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Alternativas a televisão comercial: análise histórico-comparativa do surgimento de emissoras educativas e/ou públicas no Brasil e no México. EDUARDO AMANDO DE BARROS FILHO * Há muito tempo, a televisão tem se constituído em um dos principais, senão o mais abrangente, meio de comunicação social no mundo ocidental, sendo que, no Brasil e no México, ela tem sido o principal veículo de entretenimento e informação da grande maioria da população, sobremaneira desde os anos de 1970. Sua ampla abrangência social tem formado e influído opiniões sobre questões nacionais e internacionais bem como tem colaborado para alterar comportamentos. No início de sua trajetória, o meio dispôs de dois modelos de operação: o público, notadamente na Grã-Bretanha, França, Alemanha e Itália; e o comercial, com destaque para os EUA. Em momentos posteriores e diferenciados, países europeus ocidentais passaram a operar a TV dentro do modelo misto, ou seja, público, quase sempre mais arrojado, e o comercial. Contudo, nos EUA, a operação pública da TV pouco se desenvolveria. No Brasil e no México, a televisão nasceria e se desenvolveria em grande medida a partir da iniciativa privada e sob o modelo comercial. Iniciativas oficiais, voltadas para emissões públicas de TV, somente viriam a ser empreendidas pelo Estado brasileiro e o mexicano após quase duas décadas de operação do meio em seus territórios. Entretanto, em muitos países da América Latina, e em diversos estágios do seu desenvolvimento, predominou um modelo de televisão de governo. Na maioria dos países latino-americanos, existiu e persistem emissoras chamadas públicas apenas pelo fato de pertencerem ao Estado ou alguma comunidade, em decorrência de dependerem de subvenções de governos. Nesses casos, o caráter “público” da televisão se dá mais pela questão de quem é o proprietário do que pela missão ou filosofia da emissora. Como destaca Rincón, tais investimentos televisivos carecem de um projeto que englobe conceitos de cidadania, sociedade civil e consumo cultural. O potencial de transformação do caráter público estaria minado caso a definição de TV pública se referisse apenas ao aspecto governamental, o que deixaria o meio como presa fácil à manipulação política e à corrupção. Não por acaso, a televisão na América Latina tem sido utilizada para benefício e propaganda do poder, como * Mestre em História pela FCL – UNESP/Assis.

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  • Alternativas a televiso comercial: anlise histrico-comparativa do surgimento de emissoras educativas e/ou pblicas no Brasil e no Mxico.

    EDUARDO AMANDO DE BARROS FILHO

    H muito tempo, a televiso tem se constitudo em um dos principais, seno o mais abrangente, meio de comunicao social no mundo ocidental, sendo que, no Brasil e no Mxico, ela tem sido o principal veculo de entretenimento e informao da grande maioria da populao, sobremaneira desde os anos de 1970. Sua ampla abrangncia social tem formado e infludo opinies sobre questes nacionais e internacionais bem como tem colaborado para alterar comportamentos. No incio de sua trajetria, o meio disps de dois modelos de operao: o pblico, notadamente na Gr-Bretanha, Frana, Alemanha e Itlia; e o comercial, com destaque para os EUA. Em momentos posteriores e diferenciados, pases europeus ocidentais passaram a operar a TV dentro do modelo misto, ou seja, pblico, quase sempre mais arrojado, e o comercial. Contudo, nos EUA, a operao pblica da TV pouco se desenvolveria. No Brasil e no Mxico, a televiso nasceria e se desenvolveria em grande medida a partir da iniciativa privada e sob o modelo comercial. Iniciativas oficiais, voltadas para emisses pblicas de TV, somente viriam a ser empreendidas pelo Estado brasileiro e o mexicano aps quase duas dcadas de operao do meio em seus territrios. Entretanto, em muitos pases da Amrica Latina, e em diversos estgios do seu desenvolvimento, predominou um modelo de televiso de governo. Na maioria dos pases latino-americanos, existiu e persistem emissoras chamadas pblicas apenas pelo fato de pertencerem ao Estado ou alguma comunidade, em decorrncia de dependerem de subvenes de governos. Nesses casos, o carter pblico da televiso se d mais pela questo de quem o proprietrio do que pela misso ou filosofia da emissora. Como destaca Rincn, tais investimentos televisivos carecem de um projeto que englobe conceitos de cidadania, sociedade civil e consumo cultural. O potencial de transformao do carter pblico estaria minado caso a definio de TV pblica se referisse apenas ao aspecto governamental, o que deixaria o meio como presa fcil manipulao poltica e corrupo. No por acaso, a televiso na Amrica Latina tem sido utilizada para benefcio e propaganda do poder, como

    Mestre em Histria pela FCL UNESP/Assis.

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    so os casos lapidares da TVN (Televiso Nacional do Chile) sob o governo de Pinochet e a TNP (Televiso Nacional Peruana) no perodo poltico de Fujimori (RINC, 2002, p. 332-4).

    A televiso surgiu, na Amrica Latina, durante as dcadas de 1950 e 1960, quando a maior parte dos pases estava sob algum tipo de regime autoritrio: Batista em Cuba, Pern na Argentina, Pres Jimenez na Venezuela, Rojas Pinilla na Colmbia, Odra no Peru, Stroessner no Paraguai e Ovaldo Canda na Bolvia. Sendo assim, grande parte dos pases latino-americanos optou por comear com uma televiso estatal sob o controle do governo (CIFUENTES, 2002, p. 133). Excees a essa regra, alm de no Brasil e no Mxico, apresentou-se no Uruguai e no Chile.

    No Chile, a implantao da TV no se deveu essencialmente ao capital privado nem propriamente ao poder pblico central, mas sim da experimentao tcnica das universidades e ficou durante anos confiada a elas (ZOLEZZY; CASTELLN; ARAOS, 2000, p. 119-20). Por outro lado, o incio das transmisses televisivas no Uruguai originrio da iniciativa privada. As primeiras transmisses permanentes comearam no dia 7 de dezembro de 1956, com a TV Saeta, Canal 10, pertencente ao grupo Fontaina Defeo (AMAYA; CALCAGNO, 2000, p. 177-8). A televiso uruguaia teve um desenvolvimento mais modesto, diferentemente da mexicana e da brasileira, que concorrem nos grandes mercados televisivos mundiais. Tanto no Brasil quanto no Mxico a televiso nasceu da iniciativa privada, desenvolvendo-se em grande medida dessa forma. A inaugurao oficial da TV mexicana ocorreu no dia 31 de agosto de 1950, quando foram ao ar imagens do Canal 4 XHDF-TV, primeira emissora da Amrica Latina, cuja concesso foi outorgada a Rmulo OFarril Filho e funcionando sob a denominao Televiso do Mxico (ELENES, 2000, p. 150). No Brasil, no dia 18 de setembro daquele mesmo ano, foram ao ar as primeiras imagens da TV Tupi, canal 3, de So Paulo, segunda emissora da Amrica Latina, cujo concessionrio era Assis Chateaubriand (SIMES, 2004, p. 17).

    O perodo de surgimento da televiso tanto no Brasil quanto no Mxico foi marcado pelo avano do parque industrial nacional e crescimento dos centros urbanos, avolumando o mercado urbano-industrial. No Mxico, a televiso surgiu durante o chamado milagre mexicano (1940-1968), que teve como principais caractersticas uma ntida estabilidade

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    poltica e um notrio crescimento econmico. importante ressaltar que o Estado construdo aps a Revoluo Mexicana (1910-1920) implantou uma poltica protecionista e nacionalista, que propiciou resultados econmicos positivos (AQUILAR CARMN; MEYER, 2000, p. 211-67). No Brasil, a TV surgiu e teve seus primeiros avanos durante o embate poltico-econmico que, travado desde o final do Estado Novo at o golpe civil-militar de 1964, era pautado pela disputa, permeada de avanos e recuos, entre dois projetos de desenvolvimento: o nacionalista e o associado ao capital internacional. O primeiro projeto se caracterizava pela busca de certa margem de autonomia frente aos Estados Unidos para impulsionar o projeto de desenvolvimento industrial, alicerado em certa perspectiva de reforma social. O segundo grupo se apoiava em certo liberalismo econmico, sendo caracterizado pelos seus detratores, nacionalistas e foras da esquerda, como entreguistas, dado o entendimento generalizado de que os seus defensores desejavam entregar o pas ao capital externo, sobremodo ao norte-americano (VIZENTINI, 2003. p. 197-8).

    Em sua primeira dcada, tanto em terras brasileiras como mexicanas, a televiso se estabeleceu nos principais centros urbano-industriais. As iniciativas de implantao de emissoras de TV, a concorrncia no setor e as inovaes na programao televisiva ficaram restritas, praticamente, no Brasil, ao eixo Rio-So Paulo (BUSETTO, 2007, p. 195), e no Mxico, capital do pas (RUIZ, 1988, p. 30). Nos dois casos. a televiso foi quase que exclusivamente assistida por uma elite, pois os televisores eram ainda vendidos a um preo muito alto. Outra caracterstica marcante desse primeiro momento da televiso brasileira e mexicana foram os improvisos e as limitaes tcnicas dos equipamentos, resultando em uma baixa qualidade sonora e visual. A televiso s existia onde estavam erguidas as antenas de transmisso. Os telespectadores podiam capt-la num raio mximo de 100 quilmetros em torno do transmissor que gerava as imagens. Sendo assim, cada estao de TV tinha de prover a prpria programao (DORELLA, 2012, p. 187). Apesar desses entraves, nos dois pases, a televiso foi sendo conhecida aos poucos, inclusive, por meio de propagandas em rdios, jornais e revistas (BARROS FILHO, 2011, p. 119-20; DORELLA, 2012, p. 187).

    Tanto no Brasil quanto no Mxico, mesmo sendo adotada primeiramente pela iniciativa privada, a televiso foi se desenvolvendo com slidos vnculos com o poder

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    pblico. Um exemplo da contribuio do governo federal brasileiro para o crescimento da televiso foram os emprstimos vantajosos e subsidiados, concedidos por bancos pblicos a emissoras privadas (HAMBURGUER, 1998, p. 454). No por acaso, no final da dcada de 1950, j existiam no Brasil dez emissoras de televiso em pleno funcionamento (MATTOS, 2002, p. 86).

    Percebendo a importncia estratgica da rea de comunicao, os governos federais, brasileiro e mexicano, promulgaram, no incio da dcada de 1960, uma legislao que, entre outras disposies, regulamentava o setor televisivo. Dez anos aps o surgimento oficial da televiso mexicana, durante o mandato de Adolfo Lpes Mateos, promulgada a Ley Federal de Radio y Television (JIMNEZ-OTTALENGO, 1976, p. 620). No Brasil, em 1962, o governo Goulart fez aprovar o Cdigo Brasileiro de Telecomunicaes (CBT). Este, apesar de elaborado em tempos de vigncia da democracia, no deixou de contar, em sua elaborao, com a significativa e marcante presena de representantes das Foras Armadas, as quais j se identificavam plenamente com a sinistra Doutrina de Segurana Nacional.1 Com suas leis de telecomunicaes, abriu-se campo para a consolidao, no Brasil e no Mxico, diferentemente do que ocorrera em larga escala na Europa, de um modelo comercial privado de rdio e televiso, com um sistema de concesses pblicas, ainda que preservando o direito da Unio de executar direitos idnticos e sucessivos (BOLAN, 2007, p. 620).

    Entretanto, com a instaurao do regime militar no Brasil, configurava-se um segundo ciclo para a televiso brasileira. O setor televisivo recebeu amplos investimentos e se desenvolveu acentuadamente quando comparado ao perodo pr-64. Com polticas voltadas para ampliao do mercado interno para produtos industrializados e a integrao nacional, sobremaneira pela comunicao eletrnica, alm de planos para poder contar com um meio abrangente e eficaz a servio da propaganda do regime, o governo militar brasileiro e o revolucionrio mexicano consolidaram a expanso da TV nos dois pases, especificamente, por meio da constituio de uma infraestrutura para servios nacionais e internacionais de telecomunicaes (AQUILAR CARMN; MEYER, 2000, p. 277-9; MATTOS, 2002, p. 88-

    1 Os objetivos da Doutrina de Segurana Nacional vinculados s telecomunicaes eram a integrao nacional,

    integridade territorial, preservaes dos valores morais e espirituais da nao e paz social (BORGES, 2003, p. 13-42).

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    93). Dessa forma, durante o ano de 1963, iniciaram-se as transmisses via satlite no Mxico com a Telstar11 (ELENES, 2000, p. 157). No Brasil, em 1965, criada a Empresa Brasileira de Telecomunicaes (Embratel), a qual tinha, entre outras, a finalidade de controlar e distribuir as transmisses de televiso. Com a Embratel, o governo federal deu incio, tambm, a transmisses via satlite (SIMESS, 2004, p. 27). Essas medidas propiciaram as condies necessrias para o estabelecimento de verdadeiras redes de tev, uma vez que a programao das emissoras poderia ser exibida diretamente em vrias partes dos territrios brasileiro e mexicano.

    Desde a dcada de 1930, durante o governo Crdenas, o Estado mexicano apoiou a explorao dos sistemas de radiodifuso por empresas privadas (DORELLA, 2012, p. 187). A TV no Mxico foi marcada pelo relacionamento entre o regime do partido de Estado e os concessionrios privados, desde Emilio Azcrraga, Rmulo OFarril e Enrique Gonzles Camarena, passando pelo Telesistema Mexicano (TSM), e a constituio da Televisa (CIFUENTES, 2002, p. 134). A famlia OFarril possua editoras, jornais, revistas e rdios, e o grupo Azcrraga foi pioneiro na radiodifuso comercial e proprietrio de cinemas na Cidade do Mxico (ESPINO, 1979, p. 1439-53). Em 1949, o ento presidente do Mxico, Miguel Alemn, concedeu a frequncia do Canal 4 a Rmulo OFarril. No ano seguinte, foi outorgada a concesso oficial para a explorao comercial do Canal 5 ao engenheiro Gonzles Camarena. Em 1951, inaugurou-se o Canal 2, cuja concesso era da empresa Televimex, de propriedade da famlia Azcrraga (ELENES, 2000, p. 150-1).

    O Telesistema Mexicano foi institudo, em janeiro de 1955, da fuso dos canais 2, 4 e 5. Em 1968, iniciaram-se as transmisses do Canal 8, pertencente ao grupo Visa (Valores Industriales), dirigido por Eugenio Garza Laguera. O nome Televisa (Television Via Satlite) surgiu, em 1973, da fuso entre o Telesistema Mexicano (Canais 2, 4, 5) e a Television Independente de Mxico (Canal 8) (ELENES, 2000, p. 155-7). O monoplio criado na dcada de 1950 e o grande conglomerado formado durante os anos de 1970 demonstraram as facilidades dadas pelo governo mexicano para o desenvolvimento lucrativo da indstria televisiva do entretenimento. A Televisa, apesar de atuar com capital privado, desenvolveu-se estreitamente vinculada aos interesses do governo unipartidrio mexicano, inclusive

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    convivendo com denncias sobre suas ambies e a conivncia com o Estado em possveis atuaes ilcitas (DORELLA, 2012, p. 186; ESPINO, 1979, p. 1439-53).

    No Brasil, as medidas polticas e tecnolgicas do governo militar, que permitiriam a integrao nacional via TV e a formao de verdadeiras redes de televiso, valeram primeiramente TV Globo, de Roberto Marinho, o qual pde criar sua rede de televiso e posicion-la como lder de audincia, graas tambm a benefcios oficiais diretos, conquistados em virtude de sua proximidade com o regime militar. No por acaso, a rede de TV de Roberto Marinho pde empreender e institucionalizar o Padro Globo de Qualidade, igualando-se s maiores redes de TV do mundo bem como se posicionando acima de qualquer possvel concorrncia no territrio nacional, mesmo inviabilizando-a. (BUSETTO, 2007, p. 197-8)

    Os interesses polticos do regime militar brasileiro e do governo unipartidrio mexicano e as necessidades de comunicao criadas pelo desenvolvimento do capitalismo no Brasil e no Mxico, com a ampliao do mercado interno, o qual cada vez mais passava a investir a maior parte de suas verbas publicitrias na TV, possibilitaram que a televiso se posicionasse, a partir da dcada de 1970, como o principal meio de obteno de informaes nacionais e internacionais, assim como nica fonte de entretenimento e cultura para a maioria dos grupos social e culturalmente desfavorecidos dos dois pases (BUSETTO, 2007, p. 204; RUIZ, 1988, p. 30-1).

    No Brasil, a TV Globo foi responsvel por certa atribuio tcita de inventariar e consolidar os aspectos constitutivos da nacionalidade nas esferas ntima, privada e pblica, colaborando, a seu modo, para a constituio de uma identidade nacional (BUCCI, 2004, p. 229). No Mxico, a Televisa foi responsvel por difundir uma imagem triunfalista que, amparada por redes de uma cultura comum e apoltica voltada a setores to contrastados da populao mexicana, destinava-se a provocar consenso, construdo sobre inspirao norte-americana (GRUZINSKI, 2006, p. 299).

    Com base no padro televisivo norte-americano, as emissoras comerciais brasileiras e mexicanas tiveram, predominantemente, uma preocupao expressiva em associar informao ao entretenimento e ao lucro e, diferentemente das experincias televisivas europeias,

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    colocaram a questo cultural em segundo plano. Tanto no Brasil quanto no Mxico, o desenvolvimento da televiso teve como resultado uma programao popular, apoiada nas novelas, programas de auditrio, seriados e filmes americanos (ELENES, 2000, p. 161-6; MICELI, 2005, p. 28).

    Segundo Alexandre Bergamo, a ideia de que a dramaturgia brasileira havia chegado ao ridculo, na dcada de 1960, s faz sentido se levar em conta que a referncia utilizada para pens-la era o teatro. Esse seria o momento em que a fico feita por profissionais vindos do rdio comeava a se distanciar do teatro e se aproximar do pblico do rdio que passava a possuir televisores. O que ocorreu que o povo, antes tomado como sendo o pblico dos teledramas, passou tambm a ser a principal fonte de inspirao para os folhetins televisivos (BERGAMO, 2010, p. 70-1). Tal anlise, apesar de ter sido feita levando em considerao a televiso brasileira, pode ser estendida, perfeitamente, TV mexicana. Sendo assim, a consolidao da televiso como meio de comunicao de massa no Brasil e no Mxico convive, ento, com intensos debates acerca do papel social desse meio e seu eterno dilema entre entreter ou conscientizar as massas (GRUZINSKI, 2006, p. 299; RIBEIRO; SACRAMENTO; ROXO, 2010, p. 108).

    Desde o segundo ps-guerra, quando a televiso comeava a ocupar um considervel espao na vida cotidiana e, paulatinamente, a sua influncia na vida social estava sendo percebida por alguns representantes de segmentos sociais, os modelos televisivos passaram a ser mais firmemente discutidos, sobretudo os riscos da informao nica que o meio podia gerar. Percebe-se, assim, a necessidade de alargar o conjunto das emisses. Demanda que reacende o debate, em pases da Europa ocidental e nos Estados Unidos, sobre os dois modelos televisivos: o pblico e o privado (JEANNENEY, 1996, p. 241).

    Durante os primeiros anos de existncia da televiso no Brasil e no Mxico, no havia referncia concreta a qualquer modelo de operao do meio que no fosse o comercial. No entanto, setores da imprensa impressa brasileira se ocuparam em apresentar experincias internacionais, principalmente, as mais largamente efetivadas na Inglaterra e outras poucas tentadas nos Estados Unidos, sem, contudo, deixar de compar-las carncia ou

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    inconsistncia de iniciativas nacionais com relao utilizao da televiso brasileira com propsitos educacionais (BARROS FILHO, 2011, 261).

    Apesar do estabelecimento de um modelo televisivo comercial em ambos os pases, ancorado em uma programao que priorizava o entretenimento, visando audincia e, principalmente, aos rendimentos das emissoras, existiram iniciativas voltadas utilizao do meio com propsitos educativos. Tanto no Brasil quanto no Mxico, desde o incio dos anos de 1950, os programas educativos estiveram presentes, porm, com espaos reduzidos na composio das grades de programao televisiva. Como exemplo, podem-se citar as transmisses educativas, sobretudo para crianas, exibidas pelos canais mexicanos 4 e 5, como El Club Quintino, Teatro Fantstico e El coronel Gikturpin (ELENES, 2000, p. 154). No Brasil, pode-se notar o surgimento dos primeiros cursos de educao via televiso, como os cursos destinados s mulheres, com aulas de ingls e artes culinrias, exibidos pela TV Tupi, de So Paulo, e o programa destinado a ensinamentos de como proceder no trnsito, veiculado pela TV Tupi do Rio de Janeiro (BARROS FILHO, 2011, 62).

    No final da dcada de 1950 e incio da de 1960, pululavam pelo mundo expectativas sobre os ricos frutos a serem colhidos em decorrncia do uso da televiso de forma educativa. No Brasil e no Mxico, alm do aumento de programas educativos, inclusive por meio de parcerias entre as emissoras privadas e universidades e/ou poder pblico, ainda que em nmero nfimo, quando comparado aos demais gneros, surgiram as primeiras emissoras educativas. No Mxico, em 1959, XEIP-Canal 11, do Instituto Politcnico Nacional (instituio pblica de educao superior), considerada a primeira emissora educativa da Amrica Latina, iniciaram-se as transmisses na Cidade do Mxico. Em 1960, no Brasil, foi criada a TV Cultura, Canal 2, de So Paulo, instituda com vistas emisso de programao cultural/educativa, fruto da iniciativa de Assis Chateaubriand, proprietrio de amplo condomnio comunicacional que, inclusive, operava diversas emissoras de TV (BARROS FILHO, 2011, p. 121; ELENES, 2000, p. 151-2).

    Alguns anos adiante, as definies e iniciativas em direo a uma televiso educativa foram encampadas pelo Estado brasileiro, ento sob o regime militar, e mexicano, sob o governo revolucionrio. Nessa direo, foi criada, em 1967, em meio a outras medidas

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    estruturais voltadas para a ampliao do campo televisivo brasileiro, a Fundao Centro Brasileiro de Televiso Educativa (FCBTVE), tambm foram elaborados projetos para incentivar a implementao de emissoras educativas publicas e intentar constituir uma rede de tais emissoras sob o comando do poder federal.

    A primeira emissora televisiva pblica brasileira a entrar no ar foi a TV Universitria de Recife, canal 11, mantida pela Universidade Federal de Pernambuco, inaugurada no dia 22 de novembro de 1968. A instituio da Fundao Padre Anchieta e a compra da TV Cultura pelo Governo do Estado de So Paulo ocorreram um ano antes; entretanto, a TV Cultura pblica iniciou suas transmisses somente no dia 15 de junho de 1969. Entre 1967 e 1974, foram criadas mais sete emissoras com esse perfil, tendo as mais distintas vinculaes e razo social, comandadas tanto pelo governo federal quanto por governos estaduais bem como, em alguns casos, por universidades federais. Foram elas: TV Educativa do Amazonas, TV Educativa do Cear, TV Educativa do Esprito Santo, TV Educativa do Maranho, TV Educativa do Rio de Janeiro, TV Universitria do Rio Grande do Norte e TV Educativa do Rio Grande do Sul (BARROS FILHO, 2011, p. 72-3).

    No Mxico, durante o ano de 1968, iniciaram-se as transmisses de XFDF Canal 13, na capital federal. Essa emissora foi concessionada a Francisco Aguirre, que fundou a Corporacon Mexicana de Radio y Televisin. Em 1972, o Governo Federal comprou as aes do Canal 13, que deixou de ser privado para se tornar um canal pblico. Em maro do mesmo ano, o governo de Lus Echeverria comprou, por meio da Sociedade Mexicana de Crdito Industrial, La Corporacon Mexicana de Radio y Televisin, afiliada, desde 1968, ao Canal 13 (ELENES, 2000, p. 158-9; ESPINO, 1979, p. 1439). O governo mexicano financiou ambiciosamente seu primeiro canal de televiso, ampliando sua cobertura, reformulando sua programao e equipando-o com uma moderna infraestrutura de produo televisiva, com a finalidade de atuar como uma Televisin Cultural de Mxico (slogan do canal) (AQUILAR CARMN; MEYER, 2000, p. 277-9; ESPINO, 1979, p. 1468). Em 1985, o Estado mexicano criou a Imevisn (Isntituto Mexicano de La Televisin), que incorporou o Canal 13 e suas afiliadas, alm dos canais 7 e 22, com diversas emissoras regionais, anteriormente integrados Rede Nacional de Televisin Rural del Mxico. Apesar de todos os esforos, durante

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    sexnio do presidente Carlos Salinas de Gotari, no ano de 1994, o Estado mexicano vendeu Imevisin para a iniciativa privada (ELENES, 2000, p. 160).

    Vale lembrar que o ano de 1968 marco do processo de esgotamento do modelo de desenvolvimento industrial caracterizado como milagre mexicano e incio de um perodo chamado de transio mexicana, a qual duraria at 1984. Esse perodo, caracterizado pelo enfraquecimento da legitimidade do governo revolucionrio, recolocava a pergunta sobre a durao e o destino do sistema poltico e institucional derivado do pacto social conhecido como Revoluo Mexicana (AQUILAR CARMN; MEYER, 2000, p. 267). A intensificao do investimento nos meios de comunicao, notadamente a compra de uma emissora televisiva por parte do governo federal denotaram a busca de um pblico que havia desertado dos meios tradicionais de informao do Estado e a urgncia de restaurar sua credibilidade e de recompor sua audincia (AQUILAR CARMN; MEYER, 2000, p. 277; RUIZ,1988, p. 46).

    No Brasil, a Fundao Centro Brasileiro de Televiso Educativa, aps seis anos de operao como centro produtor e distribuidor de programas educativos, recebeu a autorizao para o estabelecimento de uma emissora televisiva utilizando o canal 2, do Rio de Janeiro. A TVE funcionou de maneira experimental at 1977, quando foram iniciadas as transmisses em carter definitivo. A FCBTVE produziu e distribuiu programao, ao longo do ano de 1980, para as emissoras integrantes do Sistema Nacional de Televiso Educativa (SINTED) e respectivas retransmissoras. Em 1982, com a reforma administrativa efetuada pelo MEC, a FCBTVE incorporou a Secretaria Especial de Aplicaes Tecnolgicas (SEAT) e o Servio de Radiodifuso Educativa (SRE), dando origem ao FUNTEV (Fundo de Financiamento da Televiso Educativa). Na dcada seguinte, novas alteraes no rgo foram implementadas que, somadas a outras nos anos 2000, a modificaram por completo.2

    2 Em 1990, surge mais uma alterao na razo social da instituio, transformando a FUNTEV em Fundao

    Roquette-Pinto (FRP). Entretanto, as finalidades e objetivos foram preservados. A partir de 1993, a FRP e suas emissoras, a TVE do Rio de Janeiro e a Rdio MEC, enfrentaram uma sria crise econmica, resultando no declnio de sua programao e numa diminuio significativa do apoio tcnico e financeiro que prestavam s coirms. Em 1997, iniciaram-se as negociaes, no mbito do Governo Federal para a extino da Fundao Roquette-Pinto e sua substituio por uma Organizao Social, fato que se concretizou, em janeiro de 1998, com a implantao da Associao de Comunicao Educativa Roquette-Pinto (ACERP). Em 2007, a ACERP repassou suas concesses para a Empresa Brasil de Comunicao (EBC) e a TV Educativa do Rio de Janeiro, mais

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    Os debates e as iniciativas sobre a utilizao da TV de maneira educativa, iniciados no Brasil e no Mxico na dcada de 1950 e intensificados na seguinte, inclusive com a participao estatal, influenciaram as principais emissoras comerciais dos dois pases. No por acaso que, em 1977, a Rede Globo de Televiso iria se interessar por essa rea por meio do artifcio da criao da Fundao Roberto Marinho, que, no tendo fins lucrativos, passou a receber verbas pblicas e abatimento de impostos para projetos de teleducao, resultando na produo e veiculao do Telecurso (OLIVEIRA, 2011, p. 155-6). Nessa mesma direo, um ano antes, era instituda a Fundacin Cultural Televisa, representando o compromisso cultural e educativo por parte da emissora lder de audincia no Mxico (ELENES, 2000, p. 158).

    Ao que tudo indica, a iniciativa privada e a ao estatal se complementaram na consolidao do campo televisivo brasileiro e mexicano. A televiso pblica nasceu, no Brasil e no Mxico, com a incumbncia de suprir duas carncias: a falta de programas cultural-educativos nas emissoras comerciais e a fragilidade do sistema educacional brasileiro3 e mexicano4. Tratando-se de pases com gigantescas dimenses, com graves problemas educacionais, provavelmente, alm de mobilizar instrumentos convencionais, seus respectivos governos buscaram a utilizao de um meio de comunicao que se encontrava em pleno desenvolvimento e com marcante penetrao entre os cidados para vencer esse dramtico desafio no campo da educao. A presena direta do Estado era complementada tambm pela criao, no Brasil e no Mxico, de emissoras pblicas instaladas em regies crticas por questo de segurana nacional, funcionando em regies desinteressantes comercialmente. No caso brasileiro, a criao e a manuteno da TV Nacional, de So Flix do Araguaia, e sua homnima, em Fernando de Noronha (LEAL FILHO, 1988, p. 38); no mexicano, a rede de Televisin Rural (JIMNEZ-OTTALENGO, 1976, p. 620). Tais medidas visavam ainda tornar mais eficiente o processo de inculcao ideolgica tanto do regime militar brasileiro

    tarde TV Educativa do Brasil (ou simplesmente TVE Brasil) foi extinta para dar lugar a TV Brasil (MILANEZ, 2007, passim). 3 No final da dcada de 1960, o Brasil possua cerca de 20 milhes de analfabetos adultos e vastas reas ainda

    no atingidas pela educao primria (BARROS FILHO, 2011, p. 77). 4 No Mxico, segundo o censo de 1970, da populao de 10 anos ou mais, 23% era analfabeta, e de 6 anos ou

    mais, 34,83% era analfabeta (JIMNEZ-OTTALENGO, 1976, p. 611).

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    como do revolucionrio mexicano, utilizando a televiso como veculo de integrao cultural (LEAL FILHO, 1988, p. 39; JIMNEZ-OTTALENGO, 1976, p. 620).

    Cabe ressaltar que no se est afirmando que o campo televisivo em ambos os pases se estabeleceu de maneira igual, homognea e uniforme. O que se buscou ressaltar so as muitas proximidades que cercaram a televiso desde sua instalao no Brasil e no Mxico bem como em muitos dos momentos de trajetria de desenvolvimento do meio em ambos os pases.

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