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O sistema financeiro atual trava o desenvolvimento econômico do país. 9 de março de 2015 Ladislau Dowbor “Não havia como escapar a essa dura realidade: o sistema econômico só funcionava de forma regular quando a remuneração do capital atingia determinados níveis. Essa constatação nos permite entender outro ponto intrigante da dinâmica da economia brasileira: suas extravagantes taxas de juros.” Celso Furtado “Os bancos deveriam voltar a fazer o que faziam quando foram criados: oferecer um local seguro para as poupanças e capital a negócios que pretendem se desenvolver” J.C. Polychroniu Resumo: A financeirização está no centro dos debates econômicos, porque aprofunda a desigualdade e sobretudo porque trava o desenvolvimento. Este último aspecto é alvo de numerosos estudos internacionais, e aqui abordamos o mecanismo como se manifesta no Brasil. Basicamente, os crediários, cartões de crédito e juros bancários para pessoa física travam a demanda, pois tipicamente o comprador paga o dobro do valor do produto, endivida-se muito comprando pouco, o que esteriliza o impacto de dinamização da economia pela demanda. Os juros elevados para pessoa jurídica travam por sua vez o investimento, isto que o empresário efetivamente produtivo já enfrenta a fragilidade da demanda. E a taxa Selic elevada, ao provocar a transferência de centenas de bilhões dos nosso impostos para os bancos e outros aplicadores financeiros, trava a capacidade do Estado expandir políticas sociais e infraestruturas. Esta dinâmica no contexto de uma carga tributária que onera desproporcionalmente o consumo popular, e de um sistema de evasão dos impostos através em particular dos paraísos fiscais, gera um dreno insustentável de recursos que explica que tenhamos uma alta taxa de emprego e um PIB que estagna. As recomendações vão no sentido de uma reforma financeira, e não do ajuste fiscal atualmente proposto. Palavras-chave: bancos, juros, financeirização, paraísos fiscais, PIB Abstract: Inequality is exploding. Oxfam is spreading the word and the figures, Crédit Suisse shows us where the wealth is going, Thomas Piketty shows how it works in rich countries. The money has to come from somewhere: this paper presents the Brazilian equivalent of the overall financialization system. The important initiative to promote inclusion, jobs and unrequited transfers to the poor during the Lula

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6

O sistema financeiro atual trava o desenvolvimento econmico do pas.9 de maro de 2015Ladislau DowborNo havia como escapar a essa dura realidade: o sistema econmico s funcionava de forma regular quando a remunerao do capital atingia determinados nveis. Essa constatao nos permite entender outro ponto intrigante da dinmica da economia brasileira: suas extravagantes taxas de juros. Celso Furtado

Os bancos deveriam voltar a fazer o que faziam quando foram criados: oferecer umlocal seguro para as poupanas e capital a negcios que pretendem se desenvolver J.C. PolychroniuResumo: A financeirizao est no centro dos debates econmicos, porque aprofunda a desigualdade e sobretudo porque trava o desenvolvimento. Este ltimo aspecto alvo de numerosos estudos internacionais, e aqui abordamos o mecanismo como se manifesta no Brasil. Basicamente, os credirios, cartes de crdito e juros bancrios para pessoa fsica travam a demanda, pois tipicamente o comprador paga o dobro do valor do produto, endivida-se muito comprando pouco, o que esteriliza o impacto de dinamizao da economia pela demanda. Os juros elevados para pessoa jurdica travam por sua vez o investimento, isto que o empresrio efetivamente produtivo j enfrenta a fragilidade da demanda. E a taxa Selic elevada, ao provocar a transferncia de centenas de bilhes dos nosso impostos para os bancos e outros aplicadores financeiros, trava a capacidade do Estado expandir polticas sociais e infraestruturas. Esta dinmica no contexto de uma carga tributria que onera desproporcionalmente o consumo popular, e de um sistema de evaso dos impostos atravs em particular dos parasos fiscais, gera um dreno insustentvel de recursos que explica que tenhamos uma alta taxa de emprego e um PIB que estagna. As recomendaes vo no sentido de uma reforma financeira, e no do ajuste fiscal atualmente proposto.Palavras-chave: bancos, juros, financeirizao, parasos fiscais, PIB

Abstract: Inequality is exploding. Oxfam is spreading the word and the figures, Crdit Suisse shows us where the wealth is going, Thomas Piketty shows how it works in rich countries. The money has to come from somewhere: this paper presents the Brazilian equivalent of the overall financialization system. The important initiative to promote inclusion, jobs and unrequited transfers to the poor during the Lula and Dilma administrations has produced excellent results. But the financial system of income and wealth concentration has caught up with the initiatives and is stalling the Brazilian economy through huge interest rates on consumers, investors and the public debt. See the mechanism and the numbers in this short report. All figures are referred to primary sources through links, and easy to check.

Key words: banks, interest rates, financialization, tax havens, GDPUm debate fundamental pede passagem: a esterilizao dos recursos do pas atravs do sistema de intermediao financeira, que drena em volumes impressionantes recursos que deveriam servir ao fomento produtivo e ao desenvolvimento econmico. Os nmeros so bastante claros, e conhecidos, e basta junt-los para entender o impacto.

Loja em Joinville. A prestao que cabe no bolso est em letras grandes. Colocam o valor final e juros, bem pequenos: paga-se mais do dobro, juros de 122%. Permite comprar hoje, mas trava-se a capacidade de consumo por dois anos. O produtor recebe pouco, e pouco poder investir. E o consumidor pode comprar pouco, pelo peso dos juros. a chamada economia do pedgio, que trava o sistema produtivo, tanto do lado do produtor como do consumidor, em proveito do intermedirio. Rede semelhante na Europa, MidiaMarkt, cobra 13,3% ao ano. Uma compra de 600 euros em 18 meses custa um total final de 699 euros. E ganham bem com isto. O credirio

Comecemos pelas taxas de juros ao tomador final, pessoa fsica, praticadas no comrcio, os chamados credirios. A ANEFAC (Associao Nacional de Executivos de Finanas, Administrao e Contabilidade) traz os dados de junho 2014:Comportamento das taxas de juros do credirio por setor

SetoresVariao %Var. pontos percentuais ao ms

maio 2014junho 2014

Taxa MsTaxa AnoTaxa MsTaxa Ano

Gdes Redes2,49%34,33%2,51%34,65%0,80%0.02

Med. Redes4,80%75,52%4,83%76,13%0,63%0.03

Peq. Redes5,41%88,18%5,45%89,04%0,74%0.04

Emp. Turismo3,74%55,37%3,75%55,55%0,26%0.01

Art. do Lar6,14%104,43%6,16%104,89%0,33%0.02

Ele Eletron.4,60%71,55%4,64%72,33%0,87%0.04

Importados5,23%84,34%5,24%84,57%0,19%0.01

Veculos1,80%23,87%1,78%23,58%-1,11%-0.02

Art. Ginstica6,49%112,67%6,52%113,39%0,46%0.03

Informtica4,43%66,69%4,38%67,27%0.69%0.03

Celulares4,04%60,84%4,08%61,59%0.99%0.04

Decorao6,30%108,16%6,33%108,87%0,48%0.03

Mdia Geral4,62%71,94%4,64%72,33%0,43%0.02

Fonte: ANEFAC, http://www.anefac.com.br/uploads/arquivos/2014715153114381.pdf , 2014Antes de tudo, uma nota metodolgica: os juros so quase sempre apresentados, no Brasil, como taxa ms, como na primeira coluna acima. tecnicamente certo, mas comercialmente e eticamente errado. uma forma de confundir os tomadores de crdito, pois ningum consegue calcular mentalmente juros compostos. O que usado mundialmente o juro anual que resulta. O Banco Ita, por exemplo, apresenta no seu site as taxas de juros apenas no formato mensal, pois ao ano apareceriam como so, extorsivos. Na foto mais acima vemos a TV oferecida com taxa de juros de 6,87% ao ms, e aparece em letras midas, por obrigao legal, o juro real ao ano de 122%, literalmente um assalto.

A mdia de juros praticadas nos credirios, de 72,33%, significa simplesmente que este tipo de comrcio, em vez de prestar decentemente servios comerciais, se transformou essencialmente num banco. Aproveita o fato das pessoas no entenderem de clculo financeiro, e de disponibilizarem de pouco dinheiro vista, para as extorquir. Aqui, o produtor de Artigos do Lar, ao cobrar juros de 104,89% sobre os produtos, trava a demanda, pois ficar represada por 12 ou 24 meses enquanto se paga as prestaes, e trava o produtor, que recebe muito pouco pelo produto. o que temos qualificado de economia do pedgio. Ironicamente, as lojas dizem que facilitam. No conjunto do processo, a capacidade de compra do consumidor dividida por dois, e a capacidade de reinvestimento do produtor estanca.Os juros para pessoa fsicaOs consumidores no se limitam a comprar pelo credirio, cuja taxa mdia de 72,33% aparece reproduzida abaixo na primeira linha. Usam tambm carto de crdito e outras modalidades de mecanismos financeiros pouco compreendidas pela imensa maioria dos consumidores.TAXA DE JUROS PARA PESSOA FSICA

LINHA DE CRDITOmaio 2014junho 2014VARIAO%VAR. PONTOS PERCENTUAIS AO MS

TAXA MSTAXA ANOTAXA MSTAXA ANO

Juros comrcio4,62%71,94%4,64%72,33%0,43%0,02

Carto de crdito10,52%232,12%10,70%238,67%1,71%0,18

Cheque especial8,22%158,04%8,28%159,76%0,73%0,06

CDC - Bancos - financiamento de automveis1,80%23,87%1,78%23,58%-1,11%-0,02

Emprstimo pessoal- bancos3,41%49,54%3,45%50,23%1,17%0,04

Emprstimo pessoal-financeiras7,29%132,65%7,35%134,22%0,82%0,06

Taxa Mdia5,58%100,76%6,03%101,90%0,84%0,05

Fonte: ANEFAC, http://www.anefac.com.br/uploads/arquivos/2014715153114381.pdf , 2014Tomando os dados de junho 2014, constatamos que os intermedirios financeiros cobram tambm 238,67% no carto de crdito, 159,76% no cheque especial, 23,58% na compra de automveis. Os emprstimos pessoais custam na mdia 50,23% nos bancos e 134,22% nas financeiras. Estamos deixando aqui de lado a agiotagem de rua que ultrapassa os 300%.Note-se que a Abecs (Associao Brasileira das Empresas de Cartes de Crdito e Servios) considera que o juro mdio sobre o carto de 280%, portanto bem acima da avaliao da Anefac. A Abecs considera que 50,1% do crdito para consumo feito no carto, 23,5% no crdito consignado, 13,1% no credirio de veculos, e 13,3% outros. Trata-se, no caso dos cartes, de cerca de 170 bilhes de reais. importante lembrar que mesmo sem entrar no crdito do carto, tipicamente uma loja tem de pagar cerca de 5% do valor das compras ao banco, alm do aluguel da mquina. Estes 5% podem ser menos para grandes lojas com capacidade de negociao com o sistema financeiro, mas de toda forma trata-se de um gigantesco imposto privado sobre a metade do crdito de consumo, reduzindo drasticamente a capacidade de compra do consumidor. A tabela da Abecs que corresponde ao total de transaes de 2014 at fim de setembro, de 361 bilhes de reais. Os juros aplicados variam, mas podemos imaginar o volume de recursos apropriados sobre este montante, pedgio que tira recursos da economia real para o sistema de intermediao financeira. (http://www.abecs.org.br/indicadores-de-mercado)A Abecs considera que esta carteira est sendo responsvel por fomentar o crdito ao consumidor no pas. uma forma positiva de apresentar o problema, mas se fomenta o crdito, e no o consumo. No caso da frequente entrada no crdito rotativo, as pessoas pagaro trs ou quatro vezes o valor do produto. Miguel de Oliveira, diretor da Anefac, resume bem a situao: A pessoa que no consegue pagar a fatura e precisa parcelar, ou entrar no rotativo, na verdade est financiando a dvida do carto de crdito com outro tipo de crdito. O problema que essa dvida no tem fim. As pessoas acabam no se dando conta dos juros que tero que pagar.(DCI, B1, 20/08/2014)Como as pessoas tm dificuldades em imaginar que o sistema tenha sido to grosseiramente deformado, apresentamos abaixo a tabela de juros cobrados pelo Banco Santander. O Custo Efetivo Total do crdito rotativo no Santander, por exemplo, informado em tabela enviada aos clientes, de 633,21%.

Custo Efetivo Total (CET) vlido para o prximo perodo

Operao de CrditoTaxa de juros ao ms (%)Taxa de juros ao juros ao ano (%)IOF Adicional (%)SeguroPrestamista(%)(se contratado)Tarifa(R$)Custo Efetivo Total ao ano (%)

Crdito Rotativo16,99557,330,380,1230-633,21

Compras Parceladas c/ juros1,9025,340,380,1230-30,07

Saque Vista19,99790,710,380,1230-997,96

Parcelamento da Fatura9,29190,370,380,12303,50324,80

SuperCrdito------

Total Parcelado6,50112,900,380,12304,50171,85

Para os parcelamentos (Parcelamento da Fatura e Total Parcelado) o clculo realizado com base no plano com menor quantidade de parcelas e no valor do limite total disponvel para a respectiva operao, informados nesta fatura.Para o Saque Vista, se disponvel, o clculo realizado com base no valor do limite total disponvel, informado nesta fatura.Para o Crdito Rotativo (Pagamento Parcial) o clculo realizado com base na diferena entre o valor total desta fatura e o valor do Pagamento Mnimo, informados nesta fatura.

Fonte: mailing do Banco Santander para clientes, Brasil

Obviamente, com estas taxas de juros, as pessoas, ao fazer uma compra a crdito, gastam mais com os juros do que com o prprio valor do produto adquirido. Costuma-se apresentar apenas a taxa de endividamento das famlias, prxima de 30%, o que no informao suficiente, pois aqui as famlias no s se endividam muito como se endividam muito comprando pouco. A conta evidente: em termos prticos, pagam quase o dobro, s vezes mais. Dito de outra forma, compram a metade do que o dinheiro deles poderia comprar, se fosse vista. Isto que a compra vista j inclui os lucros de intermediao comercial.No o imposto que o vilo, ainda que o peso dominante dos impostos indiretos s piore a situao: o desvio da capacidade de compra para o pagamento de juros. As famlias esto gastando muito mais, resultado do nvel elevado de emprego e da elevao do poder aquisitivo da base da sociedade, mas os juros esterilizam a capacidade de dinamizao da economia pela demanda que estes gastos poderiam representar. Um dos principais vetores de dinamizao da economia se v travado. Gerou-se uma economia de atravessadores financeiros. Prejudica-se as famlias que precisam dos bens e servios, e indiretamente as empresas efetivamente produtoras que vm os seus estoques parados. Perde-se boa parte do impacto de dinamizao econmica das polticas redistributivas. O crdito consignado ajuda, mas atinge apenas 23,5% do crdito para consumo (DCI, 2014), e tambm se situa na faixa de 25 a 30% de juros, o que aparece como baixo apenas pelo nvel exorbitante que atingem as outras formas de crdito.Os juros para pessoa jurdica

As taxas de juros para pessoa jurdica no ficam atrs. O estudo da Anefac apresenta uma taxa praticada mdia de 50,06% ao ano, sendo 24,16% para capital de giro, 34,80% para desconto de duplicatas, e 100,76% par conta garantida. Ningum em s conscincia consegue desenvolver atividades produtivas, criar uma empresa, enfrentar o tempo de entrada no mercado e de equilbrio de contas pagando este tipo de juros. Aqui, o investimento privado que diretamente atingido.TAXA DE JUROS PARA PESSOA JURIDICA

LINHA DE CRDITOmaio 2014junho 2014VARIAO%VAR. PONTOS PERCENTUAIS AO MS

TAXA MSTAXA ANOTAXA MSTAXA ANO

Capital de Giro1,84%24,46%1,82%24,16%-1.09%-0,02

Desconto de Duplicatas2,48%34,17%2,52%34,80%1,61%0,04

Conta garantida5,92%99,40%5,98%100,76%1,01%0,06

Taxa Mdia3,41%49,54%3,44%50,06%0,88%0,03

Fonte: ANEFAC, http://www.anefac.com.br/uploads/arquivos/2014715153114381.pdf , 2014A atividade bancria pode ser perfeitamente til, ao financiar iniciativas econmicas que daro retorno. Mas isto implica o banco utilizar o dinheiro dos depsitos (alm naturalmente da alavancagem) para fomentar iniciativas empresariais, cujo resultado dar legtimo lucro ao investidor, permitindo tambm restituir o emprstimo. A atividade bsica de um banco, que seria de reunir poupanas de depositantes para transform-las em financiamento de atividades econmicas, saiu do horizonte de atividade destes bancos. A economia, travada do lado da demanda com o tipo de crdito ao consumo visto acima, tanto nos bancos como nos credirios, v-se portanto igualmente travada do lado do financiamento ao produtor. Prejudica-se assim tanto a demanda como o investimento, os dois motores da economia.As regras do jogo aqui se deformam profundamente. As grandes corporaes transnacionais passam a ter vantagens comparadas impressionantes ao poder se financiar do exterior com taxas de juros tipicamente 5 ou 6 vezes menores do que os seus concorrentes nacionais. Muitas empresas nacionais podem encontrar financiamentos com taxas que poderiam ser consideradas normais, por exemplo pelo BNDES e outros bancos oficiais, mas sem a capilaridade que permita irrigar a imensa massa de pequenas e mdias empresas dispersas no pas. No demais lembrar que na Alemanha 60% das poupanas so administradas por pequenas caixas de poupana locais, que irrigam generosamente as pequenas iniciativas econmicas. A Polnia, que segundo o Economist melhor enfrentou a crise na Europa, tem 470 bancos cooperativos, que financiam atividades da economia real. Um dos principais economistas do pas, J. Balcerek, comenta ironicamente que o nosso atraso bancrio nos salvou da crise.

Os juros sobre a dvida pblica

Uma terceira deformao resulta do imenso dreno sobre recursos pblicos atravs da dvida pblica. Se arredondarmos o nosso PIB para 4,8 trilhes de reais, 1% do PIB so 48 bilhes. Quando gastamos 5% do PIB para pagar os juros da dvida pblica, significa que estamos transferindo, essencialmente para os bancos donos da dvida, e por sua vez a um pequeno grupo de afortunados, quase 250 bilhes de reais ao ano, que deveriam financiar investimentos pblicos, polticas sociais e semelhantes. Para a sociedade, trata-se aqui de uma esterilizao da poupana. Para os bancos, muito cmodo, pois em vez de terem de identificar bons empresrios e fomentar investimentos, tendo de avaliar os projetos, enfim, fazer a lio de casa, aplicam em ttulos pblicos, com rentabilidade elevada, liquidez total, segurana absoluta, dinheiro em caixa, por assim dizer, e rendendo muito.Resultado Fiscal do Setor Pblico

% do PIB

AnoRes.PrimrioJurosRes.NominalSelic

20023,2-7,7-4,519,2

20033,3-8,5-5,223,5

20043,7-6,6-2,916,4

20053,8-7,4-3,619,1

20063,2-6,8-3,615,3

20073,3-6,1-2,812,0

20083,4-5,5-2,012,5

20092,0-5,3-3,310,1

20102,7-5,2-2,59,9

20113,1-5,7-2,611,8

20122,4-4,9-2,58,6

20131,9-5,1-3,38,3

2014 prev1,5-6,0-4,511,0

Fonte: Banco Central; 2014 previso Amir Khair

Comenta Amir Khair: "Neste ano (2015) com taxa de juros mdia maior que em 2014, incidindo sobre uma dvida mais elevada pode causar uma despesa prxima de 7% do PIB e, com resultado primrio de 1,2% do PIB, que a meta traada pela nova equipe, o dficit fiscal seria de 6% do PIB, ou seja, mais endividamento e mais despesas com juros, em verdadeiro ciclo vicioso." O efeito aqui duplamente pernicioso: por uma lado, porque com a rentabilidade assegurada com simples aplicao na dvida pblica, os bancos deixam de buscar o fomento da economia. Fazem aplicaes financeiras em papis do governo, em vez de irrigar as atividades econmicas com emprstimos. Por outro, muitas empresas produtivas, em vez de fazer mais investimentos, aplicam tambm os seus excedentes em ttulos do governo. A mquina econmica torna-se assim refm de um sistema que rende para os que aplicam, mas no para os que investem na economia real. E para o governo, at cmodo, pois mais fcil se endividar do que fazer a reforma tributria to necessria.Uma deformao sistmicaA tabela abaixo mostra que a taxa real de juros para pessoa fsica (descontada a inflao) cobrada pelo HSBC no Brasil de 63,42%, quando de 6,60% no mesmo banco para a mesma linha de crdito no Reino Unido. Para o Santander, as cifras correspondentes so 55,74% e 10,81%. Para o Citibank so 55,74% e 7,28%. O Ita cobra slidos 63,5%. Para pessoa jurdica, rea vital porque se trataria de fomento a atividades produtivas, a situao igualmente absurda. Para pessoa jurdica, o HSBC, por exemplo, cobra 40,36% no Brasil, e 7,86 no Reino Unido. (Ipea, 2009)

Tabela 2: Taxa anual real de juros total* sobre emprstimos pessoais em instituies bancrias em pases selecionados an primeira semana de abril de 2009

InstituioPasJuro real ( em%)

HSBCReino Unido6,60

Brasil63,42

SantanderEspanha10,81

Brasil55,74

CitibankEUA7,28

Brasil60,84

Banco do BrasilBrasil25,05

ItaBrasil63,25

Fonte: Dados fornecidos pelas instituies bancrias para os juros e OCDE e BCB para inflao nos selecionados e no Brasil*Juros adicionados aos servios administrativos, riscos de inadimplncia, margem de lucro e tributao.

Comenta o estudo do Ipea: Para emprstimos pessoa fsica, o diferencial chega a ser quase 10 vezes mais elevado para o brasileiro em relao ao crdito equivalente no exterior. Para as pessoas jurdicas, os diferenciais tambm so dignos de ateno, sendo prejudiciais para o Brasil. Para emprstimos pessoa jurdica, a diferena de custo menor, mas, mesmo assim, mais de 4 vezes maior para o brasileiro.

Enfrentamos aqui, portanto, uma deformao estrutural do nosso sistema de intermediao financeira. No h grande mistrio no processo: a financeirizao mundial, com as suas diversas formas de organizao segundo os pases e as legislaes, adquiriu aqui formas diferentes de travar a economia, dimenso nacional de uma deformao hoje planetria.

A nossa constituio, no artigo 170, define como princpios da ordem econmica e financeira, entre outros, a funo social da propriedade (III) e a livre concorrncia (IV). O artigo 173 no pargrafo 4 estipula que a lei reprimir o abuso do poder econmico que vise dominao dos mercados, eliminao da concorrncia e ao aumento arbitrrio dos lucros. O pargrafo 5 ainda mais explcito: A lei, sem prejuzo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurdica, estabelecer a responsabilidade desta, sujeitando-a s punies compatveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econmica e financeira e contra a economia popular. Cartel crime. Lucro exorbitante sem contribuio correspondente produtiva ser reprimido pela lei com punies compatveis.

O resultado prtico uma deformao sistmica do conjunto da economia, que trava a demanda do lado do consumo, fragiliza o investimento, e reduz a capacidade do governo de financiar infraestruturas e polticas sociais. Se acrescentarmos a deformao do nosso sistema tributrio, baseado essencialmente em impostos indiretos (embutidos nos preos), com frgil incidncia sobre a renda e o patrimnio, temos aqui o quadro completo de uma economia prejudicada nos seus alicerces, que avana sem dvida, mas carregando um peso morto cada vez menos sustentvel.

A dimenso internacional

O dreno sobre as atividades produtivas, tanto do lado do consumo como do investimento, planetrio. Faz parte de uma mquina internacional que desde a liberalizao da regulao financeira com os governos Reagan e Thatcher no incio dos anos 1980l, at a liquidao do principal sistema de regulao, o Glass-Steagall Act, por Clinton em 2009, gerou um vale-tudo internacional.

A dimenso internacional tornou-se hoje mais documentada a partir da crise de 2008. O prprio descalabro gerado e o travamento da economia mundial, levaram a que fossem levantados os dados bsicos das finanas internacionais, que curiosamente sempre escaparam do International Financial Statistics do FMI. Apresentamos em outros estudos o detalhe de cada uma das novas pesquisas que surgiram, e apenas resumimos aqui o seus principais resultados, para facilitar uma viso de conjunto.

O Instituto Federal Suo de Pesquisa Tecnolgica (ETH na sigla alem) constatou que 147 grupos controlam 40% do mundo corporativo do planeta, sendo 75% deles instituies financeiras. Pertencem na sua quase totalidade aos pases ricos, essencialmente Europa ocidental e Estados Unidos. (ETH, 2011) O Tax Justice Network, com pesquisa coordenada por James Henry, apresenta o estoque de capitais aplicados em parasos fiscais, da ordem de 21 a 32 trilhes de dlares, para um PIB mundial da ordem de 70 trilhes. Estamos falando de quase um tero a metade do Pib mundial. A economia do planeta est fora do alcance de qualquer regulao, e controlada por intermedirios, no por produtores. O rentismo impera, e apresentado como desafio na reunio do G20 em novembro de 2014. (TJN, 2012) O dossi produzido pelo Economist sobre os parasos fiscais (The missing 20 trillion $) arredonda o estoque para 20 trilhes, mas mostra que so geridos pelos principais bancos do planeta, no em ilhas paradisacas, mas essencialmente por bancos dos EUA e da Inglaterra. (Economist, 2013) As pesquisas do ICIJ (International Consortium of Investigative Journalists) tem chegado a inmeros nomes de empresas e donos de fortunas, com detalhes de instrues e movimentaes, progressivamente divulgados medida que trabalham os imensos arquivos recebidos. Em novembro de 2014 publicaram o gigantesco esquema de evaso fiscal das multinacionais, usando o paraso fiscal que se tornou Luxemburgo. So apresentados em detalhe os montantes de evaso por parte dos bancos Ita e Bradesco. ( ICIJ, 2014) (Fernando Rodrigues, 2014) O estudo de Joshua Schneyder, sistematizando dados da Reuters, mostra que 16 grupos comerciais internacionais controlam o essencial da intermediao das commodities planetrias (gros, energia, minerais), a maior parte com sedes em parasos fiscais (Genebra em particular), criando o atual quadro de especulao financeira-comercial sobre os produtos que constituem o sangue da economia mundial. Lembremos que os derivativos desta economia especulativa (outstanding derivatives) ultrapassam 600 trilhes de dlares, para um PIB mundial de 70 trilhes. (BIS, 2013) (Schneyer, 2013) O Crdit Suisse divulga a anlise das grandes fortunas mundiais apresentando a concentrao da propriedade de 223 trilhes de dlares acumulados (patrimnio acumulado, no a renda anual), sendo que basicamente 1% dos mais afortunados possui cerca de 50% da riqueza acumulada no planeta.

Temos assim um sistema planetrio deformado, e o Brasil uma pea apenas na alimentao do processo mundial de concentrao de capital acumulado por intermedirios financeiros e comerciais. No temos estudos suficientes nem presso poltica correspondente para ter o detalhe de como funciona esta engrenagem no Brasil. No entanto, dois estudos nos trazem ordens de grandeza.

O estudo mencionado do Tax Justice Network, desdobra algumas cifras de estoques de capital em parasos fiscais por regies. No caso do Brasil, encontramos como ordem de grandeza 519,5 bilhes de dlares, o que representa cerca de 25% do PIB brasileiro. (Primeira linha, quinta coluna de cifras da tabela abaixo).UNRECORDED CAPITAL FLOWS, OFF SHORE ASSET, AND OFF SHORE EARNINGS, 1997-2010

Latin America and Caribbean Region

FOREGIN DEBT ADJUSTED FOR CURRENCY CHANGES, RESCHEDULINGS, AND ARREARS

(Nominal and Real $2000 Bilions)

(40 countries in region - 33 with data)

CountryOriginal OutflowsOffshore Earnings ($B)CF/GNICF/SourcesFligth StockExternal DebtCF StockOffshore Earing

Real #BPeriod Merinas($B 2010)($B 2010)Ext.Debt.% Outflows

Nom $$2000)($2000)%%NominalNominal%%

1970-2010Brazil$345.0$362.6$247.31.7%43%$519.5$324.5160%68%

1970-2010Argentina$213.9$259.3272.83.4%68%$399.1$129.6308%105%

1970-2010Mxico$223.7$263.5$299.11.8%36%$417.4$186.4224113%

1970-2010Venezuela$269.1$278.2$202.05.7%82%$405.8$55.7728%73%

1970-2010All Others (29)$205.1$211.9$169.11.7%41.5%$316.$317100%

Lac Total$1,254.8$1,375.5$1,190.32.5%51%$2,058.3$1,013.4203%87%

Source: World Bank IMF/ UN /central bank/CIA(data); JSH analysis@JSH2012

Adjusted for Currency of Debt; 75% Reinvestment Rate; Ave Yielt - $US 6 mos CD rate

Fonte: http://www.taxjustice.net/cms/upload/pdf/Appendix%203%20-%202012%20Price%20of%20Offshore%20pt%201%20-%20pp%201-59.pdfAssim, o Brasil no est isolado, neste sistema planetrio, nem particularmente corrupto. Mas o conjunto criado sim profundamente corrompido. Os dados para o Brasil, 519,5 bilhes de dlares em termos de capitais offshore, so de toda forma impressionantes, ocupamos o quarto lugar no mundo. Estes recursos deveriam pagar os impostos, que permitiriam ampliar investimentos pblicos, e deveriam ser aplicados em fomento da economia onde foram gerados.Um segundo estudo particularmente interessante do Global Financial Integrity, coordenado por Dev Kar, Brasil: fuga de capitais, fluxos ilcitos e as crises macro-econmicas, 1960-2012. Trata-se de uma sangria de recursos por evaso, estimada em cerca de 100 bilhes de reais por ano entre 2010 e 2012, (cerca de 2% do PIB). So recursos que por sua vez iro alimentar em boa parte o estoque de mais de um trilho de reais em parasos fiscais visto acima. Segundo o relatrio, o governo deve fazer muito mais para combater tanto o subfaturamento de exportaes como o superfaturamento de importaes, adotando ativamente medidas dissuasivas adicionais em vez de punies retroativas. Trata-se aqui, dominantemente, das empresas multinacionais. Kofi Annan considera que este mecanismo drena cerca de 38 bilhes de dlares por ano das economias africanas. O mecanismo conhecido como mispricing, ou trade misinvoicing.( GFI, 2014)Resgatando o controle importante antes de tudo entendermos os limites da atuao de um governo. No plano internacional, enquanto existir a tolerncia de fato, por parte das elites americanas e europeias, dos parasos fiscais, inclusive nos prprios EUA como o caso do Estado de Delaware, e na Europa como o caso de Luxemburgo e da Sua, dificilmente haver qualquer possibilidade de controle real. A evaso fiscal torna-se demasiado simples, e a possibilidade de localizar os capitais ilegais muito reduzida. A ordem pode, no entanto, ser bastante melhorada no controle das sadas, do sub e sobrefaturamento e semelhantes. O relatrio da GFI, mencionado acima, aponta estas possibilidades e reconhece fortes avanos do Brasil nos ltimos anos. No plano internacional, surge finalmente o BEPS (Base Erosion and Profit Shifting), endossado por 40 pases que representam 90% do PIB mundial, incio de reduo do sistema planetrio de evaso fiscal pelas empresas transnacionais. (OCDE, 2014)No plano interno, as medidas no podem ser diretas. A ANEFAC deixa claras as limitaes de um sistema que formalmente regido pelo direito privado: Destacamos que as taxas de juros so livres e as mesmas so estipuladas pela prpria instituio financeira no existindo assim qualquer controle de preos ou tetos pelos valores cobrados. A nica obrigatoriedade que a instituio financeira tem informar ao cliente quais as taxas que lhe sero cobradas caso recorra a qualquer tipo de crdito. Naturalmente, como se trata de um cartel, o tomador de crdito no tem opo. As recomendaes da ANEFAC so muito simples: Se possvel adie suas compras para juntar o dinheiro e comprar o mesmo vista evitando os juros. Ou seja, no use o crdito. Isto recomendado pela Associao dos Executivas de Finanas, Administrao e Contabilidade, impressionante.Mas o governo tem armas poderosas. A primeira retomar a reduo progressiva da taxa Selic, o que obrigaria os bancos a procurarem aplicaes alternativas, voltando a irrigar iniciativas de empreendedores, e reduzindo o vazamento dos recursos pblicos para os bancos. A segunda de reduzir as taxas de juros ao tomador final na rede de bancos pblicos, conforme foi experimentado em 2013, mas persistindo desta vez na dinmica. a melhor forma de introduzir mecanismos de mercado no sistema de intermediao financeira, contribuindo para fragilizar o cartel e obrigando-o a reduzir os juros estratosfricos: o tomador final voltaria a ter opes.A terceira consiste no resgate de um mnimo de equilbrio tributrio: no se trata de aumentar os impostos, mas de racionalizar a sua incidncia. A pesquisa do Inesc mostra que a tributao sobre o patrimnio quase irrelevante no Brasil, pois equivale a 1,31% do PIB, representando apenas 3,7% da arrecadao tributria de 2011. Em alguns pases do capitalismo central, os impostos sobre o patrimnio representam mais de 10% da arrecadao tributria, como, por exemplo, Canad (10%), Japo (10,3%), Coreia (11,8%), GrBretanha (11,9%) e EUA (12,15). (Inesc, 2014, p.21) Se acrescentarmos a baixa incidncia do imposto sobre a renda, e o fato dos impostos indiretos representarem 56% da arrecadao, temos no conjunto uma situao que clama por mudanas.

Incidncia de impostos no Brasil 2011

% da arrecadao

% do PIB

Consumo

55,7%

19,7%

Renda

30,5%

10,8%

Patrimnio

3,7%1,3%

Outros

10,1%

3,6%

Total

100%35,4%

Fonte: Inesc Implicaes do sistema tributrio brasileiro, set. 2014, (parte da Tab.1 p. 13)Convm destacar que a carga tributria muito regressiva no Brasil, pois est

concentrada em tributos indiretos e cumulativos que oneram mais os/as trabalhadores/ as e os mais pobres, uma vez que mais da metade da arrecadao provm de tributos que incidem sobre bens e servios, havendo baixa tributao sobre a renda e o patrimnio. Segundo informaes extradas da Pesquisa de Oramento Familiar (POF) de 2008/2009 pelo Ipea, estima-se que 10% das famlias mais pobres do Brasil destinam 32% da renda disponvel para o pagamento de tributos, enquanto 10% das famlias mais ricas gastam 21% da renda em tributos. (Inesc, 2014, p.6)

A quarta consiste naturalmente em dinamizar um conjunto de pesquisas sobre os fluxos financeiros internos, e disponibiliz-las amplamente, de maneira a gerar uma transparncia maior nesta rea onde as pessoas simplesmente no se orientam. Para gerar a fora poltica capaz de reduzir o grau de cartelizao, reintroduzindo mecanismos de mercado e transformando o sistema de intermediao financeira, preciso ter uma populao informada. Um das coisas mais impressionantes para esta rea vital para o desenvolvimento do pas, o profundo silncio no s da mdia mas tambm da academia e dos institutos de pesquisa, sobre o processo escandaloso de deformao da economia pelo sistema financeiro.Faa-se as contas da maneira que for: o fato que a economia brasileira est sendo sangrada por intermedirios que pouco ou nada produzem. Se somarmos as taxas de juros pessoa fsica, o custo dos credirios, os juros pessoa jurdica, o dreno atravs da dvida pblica e a evaso fiscal por meio dos parasos fiscais e das transferncias ilcitas, temos uma deformao estrutural dos processos produtivos. Tentar dinamizar a economia enquanto arrastamos este entulho especulativo preso nos ps fica muito difcil. H mais mazelas na nossa economia, mas aqui estamos falando de uma massa gigantesca de recursos, e que so necessrios ao pas. tempo do prprio mundo empresarial aquele que efetivamente produz riquezas acordar para os desequilbrios, e colocar as responsabilidades onde realmente esto. O resgate organizado do uso produtivo dos nossos recursos essencial.BibliografiaABECS Associao Brasileira de Empresas de Cartes de Crdito e Servios - http://www.abecs.org.br/indicadores-de-mercadoANEFAC, Relatrio sobre juros, tabelas das pginas 2, 3 e 5 http://www.anefac.com.br/uploads/arquivos/2014715153114381.pdf ;Banco Central Histrico da taxa de juros Selic - http://www.bcb.gov.br/?COPOMJUROS , 2014BIS Quarterly Review, June 2013, p.3 -http://www.bis.org/publ/qtrpdf/r_qt1306.pdfDCI Metade do consumo financiada por cartes 20 de agosto de 2014, p. B1

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