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Alterações na legislação de trânsito sobre álcool e direção Na última sexta-feira (20) foram publicados no Diário Oficial da União a Lei 11.705 e o Decreto 6.488. As medidas tratam, entre outras questões, do consumo de bebida alcoólica por condutor de veículo. Desde a data de publicação da legislação os artigos 165, 276, 277, 291, 296, 302 e 306 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) passaram a ter nova redação. Segundo a Lei o condutor que for flagrado dirigindo sob a influência de álcool ou de qualquer substância psicoativa terá a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa por doze meses, multa de R$ 957,70, além da retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado e o recolhimento do documento de habilitação. O Conselho Nacional de Trânsito (Contran), com base em proposta formulada pelo Ministério da Saúde, definirá as margens de tolerância de álcool no sangue para casos específicos. No entanto, de acordo com o Decreto 6.488, enquanto não for editada resolução do Contran o índice de tolerância será de duas decigramas por litro de sangue ou de um décimo de miligrama por litro de ar expelido dos pulmões, no caso de teste em aparelho de ar alveolar pulmonar. No caso dos condutores que apresentarem concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a seis decigramas a penalidade será de detenção de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo. De acordo com a legislação, para efeito de caracterização de crime de trânsito, em relação ao exame de sangue, a concentração de álcool será a igual ou superior a seis decigramas por litro de sangue. Caso o teste seja em

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Alterações na legislação de trânsito sobre álcool e direção

Na última sexta-feira (20) foram publicados no Diário Oficial da União a Lei 11.705 e o Decreto 6.488. As medidas tratam, entre outras questões, do consumo de bebida alcoólica por condutor de veículo. Desde a data de publicação da legislação os artigos 165, 276, 277, 291, 296, 302 e 306 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) passaram a ter nova redação.

Segundo a Lei o condutor que for flagrado dirigindo sob a influência de álcool ou de qualquer substância psicoativa terá a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa por doze meses, multa de R$ 957,70, além da retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado e o recolhimento do documento de habilitação.

O Conselho Nacional de Trânsito (Contran), com base em proposta formulada pelo Ministério da Saúde, definirá as margens de tolerância de álcool no sangue para casos específicos. No entanto, de acordo com o Decreto 6.488, enquanto não for editada resolução do Contran o índice de tolerância será de duas decigramas por litro de sangue ou de um décimo de miligrama por litro de ar expelido dos pulmões, no caso de teste em aparelho de ar alveolar pulmonar.

No caso dos condutores que apresentarem concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a seis decigramas a penalidade será de detenção de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo.

De acordo com a legislação, para efeito de caracterização de crime de trânsito, em relação ao exame de sangue, a concentração de álcool será a igual ou superior a seis decigramas por litro de sangue. Caso o teste seja em aparelho de ar alveolar pulmonar (etilômetro) a concentração de álcool igual ou superior a três décimos de miligrama por litro de ar expelido dos pulmões, já caracteriza o crime.

Na hipótese do condutor se recusar a realizar os exames, o agente de trânsito poderá identificar a infração por meio dos notórios sinais de embriaguez, excitação ou torpor apresentados pelo condutor. Nesse caso serão aplicadas as sanções administrativas previstas no artigo 165 do CTB. Outra alteração no Código de Trânsito foi à retirada do inciso V do parágrafo único do artigo 302, o inciso previa a possibilidade de se caracterizar o homicídio cometido na direção do veículo sob influência de álcool em culposo. 

 

 

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Veja a nova redação dos artigos de 165, 276, 277, 291, 296, 302 e 306 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB):

CTB - CAPÍTULO XV

DAS INFRAÇÕES 

Art. 165.  Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: 

Infração - gravíssima;                                           

Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses;

 Medida Administrativa - retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado e recolhimento do documento de habilitação.

  * redação dada pela Lei 11.705 em negrito

CTB - CAPÍTULO XVII

DAS MEDIDAS ADMINISTRATIVAS

Art. 276.  Qualquer concentração de álcool por litro de sangue sujeita o condutor às penalidades previstas no art. 165 deste Código.

 Parágrafo único.  Órgão do Poder Executivo federal disciplinará as margens de tolerância para casos específicos.” (NR) 

   * redação dada pela Lei 11.705 em negrito

CTB -CAPÍTULO XVII

DAS MEDIDAS ADMINISTRATIVAS

Art. 277. Todo condutor de veículo automotor, envolvido em acidente de trânsito ou que for alvo de fiscalização de trânsito, sob suspeita de dirigir sob a influência de álcool será submetido a testes de alcoolemia, exames clínicos, perícia ou outro exame que, por meios técnicos ou científicos, em aparelhos homologados pelo CONTRAN, permitam certificar seu estado. (Redação dada pela Lei nº 11.275, de 2006)

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§ 1o Medida correspondente aplica-se no caso de suspeita de uso de substância entorpecente, tóxica ou de efeitos análogos. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 11.275, de 2006)

§ 2o  A infração prevista no art. 165 deste Código poderá ser caracterizada pelo agente de trânsito mediante a obtenção de outras provas em direito admitidas, acerca dos notórios sinais de embriaguez, excitação ou torpor apresentados pelo condutor. 

§ 3o  Serão aplicadas as penalidades e medidas administrativas estabelecidas no art. 165 deste Código ao condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos procedimentos previstos no caput deste artigo. (NR) 

  * redação dada pela Lei 11.705 em negrito

CTB - CAPÍTULO XIXDOS CRIMES DE TRÂNSITO

Seção IDisposições Gerais

Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.

§ 1o  Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: 

I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; 

II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; 

III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinqüenta quilômetros por hora). 

§ 2o  Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação da infração penal. (NR) 

  * redação dada pela Lei 11.705 em negrito

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*Observação: No caso dos crimes relatados nos incisos I, II e III do artigo 291 será aberto um inquérito policial. Os crimes serão de ação pública incondicionada, ou seja, não dependem de representação da vítima. Nesta fase não se aplicarão os benefícios da composição civil e da transação penal.

CTB - CAPÍTULO XIXDOS CRIMES DE TRÂNSITOSeção IDisposições Gerais

Art. 296.  Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis. (NR) 

  * redação dada pela Lei 11.705 em negrito

CTB - CAPÍTULO XIXDOS CRIMES DE TRÂNSITO

Seção IIDos Crimes em Espécie

 

Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:

        Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

        Parágrafo único. No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de um terço à metade, se o agente:

        I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;

        II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;

        III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;

        IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.

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        V - estiver sob a influência de álcool ou substância tóxica ou entorpecente de efeitos análogos. (Incluído pela Lei nº 11.275, de 2006)  (Revogado pela Lei nº 11.705, de 2008)

A Lei 11.705 também revogou o inciso V do parágrafo único do artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), isso significa que a previsão de se caracterizar o homicídio cometido na direção do veículo sob influência de álcool em culposo foi retirada do CTB.

CTB - CAPÍTULO XIXDOS CRIMES DE TRÂNSITO

Seção IIDos Crimes em Espécie

Art. 306.  Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de  álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência:

Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

Parágrafo único.  O Poder Executivo federal estipulará a equivalência entre distintos testes de alcoolemia, para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. (NR)  

  * redação dada pela Lei 11.705 em negrito

 

LEI Nº 11.705, DE 19 JUNHO DE 2008

(Publicada no Diário Oficial da União dia 20 de junho de 2008)

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Altera a Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, que ‘institui o Código de Trânsito Brasileiro’, e a Lei no 9.294, de 15 de julho de 1996, que dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4o do art. 220 da Constituição Federal, para inibir o consumo de bebida alcoólica por condutor de veículo automotor, e dá outras providências. 

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 

Art. 1o  Esta Lei altera dispositivos da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro, com a finalidade de estabelecer alcoolemia 0 (zero) e de impor penalidades mais severas para o condutor que dirigir sob a influência do álcool, e da Lei no 9.294, de 15 de julho de 1996, que dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4o do art. 220 da Constituição Federal, para obrigar os estabelecimentos comerciais em que se vendem ou oferecem bebidas alcoólicas a estampar, no recinto, aviso de que constitui crime dirigir sob a influência de álcool. 

Art. 2o  São vedados, na faixa de domínio de rodovia federal ou em terrenos contíguos à faixa de domínio com acesso direto à rodovia, a venda varejista ou o oferecimento de bebidas alcoólicas para consumo no local. 

§ 1o  A violação do disposto no caput deste artigo implica multa de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais). 

§ 2o  Em caso de reincidência, dentro do prazo de 12 (doze) meses, a multa será aplicada em dobro, e suspensa a autorização de acesso à rodovia, pelo prazo de até 1 (um) ano. 

§ 3o  Não se aplica o disposto neste artigo em área urbana, de acordo com a delimitação dada pela legislação de cada município ou do Distrito Federal. 

Art. 3o  Ressalvado o disposto no § 3o do art. 2o desta Lei, o estabelecimento comercial situado na faixa de domínio de rodovia federal ou em terreno contíguo à

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faixa de domínio com acesso direto à rodovia, que inclua entre suas atividades a venda varejista ou o fornecimento de bebidas ou alimentos, deverá afixar, em local de ampla visibilidade, aviso da vedação de que trata o art. 2o desta Lei. 

Parágrafo único.  O descumprimento do disposto no caput deste artigo implica multa de R$ 300,00 (trezentos reais). 

Art. 4o  Competem à Polícia Rodoviária Federal a fiscalização e a aplicação das multas previstas nos arts. 2o e 3o desta Lei. 

§ 1o  A União poderá firmar convênios com Estados, Municípios e com o Distrito Federal, a fim de que estes também possam exercer a fiscalização e aplicar as multas de que tratam os arts. 2o e 3o desta Lei. 

§ 2o  Configurada a reincidência, a Polícia Rodoviária Federal ou ente conveniado comunicará o fato ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT ou, quando se tratar de rodovia concedida, à Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT, para a aplicação da penalidade de suspensão da autorização de acesso à rodovia. 

Art. 5o  A Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, passa a vigorar com as seguintes modificações: 

I - o art. 10 passa a vigorar acrescido do seguinte inciso XXIII: 

“Art. 10.  .......................................................................

............................................................................................. 

XXIII - 1 (um) representante do Ministério da Justiça.

...................................................................................” (NR) 

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II - o caput do art. 165 passa a vigorar com a seguinte redação: 

“Art. 165.  Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: 

Infração - gravíssima; 

Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses;

 Medida Administrativa - retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado e recolhimento do documento de habilitação.

...................................................................................” (NR) 

III - o art. 276 passa a vigorar com a seguinte redação: 

“Art. 276.  Qualquer concentração de álcool por litro de sangue sujeita o condutor às penalidades previstas no art. 165 deste Código.

 Parágrafo único.  Órgão do Poder Executivo federal disciplinará as margens de tolerância para casos específicos.” (NR) 

IV - o art. 277 passa a vigorar com as seguintes alterações: 

“Art. 277.  .....................................................................

............................................................................................. 

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§ 2o  A infração prevista no art. 165 deste Código poderá ser caracterizada pelo agente de trânsito mediante a obtenção de outras provas em direito admitidas, acerca dos notórios sinais de embriaguez, excitação ou torpor apresentados pelo condutor. 

§ 3o  Serão aplicadas as penalidades e medidas administrativas estabelecidas no art. 165 deste Código ao condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos procedimentos previstos no caput deste artigo.” (NR) 

V - o art. 291 passa a vigorar com as seguintes alterações: 

“Art. 291.  ..................................................................... 

§ 1o  Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: 

I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; 

II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; 

III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinqüenta quilômetros por hora). 

§ 2o  Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação da infração penal.” (NR) 

VI - o art. 296 passa a vigorar com a seguinte redação: 

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“Art. 296.  Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis.” (NR) 

        VII -  (VETADO) 

VIII - o art. 306 passa a vigorar com a seguinte alteração: 

“Art. 306.  Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de  álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência:

............................................................................................. 

Parágrafo único.  O Poder Executivo federal estipulará a equivalência entre distintos testes de alcoolemia, para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo.” (NR)  

Art. 6o  Consideram-se bebidas alcoólicas, para efeitos desta Lei, as bebidas potáveis que contenham álcool em sua composição, com grau de concentração igual ou superior a meio grau Gay-Lussac. 

Art. 7o  A Lei no 9.294, de 15 de julho de 1996, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 4o-A: 

“Art. 4o-A.  Na parte interna dos locais em que se vende bebida alcoólica, deverá ser afixado advertência escrita de forma legível e ostensiva de que é crime dirigir sob a influência de álcool, punível com detenção.” 

Art. 8o  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 

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Art. 9o  Fica revogado o inciso V do parágrafo único do art. 302 da Lei no

9.503, de 23 de setembro de 1997. 

Brasília,  16  de junho de 2008; 187o da Independência e 120o da República. 

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Tarso GenroAlfredo NascimentoFernando HaddadJosé Gomes TemporãoMarcio Fortes de AlmeidaJorge Armando Felix

 

Decreto 6.488

(Publicado no Diário Oficial da União dia 20 de junho de 2008)

Art. 1o Qualquer concentração de álcool por litro de sangue sujeita o condutor às penalidades administrativas do art. 165 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 - Código de Trânsito Brasileiro, por dirigir sob a influência de álcool.

 

§ 1o As margens de tolerância de álcool no sangue para casos específicos serão definidas em resolução do Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, nos termos de proposta formulada pelo Ministro de Estado da Saúde.

 

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§ 2o Enquanto não editado o ato de que trata o § 1o, a margem de tolerância será de duas decigramas por litro de sangue para todos os casos.

 

§ 3o Na hipótese do § 2o, caso a aferição da quantidade de álcool no sangue seja feito por meio de teste em aparelho de ar alveolar pulmonar (etilômetro), a margem de tolerância será de um décimo de miligrama por litro de ar expelido dos pulmões.

 

Art. 2o Para os fins criminais de que trata o art. 306 da Lei no 9.503, de 1997 - Código de Trânsito Brasileiro, a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia é a seguinte:

 

I - exame de sangue: concentração igual ou superior a seis decigramas de álcool por litro de sangue; ou

II - teste em aparelho de ar alveolar pulmonar (etilômetro): concentração de álcool igual ou superior a três décimos de miligrama por litro de ar expelido dos pulmões.

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MINISTÉRIO DA SAÚDE

SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE DEPARTAMENTO DE AÇÕES PROGRAMÁTICAS ESTRATÉGICAS AREA TÉCNICA DE SAÚDE MENTAL, ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE DEPARTAMENTO DE ANÁLISE DE SITUAÇÕES DE SAÚDE COORDENAÇÃO GERAL DE DOENÇAS E AGRAVOS NÃO TRANSMISSÍVEIS Em 10/07/2008

NOTA TÉCNICA nº 15/08 – Definição das margens de tolerância de alcoolemia em casos específicos, conforme prevê o parágrafo 1º do Decreto 6488/2008, que regulamenta a lei 11.705/2008.

Resumo: É necessário fixar margem de tolerância para a aferição da alcoolemia, para evitar resultados incorretos, condicionados pelo

consumo de medicamentos ou alimentos, em condições especiais, ou por situações clínicas que possam alterar o metabolismo do álcool. A margem de 0.2 grama por litro de sangue, estabelecida no Art. 1º. parágrafo 2º.,

do Decreto 6.488, de 19/06/08, é adequada para excluir as situações mencionadas, e deve ser mantida.

1. Cabe ao Ministério da Saúde, nos termos do Decreto 6488/08, estabelecer as diretrizes técnicas para fixação das margens de tolerância na aferição da alcoolemia, aplicáveis às medidas determinadas pela Lei 11.705/08 e pelo decreto em referência, à luz de situações específicas, particularmente: a) doenças crônicas que afetam o metabolismo de álcool, b) uso de medicamentos que contenham álcool, e c) uso de outras substâncias (como antissépticos bucais e outros.

2. O consumo de álcool é o principal problema de saúde pública no mundo inteiro, no que diz respeito às drogas, segundo dados da Organização Mundial da Saúde1. Aproximadamente 4% das mortes no mundo estão relacionadas ao consumo de álcool. Uma das principais conseqüências negativas associadas ao consumo de álcool são os acidentes de trânsito e, conseqüentemente, o número de mortos e feridos nestas

1 Global Status Report: Alcohol Policy, 2004 (disponível em http://www.who.int/entity/substance_abuse/publications/en/Alcohol%20Policy%20Report.pdf)

situações. Existem provas fartas e consistentes, através de diferentes pesquisas, que constatam esta afirmação.

2 WHO Expert Committee on Problems Related to Alcohol Consumption, 2007 (disponível em http://www.who.int/entity/substance_abuse/expert_committee_alcohol_trs944.pdf)

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3 Disponível em www.saude.ccs.gov.br/saudemental.

3. Em dimensão mundial, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda diversas medidas para reduzir o consumo de álcool. Em publicação recente sobre o assunto2, ratifica que a redução dos níveis de alcoolemia – aliada à fiscalização e testes com bafômetro – resulta na diminuição de acidentes e mortes no trânsito decorrentes do consumo de álcool.

4. A Lei 11.705/2008, aprovada recentemente, está em consonância com a Política Nacional sobre o Álcool, instituída por meio do Decreto nº 6117/2007, a Política Nacional de Saúde Mental e as políticas nacionais de Prevenção de Violências e Acidentes e de Promoção da Saúde, cujos objetivos são reduzir o consumo global e individual de álcool e diminuir as conseqüências negativas deste consumo.

5. A adoção desta medida faz parte de um esforço do Governo Federal, que vem sendo feito desde 2003, quando foi constituído um Grupo de Trabalho Interministerial (GTI), coordenado pelo Ministério da Saúde, com o objetivo de elaborar recomendações visando reduzir o consumo de álcool e de suas conseqüências negativas. No relatório final deste GTI3, foram apresentadas recomendações sobre estratégias de ação para subsidiar políticas relacionadas ao consumo do álcool.

6. Existem condições crônicas de saúde que podem interferir na metabolização do álcool, tornando seus portadores mais susceptíveis de manterem taxas elevadas de alcoolemia muitas horas depois da ingestão de bebidas alcoólicas. Algumas situações raras, tais como dieta restrita em carboidratos e a produção de álcoois diferentes daqueles presentes em bebidas alcoólicas (isopropanol, por exemplo), podem ocasionar um resultado falso positivo, ou seja, o indivíduo não está sob efeito do etanol, mas alguns bafômetros podem registrar resultado positivo. Condições clínicas que retardem a metabolização do álcool também podem, em condições especiais, produzir um resultado positivo na aferição de taxas muito baixas ou residuais de alcoolemia mesmo após várias horas da ingestão de bebidas alcoólicas. 7. Em relação a medicamentos que contenham álcool em sua composição, existe a possibilidade de o teste do bafômetro acusar um resultado positivo após o uso de certas apresentações (xaropes e sprays), e também sucos de frutas mal-acondicionados, alimentos e produtos de higiene pessoal (enxaguante bucal), ainda que a concentração de álcool seja bastante pequena. Medicamentos que contêm em sua composição alguma concentração de etanol (sprays para asma, sprays para mau-hálito, enxaguantes bucais, descongestionantes nasais etc) podem, se a medição for feita imediatamente após a aplicação, produzir um resultado positivo.

Embora os medicamentos homeopáticos e fitoterápicos (ex.: florais de Bach) apresentem maior concentração de etanol ao serem administrados na forma de gotas, não alcançariam concentração alcoólica sangüínea e alveolar significantes e suficientes para dar um resultado positivo no teste do bafômetro.

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No caso de bombons de licor, a quantidade de álcool presente em uma unidade está abaixo do limiar detectável pelo bafômetro (aproximadamente 0,04g/litro/unidade). Porém, o consumo de maiores quantidades pode ser detectado. Assim, em linhas gerais, é importante destacar que o álcool exerce seu efeito independentemente de sua forma de apresentação. Devido ao risco de que uma concentração residual de álcool possa ser detectada, em função da ingestão de certos medicamentos ou alimentos, a recomendação científica é que o teste (bafômetro) seja repetido, em caso de dúvida ou por solicitação do motorista que está fazendo o teste, independente do resultado, eliminando possíveis interferentes. Em relação ao tempo de eliminação no organismo, é importante considerar que, em média, o álcool é depurado a uma velocidade de 0,15 g/l/hora, de tal forma que uma pequena dose equivalente à alcoolemia de 0,2 g/l levaria cerca de duas horas a duas horas e meia para ser totalmente eliminada. Doses maiores levariam proporcionalmente mais tempo, até 12 horas, podendo este tempo ser maior em presença das condições clínicas citadas no item 6. 8. Em vista de tais considerações, o Ministério da Saúde considera que a margem de tolerância a ser estabelecida para todos os casos deverá ser de 0,2 g/l - dois decigramas por litro de sangue - com sua equivalência para a concentração de álcool por litro de ar expelido pelos pulmões, aferido pelo etilômetro, da mesma forma que já estabelecido no Decreto 6488, com base nos seguintes argumentos: a. O consumo de pequenas quantidades de álcool – até 1 (uma) dose-padrão de bebida destilada ou fermentada – poderá ser detectado pelo exame até cerca de duas horas após a ingestão, garantindo a eficácia da medida de controle;

b. Doses maiores que 1 (uma) dose-padrão serão identificadas com segurança, não havendo risco de falso-negativo no exame;

c. O índice proposto exclui das sanções previstas na lei as situações em que o uso de medicamentos e de anti-sépticos bucais, cuja composição tenha algum nível de etanol, possa, eventualmente, ser detectado no exame;

d.

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Bombons ou chocolate recheados com bebida alcoólica (licor) ingeridos, em quantidades usuais, imediatamente antes do teste do etilômetro, não serão detectados;

e. A adoção do índice proposto torna desnecessária a elaboração de elenco de medicamentos ou alimentos, ou a referência a doenças crônicas ou situações clínicas, que possam interferir no exame, uma vez que todos os casos estão contemplados nesta margem de tolerância;

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f. Nos casos de dúvida, mas especialmente nas situações acima citadas, ou por solicitação do condutor, recomenda-se que o teste seja repetido, como medida para prevenir possíveis resultados falso-positivos.

8. Com estes parâmetros para a alcoolemia, o Brasil estará adotando índices semelhantes a países como Noruega, Polônia e Suécia, caracterizando uma legislação das mais rigorosas do mundo, e instrumento eficaz de política pública no enfrentamento da grave epidemia de acidentes de trânsito associados ao consumo de bebidas alcoólicas. 9. É necessário enfatizar também que a existência da lei é um passo importante para que os acidentes de trânsito sejam reduzidos, e que a certeza e rapidez da aplicação das sanções previstas também contribuirão para isto. Saliente-se que a redução do índice legal de alcoolemia deve estar necessariamente associada a outras medidas, como o aumento do contingente e capacitação dos agentes fiscalizadores; disponibilização de etilômetros em quantidade suficiente para a aplicação da lei; qualificação da formação dos condutores; implementação de medidas de educação no trânsito e promoção da saúde. 10. Cabe ressaltar, finalmente, que a Lei 11.705, e sua regulamentação, devem ser entendidas como instrumentos do governo e da sociedade para a educação e paz no trânsito, para a promoção da saúde e da segurança de condutores, passageiros e pedestres, e para a prevenção de morbidade e mortalidade. Tais componentes – educativo, preventivo e de promoção da saúde – mais que o componente meramente punitivo, devem tornar-se a marca simbólica mais importante das medidas em boa hora tomadas pelo Governo e pelo Congresso Brasileiro. Esta clara intenção preventiva e educativa é que vai assegurar a eficácia, legitimidade junto à opinião pública e sustentabilidade a longo prazo das medidas propostas. Brasília, 10 de julho de 2008.

Pedro Gabriel Delgado Coordenação de Saúde Mental, Álcool e

Outras Drogas / DAPES Secretaria de Atenção à Saúde

Deborah Malta Diretora Substituta do Departamento de Análise de Situação de Saúde

Secretaria de Vigilância em Saúde

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EXAME DE VERIFICAÇÃO DE EMBRIAGUEZ (IML)

1 – QUALIFICAÇÃO

Anotar hora do exame e hora do fato(citando a fonte). Colher: nome, idade, sexo, cor, estado civil, profissão, endereço, se conhece a razão do pedido do presente exame. A coleta de tais dados já fornecem ao examinador elementos do exame tais como: orientação, atitude, aparência, fácies, que serão anotados nos respectivos campos.

HISTÓRICO

Anotar hora do exame e hora do fato (citando a fonte). Colher: nome, idade, sexo, cor, estado civil, profissão, endereço, se conhece a razão do pedido do presente exame. A coleta de tais dados já fornecem ao examinador elementos do exame tais como: orientação, atitude, aparência, fácies, que serão anotados nos respectivos campos.

Fazer constar se ingeriu bebidas alcoólicas, qual ou quais, quanto e como, se está acostumado a beber, o que costuma acontecer quando ele está sob efeito de bebidas alcoólicas. Se usa regularmente substâncias psicotrópicas lícitas ( benzodiazepínicos, barbitúricos, entre outros) ou ilícitas ( maconha, cocaína, outras), medicamentos, com que freqüência e em que quantidade. Se é portador de alguma doença neurológica, metabólica, labirintopatia ou outras.

DESCRIÇÃO

(Exame clínico e/ou laboratorial)

I) Fácies e Hálito

O fácies pode ser congesto ou não (incaracterístico). O hálito pode ser acentuadamente etílico, discretamente etílico ou incaracterístico.

II) Aparência:

Vestes – As vestes podem estar asseadas, negligenciadas, descuidadas, desordenadas, excêntricas, rebuscadas ou sujas ( vômitos, urina, fezes, odor nauseabundo)

Atitude durante o exame – A atitude durante o exame pode estar normal, indiferente, deprimida, excitada, agressiva, desconfiada, expansiva.

III) Orientação

Alopsíquica : Tempo (orientado)

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(desorientado).(parcialmente orientado)

Lugar ( orientado) (desorientado).

(parcialmente

(orientado )

Autopsíquica: (desorientado). (parcialmente orientado)

IV) Outros sinais:

Pulso - Normal, rápido, regular ou irregular.

Sinais oculares – congestão, reflexos pupilares.

V) Avaliação Neurológica

Coordenação Motora – Index-index, Index-nariz, solicitar que pegue pequenos objetos ou abotoe e desabotoe a camisa, ou escreva algo.

Marcha – regular, desequilibrada, em ziguezague. Solicitar ao examinado que caminhe por uma linha reta.

Equilíbrio – Romberg e Romberg sensibilizado. Pedir ao examinado que se sustente sobre uma perna com leve flexão do outro membro.

Sensibilidade – Poderá ou não ser pesquisada, a critério do examinador.????

VI) Exame Laboratorial

Examinado(a) recusou a coleta de material para exame químico-toxicológico.

Procedida a pesquisa toxicológica no material colhido ( sangue e/ou urina ) constatou-se ______________________________________ .

Obs.: Data, hora e local da coleta da amostra:_____________________________Material coletado por_________________ RG ________________________________

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DISCUSSÃO

A embriaguez produzida pelo álcool (senso estrito ) e/ou por substância de efeitos análogos (senso lato ) consiste num estado de intoxicação aguda, voluntária ou culposa, dessas substâncias, cujos efeitos residem, predominantemente, no sistema nervoso central. Por isso, o exame clínico de verificação de embriaguez busca sinais e sintomas de sua ação no sistema nervoso central manifestados nas esferas psíquica e neurológica. O exame toxicológico, como parte do exame de verificação de embriaguez, busca encontrar, através da análise de fluídos biológicos (principalmente sangue e urina), a substância ou substâncias causadoras do estado de embriaguez e respectiva concentração. Nem sempre é possível sua realização, seja por razões legais ou por razões de ordem técnica. Deve, portanto, prevalecer sempre o exame clínico. Existe uma forma de embriaguez, presumida por lei ( Código Nacional de Trânsito), que considera que o condutor de um veículo que esteja com concentração de valor igual ou superior a 0,6 gramas de álcool por litro de sangue, para fins específicos de delitos de trânsito, encontra-se num estado de embriaguez.

CONCLUSÃO

Pelo acima exposto e observado no presente exame de verificação de embriaguez concluímos que o examinado apresenta-se num estado de (não embriagado) ( alcoolizado não embriagado ) (embriagado) (completamente embriagado).

Obs.: A embriaguez eventualmente apurada pode ser resultante somente da ingestão de bebidas alcoólicas e/ou de sua associação com substâncias de efeitos análogos.

Resposta aos Quesitos

1) Há sinais indicativos de que o examinado está sob efeito de álcool etílico e/ou substâncias de efeitos análogos?

2) Em conseqüência está ele embriagado?

3) Qual a substância ou substâncias que produziram a embriaguez?

4) No estado em que se encontrava o examinado à hora do fato, colocava ele em risco a segurança própria ou alheia?