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 A  NAIS DO  XV  C ONGRESSO  N  ACIONAL DE  L  INGUÍSTICA E  F  ILOLOGIA p. 1721 Cadernos do CNLF, Vol. XV, Nº 5, t. 2. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2011  ESTRATÉGIAS DE LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NA UNIVERSIDADE: DA DECODIFICAÇÃO À LEITURA CRÍTICA Urbano Cavalcante Filho  (UESC, UFBA, IFBA) [email protected] 1.  Introdução Todos nós lemos a nós e ao mundo à nossa volta para vislumbrar o que somos e onde estamos. Lemos para compreender, ou para começar a compreender. Não podemos deixar de ler. (Alberto Manguel) A leitura é uma habilidade indispensável à vida social. É através dela que entendemos o mundo e interagimos com o outro, seja nos estu- dos, na nossa comunicação, na forma de nos expressarmos, nos conheci- mentos que ela nos proporciona. A necessidade pela leitura e pelo domí- nio da linguagem escrita em nossa sociedade é cada vez mais intensa.  No mundo de hoje, são muitas as situações que exigem, cada vez mais, indivíduos com habilidades diversas em comunicação, capacidade leitora e interpretativa e boa desenvoltura redacional. Dessa forma, este texto, se utilizando de uma linguagem marca- damente didática, objetiva a apresentar e discutir os principais aspectos relacionados ao processo de leitura, em e special da leitura informativa ou de estudo, a fim de preparar o acadêmico enquanto leitor proficiente dos mais variados gêneros textuais que circulam na universidade. Com isso, o desenvolvimento dessa exposição perpassará os seguintes objetivos: i) conceituar leitura; ii) identificar os diferentes tipos de leitura e as fases da leitura de estudo; iii) reconhecer os níveis de leitura de um texto; iv) i- dentificar os passos necessários para a garantia de uma leitura satisfatória de diferentes textos; v) ler, analisar e interpretar textos. Tomamos como alicerce teórico os postulados de Andrade (1999), Freire (1989), Medei- ros (2004), Paulo et al. (2001), Severino (2002) e, principalmente, as re- flexões apresentadas por Cavalcante Filho (2010).

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  • ANAIS DO XV CONGRESSO NACIONAL DE LINGUSTICA E FILOLOGIA

    p. 1721 Cadernos do CNLF, Vol. XV, N 5, t. 2. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2011

    ESTRATGIAS DE LEITURA, ANLISE E INTERPRETAO DE TEXTOS NA UNIVERSIDADE:

    DA DECODIFICAO LEITURA CRTICA

    Urbano Cavalcante Filho (UESC, UFBA, IFBA) [email protected]

    1. Introduo

    Todos ns lemos a ns e ao mundo nossa volta para vislumbrar o que somos e onde estamos. Lemos para compreender, ou para comear a compreender. No podemos deixar de ler.

    (Alberto Manguel)

    A leitura uma habilidade indispensvel vida social. atravs dela que entendemos o mundo e interagimos com o outro, seja nos estu-dos, na nossa comunicao, na forma de nos expressarmos, nos conheci-mentos que ela nos proporciona. A necessidade pela leitura e pelo dom-nio da linguagem escrita em nossa sociedade cada vez mais intensa.

    No mundo de hoje, so muitas as situaes que exigem, cada vez mais, indivduos com habilidades diversas em comunicao, capacidade leitora e interpretativa e boa desenvoltura redacional.

    Dessa forma, este texto, se utilizando de uma linguagem marca-damente didtica, objetiva a apresentar e discutir os principais aspectos relacionados ao processo de leitura, em especial da leitura informativa ou de estudo, a fim de preparar o acadmico enquanto leitor proficiente dos mais variados gneros textuais que circulam na universidade. Com isso, o desenvolvimento dessa exposio perpassar os seguintes objetivos: i) conceituar leitura; ii) identificar os diferentes tipos de leitura e as fases da leitura de estudo; iii) reconhecer os nveis de leitura de um texto; iv) i-dentificar os passos necessrios para a garantia de uma leitura satisfatria de diferentes textos; v) ler, analisar e interpretar textos. Tomamos como alicerce terico os postulados de Andrade (1999), Freire (1989), Medei-ros (2004), Paulo et al. (2001), Severino (2002) e, principalmente, as re-flexes apresentadas por Cavalcante Filho (2010).

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    Cadernos do CNLF, Vol. XV, N 5, t. 2. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2011 p. 1722

    2. Ler, leitura... O que isso?

    O entendimento do conceito de leitura ultrapassa a concepo de decodificao do cdigo escrito. Ou seja, a habilidade que se deve ter de leitura no somente reconhecer e traduzir slabas ou palavras (signos lingusticos), em sons, isoladamente (a decodificao), mas atribuir significado quilo que lido.

    Buscando a definio do Dicionrio Eletrnico Houaiss da Ln-gua Portuguesa, encontramos que leitura :

    1. ato de decifrar signos grficos que traduzem a linguagem oral; arte de ler. 2. ao de tomar conhecimento do contedo de um texto escrito, para se distrair ou se informar. 3. maneira de compreender, de interpretar um texto, uma men-sagem, um acontecimento. 4. ato de decifrar qualquer notao; o resultado desse ato.

    No entanto, para compreendermos, de fato, o fenmeno da leitura, no basta o seu sentido dicionarizado. Por isso, vamos buscar a definio apresentada por Lajolo (1982, p. 59), que afirma:

    Ler no decifrar, como num jogo de adivinhaes, o sentido de um tex-to. a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacio-n-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono da prpria vontade, entregar-se a esta leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra no prevista.

    Nesse sentido, segundo a autora, a leitura um processo de inter-locuo entre leitor/autor mediado pelo texto. uma espcie de encontro com o autor, que est ausente, mas mediado pela palavra escrita.

    Paulino et al (2001, p. 11), ao discutirem o conceito de leitura, partem da etimologia da palavra ler, que vem do latim legere. Segundo os autores, na origem do vocbulo, encontram-se trs significados: pri-meiro, ler significa soletrar, agrupar as letras em slabas; segundo, ler es-t relacionado ao ato de colher, a leitura passa a ser a busca de sentidos no interior do texto, nessa concepo os sentidos vivem no texto, basta que eles sejam retirados, colhidos como uvas no vinhedo; e, terceiro e l-timo sentido apontado vincula o ler ao roubar, isto , o leitor tem a possi-bilidade de tirar do texto sentidos que estavam ocultos, o leitor cria at significados que, em princpio, no tinha autorizao para construir. Nes-ta ltima acepo, o sentido nasce das vontades do leitor - o autor escreve o texto, mas quem lhe confere vida o leitor.

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    p. 1723 Cadernos do CNLF, Vol. XV, N 5, t. 2. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2011

    2.1. Ler importante? Qual a finalidade da leitura?

    Ler adequadamente mais do que ser capaz de decodificar as pa-lavras ou expresses linearmente ordenadas em sentenas ou textos. Se as pessoas lessem assim, no seriam capazes de perceber quando um tex-to irnico, no entenderiam indiretas e duplos sentidos, muitos avi-sos, e, alm disso, a maior parte das piadas e textos de propaganda, por exemplo.

    Assim, ler adequadamente sempre o resultado da considerao de dois tipos de fatores: os propriamente lingusticos (ou significados li-terais das palavras, os fatores sintticos etc.) e os contextuais ou situacio-nais (que podem ser de natureza bastante variada). O bom leitor, por e-xemplo, aquele capaz de integrar, ao interpretar um texto, estes dois ti-pos de fatores. Mas ser que todos os tipos podem ser lidos da mesma maneira?

    As finalidades da leitura esto relacionadas com as diversas mo-dalidades de leitura. Em alguns momentos, lemos com o objetivo de ad-quirir conhecimentos, noutros momentos buscamos simplesmente lazer ou entretenimento. Por isso que, da forma que lemos um jornal ou uma revista, em que a leitura pode ter como finalidade a informao, sobre fa-tos ou notcias, no lemos um romance, cuja finalidade a distrao, o entretenimento.

    3. Tipos de leitura

    Partindo do pressuposto de que os textos no so lidos da mesma maneira, interessa-nos perguntar: se h diferentes textos, quais so os ti-pos diferentes de leitura?

    Dentre os diversos tipos de leitura apresentados por muitos auto-res, podemos sintetizar, com base em Andrade (1999, p. 19-20), em: i) leitura de higiene mental ou recreativa; ii) leitura tcnica; 3) leitura de in-formao; e 4) leitura de estudo.

    A leitura de higiene mental (ou recreativa) tem como objetivo tra-zer satisfao inteligncia, a distrao, o entretenimento, o lazer. o caso da leitura de romances, revistas em quadrinhos etc. A leitura tcnica implica, muitas vezes, a habilidade de ler e interpretar tabelas e grficos. Por exemplo: relatrios ou obras de cunho cientfico. J a leitura de in-formao est ligada s finalidades da cultura geral. Por fim, temos a lei-

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    Cadernos do CNLF, Vol. XV, N 5, t. 2. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2011 p. 1724

    tura de estudo, que visa coleta de informaes para determinado prop-sito, aquisio e ampliao de conhecimentos.

    De todos esses tipos de leitura, interessa-nos aprender como reali-zar uma leitura informativa ou de estudo, j que, a todo momento, no mbito acadmico nos deparamos com textos tcnicos, tericos, de cunho filosfico-cientfico Para isso, precisa dominar as fases e as estratgias necessrias para a realizao de uma leitura adequada e satisfatria dos seus textos, principalmente daqueles que constituem seu material de es-tudo.

    3.1. Fases da leitura informativa ou de estudo

    Como visto, a leitura informativa ou leitura de estudos tem como objetivo adquirir e ampliar nossos conhecimentos, coletar dados e infor-maes que sero utilizados na elaborao de um trabalho cientfico ou para responder questes especficas, sendo muito utilizada nas escolas, faculdades ou quando nos interessamos em conhecer algo novo. Por isso, alm de conhecermos os aspectos para uma leitura proveitosa, muito importante que conheamos as fases da leitura informativa ou de estudo.

    Segundo Cervo & Bervian (1983, apud ANDRADE, 1999, p. 20-21), as fases da leitura informativa ou de estudo so:

    i) leitura de reconhecimento ou pr-leitura: tambm classificada por outros autores como leitura prvia ou de contato, tem como finalidade dar uma vi-so global do assunto, ao mesmo tempo em que permite ao leitor verificar a existncia ou no de informaes teis para o seu objetivo especfico; trata-se de uma leitura rpida, por alto, apenas para permitir um primeiro conta-to com o texto;

    ii) leitura seletiva: o objetivo a seleo de informaes mais importantes e que interessam elaborao do trabalho em perspectiva;

    iii) leitura crtica ou reflexiva: leitura de anlise e avaliao das informaes e das intenes do autor. A reflexo se d por meio da anlise, comparao e julgamento das ideias contidas no texto;

    iv) leitura interpretativa: a mais completa, o estudo aprofundado das ideias principais, onde se procura saber o que realmente o autor afirma, quais os dados e informaes ele oferece, alm de correlacionar as afirmaes do au-tor com os problemas em questo.

    Feita a anlise e o julgamento daquilo que foi lido, o leitor est apto agora para fazer a sntese de tudo o que leu, a integrar os dados des-cobertos durante a leitura ao seu cabedal de conhecimentos.

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    4. Nveis de leitura: os degraus da escada

    Geralmente, no primeiro contato com qualquer tipo de texto, nor-malmente o leitor se depara com a dificuldade de encontrar unidade por trs de tantos significados que o texto apresenta em sua superfcie. Por isso que, para realizarmos uma leitura proveitosa, preciso que saibamos os nveis pelos quais devemos passar para alcanarmos nosso objetivo de leitor.

    Segundo Mortimer J. Adler e Charles Van Doren (1940 apud MEDEIROS, 2004, p. 35), os nveis de leitura de um texto so:

    i) elementar: leitura bsica ou inicial. Ao leitor cabe reconhecer cada palavra de uma pgina. Leitor que dispe de treinamento bsico e adquiriu rudimentos da arte de ler;

    ii) inspecional: caracteriza-se pelo tempo estabelecido para a leitura. Arte de fo-lhear sistematicamente;

    iii) analtica: minuciosa, completa, a melhor que o leitor capaz de fazer. ati-va em grau elevado. Tem em vista principalmente o entendimento;

    iv) sintpica: leitura comparativa de quem l muitos livros, correlacionando-os entre si. Nvel ativo e laborioso de leitura.

    5. Tipos de anlise de texto

    Para que nos tornemos um bom leitor, preciso que saibamos a-nalisar os textos com os quais nos deparamos, realizando uma leitura significativa e proveitosa destes. Com base em Severino (2002, p. 51-58), as etapas de anlise de um texto so:

    i) anlise textual: esta a primeira abordagem do texto com vistas preparao da leitura. Uma espcie de primeira leitura do texto, buscando uma viso pa-normica, o que permite ao leitor sentir o estilo de escrita do autor e a estrutu-ra do texto. Nessa etapa, preciso que o leitor busque esclarecimentos para melhor compreenso do texto: a) dados a respeito do autor do texto (busca que fornecer elementos teis para uma elucidao das ideias expostas no texto); b) estudo do vocabulrio (levantamento dos conceitos e dos termos fundamen-tais para a compreenso do texto); c) esquematizao do texto (que permitir apresentar uma viso do conjunto da unidade); e d) resumo do texto com as ideias mais relevantes;

    ii) anlise temtica: a etapa em que se procura ouvir o autor, apreender, sem in-tervir nele, o contedo da mensagem. aqui que fazemos uma srie de per-guntas ao texto, como: de que fala o texto? como o texto est problematizado? qual dificuldade deve ser resolvida? qual problema a ser solucionado? como o autor responde dificuldade, ao problema levantado? que ideias paralelas (se-cundrias) so apresentadas ao tema central?

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    Cadernos do CNLF, Vol. XV, N 5, t. 2. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2011 p. 1726

    iii) Anlise interpretativa: interpretar, em sentido restrito, tomar uma posio prpria a respeito das ideias enunciadas, ler nas entrelinhas. Nessa etapa, que a mais difcil e delicada, o leitor deve: a) situar o texto no contexto da vida e da obra do autor, assim como no contexto da cultura de sua especialidade, tan-to do ponto de vista histrico, quando do ponto de vista terico; b) associar as ideias do autor com outras ideias relacionadas mesma temtica; c) exercer uma atitude crtica diante das posies do autor em termos de validade dos ar-gumentos empregados, originalidade do tratamento dado ao problema que est sendo discutido, profundidade da anlise do tema, alcance de suas concluses e consequncias e apreciao e juzo pessoal das ideias defendidas. Essa estra-tgia tambm chamada de leitura crtica; d) problematizao: trata-se da dis-cusso do texto; o levantamento e debate de questes explcitas ou implcitas no texto; e e) sntese pessoal: a reelaborao da mensagem com base na re-flexo pessoal.

    6. Como garantir um bom resultado durante a leitura de um texto?

    Para que possamos, enquanto leitores de um texto, coletar infor-maes, verificando a validade de tais informaes, comparando-as ao seu conjunto de referncias, procurando argumentos ou outras informa-es para sustentar nossas posies, preciso que estabeleamos alguns passos a serem dados no alcance desse nvel desejvel de leitura (A-BAURRE; PONTARA; FADEL, 2003, p. 289-291). So eles:

    1 PASSO: Delimitar a unidade de leitura (seleo) - O primeiro passo a ser tomado pelo leitor o estabelecimento da unidade de leitura, que o setor do texto que forma uma totalidade de sentido. Podemos considerar um captulo, uma seo ou qualquer outra subdiviso. Ou seja, o autor se atm apenas a parte do contedo que lhe interessa.

    2 PASSO: Identificar o tema do texto - Esse passo nos indica que precisamos fazer as seguintes perguntas ao texto: do que trata o texto? qual seria o seu foco principal (assunto em torno do qual as informaes se organizam)? qual o grau de conhecimento que tenho sobre esse tema: alto (que me permita avaliar o que dito no texto a ser lido), mdio (posso obter informaes ainda ignoradas) ou baixo (em que difcil julgar a qualidade das informaes oferecidas pelo texto?)

    3 PASSO: Localizar o texto no tempo e no espao - Nesse passo, devemos perguntar ao texto: quem o seu autor? quando o escreveu? quais as condies da poca em que produziu sua obra? quais as princi-pais caractersticas de seu pensamento? quais as influncias que recebeu e tambm exerceu?

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    4 PASSO: Elaborar uma sntese do texto - Nesse passo, ser exi-gido que o leitor faa uma seleo e uma organizao dos elementos mais importantes do texto, estabelecendo um critrio de relevncia (o que mais importante? o que menos importante?)

    5 PASSO: Organizar as prprias ideias com relao aos elemen-tos relevantes - Nesse ponto, preciso um posicionamento do leitor que decorrer da avaliao do que foi dito com base nos critrios que se re-solveu adotar para a elaborao da sntese. importante verificar os co-nhecimentos prvios que se j possui sobre o tema. Com base nesses co-nhecimentos, adota-se uma posio em relao s novas informaes: concorda com elas? discorda delas? por qu?

    6 PASSO: Demonstrar capacidade para interpretar dados e fa-tos apresentados - Agora, a partir das relaes estabelecidas, o leitor de-ver construir uma resposta para a seguinte pergunta: que sentido faz o que eu acabei de ler?

    7 PASSO: Elaborar hipteses explicativas para fundamentar sua anlise das questes tematizadas no texto - O leitor deve procurar uma explicao para a razo de elas serem o que so. A elaborao das hip-teses explicativas para o conjunto de informaes obtidas pela leitura do texto vai alm do que foi dito pelo autor e permite que se construa um novo conhecimento acerca da questo tematizada. Estamos, pois, diante da concluso do processo de leitura e construo de sentido do texto, isto , a apropriao do texto lido pelo leitor.

    Todos esses passos sugeridos para a garantia de uma boa leitura podem ser sintetizados nos cinco elementos que todo leitor deve identifi-car num texto. Ei-los:

    i) TEMA ideia central ou assunto tratado pelo autor, o fenmeno que se discu-te no decorrer do texto;

    ii) PROBLEMA aquilo que provocou o autor, isto , pode ser visto como o questionamento de motivao do autor;

    iii) TESE: a ideia de afirmao do autor a respeito do assunto. O que o autor fala sobre esse tema? Que posio assume, que ideia defende? O que quer demons-trar?

    iv) OBJETIVO a finalidade que o autor busca atingir. O objetivo pode estar im-plcito ou explcito no texto;

    v) IDEIAS CENTRAIS ideias principais do texto. A cada pargrafo podemos selecionar ideias centrais ou secundrias.

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    Cadernos do CNLF, Vol. XV, N 5, t. 2. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2011 p. 1728

    7. Consideraes finais

    Nesse texto, vimos que a leitura parte essencial na vida em soci-edade. atravs dela que nos comunicamos, interagimos com o outro, adquirimos conhecimento etc. Por isso, ler muito mais do que decifra-o do cdigo escrito, muito mais do que o reconhecimento das letras, das palavras... Ler , antes de tudo, atribuio de sentido ao que se l. Realizamos a leitura por diversas finalidades: para adquirirmos conheci-mento, para distrairmos, para nos mantermos informados etc. Para cada finalidade de leitura, h um tipo especfico de leitura;

    Para finalizar, para a garantia de um nvel desejvel de leitura, preciso que se obedea a alguns passos, como a identificao de elemen-tos bsicos do texto, como: tema, problema, tese, objetivos, ideias cen-trais.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICA

    ABAURRE, Maria Luiza; PONTARA, Marcela Nogueira; FADEL, Ta-tiana. Portugus: lngua e literatura. 2. ed. So Paulo: Moderna, 2002.

    ANDRADE, Maria Margarida de. Introduo metodologia do trabalho cientfico. 4. ed. So Paulo: Atlas, 1999.

    FREIRE, Paulo. A importncia do ato de ler: em trs artigos que se com-pletam. 23. ed. So Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989.

    MEDEIROS, Joo Bosco. Redao cientfica: a prtica de fichamentos, resumos, resenhas. So Paulo: Atlas, 2004.

    PAULINO, Graa et al. Tipos de texto, modos de leitura. Belo Horizonte: Formato, 2001.

    SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho cientfico. 22. ed. rev. e ampl. de acordo com a ABNT. So Paulo: Cortez, 2002.