Publicado no blog Eterno Retorno |www.eternoretorno.com O homem revoltado – Camus Após ler o O homem revoltado de Camus e se masturbando com esse ensaio juntamente com a obra capital desse autor argelino, O mi to de Sí si fo, podemos ser recompensados com uma sensação que nossa vida saíra dos trilhos para percorrer caminhos mais altos, principalmente se a leitura for sentida como densa e cansativa. Depois da sensação de confusão e incompreensão em várias par tes do livro, eis que finalmente se re vela Sísifo, tão vívido, potente e revoltado. Sísifo, condenado a subir a montanha empurrando uma rocha para então ser novamente empurrado pelo rochedo para o início, e assim infinitas ve zes nessa árdua tarefa, executa revoltadamente a sua ação sem jamais desistir e julgar a vida: sem esperar nada mais! A prova mais contudente de que o homem pode Sim! se revoltar, e isso não significa se verter em niilismo. A revolta que Camus nos apresenta é o sentimento-atitude de poder se revoltar sem baixar os brados fl amejante s da luta pela superação das condições de miserabilidade social dizendo Sim! à vida. É um pe nsamen to-ação qu e nos aju da a olhar para essa realidade catastrófica e demenciosa a que nos encontramos em tempos de insanidade política e econômica com o direito de poder se revoltar, e como Sísifo continuar lutando. Engajar-se, diria Sartre. Lute, nem que seja sem esperança, aliás que bom seria se fosse sem esse sentimento em geral ne fa sto, pode ser que não atinja mos as transformações que gostaríamos, mas a questão é que lutamos: “ Eu me revolto, logo existimos”, diz o homem do absurdo. Che Guevara foi um Sísifo e resumiu-se: “Antes morrer em pé, a viver ajoelhado”. A situação que nos encontramos, globalmente, pode soar como uma pandemia? Pode! Revolte-se! Mas lute. Lute sem fazer messianismo e sem esperar por um absoluto. O absurdo exige revolta, diz-nos Camus. Imagem: Sisifus, M. Klinger, 1914.
