea de alimentos para consumo humano a diversidade de produtos

    envolve as reas de panificao (po chato flat bread, biscoitos, pastas

    alimentcias, crackers, wafers, etc.), na rea de cereais (snacks prontos para o

    consumo e ingredientes para outros produtos) na rea de Texturizados (protena de

  • soja texturizada, anlogos de carne, ingredientes para sopas, para bebidas, cereais

    fortificados e outros).

    Adicionalmente a extruso de misturas de biopolmeros seja de composio

    natural ou preparada para criar propriedades nicas ou melhorar as suas

    propriedades, representa uma rea em expanso. Amidos e farinhas so extrusadas

    e cozidas para a produo de agentes adesivos e diferentes tipos de colas, como

    componente para a perfurao de poos de petrleo, compactantes e diferentes

    tipos de suportes.

    O princpio fundamental do processo de extruso converter um material

    slido em um fluido pela aplicao de calor e trabalho mecnico e extrus-lo atravs

    de uma matriz, promovendo assim a termoplastificao do mesmo. O parafuso ao

    girar conduz o material na direo de uma matriz aplicando-lhe, portanto, um

    cisalhamento e transformando-o numa massa uniforme.

    A extruso um processo extremamente verstil e o equipamento pode se

    comportar como trocador de calor devido s trocas trmicas envolvendo as paredes

    do cilindro, a rosca e os materiais que so literalmente plastificados, cozidos,

    expandidos e peletizados no barril em um tempo de residncia curta em de questo

    de segundos tal como o processo HTST (alta temperatura e curto tempo).

    Desempenha, tambm, a funo de reator qumico de processamento de

    biopolmeros ou de alimentos em condies de altas temperaturas (at 250C), altas presses (at 25,0 MPa), num tempo de residncia curto (1 a 2min). Nessas

    condies, h durante o processo, abertura das estruturas tercirias e quaternrias

    dos biopolmeros resultando na quebra e rearranjo das pontes de hidrognio e

    dissulfetos, permitindo a plastificao e a formao de texturas desejveis.

    O processo de extruso tornou-se uma importante tcnica dentro de uma

    crescente variedade de processamento de alimentos. O uso da extruso

    termoplstica possui muitas vantagens distintas como (STANLEY, 1986):

    - Versatilidade uma grande variedade de produtos podem ser fabricados a

    partir de um mesmo sistema bsico de extruso;

    - Alta produtividade um extrusor fornece uma enorme capacidade de

    produo quando comparado a outros sistemas de cozimento/moldagem;

    - Baixo custo as demandas de espao fsico e mo-de-obra por unidade de

    produo so menores que aquelas de outros sistemas de

    cozimento/moldagem;

  • - Formato dos produtos extrusores podem produzir formatos no facilmente

    obtidos quando se utilizam outros mtodos de produo;

    - Alta qualidade dos produtos o processamento em altas temperaturas por

    perodo curto de tempo (HTST) minimiza a degradao de nutrientes

    enquanto destri a maioria dos microrganismos ou outras pragas;

    - Fabricao de novos produtos extrusores podem modificar as protenas

    vegetais, amidos e outras matrias-primas a fim de se obter novos produtos;

    - No gera resduos no so produzidos nenhum efluente ou material de

    risco durante ou aps o processamento.

    Sempre quando se pensa em caracterstica de produto extrusado, faz-se a

    associao com o grau de expanso, de gelatinizao do amido e da texturizao da

    frao protica deste produto. Essas caractersticas esto intimamente relacionadas

    textura, densidade aparente e transformaes estruturais. Alguns dos parmetros

    relacionados ao processo de extruso que mais influenciam nas caractersticas dos

    produtos obtidos so:

    - Teor de umidade da matria-prima;

    - Temperatura;

    - Presso no interior do barril;

    - Velocidade de rotao do parafuso;

    - Configurao da rosca;

    - Dimetro da matriz;

    - Adio de emulsificantes;

    - Teor protico;

    - Teor de gordura;

    - pH.

    Processo de extruso Segundo El-Dash (1982) o processo de extruso compreende as etapas de

    pr-extruso e ps-extruso. A pr-extruso inclui a preparao dos ingredientes e

    sua mistura em proporo adequada. Aps a mistura, o material transportado para

    ser condicionado a um contedo apropriado de umidade. Na etapa de extruso, a

    matria-prima introduzida no equipamento atravs de alimentador, sendo

    impulsionada pelo (s) parafuso (s) em direo matriz. medida que o produto

    atravessa as diferentes zonas de extruso (de alimentao, de transio e de alta

    presso), ocorre aumento gradativo do atrito mecnico, provocado por modificaes

  • de geometria do parafuso e abertura da matriz. Em conseqncia, aumentam

    tambm a presso e a temperatura, ocorrendo o cozimento do produto. A ps-

    extruso inclui a secagem inclui a secagem dos extrusados.

    As aplicaes de farinha e fcula de batata extrusadas destinam-se a

    produo de alimentos prticos, instantneos, como os matinais, snacks, alimentos

    infantis, massas pr-cozidas, pudins e sopas instantneas.

    Farinhas pr-gelatinizadas de batata podem ser usadas em produtos da

    merenda escolar, nas industrias de papel, txtil, fundies, perfurao de poos

    petrolferos e produo de adesivos e agentes ligantes, e ate mesmo na produo

    de lcool.

    No Brasil, os amidos modificados so usados principalmente na indstria

    papeleira, com quantidades menores destinadas aos setores alimentcios e txteis.

    Freqentemente os amidos nativos ou naturais no so os mais adequados para

    processamentos especficos. As modificaes do amido nativo so feitas para

    proporcionar produtos amilceos com as propriedades necessrias para usos

    especficos (CEREDA et al., 2004). A legislao brasileira sobre amidos modificados

    pode ser encontrada na RESOLUO N38/76 (BRASIL, 1978).

    As modificaes nos amidos podem ser divididas em fsicas, qumicas,

    enzimticas e combinadas. As modificaes do amido por processo fsico incluem o

    uso de calor, radiaes e cisalhamento, sendo o primeiro o mais importante. O

    produtos obtidos pelo calor so as dextrinas e ao amidos pr-gelatinizados.

    O uso de amido pr-gelatinizado em alimentao se faz em produtos de

    panificao e confeitaria, em sopas, cremes e sobremesas instantneas. Alm

    desses, tem emprego tambm em indstrias no alimentcias como a txtil, de papel

    e papelo, fundio, etc.(CEREDA et al., 2004).

    O processamento de amido pr-gelatinizado pode ser feito em autoclaves

    (batelada) ou contnuo (jet-cooking) seguido por desidratao em secador do tipo

    spray-dryer, por vapor em drum-dryer, ou amido semi-secos por extruso. O

    processo utilizando o drum-dryer apesar de ser o mais comum apresenta uma srie

    de limitaes tais como altos custos operacionais e de manuteno em relao

    produo, fazendo com que empresas do setor estejam atentando para o uso de

    extrusores. (CEREDA et al., 2004).

    Diante da importncia da cultura da batata e das inmeras possibilidades de

    desenvolvimento de novos produtos, bem como de aproveitamento de resduos

  • agrcolas e de processamento da batata, observa-se a necessidade da unio do

    setor agrcola e industrial com instituies de pesquisas para o crescimento do

    processamento de batata no Brasil.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS BILIADERIS, C.G. The struture and interations of starch with food. Canadian journal of Physiology and Pharmacology, v.69, p.60-78, 1991. BRASIL. Leis, decretos, etc. Decreto n 12.486 de 20 de outubro de 1978. Normas

    tcnicas especiais relativas a alimentos e bebidas. Dirio Oficial do Estado de So

    Paulo, 21 out., 1978. p.20.

    CEREDA, M.P., VILPOUX, O., DEMIATE, I.M. Amidos modificados. In: CEREDA,M.,

    VILPOUX, O. Processamento de amilceas Latino Americanas. So Paulo: Fundao Cargill, 2003. p.246-332

    FRANCO, C.M.L., DAIUTO, E.R., DEMIATE, I.M., et al. Propriedades gerais do amido. Campinas: Fundao Cargill, 2001. 224p. GEDDES, R., GREENWOOD, C.T., MACKENZIE, S. Studies on the biosynthesis of

    starch granules. Carbohydrate Research, v.1, p.71-82, 1965.

    RASPER ,V. Investigations of starches from major crops grown in Chana. III. Particle

    size and particle size distribuition. J. Sci. Food Agric., v.22, n.11, p. 572-580, 1971.

    SEBIO, L. Efeito de alguns Parmetros Operacionais de Extruso nas Propriedades Fsico-qumicas da farinha de inhame (Dioscorea rotundata).Campinas - S.P., 1996. Dissertao (Mestrado em Tecnologia de Alimentos) - Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de

    Campinas.

    SINGH, J.; SINGH, N. Studies on the morphological, thermal and rheological

    properties of starch separated from some Indian potato cultivars. Food Chemistry,

    v.75, p.67-77, 2001.

    PROCESSAMENTO DE BATATA: FCULA, FLOCOS, PRODUTOS DE EXTRUSO INTRODUO