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Estudos de Psicologia I Campinas I 29(3) I 437-444 I julho - setembro 2012 1 Universidade Federal de Santa Maria, Programa de Pós-Graduação em Psicologia. R. Floriano Peixoto, 1750, Sala 319, Centro, 97015-372, Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: <[email protected]>. A garantia ao direito à convivência familiar e comunitária em foco The ensure the right to live in a family and community environment on focus Aline Cardoso SIQUEIRA 1 Resumo Este estudo objetivou discutir criticamente a legislação brasileira, em especial o Código de Menores, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Nova Lei da Adoção, no que tange à garantia do direito à convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes institucionalizados. Foi realizada uma análise teórica assistemática da legislação brasileira, com base em pesquisas documentais e bibliográficas. A análise demonstra uma importante evolução tanto no entendimento da infância e juventude quanto nas formas de enfrentamento e atendimento a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Apesar de o Estatuto da Criança e do Adolescente já representar um avanço em comparação ao Código de Menores, a Nova Lei Nacional da Adoção configura-se um verdadeiro motor para a mudança de paradigma, tendo em vista que apresenta diretrizes específicas para a garantia do direito à convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes institucionalizados. Unitermos: Defesa da criança e do adolescente. Estatuto. Institucionalização. Relações familiares. Abstract The aim of this study was to critically discuss Brazilian law, especially the Children’s Code, Children and Adolescent Statute and New National Adoption Law, with regard to guaranteeing the right of institutionalized children and adolescents to live in a family and community environment. Theoretical and unsystematic analysis was performed of the Brazilian legislation based on bibliographical and documentary research. Analysis of legislation shows an important development both in the understanding of childhood and youth as well as in the ways to handle and assist children and adolescents in a situation of social vulnerability. Although Children and Adolescent Statute represents an advance compared with the Children’ Code, the New National Adoption Law is a real engine for paradigm changes, since it presents specific guidelines to guarantee of the right of institutionalized children and adolescents to live in a family and community environment. Uniterms: Children advocacy. Institutionalization. Family relations. Bylaws, health law. Atualmente, a garantia do direito à convivência familiar e comunitária está em foco nos centros acadê- micos e nas entidades governamentais e não gover- namentais de proteção à infância e juventude. Existe um consenso de que são necessárias medidas de pro- moção à permanência da criança e/ou adolescente na família de origem, seja ela nuclear ou extensa. Esse posi- cionamento influencia o processo de institucionaliza- ção de crianças e adolescentes, que tem sofrido modifi- cações, especialmente após o Estatuto da Criança e do

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    Estudos de Psicologia I Campinas I 29(3) I 437-444 I julho - setembro 2012

    11111 Universidade Federal de Santa Maria, Programa de Ps-Graduao em Psicologia. R. Floriano Peixoto, 1750, Sala 319, Centro, 97015-372, Santa Maria, RS,Brasil. E-mail: .

    A garantia ao direito convivncia familiare comunitria em foco

    The ensure the right to live in a family andcommunity environment on focus

    Aline Cardoso SIQUEIRA1

    Resumo

    Este estudo objetivou discutir criticamente a legislao brasileira, em especial o Cdigo de Menores, o Estatuto da Criana e doAdolescente e a Nova Lei da Adoo, no que tange garantia do direito convivncia familiar e comunitria de crianas eadolescentes institucionalizados. Foi realizada uma anlise terica assistemtica da legislao brasileira, com base em pesquisasdocumentais e bibliogrficas. A anlise demonstra uma importante evoluo tanto no entendimento da infncia e juventudequanto nas formas de enfrentamento e atendimento a crianas e adolescentes em situao de vulnerabilidade social. Apesar deo Estatuto da Criana e do Adolescente j representar um avano em comparao ao Cdigo de Menores, a Nova Lei Nacional daAdoo configura-se um verdadeiro motor para a mudana de paradigma, tendo em vista que apresenta diretrizes especficaspara a garantia do direito convivncia familiar e comunitria de crianas e adolescentes institucionalizados.

    Unitermos: Defesa da criana e do adolescente. Estatuto. Institucionalizao. Relaes familiares.

    Abstract

    The aim of this study was to critically discuss Brazilian law, especially the Childrens Code, Children and Adolescent Statute and New NationalAdoption Law, with regard to guaranteeing the right of institutionalized children and adolescents to live in a family and communityenvironment. Theoretical and unsystematic analysis was performed of the Brazilian legislation based on bibliographical and documentaryresearch. Analysis of legislation shows an important development both in the understanding of childhood and youth as well as in the waysto handle and assist children and adolescents in a situation of social vulnerability. Although Children and Adolescent Statute represents anadvance compared with the Children Code, the New National Adoption Law is a real engine for paradigm changes, since it presents specificguidelines to guarantee of the right of institutionalized children and adolescents to live in a family and community environment.

    Uniterms: Children advocacy. Institutionalization. Family relations. Bylaws, health law.

    Atualmente, a garantia do direito convivnciafamiliar e comunitria est em foco nos centros acad-micos e nas entidades governamentais e no gover-namentais de proteo infncia e juventude. Existeum consenso de que so necessrias medidas de pro-

    moo permanncia da criana e/ou adolescente nafamlia de origem, seja ela nuclear ou extensa. Esse posi-cionamento influencia o processo de institucionaliza-o de crianas e adolescentes, que tem sofrido modifi-caes, especialmente aps o Estatuto da Criana e do

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    Adolescente (ECA). Assim, o objetivo deste trabalho

    discutir criticamente a legislao brasileira, em especial

    o Cdigo de Menores (Brasil, 1979), o ECA (Brasil, 1990) e

    a Nova Lei Nacional da Adoo (Brasil, 2009), no que

    tange garantia do direito convivncia familiar e

    comunitria de crianas e adolescentes institucionali-

    zados. Para atingir tal objetivo, foi realizada uma anlise

    terica assistemtica da legislao brasileira, com base

    em pesquisas documentais e bibliogrficas a respeito

    do tema.

    Percurso histrico da legislao:

    Cdigo de Menores

    A legislao que outorga os direitos das crianas

    e adolescentes tem mudado gradativamente. Muitos

    pesquisadores das reas da Psicologia, Antropologia,

    Sociologia, Educao e Direito tm se interessado pelo

    estudo do percurso histrico da legislao voltada

    proteo da infncia e juventude em risco (Cruz,

    Hillesheim & Guareschi, 2005; Fante & Cassab, 2007;

    Fonseca, 1987, 1993, 1995; Marclio, 1997; Priore, 1996;Irene Rizzini & Irma Rizzini, 2004; Siqueira & DellAglio,2006, 2011).

    O Cdigo de Menores (Brasil, 1979), elaborado

    em 1927 (Decreto n 17.943/27) e revisado em 1979 (Lei

    n 6.697/79), foi o primeiro documento legal que legislou

    sobre a infncia e adolescncia desamparadas. Essa lei

    considerava a criana e o adolescente como menores,

    estabelecendo estratgias de controle e disciplina para

    os desviados. Quando havia o afastamento familiar,

    ocasionado seja por abandono, violncia ou mesmo

    em decorrncia de comportamento infrator, as crianas

    e adolescentes ingressavam em instituies de grande

    porte, com atendimento coletivizado e sem a pers-

    pectiva de retorno famlia ou de ressocializao. Insti-

    tuies com essas caractersticas foram nomeadas como

    instituies totais (Goffman, 1961), sendo que muitos

    autores destacam os efeitos prejudiciais ocasionados

    pelo atendimento a realizado (Cabral, 2002; Guirado,

    1986; Marin, 1998, 1999; Saraiva, 2002). Pode-se constatar

    que no Cdigo de Menores (Brasil, 1979) no estava

    presente a preocupao com o desenvolvimento dascrianas e adolescentes, nem o seu reconhecimentocomo sujeito de direitos e deveres em situao peculiar.

    Um dos objetivos das instituies totais, segun-do Goffman (1961), era cuidar de pessoas incapazes einofensivas, tal como as crianas e adolescentes institu-cionalizados. Nesses locais, a convivncia era permeadamuitas vezes pela violncia e por regras da instituio, aqual era desvinculada das necessidades dos internos ebuscava control-los para garantir seu funcionamento(Goffman, 1961). Ainda, as instituies possuam umarotina rgida, como horrios fixos para acordar, tomarbanho, fazer as refeies, brincar e estudar, entre outros.As crianas e os adolescentes compartilhavam peasdo vesturio e objetos pessoais, de modo que a mesmaroupa era usada ora por uma, ora por outra. Outro as-pecto presente era a restrio da liberdade das crianase adolescentes em medida de proteo, visto que elespermaneciam dentro dos muros da instituio e todosos atendimentos eram geralmente a prestados, comoconsultas mdicas, psicolgicas e odontolgicas. Inclu-sive o acesso escola era proporcionado nos limites daentidade.

    Ainda que instituies de acolhimento devamapresentar outra proposta de atendimento, possvelencontrar, na prtica cotidiana, entidades com caracte-rsticas de instituies totais (Prada, Williams & Weber,2007; Siqueira & DellAglio, 2011). O acolhimento insti-tucional com tais caractersticas de funcionamento podecausar danos ao desenvolvimento de crianas e adoles-centes, como problemas de comportamento, psicopa-tologias e dificuldades de lidar com aspectos da vidadiria (Albornoz, 1998; Siqueira & DellAglio, 2006).

    Para combater esse paradigma, o Estatuto daCriana e do Adolescente (Brasil, 1990) props uma refor-mulao no modo de funcionamento das entidades deatendimento s crianas e aos adolescentes em medidaprotetiva, alterando o cotidiano de muitas instituies(Siqueira & DellAglio, 2006).

    O legado do Estatuto da Criana

    e do Adolescente

    Em 1990, foi promulgado o ECA (Lei n 8069/90)(Brasil, 1990) e com ele mudanas importantes passarama ser realizadas nas instituies de acolhimento. O Esta-tuto da Criana e do Adolescente apresenta uma novadefinio de infncia e adolescncia, conforme a qualas crianas e os adolescentes passam de objetos de

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    tutela, noo presente no Cdigo de Menores (Brasil,1979), a sujeitos de direitos e deveres (Brasil, 1990, Art.6). Por outro lado, a literatura afirma que o ECA resul-tado de um movimento realizado por uma parcela dasociedade civil brasileira participante das discussesadvindas da Declarao Universal dos Direitos da Crian-a, em 1959, e da Conveno sobre Direitos da Criana,em 1989. Assim, a ideia de criana e adolescente comosujeitos em desenvolvimento ainda no estava compar-tilhada por grande parte da sociedade poca da pro-mulgao do ECA (Santana, 2003).

    O acolhimento institucional uma medida deproteo integral e especial, de carter provisrio eexcepcional, atravs da qual a guarda provisria dascrianas e adolescentes assumida pelo dirigente dainstituio de acolhimento (Brasil, 1990; Gulassa, 2006).O Estatuto da Criana e do Adolescente (Brasil, 1990)prev um conjunto de medidas a serem tomadas emcaso de suspeita ou violao dos direitos da criana ouadolescente, sendo a medida de proteo de acolhi-mento institucional a stima opo (Brasil, 1990, Art.101). Antes da retirada da criana ou do adolescente dafamlia, devem-se esgotar as demais medidas. Frente violao ou suspeita de violao dos direitos da crianae do adolescente, as autoridades competentes podemdeterminar as seguintes medidas: I) encaminhamentoaos pais ou responsveis, mediante termo de respon-sabilidade; II) orientao, apoio e acompanhamentotemporrios; III) matrcula e frequncia obrigatrias emestabelecimento oficial de ensino fundamental; IV) inclu-so em programa comunitrio ou oficial de auxlio famlia, criana e ao adolescente, V) requisio de trata-mento mdico, psicolgico ou psiquitrico, em regimehospitalar ou ambulatorial; VI) incluso em programa

    oficial ou comunitrio de auxlio, orientao e tratamen-

    to a alcolatras e toxicmanos; VII) abrigo em entidade

    e VIII) colocao em famlia substituta (Brasil, 1990, Art.

    101).

    Para que uma criana ou adolescente seja afas-tado da famlia de origem e ingresse em uma instituiode acolhimento, deve ser verificada a presena de fatores

    de risco em seu contexto de vida, como violncia e

    abandono, bem como devem ser esgotadas outras

    medidas de proteo prioritrias, como sua colocao

    na famlia extensa, por exemplo. Assim, poder-se- pro-

    teger a criana, sem que haja rompimento dos vnculos

    familiares e institucionalizao, de modo a promover odireito convivncia familiar e comunitria.

    Considerando o direito convivncia familiar ecomunitria, o ECA (Brasil, 1990) determina o fim do iso-lamento presente na institucionalizao em dcadasanteriores, a desinstitucionalizao no atendimento decrianas e adolescentes em situao de abandono e avalorizao do papel da famlia, das aes locais e dasparcerias no desenvolvimento de atividades de promo-o desse direito, trazendo mudanas no panorama dofuncionamento das instituies de acolhimento (IreneRizzini & Irma Rizzini, 2004; Silva, 2004). A partir do fim doisolamento, foi preconizada a extino dos atendi-mentos institucionalizados, fazendo com que as crian-as e os adolescentes tivessem acesso aos serviosoferecidos em sua comunidade, como atendimento noposto de sade e ingresso na escola local, entre outrasatividades. Tais medidas minimizariam os efeitos dainstitucionalizao, visto que as crianas e os adoles-centes acolhidos esto em contato com o mundo paraalm dos muros da instituio, como demonstrado peloestudo de Siqueira, Zoltowski, Giordani, Otero e DellAglio(2010). Ao investigar o processo de reinsero familiarde adolescentes institucionalizados por at 10 anos, aspesquisadoras encontraram uma dificuldade impor-tante dos adolescentes em tomarem decises simplesno cotidiano, como fazer compras na mercearia ou pegarum nibus.

    Deve-se considerar tambm que o direito con-vivncia familiar e comunitria est diretamente rela-cionado ao processo de desligamento institucional ede reinsero familiar, visto que a medida protetiva doacolhimento institucional excepcional e provisria(Brasil, 1990, Art. 101). Assim, torna-se necessrio promo-ver o retorno famlia de origem da forma mais segurae rpida possvel. A partir dessas consideraes, o ECA(Brasil, 1990) prope uma srie de medidas para quesejam mantidos os vnculos afetivos das crianas e ado-lescentes institucionalizados com seus familiares, sendoresponsabilidade da equipe das instituies de acolhi-mento a promoo, a avaliao e a preparao dos pro-cessos de reinsero familiar.

    Contudo, muitas crianas e adolescentes aindapermanecem institucionalizados durante anos, sem quelhes seja garantido o direito convivncia familiar ecomunitria (Fante & Cassab, 2007; Silva, 2004). Muitos

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    estudos tm demonstrado que o tempo de instituciona-lizao tem efeito negativo ao longo do tempo, sendoque aquelas crianas e adolescentes com mais tempode institucionalizao podem apresentar menor desem-penho escolar e pior percepo de apoio em sua redesocial e afetiva (DellAglio & Hutz, 2004; Siqueira, 2009).Para Juliano (2005), as dificuldades na efetivao docarter provisrio da medida de acolhimento institu-cional so: 1) a falta de integrao das polticas sociaisexistentes; 2) a dificuldade de interao e comunicaoentre as entidades que trabalham com crianas e ado-lescentes em situao de risco pessoal e social; 3) aausncia de objetivos comuns entre as entidades; 4) aexistncia de aes pontuais e fragmentadas; 5) afragilidade dos recursos humanos nos acolhimentos,tanto em quantidade como em qualificao; e ainda 6)a fragilidade das famlias, que se posicionam passiva-mente frente s aes que poderiam resultar no desliga-mento institucional de seus filhos.

    Alm disso, a determinao do ECA de que asequipes tcnicas das instituies de acolhimento soas responsveis pelo desligamento institucional e rein-sero familiar no garantiu a criao dessas equipesnesse momento. De fato, durante vrios anos da exis-tncia do ECA, muitas instituies ainda no haviammontado suas equipes tcnicas, com psiclogos, assis-tentes sociais, educadores com formao em infncia ejuventude, entre outros profissionais. Uma das hiptesespara a no contratao de equipes tcnicas pode ser a

    carncia de recurso financeiro desses acolhimentos.

    Segundo Irene Rizzini, Irma Rizzini, Naiff e Baptista (2006),

    a maioria das instituies de acolhimento filantrpica

    e sustentada por recursos da sociedade civil, entidadesinternacionais e parcas verbas advindas das agnciasgovernamentais de assistncia social. Pode-se perceber

    que esta problemtica no tem sido prioridade pelos

    governos ao longo dos anos. A inexistncia de equipes

    tcnicas nas instituies reflete-se no s na falta de

    garantia do direito convivncia familiar e comunitria,

    mas tambm na m conduo dos processos de desli-gamento e na disponibilidade de atendimento de car-ter assistencialista, predominante nesse campo emdcadas anteriores.

    Outra importante determinao do ECA (Brasil,1990) foi o reordenamento institucional. Segundo essalegislao, as instituies de acolhimento devem as-

    sumir um carter residencial, oferecendo atendimentopersonalizado, em pequenas unidades e a grupos redu-zidos (Arts. 92, 93 e 94). Alm disso, no deve restringirnenhum direito que no tenha sido objeto de restriopor parte do Sistema Judicirio; deve tambm preservara identidade da criana e adolescente, oferecer ambientede respeito e dignidade, propiciar escolarizao, profis-sionalizao e atividades culturais, esportivas e de lazer,entre outras (Art. 94). Comparado o formato de acolhi-mento idealizado pelo ECA ao funcionamento das insti-tuies totais, observa-se a existncia de um grandeabismo entre tais paradigmas, exigindo uma profundareformulao tanto do espao fsico das instituiesquanto da forma de funcionamento em si. Entretanto, oprincipal desafio estabelecido pelo ECA no foi o da re-duo das instalaes fsicas dos acolhimentos institu-cionais, mas sim o da construo e implementao deum programa socioeducativo (Art. 90). Esse programadeveria buscar o desenvolvimento pleno das crianas eadolescentes em acolhimento institucional, vendo-oscomo seres humanos em situao peculiar de desen-volvimento, com potencialidades e limitaes, dis-sociando o acolhimento da funo exclusivamente as-sistencialista e da ideia de depsito de crianas e adoles-centes problemticos, vtimas de violncia e rejeitadospela famlia (Guar, 2006).

    Precedendo a Nova Lei Nacional da Adoo(Brasil, 2009), em 2004 e 2005, o Plano Nacional dePromoo, Defesa e Garantia dos Direitos de Crianas eAdolescentes Convivncia Familiar e Comunitria foiconstrudo por entidades que atuam no campo da as-sistncia social, com o objetivo de fortalecer as famliasque tinham filhos em situao de institucionalizao epotencializar as aes de reinsero familiar (Rizzini etal., 2006; Siqueira et al., 2010). Assim, em 2009, foi san-cionada a Lei 12.010/2009 (Brasil, 2009), nomeada comoNova Lei Nacional da Adoo, propondo diretrizes maisespecficas quanto permanncia da criana e do ado-lescente em instituies de acolhimento, reiterando odireito convivncia familiar e comunitria, tema a sertratado na prxima seo.

    Inovaes da Nova Lei Nacional da Adoo

    Apesar de recente, a Lei 12.010/2009 (Brasil, 2009)j tem movimentado o campo da assistncia social noBrasil. A lei modifica o texto do prprio Estatuto da

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    Criana e do Adolescente (Brasil, 1990). Assim, o Art. 101,por exemplo, tem o inciso VII alterado de abrigo ementidade para acolhimento institucional; ganha oinciso VIII (incluso em programa de acolhimentofamiliar); e renumera como IX o anterior inciso VIII(colocao em famlia substituta).

    Ainda, a partir da Lei 12.010/2009 ( Brasil, 2009) asentidades que atendem a crianas e adolescentes emsituao de suspeita ou violao dos direitos passarama ser nomeadas como acolhimentos institucionais, eno mais abrigos. Ferreira, Di e Baldacim (2009) apre-sentam as mudanas propostas pela nova lei a partir deuma tabela comparativa entre ela e o ECA (Brasil, 1990),indicando de maneira sistemtica as inovaes.

    A Nova Lei Nacional da Adoo (Brasil, 2009) traza prerrogativa de que o afastamento familiar e a institu-cionalizao no devem ser a primeira opo frente constatao da ameaa ou violao dos direitos dacriana e do adolescente, reiterando outras opes aserem consideradas antes do acolhimento, j descritaspelo ECA (Brasil, 1990). Uma alternativa seria a busca daresoluo da problemtica junto famlia com a ajudada rede de atendimento. Por exemplo, em uma famliacujas crianas sejam vtimas de violncia domsticapor parte da me e do companheiro, que esteja desem-pregado e faa uso de lcool e drogas ilcitas, a partir daavaliao da situao, o Conselho Tutelar poderia: 1)indicar tratamento para os cuidadores; 2) acompanhare orientar a me para que ela utilize prticas educativasindutivas, ao invs de coercitivas e punitivas; 3) afastar oagressor da famlia, caso haja a negao do tratamentoou a perpetuao da violncia e do uso de drogas; 4)inserir os cuidadores em programas de capacitao aotrabalho e/ou em programas de transferncia de rendamnima, como o bolsa-famlia e 5) colocar as crianasna famlia extensa, como casa dos avs, tios ou pa-drinhos. Tais estratgias buscam evitar a instituciona-lizao das crianas. Contudo, caso a situao no sejamodificada e a institucionalizao seja a nica opo,as crianas podero ser inseridas em um acolhimentoinstitucional, devendo ser iniciado um trabalho junto famlia para que a medida de proteo seja provisria,como preconiza a legislao (Brasil, 1990; 2009).

    A famlia extensa ganha destaque e responsa-bilidade na Nova Lei Nacional da Adoo (Brasil, 2009,Art. 101). A legislao traz a prerrogativa da parceria e

    da cooperao dos membros da famlia extensa, evi-tando a institucionalizao. Nessa questo, est imbudaa ideia de que o afastamento familiar no o melhorcaminho, visto que a ele esto atrelados sentimentosde culpa, rejeio e sofrimento, alm da ruptura do vn-culo afetivo com familiares e amigos e do afastamentoda comunidade e escola, aspectos que podem gerarefeitos negativos ao desenvolvimento das crianas eadolescentes. Muitos pesquisadores j haviam men-cionado a importncia da famlia extensa para as famliasem situao de vulnerabilidade; aquela assume umpapel essencial de apoio emocional e instrumental parao membro em dificuldade (Fonseca, 1987; Siqueira &DellAglio, 2006).

    Uma implicao decorrente dessa nova formade manejar as situaes de ameaa ou violao dos di-reitos da criana e do adolescente corresponde for-mao e capacitao dos agentes sociais para avaliar,analisar e determinar as melhores alternativas insti-tucionalizao. O Estatuto da Criana e do Adolescente(Brasil, 1990) atribui ao Conselho Tutelar o papel de zelarpelo cumprimento dos direitos da criana e do adoles-cente, sendo ele o responsvel pela aplicao das me-didas previstas no Art. 129 (Brasil, 1990). Entre elas, esto:encaminhar os cuidadores para servios e programasde proteo famlia; encaminhar a servios de orien-tao e tratamento a usurio de lcool e outras drogas;encaminhar a tratamento psicolgico ou psiquitrico;atender s crianas, adolescentes e suas famlias (Brasil,1990, Arts. 129 e 136).

    A questo que surge se esses profissionais

    possuem a capacitao e o treinamento necessrios

    para desenvolver tais atribuies de forma adequada.

    Segundo o ECA (Brasil, 1990, Art. 133), os requisitos para

    o candidato a conselheiro tutelar so: possuir reconhe-cida idoneidade moral, idade superior a 21 anos e residirno municpio. Assim, pode-se perceber que no h exi-gncias quanto formao especfica para desem-penhar a funo de conselheiro tutelar. De fato, muitosconselheiros tutelares no possuem formao na rea

    de desenvolvimento humano, violncia domstica e

    direitos da criana e do adolescente, como tambm

    no contam com o suporte de profissionais capacitados

    para a tomada de decises e para os encaminhamentos,

    dificultando o pleno desenvolvimento de suas funes(Costa et al., 2007; Frizzo & Sarriera, 2006; Milane & Loreiro,

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    2008; Souza, Teixeira & Silva, 2003). Milani e Loureiro (2008)alertam que, como o Conselho Tutelar um espao deescuta e conscientizao dos direitos do cidado, ur-gente a necessidade de uma formao para a funo deconselheiros tutelares, visto que esses agentes sociaisdevem estar preparados para se sensibilizar com asnecessidades do ncleo familiar, de modo a lidar comelas de forma abrangente, adequada e tica.

    As equipes tcnicas dos acolhimentos ganha-ram inmeras atribuies especficas na Nova Lei Na-cional da Adoo (Brasil, 2009), como a elaborao obri-gatria de um plano individual de reintegrao familiarpara cada criana e adolescente que ingressar noacolhimento (Art. 101, 4 e 5); mediao entre a crianae o adolescente e a autoridade judiciria (Art. 101, 8);emisso de relatrio sobre a situao da criana ouadolescentes autoridade judiciria a cada seis meses(Art. 19, 1); recomendao ou no do desligamentoinstitucional e do retorno famlia (Art. 101, 8), entreoutras funes. Essas determinaes no existiam noEstatuto da Criana e do Adolescente (Brasil, 1990).

    A nova lei atribui equipe das instituies deacolhimento o papel de realizar o processo de reinserofamiliar das crianas e adolescentes institucionalizados.Como o trabalho dessa equipe passou a ser indispensvelnos acolhimentos, muitas instituies esto contratandopsiclogos e assistentes sociais. Com a obrigatoriedadeda equipe tcnica, os acolhimentos tm buscado par-cerias com a iniciativa pblica e privada para a contra-tao. Acredita-se que essa inovao far grande dife-rena na garantia do direito convivncia familiar ecomunitria, visto que profissionais da Psicologia e Ser-vio Social, capacitados na rea de famlia, infncia eadolescncia em situao de vulnerabilidade, tm oembasamento terico-prtico para a tomada de decisonesses processos.

    Para que tanto o Conselho Tutelar quanto asequipes tcnicas das instituies de acolhimento pos-sam realizar seu trabalho (preservao ou reinserofamiliar), torna-se imprescindvel a existncia de umarede de atendimento em sintonia com as necessidadesdas famlias. Dessa forma, por mais que a legislao pre-conize o atendimento de crianas, adolescentes e suasfamlias por programas sociais, educacionais, insti-tuies de assistncia sade fsica e mental e de reabili-tao, de nada valer essa determinao se a rede de

    atendimento no disponibilizar tais atendimentos ouno estiver apta para atender demanda. Pesquisadorestm apontado a escassez de programas de fortale-cimento e reabilitao familiar, bem como a limitaodo atendimento a poucos casos (Rizzini et al., 2006).Alm disso, Siqueira e DellAglio (2011) destacam que oprograma-padro do governo - transferncia de rendamnima - no tem sanado muitos dos problemas fami-liares.

    Outra inovao da Nova Lei Nacional da Adoo(Brasil, 2009) foi a limitao para dois anos do tempo depermanncia da criana e/ou adolescente em insti-tuio de acolhimento (Brasil, 2009, Art. 19, 2). Almdisso, devero ser realizadas avaliaes peridicas doscasos, sempre buscando a garantia ao direito convi-vncia familiar e comunitria, com o retorno da criana famlia nuclear ou extensa, ou sua colocao em fam-lia adotiva ou substituta. Com essa determinao, alegislao busca evitar os longos perodos de institu-cionalizao de dcadas anteriores e possibilitar a convi-vncia familiar por meio do aumento das possibilidadesde adoo.

    Por outro lado, sabe-se que o perfil escolhidopelos candidatos a adotantes, no momento do cadas-tramento, ser recm-nascido, saudvel, de pele clara eolhos azuis, o que no condiz com a realidade das crian-as que esto em condies de adoo no Brasil (Noal& Neiva-Silva, 2007; Ziegler & Siqueira, 2010). Mesmo queo limite de dois anos de institucionalizao tenha sidopreconizado para garantir o direito convivncia fami-liar e comunitria, essa determinao pode no resultarem aumento nos processos de adoo, visto que o perfildesejado pelos pais adotantes diferente do perfil dascrianas em acolhimento institucional. Durante os doisanos, a famlia dever receber ajuda, incentivo e inves-timento para solucionar os problemas e riscos quelevaram ao afastamento do filho, e, a menos que os paisautorizem legalmente a adoo, a criana ir perma-necer nesse perodo no acolhimento, diminuindo a cadadia as suas chances de ser adotada.

    Por fim, faz-se importante destacar um risco pre-sente na busca pela garantia convivncia familiar ecomunitria. Fonseca (2005) demonstra que, ao efetivara provisoriedade da medida de acolhimento, muitasinstituies podem promover a reinsero de crianase adolescentes em suas famlias, sem que estas tenhamcondies de reassumir a parentalidade. A poltica da

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    brevidade institucional, na qual h uma busca pelodesligamento a qualquer custo, representa o outroextremo da garantia da provisoriedade da medida deproteo e da busca pela efetivao do direito con-vivncia familiar, sendo, segundo Fonseca (2005),inspirada no desejo de corrigir os erros das polticas dopassado.

    Consideraes Finais

    Este artigo procurou discutir criticamente a legis-lao brasileira direcionada infncia e juventude, noque tange garantia do direito convivncia familiar ecomunitria de crianas e adolescentes institucionali-zados. A partir da apresentao e discusso do Cdigode Menores (Brasil, 1979), do ECA (Brasil, 1990) e da NovaLei Nacional da Adoo (Brasil, 2009), foi possvel cons-tatar uma evoluo tanto no entendimento da questoda infncia e juventude, quanto nas formas de enfren-tamento e atendimento das crianas e adolescentesem situao de risco e vulnerabilidade social. O ECA(Brasil, 1990) representa uma dicotomia com a legislaopassada, propondo grandes alteraes no campo daassistncia social s crianas e adolescentes em situaode institucionalizao, e a Lei Nacional da Adoo (Brasil,2009) vem reiterar e sistematizar tais alteraes. Porexemplo, delimitou o tempo de institucionalizao,determinou anlise peridica dos casos e emisso derelatrios autoridade jurdica, solicitou a presena daequipe tcnica nas instituies ao exigir que os relatriossejam emitidos por psiclogos e assistentes sociais,passou a chamar as entidades de acolhimento, entreoutros aspectos marcantes. Houve mudanas signifi-cativas da legislao, as quais tm refletido em alteraesqualitativas e efetivas na prtica da assistncia social noBrasil, em especial quanto garantia do direito convi-vncia familiar e comunitria. Por mais que se saibaque mudanas na legislao no necessariamente cor-respondem a mudanas na prtica cotidiana, pode-seperceber que movimentos no interior das instituiesde acolhimento tm ocorrido de forma mais aceleradaa partir da Lei n 12.010 (Brasil, 2009).

    Para que as determinaes do ECA (Brasil, 1990)e da Nova Lei Nacional da Adoo (Brasil, 2009) sejamde fato incorporadas ao cotidiano da assistncia social,fazem-se necessrias vrias aes: 1) capacitar os Con-selhos Tutelares para que tais agentes sociais possamexecutar suas atribuies de forma competente e

    adequada; 2) fortalecer as famlias das crianas e adoles-centes; 3) valorizar e fortalecer a famlia extensa; 4) am-pliar os programas sociais e atendimentos socioedu-cativos; 5) ampliar os programas de assistncia sadefsica e mental de modo a atender demanda e 6) criar,nas instituies de acolhimento, equipes tcnicas capa-citadas na rea da infncia e juventude em situao derisco e vulnerabilidade social. Somente com uma redede atendimento competente, capacitada, suficiente earticulada, que se poder dar encaminhamentos efeti-vos aos casos e fazer valer o direito convivncia familiare comunitria.

    Resta, por fim, destacar a necessidade de serealizarem pesquisas futuras que avaliem o impacto daNova Lei Nacional da Adoo para as instituies deacolhimento e para os processos de reinsero familiar.Tendo em vista a grande dimenso do Brasil, possvelque o movimento ocasionado por essa lei no seja igualem todo o territrio nacional, considerando-se as espe-cificidades das regies e municpios do Pas.

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    Recebido em: 4/8/2010Verso final reapresentada em: 21/12/2011Aprovado em: 27/1/2012

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