12.2.8. #1 sara marques & goncalo santinha
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PESSOAS IDOSAS INSTITUCIONALIZADAS E
AMBIENTE URBANO: UM CONTRIBUTO EXPLORATÓRIO PARA UMA
NOVA AGENDA POLÍTICA
Gonçalo Santinha
Sara Marques
Universidade de Aveiro
SESSÃO:
DEMOGRAFIA E CRESCIMENTO
3 PATAMARES DE DISCUSSÃO
� O ponto de partida: meio ambiente & comportamento das pessoas idosas institucionalizadas;
� O estudo: análise das experiências e perceções de pessoas idosas de 11 instituições do Distrito de Aveiro;
� A necessidade de uma nova estratégia: mudança de atitude na formulação de políticas para o espaço envolvente aos equipamentos de apoio à população gerontológica.
Conferência Internacional: Europa 2020 - Universidade de Aveiro
ENVELHECIMENTO, INSTITUCIONALIZAÇÃO
E AMBIENTE CONSTRUÍDO
� Fenómeno do envelhecimento � Impactos no sistema de pensões, gastos na saúde
� Novas perspetivas sobre o envelhecimento: “saudável”, “ativo” “produtivo”
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� Respostas de política social � “Ministro japonês diz que idosos doentes devem
“morrer rapidamente” para o bem da economia”, Jornal PÚBLICO 22/01/2013
� Perspetiva tradicional: Institucionalização (centros de dia, lar…)
� Perspetiva emergente: “Ageing in place” �permanecer e envelhecer em casa � pressão sobre os recursos públicos, criação de condições.
� A componente territorial � Estimulada por argumentos que suportam a perspetiva do
“ageing in place” � envelhecimento & ambiente construído: “elder-friendly communities”, “liveable communities”, “liveable neighbourhoods”, “age-friendly cities”, “sustainable communities”, “walkable communities”, “streets for life”;
� Lugares onde as pessoas idosas são socialmente valorizadas e apoiadas com serviços e infraestruturas que respondam às suas necessidades;
� Tendem a negligenciar a ideia de as pessoas idosas se mudarem para as instituições de apoio;
� Contudo � única solução válida em alguns casos.
� Espaço & configuração institucional � Localização= Segregação?� Expetativas das pessoas idosas institucionalizadas?
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LOCALIZAÇÃO E ACESSIBILIDADE PELOS OLHOS
DAS PESSOAS IDOSAS: UMA ABORDAGEM
EXPLORATÓRIA?
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Distrito de Aveiro
Freguesias Urbanas
Freguesias Semiurbanas
Freguesias Rurais
Instituições
Freguesias
Municípios
METODOLOGIA
� Recolha de dados: observação no campo + entrevistas
� Grupo focal: 8 pessoas idosas por instituição (n=88)
� Média de idades: 75 anos (maioritariamente mulheres)
� Pessoas com limitações acentuadas na mobilidade foram excluídas das entrevistas
� Diretores da instituição & pessoal técnico
� Entrevistas semiestruturadas � relação entre a localização dos equipamentos e a interação das pessoas idosas com os serviços no exterior � alguns exemplos:
� Serviços e equipamentos disponíveis na vizinhança;� Atividades realizadas na vizinhança/ bairro envolvente ;� Percursos pedonais frequentes;� Aspetos positivos e negativos da envolvente.
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RESULTADOS: PROXIMIDADE GEOGRÁFICA
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� Raio de influência/ped-shed
� 400/500m = 10 min deslocação pedonal (Burton & Mitchell, 2006)
� 800/1000m = 20 min deslocação pedonal
� No geral, a opinião das pessoas idosas sobre a localização das instituições é francamente positiva.
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A maioria dos entrevistados ou morava na instituição (residência permanente) ou morava na vizinhança da instituição (centro de dia).
Processo de transição para a instituição muito pacífico em termos de localização geográfica, uma vez que já estavam familiarizados com o ambiente.
Esta situação tende a induzir as pessoas idosas para a utilização dos espaços exteriores à instituição.
� Valorização da mobilidade pelas pessoas idosas institucionalizadas � importância da oferta de serviços disponíveis � A maioria das pessoas idosas entrevistadas desloca-se a pé para
realizar exercicio, ir às compras ou socializar.
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- Eu habitualmente vou ao parque, à igreja e ao café para socializar!
[Mulher, Centro Social Santa Joana Princesa, Aveiro]
- Eu gosto de ir às festas, ao mercado, e ao café…
[Mulher, Santa Casa da Misericórdia da Murtosa]
Aqueles que pela localização da instituiçãoestavam confinados à oferta de serviços nelaexistente, estavam desejosos de ter espaçospara caminhadas ao ar livre e serviçosdisponíveis para usufruírem na envolvente.
Santa Casa da Misericórdia de Aveiro
� Oferta e localização dos serviços � As deslocações estão frequentemente associadas a um destino
específico (ex: café, igreja)� Assim, a oferta de um pacote de serviços no mesmo local não induz a
população idosa a fazer mais deslocações ou a utilizar mais serviços na mesma deslocação.
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� Os idosos institucionalizados tendem a limitar-se à sua vizinhança. � Na maioria dos casos por falta de
articulação com os transportes coletivos, as pessoas idosas não utilizam estes transportes.
Patronato N.ª Sr.ª de Fátima, Glória, Aveiro
RESULTADOS: ACESSIBILIDADE
� Recolha de dados: observação no local + entrevistas
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� Os participantes foram convidados a identificar os principais obstáculos que enfrentam nas deslocações fora da instituição
� Dificuldades em caminhar e medo de quedas são as principais preocupações
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� Existência de degraus e encostas ingremes� Ausência de rampas (ou com elevada inclinação)� Pavimentos irregulares ou escorregadios� Inexistência de passeios ou com largura útil insuficiente� Cruzamentos de ruas inadequados � Mobiliário urbano (ex: ausência de bancos para descanso,
sinalização ausente ou insuficiente, má iluminação, características urbanas do espaço pedonal desadequadas)
� A existência de obstáculos determinou a escolha de percursos alternativos � mesmo que mais longos
� Esta condição limitou a escolha dos destinos!
OBSERVAÇÕES FINAIS
� Entrevistas + observação no terreno � mais um momento de realçar a importância do debate emergente sobre o efeito do ambiente construído na população idosa.
� Uma abordagem diferente � partindo do conceito “ageingin place” para observar a relação entre as pessoas idosas institucionalizadas e o ambiente construído envolvente.
� As observações revelam que as pessoas institucionalizadas valorizam a questão da mobilidade, da vida ativa e das relações sociais � elas saem da instituição se o ambiente exterior fornecer condições adequadas de segurança e atratividade.
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� Contrasta com a ideia de que as pessoas institucionalizadas ficam confinadas aos limites da instituição.
� A oferta de serviços + condições de mobilidade pedonal �contribuem para o aumento ou diminuição da vontade de utilização dos espaços exteriores.
� Mas são necessários outros estímulos � encetar uma abordagem pessoal + discriminação etária por parte dos outros cidadãos.
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� Na formulação de políticas públicas é pois importante que os processos de decisão sejam fundamentadados em informaçõesdecorrentes de experiências anteriores a partir das condições e expetativas das pessoas idosas
� … incluindo os utilizadores dos serviços de apoio
� este estudo mostra que as pessoas idosas institucionalizadas podem dar um contributo importante neste domínio.