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1405 UMA QUESTÃO DE GÊNERO: DEBATES TEÓRICOS EM TORNO DO CONCEITO E USOS POSSÍVEIS PARA A ANÁLISE DO MUNDO DO TRABALHO 1 Moisés Waismann (UCS) [email protected] Natalia Pietra Méndez (UCS) [email protected] Resumo: Esta comunicação visa discutir as contribuições dos estudos de gênero para a análise do mundo do trabalho. Examina os debates teóricos em torno do conceito de gênero e sua influência para a produção historiográfica. Toma como principais contribuições para esse debate os estudos vinculados à história social de tradição neomarxista, a sociologia crítica de Bourdieu e aos estudos pós-estruturalistas de Scott. Um dos objetivos é problematizar as diferenças e aproximações que essas três vertentes produziram para compreender o gênero como uma relação estruturante da sociedade e do mundo do trabalho. Ainda, o artigo apresentará de que modo esse debate teórico pode mediar a pesquisa interdisciplinar conduzida pelo Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul intitulada Gênero e Trabalho: trajetórias de mulheres e homens no mercado de trabalho formal de Caxias do Sul. A investigação, de caráter quantitativo, analisa em que medida as relações de gênero no âmbito laboral sofreram modificações ao longo dos anos 2000. Utiliza como fonte principal o banco de dados da Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho (RAIS/MTE) considerando que esses dados numéricos podem evidenciar alguns movimentos de mudanças e permanências na organização social do trabalho formal. Palavras-chave: gênero – trabalho – teoria e historiografia Introdução Desafiados pelo título do Simpósio Temático proposto pelo Grupo de Trabalho Estudos de Gênero da ANPUH-RS 2 , propomos pensar nos estudos de gênero como uma perspectiva teórica fecunda para a análise do mundo do trabalho. A partir desses estudos, pretendemos, neste artigo, 1 Trabalho realizado com apoio do CNPq. 2 Este trabalho foi apresentado no simpósio temático 1. Para além do gueto historiográfi- co: a perspectiva de gênero como forma de pensar a história e o conhecimento histórico

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UMA QUESTÃO DE GÊNERO: DEBATES TEÓRICOS EM TORNO DO CONCEITO E USOS POSSÍVEIS PARA A ANÁLISE DO MUNDO DO TRABALHO1

Moisés Waismann (UCS)[email protected]

Natalia Pietra Méndez (UCS)[email protected]

Resumo:Esta comunicação visa discutir as contribuições dos estudos de gênero para a análise do mundo do trabalho. Examina os debates teóricos em torno do conceito de gênero e sua influência para a produção historiográfica. Toma como principais contribuições para esse debate os estudos vinculados à história social de tradição neomarxista, a sociologia crítica de Bourdieu e aos estudos pós-estruturalistas de Scott. Um dos objetivos é problematizar as diferenças e aproximações que essas três vertentes produziram para compreender o gênero como uma relação estruturante da sociedade e do mundo do trabalho. Ainda, o artigo apresentará de que modo esse debate teórico pode mediar a pesquisa interdisciplinar conduzida pelo Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul intitulada Gênero e Trabalho: trajetórias de mulheres e homens no mercado de trabalho formal de Caxias do Sul. A investigação, de caráter quantitativo, analisa em que medida as relações de gênero no âmbito laboral sofreram modificações ao longo dos anos 2000. Utiliza como fonte principal o banco de dados da Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho (RAIS/MTE) considerando que esses dados numéricos podem evidenciar alguns movimentos de mudanças e permanências na organização social do trabalho formal.

Palavras-chave: gênero – trabalho – teoria e historiografia

Introdução

Desafiados pelo título do Simpósio Temático proposto pelo Grupo de Trabalho Estudos de Gênero da ANPUH-RS2, propomos pensar nos estudos de gênero como uma perspectiva teórica fecunda para a análise do mundo do trabalho. A partir desses estudos, pretendemos, neste artigo,

1 Trabalho realizado com apoio do CNPq.2 Este trabalho foi apresentado no simpósio temático 1. Para além do gueto historiográfi-

co: a perspectiva de gênero como forma de pensar a história e o conhecimento histórico

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tecer algumas considerações sobre as diferenças e aproximações entre o gênero e outras duas perspectivas teóricas: a sociologia crítica de Bourdieu e os estudos vinculados à história social de tradição neomarxista. Por fim, pretendemos apresentar como esse debate teórico contribui para a pesquisa interdisciplinar em andamento no Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul intitulada Gênero e Trabalho: trajetórias de mulheres e homens no mercado de trabalho formal de Caxias do Sul. A investigação, de caráter quantitativo, analisa em que medida as relações de gênero no âmbito laboral sofreram modificações ao longo dos anos 2000. Utiliza como fonte principal o banco de dados da Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho (RAIS/MTE) considerando que esses dados numéricos podem evidenciar alguns movimentos de mudanças e permanências na organização social do trabalho formal.

Caxias do Sul foi escolhida como estudo de caso por se tratar de uma cidade média urbana, com uma população de aproximadamente 400 mil habitantes (IBGE/2010). Constitui o segundo polo metal-mecânico do Brasil, com significativa inserção no mercado global devido ao perfil exportador de algumas empresas, principalmente no setor metal-mecânico. A cidade tem apresentado um mercado de trabalho robusto nas últimas duas décadas que gerou, no ano de 2010, 171 mil vínculos formais de trabalho. A maioria desses empregos estão concentrados na indústria. Há que se destacar que, embora o mercado de trabalho seja predominantemente fabril, a cidade possui uma diversidade de setores ocupacionais, com destaque para o comércio e serviços. Assim, verifica-se que o município de Caxias do Sul está inserido em um contexto global de mudanças técnicas e produtivas. Neste cenário, cabe questionar quais são as repercussões (permanências/deslocamentos) da organização social e sexual do mercado de trabalho formal?

O gênero como perspectiva analítica do mundo do trabalho

Estudar as relações de trabalho na sociedade contemporânea implica em considerar as profundas transformações nos hábitos de trabalho resultantes do amadurecimento do capitalismo industrial. Como afirma Thompson, novas disciplinas, novos estímulos e uma nova natureza humana foram necessários a fim de garantir que o trabalho se tornasse um valor central. A organização social do trabalho pode ser, em parte, compreendida a partir do conceito de classe, constituído a partir de relações que possuem dimensões materiais e culturais dentro das quais um grupo constitui uma experiência identitária e se reconhece enquanto classe, em oposição a outra. Todavia, o conceito de classe, mesmo que se refira a uma experiência dada nas sociedades capitalistas, não pode ser considerado apenas a partir da posição dos indivíduos na produção. Igualmente, outras relações, para além da classe social, organizam o mundo do trabalho, desafiando as fronteiras que muitas vezes direcionam as análises para uma divisão da realidade social em dois polos: de

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um lado, o mundo do trabalho, da política, entre outros, como parte da esfera pública; de outro, as dimensões privadas da vida, onde se encontrariam as relações de gênero como parte de uma história da família. Assim, consideramos relevante os apontamentos de BOURDIEU(2009) quando este afirma que o trabalho se organiza como exercício de uma função social. Esta função social engloba atividades que a sociedade capitalista considera como não produtivas, já que são desprovidas de sanção monetária. Seguindo as pistas de Bourdieu, consideramos que toda divisão social do trabalho implica em uma transposição de mecanismos de organização da chamada esfera privada para as atividades socialmente remuneradas, assim como as formas como cada sociedade organiza os modos de produzir a riqueza e a sobrevivência atribuem sentidos às práticas sociais de homens e mulheres. Compreendemos que o trabalho é composto de diversas distinções simbólicas e assume diferentes conotações quando praticado por um homem ou por uma mulher, por brancos ou negros, por jovens ou adultos. Essas diferenciações se ancoram nos elementos materiais e simbólicos que atribuem lugares sociais específicos para os sujeitos históricos. E esses lugares, embora mutáveis, apresentam permanências nas formas de organização social do trabalho. É assim que, por exemplo, os indivíduos buscam ocupações que estejam de acordo com suas possibilidades de mobilidade social, dentro do que Bourdieu denomina de “expectativas objetivas”. Para o autor, tais expectativas que se convencionou chamar de vocação podem ser exemplificadas a partir das posições oferecidas para as mulheres na divisão do trabalho:

A lógica, essencialmente social, do que chamamos de “vocação”, tem por efeito produzir tais encontros harmoniosos entre as disposições e as posições, encontros que fazem com que as vítimas da dominação simbólica possam cumprir com felicidade (no duplo sentido do termo) as tarefas que lhes são atribuídas por suas virtudes de submissão, de gentileza, de docilidade, de devotamento e de abnegação. (BOURDIEU, 2009: 73)

Embora os estudos de Bourdieu e os de Thompson não transitem pela categoria gênero, parece viável realizar uma aproximação entre seus escritos e alguns estudos que se valem deste conceito para definir os saberes sociais e culturais a respeito da diferença sexual. Esses saberes organizam-se nos discursos e práticas sociais e se manifestam nos significados díspares atribuídos à diferença corporal (SCOTT, 1994). A partir do gênero é possível compreender porque as mulheres são consideradas inaptas para determinados trabalhos e aptas para outros. Igualmente, o conceito permite entender o valor diferencial (em termos materiais e de status) atribuído a um tipo de ofício quando desempenhado por um homem e quando realizado por uma mulher. O ramo da culinária é um bom exemplo. Até pouco tempo, o título de “chefs” era quase exclusivamente masculino, sobrando para as mulheres a atividade de cozinheiras ou auxiliares de cozinha.

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Os usos do conceito de gênero tem se mostrado de grande valia quando associados a uma história social de caráter analítica que, a partir de suas metodologias, busca evidenciar a construção de diferentes experiências do feminino e do masculino. Como afirma TILLY(1994:60), a história social enfatiza a possibilidade não apenas de descrever aspectos relacionados à história das mulheres, mas também interpretá-los e vincular seus resultados aos problemas atuais mais gerais.Se entendermos que classe é um elemento central para a compreensão da organização social do trabalho nas sociedades capitalistas e que a classe se define a partir de experiências materiais e culturais, concluímos que o mundo do trabalho é, também, delimitado pelo gênero:

A divisão sexual do trabalho não é apenas um efeito da repartição em áreas ou em sectores de actividade, é o princípio organizador da desigualdade face ao emprego: o “verdadeiro” trabalho está na mão dos homens, o “trabalho ao lado” é reservado às mulheres(LAGRAVE, 1991: 538).

As análises do mercado de trabalho em anos recentes apontam para a convergência de alguns deslocamentos nesta divisão sexual do trabalho, sinalizando que há um crescimento da participação feminina em setores tradicionalmente masculinos. Contudo, tendemos a concordar com as pesquisas de Helena Hirata: ao analisar os contextos ocupacionais de diferentes países e continentes, a autora conclui que a hierarquia social do masculino e do feminino, que estabelece a inferioridade e a subordinação do segundo ao primeiro, está longe de se esgotar no âmbito do mercado de trabalho (HIRATA, 2002:25).

Gênero e trabalho em Caxias do Sul: perfil da participação feminina nos últimos 20 anos

Nos últimos vinte anos, Caxias do Sul assistiu a movimentos de retração e expansão da população ocupada no mercado formal de trabalho. A tabela 01 apresenta a quantidade total e a quantidade feminina de vínculos no mercado formal de trabalho por setor econômico no município no período que vai de 1990 à 2010 Pode-se observar na tabela 01 que a retração se concentrara ao longo da década de 1990, associada, possivelmente a uma conjuntura nacional favorável à desregulamentação do mercado de trabalho. Já, a partir do ano 2000 atingiu-se o número de 100 mil empregos e uma tendência de crescimento da formalidade.

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Tabela 01 – Quantidade de vínculos por setor econômico no município de Caxias do Sul no período de 1990 à 2010.

Setor Econômico 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Extrativa mineral

Total 31 32 23 29 38 52 32 36 57 77 106

Fem. 3 4 2 4 3 7 0 3 5 8 8

Indústria de

transformação

Total 45.479 39.675 44.891 40.387 42.704 48.618 51.887 61.949 66.993 79.086 85.426

Fem. 14.644 11.525 14.002 12.154 11.983 13.955 14.417 17.911 20.059 24.706 27.606

Serviços industriais

de utilidade pública

Total 176 199 684 126 7 11 27 41 354 2.731 2.905

Fem. 29 31 185 24 0 1 2 7 81 598 629

Construção Civil

Total 864 1.137 2.330 3.355 3.050 3.611 3.570 3.272 3.653 4.224 5.412

Fem. 69 80 160 372 397 498 480 392 354 298 463

ComércioTotal 10.384 9.735 11.152 11.693 12.534 14.116 16.178 17.757 19.447 22.346 25.781

Fem. 4.702 4.334 5.061 5.181 5.330 6.211 7.192 8.137 9.391 11.103 13.280

ServiçosTotal 17.569 17.320 17.367 21.006 24.749 27.895 30.885 32.961 37.543 41.154 44.060

Fem. 7.830 7.832 8.783 10.726 12.911 14.691 16.709 18.215 20.806 22.910 24.737

Administração Pública

Total 4.506 5.542 5.886 6.561 4.795 5.161 5.369 5.733 5.312 5.671 6.010

Fem. 2.013 2.587 2.985 4.231 3.296 3.565 3.778 4.021 3.845 4.069 4.326Agropecuária,

extração vegetal, caça e

pesca

Total 1.054 1.194 1.466 3.269 1.041 1.363 1.578 1.532 1.635 1.694 1.772

Fem. 469 490 270 719 278 409 424 407 484 474 529

TotalTotal 82.180 78.685 83.799 86.426 88.918 100.827 109.526 123.281 134.994 156.983 171.472

Fem. 30.623 28.330 31.448 33.411 34.198 39.337 43.002 49.093 55.025 64.166 71.578

Fonte: MTE/PDET/RAIS - Tabulação: Observatório do Trabalho/UCS

Observa-se, ainda na tabela 01, que ao longo de todo o período o setor da indústria de transformação foi o que mais gerou empregos formais, sendo responsável pela maioria dos vínculos de trabalho para as mulheres. No entanto, se considerarmos a proporção da participação feminina no total de vínculos, verifica-se uma maior representatividade na administração pública, serviços e comércio. A presença feminina decai quando se observam setores pouco robustos em termos de geração de empregos formais, tais como a agropecuária, a construção civil e o setor extrativo mineral. A figura 01 apresenta a variação na quantidade total e feminina de vínculos por setor econômico no município de Caxias do Sul nos anos de 1990 e 2010 tendo como base 100 o ano de 1990 e permite observar o comportamento dos empregos femininos em relação ao total de empregos.

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Figura 01 – Variação na quantidade total e feminina de vínculos por setor econômico no município de Caxias do Sul nos anos de 1990 e 2010. (base 100 = 1990)

Extrativa mineral

Indústria

Servicos Ind. Util. Púb.

Construção Civil

Comércio

Serviços

Administração Pública

Agropecuária (…)

Total

0 500 1.000 1.500 2.000 2.500

342

188

1.651

626

248

251

133

168

209

267

189

2.169

671

282

316

215

113

234

TOTAL FEMININO

Fonte: Tabela 01

Observa-se na figura 01 que em todos os setores a variação dos empregos totais foi positiva em relação ao ano de 1990. As mulheres tiveram uma variação acima do total em quase todos os setores econômicos, com exceção da agropecuária e do extrativo mineral. Destaca-se que o crescimento foi significativo em um novo setor econômico, o serviços industriais de utilidade pública, que ainda é pouco representativo com relação à quantidade de vínculos empregatícios ao longo deste período. Pode-se inferir a partir dos dados que houve um reenquadramento de ocupações que estavam alocadas em outros setores para este novo setor. Durante o espaço temporal da pesquisa, constata-se um aumento no grau de escolarização da força de trabalho caxiense, tanto de homens quanto de mulheres, fator que pode ser observado na Tabela 2 que apresenta a quantidade de vínculos por grau de instrução no município de Caxias do Sul no período de 1990 à 2010.Na década de 1990, o ensino fundamental incompleto, com 20.754 vínculos, apontava como a faixa de escolarização que mais concentrava vínculos empregatícios. Esse quadro começou a se alterar no final da década em questão

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Tabela 02 – Quantidade de vínculos por grau de instrução no município de Caxias do Sul no período de 1990 à 2010.

Grau de instrução 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010

AnalfabetoTotal 2.150 2.139 2.952 1.432 1.417 979 680 300 212 223 245

Fem. 1.006 741 749 512 631 367 183 109 80 76 86

Fundamental Incompleto

Total 40.552 37.823 38.095 38.966 34.221 33.186 28.042 26.013 23.722 24.403 23.446

Fem. 12.627 11.026 11.754 11.886 10.016 10.041 8.743 8.350 7.768 8.164 7.889

Ensino Fundamental

Total 20.754 20.363 24.676 23.003 26.449 32.506 32.617 38.686 41.817 46.135 46.748

Fem. 8.086 7.493 9.418 8.834 9.568 11.419 11.477 12.910 13.920 15.545 15.692

Ensino Médio

Total 12.820 12.621 14.157 15.289 18.074 24.842 34.059 43.682 54.288 69.003 81.311

Fem. 6.154 6.293 7.345 7.558 8.591 11.693 15.454 19.548 24.275 30.106 36.226

Ensino Superior

Total 4.596 5.091 5.569 7.472 8.710 9.314 14.128 14.600 14.955 17.219 19.722

Fem. 2.193 2.644 3.008 4.524 5.375 5.817 7.145 8.176 8.982 10.275 11.685

TotalTotal 82.180 78.685 85.495 86.516 88.921 100.827 109.526 123.281 134.994 156.983 171.472

Fem. 30.623 28.330 32.289 33.438 34.199 39.337 43.002 49.093 55.025 64.166 71.578Fonte: MTE/PDET/RAIS - Tabulação: Observatório do Trabalho/UCSNota: A categoria Fundamental Incompleto inclui os trabalhadores que possuem o até 5ª Incompleto, 5ª Completo Fundamental e 6ª a 9ª Fundamental. A categoria Ensino Fundamental inclui os trabalhadores que possuem o fundamental completo e o médio incompleto. A categoria Ensino Médio inclui os trabalhadores que possuem o médio completo e o superior incompleto.

No ano de 2002 já foi possível observar que o ensino médio completo, com 34.059 vínculos, passou a ocupar a primeira posição entre o nível de escolarização que mais concentrava trabalhadores e trabalhadoras, fato que sinaliza um processo de escolarização, que é uma base importante para a qualificação da força de trabalho. Pode-se inferir a partir dos dados apresentados um aumento nas exigências por escolarização para a mão de obra no mercado formal de trabalho no município. Chama a atenção, ainda, a presença majoritária das mulheres, desde os anos 1990, tanto no ensino médio quanto no ensino superior. Outro aspecto que pode ser evidenciado através dos dados é a queda da participação de analfabetos nos empregos formais, com uma tendência que se acentuou apenas no final dos anos 1990 e se manteve ao longo da década seguinte. No outro extremo, observou-se um movimento crescente de trabalhadores com ensino superior completo, segmento no qual as mulheres aparecem como líderes ao longo de todo o período. Os dados sobre escolarização comungam com outras pesquisas realizadas no Brasil acerca da vantagem que as mulheres vem apresentando sobre os homens quanto ao requisito escolaridade. De acordo com Bruschini e Lombardi “a expansão da escolaridade, à qual as brasileiras vêm tendo cada vez mais acesso, é um

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dos fatores que mais tem causado impacto sobre o ingresso das mulheres no mercado de trabalho. (BRUSCHINI;LOMBARDI, 2007: 54). A escolarização mais elevada das mulheres constitui-se como um imperativo para o acesso ao mercado de trabalho formal. No entanto, como veremos adiante, nem sempre a vantagem escolar é convertida no acesso aos postos de trabalho mais qualificados.À medida em que se registram avanços na presença feminina no mercado formal, cabe observar como esta inserção ocorre em termos de jornada de trabalho. A quantidade de vínculos associados às modalidades de jornadas pode ser considerada outro indicativo para compreender se há uma distribuição diferenciada dos trabalhadores de acordo com o sexo. A tabela 03 apresenta a quantidade de vínculos por faixa de horas contratadas no município de Caxias do Sul no período de 1994 à 2010, desta forma pode-se verificar o total de vínculos existentes em cada faixa de jornada, bem como indicar o percentual de participação feminina.

Tabela 03 – Quantidade de vínculos por faixa de horas contratadas no município de Caxias do Sul no período de 1994 à 2010.

Faixa de Horas Contratadas 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Até 20 horas

Total 1.893 4.283 4.811 4.889 5.898 5.940 6.989 7.273 8.069Fem. 1.041 3.333 3.685 3.780 4.419 4.483 4.969 5.096 5.566Part. Fem. 55% 78% 77% 77% 75% 75% 71% 70% 69%

21 a 30 horas

Total 5.526 4.219 4.277 3.955 4.083 4.710 4.846 5.787 6.334Fem. 3.962 2.568 2.669 2.500 2.574 2.826 2.954 3.361 3.569Part. Fem. 72% 61% 62% 63% 63% 60% 61% 58% 56%

31 a 44 horas

Total 77.937 77.947 79.789 91.983 99.545 112.631 123.159 143.923 157.069Fem. 27.224 27.515 27.815 33.057 36.009 41.784 47.102 55.709 62.443Part. Fem. 35% 35% 35% 36% 36% 37% 38% 39% 40%

Total

Total 85.495 86.516 88.921 100.827 109.526 123.281 134.994 156.983 171.472Fem. 32.289 33.438 34.199 39.337 43.002 49.093 55.025 64.166 71.578Part. Fem. 38% 39% 38% 39% 39% 40% 41% 41% 42%

Fonte: MTE/PDET/RAIS - Tabulação: Observatório do Trabalho/UCS

Ao longo de todos os anos analisados, a maioria dos vínculos empregatícios, tanto de homens quanto de mulheres, se concentraram nas jornadas de 31 a 44 horas. O percentual de participação feminina nesta faixa é inferior (entre 35 e 40%) se o comparamos com as faixas de até 20 horas (55 a 69%) ou de 21 a 30 horas (72 a 56%). Contudo, cabe observar que, em números absolutos, as jornadas mais extensas são as que concentram o maior número de trabalhadoras. Ainda dentro desta tabela, nota-se uma tendência à diminuição da participação feminina nos vínculos que perfazem 21 a 30 horas semanais. Os dados sobre jornada são importantes porque assinalam que há uma significativa paridade entre

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os sexos quando o assunto é quantidade de horas trabalhadas. Ao contrário do que afirma o senso comum, as mulheres, em sua maioria, não trabalham menos que os homens. Ainda, há que considerar que uma parcela dos vínculos empregatícios que possuem 30 horas ou menos semanais estão relacionados a ocupações que não excluem o acúmulo de mais de um vínculo de trabalho, a exemplo de profissões relacionadas à saúde e à educação, onde a presença feminina é superior.Além da jornada de trabalho, um interesse da pesquisa foi verificar a situação da remuneração média no mercado formal de trabalho ao longo do período analisado a fim de perceber possíveis alterações na diferença salarial auferida conforme o sexo, neste sentido foi elaborada a Tabela 04 que mostra a remuneração média em salários mínimos por sexo e total no município de Caxias do Sul no período de 1994 à 2010.

Tabela 04 – Remuneração média em salários mínimos por sexo e total no município de Caxias do Sul no período de 1994 à 2010.

1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Total 2,28 3,70 3,94 4,16 4,95 6,24 6,99 8,20 9,55

Feminino 1,83 3,08 3,28 3,53 4,22 5,20 5,85 6,68 7,91

Masculino 2,54 4,06 4,32 4,54 5,39 6,88 7,73 9,19 10,67

Feminino/Total -19,90% -16,74% -16,74% -15,15% -14,83% -16,57% -16,34% -18,51% -17,16%

Feminino/Masculino -39,06% -31,81% -31,63% -28,42% -27,81% -32,11% -32,14% -37,57% -34,81%

Fonte: MTE/PDET/RAIS - Tabulação: Observatório do Trabalho/UCS

Os dados obtidos sinalizam que ao longo de todo o período houve uma permanência na diferença de média salarial recebida por homens e mulheres, favorável aos primeiros. Não é possível afirmar que haja uma tendência à queda dessa diferença. Por exemplo, no primeiro ano da mostra, o salário feminino apresentou uma diferença negativa de 39,06% em relação ao masculino. Essa diferença caiu ao longo dos anos seguintes, chegando, em 2002, ao patamar dos -27,81%. Contudo, nos anos posteriores a diferença voltou a crescer e em 2008 as mulheres voltaram a ostentar uma diferença negativa de mais de 35% em relação à remuneração masculina. Os resultados não surpreendem. Quando se analisam os rendimentos gerais da população brasileira os resultados têm sido semelhantes em diversas pesquisas:

(...) Verifica-se que as mulheres continuaram a ganhar menos que os homens, independente do setor de atividade econômica em que trabalhavam, do número de horas de sua jornada de trabalho, do número de anos de estudo, de sua posição na ocupação, o que confirma, mais uma vez, o diferente valor atribuído aos trabalhos dos homens e das mulheres na sociedade.( BRUSCHINI;LOMBARDI, 2007: 84)

O diferencial salarial entre os sexos só pode ser compreendido a partir do gênero.

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Em que pese a maior escolarização feminina, as jornadas de trabalho iguais e o ingresso em carreiras tradicionalmente masculinas, as trabalhadoras continuam a ostentar salários inferiores. Assim, a questão salarial é uma questão de gênero. Somente a diferença atribuída ao masculino e o feminino explicam a permanência das disparidades na remuneração: as desigualdades nos rendimentos constituem um fator permanente de organização do mundo do trabalho. Os dados da pesquisa não indicam um cenário de mudança drástica na relação entre salários de homens e mulheres ao longo das duas décadas analisadas.A figura 02 auxilia na visualização das diferenças de rendimentos quando mostra a variação na remuneração média em salários mínimos por sexo e total no município de Caxias do Sul no período de 1994 à 2010, tendo como base 100, o ano de 1994.

Figura 02 – Variação na remuneração média em salários mínimos por sexo e total no município de Caxias do Sul no período de 2010 (base 100 = 1994)

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

300,0

350,0

400,0

450,0

500,0

418,6 432,9 419,7

86,2 89,1

TotalFemininoMasculinoFeminino/TotalFeminino/Masculino

Fonte:Tabela 04

Verifica-se na figura 02 que no período analisado a remuneração total cresceu em 318,6% e a remuneração feminina cresceu em 332,9% e a masculina em 319,7%. Com a remuneração feminina crescendo no período mais que a remuneração total e a masculina observa-se uma queda de 13,8% na diferença sobre a remuneração o total e de 10,9% sobre a remuneração masculina. Pode-se também observar na figura 03, a variação na proporção da remuneração feminina média em salários mínimos sobre o rendimento total e masculino município de Caxias do Sul no período de 1994 à 2010 tendo como base 100 o ano de 1994, este movimento ao longo do tempo.

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Figura 03 – Variação na proporção da remuneração feminina média em salários minímos sobre o rendimento total e masculino município de Caxias do Sul no período de 1994 à 2010. (base 100 = 1994)

1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010

-45%

-40%

-35%

-30%

-25%

-20%

-15%

-10%

-5%

0%

-20%-17% -17% -15% -15%

-17% -16%-19% -17%

-39%

-32% -32%-28% -28%

-32% -32%

-38%-35%

Feminino/Total Feminino/Masculino

Fonte: Tabela 04

A partir do gráfico observamos que a diferença salarial se mantém ao longo do período analisado, porém evidencia-se uma tendência fraca de diminuição nesta diferença. Será necessário um acompanhamento contínuo dos próximos anos para confirmar esta tendência.Finalizando, com o objetivo de verificar como o diferencial nos rendimentos femininos e masculinos se comporta em distintas ocupações foi organizada a tabela 5. Ela apresenta a remuneração média total e feminina por hora e diferença percentual entre remuneração feminina e masculina por subgrupos ocupacionais selecionados no município de Caxias do Sul no período de 2004 à 2010 com os valores corrigidos para julho de 2012.

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Tabela 05 – Remuneração média total e feminina por hora e diferença percentual entre a remuneração feminino e masculino por subgrupo ocupacional selecionados município de Caxias do Sul no período de 2004 à 2010. Valores corrigidos para julho de 2012.

2004 2006 2008 2010

Subgrupo Ocupacional Total Fem.

Dif.Fem./Masc.

Total Fem.Dif.

Fem./Masc.

Total Fem.Dif.

Fem./Masc.

Total Fem.Dif.

Fem./Masc.

121 Diretores gerais 45,56 14,00 -73,9% 63,72 17,41 -76,1% 61,36 17,66 -76,0% 65,68 25,27 -65,5%

234 Professores do ensino superior 44,33 42,28 -9,2% 55,80 54,81 -3,4% 48,63 46,45 -8,8% 54,02 54,50 1,9%

123 Diretores de áreas de apoio 42,15 20,12 -58,4% 47,66 22,07 -60,6% 51,66 20,12 -67,2% 53,56 22,94 -65,0%

353 Técnicos de nível médio em operações financeiras

29,60 29,36 -1,6% 33,43 30,40 -17,9% 37,75 35,02 -20,0% 34,07 30,70 -23,2%

214 Engenheiros, arquitetos e afins 27,46 16,42 -42,5% 29,67 21,11 -31,6% 29,84 21,71 -30,0% 32,99 26,16 -23,1%

111 Membros superiores do poder legislativo, executivo e judiciário

20,74 22,34 23,5% 24,33 26,33 24,8% 25,50 28,00 30,2% 27,28 29,64 26,4%

519 Outros trabalhadores de serviços diversos

4,07 3,33 -20,6% 4,75 4,19 -14,5% 4,84 4,50 -8,7% 4,98 4,17 -20,8%

516 Trabalhadores nos serviços de embelezamento e cuidados pessoais

4,49 4,29 -15,5% 5,27 4,89 -25,9% 5,01 4,60 -32,8% 4,64 4,29 -28,3%

622 Trabalhadores agrícolas 3,49 3,09 -14,0% 4,10 3,50 -18,0% 4,23 3,70 -15,6% 4,34 3,80 -15,7%

513 Trabalhadores dos serviços de hotelaria e alimentação

3,58 3,41 76,9% 3,89 3,69 79,0% 3,71 3,54 81,8% 4,20 4,00 79,6%

621 Trabalhadores na exploração agropecuária em geral

3,36 3,04 -12,1% 3,79 3,66 -4,2% 3,98 3,55 -14,2% 4,18 3,70 -15,5%

717 Ajudantes de obras 3,97 5,03 27,8% 3,84 3,10 -26,7% 3,56 2,77 -29,9% 4,06 3,11 -27,9%

Total 8,87 7,40 -24,3% 9,84 8,23 -24,3% 9,74 7,94 -27,3% 10,43 8,64 -25,8%Fonte: MTE/PDET/RAIS - Tabulação: Observatório do Trabalho/UCS

Verifica-se na tabela 05 que as ocupações que tradicionalmente são associadas à cultura masculina (diretores gerais, arquitetos e engenheiros, bem como ajudantes de obras) apresentam as maiores diferenças salariais. Evidencia-se que a qualificação da trabalhadora não é um fator essencial para garantir equidade na remuneração. Aspectos históricos (tardio ingresso das mulheres em determinadas profissões) e culturais (suposta inaptidão feminina para profissões que exijam capacidade de liderança ou uso da força

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física) se associam para tornar a desigualdade salarial entre os sexos um elemento natural dentro da organização do mundo do trabalho. Todavia, quando se trata de ocupações que possuem ingresso através de concurso público, as mulheres tendem a apresentar não apenas equidade salarial como vantagem em relação aos homens. É o caso da CBO 111 - Membros superiores do poder legislativo, executivo e judiciário, onde os rendimentos femininos foram, ao longo de todo o período analisado, superiores ao total.

Considerações finais:

Nas últimas décadas o mercado de trabalho formal de Caxias do Sul seguiu a tendência de expansão nacional. Contudo, esse aumento da empregabilidade formal foi acompanhado por uma mobilidade em direção às faixas salariais menos robustas, o que ocorreu tanto para as mulheres quanto para os homens. Paradoxalmente, os ocupados passaram a ostentar maior escolarização. Nesta relação, as mulheres obtiveram maior decréscimo em seus ganhos do que homens, mesmo apresentando, ao longo de todo o período, um predomínio no ensino médio completo e no ensino superior completo. Assim, o crescimento proporcionalmente maior de empregos para mulheres no mercado formal foi igualmente acompanhado de uma expansão de trabalhadoras vinculadas a faixas salariais com remuneração entre 1,01 a 2 salários mínimos. A força de trabalho feminina se concentrou nas jornadas laborais acima de 30 horas semanais. As extensas jornadas podem ser explicadas pelo fato de que a maioria das mulheres estão ocupadas no setor da Indústria. Porém, ao observar o percentual de participação, constata-se que a Administração Pública é o setor que apresenta a maior proporção feminina (cerca de 70%). Cabe destacar que no setor Indústria, a participação feminina em cargos de gerência e direção é inferior à participação geral.Em Caxias do Sul novas e antigas formas de segregação estão combinadas, denotando que as relações de gênero são fundamentais para a compreensão da dinâmica do mercado de trabalho. As transformações tecnológicas e produtivas remodelaram os discursos sobre qualidade e “competências”. A escolarização passou a ser o requisito básico de acesso ao mercado de trabalho formal. No entanto, as exigências para homens e mulheres não parecem ser as mesmas. O mercado formal aquilata diferentemente qualificação e escolarização. Para as mulheres, qualificação e competência estão associadas a características consideradas “positivas” mas que são pouco valorizadas em termos de remuneração, tais como: a concentração, a capacidade de exercer múltiplas funções, a disciplina, a organização.Conclui-se que ao longo das duas décadas houve um incremento da inserção da força de trabalho feminina, as suas jornadas laborais se tornaram mais extensas e as remunerações,

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em média são 25 a 45% inferiores daquelas auferidas pelos trabalhadores homens. A força-de-trabalho - tanto masculina quanto feminina – prepondera em setores que tradicionalmente são associados aos papéis sociais dos dois sexos.Como resultado, constatamos que, apesar de alguns deslocamentos, o mundo do trabalho permanece organizado a partir de fronteiras de gênero.

Referências:

BOURDIEU, P. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009.BRUSCHINI, C; LOMBARDI, M. R. Trabalho, educação e rendimentos das mulheres no Brasil em anos recentes. In: HIRATA, H. SEGNINI, L.(org). Organização, trabalho e gênero. São Paulo: Ed. Senac, 2002.

GRENIER, Jean-Yves. A História quantitativa ainda é necessária? In: BOUTIER, j. JULIA, D. Passados recompostos: campos e canteiros da história. Rio de Janeiro: UFRJ, 1998

HIRATA, H. SEGNINI, L.(org). Organização, trabalho e gênero. São Paulo: Ed. Senac, 2002.

LAGRAVE, Rose Marie. Uma emancipação sob tutela. Educação e trabalho das mulheres no século XX. In: DUBY, G. PERROT, M. História das Mulheres no Ocidente. Porto: Afrontamento, 1991. SCOTT, Joan. Prefácio a Gender and Politics of History. Cadernos Pagu(3), Núcleo de Estudos de Gênero/Unicamp, São Paulo, 1994.

THOMPSON, E. P. Tempo, disciplina de trabalho e capitalismo industrial. IN:________ Costumes em Comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

THOMPSON, Edward. P. A Formação da Classe Operária Inglesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

TILLY, Louise. Gênero, História das Mulheres e História Social. Cadernos Pagu(3), Núcleo de Estudos de Gênero/UNICAMP, São Paulo, 1994.