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7/25/2019 15798-29006-1-PB http://slidepdf.com/reader/full/15798-29006-1-pb 1/12 133 Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.23, n.1, p. 133-144, jan./abr. 2013 1 INTRODUÇÃO N o contexto da sociedade cognitiva (da aprendizagem, do conhecimento), altamente tecnologizada, mas também rechaçada de profundos distúrbios nos domínios da  personalidade  (solidão/depressão), da cultura (valores) e da  sociedade  (regras sociais válidas), de crises paradigmáticas na ciência e, com isso, nos modelos de explicação de mundo, de crise nanceira em escala global e de medo coletivo nas ações terroristas, compreender o cenário social em que a informação se situa é cada vez mais complexo. A informação é um fenômeno matizado pela condição humana da comunicabilidade e da sociabilidade que, na modernidade, insere- se nas complexidades mais instigantes da (des)ordem social vigente. Nesse aspecto, está rechaçada com os enredos mais desafiadores da contemporaneidade, no sentido de poder (re)significar-se a partir das múltiplas dimensões de seus processos (da geração ao uso). “CARTADAS DO JOGO INFORMACIONAL”: a perspectiva dual da informação como matriz do mundo sistêmico e do mundo vivido  Jose Washington de Morais Medeiros*  Marli Batista Fidelis** RESUMO: Nesta fase da modernidade, a informação é determinante para a inovação da ciência e da tecnologia na chamada sociedade do conhecimento. A globalização tem agregado à informação uma diversidade de fatores, que facilitam a  geração, a disseminação e o uso de conteúdos. No entanto, com as crises das metanarrativas, as ciências empíricas, como a Arquivologia, têm sido conduzidas a repensar seus fundamentos, desvelando as contradições com que a informação se configura diante dos domínios do mundo sistêmico sobre o mundo vivido. Este trabalho busca entender a perspectiva dual da informação, no contexto da  teoria da sociedade habermasiana, dimensionada pelo mundo sistêmico e pelo mundo vivido. Trata-se de uma pesquisa  teórica, subsidiada pelo método hermenêutico e pela abordagem qualitativa. Situando a discussão na Arquivologia, discute a missão dos arquivos como célula do mundo vivido e, ao mesmo tempo, sua condição como mecanismo de controle/poder sistêmico. Destaca a contribuição teórica de Habermas para redimensionar o estudo da informação em arquivo, chamando a atenção para a responsabilidade social intrínseca do arquivo como esfera pública, difusor cultural e espaço de ações educativas, muito além de sua condição burocratizante, instituída pela própria mecanicidade dos interesses administrativos da racionalidade instrumental. Palavras-chave: Informação. Jürgen Habermas. Mundo sistêmico. Mundo  vivido. Arquivologia * Doutor em Educação pela Universidade Federal da Paraíba, Brasil. Professor da Universidade Estadual da Paraíba, Brasil. E-mail:[email protected] ** Mestranda em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Pernambuco, Brasil. Arquivista da Universidade Federal de Pernambuco, Brasil. E-mail: [email protected]   r   e    l   a    t   o     d   e   p   e   s   q   u    i   s   a

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133Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.23, n.1, p. 133-144, jan./abr. 2013

1 INTRODUÇÃO

No contexto da sociedade cognitiva (daaprendizagem, do conhecimento),altamente tecnologizada, mas também

rechaçada de profundos distúrbios nos domíniosda  personalidade  (solidão/depressão), da cultura (valores) e da  sociedade  (regras sociais válidas),de crises paradigmáticas na ciência e, com isso,nos modelos de explicação de mundo, de crisefinanceira em escala global e de medo coletivonas ações terroristas, compreender o cenário

social em que a informação se situa é cada vez

mais complexo.A informação é um fenômeno matizadopela condição humana da comunicabilidade eda sociabilidade que, na modernidade, insere-se nas complexidades mais instigantes da(des)ordem social vigente. Nesse aspecto, estárechaçada com os enredos mais desafiadoresda contemporaneidade, no sentido de poder(re)significar-se a partir das múltiplasdimensões de seus processos (da geração aouso).

“CARTADAS DO JOGO INFORMACIONAL”:a perspectiva dual da informação como matriz

do mundo sistêmico e do mundo vivido

 Jose Washington de Morais Medeiros*  Marli Batista Fidelis** 

RESUMO: Nesta fase da modernidade, a informação é determinantepara a inovação da ciência e da tecnologia na chamada

sociedade do conhecimento. A globalização tem agregado

à informação uma diversidade de fatores, que facilitam a geração, a disseminação e o uso de conteúdos. No entanto,

com as crises das metanarrativas, as ciências empíricas,

como a Arquivologia, têm sido conduzidas a repensar

seus fundamentos, desvelando as contradições com quea informação se configura diante dos domínios do mundo

sistêmico sobre o mundo vivido. Este trabalho busca

entender a perspectiva dual da informação, no contexto da teoria da sociedade habermasiana, dimensionada pelo mundo

sistêmico e pelo mundo vivido. Trata-se de uma pesquisa

 teórica, subsidiada pelo método hermenêutico e pelaabordagem qualitativa. Situando a discussão na Arquivologia,

discute a missão dos arquivos como célula do mundo vivido

e, ao mesmo tempo, sua condição como mecanismo decontrole/poder sistêmico. Destaca a contribuição teórica de

Habermas para redimensionar o estudo da informação em

arquivo, chamando a atenção para a responsabilidade socialintrínseca do arquivo como esfera pública, difusor cultural

e espaço de ações educativas, muito além de sua condição

burocratizante, instituída pela própria mecanicidade dosinteresses administrativos da racionalidade instrumental.

Palavras-chave: Informação. Jürgen Habermas. Mundo sistêmico. Mundo

 vivido. Arquivologia

* Doutor em Educação pelaUniversidade Federal da Paraíba, Brasil.

Professor da Universidade Estadual da

Paraíba, Brasil.

E-mail:[email protected] 

** Mestranda em Ciência da

Informação pela Universidade Federalde Pernambuco, Brasil. Arquivista da

Universidade Federal de Pernambuco,

Brasil.E-mail: [email protected] 

  r  e   l  a   t  o    d

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 Jose Washington de Morais Medeiros, Marli Batista Fidelis

Por essas vias, o fenômeno da informaçãocada vez mais assume seu relevo na culturaplanetária, contribuindo para as inovações e asdescobertas da ciência e com as transformaçõesda vida em sociedade. Da organização de

arquivos (físicos/digitais) à convergênciamidiática, da gestão organizacional àsnecessidades individuais, das tomadas dedecisão às estratégias dos negócios, das políticaspúblicas governamentais às ações comunitárias,entre outros fatores, a informação tem seconstituído, no eixo singular, gerada e geradorade articulações que tanto podem coordenar açõesorientadas para o entendimento quanto parainteresses finalistas.

  Desde o fim da Segunda Grande Guerra,

a informação assumiu um papel tão importante,

no cenário da sociedade moderna, que ganhou status  de fenômeno social e de campo técnico-

 profissional e passou a ser ainda mais estudada/

analisada, normatizada, estocada, organizada,

selecionada, higienizada, conservada, preservada

e acessada, situando algo no mundo dos interesses

da esfera privada e da esfera pública. Isso significa

que a sistemática da informação consiste na

dinamicidade de seu fluxo ou movimento e na

atmosfera de sua natureza, cujo critério primeiro

e último é a funcionalidade de seus significados.

Essa sistemática envolve mecanismos de origem,

organização, percepção e apreensão de conteúdos

atualizados, expressivos e propulsores de projeções

que tanto podem servir às “cartadas” constitutivas da

racionalidade comunicativa1  (mundo vivido) quanto

da racionalidade instrumental2 (mundo sistêmico).

1 Como critério de evolução social, a racionalidade comunicativa assume

a posição de coordenação da intersubjetividade, descartando o uso da

força, da coerção e da subjugação. Combate o dogmatismo, o relativismo,

o misticismo, assim como todo e qualquer método de dominação social

imposto aos sujeitos falantes, e promove o fortalecimento de esferas

públicas, através do enfrentamento das formas de controle privado. Nessalinha de raciocínio, a racionalidade comunicativa aponta para a prática da

argumentação como continuidade do desenvolvimento cognitivo, que exige

aprendizagem reflexiva e desempenha, nos processos dessa aprendizagem, a

desconstrução do conhecimento tradicional e a construção do conhecimentoemancipatório (HABERMAS, 1999).

2 Para Habermas (1997, p. 57), a racionalidade instrumental orienta-se por

regras técnicas, sobretudo apoiadas no uso do saber empírico. “Essas regras

implicam, em cada caso, prognoses sobre eventos observáveis, físicos ousociais, que podem revelar-se verdadeiras ou falsas. O comportamento

da escolha racional orienta-se por estratégias  que se baseiam num saber

analítico. Implicam deduções de regras de preferências (sistemas de valores)

e máximas gerais; essas proposições estão deduzidas de um modo correto

ou falso. A ação racional teleológica realiza fins definidos sob condições

dadas, mas, enquanto a ação instrumental organiza meios que são adequados

ou inadequados, segundo critérios de um controle eficiente da realidade, a

ação estratégica depende apenas de uma valoração correta de possíveisalternativas de comportamento, que só pode obter-se de uma dedução feita

com o auxílio de valores e máximas”.

Nesse aspecto, este artigo pretendediscutir o fenômeno da informação com base naconcepção ambivalente de sociedade em Habermas:mundo sistêmico e mundo vivido.  Como questãonorteadora, a pesquisa delineou o seguinte

problema: como entender o fenômeno da informação a partir da perspectiva dual de sociedade em Habermas? Na tentativa de responder ao problema proposto,partimos do pressuposto de que o mundosistêmico coloniza as formas autônomas de entender ainformação como fenômeno articulador de mudançascoletivas e válidas no terreno do mundo vivido.

Em termos metodológicos, fundamentamo-nos na hermenêutica3  habermasiana a partir dapesquisa classificada como teórica. Utilizamos aTeoria da Ação Comunicativa (TAC), a obra maisrelevante do autor, valendo-nos da abordagem

qualitativa e do tipo de pesquisa exploratório(RICHARDSON, 2009).

2 HABERMAS E AS ESFERAS DASOCIEDADE: MUNDO SISTÊMICOE MUNDO VIVIDO

Buscando romper com a filosofia daconsciência e superar as crises da sociedademoderna, Habermas constrói a Teoria da AçãoComunicativa (TAC), com base em três grandesconstrutos teóricos: a teoria da racionalidade, a

teoria da modernidade e a teoria da sociedade.Quanto a esta última, Habermas dimensionao conceito de sociedade fundado em doisníveis distintos e incondicionais, que deveriamestruturar-se livremente, respeitando o espaçoum do outro: mundo vivido (MV) e mundosistêmico (MS).

São duas esferas coexistentes naconstrução social, com características,manifestações, articulações e interesses distintos.Portanto, poderíamos dizer que tanto o MVquanto o MS são alimentados pelo caráter

flexível ou ambivalente com que a informação

3 A hermenêutica,  ou ciência da interpretação,  é um método que busca

respostas para a pluralidade de inquietações das ciências sociais, atravésda base integradora dos sentidos: a compreensão. “Compreendendo, eu

 transporto de tal maneira meu próprio eu naquilo que é exterior, que uma

 vivência passada ou uma vivência alheia se torna novamente presente numa

 vivência que é atualmente minha” (HABERMAS, 1987, p. 160). Assim, a

hermenêutica coaduna-se, numa mesma linha de interesses, com um plano

prático de vida cotidiana e, consequentemente, com um plano interpretativo

 voltado para a construção do saber, o que torna a exegese hermenêutica,

na concepção de Habermas, um fazer analítico que integra a linguagem e aexperiência, buscando confirmar as bases empíricas que se colocam como

plano natural da esfera circular da interpretação.

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“Cartadas do jogo informacional”

(re)articulada ou (re)significada possibilita umamultiplicidade de usos e de ações em sociedade,servindo tanto à evolução social (lógica dodesenvolvimento) quanto à integração ideológicaàs formas de invasão e coerção (dinâmica do

desenvolvimento).Habermas conceitua o mundo vividocomo um repertório que forma um conjuntode sentidos gramaticalmente instituídos pelaspessoas, compartilha um conjunto simbólicode informações/representações, orienta oentendimento mútuo e socializa a compreensão,a interpretação e a ação na realidade de cada um.

O mundo da vida só se abre a umsujeito que faz uso de sua competêncialinguística e de sua competência deação. O sujeito só pode ter acesso a eleparticipando, ao menos virtualmente,nas comunicações de seus membros e,portanto, convertendo-se a si mesmoem membro potencial. (HABERMAS,1999, p. 160).

O contexto social do mundo vivido écriado por sujeitos falantes e ouvintes e produzobjetivações simbólicas que substanciamum arcabouço de conhecimento não formal,constituído a partir das experiências, queformam a herança cultural de cada sujeito,desde que nasce. Esse contexto cultural é

dotado de qualidades naturais, que propiciamespaços de fala, mediados pela informação epela comunicação (linguagem), e fundamentama interação e a ação. Habermas entende essarealidade simbolicamente estruturada como umcotidiano natural intrínseco, que torna a condiçãoexistencial do mundo vivido complementar àsintervenções do agir comunicativo no contextoracional das formas de vida.

Na sociologia compreensiva, provenientedo complexo teórico weberiano, o conceito deMV parte das representações cotidianas e se

limita a fundamentar exposições narrativasde autoconhecimento e de situações sociais.Habermas reconhece o pensamento de Weber,mas contempla o mundo vivido como umalgo mais  que coordena ações notadamenteestruturadas, cingindo uma espécie de “figurino”comunicacional. Esse figurino não advém deum molde nem de uma forma, mas substanciasituações diferenciadas e proporciona umaharmonização simbólica e significativa nocotidiano, através do uso da informação por

meio da linguagem cotidiana, configurada nasexpressividades comunicacionais. Por assimdizer, o mundo da vida ultrapassa as fronteirasdo eu solitário da subjetividade e das exposiçõesnarrativas desconexas, para integrar, junto com

esses fatores, a formação das expressividades.Para Habermas, esse nível social de mundoé muito mais do que um plano de representações.Trata-se de um contexto alimentado pordimensões que, na ação orientada aoentendimento, o sujeito se situa e “pisa o chão”das situações semânticas. E é justamente nesseterreno de possibilidades que pode surgir outraforma de racionalidade: o agir comunicativo.

O mundo vivido fortalecidoresponsabiliza-se pela capacidade de atribuir àcultura a evolução processual da solidariedade,

que se reproduz de geração a geração. Essaideia de evolução associa-se à tomada de forçasdas estruturas simbólicas da realidade, atravésda qual a identidade se constitui culturalmente,e as competências se formam subjetiva esocialmente. Nesse sentido, para o entendimentoconsensual entre contextos diferenciados, omundo vivido fornece subsídios, através deum conjunto de sentidos pré-científicos queformam a compreensão, a interpretação e a açãoda realidade sobre os fenômenos que integramo cotidiano, alimentado por informações que

renovam o acervo simbólico dos sentidos sobreas coisas. Os sujeitos saem de suas esferasindividuais, o que reforça o entendimento de queconstroem e reconstroem sobre sua identidade,objetos simbólicos e ações de fala.

Como horizonte inspirador e agregadorde sentimentos, o MV “derrama-se” nos sonhose na perspectiva de mudanças íntimas e amplas.Assim, não é estável nem calculável, masmóvel e dinâmico, porquanto, nele, os sujeitosdirigentes escrevem a história de seu própriodestino. Familiar ao contexto, o MV possibilitao entendimento sobre os interesses comuns, sejano mundo exterior natural (mundo objetivo),no exterior contextual (mundo social) ou nointerior do ego  (mundo subjetivo). O conceitode mundo vivido não se prende somenteàs esferas da cultura, mas passa a abarcar anatureza institucionalizada das sociedades e daspersonalidades, tornando-se abstrato.

Assim, o mundo vivido apresenta-se comoum conjunto de expressões gramaticalmentesocializadas e simbolicamente articuladas a partir

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 Jose Washington de Morais Medeiros, Marli Batista Fidelis

de estruturas internas que formam um arcabouçológico entre o ser, o crer e o estar no mundo,atribuindo-lhe significados e interpretando-osatravés do estoque de experiências ou herançado passado, do senso cultural. Nesses termos,

o MV pode se configurar como memória vivade informações/saberes significativos que serenovam ou se autorregeneram, no escopo dosmecanismos universais que formam o próprioMV: a cultura, a sociedade e a personalidade.

Nesse sentido, as estruturas de sonhos,concepções, culturas, ações e realidades pluraisharmonizam as dimensões subjetivas doeu, da sociedade e da natureza, tornando-asentrelaçadas por uma teia de intersubjetividadeagregadora. Essa intersubjetividade harmônicapode fortalecer as inter-relações que formam os

vários mundos vividos pelos sujeitos sociais, docampo e da favela, das associações comunitáriasàs escolas, dos arquivos aos museus.

Inerente a si mesmo, o MV vislumbraum horizonte não estático, que dá fluidezao movimento dos usuários da informaçãoou agentes comunicativos. No centro desuas estruturas, fundam-se as formas daintersubjetividade e do entendimento. Os agentestrocam experiências, selam acordos, aprendemuns com os outros e, à luz da crítica, formulampretensões de validez nos sistemas interativos de

referência, isto é, nos mundos objetivo, subjetivoe social.

O mundo da vida constitui, pois, o contexto da situação de ação: ao mesmo

 tempo, ele fornece os recursos  paraos processos de interpretação com osquais os participantes da comunicaçãoprocuram suprir a carência deentendimento mútuo que surgiu emcada situação de ação. (HABERMAS,1989, p. 167).

Trata-se do “solo” da  práxis  comunicativa,

o “horizonte em que os agentes comunicativosse movem” (HABERMAS, 2001, p. 169), oespaço espontâneo da linguagem orientadapara o entendimento mútuo. É o palco onde ossujeitos se mostram naturalmente, onde ocorreo desencadeamento das expressões, onde ainformação pode articular-se à linguagem e setransformar em ação comunicativa. Nele, ossujeitos são capazes de construir suas próprias“verdades”, posicionando-se diante de umcontexto comunicativo comum (consensual),

produzindo e recriando sentidos atravésde discussões dialógicas, alimentadas deinformações variadas.

  Assim sendo, o MV é o “chão” ondeocorre o agir comunicativo4, o lugar das

interações mediadas linguisticamente, ondetodos os participantes perseguem, medianteatos de fala5, fins ilocucionários6  (HABERMAS,2001). As ações são interativas, voltadas para finsintegrativos, ou seja, que unificam e promovema participação em igualdade, sem qualquercoerção, possibilitando que os participantesharmonizem entre si seus planos individuais deação. Desse modo, o terreno do MV é o palcoideal de surgimento e fortalecimento do agircomunicativo que, via de regra, é uma interaçãomediada simbolicamente, “segundo normas de

vigência obrigatória que defi

nem as expectativasrecíprocas de comportamento e que têm de serentendidas e reconhecidas, pelo menos, por doissujeitos agentes.” (HABERMAS, 1987, p. 57).

O agir comunicativo é emancipatório namedida em que privilegia a liberdade individualem função do entendimento mútuo. Na açãocomunicativa, as pessoas atam relações maisracionais, exercitam a prática do consenso,evidenciam intenções, desejos e sentimentos eimprimem um compartilhamento de significadosamparados pelo contexto do MV, o que se

constitui como práticas comunicativas e ético-morais.

4 Habermas (2001) distingue manifestações distintas de ação, em função

da coordenação de domínio das situações: normativa, dramatúrgica,

 teleológica (instrumental e estratégica) e comunicativa. A ação normativa  é

racional e regulada por normas, que se referem à orientação das ações de

um determinado grupo social, de acordo com seus valores comuns. A ação

dramatúrgica apoia-se na relação impressionista em que o “ator” se põe em

cena para convencer determinado público. Na ação teleológica, ele persegue

determinado fim ou estado desejado erigindo, numa dada situação, meiosque ofereçam perspectivas de êxito, aplicando-os de forma adequada.

 A ação teleológica pode ser instrumental  – caracterizada pela interação

não social - especializa as orientações de ação em termos de competência

pelo dinheiro e pelo poder e coordena as decisões através de relações demercado ou de relações de dominação; ou estratégica – os atores, orientados

ao sucesso, influem externamente nas decisões e nos motivos de outros. A

ação comunicativa é uma “interação simbolicamente mediada”, que se orienta

segundo normas definidoras das expectativas recíprocas de comportamentosocial, entendidas e aceitas pelos sujeitos. Trata-se de uma ação social

fundamentada na mútua cooperação, mediada pela linguagem, na qual

participantes se compreendem sobre algo no mundo.

5 Habermas apresenta a distinção entre o falar e o agir, ou seja, entre as

“ações em sentido estrito”, como atividades desenvolvidas para atingir um

propósito sem intervenção linguística, e os “proferimentos linguísticos como

atos”, ou atos de fala, como ações linguísticas voltadas para o entendimento

com o outro.6 Tem-se por fins ilocucionários quando a pretensão do falante é de transmitir

o sentido do que é dito e chegar a algum acordo sobre esse sentido.

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“Cartadas do jogo informacional”

Nessa perspectiva, a ação comunicativaoportuniza processos de interação em que ossujeitos se entendem entre si, possibilitandoa renovação do saber cultural, a integraçãosocial e a formação de identidades pessoais,

reproduzindo, contínua e simultaneamente, asestruturas simbólicas do mundo vivido (cultura,sociedade e personalidade), também chamadospor Habermas de mecanismos universais.

Chamo cultura o acervo do saber, emque os participantes na comunicaçãose abastecem de interpretações paraentenderem-se sobre algo no mundo.Chamo sociedade as ordenaçõeslegítimas através das quais osparticipantes na interação regulam suaspertenças a grupos sociais, assegurandocom isso a solidariedade. E por

personalidade entendo as competênciasque convertem a um sujeito em capazde linguagem e de ação, isto é, queo capacitam para tomar parte emprocessos de entendimento e paraafirmar neles sua própria identidade.(HABERMAS, 2001, p. 196).

Complementar à existência do MV e,consequentemente, aos limiares da sociedade,Habermas situa outra plataforma socialintegrante da existência da condicional domundo vivido: o mundo sistêmico. Enquanto as

estruturas do MV são simbólicas e naturais, as doMS são materiais  e delimitadas intencionalmenteem função de seus próprios benefícios. Assim, omundo sistêmico é um contexto que sustenta asações estratégicas para a integração de sistemascada vez mais eficientes ao organismo dasfunções empíricas do saber. É uma plataformade atuação de interesses ideológicos, que buscaautopromoção e fortalecimento pleno nas açõesdo Estado, das empresas, do capital de giro, dasbarreiras no acesso à informação nos arquivos, datécnica e ciência como ideologia, como também

de toda a instrumentalização que confere cadavez mais poder aos sistemas integradores daordem e, consequentemente, aos imperativos queo alimentam: o dinheiro e o poder.

O MS não prioriza a fluidez do acessoao uso da informação, alimentando os“segredos” das verdades, o “silêncio” da nãocomunicação. Assim, os interstícios do mundosistêmico obstruem a linguagem como mediumde entendimento, o que implica dizer quea informação e a comunicação só se tornam

eficientes quando se inserem nas burocratizações,nas formalizações, nos documentos gerados earquivados pelas instituições. No contexto dasociedade hiperadministrada, não importa se ainformação e a comunicação servem à interação e

ao entendimento mútuo entre sujeitos, ganhandovalor nas formas como transferem sentidos esignificados, nas maneiras com que servem deestratégia para o fortalecimento do dinheiroinvestido na dinâmica da reprodução capitalista,e do poder legitimador de sua própria ordem,regulador das relações pessoais e funcionais paraa vigência da ordem estabalecida como favorável.

Nessa dimensão, a informação é tida comoum trunfo, uma “arma secreta”, estrategicamenteguardada/estocada para garantir a eficiência narealização das tarefas e na obtenção de lucros,

fortalecendo o império sistêmico do dinheiro edo poder.Controlando a natureza complexa da

informação arquivística (da geraçao ao uso),as atividades econômicas, influenciadas pelosinteresses capitalistas, começam a refletir aindustrialização do trabalho social e passam arequerer processos complexos e meios adequadospara alcançar resultados através da açãoinstrumental, que “[...] impõe aos indivíduosuma coordenação automática e independente desuas vontades, com crescente perda de liberdade,

[...] em um processo de racionalização do mundovivido empobrecido pelo avanço da esferasistêmica.” (OLIVEIRA, 2003, p. 73).

A lógica instrumental (adequação de meiosa fins), incorporada nas relações hierárquicas(poder político) e de intercâmbio (economia),passa a conduzir a reprodução material do capitale materialista da informação. Nesse modelo,a manutenção do agir estratégico mostra-seconveniente em detrimento do saber intuitivo domundo vivido.

[...] o mundo do sistema, que se

caracteriza pela organização estratégicaeconômica e política, onde impera a nãolinguagem, a não discussão, ou seja, é amacroestrutura na qual se organizamas formas de produção do capitalismomecânico e instrumental [...] (FIELDLER,2006, p. 96,).

Os sujeitos estão subordinados a umcomplexo conjunto de normas e regras sociais deordem instrumental, devidamente formalizadase sistematizadas, que controlam as estruturas

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 Jose Washington de Morais Medeiros, Marli Batista Fidelis

sociais e tolhem a interação. Nessa conjuntura,os sujeitos coordenam suas ações e decisõesem busca do próprio sucesso, com objetivosfundamentados na reprodução material docapital e no fortalecimento regulador das

formas de poder, orientados pela racionalidadeinstrumental7. Assim, Habermas (2001, p. 218)afirma que, “[...] nas sociedades modernas[...], surgem âmbitos de organização formale relações sociais regidas por meios [poder edinheiro], os quais já não admitem uma atitudede conformidade normativa nem filiações sociaisgeradoras de identidade, e sim, as banem àperiferia”.

Nas sociedades modernas, aracionalização reflete um processo dedesenvolvimento caracterizado pelo aumento

crescente dos estratos sociais quefi

camsubmetidos a critérios técnicos de decisãoracional, moldada e organizada para umdeterminado fim. Nesse modo de dispor asociedade, denominado por Habermas (2001)de integração sistêmica, os sujeitos estão diantede uma organização estratégica, econômica epolítica, em que predominam a “não linguagem”,o “não questionamento”, geridos por umcapitalismo mecânico e instrumental com vistas àconsecução de seus objetivos.

O mundo vivido, desarticulado

pelo uso cognitivo-instrumental do saber epelos interesses do mercado, é invadido ecolonizado, o que dificulta o desenvolvimentoargumentativo do sujeito e a evolução social.Sua colonização se efetiva a partir do momentoem que as deliberações outorgadas por outraesfera de mundo (o MS) sobrepõem-se aos seusmecanismos.

Para Habermas, a tendência é deque as ações finalistas do mundo sistêmicobusquem, a todo instante e por várias formas,invadir ou colonizar o mundo vivido, coma intenção de dominá-lo, em suas bases dearticulação, paralisando sua reproduçãonatural e amortificando-a sem que percebamos.Essa forma de dominação colonizadora dossistemas deslinguistizados é o que Habermasdenomina de colonização do mundo da vida, queacontece de múltiplas formas, inclusive atravésda aprendizagem, da profissionalização, do

7 “Organização de meios adequados para atingir determinados fins ou pelaescolha entre alternativas estratégicas com vistas à consecução de objetivos.”

(GONÇALVES, 1999, p.127).

direito, das religiões, da mídia, da informação,entre outras janelas que limitam nossa formade visualizar as “paisagens” da realidade,porquanto são construídas e funcionam tambémcomo sistema de domínios, dando a falsa

impressão de que são autônomas.Como consequência desse processode colonização, surgem as patologias damodernidade que, induzidas por mecanismossistêmicos, caracterizam-se por distorções na baseinformacional/comunicativa do mundo vivido.Habermas entende que o conceito de patologiassociais faz referência a um contexto complexode domínios, em que se buscam deflagrar ossofrimentos sociais ocultos, propiciados pelarazão instrumental, através dos processos deindustrialização, comercialização, burocratização,

controle, legalização de normas e leis, cientifi

caçãoe aplicação tecnológica, com ações guiadas einteresses não coletivos. As patologias sociaissão, pois, “chagas ocultas”, que se envolvemna marginalização social e na exclusão cultural(HABERMAS, 2001), tornando-se uma ameaçapara o sistema como um todo. Isso dificulta odesenvolvimento tanto na lógica instrumentalquanto o na lógica da razão comunicativa emtermos sociais. A penetração da racionalidadeinstrumental na interação social tem gerado nosujeito contemporâneo o individualismo, os

confl

itos, as guerras, as desigualdades e as injustiçassociais, suscitando as graves patologias sociais.Combater tais patologias implica

enfrentar as crises atuais e assumir açõesorientadas pelo entendimento mútuo entrediscursos divergentes, situações conflitantes edesacordos estruturalmente assolados a partirde ações orientadas por  fi ns. Diante disso, ofilósofo preconiza a não universalização desseracionalismo, posicionando-se contra a penetraçãodo instrumentalismo em esferas onde deveriaprevalecer a ação comunicativa, como é o caso dasunidades de informação como espaços culturais.

O mundo sistêmico e o mundo vividosão esferas constitutivas da sociedade e que,portanto, deveriam funcionar em paralelo, masnunca em desarmonia. Habermas defende anecessidade de um equilíbrio entre o MS e oMV, de modo que um não se sobreponha aooutro, mas constituam “[...] um sistema quetem que cumprir as condições de mantimentopróprias dos mundos socioculturais da vida[mediante] relações de ações sistematicamente

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estabilizadas de grupos integrados socialmente.”(HABERMAS, 2001, p. 215).

Para o autor, cada plataforma de mundocoaduna suas próprias forças diante do jogo doscontrários, isto é, das formas multidimensionais

com que estratégicas, como a informaçãocontrolada, o conhecimento construído com finsnão coletivos e a lógica do capital, por exemplo,determinam as dominações de uma esfera demundo (MS) sobre a outra (MV). Desse modo,a luta é pelo fortalecimento/racionalização domundo vivido para que o mundo sistêmico nãovenha “estrangulá-lo” através da colonizaçãode suas bases de articulação e sua reproduçãonatural. Para isso, a sociedade precisa ser (re)concebida sob a perspectiva de sujeitos sociaisagentes e emancipados, motivados pelas (re)

construções das práticas sociais voltadas paraa busca do entendimento intersubjetivo e devivências solidárias no cotidiano.

Habermas esclarece que a existência domundo sistêmico, via de regra, não significafator de risco para o mundo vivido, porquantoa teoria da sociedade não centraliza o mundoda vida como único parâmetro de articulação doagir. Assim, o mundo dos sistemas, integradopor bases imperativas organizadas de maneirafuncional, burocrática e hierárquica do  poderpolítico, e pela célula regente de processos

internos e externos dodinheiro

  dentro, dosinteresses econômicos, é um palco que articulaa informação na mesma medida em que definea expansão estratégica de seus domínios,controlando o acesso e reificando o uso.

O problema, como diz o autor, são osespaços abertos e vulneráveis do mundo vivido,que são penetrados pela expansão de domíniosdo mundo sistêmico. Quando há fragilidades nascorrelações internas dos mecanismos universaisdo MV (cultura, sociedade e personalidade), hátambém, por parte do MS, uma abertura para aentrada de ações orientadas afins, contaminandoos núcleos profundos que subsidiam a existêncianatural do MV.

3 O FENÔMENO DA INFORMAÇÃO:entre o mundo sistêmico e o mundo vivido

Nos fundamentos mais tradicionais daArquivologia, como, por exemplo, a arquivística

clássica ou custodial8, a informação aparececomo coadjuvante do documento de arquivo,haja vista que o foco das atenções conceituaise do tratamento empírico recai muito maispara o suporte do que para o conteúdo.

Considerada como “elemento referencial,noção, ideia ou mensagem contidos numdocumento” (DICIONÁRIO BRASILEIRO DETERMINOLOGIA ARQUIVÍSTICA, 2005, p.107), em Arquivologia, a informação aindaparece não estar inserida no centro de suasdiscussões. Embora passando por eventuaisrevisões conceituais, essa ciência sinaliza que éregida pelas convenções de uma tradição muitomais técnica do que antenada com as reflexões dainformação como categoria além dos domíniosinstrumentais do mundo sistêmico. Jardim

(2004) denuncia que, embora a Arquivologiacaminhe rumo ao tempo da pós-custódia, aindapermanece reproduzindo modelos arcaicoscomo, por exemplo, outorgar ao documento umhipervalor de guarda em vez de socializá-lo comomediador de conteúdos informacionais envolvidonas teias simbólicas, complexas e vivas dossujeitos sociais que desenvolvem necessidadesde informação e que poderiam supri-las se fossemais facilitado o acesso aos arquivos. Fundadosna concepção do autor, poderíamos dizer que aguinada necessária para superar o problema dos

“arquivos direcionados aos arquivistas” para“arquivos direcionados aos usuários” equivalea uma compreensão singularmente promissorapara o fortalecimento do mundo vivido e que, naprática, implica repensar a atuação do arquivistacomo agente “pré-moldado” pelo mundosistêmico e programado para fortalecer o circuitode seus interesses.

 Jardim (2004, p. 1) defende a tese de que“é cada vez mais ressaltado que arquivistas não

8 Na Arquivística clássica, o paradigma custodial, patrimonialista, historicista e

 tecnicista é caracterizado pela sobrevalorização da custódia, da conservação eda restauração do suporte. Há tendência para se preservar a cultura erudita e

superior, com ênfase na memória, como fonte legitimadora do Estado-nação

e, mais tarde, do Estado Cultural. Nessa circunstância, preponderam o valor

patrimonial do documento e o predomínio da divisão e assunção profissional. Já na Arquivística moderna, o paradigma pós-custodial, informacional e

 técnico-científico é diretamente associado à “Era da Informação” e ao

impacto global das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs),

caracterizado pela valorização da informação como fenômeno humano e

social, sendo o suporte um derivado informacional. Considera o constante

e natural dinamismo informacional, priorizando o acesso à informação por

 todos, através de condições específicas, definidas e transparentes. Busca

compreender a perspectiva da informação como fenômeno social, mediantemodelos teórico-científicos em detrimento do universo rudimentar e fechado

da prática empírica (SILVA, 2009).

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servem aos arquivos, mas à sociedade e aos seusdiversos agentes”. No entanto, tal entendimentoparece não ser preocupação da formaçãodo arquivista, que é muito mais preparadopara manipular o documento (a mecânica da

técnica) do que a informação (a lógica de suacomplexidade social); para transferir sentidos,do que para dialogar sobre as necessidades dosusuários; para distribuir, em vez de socializar;para absorver, em vez de refletir. No contextode tais ambivalências, é difícil desacoplar aformação/atuação do arquivista das malhasdo MS e entender a informação como germede fortalecimento do MV, o que pode suscitaresclarecimentos e constituir-se em parâmetro depretensão de autenticidade, justiça e veracidade.

Nessas condições denunciadas por Jardim

(2004), há de se supor que, no espaço dosarquivos, os sujeitos-usuários são submetidos aosditames normativos, privados da possibilidadede questionar a equanimidade das normas queregem a própria razão de ser dos arquivos diantedas “cartadas do jogo” arquivístico e sua tradiçãoautolegitimadora. Por essas vias, podemoslançar a ideia de que os usuários da informaçãoarquivística sofrem por serem considerados,na prática processual das relações cotidianas,apenas peças de uma engrenagem mecânica esistêmica, úteis para cumprir fins de eficiência

pré-determinados por um ritmo de produçãoinerente ao MS. Esses fins resultam de interessespuramente instrumentais, que “especializam asorientações de ação, em termos de competênciapelo dinheiro e pelo poder, e coordenam asdecisões através de relações de mercado ou derelações de dominação.” (HABERMAS, 1982, p.4).

Nesse contexto de sobreposição/colonização do MS sobre o MV, de relaçõessociais coordenadas por padrões constrangedorese orientados pelos imperativos sistêmicos, ainformação torna-se instrumento de dominação,ao mesmo tempo em que tende a abater aatuação dos contextos de comunicação interativapresentes no mundo vivido. Nesse contexto, étida como um produto de consumo, fundamentalpara as ações estratégicas teleguiadas pelareprodução econômica e pelo fortalecimentoregulador do capitalismo, e assume, ela própria,características coercivas, quando vinculada aprocessos de institucionalização do poder, queprescindem dos valores culturais e ético-morais.

Por outro lado, pelas janelas restauradorase otimistas do mundo vivido, também épossível entendermos a informação como basearticuladora do agir comunicativo e, portanto,como germe do MV. Embora não discuta tais

categorias a partir de Habermas, Silva (2006, p.150) aproxima-se desse entendimento e consideraque a informação tem uma dupla funcionalidadesemântica. Uma referente a “um fenómenohumano e social, que compreende tanto o darforma a ideias e a emoções (informar), como atroca, a efetiva interação dessas ideias e emoçõesentre seres humanos (comunicar)”. Já a outrafuncionalidade considera a informação como

[...] um objeto científico, a saber:conjunto estruturado de representaçõesmentais, emocionais codificadas (signos

e símbolos) e modeladas com/pelainteração social, passíveis de seremregistadas num qualquer suportematerial (papel, filme, banda magnética,disco compacto, etc.) e, portanto,comunicadas de forma assíncrona emulti-direcionada.

Nesse aspecto, o autor considera ainformação como um fenômeno humano esocial, inerente à vida em sociedade. As ideias eemoções humanas e individuais tomam formae são trocadas numa efetiva interação entre

os sujeitos sociais. Desse modo, a informaçãotanto é fenômeno de matriz individual, quesurge na mente humana, que “conhece, pensae se emociona”, como também é coletiva, poiso sujeito “interage com o mundo sensível à suavolta e a comunidade de sujeitos que comunicamentre si.” (SILVA, 2006, p. 24).

A informação é a materialização dasideias e das emoções, através de uma codificaçãode signos e símbolos significantes de acordocom as visões de mundo, normas e regras queorientam determinado(s) grupo(s) social(is) – a

língua, como um sistema de símbolos, é exemplodisso. Nessa perspectiva, para Silva (2006, p.104), o conceito de informação corresponde“à capacidade humana e social de representare conhecer (-se a si mesmo e a) o mundo,o que implica a interação contínua (troca etransformação das representações)”.

No lócus de interação intersubjetivalinguistizada, a informação torna-se expressão erepresentação simbólica da linguagem e assumeuma ancoragem sociocognitiva, atrelada às

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inter-relações entre a cultura, a sociedade e apersonalidade, isto é, uma configuração quepermite a abertura de múltiplas perspectivassobre o mundo. Considerando que a informaçãoé o conjunto estruturado de representações

emocionais, codificadas e modeladas com/pela interação social (SILVA, 2006), quandoassociada a processos de comunicação voltadospara o entendimento, pode apresentar-se como ofundamento que propicia a reflexão e a ação no/com o mundo.

  No “solo” do mundo vivido, ainformação (expressão e representaçãosimbólica da linguagem) apoia as interaçõesvoltadas para o entendimento mútuo, demodo que os fundamentos sustentadores daesfera argumentativa estariam constituídos

pelos repertórios informacionais, construídos eadquiridos nos contextos da experiência e da açãocotidiana. Nesse sentido, a informação, como oesteio para a retroalimentação do repositório deinterpretações, também permeia as convicçõese evidências que orientam as ações dos sujeitossociais em suas relações consigo e com o mundo.

  Quando configurada como lócusmotivador de convicção e gerador de consensoentre os participantes de processos interativos(linguísticos/comunicativos), a informaçãosubstancia o agir comunicativo, visto que reflete

os enredos culturais, a normatividade defi

nidoradas relações interpessoais e a formaçãoidentitária estruturante do mundo social davida. Ancorado em conteúdos significativos/informacionais, o processo de interação coordenaas ações de socialização, permitindo que asideias/argumentações sejam apresentadas: a)como válidas e expressivamente justas no mundoobjetivo; b) como normas eticamente justificadase aceitas no mundo social; e c) como sensações/emoções vivenciadas pelo mundo subjetivo  dosafetos, inerentes à condição humana (basesarticuladoras do mundo vivido).

  No mundo sistêmico, no entanto, o usoda informação encontra-se norteado por modelosinstrumentais e estratégicos de organização eacesso. Os interesses do MS e suas expressõesmais singulares e não linguísticas (imperativossistêmicos) tendem a comandar o arquivo, comoinstituição burocrática, e tentam subordinar ossujeitos que necessitam da informação custodiadapor intermédio de um complexo conjuntode normas e regras de ordem instrumental,

devidamente formalizado e sistematizado,reflexo do conhecimento guiado por interessesnão coletivos (egocêntricos/ individualistas),encrostados nas penetrantes veias da colonizaçãoque assume múltiplas dimensões de ação.

  Nesse sentido, sobre as duas plataformasda sociedade - ação do mundo vivido e domundo sistêmico - coexistentes em suasespecificidades, surge a informação arquivística,totalmente controlada pela administração dosinteresses, mas, ao mesmo tempo, divergentee praticamente dividida: a) como mecanismo“causa-efeito” de dominações múltiplas sobreas formas de pensar-agir (razão instrumental);e b) como germe de racionalização do mundovivido e manifestação de pretensões de verdadeque busca (re)orientar ações de entendimento

sobre as coisas no mundo (razão comunicativa).Nesse sentido, a informação, por esse viésantagônico, pode ser entendida como germeda ação comunicativa (elemento da interaçãodialógica), caracterizando-se como mecanismode sobrevivência e  experiência comum. Emoutros momentos, a economia de mercadoestabelece as normas da informação através docontrole processual sobre as estruturas sociais,como, por exemplo, as unidades de informação(os arquivos), ocasionando um tolhimento nainteração livre de domínios. Assim, criado como

mecanismo funcional da administração dasorganizações regidas por interesses finalistase não coletivos, o arquivo vai se tornandoamplamente rechaçado pelo poder do mundosistêmico.

Por essas vias, encravada no berçofuncional que revigora e fortalece o MS, apartir do caráter intencional e estratégicoda autopromoção sistêmica, a informaçãoarquivística serve muito mais como mecanismode controle e regime de poder do que comoesfera democrática de utilidade pública. Nesseaspecto, a gênese dos sentidos da informaçãoideologicamente disseminada é regulada,definindo-se aquilo que pode ser acessado,como e quando. Sistematizando instrumentosde recuperação da informação como, porexemplo, os de pesquisa, o arquivo, dominadopelas máculas do MS, passa a priorizar a forma,ao conteúdo, a técnica, aos significados, aoperacionalização das massas documentais,ao livre acesso pelo usuário. Talvez o arquivo,muito mais do que a biblioteca e o museu,

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assume a dimensão mais emblemática que abarcae reproduz o controle do MS sobre a informaçãoem sociedade. Juntamente com os meios decomunicação que noticiam e as organizaçõescapitalizadas que geram a informação orgânica,

o arquivo torna-se o arquétipo guardador delugar de uma dinâmica desenvolvimentistaque o faz, paradoxalmente, importante e semreconhecimento social, “morto” e “vivo” paraas organizações, praticamente sem aparecernas cenas dos enredos dos acontecimentoscomunitários, aventando-se como um centrode poder sistêmico, mas sem poder de açãoautônoma sobre si mesmo, porque aparececolonizado ou invadido pelo mundo sistêmico,sem que esteja imune a se tornar um dos seusagentes mais produtores, sobretudo no contexto

do Século XXI.Em contrapartida a tudo isso, naperspectiva dual da sociedade habermasiana,o arquivo lida com informações orgânicas,produzidas e recebidas por entidade ou pessoa,sendo, portanto, fruto de determinado pontode vista, corrente de pensamento, testemunhade ações. São, portanto, construções inteligíveisde sujeitos, em contextos específicos de açãoorganizada no mundo social da vida. Articuladocomo difusor cultural e espaço de açõeseducativas, o arquivo também pode fortalecer

as bases do mundo vivido, principalmentequando o arquivista articula com o usuáriouma relação de reciprocidade comunicativa,capaz de ir além da burocratização instituídaem sua mecanicidade intrínseca, que propiciao entendimento mútuo entre quem guarda ainformação e quem necessita dela para resolveros problemas da vida.

Portanto, a Arquivologia necessita refletirsobre a informação como vetor de renovaçãoe reprodução dos componentes simbólicos domundo vivido, e o arquivo, como lócus propícioaos  processos socioculturais, pois, como afirmaHabermas (1990, p. 100), “os organismos sópodem ser descritos enquanto pessoas quandoe na medida em que forem socializados, isto é,penetrados por conjuntos de sentido culturais esociais e estruturados através deles”.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As perspectivas teórico-filosóficasde Habermas lançam-nos nos complexos

encadeamentos da contemporaneidade, umavez que permitem pensar o modelo tradicionalde sociedade e suas implicações resultantes. Suateoria da sociedade, uma análise sobre as relações(des)proporcionais entre o mundo vivido e o

mundo sistêmico, oferece caminhos para pensara informação como fenômeno social que sedualiza diante das esferas da sociedade e de seusorganismos, como os arquivos.

No mundo vivido, a informação(expressão e representação simbólica dalinguagem/comunicação), apoia as interaçõesvoltadas ao entendimento mútuo, visto queconstitui os fundamentos sustentadores da esferaargumentativa, construídos e adquiridos noscontextos da experiência e da ação cotidiana.Nesse sentido, a informação, como o esteio para a

retroalimentação do repositório de interpretações,permeia as convicções e evidências que orientamas ações dos sujeitos sociais em suas relaçõesconsigo e com o mundo. Diante disso, crescemas responsabilidades dos profissionais dainformação como, por exemplo, o arquivista, nosentido de promover/prover a informação para osujeito-usuário que necessita do seu conteúdo nocenário social em que se situa.

Isso significa dizer que pensar ainformação, no terreno da Ciência da Informação,não somente pode inovar   como também poderenovar 

  os princípios/fundamentos teóricosválidos sobre o papel da informação como germede mudanças para o desenvolvimento local,a luta contra as desigualdades e as injustiçassociais e a qualidade de vida do sujeito humano.Em termos históricos, as reflexões e as práticasinformacionais (da organização à disseminação)não priorizaram o caráter social da informação,haja vista que ainda prepondera a perspectiva daracionalidade instrumental sobre o pensamento ea prática informacional.

No mundo sistêmico, a informação énorteada por modelos sistêmicos e estratégicosde organização, análise e disponibilização que,no caso da Arquivologia, tanto fazem parte daformação do arquivista quanto de sua perspectivade se “fechar” nos micromundos dos arquivos,praticamente sem janelas para a sociedade deque faz parte, e com a porta semifechada para ousuário. Atrelados aos interesses administrativosdas empresas, os arquivos aparecem comomais um agente dominado pelos interessesdos imperativos sistêmicos (dinheiro e poder),

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unidimensionado por normas e regras de ordeminstrumental, esvaindo-se de sua natureza acapacidade de fazer de si mesmo um lócus deracionalização (fortalecimento) do mundo vivido.

Por um lado, a informação, como

protagonista do agir comunicativo, pode instigaro entendimento mútuo, propiciar a coordenaçãodas ações e promover a socialização, designandomanifestações e condições da aprendizagemorganizacional que, no arquivo, como centro decultura, pode desvelar-se nas condições de (re)criação dos sentidos das coisas, principalmentequando o usuário tem trânsito “livre” entreos conteúdos informacionais. Por outro lado,operando no domínio da administração,da economia e do mercado, em exercíciosfuncionais/instrumentais e não comunicativos

da linguagem, a gestão arquivística pode atrelaro arquivo como esfera de subordinação domundo vivido. Acoplados ao mundo sistêmico, oarquivo e a informação gerenciados são domínioscoercitivos contrários ao usuário, arraigadosaos interesses do poder, e não, ao ideário daemancipação humana.

Nessa perspectiva, no lastro de umcontexto planetário de sérias ambivalências sociaispara povos, culturas e nações, o debate sobre

informação, como construção social, configura-secomo transgressão da funcionalidade pragmatista,sistematicamente tecnificada ou profundamentepositivista de pensar a informação como elementomaterialista/capitalizado. Na atual conjuntura,

prevalece o sentido da informação comoinsumo da ordem sistêmica, com o consequentefortalecimento da racionalidade instrumentalaltamente burocratizada pelos interesses doEstado (política/economia) e da iniciativa privada(empresariado).

À Arquivologia urge discutir o papel dainformação para a sociedade do conhecimento,através de uma pragmática comunicativa queamplie o sentido da informação a uma dimensãosócio-cognitivo-interativa, transformando ainformação livre de coerções em uma política

emancipatória para as civilizações.Portanto, a condição necessária parao pensar/agir é promover o apartheid  darazão instrumental, para que o fenômeno dainformação e o campo da Arquivologia se tornemhumanamente envolvidos pelas possibilidadesda utopia, buscando subsídios para reestruturaras patologias sociais que, conforme Habermas(2000), impedem a realização do projeto filosóficoda modernidade.

 Artigo recebido em 04/09/2012 e aceito para publicação em 17/03/2013

“HIGH STAKES OF THE INFORMATIONAL GAME”: the dual perspective of information as origin of the systemic world and the lifeworld

 ABSTRACT: In this modernity era, the information is determinant for science and technology innovation in the

 so called knowledge society. The globalization has added several factors to information. These

 facilitate the generation, dissemination and use of contents. However, with the metanarrative

crises, the empirical sciences, such as Archive Sciences, have been led to reflect about their

 fundamentals so as to unveil the contradictions with which information is presented in the

domains of the systemic world in relation to the life one. This research aims to understand the

dual perspective of information, in the theoretical context of habermasian society, involved by boththe systemic world and the lifeworld. It is a theoretical research, subsidized by the hermeneutic

method and the qualitative approach. Discussion is centered on the Archive Science and the archive

mission as cell in the lifeworld as well as its condition as control mechanism/systemic power are

analyzed. It points out Habermas´ theoretical contribution for reestablishing the study on archival

information, highlighting the intrinsic social responsibility of the archive as public sphere, cultural

diffuser and space for educational actions, besides its documental condition, which is instituted by

its own mechanization of the administrative interests concerning the instrumental rationality.

Keywords: Information.  Jürgen Habermas. Systemic world. Lifeworld. Archive science.

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