1492 a conquista da america
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TODOROV - A CONQUISTA DA AMERICATRANSCRIPT
Ensaio sobre a conquista da América através de
Tzvetan Todorov
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Publicado porJader_vieira
Este ensaio discute os pontos principais evocados por Torodov no que
concerne a conquista da América. Desta maneira foi analisado o olhar de
Colombo, Montezuma, Cortez. Feita uma problematização acerca do que
Torodov entendeu sobre o fato histórico de 1492. Momento extremamente
polissêmico, eiva do passado a questão da alteridade e suas implicações.
Os Astecas tinham uma mentalidade mística, onde a vida era regida
pelo destino,conhecidamente pela data de nascimento, e há outra
forma de adivinhação que épor um acontecimento que saia do comum,
como por exemplo determinado sonho.Os presságios eram como avisos.É
tan to que acon teceu a lgo a te r ro r izan te , na ho ra de comer , a
re fe i ção
v i roup a r t e s h u m a n a s , i n t e s t i n o s , f í g a d o s e e t c . . . d i a n t e
d e c o i s a t ã o h o r r í v e l o s habitantes de Xochimilco identificaram que
aquele era um péssimo presságio, quesignifica a destruição da cidade.Esta
fraqueza da comunicação é vista principalmente nas atitudes de Montezuma,
ogovernante asteca. Ele foi alvo da dissimulação de Cortez, que também
procuravaconfundi-lo. Montezuma buscava informações sobre
Cortez e suas intenções, masnão sabia o que fazer, ou seja, paralisava-se
diante das informações. Este não opõeresistência à Cortez e deixa-se
prender quando os espanhóis atingem a capitalTenochtitlán. E mesmo
preso, só preocupa-se com o derramamento de sangue,
en ã o e m l i v r a r -
s e d e C o r t e z . M a s C o r t e z s ó é f a v o r e c i d o c o m a s a t i t u d
e s d e Montezuma numa primeira fase da guerra, pois o governante é
morto na
“NocheTriste”
, e depois disso os indígenas vão partir para o ataque contra os invasores.
4. O comportamento de Cortez e a leitura dos signos e símbolos da
culturaasteca.
O que Cortez quer, inicialmente não é tomar, mas compreender, os
signos são osatalhos que interessam-o, em primeiro lugar,
não os referentes. Sua expediçãoc o m e ç a c o m a b u s c a d e
i n f o r m a ç õ e s e n ã o d e o u r o , o q u e a p r i n c i p i o g e r a
a antipatia dos seus companheiros que queriam riquezas rápidas, mas
ele não, eleantes de procurar ouro, procura um interprete, capta a divergência
entre os índios,diferente dos astecas o Cortez só escuta presságios divinos que
o interessem.Cortez tem sempre uma preocupação constante com a
interpretação dos outros, oque os índios irão pensar dos seus gestos,
punindo severamente saqueadores doseu próprio exercito, pois dão uma
péssima reputação para Cortez, ele ate anunciaque sob pena de morte
ninguém deveria tocar outra coisa senão comida, paraaumentar sua
reputação de benevolente, ele ate deixa que os índios pensem que abússola e
o mapa tudo revelavam para ele se tratando de geografia.A primeira
preocupação de Cortez quando está fraco, é fazer com que os
outrosp e n s e m q u e e l e e s t á f o r t e ( S u a t á t i c a m i l i t a r p r
e f e r i d a ) , n ã o p e r m i t i n d o o descobrimento da verdade, ele é
extremamente sensível as aparências , quando énomeado pa ra l ide ra r a
exped ição compra de imed ia to uma roupa imponente ,demonstra
seu gosto por ações espetaculares bem consciente do valor
simbólicodelas.O segredo de Cortez foi o de em todas as suas ações
pegar os índios
de surpresa,c o m o s e f o s s e m e l e s q u e c o n d u z i s s e m u m a g u
e r r a r e g u l a r e o s e s p a n h ó i s atormentassem com um movimento de
guerra.O modo particular que Cortez maneja a guerra, a pratica da
comunicação que éresponsável pela imagem deformada que os índios
têm dos espanhóis que seuscavalos são imortais, e o melhor exemplo que
é fazer parte da elaboração do mitode Quetzalcoatl, interpretando o mito em
seu beneficio.
Cortez coloca em primeiro lugar a comunicação entre os homens, inter-
humano, jáMontezuma coloca o homem e o mundo em primeiro lugar,
porque é nessa esferaque os adivinho interpreta o divino, o natural e o
social.Obvio que a visão mística não cega a visão dos fatos, nesse caso é ação
sob o
outroq u e s e m a n t ê m e m e s t a d o e m b r i o n á r i o p o r i n t e r m é d i
o d o s s i g n o s , m a s e m compensação sempre se informam sob o
estado das coisas, inertes ou vivas, porexemplo, na guerra sempre é
utilizado os espiões, e depois de um
reconhecimentominuc ioso p res tam con tas aos d i r i gen tes , quando
Cor tez embarca na cos tamexicana, Montezuma é informado
rapidamente por seus velozes vigilantes.Montezuma sabia colher
informações quando era sobre seus clássicos
inimigos,t r a x c a l t e c a s , h u a s t e c a s m a s q u a n d o o s i n f o r m a n t
e s f a l a m a r e s p e i t o d o s i m p r e v i s í v e i s e s p a n h ó i s s e q u e b
r a t o d o e s s e i n t e r c a m b i o d e i n f o r m a ç õ e s , encontramos
uma confirmação da postura espanhola nas previsões indígenas
quetodas apontavam que os estranhos tomariam
o reino.O m a i s i n t e r e s s a n t e é q u e M o n t e z u m a p u n e s e u s i
n f o r m a n t e s , e t a m b é m o s mágicos que tinham sonhos proféticos
nada favoráveis eram arremessados emcalabouços para de fome
morrer.A associação que os indígenas faziam entre poder e a língua é
marcante na
suac u l t u r a . A a u s ê n c i a d e e s c r i t a é u m e l e m e n t o i m p o r t a
n t e , t a l v e z a t e o m a i s importante, porque os pictogramas usados pelo
asteca, não são um grau inferior daescrita: registram a experiência e não a
linguagem, funcionando como revelador docomportamento simbólico em geral
e ao mesmo tempo da capacidade de percebero outro.No primeiro contato com
a tropa de Cortez e os índios, os espanhóis declaram quenão buscam a guerra,
e sim a paz e o
amor. “As mu lheres as pa lavras , aos homens as a rmas” , nessa
f i loso f ia os as tecase n t e n d e m a g u e r r a , m a l s a b i a m e l e s q
u e a s “ m u l h e r e s ” n o s e n t i d o f i g u r a d o ganhariam
a guerra, porque com a assimilação da cultura astecas, Cortez
impõeaos astecas seu próprio tipo de guerra.O comportamento dos
espanhóis é sempre estranho, o asteca não entende paraque eles
querem tanto ouro. Nas investidas astecas em que eles se
apoderavamdas armas de fogo, elas eram oferecidas aos deuses nos
templos, quer dizer osespanhó is nem se dão ao t raba lho de
lu ta r , p re fe rem ao chega r , convoca r osd i r i gen tes loca is e
faze r um espe tácu lo com t i ros de canhão pa ra o a r , onde
os índios caem de pavor, onde o uso simbólico das armas é extremamente
eficaz.
5. Os espanhóis teriam vencido?
Nos escritos dos conquistadores, sim, em alguns aspectos os astecas
provocavamaté admiração dos espanhóis, quando Cortez emitia juízo a
respeito dos astecase ram sempre pa ra le l izando com
os espanhó is , a té em n íve l de c i v i l i zação , asvestimentas muito
bem trabalhadas, as casas de alvenaria e madeira muito
bemconst ru ídas , ou ro e p ra ta f i namen te t raba lhada . Rea lment
e ex is t ia um choque
cultural mas também o encanto, muito parecido com a reação de um turista
latinoquando vai a áfrica, ou a Ásia, quer dizer, mantendo-se estrangeiro a
ela.Os interesses dos espanhóis sempre foram metais preciosos, o genocídio
não foi umfim, mas um meio para esse objetivo maior, o ouro, no seu objetivo
eles falharamporque a maioria dos metais aqui encontrados foi para
mão da Inglaterra atravésde acordos comerciais (Tratado de
Ultretch).O b v i a m e n t e o q u e p o s s i b i l i t o u a c o n q u i s t a f o i a m
a n e i r a q u e o s e s p a n h ó i s manejaram os signos, a imagem que eles
queriam que fosse passada, de
guerreirosque nunca se cansavam, de on isc ien tes , on ipo ten tes ,
possu ido res de cava los imortais, porque os astecas nunca
domesticaram animais desse porte, e foi
umag r a n d e r e v i r a v o l t a n a c a b e ç a d e l e s q u a n d o v i r a
m o s c a v a l o s , o m i t o d e Quetzalcoatl, que fora interpretado em
beneficio estrangeiro Ate a segunda fase
dag u e r r a p o i s e s s e m i t o v a i a c a b a r , p o r q u e o s i n d í g e n a s
e n x e r g a m a i n t e n ç ã o m a l i g n a d o s i n v a s o r e s . A l é m d i
s s o , a c o n t e c e a m o r t e d e s e u g o v e r n a n t e M o n t e z u m a
, q u e t a m b é m r e p r e s e n t a v a o s v a l o r e s r e l i g i o s o s , p o i s e
r a u m sacerdote.Va le sa l ien ta r o uso s imbó l ico que Cor tez faz ia
de suas a rmas, que só
faz iam r e a l m e n t e b a r u l h o , n u m s h o w p i r o t é c n i c o , q u e
a s s o m b r a v a o s í n d i o s , o desconhec ido sempre causa ass
ombro tan to faz ser ho je ou a qu inhen tos anosatrásResumindo a
Opera quando a civilização asteca choca-se com os espanhóis, entraem
choque um mundo europeu, que conhece a metalurgia, que possui
armas defogo e cavalos contra índios que desconhecem o ferro, aço e
com armas menoseficazes como as lanças, arcos e flechas, e que não
contavam com a mobilidade docavalo. Ao mesmo tempo os astecas
desconheciam aqueles instrumentos de ferro,e principalmente o cavalo,
e isto causa um efeito psicológico muito grande, assimcomo um forte
temor. Outro fator importantíssimo na “vitória” espanhola fora
asalianças feitas com algumas tribos indígenas. E para Todorov
ocupa o centro dadiscussão em torno das razões da vitória
espanhola.D u r a n t e o s s é c u l o s s e g u i n t e s , s o n h a r a m c o m o
b o m s e l v a g e m , m a s o b o m s e l v a g e m j á e s t a v a m o r t o ,
o u a s s i m i l a d o , e o s o n h o e s t a v a c o n d e n a d o a esterilid
ade, a vitória já trazia em si o germe da derrota, mas Cortez não
podiasaber disso.
Referência Bibliográfica
TODOROV, Tzvetan. A Conquista da América. A Questão do Outro.SP:
MartinsFontes, 1998.